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Introdução
“Quando os famas saem em viagens, seus costumes ao pernoitarem numa cidade são
os seguintes: um fama vai ao hotel e indaga cautelosamente os preços, a qualidade
dos lençóis e a cor dos tapetes. O segundo se dirige à delegacia e lavra uma ata
declarando os móveis e imóveis dos três, assim como o inventário do conteúdo de
suas malas. O terceiro fama vai ao hospital e copia as listas dos médicos de plantão e
suas especializações. Quando os cronópios saem em viagem, encontram os hotéis
cheios, os trens já partiram, chove a cântaros e os táxis não querem levá-los ou lhes
cobram preços altíssimos. Os cronópios não desanimam porque acreditam piamente
que estas coisas acontecem a todo mundo, e na hora de dormir dizem uns aos outros:
“Que bela cidade, que belíssima cidade”
[Júlio Cortázar, Historias de Cronópios e Famas, p.101].
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Capítulo publicado no livro: LEMOS, F.C.S. et. Ali. Criações Transversais com Gilles Deleuze: artes,
saberes e política. Curitiba: CRV, p. 313- 332.
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Psicóloga/UFPA, Doutoranda em Educação – PPGED/ICED/Universidade Federal do Pará, bolsista
CNPQ. danielevasco@yahoo.com.br
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Professora Adjunta do Departamento de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação
Processos Formativos e Desigualdades Sociais, da Faculdade de Formação de Professores da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP/UERJ). Procientista da UERJ. Autora dos livros:
Deslocamentos na formação de Professores e Formação inventiva de professores, ambos publicados
pela Editora Lamparina. Coordenadora do Subprojeto de Pedagogia da FFP/PIBID/CAPES/UERJ.
rosimeri.dias@uol.com.br
ressonâncias nos processos de formação de professoras no ensino superior brasileiro na
atualidade.
Começamos pelo meio, entre cidades distantes, viagens, Pará e Rio de Janeiro,
que nos convocam por territorializar e desterritorializar modos de trabalhar e pensar
formação, também, entre, universidade e escola. Entre as coisas não designa uma
correlação localizável que vai de uma para outra e reciprocamente, mas uma direção
perpendicular, um movimento transversal que as carrega uma e outra, riacho sem início
nem fim, que rói duas margens e adquire velocidade no meio. Não começa nem termina,
pelo meio, lugar onde as coisas adquirem velocidade. Entre lentidões e velocidades
apontamos os sentidos para fugir dos registros certeiros e poder sentir o que se passa e
nos passa nas viagens e tessituras escritas do que indicam as relações de cruzamento
territorial e existencial da formação. “Estar entre não faculta o uso do ou, ou, ou, que
exclui, nem do “e” como somatória de elementos sobrepostos, mas fala de um “e” que é
a acepção de se tornar outro, de um devir. Devir por conter a possibilidade de
transformação permanente, de invenção” (DIAS; SCHEINVAR, 2012, p.148).
Colocamo-nos em movimento, em uma conversa com professoras-autoras,
buscando deslocar os modos de pensar e fazer formação calcados nas lógicas de saber
ofertados por meio de palavras de ordem moralizantes, que afastam o exercício da
problematização e pensam a vida de modo individualizado e privatista. Aproximamo-
nos, assim, da aposta na criação de outros modos de existência, ultrapassando aquilo
que somos, buscando intensidades, construindo formas de luta.
A formação que buscamos problematizar reduz a capacidade de crítica e
reivindicação, por meio do poder disciplinar que ensina comportamentos de submissão
às leis e normas, conforme nos mostrou Foucault (1999). Como as táticas de poder
operam não apenas por cerceamento e retirada, mas na positividade, produzindo -
sujeitos, os processos formativos contemporâneos estão atravessados pela
mundialização da economia, na qual o indivíduo, do ponto de vista da produção,
necessita investir em si próprio para que obtenha, cada vez mais, “uma adaptação
potencial portátil” (SENNETT, 2006), que o liga aos funcionamentos do mercado e do
capital. Assistimos (e somos atravessados) desse modo, da educação básica à superior, o
avanço da sociedade da capacitação que na lógica empresarial desenvolve habilidades
que possam gerir trabalho e vida: precisa-se garantir as capacitações de toda ordem que
garantam acessos e prometam sucesso (DIAS, 2011).
Jorge Larrosa (2014) ao pensar sobre o desenho da universidade na
contemporaneidade, nos diz:
Mas o que acontece é que muita gente a está abandonando.(...) Já não me sinto um
lutador, talvez tenha perdido a capacidade de invenção, de inciativa e de risco, e o
que me vem quando penso na universidade é o “não se pode”. (...) Me ocorre que o
que sou é um professor cada vez mais velho, mais triste e mais cansado, que passou
a vida pensando em outras formas de entender a leitura, a escrita e a conversação, e
tratando de levar a sério a potência de certas linguagens e, sobretudo, de certas
formas de relação com a linguagem para ampliar as formas de experiência, para
modificar as relações com o mundo, com os outros e com nós mesmos (...) Agora
não sei se se pode fazer, mas o que, sem dúvida, sei é que às vezes acontece. Meus
anos na universidade foram testemunhas de algumas dessas vezes. Trata-se, então,
de prestar atenção a isso que às vezes acontece, estará à altura e dar-lhe tempo e
espaço (p. 148-150).
Larrosa provoca e nos move à escrita deste texto, quando dá acento aos
acontecimentos que investem em deslocamentos e problematizações. Ali onde reside a
impossibilidade, o cansaço, a desistência e o medo nos territórios escolares, o que
acontece? No espaço-tempo escolar disputado pelo imperativo da informação veloz,
fugaz, descartável, como são produzidas outras formas de habitá-lo e pensá-lo?
Forjamos nossos intercessores – Gilles Deleuze, Felix Guattari, Michel Foucault,
Maurice Blanchot, René Lourau, Júlio Cortázar, professoras, alunas – como nos diz
Deleuze (1998) “um bando onde se vive os piores perigos” (p.17), para agenciar
questões em torno da formação de professoras compondo um diagrama (DELEUZE,
2007; DELEUZE; GUATTARI, 2005) a partir de registros em diários de campo de
participantes do Subprojeto de Pedagogia da FFP/PIBID/CAPES/UERJ4. Os diários,
como uma espécie de memorial, não como confissão ou verdades, como nos diz
Blanchot (2011), nos serviram de recursos valiosos para capturar os “detalhes
insignificantes” do cotidiano na escola, universidade, vida, e, sobretudo, de interrogá-
los a respeito dos acontecimentos nos quais são possíveis a produção de territórios que
se forjam outras formas de habitar, pensar e fazer formação.
Buscamos formular problematizações que nos ajudem a pensar como um
determinado conjunto de respostas é produzido para um conjunto de problemas,
dificuldades, constituindo-se a problematização como uma tarefa analítica, um trabalho
especifico do pensamento (FOUCAULT, 2006), colocando em análise como, por
exemplo, no presente, construímos um conjunto de práticas educativas direcionadas
para grupos específicos de formandos e formadores. Esperamos que essas formulações
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Para maiores detalhes acerca dos trabalhos do Subprojeto de Pedagogia acessar:
https://www.facebook.com/pibidcursodepedagogiaffpuerj/?ref=bookmarks ; ou, ainda, ver Dias (2014);
Dias, Peluso e Uchôa (2013); Dias, et.alli (2015).
que ressoem como convocação à inquietação e apostas outras que busquem a afirmação
da vida em sua potência, vislumbrando o que desamarra os inventários e atas, e permite
seguir viagem olhando cidades e vidas, com erros, gagueiras, belezas e perigos.
Para tanto, junto com nossos intercessores, este trabalho se dividirá em três
momentos: “dos espaços tempos inventivos”; “escritas, inscritos” e “problematizar,
criar, inventar”. Com estes momentos, há uma composição polifônica e coletiva que
dará a ver modos instituintes e inventivos de formar professores e instaurar práticas
articuladas entre universidade e escola básica.
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Há duas escolas parceiras, a saber: Colégio Estadual Conselheiro Macedo Soares (localizado no Barreto,
Niterói) e o CIEP Municipalizado 411 (localizado no Engenho Pequeno, São Gonçalo). Ambas as escolas
ficam no Estado do Rio de Janeiro, Brasil.
atuais? Como se fazer intercessor para um trabalho que luta por singularizações?
(DIAS, 2014, p.41).
ESCRITAS, INSCRITOS
[...] Escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é
palavra. Quando essa não-palavra - a entrelinha- morde a isca, alguma coisa se escreveu.
Uma vez que se pescou a entrelinha, poder-se-ia com alívio jogar a palavra fora. Mas aí
cessa a analogia: a não-palavra, ao morder a isca, incorporou-a. O que salva então é escrever
distraidamente. [Clarice Lispector, 1998, p.20]
Sentir-se “perdida”, “não saber ler”, nos remete a uma espécie de aprisionamento
do pensamento que afasta o debate ao requerer obediência e adesão. Algo próximo do que
nos diz Lispector (1998, p. 76): “quando estranho uma pintura é aí que é pintura. E
quando estranho a palavra aí é que ela alcança o sentido. E quando estranho a vida aí é
que começa a vida”. Dizemos isto lembrando que no campo da educação tem
predominado o informatarismo, “que se utiliza de sistemas técnicos, comunicacionais e
informacionais para reduzir o conhecer à informação” (Dias, 2011, p.95,). Trata-se,
sobretudo, da constituição de sujeitos impossibilitados de moverem-se em um campo de
problematizações, que se mantêm na heterogestão (LOURAU, 1993), constituídos por
meio de relações de saber-poder que se dirigem tanto aos corpos individuais quanto à
população na totalidade de suas condutas (FOUCAULT, 1999).
Criar é resistir.
(DELEUZE; GUATTARI, 2004, p. 143)
O que há de primordial na noção de problematização para poder inventar e
diferir na formação? Há muitos trajetos para se pensar esta questão, não importa a
entrada que tomamos, se esta forjar múltiplas saídas. Com a aposta nas possibilidades
de diferir na formação, conversamos com Deleuze e Guattari, pois a noção de problema
atua como um elemento importante na produção do sentido e da constituição de uma
experiência de pensamento. “Pensar é experimentar, mas a experimentação é sempre o
que se está fazendo – o novo, o notável, o interessante, que substituem a aparência de
verdade e que são mais exigentes que ela” (Idem, p.143). Mas a característica
fundamental da noção de problema, na obra de Deleuze e de Deleuze e Guattari,
permanece fazendo ressonâncias com os trabalhos que tecemos: apontar a produção
singular da atividade filosófica colocada indissociável da liberdade, a intempestividade
e a criação como condições elementares de um exercício potente de pensamento. Nosso
interesse em explorar esta noção de problema deve-se ao seu vínculo estreito com o
sentido e a constituição do que é filosofia para Deleuze e Guattari (2004): invenção de
problemas. Mas é importante cautela para não confundir interrogações com problemas.
Pois as interrogações nos remetem a atividade de pensar à constituição de soluções. Na
perspectiva das interrogações, são as soluções que importam. Sejam elas de problemas
pretensamente eternos, temporais ou históricos. Há uma espécie de controle dos
problemas. Com tal controle,
Fazem-nos acreditar, ao mesmo tempo, que os problemas são dados já
feitos e que eles desaparecem nas respostas ou na solução; sob este
duplo aspecto, eles seriam apenas quimeras. Fazem-nos acreditar que
a atividade de pensar, assim como o verdadeiro e o falso em relação a
esta atividade, só começa com a procura de soluções, só concerne às
soluções [...] É um preconceito infantil, segundo o qual o mestre
apresenta um problema sendo nossa a tarefa de resolvê-lo e sendo o
resultado desta tarefa qualificado de verdadeiro ou de falso por uma
autoridade poderosa. E é um preconceito social, no visível interesse de
nos manter crianças, que sempre nos convida a resolver problemas
vindos de outro lugar e que nos consola, ou nos distrai, dizendo-nos
que venceremos se soubermos responder [...] É esta a origem de uma
grotesca imagem da cultura, que se reencontra igualmente nos testes,
nas instruções governamentais, nos concursos de jornais (em que se
convida cada um a escolher segundo seu gosto, com a condição de que
este gosto coincida com o de todos). Seja você mesmo, ficando claro
que este eu deve ser o dos outros. Como se continuássemos escravos
enquanto não dispusermos dos próprios problemas, de uma
participação nos problemas, de um direito aos problemas, de uma
gestão dos problemas. (DELEUZE, 2006, p. 228)
Para Deleuze, pensar não é solucionar problemas (interrogações) e termina-los.
É necessário constituir problemas, cria-los e inventá-los. É nisto que consiste a
liberdade relacionada ao pensamento filosófico, no sentido de um pensamento libertário.
Sua força intempestiva está em ser uma singularidade que não se deixa representar, um
pensamento que não é avaliado por um modelo; está em produção de problemas que são
inventados e criados e não dados. A liberdade de inventar problemas chega quando se
ultrapassam as barreiras da representação, da recognição, de uma imagem dogmática do
pensamento (Idem) para forjar a criação do novo.
Quais são estas forças que animam a criação e o novo no pensamento? E, por
outro lado, quais são as forças que fazem da formação um simples pensamento
representacional ou de solução de problemas? São estas questões que enfrentamos para
colocar em análise e intervir no quanto a noção de problema, quando afirmada na sua
alta potência, pode forjar uma imagem do pensamento sem imagem, contribuindo para o
estabelecimento de um sentido específico de uma formação inventiva de professores
(DIAS, 2012) que será fundamental para forjar a articulação entre problematizar, criar e
inventar no campo da formação que este texto pretende constituir.
Pensar, como o registro de uma imagem dogmática do pensamento, é aplicar
uma capacidade natural e naturalmente direcionada para um exercício particular (a
recognição dos objetos e dos valores, a busca do verdadeiro) por meio de um método e a
uma decisão que pode ou não vir a acontecer. Nos atos de representação, de recognição,
no clamor pelo verdadeiro, a imagem dogmática do pensamento é também uma imagem
moral do pensamento, uma adesão à um modelo. Contudo, o pensamento pode ter um
movimento outro. Como seria possível pensarmos um pensamento e uma formação que
funcionasse de modo radicalmente diferente?
Há que se sentir que a noção de uma formação que funciona por
problematização, assim, porque não se trata de uma questão abstrata e sim de um
problema político. Deleuze nos ajuda a pensar numa formação inventiva quando estuda
sobre a imagem do pensamento. Para o filósofo, cada época engendra diferentemente
sua moral, mas a Moral enquanto forma e motivação do pensamento permanece a
mesma. A vontade de verdade não é um simples fazer de filósofos, mas tece e
retroalimenta uma rede com diversos procedimentos no âmbito social, educacional,
político e cultural de um povo, fazendo expandir a sua constituição mesma pelos traços
que determinam o modelo ou padrão de existência.
O modelo precisa se defender, a representação, a moral e a verdade são seus
defensores. Juntas elas fazem, ao mesmo tempo, uma imagem dogmática do
pensamento e uma política. Uma política, um ethos trata-se de um modo de existência:
pensar, resolver problemas e viver conforme o modelo. Contrário a esta posição
modelar e moralizadora, Deleuze forja a ideia de um pensamento sem imagem, da
afirmação do novo, por meio da criação conceitual, é possível afirmar a singularidade
do pensamento que existe independente de um modelo. Pois um pensamento que
afirma a singularidade, sua parte acontecimental, se posiciona inaugurando uma política
que subverte a imagem dogmática do pensamento.
Na dimensão singular e acontecimental nada termina. “É que não pensamos sem
nos tornarmos outra coisa, algo que não pensa, um bicho, um vegetal, uma molécula,
uma partícula, que retornam sobre o pensamento e o relançam” (DELEUZE;
GUATTARI, 2004, p.49). Existe aí uma vibração de potências em que as singularidades
que se afirmam enquanto tais fornecem forças para as lutas de outras singularidades de
outras naturezas que atuam em outras dimensões, fazendo-nos ingressar em uma
aventura de pensamento sem modelo, perigosa, com riscos e desformações possíveis.
Vibrar um acontecimento singular e fazê-lo ressoar com seus próprios meios, a
afirmação das singularidades criadas. Nas palavras de Deleuze (2006, p. 203)
O que é o primeiro no pensamento é o arrombamento, a violência, é o
inimigo, e nada supõe a filosofia; tudo parte de uma misosofia. Não
contemos com o pensamento para fundar a necessidade relativa do que
ele pensa; contemos, ao contrário, com a contingência de um encontro
com aquilo que força a pensar, a fim de erguer e estabelecer a
necessidade absoluta de um ato de pensar, de uma paixão de pensar.
As condições de uma verdadeira crítica e de uma verdadeira criação
são as mesmas: destruição da imagem de um pensamento que
pressupõe a si próprio, gênese do ato de pensar no próprio
pensamento.
A noção de problema ressoa neste trabalho para pensar e fazer uma formação
sem representação, inventiva. Os problemas não são postos no mundo e criados no
pensamento para serem, simplesmente, resolvidos. Um problema não está em busca de
soluções, o que não significa que ele não as tenha. Talvez seja possível dizer, com
Deleuze, que as soluções são apenas formas com que o próprio problema pode se
determinar, pode entrar em uma aventura de qualificar o que é interessante e potente
para a produção de seu sentido, buscando não o verdadeiro, mas se aventurar em um
processo de experienciação.
Poderíamos dizer, com Deleuze, que pensar na formação de professores, na
perspectiva da imagem dogmática do pensamento, é lançar dados cujos resultados já
estão previstos, cujos resultados já estão determinados e que o imperativo de lançar os
dados, movido pela Moral, quer um resultado predeterminado pelo modelo do jogo.
Contudo, no pensamento sem imagem, quando acontecem imprevisibilidades e acasos,
pensar pode se tornar um ato de criação, pois, a cada vez que o dado é lançado em
decorrência de um imperativo (problema) o resultado (conceito) ou a relação de
resultados (conceitos) são criados. A filosofia é invenção de conceitos, e só pode ser
quando o pensamento torna-se problematizador, também criador e criado em sua própria
gênese.
Acreditamos que o desenvolvimento da ideia de um pensamento sem imagem,
problematizador, intensifica e vibra nos campos da formação para fazer e pensar os
gestos pedagógicos como atos de resistências. Pois criar é resistir, como afirma Deleuze
e Guattari (2004). Criar conceitos e criar possibilidades de vida: tarefa da educação e da
formação para fazer modos outros de agir e sentir.
Portanto, a pesquisa intervenção que fazemos com as escolas básicas parceiras
no Subprojeto de Pedagogia da FFP/PIBID/CAPES/UERJ tem como sentido colocar em
análise e intervir, junto com alunos e professores, nas novas/velhas políticas
atravessadas nos processos formativos, discutindo as implicações com as emergências
geradas pelos problemas que insistem em fazer parte da vida institucional: indisciplina,
violência, infrequência, reprovação, não aprendizagem...Por isso, nossa entrada na
formação precisa de atenção, pois já há lugar e problemas prontos para serem
resolvidos. Como nos deslocamos destes problemas habituais da formação e da escola
básica?
ARTIÈRE, P. Arquivar a própria vida. In: Estudos históricos. Rio de Janeiro: FGV,
V.11, n.21, pp.9-34, 1988.
DELEUZE, G. Francis Bacon: Lógica da sensação. Jorge Zahar. Rio de Janeiro, 2007.
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Calai, C. Uma escrita acadêmica outra: ensaios, experiências e invenções. No Prelo,
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DIAS, R. O.; KASTRUP, V. Skills Society and Cognition Policies in the Formation of
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