Estudos em Religião e Escola Missionária (EREM) – APV 2016 Ementa Estudo sistemático da doutrina do santuário, abordando suas raízes históricas, desdobramentos teológicos e aplicações práticas. Objetivos: • Conhecer o pano de fundo histórico/teológico do surgimento do santuário israelita, seus propósitos e as implicações de seus rituais. • Compreender a tipologia bíblica do santuário (terrestre/celestial) e a importância desse conceito como contribuição teológica adventista singular. • Refletir criticamente acerca das implicações práticas do ministério sacerdotal de Cristo no contexto eclesiástico atual. Importância do Estudo • Singularidade da nossa compreensão e contribuição teológica • Doutrina de natureza profética/ base de nossa compreensão escatológica • Fator integrativo das nossas doutrinas • Elemento unificador de tipo / antítipo (natureza quantitativa e qualitativa) • Mais plena compreensão do plano da redenção (expiação, intercessão, eliminação) • Prevenção contra os ataques heréticos A compreensão correta do ministério do santuário celestial constitui o alicerce de nossa fé. — Evangelismo, 21. “Muitos textos bíblicos serão mal aplicados de tal modo que teorias enganadoras parecerão ser baseadas na palavra que Deus proferiu. A preciosa verdade será trabalhada de modo que fortaleça e confirme o erro. E mesmo alguns dos que em tempos passados honraram ao Senhor, afastar-se-ão da verdade a ponto de advogar teorias extraviadoras referentes a muitos aspectos da verdade, inclusive a questão do santuário.” — Manuscrito 11, 1906..{CS 19.3} O assunto do santuário foi a chave que desvendou o mistério do desapontamento de 1844. Revelou um conjunto completo de verdades, ligadas harmoniosamente entre si e mostrando que a mão de Deus dirigira o grande movimento do advento e apontara novos deveres ao trazer a lume a posição e obra de Seu povo (O Grande Conflito 423) Vindicação do caráter de Deus Por Sua vida e morte, provou Cristo que a justiça divina não destrói a misericórdia, mas que o pecado pode ser perdoado, e que a lei é justa, sendo possível obedecer-lhe perfeitamente. As acusações de Satanás foram refutadas. Deus dera ao homem inequívoca prova de amor. {DTN 541.1} Vindicação do caráter de Deus “obedeceu Ele (Cristo) à lei de Deus, vindicando a justiça divina ao exigir que ela fosse obedecida. No juízo a Sua vida será um argumento irrefutável em favor da lei de Deus (Nos Lugares celestiais, 38) Vindicação do caráter de Deus “Não foi para isto apenas que Cristo veio à Terra; não foi simplesmente para que os habitantes deste pequeno mundo pudessem considerar a lei de Deus como devia ela ser considerada; mas foi para reivindicar o caráter de Deus perante o Universo” (PP 68) Vindicação do caráter de Deus “Cristo considera Seu povo, em sua pureza e perfeição, como a recompensa de Sua humilhação, e o suplemento de Sua glória — sendo Ele mesmo o grande Centro, de quem toda a glória irradia.” {DTN 482.3} Adoração no contexto patriarcal • O que é adoração? • Adoração tem significado amplo (avodah – hebraico / latreia – grego). Basicamente a ideia é de serviço. Uma resposta de fidelidade àquele que está acima de mim. • Adoração surge em que contexto? Pecado? • Contexto da criação. • Relação criatura x Criador Adoração no contexto patriarcal Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. Isaías 14:12-14 Adoração no contexto patriarcal • - O sacrifício de animais e de aves caracterizava os verdadeiros adoradores de Deus desde o Éden até hoje. • - Os altares para sacrifícios eram construídos de pedra tosca e não lapidada, sob as quais eram depositados os animais para o sacrifício. • - Os animais sacrificados eram sempre limpos. Gênesis 8:2. • - Durante o período patriarcal o sacrifício era sempre oferecido pelo pai. Adoração no contexto patriarcal • - A pergunta de Isaque a seu pai Abraão: Onde está o cordeiro para o sacrifício? Sugere que o cordeiro era o animal geralmente usado para o sacrifício, pelo menos por Abraão. • - O fogo era símbolo da aprovação divina. GC. p. 631. Em algumas ocasiões o fogo já era provido previamente para o sacrifício (como no caso de Isaque) e em outras ele era providenciado divinamente. Adoração no contexto patriarcal • Aspecto litúrgico: demonstração de culto ao único Deus Yahweh. Reconhecimento do cuidado e das bençãos (Gn 4:4; 12:7; 8:20; 26:24; 35:7) Adoração no contexto patriarcal • Aspecto Soteriológico: o sacrifício era uma lição dramatizada da salvação. Tipologicamente ele ensinava (1) a realidade do pecado que gera morte (rm 6.23) (2) sem derramamento de sangue não há remissao de pecados (Hb 9:22); (3) Deus proveria um substituto (Gn 22:11-14) que seria o Messias (5) essa salvação gratuitamente oferecida só seria possível mediante a fé (Gn 15:6; Ef 2:8-10) Adoração no contexto patriarcal • Aspecto missiológico: os altares permaneciam como sinais do culto ao verdadeiro Deus.
Abraão, o amigo de Deus, dá-nos um digno exemplo. A
sua vida foi uma vida de oração. Onde quer que ele armasse a tenda, junto construía o altar, convocando todos os que faziam parte de seu acampamento para o sacrifício da manhã e da tarde. Quando a tenda era removida, o altar ficava. Nos anos subseqüentes, houve os que entre os cananeus errantes receberam instrução de Abraão; e, quando quer que um desses vinha àquele altar, sabia quem havia estado ali antes; e, depois de armar a tenda, reparava o altar, e ali adorava o Deus vivo. {PP 82.2} Estudo de caso – Adão e Eva • Gn. 3.21 – 1º sacrifício implícito. • Condenação transferida (protoevangelho Gn 3.15) • Morte de vítima inocente (Hb 9.7) • Deus fazendo o que o homem não seria capaz (Rm. 8.3) • A terminologia do Eden “e os vestiu” corre paralela ao vocabulário associado ao culto do tabernáculo. Ela era usada no contexto de vestimentas reais cobrindo suditos honrados (Gn 41.42; 1 Sm 17.38) ou a roupa dos sacerdotes, vestes sagradas, colocados por Moisés (Ex 28.41; 29.8) Gordon J Wenham Cheque pré-datado Estudo de caso – Caim e Abel • Abel seguiu o princípio divinamente estabelecido (Gn 4.4; Hb 11.4)): derramamento de sangue. • Caim sinaliza a deturpação do PLANO da REDENÇÃO. Ataque e contrafação de Satanas na adoração começa com um golpe na justificação pela fé (Gn 4.3 e 5) “Caim, porém,acariciava sentimentos de rebeldia, e murmurava contra Deus por causa da maldição pronunciada sobre a Terra e sobre o gênero humano, em virtude do pecado de Adão. Permitiu que a mente se deixasse levar pelo mesmo conduto que determinara a queda de Satanás, condescendendo com o desejo de exaltação própria, e pondo em dúvida a justiça e autoridade divinas. {PP 40.1} ... Os dois irmãos de modo semelhante construíram seus altares, e cada qual trouxe uma oferta... Caim veio perante Deus com íntima murmuração e incredulidade, com respeito ao sacrifício prometido e necessidade de ofertas sacrificais. Sua dádiva não exprimia arrependimento de pecado. Achava, como muitos agora, que seria um reconhecimento de fraqueza seguir exatamente o plano indicado por Deus, confiando sua salvação inteiramente à expiação do Salvador prometido... ... Preferiu a conduta de dependência própria. Viria com seus próprios méritos. Não traria o cordeiro, nem misturaria seu sangue com a oferta, mas apresentaria seus frutos, produtos de seu trabalho. Apresentou sua oferta como um favor feito a Deus, pelo qual esperava obter a aprovação divina. Caim obedeceu ao construir um altar, obedeceu ao trazer um sacrifício, prestou, porém, apenas uma obediência parcial. A parte essencial, o reconhecimento da necessidade de um Redentor, ficou excluída. {PP 40.4} Caim e Abel representam duas classes que existirão no mundo até o final do tempo. Uma dessas classes se prevalece do sacrifício indicado para o pecado; a outra arrisca-se a confiar em seus próprios méritos; o sacrifício desta é destituído da virtude da mediação divina, e assim não é apto para levar o homem ao favor de Deus. É unicamente pelos méritos de Jesus que nossas transgressões podem ser perdoadas. Aqueles que não sentem necessidade do sangue de Cristo, que acham que sem a graça divina podem pelas suas próprias obras conseguir a aprovação de Deus, estão cometendo o mesmo erro de Caim. Se não aceitam o sangue purificador, acham-se sob condenação. Não há outra providência tomada pela qual se possam libertar da escravidão do pecado. {PP 41.4}” Estudo de caso – Noé • Sacrifícios perpetuados por Noé (gn 8.20-22) • Manifestação de gratidão e sinal de expiação
“O primeiro ato de Noé “ao deixar a arca foi construir um altar,
e oferecer de toda a espécie de animal e ave limpa um sacrifício, manifestando assim sua gratidão para com Deus pelo livramento, e sua fé em Cristo, o grande sacrifício... Noé saíra para uma terra desolada; mas antes de preparar casa para si, construiu um altar a Deus. Seu suprimento de gado era pequeno, e havia sido preservado com grande despesa; contudo, deu alegremente uma parte ao Senhor, em reconhecimento de que tudo era dEle. De modo semelhante, deve ser o nosso primeiro cuidado render nossas ofertas voluntárias a Deus. Toda a manifestação de Sua misericórdia e amor para conosco deve ser gratamente reconhecida, tanto por atos de devoção como por meio de dádivas à Sua causa.” {PP 65.4} Estudo de caso – Abraão • Ur dos caldeus era uma grande cidade (Gn 11.28-31) e muito idólatra (Js 24.2) • Abraão é chamado a sair de sua cidade natal que ficava ao sul da Babilônia em direção a Canaã. Tipologia: (1) retorno dos judeus do exílio babilônico para reconstruir Jerusalém (2) saída do remanescente da Babilônia mística em resposta a segunda mensagem angélica (Ap. 18.4) • Abraão constrói altares que sinalizam a verdadeira adoração (Gn 12:7,8;13.18) Tipologia (1) reconstrução do templo após o exílio (2) restauração da verdade do santuário celestial pela saída do povo da Babilônia mística Estudo de caso – Abraão • A idolatria de Ur é testemunhada por relatos extra- bíblicos. “os mais antigos tabletes cuneiformes encontrados em Uruk (a bíblica erek fundada por Ninrode) e Kish mencionam apenas dois deuses como adorados na região: anu o senhor do céu, e Inrieni, sua consorte. Depois passam a gradativamente falar de três, quatro, cinco deuses, chegando a um total de 750 diferentes divindades cultuadas somente nas circunvizinhanças do Eufrates. Após o fim da civilização sumeriana por volta do segundo milênio antes de Cristo, o numero dos deuses do panteão mesopotâmico chegou a cinco mil o que reforça a urgência divina em tirar Abraão da terra de seus genitores e leva-lo pra Canaã” (escavando a verdade, p. 72) • ´ela nasceu entre as cristalinas aguas frescas, ela e a donzela que enche nossa boca, ela mistura os doces aromas...´ Sacrifícios coletivos Altar = Melhor do homem Abraão e Isaque – Paradigma de Restauração “O sacrifício exigido de Abraão não foi somente para seu próprio bem, nem apenas para o benefício das gerações que se seguiram; mas também foi para instrução dos seres destituídos de pecado, no Céu e em outros mundos. O campo do conflito entre Cristo e Satanás — campo este em que oplano da salvação se encontra formulado — é o compêndio do Universo... Quando foi dada a Abraão a ordem para oferecer seu filho, isto assegurou o interesse de todos os entes celestiais. Com ânsia intensa, observavam cada passo no cumprimento daquela ordem. Quando à pergunta de Isaque — “Onde está o cordeiro para o holocausto?” Abraão respondeu: “Deus proverá para Si o cordeiro” (Gênesis 22:7, 8), e quando a mão do pai foi detida estando a ponto de matar seu filho, e fora oferecido o cordeiro que Deus provera em lugar de Isaque, derramou-se então luz sobre o mistério da redenção, e mesmo os anjos compreenderam mais claramente a maravilhosa providência que Deus tomara para a salvação do homem. 1 Pedro 1:12. {PP 104.1}”