Governo Completa 3° Mês Com Ministros No Congresso - Carta Maior

05/07/2019 Governo completa 3° mês com ministros no Congresso - Carta Maior
Governo completa
3° mês com
ministros no
Congresso
Por Maurício Hashizume
03/04/2003 00:00
Brasília - No marco do encerramento do

primeiro trimestre no poder, duas das críticas
centrais ao governo Lula são a tendência ao
continuísmo da gestão anterior do ex-
presidente Fernando Henrique Cardoso e o que
foi batizado de “assembleísmo”, qual seja as
excessivas reuniões em detrimento das
escassas iniciativas concretas.
Essas duas recorrentes críticas

estão, no entanto, sendo colocadas
em cheque por um outro
“fenômeno” que assola a capital
federal: a presença ostensiva de
ministros no Congresso Nacional.
Mais que uma mera aproximação
https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/x-Sem-editoria/Governo-completa-3%B0-mes-com-ministros-no-Congresso/27/501 1/9
entre os Poderes Executivo e

Legislativo, a corrida de ministros
ao Parlamento evidencia um
interesse recíproco de intensidade
inédita entre congressistas e
membros do primeiro escalão do
governo. Uma prova dessa nova
realidade foi a mudança da rotina
ordinária de trabalhos no Senado,
estabelecida no último dia 13 de
março. O presidente da Casa, José
Sarney, transferiu a realização da
Ordem do Dia da manhã para as
tardes nas quintas-feiras. As
manhãs foram reservadas para o
comparecimento de ministros de
Estado com o objetivo de
esclarecer as reformas que estão
sendo conduzidas pelo governo.
Os números também ajudam a

compreender o ineditismo da
atual ponte entre Ministérios e
Congresso. De acordo com
pesquisa feita pela Agência Carta
Maior nos arquivos do Diário da
Câmara dos Deputados, nos
primeiros três meses de 1995,
primeiro ano da administração
FHC, oito ministros estiveram
presentes para apresentar e
explicar formalmente seus planos
aos deputados. Foram eles,

Raimundo Brito (Minas e Energia),
Odacir Klein (Transportes), Sérgio
Motta (Comunicações), José Serra
(Planejamento), Luís Carlos
Bresser Pereira (Trabalho),
Dorothéa Werneck (Indústria e
Comércio) e Gustavo Krause (Meio
Ambiente) e Pedro Malan
(Fazenda). Vale lembrar que Malan
se ateve ao tema da política rural
em sua participação na Comissão
de Agricultura.
No Senado, a presença dos

ministros no primeiro trimestre
do mandato inicial de FHC foi
mínima. Apenas José Serra
respondeu perguntas na Comissão
de Assuntos Econômicos, no dia 14
de março de 1995.
Durante os três meses de governo

Lula, 13 ministros – Cristovam
Buarque (Educação), Antônio
Palocci (Economia), Guido
Mantega (Planejamento), Ricardo
Berzoini (Previdência), Celso
Amorim (Relações Exteriores),
Humberto Costa (Saúde), Ciro
Gomes (Integração Nacional),

Macio Thomaz Bastos (Justiça),
Olívio Dutra (Cidades), Agnelo
Queiroz (Esportes), Anderson
Adauto (Transportes), Nilmário
Miranda (Direitos Humanos) e
Marina Silva (Meio Ambiente) - já
passaram em audiências pela
Câmara.
Os senadores desta legislatura, por

sua vez, já ouviram seis ministros:
Amorim, Palocci, Mantega,
Berzoini, Queiroz e José Graziano
(Segurança Alimentar e Combate à
Fome).
Mas, afinal, como esse “fenômeno”

se relaciona com as críticas
endereçadas ao Executivo que se
repetiram em janeiro, fevereiro e
março de 2003? O professor do
Departamento de Ciências
Políticas da UnB (Universidade de
Brasília), David Fleischer, lembra
que o governo Lula propõe, sim,
uma agenda bastante diferenciada
se comparada às gestões de ex-
presidentes como FHC, Itamar
Franco e Fernando Collor. “Esse
grande interesse dos

parlamentares existe porque Lula
traz uma carga de mudança
enorme”, afirma.
Fleischer também ressalta a

in uência da nova composição do
Congresso nesse processo. “Antes,
o bloco governista formado por
PSDB, PMDB e PFL decidia tudo.
Agora, com o PT como partido
majoritário na Câmara, os
encaminhamentos são outros”.
Para ele, a grande quantidade de
novos senadores favoreceu ainda
mais essa tendência de
aproximação com o Executivo.
“Quem chegou está querendo
mostrar serviço”, completou.
Outra interpretação dada pelo

professor da UnB para o
"fenômeno" é mais estratégica. O
governo estaria, segundo ele,
ganhando tempo com a ida de
ministros ao Congresso, antes de
apresentar aos parlamentares as
propostas das grandes reformas
que está lapidando.
Os repetidos encontros entre

ministros e parlamentares, de
acordo com um outro especialista,
também vão de encontro ao
infrutífero “assembleísmo”. Na
opinião do cientista político João
Paulo Peixoto, também da UnB, a
presença de importantes membros
do Executivo no Congresso ajuda –
em especial, ao criar um clima
amistoso e de cooperação - na
aprovação das reformas propostas
pelo governo Lula.
Só nesta terça (01), primeiro dia do

segundo trimestre da
administração do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, dois outros
ministros estiveram no Senado:
Cristovam Buarque, na Comissão
de Educação, e Luiz Fernando
Furlan, na Comissão de Assuntos
Econômicos.
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