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IGOR PEREIRA PINHEIRO

• Promotor de Justiça do MPCE;


• Doutorando em Ciências Jurídico-Políticas pela ULISBOA;
• Coordenador das Pós-Graduações de Prevenção/Repressão à Corrupção e de Direito Eleitoral do CERS/Estácio
de Sá;
• Foi Professor da Escola Superior do MPCE na área de combate à corrupção e de Direito Eleitoral;
• Foi Coordenador do Grupo Auxiliar da Procuradoria Regional Eleitoral do Ceará

E-mail: igorppinheiro83@hotmail.com
Instagram: Profigorpinheiro
Facebook: Igor Pinheiro

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CRIMES ELEITORAIS

Aspectos Preliminares dos Crimes Eleitorais

1 – PANORAMA GERAL DA LEGISLAÇÃO CRIMINAL ELEITORAL:

a) Contexto Histórico, Defasagem Democrático-Constitucional e de Efetividade;

Ar. 337, CE: Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não estiver no gôzo dos seus direitos políticos, de atividades
partidárias inclusive comícios e atos de propaganda em recintos fechados ou abertos: Pena - detenção até seis
meses e pagamento de 90 a 120 dias-multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o responsável pelas emissoras de rádio ou televisão que autorizar trans-
missões de que participem os mencionados neste artigo, bem como o diretor de jornal que lhes divulgar os pronun-
ciamentos.

Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de registro de um ou mais partidos: Pena - detenção até 1 mês ou
pagamento de 10 a 30 dias-multa.

Art. 320. Inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em dois ou mais partidos: Pena - pagamento de 10 a 20 dias-
multa.

Art. 321. Colher a assinatura do eleitor em mais de uma ficha de registro de partido: Pena - detenção até dois meses
ou pagamento de 20 a 40 dias-multa

Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira: Pena - detenção de três a seis
meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Art. 299, CE. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer
outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita:
Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa
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Art. 11, V, Lei nº6091/74. Art. 11. Constitui crime eleitoral: V - utilizar em campanha eleitoral, no decurso dos 90
(noventa) dias que antecedem o pleito, veículos e embarcações pertencentes à União, Estados, Territórios, Municí-
pios e respectivas autarquias e sociedades de economia mista:
Pena - cancelamento do registro do candidato ou de seu diploma, se já houver sido proclamado eleito.

b.1) Conceito Formal:


- Art.1º, da LICP: Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei
comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.

b.2) Conceito Material: “Compete à Justiça Federal - e não à Justiça Eleitoral - processar e julgar o crime caracte-
rizado pela destruição de título eleitoral de terceiro, quando não houver qualquer vinculação com pleitos eleitorais e
o intuito for, tão somente, impedir a identificação pessoal. A simples existência, no Código Eleitoral, de descri-
ção formal de conduta típica não se traduz, incontinenti, em crime eleitoral, sendo necessário, também, que
se configure o conteúdo material do crime. Sob o aspecto material, deve a conduta atentar contra a liberdade
de exercício dos direitos políticos, vulnerando a regularidade do processo eleitoral e a legitimidade da von-
tade popular. Ou seja, a par da existência do tipo penal eleitoral específico, faz-se necessária, para sua
configuração, a existência de violação do bem jurídico que a norma visa tutelar, intrinsecamente ligado aos
valores referentes à liberdade do exercício do voto, à regularidade do processo eleitoral e à preservação do
modelo democrático. Dessa forma, a despeito da existência da descrição típica formal no Código Eleitoral (art.
339: "Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos, ou documentos relativos à eleição"), não há como minimizar
o conteúdo dos crimes eleitorais sob o aspecto material.” (CC 127.101-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 11/2/2015, DJe 20/2/2015).

c) Natureza Jurídica: Crimes Comuns ou Políticos?

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- STF: “1. Como a Constituição não define crime político, cabe ao intérprete fazê-lo diante do caso concreto e da lei
vigente. 2. Só há crime político quando presentes os pressupostos do artigo 2º da Lei de Segurança Nacional
(Lei nº 7.170/83), ao qual se integram os do artigo 1º: a materialidade da conduta deve lesar real ou
potencialmente ou expor a perigo de lesão a soberania nacional, de forma que, ainda que a conduta esteja
tipificada no artigo 12 da LSN, é preciso que se lhe agregue a motivação política. Precedentes. 3. Recurso
conhecido e provido, em parte, por seis votos contra cinco, para, assentada a natureza comum do crime, anular a
sentença e determinar que outra seja prolatada, observado o Código Penal.”
(RC 1468 segundo, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal
Pleno, julgado em 23/03/2000, DJ 16-08-2000 PP-00088 EMENT VOL-02078-01 PP-00041)

- Relevância Prática do Debate -


• se os crimes eleitorais forem considerados como políticos, eles serão de competência da justiça federal do
primeiro grau de jurisdição, com recurso ordinário direto (sem apelação, portanto) para o Supremo Tribunal Federal
(artigo 109, IV c/c artigo 102, II, “b’, da CF/88);
• nesse mesmo sentido, não poderá haver a concessão de extradição de estrangeiro pela prática de crime eleitoral
(artigo 5º, LII, CF/88);
• uma condenação anterior por crime eleitoral não será apta a gerar o efeito da reincidência (artigo 64, II, do
Código Penal);
• será de atribuição concorrente entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal a fiscalização e investigação
dos referidos delitos para posterior oferecimento das denúncias referentes aos crimes eleitorais;
• haverá, inevitavelmente, um aumento da criminalidade e impunidade no processo eleitoral, pois nem a Justiça
Eleitoral e, tampouco o Parquet Federal, possuem a capilaridade e a densidade necessárias para tal missão em um
país continental como o Brasil. Quiçá, então, quanto ao Supremo Tribunal Federal (órgão competente para o
julgamento das ações penais originárias e dos recursos), que já não dá conta satisfatoriamente das ações penais
originárias e recursos advindos de sua competência constitucional, ainda mais em tempos de “Lava-Jato”.

d) Classificação em razão da autenticidade da previsão incriminadora:

d.1 – Puro ou Específico: Aquele em que o comportamento criminoso só está previsto na legislação eleitoral.
Exemplo disso é o disposto no artigo 25 da Lei Complementar nº64/90, que diz ser crime eleitoral “a argüição de
inelegibilidade, ou a impugnação de registro de candidato feito por interferência do poder econômico, desvio ou
abuso do poder de autoridade, deduzida de forma temerária ou de manifesta má-fé”. O mesmo se diga com relação
aos crimes de “boca de urna” e “retenção de título de eleitor”, tipificados nos artigos 39, §5º, III e 91, parágrafo único,
da Lei das Eleições (Lei nº9.504/97) e artigo 295, do Código Eleitoral.

d.2 – Inespecífico ou Acidental: é aquele em que o comportamento incriminador existe tanto na esfera eleitoral,
como na legislação criminal não-eleitoral. Podemos citar os casos dos crimes de falsificação de documento público
ou particular (artigos 297/298 do Código Penal e artigos 348/349 do Código Eleitoral).

e) Pseudo Infrações Penais Eleitorais: Para a configuração de uma infração penal eleitoral, faz-se imperativo que
estejam presentes dois elementos:
1 - Tipificação da infração penal na legislação eleitoral;
2 - Lesão ou potencial de lesão aos bens jurídicos eleitorais, bem como o especial fim de agir, quando expressa-
mente exigido pela norma.

OBS: FATO TÍPICO PRATICADO EM AMBIENTE POLÍTICO OU COM MOTIVAÇÃO ELEITORAL NÃO SÃO FA-
TORES QUE DETERMINAM A EXISTÊNCIA DE UM CRIME ELEITORAL.

EXEMPLOS:

1 – FALSO TESTEMUNHO: . A prática do delito de falso testemunho, cometido por ocasião de depoimento
perante o Ministério Público Eleitoral, enseja a competência da Justiça Federal, em razão do evidente inte-
resse da União na administração da Justiça Eleitoral. Precedentes. 2. Na eventualidade de ficar caracterizado o
crime do art. 299 do Código Eleitoral, este deverá ser processado e julgado na Justiça Eleitoral, sem interferir no
andamento do processo relacionado ao crime de falso testemunho, porquanto a competência da Justiça Federal
está expressamente fixada na Constituição Federal, não se aplicando, dessa forma, o critério da especiali-

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dade, previsto nos arts. 78, IV, do CPP e 35, II, do Código Eleitoral, circunstância que impede a reunião dos pro-
cessos na Justiça especializada. Precedentes. 3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da
3ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Rio Grande do Sul, o suscitado. (STJ, CC 126729/RS, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/04/2013, DJe 30/04/2013)

2 – DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA: Ação penal. Justiça Eleitoral. Incompetência. Denunciação caluniosa. 1. Con-
siderando que o art. 339 do Código Penal não tem equivalente na legislação eleitoral, a Corte de origem assentou
a incompetência da Justiça Eleitoral para exame do fato narrado na denúncia - levando-se em conta que a hipótese
dos autos caracteriza, em tese, ofensa à administração desta Justiça Especializada -, anulou a sentença e determi-
nou a remessa dos autos à Justiça Federal. 2. É de se manter o entendimento do Tribunal a quo, visto que a
denunciação caluniosa decorrente de imputação de crime eleitoral atrai a competência da Justiça Federal,
visto que tal delito é praticado contra a administração da Justiça Eleitoral, órgão jurisdicional que integra a esfera
federal, o que evidencia o interesse da União, nos termos do art. 109, inciso IV, da Constituição Federal. Agravo
regimental não provido. (Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 26717, Acórdão de 17/02/2011, Relator(a)
Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 07/04/2011, Pá-
gina 42 )

3 – DESACATO CONTRA JUIZ OU PROMOTOR ELEITORAL: PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME


COMUM PRATICADO CONTRA JUIZ ELEITORAL. INTERESSE DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDE-
RAL. 1. A competência criminal da Justiça Eleitoral se restringe ao processo e julgamento dos crimes tipicamente
eleitorais. 2. O crime praticado contra Juiz Eleitoral, ou seja, contra órgão jurisdicional de cunho federal,
evidencia o interesse da União em preservar a própria administração. 3. Conflito conhecido para declarar a
competência do Juízo Federal do Juizado Especial Cível e Criminal da Seção Judiciária do Estado de Rondônia,
ora suscitado. (CC 45552/RO, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
08/11/2006, DJ 27/11/2006, p. 246).

EXCEÇÃO: Caso de conexão com outro delito eleitoral!

TSE: “No caso dos autos, a Justiça Eleitoral é competente para julgar os crimes de desacato, pois, além de
os policiais militares desacatados estarem no exercício de atividades relacionadas às eleições, esses crimes
eram conexos ao de boca de urna e, conforme o disposto no art. 81 do CPP, ainda que tenha havido absolvição
quanto ao crime eleitoral, esta Justiça Especializada continua competente para os demais crimes. (TSE, Recurso
Especial Eleitoral nº 174724, Acórdão, Relator(a) Min. João Otávio De Noronha, Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Tomo 234, Data 12/12/2014, Página 51).

4 – ATO INFRACIONAL: PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. ATO INFRACIO-


NAL EQUIPARADO AO DELITO PREVISTO NO ART. 39, § 5º, II, DA LEI Nº 9.504/97. Compete ao Juízo da Vara
da Infância e da Juventude, ou ao Juiz que, na Comarca, exerce tal função, processar e julgar o ato infracional
cometido por menor inimputável, ainda que a infração seja equiparada a crime eleitoral. Conflito conhecido, com-
petente o Juízo de Direito da Vara Criminal de Milagres (BA). (STJ, CC 38.430/BA, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 11/06/2003, DJ 18/08/2003, p. 150)

ATENÇÃO: Como fica a responsabilização do maior?

• Se o terceiro apenas induz, sem praticar qualquer ato auxiliar ou de execução, deve responder pelo crime
de corrupção de menores (artigo 244-B, do ECA), perante a Justiça Comum, independente do grau de corrupção
do infante, pois “a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento de recurso especial processado
sob o regime do art. 543-C do CPC, firmou a orientação de que o crime de corrupção de menores é de natureza
formal, sendo irrelevante, portanto, tratar-se de menor anteriormente corrompida” (HC 260.090/MS, Rel. Ministro
GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 07/04/2015, DJe 17/04/2015);
• Caso, todavia, o terceiro pratique ato executório do crime eleitoral, possua domínio do fato ou se enquadre
na condição de autor material (intelectual), deve responder, em concurso de crimes, pela corrupção de
menores (artigo 244-B, do ECA) e o respectivo crime eleitoral, tudo perante a Justiça Eleitoral, pois a
competência da mesma atrai os delitos conexos aos especializados;

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5 – CRIMES CONTRA A HONRA DE JUIZ OU PROMOTOR ELEITORAL NO BOJO DE COMÍCIO (STF):DENÚN-
CIA. CRIMES PREVISTOS NOS ARTS. 325, 326 E 327, II E III, TODOS DO CÓDIGO ELEITORAL. INJÚRIA E
DIFAMAÇÃO PRATICADAS CONTRA PROMOTOR DE JUSTIÇA E JUIZ DO TRABALHO. ATIPICIDADE DA CON-
DUTA. DENÚNCIA REJEITADA. 1. À luz do Código Eleitoral, é atípica a conduta de proferir ofensas irrogadas fora
da ambiência político-eleitoral. 2. Para a configuração de delito contra a honra na seara eleitoral, faz-se necessário
que a conduta seja praticada em propaganda eleitoral ou para fins de propaganda eleitoral, máxime se considerado
o caráter de ultima ratio do direito penal. 3. Denúncia rejeitada. (STF, Inq 3925, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO,
Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Primeira Turma, julgado em 27/10/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-078 DIVULG 22-04-2016 PUBLIC 25-04-2016).

f) Competência Legislativa: A criação dos tipos penais eleitorais, em observância ao princípio constitucional da
reserva legal (artigo 5º, XXXIX, CF/88) só pode ocorrer mediante lei em sentido estrito, cuja competência
legislativa é privativa da União (artigo 22, I, da Constituição Federal de 1988), sendo vedada, inclusive, a sua
criação por meio de medida provisória (vide artigo 62, I, “a” e “b”, CF/88), ou por ato regulamentar do Tribunal
Superior Eleitoral (vide artigos 1º, parágrafo único e 23, IX, ambos do Código Eleitoral c/c artigo 105, da Lei
nº9504/97 e artigo 61, da Lei nº9096/95). Nesse mesmo sentido, deve-se destacar que também não poderá ocorrer
delegação legislativa ao Executivo para esse fim (vide artigo 68, II, da CF/88).

g) Regime Jurídico Híbrido:

g.1 – Princípios Aplicáveis: Todos aqueles expressos ou implícitos na Constituição Federal, com algumas
variação, tal qual ocorre com a insignificância ou bagatela.

ELEIÇÕES 2010. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. CRIME ELEITORAL. ART. 39, § 5º, INCISO III, DA LEI Nº
9.504/1997. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE.
1. A divulgação de propaganda criminosa dentro da cabine de votação e ao lado da urna eletrônica não pode ser
considerada insignificante, pois viola a liberdade de escolha do eleitor no momento sigiloso de confirmação do voto.
2. Inaplicável o princípio da insignificância ao crime previsto no art. 39, § 5º, inciso III, da Lei nº 9.504/1997,
porque o bem jurídico tutelado é a liberdade de exercício do voto. Precedentes.
3. Recurso especial eleitoral provido para restaurar a condenação imposta em sentença. (Recurso Especial Eleitoral
nº 6672, Acórdão, Relator(a) Min. Gilmar Ferreira Mendes, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Volume
, Tomo 54, Data 20/03/2017, Página 96)

• TSE: “In casu, não procede a alegação de ausência de tipicidade material referente à conduta imputada
ao paciente de induzir eleitor a se inscrever fraudulentamente, já que não se encontram presentes os requi-
sitos definidos na jurisprudência do STF para a aplicação do princípio da insignificância. Além disso, há justa
causa para a ação penal no que se refere à suposta prática do delito previsto no art. 290 do Código Eleitoral.”
(Recurso em Habeas Corpus nº 136, Acórdão, Relator(a) Min. Felix Fischer, Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Data 19/11/2009, Página 12);
• Reforçando essa linha de pensamento, destaca-se o enunciado nº599, da Súmula do Superior Tribunal de
Justiça (julgado em 27/11/2017), segundo o qual “o princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra
a administração pública”, que deve incidir, pela coincidência de fundamento, sobre vários delitos eleitorais que
estão relacionados com a proibição do uso de cargos ou bens públicos em prol de projetos político-partidários.

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g.2 – Padronização das Penas Mínimas:

- Consequências Práticas –
- Aplicam-se aos delitos eleitorais, como regra geral, o instituto da suspensão condicional do processo
(artigo 89, da Lei nº9099/95). Observe-se, contudo, que esse benefício processual do acusado (que pode por ele
ser recusado) deve ser proposto pelo Ministério Público quando do oferecimento da denúncia criminal – e
reclamada a sua omissão no primeiro momento em que a defesa possa se manifestar (na audiência designada
após o recebimento da inicial acusatória), sob pena de preclusão.” (STJ, AgRg no HC 328.563/SC, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 14/02/2017, DJe 23/02/2017).

ELEIÇÕES 2008. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME ELEITORAL. CORRUPÇÃO


ELEITORAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. ART. 89 DA LEI Nº 9.096/95. NULIDADE RELATIVA.
PRECLUSÃO. DESPROVIMENTO.
1. A jurisprudência deste Tribunal e do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que, por se tratar de nulidade
relativa, a ausência de proposição de suspensão condicional do processo pelo Ministério Público Eleitoral
torna a matéria preclusa, se não suscitada pela defesa no momento oportuno. (Recurso Especial Eleitoral nº
4095, Acórdão, Relator(a) Min. Luciana Christina Guimarães Lóssio, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico,
Tomo 201, Data 22/10/2015, Página 31/32).

- Exceções -
- Se ocorrer emendatio libelli ou mutatio lebelli (artigos 383 e 384, do Código de Processo Penal), o juiz deverá,
antes de sentenciar, abrir vistas para que o Ministério Público possa se manifestar se oferece ou não o benefício.
Tal lógica já está consagrada na jurisprudência a partir da edição da Súmula nº337 do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), que preceitua ser “cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na
procedência parcial da pretensão punitiva”;

- Na eventualidade, porém, da desclassificação ocorrer apenas em grau recursal, o juízo ad quem avaliará o
preenchimento dos requisitos em, caso seja positiva a análise, remeterá os autos para a 1ª instância designar
audiência para tal fim.

- Caso o Parquet, ainda que preenchidos os requisitos legais, não faça a proposta de suspensão condicional do
processo, o juiz não pode conceder de ofício, devendo aplicar o artigo 28 do Código de Processo Penal e remeter
os autos ao Procurador Regional Eleitoral. Essa é a interpretação cabível à luz da Súmula nº696 do Supremo
Tribunal Federal (STF): “Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas
se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao procurador-geral,
aplicando-se por analogia o art.28 do código de processo penal”.

- Tratando-se de caso em que o réu seja absolvido parcialmente de acusação envolvendo concurso de crimes que
lhe impediu o gozo inicial do benefício por conta do somatório das penas mínimas (inteligência da Súmula 723 do
STF), é possível que se lhe ofereça a suspensão do processo.

g.3 – Tipificação Exclusiva na Modalidade Dolosa;

g.4 – Sistema Punitivo Diferenciado: Existem determinados tipos penais eleitorais que possuem sistema
punitivo diferenciado, no qual são aplicadas, cumulativamente com as penas privativas de liberdade, restritivas
de direitos e multa, ou de maneira exclusiva, sanções específicas de cassação de registro do candidato (artigo
334, do CE), cancelamento do diploma (artigo 11, V, da Lei nº6091/74) e suspensão do funcionamento de
diretórios partidários (artigo 336, do CE).

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- Consequência Prática -
PROCESSO PENAL ELEITORAL - LEIS nºs 9.099/95 e 10.259/2001 - APLICABILIDADE. As Leis nºs 9.099/95 e
10.259/2001, no que versam o processo relativo a infrações penais de menor potencial ofensivo, são, de início,
aplicáveis ao processo penal eleitoral. A exceção corre à conta de tipos penais que extravasem, sob o ângulo
da apenação, a perda da liberdade e a imposição de multa para alcançarem, relativamente a candidatos, a
cassação do registro, conforme é exemplo o crime do artigo 334 do Código Eleitoral. (Recurso Especial Eleitoral
nº 25137, Acórdão de , Relator(a) Min. Marco Aurélio Mendes De Farias Mello, Publicação: DJ - Diário de justiça,
Volume I, Data 16/09/2005, Página 173)

g.5) Causas de Aumento e de Diminuição das Penas:

- Cuidados com a literalidade do dispositivo;


A – Na verdade, o dispositivo trata de causas de aumento/diminuição à luz do sistema trifásico do art. 69, CP;
B – A parte final foi revogada, já que é possível pena abaixo do mínimo ou do máximo;
C - Não há “contradição entre as normas previstas no art. 71 do Código Penal e no art. 285 do Código Eleitoral, haja
vista que o primeiro dispõe sobre aumento de pena em razão de crime continuado, sendo aplicável no âmbito desta
Justiça Especializada.” (TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 35350, Acórdão, Relator(a) Min. José Antônio Dias Tof-
foli, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 198, Data 11/10/2012).

g.6) Peculiaridades da Pena de Multa:

- Cuidados com a literalidade do dispositivo;

- Cuidados com a literalidade do dispositivo;

A - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possui o entendimento de que as multas penais eleitorais não devem ser
destinadas ao Tesouro Nacional, mas, sim, ao Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN), conforme determina
o artigo 2º, inciso V, da Lei Complementar nº79/94. (Processo Administrativo nº 99643, Acórdão, Relator(a) Min.
Fátima Nancy Andrighi, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 238, Data 19/12/2011, Página 100);
B - O valor do dia-multa fixado pelo §1º deve ser interpretado à luz da Constituição Federal, segundo a qual o salário
mínimo é nacionalmente unificado (artigo 7º, IV), de modo que se deve ter como não recepcionada a expressão “da
região” nele constante;

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C - Deve-se destacar, ainda, que, no caso dos crimes que estipulam a pena de multa em UFIR (caso do artigo 33,
§4º, da Lei nº9.504/97), não se aplica o sistema bifásico do artigo 286, mas o disposto no artigo 59, do Código Penal,
o que impõe ao magistrado a ponderação da situação econômica e pessoal do acusado, além das circunstâncias
judicias e das agravantes/atenuantes e causas de aumento ou diminuição de pena;
D - Por fim, convém lembrar que o prazo para pagamento da pena de multa é de 10 (dez) dias e pode ser requerido
o parcelamento (artigo 50, do Código Penal). Não cabe a conversão dela em pena privativa de liberdade (artigo 51,
do Código Penal) e a sua cobrança segue o rito da execução fiscal (Lei nº6830/80), sendo a legitimidade exclusiva
da Procuradoria da Fazenda Pública (Súmula 521, do Superior Tribunal de Justiça: “A legitimidade para a
execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da
Procuradoria da Fazenda Pública”).

g.7) Crimes Eleitorais Praticados pela Imprensa:

- Cuidados com a literalidade do dispositivo;

g.8) Possibilidade de Imposição de Pena aos Partidos Políticos:

H) Previsão Legal: A despeito da existência de um Código Eleitoral, que dedica Título próprio com as disposições
penais eleitorais (Título IV, artigos 283 a 364), no qual estão descritos a maioria dos crimes eleitorais, é importante
consignar que os delitos eleitorais (em um total de 91) estão previstos em 06 (seis) diplomas legais, a saber:
1 – Código Eleitoral (Lei nº4737/65);
2 – Lei do Transporte de Eleitores (Lei nº6091/74);
3 – Lei do Processamento Eletrônico de Dados nos Serviços Eleitorais (Lei nº6996/82);
4 – Lei do Escrutínio (Lei nº7021/82);
5 – Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar nº64/90);
6 – Lei das Eleições (Lei nº9504/97).

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Investigações Criminais Eleitorais

1 – Órgãos Legitimados:

A) Polícia Judiciária;
B) Ministério Público;
C) Outros Órgãos Públicos;
D) Particulares, Partidos Políticos, Coligações ou Candidatos?

2 - Atuação das Polícias nas Eleições:

- Resolução TSE nº23.396/13 -

Art. 1º O Departamento de Polícia Federal ficará à disposição da Justiça Eleitoral sempre que houver eleições,
gerais ou parciais, em qualquer parte do Território Nacional (Decreto-Lei nº 1.064/68).

Art. 2° A Polícia Federal exercerá, com prioridade sobre suas atribuições regulares, a função de polícia judi-
ciária em matéria eleitoral, limitada às instruções e requisições dos Tribunais e Juízes Eleitorais.
Parágrafo único. Quando no local da infração não existirem órgãos da Polícia Federal, a Polícia do respectivo
Estado terá atuação supletiva.

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3 – Inquérito Policial Eleitoral

3.1 – Previsão Normativa:


- Resolução TSE nº23.396/13

3.2 – Peculiaridades:

A – Não podia ser instaurado de ofício pela autoridade policial, salvo nos casos de prisão em flagrante.
Assim, de maneira ordinária, somente iniciava-se a persecução partir de autorização do juiz eleitoral (artigo 8º, da
Resolução TSE nº23.396/2013);
Art. 8º O inquérito policial eleitoral somente será instaurado mediante determinação da Justiça Eleitoral, salvo a
hipótese de prisão em flagrante.

Art. 8º O inquérito policial eleitoral somente será instaurado mediante requisição do Ministério Público Eleitoral ou
determinação da Justiça Eleitoral, salvo a hipótese de prisão em flagrante. (Redação dada pela Resolução
nº 23.424/2014)

Ementa: Resolução nº 23.396/2013, do Tribunal Superior Eleitoral. Instituição de controle jurisdicional genérico e
prévio à instauração de inquéritos policiais. Sistema acusatório e papel institucional do Ministério Público. 2. A Cons-
tituição de 1988 fez uma opção inequívoca pelo sistema penal acusatório. Disso decorre uma separação rígida
entre, de um lado, as tarefas de investigar e acusar e, de outro, a função propriamente jurisdicional. Além de pre-
servar a imparcialidade do Judiciário, essa separação promove a paridade de armas entre acusação e defesa, em
harmonia com os princípios da isonomia e do devido processo legal. Precedentes. 4. Forte plausibilidade na ale-
gação de inconstitucionalidade do art. 8º, da Resolução nº 23.396/2013. Ao condicionar a instauração de
inquérito policial eleitoral a uma autorização do Poder Judiciário, a Resolução questionada institui modali-
dade de controle judicial prévio sobre a condução das investigações, em aparente violação ao núcleo es-
sencial do princípio acusatório. 5. Medida cautelar parcialmente deferida para determinar a suspensão da
eficácia do referido art. 8º, até o julgamento definitivo da ação direta de inconstitucionalidade. (ADI 5104
MC, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 21/05/2014, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-213 DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014)
- Art. 5º Quando tiver conhecimento da prática da infração penal eleitoral, a autoridade policial deverá informá-la
imediatamente ao Juízo Eleitoral competente, a quem poderá requerer as medidas que entender cabíveis, observa-
das as regras relativas a foro por prerrogativa de função.

B – O prazo de encerramento do IPEL é de 10 (dez) dias, se o investigado estiver preso, ou 30 (trinta) dias, no caso
de estar solto (artigo 9º; da Resolução TSE nº23.396/2013);

C – Nos crimes eleitorais (incluindo o de corrupção) praticados por autoridades com foro por prerrogativa de
função, “a supervisão judicial da investigação penal originária deve ser desempenhada - desde a abertura dos
procedimentos investigatórios até o eventual oferecimento de denúncia - pelo juízo competente, sob pena de nuli-
dade absoluta. Assim, a instauração de inquérito policial para apurar suposto crime praticado por Prefeito
depende de supervisão do Tribunal Regional.” (TSE, HC nº36878, Relator(a) Min. LUCIANA CHRISTINA GUI-
MARÃES LÓSSIO, Dje 24/11/2015).

ESSE É O ENTENDIMENTO TRADICIONAL, MAS, EM 2016 E 2017, HOUVE DECISÕES FLEXIBILIZANDO A


RIGIDEZ DA DECLARAÇÃO DE NULIDADE ABSOLUTA:

“A Polícia Federal, atendendo a requerimento de Procurador Regional, instaurou inquérito e, antes da colheita
de provas, o TRE/PI foi cientificado e autorizou sua continuidade, ainda que de forma tácita. Inexiste, por-
tanto, nulidade. Precedentes, em especial o HC 1364-13/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de
10.6.2015.TSE”. (Agravo de Instrumento nº 16870, Acórdão, Relator(a) Min. Antonio Herman De Vasconcellos E
Benjamin, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 19/12/2016, Página 38-39).

AGRAVO INTERNO EM AGRAVO. AÇÃO PENAL. CORRUPÇÃO ELEITORAL. ART. 299 DO CE. POSSIBILIDADE
DE RATIFICAÇÃO DOS ATOS INSTRUTÓRIOS PRATICADOS SEM A SUPERVISÃO DO TRE DE SÃO PAULO
PELO PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL. ILICITUDE DA PROVA NÃO DEMONSTRADA. DESPROVI-
MENTO.

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1. Com fundamento no princípio da economia processual, não há nulidade na convalidação, pelo TRE Pau-
lista, dos atos instrutórios praticados sem sua supervisão para apurar conduta praticada por Prefeito, con-
siderada a ausência de irregularidade que justifique a anulação de tudo o que foi apurado em âmbito policial,
bem como a falta de conteúdo decisório no bojo da tramitação do inquérito policial.
2. Quando não há prova a sustentar que os documentos constantes do feito teriam sido ilicitamente subtraídos, não
há que se reconhecer a ilicitude da prova.
3. É necessária a comprovação da finalidade de obter ou dar voto, ou conseguir ou prometer abstenção do voto
para a configuração do delito previsto no art. 299 do CE, e não o pedido expresso de voto.
4. Agravo Interno desprovido. (Agravo de Instrumento nº12507, Acórdão, Relator(a) Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 52, Data 16/03/2017, Página 90)

Obs: A mera menção ao nome de autoridades com foro durante a investigação criminal eleitoral, ou mesmo
durante o trâmite do processo penal eleitoral, sem que haja qualquer indício ou imputação do órgão investiga-
tório ou acusatório quanto à autoria ou participação na infração penal não autoriza o deslocamento do feito
para a instância superior do Ministério Público Eleitoral ou do Poder Judiciário Eleitoral.

* CASO TRAIRI/CE: “a simples menção, em conversas captadas por meio de interceptação telefônica, a nomes de
autoridades que detenham o foro especial por prerrogativa de função não é suficiente para modificar a competência
ou invalidar a prova colhida por meio de diligência autorizada pelo juízo competente.” (TSE, Recurso em Habeas
Corpus nº 32751, Acórdão de 03/09/2014, Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, Publicação: DJE - Diário
de justiça eletrônico, Tomo 176, Data 19/09/2014, Página 33).

OBS: QO na Ação Penal 937 (STF) e a aplicação imediata da Limitação do Foro por Prerrogativa de Função!

- Requisitos:
• “Impõe-se, todavia, a alteração desta linha de entendimento, para restringir o foro privilegiado aos crimes prati-
cados no cargo e em razão do cargo. É que a prática atual não realiza adequadamente princípios constitucionais
estruturantes, como igualdade e república, por impedir, em grande número de casos, a responsabilização de agen-
tes públicos por crimes de naturezas diversas. Além disso, a falta de efetividade mínima do sistema penal, nesses
casos, frustra valores constitucionais importantes, como a probidade e a moralidade administrativa”.
• “Para assegurar que a prerrogativa de foro sirva ao seu papel constitucional de garantir o livre exercício das
funções – e não ao fim ilegítimo de assegurar impunidade – é indispensável que haja relação de causalidade entre
o crime imputado e o exercício do cargo. A experiência e as estatísticas revelam a manifesta disfuncionalidade
do sistema, causando indignação à sociedade e trazendo desprestígio para o Supremo”. (Ministro Luís Roberto
Barroso – Relator)

D – No caso de discordância do pedido de arquivamento do inquérito policial eleitoral, os autos não devem
ser remetidos ao Procurador Regional Eleitoral (como prevê o artigo 357, §1º, do Código Eleitoral), mas sim à 2ª
Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, consoante determina o artigo 62, IV, da Lei
Complementar nº75/93. Nesse sentido: RECURSO ESPECIAL ELEITORAL nº 25030, Acórdão de 10/04/2007,
Relator(a) Min. ANTONIO CEZAR PELUSO, Publicação: DJ - Diário de justiça, Data 15/05/2007, Página 158.

4 – PODER INVESTIGATÓRIO DE APURAÇÃO DOS ILÍCITOS ELEITORAIS CÍVEIS E CRIMINAIS:


- Inquérito Civil Público Eleitoral (ICPEL) e Procedimento Preparatório Eleitoral (PPE);
- Procedimento Investigatório Criminal Eleitoral (PICEL);
- Poderes Instrutórios Amplos de Produção de Elementos de Convicção.

5 – Instrumentos Extrajudiciais Preventivos e Repressivos de Ilícitos Eleitorais:


- Audiências Públicas;
- Recomendações Administrativas;
- Termos de Ajustamento de Conduta;
- Acordos de Não-Persecução Penal

- OBS: POSSIBILIDADE DE OFERECIMENTO DE DENÚNCIA COM BASE EM ICP:

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- STJ: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ARTIGOS 297 E 347, AMBOS DO
CÓDIGO PENAL. DEFESA PRELIMINAR DO ARTIGO 514 DO CPP. NÃO INCIDÊNCIA. CRIME FUNCIONAL IM-
PRÓPRIO. AÇÃO PENAL PRECEDIDA DE PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO (INQUÉRITO CIVIL). APLICA-
ÇÃO ANALÓGICA DA SÚMULA 330/STJ. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO.
1. É assegurado o direito de resposta preliminar, antes do oferecimento de denúncia com supedâneo no artigo 514
do Estatuto Processual, somente nos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, entendidos como os
crimes funcionais próprios ou típicos, os quais estão descritos nos artigos 312 a 326 do Código Penal. Precedentes.
2. Não é suficiente para a incidência das disposições do artigo 514 do CPP, que seja o delito praticado por agente
público.
3. Na espécie, a ação penal foi precedida de procedimento investigatório instaurado pelo Ministério Público
(Inquérito Civil), circunstância que também afasta a necessidade de apresentação da defesa prevista no
artigo 514 do Código de Processo Penal. Aplicação analógica do enunciado sumular 330 deste Sodalício.
4. Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega provimento. (RHC 81.746/SP, Rel. Ministro REYNALDO
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 20/06/2017, DJe 30/06/2017)

4.1 – Investigações EXTRAJUDICIAIS dos Ilícitos Eleitorais Cíveis:

4.1.1 – O Inquérito Civil Público e a Limitação Inconstitucional do Artigo 105-A, da Lei das Eleições: “Em
matéria eleitoral, não são aplicáveis os procedimentos previstos na Lei no7.347, de 24 de julho de 1985.”

A – Posição Inicial do TSE: Anulação de todas as investigações fundadas em ICP Eleitoral: “Ilícitas as provas
obtidas no inquérito civil público e sendo essas o alicerce inicial para ambas as AIJEs, inarredável o reconhecimento
da ilicitude por derivação quanto aos demais meios probantes, ante a aplicação da Teoria dos Frutos da Árvore
Envenenada.” (Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 89842, Acórdão de 28/08/2014, Relator(a) Min.
LAURITA HILÁRIO VAZ).

B – Mudança de Entendimento (2015/2016): Recurso Especial Eleitoral nº 54588, Acórdão de 08/09/2015,


Relator(a) Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
“2. A interpretação do art. 105-A da Lei 9.504/97 pretendida pelo recorrente no sentido de que as provas
produzidas em inquérito civil público instaurado pelo Ministério Público Eleitoral seriam ilícitas não merece
prosperar, nos termos da diversidade de fundamentos adotados pelos membros desta Corte Superior, a saber:
2.1. Sem adentrar a questão atinente à constitucionalidade do art. 105-A da Lei 9.504/97, ressalte-se que i)
da leitura do dispositivo ou da justificativa parlamentar de sua criação não há como se retirar a conclusão de que
são ilícitas as provas colhidas naquele procedimento; ii) a declaração de ilicitude somente porque obtidas as
provas em inquérito civil significa blindar da apreciação da Justiça Eleitoral condutas em desacordo com a
legislação de regência e impossibilitar o Ministério Público de exercer o seu munus constitucional; iii) o
inquérito civil não se restringe à ação civil pública, tratando-se de procedimento administrativo por
excelência do Parquet e que pode embasar outras ações judiciais (Ministros João Otávio de Noronha, Luciana
Lóssio e Dias Toffoli).”

• “2.2. Ao art. 105-A da Lei 9.504/97 deve ser dada interpretação conforme a Constituição Federal para que
se reconheça, no que tange ao inquérito civil público, a impossibilidade de sua instauração para apuração
apenas de ilícitos eleitorais, sem prejuízo de: i) ser adotado o Procedimento Preparatório Eleitoral já previsto pelo
Procurador-Geral da República; ou ii) serem aproveitados para propositura de ações eleitorais elementos que
estejam contidos em inquéritos civis públicos que tenham sido devidamente instaurados, para os fins previstos na
Constituição e na Lei 7.347/85 (Ministros Henrique Neves e Gilmar Mendes).”
• “2.3. O art. 105-A da Lei 9.504/97 é inconstitucional, pois: i) o art. 127 da CF/88 atribuiu expressamente ao
Parquet a prerrogativa de tutela de defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais
individuais indisponíveis, de modo que a defesa da higidez da competição eleitoral e dos bens jurídicos
salvaguardados pelo ordenamento jurídico eleitoral se situa no espectro constitucional de suas atribuições; ii) a
restrição do exercício de funções institucionais pelo Ministério Público viola o art. 129, III, da CF/88, dispositivo que
prevê o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção de interesses difusos e coletivos; iii) houve evidente
abuso do exercício do poder de legislar ao se afastar, em matéria eleitoral, os procedimentos da Lei 7.347/1985 sob
a justificativa de que estes poderiam vir a prejudicar a campanha eleitoral e a atuação política de candidatos
(Ministros Luiz Fux e Maria Thereza de Assis Moura).”

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4.1.2 – O Procedimento Preparatório Eleitoral (PPE) e a sua Validação Jurisprudencial:

- TSE: LICITUDE DE PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO ELEITORAL. 4. O art. 105-A da Lei 9.504/97 - que veda
na seara eleitoral adoção de procedimentos contidos na Lei 7.347/85 - deve ser nterpretado conforme o art. 127 da
CF/88, no qual se atribui ao Ministério Público prerrogativa de defesa da ordem jurídica, do regime democrático e
de interesses sociais individuais indisponíveis, e o art. 129, III, que prevê inquérito civil e ação civil pública para
proteger interesses difusos e coletivos. Precedentes. 5. A instauração de Procedimento Preparatório Eleitoral
(PPE) é lícita e não ofende dispositivos legais e constitucionais.” (Agravo Regimental em Recurso Especial
Eleitoral nº 15826, Acórdão de 20/10/2016, Relator(a) Min. ANTONIO HERMAN DE VASCONCELLOS E BENJAMIN

4.1.2.1 – A Inconstitucionalidade Superveniente e Futura do PPE.

- A Portaria 692/2016-PGR e a Inexistência superveniente do motivo determinante (“Considerando o disposto no


art. 105-A da Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, bem como a interpretação que lhe tem sido atribuída pelo
Tribunal Superior Eleitoral);
- Artigo 19, do Projeto Originário das “10 Medidas Contra a Corrupção”, que pretende revogar o artigo 105-A, da LE
e delegar ao PGR o poder de regulamentar a atividade investigativa!

4.1.3 – Possibilidade de Instauração de ICPEL ou PPE com Base em Denúncia Anônima.

- STJ: “a denúncia anônima não é óbice à instauração de inquérito civil por parte do Ministério Público. A instauração
de inquérito civil é prerrogativa constitucionalmente assegurada ao Parquet, a quem compete a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis” e “nesse diapasão, a legislação
atinente ao Ministério Público autoriza sua atuação ante o conhecimento de fatos que ensejem sua intervenção,
irrelevante tratar-se de denúncia anônima.” (REsp 1447157/SE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 10/11/2015).

4.2 - Poderes Instrutórios Amplos de Produção de Elementos de Convicção: “Blitz Ministerial ou Inspeções
Ex Officio” (art. 8º, V, LC nº75/93):

Obs.1 – Requisição de Documentos sem Procedimento Formal (STJ): “não se faz necessária a prévia
instauração de inquérito civil ou procedimento administrativo para que o Ministério Público requisite informações a
órgãos públicos - interpretação do artigo 26, I, "b", da Lei nº 8.625/93”. (REsp 873565/MG, DJ 05/06/2007).

4.3 – PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO CRIMINAL (PIC):

4.3.1 – Legislação de Referência:

• Artigo 129, I, CF/88;


• Resolução nº181-CNMP;
• Código de Processo Penal.

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– Definição: Art. 1º O procedimento investigatório criminal é instrumento sumário e desburocratizado de natureza
administrativa e investigatória, instaurado e presidido pelo membro do Ministério Público com atribuição criminal, e
terá como finalidade apurar a ocorrência de infrações penais de iniciativa pública, servindo como preparação e
embasamento para o juízo de propositura, ou não, da respectiva ação penal.

- Dispensabilidade: §1º O procedimento investigatório criminal não é condição de procedibilidade ou pressuposto


processual para o ajuizamento de ação penal e não exclui a possibilidade de formalização de investigação por
outros órgãos legitimados da Administração Pública.

- Instauração do PIC:
Art. 3.º O procedimento investigatório criminal poderá ser instaurado de ofício, por membro do Ministério Público,
no âmbito de suas atribuições criminais, ao tomar conhecimento de infração penal de iniciativa pública, por qualquer
meio, ainda que informal, ou mediante provocação.

- Rejeição pelo TSE da Instauração com Base Exclusivamente em Denúncia Anônima:


“3. Nada impede a deflagração da persecução penal pela chamada ‘denúncia anônima’, desde que esta seja
seguida de diligências realizadas para averiguar os fatos nela noticiados. Não se exige que a própria denúncia
anônima já venha acompanhada de documentos. (Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 635038,
Acórdão de 05/05/2015, Relator(a) Min. MARIA THEREZA ROCHA DE ASSIS MOURA).

“2. Falta justa causa para a busca e apreensão se determinada com base na fundamentação da promotora
eleitoral que requerera diligência prévia para confirmação de denúncia telefônica.
3. Não configura flagrante delito de corrupção eleitoral, sem amparo em outras provas, a situação delineada no
acórdão recorrido.
4. Se nula a busca e apreensão e não configurado o flagrante delito da esposa do prefeito, são inválidas as provas
obtidas na diligência, devendo ser desentranhadas do inquérito, não tendo cabimento o trancamento da
investigação.” (Recurso em Habeas Corpus nº 126372, Acórdão de 25/08/2015, Relator(a) Min. GILMAR FERREIRA
MENDES, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 201, Data 22/10/2015, Página 30/31 )

- Inaplicabilidade: §2º A regulamentação do procedimento investigatório criminal prevista nesta Resolução não se
aplica às autoridades abrangidas pela previsão do art. 33, parágrafo único, da Lei Complementar nº 35, de 14 de
março de 1979.

Art. 33 - São prerrogativas do magistrado: Parágrafo único - Quando, no curso de investigação, houver indício da
prática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao
Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento, a fim de que prossiga na investigação.

- Crimes próprios de Juiz Eleitoral:

Art. 135, § 5º, CE: Não poderão ser localizadas seções eleitorais em fazenda sítio ou qualquer propriedade rural
privada, mesmo existindo no local prédio público, incorrendo o juiz nas penas do Art. 312, em caso de infringência.

Art. 291. Efetuar o juiz, fraudulentamente, a inscrição de alistando. Pena - Reclusão até 5 anos e pagamento de
cinco a quinze dias-multa.

Art. 313. Deixar o juiz e os membros da Junta de expedir o boletim de apuração imediatamente após a apuração de
cada urna e antes de passar à subseqüente, sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a expedição pelos
fiscais, delegados ou candidatos presentes. Pena - pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Art. 314. Deixar o juiz e os membros da Junta de recolher as cédulas apuradas na respectiva urna, fechá-la e lacrá-
la, assim que terminar a apuração de cada seção e antes de passar à subseqüente, sob qualquer pretexto e ainda
que dispensada a providencia pelos fiscais, delegados ou candidatos presentes. Pena - detenção até dois meses
ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Art. 343. Não cumprir o juiz o disposto no § 3º do Art. 357 (§ 3º Se o órgão do Ministério Público não oferecer a
denúncia no prazo legal representará contra êle a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabili-
dade penal). Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90 dias-multa.

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Art. 345. Não cumprir a autoridade judiciária, ou qualquer funcionário dos órgãos da Justiça Eleitoral, nos prazos
legais, os deveres impostos por este Código, se a infração não estiver sujeita a outra penalidade. Pena - pagamento
de trinta a noventa dias-multa

– Prazo do PIC: Art. 13 O procedimento investigatório criminal deverá ser concluído no prazo de 90 (noventa) dias,
permitidas, por igual período, prorrogações sucessivas, por decisão fundamentada do membro do Ministério Público
responsável pela sua condução.

Obs: Prazo Impróprio das Investigações.

- “Assentado pela jurisprudência, inclusive do Supremo Tribunal Federal, que é possível aos membros do Ministério
Público presidir investigações, não há falar em prazo peremptório para o encerramento dos trabalhos res-
pectivos, assim como ocorre também com inquéritos presididos por delegados de polícia.” (STJ, HC 323.037/GO,
julgado em 01/09/2015)

– FIXAÇÃO DE PRAZO PARA CONCLUSÃO DE INQUÉRITO POLICIAL ELEITORAL NO CASO DE EXCESSO:


ELEIÇÕES 2010. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME DE CORRUPÇÃO ELEITORAL. ART. 299 DO CE.
RECURSO EM HABEAS CORPUS. EXCESSO DE PRAZO PARA A CONCLUSÃO DE INQUÉRITO POLICIAL.
REALIZAÇÃO DE INÚMERAS DILIGÊNCIAS, JÁ ULTIMADAS. PERÍODO SUPERIOR A TRÊS ANOS. PRINCÍ-
PIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO. ART. 5º, LXXVIII, DA CF/88. FALTA DE JUSTIFICATIVA PARA
AS PRORROGAÇÕES. TRANCAMENTO. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.
1. O limite da razoável duração do inquérito policial é o período de tempo necessário à obtenção dos elementos que
formarão a convicção do titular do monopólio da ação penal pública acerca de sua viabilidade. Em outras palavras,
a duração do inquérito será razoável e justificada enquanto houver diligências a serem realizadas pela au-
toridade policial que sirvam ao propósito de oferecer fundamentos à formação da opinio delicti do Ministério
Público.
2. In casu, embora não se constate inércia ou falta de interesse por parte da autoridade policial na apuração
dos fatos em apreço, passados mais de três anos da instauração do inquérito sem que o Ministério Público
tenha concluído pela viabilidade ou não da ação penal, impõe-se a fixação de prazo para sua conclusão em
atenção ao princípio da razoável duração do processo de investigação, a fim de que o paciente não seja
submetido a um procedimento eterno.
3. Recurso em habeas corpus a que se dá parcial provimento para conceder prazo de um ano para a con-
clusão do inquérito policial. (Recurso em Habeas Corpus nº 6453, Acórdão de 03/09/2014, Relator(a) Min. LUCI-
ANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 183, Data 30/09/2014,
Página 487 )

- Excesso de Prazo e Trancamento das Investigações: “É assente nesta Corte Superior que o inquérito policial
tem prazo impróprio, por isso o elastério do lapso para a sua conclusão pode ser justificado pelas circunstâncias de
o investigado gozar de liberdade e pela complexidade do levantamento dos dados necessários para lastrear a de-
núncia. Atribui-se ao Estado a responsabilidade pela garantia da razoável duração do processo e pelos mecanismos
que promovam a celeridade de sua tramitação, quer no âmbito judicial, quer no administrativo. Em razão disso, não
é possível aceitar que o procedimento investigatório dure além do razoável, notadamente quando as suas
diligências não resultem em obtenção de elementos capazes de justificar sua continuidade em detrimento
dos direitos da personalidade, contrastados com o abalo moral, econômico e financeiro que o inquérito
policial causa aos investigados.” (STJ, RHC 58.138/PE, DJe 04/02/2016).

- Poderes Instrutórios:
Art. 7º O membro do Ministério Público, observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e sem
prejuízo de outras providências inerentes a sua atribuição funcional, poderá:
I – fazer ou determinar vistorias, inspeções e quaisquer outras diligências, inclusive em organizações militares;
II – requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades, órgãos e entidades da Administração
Pública direta e indireta, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
III – requisitar informações e documentos de entidades privadas, inclusive de natureza cadastral
IV – notificar testemunhas e vítimas e requisitar sua condução coercitiva, nos casos de ausência injustificada, res-
salvadas as prerrogativas legais;

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- PRESCINDIBILIDADE DA OITIVA DO INVESTIGADO PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA: “Em relação à
fragilidade probatória decorrente de necessidade de oitiva da denunciada no inquérito policial, já se decidiu que o
oferecimento de denúncia não está condicionado à existência de inquérito prévio, razão pela qual não se mostra
juridicamente possível condicionar o oferecimento da denúncia à prévia oitiva da ré perante a autoridade policial.
Precedentes STJ e STF.” (TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 287477, Acórdão de 22/08/2013, Relator(a) Min. HEN-
RIQUE NEVES DA SILVA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 173, Data 10/09/2013, Página 54
RJTSE - Revista de jurisprudência do TSE, Volume 24, Tomo 3, Data 22/08/2013, Página 410 )

- OBRIGAÇÃO DO INVESTIGADO DE COMPARECER PARA PRESTAR DEPOIMENTO, MESMO TENDO O DI-


REITO DE PERMANECER EM SILÊNCIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HABEAS CORPUS. CONDUÇÃO
COERCITIVA. INQUÉRITO POLICIAL. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. OMISSÃO. OBSCURIDADE. AU-
SÊNCIA. 1. Do direito ao silêncio não decorre o de recusar-se o investigado a depor perante a autoridade
competente, mas sim o de não responder às perguntas cujas respostas resvalem em auto-incriminação.
(Embargos de Declaração em Habeas Corpus nº 644, Acórdão de 29/09/2009, Relator(a) Min. MARCELO HENRI-
QUES RIBEIRO DE OLIVEIRA, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Volume -, Tomo 196/2009, Data
15/10/2009, Página 61 )

– CONDUÇÃO COERCITIVA (EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL):


- TSE: HABEAS CORPUS. CONDUÇÃO COERCITIVA. INQUÉRITO POLICIAL. ORDEM PARCIALMENTE CON-
CEDIDA. 1. A condução coercitiva somente pode se dar caso haja descumprimento injustificado de intimação (art.
260 do CPP). 2. Deve ser garantido ao paciente que não seja conduzido coercitivamente antes de lhe ser
possibilitado o comparecimento mediante regular intimação. 3. Ordem parcialmente concedida. (TSE, Habeas
Corpus nº 644, Acórdão de 02/06/2009, Relator(a) Min. MARCELO HENRIQUES RIBEIRO DE OLIVEIRA, Publica-
ção: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Volume -, Tomo -, Data 07/08/2009, Página 56 );

- STF: I – A própria Constituição Federal assegura, em seu art. 144, § 4º, às polícias civis, dirigidas por delegados
de polícia de carreira, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais. II – O art. 6º do Código de
Processo Penal, por sua vez, estabelece as providências que devem ser tomadas pela autoridade policial quando
tiver conhecimento da ocorrência de um delito, todas dispostas nos incisos II a VI. III – Legitimidade dos agentes
policiais, sob o comando da autoridade policial competente (art. 4º do CPP), para tomar todas as providên-
cias necessárias à elucidação de um delito, incluindo-se aí a condução de pessoas para prestar esclareci-
mentos, resguardadas as garantias legais e constitucionais dos conduzidos. (HC 107644, Relator(a): Min.
RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 06/09/2011)

- ADPFs nº395 e 444 (STF): “Ante o exposto, defiro a medida liminar, para vedar a condução coercitiva de
investigados para interrogatório, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autori-
dade e de ilicitude das provas obtidas, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.

V – acompanhar buscas e apreensões deferidas pela autoridade judiciária;

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- BUSCA E APREENSÃO DE CELULARES E LEITURA DE MENSAGENS: PROCESSUAL PENAL. OPERA-
ÇÃO "LAVA-JATO". MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO. APREENSÃO DE APARELHOS DE TELEFONE
CELULAR. LEI 9296/96. OFENSA AO ART. 5º, XII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INOCORRÊNCIA. DECI-
SÃO FUNDAMENTADA QUE NÃO SE SUBORDINA AOS DITAMES DA LEI 9296/96. ACESSO AO CON-
TEÚDO DE MENSAGENS ARQUIVADAS NO APARELHO. POSSIBILIDADE. LICITUDE DA PROVA. RECURSO
DESPROVIDO.
I - A obtenção do conteúdo de conversas e mensagens armazenadas em aparelho de telefone celular ou
smartphones não se subordina aos ditames da Lei 9296/96.
II - O acesso ao conteúdo armazenado em telefone celular ou smartphone, quando determinada
judicialmente a busca e apreensão destes aparelhos, não ofende o art. 5º, inciso XII, da Constituição da
República, porquanto o sigilo a que se refere o aludido preceito constitucional é em relação à interceptação
telefônica ou telemática propriamente dita, ou seja, é da comunicação de dados, e não dos dados em si
mesmos.
III - Não há nulidade quando a decisão que determina a busca e apreensão está suficientemente fundamentada,
como ocorre na espécie.
IV - Na pressuposição da ordem de apreensão de aparelho celular ou smartphone está o acesso aos
dados que neles estejam armazenados, sob pena de a busca e apreensão resultar em medida írrita, dado
que o aparelho desprovido de conteúdo simplesmente não ostenta virtualidade de ser utilizado como
prova criminal.
V - Hipótese em que, demais disso, a decisão judicial expressamente determinou o acesso aos dados
armazenados nos aparelhos eventualmente apreendidos, robustecendo o alvitre quanto à licitude da prova. (STJ,
RHC 75.800/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 15/09/2016, DJe 26/09/2016)

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PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO
AO TRÁFICO. DADOS ARMAZENADOS NO APARELHO CELULAR. INAPLICABILIDADE DO ART. 5°, XII, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DA LEI N. 9.296/96. PROTEÇÃO DAS COMUNICAÇÕES EM FLUXO. DADOS
ARMAZENADOS. INFORMAÇÕES RELACIONADAS À VIDA PRIVADA E À INTIMIDADE. INVIOLABILIDADE.
ART. 5°, X, DA CARTA MAGNA. ACESSO E UTILIZAÇÃO. NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
INTELIGÊNCIA DO ART. 3° DA LEI N. 9.472/97 E DO ART. 7° DA LEI N. 12.965/14. TELEFONE CELULAR
APREENDIDO EM CUMPRIMENTO A ORDEM JUDICIAL DE BUSCA E APREENSÃO. DESNECESSIDADE DE
NOVA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA ANÁLISE E UTILIZAÇÃO DOS DADOS NELES ARMAZENADOS.
RECURSO NÃO PROVIDO.
I - O sigilo a que se refere o art. 5º, XII, da Constituição da República é em relação à interceptação telefônica ou
telemática propriamente dita, ou seja, é da comunicação de dados, e não dos dados em si mesmos. Desta forma, a
obtenção do conteúdo de conversas e mensagens armazenadas em aparelho de telefone celular ou smartphones
não se subordina aos ditames da Lei n. 9.296/96.
II - Contudo, os dados armazenados nos aparelhos celulares decorrentes de envio ou recebimento de dados
via mensagens SMS, programas ou aplicativos de troca de mensagens (dentre eles o "WhatsApp"), ou
mesmo por correio eletrônico, dizem respeito à intimidade e à vida privada do indivíduo, sendo, portanto,
invioláveis, no termos do art. 5°, X, da Constituição Federal. Assim, somente podem ser acessados e
utilizados mediante prévia autorização judicial, nos termos do art. 3° da Lei n. 9.472/97 e do art. 7° da Lei n.
12.965/14.
III - A jurisprudência das duas Turmas da Terceira Seção deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de
ser ilícita a prova obtida diretamente dos dados constantes de aparelho celular, decorrentes de mensagens
de textos SMS, conversas por meio de programa ou aplicativos ("WhatsApp"), mensagens enviadas ou
recebidas por meio de correio eletrônico, obtidos diretamente pela polícia no momento do flagrante, sem
prévia autorização judicial para análise dos dados armazenados no telefone móvel.
IV - No presente caso, contudo, o aparelho celular foi preendido em cumprimento a ordem judicial que
autorizou a busca e apreensão nos endereços ligados aos corréus, tendo a recorrente sido presa em
flagrante na ocasião, na posse de uma mochila contendo tabletes de maconha. V - Se ocorreu a busca e
apreensão dos aparelhos de telefone celular, não há óbice para se adentrar ao seu conteúdo já armazenado,
porquanto necessário ao deslinde do feito, sendo prescindível nova autorização judicial para análise e
utilização dos dados neles armazenados. (RHC 77.232/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA,
julgado em 03/10/2017, DJe 16/10/2017)

- APREENSÃO DE CELULARES EM DILIGÊNCIA E LEITURA DE MENSAGENS: “1. O entendimento perfilhado


pela Corte a quo está em harmonia com a jurisprudência pacífica deste Tribunal, segundo a qual, sendo o crime
de tráfico de drogas, nas modalidades guardar e ter em depósito, de natureza permanente, assim compreendido
aquele cuja a consumação se protrai no tempo, não se exige a apresentação de mandado de busca e
apreensão para o ingresso dos policiais na residência do acusado, quando se tem por objetivo fazer cessar a
atividade criminosa, dada a situação de flagrância, conforme ressalva o art. 5º, XI, da Constituição Federal.
Ainda, a prisão em flagrante é possível enquanto não cessar a permanência, independentemente de prévia
autorização judicial. Precedentes.
2. Embora seja despicienda ordem judicial para a apreensão dos celulares, pois os réus encontravam-
se em situação de flagrância, as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas pelo sigilo
telefônico, que deve abranger igualmente a transmissão, recepção ou emissão de símbolos, caracteres,
sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza, por meio de telefonia fixa ou móvel
ou, ainda, através de sistemas de informática e telemática. Em verdade, deveria a autoridade policial,
após a apreensão do telefone, ter requerido judicialmente a quebra do sigilo dos dados nele armazena-
dos, de modo a proteger tanto o direito individual à intimidade quanto o direito difuso à segurança pública.
Precedente.
3. O art. 5º da Constituição Federal garante a inviolabilidade do sigilo telefônico, da correspondência, das comu-
nicações telegráficas e telemáticas e de dados bancários e fiscais, devendo a mitigação de tal preceito, para fins
de investigação ou instrução criminal, ser precedida de autorização judicial, em decisão motivada e emanada por
juízo competente (Teoria do Juízo Aparente), sob pena de nulidade.
Além disso, somente é admitida a quebra do sigilo quando houve indício razoável da autoria ou participação
em infração penal; se a prova não puder ser obtida por outro meio disponível, em atendimento ao princípio da
proibição de excesso; e se o fato investigado constituir infração penal punida com pena de reclusão.” (STJ, RHC
67.379/RN, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 20/10/2016, DJe 09/11/2016)

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PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. FURTO E QUADRILHA. APARELHO
TELEFÔNICO APREENDIDO. VISTORIA REALIZADA PELA POLÍCIA MILITAR SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL
OU DO PRÓPRIO INVESTIGADO. VERIFICAÇÃO DE MENSAGENS ARQUIVADAS. VIOLAÇÃO DA INTIMIDADE.
PROVA ILÍCITA. ART. 157 DO CPP. RECURSO EM HABEAS CORPUS PROVIDO.
1. Embora a situação retratada nos autos não esteja protegida pela Lei n. 9.296/1996 nem pela Lei n. 12.965/2014,
haja vista não se tratar de quebra sigilo telefônico por meio de interceptação telefônica, ou seja, embora não se trate
violação da garantia de inviolabilidade das comunicações, prevista no art. 5º, inciso XII, da CF, houve sim violação
dos dados armazenados no celular do recorrente (mensagens de texto arquivadas - WhatsApp).
2. No caso, deveria a autoridade policial, após a apreensão do telefone, ter requerido judicialmente a quebra
do sigilo dos dados armazenados, haja vista a garantia, igualmente constitucional, à inviolabilidade da
intimidade e da vida privada, prevista no art. 5º, inciso X, da CF. Dessa forma, a análise dos dados telefônicos
constante dos aparelhos dos investigados, sem sua prévia autorização ou de prévia autorização judicial
devidamente motivada, revela a ilicitude da prova, nos termos do art. 157 do CPP. Precedentes do STJ.
3. Recurso em habeas corpus provido, para reconhecer a ilicitude da colheita de dados do aparelho telefônico dos
investigados, sem autorização judicial, devendo mencionadas provas, bem como as derivadas, serem
desentranhadas dos autos.
(RHC 89.981/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 05/12/2017,
DJe 13/12/2017)

VI – acompanhar cumprimento de mandados de prisão preventiva ou temporária deferidas pela autoridade judiciária;

VII – expedir notificações e intimações necessárias;


VIII – realizar oitivas para colheita de informações e esclarecimentos;
IX – ter acesso incondicional a qualquer banco de dados de caráter público ou relativo a serviço de relevância
pública;
X – requisitar auxílio de força policial.

- DO ACORDO DE NÃO-PERSECUÇÃO PENAL:


Art. 18. Não sendo o caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor ao investigado acordo de não
persecução penal, quando, cominada pena mínima inferior a 4 (quatro) anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça a pessoa, o investigado tiver confessado formal e circunstanciadamente a sua prática,
mediante as seguintes condições, ajustadas cumulativa ou alternativamente:
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos, indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou
proveito do crime;
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao
delito, diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo Ministério Público;

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IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Código Penal, a entidade pública ou de
interesse social a ser indicada pelo Ministério Público, devendo a prestação ser destinada preferencialmente àquelas
entidades que tenham como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo
delito;
V – cumprir outra condição estipulada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração
penal aparentemente praticada.
§ 1º Não se admitirá a proposta nos casos em que:
I – for cabível a transação penal, nos termos da lei;
II – o dano causado for superior a vinte salários-mínimos ou a parâmetro econômico diverso definido pelo respectivo
órgão de revisão, nos termos da regulamentação local;
III – o investigado incorra em alguma das hipóteses previstas no art. 76, § 2º, da Lei nº 9.099/95;
IV – o aguardo para o cumprimento do acordo possa acarretar a prescrição da pretensão punitiva estatal;
V – o delito for hediondo ou equiparado e nos casos de incidência da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006;
VI – a celebração do acordo não atender ao que seja necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do
crime.

§ 2º A confissão detalhada dos fatos e as tratativas do acordo serão registrados pelos meios ou recursos de
gravação audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações, e o investigado deve estar sempre
acompanhado de seu defensor.
§ 3º O acordo será formalizado nos autos, com a qualificação completa do investigado e estipulará de modo claro
as suas condições, eventuais valores a serem restituídos e as datas para cumprimento e será firmado pelo membro
do Ministério Público, pelo investigado e seu defensor.
§ 4º Realizado o acordo, a vítima será comunicada por qualquer meio idôneo e os autos serão submetidos à
apreciação judicial.
§ 5º Se o juiz considerar o acordo cabível e as condições adequadas e suficientes, devolverá os autos ao Ministério
Público para sua implementação.
§ 6º Se o juiz considerar incabível o acordo, bem como inadequadas ou insuficientes as condições celebradas, fará
remessa dos autos ao procurador-geral ou órgão superior interno responsável por sua apreciação, nos termos da
legislação vigente, que poderá adotar as seguintes providências:
I – oferecer denúncia ou designar outro membro para oferecê-la;
II – complementar as investigações ou designar outro membro para complementá-la;
III – reformular a proposta de acordo de não persecução, para apreciação do investigado;
IV – manter o acordo de não persecução, que vinculará toda a Instituição.

§ 7º O acordo de não persecução poderá ser celebrado na mesma oportunidade da audiência de custódia.
§ 8º É dever do investigado comunicar ao Ministério Público eventual mudança de endereço, número de telefone ou
e-mail, e comprovar mensalmente o cumprimento das condições, independentemente de notificação ou aviso prévio,
devendo ele, quando for o caso, por iniciativa própria, apresentar imediatamente e de forma documentada eventual
justificativa para o não cumprimento do acordo.
§ 9º Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo ou não observados os deveres do parágrafo
anterior, no prazo e nas condições estabelecidas, o membro do Ministério Público deverá, se for o caso,
imediatamente oferecer denúncia.
§ 10 O descumprimento do acordo de não persecução pelo investigado, também, poderá ser utilizado pelo membro
do Ministério Público como justificativa para o eventual não-oferecimento de suspensão condicional do processo.
§ 11 Cumprido integralmente o acordo, o Ministério Público promoverá o arquivamento da investigação, nos termos
desta Resolução.
§ 12 As disposições deste Capítulo não se aplicam aos delitos cometidos por militares que afetem a hierarquia e a
disciplina.
§ 13 Para aferição da pena mínima cominada ao delito, a que se refere o caput, serão consideradas as causas de
aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.

4.4 – Investigações Realizadas por Particulares:

“1. A seriedade probatória da acusação penal, definida pela certeza da materialidade e indícios de autoria (justa
causa) pode provir de elementos probatórios oriundos ou não do inquérito policial, que não é seu suporte exclusivo
de justa causa.

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2. Admite-se em tese, pois, a persecução criminal por qualquer fonte confiável de prova, estatal ou mesmo
particular, nada impedindo seja essa fonte de prova provinda do órgão Ministerial.” (STJ, HC 90.174/PR,DJe
25/11/2015)

– Fundamentos do Poder Investigatório dos Particulares em Relação aos Agentes Públicos e Particulares.

1 – O direito fundamental de liberdade de informação (artigo 5º, XXXIII), segundo o qual “todos têm direito a
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado”, cuja regulamentação legislativa (Lei nº12.527/11) foi taxativa no sentido
de que “são vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da solicitação de informações de
interesse público” (vide artigo 10, §3º) e que a recusa da informação solicitada configura responsabilidade
administrativa punível com, no mínimo suspensão, e ato de improbidade administrativa (vide artigo 32);

2 - O direito fundamental do cidadão em ajuizar a ação popular contra atos lesivos ao patrimônio público ou a
moralidade administrativa (artigo 5º, LXXIII), tendo, para tanto, a lei de regência (Lei nº4717/65) assegurado o
direito do cidadão de requerer “as certidões e informações que julgar necessárias, bastando para isso
indicar a finalidade das mesmas” (vide artigo 1º, §4º), cujo descumprimento configura ato de improbidade
administrativa (artigo 11, II, da Lei nº8429/92);

3 – O direito fundamental da ação penal privada subsidiária da pública nos casos de crime com ação pública,
se esta não for intentada no prazo legal por quem de direito (artigo 5º. LIX).

4 – Aplicação da Teoria dos Poderes Implícitos, uma vez que se o particular pode ajuizar a ação penal subsidiária
para os crimes eleitorais ele pode realizar a atividade investigativa prévia!

- TSE: “Na medida em que a própria Carta Magna não estabeleceu nenhuma restrição quanto à aplicação da
ação penal privada subsidiária, nos processos relativos aos delitos previstos na legislação especial, deve
ser ela admitida nas ações em que se apuram crimes eleitorais.” (RECURSO ESPECIAL ELEITORAL nº 21295,
Acórdão nº 21295 de 14/08/2003, Relator(a) Min. FERNANDO NEVES DA SILVA)

5 – Possibilidade de Uso da Ata Notarial:


- Art. 384/CPC. A existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a
requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião.
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da
ata notarial.

Obs: (Im)possibilidade de Investigações Particulares de Natureza Criminal à Luz da Lei nº13.432/2017.

Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se detetive particular o profissional que, habitualmente, por conta própria
ou na forma de sociedade civil ou empresarial, planeje e execute coleta de dados e informações de natureza não
criminal, com conhecimento técnico e utilizando recursos e meios tecnológicos permitidos, visando ao esclareci-
mento de assuntos de interesse privado do contratante.
• Artigo para leitura: http://meusitejuridico.com.br/2017/05/02/validade-moderada-das-investigacoes-parti-
culares-e-inconstitucionalidade-parcial-da-lei-no-13-43217/

- Validade das Gravações como Prova no Processo Penal Eleitoral

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ELEIÇÕES 2008. HABEAS CORPUS. AÇÃO PENAL. RECEBIMENTO DE DENÚNCIA. PREFEITO. CRIME DE
CORRUPÇÃO ELEITORAL. ART. 299 DO CÓDIGO ELEITORAL. GRAVAÇÃO AMBIENTAL. FRAGILIDADE DA
PROVA. ILICITUDE. ORDEM CONCEDIDA.
1. A gravação ambiental clandestina realizada no pleito eleitoral com o fim de realizar mera vingança é ilícita,
já que "a licitude ou a ilicitude da prova, conforme assentado na doutrina e na jurisprudência, liga-se ao modo de
sua obtenção, com desrespeito aos direitos fundamentais de privacidade e intimidade, e não a qualquer outra razão,
como a motivação egoística, com fins eleitorais. No caso dos autos, a gravação que embasou a denúncia é ilícita,
assemelhando-se ao flagrante preparado." (HC nº 309-90/BA, Rel. Min. João Otávio Noronha, emDje em de
5.11.2015).
2. A simples leitura da inicial acusatória indica ter o agente realizado as gravações com nítida finalidade de
vingança, pois era segurança particular do candidato e pretendia a represália, ante ao fato de o paciente não
cumprir as promessas que fazia.
3. A gravação ambiental intencionalmente preparada para se vingar do interlocutor que desconhece que
está sendo gravado, assemelha-se, ao instituto do flagrante preparado, uma vez que conduz o interlocutor
por um caminho previamente estabelecido e com o prévio propósito de supostamente formar uma prova de
cometimento de crime.
4. Inexistindo justa causa para o regular exercício da persecução penal, ante o reconhecimento da ilicitude da prova
que embasa a investigação, deve ser realizado o trancamento da ação penal.
5. Ordem concedida. Agravo regimental que se julga prejudicado. (TSE, Habeas Corpus nº 060004405, Acórdão,
Relator(a) Min. Luciana Christina Guimarães Lóssio, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 244, Data
18/12/2017)

ELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO


JUDICIAL ELEITORAL (AIJE). ABUSO DE PODER E CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. GRAVAÇÃO
AMBIENTAL REALIZADA POR UM DOS INTERLOCUTORES SEM O CONHECIMENTO DO OUTRO.
NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. PROVA ILÍCITA. FUNDAMENTOS NÃO INFIRMADOS.
AUSÊNCIA DE ARGUMENTOS HÁBEIS. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Segundo
entendimento adotado pelo TSE desde as Eleições 2012, para que seja considerada lícita, a prova obtida por
meio de gravação em local privado, para uso em processo penal, demanda prévia autorização judicial
(REspe 388-73/MG, Rel. Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, DJe 20.2.2017, e AgR-REspe 838-77/SP, Rel. Min.
LUCIANA LÓSSIO, DJe 7.12.2015).2. Na hipótese, não se aplica o entendimento assentado pelo STF por
ocasião do julgamento da Questão de Ordem no RE 583.937, haja vista que aquele julgamento não se referiu
à gravação ambiental para prova com vistas à desconstituição do mandato (AgR-REspe 388-73/MG, Rel. Min.
HENRIQUE NEVES DA SILVA, DJe 20.2.2017).3. A mídia acostada aos autos consubstancia gravação colhida
por pessoa orientada por adversário político dos agravados, sem o conhecimento da outra parte, em residência

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particular e sem prévia autorização judicial, configurando, portanto, prova ilícita.4. Diante dos reiterados julgamentos
do TSE sobre o tema, adotar, na espécie, entendimento diverso daquele aplicado às Eleições 2012 resultaria em
nefasta afronta aos princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia (REspe 2-53/MA, Rel.
Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, DJe 26.10.2016, e AgR-REspe 821-65/SP, Rel. Min. GILMAR MENDES,
julgado em 3.8.2015). (TSE, Agravo de Instrumento nº 28364, Acórdão, Relator(a) Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 30/06/2017)

- Gravação Ambiental Realizada nos Espaços Públicos ou Eventos Abertos (TSE):


“5. É lícita a gravação ambiental de eventos em espaços públicos e abertos, em que não há restrição de
acesso (REspe nº 637-61, rel. Min. Henrique Neves, DJE de 21.5.2015; REspe nº 1660-34, rel. Min. Henrique
Neves, DJE de 14.5.2015; REspe nº 197-70, redator para o acórdão Min. João Otávio de Noronha, DJE de
20.5.2015).
6. A gravação do discurso proferido pelo investigado e irmão do prefeito eleito, em convenção partidária, que foi
captada por pessoa presente ao ato não viola a intimidade ou a expectativa de privacidade. (Ação Cautelar nº
105237, Acórdão de 10/11/2015, Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Data 26/11/2015, Página 75-77 ).

Aspectos Processuais dos Crimes Eleitorais

1 - Ação Penal:

2 – Crime Correlato:
Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Público, no prazo legal, denúncia ou deixar de promover a execução
de sentença condenatória:
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90 dias-multa.

- Aspecto Prático: É possível o ajuizamento de ação penal eleitoral privada?


• Recurso especial. Crime eleitoral. Ação penal privada subsidiária. Garantia constitucional. Art. 5º, LIX, da
Constituição Federal. Cabimento no âmbito da Justiça Eleitoral. Arts. 29 do Código de Processo Penal e 364 do
Código Eleitoral. Ofensa.
1. A ação penal privada subsidiária à ação penal pública foi elevada à condição de garantia constitucional, prevista
no art. 5º, LIX, da Constituição Federal, constituindo cláusula pétrea.
2. Na medida em que a própria Carta Magna não estabeleceu nenhuma restrição quanto à aplicação da ação
penal privada subsidiária, nos processos relativos aos delitos previstos na legislação especial, deve ser ela
admitida nas ações em que se apuram crimes eleitorais.
3. A queixa-crime em ação penal privada subsidiária somente pode ser aceita caso o representante do Ministério
Público não tenha oferecido denúncia, requerido diligências ou solicitado o arquivamento de inquérito policial, no
prazo legal.
4. Tem-se incabível a ação supletiva na hipótese em que o representante do Ministério Público postulou providência
ao juiz, razão pela qual não se pode concluir pela sua inércia. Recurso conhecido, mas improvido. (RECURSO
ESPECIAL ELEITORAL nº 21295, Acórdão nº 21295 de 14/08/2003, Relator(a) Min. FERNANDO NEVES DA SILVA,
Publicação: DJ - Diário de Justiça, Volume 1, Data 17/10/2003, Página 131 RJTSE - Revista de Jurisprudência do
TSE, Volume 14, Tomo 4, Página 227 )

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3 – Competência:

4 – Procedimento:

- Obs. Art. 359. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para o depoimento pessoal do acusado, ordenando
a citação deste e a notificação do Ministério Público.

HABEAS CORPUS. AÇÃO PENAL. CONDENAÇÃO. DESACATO. DESOBEDIÊNCIA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.


PROCEDIMENTOS. DOSIMETRIA. PENA. CORREÇÃO. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM.
1. Diante das inúmeras oportunidades concedidas às partes, para a realização da oitiva das testemunhas, não há
falar em cerceamento de defesa, não se decretando nulidade processual por mera presunção.
2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que a sustentação oral não é ato essencial
à defesa.
3. O menosprezo pelo oficial de justiça no exercício de suas funções caracteriza o crime de desacato e a recusa em
cumprir ordem judicial configura o crime de desobediência, previstos, respectivamente, nos art. 331 do Código Penal
e 347 do Código Eleitoral, não prosperando a alegação de atipicidade da conduta.
4. Devidamente fundamenta a exasperação da pena-base acima do mínimo legal, em observância as circunstâncias
do crime que extrapolaram as normas à espécie, não há falar em ofensa ao art. 59 do Código Penal.
5. Sendo mais benéfico para o réu o rito do art. 400 do Código de Processo Penal, com a redação dada pela
Lei nº 11.719/2008, que fixou o interrogatório do réu como ato derradeiro da instrução penal, o procedimento
deve prevalecer nas ações penais eleitorais originárias, em detrimento do previsto no art. 7º da Lei nº
8.038/90.
6. Ordem parcialmente concedida. (TSE, Habeas Corpus nº 2990, Acórdão, Relator(a) Min. Luciana Christina Gui-
marães Lóssio, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 55, Data 20/03/2015, Página 49/50)

“2. A sistemática introduzida ao Código de Processo Penal pela Lei nº 11.719/08, estabeleceu dois momentos de
análise do recebimento da denúncia. O primeiro encontra-se estampado na cabeça do art. 396 do Código de
Processo Penal, segundo o qual, se o juiz não rejeitar liminarmente a denúncia ou queixa, deve recebê-la e ordenar
a citação do acusado para que apresente a chamada "resposta à acusação", disciplinada no art. 396-A do CPP. O
segundo é aquele descrito no art. 397 do CPP, cujo comando imperativo impõe ao magistrado o dever de absolver
sumariamente o acusado nas hipóteses elencadas em seus incisos.
3. A Lei em questão não só conduziu o interrogatório do acusado ao último ato da instrução processual, como
também inseriu no ordenamento jurídico do rito comum a figura da resposta preliminar à acusação, a qual pode
ensejar uma absolvição sumária do acusado, sendo inegável que o procedimento por ela disciplinado é mais
benéfico à defesa do que aquele elencado no vetusto Código Eleitoral.
4. Possibilidade de aplicação de regras processuais de caráter geral, introduzidas pela Lei nº 11.719/08 ao
Código de Processo Penal (arts. 396 e 396-A) em detrimento de regra especial insculpida no Código Eleitoral
(art. 359). Precedente do Supremo Tribunal Federal quanto à relativização do princípio da especialidade em
circunstâncias equivalentes.
5. Inteligência da Lei n° 11.719/08, que adequou o sistema acusatório democrático aos preceitos constitucionais da
Carta de República de 1988, assegurando-se máxima efetividade aos seus princípios, notadamente, aos do
contraditório, da ampla defesa (art. 5º, inciso LV) e da presunção de inocência (art. 5º, LVII).
6. Ordem parcialmente concedida para anular todos os atos processuais praticados após o recebimento da
denúncia, a fim de que sejam observadas as regras processuais introduzidas pela Lei nº 11.719/08 ao Código de
Processo Penal (arts. 396 e 396 A), expedindo-se alvará de soltura clausulado em favor do paciente.” (TSE, Habeas

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Corpus nº 84946, Acórdão, Relator(a) Min. Henrique Neves Da Silva, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico,
Data 11/10/2016, Página 66-67)

CRIMES ELEITORAIS DO CÓDIGO ELEITORAL

1 – Relativos à Corrupção na Administração Pública:

1.1 - UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS E BENS PÚBLICOS A FAVOR DE PARTIDO OU ORGANIZAÇÃO DE CARÁ-


TER POLÍTICO.

Art. 346. Violar o disposto no Art. 377:

Art. 377. O serviço de qualquer repartição, federal, estadual, municipal, autarquia, fundação do Estado, sociedade
de economia mista, entidade mantida ou subvencionada pelo poder público, ou que realiza contrato com este, in-
clusive o respectivo prédio e suas dependências não poderá ser utilizado para beneficiar partido ou organização de
caráter político.
Parágrafo único. O disposto neste artigo será tornado efetivo, a qualquer tempo, pelo órgão competente da Justiça
Eleitoral, conforme o âmbito nacional, regional ou municipal do órgão infrator mediante representação fundamentada
partidário, ou de qualquer eleitor.
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.
Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da autoridade responsável, os servidores que prestarem serviços e os
candidatos, membros ou diretores de partido que derem causa à infração.

- Obs. 1 - A LEI 9.504/97 NÃO REVOGOU O ART. 346 DO CÓD. ELEITORAL - A RESPONSABILIZAÇÃO ADMI-
NISTRATIVA POSSUI FUNDAMENTO E OBJETIVIDADE JURÍDICA DIVERSOS DA RESPONSABILIZAÇÃO PE-
NAL - ORDEM DENEGADA. (TRE/SP, HABEAS CORPUS n 55, ACÓRDÃO n 153779 de 16/08/2005, Relator(a)
WALDIR SEBASTIÃO DE NUEVO CAMPOS JÚNIOR, Publicação: DOE - Diário Oficial do Estado, Data 23/08/2005,
Página 276).

– Exceções Legais:

1 – Convenção Partidária (20 de julho à 05 de agosto – art.8º,§2º, da LE):


- § 2º Para a realização das convenções de escolha de candidatos, os partidos políticos poderão usar gratuitamente
prédios públicos, responsabilizando-se por danos causados com a realização do evento

2 – Reuniões Internas de Partidos Políticos (art. 51, da Lei nº9096-95):


- Art. 51. É assegurado ao partido político com estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral o direito à utilização
gratuita de escolas públicas ou Casas Legislativas para a realização de suas reuniões ou convenções,
responsabilizando-se pelos danos porventura causados com a realização do evento

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3 – Uso de Transporte Oficial pelo Presidente da República em Campanha para a Reeleição (art.73, §2, da
LE):
“A vedação do inciso I do caput não se aplica ao uso, em campanha, de transporte oficial pelo Presidente da
República, obedecido o disposto no art. 76 (...)”.
• Obs.1 – Inconstitucionalidade do dispositivo;
• Obs.2 – Âmbito de Incidência Restritivo;
• Obs.3 – Vedação de Outros Candidatos na Comitiva;

4 – Uso da Residência Oficial para Reuniões Internas (art.73, §2º, da LE):


- “A vedação do inciso I do caput não se aplica ao uso, em campanha, de transporte oficial pelo Presidente da
República, obedecido o disposto no art. 76, nem ao uso, em campanha, pelos candidatos a reeleição de
Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Prefeito
e Vice-Prefeito, de suas residências oficiais para realização de contatos, encontros e reuniões pertinentes à
própria campanha, desde que não tenham caráter de ato público”.

5 – Casas Legislativas (art.37, 32º, da LE):


- “§ 3º Nas dependências do Poder Legislativo, a veiculação de propaganda eleitoral fica a critério da Mesa Diretora.”

6 – Propaganda na Via Pública (art.37,§2º e §6º, da LE):


- § 2º Não é permitida a veiculação de material de propaganda eleitoral em bens públicos ou particulares, exceto
de: I - bandeiras ao longo de vias públicas, desde que móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito
de pessoas e veículos; (Incluído dada pela Lei nº 13.488, de 2017)
- § 6o É permitida a colocação de mesas para distribuição de material de campanha e a utilização de bandeiras ao
longo das vias públicas, desde que móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos.

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– Jurisprudências Interessantes:
1 – "O desvirtuamento de festividade tradicional, de caráter privado, mas patrocinada pela prefeitura local,
em favor da campanha dos então investigados, embora não evidencie, na espécie, o abuso do poder econômico
e político, ante a ausência de gravidade das circunstâncias que o caracterizaram, configura a conduta vedada do
art. 73, I, da Lei nº 9.504/97, uma vez que os bens cedidos pela municipalidade para a realização do evento
acabaram revertendo, indiretamente, em benefício dos candidatos.” (Recurso Especial Eleitoral nº 13433,
Acórdão de 25/08/2015, Relator(a) Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Relator(a) designado(a) Min. JOSÉ
ANTÔNIO DIAS TOFFOLI, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 189, Data 05/10/2015, Página 137).

2 – “No caso dos autos, os candidatos, a pretexto da divulgação da aquisição de uma máquina patrol e de um
micro-ônibus pela prefeitura, realizaram carreata utilizando-se de veículos e de servidora pública municipal
visando promover sua candidatura à reeleição. A utilização de bens adquiridos pela Administração Municipal,
com o claro objetivo de beneficiar as candidaturas do prefeito e do vice-prefeito à reeleição, configura conduta
vedada prevista no art. 73, I e II, da Lei nº 9.504/97.” (Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 75037,
Acórdão de 23/06/2015, Relator(a) Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Tomo 197, Data 16/10/2015, Página 109 )

3 – “A pintura de postes de sinalização de trânsito, dias antes do pleito de 2012, por determinação do
presidente da empresa municipal da área de transportes, na cor rosa, a mesma utilizada na campanha eleitoral
da candidata à reeleição para o cargo de prefeito, caracterizou a conduta vedada aos agentes públicos em
campanha eleitoral (art. 73, I, da Lei nº 9.504/97). (...) Não obstante a ordem para a realização da pintura tenha
partido do presidente da empresa pública de transporte (EMUT), a agravante, na condição de prefeita, também é
responsável por ela. Ademais, por ter sido a candidata beneficiada com a ordem administrativa, incidem as sanções
legais em relação a ela, a teor do art. 73, § 8º, da Lei nº 9.504/97.” (Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral
nº 95304, Acórdão de 02/02/2015, Relator(a) Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Publicação: DJE - Diário de
justiça eletrônico, Tomo 37, Data 25/02/2015, Página 52/53 )

4 – “As opiniões, palavras e votos externados por membro de casa legislativa, no uso da respectiva tribuna,
são protegidas pela imunidade material de modo absoluto, independentemente de vinculação com o exercício
do mandato ou de terem sido proferidas em razão deste. Precedentes do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal
Superior Eleitoral. No caso dos autos, sendo incontroverso que o recorrente, na condição de vereador, proferiu
discurso da tribuna da Câmara Municipal de Itapetininga, descabe cogitar das condutas vedadas previstas
no art. 73, I e II, da Lei 9.504/97. As declarações dos parlamentares, se reproduzidas por terceiros, sujeitam
os últimos às sanções dispostas na legislação de regência. Recurso ordinário provido.” (Recurso Ordinário nº
1591951, Acórdão de 11/09/2014, Relator(a) Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Publicação: DJE - Diário de
justiça eletrônico, Tomo 178, Data 23/09/2014, Página 51 )

5 – “Para configuração da conduta vedada descrita no art. 73, I, da Lei nº 9.504/97, é necessário que a cessão ou
utilização de bem público seja feita em benefício de candidato, violando-se a isonomia do pleito. 2. O que a lei veda
é o uso efetivo, real, do aparato estatal em prol de campanha, e não a simples captação de imagens de bem
público.(Representação nº 326725, Acórdão de 29/03/2012, Relator(a) Min. MARCELO HENRIQUES RIBEIRO DE
OLIVEIRA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 94, Data 21/5/2012, Página 98)

6 – “A realização de reunião com servidores no prédio do Poder Executivo Municipal, em horário de


expediente, na qual candidato a cargo eletivo faz uso da palavra com evidente propósito eleitoreiro
configura o uso indevido de bem imóvel pertencente à Administração reprimido pelo inciso I do art. 73 da
Lei n. 9.504/1997, impondo a condenação dos agentes públicos responsáveis e do beneficiário.” (TER-SC,
RECURSO CONTRA DECISOES DE JUIZES ELEITORAIS nº 30787, Acórdão nº 28338 de 17/07/2013, Relator(a)
LUIZ CÉZAR MEDEIROS, Publicação: DJE - Diário de JE, Tomo 134, Data 23/07/2013, Página 3)

7 – “Comprovado, por perícia técnica, o uso de computador da repartição pública para elaboração e remessa
de documentos de teor eleitoral destinados a operacionalizar o registro de candidatura e a propaganda
eleitoral de determinada candidato, resta configurada a prática de conduta vedada aos agentes públicos
durante a campanha (Lei n. 9.504/1997, art. 73, I).” (TRE-SC, RECURSO CONTRA DECISOES DE JUIZES
ELEITORAIS nº 24241, Acórdão nº 28104 de 03/04/2013, Relator(a) LUIZ CÉZAR MEDEIROS, Publicação: DJE -
Diário de JE, Tomo 62, Data 10/04/2013, Página 5 )

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8 – “A execução de serviços de limpeza executados pela municipalidade em terreno particular no intuito de
preparar o local para a festa de lançamento de determinada candidatura configura conduta vedada aos
agentes públicos reprimida pela legislação eleitoral (Lei n. 9.504, art. 73, I e III).” (RECURSO CONTRA
DECISOES DE JUIZES ELEITORAIS nº 28272, Acórdão nº 27853 de 26/11/2012, Relator(a) NELSON JULIANO
SCHAEFER MARTINS, Publicação: DJE - Diário de JE, Tomo 219, Data 30/11/2012, Página 14 )

9 – “Comparecimento da candidata recorrente em sala de aula de universidade pública, a convite do profes-


sor representado, com motivação eleitoral. Apresentação de projetos políticos e entrega de material de cam-
panha aos alunos: cartões com nome, número e planos de campanha. Despiciendo o exame da potencialidade
dos fatos a atingir o resultado da eleição, bastando, apenas, seja afetada a isonomia entre os candidatos. Plena-
mente configurada a ilicitude na cessão de um bem - sala de aula - pertencente à Administração Pública
Indireta em benefício de campanha eleitoral.” (TRE-RS, Recurso Eleitoral nº 48621, Acórdão de 05/11/2013,
Relator(a) DR. JORGE ALBERTO ZUGNO, Publicação: DEJERS - Diário de Justiça Eletrônico do TRE-RS, Tomo
206, Data 07/11/2013, Página 2 )

• 10 - A utilização da sede da Câmara de Vereadores local para a realização de reunião de discussão de


estratégia de campanha e preenchimento de documentos de registro de candidatura subsume-se à vedação
contida no inciso I do art. 73 da Lei das Eleições. (RECURSO ELEITORAL nº 21097, Acórdão nº 45374 de
27/11/2012, Relator(a) ANDREA SABBAGA DE MELO, Publicação: DJ - Diário de justiça, Data 3/12/2012 )

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• “Neste sábado (14), o Prefeito Cirilo Pimenta recebeu a caravana do Partido dos Trabalhadores (PT), no
município de Quixeramobim. Este momento vem sendo realizado em várias cidades do Estado do Ceará.
• O evento foi um encontro estadual do partido, tendo como pauta a reeleição da Presidenta Dilma Rousseff. Na
oportunidade, estiveram presentes lideranças nacionais do partido. Nomes como o de Ilário Marques, uma das

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lideranças do PT do sertão central, o ex-presidente do PT Joaquim Cartaxo, o deputado Dedé Teixeira e demais
representantes do legislativo estadual, assim como também representantes do MST e do FETRAECE.
• O Prefeito Cirilo Pimenta, juntamente com seus assessores, esteve no evento recebendo também o Ministro
Ricardo Berzoini. Aproveitando o momento, foi lançada a pré-candidatura do quixeramobiense José Nobre
Guimarães a uma vaga no Senado Federal pelo estado do Ceará.”

• “O Prefeito de Juazeiro do Norte, Arnon Bezerra, participou, durante a noite de ontem, de solenidade de entrega
do Título de Doutor Honoris Causa ao ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, concedido pela
Universidade Regional do Cariri – URCA. A sessão solene aconteceu na área externa de estacionamento do Centro
de Convenções do Cariri, e contou com a presença do Governador do Estado, Camilo Santana, o secretário da
Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), Inácio Arruda, além de diversas autoridades estaduais e
municipais.
• A sessão solene teve à frente o Reitor da URCA, Patrício Pereira Melo, Presidente do Conselho Universitário.
Durante esta quinta-feira, 31, o prefeito municipal irá acompanhar Lula em carreata, pelas ruas de Juazeiro do Norte,
concluindo a caravana do ex-presidente, na visita à capela do Socorro, onde estão sepultados os restos mortais do
Padre Cícero.
• A solenidade institucional contou com a presença de milhares de pessoas, de Crato e Juazeiro do Norte, além
de caravanas de dezenas de cidades do Cariri e centro-sul, que vieram recepcionar o ex-presidente, que realiza a
Caravana de Lula Pelo Brasil, percorrendo diversas cidades do País, iniciando o seu percurso pelo Nordeste.
• O Prefeito esteve acompanhado da Secretária de Desenvolvimento Social, Isabela Bezerra, e do empresário
Pedro Augusto. O ex-presidente, que pernoitou em Juazeiro do Norte, após visita ao túmulo do Padre Cícero, nesta
quinta-feira, seguiu com a caravana em direção ao Estado do Pernambuco.” (acesso em 01/09/2017, às 14:17, em
http://www.juazeiro.ce.gov.br/Imprensa/Noticias/2017-08-31-Prefeito-Arnon-Bezerra-recepciona-expresidente-Lula-
em-passagem-ao-Cariri-3455/ )

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• “A Administração Construindo Um Novo Tempo realizou nessa sexta feira dia 16 a tradicional festa das mães
parambuense, considerado um dos maiores eventos da Região dos Inhamuns.
• Milhares de mães compareceram na grande confraternização que foi marcada por uma premiação record no
município (800 Prêmios).
• Foram sorteados: 02 Televisores de LED de 32 Polegadas, 03 Geladeiras 245lts, 06 Gelágua de Mesa, 46
Sanduicheiras, 80 Liquidificadores, 80 Ventiladores, 06 Fogões 04 Bocas, 15 Aparelhos de DVD's, 50 Batedeiras,
06 Microondas, 06 Micro System e 500 Cestas Básica.
• A Prefeita de Parambu Keylly Noronha, ao lado da ex-primeira dama Aderlânia Noronha que também
representava o Deputado Federal Genecias Noronha , recepcionaram a todos as mães em mais uma festa que
ficará marcada na história de Parambu.
• Foi uma noite inesquecível, marcada por muita alegria e emoção.
• A Prefeita Keylly Noronha se emocionou ao lado das mães parambuenses e ressaltou mais uma vez o
compromisso da Administração Municipal para com o povo de parambu.
• Em seu pronunciamento, agradeceu a todos que prestigiaram o grande evento que já se tornou marca registrada
em toda a Região dos Inhamuns.
• Durante o evento foi destacado também a organização da festa realizada pela equipe da Secretaria de
Assistência Social que deixou o Ginásio do Bairro Brasília simplesmente lindo para receber as mães parambuenses.
• PARABÉNS A TODAS AS MÃES DE PARAMBU PELO SEU DIA.”

6 - CRIMES ESPECÍFICOS DO DIA DA ELEIÇÃO EXISTENTES NO CÓDIGO ELEITORAL:

6.1 – Inutilização ou Arrebatamento da Lista de Candidatos.

Art. 129. Nas eleições proporcionais os presidentes das mesas receptoras deverão zelar pela preservação das listas
de candidatos afixadas dentro das cabinas indevassáveis tomando imediatas providências para a colocação de
nova lista no caso de inutilização total ou parcial.
Parágrafo único. O eleitor que inutilizar ou arrebatar as listas afixadas nas cabinas indevassáveis ou nos edifícios
onde funcionarem mesas receptoras, incorrerá nas penas do art. 297.(Detenção até seis meses e pagamento de 60
a 100 dias multa)

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Art. 5º Constitui crime eleitoral destruir, suprimir ou, de qualquer modo, danificar relação de candidatos afixada na
cabina indevassável.
Pena - detenção, até seis meses, e pagamento de sessenta a cem dias-multa.

- “A subtração ou destruição das listas de candidatos configura, em tese, o crime de impedir ou embaraçar o exer-
cício do sufrágio, tipificado no art. 297 do CE.” (MEDEIROS, Marcílio Nunes. Legislação Eleitoral – Comentada e
Anotada. 1ª Edição. Salvador: 2017, p.453);

- “A subtração ou destruição das listas de candidatos configura, em tese, o crime de impedir ou embaraçar o exer-
cício do sufrágio, tipificado no art. 297 do CE.” (MEDEIROS, Marcílio Nunes. Legislação Eleitoral – Comentada e
Anotada. 1ª Edição. Salvador: 2017, p.453);

- Não é necessário que ele seja eleitor daquela zona ou seção eleitoral onde o fato típico tenha se consumado,
uma vez que a figura de eleitor possui âmbito nacional e não setorizado. Nesse sentido, aliás, o Superior Tribunal
de Justiça (STJ) já pontificou: “Aquele que não é eleitor em certa circunscrição eleitoral não necessariamente deixa
de ser eleitor, podendo apenas exercer sua cidadania em outra circunscrição” (REsp 1242800/MS, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/06/2011, DJe 14/06/2011).

6.2 – Descumprimento da Ordem de Apuração de Cédulas.

Art. 174. As cédulas oficiais, à medida em que forem sendo abertas, serão examinadas e lidas em voz alta por um
dos componentes da junta.
§ 1º Após fazer a declaração dos votos em branco e antes de ser anunciado o seguinte, será aposto na cédula, no
lugar correspondente à indicação do voto, um carimbo com a expressão "em branco", além da rubrica do presidente
da turma.
§ 2º O mesmo processo será adaptado para o voto nulo.
§ 3º Não poderá ser iniciada a apuração dos votos da urna subsequente, sob as penas do art. 345, sem que
os votos em branco da anterior estejam todos registrados pela forma referida no § 1º.

Art. 234. Ninguém poderá impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio.

Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio:


Pena – detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.

- Polêmica Doutrinária sobre a inconstitucionalidade do dispositivo;


- Distinção com o artigo 302, do CE;
- Execução livre, inclusive com violência ou grave ameaça, mas se esses vícios forem usados contra alguém espe-
cífico em benefício de determinado partido ou candidato, ter-se-á consumado o crime do artigo 301, do CE.
- Caso recorrente na prática: abertura de comércio no dia da eleição e exigência do empregado/eleitor com-
parecer.

- TSE: Em se tratando de segundo turno, deve-se decretar feriado apenas naqueles municípios que ainda terão
votações. Muito embora seja feriado, pode o comércio abrir a suas portas. Isso, desde que: 1) sejam
obedecidas todas as normas constantes de convenção coletiva ou de legislação trabalhista, ou, ainda, de
legislação local, sobre remuneração e horário de trabalho em datas de feriado; 2) sejam criadas, pelo
empregador, todas as condições necessárias para que seus funcionários possam, sem empecilhos,
comparecer às respectivas zonas eleitorais.
Tratando-se de funcionário que trabalhe em Município onde não haverá segundo turno, mas que tenha domicílio
eleitoral em localidade cujo pleito ainda não se concluiu, deve o empregador criar todos os mecanismos necessários
ao mais desembaraçado exercício do direito-dever de voto, pena do art. 297 do Código Eleitoral. (Processo
Administrativo nº 20129, Resolução normativa de , Relator(a) Min. Carlos Augusto Ayres De Freitas Britto,
Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 23/10/2008)

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6.3 – Promoção de Concentração de Eleitores com Fins de Macular o Voto.

Art. 302, do CE. Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto a
concentração de eleitores, sob qualquer forma, inclusive o fornecimento gratuito de alimento e transporte coletivo:
Pena – reclusão de quatro (4) a seis (6) anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa.

- Diferença com o artigo 39, §5º, II, da Lei nº9504/97.

- Observações Importantes:
- Deve-se ter como revogada a parte final do artigo 302 do Código Eleitoral, especificamente no trecho em que
consta a expressão “inclusive o fornecimento gratuito de alimento e transporte coletivo”. Esse é o entendimento de
toda a doutrina e também do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que já proclamou: “O dispositivo que tipifica a con-
centração ilegal de eleitores (art. 302 do Código Eleitoral) teve somente revogada a sua parte final pelo disposto no
art. 11, inciso III, da Lei nº 6.091/74”. (Recurso Especial Eleitoral nº 21401, Acórdão de , Relator(a) Min. Fernando
Neves Da Silva, Publicação: DJ - Diário de justiça, Volume 1, Data 21/05/2004, Página 132).

- O tipo penal criminaliza uma conduta específica, qual seja, a de promover, no dia da eleição, a concentração de
eleitores, sob qualquer forma, com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto.
- Promover significa realizar, dar causa ou provocar algo, no caso, a concentração ilegal de eleitores. É importante
destacar que, quando a pessoa não dá início ao fato criminoso, mas dele participa espontaneamente,
possibilitando, assim, a manutenção da concentração de eleitores, também estará ela sujeita às penas do
artigo 302.

- No mesmo sentido: “Contudo, comete o crime previsto no art. 302 do CE tanto a pessoa que dá início à
concentração ilegal de eleitores como aquele que, já tendo começado o movimento ilícito, de modo livre e
consciente, adere à ação perpetrada pelos demais agentes, já que ambos, efetivamente, praticam o verbo nuclear
do tipo penal de promover a concentração ilegal de eleitores.” (ZILIO, Rodrigo López. Crimes Eleitorais. São Paulo:
JusPodivm, 3.ed. p.125).

- É indiferente, para fins de consumação:


a) Que o fato seja de curta ou longa duração;
b) Que ocorra perto ou distante de uma seção eleitoral;
- Após o horário da votação, só é possível a consumação da modalidade voltada para a fraude;

6.4 – Recusa ou Açambarcamento do Fornecimento Regular de Alimentação e dos Meios de Transporte.

Art. 304. Ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utili-
dades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou can-
didato:
Pena – pagamento de 250 a 300 dias-multa.

- Diferença com a Lei 1521/51.

6.5 - Intervenção Indevida na Mesa Receptora de Votos.

Art. 305. Intervir autoridade estranha à mesa receptora, salvo o juiz eleitoral, no seu funcionamento sob qualquer
pretexto:
Pena – detenção até seis meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Art. 140, § 2º. Nenhuma autoridade estranha à mesa poderá intervir, sob pretexto algum, em seu funcionamento,
salvo o juiz eleitoral.

- 3 Hipóteses em que pode ocorrer intervenção na mesa receptora:

1 – a prerrogativa de qualquer cidadão ou autoridade de realizar prisões em flagrante quando do cometimento de


crimes (artigo 301, do Código de Processo Penal);

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2 – o direito de fiscalização dos candidatos, partidos e coligações, que ocorre nesse último caso por meio de seus
fiscais credenciados (artigos 131 e 132, do Código Eleitoral e artigos 65 a 71, da Lei nº9504/97);
3 - a prerrogativa funcional dos membros do Ministério Público Eleitoral de “expedir recomendações, visando à
melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito, aos interesses, direitos e bens cuja
defesa lhe cabe promover” (artigo 6º, XX, da Lei Complementar nº75/93). Nesse sentido, conferir: “DECOMAIN
estende a ressalva também ao Promotor de Justiça Eleitoral, explicando que essa autoridade 'também pode fornecer
orientações às mesas receptoras, no propósito de obter o andamento dos trabalhos de votação com maior eficiência
e inteira observância dos preceitos correspectivos '(p.390). Contudo, o tipo penal não faz qualquer exceção e mesmo
o Promotor de Justiça Eleitoral pode cometer o delito em apreço, quando a sua conduta se consubstanciar em uma
interferência indevida na autoridade do Presidente da Mesa Receptora. De outro lado, porém, não se configura o
crime se a intervenção do Promotor de Justiça Eleitoral tiver um caráter de mera orientação, pois ausente o dolo.”
(ZILIO, Rodrigo López. Op. cit.p.132).

6.6 - Descumprir a Ordem de Votação.

Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores devem ser chamados a votar:
Pena – pagamento de 15 a 30 dias-multa.

Art. 143. Às 8 (oito) horas, supridas as deficiências declarará o presidente iniciados os trabalhos, procedendo-se
em seguida à votação, que começará pelos candidatos e eleitores presentes.
§ 1º Os membros da mesa e os fiscais de partido deverão votar no correr da votação, depois que tiverem votado os
eleitores que já se encontravam presentes no momento da abertura dos trabalhos, ou no encerramento da votação.
§ 2º Observada a prioridade assegurada aos candidatos, têm preferência para votar o juiz eleitoral da zona, seus
auxiliares de serviço, os eleitores de idade avançada, os enfermos e as mulheres grávidas.

6.7 – Fornecimento de Cédula Marcada.

Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já assinalada ou por qualquer forma marcada:
Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

6.8 – Votar ou Tentar Votar em Duplicidade ou Em Lugar de Outrem.

Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem:
Pena – reclusão até três anos.

Art. 221. É anulável a votação:


III – quando votar, sem as cautelas do art. 147, § 2º:
c) alguém com falsa identidade em lugar do eleitor chamado.

4.1 – Votar mais de uma vez: Da jurisprudência dos Tribunais Eleitorais, verifica-se que essa prática delituosa
ocorre nas seguintes hipóteses:

a) quando alguém possui dois documentos de identificação e vota em duplicidade;


- TRE/SP: “Configura o crime do art. 309 do código eleitoral o exercício do voto mais de uma vez. no caso, o réu
confessou possuir duas identidades, uma das quais obtidas fraudulentamente, o que possibilitou a obtenção de dois
títulos eleitorais e, via de consequência, o exercício do voto mais de uma vez nos pleitos de 2008 e 2010. 4. A
materialidade delitiva (assinatura nos cadernos de votação) e a autoria (confissão) estão cabalmente demonstradas
nos autos. 5. Não provimento do recurso, mantendo-se a condenação proferida em primeira instância.” (Recurso
Criminal nº71941, Acórdão de 24/09/2014, Relator(a) Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, Publicação
03/10/2014 ).

b) quando o sistema, erroneamente, libera novo processo de votação para o eleitor ao fim do primeiro e este
realiza a escolha de pelo menos um candidato na segunda votação, ainda que não tenha aparecido a foto
do mesmo.
-TRE/MG: “1. As provas carreadas aos autos demonstraram de forma firme e coerente que o acusado, mesmo
ciente de que sua votação já havia se encerrado, votou novamente para o cargo de vereador em detrimento do voto
de outra eleitora. Presentes todos os elementos do tipo, não procede a tese de atipicidade por ausência do elemento

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subjetivo. 2. A justificativa apresentada pelo acusado para a prática da conduta típica, ausência da imagem do
candidato a vereador na urna, não afasta a sua antijuridicidade. Ademais, não logrou comprovar suas alegações,
ônus que lhe incumbia, nos termos do art. 156 do Código de Processo Penal. 3. Da mesma forma, a possibilidade
de a votação ser cancelada antes de iniciada pelos membros da mesa receptora não exclui o delito, mormente
porque não afasta a sua consumação. E, mesmo que houvesse sido cancelada antes de perpetrada a conduta, o
crime se teria consumado, uma vez que os verbos núcleos do tipo são votar ou tentar votar.” (TRE/MG, RECURSO
CRIMINAL n 4079, ACÓRDÃO de 14/07/2011, Relator(a) ANTÔNIO CARLOS CRUVINEL, Publicação: DJEMG -
Diário de Justiça Eletrônico-TREMG, Data 29/07/2011).

4.2 – tentar votar mais de uma vez, que corresponde ao fato de alguém, após consumar sua opção política, tentar
exercê-la novamente (a favor de candidato, partido, legenda, em branco ou nulo), não obtendo êxito por
circunstâncias alheias à sua vontade. É o caso de alguém que, após votar, faz uso de título eleitoral falsificado para
o mesmo fim, mas é descoberto pelos membros da mesa receptora.

4.3 – votar no lugar de outrem, que corresponde ao fato de alguém exercer a opção política (a favor de candidato,
partido, legenda, em branco ou nulo) no lugar de outro eleitor. Exemplo recorrente dessa prática ocorre quando
alguém utiliza o título de outrem (ou qualquer documento que viabilize o exercício do voto) e consegue efetivar seu
intuito, ou, então, quando os membros da mesa receptora, após o encerramento da votação, verificam os eleitores
ausentes, falsificam as respectivas assinaturas e por eles votam.

4.4 – tentar votar no lugar de outrem, que corresponde ao fato de alguém tentar exercer a opção política no lugar
de outro eleitor (a favor de candidato, partido, legenda, em branco ou nulo) e não conseguir por circunstâncias
alheias à sua vontade.

- TRE/MG: Recurso Criminal. Art. 309 do Código Eleitoral. Votação múltipla ou realizada em lugar de outrem.
Eleições 2008. Condenação. Prova testemunhal. Presidente da mesa e mesária uníssonos em afirmar que o
denunciado apresentou o título de terceiro na seção eleitoral com o intuito de votar em lugar deste. Depoimentos
imparciais, coesos e detalhados. Comprovação da autoria e da materialidade do ilícito. Manutenção da sentença de
1º grau. Recurso a que se nega provimento. (RECURSO CRIMINAL n 86, ACÓRDÃO de 25/03/2010, Relator(a)
BENJAMIN ALVES RABELLO FILHO, Publicação: DJEMG - Diário de Justiça Eletrônico-TREMG, Data 08/04/2010).

- “É direito do candidato realizar a fiscalização pessoal de toda votação, inclusive comparecendo às escolas
e seções eleitorais e esse direito não pode ser tolhido, sob pena de configurar violência ou coação a sua
liberdade de locomoção. Isto só poderá acontecer se cometer algum crime em estado de flagrância.” (TRE/RO,
HABEAS CORPUS n 44, ACÓRDÃO n 689/2008 de 07/10/2008, Relator(a) JORGE LUIZ DOS SANTOS LEAL,
Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 07/10/2008).

6.9 – Prática ou Permissão para a Prática de Atos que Causem a Anulação da Votação.

Art. 310. Praticar, ou permitir o membro da mesa receptora que seja praticada qualquer irregularidade que deter-
mine a anulação de votação, salvo no caso do art. 311:
Pena – detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Art. 220. É nula a votação:


I – quando feita perante mesa não nomeada pelo juiz eleitoral, ou constituída com ofensa à letra da lei;
II – quando efetuada em folhas de votação falsas;
III – quando realizada em dia, hora, ou local diferentes do designado ou encerrada antes das 17 horas;
IV – quando preterida formalidade essencial do sigilo dos sufrágios;
V – quando a seção eleitoral tiver sido localizada com infração do disposto nos §§ 4º e 5º do art. 135.
Parágrafo único. A nulidade será pronunciada quando o órgão apurador conhecer do ato ou dos seus efeitos e a
encontrar provada, não lhe sendo lícito supri-la, ainda que haja consenso das partes.

Art. 221. É anulável a votação:


I – quando houver extravio de documento reputado essencial;
II – quando for negado ou sofrer restrição o direito de fiscalizar, e o fato constar da ata ou de protesto interposto,
por escrito, no momento;
III – quando votar, sem as cautelas do art. 147, § 2º:

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a) eleitor excluído por sentença não cumprida por ocasião da remessa das folhas individuais de votação à mesa,
desde que haja oportuna reclamação de partido;
b) eleitor de outra seção, salvo a hipótese do art. 145;
c) alguém com falsa identidade em lugar do eleitor chamado.
• Ac.-TSE, de 6.3.2007, no REspe nº 25556 e, de 26.10.1999, no REspe nº 14998: a impugnação relativa à iden-
tidade do eleitor deve ser feita no momento da votação, sob pena de preclusão.

Art. 222. É também anulável a votação, quando viciada de falsidade, fraude, coação, uso de meios de que trata o
art. 237, ou emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágios vedado por lei.

Art. 219. Na aplicação da lei eleitoral o juiz atenderá sempre aos fins e resultados a que ela se dirige, abstendo-se
de pronunciar nulidades sem demonstração de prejuízo.
• Ac.-TSE, de 8.11.2016, no AgR-REspe nº 126692: nulidade processual deve ser suscitada na primeira oportuni-
dade que couber ao interessado se manifestar nos autos, sob pena de preclusão.
Parágrafo único. A declaração de nulidade não poderá ser requerida pela parte que lhe deu causa nem a ela
aproveitar.

6.10 – Violação ou Tentativa de Violação do Sigilo do Voto.

Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto:


Pena – detenção até dois anos.

* Se a violação for da urna, o tipo poderá ser o do artigo 317, CE, ou 72, da LE.
- Mandamento Constitucional, que é efetivado, no dia do pleito, com o “isolamento do eleitor em cabina indevas-
sável para o só efeito de assinar na cédula o candidato da sua escolha”(artigo 103, do CE)
- Eleitor que frauda a proibição de usar celular na cabine e faz foto do seu voto, divulgando-o posteriormente,
comete tal crime? Não!

- TRE/SC: “- CRIME ELEITORAL - VIOLAÇÃO DO SIGILO DO VOTO - ART. 312 DO CÓDIGO ELEITORAL -
ELEITOR - SUJEITO ATIVO - ATIPICIDADE - MERA UTILIZAÇÃO DE CÂMERAS FOTOGRÁFICAS DURANTE A
VOTAÇÃO - AUSÊNCIA DO ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO - FINALIDADE ESPECIAL DE FRAUDAR O
PLEITO ELEITORAL - NÃO CONFIGURAÇÃO.
- CRIME DE DESOBEDIÊNCIA - ART. 347 DO CÓDIGO ELEITORAL - AUSÊNCIA DE DESCUMPRIMENTO À
ORDEM JUDICIAL - ATIPICIDADE.
- CONSTRANGIMENTO ILEGAL - CONCESSÃO DE OFÍCIO DE "HABEAS CORPUS". (INQUERITO POLICIAL n
2076, ACÓRDÃO n 31318 de 20/07/2016, Relator(a) BÁRBARA LEBARBENCHON MOURA THOMASELLI,
Relator(a) designado(a) CESAR AUGUSTO MIMOSO RUIZ ABREU, Publicação: DJE - Diário de JE, Tomo 127,
Data 27/07/2016, Página 2).

6.11 – OMISSÃO NA EXPEDIÇÃO DO BOLETIM DE APURAÇÃO DA URNA DE LONA.

Art. 313. Deixar o juiz e os membros da junta de expedir o boletim de apuração imediatamente após a apuração de
cada urna e antes de passar à subsequente, sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a expedição pelos
fiscais, delegados ou candidatos presentes:
Pena – pagamento de 90 a 120 dias-multa.
X
Art. 68, da LE. O boletim de urna, segundo modelo aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral, conterá os nomes e
os números dos candidatos nela votados. §1º O Presidente da Mesa Receptora é obrigado a entregar cópia do
boletim de urna aos partidos e coligações concorrentes ao pleito cujos representantes o requeiram até uma hora
após a expedição. §2º O descumprimento do disposto no parágrafo anterior constitui crime, punível com detenção,
de um a três meses, com a alternativa de prestação de serviço à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor
de um mil a cinco mil UFIR. (Vide art.87 tb)

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6.12 – Omissão no Recolhimento das Cédulas Apuradas.

Art. 314. Deixar o juiz e os membros da junta de recolher as cédulas apuradas na respectiva urna, fechá-la e lacrá-
la, assim que terminar a apuração de cada seção e antes de passar à subsequente, sob qualquer pretexto e ainda
que dispensada a providência pelos fiscais, delegados ou candidatos presentes:
Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

6.13 – Não Receber ou Não Mencionar na Ata Protesto ou Impugnação.

Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da eleição ou da apuração os protestos devidamente formulados
ou deixar de remetê-los à instância superior:
Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Art. 154. Terminada a votação e declarado o seu encerramento pelo presidente, tomará este as seguintes provi-
dências:
III – mandará lavrar, por um dos secretários, a ata da eleição, preenchendo o modelo fornecido pela Justiça Eleitoral,
para que constem:
h) os protestos e as impugnações apresentados pelos fiscais, assim como as decisões sobre eles proferidas, tudo
em seu inteiro teor;

Art. 70, da LE. O presidente de junta eleitoral que deixar de receber ou de mencionar em ata os protestos recebidos,
ou ainda, impedir o exercício de fiscalização, pelos partidos ou coligações, deverá ser imediatamente afastado, além
de responder pelos crimes previstos na Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 – Código Eleitoral.

6.14 – VIOLAÇÃO DO SIGILO DA URNA.

Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos invólucros:


Pena – reclusão de três a cinco anos.
X
Art. 72. Constituem crimes, puníveis com reclusão, de cinco a dez anos:
I – obter acesso a sistema de tratamento automático de dados usado pelo serviço eleitoral, a fim de alterar a apu-
ração ou a contagem de votos;
II – desenvolver ou introduzir comando, instrução, ou programa de computador capaz de destruir, apagar, eliminar,
alterar, gravar ou transmitir dado, instrução ou programa ou provocar qualquer outro resultado diverso do esperado
em sistema de tratamento automático de dados usados pelo serviço eleitoral;
III – causar, propositadamente, dano físico ao equipamento usado na votação ou na totalização de votos ou a suas
partes.

6.15 – Destruição, Supressão ou Ocultação de Urna Contendo Votos ou de Documentos Eleitorais.

Art. 339. Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos, ou documentos relativos à eleição:
Pena – reclusão de dois a seis anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se do
cargo, a pena é agravada.
X
Art. 72, da LE. Constituem crimes, puníveis com reclusão, de cinco a dez anos:
III – causar, propositadamente, dano físico ao equipamento usado na votação ou na totalização de votos ou a suas
partes.
- A subtração caracteriza o delito do artigo 340, do CE.

6.16 – Recusa ou Abandono do Serviço Eleitoral.

Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa:


Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.
- Polêmica sobre o caso dos indicados para as mesas receptoras (artigo 124, do Código Eleitoral) e os que “de-
sistem do trabalho”no dia da eleição.

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-Art. 124. O membro da mesa receptora que não comparecer no local, em dia e hora determinados para a realização
de eleição, sem justa causa apresentada ao juiz eleitoral até 30 (trinta) dias após, incorrerá na multa de 50% (cin-
quenta por cento) a 1 (um) salário-mínimo vigente na zona eleitoral cobrada mediante selo federal inutilizado no
requerimento em que for solicitado o arbitramento ou através de executivo fiscal.
§ 1º Se o arbitramento e pagamento da multa não for requerido pelo mesário faltoso, a multa será arbitrada e
cobrada na forma prevista no artigo 367.
§ 2º Se o faltoso for servidor público ou autárquico, a pena será de suspensão até 15 (quinze) dias.
§ 3º As penas previstas neste artigo serão aplicadas em dobro se a mesa receptora deixar de funcionar por culpa
dos faltosos.

- TSE: “O não comparecimento de mesário no dia da votação não configura o crime estabelecido no art. 344 do
CE, pois prevista punição administrativa no art. 124 do referido diploma, o qual não contém ressalva quanto à
possibilidade de cumulação com sanção de natureza penal. (Habeas Corpus nº 638, Acórdão, Relator(a) Min.
Marcelo Henriques Ribeiro De Oliveira, Publicação: RJTSE - Revista de jurisprudência do TSE, Volume 20, Tomo
3, Data 28/04/2009, Página 16).
X
- “A imposição da sanção administrativa prevista no art. 124, do Código Eleitoral, não impede que o agente
responda também pelo crime eleitoral tipificado no art. 344, no mesmo diploma, até porque as esferas
administrativa e criminal são independentes entre si e, por definirem requisitos e penalidades diferentes, não
configuram bis in idem.” (RECURSO ELEITORAL n 3529, ACÓRDÃO n 3529 de 19/05/2008, Relator(a) ELIZABETH
MARIA DA SILVA, Publicação: DJ - Diário de justiça, Volume 15.248, Tomo 1, Data 28/05/2008, Página 1).

7 - CRIMES ESPECÍFICOS DO DIA DA ELEIÇÃO EXISTENTES NA LEI 6091/74.

7.1 – Fornecimento de Transporte aos Eleitores:

Art. 11. Constitui crime eleitoral:


III - descumprir a proibição dos artigos 5º, 8º e 10º;
Pena - reclusão de quatro a seis anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa.

Art. 5º Nenhum veículo ou embarcação poderá fazer transporte de eleitores desde o dia anterior até o posterior à
eleição, salvo:
I - a serviço da Justiça Eleitoral;
II - coletivos de linhas regulares e não fretados;
III - de uso individual do proprietário, para o exercício do próprio voto e dos membros da sua família;
IV - o serviço normal, sem finalidade eleitoral, de veículos de aluguel não atingidos pela requisição de que trata o
art. 2º.

- Não há bis in idem com o crime de corrupção eleitoral;


- Não há crime se o transporte é para justificativa do voto (TRE/ES, RECURSO CRIMINAL n 49, ACÓRDÃO n
295 de 20/10/2009, Relator(a) AROLDO LIMONGE) ou somente após ter votado (TRE/MA, ACAO PENAL n. 4184,
ACÓRDÃO n 18967 de 07/03/2016, Relator(a) EDUARDO JOSÉ LEAL MOREIRA);

- É possível dar carona para amigos ou conhecidos? SIM, já que o tipo exige a finalidade específica de
aliciamento de eleitores, que pode ser comprovado pela abordagem direta ou, pelo menos, a partir da exposição
dos eleitores transportados a material de propaganda eleitoral. Conferir:

- O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entende ser necessária a comprovação de elementos que “corroborem o
aliciamento eleitoral, isto é, o fato de que o traslado de eleitores tenha sido vinculado à obtenção de votos em
favor de determinada candidatura ou mesmo de que tenham eles sido expostos a material de propaganda eleitoral
capaz de causar alguma influência nas suas vontades”. (Recurso Especial Eleitoral nº 5213, Acórdão, Relator(a)
Min. Henrique Neves Da Silva, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 50/2017, Data 14/03/2017).

AÇÃO PENAL. CRIME ELEITORAL. TRANSPORTE DE ELEITORES. ART. 11, III, DA LEI Nº 6.091/74.
CANDIDATO A PREFEITO E VEREADOR. PLEITO DE 2008. 1. Na linha da jurisprudência desta Corte Superior
"a prova do elemento subjetivo, da intenção de obter votos, pode ser revelada mediante o contexto
verificado" (HC nº 432-93, rel. Min. Marco Aurélio, DJe de 22.3.2013). Tal assertiva não afasta a firme orientação

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no sentido de que o tipo do art. 11, III, da Lei nº 6.091/74 tem como elemento subjetivo específico a exigência de o
transporte ser concedido com o fim explícito de aliciar eleitores. Precedente: AgR-REspe nº 28.517, rel. Min. Marcelo
Ribeiro, DJe de 5.9.2008; AgR-REspe nº 21.641, rel. Min. Luiz Carlos Madeira, DJ de 5.8.2005. 2. De acordo com
as premissas do acórdão regional, que reformou a sentença de improcedência da denúncia, verifica-se ser
incontroverso que houve apenas o transporte de quatro eleitores de uma mesma família, no dia da eleição,
não restando evidenciadas outras circunstâncias que comprovassem o dolo específico de interferir na
vontade dos eleitores mediante o fornecimento de transporte no dia da eleição. Recurso especial provido. (Recurso
Especial Eleitoral nº 305, Acórdão, Relator(a) Min. Henrique Neves Da Silva, Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Tomo 201, Data 22/10/2015, Página 25/26).

- PORÉM, se houver, no ato da carona, algum pedido de voto, comentário sobre candidatura ou ato de manifestação
não-silenciosa, ocorre o crime de boca de urna (artigo 39, §5º, da LE):
“Eleitora recebeu carona de esposa de candidato. Morava a 50m do local de votação e já eram pessoas conhecidas.
O fato não tem expressividade suficiente para tipificar a conduta do art. 11, inc. Ill, da Lei n. 6.091/74, tanto mais
diante da sanção aplicável (no mínimo quatro anos de reclusão). Só se pode vincular a conduta a procedimento que
coloque em dúvida de maneira representativa a lisura do processo eleitoral. Tem-se em mira admoestar aquele que,
aproveitando-se da carência material de eleitores (tanto mais que o voto é obrigatório), dá um benefício em troca
do voto. Há, quando menos, um mercadejar, uma cooptação.

- Configuração, entretanto, do delito do art. 39, § 5º, da Lei n. 9.504/97, que impede, no dia das eleições,
qualquer forma de pressão sobre o votante. Ficou revelado que a esposa de candidato se aproveitou de
uma carona para incentivar eleitora a votar na tal pessoa. Isso vai contra os desígnios normativos, que
deseja que todos se abstenham, naquela data, de manifestações políticas.” (TRE/SC, RECURSO EM
PROCESSO-CRIME ELEITORAL n 4986, ACÓRDÃO n 29400 de 21/07/2014, Relator(a) HÉLIO DO VALLE
PEREIRA, Publicação: DJE - Diário de JE, Tomo 126, Data 25/07/2014, Página 7).

- São elementos capazes de demonstrar a prática do crime em referência:


“A apreensão do recorrente transportando pessoas que não integravam sua família, levando consigo, no interior do
veículo, material de propaganda de candidato, folha com nomes e dados de eleitores, inclusive dos caronas, e cópia
de documentos pessoais, sobretudo quando evidenciado o oferecimento do transporte após a constatação de que
os transportados não haviam votado e terem os eleitores afirmado que não conheciam o insurgente, que, por sua
vez, apresentou diversas e frágeis versões dos fatos. TRE/MS, RECURSO CRIMINAL n 776, ACÓRDÃO n 8046 de
21/10/2013, Relator(a) HERALDO GARCIA VITTA ).

- Na ausência de qualquer desses elementos, a absolvição é medida que se impõe, como decidiu o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) recentemente: “2. É necessário que os indícios do transporte irregular de eleitores
sejam corroborados por outros elementos de prova, em especial pela oitiva dos eleitores transportados. 3.
Ausência de depoimentos que corroborem o aliciamento eleitoral, isto é, o fato de que o traslado de eleitores
tenha sido vinculado à obtenção de votos em favor de determinada candidatura ou mesmo de que tenham
eles sido expostos a material de propaganda eleitoral capaz de causar alguma influência nas suas vontades.
(Recurso Especial Eleitoral nº 5213, Acórdão, Relator(a) Min. Henrique Neves Da Silva, Publicação: DJE - Diário
de justiça eletrônico, Tomo 50/2017, Data 14/03/2017).

7.2 – Fornecimento de Alimentação aos Eleitores:

Art. 11. Constitui crime eleitoral:


III - descumprir a proibição dos artigos 5º, 8º e 10º;
Pena - reclusão de quatro a seis anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa.

Art. 8º Somente a Justiça Eleitoral poderá, quando imprescindível, em face da absoluta carência de recursos de
eleitores da zona rural, fornecer-lhes refeições, correndo, nesta hipótese, as despesas por conta do Fundo Partidá-
rio.

Art. 10. É vedado aos candidatos ou órgãos partidários, ou a qualquer pessoa, o fornecimento de transporte ou
refeições aos eleitores da zona urbana

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8 - CRIMES ESPECÍFICOS DO DIA DA ELEIÇÃO EXISTENTES NA LEI 9504/97.

8.1 – Crimes de Propaganda no Dia da Eleição.

Art. 39, § 5º, Lei 9504/97. Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano,
com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a
quinze mil UFIR:
I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata;
II - a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna;
III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos.
IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos nas aplicações de internet de
que trata o art. 57-B desta Lei, podendo ser mantidos em funcionamento as aplicações e os conteúdos
publicados anteriormente. (Incluído dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

Art. 39-A. É permitida, no dia das eleições, a manifestação individual e silenciosa da preferência do eleitor por
partido político, coligação ou candidato, revelada exclusivamente pelo uso de bandeiras, broches, dísticos e
adesivos.
o
§ 1 É vedada, no dia do pleito, até o término do horário de votação, a aglomeração de pessoas portando vestuário
padronizado, bem como os instrumentos de propaganda referidos no caput, de modo a caracterizar manifestação
coletiva, com ou sem utilização de veículos.
o
§ 2 No recinto das seções eleitorais e juntas apuradoras, é proibido aos servidores da Justiça Eleitoral, aos mesá-
rios e aos escrutinadores o uso de vestuário ou objeto que contenha qualquer propaganda de partido político, de
coligação ou de candidato.
o
§ 3 Aos fiscais partidários, nos trabalhos de votação, só é permitido que, em seus crachás, constem o nome e a
o
sigla do partido político ou coligação a que sirvam, vedada a padronização do vestuário. § 4 No dia do pleito,
serão afixadas cópias deste artigo em lugares visíveis nas partes interna e externa das seções eleitorais.

- A Polêmica das Blusas:

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REPRESENTAÇÃO. ELEIÇÕES 2016. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO INDIVIDUAL E SILENCIOSA DO ELEITOR
NO DIA DO PLEITO. ART. 39-A, LEI N° 9.504/97. DECISÃO CONJUNTA. JUÍZES ELEITORAIS DE FORTALEZA.
INTERPRETAÇÃO LITERAL. AFASTADA. PERMISSÃO AO USO DE VESTUÁRIO. INTERPRETAÇÃO
SISTEMÁTICA E TELEOLÓGICA DA LEI N° 9.504/97 E ART. 5°, IV, DA CF/88.
1. O representante se insurge contra decisão proferida na data do primeiro turno das eleições, em conjunto, por
todos os Juízos Eleitorais das 13 (treze) Zonas de Fortaleza-CE, que, interpretando o art. 39-A, caput, da Lei n°
9.504/97, manifestaram o entendimento de que é proibido o eleitor usar meios de propaganda diferentes do citado
no dispositivo legal, estando vedado, inclusive, o uso de camisas com símbolo de personagem fictício, adotado na
campanha de candidato. Cabimento da representação, com base na previsão regimental (art. 120, II, do RI/TRE-
CE)
2. A interpretação isolada, literal e gramatical ao caput do art. 39-A, da Lei n° 9.504/97 não se harmoniza
com os demais dispositivos da Lei das Eleições e com o direito fundamental à livre manifestação do
pensamento, encartado no art. 5°, inciso IV, da Constituição Federal de 88.
3. Entendimento que proíbe a manifestação da preferência eleitoral através do vestuário, por falta de
previsão no caput do art. 39-A, conduz à conclusão de que o fato será enquadrado como crime, previsto no
art. 39, § 5°, III, da Lei n° 9.504/97. Todavia, tal conduta não viola o bem jurídico tutelado pela norma
incriminadora, inexistindo tipicidade material.
4. Representação julgada procedente a fim de resguardar, no segundo turno das Eleições 2016, a possibilidade
de manifestação do eleitor pelo candidato de sua preferência, através do vestuário, desde que a conduta
seja espontânea, individual e silenciosa.
5. No dia do pleito, em relação à temática "vestuário", os juizes eleitorais devem fiscalizar e coibir: a) casos que
possam configurar abuso do poder económico através da distribuição de camisas ou quaisquer brindes a eleitores
por iniciativa de candidatos e partidos, prática ilegal que viola o art. 39, § 6°, da Lei n° 9.504/97; e b) a aglomeração
de pessoas com vestuário padronizado, podendo configurar o crime tipificado no art. 39, § 5°, III, da Lei n° 9.504/97.
(TRE/CE, REPRESENTAÇÃO n 42764, ACÓRDÃO n 42764 de 26/10/2016, Relator(a) JORIZA MAGALHÃES
PINHEIRO, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 26/10/2016).

- O TRE/RO decidiu que “é perfeitamente admissível o uso de camisetas e adesivos no dia das eleições. Em
outras palavras, transitar próximo aos locais de votação trajado com vestimentas nas cores do partido não
caracteriza qualquer tipo de ilícito, pelo menos até o momento em que não há tentativa de influenciar ostensivamente
os demais eleitores.” (RECURSO CRIMINAL n 1073, ACÓRDÃO n 41/2014 de 14/05/2014, Relator(a) DIMIS DA
COSTA BRAGA, Publicação: DJE/TRE-RO - Diário Eletrônico da Justiça Eleitoral, Tomo 086, Data 21/5/2014,
Página 3/4).

- “De acordo com a doutrina e a jurisprudência, o simples porte de propaganda no dia do pleito, ainda que em
grande quantidade, não configura o crime de boca de urna, que exige a efetiva distribuição do material aos
eleitores, visando obter-lhes o voto" (TRE/SC. Ac. n. 30859, de 24.6.2015, Relator Juiz Alcides Vettorazzi).
X
CONSULTA. PARTIDO POLÍTICO. MANIFESTAÇÃO INDIVIDUAL E SILENCIOSA DE ELEITOR, PORTANDO NO
VESTUÁRIO PROPAGANDA DE CANDIDATO, NO DIA DA ELEIÇÃO. VOTO DIVERGENTE. CONSULTA A QUE
SE RESPONDE NEGATIVAMENTE.
1. A divulgação no dia da eleição de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos, seja de qual espécie
for, mediante publicações, cartazes, camisas, bonés, broches ou dísticos em vestuários, constitui crime eleitoral,
como previsto no art. 39, § 5º, inciso III, da Lei nº 9.504/97.
2. Afastada, na hipótese, a aplicação da regra do art. 67, da Resolução TSE nº 22.261/2006, em face de afronta
direta ao texto legal.
3. Consulta a que se responde negativamente. (TRE/AL, CONSULTA n 1850, RESOLUÇÃO n 14213 de
02/08/2006, Relator(a) LEONARDO RESENDE MARTINS, Relator(a) designado(a) EVILÁSIO FEITOSA DA SILVA,
Publicação: DOEAL - Publicado no Diário Oficial do Estado, Data 04/08/2006, Página 107/08 ).

– “Distribuição de camisas no dia da eleição contendo propaganda eleitoral, por si só, não configura abuso de
poder econômico, mas, em princípio, infração ao art. 39, § 5º, II, da Lei nº 9.504/97.” (TRE/ES, RECURSO n 633,
ACÓRDÃO n 133 de 03/08/2005, Relator(a) FÁBIO CLEM DE OLIVEIRA, Revisor(a) FLÁVIO CHEIM JORGE,
Publicação: DOE - Diário Oficial do Estado do Espírito Santo, Data 22/08/2005, Página 64).

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- ELEIÇÕES 2016. RECURSO ELEITORAL. PROPAGANDA POLÍTICA. IRREGULAR. DERRAMAMENTO DE
SANTINHOS. VÉSPERAS DO PLEITO ELEITORAL. 24 (VINTE E QUATRO) SANTINHOS. CONDUTA ATÍPICA.
PROVIMENTO. 1. O derramamento de santinhos é propaganda eleitoral irregular, nos termos do art. 14, § 7.º, da
Resolução n.º 23.457/2015. 2. No caso concreto, à luz dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade o
lançamento de vinte e quatro santinhos em apenas um local de votação não configura derramamento ou "chuva
de santinhos", é conduta atípica. 3. Recurso provido. (TRE/MT, Recurso Eleitoral n 53367, ACÓRDÃO n 26043 de
09/03/2017, Relator(a) MARCOS FALEIROS DA SILVA, Publicação: DEJE - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo
2379, Data 29/03/2017, Página 3).

– Arremessar panfletos de candidato ou partido em frente a estabelecimento onde se encontra instalada


sessão eleitoral no dia da eleição é fato típico na forma do art. 39, § 5º, inciso III, da Lei n. 9.504/1997. (TRE/RO,
RECURSO CRIMINAL n 1247, ACÓRDÃO n 366/2013 de 28/11/2013, Relator(a) JOSÉ JORGE RIBEIRO DA LUZ,
Publicação: DJE/TRE-RO - Diário Eletrônico da Justiça Eleitoral, Tomo 226, Data 06/12/2013, Página 5);

– “Tratando de crime de mera conduta, caracteriza o delito previsto no art. 39, § 5º, da Lei nº 9.504/97, a conduta
de estar na posse de material de campanha eleitoral, no dia das eleições, com a finalidade de arregimentar ou
distribuí-las aos eleitores.” (TRE/ES, RECURSO CRIMINAL n 45, ACÓRDÃO de 17/12/2008, Relator(a) TELÊMACO
ANTUNES DE ABREU FILHO, Publicação: DOE - Diário Oficial do Estado, Data 21/01/2009, Página 2-anexo);

– “O fato de motorista credenciado estar dirigindo veículo requisitado pela Justiça Eleitoral para transporte
de eleitores trajando camisa de propaganda eleitoral de candidato e portando impressos de propaganda
eleitoral deste não configura abuso de poder econômico, materializando, em tese, infração ao disposto no art. 39,
§ 5º, II, da Lei nº 9.504/97.” (TRE/ES, RECURSO n 632, ACÓRDÃO n 132 de 03/08/2005, Relator(a) FÁBIO CLEM
DE OLIVEIRA, Revisor(a) FLÁVIO CHEIM JORGE, Publicação: DOE - Diário Oficial do Estado do Espírito Santo,
Data 22/08/2005, Página 63/64);

– Também encerra o crime em questão “afixação de adesivos, contendo propaganda de candidata, em vestes
de eleitores em dia de eleição nas imediações de seção eleitoral.” (TRE/MG, RECURSO CRIMINAL n 1241947,
ACÓRDÃO de 10/09/2013, Relator(a) ALBERTO DINIZ JÚNIOR, Publicação: DJEMG - Diário de Justiça Eletrônico-
TREMG, Data 17/09/2013);

- O uso de crianças ou adolescentes em esquinas sucessivas e na rota de seções eleitorais, portando cada
uma bandeira de determinada candidatura, também encerra a conduta criminosa em estudo, como julgou o Tribunal
Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE/MG): Recurso Criminal. Art. 39, §5º, incisos II e III, da Lei 9.504/97 e art.
244-B da Lei 8.069/90. Propaganda e boca de urna no dia da eleição e corrupção de menores. Eleições 2010.
Condenação. Crime de propaganda e boca de urna no dia da eleição. Menores que portavam bandeiras com nomes
de candidatos e partidos no dia das eleições em esquinas próximas, mediante pagamento. Coordenação do ato de
propaganda vedada. Conduta que se amolda ao tipo do art. 39, §5º, inciso III, da Lei 9.504/97. Propaganda eleitoral
vedada no dia da eleição. Não incidência do tipo permissivo disposto no caput do art. 39-A da Lei 9.504/97, que
autoriza a manifestação individual e silenciosa da preferência do eleitor por partido político, coligação ou candidato,
revelada pelo uso de bandeiras

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Na espécie, as circunstâncias dos fatos, em especial a disposição simultânea de diversas pessoas em esquinas
próximas, evidenciam que as condutas dos menores não se amoldam à figura permissiva, mas possuem
evidente característica de propaganda eleitoral. O que é corroborado pelo fato de que dois deles nem souberam
informar de qual candidato ou partido era a bandeira que portava. Nítida continuação da propaganda eleitoral no
dia das eleições. Uso ostensivo das bandeiras que atinge a esfera dos eleitores, ofendendo a liberdade do
eleitor no dia da votação, bem jurídico protegido pelo tipo em comento. Autoria mediata do fato delituoso, na
forma do caput do art. 29 do CP, comprovada.Dolo específico, consistente na vontade consciente e deliberada de
realizar a propaganda vedada com o fim de influenciar a vontade dos eleitores, evidenciado. Conjunto fático-
probatório é harmônico para fundamentar a manutenção da condenação. Crime de corrupção de menores - art.
244-B da Lei 8.069/90, ECA. (RECURSO CRIMINAL n 7514, ACÓRDÃO de 12/12/2012, Relator(a) ALICE DE
SOUZA BIRCHAL, Publicação: DJEMG - Diário de Justiça Eletrônico-TREMG, Data 30/01/2013).

- “A colocação de cavaletes contendo a divulgação de propaganda eleitoral, em via pública, no dia da eleição,
caracteriza o crime previsto no inciso III do § 5º do art. 39 da Lei n. 9.504/1997.” (TRE/SC, RECURSO EM
PROCESSO-CRIME ELEITORAL n 113, ACÓRDÃO n 28107 de 03/04/201, Relator(a) LUIZ ANTÔNIO ZANINI
FORNEROLLI, Revisor(a) LUIZ HENRIQUE MARTINS PORTELINHA, Publicação: DJE - Diário de JE, Tomo 62,
Data 10/04/2013, Página 6-7);

– Não há qualquer obrigatoriedade quanto à divulgação da propaganda ocorrer por meio de material
impresso, sendo possível a condenação pelo envio de mensagens de texto, whatsapp ou e-mail, como
decidiu o TRE/SP: “Paciente acusado de fazer propaganda eleitoral no dia da eleição por meio do envio de sms a
diversos eleitores. Alegação de atipicidade da conduta. Fatos que em tese configuram o delito em questão. Indícios
suficientes de autoria e materialidade. Denegada a ordem. (HABEAS CORPUS n 2797, ACÓRDÃO de 28/02/2013,
Relator(a) CLARISSA CAMPOS BERNARDO, Publicação: DJESP - Diário da Justiça Eletrônico do TRE-SP, Data
7/3/2013)

- O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE/MG) decidiu que configura crime a constatação de
“candidato utilizando as cores da coligação, com mais pessoas com as mesmas cores ao redor de local de
votação.” (RECURSO CRIMINAL n 3996, ACÓRDÃO de 18/06/2014, Relator(a) WLADIMIR RODRIGUES DIAS,
Publicação: DJEMG - Diário de Justiça Eletrônico-TREMG, Data 09/07/2014).

9 – Outros Crimes Possíveis de Serem Praticados no Dia da Eleição.

9.1 – Desordem nos Trabalhos Eleitorais:

Art. 296. Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais:


Pena – detenção até dois meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

- Tese da não-recepção do tipo e validade jurisprudencial: “O tipo penal ali delineado não deixa margem a
dúvidas, tampouco se vale de terminologia genérica ou vaga, sendo perfeitamente possível ao intérprete da norma
aplicá-la de acordo com sua mens legis.” (TRE/SP, Recurso Criminal N 8796, Acórdão De 23/03/2017, Relator(A)
Marli Marques Ferreira, Publicação).

- Aplicação subsidiária, uma vez que há tipos determinados para etapas específicas dos “trabalhos eleitorais),
como é o caso dos artigos 293, 297 e 332, do CE;

- Caso prático de diligências no dia da eleição: Crimes de desordem eleitoral (CE, art. 296) e desacato (CP, art.
331). “Dia da eleição. Repressão à propaganda de "boca-de-urna": atuação legítima de agentes públicos.
Sublevação deflagrada e capitaneada pelos recorrentes, coadjudados por populares, defronte ao local de
votação, ensejando arremesso de objetos contra policiais e juiz eleitoral, contra quem, ainda, desfechou-se
um tapa nas costas. Tentativa, até, de se obstar a retirada das urnas.” (APELACAO CRIMINAL n 63, ACÓRDÃO
n 98/2007 de 10/04/2007, Relator(a) FRANCISCO MARTINS FERREIRA).

- Obs: Se alguém se opõe, mediante violência ou grave ameaça, ao cumprimento de uma ordem de busca e
apreensão determinada pelo juízo eleitoral. Nesse caso, a conduta tipificará o delito previsto no artigo 329, do Código
Penal, de competência da Justiça Federal. Se, porém, não houver a prática das elementares “violência ou grave

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ameaça” ao funcionário competente, é possível a tipificação do crime de desordem dos trabalhos eleitorais, se a
conduta não violenta ou coatora prejudicar a diligência;

- Não precisa comprovar qualquer finalidade específica da conduta, bastando apenas que haja prejuízo (total
ou parcial) aos trabalhos eleitorais (Tese Majoritária).

TRE/RO: “II - Se o acusado, no dia da eleição, causou desordem deletéria aos serviços eleitorais, a ponto, inclusive,
de paralisar a votação, houve agressão a objetividade jurídica: a marcha, a regularidade e a ordem dos trabalhos
eleitorais, no dia da votação.
III - A efemeridade da suspensão dos trabalhos não arreda o dano configurado. Critério temporal, de duração
da suspensão causada pelo agente, é irrelevante à tipicidade. A maior ou menor extensão constitui circunstância
a ser aferida ao ensejo da dosimetria penal.
IV - O processo eleitoral é um dos pilares da democracia. É muito caro, por isto mesmo, ao Estado de Direito.
Cumpre dispensar máximo zelo para resguardar-lhe a incolumidade. No dia da votação, há de imperar a ordem, a
regularidade, a austeridade. A ninguém é dado, de modo ilegítimo, conspurcar os trabalhos. A preocupação mais
toma corpo porque o dia da eleição é propício a irrupções de fúria, de cólera: muitos estão com os "nervos à flor da
pele" . A salvaguarda aos representantes da Justiça Eleitoral é o resguardo à própria democracia.
V - O dolo, elemento subjetivo geral do tipo, decorre da voluntariedade na ultimação de conduta prejudicial ao bom
termo dos trabalhos eleitorais.” (APELACAO CRIMINAL n 77, ACÓRDÃO n 620/2008 de 11/09/2008, Relator(a)
IVANIRA FEITOSA BORGES, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Tomo 176, Data 11/9/2008, Página 28).

9.2 – Corrupção Eleitoral:

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra
vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita:
Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

A - Teses Jurisprudenciais Relevantes sobre o tipo:

1 – “Para a configuração do crime de corrupção eleitoral, além de ser necessária a ocorrência de dolo específico,
qual seja, obter ou dar voto, conseguir ou prometer abstenção, é necessário que a conduta seja direcionada a
eleitores identificados ou identificáveis, e que o corruptor eleitoral passivo seja pessoa apta a votar.” Assim, não
há falar em corrupção eleitoral mediante o oferecimento de serviços odontológicos à população em geral e sem que
a denúncia houvesse individualizado os eleitores supostamente aliciados.” (TSE, Agravo de Instrumento nº 749719,
Acórdão, Relator(a) Min. Maria Thereza Rocha De Assis Moura, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico,
Tomo 35, Data 23/02/2015).

2 - Ainda que na esfera cível-eleitoral já exista o reconhecimento jurisprudencial objetivo de que configura grave
abuso de poder a compra de apoio político, na seara criminal não é bem assim.
De acordo com o TSE, “a promessa de cargo a correligionário em troca de voto não configura a hipótese do delito
previsto no art. 299 do Código Eleitoral, ante a falta de elemento subjetivo do tipo (Precedente: HC nº 812-19/RJ,
Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 20.3.2013)”, uma vez que “não é possível presumir que a nomeação em cargo na
Prefeitura implique, necessariamente, oferta de benefícios aos seus familiares.” (Agravo de Instrumento nº 3748,
Acórdão, Relator(a) Min. Luiz Fux, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 237, Data 15/12/2016,
Página 24/25);

3 - No que tange ao uso direto da pecúnia pública para atos político-partidários (passeatas, carreatas ou
comícios, por exemplo), a Corte tem agido mais firmemente e consignado que a conduta de doar dinheiro ou vales-
combustível (à custa do erário) para a participação em atos daquela natureza pode configurar o crime em tela
(artigo 299, CE), ou o crime de peculato (artigo 312, do Código Penal), tudo dependendo dos elementos do caso
concreto: “Suposta utilização de dinheiro público no abastecimento de veículos para participarem de passeata.
Conduta que, dada a ausência de aprofundamento das investigações, pode caracterizar, teoricamente, os crimes
dos artigos 312 do Código Penal ou 299 do Código Eleitoral.” (TSE, Habeas Corpus nº 8046, Acórdão, Relator(a)
Min. Maria Thereza Rocha De Assis Moura, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 51, Data
16/03/2015).

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4 - “A gravação ambiental que registra o crime de corrupção, quando realizada pelos próprios eleitores que
venderam o voto, pode ser utilizada contra eles no processo penal. Do contrário, a eles seria permitido aproveitar-
se da ilicitude a que deram causa.” Assim, “é irrelevante que a gravação ambiental tenha sido considerada ilícita em
relação ao prefeito em ações eleitorais julgadas por esta Corte.” (TSE, Habeas Corpus nº 44405, Acórdão, Relator(a)
Min. Maria Thereza Rocha De Assis Moura, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 86, Data
05/05/2016).

5 - "A prova da corrupção eleitoral raramente surgirá de forma direta. No geral, haverá necessidade de reunir
circunstâncias, criticamente as analisando para se conseguir segurança razoável quanto à ilicitude. Só que isso
não pode representar um julgamento especulativo, fundado mais em suposições do que em evidências reais. Não
se trata de ser tolerante com a compra de votos, mas de impedir injustiças" (TRE/SC. Acórdão n. 28.687, de
23.9.2013, Juiz Hélio do Valle Pereira). "Sendo elemento integrante do tipo em questão a finalidade de 'obter ou dar
voto ou prometer abstenção', não é suficiente para a sua configuração a mera distribuição de bens.” (TSE.
Habeas Corpus n. 463, de 3.10.2003, rel. Min. Luiz Carlos Lopes Madeira).

- É importante observar que esse “especial fim de agir” não coincide necessariamente com o pedido explícito de
votos, sendo suficientes os comportamentos sorrateiros e ardilosos de candidatos e cabos eleitorais no sentido de
deixar “no ar” que aquela conduta de prometer, dar ou oferecer algo ao eleitor refere-se ao processo eleitoral, como
ocorre nas frases “não esqueça de mim”, “estamos juntos”, “vou lembrar de você”, “eu ajudo quem me ajuda” etc.

6 - “O crime de corrupção eleitoral ativa é crime instantâneo, cuja consumação é imediata, ocorrendo com a simples
prática de um dos núcleos do tipo (dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber), bem como se qualifica como crime
formal, pois a consumação independe do resultado, da efetiva entrega da benesse em troca do voto ou da
abstenção, sendo irrelevante se o eleitor corrompido efetivamente votou no candidato indicado. Exige-se (i) que a
promessa ou a oferta seja feita a um eleitor determinado ou determinável; (ii) que o eleitor esteja regular ou
que seja possível a regularização no momento da consumação do crime; (iii) que o eleitor vote no domicílio
eleitoral do candidato indicado pelo corruptor ativo.” (TSE, Agravo de Instrumento nº 20903, Acórdão,
Relator(a) Min. Gilmar Ferreira Mendes, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 43, Data 05/03/2015).

7 - “A absolvição do réu, por falta de provas, da imputação de crime de corrupção eleitoral (art. 299 do CE),
nos autos de ação penal, por si só, não tem o condão de afastar a condenação por captação ilícita de
sufrágio e abuso do poder econômico em sede de ação de investigação judicial eleitoral, pois a jurisprudência
desta Corte consolidou-se no sentido da incomunicabilidade das esferas criminal e civil-eleitoral.” (TSE, Recurso
Especial Eleitoral nº 82911, Acórdão, Relator(a) Min. Admar Gonzaga Neto, Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Volume, Tomo 170, Data 02/09/2016,

8 - Ac.-TSE, de 26.2.2013, no RHC nº 45224: na acusação da prática de corrupção eleitoral, a peça acusatória
deve indicar qual ou quais eleitores teriam sido beneficiados ou aliciados, sem o que o direito de defesa fica
comprometido;

9 - Ac.-TSE, de 18.8.2011, no HC nº 78048: o corréu (corruptor passivo), enquanto não denunciado nos crimes
de corrupção, pode ser tomado como testemunha, uma vez que o Ministério Público não é obrigado a ajuizar a
ação contra todos os envolvidos;

10 - Ac.-TSE, de 27.11.2007, no Ag nº 8905: "O crime de corrupção eleitoral, por ser crime formal, não admite a
forma tentada, sendo o resultado mero exaurimento da conduta criminosa".
10 - Ac.-TSE, de 3.5.2005, no RHC nº 81: a disciplina deste artigo não foi alterada pelo art. 41-A da Lei nº
9.504/1997;

11 - Ac.-TSE, de 27.11.2007, no AgRgAg nº 6553: a absolvição na representação por captação ilícita de


sufrágio, ainda que acobertada pela coisa julgada, não obsta a persecutio criminis pela prática do tipo penal
aqui descrito.

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B – Ilícito Correlato:

Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta lei, o
candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal
de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição,
inclusive, sob pena de multa de mil a cinquenta mil Ufirs, e cassação do registro ou do diploma, observado o proce-
dimento previsto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990.
§ 1º Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos, bastando a evidência do
dolo, consistente no especial fim de agir.
§ 2º As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de violência ou grave ameaça a pessoa,
com o fim de obter-lhe o voto.
§ 3º A representação contra as condutas vedadas no caput poderá ser ajuizada até a data da diplomação.
§ 4º O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da
publicação do julgamento no Diário Oficial.

9.3 – Crimes de Coação:

Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir alguém a votar ou não votar em determinado
candidato ou partido:
Pena – detenção até 6 meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se do
cargo a pena é agravada.

Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato
ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos:
Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

A - Diferença entre os tipos:

- A primeira delas diz respeito ao sujeito ativo, pois enquanto o crime do artigo 300 é próprio, só podendo ser
praticado por servidor público (eleitoral ou não), o tipo do artigo 301 pode ser praticado por qualquer pessoa.
- Em seguida, devemos observar que coação do artigo 300 só pode ser do tipo moral ou psíquica, pois, se houver
violência ou grave ameaça, o crime será o do artigo 301 do Código Eleitoral.
- Por fim, as consequências são distintas, uma vez que o artigo 300, por se tratar de crime de menor potencial
ofensivo, possibilita a aplicação da transação penal e do sursis processual sem gerar inelegibilidade, ao passo que
o artigo 301 não comporta transação penal, embora caiba a suspensão condicional do processo e a sua condenação
seja apta a gerar a inelegibilidade.

B –Sobre o tipo do artigo 300:

- Para a consumação do art. 300, a coação só pode ser do tipo moral ou psíquica, pois, se houver violência ou
grave ameaça, o crime será o do artigo 301 do Código Eleitoral.
- Ainda sobre a conduta, o mal anunciado deve ser verossímil e não manifestamente impossível de ser exe-
cutado pelo autor do fato ou por terceiro que faça parte da mesma facção político-eleitoral.
- A doutrina aponta também que não é obrigatório que a coação seja praticada diretamente sobre o eleitor,
sendo apta a configuração do delito aquela realizada contra pessoas que com ele possuam vínculos estreitos (caso
da esposa, filhos, pais etc).
- É fundamental que o autor do fato aja valendo-se de sua condição de servidor público, motivo pelo qual é
imperiosa a demonstração desse nexo quando da imputação do crime.

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C – Sobre o tipo do artigo 301:

O tipo penal do artigo 301 criminaliza duas condutas bem específicas, a saber:
1 – usar de violência, que significa a prática de atos físicos contra o eleitor no sentido de direcionar a sua livre
manifestação política. Por questões de logística do procedimento de votação, os atos de violência física devem
ocorrer antes do início da votação, uma vez que se ela for exercida no ato do voto, quem estará voando será o
coator através do coacto, o que caracterizará o crime do artigo 309, do Código Eleitoral (votar em lugar de outrem)
em concurso com a violência empregada (lesão corporal – artigo 129, do Código Penal);

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2 – usar de grave ameaça, que ocorre com a prática de comportamentos ou ameaças dirigidas ao eleitor
tendentes a causar nele qualquer espécie de medo, abalo moral, receio, insegurança ou pressão psicológica, ao
ponto de levá-lo a não se manifestar livremente na escolha de seu candidato ou partido político.

- Ainda sobre a grave ameaça, é fundamental destacar que o importante para a sua caracterização é a
circunstância dela causar um temor no eleitor, ainda que o coator não tenha poder de direito ou de fato para
concretizá-la. Claro que as ameaças de caráter genérico ou sem concretude alguma, como ocorre nas conhecidas
bravatas de candidatos ou cabos eleitorais, não configuram a conduta delituosa.
- Nesse sentido, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que “a ameaça a eleitores quanto à perda de benefício
social é passível de ser considerada grave para fins de incidência do tipo penal do artigo 301 do Código Eleitoral”.
(Recurso Especial Eleitoral nº 820924, Acórdão, Relator(a) Min. Maria Thereza Rocha De Assis Moura, Publicação:
DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 106, Data 08/06/2015, Página 131/132).

- “O tipo do art. 301 do Código Eleitoral refere-se ao uso de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar,
ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos. A
circunstância de ausência de poder de gestão de programa social não afasta a eventual configuração do delito do
art. 301 do Código Eleitoral diante do fato alusivo à ameaça a eleitores quanto à perda de benefício social, caso não
votassem no candidato denunciado.” (TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 5163598, Acórdão, Relator(a) Min. Arnaldo
Versiani Leite Soares, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 11/04/2011, Página 37-38).

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9.4 – Divulgação de Fatos Inverídicos ou Capazes de Influenciar o Eleitorado na Propaganda:

Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes de
exercerem influência perante o eleitorado:
Pena – detenção de dois meses a um ano ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.
Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é cometido pela imprensa, rádio ou televisão.

Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela infração de qualquer dos arts. 322, 323, 324, 325, 326, 328, 329,
331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz verificar, de acordo com o seu livre convencimento, se o diretório local do
partido, por qualquer dos seus membros, concorreu para a prática de delito, ou dela se beneficiou conscientemente.

- “O art. 323 do Código Eleitoral refere-se à divulgação de fatos inverídicos na propaganda, conceito que deve
ser interpretado restritivamente, em razão do princípio da reserva legal”, razão pela qual “os textos
jornalísticos publicados na imprensa escrita” que eventualmente divulguem opiniões sobre candidatos “não
podem ser caracterizados como propaganda eleitoral, impedindo, por consequência, a tipificação do crime
previsto no art. 323 do Código Eleitoral.” (Recurso Especial Eleitoral nº 35977, Acórdão, Relator(a) Min. Felix
Fischer, Publicação: RJTSE - Revista de jurisprudência do TSE, Volume 20, Tomo 4, Data 15/10/2009);

- Sobre essa elementar do tipo (informação inverídica), a jurisprudência já se consolidou no sentido de que “a
mensagem, para ser qualificada como sabidamente inverídica, deve conter inverdade flagrante que não
apresente controvérsias” , de modo que a menção a ações judiciais em curso ou a divulgação de dados
disponíveis em sites oficiais não configuram o delito;

- No que diz respeito à conduta do tipo (“divulgar”), ela abrange tanto quem propala, dissemina ou leva ao
conhecimento de terceiros a informação falsa, ainda que mediante nova divulgação de boatos anteriormente
existentes. Nesse caso, é preciso comprovar que o autor do fato tem conhecimento da falta de veracidade da
informação, sob pena de atipicidade ;

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- Se a divulgação ocorrer por meio de rádio, televisão
ou imprensa, a pena é aumentada de 1/5 a 1/3
(aplicação do artigo 285 do CE), nos termos do que
determina o parágrafo único do artigo 323;

- Sobre a expressão “imprensa”, há acirrada


controvérsia doutrinária sobre a divulgação via internet
estar ou não abrangida pelo parágrafo único.

9.5 – Crimes Contra a Honra:

9.6 – Inutilização, Alteração ou Perturbação de Pro-


paganda Lícita:

Art. 331. Inutilizar, alterar ou perturbar meio de propa-


ganda devidamente empregado:
Pena – detenção até seis meses ou pagamento de 90
a 120 dias-multa.

Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela in-


fração de qualquer dos arts. 322, 323, 324, 325,
326, 328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz
verificar, de acordo com o seu livre convencimento, se o diretório local do partido, por qualquer dos seus membros,
concorreu para a prática de delito, ou dela se beneficiou conscientemente.

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- CONDUTAS: O artigo 331 criminalizou 3 (três) condutas específicas, a saber:
1 – Inutilizar, que significa destruir, danificar por completo, tornar imprestável para o fim a que se destina o meio
de propaganda. É o que ocorre, por exemplo, quando a pessoa queima ou rasga santinhos, panfletos, bandeiras,
adesivos, faixas ou quaisquer outros meios de propaganda eleitoral.
2 – Alterar, que tem o sentido de modificar as características originais, alterar, distorcer, desfigurar ou corromper o
meio de propaganda. Ocorre quando se modifica o número do candidato ou do partido na propagada eleitoral, bem
como quando se manipula um site, distorcendo o seu teor para constar mensagem ou apoio político falso.
3 – Perturbar, cujo teor é o de causar transtorno, tumultuar ou embaraçar o meio de propaganda.

- É de se destacar, porém, a elementar do tipo, qual seja: o meio de propaganda devidamente empregado. Assim,
só haverá crime se a destruição, inutilização ou perturbação ocorrer sobre meio LÍCITO de propaganda não
pertencente ao autor do fato (seja porque recebeu de alguém e não deseja mais usá-la, seja porque mandou
fazê-la);
- Assim, se a propaganda for ilícita, o crime será o de exercício arbitrário das próprias razões (artigo 345, do
Código Penal), já que ninguém pode fazer justiça com as próprias mãos, ou, dependendo do caso, usurpação
de função pública (artigo 328, do Código Penal), cuja competência será da Justiça Federal;

9.7 – Impedimento à Propaganda Lícita:

Art. 332. Impedir o exercício de propaganda:


Pena – detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela infração de qualquer dos arts. 322, 323, 324, 325, 326, 328, 329,
331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz verificar, de acordo com o seu livre convencimento, se o diretório local do
partido, por qualquer dos seus membros, concorreu para a prática de delito, ou dela se beneficiou conscientemente.
Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao diretório responsável pena de suspensão de sua atividade eleitoral
por prazo de 6 a 12 meses, agravada até o dobro nas reincidências.

- Impedir significa obstar, tolher ou bloquear. Tem o sentido de não permitir que se realize a propaganda lícita
desejada. Age, destarte, em momento prévio à sua realização, pois, do contrário, ter-se-á o delito do artigo 331.

- Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas, distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para propa-
ganda ou aliciamento de eleitores:
Pena – detenção de seis meses a um ano e cassação do registro se o responsável for candidato.

Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira:
Pena – detenção de três a seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.
Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração ao presente artigo importa na apreensão e perda do material
utilizado na propaganda.

Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, ainda que gratuitamente, subtrair ou guardar urnas, objetos,
mapas, cédulas ou papéis de uso exclusivo da Justiça Eleitoral:
Pena – reclusão até três anos e pagamento de 3 a 15 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se do
cargo, a pena é agravada.

Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência a diligências, ordens ou instruções da Justiça Eleitoral ou
opor embaraços à sua execução:
Pena – detenção de três meses a um ano e pagamento de 10 a 20 dias-multa.

IGOR PEREIRA PINHEIRO


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