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Contextos Clínicos, 7(1):2-14, janeiro-junho 2014

© 2014 by Unisinos - doi: 10.4013/ctc.2014.71.01

Aconselhamento psicológico e psicoterapia:


aproximações e distanciamentos1

Similarities and differences between counseling psychology


and psychotherapy

Fabio Scorsolini-Comin
Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Av. Getúlio Guaritá, 159,
Abadia, 38025-440, Uberaba, MG, Brasil. scorsolini_usp@yahoo.com.br

Resumo. A literatura científica não é uníssona ao delimitar conceitual e em-


piricamente os processos de aconselhamento psicológico e de psicoterapia.
Desse modo, o objetivo deste estudo teórico é compreender aproximações e
distanciamentos entre esses campos do saber psicológico. As diferenças en-
contradas referem-se a: (a) tempo da intervenção, sendo o aconselhamento
mais breve; (b) complexidade do caso e intensidade do atendimento, sendo
a psicoterapia mais profunda; (c) demanda apresentada, sendo o aconselha-
mento mais voltado para situações contextuais e situacionais; (d) intervenções
em aconselhamento focam a ação, mais do que a reflexão, e são mais centradas
na prevenção do que no tratamento; (e) o aconselhamento é mais focado na
resolução de problemas. As semelhanças referem-se ao escopo do processo
de ajuda, às atitudes do psicólogo e à necessidade de desenvolvimento de
recursos terapêuticos para estabelecimento de uma relação que possa ser con-
siderada efetiva e atingir os objetivos delineados. Destaca-se a necessidade de
que mais pesquisas sejam desenvolvidas sobre o aconselhamento psicológico
no Brasil, haja vista a farta produção científica no campo das psicoterapias.

Palavras-chave: aconselhamento psicológico, psicoterapia, Psicologia Clínica.

Abstract. Defining counseling and psychotherapy conceptually and empiri-


cally is still open to debate in scientific literature. Thus, this theoretical study
aims to comprehend the similarities and differences amongst these fields of
study. The differences are related to: (a) counseling requires shorter time of in-
tervention. (b) Psychotherapy tends to have more complex cases with higher
intensity and more depth; (c) Counseling faces more specific and circumstan-
tial situations; (d) in counseling, interventions focus on actions rather than on
reflections and are based on prevention rather than on treatment; (e) counsel-
ing is more focused on solving problems. Similarities refer to the core of the
helping process, to the psychologist’s attitudes and to the need of developing
therapeutic resources in order to establish an effective relationship, reaching
established goals. Furthermore, the need of developing more research con-
cerning psychological counseling in Brazil is highlighted considering its scar-
city compared to the scientific production in Psychotherapies.

Keywords: counseling psychology, psychotherapy, Clinical Psychology.

1
Apoio: CNPq.
Fabio Scorsolini-Comin

O aconselhamento originou-se com Frank como ponto de referência os estudos de Ro-


Parsons, em 1909, com o objetivo de promo- gers, o que traz à baila a abordagem centrada
ver ajuda a jovens em processo de escolha na pessoa, também destacada neste presente
da carreira e em face à emergência de novas estudo como forma de possibilitar a aproxi-
profissões e ocupações devido à Revolução mação desses campos de saber e intervenção
Industrial. O foco do aconselhamento era, psicológica. Para Rogers, havia semelhanças e
portanto, conhecer as principais inclinações diferenças entre esses campos, embora não de-
desses jovens para que eles pudessem ser vesse ser tarefa fundamental delimitar os obje-
encaminhados para ocupações considera- tivos de cada uma dessas atuações, pois ambas
das adequadas a esses perfis profissionais se colocavam a serviço de pessoas em sofri-
(Patterson e Eisenberg, 1988), tanto no cená- mento que buscavam ajuda (Almeida, 2009;
rio escolar como no organizacional, em uma Castelo Branco, 2011). Esses embates já foram
clara referência à teoria de traço e fator. Para mais tradicionais na Psicologia, que buscava
essa teoria, muito empregada no contexto da um maior esclarecimento acerca de seus cam-
orientação escolar e profissional à época, os pos de atuação, notadamente nos anos seguin-
indivíduos poderiam ser diferenciados entre tes à publicação desse trabalho de Rogers. No
si em termos de habilidades físicas, aptidões entanto, ainda hoje, esses campos parecem
e interesses, de modo que essas característi- chocar-se, mesclar-se e complementar-se em
cas estariam mais diretamente relacionadas a diversas questões do processo de ajuda.
determinadas profissões e ocupações. Assim, Desse modo, o objetivo deste estudo teóri-
o processo de escolha deveria ser racional, co é delimitar, a partir de estudos da área do
encaminhando as pessoas para as profissões aconselhamento psicológico, aproximações e
consideradas ideais a partir do exame dessas distanciamentos deste campo do saber psico-
características apresentadas por cada um. Tal lógico com a psicoterapia. A meta é permitir a
teoria alinhava-se aos princípios da psicome- clara identificação de práticas por estudantes e
tria e do positivismo, que priorizava a adap- profissionais da área da Psicologia, visando ao
tação e o ajustamento do indivíduo ao mundo aperfeiçoamento de técnicas e saberes de am-
do trabalho, por meio do reconhecimento das bos os campos.
habilidades e competências de cada um e dos Este estudo está dividido em três partes. Na
processos de aprendizagem, distanciando o primeira delas, traremos as definições existen-
aconselhamento do campo da psicoterapia tes sobre o campo do aconselhamento psico-
(Scheeffer, 1980; Schmidt, 2012). lógico, buscando uma leitura mais generalista
Com o tempo, o campo do aconselhamen- da área. Posteriormente, abordaremos os dis-
to se ampliou, passando a designar uma re- tanciamentos entre aconselhamento e psicote-
lação de ajuda na qual o cliente, ou a pessoa rapia, seguidos das aproximações entre essas
em busca de atendimento, buscava alívio áreas e suas respectivas técnicas a partir de
para suas tensões, esclarecimentos para suas teóricos que discutem essa questão. Uma res-
dúvidas ou acompanhamento terapêutico em salva faz-se necessária, a fim de compreender
face de problemáticas enfrentadas em diver- o modo como o presente estudo foi delineado:
sos domínios da vida, como o educacional, apesar de esses autores construírem as suas
o profissional e o emocional, não envolven- observações norteados por determinados re-
do apenas o fornecimento de informações, ferenciais teóricos, entre os quais se destaca a
a aplicação de testes psicológicos e a orien- abordagem centrada na pessoa, o presente es-
tação considerada diretiva (Hutz-Midgett e tudo não pretende se filiar estritamente a uma
Hutz, 2012; Morato, 1999; Pupo e Ayres, 2013; abordagem específica de aconselhamento, pri-
Rosenberg, 1987; Scorsolini-Comin e Santos, mando pelo diálogo entre os posicionamentos
2013; Trindade e Teixeira, 2000). existentes na literatura científica. Não se trata,
Foi o estudo de Carl Rogers (1942), especi- no entanto, de esgotar tais posicionamentos,
ficamente a publicação da obra Counseling and mas de recuperar as considerações disponíveis
Psychotherapy, que promoveu essa ampliação tradicionalmente na área e possibilitar a aber-
no campo do aconselhamento e a sua maior tura para que aproximações e distanciamentos
aproximação com a área da Psicologia Clínica entre aconselhamento psicológico e psicotera-
e da psicoterapia, que já tinha bastante tradição pia sejam revisitados com vistas a um encami-
à época. É por esse motivo que as discussões nhamento mais conclusivo. Por último, uma
existentes na literatura científica que aproxi- síntese desses conhecimentos será realizada
mam aconselhamento e psicoterapia possuem na seção de considerações finais.

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Aconselhamento psicológico e psicoterapia: aproximações e distanciamentos

Definição do aconselhamento os clientes explorarem preocupações pessoais,


psicológico ampliando a capacidade de tomar consciência
e das possibilidades de escolha.
O aconselhamento psicológico é uma das Em que pesem as definições mais direta-
disciplinas consideradas básicas na formação mente relacionadas a abordagens psicológicas
do psicólogo e tem sua prática regulamentada específicas, Santos (1982, p. 6), um dos pionei-
no Brasil, sendo, muitas vezes, utilizado como ros do aconselhamento psicológico no Brasil
forma de aproximar o aluno do universo clíni- e cujo pensamento esteve fortemente alinha-
co e dos atendimentos nos estágios específicos do à abordagem centrada na pessoa, define a
supervisionados (Scorsolini-Comin e Santos, tarefa de aconselhar como o “processo de in-
2013). A prática do aconselhamento esteve dicar caminhos, direções e de procedimentos
tradicionalmente atrelada a diversas possi- ou de criar condições para que a pessoa faça,
bilidades de atuação, como fornecimento de ela própria, o julgamento das alternativas e
informações, feedback positivo, direcionamen- formule suas opções”. Nesse sentido, o acon-
to, orientação, encorajamento e interpretação. selhamento seria diferente da orientação e da
Essa diversidade pode ser constatada no modo psicoterapia, embora guarde semelhanças com
como são conhecidos os profissionais que atu- essas outras tarefas ligadas a uma relação de
am nessa área: psicólogos, terapeutas, conse- ajuda. Esse mesmo autor, evocando as contri-
lheiros, aconselhadores, orientadores, profis- buições de Carl Rogers para o campo, afirma
sionais de saúde, entre outros (Corey, 1983; que o aconselhamento pode ser compreendido
Schmidt, 2012). como um “[...] método de assistência psicoló-
Há diversas formas de definir o aconselha- gica destinado a restaurar no indivíduo suas
mento psicológico, desde a adoção de referen- condições de crescimento e de atualização,
ciais generalistas que focam na explicitação habilitando-o a perceber, sem distorções, a re-
do processo de aconselhamento sem menção alidade que o cerca e a agir, nessa realidade,
direta a abordagens psicológicas, até mesmo de forma a alcançar ampla satisfação pessoal e
de posicionamentos que partem exclusiva- social” (Santos, 1982, p. 7).
mente de uma dada abordagem teórica para Em uma perspectiva fenomenológica, tra-
explicitar o que se concebe como aconselha- ta-se de uma relação entre duas pessoas na
mento psicológico. Genericamente, trata-se de qual a “presença de um aconselhador torna-se
uma experiência que visa a ajudar as pessoas existencialmente terapêutica [...] para os acon-
a planejar, tomar decisões, lidar com a rotina selhandos” (Forghieri, 2007a, p. 1), motivo
de pressões e crescer, com a finalidade de ad- pelo qual o aconselhamento psicológico é tam-
quirir uma autoconfiança positiva. Pode ser bém referido como aconselhamento terapêuti-
considerada uma relação de ajuda que envolve co nessa abordagem. Essa relação interpessoal
alguém que busca auxílio, alguém disposto a requer “a presença genuína do aconselhador,
ajudar e apto para essa tarefa, em uma situ- manifestada por ele mediante diferentes atu-
ação que possibilite esse dar e receber apoio ações” (Forghieri, 2007a, p. 1), como forneci-
(Hackney e Nye, 1977). Outra definição clássi- mento de informações, exame e reflexão sobre
ca é de uma “relação face a face de duas pes- situações conflitantes vivenciadas pelo cliente,
soas, na qual uma delas é ajudada a resolver o reconhecimento e a exploração de recursos e
dificuldades de ordem educacional, profissio- capacidades pessoais do aconselhando. O foco
nal, vital e a utilizar melhor os seus recursos no indivíduo e a presença genuína do conse-
pessoais” (Scheeffer, 1980, p. 14). lheiro é também um dos elementos centrais no
Ainda em termos das abordagens genéri- aconselhamento proposto por Rogers (1942)
cas acerca do aconselhamento, é compreen- na abordagem centrada na pessoa. Para esse
dido por Patterson e Eisenberg (1988, p. 20) autor, o objetivo do aconselhamento é facilitar
como um “processo interativo, caracterizado o crescimento do indivíduo, ao invés de resol-
por uma relação única entre conselheiro e ver problemas específicos, ou seja, o conselhei-
cliente, que leva este último a mudanças em ro seria um facilitador desse crescimento e da
uma ou mais das seguintes áreas”: comporta- busca por maior autonomia e liberdade por
mento, construtos pessoais, capacidade para parte daquele que busca ajuda.
ser bem-sucedido nas situações da vida ou
conhecimento e habilidade para a tomada de Ser realmente o que se é, eis o padrão da vida que
decisão. Para Corey (1983), aconselhamento é lhe parece ser o mais elevado, quando é livre para
o processo pelo qual se dá a oportunidade de seguir a direção que quiser. Não se trata simples-

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mente de uma opção intelectual, mas parece ser e sem avaliações ou julgamentos, além de ma-
a melhor descrição do comportamento hesitante, nifestar um elevado grau de empatia nesse re-
provisório e através do qual procede à exploração lacionamento (Rogers, 1942, 2001). No contato
daquilo que quer ser (Rogers, 1973, p. 155). entre esses dois agentes, deve-se possibilitar a
expressão dos sentimentos daquele que busca
Em termos dos elementos comuns a todos ajuda. O conselheiro deve ser capaz de facilitar o
os aportes teóricos relacionados ao aconse- processo de autoconhecimento por parte de seu
lhamento psicológico, Hackney e Nye (1977) cliente, a fim de que possa buscar, por si mesmo,
destacam seis: (a) trata-se de um processo que o seu crescimento pessoal e a autorrealização:
envolve respostas aos sentimentos e pensa-
mentos do cliente; (b) envolve uma aceitação [...] a consulta psicológica [counseling] eficaz
básica das percepções e dos sentimentos do consiste numa relação permissiva, estruturada
cliente, independentemente da avaliação ex- de uma forma definida que permite ao paciente
terna do aconselhador; (c) caráter confidencial alcançar uma compreensão de si mesmo num
e existência de condições ambientais (setting) grau que o capacita a progredir à luz da sua nova
para que se estabeleça a relação de ajuda; (d) orientação (Rogers, 1973, p. 29).
a demanda pelo aconselhamento deve partir
da pessoa que busca ajuda; (e) o foco está na A partir da delimitação do aconselhamento
vida daquele que busca ajuda, não na figura psicológico, destacaremos, a seguir, os princi-
do aconselhador; (f) foco nos processos comu- pais distanciamentos dessa área em relação à
nicativos entre aconselhador e cliente. psicoterapia.
O processo de aconselhamento possui de-
terminadas etapas nas quais algumas tarefas Distanciamentos entre
estão presentes e contribuem para uma inter- aconselhamento psicológico e
venção bem-sucedida. A partir da leitura de psicoterapia
teóricos como Corey (1983), Patterson e Eisen-
berg (1988), Santos (1982) e Tyler (1953), Pupo Parte da literatura científica dedicada ao
e Ayres (2013) condensaram desse modo as aconselhamento psicológico a apresenta junta-
etapas do aconselhamento, que podem variar mente com a psicoterapia, sendo frequentes os
segundo algumas abordagens: (a) identificar títulos de obras que fazem, ao mesmo tempo,
e analisar problemas específicos; (b) ampliar referência a esses dois campos. É o caso da obra
a compreensão da pessoa acerca do proble- Técnicas de Aconselhamento e Psicoterapia,
ma; (c) avaliar os recursos pessoais existentes publicada por Gerald Corey no Brasil em 1983.
e que podem ser desenvolvidos para resolver Apesar de não destacar, ao longo do livro, as
o problema; (d) definição do potencial de mu- especificidades de cada campo de atuação ao
dança dessas condições e atitudes pessoais; (e) mostrar as diferentes abordagens psicológicas,
utilização de ações específicas e que podem apresenta uma preocupação no prefácio em
contribuir para o processo de mudança e/ou delimitar ambas as áreas.
transformação referente ao problema relatado. Para Corey (1983, p. 22), o aconselhamento
Desse modo, também considerando as dife- é o processo por meio do qual “se dá oportuni-
renças existentes entre as abordagens teóricas, dade aos clientes de explorarem preocupações
Pupo e Ayres (2013, p. 1091) sumarizam, a pessoais; esta exploração conduz a uma am-
partir da literatura científica, que o aconselha- pliação da capacidade de tomar consciência e
mento é uma das possibilidades de escolha”. Esse processo
é de curta duração, com foco na resolução dos
tecnologia de ajuda, de cuidado, e como uma prá-
problemas, e ajuda a pessoa a remover os obs-
tica instrumental que oferece auxílio estruturado
e personalizado para o manejo de situações difí- táculos ao seu crescimento, auxiliando os in-
ceis e de crise que exigem ajustamentos e adap- divíduos a reconhecerem e empregarem seus
tações, para a solução de problemas específicos e recursos e suas potencialidades. A psicotera-
para a tomada de decisões. pia, pelo contrário, estaria mais relacionada a
mudanças na estrutura da personalidade, en-
Ainda, há que se considerar a importância volvendo uma autocompreensão mais intensa.
da relação entre conselheiro e cliente, conside- No clássico livro de Santos (1982), encon-
rada como um dos fatores de sucesso para uma tramos um dos primeiros esforços na literatura
intervenção, desde que o profissional consiga científica nacional no sentido de delimitar as
ser autêntico, posicionar-se de modo positivo diferenças entre esses dois processos. Segundo

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Aconselhamento psicológico e psicoterapia: aproximações e distanciamentos

o autor, que inclui, entre os processos, a orien- dentais e superficiais e reservar o termo “psicote-
tação, os verbos orientar e aconselhar distan- rapia” para os contatos mais intensivos e prolon-
ciam-se do que vem a ser a psicoterapia. Esta gados, orientados para uma reorganização mais
profunda da personalidade. Embora possa haver
é entendida como o tratamento de perturba-
algum fundamento para esta distinção, é evidente
ções da personalidade ou da conduta por meio que uma consulta psicológica intensa e com êxito
de métodos e técnicas psicológicas, ou seja, é é impossível de se distinguir de uma psicoterapia
indicada em casos nos quais a orientação e o intensa e com êxito (Rogers, 2005 [1942], p. 6).
aconselhamento não seriam suficientes para
conduzir os processos de mudanças e de cres- Assim, tanto o aconselhamento como a psi-
cimento necessários. O aconselhamento seria coterapia poderiam constituir processos inten-
indicado quando não houvesse o diagnóstico sos e exitosos, não sendo possível distinguir
de algum transtorno psicológico ou em situ- um termo do outro pelo critério de “profun-
ações que envolvessem o atendimento mais didade” de uma técnica psicoterápica, o que
pontual, com o fornecimento de informações será mais bem detalhado na seção seguinte,
e de acompanhamento para a tomada de uma das aproximações entre esses campos. A cha-
decisão importante. Essas considerações são mada profundidade, sinônimo da intensidade
apoiadas por autores como Williamson (1950), do tratamento que provocaria o êxito da in-
Tyler (1953) e Bond (1995), grandes expoentes tervenção, poderia estar presente em ambas
dos estudos sobre aconselhamento no contex- as intervenções, a depender do modo com
to norte-americano. que cada relação de ajuda fosse estabelecida,
Em que pesem as aproximações e os dis- da relação entre profissional e cliente e, tendo
tanciamentos entre o aconselhamento psicoló- como norte a abordagem centrada no cliente,
gico e a psicoterapia, há certo consenso de que da satisfação das condições básicas para a mu-
se tratam de intervenções distintas, embora dança terapêutica: autenticidade/congruência,
mantenham estreito relacionamento (Schmidt, consideração positiva incondicional e empatia
2012). A maior parte dos autores compreende (Rogers, 1973), detalhadas posteriormente.
que o aconselhamento está mais ligado a aju- Corey (1983) destaca que são vários os ob-
dar o cliente a tomar alguma decisão e envolve jetivos que perpassam os processos de ajuda
situações objetivas que permitem uma melhor psicológica, por exemplo, reestruturação da
utilização de recursos e potencialidades pes- personalidade, descoberta de um sentido de
soais, sendo que as demandas estão relacio- vida, cura de um transtorno psicológico, ajus-
nadas, geralmente, a conflitos ambientais e tamento, redução da ansiedade, aprendiza-
situacionais, a conflitos conscientes e acompa- gem de comportamentos mais adaptativos ou
nhados de uma ansiedade considerada normal atingimento da autorrealização. Esses objeti-
(Patterson, 1959; Scheeffer, 1980; Tyler, 1953; vos conduzem a intervenções diferenciadas e
Williamson, 1950). O aconselhamento busca devem ser estabelecidos, a priori, na interação
assistir a pessoa na remoção de bloqueios ao cliente e psicólogo, podendo ser modificados
seu crescimento (Corey, 1983). A psicoterapia ao longo do processo. Assim, a partir das con-
seria desenvolvida em um nível mais “pro- siderações desse autor, podemos destacar que
fundo” e teria como foco os conflitos de per- um caso inicialmente atendido em aconselha-
sonalidade, com destaque para a necessidade mento pode ser encaminhado a uma psicotera-
de mudanças nessa estrutura (Santos, 1982). A pia caso seja necessária uma intervenção con-
psicoterapia seria, nesse sentido, a autocom- siderada mais intensa ou, então, mais a longo
preensão intensiva da dinâmica que explica as prazo.
crises existenciais particulares (Corey, 1983). Segundo Schmidt (2012, p. 13), pode-se de-
Essas diferenças, no entanto, são diluídas limitar as diferenças entre esses dois proces-
a partir do momento em que Rogers (2005 sos de ajuda. Para a autora, o aconselhamen-
[1942]) passa a se dedicar à questão. O critério to psicológico pode ser compreendido como
para pensarmos essa “profundidade” supos- uma área do conhecimento bastante ampla e
tamente pertencente à psicoterapia, tal como que envolve uma prática “educativa, preven-
apregoado por Santos (1982) ao compará-la ao tiva, de apoio situacional, centralizada nos
aconselhamento, pode ser questionado à luz aspectos saudáveis, nas potencialidades e nas
das considerações rogerianas, por exemplo: dimensões conscientes e ‘mais superficiais’
da clientela, requerendo tempos abreviados”.
Houve uma tendência para empregar a expressão Já a psicoterapia trataria de “problemas emo-
“consulta psicológica” mais para entrevistas aci- cionais e patologias, de caráter remediativo

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ou reconstrutivo, focalizando o inconsciente e de-se que o aconselhamento se trata de uma


as dimensões ‘mais profundas’ do indivíduo, assistência psicológica
demandando tempos prolongados” (Schmidt,
2012, p. 13). destinada a restaurar no indivíduo suas condi-
A diferença básica, de acordo com Schmidt ções de crescimento e de atualização, habilitan-
(2012), poderia ser sumarizada em três ele- do-a a perceber, sem distorções, a realidade que
o cerca e a agir, nessa realidade, de forma a al-
mentos: (a) no tempo requerido em cada um
cançar ampla satisfação pessoal e social. Aplica-se
dos processos; (b) no grau de aprofundamento em todos os casos em que o indivíduo se defronta
proporcionado por cada técnica; (c) no tipo de com problemas emocionais, não importando se se
problema trazido pelo cliente, se mais situa- trata de doenças ou perturbações não patológicas
cional ou de caráter mais permanente, ligado (Santos, 1982, p. 7).
a alguma patologia ou desconforto emocio-
nal. Esse posicionamento é corroborado por A partir dessa definição, pode-se destacar
Scheeffer (1980) e Corsini (1995) notadamente que Rogers não distinguia o aconselhamento
no que se refere ao atendimento de patologias da psicoterapia pela existência de problemas
no caso das psicoterapias. patológicos ou na estrutura da personalidade.
Nessa perspectiva mais generalista, o acon- É essa uma das razões pelas quais esse autor
selhamento estaria ligado a atividades de não se preocupa com a questão do diagnósti-
orientação, focado em problemas específicos e co, pois este apresentaria uma racionalização
que demandem soluções pontuais ou que não e um julgamento anteriores ao encontro com
ensejem a necessidade de um acompanhamen- o outro. A ética humanista apresentada por
to mais longo e aprofundado (Corsini, 1995). Rogers critica justamente o psicodiagnóstico,
Há que se destacar que uma modalidade de considerado contraproducente, e uma forma
aconselhamento é justamente o plantão psi- de dominação do psicólogo sobre o cliente,
cológico (Mahfoud, 2013), bastante tradicio- pressupondo a existência de um conhecimento
nal no cenário brasileiro, que pode ocorrer mais amplo e supostamente mais aprofunda-
em apenas um único encontro. No entanto, o do do primeiro em relação ao segundo (Ama-
plantão não é considerado uma psicoterapia tuzzi, 2012).
breve focal, nem se limita à produção de alívio O processo terapêutico ocorreria no encon-
e conforto. O que define o plantão é a não deli- tro face a face e nas atitudes do terapeuta para
mitação ou sistematização dessa oferta de aju- acessar o indivíduo. Desse modo, o indivíduo,
da, de modo que o profissional esteja disponí- ao buscar ajuda, deveria estar em sofrimento
vel para “encontrar com o outro na urgência” emocional, não importando a sua causa, a sua
(Doescher e Henriques, 2012), oferecendo-lhe intensidade ou as suas características. Quais-
suporte emocional, espaço para a expressão de quer demandas poderiam ser atendidas por
sentimentos e angústias, bem como possibili- meio do aconselhamento psicológico, o que
dade de reorganização psíquica e de instilação se distancia das considerações de Scheeffer
de esperança. (1980) e de Schmidt (2012). Mesmo assim, Ro-
No entanto, os processos e recursos empre- gers (2005 [1942]) aponta que existe uma ten-
gados nesses atendimentos (aconselhamento dência a empregar o termo aconselhamento
e plantão) seriam basicamente semelhantes. em entrevistas mais superficiais, enquanto a
É nesse sentido que o aconselhamento psico- psicoterapia seria empregada em atendimen-
lógico é empregado em modalidades como a tos mais duradouros e intensivos, como apre-
do plantão psicológico, que prevê o cuidado na sentado anteriormente.
urgência, em situações de atenção pontual que O aconselhamento psicológico possui uma
requerem técnicas breves (haja vista a possi- farta literatura que o apresenta como um cam-
bilidade de um único encontro) e que possam po de atuação que utiliza técnicas generalistas,
conduzir a um alívio psicológico sem a utiliza- ou seja, não alinhadas a abordagens psicológi-
ção de rebuscadas técnicas de investigação da cas específicas, no estabelecimento de uma re-
personalidade (Perches e Cury, 2013). O objeti- lação de ajuda considerada efetiva (Patterson
vo seria o de acolher o cliente em sua demanda e Eisenberg, 1988). Esses autores postularam
considerada urgente. princípios para que uma ajuda fosse efetiva:
Segundo Santos (1982), Rogers não se pre- (a) compreensão, que envolve a capacida-
ocupou em estabelecer uma definição sobre o de de compreender o problema que faz com
aconselhamento nem clarificar as suas diferen- que o cliente busque ajuda profissional, em
ças com a psicoterapia. No entanto, depreen- um exercício de profunda investigação acerca

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Aconselhamento psicológico e psicoterapia: aproximações e distanciamentos

dessa motivação e reflexão para compreensão mitir-se “ser o que se é” (Rogers, 1973), estan-
da problemática apresentada; do integralmente a serviço daquele processo
(b) mudança no cliente como foco de toda de ajuda e sendo coerente com o seu modo de
a intervenção, ou seja, quaisquer que sejam os ser, pensar, agir e se relacionar.
objetivos trazidos pelo cliente, a assunção dos (b) consideração positiva incondicional: o
processos de mudança são indicadores de que psicólogo deve vivenciar atitudes positivas de
a relação de ajuda está sendo efetiva; aceitação para com o cliente, sem julgamentos
(c) a qualidade da relação estabelecida entre ou reservas. Refere-se ao fato de o profissional
profissional e cliente, com foco no bem-estar acreditar profundamente que aquela pessoa em
daquele que busca ajuda e na possibilidade de busca de ajuda tem condições de amadurecer e
que o conselheiro manifeste suas impressões, resolver seus conflitos a partir desse crescimen-
desejos e interpretações do modo mais autên- to e da potencialização das suas capacidades.
tico possível, a fim de priorizar um relaciona- É a aceitação do cliente sem reservas, julgamen-
mento claro e transparente com seu cliente; tos ou questionamentos sobre o seu modo de
(d) processo sequencial, que se refere à ne- ser e as escolhas que tem tomado em sua vida.
cessidade de que haja um começo, um meio e (c) compreensão empática: é a capacidade
um fim da intervenção, o que pode durar um de o psicólogo colocar-se no lugar do cliente
ou mais encontros; estabelecer essa sequência em uma atitude “como se”, sem perder a no-
e cuidar para que ela seja respeitada é tarefa ção de que se trata do “como se”. Refere-se
do conselheiro; autorrevelação e autoconfron- à capacidade do profissional abrir-se à pos-
tação como recursos que devem ser utilizados sibilidade de experienciar, juntamente com
pelo cliente com a ajuda do olhar do conselhei- o cliente, suas dores, angústias e apreensões,
ro, ou seja, a ajuda só será efetiva se o cliente conservando a capacidade de afetar-se e de
puder, em algum momento, deparar-se com o conseguir refletir claramente sobre essa expe-
seu problema e estabelecer, juntamente com o riência a partir do ponto de vista dessa pessoa
profissional, metas e ações para promover es- em sofrimento.
sas mudanças; Assim como afirma Santos (1982), quando
(e) intensa experiência de trabalho, que o mundo do cliente se torna claro para o psi-
significa que o aconselhamento, mesmo sendo cólogo, ele pode mover-se nele com mais liber-
breve, deve ser intenso e envolver um árduo dade, pensando a respeito de sua experiência
trabalho tanto do profissional como do cliente e extraindo conhecimentos acerca desse posi-
no sentido de se atingir os objetivos delinea- cionamento. Posteriormente, Santos, em uma
dos no início do processo; aproximação de uma postura chamada por ele
(f) conduta ética, que fundamenta toda e de neo-rogeriana, não plenamente desenvolvi-
qualquer intervenção profissional com seres da em sua obra, aponta que a atitude mais efe-
humanos. No caso dos psicólogos, deve-se tiva em um processo de aconselhamento seria
considerar o código de ética profissional, que a empatia, sendo a condição terapêutica mais
trata de diversos elementos da intervenção importante. Essa postura neo-rogeriana desta-
psicológica, como estabelecimento do contrato cada por Santos refere-se ao fato de que muitas
de trabalho, sigilo, confidencialidade e segu- considerações de Rogers sofreram pesadas crí-
rança dos dados fornecidos nos atendimentos. ticas, abrindo espaço para a exploração de um
Na abordagem centrada na pessoa, são novo conceito, o da autoafirmação, que seria
consideradas as atitudes básicas do conselhei- um elemento básico na explicação da motiva-
ro que são definidoras do sucesso do processo ção humana.
de aconselhamento ou, em outras palavras, as
condições terapêuticas essenciais e suficientes Aproximações entre aconselhamento
(Rogers, 1959, 2001) que podem ser desenvol- psicológico e psicoterapia
vidas e aprimoradas pelo psicólogo:
(a) congruência ou autenticidade: o psicó- Strang (1949) foi um dos pioneiros a des-
logo deve estar aberto às experiências do seu tacar a dificuldade em se diferenciar aconse-
cliente, dispondo de sentimentos que ocorrem lhamento e psicoterapia, haja vista que ambos
com ele mesmo, não negando a si mesmo. os processos visam a ajudar os indivíduos e
A congruência ou autenticidade significa que obter um melhor desenvolvimento. Ainda as-
o profissional tem que ser, no encontro com o sim, estabelece um continuum no qual o acon-
cliente, o mais próximo possível do que é em selhamento educacional e profissional estaria
todas as suas relações, ou seja, que deve per- em uma posição inicial, realizado quando há

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Fabio Scorsolini-Comin

maior diretividade, brevidade e menor grau de Assim, o aconselhamento passou a ser


sofrimento. A psicoterapia seria um processo compreendido para além do oferecimento de
derivado do aconselhamento, representando conselhos e informações de modo diretivo e
um atendimento mais intenso e aprofundado, intencional e passou a incorporar técnicas de-
embora com os mesmos objetivos. De modo senvolvidas no contexto psicoterápico. Como
similar, para Scheeffer (1980), aconselhamento exemplo dos elementos trazidos por Rogers
e psicoterapia se confundem em suas finalida- (2001) para o campo do aconselhamento está a
des, haja vista que buscam ajudar a pessoa a não-diretividade, a atenção às atitudes básicas
compreender melhor a si mesma para orien- como condições para modificações construti-
tar-se quanto aos seus problemas vitais. A par- vas da personalidade, a tendência à autorrea-
tir da leitura de Rogers, Scheeffer afirma que a lização e o foco no processo de facilitação por
diferença entre essas modalidades reside ape- parte do psicólogo, sendo a ele vedada a ofer-
nas na terminologia, o que nos faz analisar de ta de conselhos, informações e interpretações.
modo mais atento as proposições rogerianas O sucesso de uma intervenção, para Rogers
acerca desses processos. (1992 [1951]), dar-se-ia por certas atitudes bá-
Rogers (1942) foi o pioneiro no sentido de sicas que se formam na relação com o cliente,
aproximar a prática do aconselhamento psico- entre elas a congruência ou autenticidade, a
lógico à psicoterapia justamente por não focar consideração positiva incondicional e a postu-
sua atenção na demanda trazida pelo cliente, ra empática, anteriormente apresentadas.
em seu psicodiagnóstico, em contraposição à A postura de abertura ao cliente e o envol-
teoria traço e fator e à tradição psicométrica vimento do psicólogo com o modo de existir
predominantes em sua época. Para esse autor, dessa pessoa em busca de ajuda é compre-
o ser humano viveria em busca da autorreali- endida por Forghieri (2007b), na abordagem
zação, ou seja, em busca de uma experiência fenomenológico-existencial, como um envol-
de crescimento. Assim, desde o primeiro en- vimento existencial, de modo que o psicólogo
contro entre psicólogo e cliente, há uma experi- compreenda as suas aproximações com o seu
ência de crescimento, não havendo diferenças cliente justamente por compartilharem o exis-
quanto a diagnósticos – todos os clientes, pos- tir-no-mundo, com frustrações, dificuldades,
suam eles patologias ou não, visam, em últi- sofrimentos e potencialidades. Esse compar-
ma instância, a atingir esse crescimento. Como tilhamento faria com que o aconselhando não
afirmado no início deste estudo, pela aproxi- visse o psicólogo como autossuficiente e alheio
mação que Rogers promove entre o aconselha- aos seus problemas, mas, pelo contrário, como
mento psicológico e a psicoterapia, suas ideias alguém que, por conhecer o problema e per-
são frequentemente evocadas quando o objeti- mitir-se estar com o paciente apresentaria real
vo é comparar esses dois campos. potencial de ajuda na situação de sofrimento.
Assim, o psicólogo seria um facilitador Scheeffer (1980), pensando nas aproxima-
desse processo, justamente por possuir conhe- ções entre aconselhamento e psicoterapia,
cimentos necessários à condução do processo destaca que um mesmo cliente em sofrimento
juntamente com o cliente (Mahfoud, 2013). O pode receber tratamentos diferentes a partir
foco é sempre o indivíduo e sua experiência de dessas duas formas de intervenção, ou seja,
crescimento pessoal. No entanto, mais do que uma mesma problemática pode ser abordada
pontuar as semelhanças entre aconselhamento de modos distintos a depender de como esse
e psicoterapia, Rogers (2001) trouxe ao cam- problema é compreendido pelo profissional.
po do aconselhamento psicológico, anterior- Assim, destaca a necessidade de que o profis-
mente compreendido de modo mais diretivo, sional possua formação tanto em aconselha-
algumas diretrizes por ele utilizadas na psi- mento como em psicoterapia, a fim de iden-
coterapia. Assim, pode-se dizer que as contri- tificar claramente sob qual enquadre o cliente
buições de Rogers tornaram o aconselhamento poderia ser atendido, a depender do problema
um processo menos mecânico e diretivo, que relatado, ou seja, que tenha acesso a uma ajuda
se apropriou de conhecimentos discutidos no que corresponda às suas necessidades.
campo da psicoterapia para promover mudan- A partir das considerações de Scheeffer
ças, aprendizagem significativa e bem-estar (1980), o foco, nesse sentido, recairia sobre a
nos clientes. Ao ampliar o escopo do aconse- necessidade de um adequado diagnóstico, o
lhamento, tornou essa área mais relacionada que se opõe radicalmente ao pensamento ro-
aos saberes psicológicos e à pesquisa envol- geriano, a fim de oferecer encaminhamento
vendo seres humanos. correto a cada caso. Isso não impediria, por

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Aconselhamento psicológico e psicoterapia: aproximações e distanciamentos

exemplo, que um caso inicialmente atendido da e constante reflexão acerca do seu papel.
em aconselhamento pudesse ser encaminhado O modo como a psicoterapia compreende o
a uma psicoterapia devido a observações ao psicólogo possui nuanças em relação às dife-
longo do processo, o que reforça a necessidade rentes abordagens, mas a centralidade do seu
de o psicólogo estar atento às necessidades de papel na condução do processo de mudança
cada cliente. Investir na formação de psicólo- do cliente é evidente (Corey, 1983).
gos habilitados tanto para o aconselhamento Cabe a esse profissional ter clareza acer-
como para a psicoterapia é uma das propostas ca das técnicas empregadas e refletir cons-
apresentadas por Corey (1983). No Brasil, não tantemente sobre a evolução do cliente, seus
existe, na formação do bacharel em Psicologia, desafios, suas transferências, suas contra-
uma atenção específica ao aconselhamento. transferências (por exemplo, na abordagem
Em muitos currículos de universidades brasi- psicodinâmica) e sua capacidade de estar com
leiras, não existe nem mesmo uma disciplina o outro de modo autêntico e genuíno (por
de aconselhamento psicológico, obrigatória ou exemplo, na abordagem centrada na pessoa).
eletiva. Mesmo assim, encontram-se relatos Essa necessidade estaria presente também no
de experiências de estágio que fazem uso do aconselhamento, ainda que a discussão pu-
aconselhamento, como no estágio supervisio- desse ser reduzida ao tempo de duração do
nado básico, obrigatório para a formação do processo de ajuda, às demandas trazidas pelo
psicólogo (Conselho Nacional de Educação, cliente ou mesmo em relação aos possíveis en-
2004, 2011; Silva, 2006). caminhamentos de cada caso.
Ainda que o aconselhamento psicológico Barros e Holanda (2007) aproximam o acon-
não seja uma disciplina presente em todos os selhamento psicológico da atividade clínica
currículos, muitos dos seus saberes são vei- justamente por considerarem a psicoterapia
culados e experienciados pelos estudantes como uma área suficientemente ampla e que
de Psicologia a partir do plantão psicológico, pode ocorrer em uma gama diversa de cenários
modalidade fortemente presente em nosso e contextos que não os classicamente difundi-
contexto universitário de oferta de extensão à dos. Em um propósito de clínica ampliada,
comunidade (Mahfoud, 2013). Assim, não po- os autores compreendem o aconselhamento
demos afirmar que o aconselhamento não está psicológico como possibilidade de ocorrência
presente nesses currículos, mas existem dife- do encontro clínico fundamental, mesmo que
rentes possibilidades de abertura para que os em um tempo reduzido. No aconselhamento
conhecimentos advindos do aconselhamento psicológico, como há a possibilidade de se en-
psicológico perpassem a formação do psicólo- caminhar o cliente a outras modalidades (por
go no contexto nacional. exemplo, à psicoterapia ou a um serviço psi-
Nessas experiências de estágio, o aconse- cológico), a depender das características desse
lhamento psicológico é, por vezes, empregado cliente e de suas demandas, trata-se de uma
como uma fase inicial do processo de forma- clínica com sentido preventivo. Além disso,
ção, na qual o aluno pode tatear o campo da o aconselhamento não necessita de um espa-
psicoterapia e dele se aproximar. A existência ço específico, favorecendo a ampliação dos
do aconselhamento nos anos iniciais dos cur- contextos possíveis para a chamada “clínica
sos de Psicologia reforça o caráter generalista nova psicológica” (Barros e Holanda, 2007,
e que oferece base para a formação como psi- p. 90). Desse modo, o aconselhamento seria
cólogo nos anos posteriores, nos atendimentos uma possibilidade dentro da clínica, mais
em psicoterapia nas diferentes abordagens ampla, estando a serviço da psicoterapia no
psicológicas. sentido de encaminhar a ela os casos que de-
Na abordagem centrada na pessoa, o psi- mandam uma atenção mais específica, apro-
cólogo não daria conselhos, informações ou fundada e a longo prazo, bem como encami-
apoio, nem mesmo ofereceria interpretações. nhar a serviços de atenção especializados os
Ao contrário, ele seria responsável por facili- casos que tratem de demandas que não sejam
tar, refletir e vivenciar tanto quanto possível abarcadas pelo aconselhamento.
os sentimentos do cliente (Santos, 1982). Nes- Em uma meta-análise conduzida por Ahn e
se sentido, observa-se uma compreensão do Wampold (2001), foram analisados os resulta-
aconselhamento bastante próxima do processo dos de intervenções utilizando aconselhamen-
psicoterápico, ou seja, um processo não-direti- to psicológico e psicoterapia em diferentes
vo que colocaria o profissional como alguém abordagens. Os resultados apontaram não ha-
que deveria manter uma relação de profun- ver diferenças significativas entre as interven-

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Fabio Scorsolini-Comin

ções no que se refere à efetividade do processo so de ajuda oferecido a pessoas que buscam
terapêutico. Isso pode evidenciar que mais do atendimento por quaisquer motivos, seja um
que buscar a diferenciação ou a aproximação transtorno mental ou a necessidade de apoio
entre essas modalidades, deve-se compreen- à tomada de decisão profissional. No proces-
der a qualidade da ajuda oferecida em termos so de ajuda, a formação do profissional deve
das atitudes básicas do psicólogo e se ele co- permitir que ele transite entre esses campos e
nhece os mecanismos pelos quais pode ofertar os conheça em profundidade, permitindo que
essa ajuda. possam fazer encaminhamentos e escolher a
Isso nos faz retornar a Rogers (2001) no que modalidade mais adequada a cada caso, quan-
tange ao fato de que mais importante do que do necessário.
diferenciar modalidades de ajuda é investir As diferenças, portanto, podem ser su-
na formação de profissionais aptos a desen- marizadas quanto aos seguintes aspectos: (a)
volverem ambas intervenções a depender do tempo da intervenção, sendo o aconselha-
enquadre possível, da demanda apresentada mento considerado mais breve, de curto pra-
e das condições existentes para aquele atendi- zo; (b) aprofundamento do caso e intensidade
mento. Isso quer dizer que o manejo do cliente do atendimento, o que decorre da primeira
diante das condições existentes parece ser o característica, já que a psicoterapia permite
mais importante, de modo que isso recai sobre uma investigação mais minuciosa e a longo
a figura do psicólogo e suas atitudes. A atitu- prazo; (c) demanda apresentada, sendo o
de de congruência e a postura empática, dessa aconselhamento mais voltado para situações
forma, parecem ser importantes apontamentos contextuais e mais pontuais, com foco no pre-
no sentido de oferecer um clima de seguran- sente, que envolvem sofrimento emergencial
ça e apoio à pessoa em sofrimento. O encami- e necessidade de alívio de tensões e acolhi-
nhamento dessa demanda (Barros e Holanda, mento; (d) as intervenções em aconselhamen-
2007), posteriormente, pode assegurar que a to focam a ação, mais do que a reflexão, e são
pessoa receba o atendimento adequado e que mais centradas na prevenção do que no trata-
possa se desenvolver a partir das próximas mento; (e) o aconselhamento é mais focado na
intervenções, quer sejam em um processo de resolução de problemas.
aconselhamento psicológico, em uma psicote- Devido à importância da obra de Rogers
rapia ou em um serviço especializado. (1973) na construção dos saberes relacionados
tanto ao aconselhamento como à psicotera-
Considerações finais pia, há que se destacar que, para esse autor, o
foco do atendimento psicológico não está na
De modo geral, pode-se dizer que o acon- resolução de problemas, mas no processo de
selhamento psicológico e a psicoterapia pos- permitir que o cliente adquira maior autono-
suem semelhanças, embora o assinalamento mia e liberdade para buscar o seu crescimento
das diferenças entre esses processos seja um pessoal e a autorrealização. Quando destaca-
importante marcador didático na formação de mos o foco no problema, recuperamos outros
psicólogos e possa conferir o devido prestígio autores clássicos do aconselhamento que não
a esses campos, notadamente o do aconselha- se alinham estritamente à abordagem centra-
mento psicológico se considerarmos o contex- da na pessoa (Corey, 1983; Scheeffer, 1980;
to brasileiro. Do mesmo modo, permitir que Patterson e Eisenberg, 1988), mas que cons-
essas áreas se aproximem, como proposto por tituem importantes referências para a área,
Rogers ao longo de sua obra, pode eviden- inclusive no interesse em diferenciar aconse-
ciar não a necessidade de delimitar campos lhamento e psicoterapia, o que constitui um
de ajuda, mas de compreender a natureza e a dos pilares do presente estudo teórico. As di-
qualidade desse cuidado, o que deve atraves- ferenças entre esses autores foram assinaladas
sar toda modalidade de ajuda psicológica. Ao ao longo deste estudo, de modo que se torna
deslocar a atenção das características de cada premente, a partir dessas considerações, de-
campo e assinalar as atitudes do profissional e senvolver estratégias de apoio psicológico que
o cuidado na relação com o cliente, recupera- possam se nutrir desse exercício teórico, bus-
se a necessidade de uma prática voltada ao hu- cando formas de estar com outro de um modo
mano, à experiência e à possibilidade de “ser” renovado, atento às potencialidades tanto do
e de “estar” com o outro. aconselhamento como da psicoterapia.
A necessária diferenciação, no entanto, não Bond (1995) destaca que o conselheiro deve
pode obscurecer a prática, ou seja, o proces- facilitar o processo de mudança e ajudar o

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Aconselhamento psicológico e psicoterapia: aproximações e distanciamentos

aconselhando a mantê-la. As semelhanças re- No Brasil, a própria construção do conceito


ferem-se ao escopo do processo de ajuda, das de plantão psicológico, amplamente utilizado
atitudes do psicólogo e da necessidade de de- em instituições e serviços-escola, constitui um
senvolvimento de recursos terapêuticos para desdobramento dos pressupostos do acon-
estabelecimento de uma relação de ajuda que selhamento, de modo que esses contextos de
possa ser considerada efetiva e para atingir os produção devem ser considerados como con-
objetivos delineados no início do processo. vites à reinvenção de práticas e possibilidades
Atualmente, observa-se que muitos psicó- de oferta de ajuda (Schmidt, 2012). As inova-
logos são formados sem que a disciplina de ções em curso e vindouras devem, no entanto,
aconselhamento psicológico seja oferecida ou partir do necessário diálogo com a produção
que suas práticas sejam desenvolvidas em pro- científica em diferentes contextos, guardadas
jetos de extensão, pesquisa ou em práticas de as devidas especificidades.
estágio. Isso ocasiona a dificuldade de consti- Independentemente das aproximações e dos
tuir um campo de pesquisa em aconselhamen- distanciamentos existentes, destacamos a pro-
to psicológico no Brasil, como atestado por posição de Schmidt (2012, p. 20), que destaca a
Scorsolini-Comin e Santos (2013), em análise prática do aconselhamento psicológico como
da produção científica na pós-graduação. O de fronteira, justamente por se constituir entre o
entrelaçamento entre essas áreas e suas prá- modelo médico e a educação e por “ser capaz de
ticas é enfatizado na maioria das publicações acolher, num primeiro momento, a ação de vá-
(Rogers, 1942; Santos, 1982; Scheeffer, 1980; rios e diferentes profissionais tais como educa-
Schmidt, 2012; Strang, 1949), de modo que, no dores, psicólogos, assistentes sociais, religiosos,
contexto brasileiro, deve ser mais investiga- entre outros, configurando-se como área multi-
da a atuação em aconselhamento psicológico, profissional”. Além disso, é uma área que busca
quando comparamos a produção nacional a de articular polos diferentes, como o instituído e o
outros países, como a dos Estados Unidos. instituinte, os saberes psicológicos e os de outras
Internacionalmente, o campo do aconse- áreas, a fim de levar à aprendizagem significati-
lhamento é mais sólido, com a oferta de mes- va. O psicólogo, nesse sentido, funcionaria como
trados profissionais abertos a profissionais um facilitador que oferece um tempo e um espa-
não psicólogos, por exemplo, e importantes ço nos quais a elaboração da experiência ocorre
periódicos são responsáveis por mostrar as por meio da escuta e do diálogo.
contribuições das pesquisas para o fortaleci- Outra definição de Schmidt (2012, p. 17) pa-
mento dessa área (Journal of Counseling Psycho- rece especialmente importante na caracterização
logy, The Counseling Psychologist, por exemplo) da área como algo dinâmico e em construção na
(Bowden, 2010). No Brasil, pelo contrário, são contemporaneidade: a do aconselhamento psi-
expressivos os periódicos voltados à psicote- cológico como “campo de invenção das práticas
rapia e à Psicologia Clínica (como Psicologia que, na singularidade das situações, propiciam
Clínica, Contextos Clínicos, Clínica & Cultura), a expressão do vivido de indivíduos e grupos e
com pouco espaço para publicações acerca de sua elaboração compreensiva”. Assim, o psicó-
experiências exclusivas de aconselhamento. logo construiria com o aconselhando caminhos
Desse modo, observa-se um constante interes- próprios para a escrita das trajetórias desen-
se na veiculação de estudos e intervenções em volvimentais. O espaço de criação possibilitado
aconselhamento nos Estados Unidos, o que pelo aconselhamento fortaleceria os aspectos
contrasta com a realidade nacional, mais in- positivos do aconselhando, levando-o a identi-
fluenciada pela Psicologia Clínica, o que reme- ficar e reconhecer seus problemas, seus recur-
te à própria constituição do saber psicológico sos e suas potencialidades, tendo, na figura do
em nosso país (Hutz-Midgett e Hutz, 2012). psicólogo, um apoio nesse reconhecimento e, no
Algumas técnicas do aconselhamento acaba- aconselhamento, um espaço de expressão e de
ram por ser incorporadas a outras áreas, como abertura para a mudança.
acontece com a Orientação Profissional e de Essas considerações, endereçadas ao acon-
Carreira (Souza e Scorsolini-Comin, 2011). selhamento psicológico, também podem se es-
Embora o movimento ocorrido nos Estados tender à psicoterapia em suas diversas aborda-
Unidos, de maior destaque para o aconselha- gens. Assim, concluímos com a necessidade de
mento, deva ser assinalado, isso não nos au- fortalecer ambos os campos do saber, reforçan-
toriza a afirmar que o mesmo processo deva do suas características e recomendações, sem
ocorrer no cenário nacional, ou seja, de maior interromper o debate e sem esquecer, a exem-
investimento no aconselhamento psicológico. plo de Rogers (2001), do papel fundamental do

Contextos Clínicos, vol. 7, n. 1, janeiro-junho 2014 12


Fabio Scorsolini-Comin

profissional na sua relação com o cliente: o que FORGHIERI, Y.C. 2007a. Aconselhamento terapêutico:
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