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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)

Faculdade de Ciências e Letras, Departamento de História – câmpus de Assis


Curso de Graduação em História (Licenciatura)
Disciplina: Fontes para Pesquisa histórica
Professor Responsável: Wilton Silva
Discente: João Pedro Vargas Frandsen
Período: matutino

MEMORIAL – Jorge Sidney Coli Junior

Sob intuito de atingir o cargo de titular enquanto professor de História da Arte e


da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Jorge Sidney Coli
Junior evocou muitas de suas memórias e reconstruiu toda uma trajetória que o levou ao
cargo acadêmico que na atualidade desfruta, e a descoberta desta sua paixão pela arte,
música, teatro, arquitetura. Nessa modalidade autobiográfica, fez-se necessário a junção
de duas narrativas: uma objetiva, que constitui o currículo e formação acadêmica; outra
subjetiva que se encontra entrelaçada a esta primeira, na medida que reflete lembranças
emotivas, reflexões que levaram a traçar e a escolher uma trajetória de vida. Em outras
palavras, como as experiências sensíveis refletiram em suas escolhas acadêmicas.
A começar por uma infância e juventude extremamente preenchida de cultura e
arte, que, a mudança de Serra Negra a São Paulo, propiciou ao autor. O ambiente
carregado de opções culturais que São Paulo oferecia, permitiu a juventude de Coli as
mais diversas experiências com a arte, teatro, literatura, cinema, ópera e até mesmo a
música reproduzida em Lps. Esse encantamento cultural teria sido ainda mais “adubado”
pelo contato com as disciplinas de História da Arte e filosofia em seu colégio Caetano de
Campos. Pelas mãos de sua professora Maria Helena Correia Porto de Barros Brotero,
vista como marcante em sua formação, ter-se-ia aberto uma porta para a paixão por essas
áreas. Assim, Jorge tornou-se íntimo dos sebos e grande consumidor de livros. Essa
experiência paralela a acadêmica (escolar) far-se-ia presente em todo o desenvolver da
trajetória do autor, onde o mesmo dizia encontrar a “verdadeira cultura”.
Tão importante para a vida profissional, esse gosto pela cultura e arte refletiu-se
na opção pelo curso de Filosofia da USP, do qual o mesmo passou a pertencer em 1967.
A partir de então, a experiência pelo conhecimento tornar-se-ia mais complexa e ao
mesmo tempo muito influenciada pelo contexto político. Em seu primeiro ano, o destaque
encontrou-se na experiência com a metafísica das aulas de Marilena Chauí, em
contrapartida ao Racionalismo que teria sido abordado na escola. Esse “mundo” novo,
todavia, não seria tão explorado em seu segundo ano, onde as tensões políticas e agitações
dentro da universidade teriam se aprofundado. Pontuando apenas um ocorrido, contudo
com um valor simbólico e acadêmico para vida de Coli fundamental: sua primeira
iniciação científica. Estabelecida pelos estudos sobre a obra de Mario de Andrade
interpretando uma produção de Padre Jesuíno do Monte Carmelo, sua pesquisa tinha
intuito de analisar o pensamento teórico de Mario de Andrade e seus reflexos apontam
para três fatos fundamentais para toda a trajetória de Coli: o primeiro deles foi a
consumação de uma grande amizade com sua orientadora D. Gilda de Mello e Souza e
seu amigo e fotógrafo Luiz Carlos Dantas; O segundo se configuraria na inovação do
projeto, que buscou registrar a obra de Jesuíno em fotografias coloridas, algo inovador
para época; e o terceiro será tratado mais à frente.
Contudo, o contexto político de 1969 externo a faculdade adentra a esta, e assim
como muitos de seus amigos, Jorge Coli opta pela saída do Brasil com destino à
Universidade de Provença (Aix-en-Provence), onde, por indicação de D. Gilda, Coli daria
continuidade a seu curso por meio de um mestrado. Mas a mudança que a priori se
mostrou cheia de percalços, em momentos posteriores se transformaria em tijolos de uma
grande construção de conhecimento. Em Provença, Coli entrou em contato com o
conhecimento e memória, base e método do qual até hoje o autor utiliza-se. Em outras
palavras, acreditava-se na construção de um conhecimento sólido sobre o objeto cultural,
como pré-requisito para análise, crítica, associações comparativas. Mas não só isso. A
experiência de Coli na Europa permitiu um acesso muito mais longínquo e profundo com
as artes, a arquitetura, cinema, música e principalmente a estética. Estética essa que, vai
além do conceito de padrão, adentrando no olhar sobre os sentidos. Jorge Coli pôde estar
em intimo contato com a realidade cultural e artística que estudava.
Nesse trajeto e experiência muito foi proposto como ideia de mestrado, desde
temas voltados ao cinema e a História da Arte Moderna. Mas uma ideia o tentou mais que
todas essas: diante de todo aquele Modernismo que exalava pelos corredores de
universidades e sonegava tudo aquilo que viria antes destes como não acadêmico, Coli se
interessou pelo século XIX, com um autor em especial – Revoil e sua arquitetura que em
pleno século XIX estendia e completava construções medievais, sobretudo de Igrejas.
Assim, o autor entraria para o ramo de autores que renovariam uma nova perspectiva e
releitura do século XIX com seu mestrado terminado em 1974.
Mas a modernidade não deixaria de fazer parte da mente de Coli, todavia este teria
optado por dar continuidade a sua pós-graduação (doutorado) ainda voltado, a priori, para
o século XIX. E diz-se a priori porquê de fato o período de doutoramento do autor foi
carregado de dificuldades e “desvios” de rotas. A princípio Coli inicia sua tese sobre “Les
annales archéologiques” - 1830 e 1840, editada por Didron, mas a crise no petróleo se
refletiria na realidade econômica e na estadia do autor na França que se sustentava a base
de bolsas. Com o custo de vida elevado Jorge começa a trabalhar como “professor
substituto” (chargé de cours) e como guia turístico, porém mesmo assim a situação
agravara-se mais ainda com a morte do irmão do autor em 1978. Se a multiplicidade de
empregos o deixara sem tempo de desenvolver atividades do seu doutoramento essa perda
seria definitiva para o retorno deste mesmo ao Brasil em 1979. Mudança de país, mudança
de tese que passara a ser o estudo das transformações arquitetônicas paulistas das décadas
de 1850 a 1929, com enfoque para sua cidade de origem, Amparo. Mas a mudança de um
ambiente que durante muito tempo foi acadêmico para um objeto de pesquisa fora do
mundo acadêmico (cidade interiorana) trouxe a decadência e descontentamento do autor
que se viu infeliz. Foi então que Jorge Coli decide voltar a França sob proposta de seu
amigo Luiz Dantas, trabalhando no Departamento de estudos Luso-brasileiros na
Universidade de Mirail em Toulouse. Ali, por mais que não tivesse desempenhado os
melhores cargos, produziu para jornais (Le Monde) e inclusive traduziu obras clássicas
para o francês (Os sertões, por exemplo).
Mas como retomar o doutorado longe do Brasil? Como trabalhar arquitetura longe
de seu objeto de estudo? A solução desta problemática está escondida na própria trajetória
já construída de Jorge, oculta em seu subconsciente e implícita nestas linhas escritas. Eis
aqui, a presença e a retomada das origens, no caso o primeiro projeto de iniciação
cientifica, e terceiro fato fundamental para a trajetória de Coli: o autor viu a possibilidade
de retomar os outros artigos da série “Mundo musical” feita por Mario de Andrade. Assim
ele poderia levar os documentos aonde quisesse e poderia construir uma pesquisa sólida.
E nesse momento então, mais uma vez Jorge Coli se submeteu a escolher pelo seu futuro,
dois caminhos a serem tomados: Coli descobri a abertura de uma vaga como Assistant
Associé (quer dizer, docente estrangeiro), no Departamento de História da Arte e
Arqueologia na Universidade Paul Valéry em Montpellier. Em contrapartida é
comunicado de uma abertura de vagas para professor na UNICAMP. A decisão por hora
o faz permanecer na França, mas a proposta definitiva vinda do Brasil convence o autor
a voltar para seu país de origem em 1985. Sendo sua tese, desta vez, transferida para
orientação no país.
A tese defendida teve muito mais do que um caráter analítico para com os textos
escritos semanalmente para a Folha de S. Paulo, como um olhar profundo para com o
próprio Mario de Andrade. Coli traçou e estudou “atitudes mentais” do intelecto de um
período tardio da vida de Andrade, onde a análise de seus textos permitiu identificar
fragilidades e prever em Mario de Andrade as fragilidades de uma cultura brasileira em
transformação. Desde um nacionalismo decadente, a genialidade de intervenção cultural.
Passando por dificuldades e fragilidades que toda personalidade passaria. Os intuitos dos
estudos sobre Mario de Andrade revelam um olhar muito mais profundo e humano de
uma figura que, para muitos tinha a imponência esculpida a bronze. Em outras palavras,
a escrita de Mario foi reflexo de uma cultura brasileira em transformação. Não imponente,
nem impotente, mas sensível a transformações.
Por fim a livre-docência, onde o tema, indicado por Gilda, foi análise de duas
obras de guerras: Guerra dos Guararapes e do Avaí (Victor Meirelles e Pedro Americo),
o que rendeu diversas bolsas e viagens para Roma, Florença e Paris, afim de aprofundar
na arte do século XIX. Essas obras, por mais nacionalistas que representem tem
influencias artísticas de uma escola internacional francesa e italiana.
Em sua última parte, Jorge Coli dedica-se a falar de sua relação enquanto docente
e seu legado enquanto educador. Sua ampla experiência cultural e artística reflete-se em
seu eu enquanto professor, isto é, o autor conta que sempre buscou e busca oferecer a
mais rica experiência em História da Arte e Cultura, promovendo eventos, viagens, etc.
Mais do que isso, seu legado envolve muito do sincretismo e pluralismo cultural e
artístico, do qual o autor acumulou em vida. Por mais “incalculado” que foi sua história,
fica nítido o amor de Jorge Coli por essa área e pelo ensino. Desta maneira, o professor
continua a desfrutar de muitas atividades artísticas, musicais, assim como em sua
juventude, afim de encontrar a “verdadeira cultura”, a “verdadeira vida”.

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