O que são funções executivas e qual a importância da
primeira infância no seu desenvolvimento?
As Funções Executivas são um conjunto de processos cerebrais responsáveis pelo controle, monitoramento e regulação das nossas ações, pensamentos e emoções. Com estas funções nós conseguimos disciplinar o nosso comportamento para atingir metas; flexibilizar formas de pensar; nos auto regular, controlando os nossos impulsos e adequando as nossas ações às regras sociais; tomar decisões baseadas nos objetivos pretendidos; realizar planos e solucionar problemas, tudo isso, ao mesmo tempo em que nos auto monitoramos para verificar a eficácia do que estamos fazendo. Muita coisa, não? Isso acontece porque as Funções Executivas abrangem um agrupamento de regiões cerebrais que envolvem diferentes domínios cognitivos. Mas, afinal, qual o papel da primeira infância no desenvolvimento das funções executivas? A primeira infância (período que vai da gestação até os 5/6 anos de idade) constitui a fase do desenvolvimento onde é formada a base cerebral que dará sustentação a todas as nossas funções cognitivas e isso inclui as FE. Para que desenvolvamos bem estas funções, cujas habilidades foram descritas no início do texto, é preciso que em sua base ela receba estimulação adequada. A maioria dos teóricos explicam que são diversos os domínios que fazem parte das Funções Executivas e que elas se desenvolvem ao longo da nossa vida, até o início da fase adulta. 3 importantes aspectos que já estão presentes, mesmo que de maneira mais rudimentar, na primeira infância.
1. Inibição do comportamento: Basicamente é a capacidade de pensar antes de
agir, ou seja, resistir à urgência de dizer ou fazer alguma coisa avaliando a situação e o impacto que o nosso comportamento causará. Como por exemplo, sentir vontade de bater em alguem, mas conseguir frear essa reação por ser inapropriada; resistir à tentação de roubar o doce do colega, dentre outros. 2. Memória operacional: é a habilidade de manter uma informação em mente pelo tempo suficiente de utilizá-la na solução de algum problema, ou para fazer relações de ideias. Isso envolve, por exemplo, reter as informações-chave necessárias para a solução de um problema reter fonemas e palavras da fala até que eles possam ser recuperados na ordem correta ou ser integrados em ideias significativas; conseguir integrar informações novas a um conhecimento anterior, dentre outros. A memória operacional é necessária tanto para nossa compreensão de problemas e criação de resoluções como para a compreensão e produção da linguagem. Na infância, principalmente, diversos estudos têm correlacionado a capacidade de memória operacional com desempenho acadêmico. 3. Flexibilidade cognitiva: habilidade de mudar o foco atencional, o ponto de vista, as prioridades ou as regras para adaptar-se às demandas do contexto. Por exemplo: se adaptar bem à mudanças de rotina ou de planos; inventar ou aceitar bem formas alternativas de resolver um problema (sem aquele pensamento de que “só vale se for do meu jeito”); não ter dificuldade em substituir uma informação ultrapassada por uma atual, etc. Crianças pequenas podem ainda não ter muitas das habilidades citadas desenvolvidas, mas isso não significa que elas não possam ser estimuladas desde já, prevenindo possíveis dificuldades em sua aquisição. Inúmeros estudos mostram que crianças que receberam estimulação adequada para o desenvolvimento dessas habilidades tornaram-se jovens e adultos com melhor saúde mental, comportamento, sociabilidade e desempenho acadêmico e profissional. Existem diversas atividades que ajudam a estimular as Funções Executivas da criança e elas podem ser usadas tanto em contexto escolar quanto no dia a dia dentro de casa.