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GOVERNANÇA E PARTICIPAÇÃO NO CONTEXTO DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO

ESTRATÉGIA

GOVERNANÇA E PARTICIPAÇÃO NO CONTEXTO DAS


COOPERATIVAS DE CRÉDITO

GOVERNANCE AND PARTICIPATION IN THE CONTEXT OF CREDIT COOPERATIVES

Joaquim Rubens Fontes Filho


Fundação Getulio Vargas - EBAPE

Elvira Cruvinel Ferreira Ventura


Banco Central do Brasil

Mauro José de Oliveira


Banco Central do Brasil

RESUMO
Este artigo explora os referenciais da teoria da agência e teoria do stewardship, caracteriza-
dos por diferentes premissas sobre a natureza humana e motivação dos gestores, com o
objetivo de investigar a contribuição dessas teorias na formulação de modelos de governan-
ça para cooperativas de crédito. Ao atuarem em bases colaborativas em um ambiente
competitivo, as cooperativas de crédito exibem tanto particularidades quanto possibilidades
não exploradas nos modelos tradicionais de governança corporativa, por trazerem conside-
rações valorativas que sustentam seu modelo de negócio. A partir de uma revisão do refe-
rencial teórico da governança corporativa, da análise da atuação das cooperativas de crédito
no país, e de entrevistas em profundidade com gestores de organizações desse segmento,
esta análise exploratória indicou que uma associação das duas teorias pode vir a proporci-
onar melhor efetividade para tratar as questões de governança das cooperativas de crédito,
trazendo novas possibilidades também a organizações atuando em contextos semelhantes.

PALAVRAS-CHAVE
Governança corporativa. Governança organizacional. Cooperativas de crédito. Teoria da agên-
cia. Teoria do stewardship.

ABSTRACT
This article explores the references of the agency theory and the stewardship theory,
characterized by different assumptions about human nature and motivation of the managers,

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in order to investigate the contribution of these theories in the formulation of models of


governance to credit cooperatives. While working on collaborative basis in a competitive
environment, the credit cooperatives exhibit both characteristics as unexplored possibilities
for analyzing traditional models of corporate governance. Based on a review of the theoretical
reference of corporate governance, the analysis of the performance of cooperative credit
institutions in the country, and in-depth interviews with managers of organizations that
segment, the results of this exploratory study indicate that a combination of the two theories
could provide better effectiveness to address the issues of governance of the cooperative
credit institutions, bringing new contributions also to organizations working in similar contexts.

KEYWORDS
Corporate governance. Organizational governance. Credit cooperatives. Agency theory.
Stewardship theory.

INTRODUÇÃO buição de poder, de filosofia implícita da natureza


humana e lógica de controle. Apesar dessas dife-
Desde início da década de 90, com a introdu-
renças, as teorias que fundamentam os modelos
ção do relatório Cadbury, no Reino Unido, e a co-
de governança, propostos a essas organizações
brança de uma postura de investidor ativo aos fun-
não mercantilistas, muitas vezes seguem a mes-
dos de pensão norte-americanos, que o termo
ma lógica e referencial teórico que sustentam
governança corporativa vem ganhando importân-
modelos de governança de corporações privadas.
cia no ambiente empresarial e político. Embora
semanticamente associado às empresas privadas O objetivo deste artigo é contrapor a utilidade
com capital negociado em bolsas de valores, seus de dois referenciais teóricos fundamentais à cons-
referenciais são relevantes também para organi- trução de modelos de governança, da teoria da
zações sem fins lucrativos, colaborativas, estatais agência e teoria do stewardship, verificando sua
e qualquer outra onde ocorra uma separação en- aplicação e contribuição a um ambiente específi-
tre a natureza dos proprietários e os responsáveis co de organizações não mercantilistas, das coo-
pela gestão, situação que permeia praticamente perativas de crédito.
todas as organizações na sociedade. Seus con- Como organizações caracterizadas, por sua
ceitos fundamentais podem ser referenciados para natureza jurídica, como sendo sem fins lucrativos,
tratar os diversos arranjos necessários à orienta- as cooperativas de crédito atuam no Brasil em um
ção estratégica e controle de uma organização, ambiente altamente competitivo, disputando es-
envolvendo detentores da propriedade ou seus paços de mercado com bancos, financeiras e se-
financiadores e o aparato de execução. guradoras. Ao analisar o modelo associativo des-
Conquanto esses arranjos guardem inúmeras sas organizações, pretende-se verificar possibilida-
semelhanças quando aplicados a organizações des não exploradas nos modelos tradicionais de
diversas, são, contudo, essencialmente diferentes governança, ao se incluírem as considerações va-
em termos de finalidade, de dinâmica de distri- lorativas que sustentam o modelo cooperativo e

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se adotarem referenciais teóricos que se contra- O artigo está dividido em seis partes, além da
põem à premissa do homo economicus. introdução. Inicialmente são apresentadas as prin-
Os valores de ajuda mútua e responsabilida- cipais vertentes de práticas de governança corpo-
de, democracia, igualdade, equidade e solidarie- rativa e o referencial teórico que embasa essas
dade, e a crença na honestidade, transparência, práticas: teoria da agência e teoria do stewardship.
responsabilidade social e preocupação com seu Em seguida, são apresentados o contexto das co-
semelhante, norteadores do cooperativismo (OCB, operativas de crédito no Brasil e as questões as-
2006), são basilares na definição de seu modelo sociadas à governança dessas organizações. A
de gestão e em suas práticas organizacionais. Tais descrição da metodologia da pesquisa de campo
valores se chocam com as premissas do indivíduo e o relato dos resultados complementam o artigo.
egoísta e orientado à maximização de interesses
particulares que fundamentam a teoria da agên- AS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA
cia.
Governança corporativa trata das “maneiras
Fortney (2006) propõe questões que devem pelas quais os fornecedores de recursos às corpo-
ser discutidas e nortear o sistema de cooperativas rações se asseguram que irão obter retorno de
de crédito relativamente às praticas de governan- seus investimentos” (SHLEIFER; VISHNY, 1997, p.
ça: as organizações estão conseguindo selecionar
737). Originalmente, as questões direcionadas
candidatos apropriados como conselheiros? Os
pelos modelos de governança corporativa visavam
conselheiros estão capacitados nas questões emer-
resolver problemas decorrentes de uma estrutura
gentes? As organizações estão dotadas de planos
empresarial, em que propriedade e gestão são
de sucessão? Há diversidade entre os membros
alocados a indivíduos ou grupos diferentes, o que
do conselho? Uma investigação das práticas atu-
gera problemas de motivação, horizonte de pla-
ais poderia estender essa lista: há separação en-
nejamento, propensão a risco e alinhamento de
tre membros do conselho e da diretoria, embora
interesses, os denominados problemas de agên-
não obrigatório pela legislação? Os associados
cia. A governança corporativa se refere ao gover-
conseguem compreender e influenciar diretamen-
no estratégico da empresa, aos sistemas de con-
te na gestão?
trole e monitoramento estabelecidos pelos acio-
No caso brasileiro, o fortalecimento da gover-
nistas, para que ações e decisões dos gestores
nança das cooperativas de crédito é também fun-
sejam realizadas no melhor interesse dos proprie-
damental para apoiar a profissionalização na área,
tários.
ainda distante da praticada no sistema financeiro
em geral, e garantir a confiabilidade do segmento No âmbito da governança corporativa, e em
frente a um cenário de crescimento nos ativos e virtude da difusão do modelo shareholder, de ori-
número de participantes. gem anglo-saxônica, a teoria da agência constitui
A partir da consolidação e análise do marco o referencial teórico predominante (DAILY; DAL-
regulatório do setor e do referencial teórico sobre TON; CANNELLA, 2003; SHLEIFER; VISHNY,
governança corporativa e das organizações, em 1997). Essa teoria é orientada para tratar os pro-
particular aquele específico sobre a governança blemas provocados pela separação entre a propri-
das cooperativas, foram realizadas entrevistas em edade e gestão das empresas, que se iniciou no
profundidade com gestores de organizações do século XIX, com a internalização dos processos
segmento de crédito cooperativo, no sentido de produtivos e a hierarquização das empresas, acom-
averiguar, no campo, a adequação dos modelos panhadas pelo desenvolvimento da função geren-
teóricos. cial e formação da empresa moderna multidivisi-

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onal, eventos analisados pelo historiador econô- práticas nesse contexto. Enquanto os modelos de
mico Alfred Chandler (MCGRAW, 1998). governança baseados na teoria da agência priori-
Conforme a teoria da agência, tanto proprietá- zam os sistemas formais – remuneração dos exe-
rios quanto gestores são percebidos como bus- cutivos, votos por procuração, conselhos de admi-
cando maximizar sua função-utilidade particular. nistração, monitoramento e promoção dos em-
Entretanto, enquanto que para o proprietário a ri- pregados etc. –, modelos baseados na teoria dos
queza é a variável sujeita à maximização, para os stakeholders propõem soluções menos formais,
administradores, a função-objetivo pode incluir em geral baseadas em confiança e cooperação,
remuneração, poder, segurança e reconhecimen- que apresentam solução superior aos problemas
to profissional. Esquemas de monitoramento, con- de contratualização (JONES, 1995).
trole e incentivos são necessários para assegurar Davis, Schoorman e Donaldson (1997a) iden-
que o comportamento do gestor aconteça segun- tificam que, quando as premissas da teoria da
do o melhor interesse do principal. Duas ques- agência não se confirmam, de forma que o agen-
tões fundamentais nos problemas de agência são te não assume um comportamento oportunista,
derivadas dessa diferença na função-objetivo, re- mas colaborador, sua utilização pode gerar frus-
lacionadas a possibilidades de ação oculta (hid- tração e impedir o desenvolvimento de relações
den action) e informação oculta (hidden informa- cooperativas do agente com o principal. Outro pro-
tion), e referidas na literatura sobre teoria da agên- blema é: limitar a atuação do agente significa limi-
cia respectivamente como risco moral (moral ha- tar também sua competência para atender aos
zard) e seleção adversa (adverse selection ). objetivos do principal (HENDRY, 2002), gerando,
As discussões sobre governança corporativa no em conseqüência, um ambiente de baixa motiva-
Brasil têm privilegiado os modelos de base sha- ção e níveis de eficiência e eficácia não otimiza-
reholder, muitas vezes seguindo uma transposi- dos.
ção acrítica de modelos anglo-saxões. Se lá o pro-
Um modelo pouco explorado na literatura é
blema é a separação entre propriedade e gestão,
desenvolvido a partir da flexibilização da premissa
aqui as relações entre acionistas majoritários e
de homem “oportunista e egocêntrico”, fundamen-
minoritários tipificam o problema maior. Da mes-
tal à teoria da agência. Revendo a perspectiva eco-
ma forma, a transposição dos modelos de gover-
nômica seguida por essa teoria, Davis, Schoorman
nança desenvolvidos para empresas privadas de
e Donaldson (1997a e 1997b) adotam, como
capital aberto, operando em um contexto de mer-
premissa, um novo modelo de homem para o
cado acionário vigoroso, para empresas de capital
fechado ou sem fins lucrativos, não é válida sem agente, com base na psicologia e sociologia, e pro-
uma avaliação das premissas subjacentes ao mo- põem outra teoria relacionada aos problemas de
delo. Ao se assumirem modelos de empresas de agência, à qual denominam teoria do stewardship.
mercado no tratamento das questões de gover- Contrariando a visão econômica tradicional, pro-
nança, são assumidas também as premissas de põem que o indivíduo não age no interesse pró-
seus referenciais teóricos, que nem sempre se prio, mas coletivo, segundo uma orientação pró-
confirmam em outros ambientes. organizacional e baseada na confiança mútua.
Nos modelos de governança stakeholders, de Arthurs e Busenitz (2003), comparando a te-
base nipo-germânica, o papel de grupos de inte- oria da agência à teoria do stewardship , destacam
resse é muito mais significativo que nos modelos a ênfase que esta coloca na caracterização do ser
shareholder. Nesse caso, a teoria dos stakehol- humano, como um ser que tem necessidades, de
ders pode apresentar maior poder explicativo das ordem elevada, de auto-estima, auto-realização,

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crescimento, realização e pertencimento, con- respectivamente os modelos das teorias da agên-


trastando com a visão de homem da teoria da cia e do stewardship. Sundaramurthy e Lewis
agência, visto como oportunista, não confiável e (2003) analisam que a abordagem de controle
perseguindo limitados objetivos financeiros. Da- adotada pela teoria da agência enfatiza a discipli-
vis, Schoorman e Donaldson (1997a) relacionam na, enquanto que a abordagem colaborativa da
as diferenças entre as duas teorias aos modelos teoria do stewardship enfatiza a prestatividade, a
de homem propostos na obra clássica de Douglas confiança e a parceria. O Quadro 1 elenca as prin-
McGregor sobre a Teoria X e Y, que suportariam cipais diferenças entre as duas teorias.

QUADRO 1
Teoria da agência versus teoria stewardship

Fonte: DAVIS; SCHOORMAN; DONALDSON, 1997a.

Críticos da teoria do stewardship apontam, entre principal e agente (ARTHURS; BUSENITZ,


contudo, que ela confunde a teoria da agência 2003).
com o problema de agência, além de estar mais Considerar a teoria do stewardship no redese-
direcionada à relação entre as partes do que na nho de modelos de governança pode ser útil, ape-
tarefa a ser desempenhada. Além disso, seria in- sar dessas críticas, principalmente para organiza-
suficiente para tratar os problemas de alinhamen- ções de natureza menos competitiva ou sem fins
to de interesses (ALBANESE; DACIN; HARRIS, lucrativos, ambientes onde predominam ações de
1997), ou considerar relações não hierárquicas natureza colaborativa, tais como associações, sin-

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dicatos, cooperativas e organizações do terceiro As cooperativas de crédito escolhidas como


setor. As cooperativas de crédito, por operarem foco do estudo são classificadas como instituições
segundo configurações colaborativas em merca- financeiras, segundo a Lei 4595, de 1964. Coo-
dos competitivos representam um objeto de es- perativa de crédito é uma sociedade de pessoas
tudo de interesse para cotejar as possibilidades com forma e natureza jurídica própria, de caráter
de utilização de propostas baseadas nas teorias civil, não sujeita a falência, constituída para prestar
da agência e do stewardship. serviços financeiros e, ou, bancários aos associa-
dos e à comunidade onde atua. Constituem um
COOPERATIVAS DE CRÉDITO NO BRASIL grupo de organizações que muito tem crescido
no Brasil nos últimos anos, passando de 800 sin-
Cooperativa é uma associação autônoma de gulares, em 1900, para 1428, em agosto de 2007
pessoas que se unem, voluntariamente, para sa- (BANCO CENTRAL, 2007).
tisfazer aspirações e necessidades econômicas,
Em que pese sua ainda tímida participação no
sociais e culturais comuns, por meio de uma em-
Sistema Financeiro Nacional (SFN), com ativos que
presa de propriedade coletiva e democraticamen-
somam 30,15 bilhões de reais em dezembro de
te gerida (OCB, 2006). O processo e o custeio da 2006, representando 1,9% do SFN – e patrimô-
administração de uma cooperativa não têm ori- nio líquido de 6,23 bilhões, ou 3,16 % do SFN, o
gem no mercado: nascem dos associados, que segmento de crédito cooperativo mais que do-
mantêm seu processo produtivo e rateiam seu brou sua participação relativa no SFN ao longo dos
resultado (TRETER; KELM, 2005). Segundo OCB últimos dez anos, mostrando um sólido crescimen-
(2006), entre os princípios do cooperativismo to (BANCO CENTRAL, 2006). Além disso, ao faci-
estão: a adesão voluntária e livre; a gestão demo- litar o crédito e serviços bancários a populações
crática; a participação econômica; autonomia e com dificuldades no acesso a bancos comerciais,
independência; educação, formação e informação; assume, além da importância econômica, uma
intercooperação; e interesse pela comunidade. No importância social, o que aumenta a necessidade
Brasil, existem ao menos treze ramos de coopera- da investigação dos mecanismos de governança
tivas como, por exemplo, cooperativas agropecu- utilizados no âmbito do sistema.
árias, de produção, de consumo, de trabalho e de No Brasil, o governo federal tem priorizado e
crédito (OCB, 2006). incentivado o segmento de cooperativas de crédi-
to como uma forma de inclusão social, principal-
As cooperativas, conquanto classificadas como
mente em relação ao acesso a serviços financei-
organizações sem fins lucrativos, enquadram-se
ros e incentivos ao empreendedorismo. Na visão
na categoria de organizações não governamen-
de Carvalho, Oliveira e Cunha (2004), as coope-
tais, dado o objetivo de servir à sociedade, ope-
rativas de crédito atuariam como agentes de pres-
rando em funções típicas do Estado. Enquanto são para redução do spread bancário praticado
no setor privado predomina a lógica do lucro, as no País. Tais fatos indicam que o segmento apre-
cooperativas compõem o setor econômico de senta grande potencial de crescimento no Brasil,
economia social ou terceiro setor, onde a lógica é o que se torna mais relevante dada a atual con-
dada pelo voluntariado. Dentre as funções sociais centração do sistema bancário.
das cooperativas estão a distribuição de renda, a O Conselho Monetário Nacional (CMN), por
prestação de serviços públicos como saúde e edu- meio da Resolução 3106, de 2003, instituiu a
cação, e a participação na regulação de mercado cooperativa de crédito de livre admissão de asso-
(PAGNUSSATT, 2004). ciados e de empresários, o que representou mo-

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dificação substancial na constituição das entida- dora do SFN, que envolvam, entre outros aspec-
des e práticas de governança, uma vez que repre- tos, a análise econômico-financeira do negócio,
senta forma alternativa de permitir a associação e demanda mercadológica, estrutura patrimonial e
acesso aos benefícios do sistema cooperativo a organizacional, objetivos estratégicos, padrões de
outras parcelas da população. Em agosto de 2007, governança e ações de capacitação de dirigentes
quatro anos após sua regulamentação, existiam (CONSELHO, 2005). Tais exigências normativas
operando 132 cooperativas de livre admissão são assemelhadas àquelas estabelecidas para os
(BANCO CENTRAL, 2007). Segundo Oliveira demais tipos de instituições financeiras que com-
(2004), as alterações têm provocado mudanças põem o SFN, sugerindo uma caracterização, sob
nos instrumentos básicos do cooperativismo de essa ótica, como empresas de mercado, porém,
crédito, como, por exemplo, critérios de afinidade sem perder de vista os princípios cooperativistas.
para fins de associação, capital social mínimo, li- Segundo a Lei 5.764, de 1971, que rege o
mites operacionais, condições para o exercício de cooperativismo no Brasil, o sistema é dividido em
cargos em órgãos estatutários e regras para cons- três níveis de atuação: Cooperativas Singulares,
tituição. Cooperativas Centrais ou Federações, constituídas
Com os novos tipos de cooperativas de crédi- pela união das Singulares, e Confederações, con-
to e a expansão do setor, aumentam os riscos do figuradas por um conjunto de Centrais (BRASIL,
negócio, uma vez que cooperativas de livre ad- 1971). Atualmente, o cooperativismo de crédito
missão, ao romper a exigência de vínculos associ- está organizado no Brasil em três grandes siste-
ativos anteriores, assemelham-se a instituições fi- mas – de Crédito Cooperativo (SICREDI), o de
nanceiras convencionais quanto à forma de ope- Cooperativas de Crédito do Brasil (SICOOB) e
rar e de se relacionar com seus públicos. Esse Unicred – além de nove sistemas menores, como
fato pode ser corroborado pelo incremento regis- o Cresol e o Ecosol. Existem ainda as chamadas
trado das exigências para funcionamento das co- cooperativas “solteiras” ou independentes, não fi-
operativas, particularmente as de livre admissão, liadas a cooperativas centrais. Os três grandes sis-
como disposto pela Resolução 3321, de 2005, temas estão organizados em todos os níveis, sen-
do CMN, que traz, como pontos principais, exi- do que somente a Confederação da Unicred é de
gências quanto à sustentação do empreendimen- crédito, sendo as outras duas somente de servi-
to e ao planejamento das atividades. Previamente ços. Os sistemas restantes atingem apenas o 2º
ao início do funcionamento dessas cooperativas, nível.
são exigidos estudos que devem ser submetidos A configuração do sistema, por tipo e ramo de
à apreciação do Banco Central, entidade regula- atividade, em agosto de 2007, era a seguinte:

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QUADRO 2
Quantidade de cooperativas de crédito

Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2007.1

GOVERNANÇA EM COOPERATIVAS DE CRÉ- estimula a participação, enquanto a exigência de


DITO renovação mínima inibe o continuísmo, mas exi-
ge programas de formação constante para os no-
A Lei 5764 estabelece para as cooperativas a
vos dirigentes.
obrigatoriedade de assembléias gerais anuais, per-
mitida a participação de todos os associados, que Na base, estão as cooperativas singulares, or-
têm assegurados direitos igualitários nas votações, ganizações de primeiro grau, que são geridas por
exceto em alguns casos previstos em Lei. A admi- um Conselho de Administração e, ou, uma Dire-
nistração da cooperativa deve ser exercida por um toria Executiva e fiscalizadas por um Conselho Fis-
Conselho de Administração (C. A.) e, ou, Diretoria cal. Estes órgãos têm a missão de implementar as
com mandato de no máximo quatro anos, e com deliberações da Assembléia Geral, órgão supre-
renovação mínima de 1/3 para o C. A. O Conse- mo da entidade, e estabelecer a governança in-
lho Fiscal tem mandato de um ano, com renova- terna em condições que atendam aos interesses
ção mínima de 2/3. Todos esses cargos devem dos associados, tanto na qualidade de proprietári-
ser ocupados exclusivamente por associados (BRA- os da entidade quanto de usuários dos serviços.
SIL, 1971). Segundo Pagnussatt (2004), esse fato As cooperativas centrais, que constituem o segun-

1
http://www.bcb.gov.br/htms/Deorf/d200708/quadro3.asp.

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do grau, e as confederações, o terceiro grau, têm cado a esse contexto, predominam as abordagens
a mesma estrutura de governança das singulares. em que práticas de empresas de capital aberto
Cada uma das entidades requer governança inter- são transplantadas para essas organizações, em
na específica, que deve estar sincronizada com a particular com base no referencial da teoria da
governança de seus sistemas (PAGNUSSATT, agência, como mostram as propostas de Arzback
2004). (2004), Pagnussatt (2004) e Hübenthal (2003).
Na análise das estruturas de governança des- Alguns pontos na governança das cooperati-
sas organizações, é útil observar as restrições apre- vas podem tornar problemática a relação de agên-
sentadas por Ciancanelli e Gonzalez (2000) so- cia entre os cooperados e seus administradores
bre a governança corporativa no sistema bancá- como, por exemplo, o fato de os membros dos
rio, em virtude das várias semelhanças com o conselhos serem também executivos e a existên-
modelo de crédito cooperativo. Esses autores cri- cia de forte efeito carona (free rider) entre os co-
ticam as aplicações da teoria da agência a esse operados, que muitas vezes não se percebem
ambiente por assumirem que bancos operam no como proprietários. O efeito carona se refere à
mesmo tipo de mercado competitivo e segundo desmotivação que os cooperados enfrentam ao
as mesmas forças que afetam outras empresas, o avaliar que terão poucos benefícios frente aos
que contraria a literatura no setor. Por operarem custos de sua maior participação.
em um mercado fortemente regulado, bancos têm Em cooperativas de crédito, os investidores são
características diversas de outras empresas, de também clientes. Além disso, nesse tipo de or-
forma que o uso da teoria da agência implica a ganização, muitas vezes o espírito cooperativista
utilização de suposições que obscurecem as sin- rivaliza com posturas oportunistas do quadro soci-
gularidades dos dilemas de governança que en- al. Enquanto há os que se associam por acreditar
frentam. nos ideais cooperativos, há aqueles que seguem
Apontam pelo menos três características des- uma lógica utilitarista e pragmática, associando-se
se ambiente que não correspondem às assunções pelo menor custo de suas operações ou pela difi-
da teoria (CIANCANELLI; GONZALEZ, 2000, p. 6): culdade que têm em conseguir atender suas ne-
(a) bancos comerciais operam em um mercado cessidades financeiras em outro local (AMESS;
regulado ou administrado, e não em mercados HOWCROFT, 2001). Como conseqüência, a cons-
normais ou competitivos; (b) a assimetria infor- trução da confiança depende do ethos criado na
macional não se limita ao relacionamento princi- cooperativa, em torno de um espírito associativo,
pal-agente entre proprietários e gestores, mas en- mas sua utilização nas estruturas de governança
tre depositantes, tomadores de empréstimos, ban- deve considerar as diferentes razões da adesão a
queiros, gerentes e reguladores, e (c) a estrutura seus quadros.
de capital é fortemente alavancada, refletindo a A participação das cooperativas de crédito no
própria função de intermediação dos bancos, e SFN faz com que sua governança transcenda os
não segue as limitações de otimização seguidas limites do interesse particular dos associados, sen-
pelas empresas em outros segmentos. do também uma questão de política pública.
Apesar do crescimento das cooperativas, as Nesse sentido, Pagnussatt (2004) afirma que o
práticas de governança do segmento não têm sido público externo coloca restrições à governança das
tratadas de forma abrangente na literatura de ges- cooperativas, uma vez que associados são clien-
tão, particularmente das cooperativas de crédito, tes e dirigentes, o que pode ser positivo para res-
que integram o sistema financeiro nacional. Além guardar seus interesses, embora transferindo ris-
disso, no escasso referencial de governança apli- cos a terceiros, como governo e fornecedores.

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Ressalta, contudo, que na prática ocorre exatamen- ais de transparência, accountability e verificabili-
te o contrário, uma vez que a perenidade da coo- dade, seguindo exigências de comitê parlamentar
perativa interessa principalmente aos associados. que examinou os benefícios tributários dessas
A adequação do corpo teórico e das estrutu- cooperativas nos Estados Unidos.
ras de governança para o ambiente das coopera-
tivas de crédito pode implicar em redução de cus- METODOLOGIA
tos, pela economia nos custos de transação e re-
Frente à natureza exploratória do trabalho, dada
dução da possibilidade de seleção adversa e risco
a pouca aplicação da teoria do stewardship a
moral (AMESS; HOWCROFT, 2001), e no estímu-
modelos de governança em organizações, parti-
lo à gestão, ao fortalecer aspectos da participação
cularmente a cooperativas de crédito, a metodo-
no controle e monitoramento da gestão.
logia da pesquisa, de caráter exploratório, se ba-
A configuração de diretrizes adequadas de seou em entrevistas em profundidade com gesto-
governança pode contribuir para o desenvolvimen- res de cooperativas e especialistas no setor. A pes-
to de diretrizes que melhorem o relacionamento quisa de campo teve como objetivo identificar a
entre as partes envolvidas na propriedade e con- percepção desses profissionais quanto às práticas
trole, aumentando a segurança e a representativi- de governança das cooperativas, segundo roteiro
dade dos cooperados e a confiança no sistema. de entrevistas construído com base nos referenci-
Assim, diante da convivência de um ethos associ- ais da teoria da agência e stewardship . Esse rotei-
ativo com outro, individualista, a estrutura adequa- ro contemplou, como base, os seguintes temas,
da de governança das cooperativas de crédito que foram aprofundados segundo o desenvolvi-
deveria ser capaz de combinar, de forma adequa- mento particular e as respostas de cada entrevis-
da, as soluções formais propostas pela teoria da tador: estruturas de controle e a importância da
agência e soluções baseadas em confiança e coo- confiança frente a critérios objetivos de supervi-
peração decorrentes da teoria dos stakeholders. são, as bases estabelecidas para escolha das lide-
A combinação de modelos teóricos para tratar ranças, se formais ou informais, a motivação para
questões de governança, embora pouco usual, não o desempenho das atividades da governança, as
representa novidade, sendo a combinação anteri- formas de prestação de contas, as práticas de re-
or proposta por Amess e Howcroft (2001) e de- presentatividade nos conselhos e assembléias, e
fendida também por Jones (1995). Eisenhardt principalmente as práticas de participação e redu-
(1988) propôs a combinação da teoria da agên- ção do efeito carona. A escolha desses temas
cia com a teoria institucional para tratamento dos considerou tanto a organização e o ambiente ope-
problemas de governança, a partir de estudo so- rativo das cooperativas quanto as diferenças entre
bre o mercado de varejo de calçados nos Estados as premissas das teorias, como apresentado no
Unidos. Quadro 1, anterior.
A importância da questão da governança apli- Foram selecionadas quatro cooperativas de
cada às cooperativas de crédito foi destacada pela crédito de empregados, na região sudeste, e en-
The National Association of State Credit Union trevistados seus administradores, no primeiro se-
Supervisors (NASCUS), que apontou como priori- mestre de 2006. Foram ainda entrevistados um
dade, para 2006, o fortalecimento das práticas de ex-diretor de banco cooperativo, que pôde contri-
governança nas cooperativas de crédito (FORTNEY, buir com visão diferenciada sobre a questão, e
2006a). Os pilares para esse fortalecimento apói- também dois especialistas no setor. A apresenta-
am-se na preservação e desenvolvimento dos ide- ção dos resultados, a seguir, busca enfocar pon-

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GOVERNANÇA E PARTICIPAÇÃO NO CONTEXTO DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO

tos que se destacaram nas entrevistas, em rela- operativas devem trabalhar essas questões junto
ção aos referenciais de análise. ao quadro social, mostrando ao cooperado que
ele pode ampliar seus benefícios com sua condi-
PRÁTICAS DE GOVERNANÇA EM COOPERA- ção de também ser dono, com direito a distribui-
TIVAS DE CRÉDITO DE EMPREGADOS: RESUL- ção de resultados: “É preciso despertar a visão de
TADOS DA PESQUISA DE CAMPO longo prazo no cooperado”.

Em relação à motivação do dirigente de coo- Nesse sentido, com o passar do tempo em


perativa, para um entrevistado, a atração do cargo um cargo de diretoria, a visão romântica sobre a
na diretoria não são as vantagens pecuniárias, mas cooperativa vai se desmistificando, ficando clara a
o status que ele confere, “a vaidade do cargo”, necessidade de maior profissionalização na ges-
pois muda sua imagem perante seus colegas e o tão, para alcançar o equilíbrio entre o econômico
mercado. Argumenta ainda que, em seu caso, já e o social, incluindo a necessidade de melhoria
dos mecanismos de controle. Nas palavras de um
aposentado, é uma boa alternativa de trabalho.
entrevistado, “a formação do gestor é muito com-
As vantagens e benefícios informais do cargo fi-
plexa, vai além da boa vontade, precisa de profis-
cam aparentes nos relatos que faz de viagens,
sionalismo, preparação técnica”. Houve também
participação em congressos etc.. Acrescenta que
o relato de que o gestor precisa estar atento: não
outra vantagem e motivação para dirigentes é o
pode perder o dinamismo ao longo do tempo,
fato de que participar da gestão da cooperativa
deve acompanhar as mudanças do mercado, das
assegura a estabilidade na empresa objeto do vín-
normas etc.. O intercâmbio com outras cooperati-
culo associativo. A baixa rotatividade dos gestores
vas para observar as práticas que funcionam tam-
das cooperativas é justificada porque “ele cria uma
bém é muito importante, segundo sua visão.
relação com o associado”. O autor da citação per-
cebe a proximidade com o cooperado como fun- Para a maioria, os cooperados em geral parti-
damental para o fortalecimento da cooperativa. cipam pouco da cooperativa, alegando que confi-
am na administração. Participam somente quan-
Outro ponto refere-se às diferentes visões do
do sua presença é solicitada, por ser indispensá-
cooperado e do gestor, no sentido de que o pri-
vel. Na visão de um dos dirigentes, antigamente
meiro guia-se por resultados em curto prazo, en-
eram ainda mais alienados, o que se contrapõe a
quanto o segundo deve ter visão mais de médio
outra avaliação, presente na afirmativa, que o que
e longo prazo, para o bem da cooperativa. Os co-
traz mais tranqüilidade aos cooperados são os
operados são imediatistas, desejando usufruir o
mecanismos de controle, pois, quando demons-
máximo benefício para si – empréstimo, aplica-
trado na Assembléia Geral que a situação dos pro-
ção rentável, conta corrente sem tarifa, seguro mais
cessos de controle é saudável, os cooperados sen-
barato etc.. Para um entrevistado, o conjunto de
tem-se mais seguros, confortáveis, e o poder cres-
vantagens que a cooperativa oferece é o que faz ce. Para ele, um dos principais indicativos dessa
os cooperados manterem o vínculo. Outro entre- percepção é evidenciado pelo cooperado que
vistado asseverou que o cooperado não conhece aplica recursos na organização, que tipicamente
as responsabilidades do gestor e confirmou a vi- demonstra maiores exigências por bons mecanis-
são de curto prazo existente. mos de controle. Em sua visão, quanto mais es-
Já o gestor-cooperado deve se preocupar com clarecido for o público, maior a exigência de con-
os resultados e sobrevivência da organização. troles. Aponta como problema a “personalização”
Como manifestou um entrevistado, além de ofe- da cooperativa, que aumenta com a permanência
recer a qualidade e o preço, os gestores das co- no cargo, indo de encontro à visão dos demais

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JOAQUIM RUBENS FONTES FILHO , ELVIRA CRUVINEL FERREIRA VENTURA , MAURO JOSÉ DE OLIVEIRA

entrevistados, para quem os cooperados não se as informações não são adequadamente divulga-
preocupam com controles, pois confiam nos ges- das, na opinião de um dos entrevistados.
tores, vendo como positivo o fato de permanece- Quanto à importância do reconhecimento in-
rem no cargo por anos a fio. terno frente ao reconhecimento externo dos agen-
Essa divergência entre as filosofias de gestão tes financeiros do mercado, o primeiro foi aponta-
orientada ao relacionamento e ao controle é sin- do como fundamental: “esse tipo de reconheci-
tetizada na colocação: “a gestão deveria ser orien- mento [interno] é o pilar que sustenta o gestor
tada para o controle porque o envolvimento do para que se concentre nos aspectos de direção
cooperado sem controle não se sustenta. É misti- que o levarão a conseguir também o reconheci-
ficar a cooperativa, porque senão o descontrole mento externo”. Na visão de outro entrevistado,
aparece mais adiante na forma de perdas ou ou- embora o reconhecimento mais importante, num
tro tipo de problema, inviabilizando o investimen- primeiro momento, seja o do quadro social, con-
to no social, no envolvimento do cooperado”. sidera que somente esse reconhecimento não é
Há maior controle das informações por parte suficiente. Em sua visão, é preciso que o bom
dos gestores que se dedicam integralmente às gestor seja reconhecido também pelo mercado,
atividades das cooperativas. Essa assimetria con- porque o fato de um dirigente ter bom trânsito
tribuiu para a formação de grupos de poder den- entre os cooperados não é garantia de que seja
tro da organização, embora, segundo um dos en- bom gestor.
trevistados, isso seja “resolvido por telefonemas
A questão do poder ligado a aspectos pesso-
ou contatos esporádicos”.
ais fica clara também na declaração de um entre-
Em relação à avaliação da gestão, houve con- vistado, para quem a principal fonte de poder do
senso de que os principais componentes da for- presidente de uma cooperativa é a confiança por
mação da avaliação dos participantes são, em ge- parte do quadro social e por parte do Conselho
ral, aqueles de natureza informal, não sistematiza- de Administração, que o elege. Em sua visão, o
dos, e subjetivos. Houve convergência para a im- gestor deve, além de conhecer os processos, as-
portância atribuída pelos gestores à percepção dos segurar a participação do conselho, do quadro
cooperados quanto à idoneidade e ética do ges- social e da diretoria (participação nas assembléi-
tor e nos sinais informacionais que exprime, como as, nas reuniões da diretoria e em fóruns adequa-
componentes de sua legitimidade e sustentação.
dos) a fim de garantir a sobrevivência da coopera-
A proximidade dos cooperados aos gestores, en-
tiva e legitimar o poder.
tão, parece ser fator essencial no processo. Nas
palavras de um entrevistado, a avaliação que o
ANÁLISE DOS RESULTADOS
cooperado faz da cooperativa tem mais a ver com
o atendimento que recebe do que com os núme- A sustentação da cooperativa, seu elemento
ros da cooperativa. Nesse sentido, um bom servi- de liga, é a participação. Se esta for assegurada
ço por parte dos atendentes e do gerente, boas de forma adequada, garante a sobrevivência da
instalações e tratamento personalizado são fato- organização. Vários entrevistados convergiram nes-
res utilizados pelos cooperados para avaliar a coo- se sentido, manifestando que condições adequa-
perativa. das para discussão devem ser criadas. Entretanto,
Por outra via, é fato que os cooperados, mes- diversas questões, tratadas nas entrevistas, que
mo que quisessem avaliar os gestores por meio dependem da premissa da participação, apontam
dos controles existentes, não conseguiriam, pois as deficiências ou dificuldades nesse processo.

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GOVERNANÇA E PARTICIPAÇÃO NO CONTEXTO DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO

Segundo os entrevistados, a participação dos tivo, como forma de auto-realização pelo trabalho
cooperados, em geral, nas atividades de gover- em prol de um ideal. Evidentemente, há níveis
nança não é um fato comum. A motivação dos variados desse envolvimento. Em um dos casos,
cooperados na participação é mais intensa e evi- de um gestor oriundo do movimento sindical, ele
dente quando há fatos que permitem benefícios justificou essa motivação participativa como razão
diretos associados à participação, a exemplo de para sua atuação na cooperativa. O gosto de tra-
distribuição de excedentes. Replicando problemas balhar com atividades coletivas, liderando, além
de agência clássicos, o associado tende a uma da satisfação pessoal, foram apontados como fa-
visão mais de curto prazo que o gestor e participa tores motivadores.
pouco das atividades da cooperativa, caracterizan- A pesquisa evidenciou que a figura do geren-
do o efeito carona. te contratado é essencial, dado que muitas vezes
À semelhança do contexto empresarial anglo- o gestor-cooperado não se dedica integralmente
saxão, no qual o capital das empresas é pulveriza- às atividades, dividindo seu tempo com as ativida-
do e a assimetria de informação e influência entre des na empresa de vínculo (empregadora). Essa
gestor e principal pende fortemente para o pri- separação entre a diretoria, atuando por vezes em
meiro, também nas cooperativas de crédito a dis- tempo parcial, e o gerente profissional, conduz a
persão do controle provoca movimento semelhan- outros níveis de problemas de agência, tornando
mais complexa a fundamentação plena em mo-
te de baixa participação e a natural concentração
delos de participação e cooperação. As questões
de poder nos gestores. As propostas para solu-
de assimetria informacional, seleção adversa e ris-
ção desse problema, apontados pela teoria da
co moral se transferem para o âmbito da gestão
agência, são, basicamente, mecanismos de con-
interna da organização, diferentemente do que
trole como o monitoramento da gestão e a exi-
ocorre nas relações entre proprietários e gestores
gência de prestação de contas e transparência.
tratadas nos modelos de governança corporativa.
Entretanto, o predomínio dos critérios de confian-
Do ponto de vista da prestação de contas, repre-
ça, na escolha e suporte dos dirigentes, e na ava-
senta um agravante na necessidade dos controles
liação do desempenho da cooperativa, indicam
formais.
uma fragilidade de controle. Como afirmou um
A percepção dos gestores entrevistados apon-
entrevistado, a tranqüilidade do cooperado advém
ta à caracterização do ambiente interno das coo-
muito mais da confiança que sente nos gestores
perativas de crédito como marcado por fortes re-
do que nos mecanismos formais de controle: “A
lações de confiança, personalismo, participação e,
figura do gestor influi muito na confiança do coo-
em algum grau, centralização. O gestor principal,
perado”.
ao capturar – voluntária ou involuntariamente – a
Em relação ao comportamento e motivação confiança e expectativa dos participantes, torna-
dos gestores das cooperativas pesquisadas, as se emblemático da gestão da cooperativa, trans-
declarações dos entrevistados sinalizaram um formando sua figura no parâmetro de referência
modelo de homem e de comportamento mais de avaliação de toda a organização. Por outro lado,
próximo à teoria do stewardship , mais voluntario- a unicidade do conselho e diretoria diante do po-
so e orientado para a auto-realização e pelo ideal der catalisador desse gestor, e sua assimetria de
de servir à coletividade, em detrimento do mode- informações frente aos demais membros da go-
lo de homo economicus, basilar da teoria da agên- vernança, são elementos que justificam a consoli-
cia. Em todas as respostas, evidenciou-se um dis- dação de instrumentos formais de controle, ações
curso de trabalho, no cooperativismo, como for- indutoras da participação dos associados, e efica-
ma de contribuir para o grupo social, para o cole- zes mecanismos de comunicação.

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JOAQUIM RUBENS FONTES FILHO , ELVIRA CRUVINEL FERREIRA VENTURA , MAURO JOSÉ DE OLIVEIRA

CONCLUSÕES A lógica da governança é que a maior atuação


dos proprietários sobre a organização, associada à
Ao propor como objetivo a verificação da apli-
qualificação técnica dos gestores, reduza riscos ou
cabilidade e a contribuição de duas teorias, de
espaços para ações oportunistas. Se, de um lado,
premissas divergentes, para a construção do mo-
o monitoramento estabelece delimitações e dire-
delo de governança em organizações não mer-
cionamentos à ação dos gestores e permite verifi-
cantilistas, este estudo parte do pressuposto de
car seus resultados, por outro, a qualificação téc-
que a construção de diretrizes de governança deve
nica melhora o comprometimento com as boas
ser precedida da clara compreensão dos proble-
práticas de gestão ao ampliar o comprometimen-
mas associados às relações entre proprietários e
to desses gestores com sua própria trajetória pro-
gestores, e não de uma mera adaptação das prá-
fissional.
ticas e modelos de outros ambientes. Apenas após
o amplo conhecimento desses problemas deve Retornando às teorias: se a teoria da agência
ser examinada a adequação das premissas e pro- eventualmente exagera nos instrumentos de mo-
posições dos referenciais teóricos para, em se- nitoramento e controle, que podem elevar desne-
guida, serem construídas propostas de solução ou, cessariamente os custos das cooperativas e redu-
no caso, de melhores práticas de governança. zir a motivação dos gestores, a teoria do stewar-
Como observado nas cooperativas analisadas, dship é falha ao não considerar as dificuldades
o ambiente de confiança, os ideais cooperativis- dos processos de participação e confiança que
tas, o idealismo, a figura do proprietário-gestor e o suportam seus modelos, como premissas da teo-
sentimento de ser proprietário da organização re- ria.
presentam elementos importantes para alinhar A natureza personalista e carismática, que pode
expectativas entre as partes e reduzir problemas marcar as relações internas, embora delineando
de agência. Por outro lado, essas mesmas quali- uma liderança baseada na confiança, quando as-
dades tendem a enfraquecer os mecanismos for- sociada à baixa participação voluntária, torna insu-
mais de monitoramento e controle, abrindo espa- ficientes os processos de controle não formais.
ço para eventuais ações oportunistas. Dessa forma, uma flexibilização das premissas da
Conceber o gestor como indivíduo que busca teoria da agência, e uma maior formalização nas
a auto-realização, seguindo uma orientação de práticas derivadas da teoria do stewardship, prin-
servir à coletividade e uma motivação intrínseca, cipalmente de controle, podem contribuir para a
se contrapõe à racionalidade subjacente à teoria criação de referenciais inovadores de governança
da agência. Seguir exclusivamente os pressupos- corporativa para organizações sem fins lucrativos
tos dessa teoria pode impingir ônus à organização ou baseadas no associativismo e na colaboração
(HENDRY, 2002), dado que a intensidade das entre as partes. Essa análise exploratória indica,
exigências de controle recomendadas a uma em- portanto, que uma associação das duas teorias
presa privada de capital aberto, fundamentais nos pode vir a proporcionar melhor efetividade para
modelos de governança corporativa, pode ser ex- compreender as questões de governança das co-
cessiva nesse ambiente, marcado por uma atua- operativas de crédito – e organizações com mo-
ção mais voluntariosa e motivação de alta ordem delos semelhantes – e apresentar propostas de
dos gestores. Em conseqüência, além dos custos equacionamento.
operacionais, esse excesso pode implicar em re- Por sua natureza quase-pública, e pela partici-
duzir a motivação e a iniciativa. pação no Sistema Financeiro Nacional, a predo-

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GOVERNANÇA E PARTICIPAÇÃO NO CONTEXTO DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO

minância do controle dos participantes sobre a ges- dade de uma maior atuação de órgãos externos
tão da cooperativa, baseado em relações de con- de controle, a exemplo das Centrais e dos órgãos
fiança, estabelecendo menor prioridade nos con- governamentais. >
troles e monitoramento formais, aponta a necessi- Recebido em: out. 2006 · Aprovado em: set. 2007

Joaquim Rubens Fontes Filho

Fundação Getulio Vargas - EBAPE


joaquim.rubens@fgv.br- www.ebape.fgv.br Professor adjunto da Mauro José de Oliveira
FGV/EBAPE. Dr. em administração.
Banco Central do Brasil
mauro.jose@bcb.gov.br
Elvira Cruvinel Ferreira Ventura Bacharel em Administração. Analista do Banco Central do Brasil

Banco Central do Brasil


elvira.ventura@bcb.gov.br
Doutora em Administração. Analista do Banco Central do Brasil.

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