Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
EDITAL – PROGRAMA
(Digitar o nome e número do edital – Programa (ver Edital))
Orientador(a):
(Nome completo, sem abreviações)
Título do Projeto:
(completo, sem abreviações)
Palavras Chave:
(no máximo três)
Grupo de Pesquisa
(Informar ao menos um Grupo de Pesquisa certificado pela UFBA no qual atua como pesquisador).
Salvador
2015
1. Objetivos e Justificativas
Objetivos e justificativas do projeto em termos de relevância para a pesquisa científica e do estado da arte.
Muitas pesquisas corroboram com o fato de a aprendizagem instrumental propiciar uma rica colaboração
ao desenvolvimento infantil. Sistemas de memória, de controle da atenção, de orientação espacial, de
ordenação sequencial, motor e de pensamento superior, além de participar e colaborar com o fazer musical,
sofrem influência deste em contrapartida. Soma-se ainda o fato de a execução instrumental em grupo se
caracterizar como um contexto precioso para a formação e desenvolvimento do sistema de pensamento social
da criança. Desse modo, pode-se inferir que o aprendizado instrumental apresenta-se como um benefício ao
desenvolvimento do cérebro infantil e ao desenvolvimento pessoal e social da criança (ILARI, 2003).
A possibilidade de expandir os testes e aplicar réplicas destes em outros grupos instrumentais infantis
do cenário nacional também se mostra uma pertinente ferramenta de ampliação dos resultados e consequente
amplificação das contribuições científicas.
Objetivo geral:
Pesquisar os funcionamentos dos diferentes sistemas da memória cognitiva e suas relações com a leitura
musical à primeira vista na performance musical de crianças entre 6 e 12 anos.
Objetivos específicos:
Estudar os processos cognitivos envolvidos no desenvolvimento da prática musical
2. Metodologia
Descrição da maneira como serão desenvolvidas as atividades para se chegar aos objetivos propostos. Indicar os materiais
e métodos que serão usados.
O presente projeto por possuir um caráter de investigação mista utilizará tanto uma abordagem qualitativa
quanto quantitativa. Por se tratar de um estudo que será desenvolvido em um campo natural, o contexto de
prática musical coletiva de crianças, será utilizado primeiramente um processo indutivo que pretende explorar,
descrever e logo gerar perspectivas teóricas relacionadas ao funcionamento da memória cognitiva na prática
musical de crianças de 6 a 12 anos. A coleta de dados a priori se constituirá a partir das experiências e
prioridades das crianças envolvidas na pesquisa, em forma de relatórios, diários de campo, entrevistas
estruturadas e registro audiovisual. Desse modo, primeiramente, o contexto particular será examinado, ao
passo que, durante o processo, uma teoria coerente com as ocorrências observadas se desenvolverá.
Paralelamente, experimentos quantitativos serão realizados gradativamente para que se tome conhecimento
acerca do funcionamento dos diferentes tipos de memória relacionados com a prática musical infantil e leitura
musical em diferentes perspectivas.
Uma das mais antigas divisões da memória reside na distinção entre memória sensorial, memória de
curto prazo e memória de longo prazo, a qual advém do modelo de multiarmazenamento proposto por
Atkinson e Shiffrin (1968). Este modelo sugere um determinado armazenamento, existente em um estágio
específico do processamento da informação, representado para cada tipo de memória. Primeiramente, a
informação é recebida no armazenamento sensorial, onde é mantida durante alguns segundos ou frações de
segundo após o desaparecimento do estímulo. Em seguida, passa para o armazenamento de curto prazo,
retendo apenas certa quantidade de informação durante menos de 1 minuto. Depois de passar pelo
armazenamento de curto prazo a informação ou é esquecida ou, se for processada, por exemplo, através da
recapitulação, pode passar para o armazenamento de longo prazo, onde pode permanecer indefinidamente
nesse compartimento de capacidade ilimitada (CARNEIRO, 2008).
Baddeley e Hitch, em 1974, alteraram a concepção de memória de curto prazo, encarada como um
compartimento de armazenamento temporário, sugerindo o modelo de memória de trabalho (Working
Memory), para explicar, dessa forma, a armazenagem temporária da informação, ao passo que operações
mentais são executadas. Segundo este modelo, além da armazenagem temporária da informação durante a
execução de determinadas operações mentais, a informação ainda pode ser classificada, organizada e
relacionada com outra informação já conservada na memória. A maioria dos pesquisadores da área defende
que os diferentes elementos do modelo da memória de trabalho contribuem para a explicação de tarefas
cognitivas que incluem um sistema de manipulação temporária da informação, tais como a leitura, a
matemática, o raciocínio e a resolução de problemas, assim como a música (BADDELEY, 1986).
O modelo de memória de trabalho proposto por Baddeley e Hitch (1974), caracterizou-se por ser,
primeiramente, um modelo tripartido, tornando-se posteriormente um modelo multicomponente:
1) executor central, responsável pelas funções reguladoras como atenção, controle da ação e
resolução de problemas;
2) loop fonológico, responsável pelo armazenamento de curto prazo e manipulação mental da
informação fonológica e do processo de recapitulação sub-vocal;
3) bloco de notas visuo-espacial, responsável pelo armazenamento de curto prazo e manipulação
mental das características visuais e espaciais, como cor, forma e movimento, se subdivide num componente
visual e em outro espacial.
4) buffer episódico, quarto componente sugerido, posteriormente, por Baddeley, responsável por
acessar informações da memória de longo prazo e conhecimentos já cristalizados durante operações da
memória de trabalho; este componente também é o responsável pelo processamento de informações musicais
na memória de trabalho.
Estudos na área inferem que a estrutura modular básica da memória de trabalho já esta formada aos
6 anos, ou mesmo mais cedo, contudo a capacidade de cada componente aumenta linearmente até à
adolescência. A organização estrutural da memória de trabalho mantém-se constante com a idade. Ao longo
do desenvolvimento observa-se uma ligação do executor central com o loop fonológico e com o bloco de notas
visuo-espacial, entretanto estes dois últimos componentes permanecem relativamente independentes entre si
(GATHERCOLE et al. 2004 apud CARNEIRO, 2008).
É designada de amplitude de memória, a capacidade limitada da memória de curto prazo manter
informações. Habitualmente esta é medida através de testes de memória para dígitos que consiste em repetir,
na mesma ordem, os dígitos apresentados, imediatamente após terem sido ouvidos ou vistos. Um adulto tem,
em média, aproximadamente, a amplitude de memória para dígitos de 7 ± 2 itens (MILLER, 1956 apud
CARNEIRO, 2008). A amplitude da memória, segundo alguns estudos desenvolvimentais, aumenta
gradualmente com a idade. Enquanto uma criança de 2 anos, possui uma amplitude de memória de
aproximadamente 2 itens, uma criança de 9 anos possui uma amplitude de memória de aproximada de 6 itens
(CARNEIRO, 2008).
Em pesquisa realizada na cidade de Salvador por Fonseca (2011), foi verificada a amplitude de memória
de trabalho para sequência de diferentes timbres, de 36 crianças brasileiras, soteropolitanas, musicalizadas e
não musicalizadas, e suas respectivas familiaridades e preferência em relação a estes instrumentos de pequena
percussão. As crianças participantes tinham idade entre 4 e 12 anos e foram divididas em três faixas etárias: de
4 a 6 anos; de 7 a 9 anos; e de 10 a 12 anos. A análise dos dados revelou que a maioria da crianças, independente
da faixa etária, recordou-se dos oito itens ouvidos. Ao contrapor esse resultado com os de estudos que
verificaram a amplitude de memória para itens verbais, isso pode sugerir que esta, para itens musicais, pode
apresentar maior capacidade. Em relação à ordem correta da sequência ouvida, foram poucos os que
apresentaram um bom desempenho, sendo que apenas um menino, musicalizado, da faixa etária de 10 a 12
anos, recordou-se integralmente da ordem correta. As crianças musicalizadas apresentaram um melhor índice
de familiaridade com todos os instrumentos, contudo muitas das crianças não musicalizadas apresentaram
familiaridade com o pandeiro, com o triângulo e com o caxixi, provavelmente devido ao contexto cultural da
cidade de Salvador. O pandeiro foi o mais preferido entre as crianças, e o reco-reco o menos preferido. Houve
um índice significante de indiferença principalmente na faixa etária de 10 a 12 anos. Observou-se que novas
investigações precisam ser realizadas e ampliadas para que se possa cada vez mais tomar conhecimento sobre
as idiossincrasias da memória musical em suas diferentes perspectivas.
Desse modo, o presente projeto pretende ampliar o espectro de realização de testes para a verificação
da amplitude de memória de trabalho (working memory) para itens musicais em suas diferentes propriedades,
como timbre, ritmo e altura e suas relações com a leitura musical à primeira vista. A realização de replicas e
adaptações de reconhecidos testes de memória e habilidades musicais como o “Tonal Memory Test” de C.
Seashore (1960), o “Musical Memory Test” de R. M. Drake (1957) e “Gordon’s Musical Aptitude Profile” de E.
Gordon (1965), também é pretendida para contrapor resultados e obter tanto dados relativos à realidade no
contexto brasileiro, como o desenvolvimento de estudos e pesquisas de amplo espectro na área. Segundo
Serafine (1986), a literatura proveniente de movimentos acerca de testes musicais foi e continua sendo uma
grande influência para pesquisas na área musical e para a prática educacional.
A intenção de pesquisa do projeto também aborda investigações acerca dos sistemas de memória de
longo prazo em relação ao repertório musical executado pelas crianças envolvidas, visando não só sua
perspectiva cognitiva mas também a verificação de dados relacionados à memória musical infantil em sua
perspectiva histórica e social. Dessa maneira, serão realizadas testagens de longo prazo para a medição do grau
de lembrança de repertório executado em contraposição a repertório apenas apreciado.
3. Viabilidade e Financiamento
Argumentação clara e sucinta, demonstrando a viabilidade do projeto e seus financiamentos (se existentes) com fonte e
período de execução.
A equipe executora deste projeto está integrada ao NUPSIMUS e dispõe das instalações do LAPSIM –
Laboratório de Performance Musical e Psicologia da UFBA – para sua execução. A pesquisa de campo será
realizada na cidade de Salvador.
O projeto integral do qual este decorre é financiado pelo CNPq por meio de Bolsa de Produtividade
em pesquisa 2013-2016 e pelo Edital Universal 2013, tendo como período final para aplicação dos recursos
Outubro de 2016.
Os dados estão sendo coletados na Orquestra Pedagógica Experimental do NEOJIBA desde 2014.
Realizar um colóquio na Escola de Música da UFBA em 2015.2 sobre Psicologia da Música com tema
em memória cognitiva musical, leitura à primeira vista e suas relações com os recursos para isto já
obtidos no CNPq (Edital Universal 2013), em sequência ao Colóquio já realizado na UFAL (2014.1) sobre
o mesmo tema. Neste ano, serão apresentados resultados obtidos em 2014 e 2015.1
5. Cronograma de execução
Relação itemizada das atividades previstas, em ordem sequencial e temporal, de acordo com os objetivos traçados no
projeto e dentro do período proposto.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Teste 3 M.T. Melodia x x
Teste Leitura/Memória
Teste M. L. x x x
Colóquio - UFBA x
Análise de dados x x x x x x x
Revisão do relatório parcial x x
do estudante
SIMCAM – apresentação de x
resultados parciais
Elaboração e revisão do x x x
relatório final
ANDERSON, J. R. Aprendizagem e memória: uma abordagem integrada. Tradução Juliana A. Saad. Revisão
técnica Nei Calvano. Rio de Janeiro: LTC, 2005
ATKINSON, R. C., & SHIFFRIN, R. M. Human memory: A proposed system and its control processes. In K. W.
Spence & J. T. Spence (Eds.). Psychology of learning and motivation: Vol.2. New York: Academic Press.
1968.
CARNEIRO, M.P., Desenvolvimento da Memória na Criança: O que Muda com a Idade? Psicologia: Reflexão e
Crítica, 21(1), 51-59. 52. 2008. Disponível em: www.scielo.br/prc. Acesso em: 14 de julho de 2009
FINE, P.; BERRY, A.; ROSNER, B. The effect of pattern recognition and tonal predictability on sight-singing
ability. Psychology of Music, v. 34, n. 4, p. 431–447, 2006.
FONSECA, L.P.R. A memória musical infantil: estudo exploratório sobre audição de sequência de timbres por
crianças de 4 a 12 anos. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Música,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011.
ILARI, B.S. A música e o cérebro: algumas implicações do neurodesenvolvimento para a educação musical.
Revista da ABEM n. 9, p. 7-16. 2003.
SERAFINE, M. L. Music. In R. L. Dillon & R. J. Sternberg (Eds.), Cognition and instruction (p.299-341). San Diego:
Academic Press. 1986.
SLOBODA, J. Exploring the Musical Mind: Cognition, Emotion, Ability, Function. Oxford: Oxford University
Press, 2005.
Orientador(a)
Secretaria do Programa
Rua Basílio da Gama, 06. Canela.
Salvador – BA. 40.110-040.
Tel.: 71 3283-7968 Fax: 71 3283-7964
E-mail: pibic@ufba.br