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Faculdade Dehoniana

VIRTUDES
Ricardo Rodolfo Silva
01/11/2018

A CARIDADE COMO EXIGÊNCIA FUNDAMENTAL DA ÉTICA CRISTÃ.

O presente trabalho tem a intenção de aprofundar como a caridade pode ser fundamental
para a ética cristã em meio as mudanças que engloba não somente ideias, mas também nas
dimensões estruturais que atingem o homem no aspecto sócio-econômico-religioso, entre outras
dimensões. A velocidade destas transformações tem deixado o homem indefeso e sem a
oportunidade de reação.
Essas mudanças não são apenas superficiais, mas profundas, e elas tem afetado a questão
ética teológica, como a própria fragmentação ética-moral. É justamente nessa realidade e
antagonismos e negações de valores fundamentais que a caridade se torna fundamental no
desenvolvimento de uma sociedade melhor onde possa reinar o respeito, os valores e a paz.
O horizonte desse trabalho é justamente a caridade como princípio da ética cristã na visão
de vários autores para que possamos fazer uma reflexão mais apurada desse conceito tão
importante e fundamental.
Tendo em vista que a sociedade atual passa por grandes transformações e mudanças, nas
quais as questões éticas estão sendo debatidas e questionadas no país e no mundo, perante isso
os desafios são grandes, mas com a proposta da vivência da caridade, é certo de que as pessoas
terão capacidade de viver elementos básicos em relação a si mesmo e aos outros mediante uma
vida virtuosa.
Por definição entendemos que a caridade é uma virtude e por meio dela podemos amar os
nossos semelhantes sem a busca de interesses. Por ela procuramos proporcionar ao próximo todo
o bem que está ao nosso alcance. Em síntese, podemos tomar a palavra amor em seu sentido
pleno, afetivo e efetivo, no qual a caridade versa no amor ao próximo1.
A caridade é essencialmente o dom de si e daquilo que nos pertence, por efeito de um amor
de benevolência que nos força a querermos e fazermos bem ao próximo2. Jesus fez da caridade o
novo mandamento3. Jesus é o amor de Deus tornado visível na história e assim provocando o nosso
amor. Segundo Mário França Miranda, a respeito de Jesus, diz que Ele é “ não só a manifestação,
mas também a realização histórica do amor incondicionado de Deus para com a humanidade. Essa
realização implicou não somente assumir a nossa condição humana, não somente solidarizar-se
com os pecadores, pobres e excluídos, mas ainda a entrega da própria vida por nós pecadores”4.
Quando se faz uma exegese da definição da caridade é possível chegar a compreensão de
que ela em seu domínio é “ ilimitado e compreende todas as ordens de necessidades do próximo:
corporais, intelectuais e morais. Enfim, deve a caridade estar atenta às necessidades morais do
próximo, as quais reclamam de cada um de nós o bom exemplo, a paciência, a polidez das maneiras
e sobretudo da polidez do coração, e, em geral, todos os socorros que podemos prestar ao próximo
para ajudá-lo a praticar a virtude e alcançar o seu fim último”5. Isso podemos constatar na afirmação
de Karl Rahner que diz que “ o amor ao próximo não é apenas mandamento a ser cumprido, mas é
a realização pura e simples do cristianismo”6.
Ao falar da caridade, com muita frequência nos é difícil compreendê-la como um dever moral.
Preferiríamos falar de uma vocação. O homem foi chamado por amor e foi chamado ao amor. A
amizade e o amor são seu verdadeiro âmbito vital.7 Santo Tomás de Aquino diz, que a caridade
realiza da maneira mais excelente essa amizade. Ela nos faz profundamente identificados com

1 Cf. Régis JOLIVET, Tratado de Filosofia Moral: Tomo IV, Rio de Janeiro: Agir, 1966, p. 257.
2 Cf. Idem. p. 258.
3 CAT. n.1822.
4 Mário França MIRANDA, A salvação de Jesus Cristo- a doutrina da graça, São Paulo: Loyola, 2004, p.83.
5 Cf. Régis JOLIVET, op. cit; p. 258.
6 Karl RAHNER, Curso fundamental da fé: introdução ao conceito de cristianismo, São Paulo: Paulus, 1989, p.364.
7 Cf José Román Flecha ANDRÉS, Vida cristã, vida teologal para uma moral da virtude. São Paulo: Loyola, 2007, p.

159-160.
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Deus-amor. Trata-se do amor como identificação, como ser a maneira de Deus. É ser realizando-
se como uma tendência para o bem8. A caridade é a fonte e o motivo do comportamento moral
cristão. A caridade não pode se reduzir a um vago sentimentalismo que evita o compromisso
prático9. Ela por si tem seus deveres e pode orientar a ética cristã. A caridade está fundamentada
na humanidade, ou seja, seu horizonte gira em torno do amor natural que cada um tem que ter uns
com os outros, tendo em vista que somos membros da mesma família humana. Em termo ainda
mais preciso, a caridade se funda na fraternidade dos homens entre si10. A caridade assegura e
purifica nossa capacidade humana de amar, elevando-a à perfeição sobrenatural do amor divino11.
A capacidade de amar, inerente ao ser humano, requer que nos fixemos no essencial,
naquilo que há de maior, ou seja, naquilo que permite ao ser humano ultrapassar-se a si mesmo,
na descoberta do outro. Abre-se nesta via, o caminho de plenitude, pois o amor coloca o ser humano
no seu lugar próprio, evitando toda forma de degradação12. Diante disso é possível perceber que a
“ ideia de caridade progrediu ao mesmo tempo que a da fraternidade humana: foi o cristianismo
que, revelando aos homens a sua fraternidade natural e sobrenatural, preparou o advento histórico
da caridade universal”13.
A fé cristã tem como elemento central o amor. É sua expressão fecunda. Lançando raízes
nesta fonte, o cristão alimenta sua vida e norteia seu agir, sentindo-se chamado a fazer-se dom14.
Desta forma, é preciso compreender que uma ética cristã é regida por normas, do qual provem do
próprio Cristo e fundamentada no princípio da caridade, pois por ela amamos a Deus sobre todas
as coisas e temos a capacidade de amar o próximo como a nós mesmos por amor a Deus. Amar a
Deus com todo o coração, com toda a alma e com toda mente, significa que a caridade habitual
para com Deus é absolutamente necessária para todos os seres humanos15.
Amar é se comprometer com a pessoa amada que, segundo a filosofia de Agostinho, toda
virtude consiste numa hierarquia dos objetos amados16. A caridade é o vínculo da perfeição e o
princípio de todas as virtudes17.
A relação da caridade com a ética cristã está em torno “de quem é o meu próximo”?, e o
próximo segundo as Sagradas Escrituras, é o necessitado que está “à beira do caminho” (Lc 10,29-
37), Libanio mostra isso claramente fazendo uma comparação entre a atitude do levita e do
sacerdote em relação ao samaritano na ótica do Evangelho de Mateus 25 e Lucas 10,29-37: “ o
Evangelista São Mateus faz girar o juízo final, com duplo sentido definitivo de salvação e
condenação, em torno da caridade prestada ao faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente,
encarcerado (Mt 25). A parábola do samaritano encarna, de outra forma, o mesmo ensinamento.
Não são o levita e o sacerdote que se tornam modelo de fé cristã, mas o cismático samaritano que
pratica a caridade”18. O Novo Testamento confirma isso claramente, pois o mandamento do amor a
Deus aparece sempre unido ao mandamento do amor ao próximo (Mt, 22,39s; Mc 12,31)19.
O amor fraterno é, assim, critério de autenticidade do nosso amor a Deus, como expressa
de forma magistral Agostinho: “ o fim de tudo é a caridade, e Deus é caridade. Este é o fim, o
objetivo. O resto é caminho. Não te prendas ao caminho com o risco de não chegares ao fim. Busca
onde passar, não onde ficar”20.
Cristo em sua vida terrena se importou com o outro e por isso mesmo a caridade é aquela
que dá o verdadeiro sustento a relação com Deus e com o próximo e isso de forma abrangente, do
micro ao macro, conforme afirma a Encíclica Caritas in Veritatis dizendo que a caridade “ é o

8 Cf Carlos JOSAPHAT, A caridade- um estudo bíblico-teológico. p. 231.


9 Cf José-Román Flecha ANDRÉS, op cit, p. 159.
10 Cf Régis JOLIVET, Tratado de Filosofia Moral: Tomo IV, p. 258.
11 Cf CAT. n. 1827.
12 Cf Nilo AGOSTINI, Ética cristã e desafios atuais: Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p.164
13 Régis JOLIVET, op cit, p. 258.
14 Cf Agostini, Nilo, op cit, Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p.163.
15 José Román Flecha ANDRÉS, op. cit, p.160.
16 Idem, p.159.
17 Cf CAT. n. 1844.
18 J. B. LIBANIO, Eu creio, Nós Cremos, tratado da fé. São Paulo: Loyola, 2000, p. 282.
19 Mário França MIRANDA, op. cit; p. 133.
20 Idem, p. 83.
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princípio não só das microrrelações estabelecidas entre amigos, na família, no pequeno grupo, mas
também das macrorelações como relacionamentos sociais, econômicos, políticos”21.
Para a ética cristã, o amor é um dos aspectos essenciais. Quem vive o amor não faz
distinção de pessoas, e sabe que ele nos liga tanto a Deus quanto ao próximo. Amar a Deus e ao
próximo fazem parte de um mesmo chamado. Este amor deve envolver até os próprios inimigos e
perseguidores. Ele instaura a reconciliação, cultiva a justiça e colhe a paz.
Em Jesus, o preceito do amor constitui-se no novo e maior mandamento, ele nos faz entrar
na luz verdadeira do Deus encarnado-Jesus Cristo, resume toda a lei e os profetas, abre o caminho
para o Reino de Deus e o caminho da vida eterna, o próprio Jesus é o exemplo ético de vida22. Toda
qualidade ética e espiritual de nossa vida depende do dinamismo, da fecundidade da caridade. De
modo geral, na pregação e no ensino da ética cristã, nos deparamos com esta reação
aparentemente sincera: Como perceber os caminhos do amor em minha vida?23.
A resposta vai depender precisamente da energia do amor em sua vida. Quando uma mãe
que está com o filho doente faz tudo para socorrê-lo e amenizar-lhe os sofrimentos, ela está vivendo
o discernimento do amor. É neste sentido que nós dizemos: a caridade é a fonte de todas as
virtudes. É assim que podemos dizer: a caridade é uma virtude e é a virtude universal, como já
aprendemos nos termos concretos de Paulo no seu cântico à caridade24.
A caridade ela tem um papel importante em todas dimensões da sociedade, pois através
dela a verdade é iluminada e faz o homem construir relações autênticas com todos a sua volta. Mas
no atual contexto social e cultural é notado os desvios e esvaziamento que a caridade enfrenta e os
riscos são muito grandes, pois ela pode ser mal interpretada e até ser excluída da vida ética25.
Uma ética cristã pautada num olhar atento ao próximo não poder ser alcançado senão pela
caridade. O chamado para o amor está no coração da mensagem de Jesus. Importa igualmente
compreender o amor naquilo que ele representa para a nossa vida humana em seu alicerce divino,
num convite a deter-se no essencial, ou seja, a capacidade de amar inerente ao ser humano26.
Aquele que ama o outro com caridade tem por objetivo a justiça para com ele, pois há uma
ligação entre caridade e justiça, mas a caridade a supera. Uma sociedade não caminha apenas por
relações de direitos e deveres, mas seu fundamento está pautado por relações de gratuidade,
misericórdia e comunhão27.
A realidade primordial, no ponto de vista cristão, reside no ágape. Nele, a primazia absoluta
é o amor. Deus é amor (1Jo 4,8). É assim que Deus se revela. Ele nos faz participantes deste
mistério de amor pela graça que nos diviniza. Vemos como o amor ágape resume tudo, apontando
para a caridade e para o amor divino28. A prática da vida moral, animada pela caridade, dá ao cristão
a liberdade espiritual dos filhos de Deus29.
Por fim, a caridade como exigência fundamental da ética cristã está relacionada ao agir
moral do próprio Cristo, pois Nele todo cristão encontra o exemplo mais autêntico de abertura e de
acolhida ao próximo. Cristo fez de sua existência uma vida para os outros, através de seu
testemunho, palavras e ações, o Deus de amor a quem se entregava todo e a quem invocava como
seu Pai30. E foi justamente por essas atitudes de Jesus que os discípulos se sentiram contagiados,
aceitos e profundamente amados por Deus, além de experimentarem o apelo de viverem como
Jesus, respondendo ao amor do Pai na entrega aos semelhantes. E é por meio do amor-caridade
manifestado em Jesus Cristo que somos impulsionados a dar uma resposta positiva a Deus e ao
próximo.

21 BENTO XVI, Carta Encíclica Caritas in Veritate: Sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade,
São Paulo: Paulinas, 2009 n. 2.
22 Cf Leo PESSINI, Ronaldo ZACHARIAS, Teologia moral: fundamentos, desafios, perspectivas. Aparecida: Santuário,

2015, p. 174.
23 Cf Carlos JOSAPHAT, A caridade: um estudo bíblico-teológico. p. 235.
24 Idem. p. 235-236.
25 Cf BENTO XVI, Carta Encíclica Caritas in Veritate: Sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na

verdade, São Paulo: Paulinas, 2009, n. 2.


26 Nilo AGOSTINI, Ética cristã e desafios atuais: Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p.164.
27 Cf BENTO XVI, op cit. n. 6.
28 Cf Nilo AGOSTINI, op cit, Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. p.167.
29 Cf CAT. n. 1828.
30 Cf Mário França MIRANDA, op. cit; p. 56.
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Referências

AGOSTINI, Nilo. Ética cristã e desafios atuais: Petrópolis, RJ: Vozes, 2002

ANDRÉS, José Román Flecha. Vida cristã, vida teologal para uma moral da virtude. Tradução:
Orlando Soares Moreira. São Paulo: Loyola, 2007.

BENTO XVI. Carta Encíclica Caritas in Veritate: Sobre o desenvolvimento humano integral na
caridade e na verdade. São Paulo: Paulinas, 2009.

CATECISMO da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.

JOLIVET, Régis. Tratado de Filosofia Moral: Tomo IV. Tradução: Gerardo Dantas Barreto. Rio de
Janeiro: Agir, 1966

JOSAPHAT, Carlos. A caridade- um estudo bíblico-teológico. São Paulo: Paulinas, 2002.

LIBANIO, J. B. Eu creio, Nós Cremos, tratado da fé. São Paulo: Loyola, 2000.

MIRANDA, Mário França. A salvação de Jesus Cristo- a doutrina da graça. São Paulo: Loyola, 2004.

PESSINI, Leo, ZACHARIAS, Ronaldo. Teologia moral: fundamentos, desafios, perspectivas.


Aparecida: Santuário, 2015.

RAHNER, Karl. Curso fundamental da fé: introdução ao conceito de cristianismo. Tradução: Alberto
Costa. São Paulo: Paulus, 1989

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