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Musicoterapia no Rio de Janeiro: Novos Rumos Edigao comemorativa dos 40 anos da fundagio da Associagéio de Musicoterapie do Estado do Rio de Janeiro e dos 30 anos do reconhecimento do Curso de Musicoterapia do CBM Revisto Técnica: Marly Chagas Fotode Capa: Nélson Cruz Editoracio EletrOnica: Marcello Santos / Fabio Fernando da Costa, Clarice Moura Musicoteapia no Rio de Janeiro: Novos Rumes / Clarice Moura Costa, Rio de Janeiro Fitra CAM, 2008 |. Musicoterapia 2. Clinica em Musicoerapia 3, Masica 4 Sate (©2008 Musicoterapia no Rio de Janeiro - Novos Rumos Reservados todos os direitos sobre esta edigao (Os artigos sto de intra responsabilidade de seus autores iditora CBM ‘Avenida Graga Aranha, 57 12° andar. Rio de Janeiro (RJ) ‘e-mail: cbm@ebm-musica org br Associagiio de Musieoterapia do Estado do Rio de janeiro Avenida Graga Aranha, 57 ~ 12 andar. Ro de Janciro (RJ) mall: amisj@amir.combr homepage: wwwamtr.com.br Impresso na IMPRESSORA VELHA LAPA PRODUGOES E EDITORA LTDA. ye: (21) 2224-7938 E-mail: impressoragral@ig.com.br Rio de Janeiro, Setembro de 2008 265 Capitulo 13, Eu via mulher preparando outra pesso: Caetano Veloso Agravidez 6 uma experiéncia Unica. O feto e a mae durante este periodo vivem em simbiose. O feto se nutre da me e depende dela para sua sobrevivéncia. A mae vivéncia 0 filho como sua obra e parte dela mesma, mas concomitantemente como um outro ser, que vive em seu Utero, Na gravidez desejada, este estado é vivenciado como plenitude. Durante a vida intra-uterina, 0 bebé é parte inseparavel da mae. Seu organismo e psiquismo ainda nao esto formados, nao pode haver nenhuma espécie de distingao entre eu e nao eu, sujeito e objeto. No utero, 0 bebé € envolto por um liquido da sua temperatura, nao experimenta sensagées tateis diversas, nao ha fronteiras entre seu corpo e o meio em que vive. Neste ambiente nao sente 0 ar na pele nem nos pulmées, seus olhos ndo séo impressionados pela luz. Seu sistema nervoso ainda é precario. No entanto, a partir dos cinco meses o aparelho auditivo jé esté desenvolvido e o feto é capaz de receber estimulos sonoros diversos, como ruldos viscerais batimentos cardiacos tanto préprios como maternos, sons respiratérios da me, combinados num caos sonoro. 266 Ha varias décadas comegou a surgir um grande interesse sobre a experiéncia sonora do feto. Diz Marly Chagas(CHAGAS, 1997) que o ritmo € a primeira experiéncia musical do individuo, através da pulsagao vibratéria da diade organismo matemo/organismo do feto.Comprovou-se através de varias experiéncias com animais e seres humanos que, além dos ruldos viscerais, existe também uma reacao a estimulos sonoros provenientes do meio ambiente. Ruth Fridman (FRIDMAN, 1996) afirma que o feto protesta por esperneios ou movimentos hiperativos quando a mae é submetida a ruidos Muito intensos. No Utero, o feto é impressionado por um verdadero “concerto” polirritmico de sons. Do mesmo modo que os demais ruidos, provenientes tanto do organismo quanto do meio exterior, a voz materna é percebida na vida intra-uterina, distorcida pelo liquido amnidtico. Fridman sustenta, baseada em diversos experimentos citados por ela, que os bebés aprendem a linguagem materna e a miisica ainda no utero. Um destes experimentos mostrou que os bebés feconheciam a voz materna desde o nascimento, enquanto a voz do pai sé era reconhecida apés trés semanas. Diz ela que a constante intera¢ao na vida intra-uterina deve ser vista como um aprendizado a dois, em que comega a formar-se o vinculo com as figuras parentais. No entanto, seus relatos sugerem que este vinculo forma-se particularmente com a mae Alfred Tomatis* demonstrou que, ainda no utero, incorporamos e respondemos ao ritmo e melodia da voz materna. Mostrou que esta interag&o sonora influencia nossas habilidades lingUisticas, 0 comportamento e 0 desenvolvimento no decorrer da vida e criou um método “Ouvido Eletrénico’ de (re)educagao auditiva Este método baseia-se na audi¢ao de sons gravados e filtrados que 267 inicialmente reproduzem sons pré-natais e os estagios de desenvolvimento da audigao. Sendo aceita a existéncia de audigao na vida intra- uterina, pode-se levantar a hipétese, usando a linguagem de Piera Aulagnier(AULAGNIER, 1979) sobre o funcionamento da atividade psiquica, de que a sonoridade seja "metabolizada’ pelo feto como sendo ele mesmo, uma vez que é impossivel existir qualquer representagdo de objeto e sujeito. Autores de linhas diferentes, as vezes mesmo conflitantes, debrugaram-se sobre o problema da trajetoria desde 0 estado de indiferenciacao original até a constituicgo do sujeito e a criagéo da identidade. Apesar das bases tedricas serem diferentes, existem muitos aspectos comuns a todos. Nao pretendo defender nenhuma destas teorias, mas indicar os pontos que podem levar a um maior embasamento da musicoterapia Onascimento é uma modificagao abrupta do estado de indiferenciacao vivido no utero. Em dado momento, a mae vé pela primeira vez seu bebé, suas feicdes, a implantagao do cabelo, pequenos detalhes como as maos @ pés, com seus dedinhos e unhas, ouve pela primeira vez seu choro, sente seu corpo em contato com sua pele. E uma grande emogao ver uma nova pessoa ter vindo a luz, mas esta nova pessoa é sentida como “sua obra’, “seu filho". A experiéncia do bebé é indizivel: sua pele recebe novissimas sensagSes — contato com o ar, diferentes contexturas, como as maos enluvadas que o seguram, a pele da m&e sobre a qual é colocado, os agasalhos com que o cobrem. Arespiracdo tem inicio, o ar penetra em seus pulmées, provocando o primeiro choro. A luz impressiona seus olhos, mas 0 recém nascido ainda no consegue manté-los paralelos, dificultando a percepgdo'de imagens. 268 Comeca a exisiir a sensacdo de fome e para se nutrir 0 recém nascido precisa sugar efrequentemente tem cdlicas Porque 0 intestino da crianga no nascimento, ainda 6 imaturo. Embora a audi¢&o exista desde a vida intra-uterina, 9s ruidos também se modificam, impressionando diretamente seu ouvido, sem o fitro do liquido amniético. A experiéncia do nascimento € a perda do estado anterior em que 0 bebé vivia num invélucro que atendia a todas as necessidades. E possivel que o nascimento represente a primeira falta, a qual, como diz Inés Catao(CATAO, 2005), é condi¢ao fundamental para permitir a introdugao da crianga na rede simbélica, na linguagem, na cultura, conceitos estes interligados e que se confundem. Caso o bebé nunca precisasse contribuir para Suprir suas necessidades, provavelmente nunca se desenvolveria como sujeito Q nascimento dé inicio ao que Piera Aulagnier denomina processo originério, momento em que o recém nascido ainda nao se diferencia enquanto ser, nao percebe © eu & Ondo eu, 0 Eu e 0 Outro. O estado de simbiose Persiste apés 0 nascimento, no s6 para o bebé, mas também para a mde, que continua a alimenté-lo e a tentar suprir tudo aquilo que necesita, No é raro que o seio ‘comece a pingar leite espontaneamente quando o bebé hora. Winnicott faz uma observacao importante: O bebé percebe o seio apenas na medida em que um seio pode ser criado exatamente ali e entéio, Nao hé intercémbio entre a mae e 0 bebé. Psicologicamente, o bebé recebe de lum seio que faz parte dele e a mae dé leite @.um bebé que é parte dela mesma. (Idem, P27) (grifomeu) 269 ‘Afirma ele que 0 bebé nos primeiros tempos de vida tem a ilusdo de que o seio é parte dele mesmo e que a mae inicialmente propicia a oportunidade para esta ilus&o, por estar presente para satisfazer a necessidade do bebé tao. logo esta se manifesta, A relagao mae/bebé se processa No espaco de iluséio, espaco este em que convivem a realidade interna e externa, sem que seja necessario ou Possivel distingui-las. Aos poucos, numa fase que acredita iniciar-se entre quatro e seis meses, podendo em alguns casos ir aos doze, o bebé comega a perceber que o seio é uma realidade externa, e nao parte dele mesmo, mas ainda mantém a iluséo de que ele proprio o cria, uma vez que a mae adapta-se as suas necessidades. Nas suas palavras, a mde suficientemente boa, depois de ter propiciado a luso, tem a miss8o de comegar um proceso gradativo de desilusdo do bebé, para que este possa desenvolver-se. Uma vez que a mae sente 0 filho como parte dela mesma, podemos depreender que a me suficientemente oa, para poder desiludir seu filho, precisa desiludir-se antes do bebé poder fazé-lo, e comegar a reconhecé-lo como um ser independente dela mesma, para permitir seu desenvolvimento. O estado simbiético existe durante algum tempo na mae e no bebé, mas de forma diferente Efetivamente o bebé é dependente da me por um periodo bastante longo para manter sua vida, enquanto o mesmo no acontece com a mae. Racionalmente a mae sabe que seu bebé é um ser exterior a ela mesma, mas emocionalmente a ligagao perdura. Cortar 0 cordao umbilical nao é uma tarefa simples, talvez to dificil para a mae quanto para a prépria crianga. No entanto, se isto ndo ocorrer, o bebé no poder constituir-se como sujeito e ter sua propria identidade E preciso distinguir identidade e sujeito. Existem varias concepgées de identidade. Identidade é aqui considerada como aquilo que faz com que um individuo se 270 reconhega como ‘si mesmo’ em diferentes momentos da existéncia, apesar das mudancas, as vezes considerdveis, que podem ter ocorrido, Sujeito é 0 ser real, individual que $e considera como tendo determinadas qualidades ou raticado agdes(LALANDE, 1966), que se distingue do outro, que tem um modo proprio de funcionamento no mundo. A Constituigdo do sujeito depende sempre do outro, ndo ocorre individualmente. Do momento em que o sujeito passa a existir “para si", que se reconhece como sujeito, tem origem ‘sua identidade, que vai acompanhé-lono decorrer da vida Aidentidade 6 o fio condutor que permite que cada pessoa Se reconheca como “si mesmo’, apesar das modificagdes ue inevitavelmente ocorrem nos pensamentos, emogées, agées, etc., durante sua existéncia. O sujeito se modifica, mantendo a identidade, a nogéo de si mesmo Diz Arminda Aberastury(ABERASTURY ; TOLEDO, 1955) que experiéncias com lactantes mostram que estes Feconhecem a voz da mae desde as primeiras semanas de vida e que este reconhecimento tem papel de destaque em face de outros modos de reconhecé-la. A formagao da imagem materna se faz com a contribuigdo de cada érgao dos sentidos. No entanto, o reconhecimento feito através da visao, do tato e do paladar é parcial. O reconhecimento visual, por exemplo, exige a integragéo de diversas PercepgSes como cor, forma, tamanho, localizagao das diversas partes do corpo, algumas das quais ficardo para ‘sempre inexploradas. A elaborago da imagem global da mae @ paulatina e so vai ocorrer plenamente com 0 desenvolvimento das fungdes do eu que tem a capacidady de integrar as diferentes percepcées. No entanto, com concluiu Aberastury por meio da andlise de diverson pacientes, 0 reconhecimento da voz da mae é “ experiéncia total, Unica e precoce’ A voz da me nao é somente a mae também a mae dentro de si, A voz an tem o significado de leite que entra pelos ouvides e, quando se reativam vivéncias primérias, isto é sentido de maneira concreta, intensa e fisicamente gratificante, (idem, p34), Qualquer estimulagao inadequada, como ruidos desagradaveis, uma voz rispida da mae ou manipulacdes bruscas produzem no bebé reacées de ansiedade similares fome, a falta de calor ou de contato, mesmo que outras gratificagdes estejam sendo oferecidas adequadamente. A influéncia da voz da mae e das cangées ¢ indubitével e 6 evidente esta infiuéncia desde os primeiros dias de vida ou mesmo antes do nascimento, como alertara Tomatis. Aprecocidade da experiéncia sonora faz com que 0 som e a voz desempenhem um papel fundamental na Constituigao do sujeito, Afirma Aberastury que a voz da mae 6 a primeira voz que 0 bebé reconhece e é seguramente 0 Primeiro elemento que intervém no processo de Personalizagéo, de formacao da prépria identidade (Idem, p51). Estes estudos iniciais vém sendo retomados e aprofundados por novos autores do meio psicanalitico. A Psicolinguista Anne Fernald (1982- apud CATAO, 2005) observou que, antes da satisfacao da necessidade alimentar, 0 bebé se alimenta da voz, o que coincide com a teoria de Aberastury, e pode levantar a hipdtese de que o Primeiro objeto da pulsdo oral seja a voz, ‘Avoz 6 0 primeiro e principal articulador do simbélico a0 real do corpo, operagao sem a qual o ser vivo n&o se transforma em ser falante, Ela participa da instauraco do laco entre a mae © o bebé ao mesmo tempo em que se constitui enquanto objeto da pulsdo Quando falamos entéo da funcao da voz na Constituigao do sujeito, nao se trata da voz 272 da me nem da voz dobevé. Trata-se purae simplesmente da voz, objeto pulsional que se constitui como tal na fronteira ~ espago de iluséo — entre os dois. £ ela que delimita as bordas que separam o corpo da mae do ‘que sera ocompo do bebé. A voz é 0 que funda, a um s6 tempo, suieito e Outro. A voz faz litoral (CATAO, 2005) A relago materno-infantil, no inicio da vida, se dé neste espaco de ilusdo, usando a terminologia de Winnicott, onde 0 processo simbidtico @ mantido, até comegar 0 proceso de desilusdo por iniciativa da mae e de sua voz, que a representa, o que vai levar 0 bebé ao espaco do ‘real’, do socialmente compartithado. Entre todos os sons, 0 que parece mais interessar ao bebé, desde muito cedo, é a voz humana, principalmente a voz materna, “ndo obrigatoriamente de ‘sua’ mae mas a voz de uma mae dirigida a um bebé" (Idem), usando uma forma tipica de falar, que alguns denominam de manhés. A fala materna, muito antes das palavras serem compreendidas, 6 puramente musical e a musica da fala (MOURA COSTA, 1989, p.63) (suas inflexdes, ritmo, cadéncia das palavras, etc.) 6 que permite o estabelecimento de uma relagdo sincrénica entre a mae e o bebe Winnicott expressa algo semelhante, quando afirma que o bebé percebe o seio apenas na medida em que este pode ser criado no tempo exato de sua necessidade, o que implica na sincronia entre a me e a necessidade do bebé. Este primeiro tempo de relagdo sincrénica parece ser importante, e pode ser considerado como uma relagao de harmonia matemo/infanti A misica da fala é significante para o bebé, muito antes das palavras adquirirem qualquer significagao. A relagao sincrénica, que existe inicialmente entre a mae e 0 273 bebé, é significante em si e € condi¢ao necesséria para levar a alternancia, sem a qual nao poderd existir comunicagao. A “sincronia significante" (CATAO, 2008) antecede qualquer alternancia para o bebé, embora a alternancia ja deva estar presente do lado da mae. Sendo significante, a sonoridade da fala admite a atribuigao de sentidos, que independem do significado das palavras. Num primeiro momento, denominado origindrio por Aulagnier, 0s sons causarao prazer ou desprazer, dependendo da qualidade sonora, Para que o sujeito invista na realidade, é preciso que esta seja revestida de prazer. Se for apenas fonte de frustragéo ou desprazer, sera rechagada, como ocorre nas psicoses. O prazer de ouvir & © primeiro investimento na linguagem e sem este prazer no é possivel transformar o som puro em signos, que tém inicio no primério. O proceso primario entra em funcionamento quando a existéncia de um “outro” se impée psique. Diz Aulagnier que o primeiro sentido atribuido pelo infans @ voz materna, no proceso primario, é da sua presenca ou auséncia no momento de sua necessidade (© bebé comeca a perceber que a falta da voz indica a falta da propria me, cuja presenga & necesséria para existir 0 prazer. Dai decorre que o siléncio pode ser sentido como ameagador. De acordo com Inés Cato, 0 campo do ser/suieito © 0 campo do sentido/Outro se articulam pela falta.(CATAO, 2006). Esta primeira percepgao da falta materna comega a introduzir a nogao de sujeito e outro. Com aintrodugao desta nogao, a voz da mae passa a ser percebida como um signo, no sé da presenga, mas também do desejo materno em Felagdo ao bebé - dar ou negar prazer. O desprazer, nao sendo provocado pelo proprio desejo, sé pode ter sentido como decorréncia do desejo do Outro. O que levard o beb& a falar € 0 enigma do desejo do Outro, e nao o simples estimulo sonoro. 214 Sea voz materna é preponderantemente agradavel para o bebé, existe um prazer de ouvir, ¢ ele vai desejar escuté-la. A aceitagdo da musica da voz, leva a troca do caos sonoro da vida intra-uterina e do nascimento pela incronia significante” introduzida pela mae. A escuta antecede a fala. A fala nao consiste apenas na repeti¢ao de palavras (0 que um papagaio faz), mas exige a presenca de um sujeito nessa produgdo e a introdugao de uma alternancia entre os falantes. Para falar a crianca precisa comecar por escutar a si mesma e ao outro. © bebé tem que ser chamado, mas nao basta escutar o chamamento. E preciso que responda chamando e ainda que se faga chamar, o que talvez possa significar fazer-se desejar. Quando responde a musica da voz, comega uma passagem do bebé da sincronia a alternancia. Surgem ent&o quatro tipos de grito com estruturas e funcdes distintas — 0 grito de fome, o grito de célera, 0 grito de dor e o grito de resposta a frustragéo(BARCELLOS, 1992) A relagao do bebé com a voz e a sonoridade tem um papel fundamental para a aquisicao da linguagem e a fundagéo do sujeito, fenémenos que ocorrem concomitantemente A importancia da sonoridade para o ser humano tem sido percebida e estudada pelos musicoterapeutas ha varias décadas. Em 1944, Ira Altshuler (1944). formulou o Prin de ISO, palavra de origem grega que significa igual.. De acordo com Altshuler, para poder ser estabelecida a relacdo com 0 paciente, é preciso que o tempo musical empregado pelo musicoterapeuta esteja em sincronia com o tempo mental do paciente. A partir da sincronia ritmica, so introduzidas melodias e harmonias, a principio de acordo com 0 estado do paciente e gradualmente modificadas na diregao em que se deseja que o paciente se modifique 275 Rolando Benenzon retoma este principio, propondo © conceito de identidade sonora, conceito este da maior riqueza para a musicoterapia. Em suas palavras, ISO quer dizer igual, e resume a nogao da existéncia de um som, ou um conjunto de ‘sons ou fenomenos sonoros internos, que nos caracteriza e nos individualiza. E um fendmeno de som e movimento interno que Tesume nossos arquétipos sonoros, nossas. vivéncias sonoras gestacionais intra-uterinas enossas vivéncias sonoras de nascimento e infantis até nossos dias. E um som estruturado dentro de um mosaico sonoro, que (...) encontra-se em perpétuo movimento. (BENENZON, 1985, p43) Chama este ‘mosaico sonoro” de ISO gestaltico acrescenta outros aspectos. O ISO complementar, que so as pequenas mudangas que ocorrem no dia a dia, pelas circunstancias momentaneas. A existéncia de um ISO complementar demonstra por si que a identidade sonora “encontra-se em perpétuo movimento”. O ISO grupal é definido como uma sintese das identidades sonoras de cada individuo, e o ISO universal caracteriza todos os seres humanos, independentemente dos contextos sociais, culturais, histéricos e psicofisiolégicos individuais. Grebe (GREBE de VICUNA, 1977) propusera a existéncia de um 'SO cultural como 0 produto da configuragao cultural global da qual o individuo e seu grupo fazem parte. E a identidade sonora prépria de uma comunidade que opera em niveis coletivos, e depende de fatores socioculturais relativamente homogéneos. Aponta para o entrelagamento entre a cultura € cada individuo que a compée. O principio formulado por Benenzon enriquece e vai além daquele proposto por Altshuler, modificando o conceito de ISO, que deixa de ser apenas uma correspondéncia 216 entre a musica e 0 estado mental do paciente, passando a abranger todos os aspectos do som introjetados pelo ser humane, tanto como individuo, quanto como ser social... A palavra ISO deixa de significar igual e torna-se uma sigla, significando Identidade Sonora. Barcellos prope a sigla ISo para diferenciar do ISO de Altshuler. O principio formulado por Benenzon é de fundamental importancia para a musicoterapia. Uma vez que afirma a existéncia de um “complexo som-ser humano’, a musicoterapia passa a ter um objeto préprio de estudo, ¢ no se limita aser uma forma de tratamento - torna-se uma ciéncia. Os novos estudos psicanaliticos vao além da idéia da existéncia de uma "identidade sonora’, frisando a importancia do sonoro para que o sujeito possa constituir- se e originar a propria identidade. Se o som e a misica da voz materna sao fatores indispensaveis para a diferenciacao entre sujeito e outro, & para a criagdo da identidade, a musica propriamente dita e a musicoterapia tem um papel fundamental tanto no diagnéstico quanto na interven¢ao terapéutica. Na area psiquidtrica, tem uma fungdo importante por possibilitar a introdugao na linguagem e a reconstrugao da identidade, algumas vezes perdida em casos de deméncia ou psicose. Watzlawick (1981), do Instituto de Pesquisa Mental de Palo Alto, com outro enfoque teérico, afirma que 0 ‘emprego da linguagem como meio de comunicagéo tem dois aspectos distintos, porém complementares, que denomina comunicago analégica e comunicagdo digital. Esta 6 a que se dé através das palavras e seus significados A primeira é toda a comunicagao néo verbal que acompanha a fala — gestualidade, inflexées da voz, seqléncia e cadéncia das palavras -, ou seja, 0 que denominamos de musica da fala, Afirma que confiamos quase exclusivamente no nao verbal, quando a relacao é 0 ponto central da comunicagao, Embora 0 autor, de linha 277 comportamental, no se preocupe com este aspecto, talvez isto ocorra por remeter aos primeiros momentos de vida, quando apenas o nao verbal era significante, uma vez que © significado das palavras ainda nao era compreendido. Martha Negreiros e eu mesma, desde o inicio dos anos 80, comegamos a nos interessar pela peculiaridade da linguagem musical, sua significagdo e a pertinéncia de sua utilizagao como terapia. A musica, numa definicéo muito simples, 6 uma linguagem constituida por sons e siléncios, alturas, timbres, intensidades, ritmo, do mesmo modo que a musica da fala. A grande diferenga entre a misica da fala e a musica propriamente dita “6 que a linguagem verbal é horizontal Possuindo somente 0 aspecto melédico, enquanto.a musica se caracteriza por admitir, @ até mesmo exigir a verticalidade, ou seja, a harmonia. Tem, portanto muito maior riqueza expressiva’. (MOURA COSTA, 1989, p.64) Os sons dispostos em uma sucessao ordenada participam da forma musical, e passam a ser dotados de sentido “atribuido pelo intérprete ou ouvinte, no momento mesmo da execugo ou audigao da pega musical” (MOURA COSTA ; NEGREIROS DE SAMPAIO VIANNA, 1984, p. 154), ‘Amisica no se reduz apenas a forma, podendo, portanto comportar significag5es reveladas “por trés das notas’, ¢ expressar uma infinidade de estados de espirito, emogées, afetos, como diz 0 compositor Aaron Copland (1974). Outros autores compartilham de sua opiniao, como Jardim (apud BARCELLOS e SANTOS, 1996, p.10), que afirma que a musica implica e esta implicada pelo sentido, e é um meio de comunicagao, ou Schoenberg (aoud MOURA COSTA, 1989, p.65), que acredita que a musica influencia nossas ‘esferas sentimentais’. Consequentemente, consideramos que a musica @ significante e tem significagées comunicadas por quem a faz para si mesmo e para quem a ouve 278 Para o psicanatste h& uma autonomia do significante, que possui leis que Ihe so proprias, indeperdentemente do significado, Isto faz com que. para compreender 0 fenémeno da linguagem, seja preciso fazer uma distingo do significante edo significado O significado desiiza sob o significante. E 0 significante, enquanto tal, ou seja, em si mesmo, fora de uma cadeia associativa, no significa nada, ja que ¢ do deslizamento dos significados sob a cadeia significante que surgira 0 fendmeno da significagao (VIVARELLI, 2006, p.116) Guiraud-Caladou (1983) propée o termo musicante para o significante musical, que sé pode adqui significagdes dentro de uma cadeia associativa de intervalos, alturas, intensidades e demais parametros do som. Mas qual seria esta significacao? A musica nao denomina coisa alguma, mas admite a atribuigo de sentido. ‘O musicante seria ligado a "relagdes de afeto, eo significado musical seria de ordem emocional" (MOURA COSTA, 1989, p.65) ou como diz Guiraud-Caladou, ‘tem essencialmente por significagao a ordem do vivido Em pesquisa realizada no Instituto de Psiquiatria da UFRJ,’para averiguar a existéncia do musicante, foram selecionados quatro trechos musicais gravados, bastante distintos entre si. O primeiro, construido pelos pesquisadores constituia-se de sons de agua, batimentos cardiacos, respiragdo, riso feminino, choro infantil, cangao de ninar em boca chiusa e cantada por vozes femininas & masculina. Foram testadas individualmente pessoas consideradas normais e outras diagnosticadas como esquizofrénicas. Corroborando a concluséo de Guiraud: Caladou, concluiu-se que a musica é significante e tem um icado amplo, mas néo irrestrito. Barcellos e Santos, (1996, p.14), discutindo os resultados de nossa pesquisa 279 Propdem 0 uso do termo ‘sentido’, em vez de ‘significado’, Por consideré-lo mais amplo. Patricia Waslawick e outras (WASLAWICK,P;CAMARGO, D; MAHEIRIE,K,2007) afirmam que as significagdes so partilhadas socialmente @ 0s sentidos so singulares, configurados no plano interno a partir da dimensao afetivo-volitiva (motivos, intengées, necessidades, interesses, impulsos e emog6es do sujeito) mas também levando em conta os significados compartithados. Este “significado amplo” apontado pela pesquisa, pode ser mais adequadamente denominado “sentido”, que inclui tanto os aspectos singulares, internos, quanto as significagées socialmente compartilhadas. Os sentidos atribuidos aos trechos por todos os sujeitos, tanto normais quanto esquizofrénicos, foram aproximadamente 0s mesmos, 0 que torna legitima a hipétese de que a musica se constitui como uma linguagem comum, partilhada por ambos os grupos, podendo, portanto ser usada terapeuticamente dentro de determinada cultura. Foi feito também um estudo sobre o proprio Processo musicoterapico’, que apresenta semelhancas com a hipétese defendida por Aulagnier sobre o processo de aquisig¢ao do campo seméntico, desde a mera fruigao do som, até a atribuigao de sentido e significagbes. Neste estudo, em que a musicoterapia é enfocada como um trindmio interligado ago! relago/ comunicagao, foi possivel observar que os pacientes psiquiatricos a principio limitam- se a ago de fazer mUsica e atribuem apenas prazer ou desprazer ao tocar, cantar, ouvir, sem mengao a existéncia de sujeito ou objeto, ao dentro e fora de si mesmos: "Foi bom", ‘Legal’, "Foi chato”. Ao fim de algumas sessées, ‘comegam a perceber que o prazer usufruido depende de ‘sua ago, que a musica ndo vem por si mesma ou decorre de seu desejo: é preciso produzi-ta. E interessante também Notar que a maioria das sessées comeca com um “caos sonoro”, os pacientes tocando de forma aleatéria seus 280 instrumentos. Aos pouces esse cacs vai se organizando e, talvez pela aceitacéo do musicoterapeuta, transforma-se numa “sincronia significante “Ao escutar e ser escutado, tem inicio uma forma rudimentar de percepgao do outro, de algo ou alguém pertencente ao espago exterior, seja este outro o instrumento musical ou uma pessoa” (MOURA COSTA, 1989, p.80): "Tocamos”, “Cantamos’, "Legal o tamborim’, “Ela canta bem” No decorrer do tempo, a relag&o entre o Paciente e o grupolmusicoterapeuta vai adquirindo maior Peso, e passa a ser o elemento central do proceso: “E preciso ouvir para tocar junto”, "No houve entrosamento Comega entao a alternancia entre eu e outro. ‘Apés 0 estabelecimento da relago com 0 outro, 0 paciente comega a comunicar voluntariamente seus problemas através da linguagem verbal, muitas vezes com maior coeréncia: “Foi mais triste. Acho que eu é que estava Juero ter alta, preciso ir para casa’. Concluiu-se que a musicoterapia parece proporcionar a oportunidade de revivenciar fases muito arcaicas de formacao do Ego, mas de uma forma nova. A sonoridade, nesta nova vivéncia, é introjetada como prazer, levando & possibilidade de relacionamento com C outro e de insergdo no discurso cultural. (Idem, p88) H4 no processo musicoterépico, a revivéncia das primeiras fases da vida de forma prazerosa, o que vai permitir a reinsergao no discurso cultural. Sendo a musica uma linguagem comum ao paciente e ao musicoterapeuta, pode ser usada no processo terapéutico. Chegou-se entao conclusao de que a musicoterapia propicia a abertura de canais de comunicagdo com o mundo autistic da pessoa psicética 281 Pode-se levantar a hipétese de que esta vivéncia no proceso musicoterdpico inclua reminiscéncias difusas ou inconscientes dos primeiros contatos com a mae e das cangées de ninar usadas por ela. Arminda Aberastury, em 1955, ja afirmava que “a influéncia das cangdes nos primeiros meses e dias de vida é evidente”. (ABERASTURY, 1955, p.35) Lia Rejane Mendes Barcellos frisa a importancia do acalanto que considera “uma forma da m&e dar continéncia ao seu bebé", afirmando que “o inconsciente do novo ser humano (...) banha-se no sonoro que funda e nutre esse inconsciente, em sua aparic&o primeira" (BARCELLOS, 1992, p.15). A fun¢ao do acalanto se da gragas a estrutura musical, e nao a letra, que ainda nao pode ser compreendida. Marcia Cirigliano (1988), no tratamento de uma crianga de quatro anos, com comportamento autistico e escassa verbalizacdo, notou a existéncia, por parte da terapeuta, do que denominou haunting melody, uma melodia que insiste em aparecer e revela contra-transferéncias. Realizou entéo uma pesquisa bibliografica sobre a importancia de acalantos e cangées infantis na historia musical do individuo, e afirma que o acalanto é uma cangao transicional, facilitadora do processo de separagdo mae/ bebé; no contexto terapéutico ¢ transicional-transferencial @ as trazidas pelo terapeuta, contratranferenciais. A fundamentagao sobre o uso da musica em musicoterapia vem evoluindo, desde Ira Altshuler, que mostrou a importancia da sincronia entre o tempo mental do paciente e a musica (ISO). A sincronia é atualmente considerada fundamental para que o bebé aceite e tenha prazer na voz materna, e que possa trocar “o caos sonoro” da vida intra-uterina e do nascimento por algo significante, que poderé conduzir a alternancia e a fala 282 principio formulado por Benerzon da identidade sonora como um “mosaico sonora” formado desde a vida intra-uterina (ISo), e em constante evolugo, abrangendo todos os aspectos do som introjatados pelo ser humano, modifica este conceito. E introduzido © principio de que, para entrar em contato com o paciente, @ preciso conhecer ou intuir este som ou sons que fazem parte de sua identidade, e saber distingui-los da identidade sonora do préprio terapeuta. Desta forma, é oferecida uma base teérica para justificar a musica como uma ferramenta terapéutica que permite a comunicagao entre paciente/ terapeuta. No entanto, a hipétese atual ¢ mais ampla do que a existéncia de uma identidade sonora, como um dos aspectos que fazem parte da identidade. A sonoridade oua misica da fala matemna é, em si, o elemento que vai permitir a percepgao de que existe “Outro”, em oposic¢ao ao “Eu” e a origem da identidade, sendo esta compreendida como o reconhecimento de si mesmo que perdura através da vida, apesar das modificagdes sofridas pela pessoa. A partir da percep¢o da existéncia do Outro, a voz da mae passa a ser um signo, nao apenas da presenga, mas do desejo matemo de dar ou negar prazer. Desvendar o seu desejo, @ no o simples estimulo sonoro, é que levard a fala, ou a comunicagao. ‘A Gnica forma de comunicagéo conhecida é a inguagem, nao apenas a verbal, mas em qualquer de seus aspectos, corporal, visual, sonoro, etc. Qualquer forma de inguagem é significante, podendo ser dotada de sentido. A nogéo de musicante, como significante musical que independe dos significados verbais e admite atribuiggo de sentidos de ordem emocional, propicia a expressdo de afetos indiziveis, que perduram pela vida adulta, como eram indiziveis as emogées da crianga antes de adquirir a fala Por outro lado, sendo a musica uma linguagem cultural 283 Partilhada, permite algum acesso ao mundo interno do Paciente. O inicio do processo musicoterdpico remete as Primeiras experiéncias do ser humano, quando apenas existia a musica da fala, sobre a qual recaiam significagées Primarias, como prazer ou desprazer, presenca ou auséncia da figura materna, Dai a importancia da sincronia apontada por Altshuler e Benenzon. A musicoterapia parece Propiciar uma revivéncia destas fases arcaicas em que Ocorre a evolugdo desde o caos sonoro, caminhando para a sincronia significante até a altermAncia que permite chegar @ aquisig&o do campo seméntico. A conclusao da pesquisa, Na época, foi da importancia da musicoterapia para Proporcionar a reinsercdo no campo semAntico. No entanto, numa releitura 4 luz do conhecimento atual, em que a insergao no discurso e a constitui¢do do sujeito se Processam simultaneamente, a pesquisa indicou que o Processo musicoterapico propicia o resgate do saujeito e da identidade do psicético, tendo portanto uma ago muito mais profunda e importante do que aquilo que afirmamos naquela ocasiao. ‘A musica 6 compartilhada no espaco transicional conceituado por Winnicott, um terceiro espago entre o espago interno e o externo, em que nao 6 necessaria a Prova de realidade, em que a fronteira nao precisa ser definida. Esta vivéncia transicional da musica, no espaco terapéutico, pode conduzir a uma aceitagdo da realidade socialmente aceita. © amalgama de todos estes aspectos mostra a importancia da musica na fundagdo do sujeito e na reinser¢éo no discurso, que, de acordo com os estudos psicanaliticos recentes, sao interligadas e concomitantes, tendo o sonoro um papel fundamental na nogao de “Eu” ¢ Outro”, ou seja, na constituigao do sujeito e, consequentemente, na criagao da propria identidade 284 A musicoterapia, deste modo, tem uma fungao muito maior do que possibilidade da camunicagao terapéutica com 0 paciente. Se o som e a musica da voz materna so fatores indispensveis para a criagdo da identidade, para a diferenciagao do sujeito e do outro, a musica propriamente dita e a musicoterapia tm um papel primordial tanto no iagnéstico quanto na intervencao terapéul possibilitar a reintrodugao na linguagem e o resgate da identidade do sujeito Existem inimeras tentativas de explicar a origem da musica. Talvez a necessidade humana de criar ou fazer misica esteja baseada nesta experiéncia tao precoce de prazer. Talvez a musica tenha a fungao de trocar 0 “caos sonoro da vida intra-uterina e do nascimento” por uma organizagao sonora significante e prazerosa, propiciando viver no “espaco transicional’, livre da ditadura do significado da linguagem verbal. Embora jé tenha sido levantada a importancia das cang6es de ninar, no houve um grande aprofundamento deste estudo por parte dos musicoterapeutas. Fica como sugestao que pesquisem nas entrevistas 0 cancioneiro infantil que faz parte da vivéncia dos pacientes. E importante notar que a maioria das letras das cangSes de ninar faz referéncia a entidades aterrorizadoras ~ 0 bicho papdo, a cuca, 0 boi da cara preta - mas tranquilizam 0 bebé gracas & sua forma musical. Ainda segundo Winnicott, a crianga precisa introjetar "objetos bons", que oferecam suporte para que possa lidar com os “objetos maus”. A musica, aparentemente desempenha este papel de objeto bom e permite a introjecdo dos objetos maus presentes nas letras, Seria importante, além de pesquisar os acalantos, observar no trabalho clinico 0 que ocorre em presenga destas cang6es 285 A incorporagao de acalantos e outras cangdes infantis as sessées de musicoterapia pode ser uma Possibilidade de tornar este processo mais eficaz. Talvez este seja um filéo da maior importancia para o embasamento tedrico e para aumentar a eficiéncia terapéutica da musicoterapia. Cabe a nés, musicoterapeutas, aprofundar os estudos que vém sendo realizados e desenvolver técnicas e procedimentos que possam ajudar a emergéncia do sujeito. A presenca ou auséncia dos acalantos parece ter um papel importante nesta reconstrucao da identidade. Ao ouvir um trecho escolhido para a pesquisa sobre linguagem musical, no qual se ouve uma crianga chorando e em seguida uma voz cantando “Boi da cara preta’, disse uma moga psicética, ‘com um ar introspectivo e aparentando grande emogo: “A mae esta consolando a crianga. Sera que me consolaram quando eu era crianga? ... Eu acho que nao... Eu acho que no...” ABERASTURY, Ae ALVAREZ DE TOLEDO, LG. "Lamisicaylos instrumentos musicales’ Revista de la Asociacion Psico: Argentina, T-XIl,n°2, pp.29-45, 1955 ALTSHULER. Four year’s experience with music as a therapeutic agent at Eloise Hospital, The American Journal of Psychiatry, vol, 100, pp.792-794, 1944. BARCELLOS, Lia Rejane. Cadernos de Musicoterapi Enelivros, 1992 BARCELLOS, Lia Rejane ; SANTOS, Marco Antonio Carvalho—A Natureza Polissémica da Misica e a Musicoterapia, Revista Brasilei ‘Ano I,n°4, pp.5-18, 1996 BENENZON, Rolando - Manual de Mu: ‘oterapia. 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Livros 288 publicados: O Despertar para 0 Ou'ro no Brasil, Musicoterapia para Deficiéncias Mentais em Portugal e Musicoterapia no Rio de Janeiro - 1955-2005 no prelo. e.mail: kice@uol.com. br * Por Clarice Moura Costa e Martha Negreiros de Sampaio Vianna, iniciada em 1982, com bolsas do CNPq, categoria aperfeioamento/ especializaco, desenvolvida a partir de 1985 com financiamento da FINEP. 4 Parte integrante da pesquisa citada

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