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boletimconjuntura rasil 5
NOVEMBRO 2016­| n.5
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Visite a linha do tempo e conheça a vida e a trajetória do líder socialista.

WWW.FJMANGABEIRA.ORG.BR/MIGUELARRAES100ANOS

Previdência Social
"Nunca me preocupei com rótulos. O rótulo de radical, ou o de conciliador, não tem nenhum O BRASIL PRECISA DE UMA ALTERNATIVA
sentido para mim, como não tinha sentido me chamarem de comunista no passado. O que
importa é a prática política; o que importa são os posicionamentos que se toma ao lado de
determinadas camadas sociais em defesa de teses que interessam à nação como um todo".

Miguel Arraes, 1983.


Manual das Cidades Feira do Livro dente nacional do PSB, Carlos Siquei-
ra, destacou a vitalidade e o conteúdo
A FJM lança os dois manuais para pre- A FJM organizou um stand na 32ª da publicação. “Quando pensamos a
feitos eleitos. Mais de 700 novos pre- Feira do Livro em Brasília. No espaço, criação da Revista Politika, foi com
feitos e vice-prefeitos têm à disposição que contou com a presença de várias o intuito de oferecer uma publicação
outras duas publicações atualizadas, lideranças socialistas e de autores e com conteúdo denso e temas que nos
que mostram a maneira correta das visitantes da Feira, livros e cartilhas se tiram do lugar comum e nos fazem
prefeituras terem acesso a recursos somaram a veiculação de vídeos. Fo- refletir sobre os caminhos a trilhar e
públicos. “Captação de Recursos: o ram realizados os lançamentos de pu- propor. Estou feliz e cada vez mais
que os municípios precisam saber?”, blicações literárias da Fundação, como interessado nos rumos da Politika”,
apresenta informações úteis que fa- o livro “O Estado Presente”, do presi- pontua Carlos Siqueira. n
cilitam a entrada de novos recursos dente da FJM, Renato Casagrande. n
para investimentos, qualificação pro-
fissional e programas sociais. n Revista Politika
Já está disponível o quarto número
da Revista Politika, editada pela FJM.
Nesta edição o tema abordado é
“Sustentabilidade” com oito ensaios
inéditos, atuais e provocantes
que es­timulam a capacidade
do leitor em en­trar, debater e
se aprofundar no mais importante
assunto para sobrevivência da raça
humana. A revista está disponível
impressa ou no site www.fjmanga-
beira.org.br nas versão português,
inglês e espanhol. São especialistas
que tratam de diferentes ambientes
Manual das que se relacionam em objetivos para
Cidades 2 preservação da vida no planeta. Du-
rante o lançamento nacional, no Rio
As prefeituras administradas pelo PSB
de Janeiro, mais de 500 pessoas,
também vão contar com o manual “Ela-
compareceram a cerimonia. O presi-
boração Projetos: o que os municípios
precisam fazer?”. O manual atualiza-
do, pretende facilitar os detentores de
mandatos e suas equipes na elaboração
dos projetos. O principal objetivo do
manual é a adequação a burocracia
pública, evitar o retrabalho e perda
de prazos. OS dois manuais lançados
também estão disponíveis no site www.
fjmangabeira.org.br n
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boletimconjuntura rasil
Novembro 2016
Copyright ©Fundação João Mangabeira 2016

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Renato Casagrande Renato Casagrande
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Álvaro Cabral Capa: Papel Couche Fosco LD 210g/m2 em 4x4 Cores.
Dalvino Troccoli Franca Miolo: Papel Couche Fosco LD 115g/m2 em 4x4 Cores.
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Conselho Fiscal Fundação João Mangabeira.
Cacilda de Oliveira Chequer Boletim Conjuntura Brasil/ FJM. – Brasília: Editora FJM,
Ana Lúcia de Faria Nogueira 2016 – nº 5, nov. (2016), trimestral.
Gerson Bento da Silva Filho 32p.; 17 x 25 cm; il., color.

Conselho Fiscal (Suplentes)


ISSN: 2448-3702
Marcos José Mota Cerqueira 1.Política 2. Conjuntura. I. Título, II. FJM.
Dalton Rosa Freitas CDD: 320
CDU: 32

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Passadas as eleições municipais, o debate brasileiro deve se concentrar,


no período que se abre, em duas emendas constitucionais associadas entre si: a que li-
mita o crescimento dos gastos públicos à taxa de inflação do ano anterior, durante vin-
te anos, e a que propõe uma reforma da Previdência Social. Segundo o governo, elas são
necessárias para realizar um ajuste fiscal de longo prazo e criar condições para iniciar
um novo ciclo de crescimento.
São emendas polêmicas. Neste quinto Boletim de Conjuntura da Fundação João Man-
gabeira, analisamos a questão da Previdência, mais complexa do que normalmente se
pensa. É fácil resolvê-la de duas maneiras opostas e igualmente inadequadas: ou debi-
litando o principal mecanismo de distribuição da renda nacional, com as consequências
disso sobre o agravamento da pobreza, ou ignorando a necessidade de equilibrar as fi-
nanças públicas, com as consequências disso sobre o desempenho econômico do país.
Estabelece-se um diálogo de surdos entre essas duas posições, que tendem a se ra-
dicalizar. Ele precisa dar lugar a visões novas e mais abrangentes, que reconheçam as
múltiplas faces do problema. O sistema de Seguridade Social inaugurado pela Consti-
tuição de 1988 precisa ser preservado, mas a evolução da demografia brasileira, com a
entrada do país na fase final da transição demográfica, exige que ele sofra adaptações.
A proposta do governo dá continuidade a uma sequência já antiga de restrição de di-
reitos. Se for aprovada, provocará um alívio apenas temporário no fluxo de caixa. Nova
reforma, com as mesmas características, será necessária nos próximos anos. Não fazer
nada também não é solução.
Este Boletim recupera sucintamente a história e os conceitos básicos da questão pre-
videnciária, mostra a tremenda importância do sistema de Se-
guridade para a estabilidade social do Brasil contemporâneo,
destaca as mudanças que ele já sofreu, discute se, afinal,
é deficitário ou superavitário e, no final, esboça uma
solução nova. Propõe uma reforma mais radical do que
a que o governo pretende fazer, mantendo intacto,
porém, o caráter redistributivo do sistema e sua efi-
cácia no combate à pobreza.
Toda proposta inédita contém um elemento de
ousadia e está sujeita a ser contestada. Se o que pro-
pomos aqui contribuir para revigorar o debate e per-
mitir que se vislumbrem soluções inovadoras, te-
remos cumprido o nosso papel.

Renato Casagrande
Presidente da Fundação João Mangabeira
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reforma da
PREVIdÊNCIA
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Um espectro ronda o Brasil: o défi- de 2015 varia de um déficit de R$ 85


cit da Previdência. Muitos afirmam bilhões a um superávit de R$ 24 bi-
que ele é grande e crescente, o que com- lhões, como se a matemática tivesse
promete decisivamente o equilíbrio deixado de ser uma ciência exata.
das contas do governo. Se nada for fei-
to, as consequências serão desastrosas: A questão previdenciária encerra o
incapacidade de rolar a dívida pública, conflito distributivo mais relevante em
monetização dessa dívida, hiperinfla- curso em nosso país. Há muita coisa
ção e colapso do próprio sistema pre- em jogo nela, a começar pela ideia de
videnciário. Para evitar isso é neces- sociedade que desejamos construir.
sário diminuir benefícios e/ou Não há má-fé no debate, mas dife-
aumentar a arrecadação na reforma rentes metodologias de abordagem e
que se anuncia. aferição de um problema complexo.
Outros defendem uma visão dife- Além de fatores endógenos, como as
rente: não só a Previdência, mas todo fontes de financiamento e os critérios
o sistema de Seguridade, onde ela se para a concessão de benefícios, o equi-
insere, é superavitário. Suas bases de líbrio do sistema depende também de
financiamento são sólidas. O que exis- fatores exógenos, relacionados à di-
te é uma “cultura da crise”. Entre 2014 nâmica demográfica, ao desempenho
e 2015 os benefícios previdenciários geral da economia, à estrutura do mer-
cresceram R$ 6 bilhões, enquanto a cado de trabalho e à composição das
conta de juros cresceu R$ 130 bilhões. famílias. Tudo isso está em mutação.
O problema fiscal está em outro lugar. As complicações não param aí. Há
Diagnósticos divergentes têm pro- fatores estruturais e conjunturais. O que
vocado grande polêmica. As pessoas recolocou em pauta a reforma, com for-
ficam confusas. O balanço das contas te sentido de urgência, foram o dese-
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quilíbrio fiscal e a recessão que o Bra- ca, pois a medicina fica mais cara; e a
sil experimenta desde 2014, que assistência social, pois a rede de pro-
diminui receitas e amplia despesas. Até teção se torna maior.
que ponto essas dificuldades momen- Mas há reformas e reformas. No Bra-
tâneas devem induzir alterações per- sil atual, reforma pode significar desde
manentes nos mais importantes meca- ajustes e correções, preservando-se as
nismos de distribuição de renda que instituições nascidas na Constituinte de
construímos? Ou elas apenas agravaram 1988, até a asfixia do sistema público de
problemas que já existiam, criando as repartição, em vigor, e sua substituição
condições para uma intervenção neces- por um sistema privado de capitalização,
sária, corajosa e inadiável? com todas as hipóteses intermediárias
Neste contexto cheio de dúvidas, o que essa gradação implica.
diálogo tem sido difícil. Nosso esforço,
ao produzir este quinto Boletim de Con- Este já é um debate antigo entre
juntura da Fundação João Mangabeira, nós, inaugurado praticamente no mes-
é buscar um ponto de vista construtivo, mo instante em que promulgamos a
com uma abordagem ampla, que não se- Constituição. Desde então – e já se vão
leciona um subconjunto de dados para quase trinta anos – fala-se na iminên-
demonstrar alguma tese preconcebida. cia de uma grande crise na Seguridade
Social. Já houve quatro reformas por
Devemos evitar a expressão “a re- emendas constitucionais, cinco novas
forma da Previdência”, seja porque ela leis no plano infraconstitucional e de-
não é clara, seja porque não estamos dis- zenas de outras mudanças, duas delas
cutindo um evento isolado e único. Re- em 2015. Agora, em 2016, nova emen-
formas previdenciárias são relativamen- da constitucional sobre o tema chega
te comuns, pois arranjos e pactos que se ao Congresso.
projetam por períodos muito longos, Durante a ampla pesquisa que fize-
abarcando gerações, precisam ser rea- mos para redigir este Boletim não sa-
valiados. Governos de diferentes forças bíamos exatamente onde chegaríamos.
políticas, à esquerda e à direita, propu- Tateamos às cegas, cercados por núme-
seram reformas na França, na Itália e ros e análises muito conflitantes. Para
na Inglaterra. O Japão tem sido mais nossa surpresa, surgiu em certo mo-
radical: revê as regras de seu sistema mento uma ideia nova, que, até onde
de proteção social a cada cinco anos, sabemos, não está presente no debate
regularmente, pois é preciso reinven- atual. Nós a apresentamos aqui como
tar caminhos para financiá-lo. uma contribuição. Se contiver algum
Nâo é difícil compreender isso. Nas defeito básico, que seja recusada. Se
sociedades contemporâneas há uma apontar um caminho válido, que seja
tendência estrutural de aumento das criticada, aperfeiçoada e detalhada, com
despesas nos três grandes braços da a contribuição de todos os debatedores
Seguridade: a previdência, pois a po- de boa-fé, que são ampla maioria. É o
pulação fica mais velha; a saúde públi- que esperamos.
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Conceitos
e História
O surgimento dos sistemas estatais de seguro
social e sua transformação em sistemas de
seguridade são parte essencial da construção
das sociedades ocidentais modernas.

A urbanização, a expansão do tra- um modelo bastante usado até hoje,


balho assalariado e a dissolução dos inclusive no Brasil.
laços comunitários tradicionais cria- Desde então os sistemas de pro-
ram novos desafios às sociedades oci- teção estatais cresceram muito, prin-
dentais que experimentavam proces- cipalmente nos países mais ricos.
sos de urbanização e industrialização Depois da Segunda Guerra Mundial
no século XIX. Indivíduos e famílias eles se tornaram componentes es-
caíam na miséria absoluta por causa senciais dos chamados Estados de
de doença, acidente, invalidez, mor- Bem-Estar Social. Como pano de fun-
te prematura do provedor ou velhice. do dessa grande transformação havia
Tornou-se imperativo construir no- a expansão da indústria, a crescente
vas instituições voltadas para garantir sindicalização dos trabalhadores, a
a sobrevivência digna de pessoas que demanda por maior regulação esta-
perdiam a capacidade de trabalho e tal, a tributação progressiva da renda
de seus dependentes diretos. e da propriedade e as políticas eco-
O primeiro sistema previdenciá- nômicas keynesianas.
rio foi implantado pelo chanceler Otto Logo surgiu um conceito novo e
von Bismark na Alemanha em 1883, mais amplo, o de Seguridade. Ele não
com pensões por idade, invalidez e se referia mais a um seguro indivi-
morte, além de cobertura em casos de dual, mas a instituições públicas que
doença, acidente de trabalho e ma- pretendiam afirmar direitos univer-
ternidade. Depois veio o seguro-de- sais de cidadania. Era preciso prote-
semprego. Estabeleceu-se um finan- ger todos os cidadãos, não apenas os
ciamento tripartite, com contribuições indivíduos inseridos no mercado de
de empregados, empresas e Estado, trabalho formal.
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O Brasil acompanhou com atraso A Seguridade surge no Brasil


esse processo. O direito à aposenta-
em 1988, com fontes de
doria surgiu na República Velha para
certos grupos de funcionários do Es- financiamento diversificadas.
tado. Em 1923, a Lei Eloy Chaves Logo se torna, de longe, o maior
criou a primeira instituição especi-
ficamente previdenciária, a Caixa de mecanismo de distribuição da
Aposentadoria e Pensões (CAP) dos renda nacional, com grande
ferroviários. Nos anos seguintes a
impacto na diminuição da
abrangência das CAPs aumentou,
com a incorporação progressiva de pobreza. Ela corrige parcialmente
novas categorias. a regressividade do nosso
De lá para cá muitas mudanças hou-
ve, de forma cumulativa, sempre no
sistema tributário.
sentido de aumentar a abrangência da
proteção social. Mesmo assim, duran- Os constituintes não subestimaram
te a maior parte do século XX ela con- o problema do financiamento dessa
tinuou beneficiando parcelas minori- rede. Estabeleceram que a base finan-
tárias da população brasileira, aquelas ceira da Seguridade seria única, mas
que moravam nas cidades e mantinham suas fontes seriam diversificadas. Fo-
relações formais de emprego nos se- ram criadas as contribuições sociais.
tores econômicos mais modernos. As empresas contribuem com uma
O salto de qualidade ocorreu na parcela do lucro líquido (9% a 20%)
Constituição de 1988. Com grande e da folha salarial (20%); os trabalha-
atraso em relação à Europa, ela con- dores são descontados na fonte (8%
sagrou entre nós o princípio da Segu- a 11% do salário); o governo entra com
ridade, criando um sistema integrado 12% da contribuição sobre a folha; a
de caráter compulsório, público e uni- sociedade inteira paga a Cofins, que
versal, único na América Latina. A incide sobre o consumo. Há, ainda,
atenção à saúde tornou-se um direi- recursos provenientes de atividades
to de todos os cidadãos, a assistência de importação, de loterias e outras
social passou a proteger os grupos mais receitas menores.
fragilizados, definidos em lei, e a pre- Além de bastante estável, pela di-
vidência foi estendida a grandes po- versidade de fontes, essa estrutura de
pulações até então excluídas, inclu- financiamento redistribui melhor a
sive os moradores das zonas rurais. O carga tributária do país, que é forte-
salário mínimo – na época, muito bai- mente regressiva: toda a sociedade é
xo – tornou-se o indexador de todos chamada a contribuir para a Segurida-
os benefícios, para protegê-los da in- de, formada por um conjunto de ins-
flação (ver “Características gerais da tituições que beneficiam, antes de tudo,
Previdência brasileira”). os mais pobres.
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Características gerais
da Previdência brasileira
A Previdência Social brasileira divide-se em modo que eventuais déficits ou superávits
três partes. O Regime Geral (RGPS) tem hoje não se transmitem aos demais. Mas há cer-
cerca de 28 milhões de beneficiários, 2/3 dos ca de 3.500 municípios sem regimes pró-
quais recebendo um salário mínimo. Ele pro- prios. Nesses casos, os servidores se ligam
tege assalariados do setor privado, autôno- ao RGPS.
mos e categorias especiais. Os Regimes Pró- Uma diferença importante entre os dois
prios (RPPS) da União, dos estados e de sistemas é o teto dos benefícios, R$ 5.189,00
muitos municípios, com cerca de 3,4 milhões no RGPS (outubro de 2016) e R$ 39.200,00 (a
de beneficiários, protegem os servidores pú- partir de janeiro de 2017) no RPPS. Esse teto
blicos, com diferentes regras. E os Regimes tem sido ultrapassado pelos beneficiários dos
de Previdência Complementar (RPC) reúnem chamados “regimes especiais” (figura 1, no ane-
os vários tipos de previdência privada, que xo estatístico).
podem ser abertos a quem quiser se asso- A média dos benefícios pagos pelo RGPS é
ciar, pagando uma mensalidade em troca de bem menor que a dos RPPSs. O limite superior
um benefício futuro, ou fechados para traba- do RGPS é corrigido anualmente de acordo com
lhadores de determinada empresa. a inflação, enquanto o do RPPS acompanha o
Os dois primeiros regimes são públicos e salário dos servidores em atividade, que pode
de filiação compulsória, baseados no modelo incorporar ganhos reais.
de repartição. O terceiro é privado e de adesão Nas três esferas de governo há cerca de
facultativa, seguindo o modelo de capitalização. 6 milhões de servidores ativos, 2,4 milhões
Somente o RGPS integra o sistema de Se- de aposentados e 1 milhão de pensionistas.
guridade, sendo gerenciado pelo Instituto Na- O gasto total com essas aposentadorias e
cional do Seguro Social (INSS). Os RPPSs de- pensões chega a 4,1% do PIB. O RPPS da
pendem de contribuições específicas de seus União recebe aportes do Tesouro Nacional,
associados e dos entes federativos a que es- que o gerencia. Apresenta, pois, um perfil re-
tão ligados. O RPPS da União não está vincu- gressivo em termos de distribuição de ren-
lado ao INSS, mas ao Tesouro Nacional. Am- da, pois toda a sociedade paga tributos para
bos os sistemas têm contabilidades separadas. garantir que antigos funcionários públicos
Cada estado ou município pode criar seu pró- recebam benefícios muito superiores à ren-
prio RPPS, que opera com autonomia, de da média dos brasileiros.
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A TRAJETÓRIA DA
SEGURIDADE
BRASILEIRA
O crescimento dos gastos sociais nos últimos vinte
anos foi positivo, mas há um debate legítimo sobre
a sustentabilidade financeira desse processo.
O que devemos manter e o que devemos alterar?

A partir da promulgação da Cons- de 2016, Fundação João Mangabeira).


tituição combinaram-se, durante mui- Os recursos que ele repassa são decisi-
tos anos, o rápido alargamento da base vos para manter a atividade econômica
do sistema, com a incorporação de no- em extensas regiões deprimidas, onde
vos contingentes populacionais, e au- normalmente pouca moeda circula. O
mentos reais do salário mínimo, o in- valor recebido pelos beneficiários da
dexador dos benefícios mais baixos. Seguridade supera os repasses do Fun-
Entre 1995 e 2014 os gastos previden- do de Participação, do governo federal,
ciários cresceram quase 65%, em ter- em 70% dos municípios brasileiros.
mos reais, com maiores ganhos para Em 82% deles, os benefícios superam
os que recebem um salário mínimo a arrecadação municipal de tributos.
(figura 2). O gasto social do Estado bra- Obtivemos avanços civilizatórios
sileiro, visto como um todo, passou de importantes, que não devem ser per-
4% do PIB em 1988 para 12% em 2015. didos. Dissociamos, por exemplo, en-
A sociedade brasileira ganhou mui- velhecimento e pobreza extrema: mais
to com isso. O sistema de Seguridade de 80% dos idosos brasileiros estão
tornou-se, de longe, o maior suporte protegidos com um salário mínimo,
ao incipiente processo de distribuição uma percentagem excepcionalmente
de renda que experimentamos na dé- elevada (figura 3). Eles deixaram de
cada de 2000 (ver Concentração de ren- ser um peso para suas famílias e, em
da, Boletim de Conjuntura nº 4, junho muitos casos, tornaram-se os prove-
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dores das despesas domésticas, com a – tudo isso alterava os termos do de-
segurança e a dignidade que isso traz bate e fortalecia os economistas que
à velhice (figura 4). enfatizam a necessidade de buscar,
O perfil dos beneficiários da Lei antes de tudo, austeridade fiscal e ga-
Orgânica da Assistência Social mostra nhos de produtividade microeconô-
que 60% são mulheres, 58% são che- micos. Logo a rolagem da dívida pú-
fes de família e 50% são pessoas sem blica passou a exigir superávits
instrução. Essa transferência de renda primários consideráveis, dificilmen-
tem grande impacto. Apenas 3,5% dos te compatíveis com um alto ritmo de
beneficiários ainda são considerados crescimento dos gastos sociais.
pobres, mas essa percentagem passa- Grandes ajustes no sistema previ-
ria a 82% (47% de pobres e 35% de denciário estiveram no rol de exigên-
extremamente pobres) se o benefício cias que o Banco Mundial e o Fundo
fosse retirado (figura 5). Monetário Internacional nos apresen-
taram durante a década de 1990. Essas
A velocidade de crescimento dos instituições defendiam que transitás-
gastos sociais põe na ordem do dia, le- semos para um regime geral enxuto,
gitimamente, a questão da sustentabi- voltado basicamente para os pobres,
lidade financeira desse processo (fi- complementado por instituições pri-
gura 6). Ela retornou com força ao vadas optativas, em regime de capitali-
debate na atual recessão, mas já tem zação (ver “Repartição e capitalização”).
história entre nós. Embora socialmente exitoso, o sis-
Em 1989, mal saído do forno, esse tema de Seguridade, recém-instituído,
sistema abrangente, inspirado na ex- parecia estar fora de tempo e lugar.
periência social-democrata do segun- Dois conjuntos de críticas se destaca-
do após-guerra, encontrou um con- vam. Um sobre as regras, consideradas
texto, nacional e internacional, que já frouxas, de concessão de benefícios –
lhe era desfavorável. Fernando Collor especialmente as aposentadorias pre-
de Mello venceu as primeiras eleições coces ou sem contribuição prévia e as
presidenciais posteriores ao regime pensões abusivas –, outro sobre os im-
militar com um discurso antiestatista pactos da demografia. Combinados,
que enfatizava a abertura, a desregu- esses dois fatores apontavam para uma
lamentação, a competição, a globali- crise estrutural em curso, com o au-
zação. O keynesianismo não era mais mento do hiato entre um número pro-
a doutrina preponderante na academia. porcionalmente decrescente de traba-
O baixo dinamismo econômico, o ad- lhadores ativos e contribuintes, de um
vento de novas tecnologias, a desin- lado, e um número proporcionalmen-
dustrialização, a retração do trabalho te crescente de trabalhadores inativos
assalariado formal, o enfraquecimen- e beneficiários, de outro.
to dos sindicatos, o aumento dos gas- Observemos essas duas linhas
tos financeiros dos Estados nacionais de argumentação.
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Repartição e capitalização
A viabilidade dos sistemas previdenciários depen- duais e formam reservas. Seu equilíbrio depende,
de de sua capacidade de manter um equilíbrio de basicamente, de que as aplicações apresentem uma
longo prazo entre os benefícios pactuados e os re- lucratividade adequada, capaz de sustentar o pla-
cursos financeiros disponíveis em cada momento. no atuarial adotado. Eles não oneram, em princípio,
Eles se organizam, basicamente, em dois regimes, as finanças do Estado, mas estão sujeitos aos de-
que têm vantagens e desvantagens. sastres que sempre ameaçam investidores de lon-
Os sistemas que usam o regime de repartição, go prazo em mercados cada vez mais contamina-
como o RGPS, precisam, pelo menos, igualar recei- dos pela especulação.
tas e despesas correntes, pois não acumulam re- Como vimos, a Previdência pública brasileira
servas. As contribuições recolhidas da geração ati- foi organizada em regime de repartição. Fazê-la
va pagam os benefícios concedidos às gerações transitar em grande escala para o regime de capi-
inativas. Por isso, o envelhecimento da população talização – que seria a versão mais radical de uma
tende a onerar mais fortemente os regimes de re- reforma – é impossível e indesejável.
partição. O equilíbrio depende de fatores demográ- Impossível porque, nesse caso, as contribuições
ficos, econômicos e institucionais. Diante da ame- do pessoal ativo seriam direcionadas para o novo
aça de um desequilíbrio é preciso alterar regras para sistema, enquanto o passivo representado pelos
diminuir as despesas e/ou aumentar as receitas. benefícios em vigor continuaria recaindo sobre o
É típico de um sistema de repartição que os be- Estado, que logo iria à falência. Em paralelo, a acu-
nefícios não sejam exatamente proporcionais às mulação de capital privado não produtivo ganharia
contribuições individuais. Daí seu caráter distribu- enorme impulso, pois planos novos de previdência
tivo. No RGPS brasileiro, como vimos, os benefícios são o melhor negócio do mundo: contam com re-
variam de um mínimo de R$ 880,00 (um salário mí- ceitas certas, praticamente sem despesas.
nimo) a um máximo de R$ 5.189,00 (outubro de Indesejável porque a Previdência só pode ser
2016), um intervalo muito menor do que aquele que concebida como um seguro individual em países
separa os menores e os maiores salários do pesso- com renda per capita bem mais alta que a nossa,
al da ativa. Além disso, alguns grupos sociais fazem com mercados de trabalho mais organizados, po-
jus a benefícios sem terem contribuído diretamen- pulação rural bem menor, distribuição de renda mais
te, como é o caso da maioria dos trabalhadores ru- homogênea e alta capacidade de poupança indivi-
rais. Os custos são bancados pelos demais partici- dual. A tentativa de impor isso no Brasil seria so-
pantes do sistema e pela sociedade em geral. A cialmente catastrófica.
alternativa seria deixá-los expostos ao desamparo Seja como for, qualquer esforço previdenciá-
em caso de invalidez ou velhice. Isso não seria jus- rio pressupõe o acesso a oportunidades de inves-
to: se levarmos em conta que a tributação sobre o timento seguras e rentáveis no longo prazo, o que
consumo também sustenta a Seguridade e que as está fora do alcance dos indivíduos comuns, es-
contribuições das empresas estão embutidas nos pecialmente daqueles cuja renda não é muito ele-
preços dos produtos, podemos dizer que todos os vada e cuja informação sobre negócios é precária.
cidadãos contribuem, direta ou indiretamente. Daí a necessidade de existirem estruturas maio-
Os sistemas organizados em regime de capita- res, coletivas, sejam estatais (compulsórias) ou
lização aplicam as contribuições em contas indivi- privadas (optativas).
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Há três tipos de aposentadoria: por As regras de concessão de


tempo de contribuição, por idade e por
invalidez. As regras iniciais, que perma- aposentadorias e pensões já
neceram em vigor durante muitos anos, foram bastante alteradas. Hoje,
de fato eram permissivas: era possível
elas podem ser consideradas
acumular benefícios, transferir pensões
integrais e vitalícias a pessoas muito jo- severas em relação aos
vens etc. Ao longo do tempo, porém, elas trabalhadores mais pobres.
sofreram várias mudanças restritivas.
Nas aposentadorias por tempo de
Não é necessário fazer novas
contribuição, hoje estão em vigor o cha- mudanças. Mas as tendências
mado fator previdenciário – uma fór- da demografia exigem ajustes,
mula matemática, instituída em 1999,
que diminui o valor das aposentadorias pois o peso dos idosos é cada
precoces – e a fórmula 85/95, com um vez maior na população do país.
tempo mínimo de contribuição. Os ho-
mens só podem se aposentar com pro- pressionados durante toda a vida pela
ventos integrais se a soma de sua idade informalidade e o desemprego, não con-
e de seu tempo de contribuição atingir seguem pagar contribuições contínuas
95, com pelo menos 30 anos de contri- durante décadas. Eles acabam obtendo
buição. As mulheres, se essa soma atin- a aposentadoria por idade, também com
gir 85, com pelo menos 25 anos de con- 60 anos, ou o Benefício de Prestação
tribuição. Esses números serão Continuada, com 65 anos.
gradativamente aumentados até 2023, Nas pensões por morte, cujos cri-
quando atingirão 95/105. térios de concessão sempre foram
Essas medidas resolveram a ques- muito criticados, também houve alte-
tão das aposentadorias precoces, ele- rações significativas. A Lei 13.135, de
vando para 58 anos a média das apo- 2015, disciplinou a concessão desse
sentadorias no Brasil pelo RGPS e para benefício tanto no RGPS quando no
60,7 anos pelo RPPS (figura 7). Essas RPPS da União, de modo que 44% das
médias tendem a crescer naturalmen- pensões concedidas atualmente têm
te, pois as aposentadorias antigas vão duração de até quatro meses (figura
desaparecendo e as novas submetem- 8). Pensões vitalícias ficaram restritas
-se a regras mais rígidas. a viúvos(as) com mais de 44 anos de
Na prática, a aposentadoria integral idade e mais de dois anos de casamen-
por tempo de contribuição só está dis- to ou união estável, desde que o segu-
ponível para homens com mais de 60 rado instituidor tenha realizado pelo
anos e para mulheres com mais de 55. menos 18 contribuições. A mesma lei
Mas essa é uma visão otimista: os traba- estabelece um critério automático para
lhadores mais pobres raramente plei- o aumento dessa idade mínima, de
teiam esse tipo de aposentadoria, pois, modo a acompanhar a dinâmica de-
B
boletimconjuntura rasil Novembro 2016 14

mográfica do país. Também foi coibi- admitem que alguns subgrupos sejam
do o acúmulo de benefícios. mais dispendiosos que outros, com dé-
Na prática, como se vê, já existe ida- ficits e superávits parciais se compen-
de mínima para as aposentadorias no sando mutuamente. Seja como for, há
Brasil, e a concessão de pensões foi dis- uma maneira de diminuir rapidamente
ciplinada em lei específica. As regras esse déficit, sem criar injustiças. Uma
atuais podem ser consideradas severas, criteriosa revisão das desonerações tri-
e não brandas, em relação aos que co- butárias, criaria espaços para aumentar
meçam a trabalhar mais cedo, ganham a arrecadação.
pouco e têm uma inserção irregular no
mercado de trabalho. A segunda linha de argumentação,
que se refere às tendências inexoráveis
As aposentadorias sem contribuição da demografia, é bem mais relevante.
prévia referem-se basicamente aos tra- A queda na taxa de fecundidade (núme-
balhadores rurais (figura 9). Eles se apo- ro de filhos por mulher em idade fértil)
sentam cinco anos antes dos urbanos e desacelera o crescimento demográfico
recebem um salário mínimo, sem que e diminui a proporção de crianças e jo-
precisem comprovar algum tempo de vens na população, enquanto o aumen-
contribuição. Têm acesso ao benefício to da expectativa de vida expande o gru-
quando conseguem provar que conti- po dos idosos (figuras 10, 11 e 12). A
nuam a exercer sua atividade no campo esperança de vida ao nascer aumentou
aos 60 anos (homens) ou 55 (mulheres). 12,8 anos entre 1980 e 2015. Estreita-
Isso tem um motivo: sem salários -se a base e alarga-se o vértice da pirâ-
fixos, os trabalhadores rurais não po- mide etária, num processo que leva dé-
dem realizar contribuições mensais. Na cadas, conhecido como transição
cana-de-açúcar, por exemplo, menos demográfica (figura 13).
de 1/3 deles mantêm vínculos perma- Durante essa transição, a sociedade
nentes. Cerca de 3 milhões só encon- conta com o que os demógrafos chamam
tram ocupação sazonal, com contratos de “bônus demográfico”, o período em
de até quatro meses nos períodos da que a população economicamente ativa
safra. Nunca completam o tempo de (PEA) cresce mais do que a população
contribuição mínimo exigido na lei. de crianças e idosos. Aumenta o grupo
Aposentam-se por idade antes dos 65 de cidadãos potencialmente ativos em
anos, pois realizam um trabalho exaus- relação aos inativos, e a sociedade dis-
tivo. É o único benefício que têm. põe do maior contingente de trabalha-
Em outubro de 2016 tínhamos 8,6 dores que jamais terá, em proporção à
milhões de aposentados nessas condi- população total.
ções, produzindo um déficit anual de Estamos na fase final do nosso “bô-
R$ 90 bilhões. nus”. A fecundidade caiu muito rapida-
A Previdência rural é deficitária em mente, de cerca de seis filhos por mu-
todo o mundo. Sistemas de Seguridade lher em idade fértil em meados da
4 15 B
Novembro 2016 boletimconjuntura rasil

década de 1960 para 1,8 atualmente, abai- a aposentadoria de cada inativo. A re-
xo do nível de reposição da população. lação entre a despesa previdenciária e
Por causa da grande inércia dos pro- o PIB, que é crescente desde a década
cessos demográficos, os brasileiros de 1990, aumentará depressa.
adultos ainda são maioria. A PEA A ampliação da expectativa de vida
crescerá até meados da próxima dé- é uma conquista importante, mas im-
cada, quando começará a diminuir. põe uma sobrecarga à Seguridade So-
Assim se distribui a populção brasi- cial, aumentando a proporção de apo-
leira atual: 23,2% têm idades entre sentados na população total. Além
zero e 14 anos; 69% têm entre 15 e 59 disso, as doenças que acometem os
anos; 7,8% têm mais de 60 anos. idosos tendem a ser mais crônicas e
Teremos outra distribuição etária mais incapacitantes, e seus tratamen-
em 2050: 14% entre zero e 14 anos; tos são, em média, mais caros. Previ-
63% entre 15 e 59 anos; 22,6% com dência e saúde pública passam a exi-
mais de 60 anos (figura 14). A razão de gir mais recursos.
dependência não se alterará muito, A dinâmica demográfica, que foi
mas a composição dos dependentes, amigável ao equilíbrio previdenciário
sim. Haverá bem mais idosos e bem durante décadas, agora conspira con-
menos crianças e adolescentes. Três tra ele (figura 15). Esse é um bom ar-
ativos serão responsáveis por financiar gumento a favor de uma reforma.
B
boletimconjuntura rasil Novembro 2016 16

Déficit ou
Superávit?
A imprensa afirma que os gastos da seguridade
têm grande peso na crise fiscal. Mas os números
mostram que ocorre justamente o contrário:
a crise fiscal retira recursos da seguridade.

Para avaliar a urgência e a natureza tucionais, seja por separar Previdên-


das mudanças necessárias, precisamos cia e Seguridade, seja por considerar
verificar o problema do déficit atual. que são do Tesouro várias receitas que
Como vimos, é um assunto polêmico. a Constituição instituiu como próprias
Para dar transparência às contas da Seguridade.
públicas, a Constituição estabeleceu A legislação infraconstitucional
que o governo deve apresentar anual- atropelou a Constituição, ignorando o
mente três orçamentos distintos: o amplo mecanismo de financiamento
fiscal, o de investimento das estatais estabelecido em 1988. Na contabili-
e o da Seguridade. Isso nunca foi dade apresentada à opinião pública, a
implementado, o que dificulta mui- Contribuição Social sobre o Lucro Lí-
to essa discussão. Os orçamentos quido (CSLL), a Cofins e os recursos
fiscal e da Seguridade têm sido mis- arrecadados pelos concursos de prog-
turados, de modo que os números nósticos são considerados receitas do
não são transparentes. Tesouro. A participação da União no
Para complicar ainda mais, a Lei financiamento da Previdência é igno-
de Responsabilidade Fiscal, de 2000, rada. Somente as contribuições de em-
criou o Fundo do Regime Geral de pregados e empresas que incidem so-
Previdência Social, que passou a cen- bre a folha de salários aparecem como
tralizar os recursos destinados a pagar receitas próprias do sistema.
os benefícios do RGPS. Ele é a prin- Além disso, juntam-se receitas e des-
cipal referência dos dados que saem pesas do RGPS e do RPPS, que, como
na imprensa. O problema é que esse vimos, são instituições diferentes, uma
fundo ignora os dispositivos consti- gerenciada pelo INSS, outra pelo Tesou-
6 17 B
Novembro 2016 boletimconjuntura rasil

ro Nacional. O RGPS, como o nome diz, A utilização dos recursos provenien-


é um regime geral, enquanto o RPPS é tes das contribuições sociais para a
um regime fechado, que não integra o realização de despesas distintas do
sistema da Seguridade Social. Essa se- pagamento de benefícios do Regime
gunda confusão lança sobre a Previdên- Geral de Previdência Social.”
cia pública encargos que não são seus. O segundo caso é ainda mais in-
Com receitas comprimidas e des- compreensível. Entre 2011 e 2015, as
pesas expandidas, a Seguridade apa- renúncias fiscais que diminuem os re-
rece como deficitária. Para cobrir esse cursos da Previdência cresceram em
déficit, parte dos seus recursos retor- ritmo bem maior que os próprios gas-
na a ela, mas sob a rubrica “transfe- tos previdenciários. Só em 2015, R$
rências da União”. Assim, ela se torna 157,6 bilhões (2,75% do PIB) das con-
responsável por grande parte da crise tribuições sociais sofreram desonera-
fiscal (figura 16). ções (figura 18). Isso tem sido feito em
troca de nada, pois os investimentos
A pesquisadora Denise Gentil, da das empresas continuam muito baixos.
UFRJ, dedicou-se a montar o orçamen- Não é contraditório que o governo
to próprio da Seguridade, tal como pre- anuncie um grande déficit na Previdên-
visto na Constituição, e mostrou que ele cia e, ao mesmo tempo, desvie recursos
tem sido superavitário, ano a ano (fi- dela e abra mão de arrecadar parte dos
gura 17). É o orçamento da Seguridade tributos que deveriam financiá-la?
que sustenta o orçamento fiscal, ela diz, Quando vemos as coisas de modo
e não o contrário. A raiz do atual dese- mais abrangente, essa contradição se
quilíbrio financeiro do setor público amplia, pois a reforma da Previdência,
precisa ser procurada em outro lugar: tal como vem sendo defendida, inte-
nas despesas com juros, nos custos da gra um pacote de medidas que inclui
acumulação de reservas internacionais, a flexibilização da legislação traba-
nas operações de swaps realizadas pelo lhista, com aumento das terceiriza-
Banco Central e assim por diante. ções de mão de obra, o que desfavo-
A “construção do déficit” passa rece ainda mais o equilíbrio do
também pela Desvinculação das Re- sistema previdenciário.
ceitas da União e pela política de isen- O aumento do desemprego e da
ções tributárias. No primeiro caso, o informalidade, que é um subproduto
governo confisca 30% dos recursos de uma política econômica causadora
arrecadados pelas contribuições so- de recessão, também agrava os pro-
ciais e os usa livremente para cobrir blemas da Previdência, pois diminui
outras despesas, inclusive o pagamen- a arrecadação e aumenta a demanda
to de juros e as amortizações da dívi- por gastos assistenciais. Além disso,
da pública. Isso contraria frontalmen- esses trabalhadores que hoje param
te o artigo 167 da Constituição, que de contribuir receberão benefícios
diz o seguinte: “São vedados: [...] XI. adiante, quando se tornarem idosos.
B
boletimconjuntura rasil Novembro 2016 18

Um esboço de
alternativa
Precisamos encontrar um caminho novo, de modo a
compatibilizar três objetivos distintos: distribuir
renda, garantir a sustentabilidade financeira
desse processo e retomar o crescimento.

Recapitulemos. As conquistas da Se- gumento não é consistente. O aumento


guridade Social brasileira precisam ser de arrecadação no presente (crescimen-
preservadas, o que implica defender o to) gera novas despesas no futuro, e as
regime público de repartição, aperfei- tecnologias melhores (produtividade)
çoando-o sempre que isso for desejável são poupadoras de mão de obra, de modo
e necessário. Mas esse regime enfren- que a produtividade média do trabalho
ta desafios reais, seja pela existência de não acompanha a produtividade mar-
regras equivocadas – especialmente no ginal. O peso da demografia acaba se
âmbito do RPPS –, seja pela evolução da impondo. Esse é o fator decisivo.
demografia. Reformas como as que vêm Vista como um todo, a crise bra-
sendo feitas sucessivamente, e que o sileira impõe a busca de uma solução
atual governo quer repetir, não resol- que atenda a três objetivos, cuja com-
vem o problema. Limitam-se a retirar patibilização está longe de ser trivial:
direitos. Preparam novas rodadas adian- (a) manter o caráter distributivo da
te, igualmente restritivas, num caminho Seguridade Social, corrigindo dis-
imprevisível e sem fim. Isso gera inse- torções; (b) garantir que ela seja sus-
gurança, aumenta a demanda por apo- tentável em longo prazo; (c) realizar
sentadorias imediatas e beneficia os um ajuste fiscal e retomar o cresci-
planos privados (figura 19). mento econômico.
Os adversários de qualquer reforma, Parece que estamos diante da qua-
por sua vez, dizem que a retomada do dratura do círculo, o problema inso-
crescimento e o aumento da produtivi- lúvel que atormentou os matemáticos
dade do trabalho resolverão os proble- antigos durante alguns séculos. Para
mas. As duas coisas são desejáveis – mais buscar uma solução, precisamos sair
do que isso, são essenciais –, mas o ar- da mesmice.
8 19 B
Novembro 2016 boletimconjuntura rasil

Não precisamos de uma reforma b. Estabelece-se que a percentagem


entre 28% e 31% da folha salarial que
que simplesmente continue a hoje é descontada para a Seguridade
retirar direitos dos trabalhadores, (entre 8% e 11% dos empregados e
em um processo sem fim. 20% dos empregadores) será divi-
dida em duas partes. Uma delas, ma-
Trata-se de pensar em algo muito joritária, permanecerá no atual re-
mais abrangente, que preserve o gime de repartição e garantirá a
sustentabilidade intertemporal do
caráter distributivo do sistema
RGPS – junto com as demais fontes
previdenciário e promova nele de recursos –, de modo que o passi-
uma reestruturação compatível vo do sistema seja mantido sob con-
trole. Os trabalhadores receberão
com o novo perfil demográfico suas aposentadorias futuras, no todo
do país. Combinar repartição e (os mais pobres) ou em parte (os re-
capitalização, dentro do setor mediados ou mais ricos), a partir des-
se regime.
público, pode ser um caminho.
c. A outra parte dos descontos que
incidem sobre a folha salarial será
Eis as linhas gerais transferida para um fundo de capi-
de uma proposta nova: talização compulsório, com contas
individuais. Tendo em vista a neces-
a. O governo abre mão de usar a Des- sidade de garantir a segurança de lon-
vinculação das Receitas da União. A go prazo aos associados, esse fundo
Seguridade Social recebe uma injeção aplicará seus recursos, necessaria-
de recursos firmes da ordem de 30% mente, em títulos do Tesouro Nacio-
do valor de seu orçamento, enquanto nal indexados à taxa Selic. Não po-
o Tesouro Nacional perde quantia equi- dendo optar entre diversas aplicações,
valente (adiante veremos como ele será o fundo não precisa nem deve ser
compensado). O governo também revê entregue à iniciativa privada. Será
criteriosamente a política de desone- gerenciado pelo Estado.
rações tributárias, o que tem um im-
pacto fiscal imediato e positivo. Ado- d. Os títulos do Tesouro passam a re-
tam-se outras providências, como a ceber esse novo fluxo permanente de
racionalização administrativa, a co- recursos, em aplicações de longo pra-
brança da dívida ativa e o combate à zo, garantidas por lei. Isso permitirá
sonegação. O sentido dessas medidas uma queda rápida e consistente na
é colocar a Seguridade em posição cla- taxa de juros e um alongamento do
ramente superavitária no presente, sob perfil da dívida interna. O Tesouro
qualquer critério. recupera por essa via os recursos que
B
boletimconjuntura rasil Novembro 2016 20

havia perdido com o fim da Desvin- Concebida de maneira


culação dos Recursos da União. A que-
engenhosa, a reforma da
da das despesas de rolagem da dívida
pública contribui decisivamente para Previdência pode ajudar a
o ajuste fiscal. promover a necessária queda
e. A aposentadoria futura dos partici- na taxa de juros, com importante
pantes do sistema passa a ser calcula- impacto no ajuste fiscal.
da pela soma de duas partes, ambas
Os custos da mudança recairiam
situadas dentro do setor público: a par-
ticipação de cada um no sistema de re- sobre os atuais investidores em
partição e a capitalização de sua conta títulos públicos, diminuindo o
individual. Esta última terá um limite
mínimo, definido em lei, calculado
peso que a especulação
para cada faixa de renda. Mas cada um financeira tem na economia do
poderá aumentar voluntariamente seu país. Vários problemas seriam
recolhimento para essa conta indivi-
dual, tendo em vista incrementar sua resolvidos de uma só vez.
aposentadoria futura. Essas aposenta-
dorias aumentadas não onerarão o sis- soma dos dois componentes. Tais apo-
tema, pois resultarão da capitalização sentadorias, resultantes da capitaliza-
de recursos previamente depositados ção, não onerarão nem o INSS nem o
nele. Fica livre a opção por planos pri- Tesouro.
vados, conforme a legislação em vigor. Com alíquotas bem calculadas, essa
combinação de repartição e capitali-
f. Extinguem-se gradualmente os zação, ambas dentro do setor público,
RPPSs, eliminando-se abusos e reven- pode garantir a sustentabilidade da
do-se os chamados regimes especiais. Previdência, sem perdas para a esma-
Os funcionários públicos são incorpo- gadora maioria. Paralelamente, ela cria
rados ao RGPS segundo essas novas condições para uma queda consisten-
normas, sendo integrados no regime te na taxa de juros, com impacto posi-
geral de repartição como os demais tivo no ajuste fiscal e com múltiplos
trabalhadores, sujeitos às alíquotas de efeitos sistêmicos, igualmente positi-
contribuição vigentes e ao teto geral vos, sobre a economia nacional.
das aposentadorias desse sistema. Po- Realiza-se assim uma reforma ro-
rém, como têm salários médios mais busta, de qualidade nova, capaz de per-
altos, suas contribuições destinadas às durar por muito tempo. Seus custos
contas individuais, em regime de ca- recairiam sobre os atuais investidores
pitalização, também serão maiores, de em títulos públicos, que perderiam o
modo a lhes garantir aposentadorias ganho fácil que advém das maiores ta-
mais bem remuneradas no futuro, pela xas de juros do mundo.
0 21 B
Novembro 2016 boletimconjuntura rasil

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B
boletimconjuntura rasil Novembro 2016 22
Anexo estatístico

Figura 1
Custos e diferenças entre o RGPS e o RPPS.
A média de benefícios
entre os dois regimes é
Regime Geral de Regime próprio de significativa, o que faz
Previdência Social (RGPS) Previdência Social (RPPS) com que o custo das
aposentadorias, ao longo
de vinte anos, também
Quem são eles seja muito diferente.
Trabalhadores do setor privado, Servidores públicos da União, dos
empregados domésticos, autônomos, estados e dos municípios maiores,
trabalhadores rurais e servidores entre os quais as capitais
públicos de 3.500 municípios

Quantos eles são


28,3 milhões
4,3 milhões

Quanto ganham
(benefício médio mensal)

R$ 1.356 R$ 5.108

O custo em longo prazo (em 20 anos, em R$ milhões)

Servidor público da União Militar Trabalhador do setor privado

3,34 4,92 1,10

Fonte: Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados e Grupo Técnico de Previdência


do Governo Federal. Citado na edição de 24 de outubro de 2016 da Folha de S. Paulo.
2 23 Novembro 2016 boletimconjuntura rasil B

Entre 1995 e 2015, os Figura 2


aumentos cumulativos do Variação anual e acumulada dos benefícios, do total da despesa
salário mínimo fizeram previdenciária e do PIB real, 1995-2014.
com que o valor total dos
benefícios a ele indexados Salário mínimo e pisos (a) Benefícios superiores ao piso (a) Total Variação
crescesse 136% em termos ANO anual do
reais, enquanto os demais No ano Acumulada No ano Acumulada Acumulado PIB real
benefícios cresceram
apenas 25%. A “pirâmide” 1995 22,63 22,63 22,63 22,63 22,63 4,42
de ganhos previdenciários 1996 -5,26 16,18 -2,72 19,29 18,25 2,15
foi bastante achatada, com 1997 -0,98 15,04 -0,52 18,67 17,46 3,39
distribuição de renda para
os mais pobres. O efeito 1998 4,04 19,69 0,05 18,73 19,05 0,36
composto desses aumentos 1999 0,71 20,54 1,38 20,37 20,43 0,49
gerou uma elevação do 2000 5,39 27,04 0,45 20,91 22,96 4,38
gasto real da Previdência
de 64,7%, o que equivale 2001 12,18 42,51 -0,06 20,84 27,38 1,28
a uma média de 2,66% 2002 1,27 44,32 0,16 21,03 28,11 3,08
ao ano, próxima à taxa de 2003 1,23 46,09 -0,61 20,30 28,22 1,22
crescimento do PIB real
(2,80%) no mesmo 2004 1,19 47,83 -0,04 20,25 28,77 5,66
período. A ideia de 2005 8,23 60,00 -0,24 19,96 32,65 3,15
que tenha havido uma
“explosão” dos gastos 2006 13,04 80,86 1,73 22,03 41,01 4,00
previdenciários 2007 5,10 90,09 0,00 22,03 44,10 6,01
não é correta.
2008 4,04 97,77 0,03 22,07 46,70 5,02
2009 5,79 109,22 0,00 22,07 50,53 -0,23
2010 6,02 121,82 2,60 25,24 56,84 7,50
2011 0,06 121,89 0,00 25,24 56,88 2,70
2012 7,47 131,00 0,01 25,24 61,99 1,03
2013 3,26 135,27 0,00 25,24 64,31 2,34
2014 0,50 135,95 0,01 25,25 64,69 0,15
Fonte: “O risco salário mínimo, a LOAS e os desincentivos à contribuição”, Paulo Tafner e Rafael Erbisti, in Reforma da Previdência: a visita de velha senhora, cit.
Ainda temos um
contingente de 25%
da população em
idade ativa (PIA) a ser Figura 3
integrado à cobertura Cobertura previdenciária total para os grupos em idade ativa e para os idosos, 2013.
previdenciária, mas o
processo de integração Condição 60 anos 65 anos
ANO Total (%) (%) (%)
avançou muito entre os previdênciária ou mais ou mais
idosos, alcançando 94%
Sem cobertura 50.930.667 25,3 1.973.510 7,5 1.024.137 5,7
no grupo com mais de
65 anos. Não há novos 2013 Com cobertura 150.536.417 74,7 24.305.824 92,5 16.865.207 94,3
contingentes de idosos Total 201.467.084 100,0 26.279.134 100,0 17.889.344 100,0
a serem coletivamente
incorporados ao sistema. Fonte: Dados da PNAD/IBGE, elaboração de Paulo Tafner, “De volta à questão da cobertura previdenciária”, in Reforma da Previdência: a visita de velha senhora, cit.
B
boletimconjuntura rasil Novembro 2016 24
Figura 4
Participação dos idosos nos decis de renda domiciliar per capita.
Os domicílios em que há
% de idosos nos decis % de idosos nos decis
Decis de renda idosos estão menos expostos
2000 2010
aos níveis inferiores de
10- 2,59 2,61 renda, o que ressalta a
importância da Previdência
20 4,92 5,15 pública. As PNADs mostram
30 8,27 8,85 que mais de 80% dos idosos
ocupam nos domicílios
40 7,91 9,49 as posições de pessoa
responsável ou cônjuge.
50 16,61 9,28
60 7,76 24,80
70 9,93 12,44
80 10,32 14,63 As Pesquisas Nacionais
por Amostra de Domicílios
90 10,82 14,32 (PNADs) mostram que o
pagamento de aposentadorias
10+ 12,82 16,98
e pensões instituído pela
População total 8,79 10,88 Constituição de 1988 reduziu
significativamente a incidência
Fonte: IBGE, elaboração de Lucas Salvador Andrietta em “A mercantilização do sistema previdenciário brasileiro (1988-2014)”, tese defendida na Unicamp em 2015.
de pobreza. Em 1992, primeiro
ano da série, a redução foi de
Figura 5 11%. Os resultados continuam
significativos em todos os
Pobreza familiar antes e depois do pagamento de aposentadorias anos seguintes.
e pensões, em percentagem.

60,0
• Antes • Depois
50,4

50,1

50,0
43,6
43,5
43,0

42,7

42,1
41,4

41,5

41,4
41,1
41,0
40,2
39,5

40,0
35,8
35,2

34,5

34,3
34,3

34,3
33,6

33,6

33,4
33,1

32,3

31,5

30,8

30,8

30,0
28,0

30,0
27,5
27,1

24,4

22,6

22,0
21,4

19,4

18,6

20,0

10,0

0,0
1992

1993

1995

1996

1997

1998

1999

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2011

2012

2013

Fonte: PNADs / IBGE, citado em “Debates sobre Previdência: confusões, polêmicas iniciais e mitos”, de Paulo Tafner, Carolina Botelho e Rafael Erbisti, in Reforma da Previdência: a visita de velha senhora, cit.
4 25 Novembro 2016 boletimconjuntura rasil B

Figura 6
Despesa com pagamento de benefícios do RGPS
e do RPPS, 1991-2015, em percentagem do PIB.
• RPPS • RGPS
8,0

7,4
7,1
7,0

6,7
6,7
6,7

6,6
6,6
6,5

6,5

6,5
6,5
6,4

6,3
6,0
5,9
6,0
5,6

5,6
5,5
5,0
4,9

4,9

4,8

5,0
4,6
4,3

4,0
3,9

3,9

3,9

3,8
4,0
3,8

3,8
3,7

3,7

3,7
3,7
3,6

3,6

3,6

3,6
3,5

3,4

3,4

3,4
3,4

3,3

3,3

3,3
3,1

3,0
2,5
2,2

2,0
s
1,0
u
ia
0,0
ro
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
e
m
Fonte: MPOG/STN/TCU, em Paulo Tafner, “Previdência Social no Brasil: fatos e propostas”, palestra realizada no Insper em junho de 2016.

O gasto previdenciário apresenta tendência de


crescimento entre 1988 e 2003, provavelmente
como efeito da incorporação de novos grupos sociais
ao sistema. Depois entra em período de relativa Figura 7
estabilidade entre 2003 e 2013. Volta a crescer em Idade média na concessão de aposentadorias pelo RGPS em 2015.
2014 e 2015, quando a economia brasileira entra em
recessão. Não se percebe uma tendência explosiva.
Regime Geral —­­ Quantidade concedida Idade média
Aposentadorias RGPS
Total Total

Total 1.064.143 (55,%) 58,0

Em 2015, a aposentadoria pelo RGPS foi, em


média, aos 58 anos. Se considerarmos apenas as Idade 590.595 (55,6%) 60,8
aposentadorias por idade, a média sobe para 60,8
anos, um patamar que tem se mantido mais ou menos
estável desde 2004. A média das aposentadorias Tempo de contribuição 300.603 (28,3%) 54,7
por tempo de contribuição é mais baixa (54,7 anos),
mas vem subindo gradativamente. Entre os servidores
públicos (RPPS), a idade média da aposentadoria por Invalidez 164.076 (15,5%) 52,2
tempo de contribuição é de 60,7 anos.
Fonte: “Demografia e idade média das aposentadorias”, Ministério do Trabalho e Previdência Social, mimeo.
B
boletimconjuntura rasil Novembro 2016 26
Figura 8
Impacto da Lei 13.135, de 2015, na concessão de pensões por morte.
A lei estabeleceu critérios
Faixa de duração do benefício
Data do despacho mais rígidos para a concessão
Menos de 4 Mais de 4 Total geral e a duração das pensões por
do benefício (DDB) 4 meses
meses meses morte. A partir dela, 44% das
pensões concedidas têm duração
De 01/jan a 17/jun 548 243 2.405 3.196 de até quatro meses. No RGPS,
quase 80% dessas pensões
De 18/jun a 31/dez 399 1.382 911 2.692 equivalem a um salário mínimo,
correspondendo a 58,3% do
valor pago mensalmente nessa
Total 947 1.625 3.316 5.888 rubrica. Somente 1,2% das
pensões por morte excede cinco
Fonte: INSS/SUIBE, com elaboração do CGDA/MTPS. salários mínimos.

Figura 9
Evolução dos benefícios rurais e urbanos,
em milhões de beneficiários.
O número de beneficiários
30,0 27,8 28,3 cresce percentualmente,
• Urbano • Rural 26,0
27,0
sempre acima do crescimento
25,2
24,4
25,0 22,8 23,5 da população total. Os
21,6 22,1 9,3
21,1 9,2
18,9 19,5 20,5
8,7
9,0 trabalhadores do campo,
20,0 8,2 8,5
7,3 7,5 7,7 8,0 que podem se aposentar
6,9 7,1
15,0 6,6 6,8 sem terem contribuído,
representam cerca de 33%
10,0 16,7 17,3 18,1 18,7 19,0 dos beneficiários do RGPS.
15,0 15,5 16,2
13,6 14,0 14,3 14,6
12,3 12,7
5,0

0,0
2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

Fonte: SPPS/Sinteseweb, citado pelo Grupo Técnico de Previdência da Presidência da República.


A partir de meados do século
XX, a esperança de vida do
brasileiro ao nascer subiu cerca
Figura 10 de quatro anos por década. No
Evolução da esperança de vida ao nascer no Brasil, 1950-2040. início do século XXI esse ganho
diminui. Registre-se, porém, que o
brasileiro nascido em 2000 vive,
1950-1955 1960-1965 1970-1975 1980-1985 1990-1995 2000-2005 2010-2015 2020-2025 2030-2035 2040-2045
Diferença em média, vinte anos mais que o
(2000–1950)
brasileiro nascido em 1950. Esse
ganho foi muito mais significativo
entre os idosos, os principais
51,0 55,9 59,8 63,5 67,5 71,0 73,8 76,4 78,7 80,8 20,0 beneficiários da Previdência. A
expectativa de vida do grupo com
mais de 60 anos aumentou 50%
Fonte: IBGE. entre 1980 e 2010.
6 27 Novembro 2016 boletimconjuntura rasil B

A PEA já apresenta taxas Figura 11


de crescimento inferiores às Taxas médias anuais de crescimento da população total, de grupos etários
taxas dos grupos idosos. selecionados e da população economicamente ativa, por década, 2000-2050.

Grupos etários
Total da
Década 15 a 59 60 anos 65 anos 80 anos PEA
população
anos ou mais ou mais ou mais

2000 - 2010 1,63 3,25 3,15 4,21 1,20 3,02

2010 - 2020 0,95 4,10 4,19 4,43 0,82 2,23

2020 - 2030 0,28 3,56 4,14 4,69 0,51 1,35

2030 - 2040 -0,27 2,70 2,95 4,98 0,22 0,72

2040 - 2050 -0,78 2,06 2,48 3,52 -0,08 0,16

Fonte: “Debates sobre Previdência: confusões, polêmicas iniciais e mitos”, de Paulo Tafner,
Carolina Botelho e Rafael Erbisti, in Reforma da Previdência: a visita de velha senhora, cit.

Nas últimas décadas a Figura 12


população brasileira cresceu Evolução da população brasileira por faixa etária, 2010-2050, em milhares.
a uma taxa média de 1,64%
ao ano, mas o contingente Total
com 60 anos ou mais cresceu População
Década
3,34% ao ano. Nas próximas 0 a 14 15 a 59 60 ou + total
décadas estima-se que a
nossa população crescerá 49.934 125.962 19.602
ainda menos, 0,29% ao ano, 2010 195.498
enquanto a população idosa 25,5% 64,4% 10,0%
crescerá a uma taxa dez
vezes maior: 2,96% ao ano. 44.315 138.472 29.291
A população idosa passará de 2020 212.077
a 20,9% 65,3% 13,8%
10% em 2010 para 29,4%
em 2050. 39.257 142.328 41.542
2030 223.127
eo 17,6% 63,8% 18,6%
e,
o 35.441 138.507 54.205
se 2040 228.153
vo 15,5% 60,7% 23,8%

31.849 128.041 66.458


2050 226.348
m 14,1% 56,6% 29,4%
%
Fonte: Estimativas de população, IBGE.
B
boletimconjuntura rasil Novembro 2016 28
Figura 13
Pirâmides etárias no Brasil: 1990/2010/2030.
A forma da pirâmide etária
1990 brasileira sofrerá grande
>80 modificação entre 1990 e
Homens Mulheres 75-79
70-74 2030, com a diminuição,
65-69 absoluta e relativa, de sua
60-64
55-59 base, que corresponde à
50-54
45-49
população infanto-juvenil,
40-44 e o alargamento das faixas
35-39
30-34 superiores. Até 2050 o
25-29 coeficiente de dependência
20-24
15-19 (proporção de adultos, de
10-14 um lado, e crianças e idosos,
5-9
0-4 de outro) não sofrerá grande
10000 8000 6000 4000 2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 variação. Mesmo assim,
Milhares os gastos com previdência
e saúde pública tendem
a crescer por causa do
2010 aumento da população idosa.
>80
Homens Mulheres 75-79
70-74
65-69
60-64
55-59
50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
0-4
10000 8000 6000 4000 2000 0 2000 4000 6000 8000 10000
Milhares

2030
>80
Homens Mulheres 75-79
70-74
65-69
60-64
55-59
50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
0-4
10000 8000 6000 4000 2000 0 2000 4000 6000 8000 10000
Milhares
Fonte: IBGE.
8 29 Novembro 2016 boletimconjuntura rasil B

A população infanto- Figura 14


-juvenil já experimenta Projeções da distribuição etária da população brasileira, em milhões de pessoas.
um decréscimo, tanto em
termos absolutos quanto
percentuais. A população 0 a 14 anos 15 a 64 anos 65 anos ou mais Idosos / Adultos
adulta continuará crescendo
até, aproximadamente, 2030, 2015 47,4 (23,2%) 140,9 (69%) 16,1 (7,8%) 11,5%
mas em ritmo menor que a
população idosa. A proporção
2020 44,3 (21,0%) 147,8 (70,0%) 20,0 (9,0%) 13,5%
entre idosos e adultos
crescerá de 11,5% em 2015
para 44,4% em 2060. 2030 39,3 (17,6%) 153,9 (69%) 30,0 (13,4%) 19,5%

2040 35,4 (15,5%) 152,6 (67%) 40,1 (17,5%) 26,3%

2050 31,8 (14,0%) 143,2 (63,3%) 51,3 (22,6%) 35,8%

2060 28,3 (13%) 131,4 (60,2%) 58,4 (26,7%) 44,4%

Variação %
-40,3% -6,7% 262,7% 286,1%
2015 a 2060

Fonte: IBGE, projeção da população (2015).

O Brasil ocupa uma Figura 15


posição incômoda em Gastos com a Previdência (% do PIB) e relação de
comparação com outros dependência (calculada somente entre adultos e idosos), 2009.
países: é um país
relativamente jovem 18
com um gasto previdenciário
já elevado. 16
Itália
14
País jovem com
gasto elevado Polônia
12
Brasil
Alemanha
Gasto (%PIB)

10
Japão
8

6 Turquia EUA

2
México Chile

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Dependência demográfica (somente adultos e idosos)

Fonte: OECD/STN/Banco Mundial, em Paulo Tafner, “Previdência Social no Brasil: fatos e propostas”, palestra realizada no Insper em junho de 2016.
B
boletimconjuntura rasil Novembro 2016 30
Figura 16
Resultados da Seguridade Social, 2005-2015, em percentagens
do PIB, segundo cálculos do governo.
0,4%
O governo calcula que
20 0,2% 0,4%
0,0%
o déficit da Seguridade
0 0,0% tem sido crescente, como
-20 -0,2% -0,5% -0,25% -0,6% -0,4% percentagem do PIB, desde
-0,4%
-40 -0,8% 2011, tendo atingido 1,8%
-1,2%
-60 -1,2%
-1,2% do PIB em 2015. Mas essa
-80 -1,6% metodologia de cálculo tem
-100 -1,8% -2,0% sido questionada.
-120 -2,4%
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Fonte: Ministério do Planejamento.

Figura 17
Resultados do orçamento da Seguridade,
calculado segundo a Constituição, 2007-2014.

Ao calcular, ano a
Receitas1 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 ano, o orçamento da
Seguridade conforme o que
Receita previdenciária 140.493 163.355 182.008 211.968 245.892 278.173 308.557 357.851 a Constituição estabelece,
Denise Gentil tem encontrado
CSLL 34.411 42.502 43.592 45.754 57.845 57.488 65.732 65.534
sempre superávits.
COFINS 102.463 120.094 116.759 140.023 259.891 181.555 201.527 195.179
PIS/PASEP 2
26.709 30.830 31.031 40.373 42.023 47.778 51.065 51.881
CPMF 36.483 3.058 2.497 3.148 3.414 3.765 0 0
Receitas de órgãos da Seguridade3 14.255 13.528 14.173 14.883 16.873 20.044 10.923 7.415
Contrapartida do Orç. Fiscal p/EDU 1.766 2.048 2.015 2.136 2.256 1.774 1.273 1.391
Receita total da Seguridade 356.580 375.415 392.075 458.285 528.194 590.577 639.077 679.251
Despesas 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Benefícios previdenciários 182.575 199.562 224.876 254.859 281.438 316.590 357.003 402.087
Benefícios LOAS e RMV 14.192 15.641 18.712 22.234 25.116 30.324 34.323 38.447
Bolsa-família e outras transferências 8.756 10.605 11.877 13.493 16.767 20.530 23.997 26.156
EPU 1.766 2.048 2.015 2.136 2.256 1.774 1.273 1.439
FAT (seguro-desemprego, abono, outros) 17.957 21.416 27.742 29.755 34.738 40.491 46.561 51.833
Minist. Saúde — MS 45.212 50.270 58.270 61.965 72.332 80.063 84.412 83.935
Minist. Desenvolvimento Social — MDS 2.278 2.600 2.746 3.425 4.033 5.669 6.719 3.986
Minist. Pevidência — MP 4.496 4.755 6.265 6.482 6.767 7.171 7.280 5.188
Outras ações da Seguridade 3.365 3.819 6.692 7.260 7.552 9.824 9.824 9.824
Despesa total da Seguridade 280.596 310.716 359.195 401.609 450.999 512.436 571.392 622.895
Resultado da Seguridade 75.984 64.699 32.880 56.676 77.195 78.141 67.685 56.356

Fonte: “Perspectivas e constrangimentos do sistema de previdência pública no Brasil”, revista Politika n. 3, março de 2016, Fundação João Mangabeira.
0 31 Novembro 2016 boletimconjuntura rasil B

Em 2015, quase 56% das Figura 18


desonerações de tributos federais Desonerações tributárias federais, 2009-2015.
atingiram as contribuições
sociais, criadas pela Constituição
Desoneração de
de 1988 especificamente Desoneração
ANO % do PIB contribuições % do PIB % do total
para financiar a Seguridade. total
sociais1
Enquanto desonerava os tributos,
o governo já anunciava um
grande déficit na Seguridade 2009 119.861 3,76 59.061 1,85 49,3
e, em nome dele, preparava a
reforma da Previdência. Citado 2010 132.059 3,47 67.355 2,03 51,0
por Denise Gentil, “Perspectivas
e constrangimentos do sistema
de previdência pública no Brasil”, 2011 137.239 3,52 68.146 1,75 49,6
revista Politika n. 3, março de
2016, Fundação João Mangabeira.
2012 170.389 3,76 80.909 1,78 47,5

2013 170.016 4,10 97.731 1,97 48,0

2014 249.761 4,76 136.541 2,61 54,6

2015 282.437 4,93 157.644 2,75 55,8

(1) Inclui Contribuições Previdenciárias, Cofins, CSLL PIS/PASEP.


Fonte: Receita Federal, Ministério da Fazenda, Demonstrativo dos Gastos Tributários.

Os sucessivos anúncios de Figura 19


reformas da previdência pública Crescimento dos ativos sob gestão de planos de previdência privada,
causam insegurança e se refletem 2002-2012, em R$ milhões.
em uma busca crescente dos
planos privados. PGBL e VGBL são 300.000 • VGBL • PGBL
as duas modalidades existentes
nos planos de previdência privada. 250.000

200.000

150.000

100.000

50.000

0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Fonte: CVM (2013), citado por Lucas Salvador Andrietta em “A mercantilização do sistema
previdenciário brasileiro (1988-2014)”, tese defendida na Unicamp em 2015.
FJMemdia
| Transparência promovem uma ampla programação em
memória ao Arraes, que acontece nos
A Fundação João Mangabeira (FJM)
estados. Acesse: www.fjmangabeira.
promoveu o curso Transparência nas
org.br/miguelarraes100anos n
Contas Públicas, uma iniciativa do pre-
sidente da FJM, Renato Casagrande,
que durante sua gestão como governa- | Centenário Arraes 2
dor do Espírito Santo, entre 2011 e 2014,
No dia 13 de dezembro ocorre a Ses-
levou o Estado a ocupar o primeiro lugar
são Solene, no Congresso Nacional. Na
no ranking da Transparência apurado
ocasião, a obliteração do selo perso-
pela ONG Contas Abertas. O curso, or-
nalizado registrando os 100 anos de
ganizado e ministrado por Rogelio Amo- | Ensino Médio
nascimento de Miguel Arraes pela Em-
rim, servidor do Tribunal de Contas do
presa Brasileira de Correios e Telégra- A Reforma do Ensino Médio, foi tema
Espírito Santo e ex-subsecretário de
fo (EBCT). Também é lançado Cordel, do “Café com Política” realizado pela
Transparência do ES, foi dividido em
de J. Borges, que conta a trajetória do FJM junto a Bancada Federal do PSB.
dois módulos: Transparência em Primei-
líder socialista. Ainda no dia 13, acon- Deputados e senadores socialistas pu-
ro Lugar; e Dados. Participaram gesto-
tece no anexo III da Câmara Federal deram se aprofundar ainda mais no
res da área, assessores e jornalistas. n
do Congresso Nacional, em Brasília a assunto com exposições claras e infor-
abertura oficial da Exposição Miguel mativas dos especialistas Claudio Men-
donça, ex-secretário de Estado da Edu-
| Centenário Arraes 1 Arraes 100 anos: uma trajetória de luta
pelo Brasil. n cação do Rio de Janeiro e Ricardo
O Brasil inteiro pode relembrar e co- Martins, consultor Legislativo na Câ-
nhecer mais sobre o legado de Miguel mara dos Deputados. A reforma do En-
Arrares, referência para o mundo, em | Centenário Arraes 3 sino Médio está em discussão no Con-
políticas de inclusão social implementa- gresso Nacional. n
Dia 14 de dezembro as comemorações
das no nordeste do país. Ex-governador
prosseguem em Pernambuco com a Ex-
de Pernambuco, no dia 15 de dezembro,
faria 100 anos e para lembrar o centé-
posição “Duas mãos e o sentimento do | Agenda 2017
simo aniversário de nascimento, o Con-
mundo – Os 100 anos de Miguel Arraes”, Seminário Nacional
ação promovida pelo Governo do Estado
gresso Nacional, as direções nacionais
através da Companhia Editora de Per-
dos Prefeitos
e estaduais do PSB, a Fundação João Em março de 2017, o PSB e a FJM,
nambuco – CEPE e do Arquivo Público
Mangabeira e o Instituto Miguel Arraes promovem o seminário nacional dos
Estadual, em parceria com o Instituto
Miguel Arraes (IMA). Ambas as exposi- prefeitos do PSB. O tema “Cidades das
ções reúnem fotografias, áudios, vídeos Pessoas: a construção do ambiente
e objetos pessoais que marcaram a tra- sustentável no Brasil” pretende envol-
jetória de Arraes. Para marcar as home- ver os prefeitos socialistas com pro-
nagens ao líder pernambucano são lan- postas para gestões diferenciadas;
çados outros quatro livros da Companhia transparência nas ações e atos públi-
Editora de Pernambuco (CEPE). No dia cos; responsabilidade fiscal e social;
15, aniversário de Miguel Arraes, mais captação de recursos e financiamentos
duas homenagens artístico-culturais: uma públicos. O PSB elegeu 418 prefeitos
em Brasília, e outra em Pernambuco, e se consolida como o maior partido
encerram as comemorações. n de esquerda do Brasil. n
Manual das Cidades Feira do Livro dente nacional do PSB, Carlos Siquei-
ra, destacou a vitalidade e o conteúdo
A FJM lança os dois manuais para pre- A FJM organizou um stand na 32ª da publicação. “Quando pensamos a
feitos eleitos. Mais de 700 novos pre- Feira do Livro em Brasília. No espaço, criação da Revista Politika, foi com
feitos e vice-prefeitos têm à disposição que contou com a presença de várias o intuito de oferecer uma publicação
outras duas publicações atualizadas, lideranças socialistas e de autores e com conteúdo denso e temas que nos
que mostram a maneira correta das visitantes da Feira, livros e cartilhas se tiram do lugar comum e nos fazem
prefeituras terem acesso a recursos somaram a veiculação de vídeos. Fo- refletir sobre os caminhos a trilhar e
públicos. “Captação de Recursos: o ram realizados os lançamentos de pu- propor. Estou feliz e cada vez mais
que os municípios precisam saber?”, blicações literárias da Fundação, como interessado nos rumos da Politika”,
apresenta informações úteis que fa- o livro “O Estado Presente”, do presi- pontua Carlos Siqueira. n
cilitam a entrada de novos recursos dente da FJM, Renato Casagrande. n
para investimentos, qualificação pro-
fissional e programas sociais. n Revista Politika
Já está disponível o quarto número
da Revista Politika, editada pela FJM.
Nesta edição o tema abordado é
“Sustentabilidade” com oito ensaios
inéditos, atuais e provocantes
que es­timulam a capacidade
do leitor em en­trar, debater e
se aprofundar no mais importante
assunto para sobrevivência da raça
humana. A revista está disponível
impressa ou no site www.fjmanga-
beira.org.br nas versão português,
inglês e espanhol. São especialistas
que tratam de diferentes ambientes
Manual das que se relacionam em objetivos para
Cidades 2 preservação da vida no planeta. Du-
rante o lançamento nacional, no Rio
As prefeituras administradas pelo PSB
de Janeiro, mais de 500 pessoas,
também vão contar com o manual “Ela-
compareceram a cerimonia. O presi-
boração Projetos: o que os municípios
precisam fazer?”. O manual atualiza-
do, pretende facilitar os detentores de
mandatos e suas equipes na elaboração
dos projetos. O principal objetivo do
manual é a adequação a burocracia
pública, evitar o retrabalho e perda
de prazos. OS dois manuais lançados
também estão disponíveis no site www.
fjmangabeira.org.br n
1916 - 20 1 6
boletimconjuntura rasil 5
NOVEMBRO 2016­| n.5
B
Visite a linha do tempo e conheça a vida e a trajetória do líder socialista.

WWW.FJMANGABEIRA.ORG.BR/MIGUELARRAES100ANOS

Previdência Social
"Nunca me preocupei com rótulos. O rótulo de radical, ou o de conciliador, não tem nenhum O BRASIL PRECISA DE UMA ALTERNATIVA
sentido para mim, como não tinha sentido me chamarem de comunista no passado. O que
importa é a prática política; o que importa são os posicionamentos que se toma ao lado de
determinadas camadas sociais em defesa de teses que interessam à nação como um todo".

Miguel Arraes, 1983.

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