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C9C
P R U L 0 C E S n R L I M fl
Todos os direitos reservados. Copyright © 1998 para a língua portuguesa da
Casa Publicadora das Assembléias de Deus.

Copidesque: Leila Teixeira


Capa: Hudson Silva

248 - Religião Pessoal


Lima, Paulo Cesar
LIMd Dizimista, Eu?!.../Paulo Cesar Lima
1Bed. - Riode Janeiro: Casa Publicadoradas Assembléiasde Deus,1998.
p. 96. cm. 14x21.
ISBN 85-263-0174-8
1. Religião Pessoal 2. Adoração Individual 3. Dízimos e Ofertas
CDD
248 - Religião Pessoal
_______________________ _____________________
248.3 - Adoração Individual

As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, Edição de 1995,
da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.

Casa Publicadora das Assembléias de Deus


Caixa Postal 331
20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
10a Impressão 2014 Dezembro
Tiragem 1000
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO ................................................................. 7
P R EFÁ C IO ................................................................................ 11
1. ORIGEM E DEFINIÇÃO ............................................ 13
2. A ÁRVORE PROIBIDA................................................. 19
3. DINHEIRO: SAGRADO OU PROFANO? ........31
4. A PR O VI DÊN CIA D IV IN A ........................................39
5. A INSTITUIÇÃO DO DÍZIMO ...............................45
6. AS OF ERTA S NA AN TIGA A LIA N Ç A ................51
7. O DESTINO DA CONTRIBUIÇÃO .....................65
8. DEUS NÃO ACEITA O SE GU NDO PLANO .... 75
9. O DEVORADOR REPREENDIDO........................83
10. O DÍZIMO NO NOVO TESTAMENTO ......... 89
Aos meus queridos pais, José Francisco da Silva
e Noemi Lima da Silva, amigos incondicionais.
À minha amada esposa, Sônia Regina Fernandes
Lima da Silva, colírio para os meus olhos.
Aos meus queridos filhos, Alexandre e Raphael,
pérolas de extremo valor.
APRESENTAÇÃO

O estudo que trazemos aos leitores objetiva, entre outras


coisas também relevant es, provo car reações transf ormadoras e m
milhares de cristãos, no que tange à maneira de ver a
contribuição, conscientizando-os de que tudo o que possuem
provém de Deus.
Indiscutivelmente, a contribuição cristã é um dos temas
bíblicos mais combatidos pela opinião pública, que tenta
perverter o sagrado e criar rupturas na sua prática, visando
desobrigar os que contribuem.
A julgar pelas op iniões ou vidas sobre o tema, achamo s correto
alguém dizer que a atitude que temos em relação ao dinheiro
determina, quase sempre, a qu alida de de no ssa espiritualidade ;
isto porque é impossível dissociar o dinheiro de certas virtudes
cristãs, tais como: obediência, liberalidade, abundância e
generosidade.
8 D izim ista, Eu?!

Lutero, expo ente da Reforma Protestante, a ssim se expressou


sobre o assunto:

Tudo aquilo que retive em minhas mãos perdi; mas o que


coloquei nas mãos de Deus tenho até o dia de hoje.

infelizmente, devido ao baixo ou quase inexistente nível de


compreensão da maio ria das pessoas sobre a contribuição, muitos,
em ve z de bene ficiad os, estão sendo alvos de terríveis insucessos,
pelo fato de insistirem em viver a forma secular do nosso sistema
financeiro, rejeitando o que foi estabelecido por Deus.
Absurda e estranhamente, alguns cristãos preferem depositar
confiança no sistema econômico extremamente avarento e
impiedoso a entregar a Deus a parte financeira de sua vida.
Mas, como a economia do mundo está em ruínas e só tende a
piorar e, como muitos cristãos não têm coragem de se achegar
a De us para serem con frontados com a sua Palavra, ficam pelos
cantos murmurando e maldizendo, enterrados num tipo de

pessimismo
Um outroparanóico.
lado da questão é a srcem do dinheiro, ou seja,
se ele é santo ou profano. Em resposta a isto, alguns cristãos
menos avisados compreendem — erradamente, é d arol — que
dinhe iro é tema se cula r e não deve ser men cionad o em reuniões
públicas. Há uma quantidade considerável de cristãos que
pensam assim e, em razão disso, estão sempre fechados para o
assunto, pois, com certeza, nunca experimentaram a
prosperidade de Deus.
Do ponto de vista bíblico, dinheiro é um assunto
absolutamente espiritual, sendo o seu uso, distribuição e
consecução exaustivamente ensinados no Antigo e no Novo
Testamento. Logo, não estamos lidando com assunto secular,
mas com algo sagrado por eminência.
Por essas e outras raz ões de absoluta pertin ência , este estudo
tem vários propósitos, entre os quais destacamos:
Apresentação 9

• ensinar sobre a srcem dos dízimos e das ofertas;


• eliminar os preconceitos que vêm separando, absurda e
equivocadamente, o dinheiro da espiritualidade e do culto,
assim como explicar tendências extremistas das quais temos
de nos resguardar;
• expor a teologia bíblica da providência, que nos possibilita
entender corretamente o porquê dos dízimos e das ofertas;
• falar sobre a instituição dos dízimos e das ofertas para o
povo judeu ;
• estudar sobre as ofertas na Antiga Aliança;

• ensinar
•falar dossobre o destino
insucessos quedas contribuições
podem nas igrejas
atingir aqueles quelocais;
se
deixam influen ciar pelo espí rito de ste século e ou sam co loca r
Deus em segundo lugar em suas vidas;
• ensina r sobre os prin cíp ios que devem ser observados para
uma restauração espiritual, a fim de que o "devorador" não
nos destrua.

Acredito que, de alguma forma, este estudo nos fará mais


fiéis a Deus no que diz respeito aos dízimos e às ofertas.
Do exposto, concluímos, fazendo nossas as palavras de
eminente escritor:

Para o grande problema da falta de dinheiro


há uma solução: sua honestidade perante Deus em todos
os aspectos da vida e sua obediência às leis permanentes
do dízimo e das ofertas.

O Aut or
PREFÁCIO

Até ondedas
conhecedor conheço o pastor
Escrituras Paulonotável
e estudioso Cesar da
Lima, exímio
hermenêutica
bíb lica , não seria ne m mesmo nec essário ler seus src inais par a
saber que este trabalho é uma obra séria, imprescindível para
o povo de Deus, além de ser um tema do qual precisamos nos
inteirar e nos aprofundar com urgência. Mas, conquanto
conheça o lado prolífero do escritor, li a sua obra e fui
descortinando lugares bíblicos até então por mim
desconhecidos em relação ao dízimo e às ofertas. Confesso,
desde já, que este livro é uma verdadeira viagem com cenas
novas e desafiadoras pelo caminho misterioso do saber e da
espiritualidade.
O assunto do dízimo, tratado pelo autor, não tem a função
de ser um amontoado de concepções subjetivas, nem pretende
ser um com pên dio teológico com vistas a teoriza r o assunto. A
teologia que o autor emprega nesta obra é de cunho
12 D izim ista , Eu?!

eminentemente bíblico, pois se baseia na Palavra de Deus —


fonte de permanente inspiração.
A teologia do dinh eiro , tema com provad o no Antigo e Novo
Testamento, possui largo espaço nas narrativas bíblicas que se
preocupam em acentuar a srcem, importância, prática e,
sobretudo, o comportamento dos que se apresentam a Deus
na perspectiva de um adorador que se recusa a adorar com
mãos vazias.
Dizimista, Eu ?!, tema escolhido pelo pastor Paulo Cesar Lima,
trata com muita densidade tanto de assuntos práticos como
teológicos, numa linguagem acessível, objetiva e muito
explicativa.
Certamente alguns temas da Bíblia necessitam de ser
reanalisados com mais propriedade, como é o caso do dízimo
nesta obra. O autor se esmera para não ca ir em lugar- comum e
nem ser simpiista nos seus arrazoados. Mesmo porque o autor
tem toda uma preocupação de fazer ao leitor um desafio,
suger indo- lhe q ue experimente co loca r D eus como cabe ça de
suas finanças e esperar dessa atitude resultados satisfatórios.
Por essas e outras razões absolutamente convincentes,
recomendo esta obra a todos os líderes de igrejas que, quase
que permanentemente, lidam com esse assunto. Por último,
quero salientar que se esta obra for lida com oração e sem
preconceitos terá, sem dúvida, um impacto muito grande na
vida do leitor, o qual ficará motivado a mais que depressa
abandonar a maneira mesquinha de lidar com suas finanças,
desejando se arriscar em viver a excelência da prosperidade,
que não é só din heiro , mas harm onia de todos os dons e valore s
cristãos.

Pastor Paulo Alves da Silva


Presidente da Comaderj e 1S tesoureiro da C G A D B
1

ORIGEM
E DEFINIÇÃO
Mu ita ge nt e co ntr ibu i com tr is te za p o r e st a r d an do o
que pensa que nã o deveria da r ou com medo de não
estar dando o que deveria ou ainda com mesquinhez,
vendo o dízimo como o limite máximo de sua
responsabilidade cri stã.
Paulo Cesar Lima

ORIGEM
Como ponto de partida par a co mp reen derm os o assunto em
questão, é preciso asseverar, a fim de que não paire nenhuma
dúvida sobre o leitor, que a prática de entregar o dízimo e as
ofertas não se deve ao fato de a igreja ter induzido pessoas a
esse tipo de atitude, v isan do sustentar os seus dirigentes, embo ra
a Bíb lia seja bas tante enfática e cla ra sobre esse assunto: "D ign o
é oNa
obreiro do seua salário".1
realidade, adoração a Deus, em todas as épocas da
história hum ana, sempre envo lveu o oferecimento de alguma
dádiva em reconhecimento à soberania divina (Gn 4.1-10).
Portanto, entrega r o dízim o é resultado d a depen dên cia hum ana
e da misericórdia de Deus em todas as suas necessidades
básicas, bem com o do exe rcíc io co ntínuo de autodespoj amento
e auto-empobrecimento, tendo como referencial maior o
14 Diz im ista , Eu?!

próprio Cristo que, "sendo rico, por amor de vós se fez pobre,
para que, pela sua pobreza, en riqu ec êss eis".2 Dizim ar deve s er
uma atitude coerente na vida de uma sociedade que se diz

cristã
a Deus;e que
nadasedeassum
fato eé com o tal.
nosso. Prim eiro,
Segundo, peloporque tudo pertence
alto privilégio de
sermos plantados por Deus como administradores dos bens
divinos no mundo. Essa deve ser a compreensão daqueles que
declaram crer em Deus.
A verdade, no entanto, é que a prática do dízimo só é
entendida quando o homem, criatura de Deus, compreende
que não é produto do acaso ou de subseqüentes evoluções.
No momento em que chega à conclusão de que todo este
imenso Universo não surgiu do nada, como declaram alguns,
e deixa de interpretar os fenômenos como produtos da
casualidade, ele percebe que é impossível viver uma vida
divorciada de Deus e conclui que o Criador atua nos mínimos
detalhes do cotidiano. Então, a partir desta consciência,
compreende-se por que determinadas pessoas são tão fiéis e
constantes em entregar os s eus dízim os e as suas ofer tas a De us.
Em outras palavras, cada um de nós deveria ver a contribuição
cristã como um privilégio propiciado pelo Criador e Doador
de todas as coisas.

DEFINIÇÃO
O d ízim o é a "dé cim a part e" de alguma co isa. Por exem plo,
se falam os no dízim o do tempo, estamos no s referindo à déc ima
parte do tempo disp on íve l. Logo, se divid irm os o dia (24 horas )
por dezque
tempo, achsão
arem os horas
duas a dé cim a parte,
e 24 istoSerá
minutos. é, oque
dízim o do nosso
dedicamos
este tempo para Deus todos os dias?
Aproveitando o ensejo e desejando expandir o assunto,
gostaria de explicar a prática do dízimo e das ofertas, bem
como salientar, em primeiro lugar, o que ela jamais deve vir a
se tornar e, em seg undo lugar, o sentido correto da con trib uiç ão
cristã. Observemos, então, que a contribuição:
Origem e De finição 15

1. não pode ser o alívio de um peso obrigatório, sob pena


de juízo se não a entregarmos;
2. não deve ser um desconforto emocional, nem tampouco
um martírio de que precisamos logo nos livrar;
3. não deve ser encarada dentro da estreita perspectiva do
"toma-lá-dá-cá";
4. não deve ocorrer sob o efeito de falsas motivações, tais
como: contribuir por medo como para quitar algum carnê
da casa própria ou como diz certo escritor, por medo de
ter o nome anotado no SPC do Céu ou como se estivesse
pagando uma mensalidade;
5. não deve ser vista como uma esmola ou uma ação de
caridade;
6. não deve ser compreendida como a cesta da "pobre
velhinha", onde se joga qualquer moeda, dinheiro
rasgado, amassado, enfim, de qualquer maneira;
7. não deve ser vista como uma cotização, um rateamento
com unitário ou um rep asse de dívida, nem tamp ouco uma
imposição impertinente. Na verdade, tudo isso é
abominável a Deus.
Sobre o sentido correto da contribuição cristã, há alguns
pontos que exigem a máxima atenção. Vejamos:
1. Co ntrib uiç ão é graça, pois entr egar os díz imos e as ofertas
para a obra de Deus é um favor divino a nós e não o
contrário, pelo fato de nenhum homem e, por
con seguinte , o seu dinh eiro ser por si mesmo santo. Além
disso, D eus primeiram ente ace ita o homem para depois
aceitar o que ele possui. Afora isso, a Bíblia deixa bem
claro que o homem não tem nada pa ra dar a Deus, fica ndo
com preen dido que o f ato de o homem ofert ar ou d izim ar
a Deus é, primeiramente, um ato do próprio Deus se
permitindo adorar pelo homem. E, segundo as Escrituras,
16 D izim ista , Eu?!

"os tesouros deste mundo são metafísica e


motivacionalmente tesouros da injustiça ", e as motivações
que na grande maioria das vezes determinam nossa
relação com o dinhe iro não são totalmente s antas. O que
desejo mostrar com este arrazoado é que a contribuição
é uma concessão divina, uma vez que o nosso contribuir
faz parte de uma permissão dada pela graça de Deus, o
qual santifica nosso dinheiro e a motivação que nos leva
a adquiri-lo. Posto isto, nossa oferta ao Senhor não é de
fato uma oferta a Deus. "É, antes de tudo, uma oferta de
Deus a nós, pois quem oferta a Deus, oferta a si mesmo,
na medida em que dar, antes de ser uma graça de nós a
outros, é uma graça de Deus a nós".3
2. Contribuir, antes de ser a consagração de alguma coisa a
Deus é, ao contrário, uma desconsagração do todo que
pertence a De us. Confo rme as Escr ituras, tudo pert ence a
Deus até que a primeira porção seja oferecida e aceita
em lugar do todo, razão por que não dizimar fere
frontalmente esse princípio estabelecido pelo Eterno.
Logo, enquanto
bens nenhum cristão tem "desconsagrados"
não forem o direito de manusear
dianteseus
de
Deus, para que o uso dos noventa por cento que ficam
em suas mãos tenham legitimidade e se tornem uma
bênção de Deus.
3. A atitude de contribuir expressa um coração comovido
por Deus. O dízimo não deve ser entregue com
mesquinhez de coração, mas com abundância. Não se
pode esque cer que o dízim o, segundo o N ovo Testamento,
é uma quantia de referência mínima para estabelecer o
piso de nossas contribuições, entendida não como
cobrança, mas como graça de Deus.
4. Contribuir configura-se biblicamente como o ato de
semear. Ninguém que semeia pouco pode colher muito,
bem como ninguém pode nem ao menos colher, se não
Origem e De finição 17

semear. Esse princípio explícito na Palavra de Deus com


relação à contribu ição deve servir par a nos orientar, caso
queiram os nos tornar abundantes seme adores nos cam pos
do Senhor.
Estranhamente, muita gente aind a con tribui com tristeza por
estar dando o que pens a que não dev eria dar ou com medo de
não estar dando o que deveria ou ainda com mesquinh ez, vendo
o dízimo com o o limite m áximo da sua responsabili dade crist ã.

'1 Timóteo 5.18.


•2 Coríntios 8.9.
‘FÁBIO, Caio. Uma Craça que Poucos Desejam. Rio de Janeiro: Vinde, 1989.
A ARVORE
PROIBIDA
Tocar no dízimo, que é de Deus,
é o mesmo qu e c omer da árvore proibid a
da qual Deus mandou que Adão e Eva
não comessem.
Pastor José Francisco da Silva

A prática de d izim ar e ofer tar tem a idade do próprio h omem ,


coroa da criação
intercâmbio com ode
seuDeus, quemotivado
Criador, sempre pelo
procurou manter
reconhecimento
da soberania divina. Todavia, esse desejo de relacionamento
pessoa! com Deus requeria atitudes objetivas, não para
com prar o favor divin o, mas honrá-l o atr avés de uma exp res
são de louvor e adoração feita da forma mais concreta
possível. Então, o homem com intuito de agradar a Deus
imaginou sacrifícios, obras de arte etc., nascendo assim o
espírito do dízimo
Não podem e das ofertas.
os esquecer, no entanto, que a atitude p rimitiva
de oferecer sacrifícios e ofertas de gratidão a Deus sempre
foi decorrente do reconhecimento da grandeza e da
soberania do Criador.
Das fases históricas pelas qua is passou o homem destacamos,
no intuito de ajudar o leitor, os dois períodos mais dominantes
da história bíblica antiga.
20 D izim ista, Eu?!

1. Fase monoteísta. O monoteísmo é crença daqueles que


admitem adoração a um só Deus. A consciência
implantada por Moisés no meio do povo de Israel,

segundo
os usos e alguns
costumedos mais
s do renomados
povo teólogos,
hebreu que, após determinou
passar muito
tempo sob influências diversas de povos pagãos, começa
a viver comodamente debaixo d a co nv icç ão de que era
um povo escolhido e protegido pelo Eterno, o qual provia
tudo para ele. De modo que as ofertas e os dízimos
começaram a integrar a adoração deste povo que, em
home nagem ao seu Cria dor, passou a prestar- lhe tributo

sistematicamente.
A oferta era uma homenagem do homem a Deus por dádivas
recebidas como: a fertilidade da terra, a colheita abundante, a
preservação da vida etc. Destarte, os dízimos e as ofertas eram
uma forma de adoração, de agradecimento, enfim, de
submissão a Deus. "Confia no Senhor de todo o teu coração e
não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em
todos os teus caminhos".1
2. Fase politeísta. Conforme relato bíblico, a prática do
dízimo e das ofertas remontam ao homem Adão, sendo
depois repassada a todos os povos, embora com formas e
cara cterísticas po liteístas: s ac rifício para ap laca r a ira dos
deuses. A degeneração do culto a um só Deus fez com
que todas as atitudes religiosas se convertessem em uma
terrível idolatria. Por exemplo, com o advento do
politeísmo, ou seja, a adoração a vários deuses,
encontramos as práticas mais irracionais e abjetas por
parte de povos pagãos que, com o objetivo de aplacar a
ira dos seus deuses cruéis, ofereciam-lhes até sacrifícios
humanos co mo dádivas. Ao passo que, enqua nto nas mã os
de Deus, o homem homenageava o Cria do r com o me lhor
de sua colheita ou de seu rebanho, motivado não pelo
medo, pelo pavor, mas por um forte impulso de querer
A Árvo re Proibida 21

agradar àquEle que era alvo permanente do seu amor.


No entanto, desviando-se de Deus, o homem começou a
se entregar a um sentimento de culpa e a buscar
conseqüentemente um tipo de com pensaçã o p en itenc ial,
através de oferecimentos de dádivas às suas divindades,
na precípua intenção de mantê-las calmas, tranqüilas e
longe da ira. Para tanto, não importava se esta homenagem
representasse a vida de um animal ou a vida de uma
indefesa crian ça, como o corria nas adorações a Moloq ue,
o deus dos cananeus.
A partir desses e de outros comportamentos bestiais, o

homem
justiça; se desumanizou às
entregando-se e foi perdendo
formas maisa noção da moral
irracionais e da A
de culto.
sen saç ão que se tem é de que o hom em, ao afastar-se de D eus ,
com eço u a vê-lo d e forma distorc ida. Desd e então, não obstante
a revolta do homem, Deus vem lhe mostrando, por evidências
incontestáveis, ser impossível viver divorciado de sua presença.
O homem que tenta interpret ar os grande s episódios da vid a
com o sendo meras casua l idades d eve ria, até por questão de
coerência, chegar à conclusão de Shakespeare e Victor Hugo:
Deus é o invisível evidente.

Observe algumas provas que evidenciam, de forma


insofismável, a prática do dízimo e das ofertas como
comportamento comum nas sociedades primitivas.

A ÁRVORE PROIBIDA
Qu ando Deus cr iou o homem, colocou-o n o jardim. Quanto
tempo vo cê supõe que Adã o ficou nesse lugar para disíac o onde
não existiam espinhos nem ervas daninhas?
Acreditamos que bem pouco. Enquanto Adão permaneceu
em harmonia com as leis de Deus, até a terra cooperou com
ele para suprir-lhe as necessidades. Deus colocou uma árvore
22 Dizim ista, Eu?!

no meio do jard im do Éden e disse a Adão: "Esta árvore é minha .


Você não deve comer do seu fruto. Suprirei todas as suas
necessidades, porém vou reservar algo para mim no lugar onde
você está vivendo ".
Nunca houve época na história da humanidade em que
Deus não reservasse para si alguma coisa no reino físico onde
ganhamos a vida. Aquela árvore do primeiro jardim (Gn 2,3)
representava o que pertencia a Deus, e quando Adão dela se
apropriou, foi punido. Teve de trabalhar longas horas e com
grande angústia para realizar aquilo que antes lhe bastavam
alguns minutos para executar. O que se descobre desse fato
bíblico é que empírica
demonstração Deus sempre exige
do seu do ser humano
reconhecimento. a o
Logo,
dízimo é parte desta exigência divina. O homem que não se
curva diante deste imperativo fica à margem da misericórdia
e providência de Deus.

A REJEIÇÃO DE CAIM E OS SEUS REAIS MOTIVOS

Entregar
terra a Deus foi,
e das primícias umadeparte
acordodocom
fruto obtido4, do
Gênesis cultivo da
reconhecido
como dever do homem desde os primórdios. No entanto, o
aco ntec ido com Ca im , que teve a sua oferta preterida por Deus,
sempre me preocupou. Mas, qual foi fundamentalmente o
problema deste homem para que Deus rejeitasse a sua oferta?
Sobre essa questão, já ouvi e li as mais diferentes explicações,
porém nenhuma delas deixou-me pl enamente co nven cido . Vale
ressaltar que
coerência peloquatro dessas
fato de exegeses
exibirem, detentoras
segundo de maior
sua plataforma
herm enêu tica, o m aior número de detalhes e de possibilidades,
reclamam nossa atenção e estudo.
A primeira delas admite que a razão por que Deus rejeitou a
oferta de Ca im foi resultante do fato de ela não ter sido cruenta,
isto é, uma oferta de sangue. Ora, Deus jamais rejeitaria Caim
só porque ele era lavrado r, e não pas tor. Alé m disso, a oferta de
A Árvore Proibida 23

Ca im , conqua nto tenha sido do fruto da terra, não repres entava


qualqu er tipo de inco erê nc ia. Co mo lavrador, por certo, ha veria
de trazer a Deus o fruto do seu trabalho. Isto quer dizer que
essa primeira colocação não tem de fato consonância com o
bom senso hermenêutico.
A segunda, não menos infundada, assevera que o ponto
nevrálgico de Deus ter rejeitado a oferta de Caim foi o fato de
Abel ter dado a Deus as primícias de seu rebanho, e Caim, a
sobra de sua colheita. Acredito que essa idéia tem apenas
apa rênc ia de verdade, mas, com o a outra, també m é cost urada
de incoerência. Primeiro, porque a oferta em si não tem e nunca

teve nenhum
e conduta sentidoque
daquele espiritual, se afastada
a oferece. da boa
E, segundo, motivação
porque esta
interpretação traz em si uma tendência muito perigosa: a idéia
de que Deus está mais preocupado com a oferta do que com o
oferente. Isto cheira a indulgência medieval. Ora, reflitamos:
Deus não se interessa tanto com o que lhe damos quanto com
como lhe damos.
Não me entenda mal, eu não disse que Deus não se
interessa
divino por aquilo
divorciar que lhe
a pessoa dadamos,
dádiva.mas
Deusque não éfará
jamais do feitio
esta
separação.
A terceira interpretação acentua a rejeição à oferta de
Caim pela sua procrastinação em trazê-la a Deus.
A quarta opin ião sobre esse assunto é dada pela linha liberal.
Segundo os intérpretes da teologia liberal, o episódio entre Caim
e Abel retrata o conflito entre o reino do Sul e o do Norte.
Caim, representando o Norte — os camponeses e agricultores
— e Abel, o Sul — os citadinos. O conflito estabelecido,
conforme opinião liberal, consistia no seguinte: os "sulistas"
achavam que o povo só podia adorar no Templo em Jerusalém
e que Deus só aceitava ofertas cruentas trazidas àquele
santuário. Isto significa dizer que as ofertas dos "nortistas" —
reino do Norte — jamais seriam aceitas por Deus. Fato
semelhante ao episódio de Caim e Abel, que mostra Deus —
24 Diz im ista, Eu?!

segundo os sulistas —, aceitando as primícias das ovelhas em


detrim ento dos f rutos da terra, ou se ja, Ele ace ita o reino do Sul
e rejeita o reino do Norte.
Como se pode concluir à luz da Bíblia, o problema não está
no fato de a oferta de Caim não ser cruenta ou constituir-se
uma sobra de colheita ou porque Caim procrastinou; nem
tampouco porque o texto apenas quer retratar o conflito que
se passava entre o reino do Sul e o reino do Norte. A prova está
no fato de que Deus chamou a atenção de Caim para a
incoerência de sua vida, e não para a aparência da oferta.
Observe o texto: "Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti?

E, se nãoe fizeres
desejo, sobre bem,
ele doo minará
pecados".2
jaz àIsto
porta,
quere para
dize rtique,
será quando
o seu
se tem um coração endurecido pela amargura e inveja ou pelo
orgulho, quando muito, engana-se os homens, mas a Deus
jamais.
Desta exposição, concluímos que Deus rejeitou a oferta de
Caim em razão de ele ter cedido às tentações do pecado e por
estar planejando a morte de seu irmão Abel.
Não podemos olvidar que Deus primeiramente aceita a
pessoa para depois aceitar o que ela tem para lhe oferecer.
Logo, do ponto de vista divino, não se pode dissociar uma boa
oferta de uma motivação pura.

DIZIMAR É ANTES DE T UDO GRATIDÃO


Em Gênesis 8.20, lemos que Noé ao sair da arca, após o
dilúvio,
salvaçãoofereceu
e a de suaa família.
Deus sacrifícios em gratidão pela sua
Este fato bíblico comprova, mais uma vez, que a prática de
ofertar alguma coisa a De us sempre em ana, desde pr iscas eras ,
de um coração generoso e, sobretudo, agradecido.
Segui ndo a nar rativa de Gên esis 14 .20 , nos deparamos com
um episódio que bem ilustra a prática do dízimo como forma
de agradecimento a Deus (Hb 7.4).
A Árvore Proibida 25

A atitude que Abraão tomou diante de Melquisedeque,


sacerdote do Deus Altíssimo, demonstra sua gratidão a Deus
pela vitó ria. E ssa é, inc lusiv e, a primeira me nção bíb lica da
expressão "dízimo", sugerindo que o costume era observado
pelos povos primitivos, muito antes da lei; de sorte que é um
tremendo equívoco pensar que a srcem do dízimo remonta à
lei mosaica.
Acompanhando atentamente as narrativas bíblicas no livro
de Gêne sis, deparamo-nos com Jacó, mais especificam ente com
o voto que ele fez a Deus, comprovando que a prática das
ofertas e dízim os era alg o bem com um nas sociedades p rimitivas

(Gn 28.18-22).
O PERIGO DE NÃO CUMPRIR UM VOTO
Fazer votos a divind ade s era costum e dos pov os antigos. Por
isso, encontramos Jacó fazendo um voto ao Senhor nos
seguintes termos:

Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço,


e me d er pã o par a co m er e vestes para vestir, e eu em p az
tornar à casa de meu pai, o Senhor será o meu Deus; e esta
pedra, que tenho posto por coluna, será Casa de D eus; e, de
tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo .3

O que fica bem evidente nesse texto é que um voto podia


acontecer por alguém haver conseguido realizar algo desejado
ou por abster-se de alguma coisa (SI 132.2ss). Podendo ser
também uma ação em retribuição ao favor de Deus (Nm 21.1- 3)
ou a expressão do zelo e devoção para com Ele (SI 22.25). Não
era pecado fazer voto ou deixar de fazê-lo, porém, uma vez
feito, presumivelmente expresso com os próprios lábios (Dt
23.23), um voto se tornava tão seguramente obrigatório como
um juramento. Por conseguinte, nenhum voto devia ser feito
apressadamente (Pv 20.25). O indivíduo que fazia um voto
26 Dizimista, Eu?!

para, por exemplo, oferecer alguma coisa à obra de Deus,


entrava na esfera da oferta, e o votante só ficava livre do seu
voto quando a promessa era consumada.
Por outro lado, substituir a oferta prometida em voto por
alguma coisa inferior revelava uma atitude pecaminosa diante
de Deus (Ml 1.14).
Aquilo que já pertence a Deus (por exemplo, o dízimo (Lv
27.26), ou um anátema para o Eterno (Dt 23.18), não pode ser
oferecido ou consagrado a Deus como um voto, sob pena de a
pessoa cair em estado de desgraça, se agir dessa maneira.
Um voto podia advir do mero fingimento de um indivíduo

traiçoeiro (2 Sm 15,7ss)
Novo Testamento, o votooudos
imoral (Pv 7.14).
religiosos Assim —
hipócritas sendo, no
o corbã
— é condenado por Jesus (Mc 7.11).
Biblica mente , aque le que faz um voto a Deu s deve se esmerar
nos preceitos já estabelecidos pelo Senhor, a fim de cumpri-lo
nos seus mínimos detalhes.

ANÁTEMA DE GUERRA
Anátema, palavra que até o dia de hoje tem sido
interpretada como sendo unicamente sinônimo de
"maldição", "maldito", também conotava, no Antigo
Testamento, um tipo de voto, pois, ao se ganhar uma guerra,
geralmente todos os despojos da nação conquistada
tornavam-se em anátema de guerra ao Senhor, ou seja, um
voto de consagração. Assim, quando alguma coisa era

consagrada em anátema
quem, porventura, a Deus,
tocasse não haviadivino,
no anátema como resgatar
seria e
considerado maldito, abominável diante de Deus. Logo,
compreendemos porque Deus condenou sumariamente Acã
e sua família (Js 7).
Jericó, uma das cidades mais imponentes e presunçosas do
Antigo Testamento, havia sido consagrada como anátema de
guerra a Deu s (Js 6.1 7-19 ). Ac ã, irresponsavelmente, ousou tocar
A Árvore Proibida 27

numa parte do todo que constituía o anátema de guerra. Deus


não o teve por inocente e o sentenciou à pena capital por haver
transgredido um princípio divino.

nãoTemo por muitos


cumprem com osque,
seusinconseqüentemente, votamcom
votos, pois estão lidando e depois
algo
muito sério e de resultados imprevisíveis.

TESTEMUNHO DA NATUREZA
Quando Deus criou o Universo estabeleceu leis fixas que o
governassem, a fim de que as forças da natureza não se
tornassem destrutivas. Instituiu também leis que provessem as
necessidades de todas as criaturas por Ele criadas, de modo
que de nada carecessem. A obediência a essas leis constituem
recompensa; porém, quando desobedecidas, o resultado é o
sofrimento e o caos.
Toda a natureza reconhece Deus como Senhor de todas as
coisas. Ele manda a chuva e o solo em retribuição, produz fruto e
semente. Também provê o sustento dos pássaros, e eles cantam

louvoresoem
apenas agradecimento.
homem, No vastoo Universo
criatura ingrata, hostüiza que
e seDeus criou,
recusa a
reconhec ê-lo co mo Deus C riad or e sustentador de todas as coisas .

RAZÕES BÍBLICAS PARA CONTRIBUIR


Há três fundamentos sobre os quais as Escrituras baseiam o dever
de contribuir: Deus é o possuidor de tudo, Ele é o doador de tudo e
o redentor de todos. Portanto, "dai a Deus o que é de Deus".4
Na parábola dos dois servos, Jesus explica o que significa
reconhecer a Deus como possuidor de todas as coisas (Mt
24.45-51). Através dela somos identificados como mordomos;
administradores d os bens de De us. Agora, com muita atenção ,
analisemos quais são os bens de Deus:
1. DEle é a prata e o ouro (Ag 2.8). Ele domina o reino
mineral.
28 Diz im ista , Eu?!

2. DEle é aTerra e toda a sua plenitude (SI 24.1). Esse salmo


é escolhido pelos judeus para agradecer a Deus nas
refeições.

3. Ele domina sobre o reino animal (SI 50.10-12; 104.27-29).


Esses dois salmos mostram a soberana providência divina
com respeito à criação.
4 .Tudo é dEle (1 Cr 29 .1 1,1 2,1 4). É indiscutível, tud o provém
de Deus e tudo pertence a Ele.
5. Ele é doador da vida (At 17.24-28). Esses versículos
reafi rmam a grandeza de Deus com o Criador, doador de
todas as coisas e como a fonte permanente de nossa
existência.
6. Ele é soberan o (1 C r 29.1 6). A grande za de Deus es tá
espalhada na sua criação. Disse Jesus: "Dai a Deus o que
é de Deus".5

ATITUDES CORRETAS DE UM
DIZIMISTA E OFERENTE
As atitudes que serão apresentadas a seguir objetivam
demonstrar quão sublime e maravilhoso deve ser o ato de um
cristão contribuir na obra de Deus, através dos dízimos e das
ofertas. Analisemos, então, cada ponto:
1. Agradecim ento (D t 16.1 7). A prá tica de diz im ar e ofertar,
como já dissemos algures, é bem antiga e sempre partiu
de um sentimento espontâneo de gratidão a Deus pelas
suas misericórdias. Os judeus tinham a consciência de
sempre serem gratos a Deus por tudo, pois para eles uma
coisa dependia da outra.
2. Reconhecimento (Dt 8.10-19). Desde os primórdios
da História, Deus exigiu do homem o reconhecimento
A Árvore Proibida 29

de sua soberania sobre o Universo, dizendo-lhe que


poderia desfrutar de toda a criação, mas lembrando
que o dízimo de tudo a Ele pertencia (Lv 27.30,32).
Portanto, os judeus sabiam que dez por cento de tudo
quanto pass ava por suas mãos — o dízim o — era san to
ao Senhor.
3. Obediência (Dt 8.19,20; 28.15,16). A obediência a
Deus e a seus mandamentos é fundamental na
adoração. Entregar os dízimos e as ofertas é também
uma questão de obediência aos mandamentos de Deus.
4. Prioridade (Êx 36.2-7). Quantas pessoas não estão
ignorando sua responsabilidade de honrar a Deus com
o dízimo de sua renda, alegando motivo "justo" para
falta tão grave! Aliás, em face de tanta ignorância
generalizada do povo de Deus quanto ao dízimo,
assunto amplamente tratado nas Escrituras, o erro
gritante e mais sério entre todos é justamente a falta de
dedicação ao que se refere às primícias da renda — a
primeira parte de qualquer coisa que se consegue diante
de Deus.
5. Constância (Ml 3.10). Essa atitude de adoração, através
da entrega de seus bens a Deus, tem que ser uma prática
constante e regular, para que não falte nada à obra de
Deus e à manutenção da sua casa.
6. Individualidade (Dt 16.16). Observe que a expressão
"todo varão ", no ve rsícu lo 16, mos tra a ind ividua lidad e
de cada um
significa quenaa prática
pessoa das ofertas
deve e dos dízimos.
se incumbir dessa Isto
responsabilidade pessoalmente diante de Deus.
7. Criatividade (Dt 12.6). Conforme o texto citado, um
ju deu devoto entregava, no m ínim o, trinta por cento
de sua renda a Deus. Mas observe que na passagem
citada anteriormente há diversos tipos de ofertas, além
do dízim o. Isto não significa criativida de na ado raçã oí
30 Diz im ista, Eu?!

Do expost o, c on cluím os que, se não c ompreendermos que


somos apenas meros administradores de Deus, isto é, mordomos
dos seus bens, jamais compreenderemos o que é entregar o
dízimo e as ofertas voluntárias na obra de Deus.

'Provérbios 3.5,6.
2Gêne sis 4.7 .
3Gênesis 2 8.20 ,21 .
4Marcos 12.1 7.
5ldem.
3
DINHEIRO:
SAGRADO OU
PROFANO?
D iz -s e qu e o din hei ro não é a m ed id a de um
indivíduo, mas, muitas vezes, o dinheiro serve para
demonstrar a pequenez de noss a esta tura.
An ôn im o

A cultura espiritual em que vivemos, se assim posso dizer,


onde o sagrado e o profano ganham uma visão dualista incle
mente, traz inúmeras dificuldades e bloqueios psicológicos
seriíssimos em relação ao dinheiro. Essa atitude é fundamen
talmente estrutural-pedagógica. É estrutura! porque tem seus
métodos, disposições e sistemas que se baseiam numa
espiritualidade equivocada, vistas quase sempre como um
material perigoso, iníquo e sedutor, razão por que se tem tanta
inib ição e precon ceitos para s e falar de dinheiro no meio evan
gélico. É pedagógico porque sua estrutura é eminentemente
cultural, na medida em que se cria uma mentalidade
maniqueísta do sagrado.
Essa habitualidade mental de "franciscanizar", permita-me
o neologismo, no pior sentido, o sagrado, coisa tão comum no
meio cristão, existe em razão de associarmos esp iritualidad e à
pobreza. Então, quanto mais pobre se é, mais rico diante de
Deus.
32 Diz im ista, Eu?!

Há bem pouco tempo o sucesso m aterial er a visto com maus


olhos por algumas igrejas que interpretavam o conforto
propiciado pelo dinheiro como elemento corruptor de
espiritualidade. Hoje, devido a essa visão equivocada, pagamos
caro porque não conseguimos transpor as próprias objeções
que nós mesmos sistematizamos. De modo que não vamos e
nem permitimos que alguém vá além dos limites
preestabelecidos pelos nossos critérios do sagrado. Com isso,
ficamos tolhidos de experimentar as ações vitoriosas de Deus
na área de nossas finanças e, o que é ainda pior, deixamos a
igreja à margem da prosperidade financeira.
É óbvio que não estamos falando de prosperidade manualista
e monitorada às custas de inc entivo m ágico -ilusório ; isso porque
Jesus nunca acentuou alguma coisa em detrimento de outra.
Pelo contrário, sempre nos mandou fazer uma coisa sem que
esquecêssemos da outra.
O que estou propondo neste arrazoado — sem pretensões
de mudar a essência bíblica e os rumos da boa tradição — é a
mudança de mentalidade quanto ao preconceito sobre o

dinheiro e aaosua
restringida espiritualidade,
lado pois mas
íntimo-pessoal, esta deve
últimaabranger
não podeo soc
ser ial,
o coletivo, enfim, todas as esferas.
Se o dinheiro continuar sendo profano para nós, estaremos
fadados a nunca experimentar de verdade os milagres de Deus
na área financeira.
Repeti das vezes dizem os que é "dando que se receb e", mas
infelizmente ficamos apenas no âmbito do discurso; não
fazemos disso uma
isso se tornasse algoprática cristãnos
concreto, constante, pois bem
tornaríamos se porventura
melhores
e muito mais abundantes finance iram ente , uma vez que o texto
supracitado não se refere apenas a dinheiro, mas a todos os
demais valores da vida cristã.
O povo eva ngélico , mormente os históricos e os pentecostais-
históricos, está desestimulado a contribuir, pois entende a
contribuição erradamente. Contudo, a teologia financeira nos
D inhe iro: Sagrado ou Profano? 33

ensina como devemos ganhar o nosso dinheiro, administrá-lo


e aplicá-lo à luz da Bíblia.
Na minha fase de novo convertido e ainda no início do
ministério, por exemplo, eu estava de braços dados com este
problema que me prejudicou por muito tempo, até que decidi
fazer alguma coisa para resolver a situação. Esse conflito por
que passava era oriundo da minha rejeição, quase que
permanente, ao ensino e ã prática do dízimo. Não sei, mas
talvez tenha sido porque eu nunca tivesse ouvido, até então,
um estudo sistemático sobre o assunto. Ouvia pregações
avulsas, meditações esporádicas e estranhos apelos sobre o
tema; mas nada além disso.
Pensava com igo que o dinh eiro era a raiz de todos os males.
Todavia, incoerentemente, nunca aceitei ficar sem ele. Hoje
entendo que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males e
que o propósito com o qual nós o usamos determina também
o nosso futuro, pelo menos diante de Deus.
Sempre tive muita inibição de subir a um púlpito para falar
de dinheiro, pois acreditava, até então, que um culto religioso
não entário.
com era umaAocasião propícia,
meu ver, o dinhenem hora
iro era de profano.
algo fazer esse tipo
Sem dúdevida,
este era o meu maior bloqueio. Mas isto acontecia devido ao
ensinamento errado que recebi e por desconhecer o valor de
ter Deus como sócio de minhas finanças. Hoje acredito
piamente nes ta premissa. N a verdade , via e ouvia quase sempre
líderes chegarem desajeitados ao microfone, com voz
embargada, para falar d e dízim os e ofertas. Eles "balb uc iav am ":

O ambiente está deveras espiritual >mas agora, amados


irmãos, vamos passar aos dízim os e às ofer tas.

Ora, com este comportamento eles estavam, inconsciente


mente, dissociando o dízimo e as ofertas do culto. Em outras
palavras, eles davam um tom profano ao ato que praticavam.
Evidentemente, depois d essa manifestaç ão de desenc orajam ento,
34 Diz im ista, Eu?!

é impossível para o povo ter qualquer reação positiva com res


peito a contribuições.
Foi nesse contexto de in ibiçã o e constrangimento que eu f ui
inserido e não podia, obviamente, aprender outra coisa senão
aq uilo sobre o qual fui informad o: d inhe iro é prof ano e só deve
ser mencionado num culto público quando se fizer necessário
e, em última instância, se mencionado for, o dirigente deve
fazê-lo rapidamente, para não tirar o brilho espiritual do
ambiente. Isso estava tão claro para mim, que o apelo do pastor
para a contribuição me soava mal aos ouvidos. E, quase sempre,
quando um diácono se aproximava de mim com a "poderosa"
sacola, aquilo significava que eu teria, naquele instante, de
pedir licença a Deus para que Ele não olhasse o que eu estava
fazendo, de modo que não viesse macular a minha comunhão.
Era uma sensação muito estranha.
Hoje, completamente consciente do meu papel cristão com
respeito às contribuições, estou mais do que convencido de
que dinheiro — via dízimos e ofertas — faz parte de nossa
adoração. Porquanto se trata de algo sagrado e, deve ser visto
assim. Tudo o que é de Deus é santo, e o dízimo e as ofertas
que devolvemos no altar pertencem a Deus. O rei Davi tinha
tanta convicção dessa verdade que declarava:

Agora, p o is, ó Deus nosso, graças te dam os e lo uvam os


o nome da tua glória. Porque quem sou eu, e quem é o
meu povo, que tivéssemos poder para tão voluntariamente
dar semelhantes coisas? Porque tudo vem de ti,
e da tua mão to damos . 1

EXTREMOS
De tudo o que já foi com entad o, não poderia d eixa r de citar
as tend ência s atuais do compo rtamento cristão no que con cerne
ao dinheiro. Isto porque estranhas atitudes relacionadas a con
tribuições vêm sendo tomadas por grande parte dos cristãos.
Dinh eiro : Sagrado ou Profano? 35

Prim eiram ente, há o grupo que tem até medo de falar sobre
dinheiro em público, pelo fato de se sentirem expostos e de
estarem ferindo princípios aos quais, segundo sua convicção,

devem se submeter.
Alguém já disse que o bolso é a úl tima co isa que uma pessoa
entrega ao Senhor. Esse pensamento tem sido extremamente
danoso em todos os aspectos para o povo de Deus, porque
priva-o de todo e qualquer envolvimento com Deus numa
importante área de sua vida: a financeira.
Indiscriminadamente, há líderes que incentivam os seus li
derados a oferecer a Deus tão-somente a sua alma, o espírito e
até
con oseqü
corpo, mantendo
ências o Senhor
dess e ensino são afastado de suas
verdadeiram entefinanças.
trágicas. As
Certo
escritor diz que o cristão desestimulado a exercitar a fé no to
cante a dinh eiro fica limitado aos seus próprios recursos. Co mo
qualquer um, ele luta para ganhar o pão de cada dia e cumprir
suas responsabil idades par a com a fam ília, c onsu mindo a maior
parte de seu tempo com a preo cupa ção de acu mula r o suf icie n
te para garantir a sobrevivência, e mais um pouco para torná-la
suportável e feliz.
diz que Deus Não há
"abençoa nada de
as obras de mais nisso.
nossas Porém,
mãos". a Bíblia
E aqui resi
de toda a diferença, pois o cristão que coloca Deus do lado de
fora de suas finanças não tem como competir com o mercado
injusto e desonesto em que vivemos. Por outro lado, o cristão,
mesmo não podendo agi r com o os que cometem inju stiç a, tem
como progredir, desde que busque o auxílio de Deus, fazen
do-o Senhor de suas finanças. Que se diga, entretanto, que
faze
var or seu
D eusnome
Senhor
emde n ossas
placas finan çanem
luminosas, s nãotampouco
significa agrafitá-lo
penas gr a
em painéis, pois tais atos pressupõem ação permanente de jus
tiça, misericórdia e caridade.
Mas, se porventura, o cristão decidir sobreviver financeira
mente em meio a esta selva comercial onde impera a lei do
mais es perto, elim ina nd o o Eterno dessa pa rte vital de sua ex is
tência, terá perdas irreparáveis. Então, qual a melhor opção
36 D izim ista , Eu?!

para um cristão que não pode adotar a desonestidade como


arma na luta do cotidiano?
Infelizmente, pressionados nas suas finanças, muitos cris

tãos
menteterminam "dançando
que centenas conforme
de cristãos, de asegunda
música".a Ésábado,
aqui exata
assu
mem outra identidade e tentam separar as suas responsabilida
des cristãs das seculares. Alguns chegam ao absurdo de dizer
que "trabalho é trabalho, e igreja é igreja"!
Os que advogam a infeliz idéia de que não podemos envol
ver Deus em nossas finanças demonstram a falta de entendi
mento bíb lico sobre a teologi a finan ce ira e, sobretudo, d eixam

de receber
teriais, pois anão
bênção da multiplicação
dão espaço a Deus. sobre os seus bens ma
Se de um lado temos esse grupo que quase chega a proibir
que se fale em dinheiro por se tratar, segundo eles, de assunto
comum, temos uma segunda tendência comportamental que
vê na prosperidade material a evidência insofismável de
espiritualidade. Esse grupo, que cresce de forma espantosa
atualmente, vê em cada versículo bíblico uma promessa de
prosperidade.
do Eles apregoam
"toma-lá-dá-cá", o triunfalism
isto é, quanto o edá
mais você ensinam
a Deus,a teologia
mais
você tem. Embo ra seja isto uma verd ade , em tes e, não se pode
restringi-la apenas ao âmbito material, pois isso limitaria a
bênção de Deus.
Ora, convenhamos, nem sempre a maior dádiva advinda
das nossas contribu içõe s é uma de voluçã o material, pois a nossa
contribuição não visa comprar os "carismas" de Deus, visto
que já oslherecebemos
estamos pela
oferecendo sua misericórdia,
alguma e não
vantagem. Essa porque
segunda
tendê ncia tem-s e fundamentado na interpr etação errada de que
todas as nossas orações e pedidos são respondidos por Deus.
Evidentemente, essa declaração está baseada numa idéia
absolutamente falsa, embora muito fácil de ser aceita como
verdade. Primeiro, porque Deus não tem obrigação nenhuma
de nos responder e, se o faz, é inteiramente pela sua bondade.
Din heiro : Sagrad o ou Profano? 37

Segundo, po rque todo ensinam ento errado ge ra compo rtamento


errado. Pois, se déssemos ênfase dem asiad a às dád ivas de Deus,
isso produziria no povo, "que já não gosta dessas coisas", urrí
espírito
dissemosinteresseiro, nonão
algures, esse estilo
é o"troca deque
motivo favores"
deve e, comoa
nortear
contribuição. Terceiro, e o mais importante, é que se Deus
respondesse a todas as nossas orações, como garantem os
triunfalistas, estaríamos perdidos. Certa vez, a esposa do Dr.
Billy Graham disse que, se Deus tivesse ouvido todas as suas
orações, ela não teria se casado com Billy Graham.
Os que comercializam as bênçãos de Deus se valem de
versículos isolados, dando-lhes interpretação particular. Além disso,
asseveram que Deus garante a todos os seus filhos uma vida de
abundância material. Sobre tal situação, pontifica laconicamente
certo escritor: "Tal filosofia é traduz ida por uma vid a livre de toda
e qualquer necessidade, e com fartu ra de dinh eiro "; e fina liz a em
tom austero: "Esta filosofia do supercrente, muito popular entre
alguns grupos evangélicos, que garante bênçãos sem que importem
responsabilidade e obediência, é um lamentável engano, que
precisa ser evitado a todo custo".2
Hoje acredito firmemente que a maior graça que recebe
mos da parte de Deus, ao contribuirmos para a sua obra, é a
vitória sobre o egoísmo, o materialismo e a avareza, às vezes
tâo aprofundados em nossas vidas.

ENTENDIMENTO CORRETO

Concluímos que, indubitavelmente, as duas tendências


comentadas acima são falsas, pois demonstram imperdoável
ignorância à teologia financeira.
A razão des sa noss a co loc aç ão é alertar o leit or para os cu i
dados que deve ter para não cair nos extremos aqui apresenta
dos e também trazer a lume o ponto de equilíbrio no qual
devemos nos basear, a fim de evitar os naufrágios financeiros
que vêm fazendo parte da vida de muita gente.
38 Diz im ista , Eu?!

O que está faltando a muitas pessoas é o entendimento de


que o dinhe iro é par te integrante da teologia finan ceira bíblica .
E uma das grandes avaliações que se pode fazer da vida cristã
é, portanto, a atitude que tomamos com relação ao dinheiro,
pois tem-se chegado à conclusão de que o dinheiro de um
homem, em um certo sentido, é o próprio homem.
A máxima "dinheiro não é bom nem mau" significa que o
destino que o homem dá ao dinheiro associado às suas moti
vações determinam se ele servirá como bênção ou uma terrí
vel teia de maldição em sua vida.
Vivamos, portanto, uma vida de inteira dependência de Deus,
colocando tudo o que somos e o que temos em suas santas
mãos, administrando tão-somente aquilo que nos cabe, como
bons e fiéis mordomos de Deus.
Segue abaixo uma citação ipsis litteris das profundas pala
vras do bispo McAlister:

Na realidade, o dinheiro não é a raiz de todos os males —


conforme interpretação corrente — mas el e produ z o mal
tão-somente quando há quebra, desrespeito às leis bíblicas
que governam sua circulação ,3

'Crônicas 29.13,14.
2McACLISTER, Roberto. Dinheiro, Assu nto Altamente Espiritual. Rio de janeiro:
Carisma, 1984.
’Idem.
A PROVIDENCIA
DIVINA
É c a ra c te rí st ic o de to da s a s cr ia tu ra s nã o po de re m
continuar sua exist ência p o r meio de seu próprio
p o d e r inerente. A cr ia tu ra tem a ba se de seu s e r e de
sua continuação na vontade de seu Criador.
Louis Berkhof

Imagine o leitor: se um dia você procurasse respirar e não


encon trasse oxig ênio ; se o Sol não desse mais o seu velh o brilho;
se a terra não mais produzisse ervas, frutos e sementes; se a
camada de ozônio se extinguisse, deixando o planeta
desprotegido contra os raios solares; se as águas dos grandes
oceano s transgredi ssem a lei que a s delimita, inundando vilas,
bairros e cidades inteiras; se o clima no pólo norte não fosse
mantido em tão baixa temperatura para conservar as grandes
geleiras
desapareceem ssem;
sua eterna hibernação;humana
se a resistência se as reservas ecológicas
diante das bactérias,
vírus, microorganismos acabasse; se os rios secassem e se a
vida repentinamente interrompesse o seu curso.
Creio que não é preciso ser tão drástico ou catastrófico para
falar de dízimos e ofertas. Por outro lado, vale ressaltar que é
de vital im po rtância , par a que se com preend a a teologia
financeira, o claro entendimento das leis que regem e
equilibram todo esse Universo, ou seja, a resposta à pergunta
40 Diz im ista , Eu?!

"Quem é o criador de todas as coisas?" deve ser bem definida


para aqueles que desejam entender a prática do dízimo e das
ofertas. Pois, convenhamos, quem controla, governa e preserva
toda a criação, estabelecendo
sua conservação leis seguras
e equilíbrio senão Deus, oe minuciosas para a
Criador de todas
as coisas? Ora, se não houvesse a intervenção do Eterno
ordenando, preservando e governando cada particularidade
deste imenso Universo, por certo nós, homens, seríamos
condenados à pena capital.
Mas o que tudo isso tem a ver? Por exemplo, se eu parto de
uma compreensão ateísta sobre a srcem do Universo,
certamente a minha atitude para com Deus, o seu Criador, e
tudo o que se relac ion e a Ele será de ingrati dão, ind ifere nça ,
desrespeito e irreverência, porquanto o ateísmo rejeita
totalmente a idéia de um Deus Criador e Soberano. De sorte
que as pessoas que admitem es sa concepção do Un iverso jam ais
serão gratas a Deus por qualquer coisa. Logo, não podem
entender a prática de dizimar e de ofertar, visto que uma coisa
está intimamente ligada à outra.
O que jamais podemos esquecer é que desde o princípio da
história humana Deus exigiu do homem que o reconhecesse como
Soberano e Senhor de todo o Universo . Dessa forma, Deus sempre
deixou claro ao homem que este poderia desfrutar de todos os
benefícios da cria ção, lembrando-lhe, porém, que a décima parte
de todos os bens recebidos, pertence permanentemente a Ele, o
Criador, como tributo e homenagem à sua majestade. Observe o
que diz a Bíblia Sagrada:
Também todas as dízimas do campo, da semente do
cam po, d o fruto da s árvor es são do Se nh or; s antas são ao
Senhor. Porém, se alguém das suas dízimas do campo, do
fruto das árvores são do Senhor. No tocante a todas as
dízimas de vacas e ovelhas, de tudo o que passar debaixo da
vara, o dízimo será santo ao S enhor . ’
A Providência Div ina 41

Não tenho dúvidas de que o primeiro passo para a


compreensão do tema é a aceitação e o reconhecimento da
soberania de Deus, que é o Criador, Senhor, Governador e
Preservador do Universo. Logo, se o homem não aceitar que
Deus é a razão suprema de tudo quanto ele é, possui, faz, vê,
sente e come, nunca compreenderá o porquê dos dízimos e
das ofertas. Porque dizimar e ofertar são atitudes de aceitação
e de reconhecimento a Deus, o manancial permanente da
ex istên cia hum ana e de todas as co isas. D izim a r é ,
fundamentalmente, uma atitude de gratidão pelas dádivas
recebidas. É como Paulo solenemente assevera: "Porque nele
[Jesus] vivemos, e nos movemos, e existimos".2
Ora, já que concluímos que a questão sobre o dízimo e a
oferta só ficará esclarecida a partir do conhecimento sobre a
providência divina, voltemo-nos para essa tão importante e
empolgante matéria bíblica.

TEOLOGIA DA PROVIDÊNCIA
O ensino bíblico sobre a providência divina está
intrinsecamente associado à doutrina da criação. Portanto, não
se pode estudar uma sem entender a outra; isso porque o
conceito bíblico da relação de Deus com o mundo se define
com toda clareza quando estudamos a providência divina.
Embora o termo "providência" não se encontre nas
Esc rit ura s, o ensino da p ro vidê n cia é, sem d úv ida ,
eminentemente bíblico. Este termo deriva-se do latim
provid entia que corresponde ao grego pronoia , palavras que
significam principalmente p re sciê n cia ou p re visã o , mas
gradualmente foram adquirindo outros significados.
Presciência se associa, por uma parte, aos planos para o
futuro e, por outra, à realização atual desses planos. Desse
modo, a palavra "providência" veio a significar a provisão
de D eus par a os f ins do seu gove rno e pre serv aç ão de todas
as suas criaturas. Este é o sentido mais aceito hoje pela
teologia, posto que saibamos que esse não é o seu único
42 D izim ista, Eu?!

emprego. Turretin, citado por Berkhof, por exemplo, define


o termo em seu mais amplo significado, afirmando denotar:
1. presciência;
2. pré-ordenação;
3. a eficaz administração das coisas decretadas.
Sem dúvida, o uso corrente quase se encontra restringido a
esse último sentido.3
O ensino da Igreja Primitiva sobre a providência divina opôs-se
à noção e picúre a de que o mundo é governado pela casualid ade e
ao conceito estóico de que é governado pela sorte.
Em todo tempo da Igreja, sempre houve, em tese,
unanimidade com respeito ã posição de que Deus preserva e
governa o mundo.
Ac red ito que est a seja uma boa hora par a de talhar o assunto
da providência no que diz respeito à posição de Deus
preservando e governando o Universo e tudo o que nele há.
Quero começar por definir teologicamente a providência.
Segundo os mais abalizados teólogos, providência é aquele
contínuo exercício da força divina por meio do qual o Criador
preserva todas as suas criaturas, opera em tudo que tem de
su ce de r no m un do e dir ige todas as coisas at é o seu d eterm inado
fim. Essa defin ição indica que há três elementos da pro vidên cia,
a saber: preservação conservado, sustentado; cooperação
concursus , co-ope-ratio e governo g u b e rn a tio . Embora
tenhamos conhecimento de que as maiores autoridades em
teologia admitem apenas dois elementos, ou seja, preservação
e govern o, ficamos com a idéia sensata de McPherson que
analisa o assunto com mais abrangência:

Mesmo que queiramos distinguir três elementos na


providência, sempre devemos recordar que esses três elementos
nunca estão separados na obra de De us. Portanto, não obstante
aceitarmos que a preservação se relaciona com o ser, a
cooperação com a atividade e o governo com a direção de
A Providência D ivin a 43

todas as coisas, isto nunca deve ser entendido em sentido


exclusivo. Pois na preservação há também um elemento de
governo, no governo há um elem ento de cooperação e na
coope ração há um el emento de preservação .4

Se aceitamos como fato incontestável o domínio de Deus


sobre o Universo, obrigatoriamente temos que admitir, como
ponto pacífico, a prática de dizimar e ofertar como forma de
homenagear, agradecer e reconhecer a Deus como aquEle que
é a fonte de toda a nossa existência: "Antes te lembrarás do
Senhor, teu Deus, que ele é o que te dá força para adquirires
poder", diz o texto sagrado (Dt 8.18).
Esse capítulo tem por objetivo estimular o leitor a ter um
encontro com o Soberano de toda a terra, no sentido de
reconhecê-lo como tal e agradecê-lo em todos os momentos
de sua vida , ded icando -lhe o melhor de seu tempo, talent o,
trabalho e bens, não na es treita in tenç ão de trocar favores com
Deus, mas na precípua intenção de honrá-lo, homenageá-lo,
adorá-lo e bendizê-lo.

O comportamento
deve do oreicantor
ser copiado. Disse Davi diante da soberania
de Israel, após umde Deus
período
profundo de reflexão: "Que darei ao Senhor por todos os
benefícios que me tem feito? lomarei o cálice da salvação e
invocarei o nome do Senhor".5
Em suma, esta é a verdade: não temos nada para oferecer a
Deus, nem mesmo algum mérito diante dEle. Tudo que
pensamos ter, ainda é muito pouco para chamar a atenção do
Eterno.
no seu Por
livroisso,
Uma concordamos com o Desejam
Graça que Poucos que assevera: Caio Fábio,

A nossa oferta ao Senhor não é de fato uma oferta a Deus.


Muito pelo contrário. É, antes de tudo, uma oferta de Deus a
nós — pois quem oferta a Deus oferta a si mesmo, na
medida em que dar: antes de ser uma graça de nós a outros,
é uma graça de Deus a nós.b
44 D izim ista, Eu?!

Nossos díz im os e ofertas, portanto, devem ser vistos por esse


prisma e não como um favor que fazemos à igreja onde
congregamos. A nossa contribuição não é uma esmola. Antes,

éserum favor imerecido


participantes que recebemos
da instalação do seu de Deusentre
Reino paraos
podermos
homens.

'Levítico 27.30,32.
2Atos 17.28.
3BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 3.ed. Michigan: B. Eerdmanf,1983
4ldem.
sSalmos 116.12,13.
6FÁBIO, Caio. Uma Graça que Poucos Desejam. Rio de Janeiro: Vinde, 1989.
A INSTITUIÇÃO
DO DÍZIMO
A p r á ti c a do d íz im o e d as of er ta s é o constante
exercí cio de f é de alguém que dec ide a brir mão do
direito de propriedade de todos os seus bens
terrenos, passando a considerá-los um empréstimo
temporário de Deus.
Paulo Cesar Lima

da Antes do advento
espontaneidade da Lei, onadízimo
e baseado era um
gratidão; ato aproveniente
com Lei, o dízim o
passou a ser uma obriga ção moral ina diá vel, um tipo de tributo
permanente ou um imposto pago para a conservação e
manutenção do governo sacerdotal instituído por Deus.
Contudo, faz-se mister salientar que o "espírito" que envolvia
o ato de dizim ar antes da Lei não "mo rreu" co m a prom ulgaçã o
da Lei, pois qualquer judeu nessa época estava consciente da

participação
sucessos. determinante
Além de Deus
disso, ele devia em seus progressos
ser agradecido pelo restoede
sua vida, em razão da libertação que Deus operou no Egito a
seu favor. Isso tudo servia de e leme nto motivador no pagamento
do dízimo. Porém, o que não se pode esquecer é que o amor,
o com pro miss o com D eus e a moral vêm sempre antes da Lei.
Entregar dádiva s, ofertas e oferendas a D eus sem pre refletiu
o impulso espontâneo de um coração agradecido. Mas, com o
passar do tempo e, sobretudo, com a própria degeneração morai
46 D izim ista, Eu?!

e espiritual do homem , a sociedad e esqueceu-se de Deus, salvo


raríssimas exceções, e foi concebendo um tipo de
comportamento estranho, interesseiro, avarento e egoísta que

precipitou
criatura a rupturaDestarte,
(homem). da comunhão entre o Criador
Deus precisou escolher(Deus)
dentree sua
os
povos apenas um, através do qual pudesse resgatar valores
esquecidos, tais como: gratidão, generosidade, abundância,
obediência, lealdade etc., que são elementos imprescindíveis
para que o homem não se desumanize ou se descaracterize
como imagem e semelhança de Deus.

ISRAEL — O POVO DE DEUS


Israel, embora tenha sido gestado em ambiente politeísta,
foi o primeiro povo da Antiguidade a acreditar em um só Deus
governador do Universo. Foi também o primeiro povo a crer
que, se o homem vive, é só por vontade de Deus, a cuja
"imagem e semelhança" foi criado. Por esse motivo, a
retribuição feita através dos dízimos, das ofertas voluntárias e
dasTodo
prescritas
judeu,emportanto,
Lei passou a fazer
tinha parte dade
consciência vida dessa
que nação.a
entregar
décima parte de tudo que passava pelas suas mãos era muito
mais que uma obrigação legal, constituía-se a própria
manutenção da imagem soberana de Deus em suas mentes e
um contínuo exercício de gratidão.

ALEI
Com o advento da Lei, na época de Moisés, o dízimo passou a
ser um comprom isso mor al inadiável para todo o povo de Israel.
A lei acerca dos dízimos e das ofertas foi promulgada para
atender, pelo menos, quatro áreas específicas na vida do povo
judeu e, por conseguinte, na vida do povo de Deus de modo
geral. Então, observemos:
Primeiro, Deus desejava expressar seus direitos e senhorio
A Instituição do Dízimo 47

sobre o homem. Segundo, sua intenção era fazer um desafio à


sua fé. Q ue m faz o des afio é Deu s. Ele promete abrir a s jane las
dos céus e derramar bênçãos incontáveis, de tal maneira que

os celeirosseudopropósito
Terceiro, servo fiel era
se tornarão pequenos
a manutenção para sacerdotal
da tribo contê-las.
de Levi, que não possuía herança material. Hoje são os pastor es,
os ministros e os que vivem em tempo integral da herança de
Deus. Q uar to, o seu plan o era manter o homem sem pre afastado
do materialismo, da avareza, do egoísmo e da ganância, os
piores ídolos da sociedade moderna.
Portanto, faz-se mister salientar que a lei quanto ao dízimo,
antes de ser uma interrupção
à voluntariedade, é uma forçaà espontaneidade,
motivadora paraà os liberdade
que nãoe
estão despercebidos, nem desinteressados, nem insensíveis à
obra de Deus. Mas para os que escolhem viver uma vida
distante do Senhor é uma condicional de vida ou morte:
prosperidade ou escassez. Vale ressaltar que, não obstante a
promulgação legal sobre os dízimos e as ofertas, a
"obrigatoriedade" da lei não "matou" o espír ito ag radecido e

submisso dos fiéis.


achavam razão A exemplo
na Lei disso, alguns
para entregar, alémjudeus piedososnada
do dízimo,
ma is, nada m enos que seis tipos de ofertas diferentes, as qua is
refletiam a largueza de seus corações, uma vez que a gratidão
a De us deve no s levar pa ra além das obrigações p adro nizada s.
Assim diz o texto sagrado:

E ali trareis os vossos holocaustos e os vossos sacrifícios, e


os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e os
vossos votos, e as vossas ofertas voluntárias, e os
primogênitos das vossas vacas e das vossas ovelh as . 1

A OBJETIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO
1. O dízimo instituído como obrigação legal ( Lv 2 7.30-34).
O dízimo passou a ser um elemento santo ao Senhor.
48 Diz im ista , Eu?!

2. Referências aos dízimos na legislação mosaica (Lv


27 .30 ,31 ; Nm 1 8.21; Dt 14.2 2,28 ,29). O dízi mo er a obrigatório
para os judeus. Os israelitas receberam a posse da terra de
Canaã e foram também admoestados a dar a Deus e a seu
culto uma porção de tudo quanto usufruíssem como produto
da terra.
3. Princí pio bá sico. O prin cípio básico do dízim o é o mesmo
da lei do sábado (Lv 27.30-34; Dt 5.12). O homem deve tudo
que possuí a Deus, sendo-lhe apenas um fiel depositário (Dt
8.18; Mt 25.14).
4. Primeira legislação. Na primeira legislação, ou seja,

quando o povo
dízimos eram ainda seaos
entregues encontrava eme sua
sacerdotes faseque,
levitas nômade, os
por não
terem recebid o herança m aterial, provavelme nte tinh am gran de
necessidade deles (Lv 27.30-34).

O SEGUNDO DÍZIMO
Segunda legislação. No capítulo 14 de Deuteronômio,

quando
preparavao povo de Israel
para entrar na — agora uma
Palestina e darnova
iníciogeração
a uma — se
vida
estabelecida, é-lhe ordenado um uso mais lato dos dízimos
(Dt 1 4.22 -29 ). Esse dízim o é cham ado tamb ém de "segundo"
ou "sagrado" dízimo.
Era na época da Páscoa que os israelitas estavam obrigados
a satisfazer o que chamavam "segundo dízimo". Em outras
palavras, uma vez separado o importante da oferta que se
fazia no templo e o "primeiro dízimo", cada hebreu tinha
obrigação de consumir e gastar dentro de Jerusalém — isso
era indeclinável — o citado "segundo dízimo", de acordo
com suas possibilidades econômicas.
Durante a festa da Páscoa, se o judeu vivia longe da Cidade
Santa, podia converter o "segundo dízimo" em dinheiro e gastá-lo
em alimentos e bebidas.
A Inst ituição do Dízim o 49

Na verdade, o benefício econômico que representava para


a cidade o fato de que cada hebreu devia gastar durante a
Páscoa uma parte de suas rendas anuais era bem expressivo.
Tratava-se de uma quantia bem considerável, se pensarmos que
o "segundo dízimo" era extraído dos grandes totais das vendas
dos gados, pomares e vinhedos de quatro anos, além do fruto
dos trabalhos artesanais.

O DÍZIMO DOS DÍZIMOS


Em Números 18.26, encontramos referência a esta prática.
Deus ordenou aos levitas, ministros do santuário de Deus e
auxiliares dos sacerdotes, que de todos os dízimos que
chegassem diante do altar eles separassem o melhor, ou seja,
uma oferta alçada, e a entregassem a Arão, o sumo sacerdote:

Assim também oferecereis ao Senhor uma oferta


alçada de todos os vossos dízimos, que receberdes
dos filhos de Israel, e deles dareis a oferta
alçada do Senhor a Arão, o sacerdote.2

AS TRÊS FESTAS DE ISRAEL


1. A Festa dos Pães Asmos. Ocorria "desde que a foice
começar na seara" (Dt 16.9). Coincidia com o primeiro
corte da cevada — a primeira colheita — e o povo era
admoestado a trazer como oferta a Deus "um molho das
primícias de sua sega" (Lv 23.10).
2. A Festa das Semanas(Dt 16.9,10). Ocorria sete semanas
após a primeira sega da cevada. Realizava-se no fim da
colheita, quando todo o trigo e a cevada haviam sido
cortados e ajuntados. Ela marcava especialmente o
término da colheita do trigo.
3. A Festa dos Tabernáculos(Dt 16.13). Era a festa judaica
da colheita, celebrada quando todas as colheitas de fruto,
óleo e vinho haviam sido recolhidas.
50 Dizim ista, Eu?!

Observe que essas três festas estavam relacionadas a colheitas


de espécies variadas e nelas os hebreus ofereciam ofertas de
gratidão a Deus, em reconhecimento ao fato de que todo o
produto da terra era bondade das mãos do próprio Deus, pois
Ele era digno de tal reconhecimento.
Com relação a Deuteronômio 16.15,17, alguém pode objetar
que a colheita é o resultado dos trabalhos do lavrador e que
certamente ele é digno do fruto de sua fadiga. Isso é verdade
até certo ponto; mas a Bíblia Sagrada vai além dessa obviedade.
Em Deuteronômio 8.18, encontramos a seguinte declaração
determinante:

Antes, te lembrarás doS enhor teu Deus, que Eleé o que te


dá força [saúde] para adquirires poder [riqueza],

O ALIC ERCE DA CONTRIBUIÇÃO GENEROSA


A gratidão pelas misericórdias redentoras de Deus foi o
alicerce sobre o qual sempre se baseou a ordenança da
contribuição generosa (Dt 16.12).
Concluímos esta parte, parafraseando as palavras de certo
escritor:

Quem ama a Deus tem que provar objetivamente esse


amor. Devemos fazê-lo, e logo, do mesmo modo porque Ele
provou amar-nos dando o seu Filho para morrer por nós,
sofrendo a ignomínia da cruz. Além disso, o amor do cristão
para com Deus é dívida de gratidão.

Ora, continua o escritor, se o crente reluta em dar o mínimo


que a lei da graça pede — o dízimo — como poderemos crer
que haja nele amor? O amor não é egoísta, não pensa somente
em si, nem é incapaz de renúncia.

'Deuteronômio 12.6.
2Números 18.28.
6

AS OFERTAS NA
AN TI GA AL I ANÇA
E n tr eg a r a d éc im a p a r te d e tu do qu e p a s s a p e la s
nossas mãos é m uit o mais que uma obrigaçã o lega l;
é a própria manutenção da imagem soberana
de Deus em nossas mentes e um exercício contínuo
de gratidão. E a gratidã o a Deu s deve nos levar pa ra
além das obrigações padronizadas.
Paulo Cesar Lima

A primeira vista, ao se estudar as ofertas cruentas, ou seja,


aquelas que continham sangue de animal, na Antiga Aliança,
somos atingidos pelo grande impacto que esse quadro
mórbido apresenta: derramamento de sangue de animais
esfacelados, cena que aparenta um ritual muito mais mágico
que divino. Por outro lado, após um estudo mais
aprofundado, fica evidente que as ofertas, mormente as
cruentas, apontavam o caminho pelo qual o homem podia
chegar-se a Deus e, sobretudo, indicavam que eram apenas
prenúncios do maior de todos os sacrifícios já realizados,
ou seja, o de Jesus Cristo, "o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo".1
As ofertas contidas no livro de Levítico faziam parte
integrante da devoção do povo de Deus, mesmo aquelas
destinadas à expiação de pecados, pois eram dedicadas a
Deus, em total reconhecimento à sua soberania.
52 Diz imista, Eu?!

Todas as ofertas deviam ser trazidas à Tenda da Congregação,


isto é, à presença de Deus, onde eram passadas às mãos do
sacerdote. Era uma maneira peculiar de o homem dizer a Deus
"muito obrigado" pelas bênçãos alcançadas; era também uma
forma de o homem se purificar diante de um Deus santo. Além
disso, os sacrifícios serviam paraestabelecer ou restabelecer a
comunhão com Deus. Até mesmo as ofertas que faziam parte
exclusiva de um ritual de expiação de pecados — pessoais ou
coletivos — continham o elemento devocionai, devido ao lado
substitutivo de cada oferta do tipo sacrifício. Posto isto, somente
o oferente — e mais ninguém — podia se desincumbir dessa
obrigação moral e ao mesmo tempo espiritual, em razão de
ele ter de colocar as mãos na cabeça do animal oferecido, pois
era vida por vida.
Podemos asseverar que o estudo ads ofertas na Antiga Aliança
é extremamente útil e pedagógico para o entendimento da nossa
postura no altar de Deus, local onde entregamos os nossos
dízimos e ofertas. Afora isso, o propósito das ofertas trazidas
em reconhecimento à participação decisiva de Deus na
produtividade não era
rebanho mas, antes, o de consagrar
desconsagrá-lo. o resto
Pois da colheita
tudo pertence ou do
a Deus.
Essa era a consciência daquele que levava a sua oferta ao
Senhor, até que a primeira porção era oferecida e aceita em
lugar do todo. Só então era removida a restrição divina ao uso
do restante (Lv 19.23-25; 23.24).

AS OFERTAS DE SAN GUE — VIDA POR VIDA


Oferecer animais em sacrifício é uma prática antiquíssima,
conhecida também em outras religiões e, no mundo «sraelita,
remonta aos primórdios da Bíblia.
Em Gênesis 4, somos informados de que Abel oferecia a
Deus as partes melhores de seus cordeiros. A aliança entre
Deus e Abraão é selada com um sacrifício. Também Noé,
depois do dilúvio, ofereceu a Deus um sacrifício de animais
As Ofertas na Antiga A lian ça 53

e de pássaros. Os detalhes desses sacrifícios são descritos no


livro de Levítico, através do qual podemos conhecer alguns
fatos básicos sobre o significado dessas ofertas.
O termo comum com que são indicados os sacrifícios é o
termo qorban, derivado da raiz hebraica qarab, que significa
"aproximar-se", mas em uma forma verbal característica
chamada "causativa" significa "oferecer". Portanto, qorban
"dom", "oferenda", e por isso também termo técnico para
"sacrifício".
1. O sacrifício é sempre oferecido a Deus. É um modo de
separar para Deus algo que está sob a administração
humana.
2. A prática do sacrifício é um modo de aproximar-se de
Deus. O próprio Deus estabelece as normas para o
sacrifício. Não é simplesmente uma iniciativa humana
para ganhar o favor divino, mas um caminho que o próprio
Deus concede ao homem para restabelecer a paz com
Ele. O homem oferece livremente ao Senhor as coisas
que este pôs à disposição daquele.
3. O sacrifício pertence a todos. Em muitas religiões antigas,
fazer sacrifícios era um segredo e um privilégio dos
sacerdotes. Somente eles sabiam como aproximar-se dos
ídolos, e isso lhes concedia uma posição de privilégio na
comunidade. Mas, em Israel, a lei dos sacrifícios
mencionada no livro de Levítico faz parte da Bíblia, e
esta pertence a todos. Não é sem razão que nesse livro se
repete continuamente: "Moisés falava a todos os
israelitas". Muitos sacrifícios em Israel eram oferecidos
por quem prestava o culto, e não pelos sacerdotes.
4. A eficácia dos sacrifícios tem limites.Em alguns casos,
os sacrifícios eram feitos também pelos pecados aciden
tais. Quando se tratava de culpas voluntárias, o sacrifí
cio deveria expressar o arrependimento. Se um culpado
queria ser perdoado, devia pedir perdão a Deus. O Novo
54 Dizim ista, Eu?!

Testamento diz claramente que não é o sangue de cor


deiros ou de outros animais que cancela o pecado,
5. O sacrifício como substituição. Às vezes, a morte do
animal sacrificado
lugar da era vista
pessoa que como se
o oferecia. o animal
Uma culpa tomasse
grave nãoo
podia ser expiada somente pela oferenda da vitima, mas
a pessoa expressava o arrependimento do seu pecado
oferecendo a Deus um sacrifício como sina! de sua dor.
Por isso, o Novo Testamento diz que a morte de Cristo é
expiação pelos pecados. A Bíblia apresenta alguns textos
que mostram esses diversos significados do sacrifício (Gn

4.8,20; 15; Lv 1-7,16,17; Hb 9.11,12; 10.4; 10,12).


A CLASSIFICAÇÃO DOS SACRIFÍCIOS
Com o objetivo de esclarecer o assunto em pauta,
classificaremos abaixo as ofertas, segundo o que nos é
apresentado no livro de Levítico:
1. Holocausto — chamado também desacrifício-olah. Nesse
sacrifício,
exceção daa pele
vítima
— era
quecompletamente queimada,
era reservada ao sacerdote.com
O
oferente punha a mão sobre o animal para indicar que
era um sacrifício pelas suas culpas pessoais. O animal
devia ser perfeito, pois somente o melhor deve ser
oferecido a Deus. O sangue do animal era derramado
sobre o altar como sinal de que a vida do animal morto
era dedicada ao Senhor. A descrição detalhada desse

sacrifício
encontrada — no
quando oferecido
capítulo pordeum
primeiro só fiel —
Levítico. Empode ser
Levítico
6, fala-se dele como culto diário a todos. Essa oferta em
sacrifício também significava a dedicação completa a
Deus e tipificava Jesus Cristo ao se oferecer para fazer
seu inteiro agrado (Fp 2.6-8; Hb 9.14).
2. Oferta de manjares — chamada também de sacrifício-
minhah, aquele que era denominado oblação. Consistia
As Ofertas na Antiga Ali an ça 55

em uma oferenda de produtos do soío: cereais e farinha


juntamente com óleo. Uma parte desse "memorial" era
queimada sobre o altar e reservada a Deus, o qual devia
lembrar ae, sua
renovar no sentido
aliança.pregnante dessuma
Era também e termo em hebraico,
contribuição para
a manutenção dos sacerdotes,um sacrifício do melhor a
ser oferecido a Deus. Fala-se disso de modo particular
em Levítico 2, mas também Levítico 6.7-11 nos mostra
que, com freqüência, acompanhava o holocausto e o
sacrifício de comunhão, ou seja, tratava-se de uma oferta
de homenagem que significava uma promessa de leal
obediência a Deus, um tipo de renovação de votos.
3. Oferta pacífica — chamada também de sacrifício-
shelamim — aquele que era chamado sacrifício de paz
ou de comunhão. O ritual desse sacrifício é muito
semelhante ao do holocausto. Diferencia-se pelo fato de
que neste sacrifício somente as partes gordas da vítima,
que os hebreus consideravam a parte melhor, era oferecida
a Deus sobre o altar. O resto era consumido pelos
sacerdotes, pelos oferentes e por suas famílias numa ceia
solene, à qual os pobres eram convidados (Dt 12.18). Ela
prenunciava a paz que seria trazida aos homens pela obra
de Cristo (Cl 1.20) e comemorada na Ceia do Senhor (1
Co 10.16). Este sacrifício era sinal de amizade entre Deus
e o homem.
4. Oferta pelos pecados — chamada de sacrifício-hattah,
ou seja, sacrifício de expiação. O sacrifício-'asham, por
sua vez, é o sacrifício de reparação. Nós os consideramos
em conjunto, pois ambos são sacrifícios pelo pecado. Estes
sacrifícios eram oferecidos quando uma pessoa tinha
cometido um pecado contra alguém ou contra Deus.
Enquanto o primeiro sacrifício é sagrado, exigindo que
seja oferecido, para que o lugar sagrado da Tenda ou do
Templo profanado pela culpa seja purificado, o sacrifício
56 Diz imista, Eu?!

de reparação, como diz a própria palavra, tem também


uma preocupação de caráter ético e social. O perdão é
obtido não apenas com o rito, mas também com a
reparação para com aquele que foi defraudado. É
interessante o texto de Levítico 6.2: "Quando alguma
pessoa pecar, e transgredir contra o Senhor, e negar ao
seu próximo o que se lhe deu em guarda, ou o que depôs
na sua mão, ou o roubo, ou o que retém violentamente
ao seu próximo..." Ele nos diz que cometer uma falta
contra o próximo significa cometê-la contra Deus. Nos
capítulos 4, 5 e 7 de Levítico, fala-se amplamente desses
dois sacrifícios pelo pecado.
Ao lado dessas ofertas em sacrifício, havia muitos tipos de
ofertas voluntárias, tais como ofertas de votos (Lv 7.10) e de
gratidão (Lv 7.13,15) que deveriam ser feitas na Festa das
Semanas (Dt 16.10).
Além do dízimo e de todas as ofertas aqui apresentadas,
havia também a obrigação de oferecer a Deus todo primogênito
do gado e todos os primeiros frutos da terra: "As primícias, os
primeiros frutos da tua terra, trarás à casa do Senhor teu Deus"
(Êx 23.19; 34.26; 2 Cr 31.5).
O primogênito dos bois e das ovelhas seriam oferecidos a
Deus (Êx 22.30). As primícias entre os animais pertenciam
também ao Senhor. Se fossem de animais imundos, tinham de
ser resgatados pelo seu preço com acréscimo de vinte por cento
(Lv 27.26,27). Essas primícias eram enviadas a Arão e ao
sacerdócio (Nm 18.12).

ANALISANDO AS OFERTAS
Passaremos agora à análise das ofertas que foram classificadas
acima:
1. Holocausto (holos - "todo", "inteiro"; kaio = "queimar").
Deveria ser oferecido o holocausto em casos bem
específicos, entre os quais destacamos:
As Ofertas na Antiga A lian ça 57

a. a purificação depois do parto (Lv 12);


b. o cumprimento do nazireado (Nm 6.14);
c. no caso de juntar-se várias oblações numa só
cerimônia, necessariamente deveria queimar-se um
holocausto.
Há de se salientar também a diferença entre holocausto e
sacrifícios em ação de graças. No primeiro, a vítima era
consumida por inteiro. No segundo, era queimada apenas
parte dela; o resto era servido aos sacrificadores e aos
sacerdotes.

"F porá
para quea sua
sejamão sobre
aceito pora ele,
cabeça doaholocausto
para de gado,
sua expiação" (Lv
1.4). O ato da imposição das mãos expressava completa
identificação. Por esse ato significativo, o oferente e a
oferta tornavam-se um. Essa unidade, no caso do
holocausto, assegurava ao oferente que a sua oferta era
aceita (1 Co 6.1 7; Ef 6.5,20; Cl 2.20; 1 Jo 4.1 7; 5.20).
•Versículo 5.No estudo da doutrina do holocausto
é absolutamente indispensável não esquecer que
o ponto principal não é ir ao encontro da
necessidade do pecador, mas apresentar a Deus
aquilo que lhe é infinitamente agradável.
• Versículo6. "Esfolar", nesse caso, era simplesmente
remover a cobertura exterior, a fim de se patentear
completamente o que havia no interior.
•Versículos 7 e 8.Aqui temos uma figura da Igreja
trazendo o memorial de um sacrifício consumado.
• Versículos 8 a 13. Isso apenas indica o que Cristo
foi essencialmente: puro tanto no íntimo quanto
no exterior.
2. Oferta de manjares (oferta de aroma — Lv 2; 6.14-23).
Dizimista, Eu?!

Nessa oferta não havia derramamento de sangue. Os


materiais que a compunham eram:
a. Flor de farinha — figura da humanidade de Cristo.
b. Azeite — símbolo do Espírito Santo.
c. O sal do concerto — revela o caráter permanente
desse concerto.
Alguns elementos foram terminantemente proibidos,
tais como:
a. Fermento — aquilo que é manifestamente mau na
natureza.
b. Mel — aparentemente bom e atrativo.
3. Oferta pacífica. Na oferta pacífica, o pensamento principal
era a restauração da comunhão do adorador com Deus.
Nesta oferta, somente algumas partes eram queimadas: a
gordura, os rinse o redenho.Istoquer dizer que asentranhas
— as ternas sensibilidades do bendito Jesus — eram
dedicadas a Deus como o único que podia perfeitamente
apreciá-las.
a. Arão e seus filhos alimentavam-se do "peito" e do
"ombro direito" — o coração e a força dos ombros.
b. A melhor parte dessa oferta era totalmente dedicada
a Deus, mas o restante promovia unidade entre o
sacerdote, o oferente e toda a sua família, num
banquete solene.
4. Oferta pelo pecad o. Este tipo de sacrifício era necessário
para expiar
qualida de dapecados específicos.
oferta variavam O graucom
de acordo da culpa ea
a posição
e a responsabilidade do pecador. O pecado do sacerdote
era o mais grave, pois era ele quem representava a
nação.
5. Oferta pela culpa. A palavra hebraica 'âshãm significa
"danos" e "estragos", também é o nometécnico do tipo de
sacrifício que a culpa requer.
As Ofertas na Antiga Alia nç a 59

O SIGNIFICADO DO SANGUE
NA ANTIGA ALIANÇA
A palavra "sangue" é usada de muitas maneiras no Antigo
Testamento. Um rápido exame dos principais textos talvez nos
ajude a compreendê-la.
Os textos são os seguintes:
1. Gênesis 9.1-16.0 contexto é o que segue imediatamente
o dilúvio. Deus abençoa Noé, os seus filhos e através
deles toda a humanidade. Ele concede como alimento
todo animal da terra, mas faz uma proibição: "A carne,
porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não
comereis".2 Uma estreita relação entre a nefesh ("vida")
e o dam ("sangue") se estabelece. Nos dois versículos
seguintes, Deus se apresenta como o dono do sangue,
isto é, da vida humana.
2. Deuteronômio 12.23-25. O contexto é aquele do povo
de Israel espalhado no país de Canaã, bem como da
centralização do culto em um único santuário. Distingue,
pois, entreque
"matança" o sacrifício que se em
pode acontecer realiza no Templo
qualquer e a
lugar; mas
continua a afirmar: "O sangue é a vida, pelo que não
comerás a vida com a carne".3Encontramos outra vez
unidos os dois termos:nefesh e dam.
3. Levítico 17.10-14.Temos o nosso texto precisamente no
início do código da santidade (Lv 1-26). O versículo 11
do capítulo 17 nos interessa mais diretamente: "Porque a
alma da carne está no sangue, pelo que vo-lo tenho dado
sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma,
porquanto é o sangue que fará expiação pela alma". No
estudo desse versículo, seguimos de modo particular os
resultados dos estudos deLyonnet.
Em Levítico 17.10, repete-se a prescrição de não comer o
sangue (Lv 3.1 7; 7.26). Em Levítico 17.11, é indicado o motivo
60 Dizim ista, Eu?!

desta proibição: "A vida da carne está no sangue",ou segundo


o TM (texto massorético) e a Vulgata,porque
" a vida de todo
ser vivo está no sangue". Na versão grega da Septuaginta,

também
sangue. se identifica mais a alma — ou seja, a vida — com o
Portanto, o sangue se identifica verdadeiramente com a
própria vida do animal. Na segunda parte do versículo 11,
especifica-se a razão dessa proibição:

... pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer
expiação pela vossa alma.

Assim, o sangue enquanto vida é no homem um elemento


divino. Por fim, na última parte do versículo, é dada a razão
última por que o sangue expia:

Porque é o sangue haddam hu' que fará expiação yekap-


per pela alma hannefesh.

Existem,
a. o na
queúltima
expiaparte, duas afirmações:
é o sangue;
b. mas o sangue expia porque é a vida.

Que significa a expressão "porque é a vida"? Vejamos: a


vida é do próprio animal sacrificado, como em Gênesis 9.4,
Deuteronômio 12.23 e Levítico 17.14; ou então, é a vida da
própria pessoa que sacrifica o animal, isto é, o sangue do animal
seria derramado no lugar da vida ou do sangue da pessoa.
Os autores que sustentam a segunda hipótese fundamentam-
se na tradução grega da Septuaginta, onde claramente
hannefesh é traduzido com antipsyches, isto é, "no lugar da
vida". Mas é possível que o autor grego use a preposição "anti",
porque seu leitor não conhecia suficientemente o fato de que
o sangue expia no lugar da vida da vítima.
As Ofertas na Antiga Ali an ça 61

O sangue servia essencialmente para purificar, ou seja, para


consagrar lugares e pessoas, por exemplo o altar, o santuário,
o sacerdote, um membro do povo de Israel etc., que, pelos
próprios pecados ou pelos pecados do povo, tinham sido como
que "dessacralizados". Efetivamente, como se repete com
freqüência em Ezequiel, por exemplo, os pecados de Israel de
certa forma afastam Deus da terra, do povo e do santuário. O
rito do sangue realizado por um mediador como Moisés no
sacrifício da aliança ou como o sacerdote no sacrifício do Yom
Kippur, celebrado ao mesmo tempo em nome de Deus e do
povo, fazia Deus retornar ao santuário, à sua terra e ao meio
de seu povo.
O significado do rito do sangue nos três principais sacrifícios
é o mesmo: expressa a união do povo eleito com Deus, que
deve ser estabelecida ("sacrifício de Aliança") ou restabelecida
("sacrifício de expiação").
Não é de estranhar, pois, que na Epístola aos Hebreus
ambos os sacrifícios sejam relacionados em Hebreus 9.
Outrossim, o autor trata primeiro do sacrifício de expiação
(Hb 9.11-14) e depois, como conclusão, do sacrifício da
Aliança (Hb 9.15-22).
Portanto, é natural que o próprio Cristo talvez desejasse
evocar na Última Ceia estes três sacrifícios: o sacrifício da
Páscoa, como parece pelo dia e hora; o sacrifício da Aliança,
recordado com "o sangue da Nova Aliança" e, por fim,
provavelmente também o sacrifício da expiação, como nos
parece insinuado nas palavras acrescentadaspor Mateus 26.28:
"... para remissão dos pecados".
O rito do sangue noAntigo Testamento não é uma prerrogativ a
do sacrifício de "expiação" ou "pelo pecado". O sangue é
ressaltado nos três principais sacrifícios do Antigo Testamento, os
quais estão relacionados com o sacrifício de Cristo.
1. O sacrifício do cordeiro pascal. Pode ser facilmente
deduzido da descrição da primeira Páscoa, como aparece
em Êxodo 12.7, mas sobretudo em Êxodo 12,21-27.
62 Diz im ista , Eu?!

a. O sangue do cordeiro serve para indicar os eleitos


de Deus.
b. O rito é celebrado em relação à libertação da

escravidão,
pecado. representando a libertação da terra do
Discute-se o caráter sacrificial, mas parece emergir do
vocábulo hebraico zebah que depois a Septuaginta traduziu
com sacrifício-thusia.
2. O sacrifício da aliança. O significado do rito de sangue
aqui é mais claro. Ele une as duas partes que ratificam o
pacto como se costumava fazer com as alianças de
amizade. O sangue misturado com o de outra pessoa
produzia como que uma única vida.
a. O sangue une as duas partes contraentes: o povo
que promete fidelidade e o próprio Deus, indicado
pelo altar ou pelo livro da Lei.
b. Cristo, na instituição da Ceia, remete ao sacrifício
da aliança.
c. Também aquelestextos do Novo Testamento em que
se diz que Deus "adquiriu o seu povo com o
sangue". É aquele povo de aquisição de que fala o
Antigo Testamento.
d. As palavras de Hebreus 13.20, onde se diz que Cristo
é "o pastor das ovelhas", constituído no "sangue de
um concerto eterno", segundo a profecia deZacarias
9.11: "Por causa do sangue do teu concerto, tirei os
teus presos da cova".
3. O sacrifício de expiação. No sacrifício de expiação, o rito
essencial realizado pelo sumo sacerdote era a aspersão ou
diretamente sobre o propiciatório "no dia doKippur" ou
só indiretamente para o propiciatório. Não é tão evidente
o nexo entre o significado desse rito e a remissão dos
pecados, segundo a expressão de Hebreus 9.22: "Sem
derramamento de sangue não há remissão". Talvez possa
As Ofertas na Antiga A lian ça 63

ser derivado do ritual de Levítico onde o sangue é usado


para purificar os lugares sagrados. Por exemplo, em Êxodo
16.20ss, 36ss; 29.11ss, descreve-se a consagração dos
sacerdotes e do altar do holocausto mediante o próprio
rito do sangue. Além disso, também há uma descrição dessa
consagração em Levítico 8.15, onde o derramamento de
sangue para consagrar o altar assemelha-se à unção com
óleo. Mas a razão pela qual o sangue realiza a remissão
dos pecados é explicitamente indicada em Levítico 17.11,
como já dissemos.
A Bíblia TOB (americana) resume muito bem, em uma nota

no início dode
teológicas capítulo 17 de
notáveis Levítico, umapráticas
conseqüências série de considerações
para Israel, as
quais apresentaremos sinteticamente.
O sangue é reservado somente a Deus, que é o Senhor da
vida contida no sangue. Por isso:
a. o sangue não pode ser tomado como alimento (Lv
17.10-12,14); tal procedimento resultaria numa
apropriação da vida de outro ser que pertence
somente a Deus;
b. toda matança de animal é um ato religioso; um
sacrifício oferecido ao Senhor (Lv 17.3-7); portanto,
o sangue não deve ser derramado de qualquer
modo;
c. o sacrifício só pode ser realizado nas proximidades
do santuário (Lv 17.3,4,8,9);
d. o sangue de um animal morto em caça não pode
ser oferecido em sacrifício, mas deve ser derramado
no solo e coberto com terra (Lv 17.13).

A TRANSFUSÃO DE SA NGUE E
AS TESTEMUNHAS-DE-JEOVÁ
As testemunhas-de-jeová julgam que a Bíblia proíbe as
transfusões de sangue. Vejamos se esta afirmação procede.
64 Dizim ista, Eu?!

Os textos apresentados geralmente são os mais comuns e


falam do sangue dos animais, e não do sangue humano.
Também o texto de Levítico 17.10 destaca: "toda espécie de
sangue". Pelo contexto, sobretudo o de Levítico 17.13, não há
dúvida de que se está falando apenas do sangue dos animais.
Afora isso, a unidade das Escrituras nos obriga a levar em
consideração também o Novo Testamento, no qual se diz que
Cristo convida os seus discípulos a dar aos outros não só os
próprios bens, mas também a própria vida. E o próprio Jesus
nos deu o exemplo: "Porque isto é o meu sangue, o sangue do
Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão
dos pecados"Para
sua aliança. (Mtnós,
26.28). Com oesse
portanto, maissangue Deus nesta
importante confirma a
análise
sobre os sacrifícios do Antigo Testamento é a maneira reverente
e significativa com que o oferente chegava ao altar de Deus. As
ofertas seguiam todo um cerimonial sagrado e nenhuma delas
era oferecida a Deus por mãos de terceiros. O próprio oferente
levava a sua oferta e o seu dízimo e passava às mãos do
sacerdote. É lógico que, nos dias atuais, é impossível implantar
este rito dasigrejas
a algumas ofertas veterotestamentárias,
que já somam mais mormente commembros.
de vinte mil relação
Todavia, existem aiguns detalhes importantes nesse rito do
Antigo Pacto, dos quais tiramos preciosas lições, a saber:
1. a atitude reverente do oferente ao se aproximar do
altar de Deus;
2. a consciência e o reconhecimento da grandeza de
Deus no momento da oferta;
3. o sentimento de entregar a Deus o melhor como
dádiva de agradecimento;
4. o fato de que nenhum oferente israelita comparecia
diante de Deus com as mãos vazias, ao contrário
do que ocorre em nossas igrejas.

'João 1.29.
2Gênesis 9.4.
3Deuteronômio 12.23.
7
O DESTINO DA
CONTRIBUIÇÃO
To
serdaditada
dádivapeque las éaçõe
consagrad
s cau telaosas
ao am
do or não
bom seaceita
ns o,
p o is re co n h ec e qu e s o m en te o m e lh o r qu e tem p a r a
entregar a D eus é bom e agradável .
William Barclay

Dentre todos os assuntos relacionados à contribuição, ao


dízimo e à oferta, o que mais gera polêmica e comportamentos
grotescos no seio da comunidade cristã é o destino do dinheiro
dos que contribuem.
Por falta de fidelidade e transparência por parte de alguns
segmentos religiosos, a idoneidade e a honestidade de muitos
ministros de Deus — no que tange à administração dos bens
da igreja local — têm sido colocadas em xeque. Além disso,
tem havido, da parte de alguns cristãos, um arrefecimento e
um endurecimento, ou seja, uma total alienação quanto à
prática de contribuir.
Analisando o caso friamente, concluo que tudo isso se deve
há duas razões básicas. Primeiro, existe a falta de critério por
parte de alguns ministros que não têm o cuidado de manter a
contabilidade da igreja em dia com o máximo de zelo,
competência e sinceridade diante de Deus e dos homens,
66 Dizim ista, Eu?!

garantindo-se assim contra qualquer tipo de acusação que


porventura venha a ser levantada contra eles. Até porque um
verdadeiro ministro de Deus tem de possuir a exigida medida
de consagração para tocar, mover e administrar o que pertence
a Deus, pois antes de pertencer a outros, o dinheiro
administrado pelo pastor de qualquer igreja local “é santo ao
Senhor" (Lv 27.26). Além do mais, convenhamos, o dinheiro
não é o único e nem o mais importante bem que o ministro,
por determinação e escolha de Deus, tem de administrar.
Segundo, porque um número inexpressivo, mas bastante
influente de cristãos, não passaram até hoje pelo milagre do
"desprendimento" e, por essa forte razão, age como se a igreja
fosse uma extensão de seus negócios ou algo parecido. Não
admitem que o seu dinheiro seja administrado por outra pessoa,
que não eles mesmos, exatamente porque pensam que o dinheiro
que entregam naigreja lhes pertence.Esse tipo de comportamento
tem crescido ultimamente de maneira tão alarmante no meio
cristão que alguns têm tomado a absurda e abominável decisão
de criar assuas próprias igrejas; de fazer os seus próprios estatutos;
de alugar os seus próprios "pastores", para que estes,
completamente tolhidos de sua liberdade e autoridade
eclesiásticas, tomem "conta" apenas da parte "espiritual";
enquanto a material, ou seja, o dinheiro, é administrado pela
família. Isso cheira a síndrome de Mica (Jz 17.7-13).
Não estou querendo sugerir que não haja também ministros
que deixem a desejar na execução de sua sagrada tarefa.
Todavia, não se pode condenar toda uma classe, apenas porque
alguém que da
pura tolice a ela pertence
parte errou
daqueles queouousam
agiu mal. Essao postura
mudar modelo é
divino. Nenhum homem, grupo ou família pode arrogar a si o
direito de se auto-intitular guardião dos bens de Deus, uma
vez que esta atitude alteraria os valores espirituais
preestabelecidos por Ele, ferindo profundamente a autoridade
por Ele delegada. Rara Deus, constitui-se presunção e arrogância
alguém pensar dessa maneira. Ele não terá por inocente aquele
O Desti no da Contribu ição 67

que praticar tal transgressão. Por falar no assunto, há quatro


tendências comportamentais referentes ao dinheiro que bem
refletem a condição do coração humano. Vejamos:
A primeira procura, de todas as maneiras, dessacralizar
homens de Deus, fazendo-os parecer comuns e entregues a
todo tipo de vícios e enganos. A intenção é distanciar o líder
do dinheiro, a fim de que este não tenha total liderança.
A segunda, o inverso, é a quesacraliza o ministro,dando-
lhe plenos e irrestritos poderes para, sozinho, manusear os bens
da igreja local. Os acontecimentos atuais têm provado que esse
não é um bom método, nem tampouco aquele que ordena um
tesoureiro acima de qualquer suspeita como autoridade máxima
sobre o dinheiro da igreja.
A terceira é a que transforma o dinheiro emum elemento
corruptor. A intenção é manter a liderança ocupada com o
espiritual, já que o material pode lhe provocar graves danos
morais e quedas inomináveis. Ora, se toda preocupação é a de
não permitir que o pastor lide com o dinheiro por ser um
elemento poluidor, então quem é que, numa igreja, teria

condição moral
A quarta e espiritual
tendência para lidar com
comportamental essa que
é aquela parte?
socializa
o dinheiro no que diz respeito ao seu destino, na intenção de
dar liberdade para que se faça do dinheiro o que bem quiser,
contanto que seja usado para um fim social.
Por trás de todas essas tendências, há um sentimento de
rejeição permanente a qualquer tipo de liderança,
principalmente a que lidera realmente.

MEIAS VERDADES SÃO AS PIORES MENTIRAS


Isso parece muito com o comportamento "intranqüilo" de
Judas Iscariotes diante do "esbanjamento" da mulher que
derramou alabastro, nardo caríssimo, sobre Jesus. Antecipou-
se Iscariotes e apresentou a sua oposição ao ato aparentemente
impensado da pobre mulher: "Este ungüento podia vender-se
68 Dizim ista, Eu?!

por grande preço e dar-se dinheiro aos pobres".1Judas, nesse


episódio, parecia uma pessoa consciente do papel social da
igreja diante das comunidades carentes; talvez pertencesse à
frente de libertação dos indefesos, pois parecia entendido em
assuntos profundamente sociais. Mas tudo o que fez e o que
disse faziam parte de uma grande encenação. Aliás, as meias
verdades são as piores mentiras, Judas Iscariotes não se
conformava, no ato praticado pela mulher que ungiu Jesus,
com o esbanjamento movido pelo amor e gratidão.
Aqueles que à semelhança de Judas Iscariotes vivem
fazendo discursos inflamados, visando à socialização das
contribuições, e os que vivem fazendo propostas irrecusáveis
quanto ao destino do dinheiro trazido à igreja pelos fiéis sob
a forma de dízimos e ofertas não querem tanto administrar o
dinheiro dos outros, mas impedir que alguém administre o
seu. Essa maneira de encarar a questão é completamente
errada a partir da visão bíblica, que deixa bem patente que
nenhum de nós tem coisa alguma para oferecer a Deus,
exatamente porque tudo pertence a Ele. Ora, se tudo pertence
a Deus, inclusive o dinheiro, pela sua participação decisiva
em nos preservar com saúde e vigor, devemos chegar a mesma
conclusão que Davi:

Agora, pois, ó Deus nosso, graças te damos e louvamos


o nome da tua glória. Porque quem sou eu,
e quem é o meu povo, que tivéssemos poder para tão
voluntariamente dar semelhantes coisas? Porque tudo vem
de ti, e da tua mão to damos.2

Na verdade, enquanto o nosso sentimento em relação ao


dízimo e às ofertas não for aquele que se baseia na gratidão e
no reconhecimento, não haverá aprovação de Deus em nada
que realizarmos em seu nome. Lembremo-nos de que Deus
primeiro aceita o homem para depois aceitar a sua oferta.
O Destino da Con tribuição 69

OS TRÊS DESTINATÁRIOS
DAS NOSSAS CONTRIBUIÇÕES
Quanto ao destino das contribuições, Deus nos deixa um
modelo
sem na sua bendita
orientação quanto ae este
santa assunto
Palavra,tão
a fim de não ficarmos
polêmico. Então,
reflitamos detidamente.
O devoto israelita entregava a Deus o seu dízimo e as suas
ofertas de três modos, a saber: para a manutenção permanente
do culto no santuário; para o sustento dos sacerdotes e dos
levitas; para o sustento dos pobres.
Esses três modos eram vistos comooferta ao próprio Deus.
1. A manutenção permanente do culto no santuário
requeria, nos tempos primitivos, um tabernáculo e,
posteriormente, um templo. A edificação desses
santuários se tornou possível pelas ofertas voluntárias
do povo (Êx 36.2-7; 1 Cr 29.1-14).
E, nesses lugares de adoração, a manutenção contínua do
culto necessitava deacessórios que tinhamde ser providos pelas

dádivas a.
doopovo, a saber:
óleo para as candeias (Lv 24.2);
b. o incenso para o altar (Êx 30.36);
c. o pão da proposição para a mesa do santuário
(Lv 24.9);
d. os animais para os sacrifícios diários (Êx 29.39-42).
Essas e outras coisas mais necessárias para o culto sob o An
tigo Pacto apenas podiam ser obtidos pelo emprego de dinheiro
ou pelas dádivas em espécie da parte dos fiéis. O profeta
Malaquias refere-se, provavelmente, a esse "mantimento" na Casa
de Deus (Ml 3.10).
2. Os ministros de Deus. Pelo fato de os sacerdotes e levitas
não terem recebido nenhuma herança material e por
terem sido separados por Deus para um trabalho com
envolvimento integral, Deus os fez participantes oficiais
70 Dizim ista, Eu?!

e exclusivos dos seus bens sagrados. Embora já estivesse


prevista a ajuda aos pobres, orfãos, viúvas, estrangeiros,
necessitados etc., com subsídios dos bens sagrados,
somente os sacerdotes e levitas podiam tocar; administrar
essas dádivas de Deus. Isto quer dizer que todas as dádivas
e ofertas que cada israelita trazia ao Tabernáculo não tinha
por objetivo o sustento dos ministros do Senhor.O povo
não tinha e não tem absolutamente nenhuma obrigação
de sustentar os ministros e os levitas com os seus dízimos
e ofertas. Primeiro, porque, se assim fosse, os sacerdotes
teriam sempre que agir diplomaticamente para não ferir
o povo, para que não lhe faltasse o sustento. Segundo, os
ministros perderiam a fé e o senso de dependência de
Deus, ingredientes que jamais podem faltar a um ministro.
Por isso, Deus se coloca como "a herança" da tribo de
Levi, isto é, oprovedor permanente daqueles que Ele
mesmo escolheu e que comem do altar. Logo, ao entregar
os seus dízimos e as suas ofertas, o povo jamais pode
pensar que isso significa estar sustentando o ministro, pois
tal ato é uma questão pessoal entre o que dizima e Deus
somente, independente de qualquer outra coisa. Dizimar
com o sentimento de que se está sustentando o ministério
é um sentimento equivocado. Devemos entregar os nossos
dízimos e ofertas por estarmos profundamente
agradecidos a Deus. Esse é o sentimento real que todos
devem ter. Por outro lado, a Bíblia diz também que todos
os que são beneficiados pelo ministério e trabalho de
algum ministro devem torná-lo participante de todos os
seus bens. Nesse caso, trata-se de um ato de pura gratidão,
e não do mesquinho sentimento de pagar por um serviço
prestado.
Deus deixa bem claro em sua Palavra que os ministros têm
parte exclusiva nos seus bens. Além disso, o ministro de Deus
tem o Senhor como o seu maior tesouro. Em outras palavras,
um verdadeiro ministro de Deus verá sempre todas as coisas
O Destino da Contribu ição 71

ao seu redor como secundárias, uma vez que Deus é a sua


maior herança.
Então, conclui-se que Deus é o provedor direto do sustento
daqueles que ministram no seu santuário, em todas as áreas de
suas vidas.
Assim diz o Senhor:

E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos


em Israel por herança, pelo seu ministério que exercem, o
ministério da tenda da congregação,3

E o apóstolo Paulo completa:

Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado


comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão
junto ao altar participam do altar? Assim ordenou também o
Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do
evangelho ,4

A grande dificuldade de algumas pessoas contribuírem na


obra de Deus está exatamente no fato de elas imaginarem que
o dinheiro que entregam vai para o sustento do pastor. As
pessoas que assim pensam e agem perdem por completo o
motivo pelo qual devem contribuir, a saber: agratidão a Deus
pelos seus grandes e poderosos feitos. O salmista Davi exclama:

Que darei eu ao S enhor por todos os


benefícios que me tem feito?5
Esse deve ser o "espírito" com o qual devemos nos apresentar
no altar de Deus, quando entregarmos os nossos dízimos e
ofertas, sob pena de perdermos a bênção do Senhor.
3. O pobre que também tinha direito nas dádivas dos
israelitas. Nas suas festividades, os israelitas tinham de
repartir suas dádivas com o órfão, a viúva, o estrangeiro e
o pobre (Lv 19.9,10; Dt 14.28.29; 15.1; 16.11; 24.19).
72 Diz imista , Eu?!

Hoje a igreja poderia assistir muito mais os seus membros


carentes, se alguns princípios exarados no livro dos Atos dos
Apóstolos fossem observados, tais como:
a. O princípio da unidade. "Todos que creram
pensavam e sentiam do mesmo modo" (At 4.32a).
b. O princípio do bem comum. "Ninguém dizia que
as coisas que tinha eram só suas" (At 4.32b).
c. O princípio da partilha. "... mas todos repartiam uns
com os outros tudo que tinham" (At 4.33a).
d. O princípio do reconhecimento de autoridade. "...
vendiam as suas terras ou as suas casas, traziam o
dinheiro e o entregavam aos apóstolos" (At 4.34).
e. O princípio das distribuiçõesjustas, segundo as reais
necessidades. "E cada um recebia uma parte, de
acordo com a sua necessidade" (At 4.35).
f. O princípio da sinceridade. "Vendeu lAnanias e
Safira] um terreno, mas só entregou uma parte do
dinheiro aos apóstolos, ficando com o resto" (At 5.1).
O exemplo destacado demonstra a ausência dessa
virtude.
Esses princípios demonstram oquão longe estamos de sermos
a comunidade ideal para Deus. Isso talvez se deva à falta de
consciência que a maioria dos cristãos tem das suas obrigações
para com os seus irmãos necessitados.
Concluímos que, se enxergarmos o dinheiro pela ótica de
uma propriedade privada que precisa crescer e se expandir
cada vez mais, então jamais entenderemos o comportamento
da Igreja Primitiva, que se tornou uma comunidade na acepção
da palavra, porque via o dinheiro como elemento de
distribuição, e não de possessão.
O amor a Deus — e não a um ideal socialista — deve ser a
força motriz permanente para o desprendimento e a
contribuição num relacionamento interpessoal, pois qualquer
O Destino da Con tribuição 73

movimento comunitário na igreja não pode se degenerar no


rebaixamento e marginaiização dos pobres, tornando-os uma
espécie de colônia de caridade dos poderosos.

'Mateus 26.9.
-1 Crônicas 29.13,14.
'Números 18.21.
41 Coríntios 9.13,14.
5Salmos 116.12.
8
DEU S N Ã O ACEITA
O S E GUNDO
PLANO
D is se Je su s: M a s b u s ca i p r im e ir o o
R ei no d e De us , e a su a ju s ti ç a ,
e todas essas coisas vos serão acrescentadas.
(Mt 6.33)

O livro de Ageu traz lições preciosíssimas para os que


desejam legitimamente se tornar abundantes contribuidores na
obra de Deus, além de mostrar, em cores vivas, o lado escuro
da vida daqueles que insistem em colocar Deus em segundo
plano na escala de suas prioridades.
Por mais que se rejeite a idéia de que Deus não aceita o
segundo lugar em nossas vidas e que, muitas vezes, a escassez
financeira é resultado dessa atitude fria, insensível e mesquinha
de quem não olha a obra de Deus com olhos generosos, a
mensagem de Ageu nos conscientiza dessa verdade.

QUEM FOI AGEU?


Ageu, o profeta desconhecido, é mencionado somente em
Esdras 5.1 e 6.14, juntamente com Zacarias e a reconstrução
do segundo templo. Esse profeta atuou pouco tempo, talvez
76 Dizim ista, Eu?!

quatro meses, no ano 520 a.C., ou seja, no primeiro dia do


sexto mês até o 24° do nono mês. Ele profetizou na época das
revoltas, na construção do templo. O livro é pouco extenso:
contém pessoa
terceira apenas e,dois capítulos.
conforme Suaautores,
alguns narraçãoteve
encontra-se na
uma redação
final na obra do cronista. A obra possui quatro períodos de
redação (1.1; 1.15-21; 2.10) que tratam das festas e
comemorações da construção do segundo templo, no dia 24
do nono mês (2.18). Ela mostra ainda a fundação do templo, o
arrependimento do povo e o dia da purificação. Fala de
Zorobabel e do sacerdote Josué trabalhando juntos no templo,
período que
colheitas apresenta
paralisam grandes
todas dificuldades:
as tentativas a seca e as escassas
de reconstrução. As
dificuldades quanto à edificação do templo e à construção da
cidade são enormes, piorando a situação dos judaítas e de seus
empreendimentos (1.1-15).
Em 2.1-9, o profeta convoca o sacerdote e o governador a
realizarem suas obras, porque Deus, assim como ajudou no
exílio, estará ajudando novamente. Em 2.10-23, fala-se do
governador como uma inspiração messiânica. Zorobabel, o
servo eleito de Deus, é descendente de Davi e precursor do
Messias. A vitória que ele obtém é escatológica. O final do
livro é importante, pois constitui um alerta para o povo: a
exortação (1.1-5; 2.10-14), a pobreza (1.6-11; 2.15-17), o
retorno (1.12-14; 2.18,19), o Messias prometido (2.1-9; 2.10-13).
A mensagem do profeta Ageu é uma convocação e um
encorajamento ao pequeno grupo de judeus remanescentes
que permanecem fiéis e incitados a reconstruir a ua
s vida através
da reconstrução do templo, das muralhas e da cidade. As
dificuldades econômicas e sociais, políticas e religiosas
precisavam ser superadas. A reconstrução do templo anulará,
então, a falta de religiosidade. Os trabalhos farão o povo
esquecer a miséria e, assim, o Eterno atuará de novo no meio
do povo. Todas as nações derrotadas verão Jerusalém no seu
brilho e glória para sempre. O povo terá o seu enviado, o
Deus Não Aceita o Segundo Plano 77

Messias de Davi, e a paz e as mudanças sociais ocorrerão.


Zorobabei é o cumpridor dessa promessa (2.7,22; 2.9,20-23).
Há ainda algumas tradições relacionadas ao profeta Ageu
que o situam cronologicamente na História. Analisemos:
1. A primeira afirma que o profeta era de descendência
sacerdotal. Essa interpretação é apoiada por referências
a seus interesses cúlticos e a seu conhecimento da técnica
sacerdotal (2.11).
2. A segunda assevera que Ageu teria visto o primeiro templo
e, por conseguinte, era homem muito velho ao tempo de
seu ministério (2.3). Essa opinião explicaria por que eie
não trabalhou por mais tempo.
3. A terceira supõe que Ageu nasceu na Babilônia e era
ainda criança ao vir a Jerusalém. Dessa maneira, Ageu
provavelmente testemunhou a crescente apatia durante
aquele período e, ao chegar à idade apropriada, oEspírito
de Deus operou através dele com o ministério profético.
A mensagem básica do livro de Ageu é: "Mas busca? primeiro
o Reino de Deus,
acrescentadas" (Mte 6.33).
a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
Quando o povo tão-somente buscava e se preocupava com
os seus próprios interesses, faltava-lhe a bênção de Deus (1.6).
Quando, porém, dedicava-se em satisfazer a vontade de Deus,
"... as demais coisas eram-lhe acrescentadas".
Verdadeiramente, todas as coisas dependem da bênção de
Deus: "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os
que a edificam" (SI 127.1).
O CONTEXTO HISTÓRI CO DE AGE U
As profecias de Ageu datam de 520 a.C., segundo ano do
rei Dario (1.1).
1. O retorno sob a liderança de Zorobabei. Cerca de
cinqüenta mil judeus serviram-se da permissão dada por
78 Diz imista , Eu?!

Ciro para retornar a Jerusalém. Levaram consigo os


tesouros que Nabucodonosor havia tirado do templo.
Assim que chegaram a Jerusalém, edificaram um altar de

holocausto e lançaram os alicerces do novo templo.


2. Momentos de desânimo.Logo, o entusiasmo transformou-se
em desânimo. O relacionamento com aqueles que haviam
ocupado a terra foi de muita tensão. Especialmente difícil
foi a hostilidade dos samarítanos. Além disso, vieram anos
de colheitas escassas e tempos de carestia. A inflação
daqueles dias pode ser sentida nas palavras do profeta:

Semeais muito e recolheis pouco; comeis, mas não


vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vesti-vos, mas
ninguém se aquece; e o que recebe salário recebe salário
num saquitel furado,1

3. A construção retomada. Graças ao ministério do profeta


Ageu e Zacarias, a construção do templo foi retomada. E,
no ano 516 a.C., exatamente setenta anos após a
destruição do templo em 586 a.C., o novo templo,
conhecido como templo de Zorobabel, foi terminado.
Todavia, este templo nem de longe era comparável ao
grandioso templo de Salomão em termos de suntuosidade.

É importante notar que Ageu trabalha parcialmente com


Zacarias, sendo que este último começou o seu ministério no
oitavo mês do ano 520 a.C., um mês antes dos dois últimos
oráculos de Ageu.
AS QUATRO MENSAGENS DE AGEU
Ageu, como já dissemos, teve um desempenho importante,
estimulando o povo a concluir a construção do templo.
O I ivro de Ageu contém quatro mensagens que ele entregou
em diferentes ocasiões.
Deus N ão Aceita o Segun do Plano 79

1. A primeira mensagem (1.1 -2.1). Foi proferida durante a


Festa da Lua Nova, no ano 520 a.C. O profeta mostrou
ao povo que as necessidades materiais que o afligiam
eram resultado direto de eles terem, fria e apaticamente,
abandonado a edificação do templo. O povo e os seus
líderes demoraram 24 dias para aceitar a mensagem do
profeta e recomeçar a reconstrução do templo.
2. A segunda mensagem(2.2-9). Foi proferida durante a Festa
dos Tabernáculos, quando muita gente havia se reunido
em Jerusalém. O entusiasmo do povo tinha se arrefecido,
e o profeta os estimulava a continuar, sem se deixar abater
pelo afato
que do de a glória do novo templo parecer-lhes menor
primeiro.
3. A terceira mensagem (2.10-19). Ageu, na terceira
oportunidade que Deus o impeliu a falar com o povo,
mostrou aos hebreus como a bênção do Senhor estava
sobre eles, uma vez que retornaram à edificação do
templo. Essa bênção não seria apenas espiritual, mas
também material.
4. A quarta mensagem (2.20-23).Trata-se de uma promessa
especial a Zorobabel de que seria conservado em
segurança, apesar das perturbações que assolavam o
Império Persa. A referência ao "anel de selar", no
versículo 23, provavelmente é uma reminiscência das
palavras que Jeremias pronunciara acerca da sorte do avô
de Zorobabel, Joaquim, em Jeremias 22.24.

A CONTEMPORANEIDADE DA
MENSAGEM DE AGEU
Na verdade, há muito para se aprender hoje com as
mensagens do profeta Ageu, pois, à semelhança do povo de
Israel, a igreja tem passado pelas mesmas experiências
dolorosas, frustrantes, por deliberadamente alguns cristãos
80 Dizim ista, Eu?!

colocarem Deus em segundo plano em suas vidas. Observemos


então, com cuidado, o teor da mensagem do profeta Ageu.
1. O perigo de colocar Deus em lugar secundário em
nossas vidas. Atualmente, colocar corretamente as
obrigações em ordem de prioridades tem sido um dos
grandes problemas enfrentados por muitas pessoas.
Alguns, mesmo convictos de suas responsabilidades
diante do Senho r e de sua obra, ainda que conscientes
das necessidades da Casa de Deus, ach am sempre uma
desculpa para pagar ou comprar algo de suma
importância, porém o Senhor sempre acaba ficando

para depois.
posição Essa atitude
melindrosa cômoda
no que diz nosà coloca
respeito numa
nossa própria
manutenção. Deus nos avisa que não aceita o segundo
lugar e retém, por isso, as bênçãos materiais (1.9).
2. O perigo de deixar para amanhã o que é para fazer
hoje (Ag 1.2). Às vezes queremos dar uma "pequena
ajuda" a Deus, fazendo com que E!e e os seus ministros
dêem atenção ao nosso bom senso. Todavia, isso não
é permitido nem mesmo aos ministros. Quando Deus
determina algo para fazermos, ou fazemos com toda a
fidelidade e sinceridade ou trazemos sérios prejuízos
para a obra de Deus.
Deus não precisa absolutamente dos nossos
"em pu rrõez ínho s". Ele nã o preci sa — como est amo s
cansados de dizer — de um momento mais adequado para
fazer a sua obra. Ele a realiza mesmo em meio às tempestades,
ao fogo, à guerra, às catástrofes, à ruína etc. Por isso elevemos,
de pronto, reagir positivamente à sua Palavra, sem questionar,
a fim de que ela flua através de nós.
3. O perigo de desistir e desanimar diante dos desafios
exigidos pela obra . Há alguns falsos dizimistas que, na
verdade, não querem ajudar a obra de Deus por causa
da avareza que os domina. Eles se defendem dessa
Deus Nã o Aceita o Segundo Plano 81

acusação com os argumentos mais vulneráveis


possíveis, revelando-se os mais mesquinhos dos
contribuintes.
Devemos compreender que a prática de contribuir é,
essencialmente, um ato de fé, amor e gratidão. Por isso, Ageu,
sob a inspiração divina, declara:

E farei tremer todas as nações, e virá o Desejado


de todas as nações, e encherei esta casa de glória,
diz o S enhor dos Exércitos. Minha é a prata,
e meu é o ouro, disse o S enhor dos Exércitos.2

4. As bênçãos que acompanham uma pessoa que põe Deus


como a preocupação última de sua vida. Israel, após ouvir
a mensagem de Ageu, levou ainda 24 dias para tomar
uma decisão com relação ao templo de Deus. Tomada a
decisão correta, lançaram mais uma vez a pedra
fundamental (Ag 2.18,19).
Os dias de Ageu assemelham-se muito aos nossos: muita

carestia,
quase que inflação
nenhumgalopante, juros altos, pouco
para o trabalhador. dinheiro,
Contudo, retorno
a Bíblia diz
que, a despeito de estarmos vivendo os piores dramas e
necessidades, devemos seguir os princípios divinos e não o
nosso bom senso, pois, quase sempre este não nos leva a lugar
nenhum.
Segundo Eclesiastes 11.1-6, devemos investir, avançar,
mesmo em meio a ventos contrários. O Pregador nos dá vários
conselhos
tempo práticos
de crise. com os quais podemos levar vantagem em
Vejamos:
1. Deve-se investir em vários flancos porque nunca se sabe
de onde virá a resposta positiva (v. 1).
2. Não se pode esperar que a situação mude para se fazer
algum investimento porque nós é que devemos mudar o
caos a partir do nosso mover histórico (v. 3).
82 Diz imista , Eu?!

3. Não se pode olhar para as circunstâncias contrárias (v.


3b). Há que se ter "visão distante", tal como o salmista
disse: "... Na tua luz, eu vejo a luz".

4. nos
É preciso
sinais ecoragem e divinos
princípios determinação para
e aceitar seguirdecrendo
a forma Deus,
mesmo que seja extremamente paradoxal, pois Ele é
imprevisível.
5. O melhor a fazer é valorizar o investimento e ter várias
frentes na obra de Deus (v. 6), pois no tempo certo
colheremos.3

'Ageu 1.6.
^Ageu 2.7,8.
JEclesiastes 11.1-6.
9
O DE V ORA DOR
REPREENDIDO
A g r a ti d ã o é o cl ím a x d e to d a a c o n tr ib u iç ã o cr is tã .
Quando Deus opera de tal modo no coração do
home m que sua contribuição finan ceira transf orma-se
em u m ato de ado ração, então po de -se dize r qu e,
verdadei ramente, esse coraçã o tem
experimentado a graça de contribuir.
Paulo Cesar Lima

Malaquias tem muito a nos ensinar e exortar acerca de nossas


obrigações para com Deus. Por ser um profeta pós-exílio, a
tônica de sua mensagem é única: chamar o povo ao
arrependimento e à espiritualidade apontando, sobretudo, o
caminho da restauração e de uma vida próspera.
O povo de Israel quando retornou do cativeiro babilónico
para Jerusalém sofreu todos os tipos de pressões, desde a
primeira até a última leva.
Malaquias, contemporâneo de Esdras e Neemias, é levantado
por Deus com uma mensagem de restauração espiritual e material.
Esses dias, em cerca de 400 a.C., foram notoriamente difíceis
e nublados. Os guias religiosos não estavam proclamando nem
mantendo as leis de Deus. A Casa do Senhor estava sendo
despojada da sua glória, dos seus dízimos e das suas ofertas. O
povo escolhido estava realizando casamentos mistos com as
nações pagãs circunvizinhas e deixando, portanto, de cumprir
84 Dizim ista, Eu?!

com as suas legítimas responsabilidades. Assim, a mensagem


de Malaquias os reprovava e desafiava, colocando a situação
às claras.

CONDIÇÃO DO POVO DE ISRAEL


O estado de penúria espiritual que o povo estava vivendo é
notado pelas denúncias do profeta Malaquias. Vejamos:
1. Decadência espiritual. Os sacerdotes e os levitas haviam
abandonado as leis de Deus. Estava havendo um
descomprometimento total dos guias religiosos de Israel
com relação aos estatutos do Senhor. No capítulo primei
ro de Malaquias, fica patente essa decadência.
2. Decadência moral. Moralmente, o povo de Deus estava
abalado. Malaquias denunciou em alta voz a mistura do
povo ao contrair núpcias com muiheres estrangeiras. Leia
Esdras 10.
3. Decadência social. Lendo o capítulo 2 de Malaquias,
podemos compreender como estava baixo o nível do povo
de Deus. Os homens estavam divorciando-se de suas
mulheres para casar-se com as estrangeiras, ou seja,
adoradoras de outros deuses. Esse era um problema socia!
muito sério, que precisava ser denunciado.

PRINCÍPIOS PARA UMA RESTAURAÇÃO


ESPIRITUAL

Do ponto de vista divino, não há substituto para o


arrependimento e para a obediência. Quando nações e
indivíduos se afastam das leis de Deus e manifestam espírito
de rebeldia, o Céu exige nada menos que uma restauração
espiritual. Isso significa:
1. Uma restauração espiritual, cujo início é o arrependi
mento. Deus fala através de Malaquias ao povo: "Tornai
O Devorador Repreendido 85

vos para mim, e eu tornarei para vós..."1Arrependimento


significa mudança de idéias que conduz a uma mudança
de vida. Em essência, é uma volta completa, um retorno
com contrição e humildade a um Deus ofendido e entris
tecido.
2. Uma restauração espiritual perpetuada pela obediência.
Malaquias diz: "Desde os dias de vossos pais, vos
desviastes dos meus estatutos e não os guardastes".2Deus
vinculou a bênção a uma vida de obediência: "Faze isto
e viverás" (Lc 10.28). Como se vê, não há nada de
legalismo; trata-se de um princípio divino de vida e
bênção.
3. Uma restauração espiritual baseada na renúncia. Toda
restauração exige do indivíduo renúncia, conforme está
escrito em Provérbios 28.13: "... O que as confessa e deixa
alcançará misericórdia". Deus exigia do povo
compromisso — elemento sempre precedido pelo
despojamento de alguma coisa.

4. "Trazei
Uma restauração
todos os espiritual
dízimos que exige
à casa dorestituição material.
tesouro".3A Bíblia
Sagrada determina que o princípio da doação material a
Deus é uniforme e absoluto. Quando entregamos o
dízimo, Deus abençoa, e quando retemos, Deus
amaldiçoa (Ml 3.7-10).
a. O lugar desta restituição. "Trazei todos os dízimos
à casa do tesouro". Desde a época de Ezequias, rei
dejudá (2 Cr 31.11), havia no santuário um depósito
para armazenar os dízimos e as ofertas do povo (Ne
10.38,39). E, se porventura, alguém morasse longe,
trocava-se o material em dinheiro que era trazido
ao lugar que o Senhor determinava (Dt 14.22-29).
Segundo a palavra de Paulo aos Gálatas, no capítulo
6, versículo 6, entendemos que devemos entregar o
dízimo para usufruirmos das bênçãos de Deus.
86 Diz imista, Eu?!

Em outras palavras, entregar o dízimo é a forma bíblica de


dizer "muito obrigado" a Deus.
b. A finalidade dessa restituição. "... para que haja
mantimento na minha casa".4Os dízimos e as ofertas
eram os únicos meios de subsistência dos sacerdotes
(Nm 18.20-32). Deus, por isso, ordena do mesmo
modo que a Igreja funcione por meio dos dízimos e
das ofertas dos que nele crêem (1 Co 9.1 -14).
c. Como fazer para entregar os dízimos e as ofertas
Primeiramente, segundo o que nos informa a Bíblia,
este meio de adoração deve começar com um bom
propósito (2 Co 9.7), ato contínuo que, quando
proposto, deve ser consagrado como algo santo que
não nos pertence mais (Lv 27.28). Logo após,
devemos trazê-los à Casa do Senhor — ou do tesouro
— e entregá-los aos sacerdotes no altar (Ml 3.10).

OPERAÇÃO DIVIN A
De fato, depois que o povo ou o indivíduo se convence
dos seus maus caminhos e volta-se novamente para Deus,
as bênçãos do Senhor começam novamente a ser derramadas
(2 Cr 7.14). Observe as promessas divinas contidas na
exortação de Malaquias:
1. "... tornarei para vós". Deus está pronto a nos perdoar e
abençoar com o poder da sua presença. Porque a maior de
todas as dádivas é ter a presença gloriosa de Deus conosco.
2. As janelas do Céu serão abertas. Essa era uma maneira
antiga de falar sobre o derramamento das bênçãos de Deus.
Aos fiéis, Ele concederá bênçãos sem medida.
3. O devorador será repreendido (Is 59.19). Eis aqui o fator
milagroso nas finanças de quem honra a Deus pelo uso correto
e bíblico de seu dinheiro. Quantas pessoas há que estão sendo
"devoradas" porque não desfrutam de nenhuma proteção por
parte do Senhor no aspecto financeiro de sua vida.
O Devorador Repreendido 87

4. A terra será deleitosa.Veja o que Deus prometeu a Israel:


"E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós
sereis uma terra deleitosa".5 Exatamente isto: prosperidade e
felicidade.
e se formosMas somenteem
generosos se honrarmos a Deus com as primícias
nossas ofertas.
Esses são os princípios dos quais não podemos nos afastar,
para que tenhamos sucesso financeiro, familiar, profissional,
enfim, a fim de que sejamos prósperos em todas as áreas.

'Malaquias 3.7b.
2Malaquias 3.7a.
3Malaquias 3.10a
4Malaquias 3.10b
5Malaquias 3.12.
O DÍ10
Z I MO
NO NOV O
TESTAMENTO
N o ss o s a to s d e a m o r d ev e ri a m c a u sa r- n o s a p e r tu r a s
fi n a n ce ir a s. Se v iv e m o s no m es m o n ív e l d a q u e le s qu e
têm a mesma renda que nós, provavelmente estamos
dando muito po uco a Deu s.
C. S. Lewis

O dízimo existiu antes, durante e depois da Lei. Esse fato


ratifica que ele é uma maravilha universal, pois é uma forma
de humanizar o mercado na difícil relação homem/trabalho/
dinheiro. Contudo, há alguns que, provando um total
desconhecimento do ensino bíblico no que diz respeito ao
dízimo, postulam a idéia de que no Novo Testamento não se
encontra nenhum mandamento expresso que nos ordene a
entregá-lo. Tal argumento, quando muito, só expõe os tais que
assim pensam, pelo fato de desconhecerem o propósito de Deus
na Nova Aliança. Bastaria que lêssemos o mandamento bíblico:
"Amai a Deus sobre todas as coisas..." para reavaliarmos a nossa
dedicação a Ele com uma parte do todo que Ele nos concede.
Certamente, seria constrangedor para nós!
Prioritariamente, o que devemos saber é que Deus, no Novo
Testamento, deu tudo ao homem. Assim, o Senhor espera que
a relação do homem com Ele seja de gratidão, reconhecimento
90 Dizim ista, Eu?!

e amor. Movido por esses sentimentos, o homem redimido deve


determinar, por si mesmo, qual será a sua dúvida em termos de
dinheiro. Entende-se que, biblicamente, varia de pessoa para
pessoa. Todavia, segundo Jesus, "aquele a quem pouco é
perdoado pouco ama".1A consciência ou o reconhecimento
do amor e perdão de Deus decide a proporção. Novamente:
"E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá; e ao
que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá".2Dotes
materiais e dons espirituais devem também determinar a
proporção. Essa é a lei do Senhor.
Na verdade, se os cristãos reconhecessem, em qualquer medi
da, a altura e a profundidade do amor de Deus, que os torna
participantes da redenção feita na cruz, não haveria necessidade
de traçar normas a respeito da contribuição. Se percebessem ade
quadamente que muito — para não dizertudo — da prosperidade
material e das oportunidades sociais vem das mãos de Deus, então
seriam os primeiros a reconhecer que deles se espera muito mais.
Contribuição inadequada é quase sempre evidência de que esse
reconhecimento é falho ou, em outras palavras, a espiritualidade
está em baixo nível.
Jesus falou mais sobre dinheiro do que sobre qualquer outra
coisa. E isso representa mais ou menos um quarto de suas
pregações. Em todo o Novo Testamento, ele falou sobre dinheiro
noventa vezes. Dos 109 versículos do Sermão do Monte, 22
referem-se a dinheiro. E das 49 parábolas que contou, 24
mencionam o dinheiro.
Jesus declarou que não veio anular a Lei e os Profetas, mas
cumpri-los. E o dízimo é ensinado tanto na Lei como nos
Profetas. em
educado Certamente, o Senhor
um lar judeu Jesus piedosas,
de pessoas era dizimista, pois
e todo foi
judeu
piedoso era dizimista.
Se Jesus foi acusado de violar a Lei por curar no sábado,
então, se Ele não praticasse o dízimo, certamente teria sido
acusado também pelos fariseus.
Em Mateus 23.23, Jesus fala sobre o dízimo. Se alguém
não paga o dízimo por alegar que ele pertence à dispensação
O Dízim o no No vo Test amen to 91

da Lei, então deve verificar que nessa passagem o próprio


Jesus afirma que, conquanto o mais importante da Lei seja o
juízo, a misericórdia e a fé, dizimar também faz parte do
cumprimento da vontade divina. Ademais, qual é o cristão
que recusa essas três preciosidades só pelo fato de terem elas
pertencido à Lei?
Na parte final do versículo, Jesus fala que não se deve omitir
— deixar de praticar — o dízimo de tudo, até das hortaliças.
Mas se alguém argumenta que essas palavras foram dirigidas
aos fariseus e não a nós, então teríamos que desprezar todos
os outros ensinos de Jesus.
Finalmente, e o mais importante, Jesus ressaltou que se a nossa
justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum
entraremos no Reino dos Céus.3Desse modo, Jesus nos apresenta
um padrão mais elevado que o dos fariseus. E, se formos inferiores
a eles na prática dos dízimos, estaremos provando que a nossa
religião produz frutos inferiores aos do farisaísmo.

O PRIVILÉGIO DO CRISTÃO EM CONTRIBUIR

A alegria que a prática do dízimo traz é um dos maiores


prazeres da vida cristã de que os não-dizimistas ficam privados.4
Há de fato alguns privilégios para o cristão que contribui na
obra de Deus:
1. O privilégio de imitar a Deus (Jo 3.16; Ef 5.1). Se Deus
entregou a sua dádiva mais preciosa, por que não fazer o
mesmo?

2. Paulo
O privilégio
mostradeque
imitar Jesus (2Santo,
o Espírito Co 8.9).
queNessa sentença,os
impulsionou
macedônios em sua contribuição, é o mesmo Espírito eter
no que sustentou o Salvador quando Ele "se ofereceu a si
mesmo imaculado a Deus".5Isso mostra o que é sacrifí
cio no nível mais sublime.
3. O privilégio de cooperar com a igreja (At 4.34; Cl 6.6).
Sem dúvida, é um privilégio cooperar com a igreja do
92 Diz im ista , Eu?!

Senhor através das nossas contribuições. Entregamos dez


por cento para Deus e Ele nos empresta noventa por cento.

A LUZ
À PRÁXIS
DO DA CONTRIBUIÇÃO
NOVO TESTAMENTO
Segundo o que encontramos exaustivamente ao longo de
todo o Novo Testamento, a contribuição cristã tem de satisfazer
três requisitos básicos:
1. Tem que ser voluntária(2 Co 9.7). O dízimo, além de ser
uma obrigação moral e espiritual para com Deus e sua
Igreja, deveosseguir
ultrapassam a as
as norm voluntariedade.
estabelecidas eÉ dedicamos
nesse ponto que
nossa
contribuição às exigências do amor.
2. Tem que ser metódica(1 Co 16.2). Esta expressão mostra
que o Novo Testamento ensina que a contribuição, além
de ser voluntária deve ser metódica, e não desorganizada,
avulsa ou de acordo com as necessidades da igreja local.
O dízimo satisfaz também o requisito da metodização,
pois o dizimista contribui regularmente, por mês ou por
semana.
3. Tem que ser proporcional aos rendimentos (1 Co 16.2b).
Os oferentes mensalistas ou avulsos não satisfazem essa
exigência bíblica, pois sua contribuição não é
proporcional aos rendimentos. Somente o dízimo é capaz
de satisfazê-la. Se o cristão resolver contribuir com mais,
está correto, mas se resolver contribuir com menos está
errado, pois a Bíblia estipula o mínimo de dez por cento.

A PROPORCIONALIDADE
DA CONTRIBUIÇÃO NO NOVO TESTAMENTO
A contribuição, conforme ensina o Novo Testamento, não
pode ser inferior ao dízimo, por causa das importantes razões
relacionadas abaixo:
O Dízimo no Nov o Testamento 93

1. A ampliação dos mandamentos do Antigo Testamento


quando inseridos no Novo. Como se pode notar, o Senhor
Jesus, ao transportar todos os mandamentos do Antigo
Testamento para o Novo, deu-lhes uma nova
interpretação, ampliou-lhes o sentido, tornando-os mais
consentâneos com o espírito da Graça. Portanto, se os
preceitos do Antigo Testamento transportados para o Novo
sofreram reparos de profundidade e foram ampliados com
vários aditivos, dando-se-lhes maior dimensão espiritual,
por que não admitir o mesmo critério em relação aos
mandamentos da contribuição ou, melhor dizendo, em
relação ao mandamento do dízimo?
2. As finalidades (Ml 3.10; 1 Co 9.11-14). No Antigo
Testamento, a finalidade do dízimo era manter o serviço
religioso. Deus o exigiu dos judeus para que houvesse
mantimento em sua Casa. Dessa forma, ele era utilizado
para manter o culto centralizado em Jerusalém, em um só
templo, para toda a nação. Hoje o dízimo é utilizado para
sustentar a causa de Cristo no mundo inteiro e construir
milhares de templos, para o sustento de pastores, obreiros,
missões, institutos bíblicos, imprensa evangélica, programas
de rádio, televisão e sociedades bíblicas, além de orfanatos,
asilos, hospitais e outras entidades filantrópicas.
Aos coríntios, Paulo fala do dever das igrejas de sustentar os
obreiros. O sustento ao qual se refere no versículo 13 é o dízimo.
Isso quer dizer que da mesma forma como eram sustentados
os sacerdotes no tempo da Lei, assim deve ser no tempo da
graça com os ministros do Evangelho.
3. O exemplo dos primeiros cristãos (At 4.34,35; 2 Co 8.1-5).
O exemplo dos primeiros cristãos mostra uma larga visão
do Cristianismo e uma nova interpretação dos bens
materiais e dos valores eternos. Eles não contribuíam com
apenas dez por cento, mas, algumas vezes com cem por
cento. Deve-se compreender, no entanto, que essas são
94 Dizim ista, Eu?!

as contribuições avulsas e não ofertas regulares. Observe


a expressão: "à medida que alguém tinha necessidade".
Não se tratava, como vemos, de algo metódico, regular,
sistemático, mas esporádico, ou seja, de contribuições
de emergência. Vale destacar que o texto deixa bem claro
que todas as ofertas eram trazidas para a administração
dos apóstolos, isto é, ninguém fazia conforme o seu
parecer. E correto que se preste uma ajuda a alguém que
apresente uma necessidade imediata, mas daí tentar
assenhorear-se de tal privilégio com dinheiro alheio — o
dízimo — é absolutamente errado. O cristão deve fazer a
sua parte entregando o dízimo a quem de direito e o
ministro, por seu turno, obriga-se a dar o melhor destino
ao que chega às suas mãos, ou seja, cada um deve se
limitar à área de sua competência.

AS VITÓRIAS DO CRISTÃO QUANDO CONTRIBUI


1. Vitória sobre a avareza (Ef 5.5; Cl 3.5). Segundo o
Dicionário Aurélio , avareza significa "apego sórdido ao
dinheiro". Estamos conscientes de que entre as forças que
atuam contra o poder da Palavra na alma humana está a
sedução da riqueza. São os "espinhos" que sufocam a
Palavra, fazendo-a infrutífera. Em Lucasl 6.8-16, Jesus fala
da avareza. Acautelemo-nos, para que o nosso cuidado
com a Palavra de Deus não seja devido à avareza.
2. A vitória sobre o materialismo(1 Co 2.14,1 5). O dízimo
é um assunto espiritual pelo fato de exigir fé de quem o
entrega. Por isso o homem natural não o entende, pois
está longe de sua percepção. O exemplo clássico de
materialismo na Bíblia nos é dado pelo ovem rico.6
3. Vitória sobre o egoísmo (Gl 6.10). Egoísmo é o amor
excessivo aos bens, sem consideração aos interesses
alheios. Segundo o que aprendemos dos ensinamentos
de Jesus, nenhuma ação cristã deve estar voltada para
O Dízimo no Novo Testamento 95

nós mesmos. Não há serviço cristão do eu. Servir significa


sair de si mesmo, estar livre da ansiedade acerca de si
próprio, a fim de estar disponível para os outros. Na
verdade, são loucos aqueles que perdem asoportunidades
que Deus lhes concede de ajuntar tesouros no Céu.

MÉTODOS DE CONTRIBUIÇÃ O À
LUZ DO NOVO TESTAMENTO
1. Dízimo (Mt 23.23; 1 Co 9.13). Trata-se da contribuição
regular, metódica em prol da manutenção da obra e, por
extensão, dos seus ministros, embora o sentimento
primeiro seja o de agradecer a Deus.
2. Ofertas (At 2.45; 4.34; 11.29). As ofertas são contribuições
avulsas, esporádicas e atendem às necessidades urgentes
da família ou da obra de Deus. Elas envolvem toda área
de gratidão a Deus pelos seus poderosos feitos.
3. Coração voluntário (2 Co 9.7). É uma contribuição
totalmente consagrada ao amor. Ela pode visar o
suprimento
ato de uma necessidade
de agradecimento a Deus. ou apenas significar um

ALGUMAS QUESTÕES DIFÍCEIS


Estas são algumas perguntas mais freqüentes:
1. Como deve o comerciante que não tem renda certa pagar
os seus dízimos?

Deve fazer
pagamentos um cálculoe,aproximado
mensalmente para
no fim do ano, efetuar
quando os seus
o contador
fizer o balanço, deve repor, ou se pagou a mais, descontar no
ano seguinte. Se é ambulante, deve pagar o dízimo de tudo o
que ganha.
2. O dízimo inclui também o 13 2 salário e outras rendas?
Sim. Se o crente paga o INSS ou imposto sobre sua renda,
por que não pagar o dízimo?
96 Dizim ista, Eu?!

3. As mesadas que as esposas ou filhos recebem do marido


precisam ser dizimadas?
Se a mesada foi dizimada já pelo esposo, então ela está
isenta do porque
dizimada, dízimo. oMas se ela
marido nãoprocede
é cristãodeouuma renda não
dizimista, então
deve-se pagar o seu dízimo. Agora, se já foi dizimada, mas a
esposa ou o filho deseja entregar o dízimo assim mesmo, é
algo absolutamente pessoal e voluntário.
4. Como se explica haver crentes que eram pobres e se
tornaram ricos, sem nunca terem pago o dízimo?
A Bíblia mostra que há duas maneiras de você enriquecer:
a. cometendo todo tipo de injustiças;
b. fazendo a vontade de Deus. A primeira forma tem a
desaprovação de Deus.
Outrossim, o t da pessoa que comete injustiça,mente e trapaceia
nos negócios vive em tensão pelo fato de estar sempre esperando
que alguém lhe dê o troco, além de um dia ter que prestar contas
de sua injustiça a Deus (Pv 13.11; 16.8; 19.22; 23.4,5).

5. Mesmo o crente que vive de salário mínimo deve pagar


o dízimo?
Sim! O dízimo é proporcional aos rendimentos. Os pobres
não-crentes chegam a gastar até cinqüenta por cento de sua
renda mensal com cigarros, armas de fogo, farras, festas, álcool
etc. Lembre-se de que o dízimo é um tributo divino tão justo
que se torna possível a todo crente, seja qual fora sua condição
financeira. Por exemplo, a viúva pobre deu tudo o que possuía;
Barnabé, que tinha uma única propriedade, preferiu vendê-la
e depositar o valor aos pés dos apóstolos.

'Lucas 7.47.
-’Lucas 12.48.
5Mateus 5.20.
4Atos 2.44-46.
’Hebreus 9.14.
'’Marcos 10.17-22.
[
ste livro não é apenas uma discussão sobre a
validade do dízimo para os dias de hoje, mas
uma valiosa exposição sobre a teologia finan
ceira com respostas e conclusões surpreendentes
sobre a relação entre o dinheiro e a vida espiritual.
um p i t il rqio
411
flA,

érSK
Por exemplo, longe do gue normalmente se ima
gina, a contribuição não é uma prática alienada
do culto. Ao contrário, os dízimos e ofertas inte
gram a verdadeira adoração, pois o crente está de
volvendo no altar o gue já pertence a Deus. E esse
é um momento tão sagrado guanto o do louvor
coletivo e o da oração.

É natural gue, num assunto tão polêmico, surjam


muitas indagações. Pensando nisso, o autor res
ponde nesta obra às dúvidas mais fregüentes:
O dízimo é uma prática do Novo Testamento?
Como deve o cristão se conduzir em meio à selva
comercial onde impera a lei do mais esperto?
Cabe ao dizimista determinar odestino de sua con

tribuição?
Dúvidas à parte, o autor conclui gue contribuir de for
ma voluntária e metódica é um privilégio, podendo vir
a ser uma fonte de bênçãos e de vitórias pessoais.

Autor
Ministro do Evangelho e conferencista, é pós-graduado
em Ciência da Religião.É autor de vários liv
ros, entre el
es
Os temas mais difíceis da Bíblia,publicado pela CPAD.

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