Sei sulla pagina 1di 71

Departamento de Engenharia Civil

16
PRÉ-ESFORÇO

MÉTODO DAS CARGAS EQUIVALENTES

CARLOS FÉLIX

MAIO / 2011
Departamento de Engenharia Civil

ÍNDICE
16 Cálculo do efeito do pré-esforço pelo método das cargas equivalentes 16.1

16.1 Introdução 16.1

16.2 Conceitos e noções gerais 16.2

16.3 Cabo rectilíneo centrado 16.3

16.4 Cabo rectilíneo com excentricidade constante 16.6

16.5 Cabo constituído por segmentos rectilíneos 16.9

16.6 Cabo curvo 16.13

16.6.1 Introdução 16.13

16.6.2 Forças actuando sobre o cabo 16.15

16.6.3 Forças actuando sobre o cabo: teoria simplificada 16.16

16.7 Aplicação a vigas contínuas 16.26

16.7.1 Introdução 16.26

16.7.2 Cabo rectilíneo 16.26

16.7.3 Cabo curvo 16.29

16.7.4 Concordância do traçado dos cabos 16.32

16.7.5 Sequência de projecto 16.34

16.8 Aplicação a lajes 16.35

16.9 Aplicação a lajes fungiformes 16.36

16.9.1 Introdução 16.36

16.9.2 Pré-esforço repartido 16.39

16.9.3 Pré-esforço por bandas de apoio 16.42

16.9.4 Concordância dos cabos de pré-esforço em lajes fungiformes 16.43

16.10 Considerações Finais 16.45

Instituto Superior de Engenharia do Porto i


Estruturas de Betão

16.11 Bibliografia 16.46

ii Departamento de Engenharia Civil


Departamento de Engenharia Civil

16 Cálculo do efeito do pré-esforço pelo método das cargas


equivalentes

16.1 Introdução

O pré-esforço é uma das inovações mais importantes do século XX no domínio das


estruturas de betão. Trata-se de uma técnica largamente implantada na concepção e
construção de estruturas especiais com uma utilização crescente nas estruturas de
edifícios e na reabilitação e reforço estrutural.

A aplicação do pré-esforço introduz uma acção auto-equilibrada que contraria as acções


exteriores. Na Figura 16.1 é idealizada uma solução de pré-esforço de um reservatório
que reduz ou anula as deformações devidas ao líquido que ele contém. A Figura 16.2
ilustra um reservatório que foi pré-esforçado com o sistema de monocordões, dispostos
perimetralmente e ancorados em nervuras segundo geratrizes.

+ =

a) Deformações devidas b) Deformações c) Deformações


ao líquido devidas ao pré-esforço resultantes

Figura 16.1 ― Deformações impostas a um reservatório.

O Método das Cargas Equivalentes tem por objectivo principal avaliar o efeito do pré-
esforço em estruturas de betão, sendo o cabo de pré-esforço substituído por uma acção
equivalente: cargas concentradas e/ou distribuídas. Em termos de cálculo da estrutura
traduz-se em mais uma acção a combinar com as restantes.

Este método é aplicável à generalidade das estruturas de betão, sendo especialmente


vantajoso no projecto de estruturas hiperestáticas.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.1


Estruturas de Betão

a) Vista geral do reservatório b)Ancoragens alinhadas segundo uma


geratriz

c) Pormenor de uma ancoragem d) Pormenores do sistema de cunhas

Figura 16.2 ― Reservatório pré-esforçado com monocordões.

16.2 Conceitos e noções gerais

No projecto de um elemento estrutural em betão pré-esforçado assume fundamental


importância o conhecimento do efeito induzido pelo cabo de pré-esforço.

Um cabo de pré-esforço determina num dado elemento estrutural um conjunto de cargas


distribuídas e/ou concentradas. Nomeadamente nas extremidades onde, além de aplicar
uma força concentrada no betão, pode ser utilizado para induzir momentos, desde que os
dispositivos de ancoragem sejam localizados fora do centro de gravidade da secção.
Desvios do cabo entre troços rectos sucessivos têm por consequência uma força de
desvio que se traduz numa força concentrada aplicada ao betão (ver Figura 16.3a).
Cabos com traçado curvo, integram um conjunto de forças de desvio, induzindo no betão
uma carga distribuída (ver Figura 16.3b).

Como se depreende diferentes traçados de cabo de pré-esforço e diferentes valores da


força de pré-esforço induzem numa dada peça diferentes estados de tensão. É com base

16.2 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

no domínio do conhecimento do efeito induzido no betão pelo cabo de pré-esforço que o


projectista opta para cada caso pela solução mais conveniente.

a) Desvio entre troços rectos; b) Cabo com traçado curvo.

Figura 16.3 ― Acção do cabo sobre o betão.

Como regra mais elementar pode afirmar-se que o traçado da cabo e o valor do pré-
esforço aplicado deve ser tal que gere um conjunto de cargas com uma distribuição
directamente oposta à das restantes acções com carácter permanente aplicadas. Esta
regra poderá ser um bom ponto de partida, mas conforme irá ser referido mais tarde,
tem algumas excepções.

A aplicação do Método das Cargas Equivalentes a estruturas isostáticas tem como


objectivo principal expor a teoria que lhe está subjacente tendo um interesse prático
mais reduzido. As vantagens na utilização deste método são mais evidentes no projecto
de estruturas hiperestáticas, como vigas e lajes, onde tem actualmente larga aceitação.
A substituição dos cabos de pré-esforço por um conjunto de cargas equivalentes
actuando sobre o betão traduz-se em termos de cálculo na consideração de mais uma
acção a combinar com as restantes. Esta é aliás uma das vantagens do método pois o
efeito do pré-esforço é calculado automaticamente, por qualquer programa, e de forma
simular ao que sucede com qualquer outra acção.

16.3 Cabo rectilíneo centrado

A Figura 16.4 representa uma viga de betão simplesmente apoiada e de secção


constante. A viga é pré-esforçada com um cabo rectilíneo localizado no centro de
gravidade da secção transversal. Após accionados os dispositivos de ancoragem nas
extremidades do segmento considerado do cabo, a acção que o betão exerce sobre o
cabo está representada na Figura 16.5 e traduz-se por duas forças de valor P, neste caso
iguais e de sinal contrário. Estas forças que actuam sobre o cabo de pré-esforço nas
extremidades são designadas forças de ancoragem. A força de tracção de valor P a que o
cabo fica sujeito, por hipótese de valor constante, é designada por força de pré-esforço,
ou mais simplesmente por pré-esforço. Conforme adiante será exposto a força de pré-
esforço não é de valor constante ao longo do cabo mas varia devido ao atrito que ao
longo dele se desenvolve. Contudo, tendo em atenção o objectivo em vista, esta hipótese
simplificativa não constitui uma limitação de significado.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.3


Estruturas de Betão

Figura 16.4  Cabo de pré-esforço rectilíneo localizado no centro de gravidade.

Figura 16.5  Acção do betão sobre o cabo.

Através dos dispositivos de ancoragem o cabo exerce sobre o betão uma força de
compressão de valor P, conforme se representa na Figura 16.6. Esta força é transmitida
a todas as secções da viga que ficam então sujeitas a uma tensão de compressão
constante.

Figura 16.6  Acção do cabo sobre o betão.

O efeito do cabo de pré-esforço sobre o betão pode neste caso ser substituído pelas
forças P que actuam nas extremidades da viga, constituindo uma acção equivalente à do
cabo.

Considerando a secção transversal de betão de base b, altura h e área A, a tensão de


compressão a que o betão fica sujeito, a uma certa distância dos dispositivos de
ancoragem, é de valor constante e dada pela expressão:

P
σc = − . ( 16.1 )
A

(O estado de tensão no betão na vizinhança dos dispositivos de ancoragem é bem mais


complexo e será adiante objecto de estudo.)

Como exemplo de aplicação considere-se uma viga simplesmente apoiada, sujeita a uma
carga uniformemente distribuída p, à qual é aplicado um pré-esforço P através de um
cabo centrado, conforme se esquematiza na Figura 16.7.

16.4 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

σ σ

Figura 16.7  Exemplo de uma viga com pré-esforço centrado.

A carga equivalente à aplicação do pré-esforço, conforme anteriormente exposto, induz


no betão uma tensão de compressão de valor constante dada por:

P
σ c,1 = − . ( 16.2 )
A

A tensão gerada numa dada secção devido apenas à carga p é dada pela expressão:

M
σ c,2 = ± , ( 16.3 )
W

sendo M o valor do momento flector e W o módulo de flexão da secção.

Observando a distribuição de tensões finais na secção transversal, que é a soma dos dois
diagramas anteriores, conclui-se que o pré-esforço permite reduzir (│σc,1│<│σc,2│) ou
mesmo eliminar (│σc,1│≥│σc,2│) as tracções nas fibras inferiores induzidas pela carga
p, aumentando o valor das compressões nas fibras superiores.

Uma das verificações que é necessário fazer no dimensionamento de estruturas pré-


esforçadas é a relativa ao estado limite de descompressão, que impõe que para
determinada combinação de acções as secções estejam integralmente comprimidas. No
exemplo em apreço a condição de a secção ficar integralmente comprimida obtém-se
impondo que na fibra inferior se verifique:

σ c,1 ≥ σ c,2 . ( 16.4 )

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.5


Estruturas de Betão

Atendendo a que para uma secção de base b e de altura h o módulo de flexão é dado
por:

b h2
W = , ( 16.5 )
6

para que no exemplo apresentado se verifique o estado limite de descompressão, o


momento flector a que a viga pode estar sujeita deve obedecer à condição:

Ph
M≤ . ( 16.6 )
6

16.4 Cabo rectilíneo com excentricidade constante

Na Figura 16.8 representa-se uma viga simplesmente apoiada pré-esforçada com um


cabo de traçado rectilíneo e de excentricidade constante em relação ao eixo da peça.

Figura 16.8  Cabo de pré-esforço rectilíneo e de excentricidade constante.

Conforme se esquematiza na Figura 16.9, nestas novas condições, a carga equivalente à


aplicação do pré-esforço é constituída por um esforço axial de compressão de valor P e
por um momento flector dado pela expressão:

M =P e, ( 16.7 )

em que e é o valor da excentricidade do cabo de pré-esforço.

A distribuição de tensões a que cada secção de betão fica sujeita, devido apenas ao cabo
de pré-esforço, é então dada pela expressão:

P Pe
σ c,1 = − ± , ( 16.8 )
A W

Se a resultante P se localizar no interior do núcleo central da secção virá a relação,

P Pe 1 e
> ⇔ > , ( 16.9 )
A w A W

e toda a secção estará comprimida. Caso contrário surgirão tracções com maior
significado junto ao bordo superior da secção.

16.6 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

σ σ

Figura 16.9  Cabo de pré-esforço de excentricidade constante: carga equivalente.

Dotando de uma certa excentricidade um cabo rectilíneo a viga adquire uma maior
capacidade resistente a uma acção exterior. A ilustrar este facto retoma-se na Figura
16.10 o caso da viga simplesmente apoiada sujeita a uma carga uniformemente
distribuída mas em que o pré-esforço é aplicado no bordo do núcleo central, ou seja, com
uma excentricidade dada por:

h
e= . ( 16.10 )
6

Figura 16.10  Exemplo de uma viga com pré-esforço rectilíneo de excentricidade


constante.

Nestas condições, de acordo com a expressão ( 16.4 ), a verificação do estado limite de


descompressão conduz a que se verifique a relação:

Ph
M≤ . ( 16.11 )
3

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.7


Estruturas de Betão

Comparando com o resultado do exemplo anterior, dado pela expressão ( 16.6 ),


verificamos que conferindo uma excentricidade ao cabo de pré-esforço a capacidade da
viga duplicou. Existem contudo outras verificações que devem ser observadas,
nomeadamente quanto à tensão máxima de compressão, para cujos valores existem
também limites que não devem ser ultrapassados.

Exemplos de aplicação:

I. Uma viga simplesmente apoiada com 12,0m de vão está sujeita a uma carga
uniformemente distribuída de 15kN/m. O pré-esforço aplicado é de 1500kN e tem
excentricidade constante de 0,10m. Determinar os esforços de flexão induzidos na viga
por cada uma das acções  carga distribuída e pré-esforço.

O momento flector máximo positivo devido à carga distribuída é dado por:

p l 2 15 × 12 2
M1,máx = = = +270kNm . ( 16.12 )
8 8

O pré-esforço induz no betão um momento flector que é negativo, de valor constante,


dado por:

M 2 = P e = −1500 × 0,10 = −150 kNm . ( 16.13 )

Os diagramas dos esforços de flexão relativos a cada uma destas acções estão
esquematizados na Figura 16.11. A soma destes dois diagramas representa o diagrama
final dos esforços de flexão actuantes na viga.

Figura 16.11  Determinação dos esforços de flexão numa viga pré-esforçada.

16.8 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

Neste caso, a utilização de um cabo com excentricidade constante ao longo do eixo da


viga permitiu reduzir o valor do momento flector a meio vão, mas teve como
consequência a indução de momentos negativos nas extremidades.

II. A viga de betão representada na Figura 16.12 é pré-esforçada por um cordão de


15mm de diâmetro com 160kN aos 28 dias de idade. Os materiais utilizados são o betão
C30/37 e o A500 para as armaduras passivas.

Figura 16.12 ― Viga de betão pré-esforçada.

a) Sabendo que à data de aplicação do pré-esforço a viga fica sujeita apenas ao seu
peso próprio determinar a flecha a meio vão;

b) Admitindo o comportamento elástico linear para os materiais determinar a


distribuição de tensões na secção de meio vão.

16.5 Cabo constituído por segmentos rectilíneos

As acções aplicadas a uma viga, em geral, dão origem a diagramas de momentos


flectores que não são constantes ao longo do seu eixo mas sim variáveis. No caso de
uma viga simplesmente apoiada submetida a q ou Q, os momentos flectores são
máximos na zona central e, na ausência de momentos flectores aplicados, são zero junto
aos apoios.

Um cabo de pré-esforço com excentricidade constante introduz só por si um momento


flector de valor constante ao longo de toda a viga, dado pela expressão ( 16.7 ). Mas se
a excentricidade for variável também o será o momento flector por ele provocado. Daí
que seja vantajoso dotar de excentricidade variável os cabos de pré-esforço, fazendo-o
ocupar diferentes posições na secção, de acordo com o andamento do diagrama de
momentos flectores das acções que se pretende compensar.

A Figura 16.13 representa o exemplo de uma viga simplesmente apoiada com um cabo
constituído por dois segmentos rectilíneos formando um V, com extremidades A e C no

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.9


Estruturas de Betão

centro de gravidade da secção e com ângulos de desvio em relação ao eixo de α1 e de α2,


à esquerda e à direita, respectivamente.

α α

Figura 16.13  Cabo rectilíneo com excentricidade variável.

As componentes horizontal e vertical do pré-esforço aplicado nas extremidades podem


ser expressas em função das respectivas inclinações através das expressões:

Px = P cos α i , ( 16.14 )

Py = P senα i . ( 16.15 )

Para ângulos de desvio pequenos pode considerar-se que:

cos α i ≅ 1 e senα i ≅ tgα i ( 16.16 )

resultando:

Px ≅ P , ( 16.17 )

Py ≅ P tgα i . ( 16.18 )

As forças de ancoragem do exemplo em apreço estão representadas na Figura 16.14.

α α
α α

α α

Figura 16.14  Acções do betão sobre o cabo de pré-esforço.

A verificação das condições de equilíbrio no ponto de desvio do cabo de pré-esforço


(ponto B da Figura 16.13) conduz a que:

 sejam iguais em grandeza mas de sinal contrário as componentes horizontais


do pré-esforço;

16.10 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

 o betão tenha de exercer sobre o cabo uma força vertical de sinal contrário
mas de grandeza igual à soma das componentes verticais do esforço no cabo, isto é:

Fc = P tgα 1 + P tgα 2 = P (tgα 1 + tgα 2 ) . ( 16.19 )

Por razões de ordem prática a mudança de direcção de um cabo não se faz num ponto
mas sim ao longo de uma certa extensão de cabo. O desenvolvimento necessário para
ocorrer a mudança de direcção dependerá do raio de curvatura admissível para o cabo e
dos ângulos de desvio em causa.

A acção que o cabo descrito exerce sobre o betão está representada na Figura 16.15.
Além das forças de ancoragem nas extremidades da viga actua ainda a carga vertical que
é idêntica em grandeza à reacção que o betão exerce sobre o cabo mas de sinal
contrário. Este conjunto de forças aplicadas à estrutura de betão constituem neste caso
as cargas equivalentes à aplicação do pré-esforço.

α α
α α

α α

Figura 16.15  Cabo rectilíneo com excentricidade variável: acção equivalente.

Exemplo de aplicação:

Uma viga simplesmente apoiada de 12,0m de vão é pré-esforçada com um cabo bilinear,
passando pelo centro de gravidade da secção nas extremidades e com excentricidade
máxima de 0,16m a 4,0m do apoio esquerdo. O valor do pré-esforço aplicado é de
1500kN. A viga está sujeita a uma força vertical F=120kN cujo ponto de aplicação está
também a 4,0m do apoio esquerdo. Traçar os diagramas dos esforços transversos e de
flexão devidos à actuação simultânea destas duas acções  força concentrada e pré-
esforço.

α α

Figura 16.16  Exemplo de uma viga com pré-esforço rectilíneo de excentricidade


variável.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.11


Estruturas de Betão

A tangente do ângulo de desvio do cabo de pré-esforço à esquerda e à direita em relação


ao eixo da peça é dado por:

0,16
tgα 1 = = 0,04 ; ( 16.20 )
4,0

0,16
tgα 2 = = 0,02 . ( 16.21 )
8,0

As cargas equivalentes são dadas neste caso pelas forças de ancoragem nas
extremidades da viga e pela força de desvio na zona do vão. De acordo com as
expressões ( 16.17 ) e ( 16.18 ) as componentes horizontal e vertical da força de
ancoragem nas extremidades esquerda e direita são:

Px,esq = Px,dir ≅ P = 1500 kN ; ( 16.22 )

Py ,esq ≅ P tgα 1 = 1500 . 0,04 = 60kN ; ( 16.23 )

Py ,dir ≅ P tgα 2 = 1500 . 0,02 = 30kN . ( 16.24 )

A força de desvio no vão da viga é dada pela expressão:

Fc = P (tgα 1 + tgα 2 ) = 1500 × (0,04 + 0,02) = 90kN . ( 16.25 )

Na Figura 16.17 são apresentados os diagramas dos esforços gerados devidos à força
vertical aplicada e os devidos ao efeito do pré-esforço. Os esforços totais que resultam
da actuação simultânea das duas acções constam da Figura 16.18.

a) Carga aplicada; b) Acção equivalente ao cabo de pré-


esforço.

Figura 16.17  Esforços por acção.

16.12 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

Figura 16.18  Esforços totais.

No exemplo em apreço a aplicação de pré-esforço com o traçado adoptado para o cabo


permitiu compensar significativamente os esforços transversos e os momentos flectores
induzidos na generalidade das secções pela carga F.

A Figura 16.19 ilustra um exemplo de aplicação de solução de pré-esforço exterior


aplicado a um tabuleiro de uma ponte. O cabo tem traçado rectilíneo entre o meio-vão e
os apoios. As forças de desvio são transmitidas à estrutura através das carlingas.

Figura 16.19 ― Pré-esforço exterior aplicado ao tabuleiro de uma ponte.

16.6 Cabo curvo

16.6.1 Introdução

A aplicação de pré-esforço a um cabo de uma viga de betão gera dois sistemas de forças
(ver Figura 16.20): (i) um formado pelas forças que o cabo de pré-esforço exerce sobre
o betão; (ii) e outro induzido pelo betão sobre o cabo de pré-esforço. Estes dois sistemas

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.13


Estruturas de Betão

de forças são auto-equilibrados, pelo que são idênticos em grandeza mas de sinais
contrários em cada troço elementar de viga.

a) forças actuando sobre o cabo;

b) forças actuando sobre o betão.

Figura 16.20 ― Sistemas de forças gerados com o pré-esforço.

A Figura 16.21 representa uma viga simplesmente apoiada, no interior da qual se instala
um cabo de pré-esforço de traçado curvo, de raio de curvatura variável r(x). A dedução
das expressões que permitem calcular as forças que neste caso são geradas pelo pré-
esforço é um pouco mais complexa, e obriga à introdução de algumas hipóteses
simplificativas. Para o efeito define-se um elemento de cabo de comprimento
infinitesimal ds (ver Figura 16.21), e de desenvolvimento dx na horizontal, a que
corresponde um ângulo de desvio dβ. Determinam-se de seguida as forças que actuam
sobre este troço de cabo.

Figura 16.21 ― Elemento de comprimento infinitesimal duma viga simplesmente


apoiada.

16.14 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

16.6.2 Forças actuando sobre o cabo

A Figura 16.22 ilustra o conjunto de forças que actuam sobre o elemento de cabo de pré-
esforço e que são as seguintes:

P(x) e P(x)+dP(x) ― forças de pré-esforço em cada uma das duas extremidades


do troço de cabo;

q(x).ds ― a resultante das forças de desvio;

µ.q(x).ds ― a resultante das forças de atrito, sendo µ o coeficiente de atrito


correspondente ao deslizamento do cabo na bainha.

Figura 16.22 ― Forças actuantes sobre um elemento de cabo de pré-esforço.

A componente de P(x) na direcção normal n é dada por:


Pn ( x ) = P ( x ) sen . ( 16.26 )
2

Atendendo a que:

dβ dβ
sen ≅ , ( 16.27 )
2 2

virá,


Pn ( x ) = P ( x ) . ( 16.28 )
2

Desprezando os infinitésimos de segunda ordem, esta expressão representa também a


componente na direcção n de P(x)+dP(x).

A expressão que traduz a condição de equilíbrio das forças segundo a direcção n pode
então ser dada por:

q( x ) ds − P ( x ) dβ = 0 , ( 16.29 )

ou ainda,

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.15


Estruturas de Betão

q( x ) ds = P ( x ) dβ . ( 16.30 )

A partir desta expressão pode obter-se a força de desvio por unidade de comprimento de
cabo que é dada por:

1
q( x ) = P ( x ) , ( 16.31 )
r (x)

sendo r(x) o raio de curvatura dado por:

ds
r (x) = . ( 16.32 )

A expressão que traduz a condição de equilíbrio de forças segundo a direcção tangencial t


é dada por:

dP ( x ) + µ q( x ) ds = 0 . ( 16.33 )

Substituindo nesta expressão o valor de q(x) ds dado pela expressão ( 16.30 ) virá,

dP ( x ) + µ P ( x ) dβ = 0 , ( 16.34 )

ou ainda,

dP ( x )
= − µ dβ . ( 16.35 )
P( x )

Integrando esta expressão obtém-se a força de pré-esforço P(x) dada por:

P ( x ) = P0 e − µ β (x)
, ( 16.36 )

sendo P0 o valor do pré-esforço na origem e β(x) o ângulo de desvio.

Com base nas expressões apresentadas pode concluir-se que a força de desvio q(x) por
unidade de comprimento de cabo depende: (i) da força P(x), variável devido às perdas
por atrito; (ii) do raio de curvatura r(x) do cabo, em geral variável ao longo do traçado.

16.6.3 Forças actuando sobre o cabo: teoria simplificada

O cálculo das forças de desvio a partir das expressões recém-expostas é complexo,


sendo usual a adopção de uma aproximação baseada em hipóteses simplificativas. A
Figura 16.23 representa as forças e as suas componentes que actuam num dado
segmento de um cabo de pré-esforço.

16.16 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

Figura 16.23  Decomposição das forças de desvio.

Admitindo por hipótese que é pequena a inclinação do cabo de pré-esforço em relação ao


eixo da peça, as componentes qx das forças de desvio são de valor desprezável, ou seja:

q x = q ( x ) sen(α ) ≅ 0 . ( 16.37 )

A condição de equilíbrio das forças horizontais conduz a que a componente horizontal de


P(x) seja constante no segmento considerado e dada por:

Px ( x ) = P ( x ) cosα ≅ P . ( 16.38 )

Para que a força de pré-esforço mantenha a sua direcção, a componente vertical de P(x)
considera-se dada por:

Py ( x ) = P ( x ) senα ≅ P tgα . ( 16.39 )

Se por hipótese for pequena a variação de inclinação do cabo em relação ao eixo xx, o
que corresponde a supor que é pequena a curvatura do cabo, é possível a substituição do
valor exacto da curvatura pelo valor aproximado:

1 y''
= ≅ y'' .
(
r ( x ) 1+ y '2 )
2/3 ( 16.40 )

Substituindo na expressão ( 16.31 ) o valor da curvatura pelo seu valor aproximado e


atendendo a que no segmento considerado se concluiu que P é constante, a força de
desvio será então dada por:

q = P y'' . ( 16.41 )

Nos casos mais habituais de cabos não rectilíneos, o traçado é dado por uma parábola do
2º grau:

y = ax 2 + bx + c . ( 16.42 )

Nesta situação a curvatura aproximada é dada por:

1
≅ y ' ' = 2a . ( 16.43 )
r (x)

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.17


Estruturas de Betão

Figura 16.24  Cabo com traçado parabólico.

De acordo com a Figura 16.24 os pontos A e B de coordenadas (xA,yA) e (xB,yB),


respectivamente, por pertencerem à parábola pode escrever-se:

y A = a x A2 + b x A + c , ( 16.44 )

y B = a x B2 + b x B + c . ( 16.45 )

x A + xB y A + y B
O ponto Z tem coordenadas ( , + f ) . Como também pertence à parábola
2 2
vem:

2
y A + yB  x + xB   x + xB 
+f =a  A  +b A +c . ( 16.46 )
2  2   2 

Adicionando e dividindo por 2 as expressões ( 16.44 ) e ( 16.45 ) vem:

2
y A + yB x +x 
=a A B  + b  x A + x B  + c . ( 16.47 )
2  2   2 
 

Subtraindo a expressão ( 16.46 ) à ( 16.47 ) obtém-se:

 x 2 + x B2 (x A + x B )2 
−f = a  A − , ( 16.48 )
 2 4 
 

que desenvolvendo,

 (x − x B )2 
a A  = −f , ( 16.49 )
 4 
 

16.18 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

e atendendo a que l=xB-xA, vem:

4f
a=− , ( 16.50 )
l2

onde f representa a flecha da parábola.

Substituindo este resultado em ( 16.43 ) vem:

1 8f
≅ y'' = − 2 . ( 16.51 )
r (x) l

Atendendo a que o sentido das forças de desvio é determinado pela concavidade do


cabo, pode tomar-se apenas o valor absoluto da curvatura. Assim sendo a expressão (
16.41 ) é dada por:

8f
q=P . ( 16.52 )
l2

Esta expressão permite calcular de modo aproximado as forças de desvio por unidade de
comprimento e é válida para cabos cujos traçados correspondam a parábolas do 2º grau.

α
α

Figura 16.25  Forças simplificadas actuando sobre um cabo de pré-esforço.

A Figura 16.25 resume o conjunto de forças simplificadas que actuam sobre um cabo de
pré-esforço, tendo em atenção as hipóteses enunciadas. As grandezas indicadas
representam:

q  a força de desvio por unidade de comprimento, de valor constante no


segmento representado;

P  a componente horizontal do pré-esforço aplicado, também de valor constante


no segmento;

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.19


Estruturas de Betão

Ptg(α1) e Ptg(α2)  componentes verticais da força de pré-esforço.

O erro cometido neste sistema simplificado de forças é dado em percentagem pelas


expressões:

 P ( x ) cos α( x ) − P 
∆ x =   × 100 , ( 16.53 )
 P ( x ) cos α( x ) 

 P ( x ) senα( x ) − P tgα( x ) 
∆ y =   × 100 , ( 16.54 )
 P ( x ) senα( x ) 

para as componentes horizontais e verticais, respectivamente. Sendo estas expressões


equivalentes (pode obter-se a expressão ( 16.54 ) multiplicando por tgα ambos os
membros da expressão ( 16.53 )), pode afirmar-se que o erro cometido com a utilização
do sistema simplificado de forças é idêntico quer para as componentes horizontais quer
para as componentes verticais, e dado por:

 P 
∆ = 1 −  100 , ( 16.55 )
 P ( x ) cos α ( x ) 

Observação:

Conforme foi já referido a força de pré-esforço varia devido às perdas instantâneas


(devido à deformação elástica do betão, à reentrada das cunhas nos dispositivos de
ancoragem e ao atrito que se desenvolve ao longo da bainha), e varia no tempo, devido
às perdas diferidas como resultado da retracção e da fluência do betão e da relaxação
dos aços. Em geral considera-se num dado segmento o valor médio da força de pré-
esforço calculada a partir dos valores máximo (Pmáx) e mínimo (Pmin) tendo em atenção
as perdas por atrito:

Pmáx + Pmin
P= . ( 16.56 )
2

O comprimento de segmento ao longo do qual se considera constante o valor do pré-


esforço depende do rigor desejado para o cálculo, podendo ser, por exemplo, parte dum
tramo, um tramo ou até um conjunto de tramos de uma viga.

Por acção dos efeitos diferidos a força de pré-esforço num cabo diminui ao longo do
tempo. Deve-se por isso proceder à verificação da segurança com a força de pré-esforço
média em correspondência com a situação de carregamento efectivamente em causa.

16.20 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

A menos de informação mais precisa pode considerar-se como primeira aproximação que
a totalidade as perdas de pré-esforço num cabo, incluindo as perdas instantâneas e as
perdas devidas aos efeitos diferidos, variam entre 15 a 20% da força inicial de pré-
esforço na origem (zona de ancoragem):

P∞ = 0,80 ÷ 0,85 P0 . ( 16.57 )

O pré-esforço gera sobre o betão um sistema de forças iguais e de sentidos opostos


àqueles que actuam sobre o cabo. Daí que, com base nas expressões deduzidas
anteriormente, seja possível esquematizar as acções que actuam sobre uma viga,
equivalentes à acção de um cabo de pré-esforço, cujo traçado seja uma parábola do 2º
grau, conforme se representa na Figura 16.26.

α
α

Figura 16.26  Sistema simplificado de forças actuantes sobre o betão: acção


equivalente.

Exemplos de aplicação:

I. A viga representada na Figura 16.27 está sujeita à carga uniformemente distribuída de


40kN/m e é pré-esforçada com um cabo parabólico que nas extremidades passa pelo
centro de gravidade da secção e a meio vão tem a excentricidade máxima de 0,50m.
Determinar o valor da força de pré-esforço a aplicar de modo a que este induza na viga
uma carga uniformemente distribuída que equilibre anterior com o valor de 40kN/m.
Calcular os esforços finais na viga.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.21


Estruturas de Betão

α α

Figura 16.27  Exemplo de aplicação I: viga com cabo parabólico.

O valor do pré-esforço a aplicar pode ser calculado a partir da expressão ( 16.52 )


obtendo-se:

8 . 0,50
40,0 = P ⇔ P = 4000 kN . ( 16.58 )
20 2

Adoptando o sistema de eixos indicado na figura, cuja origem coincide com o vértice da
parábola, a equação que define o traçado do cabo é dada por:

y = −0,005 x 2 . ( 16.59 )

Pode então calcular-se as tangentes dos ângulos α1 e α2 obtendo-se:

tgα 1 = y ' ( x = −10 ) = 0,1 . ( 16.60 )

tgα 2 = y ' ( x = +10 ) = −0,1 . ( 16.61 )

A Figura 16.28 apresenta a acção equivalente à aplicação do pré-esforço à viga que inclui
a carga uniformemente distribuída q e as forças de ancoragem cujas componentes
horizontais e verticais em valor absoluto serão:

Px,1 ≅ Px,2 ≅ P = 4000 kN ; ( 16.62 )

Py ,1 ≅ Py ,2 ≅ P tgα 1 = 400 kN . ( 16.63 )

16.22 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

α α

α α

ou

α α

Figura 16.28  Exemplo de aplicação I: acção equivalente.

Como a carga p e q são iguais em valor absoluto e de sinal contrário apenas a


componente horizontal do pré-esforço induz um esforço, que é o esforço axial de valor
constante ao longo do eixo da peça, conforme se representa na Figura 16.29.

α α

Figura 16.29  Exemplo de aplicação I: esforços finais no betão.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.23


Estruturas de Betão

II. A viga simplesmente apoiada representada na Figura 16.30 tem uma geometria
idêntica à do exemplo anterior e está sujeita à mesma carga uniformemente distribuída;
a diferença reside no traçado do cabo, que não obstante ter a mesma flecha a meio vão
apresenta uma excentricidade em relação ao eixo baricêntrico que no apoio esquerdo é
de e1=0,20m.

α α

Figura 16.30  Viga com cabo parabólico: exemplo de aplicação II.

Admitindo o mesmo valor de pré-esforço de 4000kN determinar as cargas equivalentes e


traçar os correspondentes diagramas de esforços totais gerados no betão.

α
α

α α

ou
α
α

Figura 16.31  Exemplo de aplicação II: acção equivalente.

Por analogia com o exemplo anterior obtém-se a acção equivalente representada na


Figura 16.31. As forças de desvio q têm o mesmo valor assim como a componente
horizontal do valor do pré-esforço: As componentes verticais dependem do valor da
tangente da parábola nos pontos respectivos. O ponto de aplicação das forças de

16.24 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

ancoragem no apoio esquerdo não coincide com o centro de gravidade da secção


introduzindo por isso um momento flector concentrado de valor:

M = P e1 = 4000 × 0,20 = 800 kNm . ( 16.64 )

A Figura 16.32 apresenta a distribuição dos esforços finais na viga devido à actuação
simultânea da carga distribuída aplicada e das cargas equivalentes.

α
α

Figura 16.32  Exemplo de aplicação II: diagramas de esforços finais.

A carga equivalente numa viga pré-esforçada depende apenas do valor de pré-esforço e


da flecha da parábola que define o traçado do cabo. Os dois exemplos anteriores ilustram
que os esforços gerados na estrutura dependem do seu ponto de aplicação, e em
particular da posição dos dispositivos de ancoragem em relação ao centro de gravidade
da secção. Uma certa excentricidade das forças de pré-esforço nas extremidade esquerda
originou nesse local um momento flector concentrado.

A Figura 16.33 ilustra as bainhas posicionadas em vigas pré-fabricadas dotadas de cabo


de pré-esforço com traçado parabólico.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.25


Estruturas de Betão

Figura 16.33  Bainhas instaladas em vigas para cabo parabólico.

16.7 Aplicação a vigas contínuas

16.7.1 Introdução

A aplicação de pré-esforço a uma estrutura isostática induz deformações que não sendo
impedidas pelos apoios não geram reacções. Os esforços gerados no betão pelo pré-
esforço em sistemas isostáticos são também designados por esforços isostáticos ou,
segundo alguns autores, esforços principais.

Ao contrário, nos sistemas hiperestáticos quando as deformações impostas à estrutura


são impedidas pelos apoios superabundantes dão origem a reacções de apoio que são
acções exteriores transmitidas à estrutura. Deste modo o pré-esforço não produz apenas
um conjunto de esforços auto-compensados, mas gera também um outro conjunto de
esforços, designados esforços hiperestáticos ou secundários. Esta última designação tem
como inconveniente poder induzir a ideia de que estes esforços são de importância
reduzida quando comparados com os isostáticos ou principais. De facto assim não é:
como adiante se evidenciará os esforços hiperestáticos podem ser da ordem de grandeza
ou mesmo mais importantes do que os isostáticos.

16.7.2 Cabo rectilíneo

Na Figura 16.34 representa-se o exemplo de uma viga contínua de dois vãos iguais, pré-
esforçada com um cabo rectilíneo de excentricidade constante, localizado abaixo do eixo.

16.26 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

a) Sistema hiperestático;

b) Deformação em virtude
da aplicação de P;

c) Incógnita hiperestática,
RB;

d) Momentos isostáticos:
M P0 ;

e) Momentos
hiperestáticos:
M Ph ;

f) Momentos totais:
M P = M Po + M Ph .

Figura 16.34  Esforços de flexão devidos ao pré-esforço em estrutura hiperestática.

Considerando um sistema base construído a partir do sistema hiperestático em que é


eliminado o apoio central, e desprezando o peso próprio da viga, devido apenas à
actuação do pré-esforço este sistema sofreria um deslocamento vertical ascendente, cuja
flecha máxima seria dada por:

P e (2l ) 2
yB = , ( 16.65 )
8 EI

sendo EI a rigidez à flexão da viga.

No sistema hiperestático este deslocamento está impedido pela reacção de apoio B


descendente (negativa) que anula o deslocamento yB, designada incógnita hiperestática,
dada por:

3Pe
RB = − . ( 16.66 )
l

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.27


Estruturas de Betão

Surgem então reacções de apoio positivas em A e C que no exemplo em apreço são


dadas por:

RB 3P e
R A = RC = − =+ . ( 16.67 )
2 2l

Os momentos induzidos no betão devido ao pré-esforço no sistema base são designados


momentos isostáticos que neste são constantes ao longo de toda a viga e dados por:

M P0 = −P e . ( 16.68 )

Os momentos induzidos no sistema hiperestático pelas reacções de apoio são designados


momentos hiperestáticos cujo valor máximo é neste caso dado por:

3
M Ph,máx = P e. ( 16.69 )
2

Os momentos totais são dados pela soma das duas parcelas anteriores:

M P = M Po + M Ph . ( 16.70 )

As reacções de apoio hiperestáticas, geradas pela aplicação do pré-esforço em sistemas


hiperestáticos, também designadas por alguns autores por forças de coacção, devem
estar em equilíbrio entre si, já que o pré-esforço por si só gera um sistema de forças
auto-equilibradas.

De modo idêntico ao referido para os momentos flectores, os esforços transversos


gerados no betão devido ao pré-esforço podem ser calculados a partir da expressão:

VP = VPo + VPh . ( 16.71 )

em que:

VPo  é o esforço transverso devido ao pré-esforço no sistema base;

VPh  é o esforço transverso hiperestático devido ao pré-esforço.

A aplicação do método das cargas equivalentes permite a obtenção dos esforços totais
através de um processo directo. A aplicação deste método ao exemplo em apreço está
esquematizado na Figura 16.35. Atendendo à simetria estrutural a solução dos esforços
de flexão totais devidos à carga equivalente é imediata. É ainda possível a obtenção dos
momentos hiperestáticos por subtracção dos momentos isostáticos aos momentos totais.

16.28 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

a) Sistema hiperestático;

b) Acção equivalente;

c) Simetria estrutural;

d) Momentos totais:
MP ;

e) Momentos isostáticos:
M P0 = −P e ;

f) Momentos hiperestáticos:
M Ph = M P − M Po .

Figura 16.35  Esforços de flexão na estrutura hiperestática obtidos a partir da carga


equivalente.

16.7.3 Cabo curvo

Apresenta-se na Figura 16.36 o exemplo de uma viga de dois vãos, simétrica em relação
ao apoio central. Os cabos de pré-esforço, também simétricos em relação ao apoio
central, são definidos por uma parábola do segundo grau de flecha f que passa pelo
centro de gravidade da secção nos apoios extremos e tem uma excentricidade e1 sobre o
apoio central. O valor do pré-esforço aplicado é P.

A carga equivalente à aplicação do pré-esforço na viga é constituída pelas forças de


desvio distribuídas ao longo do seu eixo e pelas forças de desvio e forças de ancoragem
concentradas nas extremidades dos cabos junto aos apoios.

A carga equivalente distribuída é a mesma para ambos os vãos e é dada pela expressão (
16.52 ). Admitindo constante o valor do pré-esforço ao longo da viga, a componente
horizontal da força de ancoragem é idêntica nas extremidades A e B e, de acordo com a
expressão ( 16.38 ), é P. As componentes verticais das forças de ancoragem nos apoios
extremos são neste caso iguais e podem ser obtidas a partir da expressão ( 16.39 )
vindo:

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.29


Estruturas de Betão

Py ,A = Py ,C ≅ P tgα 1 . ( 16.72 )

α α
α α a) cabo
parabólico;

α
α α
b) acção
equivalente ao
pré-esforço;

c) momentos
q l2 flectores;
M máx = =P f
3 8
V1−1 = − ql
8 5
V2−1 = − ql
8
d) esforços
5 transversos;
V1− 2 = + ql 3
8 V2 −2 = + ql
8

e) esforço axial.

Figura 16.36  Esforços devidos ao pré-esforço em estrutura hiperestática.

Sobre o apoio central as componentes horizontais são iguais e de sinal contrário pelo que
se anulam, enquanto que as componentes verticais são iguais e têm o mesmo sinal, pelo
que se adicionam. Daí que sobre o apoio central o cabo exerça sobre o betão uma força
vertical de cima para baixo cuja resultante é dada por:

Py ,C ≅ 2 P tgα 2 . ( 16.73 )

O cálculo dos esforços isostáticos e dos esforços hiperestáticos desta viga pode ser
realizado adoptando, por exemplo, um dos processos descritos no exemplo anterior. Para
a obtenção dos esforços totais pode mais simplesmente ser utilizado um programa de
cálculo automático. Neste exemplo em particular a solução dos esforços é conhecida e
consta da Figura 16.36.

16.30 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

De acordo com os resultados dos esforços apresentados é de realçar que os momentos


flectores totais induzidos no betão sobre o apoio não depende da excentricidade do cabo
sobre o apoio mas apenas da flecha da parábola.

Retomando o exemplo da Figura 16.36, e admitindo a viga sujeita a uma carga


uniformemente distribuída com carácter permanente de valor g, e de carácter variável de
valor p, a viga seria calculada para cada uma das acções, pré-esforço, acção
permanente, e acção variável, de acordo com o esquema da Figura 16.37.

No Quadro 16.1 apresentam-se as reacções de apoio devido a cada uma das acções para
o exemplo em apreço. De referir que as reacções devidas à acção do cabo sobre a viga
têm sinal oposto à das acções permanentes e das acções variáveis. Contudo as forças de
ancoragem agravam aquelas reacções.

α α α α
a) cabo parabólico;

α
α α
b) acção equivalente;

c) acção
permanente;

d) acção variável.

Figura 16.37  Acções sobre viga pré-esforçada.

Quadro 16.1  Reacções de apoio.

Acção Apoio extremo Apoio intermédio


Carga q −3 q l − 10 q l
8 8
Forças de +P tgα 1 +2P tgα 2
ancoragem
Carga g +3 g l + 10 g l
8 8
Carga p +3 pl + 10 p l
8 8

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.31


Estruturas de Betão

A Figura 16.38 ilustra um exemplo de uma viga de dois vãos diferentes que é pré
esforçada com dois cabos parabólicos, cada um dos quais com diferentes valores de pré-
esforço. Como se pode observar as forças de desvio distribuídas são diferentes no
primeiro e no segundo vãos além de que surge uma componente horizontal da força de
desvio sobre o apoio central.

α α α α a) cabo de pré-
esforço;

α α
α α
b) acção
equivalente.

Figura 16.38  Viga de dois vãos com diferentes valores de pré-esforço.

Exemplo de aplicação:

A viga contínua de dois tramos representada na Figura 16.39 tem 0,40m de altura no
vão da esquerda e 0,80m no vão da direita. A largura da secção é 0,30m e é constante
em ambos os vãos. O traçado do cabo de pré-esforço é o representado, originando um
pré-esforço final de 600kN.

a) Definir a carga equivalente correspondente ao traçado representado;

b) Determinar os diagramas de momentos flectores isostáticos, hiperestáticos e totais,


devidos ao pré-esforço.

Figura 16.39  Viga contínua de dois vãos com alturas diferentes.

16.7.4 Concordância do traçado dos cabos

Na definição do traçado dos cabos deve haver continuidade da tangente, com o objectivo
de serem evitadas tensões elevadas sobre o betão, tensões multiaxiais em cabos com
cordões sobrepostos e ainda o esmagamento das bainhas. Daí que nas estruturas
hiperestáticas, e em particular nas vigas contínuas, haja necessidade de proceder à

16.32 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

concordância das parábolas entre vãos adjacentes através de troços curvos com raio de
curvatura de sinal oposto ao dos vãos (ver Figura 16.40). As curvas usualmente
utilizadas nestas concordâncias são também parábolas do segundo grau.

λ λ

Figura 16.40  Concordância do cabo de pré-esforço sobre um apoio.

O raio R da curva de concordância pode variar entre 3m e 8m para cabos de pré-esforço


constituídos por vários cordões e pode descer até 2m para os monocordões. Os valores
mínimos dos raios de curvatura que dependem das características de resistência do aço,
do diâmetro dos fios e da configuração dos cabos são em geral indicados pelos
fabricantes. A Figura 16.41 ilustra um exemplo das características técnicas de um dado
tipo de cabo de pré-esforço com diversas possibilidades de números de cordões, onde na
última coluna é especificado o mínimo raio de curvatura.

Figura 16.41  Características técnicas relativas a um dado cabo de pré-esforço.

Em toda a extensão das curvas de concordância as forças de desvio são dirigidas para
baixo. Se estas se desenvolverem na proximidade do apoio o efeito sobre o elemento

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.33


Estruturas de Betão

estrutural em termos de agravamento dos esforços transversos e de flexão são mais


reduzidos, além de que parte destas forças serão transmitidas directamente para os
apoios. Daí a vantagem de se dotar as curvas de concordância entre tramos adjacentes
com raio próximo do mínimo. Usando a nomenclatura da Figura 16.40, deve ser
procurado o valor de β tão pequeno quanto possível de modo a que não seja
ultrapassado o raio mínimo de curvatura do cabo. O valor de λ deve ser escolhido de
modo a ser conseguida simultaneamente a excentricidade máxima (a que corresponderá
menor valor de pré-esforço) e o valor mais próximo possível da carga de desvio no vão
dada por cada uma das parábolas.

A Figura 16.42 ilustra com um exemplo a distribuição das forças de desvio numa viga
simplesmente apoiada numa extremidade e encastrada na outra. As forças de desvio
variam ao longo do eixo da viga de acordo com a flecha de cada uma das parábolas.

λ λ

qi = P y i'' , i = 1, 2, 3

Figura 16.42  Forças de desvio num cabo com concordâncias.

16.7.5 Sequência de projecto

A sequência do projecto duma viga pré-esforçada inicia-se em geral pela quantificação


das acções permanentes G e das acções variáveis Q que actuam sobre a viga. Estima-se
então uma solução de pré-esforço para o elemento estrutural. Nas situações correntes de
pré-dimensionamento procura-se que o pré-esforço equilibre 60 a 80% do valor da acção
permanente.

A verificação da segurança é efectuada em termos de tensões do betão em serviço e à


rotura pelo menos em duas fases distintas da vida da estrutura, nomeadamente, logo
após a aplicação do pré-esforço e na fase de exploração (ver Quadro 16.2). Na primeira
fase é contabilizado o pré-esforço aplicado inicialmente (P=Po≈1,1×1,15 P∞≈1,3P∞,
correspondendo 1,1 ao factor para a obtenção do valor característico do pré-esforço e
1,15 para ter em atenção as perdas) e são consideradas apenas as acções permanentes
efectivamente mobilizadas aquando da aplicação do pré-esforço. Durante a fase de

16.34 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

exploração são efectuadas as combinações de acções relevantes considerando-se o pré-


esforço a tempo infinito (P=P∞), ou seja após a ocorrência da totalidade das perdas
diferidas.

Quadro 16.2  Fases da verificação da segurança.

Fase: Combinação de acções:


Situação inicial G+Po
Situação final Quase permanentes G+P+Ψ2 Q
Frequentes G+P+Ψ1 Q
Fundamentais G+P+1,5 Q

16.8 Aplicação a lajes

As vantagens da utilização do pré-esforço em lajes decorre das já expostas para as


vigas. Nomeadamente permite a redução das deformações e o controle da largura de
fendas, permite a redução da espessura das lajes e o aumento dos vãos propiciando
soluções arquitectónicas mais arrojadas.

É no dimensionamento de lajes pré-esforçadas que o método das cargas equivalentes


encontra a sua principal área de aplicação. A adopção desta metodologia a estruturas de
maior complexidade tem a grande vantagem de haver a cada momento do cálculo uma
melhor compreensão do efeito do pré-esforço no funcionamento estrutural. Acresce o
facto de ser um método em que a acção equivalente do pré-esforço é facilmente incluído
nos programas de cálculo automático, por mais complexos que sejam os modelos
numéricos a eles associados.

A aplicação do método a lajes maciças ou a lajes aligeiradas armadas numa só direcção é


em tudo idêntico ao processo referido para as vigas. O pré-esforço longitudinal é
determinado por forma a equilibrar uma parcela das acções permanentes, satisfazendo
os estados limites de utilização, e é calculada a armadura passiva por forma a serem
satisfeitas as condições de segurança estrutural em termos de estados limites últimos de
resistência. Na definição da armadura de distribuição a dispor transversalmente, assim
como das restantes armaduras passivas, são seguidas as regras gerais das lajes
betonadas in situ conforme se indica por exemplo no Eurocódigo 2 (ver 5.4.3. do EC2).

Nas situações em que as lajes têm apoios directos em vigas ou em paredes, a eficiência
do pré-esforço conduz a que em geral seja suficiente dotar de armadura principal de
flexão apenas uma das direcções, mesmo quando na direcção ortogonal existam apoios.
Evita-se deste modo a complexa execução em obra de lajes pré-esforçadas em duas

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.35


Estruturas de Betão

direcções. Como as lajes são elementos laminares de pequena espessura, a perda de


altura útil numa das direcções devido ao cruzamento das unidades de pré-esforço
constitui também um óbice à solução de dispor de armadura de pré-esforço em duas
direcções.

Exemplo de aplicação:

A laje maciça representada na Figura 16.43 tem 0,30m de espessura, é armada numa
direcção e tem três tramos com os comprimentos indicados. Transversalmente a laje é
apoiada em vigas. Além do peso próprio a laje está sujeita a uma acção permanente de
2,5kN/m2 e uma sobrecarga q=10kN/m2 (Ψ1=0,6; Ψ2=0,4). A laje vai ser pré-esforçada
com cordões não aderentes de 0,6” de diâmetro.

a) Para o traçado idealizado representado e admitindo o pré-esforço médio


P=1000kN/m, calcular a acção equivalente ao pré-esforço;

b) Determinar os diagramas de momentos isostáticos, hiperestáticos e totais devidos


ao pré-esforço por faixa de metro de largura de laje;

c) Definir um traçado prático a dar aos cordões tendo em atenção a devida


concordância (raio mínimo de desvio Rmin=2,0m). Calcular a acção equivalente ao
pré-esforço admitindo o mesmo valor de pré-esforço (P=1000kN/m).

Figura 16.43 ― Exemplo de aplicação: laje maciça.

16.9 Aplicação a lajes fungiformes

16.9.1 Introdução

As soluções de pré-esforço em lajes fungiforme podem ser as mais variadas mas


assentam fundamentalmente na definição de bandas de apoio conforme se esquematiza
na Figura 16.44. Em regra pode considerar-se que estas bandas têm a largura do pilar
acrescida de três vezes a espessura da laje.

16.36 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

Figura 16.44  Bandas de apoio em lajes fungiformes.

Em geral distinguem-se duas soluções fundamentais de distribuição em planta dos cabos


de pré-esforço (ver Figura 16.45 a)): (i) ou o pré-esforço é repartido nas duas direcções
em toda a extensão da laje; (ii) ou é apenas concentrado nas bandas de apoio.

Na solução de pré-esforço repartido uma certa quantidade de unidades de pré-esforço


são distribuídas na zona do vão da laje enquanto outras são concentradas nas bandas de
apoio. A distribuição de pré-esforço numa grande extensão conduz frequentemente à
utilização de monocordões, de pequeno diâmetro, conduzindo por consequência ao
aumento da altura útil da secção. Por outro lado a distribuição de pré-esforço em toda a
extensão da laje permite o equilíbrio mais eficiente das cargas uniformemente
distribuídas.

Neste esquema estrutural os cabos que se distribuem na zona do vão dos painéis de laje
solicitam as bandas de apoio da direcção ortogonal que por sua vez transmitem a acção
aos pilares. Como adiante se verá, a consequência deste percurso das acções traduz-se
na necessidade de as considerar no cálculo duas vezes antes de serem transmitidas aos
pilares.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.37


Estruturas de Betão

a) Pré-esforço repartido; b) Pré-esforço por bandas de apoio.

Figura 16.45  Soluções de pré-esforço em lajes fungiformes.

Na solução de pré-esforço por bandas de apoio todo o pré-esforço é concentrado nos


segmentos da malha definida em planta pelos pilares. A zona dos vãos da laje é armada
exclusivamente com armadura passiva. Quando comparada com a anterior esta solução
apresenta menor quantidade de pré-esforço aplicado em obra mas em contrapartida
exige uma maior quantidade de armadura passiva, nomeadamente na zona dos vãos. A
concentração do pré-esforço aplicado numa menor largura implica em geral a utilização
de menos unidades de pré-esforço mas de maior diâmetro, facilitando por um lado as
tarefas de injecção das bainhas mas tendo por consequência a redução da altura útil. Ao
contrário da anterior esta solução confere uma maior facilidade na acomodação de
aberturas na zona dos vãos o que neste tipo de elemento estrutural pode ser muito
vantajoso.

a) Pré-esforço repartido; b) Pré-esforço por bandas de apoio.

Figura 16.46  Outras soluções de pré-esforço em lajes fungiformes.

16.38 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

Por vezes são adoptadas soluções híbridas das duas anteriores (ver Figura 16.46), em
que, por exemplo, numa das direcções o pré-esforço é concentrado nas bandas de apoio
e na outra direcção é distribuído em toda a extensão da laje. Esta solução permite mais
facilmente acomodar grandes aberturas numa das direcções dos vãos e diminuir um
pouco a quantidade de cabos sobre os pilares. A Figura 16.47 ilustra um caso de obra de
uma laje fungiforme com pré-esforço repartido.

Figura 16.47 ― Laje fungiforme com pré-esforço repartido.

16.9.2 Pré-esforço repartido

Na Figura 16.48 apresenta-se um esquema simplificado de transmissão das cargas


equivalentes de um painel de uma laje fungiforme com pré-esforço repartido em planta
em toda a extensão da laje. Os cabos de pré-esforço dispostos na zona do vão numa
dada direcção transmitem a acção para as bandas de apoio orientadas na direcção
ortogonal. As bandas de apoio transmitem então esta acção para os pilares. Por
simplicidade de análise considera-se neste esquema apenas um cabo actuando em cada
direcção na zona do vão e um cabo em cada um das bandas de apoio.

Sendo q [kN/m2] o valor da carga uniformemente distribuída que se pretende equilibrar


com o pré-esforço, os cabos dispostos ortogonalmente na zona do vão hão-de, cada um
deles, equilibrar uma parcela desse valor. Em particular, para uma malha quandrangular
de pilares (lx=ly), os cabos dispostos em cada direcção deverão corresponder a uma
carga equivalente dada por:

q x = 0,5 q [kN / m ];
2
( 16.74 )

q y = 0,5 q [kN / m ] .
2
( 16.75 )

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.39


Estruturas de Betão

Figura 16.48  Pré-esforço repartido: cargas equivalentes.

As reacções de apoio destes cabos distribuídos no painel sobre as bandas de apoio são
dadas por:

ly
q' x = q y = 0,25 q l y [kN / m] , ( 16.76 )
2

q' y = q x
lx
= 0,25 q l x [kN / m ] , ( 16.77 )
2

sendo estas as cargas que os cabos instalados nas bandas de apoio deverão equilibrar.

As cargas equivalentes totais que devem ser equilibradas pelo pré-esforço num painel
completo de laje, bandas de apoio incluídas, em cada uma das direcções são então dadas
por:

q total
x
= q x l y + 2 q ' x = 0,5 q l y + 2 × 0,25 q l y = q l y [kN / m] , ( 16.78 )

q total
y
= q y l x + 2 q ' y = 0,5 q l x + 2 × 0,25 q l x = q l x [kN / m] . ( 16.79 )

Ou seja, em cada direcção o pré-esforço a aplicar deverá realizar a totalidade da acção a


equilibrar. O pré-esforço assim determinado deverá ser dividido em partes iguais,
metade repartido no painel e metade concentrado nas bandas de apoio. O valor total do
pré-esforço a aplicar em cada direcção para equilíbrio da carga uniformemente
distribuída q obtém-se por:

q l x2
Px = , ( 16.80 )
8 fx

q l y2
Py = , ( 16.81 )
8 fy

16.40 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

Na prática o pré-esforço repartido numa laje não induz cargas lineares como foi
simplificadamente atrás referido mas sim uma carga equivalente que é uniformemente
distribuída como se representa na Figura 16.49. Nesta perspectiva são definidas quatro
zonas, às quais corresponderão outros tantos valores diferentes forças de desvio,
conforme se esquematiza na Figura 16.50.

Figura 16.49  Diferentes zonas de cargas equivalentes no pré-esforço repartido.

Figura 16.50  Cargas equivalentes no pré-esforço repartido.

Na zona do vão da laje as forças de desvio em ambas as direcções sobrepõem-se,


gerando uma acção uniforme que se opõe à acção gravítica (zona I). Sobre os pilares, a
inversão da curvatura dos cabos ortogonais induzem cargas descendentes que se
adicionam, produzindo uma reacção que agrava localmente o efeito das acções gravíticas
(zona IV).

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.41


Estruturas de Betão

Na zona do vão das bandas de apoio, à força de desvio ascendente dos cabos aí
localizados subtraem-se as reacções de apoio dos cabos distribuídos no vão da laje
(zonas II e III), produzindo uma resultante de valor reduzido. Neste esquema de forças
de desvio, como nos descritos para as vigas, a resultante é nula ou seja, o integral das
cargas ascendentes na zona do vão da lajes igualará em valor absoluto o das acções
descendentes na zona dos apoios.

Nas situações correntes de dimensionamento de lajes fungiformes, com base no método


dos pórticos equivalentes, será suficiente um estudo baseado num modelo de cálculo de
estruturas reticuladas planas, adoptando a distribuição de cargas equivalentes descrita
na Figura 16.48. Na utilização de modelos numéricos mais completos, como o método
dos elementos finitos, é simples a adopção do sistema de cargas equivalentes
representado na Figura 16.50.

16.9.3 Pré-esforço por bandas de apoio

A solução de pré-esforço concentrado nas bandas de apoio não permite equilibrar


perfeitamente as cargas uniformemente distribuídas como no método anterior. Nesta
solução o pré-esforço é em geral determinado por forma a reduzir ou eliminar flechas ou
momentos flectores em pontos seleccionados da laje, como por exemplo, no ponto
central do painel.

Figura 16.51  Pré-esforço por bandas de apoio: funcionamento estrutural.

A Figura 16.51 ilustra o processo de distribuição das cargas nos painéis de uma laje
fungiforme em que os alinhamentos dos pilares foram enrijecidos (aplicação de pré-

16.42 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

esforço). A carga uniformemente distribuída é transmitida pelo painel da laje para as


bandas de apoio que por sua vez a transmitem aos pilares. Nesta solução o equilíbrio de
uma carga q distribuída na laje conduz a que os cabos, concentrados nas bandas de
apoio, devam equilibrar um diagrama de cargas triangular, conforme representado na
figura.

Na solução descrita anteriormente  pré-esforço repartido  o diagrama de cargas


equivalentes a induzir no betão pela totalidade dos cabos localizados numa dada direcção
é rectangular. A Figura 16.52 estabelece uma comparação entre estas duas
metodologias. A redução do momento flector máximo de uma solução para a outra é de
2/3. Ou seja, na solução por bandas de apoio o pré-esforço a aplicar pode ser reduzido
de 2/3 quando comparado com a metodologia do pré-esforço distribuído.

q l y l x2 q l y l x2
Mmáx = Mmáx =
8 12

a) Pré-esforço repartido; b) Pré-esforço por bandas de apoio.

Figura 16.52  Cargas equivalentes em lajes fungiformes.

O valor do pré-esforço a aplicar na solução de pré-esforço por bandas de apoio pode ser
determinado a partir das expressões ( 16.80 ) e ( 16.81 ) reduzindo-o então do factor de
2/3.

Na solução de pré-esforço por bandas de apoio as cargas que actuam sobre o painel são
resistidas apenas por armadura passiva, calculada especificamente para o efeito.
Contudo, qualquer que seja a solução de pré-esforço é necessário dispor de armadura
passiva em toda a extensão da laje, não constituindo por isso este facto uma verdadeira
desvantagem em relação à solução descrita anteriormente.

16.9.4 Concordância dos cabos de pré-esforço em lajes fungiformes

Uma das principais questões a resolver no dimensionamento de lajes fungiformes está


relacionada com o punçoamento. Atendendo a que na zona da concordância dos cabos
sobre os pilares há uma inversão do diagrama das forças de desvio, assumindo nesta
zona valores muito significativos, deve ser dada especial atenção à localização dos
respectivos pontos de inflexão. Ensaios realizados recentemente confirmaram que estes

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.43


Estruturas de Betão

pontos devem ser localizados, sempre que possível, no interior do perímetro crítico de
punçoamento, conforme se ilustra na Figura 16.53. Ou seja, tais pontos de inflexão
deverão ficar a uma distância inferior a d/2 da face do pilar, em que d representa a
altura útil da laje. Se por razões construtivas tal não for possível, deverá então proceder-
se ao estudo detalhado da transferência de esforços de corte na zona com recurso, por
exemplo, a um modelo de análise tridimensional.

Figura 16.53  Localização dos pontos de inflexão de cabos em lajes fungiformes.

Quando nas situações de pré-dimensionamento em que ainda se não conhecem as


dimensões dos pilares mas apenas a localização do seu eixo, poderá ser suficiente em
primeira aproximação fixar a distância do ponto de inflexão ao eixo do pilar em 0,05l,
sendo l o vão corrente da laje.

O efeito favorável do pré-esforço na verificação da segurança ao punçoamento resulta


essencialmente da melhoria das características resistentes do betão ao corte quando está
comprimido e da eventual redução dos esforços actuantes por via da actuação das forças
de desvio. Dada a sua importância este tema deverá adiante retomado e tratado com
todo o pormenor porquanto condiciona frequentemente o dimensionamento das lajes
fungiformes.

A aplicação de pré-esforço a lajes fungiformes conduz ao cruzamento de unidades de


pré-esforço mas para as quais existem alguma soluções desenvolvidas para o efeito.
Assim, nos sistemas de pós-tensão utilizados em lajes é frequentemente adoptado o pré-
esforço não aderente em monocordões (ver Figura 16.54a)) que por serem de menor
diâmetro conduzem: (i) a um maior número de unidades e consequentemente a uma
melhor distribuição em planta do pré-esforço; (ii) a uma aumento da altura útil das
secções quando comparado com a solução de bainha contendo vários cordões (ver Figura
16.54b)). Além disso, mesmo na solução de diversos cordões em bainhas são propostas
por diversos fabricantes soluções de bainhas achatadas, em alternativa às bainhas

16.44 Departamento de Engenharia Civil


Pré-esforço

circulares. Na Figura 16.55 comparam-se diferentes soluções de sistemas de pós-tensão


tendo em vista a minimização do feito da redução da altura útil nas zonas de cruzamento
dos cabos.

a) bainha contendo cordão não aderente; b) bainha com cabo de 7 cordões


aderentes.

Figura 16.54  Sistemas de pós tensão.

a) Pré-esforço aderente b) pré-esforço não aderente c) pré-esforço não aderente


(baínha circular); (baínha achatada); (monocordões).

Figura 16.55  Valor das excentricidades úteis em lajes para diferentes soluções de pré-
esforço.

16.10 Considerações Finais

No presente capítulo foi apresentado o cálculo do efeito do pré-esforço recorrendo à


definição do conceito de acção equivalente.

O efeito do pré-esforço pode resumir-se aos seguintes fenómenos principais:

 Presença de forças de desvio que em geral se opõem às acções com caracter


de permanência;

 Transmissão da carga equilibrada às extremidades do cabo através de forças


concentradas;

 Introdução de uma compressão favorável que reduz ou anula a fissuração;

 Redução total ou parcial dos esforços transverso e de flexão em função do valor


do pré-esforço e das forças de ancoragem;

 Significativa redução das flechas para as acções permanentes.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.45


Estruturas de Betão

A acção equivalente ao pré-esforço é constituída por forças de desvio, distribuídas ou


concentradas, e por forças de ancoragem. As cargas equivalentes são independentes do
sistema estático e permitem uma análise expedita e precisa dos efeitos do pré-esforço.

O método das cargas equivalentes revela-se particularmente eficaz no caso de estruturas


hiperestáticas, planas e espaciais.

16.11 Bibliografia

FAVRE, Renaud [et al.] ― Traité de Génie Civil. Dimensionnement des Structures en
Béton. Vol. 8. Presses Polytechniques et Universitaires Romandes, 1977. p. 14-54.

LEET, Kenneth; BERNAL, Dionisio  Reinforced Concrete Design. McGraw-Hill


International Editions. 1997. ISBN 0-07-115372-1. p. 440-503.

LEONARDT, Fritz; MÖNNIG, Eduard  Construções de Concreto. Vol. 5. Editora


Interciência L.da, Rio de Janeiro, 1977. p. 163-187.

NILSON, Arthur H.; WINTER, George  Design of Concrete Structures. McGraw-Hill


International Editions. 1991. ISBN 0-07-100844-6. p. 750-756.

NAWY, Edward G.  Prestressed Concrete. p. 312-320.

Betão Armado e Pré-Esforçado II. Vol II – Dimensionamento de Estruturas de Betão


Armado Pré-Esforçado. Instituto Superior Técnico. Departamento de Engenharia Civil.
Lisboa, Janeiro, 1998. p. 33-44.

Betão Pré-Esforçado. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Departamento


de Engenharia Civil. Secção de Estruturas. Porto, 1997. p. 1.31-1.39.

NP EN 1992-1-1 (2008) – Eurocódigo 2: Projecto de estruturas de betão. Parte 1-1:


Regras gerais e regras para edifícios. Instituto Português da Qualidade.

16.46 Departamento de Engenharia Civil


Departamento de Engenharia Civil

ANEXO
DISPOSITIVOS E UNIDADES DE

PRÉ-ESFORÇO

JANEIRO / 2011

Instituto Superior de Engenharia do Porto


Pré-esforço

Instituto Superior de Engenharia do Porto 16.i


O Pré-Esforço
em lajes
O Pré-Esforço em lajes
Vulgarmente utilizado, desde há muitos anos, em obras de arte
no mundo inteiro, o pré-esforço por pós-tensão impõe-se, cada
vez mais, no domínio da construção. Um crescente número de
arquitectos, promotores e gabinetes de projectos entenderam as
suas vantagens e utilizam-no na construção de edifícios.

As tendências arquitectónicas modernas, em correlação com o


nosso modo de vida, privilegiam as grandes superfícies de pavi-
mentos livres, a flexibilidade do ordenamento interior, a facilidade
de transformação e de circulação dos espaços. Tais exigências
podem ser satisfeitas com recurso ao pré-
esforço por pós-tensão, o qual permite a rea-
lização de grandes espaços sem obstáculos, sumário

com um mínimo de pilares e espessuras de


3 Um sistema activo
lajes reduzidas.
4 Aplicações variadas

5 Os benefícios de uma

tecnologia de ponta

6 Tipos de construção

e dimensões

8 Sistemas de

pré-esforço

10 Aplicação em obra

11 Referências
Um sistema activo

Compostos por cordões aderentes ou auto-embainhados, os cabos de pré-esforço, tam-


bém denominados “armaduras activas” - são instalados e fixados nas cofragens, depois
tensionados após a betonagem com a ajuda de equipamentos ligeiros.
Tirando partido da configuração geométrica do cabo, uma reacção inversa é gerada nos
vãos entre apoios, opondo-se assim às cargas actuantes e aliviando desta forma a laje
de pavimento. As cargas permanentes, ao serem, deste modo, compensadas, reduzem
as flechas dos elementos e os esforços internos. Sobre apoios, a curvatura dos cabos,
dirigida na direcção dela para baixo, opõe-se ao esforço de punçoamento proveniente
da reacção do apoio dos pilares.
Por último, graças ao pré-esforço, toda a espessura do betão participa na resistência à
flexão independentemente do tipo de cargas e, consequentemente, a espessura do
pavimento pode ser reduzida em relação a uma solução de betão armado de alcance
semelhante.
Chamamos “cabo” ao conjunto constituído pela armadura em aço (ou cordões) á
bainha protectora contendo os cordões, e ao produto de protecção.

O pré-esforço por pós-tensão, por oposição aos cabos


aderentes tensionados antes da betonagem, apresen-
ta-se em dois tipos:
• O pré-esforço não aderente, representado pelos
cordões embainhados e engraxados ou pelas bainhas
injectadas com um produto flexível (cera, massa lubri-
ficante, graxa, etc.);
• O pré-esforço aderente ou a injecção “rígida” (calda
de cimento) idêntica à usada na construção civil.

Só o comportamento à rotura do elemento varia segundo o tipo de pré-esforço utiliza-


do. Numerosos ensaios permitiram determinar as secções de armaduras passivas
necessárias para obter uma segurança à rotura equivalente para os dois processos.

Cargas verticais

Cargas transferidas aos apoios Eixo Neutro do Elemento

Cabo de Pré-Esforço Efeito de compensação das cargas verticais Biela de


compressão

3
Aplicações variadas

A flexibilidade de aplicação - efectuada com a ajuda de material ligeiro - e as


características mecânicas do pré-esforço por pós-tensão Freyssinet, fornece aos
arquitectos, projectistas, gabinetes de estudo e promotores, uma solução econó-
mica para a concepção de pavimentos e terraços numa grande diversidade de
projectos:

• Edifícios de escritórios e habitações;


• Parques de estacionamento subterrâneos;
• Hospitais;
• Escolas;
• Centros comerciais;
• Construções industriais;
• Salas desportivas;
• Obras especificas (reservatórios de vários andares,
reservatórios de armazenagem).

São de considerar dois domínios de aplicação principais:

Pavimentos e lajes de fundação dos edifícios

O pré-esforço contribui para a resistência à flexão devido às cargas de exploração


(pavimentos) ou às reacções do solo (lajes). É o caso dos parques superiores ou
subterrâneos, dos edifícios de escritórios, das bibliotecas, hospitais, etc.
Para as lajes sujeitas a sub-pressões, a compressão permanente do betão oferece uma
garantia complementar de impermeabilidade da construção.

Lajes Industriais

O pré-esforço rectilíneo e centrado contribui essencialmente na luta contra os efeitos


de retracção do betão e em melhorar a resistência à flexão. Podemos, pois, fazer lajes
industriais de enormes dimensões, sem juntas intermédias, o que é particularmente
apreciável no caso de instalações de controlo automático, para o qual devem as
superfícies estar perfeitamente lisas.
É igualmente interessante suprimir as juntas que constituem um ponto fraco da uti-
lização devido ao tráfego. O pré-esforço permite a realização de pavimentos com
nivelamento muito cuidado.

4
As vantagens de uma tecnologia de ponta

A Freyssinet desenvolveu um sistema de pré-esforço compacto, coberto por um


Certificado Técnico Europeu, especialmente adaptado ao pré-esforço de elementos
planos. Este sistema substitui vantajosamente as lajes tradicionais em betão armado
ou outro sistema composto utilizado na construção.

Ele oferece numerosas vantagem, tais como:

- O aumento de vãos e da capacidade de carga;


- A diminuição da espessura das lajes;
- A redução das repercussões nas vigas;
- A redução do próprio peso, da quantidade de materiais
e do peso sobre as fundações;
- A forte redução e a simplificação das armaduras passivas;
- A redução do número de juntas de dilatação e de pilares;
- Um melhor comportamento ao punçoamento;
- Um excelente comportamento em regiões sísmicas;
- Um aumento da resistência à fissuração;
- Uma impermeabilidade acrescida devido à compressão do betão;
- A utilização de cabos auto-protegidos;
- A compensação das flechas;
- A retirada da cofragem em 3 dias;
- A adaptação à geometria variável e complexa da construção.

Junta de dilatação Aumento dos vãos

Diminuição
de altura

9 pisos
(r+8)

5 pisos de
estacionamento
Ganho
de volume
de escavação
Sem junta de dilatação
60 m 60 m

Edificio Betão Armado Edificio Betão Armado Pré-Esforçado

5
Tipos de construção e dimensões

Tipo de pavimentos Campos de aplicação

• Vãos sensivelmente iguais nas duas direcções;


• Cargas de serviço relativamente ligeiras;
Lajes • Imóveis de habitação, imóveis de escritórios,
fungiformes hotéis, hospitais, parques de estacionamento;
• Vãos: 5 a 12m.

Laje
fungiforme • As aplicações são as mesmas que para as lajes de
com reforço de pavimento, mas para vãos que podem ir até 16 m.
punçoamento

• Recomendado para construções com


vãos preponderantes numa direcção;
Laje com vigas
principais • Cargas de serviço relativamente moderadas;
numa direcção • Centros comerciais, parques de estacionamento, escolas;
• Vãos preponderantes: até 16m.

• Vãos sensivelmente iguais nas duas direcções;


• Cargas de serviço relativamente moderadas;
Laje vigada • Imóveis de escritório, hotéis, hospitais,
parques de estacionamento;
• Vãos: de 10 a 20m.

Laje
nervurada

• A utilizar para fortes sobrecargas;


• Bibliotecas, construções industriais, construções
de aeroportos;
• Vãos; de 10 a 20m.

Lajes vigadas
reforçadas

6
Rácio
Dimensões usuais Cargas de
Comprimento/
serviço kN/m2
Espessura (E)

1,5 42

e
2,5 40

5,0 36

1,5 46
e
3/4 e
2,5 44

Vão/3
5,0 40

1,5 48

e
e
2,5 45

Vão/5
5,0 40

LAJE (e1) VIGA (e2)


1,5 46 20

e1
e2
2,5 42 18

5,0 38 16

2,5 30

e
5,0 27

10,0 24

2,5 25

e
5,0 23

10,0 20

Estes rácios “usuais” são apresentados a título indicativo.

7
Sistemas de pré-esforço (Coberto por um Certificado Técnico Europeu)
Pré-esforço aderente (cabos nus)

Ancoragens activas (Gama F)

Tubo injecção
10°

G2
A

Ancoragem plana
50
70 para ambiente agressivo

Cofragem
10°

Machão Bainha plana


B

G1

Dimensão A B C G H G1 x G2
C
A 3F A 3F 13 85 180 163 95 190 58 x 21

A 4F13 85 230 163 95 240 58 x 21


Ancoragem

A 4F A 5F 13 85 270 163 95 280 75 x 21

A 3F 15 85 190 163 95 200 58 x 21


A 5F
A 4F 15 90 230 163 100 240 75 X 21

A 5F 15 95 270 163 105 280 90 x 21

Ancoragens fixas (NE) (G)


Purga Purga
Machão Bulbo
Tubo oblongo Tubo oblongo
Mastic Mastic
Bainha plana Bainha plana
100

300 / 300 / 400 W 950


Chapa aço
T13 : 150 / 200 / 250
T15 : 225 / 300 / 375
L1

80 80

55 55 55 55 55 55 55 55
260 260

Dimensões L1 e W são referentes a unidades de 3, 4 e 5 cordões

8
Pré-esforço não aderente (cabos embainhados engraxados)

Unidade mono-cordão (1F13/1F15)


Ancoragem activa Ancoragem passiva
O-Ring
Argamassa de baixa mola
relaxação Tubo ligação
Cinta aderente Cunha pré-blocada
Protecção roscada
35,5
26
87,5

Graxa
97

144
Graxa

22
47 64

Chapa de repartição Machão T15D


Geometria do negativo

130
30°
70

Unidade Multi-cordão (Gama F)

Capot PEAD A 3F
10°

A 4F
G
A

A 5F
Ancoragem plana
H
Chapa de posicionamento
50
70 para ambiente agressivo
Dimensão A B C G H
10°

Cofragem
Preenchimento de graxa A 3F 13 85 180 163 95 190

Mastic A 4F 13 85 230 163 95 240


Ancoragem

A 5F 13 85 270 163 95 280


Graxa
B

A 3F 15 85 190 163 95 200

A 4F 15 90 230 163 100 240

A 5F 15 95 270 163 105 280


C

9
Aplicação em obra

Instalação de cabos de pré-esforço

No caso do pré-esforço aderente, o


aço é entregue no estaleiro sob a
forma de bobinas (cerca de 3 tone-
ladas). É desenrolado, cortado no
comprimento necessário e enfiado
nas bainhas antes da betonagem.

Para o pré-esforço não aderente,


os cabos são frequentemente
entregues pré-fabricados (equipados
com ancoragens nas extremidades).
Eles são instalados directamente no
reforço, sobre cadeiras colocadas na
cofragem.

Betonagem

Os cabos podem ser tensionados


com macacos ligeiros de mono-
cordão, em geral, três dias após
a betonagem, permitindo, deste
modo, a remoção da cofragem.

Macacos de tensionamento compactos e ligeiros

Fmax=230kN
107

Sobrecomprimento do cordão
350 mm
Fechado: 710 mm - Aberto: 890 - Curso: 180 mm

10
Referências

1/ Hotel Concorde Lafayette em Paris (França), 1974.


2/ Armazém C&P em Jurong (Singapura), 1997.
3/ Parlamento Europeu de Estrasburgo, 1998.
4/ Parque de estacionamento Auchan Gramont,
Toulouse, (França), 2003-2004.
5/ Torre Telecom Malásia em Kuala Lampur
(Malásia), 1998.
1

3 2
4 5

6
7 8

6/ Projecto Blenheim Centro em Hounslow


( Grã-bretanha), 2005.
7/ Torre do Banco Nacional em Abu Dhabi
( Emirados Árabes Unidos), 2004.
8/ Parque de estacionamento do Hotel
do Departamento em Versailhes (França), 1989

11
Rua Padre Américo, N.º 8-B, Escritório 2
1600-548 Lisboa - PORTUGAL
Tel: +351 217 161 675 ; Fax: +351 217 164 051
w w w. f rey s s i n e t . co m
R E P O R T PRESTRESSED CONCRETE FLOORS

A FAR-REACHING TECHN
Market necessities, force of habit
BONDED PRESTRESSING is made up of strands enclosed in
and the culture of the sector a sheath injected with a rigid product (such as cement grout).
have favoured the growth of floor
prestressing in many countries,
but have not allowed it to develop
in France. This situation could
change with the introduction of
new regulations in 2006 and thanks
to concerted efforts at Freyssinet.

comments Fernand De Melo,


Freyssinet’s Technical Director in
France who, having worked abroad
for a long time naturally mentions
Australia, South East Asia, Singa-
pore and Hong Kong, regions
where the combination of rapid
urban growth and a lack of space
have favoured the technique.
"But," he emphasizes, "much
closer to home, Great Britain is a
key example, if not a model." (see
page 13). "On the one hand, the
advantages of the technique are
THE MALAYSIA TELECOM glaringly obvious," continues the
TOWER in Kuala Lumpur UN-BONDED PRESTRESSING is made up of sheathed greased
Technical Director, inviting us to strands directly installed within the floor slab or inserted into
(Malaysia): 76 floors,
230,000 m2 (1997). compare two photos of car parks, sheaths injected with a flexible product (wax, grease, etc.).
one conventional, with a forest of
pillars, the other astonishingly spa-
ORE THAN HALF A CENTURY cious and clearly better able to
M LATER the opposition encoun-
tered to prestressed floors in
facilitate traffic movements and
parking. "In fact," explains Fer-
France is a reminder at Freyssinet of nand De Melo, "the advantage of
the opposition Eugène Freyssinet prestressing, which is found in civil
had to overcome at the time of his engineering and the building trade
invention. Of course, this time it is with this type of floor, can be
not a question of bringing about summed up in two terms: increase
acceptance of an idea or a new of span, which in this case can be
material, but of changing design up to 15 m as opposed to 7 to 8 m,
and implementation habits in and the weight reduction of struc-
order to allow the technique to tures (floor thicknesses can be
extend its field of application reduced from 40 to 20 or 25 cm)".
beyond the few cases where it is This brings a whole range of advan-
absolutely necessary. "Luckily tages such as the reduction of
there’s no shortage of references", expansion joints and the cost of

10 Soils & Structures Second half of 2005


DOSSIER

IQUE A Full Range of Solutions


TWO TECHNIQUES...
There are two types of technique for prestressed floors: pre-
stressing by bonded post-tensioning, in which the bare strands in
a smooth or ribbed sheath are injected with cement grout after
being tensioned and un-bonded prestressing, which uses strands
remaining free inside a sheath, where they are protected from
corrosion by a grease.
Un-bonded prestressing is often more economical for floors not
subjected to excessive loads. It is less advantageous if a high
level of prestressing is needed (premises subjected to significant
loads such as archive buildings) or if there is a risk that floor
openings will be made after pouring, since un-bonded prestress-
ing requires the recreation of anchors after the tendons are cut.
In certain cases, the two techniques are combined: bonded pre-
stressing in beams and un-bonded prestressing in slabs.

…TWO SORTS OF STRAND, SEVERAL TYPES OF ANCHOR


The two diameters of strand used are 15.70 mm (T15 strand)
and 13 mm (T13). Depending on the diameter and the number of
strands they receive (1, 3, 4, 5), the anchors are given code
names that are easy to decipher: 1E15 (1 strand of 15), 3E13,
3E15, 4E13, 4E15, etc.

IMPLEMENTATIONS
Unlike subcontract packages that do not interfere with the ’criti-
cal path’ of the project, floor prestressing involves cooperation
between the main structure contractor, who frequently carries out
the main work (formwork, passive reinforcement and concrete
placement), with the Freyssinet teams responsible for installing,
inspecting and stressing the post-tensioning materials. Comply-
ing with the positioning tolerances within the slab thickness is
critical to the execution phase. It has led Austress Freyssinet to
develop a range of "chairs" making it possible to guarantee the
positioning of the sheaths to a close tolerance. These are now
also used in Great Britain.

can be gained every 20 to 25 floors. France,” Fernand De Melo believes.


Finally, structural simplification “On the one hand, this is because
equals savings on materials and a construction design offices are not
reduction in overall cost – advan- used to designing using the tech-
tages that companies can’t ignore nique, and on the other hand its
when preparing their responses to because general contractors that
maintaining them, etc. The bene- favourable for creating open invitations to tender. Freyssinet could turn to specialist design
fits of the technique in terms of spaces that are easy to fit out and estimates that savings of the order firms are reluctant to do so for fear
applications follow on very logi- are highly suitable for office build- of 15 to 20% can be made. Paradox- of losing control.” “It also suffers
cally from this basic data. ings, as well as facilities such as ically, since its appearance in the from a special technical status that
shopping centres, airports and car 1980’s as an adaptation of the tech- limits it to such cases where there
Vast Platforms parks. For building owners, this nique used for civil engineering are large spans, unusually heavy
For architects and project man- space saving also translates very structures, floor prestressing has live loads and to what are known as
agers, this makes it possible to firmly into extra square metres of never really taken off in France. ’transfer floors’, where it represents
“save space” with vast column free space, particularly in the case of “Prestressing is not part of the the necessary alternative to rein-
platforms, which are very very tall buildings, where one level building construction culture in forced concrete,” explains

Second half of 2005 Soils & Structures 11


R E P O R T PRESTRESSED CONCRETE FLOORS

1 2
5

3 4

6 7

Christian Lacroix, Freyssinet neering structures but has been duction of the Eurocode. More innovative and competitive.

Regional Director for Île-de- shown to be unfavourable for pre- favourable to the technique, this “The Freyssinet technical depart-
France. Regulations have also been stressed concrete floors, where it regulation drafted within the Euro- ment dedicated to prestressed
a hindrance. The BPEL (béton pré- leads to an increase in passive steel pean framework could restart a floors consists of a manager at each
contraint aux états limites / pre- quantities and consequently the process by allowing companies to of Freyssinet France’s regional
stressed concrete at limit states) cost price. use the services of design firms offices and is responsible for ensur-
calculation method used as a refer- In this apparently static context an applying the new calculation ing that expertise is pooled and
ence by the technical inspection important change will nevertheless method, enabling them to make that we function as a network,”
services is applicable to civil engi- occur as from 2006 with the intro- their designed structures more says Fernand De Melo, “and we

12 Soils & Structures Second half of 2005


DOSSIER

For bonded prestressing, the


strands are delivered to site on
reels (weighing around 3 tonnes).
They are unwound, cut to length
The Technique Saves Space and
and threaded into the sheaths
before concreting (2).
For un-bonded prestressing, the
Reduces the Overall Cost of Projects.
cables (1) are usually delivered
prefabricated (fitted with anchors
at the ends). They are installed
directly in the reinforcements (3), “Belgium: a 25-year lead, but the same obstacles”
on the chairs placed on the
Over the last ten years, Freyssinet Belgium’s achieve- stressed floors and established contacts with very
formwork.
ments in Belgium and Luxembourg must represent active design firms. Our first projects were office
The cables can be tensioned
an average of 30,000 m2 of prestressed floors per buildings in Belgium and Luxembourg (offices for For-
using a light monostrand jack,
year," estimates Edouard Henrard, Sales Director of tis Banque, Brussels National Airport, the Social and
generally three days after
Freyssinet Belgium. This figure simply reflects the Educational Institute and hospitals, car parks and
concreting, thus allowing for the
adaptation of companies to their markets: in France, shopping centres, open space offices, etc.). For all
removal of the formwork (4-7).
the development of the motorways generated a good that, we encountered the same obstacles as in
deal of activity until 1985; this was not the case in France at all levels of the process. In France there is
Belgium, which is a small country where work of this an additional handicap due to the considerable devel-
type was completed in 1970. Necessity knowing no opment of prefabrication and the market share of
law, it is now over 25 years since we turned to pre- that technique in car parks and short-span buildings.”

Great Britain: regulations


change everything
Over the last 20 years, the annual production volume of boosted by the increase in the aver-
prestressed floors in Britain is estimated to have increased age height of buildings. In 2004 in
from less than 50,000 m2 to 1.3 million m2. At the end Manchester, Freyssinet Ltd made
of a 2005 business year with a particularly large number of 31,350 m2 of prestressed floors for a
projects completed in Britain and Ireland, Patrick Nagle, 47-storey building, which is more
Managing Director of British subsidiary Freyssinet Ltd., than 170 m high and will house the
and Paul Bottomley, Technical and Sales Director, answered Deansgate Hilton Hotel.
three questions for Soils & Structures.
Are British regulations favourable
How do you explain the success of This success is the fruit of the long- to this technique?
prestressed floors in Great Britain? term work undertaken by Freyssinet PAUL BOTTOMLEY. – The obligation
Is it a recent phenomenon? Ltd. and other companies to change you have in France to use a mini-
hope to be able to rely on Belgium, PATRICK NAGLE. – 10 years ago we had mentalities and culture in the United mum amount of passive steel in
where Edouard Henrard has been to canvass architects and consulting Kingdom - and it took some time. defined locations does not exist to
working with a design firm for some engineers, as it seems you have to do Another explanation, linked to a the same extent in the UK. Here,
time.” Before the new regulations in France with your partners, in more recent phenomenon, is that the rules for the design of pre-
come into force, this department order to convince them of the the increase in labour costs and steel stressed floors are defined by
will also benefit from the calcula- advantages of floor prestressing. prices has also increased the attrac- British Standard BS8110, supple-
tion expertise of two specialist Those days are all but gone and tion of prestressing. I would also add mented by technical report no. 43
engineers. In this field, support since the end of the 1990s, the trend the time saved on the site compared published by the Concrete Society.
for the French team will come has changed and so have mentali- with a reinforced concrete solution, These recommendations are in fact
from across the Channel, where ties. Today, people approach us to which accordingly represents a very favourable to the technique,
the British work according to a cost solutions that incorporate pre- financial saving for the general con- since they make it possible to
regulation (the British Standard) stressing right from the design stage. tractor and the space saving offered reduce the conventional reinforce-
similar to the Eurocode and have Cases come to us in the form of pre- by prestressed floors. In fact, within ment to a minimum. In practice we
agreed to provide advice and sup- liminary designs (slab configuration, the same “shell”, the designer can can often remove all the passive
port in the selection and use of cal- thickness, loads) to be finalized, plan for additional floors. Finally, I steel in the bottom mat and most of
culation software. which is what our design office does. would say that the success has been it in the top. This is completely

Second half of 2005 Soils & Structures 13


R E P O R T PRESTRESSED CONCRETE FLOORS

1
3
1. 72,000m2 of prestressed slabs were produced
for the Neder-over-Heembeek water treatment plant
in Vilvoorde (Belgium).
2. National Bank Tower in Abu Dhabi (United Arab
Emirates).
3. In the heart of London (United Kingdom), the
prestigious Esso Glen office complex has a total of
50,000m2 of prestressed floors.
4. A car park without prestressed floors, with its forest
of columns and cramped parking spaces.
5. The car park at Atatürk airport in Istanbul (Turkey),
designed with prestressed slabs, has large open
spaces.
6. Prestressing was used for the hemicycle at the
European Parliament in Strasbourg (1998) to reduce
the height of the structure (thinner floors), provide
stability and earthquake-resistant monolithic
behaviour, and optimise the spans between shells.
7. The prestressed slabs used for the new ExCel
exhibition centre in London give the building a high
load-bearing capacity.

“The Strength of Freyssinet Ltd. is its Considerable


Expertise and its Design Office.”
14 Soils & Structures Second half of 2005
6 7

different from what is custom-


Emirates: a technique

ary and permitted in France. As well


as that, the strength of Freyssinet
Ltd. in this field is its considerable
expertise and its design office,
that meets a need
which enable it to design and calcu- In the United Arab Emirates, floor prestressing has ects, our design office studies the
late prestressed floor solutions. been in regular use since the 1990s. Khalil Doghri, solutions to offer for the contrac-
Managing Director of Freyssinet Middle East in Dubai, tors and quantifies the savings that
In practice, how is your work on and Khalid Rabadi, Building Prestressing Division can be made. These optimized
sites organized, in particular with Manager, explain why. solutions represent 50 to 60% of
the contractor in charge of the the contracts we handle. Once the
main structure? What are the most important facts of the use of space and layout. This contractor is awarded the con-
P. N. – Sometimes, particularly in about Freyssinet Middle East’s is exactly the type of span permit- tract, we provide assistance with
Ireland, we are involved with the floor prestressing business? ted by our technique, which also implementation and materials,
general contractor, but more often KHALIL DOGHRI. – The technique, brings many other advantages, such as cables, sheaths, anchors,
than not our customer is in fact the which is limited to bonded pre- such as reduced floor thickness, etc. Our site superintendents
”frame” contractor who is respon- stressing, began in the region in elimination of beams, reduction in supervise the general contractor’s
sible for the formwork, reinforcing the 1990s after being introduced building height, ease of installa- workers, who install the prestress-
and placing the concrete. We work by the Australians. Today it is tion for air conditioning equip- ing, but we are responsible for the
with them to produce the slabs. widely used in the Emirates, espe- ment, etc. The technique is also work and are present at the time of
Unlike in France, where small areas cially in Dubai which is going attractive for main structure con- pouring. Beyond the technical
are worked on with daily rotations, through a building boom – the tractors as it allows them to build aspects we emphasize quality of
we work on larger pour areas, world’s tallest tower is being built more quickly using less steel and service, which is an integral part of
sometimes greater than 1000 m2 there. Floor prestressing is part of at a lower cost. As far as the spread technical quality and the warranty
with a cycle time of 4 to 6 days. Our the offering of many companies, of the technique is concerned, we given for the work. In practice, this
role consists of installing the pre- some of which are from Asia, Aus- are in the opposite situation to the assumes faultless organization so
stressing elements, tensioning the tralia, India, etc., including one or one in France, but for the same that the materials are supplied
strands and injecting the ducts two general contractors that have reason; force of habit, the culture exactly when they are required.
with the cement grout. The tech- acquired the know-how for of engineers and the way compa- We also have to coordinate our
nique has not disrupted the organ- smaller projects. nies build have ensured the devel- involvement with the work on the
ization of sites as we are relatively opment of prestressing in the main structure, which not all sup-
independent in relation to the How do you explain this success? building floors. pliers can do. We could doubtless
other operations. We are the ones K. D. – Buildings with spans of improve our command of this
who adapt, and that’s why the main more than 7 m are being suggested How is your cooperation with the service and our competitiveness
structure contractors use our increasingly often by architects for general contractors organized? by sharing our experiences more
services. their greater convenience in terms KHALID RABADI. – Upstream of proj- at a Group level. ■

Second half of 2005 Soils & Structures 15

Potrebbero piacerti anche