Sei sulla pagina 1di 80

Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Saúde Materno-infantil na Atenção Primária:


Guia de atividades práticas (2019)
Professoras responsáveis
Adriana Ponciano Sarkis Fernandes Rocha
Ciderléia Castro de Lima
Edilaine Assunção Caetano de Loyola
Grazielle Miranda Freitas
Silvana Albino Silva Santos Novais

Acadêmicos da XXXIV Turma

Acadêmicos da XXXI Turma

Este material é fruto de uma parceria entre MS/MEC/OPAS e a Universidade José do


Rosário Vellano-UNIFENAS.

2
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Sumário Orientações Gerais sobre o Módulo de Saúde Materno-Infantil


Silvana Albino S. Santos Novais, Maria de Lourdes Barbosa Negrão, Miriam Monteiro de Castro Graciano
Orientações Gerais sobre o Módulo de Saúde Materno-infantil na Comunidade ----------------------------------- 04
Silvana Albino Silva Santos Novais, Maria de Lourdes Negrão, Miriam Monteiro de Castro Graciano
Neste terceiro período do Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade, do
Endereços de Unidades de Saúde da Família de Alfenas---------------------------------------------------------------- 06
curso de medicina da UNIFENAS de Alfenas, durante o módulo de “Saúde da Família e
Fases do Desenvolvimento Humano ------------------------------------------------------------------------------------------ 09
Carla Rosane Ouriques Couto, Ciderléia Castro de Lima
Comunidade: Saúde Materno-Infantil”, você estudante, terá oportunidade de vivenciar a
política de saúde vigente no país relacionada à saúde da criança e da mulher. Os objetivos
Atenção Integral à Saúde da Criança ------------------------------------------------------------------------------------------ 11
Miriam Monteiro de Castro Graciano, Silvana Albino S. Santos Novais, Maria de Lourdes Barbosa Negrão, de aprendizagem são:
Ciderléia Castro de Lima,
1. Demonstrar a importância da abordagem materno-infantil para a estruturação da APS
A Consulta de Puericultura ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 17
Ciderléia Castro de Lima, Miriam Monteiro de Castro Graciano, Silvana Albino Silva Santos Novais, Maria de (Atenção Primária à Saúde);
Lourdes Barbosa Negrão
2. Conhecer a proposta de atenção vigente no MS (Ministério da Saúde) para gestantes e
As Necessidades das Crianças ------------------------------------------------------------------------------------------------- 22 crianças: protocolos e manuais;
Matilde Meire Miranda Cadete, Marisa Drumond Martins, Mara Vasconcelos, César Coelho Xavier
3. Compreender a importância de considerar a individualidade e a integralidade do
Nutrição nos Dois Primeiros Anos de Vida ----------------------------------------------------------------------------------- 34
Miriam Monteiro de Castro Graciano individuo na abordagem da saúde materno-infantil;

Avaliação Pondero-Estatural de Crianças Menores de Cinco Anos --------------------------------------------------- 51 4. Compreender o contexto de vida de gestantes e crianças com enfoque na abordagem
Silvana Albino Silva Santos Novais, Maria de Lourdes Barbosa Negrão, Miriam Monteiro de Castro Graciano
sistêmica e familiar e na abordagem da relação pais/bebê;
Avaliação do Desenvolvimento Infantil ---------------------------------------------------------------------------------------- 60 5. Vivenciar a abordagem domiciliar à gestante e criança;
Miriam Monteiro de Castro Graciano
6. Conhecer abordagem ao pré-natal de baixo risco, ao RN e criança no âmbito da APS;
Prevenção de Acidentes na Infância ------------------------------------------------------------------------------------------- 73
Lindalva Carvalho Armond, Mara Vasconcelos, Marisa Drumond Martins 7. Realizar procedimentos relacionados à atenção à saúde da mulher no ciclo gravídico-

Imunização de Gestantes e Crianças ------------------------------------------------------------------------------------------ 77 puerperal e na puericultura em Unidades de Saúde da Família;


Silvana Albino Silva Santos Novais, Miriam Monteiro de Castro Graciano
8. Desenvolver ações de educação em saúde mulheres em idade reprodutiva, gestantes e
Pré-Natal na Estratégia da Saúde da Família ------------------------------------------------------------------------------- 84 crianças da área de abrangência de uma unidade de saúde da família;
Linhas Guias da Rede Cegonha e Viva Vida, adaptadas por:
Andreia Majella da Silva Duarte Esteves, Miriam Monteiro de Castro Graciano 9. Realizar as atividades práticas proposta neste manual;
Puerpério------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 103 10. Manter atitude ética e compromissada com a população alvo.
Andreia Majella da Silva Duarte Esteves
Assim como no módulo de Políticas e Práticas de Saúde na Comunidade, neste
Saúde Reprodutiva e Sexual: planejamento familiar e anticoncepção ------------------------------------------------ 107
Andreia Majella da Silva Duarte Esteves, Miriam Monteiro de Castro Graciano, Edilaine Assunção Caetano,
terceiro módulo do eixo, vocês têm aulas teóricas, abordando agora, os temas de saúde da
Grazielle Miranda criança, saúde da mulher e psicologia médica e aulas práticas em unidades de saúde da
A Prevenção do Câncer Ginecológico ----------------------------------------------------------------------------------------- 127 família, aparelhos comunitários (centros de educação infantil) e na comunidade. Durante
Edilaine Assunção Caetano, Grazielle Miranda, Miriam Monteiro de Castro Graciano
as três primeiras semanas de aula, as atividades práticas ocorrem em laboratório de
APÊNDICES ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 134
habilidades clínicas com a finalidade de capacitá-lo para o trabalho de campo. Após as três
ANEXOS ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 154 primeiras semanas do curso prático/introdutório, é aplicada uma prova prática, sobre os
temas estudados, a saber: cadastro da gestante; Calendário vacinal de criança de 0 a 5
anos e de gestantes; Caderneta da criança; Cartão de pré-natal; Cálculo da DPP (Data
Provável do Parto) e da IG (Idade Gestacional); Avaliação pondero-estatural de criança e

3 5
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

gestante; Estratificação de risco da gestante; Preenchimento e interpretação de curvas de Endereços de Unidades de Saúde da Família de Alfenas
crescimento; Aferição e avaliação de altura uterina e técnica de ausculta de BCF
Unidade de Saúde da Família Dr. Marcos Antônio Fernandes
(Batimentos Cardio-Fetais); ações do quinto dia e avaliação puerperal. “Recreio Vale do Sol”
Rua Emília Pereira Esteves, 339
Durante as atividades práticas, você poderá realizar visitas domiciliares com o Jardim Alvorada, Alfenas – MG
objetivo de promover saúde da criança e da mulher, oferecendo orientações sobre Fone: 3698-2225

nutrição, imunização e prevenção dos agravos à saúde da mulher e da criança; avaliar


crescimento e desenvolvimento de crianças menores de cinco anos, seja na unidade de
saúde, CEMEIS (Centros Municipais de Educação Infantil) ou domicílio; conduzir grupos
operativos para mães ou mulheres, segundo recomendação da Política Nacional de
Atenção Primária; e realizar, quando a estrutura do serviço de saúde permitir, avaliação da
gestante e puérpera.
A avaliação do módulo é feita por meio de prova prática; conceito itemizado
(Apêndice 1) de atividades práticas na comunidade; prova cognitiva dos conteúdos teóricos
ministrados em sala de aula (saúde da mulher, saúde da criança) para o primeiro bimestre.
No segundo bimestre, a avaliação do módulo é feita por meio de prova prática (OSCE);
conceito itemizado (Apêndice 1) de atividades práticas na comunidade e prova cognitiva
dos conteúdos teóricos ministrados em sala de aula (saúde da mulher, saúde da criança).

Unidade de Saúde da Família Vila Betânia


Rua Antônio Pedro de Oliveira, 1100
Vila Betânia, Alfenas – MG
Fone: 3698-2014

6 7
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Unidade de Saúde da Família Jardim Primavera Unidade de Saúde da Família Santos Reis
Alameda dos Mognos, 20 Rua João Caetano Saraiva, 512
Jardim Primavera, Alfenas – MG Centro, Alfenas – MG
Fone: 3291-1396 Fone: 3698-2194

Unidade de Saúde da Família Jardim São Carlos


Rua Afrânio Peixoto, 1025
JD São Carlos, Alfenas - MG
Fone: 3698-1759

8 9
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Fases do Desenvolvimento Humano 5. Identificação de alterações de dinâmica familiar ou comunitária;


Carla Rosane Ouriques Couto, Ciderléia Castro de Lima
6. Prevenção de instalação de sequelas;

7. Recuperação total ou regressão importante de distúrbios motores, sensoriais, de


O desenvolvimento infantil é um processo que vai desde a concepção, envolvendo
percepção, cognitivos e de linguagem;
vários aspectos, indo desde o crescimento físico, passando pela maturação neurológica,
comportamental, cognitiva, social e afetiva da criança. Tem como produto tornar a criança 8. Facilitação de interação afetiva e socialização;
competente para responder as suas necessidades e às do seu meio, considerando seu
contexto de vida. O desenvolvimento da criança é decorrente de uma interação entre as 9. Melhoria da autoestima e satisfação pessoal;
características biológicas (genéticas e orgânicas) e seu contexto ambiental.
10. Otimização de custos.
Fatores adversos nestas duas áreas podem alterar o seu ritmo normal. A
probabilidade de que isto ocorra é chamado de risco para o desenvolvimento. A primeira Para o estudo e compreensão do desenvolvimento infantil é de fundamental
condição para que uma criança se desenvolva bem é o afeto de sua mãe ou da pessoa importância compreender os períodos ou fases pelas quais a criança passa, que são
que está encarregada de cuidar dela. Nesse sentido os serviços de Atenção Primária didaticamente classificadas em:
apresentam grande potencial de prevenção de riscos multifatoriais e promoção do
1. Período pré-natal (da concepção ao nascimento);
crescimento saudável.
2. Período neonatal, ou recém-nascido (do nascimento a 28 dias de vida);
Podemos definir desenvolvimento como “o processo de mudanças mediante o qual
a criança alcança maior complexidade em seus movimentos, pensamentos, emoções e 3. Primeira infância ou lactente (29 dias de vida a 02 anos exclusive);
relações com os outros” (OPAS, 2005). É possível estabelecer certos padrões e áreas do
desenvolvimento a avaliar, como se descreverá adiante. O importante é que o 4. Infância, segunda infância ou pré-escolar (02 anos a 6 anos exclusive);
desenvolvimento de uma criança é multidimensional e integral. Cada criança apresenta um
padrão único de desenvolvimento, evidenciando a importância do acompanhamento ao 5. Escolar (06 anos a 12 anos exclusive);
longo do tempo em seu serviço de saúde, comparando seu desenvolvimento com
6. A partir dos 12 anos de idade o indivíduo passa a ser denominado de adolescente.
parâmetros e observando sua interação com o meio.
Nesta fase ele passa a fazer uso da política voltada à atenção integral à saúde do
Por vigilância do desenvolvimento compreendemos todas as atividades relacionadas adolescente na APS.
à promoção do desenvolvimento normal e à detecção de problemas de desenvolvimento,
O reconhecimento da fase do desenvolvimento em que a criança se encontra
na atenção primária à saúde da criança, sendo um processo contínuo, flexível, envolvendo
favorece o profissional de saúde a direcionar as orientações aos pais, responsáveis legais
informações dos profissionais de saúde de outros níveis de atenção, pais, cuidadores,
e demais familiares, os cuidados básicos a serem prestados, atendendo com isso, as
professores e outros.
necessidades básicas de cada criança e de forma individualizada. As necessidades das
Visto que o acompanhamento por meio das consultas de puericultura propicia crianças serão discutidas em capítulo subsequente.
efeitos benéficos para um desenvolvimento infantil dentro dos parâmetros de normalidades
REFERÊNCIAS
é fundamental sua execução pela ESF. Dentre os benefícios potencialmente alcançados,
1. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde. Atenção à Saúde da Criança. Maria Regina
destacam-se:
Viana et al. Belo Horizonte: SAS/DNAS, 2004.
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica.
1. Identificação precoce de desvio do desenvolvimento normal;
Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil / Ministério da Saúde.
Secretaria de Políticas de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
2. Tratamento oportuno dos distúrbios identificados;
3. LISSAUER, T.; CLAYDEN, G. Manual Ilustrado de Pediatria. 3a ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2009.
3. Prevenção das situações de violência e/ou negligência domésticas; 4. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Manual para vigilância do desenvolvimento
infantil no contexto da AIDPI. Washington, D.C.: OPAS, © 2005. (Série OPS/FCH/CA/05.16.P)
4. Fortalecimento do papel dos pais e da família;

10 11
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Atenção Integral à Saúde da Criança Em consonância a esta proposta, a Secretaria de Estado de Minas Gerais, editou e
Miriam Monteiro de Castro Graciano, Silvana Albino S. Santos Novais, Maria de Lourdes Barbosa Negrão, Ciderléia Castro de Lima publicou on line, naquele mesmo ano linhas guias de cuidado, dentre elas a de Atenção à
Saúde da Criança.
Segundo os princípios da Atenção Primária à Saúde (APS), as Equipes de Saúde da
Família são responsáveis pela saúde da população no território onde estão inseridas, Nesse manual da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, encontra-se uma
sendo as mulheres e as crianças dois dos grupos prioritários para coordenação de proposta para acompanhamento de crianças menores de 5 anos (Figura 2).
cuidados. Visando uma atenção integral à saúde da criança, o Ministério da Saúde (MS)
propôs em 2004, linhas de cuidados (Figura 1). FIGURA 2
Calendário de Acompanhamento da Criança de 0 a 5 anos
FIGURA 1
Linhas de Cuidado para a Saúde Integral da Criança

Ou seja, segundo o calendário de acompanhamento de crianças menores de 5


anos, proposto pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, as unidades de
saúde da família devem iniciar esta atividade por meio da ação dos agentes comunitários
de saúde (ACS), nas primeiras 24 horas de alta hospitalar. Nesta primeira visita, o ACS dá
as boas vindas à mãe e seu filho na comunidade e no serviço; verifica condições gerais da
criança e da mãe; orienta e estimula o aleitamento materno; avalia as condições de
higiene; indaga e avalia sobre sinais de infecção no umbigo; a existência de situações de
Deste modo, percebe-se que a saúde da criança começa com a saúde da mulher,
risco, e já orienta a mãe quanto às ações do 5º dia, alertando para a importância do teste
desde uma política adequada de saúde reprodutiva que se prolonga ao longo de sua vida,
do pezinho e da orelhinha, bem como a orientando sobre a necessidade da consulta
assegurando-lhe condições adequadas, físicas e psíquicas, para o cuidado de si mesma e
puerperal e do acompanhamento sistemático da criança nos seus primeiros anos de vida,
de seus filhos. Garantindo-se então a saúde da mulher, deve-se pensar a saúde da criança
mesmo estando ela saudável. No caso de dúvidas ou mediante a constatação de sinais de
a partir da promoção de um nascimento saudável que propicie as condições iniciais para
perigo, o ACS, ao chegar à unidade de saúde, passa o caso para a equipe ou solicita ajuda
adequado crescimento e desenvolvimento da criança tornando-se no futuro um adulto
imediata da auxiliar de enfermagem, que realizará nova visita e, se necessário agendará
saudável.
para a mãe e a criança uma consulta na unidade de saúde.
Para promover a saúde integral da criança é, portanto, necessário observar além da
Após alta hospitalar, o primeiro contato da criança com o serviço na APS inicia-se o
saúde de sua mãe, aspectos nutricionais, psicológicos, imunitários, de desenvolvimento
com as orientações do 5º dia. A criança, mesmo sem nenhum sinal de problemas de
neuropsicomotor, bem como prevenir, diagnosticar e tratar oportunamente e o mais
saúde, deve ser levada à unidade, caso não compareça, o profissional de enfermagem
precocemente possível aqueles agravos à saúde mais prevalentes durante a infância,
deverá fazer busca ativa, por meio da realização de visita domiciliar, para realizar as estas
como por exemplo as doenças de transmissão vertical, distúrbios nutricionais, doenças
ações que consistem em:
respiratórias, infectoparasitárias e violência.

12 13
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

1. Preencher o Cartão da Criança, estabelecendo orientações à família sobre o seu 9. Realizar o exame físico do neonato, em busca de sinais de comprometimento
objetivo e importância; neuropsicomotores e de icterícia neonatal. Conforme a zona de Kramer, orientar
colocar a criança exposta ao sol por 10 a 15 minutos, em horários bem monitorados,
2. Orientar a família sobre as doenças triadas por meio do Teste do Pezinho das 09h às 10h ou das 16h às 17h, cuidando para que os olhos não fiquem expostos à
(Fenilcetonúria, Fibrose Cística, Hipotireoidismo Congênito e Anemia Falciforme, radiação direta. A considerar, que na avaliação, a criança encontra-se com zona III,
Deficiência de biotinidase e Hiperplasia da Adrenal) e a importância de se fazer um encaminhar para avaliação e conduta médica, pois pode ser necessária a coleta de
diagnóstico precoce e então coletar o material para a triagem neonatal; sangue e se, níveis séricos elevados de Bilirrubina, a aplicação de fototerapia em
âmbito hospitalar. Os sinais de icterícia que surgem nas primeiras 24h de vida,
3. Orientar sobre o Teste da Orelhinha1, pelo qual é possível diagnosticar problemas de
geralmente, patológica e de maior gravidade. Os sinais que surgem a partir das 24
surdez nos neonatos. O mesmo deve ser feito na própria instituição, estando à criança
horas, estão, geralmente relacionados à icterícia fisiológica. Para facilitar a visualização
quieto e dormindo, de preferência com 48 horas de vida, antes da alta da Maternidade.
da icterícia, deve-se comprimir a pele por alguns segundos. Registra-se a icterícia de
Caso não tenha sido realizado na maternidade, à mãe é entregue a solicitação do
acordo com a intensidade em + a 4+ (uma a quatro cruzes) e de acordo com a
exame, e a USF tem a responsabilidade de agendá-lo o mais breve possível;
localização em Zonas de Kramer. Conforme a figura 1 e quadro 2.
4. Investigar se o Teste do Olhinho2 foi realizado na maternidade. Caso não tenha sido,
agendá-lo com o médico da unidade.
Figura 1
5. Orientar os cuidados com o coto umbilical, sendo o curativo realizado com álcool
absoluto ou álcool a 70%. A saber, que o álcool absoluto age apenas na desidratação
do coto levando-o ao processo de mumificação e o álcool a 70% age na desidratação
do coto, como também tem ações antissépticas;

6. Orientar e estimular o aleitamento materno por no mínimo, até a idade de 06 meses.


Visto que, a avaliação nutricional da criança indagando sobre aleitamento materno e/ou
a introdução de fórmulas lácteas, isto implica em uma importante ferramenta de
monitoramento durante toda a infância, aplicando futuramente o questionário do
SISVAN (Anexo 1).

7. Avaliar a puérpera quanto à evolução do período puerperal, o uso de métodos


contraceptivos de acordo com a recomendação do médico assistente durante a fase
puerperal, avaliação do cartão de vacinas da puérpera quanto à necessidade de
imunização para rubéola, febre amarela, completar o sistema vacinal contra hepatite B
e a dT adulto;

8. Orientar quanto às vacinas que deverão ser administradas na criança neste dia. Com Quadro 2 – ZONAS de Icterícia de KRAMER
relação ao histórico vacinal deve-se verificar a Caderneta da Criança, segundo Zona 1 Cabeça e pescoço BT 6 mg/dL
calendário vacinal atual (ver capítulo sobre o tema). Zona 2 Até o umbigo BT 9 mg/dL
Zona 3 Até os joelhos BT 12 mg/dL
1
Zona 4 Até os tornozelos BT 15 mg/dL
Teste da orelhinha é a avaliação da audição em recém-nascidos, para diagnóstico precoce de perda Zona 5 Planta dos pés e palma das mãos BT 18 mg/dL ou acima
auditiva. A Técnica utilizada é a de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAs). O Exame é indolor, com a
colocação de um pequeno fone na parte externa do ouvido, com a duração por um tempo médio de 3 a 5
minutos.
2
Teste do Olhinho é realizado com o auxílio de oftalmoscópio, em quarto escuro para melhor
abertura das pupilas e a cerca de 40 a 50 cm de distância, deve-se pesquisar o reflexo vermelho do fundo do 10. Verificar a presença de sinais de perigo, que devem, além de ser observados,
olho, que indica a adequada transparência da córnea e cristalino. Este exame pode, ainda, auxiliar na
identificação de eventuais “massas” esbranquiçadas intraoculares. Devem ser investigadas a simetria entre informados aos pais ou responsáveis pela criança. Eles são distintos, segundo a idade
as pupilas (isocoria ou anisocoria), a reatividade das pupilas ao estímulo luminoso e a presença de midríase da criança (Quadro 3).
(pupilas dilatadas) ou miose (pupilas puntiformes).
14 15
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Quadro 3 – Sinais de Perigo Operativos, cuja metodologia apropriada é a de dinâmicas de grupos ou oficinas, ou seja,
Crianças de até 2 meses de idade Crianças de 2 meses até 5 anos de idade deve-se empregar preferencialmente metodologias ativas de ensino-aprendizagem.
Convulsões Convulsões
A criança não consegue mamar A criança não consegue beber nem mamar É importante ainda salientar que esse trabalho deve ser um trabalho de equipe, e
Vomita tudo que ingere Vomita tudo que ingere
Frequência respiratória > 60 rpm (contados em 1 Frequência respiratória > 50 rpm até 1 ano e
que, portanto, cabe ao acadêmico do curso de medicina, estagiando na unidade atuar em
minuto, com a criança tranquila); > 40 de 1 a 5 anos conjunto e de forma cooperativa com a equipe de saúde, que no caso da saúde da família
(contados em 1 minuto com a criança tranquila) é composta por médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e ACS, sendo desejável ainda
Tiragem subcostal Tiragem subcostal e/ou estridor
Batimento de asas do nariz Sinal da prega (a pele volta lentamente ou muito
a participação e apoio de outros profissionais da rede de serviços que compõem o NASF
lentamente ao estado anterior) (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), integrado por todas as categorias de profissionais
Fontanela abaulada Olhos fundos de saúde não pertencentes à equipe mínima.
Secreção purulenta no ouvido Palidez palmar acentuada
Eritema ou secreção purulenta no umbigo Emagrecimento acentuado
REFERÊNCIAS
Pústulas na pele Edema em ambos os pés
Criança letárgica ou inconsciente Criança letárgica ou inconsciente
Criança se movimentando menos do que o normal 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Gemido Estratégicas. Agenda de compromissos para a saúde integral da criança e redução da mortalidade
Sinais de dor á manipulação infantil / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Febre (temperatura axilar > 37,5º) Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
Hipotermia (temperatura axilar < 35,5º). 2. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde. Atenção à Saúde da Criança. Maria Regina Viana et
al. Belo Horizonte: SAS/DNAS, 2004.
Realizadas as ações do 5º dia, a enfermeira deverá realizar nova consulta, por volta
da metade do período do puerpério (que vai do primeiro ao 42º dia após o parto). Esta
consulta deve ocorrer entre o 15º ao 21º dia do puerpério e, embora tenha seu foco na
mãe, é momento oportuno para a observação de sinais de perigo para a saúde do
neonato.

Na sequência do calendário proposto, deve-se ainda realizar 6 consultas clínicas,


durante o primeiro ano de vida da criança, 3 consultas durante o segundo ano de vida e 1
consulta anual do terceiro ao quinto ano de vida. Estas consultas, intercaladas entre
profissional médico e de enfermagem é a chamada “puericultura”, ou seja, consultas para
acompanhamento, promoção da saúde e prevenção de agravos, durante a primeira
infância. Nestas consultas, médico ou enfermeiro, devem verificar: o crescimento, o
desenvolvimento neuropsicomotor da criança, o seu estado imunitário e aspectos
nutricionais, sempre orientando a mãe sobre o que fazer em cada fase de vida do seu filho.

Além destas consultas, a criança deverá ainda receber visita domiciliar mensal do
ACS para orientações gerais, durante os dois primeiros anos de vida e anual do terceiro ao
quinto ano de vida.

As mães também deverão ser orientadas a participarem de grupos operativos, que


são atividades educativas e promotoras da saúde apropriadas nas unidades de atenção
primária, durante o primeiro ano de vida de seu filho.

Os temas apropriados para os grupos operativos são os mesmo da consulta de


puericultura, isto é, aleitamento materno e nutrição infantil, vacinação, prevenção de
acidentes domésticos e estímulos adequados a cada fase da criança. Ainda que seja
possível a realização de palestras, estas não devem ser o foco principal dos Grupos

16 17
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

A CONSULTA DE PUERICULTURA 2011 com a implantação progressiva do Projeto Rede Cegonha em todo o país, previne os
Ciderléia Castro de Lima, Miriam Monteiro de Castro Graciano, Silvana Albino Silva Santos Novais, Maria de Lourdes Negrão
fatores de risco para a saúde infantil associados à gestação e aos primeiros dias de vida. A
atenção qualificada ao parto igualmente é responsável pela diminuição da
O termo “puericultura” (do latim puer, pueris, criança) surgiu pela primeira vez em morbimortalidade neonatal, hoje responsável pela maioria dos óbitos infantis (menores de
1762, em um tratado sem repercursão do médico suíço Jacques Ballexserd. Em 1865, o 1 ano).
médico francês Alfred Caron reafirmou o termo em sua obra “La puériculture ou la science
d’ élever hygieniquement et phisiologiquement les enfants”. A partir de então, a puericultura Ainda em ambiente hospitalar a mãe recebe devidamente preenchido a Declaração
passou a se configurar como campo de saber e atuação médico-científica, consolidada de Nascidos Vivos (DNV) e com o princípio da referência e contra referência, o serviço de
com a criação de ambulatórios para lactentes. Por meio de incentivos ao aleitamento saúde responsável pela área de moradia da mãe ou da família da criança deverá ser
materno, distribuição de leite de vaca esterilizado para os filhos de mães operárias que não informado para a identificação dos recém-nascidos e situações de risco.
podiam amamentar e da prática de pesagem sistemática de lactentes, produziu-se grandes
A captação dessas crianças (neonatos) tem seu início 24h após sua alta hospitalar
impactos sobre a mortalidade infantil na Europa, particularmente França, Inglaterra e
feita pelos Agentes ACS responsáveis pela área adscrita da USF. Avaliadas as condições
Alemanha, assim como nos EUA, que adotou política semelhante. No Brasil, ela é
físicas e comportamentais da puérpera, as condições físicas do neonato, são realizadas as
introduzida pelo médico Moncorvo Filho, que fundou, em 1899, o Instituto de Proteção e
orientações do 5º dia como especificado no capítulo anterior. Do mesmo modo, o
Assistência à Infância do Rio de Janeiro.
agendamento das consultas deve ser em conformidade com o que está estabelecido pela
Hoje reconhecida como a ciência que se dedica ao estudo dos cuidados com o ser Secretaria de Estado de Minas Gerais, sendo a primeira consulta com 01 mês; a segunda,
humano em desenvolvimento e consolidada como prática complementar da pediatria com 02 meses; a terceira, com 04 meses; a quarta, com 06 meses; a quinta consulta, com
personalizada dos consultórios, ela surgiu como uma atividade focada essencialmente na 09 meses e a sexta consulta, com 12 meses. No segundo ano de vida da criança está
saúde pública, e por isso mesmo consiste em um dos eixos de ações programáticas do previsto duas consultas, uma com 15 meses, com o médico e outra com 18 meses com o
SUS. enfermeiro.

Há décadas, a puericultura vem se consolidando na atenção à saúde, priorizando Nas consultas de puericultura o profissional deve realizar o exame físico completo
ações voltadas à assistência às crianças de 0 a 02 anos de idade. Dentre estas ações, (céfalo-caudal), na busca de sinais que indiquem riscos para o crescimento e
compreende-se o monitoramento do crescimento e desenvolvimento infantil, a vacinação; o desenvolvimento infantil. Para execução das consultas de puericultura faz-se necessário o
estimulo à prática e adesão ao aleitamento materno; a orientação quanto à introdução de conhecimento técnico do exame físico da criança. Como toda consulta médica, ela é
alimentos complementares, segundo a faixa etária correspondente; e a prevenção de composta de duas partes essenciais, a anamnese e o exame físico.
agravos em crianças no primeiro ano de vida, tais como as diarreias e as infecções
Durante a anamnese (Apêndice 2a e 2b), procura-se levantar dentre outras
respiratórias. Estas ações de saúde são, na APS, de competência do médico e do
informações, aquelas referentes aos antecedentes perinatais, alimentação pregressa e
enfermeiro.
atual, vacinação e desenvolvimento neuropsicomotor, incluindo as principais etapas
No decorrer das consultas é importante observar a relação do binômio (mãe/filho), evolutivas a serem discutidas em capítulos subsequentes.
pois isto se torna um fator de proteção para o desenvolvimento humano. Uma vez que o
Com relação aos antecedentes perinatais é fundamental pesquisar:
contato visual e verbal entre mãe e filho, a presença ou ausência de afeto, bem como o
estado de higiene e a atenção dela para com criança, assim como, a estrutura familiar, Ainda na primeira consulta de uma criança na USF deve-se indagar sobre os
membros da família e uso de substâncias ilícitas e álcool, enfim, aspectos antecedentes perinatais, anotando informações relevantes no prontuário e na Caderneta
socioeconômicos que podem ocasionar riscos para o desenvolvimento infantil. Visto que a da Criança. Da primeira consulta até o quinto ano de vida da criança, deve-se além de
puericultura tem por primícias, ações de prevenção de agravos em crianças, deve-se história perinatal e história pregressa patológica da criança, avaliar sempre o histórico
investigar também a escolaridade materna, a convivência e estrutura familiar, violência vacinal, o histórico nutricional, o crescimento e o desenvolvimento da criança. Dentre as
doméstica, existência de usuários de drogas ou álcool em convivência com a criança, informações relativas ao período perinatal, que podem ser obtidas por meio da leitura do
dentre outras variáveis de interesse social e epidemiológico. cartão da gestante, deve-se investigar:

A vigilância à saúde de uma criança inicia-se antes de seu nascimento, já no pré-


natal. O acompanhamento da gestante conforme preconizado pelo MS e reforçado em

18 19
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Condições de gestação: Grupo ABO-Rh dos pais (pesquisa de consanguinidade); São informações igualmente importantes:
GPA (número de gravidezes, partos e abortos da mãe); se a gestação foi planejada e
1. A história familiar, que proporciona evidências para considerar doenças familiares, bem
como foi a aceitação; se fez pré-natal (quantas consultas); quando iniciou o pré-natal; se como as infecções ou doenças contagiosas.
teve intercorrências, isto é, a saúde materna durante a gravidez; realização de sorologia,
2. E a história social, observando aspectos tais como, escolaridade da criança e dos pais,
tripagem sanguínea e fator Rh da mãe; se fez uso de medicamentos, álcool e drogas condições de higiene, tipo de habitação, profissão dos pais, renda familiar, nº de
durante gestação; mês de aparecimento dos movimentos fetais; quantidade de líquido pessoas que habitam na casa; hábitos dos pais e estabilidade da relação entre eles,
amniótico. bem como a estrutura familiar.

Com relação ao exame físico da criança, é importante também observar seus sinais
1. Tipo de parto (se cesárea, por quê?) e condições do parto: idade gestacional (37 a 42
vitais, apresentados nos quadros de número 2 a 4.
semanas; se foi a termo ou prematuro); idade da mulher (<20 ou >35 anos); se a
criança ficou em alojamento conjunto; se permaneceu em estufa, fez uso de oxigênio Quadro 2 – Temperatura Axilar
ou transfusões; e o Apgar de 1º e 5º minutos. Classificação Variação em °C
Normotermia 36,0 – 37,0
O Índice de Apgar (Quadro 1) recebeu este nome recebeu o nome em homenagem Hipotermia < 36,0
a sua criadora, Dra. Virginia Apgar (1909-1974), médica norte americana, especialista em Temperatura subfebril 37,0 – 37,5
anestesiologia. Ele é um método de avaliação da saúde dos recém-nascidos, altamente Febre baixa 37,5 – 38,5
sensível, que permitiu reduzir drasticamente a mortalidade infantil em todo o mundo. Ele Febre moderada 38,5 – 39,5
consiste na avaliação das condições da frequência e esforço respiratório, frequência Febre alta 39,5 – 40,5
cardíaca, irritabilidade reflexa, cor da pele, tônus muscular. Estes dados caracterizam o Febre muito alta – hiperpirexia > 40,5
Fonte: SANTANA et al, 2003.
grau de asfixia da criança ao nascer, assim como as eventuais manobras utilizadas
durante sua recepção, tais como uso de oxigênio na sala de parto ou posteriormente Ao se verificar a temperatura axilar, deve-se deixar o termômetro por pelo menos 3
durante a estadia hospitalar. minutos.

Para cada um dos 5 itens é atribuída uma nota de 0 a 2. Somam-se as notas de Quadro 3 – Frequência Cardíaca/pulso
cada item e temos o total, que pode dar uma nota mínima de 0 e máxima de 10. Uma nota Limite Inferior Média Limite Superior
Faixa etária pediátrica
de 7 a 10, presente em cerca de 90% dos recém-nascidos significa que o bebê nasceu em batimentos por minuto (bpm)
ótimas condições. Uma nota de 4 a 6 traduz uma dificuldade de grau moderado, e de 0 a 3 Neonato 70 125 190
1 mês a 11 meses 80 120 160
uma dificuldade de ordem grave. Se estas dificuldades persistirem durante alguns minutos
1 a 2 anos 80 110 130
sem tratamento, pode levar a alterações metabólicas no organismo do bebê gerando uma
3 a 4 anos 80 100 120
situação potencialmente perigosa, a chamada anóxia (falta de oxigenação). O boletim 75 100
5 a 6 anos 115
Apgar de primeiro minuto é considerado como um diagnóstico da situação presente, índice Fonte: OMS
que pode traduzir sinal de asfixia e da necessidade de ventilação mecânica. Já o Apgar de
quinto minuto é considerado mais acurado, levando ao prognóstico da saúde neurológica As variáveis acima apresentadas são as fisiológicas em repouso. Verifica-se a FC
da criança (sequela neurológica ou morte). em RN, observando-se as pulsações da fontanela anterior; palpando-se as artérias
femorais e braquiais no lactente até um ano e carótidas nas crianças acima de um ano. As
Quadro 1 – Índice de Apgar FC acima da média recebem o nome de taquicardia e as abaixo, de bradicardia.
0 1 2
Frequência cardíaca Ausente <100/min >100/min Quadro 4 – Frequência Respiratória Normal para a Idade
Respiração Ausente Irregular (Bradipneia) Forte, choro IDADE FR (Incursões/minuto) TAQUIPNÉIA
Tônus muscular Flácido Flexão de pernas e braços Movimento ativo, fletido Até 2 meses 35-60 >60
Cor Cianose Central, palidez Cianose de extremidades Rosado
2 a 11 meses < 50 >50
Irritabilidade Reflexa Ausente Careta Tosse, espirro ou choro
1 a 4 anos < 40 >40
5 anos 24 >30
Fonte: OMS
20 21
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Verifica-se a FR, com o paciente em completo repouso físico e emocional, de As necessidades das crianças
3
preferência dormindo, devendo ser a mesma observada por no mínimo 60 segundos. As Matilde Meire Miranda Cadete, Marisa Drumond Martins, Mara Vasconcelos, César Coelho Xavier
FR acima da média recebem o nome de taquipneia e as abaixo de badpneia. Dispneia é
nome dado a movimentos respiratórios difíceis, que podem ser predomenantemente Falar das necessidades das crianças é reportar ao seu mundo externo - mundo das
inspiratórios, expitatórios ou mistos. relações sociais, ambientais e culturais – que lhe fornece elementos diferenciados para o
enriquecimento de sua linguagem e a aproximação com os diversos conhecimentos
A pressão arterial, sinal vital de extrema importância, em função da natureza de sua possibilitadores da construção de sua identidade e autonomia. Assim, os mundos externo e
interpretação, não será relizado pelo estudante neste período, mas no momento em que interno da criança se complementam e se nutrem numa relação de troca entre crianças,
estiver cursando o módulo de pediatria. entre crianças e adultos e entre crianças e a natureza. Dessa forma, a interação da criança
com outras pessoas, que compartilham o seu ambiente, serve de base e de construção de
REFERÊNCIAS seu aprendizado, tanto nas dimensões de se, pensar e de agir quanto na dimensão do
conhecer.
1. MARCONDES, Eduardo, OKAY, Yassuhiro, RAMOS, José Lauro Araújo, COSTA VAZ, Flávio Adolfo.
Pediatria básica. São Paulo: Savier, 2002.
2. BONILHA, LRC, RIVORÊDO, CRSF. Puericultura: duas concepções distintas. Jornal de Pediatria. V. Essa interação favorece o crescimento e o desenvolvimento físico e mental
81, N. 1, 2005. saudável da criança. Os professores e funcionários que habitam a IEI (Instituição de
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Educação Infantil) devem ser mediadores dessa interação. Com isso, estabelece-se uma
Estratégicas. Agenda de compromissos para a saúde integral da criança e redução da mortalidade relação intersubjetiva entre criança e o adulto, que é significativa e propiciadora de
infantil / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas
segurança, carinho e amor. Esses sentimentos internalizados e vividos pela criança
Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
4. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde. Atenção à Saúde da Criança. Maria Regina Viana et possibilitam-lhe desenvolver habilidades, competências e comportamentos, sempre num
al. Belo Horizonte: SAS/DNAS, 2004. 224p. movimento ascendente; a cada dia a criança se expressa com mais conhecimento de si
5. ROSEN, G. Uma história da Saúde Pública. São Paulo: Hucitec, 1994. mesma, do outro e das coisas ao seu redor.
6. SANTANA, JC, KIPPER, DJ, FIORE, RW. Semiologia Pediátrica. Porto Alegre: Artmed, 2003.
Nesta concepção, de ver a criança como um ser social e histórico, portanto cidadã
de direitos e deveres, deve-se pautar as atividades de educar e cuidar da população
infantil. Isso significa dizer que o atendimento das necessidades básicas da criança se faz
com que ela e para ela, independente do grau de complexidade, e são momentos de
construção do conhecimento, da identidade e da autonomia.

Higiene Ambiental

Ambiente físico

O ambiente físico é um espaço onde a criança pode aprender de forma ativa com
outras crianças, com os adultos e com materiais aí disponibilizados.

Ao se tornar ativa no ambiente, a criança coparticipa da organização do espaço,


mudando-o e rearranjando-o. O ambiente deve, assim, proporcionar condições para que a
criança desenvolva e aprenda.

O ambiente físico da IEI, visto dessa forma, é elemento coadjuvante de grande


importância e deve assegurar à criança, além de um crescimento saudável, seguro e
aconchegante, uma base sólida para a prevenção de doenças e acidentes. Assim as
portas e janelas devem ficar constantemente abertas para que o ar circule e seja renovado,

3
Texto originalmente publicado em: CARVALHO, Alysson et al. Saúde da criança. Belo Horizonte:
UFMG/Proex, 2002. Cap. 4, p. 45-61.
22 23
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

uma vez que as janelas fechadas favorecem a maior circulação dos microrganismos no · o cuidador, convidar as crianças para fazerem e organizarem a coleta de lixo seletiva, separando o lixo
não-orgânico (plásticos, latas, vidros...), que leva muito tempo para ser decomposto pela natureza, do
ambiente, ocasionando maior risco de disseminação de doenças entre as crianças. As lixo orgânico (restos de comida, cascas de frutas, entre outros).
próprias crianças, de acordo com a faixa etária, podem se responsabilizar por abrir as
janelas ao entrarem na sala e fechá-las ao término das atividades do dia. Tal procedimento Há de se considerar todos os momentos e atividades desenvolvidas na IEI como
cria, na criança, o compromisso e a responsabilidade com as coisas ao redor e com a propícios e facilitadores do desenvolvimento e da aprendizagem da criança. Ao cuidar do
manutenção de um ambiente saudável. próprio ambiente, a criança é respeitada como sujeito ativo do próprio processo de educar-
se. E assim, a criança ganha autonomia e passa a fazer uma leitura mais crítica do mundo,
Nesse ambiente podem coexistir mesas, cadeiras, móveis, colchonetes, brinquedos, transpondo para o lar o aprendizado na relação com outras crianças e com o professor.
entre outros. Além de propiciar condições para que as crianças usufruam dele, aprendendo
nele e com ele, criando e modificando-o em função das ações aí desenvolvidas, esse Dicas:
mesmo ambiente deve ser mantido limpo. · limpeza semanal do chão e janelas com água e sabão;
· limpeza diária do chão, janelas e portas com desinfetante;
limpeza dos colchões, berços e camas com desinfetante semanalmente e sempre que necessário
Os materiais constituem uma importante fonte para o desenvolvimento de atividades
educativas, uma vez que possibilitam às crianças a sua exploração, o conhecimento de (vômitos, urina etc.);

suas propriedades e funções, além de dar asas à fantasia e, portanto a atribuição de novos · limpeza diária dos móveis, armários, gavetas;
significados de acordo com os contextos vividos. Assim, os materiais que compõem o
Higiene Corporal
ambiente da IEI merecem um tratamento que os qualifique. Um desses tratamentos
relaciona-se à limpeza não só do piso, das paredes e das portas, mas incluem ainda os A rotina na educação infantil deve ser flexível e permitir um ambiente de cuidados
móveis e tudo o que está circunscrito ao ambiente. que considere as peculiaridades das crianças, diferentes faixas etárias e as condições de
atendimento da instituição. Nesta perspectiva, a organização dos momentos previstos para
Os materiais de limpeza devem ser relacionados com critério e guardados em lugar
os cuidados com o corpo, banho, higiene bucal e dos sanitários pode variar de acordo com
específico. Os produtos de limpeza (sabão, água sanitária, desinfetantes...) têm que ficar
o tempo de permanência da criança na IEI e do diálogo e da programação conjunta com as
fora do alcance das crianças. Os materiais mais utilizados na limpeza da IEI são:
famílias para estabelecer o compartilhamento de responsabilidades.
vassouras, rodos, escovas, baldes, panos de chão, sabão, recipientes para lixo,
desinfetantes. Outra premissa levada em conta e de suma importância para o planejamento das
unidades refere-se ao conhecimento da criança e sua singularidade, que se faz possível
Dicas importantes:
pelo levantamento de dados com a família no ato da matrícula, nas reuniões com os pais e
· um desinfetante mal empregado não substitui uma boa limpeza com água e sabão;
· é imprescindível uma boa higienização das dependências pelo menos duas vezes ao dia ou quantas da permanente troca de informações entre família e professor.
vezes se fizerem necessárias. A limpeza deve ser feita com uma vassoura dura, envolvida em um pano
úmido e dessa forma varrer normalmente, passando após um outro pano úmido para completar o Ao se programar o banho, deve-se pensá-lo não só como um ato importante para
processo de limpeza. Essa forma de limpeza não permite que a poeira contida no chão envolva todo
higiene pessoal e a prevenção de doenças e promoção da saúde, mas como uma
ambiente, como é o processo por meio de varredura simples;
· tanto os móveis quanto os colchonetes e brinquedos devem ser laváveis e passar por limpeza com pano atividade educativa que possibilita á criança tornar-se autônoma e independente à medida
molhado em água e sabão. A professora pode convidar as crianças a se tornarem sujeitos que vai aprendendo os cuidados com o corpo, identificando suas partes, suas funções,
coparticipantes neste processo, ao lhes delegar o exame rotineiro dos materiais utilizados no cotidiano
institucional;
conhecendo-se. Afinal, banho é uma das necessidades das crianças que deve ser
· Se a IEI mantiver, em cada sala, as escovas de dente infantis, para promover e garantir a limpeza atendida.
adequada delas, faz-se necessário, após o uso, secá-las para evitar o mofo e acondicioná-las em um
porta-escovas, que de praxe fica pregado na parede. Cada porta-escovas deve conter o nome da criança Quando se pensa em banho, logo se pensa em cuidar. Estamos falando, porém, de
bem legível, porque, assim as crianças vão, aos poucos, identificando seus objetos pessoais e
construindo a função social da escrita. um cuidar autêntico, humano e humanizante. Um cuidar que elege a criança, sujeito ativo,
participativo e capaz de aprender, de ensinar e de autocuidar-se.
Lixo:
· a coleta de lixo depende da estrutura da cada IEI. Tanto poderão ser usados sacos plásticos para Nesse sentido, o momento do banho é:
acondicionar o lixo, quanto o emprego de latões, baldes ou outro mecanismo que a creche possua para · momento de construção de hábitos em que as crianças se trocam sozinhas e algumas regras são
tal; trabalhadas: guardar a roupa suja, organizar a mochila ou a sala;
· é importante que a coleta do lixo seja um momento de educação das crianças, não só no que diz respeito · momento de aprendizagem através do lúdico, principalmente para os menores de três anos: falar cada
à criação de hábitos saudáveis e educados, com não jogar papel no chão, na rua, e em qualquer outro parte do corpo e suas funções.
ambiente, em como da importância de se manter o lixo tampado para evitar que moscas, mosquitos,
ratos ou outros transmissores de doenças aí façam morada e se proliferem;
24 25
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Não existe uma receita ideal para a hora do banho. Cada idade tem sua Lembre-se de que:
especificidade e cada criança é única. · todo material de higiene da criança deve ser individual;
· as unhas devem estar sempre bem curtas para evitar o acúmulo de sujeira debaixo das mesmas;
Dica importante: · as crianças devem ser orientadas a lavar as mãos antes das refeições, antes e após ir ao banheiro.
· cabe ao cuidador avaliar o melhor tipo de organização do banho e mudá-lo de acordo com as
capacidades das crianças, ou seja, o desenvolvimento delas para enfrentar novos desafios. Dicas importantes:
· quando a criança apresentar resistência ao banho, não a castigue e nem promete prêmio. Simplesmente,
Assim: com voz firme e tranquila, fale-lhe da importância do banho;
· banho, para as crianças menores, pode ser facilitado e enriquecido com brinquedos de plástico,
Banho dos Bebês brincadeiras com bolinhas de sabão et.

Dar banho de imersão, verificando antes a temperatura da água. A professora apoia já limpou o corpo...
a cabeça da criança com uma mão, segurando-a firmemente. Inclina a cabeça da criança limpou a boca?
para trás e procede a lavagem da mesma com água e sabão. Caso a criança tenha crostas
na cabeça, passa-se um óleo, deixando-o por duas horas, lavando em seguida. A limpeza da boca é um hábito muito antigo entre os povos. Tradicionalmente esta
prática se iniciava quando as crianças já tinham dentes e podiam, sozinhas, segurar sua
Em relação ao corpo da criança, recomenda-se afastar, na menina, os grandes própria escova. Nessa época, a escovação era imposta à criança como uma obrigação.
lábios da região genital e, no menino, afastar o prepúcio (pele que cobre o pênis) sem, no Para cumpri-la, a criança muitas vezes era advertida de que, se não o fizesse, seus dentes
entanto, força-lo. Quanto aos ouvidos, a limpeza visível do ouvido. Não usar cotonetes, ficariam estragados, doendo, seriam invadidos por bichinhos, e... ela poderia até mesmo
pois seu uso incorreto pode perfurar o tímpano da criança. ter que ir ao dentista e tomar injeção! Atualmente esta ideia se modificou. A higiene bucal
passou a ser encarada como uma rotina saudável como o banho ou lavar as mãos antes
Enxugue o corpo da criança com toalha macia de preferência e individualizada. das refeições, e sua realização não deve estar associada à ocorrência de doenças.
Vista-a de acordo com a estação do ano.
As instituições de educação infantil podem ajudar muito na aquisição desse hábito
Dica importante: estabelecendo locais adequados, horários fixos, e métodos lúdicos para sua prática. Com
· entre o banho de uma e outra criança, lave com água e sabão a banheira, pia ou bacia.
isso estarão também contribuindo, de forma efetiva, para a saúde bucal das crianças. A
Banho de Chuveiro higiene bucal deve estar incluída nas rotinas diárias tanto de escolas de meio horário
quanto nas de horário integral. A forma de realizá-la varia de acordo com a idade, as
Á medida que a criança consegue se firmar-se, ficar de pé, ela pode tomar o banho habilidades e a compreensão da criança.
de chuveiro. De início, com a ajuda e orientação do professor e, posteriormente, quando
apresentar-se segurar e conhecedora do autocuidar-se, ela poderá fazê-lo sozinha. Nesse Bebê de seis meses a um ano
sentido, o professor precisa estar bastante atento aos conhecimentos prévios adquiridos
A higiene bucal deve ser iniciada em torno dos seis meses de idade, independente
pela criança acerca de si mesma, de sua corporeidade e de como cuidar desse corpo.
da criança ter ou não dentes. O objetivo dessa prática é associar a higiene bucal à higiene
Assim a criança pode aprender hábitos de higiene, desenvolver sua autonomia, corporal, habituar a criança à sensação agradável da boca limpa e remover restos de leite
conhecer o próprio corpo e o banho tornar-se ainda uma atividade agradável e significativa. ou outros alimentos.

No que diz respeito à lavagem do cabelo, esta pode acontecer uma a duas vezes Na creche a limpeza deve ser feita de preferência após o banho e as professorar
por semana, mas se houver necessidade deverá ser mais frequente. devem orientar as famílias para realizá-la também à noite, antes de dormir.

Em alguns casos é de suma importância ouvir a família que traz consigo hábitos Como limpar a boca do bebê:
culturais arraigados e a “lavagem de cabelo” pode formar-se em um pesadelo para a · o adulto deve lavar bem as mãos antes de iniciar a higiene de um bebê;
· usar uma gaze ou fralda limpa molhada em água filtrada;
instituição. Dessa forma, instaurar o diálogo e encontrar soluções conjuntas com a família · enrolar o tecido no dedo indicador direito e começar limpando os lábios da criança;
é uma estratégia que dá bons frutos. · afastar os lábios delicadamente e passar a gaze em toda a gengiva de cima e de baixo;
· para terminar, limpar a língua.

Observação: Nas primeiras vezes, fazer apenas a limpeza dos lábios.


26 27
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

À medida que a criança for se acostumando, limpar gradativamente o restante da As águas de abastecimento da maioria das cidades brasileiras já contêm flúor na
boca. Mesmo quando a criança já tem alguns dentinhos (os da frente), a limpeza deve ser dosagem adequada. Portanto, engolir mais flúor através da pasta pode ser prejudicial e
feita da mesma maneira. causa manchas nos dentes permanentes (fluorose). Esse risco tem se agravado devido ao
grande número de pastas destinadas ao público infantil, com sabores de morango,
Faça a limpeza da boca sorrindo, conversando, brincando com a criança... chicletes e outros. Os sabores, por serem atrativos, às vezes levam a criança a ter vontade
de comer a pasta.
Faça da higiene bucal um momento de prazer!
Assim, quando as crianças pequenas escovarem os dentes sozinhas, deve-se
Criança de um a três anos
colocar apenas água filtrada na escova. A pasta de dentes só deve ser usada quando a
A partir do nascimento dos dentes de trás, a criança dever começar a escovar os escovação for feita por um adulto. Além disso, deve-se usar pouca quantidade, como
dentes com escova, porque as superfícies dos molares decíduos apresentam mais sugerem os comerciais dentifrícios, produz excesso de espuma, facilitando sua deglutição
facilidade para reter a placa bacteriana. A escovação deve enfatizar a superfície oclusal, e aumentando o risco de fluorese.
que é a parte do dente responsável pela mastigação. Em geral, deve-se dar preferência às
Dicas:
escovas de cerdas macias e seu tamanho é de acordo com a idade da criança.
· coloque a pasta no sentido da largura da escova e não no seu comprimento;
· oriente as famílias das crianças sobre os riscos provenientes da ingestão de pastas de dentes.
É importante que as crianças tenham uma escova em casa e outras na creche ou
escola. Todas as escovas das crianças de uma mesma sala devem ser marcadas com seu Criança de quatro a seis anos
nome e guardadas num escovário ou local que seja ventilado, protegido da poeira e onde
as cerdas das escovas não encostem umas nas outras. Isso evitará perdas e possíveis Para as crianças que estão nessa faixa etária, é possível realizar a escovação
danos. diariamente com toda a turma ao mesmo tempo. Nas instituições de educação infantil, as
crianças dessa idade já escovam os dentes sozinhas e o local de escolha pode ser o pátio.
Deve ser estabelecido um horário fixo para realizar a escovação, construindo assim Porém em casa as mães devem ser orientadas a continuar a realizar a e escovação,
uma rotina saudável. Em casa as mães devem ser orientadas, pelos professores, a principalmente á noite. Só a partir dos sete anos ela terá coordenação motora suficiente
escovar os dentes das crianças à noite antes de dormir. para escovar sempre sozinha.

Como escovar os dentes das crianças pequenas: Deve-se fazer do momento da escovação um momento de alegria e de valorização
· selecionar, a cada dia, um grupo de crianças para escovar os dentes com a professora, de modo que, ao da saúde. Cantigas, cartazes decorativos no local devem ser feitos por professores e
final da semana, ela tenha tido a oportunidade de escovar os dentes de todas as crianças.
crianças. Da mesma forma, deve-se evitar nesse momento as referências negativas “quem
· colocar a criança numa posição que seja confortável para ela e para o adulto.
· Apoiar a cabeça de criança no colo ou no peito da professora, para que haja a melhor visualização de não escovar vai ficar com os dentes pretos” ou ameaça “quem não escovar os dentes não
todos os dentes; vai brincar no parque”. Seria melhor propor às crianças “vamos escovar os dentes depois
· escovar todos os dentes, do lado de fora e do lado de dentro, como se a escova estivesse varrendo da
gengiva para dentro;
iremos ao parque”.
· escovar as superfícies da mastigação com movimentos de vai e vem;
· escovar delicadamente a língua da criança. Como escovar os dentes das crianças:
· distribuir as escovas para todas as crianças
Observação: As crianças que não estejam escovando seus dentes com a professora · orientar as crianças quanto às regiões da boca a serem escovadas e aos movimentos que devem ser
executados;
estarão com suas escovas realizando sozinhas essa atividade. Desta forma, elas podem
· colocar a pasta de dente em pequena quantidade;
desenvolver a habilidade e autonomia além de criar o hábito. A primeira escovinha deve · supervisionar a escovação das crianças, com palavras de estímulo e orientações individuais que
ser recebida com comemoração e alegria! eventualmente sejam necessárias.

A pasta de dente Atenção: a creche deve procurar uma integração com o posto de saúde mais
próximo. Assim ela poderá assegurar o fornecimento de escovas para as crianças através
Atualmente no Brasil, todas as pastas de dente contém flúor. O flúor é um do SUS (Sistema Único de Saúde). Para garantir esse direito, a coordenadora da creche
medicamento e, como todos os medicamentos, deve ser utilizado dentro da posologia deverá encaminhar ao posto de saúde uma listagem anual de todas as crianças
indicada. Embora traga benefícios à saúde bucal, seu uso deve ser controlado. matriculadas, contendo o nome completo e a data de nascimento de cada uma.

28 29
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Banho de Sol Sono e Repouso

A finalidade do banho de sol é ativar a provitamina D existente na pele através dos Um bom sono é absolutamente necessário às crianças.
raios ultravioletas, transformando-a em vitamina D que será absorvida pelo sangue. A
vitamina D participa na absorção do fósforo e do cálcio, prevenindo, assim, o raquitismo. Quando a criança está feliz e cansada de exercícios físicos, deita-se de boa
Isso significa dizer que a prevenção do hipovitaminose D é feita através da exposição vontade. Entretanto, um bom sono requer um ambiente seguro, calmo, arejado e
direta da pele à luz solar. oxigenado, além de colchões em boas condições.

Crianças pequenas que, na maioria das vezes, têm pouca atividade ao ar livre A quantidade de sono não é índice suficiente de boa saúde. A qualidade do sono
devem ser expostas regularmente ao sol. A exposição solar deve ser diária ou pelo menos deve ser levada em consideração e pode ser observada pela posição relaxada da criança,
duas a três vezes por semana, durante trinta minutos, com a criança semivestida. pela descontração de suas feições e pelo seu despertar. Se a criança acordar de bom
Recomenda-se o banho de sol no horário da manhã até às dez horas ou à tarde após as humor e sorridente, isto prova que o sono lhe permitiu a reorganização física e mental.
quinze horas. As crianças maiores que desenvolvem atividades ao ar livre já estão
Os sinais do sono são: bocejos, olhar imóvel, pálpebras cadentes, cabeça oscilante
automaticamente expostas ao sol. Vale lembrar que o horário ideal é o mesmo requerido
ou irritação, choro, coceira nos olhos.
para as crianças menores.
Dicas importantes:
Dicas importantes:
· sono diurno é importante para as crianças menores. Ele completa o sono noturno;
· faça do banho de sol um momento de interação com a criança: converse com ela faça-lhe carinhos, · há algumas crianças que têm hábitos para dormir. Procure conhecê-los. Respeite as crianças que os têm
cante ou brinque; e elas dormirão tranquilas;
· vidros, ambientes poluídos com fumaça ou neblina e o uso de protetores solares impedem ou inibem a · coloque música suave e baixinha, se for possível, para as crianças dormirem;
síntese de vitamina D.
· para as crianças de até dois anos, cante as cantigas de ninar;
· a organização do lugar do sono é tão necessária quanto outras atividades que as crianças desenvolvem
Vestuário · o respeito aos horários, à frequência e a duração do sono de cada criança deve ser mantido.

Assim como o banho, a higiene ambiental e todas as outras ações integradoras do Nesse contexto, a temperatura agradável, a ventilação e penumbra, e a ausência de
cotidiano da IEI, o vestuário e o vestir constituem funções de educar e cuidar e devem ruído são cuidados para um sono seguro e tranquilo.
estar associadas a padrões de qualidade e de aprendizagem.
Jogos e Brincadeiras
O vestuário deve ser considerado um importante fator de proteção do corpo e da
satisfação das necessidades individuais. Com isso, as roupas devem ser confortáveis, Brincar é coisa séria!!!
limpas, simples de vestir e adequadas à estação climática, de forma a facilitar os
O brincar é uma atividade que compreende o caráter imaginativo, social e de
movimentos da criança e não dificultar-lhe a respiração e circulação. O professor, nesse
linguagem, o que requer, portanto, um espaço ventilado, seguro, confortável, bonito e
contexto é elo de interlocução com algumas famílias, uma vez que hábitos culturais podem
limpo. Ou seja, o ambiente é importantíssimo para o “brincar” da criança.
deixar a criança superagasalhada ou deixá-la com pouca roupa, comprometendo seu bem
estar físico e mental. Nesse espaço podem estar presentes caixas de papelão de tamanhos variados,
cordas, panos coloridos, grandes e pequenos, grossos e finos, e, se possível, um baú ou
O vestir-se, o trocar-se e o calçar o sapatão, tênis ou chinelo são momentos ricos
caixa grande com outros brinquedos de plástico, borracha. Esses materiais, de fácil
para o desenvolvimento da autonomia, independência e socialização da criança,
aquisição e baratos, possibilitam às crianças fantasiar-se, brincar sozinhas ou em grupos,
desenvolve-se por meio de aprendizagens diversificadas, advindas de interações
criar, construir, imitar e sonhar. É essencial, porém, que esses materiais sejam
significativas e de situações concretas, intencionais e orientadas pelos professores.
organizados pelo professor e pelas crianças segundo uma lógica, de maneira a facilitar as
Educando pelo cuidar, as crianças têm acesso aos conhecimentos desde os mais simples
ações simbólicas da criança; por exemplo, as panelinhas ou os pratos devem estar
da realidade social e cultural até os mais complexos. Apropriam-se, nesse processo, das
próximos do fogãozinho.
potencialidades corporais (incentivando o desenvolvimento dos comportamentos motores
finos), afetivas, emocionais, éticas e autocuidado, tornando-se felizes e saudáveis. Outro ponto importante é a liberdade, que deve permitir às crianças espalharem
brinquedos e movimentarem-se dentro do espaço de brincar.
Lembre-se de que:
· a criança é bela, independente do vestuário que usa, do seu colorido e da raça que espelha.
30 31
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Após o período estipulado para as brincadeiras, o professor e as crianças arrumam mesmo processo. Os atos cotidianos, o respeito à vontade e a identificação das
todo o ambiente e, com isso, o brincar ajuda não só a organização do pensamento e das necessidades fisiológicas da criança possibilitam-na tornar-se independente e autônoma.
emoções, mas também enriquece a imaginação, cria independência e autonomia.
Dicas importantes:
Lembre se de que: · a educação dos esfíncteres pode durar semanas ou meses;
· as brincadeiras permitem que a criança interaja com as outras crianças, adquira confiança e se socialize; · no início, a criança só consegue avisar ao adulto depois de já ter feito nas fraldas ou calças. Entretanto,
· através do brincar a criança externaliza o seu pensar e sentir, permitindo ao professor fazer uma leitura este é o momento de encorajar a criança. O convite à utilização do urinol precisa acontecer com certa
do como ela é e esta; regularidade, após observar qual horário em que acontecem as eliminações;
· o professor deve acompanhar o desenvolvimento da criança, estimulando-a com atividades, brinquedos e · além de aprender a controlar o próprio organismo, a criança tem que aprender hábitos de higiene
jogos, de acordo com as suas especificidades; relacionados com o cocô e o xixi. Fale com ela sobre a importância da urina e das fezes serem jogadas
fora; da importância de ela se limpar, porque não pode ficar com a calcinha, cueca ou roupas sujas etc.;
· brincar permite ao professor perceber as dificuldade que cada criança tem com as brincadeiras e poder
ajudá-las. · explique para a criança o porquê de lavar as mãos antes e após cada eliminação;
· evite qualquer situação de constrangimento e humilhação para a criança;
· mantenha alguns urinóis ao alcance das crianças, sempre no mesmo lugar, para que possam chegar a
Outro momento bastante rico e de desenvolvimento linguístico, imaginário e de
eles rapidamente;
trocas entre as próprias crianças acontece quando o professor organiza situações nas · demostre alegria nos primeiros sinais de que a criança está percebendo que pode controlar seu xixi e
quais as crianças narram sobre o que brincaram, os papéis que assumiram e os dos cocô;
· leve a criança ao vaso ou urinol, em períodos regulares, pois a permanência assentada deve levar em
colegas, os materiais utilizados e a sequência desses atos. As crianças que já utilizam conta o ritmo de cada uma nesse processo, mas em geral não leva mais que dez minutos;
lápis de cera, ou mesmo lápis comum podem representar, por meio de desenhos, o vivido
nas brincadeiras e esses trabalhos podem ser afixados na sala onde ficam. Os brinquedos, Professor é importante que você e a família da criança interagem e troquem ideias
tintas e lápis devem oferecer segurança. Atenção para os materiais que contenham nessa fase de construção dos hábitos, para que tenham condutas semelhantes e a criança
toxicidade. possa, nesse clima de segurança e respeito, tomar iniciativas, ser responsável e integrar-
se com outras crianças.
Professor, faça do brincar uma atividade permanente e variada para que as crianças
participem ativamente dela. Brinque também. Participe. REFERÊNCIAS

Eliminações 1. ABRAMOWICZ, A.; WAJSKOP, G. Creches – atividade para criança de o a 6 anos. São Paulo: Moderna,
1995.
A retirada das fraldas e o controle esfincteriano são momentos complexos que 2. BRASIL. Lei n. 9.394 – 20 dez. 1996. Lei das Diretrizes e Bases da Educação: aspectos importantes
para a educação infantil. Brasília: Ministério da Educação e Cultura, 1996.
integram aspectos biológicos, afetivos, emocionais e sociais. Geralmente a criança, por
3. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial
volta dos dezoito meses de idade, passa a se interessar pelas suas eliminações e a curricular nacional para a educação infantil. Brasília, 1998. 1. V. 103 p.
reconhecer, pelas sensações provocadas pela contração e relaxamento esfincteriano, que 4. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial
está com vontade de fazer cocô. Aos vinte e quatro meses, com maior maturidade, passa a curricular nacional para a educação infantil. Brasília, 1998. 2. V. 86 p.
reter o xixi por mais tempo. Isto significa dizer que a criança, até por volta de um ano e 5. ______. Ministério da Saúde. Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança. Acompanhamento
do crescimento e desenvolvimento. 3. Ed. Brasília, 1986.
meio, faz xixi e cocô nas fraldas porque ainda não consegue segurar a vontade de fazê-lo.
6. ______. Ministério da Saúde. Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança. Aleitamento
materno e orientação alimentar para o desmame. 3. Ed. Brasília, 1996.
O professor, com um olhar atento, consegue perceber como cada criança se 7. ______. Ministério da Saúde. Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança. Atendimento
comunica com ele, dando lhes pistas e sinais de que está molhada ou com vontade de Integrado à saúde e desenvolvimento da criança: cartão da criança. 4. Ed. Brasília, 1993.
fazer cocô, seja através de sons, seja através da linguagem gestual, corporal ao apertar as 8. CARVALHO, M. C. de. Organização de espaços em instituições pré-escolares. In: Educação infantil,
pernas ou os olhinhos, fazendo força e ficando quietinha em seu canto, seja apontando o muitos olhares. São Paulo: Cortez, 1994.
9. FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
xixi que escorre, andando de pernas abertas ou pronunciando uma palavra usada no seu
1990. 1.747 p.
meio cultural. Estas pistas são indicativas para que o professor pergunte á criança se quer 10. LADEIRA, D. M. L. Cartilha informativa de DNPM – crianças de 0 a 12 meses. 2. ed. Belo Horizonte:
ir ao banheiro e a ajude, colocando-se no vaso sanitário ou no urinol. Prefeitura de Belo Horizonte, Distrito Sanitário Centro-Sul, 1997.
11. LAMOUNIER, J. A. XAVIER, C. C.; MOULIN, Z. S. Leite materno e proteção à criança. In: TONELLI, E.;
As fezes e a urina tem significado especial para as crianças. FREIRE, L.M.S. Doenças infecciosas na infância e adolescências. 2. Ed. Rio de Janeiro: MEDSI,
Cuidado professor, com as suas reações. 2000. V.l,p. 89-103.
12. LEÃO, E. et al. Pediatria ambulatorial. 3. ed. Belo Horizonte: Cooperativa Editora e Cultura Médica
A construção do habito de fazer xixi e cocô no urinol ou sanitário pode ser facilitado Ltda. 1998.
pela organização da rotina pelo professor e pela imitação de outras crianças que vivem o
32 33
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

13. MOULIN, Z. S.et al.Treinamento básico para assistência integral à saúde da criança na creche. Belo Nutrição nos dois Primeiros Anos de Vida
Horizonte: Prefeitura de belo Horizonte, Distrito Sanitário Centro-Sul. No prelo.
14. ORGANIZAÇÕES das Nações Unidas. Como evitar las enfermedades transmitidas por lós
Miriam Monteiro de Castro Graciano
alimentos. Chile: Organizações das Nações Unidas para agricultura e alimentação – ONU/FAO Oficina
Regional para a América Latina, Caribe e Santiago, 1990. Recomenda-se que a criança receba aleitamento materno exclusivo até os seis
15. PROGRAMA PARENTSLOVE/ALIMENTAÇÃO/HOT SPRINGS/ARKANSAS/E.E.U.U. Comunidade global meses de idade, quando então, alimentos diversos serão introduzidos de forma gradativa,
sem fins lucrativos que integra informação e oportunidade de comunicação na Internet para educadores e até que se faça a completa transição de uma dieta líquida para a sólida. Até o segundo ano
profissionais de saúde. Email: parentslove@geocities.com e http://www.geocities.com/hot Springs/3305
de vida da criança, recomenda-se a manutenção do aleitamento materno junto com outros
16. SABBAT, S. Creche, surgimento e evolução. Presença pedagógica, n. 14, mar./abr. 1997.
17. SANTOS, I. et al. Guia curricular para a formação de auxiliar de enfermagem – área hospitalar: área alimentos, pois isto irá favorecer o crescimento saudável da criança e desenvolvimento
curricular IV – participação da assistência integral à saúde da mulher, da criança e do adolescente. Belo psicoafetivo adequado, em função dos nutrientes contidos no leite materno e da relação de
Horizonte: Escola de Enfermagem da UFMG/PRODEn, 1995. proximidade e confiança, estabelecida entre mãe e filho(a). Além disto, por ser rico em
18. SANTOS, L. E. S. Saúde na creche. Alfenas: [s.n.], 1998 Mimeografado. substâncias antimicrobianas, anti-inflamatórias e imunomoduladores, o aleitamento
19. SCHMITZ, E. et al. A enfermagem em pediatria e puericultura. São Paulo: Atheneu. 1989.
materno é fator de proteção para doenças infecciosas, alérgicas e autoimunes.
20. SGARBIERI, V.C. Alimentação e nutrição: fator saúde e desenvolvimento. São Paulo: Almed, 1997.
21. VASCONCELOS. M. et al. Iniciação à saúde bucal de crianças. Belo Horizonte: Pró-Reitoria de
Os principais fatores antimicrobianos do leite materno são a IgA secretora,
Extensão da UFMG, 1992. 26 p. (Orientação Popular, 4).
22. _____. As etapas de desenvolvimento em saúde bucal. Uma orientação para pediatrias. Belo lactoferrina, lisozima, oligossacarídeos, mucina, fibronectina e complemento. As
Horizonte: UFMG, 1991. Folder. substâncias com atividade anti-inflamatória são as citocinas, os antioxidantes (catalase,
23. VANNUCHI, H. Aplicações das recomendações nutricionais adaptadas á população brasileira. São lactoferrina, alfa-tocoferol, betacaroteno), as antiproteases (alfa1-anti-tripsina e inibidor da
Paulo: SBAN, 1990.v.2. elastase), os fatores de crescimento, prostaglandina E1 e E2, PAF-acetilhidrolase e os
principais imunomoduladores são as citocinas, nucleotídeos, prostaglandina E2 e
prolactina.

Além desta proteção conferida, o leite materno ainda estimula a maturação epitelial
e aumentam a produção de enzimas digestivas. Por outro lado, o aleitamento materno
facilita ainda a introdução de novos alimentos, pois por meio do leite materno, a criança é
exposta aos diversos sabores e aromas que variam de acordo com a dieta da mãe e
assim, ela estará mais receptiva aos alimentos que fazem parte dos hábitos e cardápio
alimentar da família.

No Brasil estudos indicam ocorrência de uma tendência ao aumento da


amamentação de 1975 a 1989, quando a mediana da amamentação passou de 2,5 meses
para 5,5 meses. Atualmente, evidencia-se que apesar de a maioria dos bebês (96,4%)
serem amamentados quando saem da maternidade, somente 40% deles recebe
aleitamento materno exclusivo até os 4 meses de idade.

O desmame precoce influencia de maneira negativa as taxas de morbimortalidade


infantil, razão pela qual é fundamental implementar ações de promoção, proteção e apoio
ao aleitamento materno, na atenção pré-natal e de pós-parto nos serviços públicos de
saúde.

As dúvidas e dificuldades das mães em relação à amamentação, quando não


resolvidas oportunamente, aumentarão a frequência do desmame precoce. É importante
ressaltar ainda que a introdução da mamadeira fatalmente irá provocar diminuição na
produção de leite materno e, consequentemente, desmame total. Quanto mais a criança
suga mais leite é produzido. Por outro lado, bicos de mamadeiras ou chuquinhas fazem

34 35
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

com que a criança fique com “preguiça” de ordenhar o seio materno, o que lhe exige bem Figura 1B – Tipos de Mamilos
mais esforço do que a mamadeira.

São muitos os tabus e as dificuldades enfrentadas por uma mãe que está aleitando
um filho pela primeira vez. Mesmo que ela tenha tido outros filhos, caso não os tenham
aleitado deve-se ter especial atenção e cuidados preventivos para o sucesso do
aleitamento. São muitos os “inimigos” do aleitamento materno, dentre eles, mães, sogras
vizinhas, tias e companhia, que ficam dando opinião erra e recomendando o aleitamento
artificial como muito melhor, mas prático e fácil. Mas isto não é verdade. Existe uma ampla
literatura sobre o tema que deve ser consultada por todo profissional de saúde para que
ele possa orientar corretamente as mães.
PROTUSO PLANO INVERTIDO
O preparo para a amamentação inicia-se por volta do terceiro mês de gestação. As
orientações para a mãe vão desde a higiene dos mamilos, que deve ser feita apenas com Quando o mamilo é invertido ou plano, deve-se orientar a gestante durante o pré-
água, durante o banho diário da mãe, evitando-se o uso de sabonetes, álcool ou outras natal quanto à prática de exercícios para correção do mesmo (os exercícios de Hoffman),
substâncias que provoque o ressecamento dos mesmos. Deve-se explicar às mães que a bem como o uso de conchas protetoras dos mamilos.
pele da auréola e do mamilo secretam óleos protetores que mantêm estas estruturas fortes
Os exercícios de Hoffman consistem em uma série de movimentos que deve ser
e flexíveis. Embora se possa usar cremes antiestrias na mama, não se deve usar nenhum
realizado durante o 2º trimestre de gravidez. Procede-se do seguinte modo: a gestante
creme, pomada ou óleo na região dos mamilos, pois interferem com sua proteção natural.
deve colocar um dedo de cada lado do mamilo, sobre a aréola e puxá-los fazendo uma
Recomenda-se ainda o banho de sol nas mamas por volta de 15 a 30 minutos antes das
leve pressão para trás e para fora, até o ponto em que comece a doer e não até o ponto
10 da manhã ou após as 16 horas, para fortalecer a pele do mamilo. Alguns autores
em que dói! Deve repetir este movimento por três vezes e em três direções: vertical,
recomendam ainda o uso de bucha vegetal como abrasivo dos mamilos para fortalecer a
horizontal e diagonal (Figura 2). Um segundo recurso, complementar a este primeiro, é o
epiderme dos mesmos. Mas atenção, após o parto deve-se interromper esta prática e
exercício de estiramento do mamilo, que deve ser realizado fazendo-se movimentos
manter apenas a higienização com água e banho de sol. É importante também orientar o
giratórios no mamilo, como se estivesse girando um botão. (Figura 3). Entretanto, com a
uso de sutiã de algodão confortável, firme, mas que não aperte e após o nascimento os
estimulação dos mamilos a mãe pode apresentar contrações uterinas pela liberação de
próprios para amamentação.
ocitocina. Por isso estes exercícios devem ser feitos no segundo e não no terceiro
Aspectos culturais, familiares e anatômicos podem intervir com um aleitamento trimestre de gestação, e caso provoquem contrações uterinas, devem ser suspensos.
materno de sucesso e por isso também devem ser observados. Com relação aos aspectos
Figura 2 – Exercícios de Hoffman Figura 3 – Estiramento do mamilo
culturais e as características do grupo familiar deve-se conversar, desmistificar falsos
conceitos e orientar as mães sobre o que é correto ou não. Com relação ao aspecto
anatômico, o mais importante é observar o tipo de mamilo e cuidados gerais com os
mesmos. Existem basicamente três tipos de mamilos: os profusos ou normais, os semi-
protusos, rasos ou planos e os invertidos, conforme observado nas figuras 1A e 1B.

Figura 1A – Tipos de Mamilos

As conchas protetoras para os mamilos, em geral de base rígida, deveriam ser


usada apenas durante a gestação, mas quando a orientação no pré-natal não foi
adequada, também poderão ser usadas após o parto, porém isto causa incômodos, pois
ficam drenando leite o tempo todo (Figura 4). As conchas protetoras, ou escudos de

36 37
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Woolwich, devem ser usadas durante uma ou duas horas nos primeiros dias e depois, indicando-se o exercício sempre e imediatamente antes de amamentar. Se indicado
durante todo o dia e retiradas à noite para dormir. Para higienizá-las, deve-se retirar os durante gestação, assim como os exercícios de Hoffman e o Niplette deve ser realizado
resíduos do leite, lavando-se em seguida com sabão e água em abundância e depois as apenas durante 2º trimeste de gestação.
fervendo junto aos utensílios do bebê. O leite que extravasar na concha não deve ser
utilizado ou doado. Figura 6 – Método da Seringa para Mamilos Invertidos

Figura 4
Concha Protetora

Existem três reflexos distintos envolvidos no ato da amamentação, são eles: o


reflexo da voracidade, o da sucção e o da deglutição, que é o reflexo da criança de engolir
o leite quando a sua boca fica cheia. E dois outros reflexos na mãe: o reflexo da prolactina
ou reflexo de produção (Figura 7), que ocorre com a sucção do bebê, o que faz com que
Outro recurso disponível são os aparelhos Niplette da Philips, com um custo estímulos nervosos cheguem à hipófise anterior estimulando a produção de prolactina,
aproximado de R$ 150,00. Ele deve ser aplicado do seguinte modo: acopla-se a seringa ao hormônio responsável pela produção do leite; o reflexo da ejeção do leite (Figura 8), que
dispositivo e se retira todo o ar da seringa (Passo 1 – Figura 5), então o coloca-se no ocorre alguns minutos após o da produção, quando a ocitocina produzida na hipófise
mamilo e se faz uma sucção com a seringa promovendo a exteriorização do mamilo posterior provoca a contração das células musculares na mama (Figura 9),
(Passo 2 – Figura 5), por fim, retira-se a seringa fecha-se a abertura do dispositivo e o desencadeando a “descida” do leite. Por isto, quanto mais o bebê mamar mais leite a mãe
mantem nos seios ao longo do dia (Passo 3 – Figura 5). Este aparelho deve ser usado irá produzir.
durante a gestação, 8 horas por dia, por um período de 3 meses.
Deste modo, é importante deixar as mães bem seguras quanto à importância do
Figura 5 – Avent Niplette aleitamento para ela e seu filho, bem como sobre a necessidade de tranquilidade ao
amamentar, pois alguns fatores psicológicos podem interferir no reflexo de ejeção do leite,
como por exemplo, pensamentos positivos, confiança, segurança, carinho estimulam o
reflexo de ejeção, ao passo que nervosismo da mãe, insegurança e stress são fatores que
o inibem.

Figura 7 – Reflexos da Prolactina ou da Produção do Leite

Como este aparelho tem um custo alto para a população brasileira, pode-se fazer
uma adaptação, utilizando-se o método da seringa. Este método é barato e igualmente
eficaz. Para tanto, utiliza-se uma seringa de 20 ml, cortando-a na ponta (Etapa 1 – Figura
6) e invertendo o êmbolo para a mãe não se machucar com a superfície irregular que
acabou de cortar (Etapa 2 – Figura 6). Então, puxa-se o êmbolo da seringa até o mamilo
ficar proeminente e atingir o seu limiar de dor (Etapa 3 – Figura 6). Deixa-se “puxado” por 1
a 2 minutos e se repete este processo várias vezes ao dia, por no mínimo uma semana.
Na ausência desta orientação no pré-natal, ela também poderá ser dada para a puérpera,
38 39
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Figura 8 – Reflexos da Ocitocina ou da Ejeção do Leite De qualquer modo, antes da ordenha do leite materno, devem-se lavar as mãos, a
mama e esterilizar o recipiente para coleta do leite, que pode ser de plástico ou vidro com
tampa. A ordenha deve ser realizada imediatamente após as mamadas para retirada do
leite residual ou no horário em que o bebê deveria estar mamando. A extração com as
bombas deve durar no máximo 10 minutos em cada mama. O leite deve ser coletado aos
poucos até obter-se a quantidade necessária para uma mamada de acordo com a idade do
bebê, conforme tabela 1.

Tabela 1 – Quantidade de leite ingerida


a cada mamada segundo idade da criança
Primeira semana 60-80 ml
Final do primeiro mês 120 ml
Durante o segundo mês 160 ml
Terceiro mês em diante 200 ml

Também é necessário rotular o recipiente com a data e hora da coleta para estocá-
lo. O leite pode ser armazenado em freezer por no máximo até 15 dias e mantido na
Figura 9 – Anatomia da Mama geladeira por no máximo até 12 horas, mas jamais na porta, seja do freezer ou da
geladeira, sempre no seu interior. Para descongelar é necessário retirar do freezer e deixar
o recipiente com o leite congelado na geladeira por no mínimo 6 horas. Então, ele será
aquecido em banho-maria, jamais no micro-ondas. O banho-maria deve ser feito
esquentando-se a água no fogão, sem deixar que ferva, pois o calor excessivo desnatura
proteínas e enzimas do leite. Após a retirada da panela com água quente do fogo emerge-
se o recipiente com o leite materno por alguns minutos nesta água quente e antes de
oferecê-lo à criança, ele deve ser agitado suavemente para homogeneizar a gordura. Para
saber a temperatura adequada do leite derrama-se um pouco na face externa do braço,
cuja pele é mais fina e, portanto mais sensível. Também é importante a necessidade de
descongelar todo o leite estocado em um único recipiente, pois durante o congelamento as
gorduras se separam do restante dos componentes do leite. Pode-se acrescentar o leite
coletado em momentos diferentes ou um já congelado a um recém extraído, mas neste
Existem algumas situações nas quais a ordenha do leite materno se faz necessária, caso o leite recém extraído deverá ser esfriado enquanto o outro é congelado antes de
como em caso de prematuridade, inflamação na mama, ingurgitamento mamário, sucção misturá-los. Orientar ainda a mãe quanto ao aspecto do leite descongelado que é
ineficiente do recém-nascido ou para coleta e estoque para complementação em floculado. Após descongelamento e oferecimento do leite a criança, o restante deve ser
eventualidades quando a mãe trabalha ou tem que se ausentar. Nestes casos é possível descartado.
proceder de dois modos, utilizando-se “bombas extratoras” (Figura 10), ou realizando-se a Para uma boa ordenha do leite materno é preciso massagear as mamas com
ordenha manual (Figura 11). movimentos circulares. Para tanto, apoia-se a mama com uma das mãos, para dar
Figura 10 conforto. Com a polpa dos dedos da outra mão massagear de maneira circular em volta do
bico para dissolver os nódulos formados pelo acúmulo de leite, que com este movimento
vai se liquefazer e facilitar a ordenha. Então, comprimem-se os dedos indicador e polegar
na altura da pele do peito, onde começa a aréola. Esta compressão deve ser ritmada e
sem escorregar os dedos para não traumatizar os ductos, em uma tentativa de simular a
sucção do bebê. Esvaziada esta região de saída, torna-se a massagear a mama de modo
circular, agora um pouco mais na região junto ao corpo, tentando dissolver os nódulos de
leite. Amaciada esta região, outra vez, com o polegar e indicador, comprimimos a borda da
aréola e aliviam-se os ductos de saída. Torna-se então a massagear mais para a base do
Bomba Extratora Manual Bomba Extratora Elétrica
40 41
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

peito e outra vez amolecendo-o é possível seguir ordenhando a mama até que ela fique deve ter o cuidado de esvaziar o mamilo, pois se ele estiver ingurgitado e estirado de tanto
suportável ou se retire a quantidade de leite que desejava armazenar (Figura 11). leite a criança irá mordiscar o mesmo com a gengiva provocando fissuras. Quando a
mama está muito cheia, a aréola fica tensa, endurecida e dificulta a pega. Em tais casos,
Figura 11 – Massagem e Ordenha Manual da Mama recomenda-se, antes da mamada, retirar manualmente um pouco de leite. Em acréscimo,
ela deve ser orientada a fazer com que a criança abocanhe a auréola e não o mamilo
como ilustrado na figura 12.

Figura 12A – A Pega do Seio

A ordenha é feita com os dedos da mão em forma de “C”, o polegar na aréola acima
do mamilo e o dedo indicador abaixo do mamilo na transição aréola/mama, usando
preferencialmente a mão esquerda para a mama esquerda e a mão direita para a mama
direita, embora as duas mãos possam ser usada simultaneamente (técnica bimanual).
Então, pressiona-se suavemente o polegar e o dedo indicador, um em direção ao outro, e
levemente para dentro em direção à parede torácica. Evitar pressionar demais, pois pode
bloquear os ductos lactíferos. O certo é pressionar e soltar, pressionar e soltar. A manobra
não dói se a técnica estiver correta. A princípio o leite pode não flui, mas depois de Figura 12B – A Pega do Seio
pressionar algumas vezes ele começará a pingar. Poderá fluir em jorros se o reflexo de Pega adequada ou boa pega Pega inadequada
ocitocina for ativo. Os primeiros jatos devem ser desprezados para melhora a qualidade do
leite e reduzir os contaminantes microbianos. Muda-se a posição dos dedos ao redor da
aréola para esvaziar todas as áreas da mama e alterna-se a mama quando o fluxo de leite
diminui, repetindo a massagem e o ciclo várias vezes. A coleta pode ser feita em um único
ou dois vasilhames, um para cada mama, com o tórax curvado sobre o abdômen, para
facilitar e aumentar a saída do leite (Figura 11).

Como uma ordenha adequada leva de 20 a 30 minutos, recomenda-se que a nutriz


adote uma postura confortável, pois o procedimento pode ser cansativo. Ela deve ainda São indícios de uma boa pega: 1) Mais aréola visível acima da boca do bebê; 2) A
que preparar previamente o recipiente do leite (fervendo-o por 20 minutos), assim como boca bem aberta; 3) O lábio inferior virado para fora; e 4) O queixo tocando a mama.
lavar cuidadosamente as mãos e antebraços, prender os cabelos, utilizar uma máscara ou
evitar falar, espirrar ou tossir enquanto ordenha o leite, assim como ter à mão um pano São sinais indicativos de técnica inadequada de amamentação: 1) Bochechas do
úmido limpo ou lenços de papel para limpeza das mãos. bebê encovadas a cada sucção; 2) Ruídos da língua; 3) Mama aparentando estar esticada
ou deformada durante a mamada; 4) Mamilos com estrias vermelhas ou áreas
O leite ordenhado deve ser oferecido à criança de preferência em um copo, xícara esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê solta a mama; e 5) Dor na amamentação.
ou colher. A técnica recomendada é acomodar o bebê desperto e tranquilo no colo, na
posição sentada ou semi-sentada e a cabeça formando um ângulo de 90º com o pescoço. A mãe também deve ser orientada a, quando levar a criança ao seio, segurar a mama
Encosta-se a borda do copo no lábio inferior do bebê e deixa o leite materno tocar o lábio, em forma de C para facilitar que o bebê abocanhe a maior parte da aréola (região escura
com isso o bebê fará movimentos de lambida do leite, seguidos de deglutição. Não se ao redor do bico do peito) e não somente o mamilo (bico do peito), explicando que o leite
pode despejar o leite na boca do bebê, pois ele poderá engasgar. vem dos seios galactóforos e não do mamilo. Do mesmo modo, caso seja necessário
interromper a mamada, deve-se separar os maxilares da criança, introduzindo o dedo
Outra orientação importantíssima para o sucesso no aleitamento materno é quanto à mindinho na comissura labial para evitar que a criança machuque o mamilo da mãe (Figura
pega do seio e a posição para o aleitamento. Antes de colocar a criança no seio a mãe 13). Este é o primeiro procedimento de prevenção de traumas da região mamilo-areolar.
42 43
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Figura 13 esvaziar completamente as duas mamas e continuar com fome a mãe deve permanecer
Posição para Oferecer a Mama Para Interromper a Mamada com ele no colo por no mínimo 30 minutos, levando-o novamente ao seio após este tempo,
o que provocará novo reflexo de descida do leite. Deve-se ainda salientar a importância de
se alternar os seios oferecidos no início de cada mamada. Para se lembrar, a mãe pode
amarrar um fitinha no sutiã do lado do seio no qual a criança mamou por último e que a
indica que é deste lado que ela irá então iniciar esta nova mamada.

Outro recurso importante e que pode ajudar as mães com problemas nos mamilos
(pele clara e muito fina ou mamilos planos, invertidos ou já fissurados) é o uso de bicos de
silicone. O bico de silicone auxilia na amamentação, pois protege o seio e evita dor e
Quanto a posição para amamentar ela deve ser escolhida pela mãe, mas que de
abandono do aleitamento por esta razão. Alguns são contra o seu emprego, alegando
qualquer modo deve ser orientada a mudar de posição para esvasiamento de todos os
que ele pode fazer com que o bebê não consiga mais mamar diretamente no peito ,
ductos lactíferos. (Figura 14)
outros que a deglutição de ar aumentaria as cólicas abdominais do bêbe. De qualquer
Figura 14 – Posição da Mãe (por ela escolhida) modo, nas situações acima mencionadas (problemas nos mamilos) seu uso é altamente
indicado. Para utilizá-lo posiciona-o no peito com a aba lateral virada para frente e
após o encaixe, volta-se a aba em direção à mama e o segura com os dedos durante
aleitamento. (Figura 15) Ele deve ser esterilizado após o uso e armazenado com os
utensílios do bebê.

Figura 15 – Bico de Silicone

Não se devem restringir os horários para a amamentação ou o tempo de


permanência da criança na mama. A amamentação deve ser feita em livre demanda. Nos
Após o aleitamento, a criança deve ser colocada na posição ereta, apoiando a sua
primeiros meses, é normal que a criança mame com frequência e com horários irregulares.
cabeça no ombro materno (Figura 16), para favorecer a eructação (arrotar), ou seja, o ar
Uma criança em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia. Este
deglutido durante a amamentação seja facilmente eliminado. Nem sempre o bebê eructa.
comportamento faz com que mães inseguras ou com baixa autoestima, acredite que a
Se mamou sem fazer barulho, sem ser agitado, fazendo pega correta na região mamilo-
criança está ficando com fome, que seu leite é fraco ou pouco, o que resulta na introdução
areolar, dificilmente deglutiu ar. Portanto, se após permanência de cinco a dez minutos na
precoce e desnecessária de suplementos levando muitas vezes ao desmame precoce.
posição adequada o bebê não eructar, a mãe não deve se preocupar, poderá colocá-lo no
Palpites equivocado de parentes e vizinhos reforçam esta crença infundada.
berço, do lado direito, deixando-o tranquilo. Do mesmo modo, a mãe deve verificar após a
O tempo para esvaziamento de uma mama varia de acordo com a fome e do da mamada se a mama se encontra dolorida e “cheia”. Para prevenir o ingurgitamento
temperamento da criança, o intervalo transcorrido desde a última mamada e o volume de mamário e outras intercorrências mamárias realizar a ordenha manual.
leite armazenado na mama. Algumas crianças são “esfomeadas”, passariam o dia Figura 16 – Posições para Eructação
mamando, outras são “dorminhocas”, mamam aparentemente sem fome e dormem
calmamente entre as mamadas, outras são “degustadores”, parecem saborear o leite entre
as chupadas, outros parecem “preguiçosos”, cansam de mamar e por isso param entre as
chupadas. Sendo assim, o mais importante é a mãe conhecer seu filho e lhe dar o tempo
necessário para ele esvaziar adequadamente a mama. A criança deve recebe o leite do
final da mamada, pois ele é mais calórico, promove maior saciedade e, consequentemente,
maior espaçamento entre as mamadas. O esvaziamento das mamas é importante também
para o ganho adequado de peso do bebê e para a manutenção da produção de leite
suficiente para atender às demandas do bebê. Quando a mama é totalmente esvaziada
ocorrerá um aumento de produção em 20% com relação à mamada anterior. Se ele
44 45
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Recém-nascidos normais não necessitam de líquidos adicionais além do leite Neste momento, os alimentos devem ser introduzidos gradualmente, um de cada
materno, a suplementação do leite materno com água ou chás nos primeiros seis meses é vez, a cada 3 a 7 dias, iniciando-se pelos sucos e papas de frutas. Os sucos são
desnecessária, mesmo em locais secos e quentes. oferecidos com o objetivo de suprir necessidades vitamínicas, principalmente de vitamina
C. As papas de frutas têm a mesma finalidade dos sucos, e ainda propiciam a transição da
Bicos e mamadeiras são outros problemas, primeiro, porque algumas crianças, alimentação líquida para a sólida/pastosa.
crianças, depois de experimentarem a mamadeira, passam a apresentar dificuldade
quando para mamar no peito, em função do que se denomina “confusão de bicos”, gerada Deve-se dar preferência às frutas da época, quando são mais baratas. Pela mesma
pela diferença entre a maneira de sugar a mama e a mamadeira. O leite na mamadeira flui razão, isto é, por seu custo e em função de sua popularidade, as frutas habitualmente
abundantemente desde a primeira sucção, o que faz com que a criança se impaciente ao recomendadas são: laranja, banana, maçã, mamão e pera. Deve-se lembrar de que
mamar no peito, pois o reflexo de ejeção do leite leva aproximadamente um minuto para laranja, mamão e pera são frutas laxantes e maçã e banana constipantes, para que a mãe
ser desencadeado e por isso não ocorre um fluxo grande de leite no início da mamada. possa oferecer estes alimentos, após introdução de cada um deles, segundo necessidades
e hábitos intestinais da criança.
O desmame precoce ocorre com mais frequência entre crianças que usam chupeta,
possivelmente por este ser um sinal de que a mãe está tendo dificuldades na Então, em intervalos de 3 a 7 dias, a mãe introduz nova fruta iniciando sempre em
amamentação ou de que tem menor disponibilidade para amamentar. O uso da chupeta pequenas quantidades (3 colheres de chá) e vai aumentar gradativamente até chegar a
também se associa a uma maior ocorrência de candidíase oral (sapinho), de otite média e 100 ml/dia, para os sucos. No caso das papas de frutas, vai-se de 3 colheres de chá (15
de alterações do palato. ml) até completar um pires ou pratinho de bebê.

Ainda que todas as técnicas anteriormente explicadas não funcionem, ou você Você deve orientar a mãe a não dar a mesma fruta todo dia, pois a monotonia
atenda uma criança com desmame precoce, é possível fazer a relactação. Esta técnica alimentar provoca rejeição do alimento, bem como salientar a contraindicação de sucos e
consiste em utilizar uma sonda conectada a um recipiente com leite, por uma extremidade papas de frutas industrializados, pois os corantes e conservantes presentes nestes
e a outra extremidade colada no seio da mãe. Deste modo, o bebê suga o seio juntamente produtos provocam alergias.
com a sonda, estimulando a produção de leite materno e se alimentando simultaneamente.
Essa técnica é também recomendada para mães adotivas que desejem amamentar. Para o preparo destes alimentos, oriente a mãe a lavar bem a fruta, descascá-la ou
raspar a casca com faca dependendo da fruta utilizada. São práticas adequadas para o
Figura 16 – Relactação preparo dos alimentos da criança lavar as mãos de quem for prepara-lo e também da
criança, com água e sabão antes das refeições; manter os utensílios domésticos e as
superfícies para preparo e administração dos alimentos limpos; não utilizar “restos” de
geladeira ou alimentos estragados, isto é, usar apenas alimentos de boa qualidade;
preparar o alimento em quantidade suficiente para apenas uma refeição e servi-lo
imediatamente após preparo.

Para produzir o suco, a fruta deve ser espremida ou ralada e, neste caso, misturada
A partir dos 6 meses de idade, pode-se fazer a introdução do leite de vaca sem
a um pouco de água filtrada, e de todo modo coada. Mesmo a fruta mais densa, como
diluição. Entretanto, vale ressaltar que a alergia a proteínas do leite de vaca é uma
manga ou goiaba, deve ser batida no liquidificador, mas simplesmente espremida ou
condição bastante comum, acometendo de 2 a 7% da população e, em geral é confundida
ralado para que não ocorra perda de nutrientes.
com a intolerância à lactose, mais comum entre adultos do que em criança, conduzindo
pediatras e médicos de família a prescreverem formulações de leites maternizados sem Para produzir a papa de fruta, deve-se raspá-las com colherinha (maçã e pera) ou
lactose que são extremamente caros. Nestes casos, é de bom tom tentar primeiro a amassá-la como um garfo (banana e mamão)
substituição do leite de vaca pelo de cabra ou de soja.
O açúcar jamais deve ser usado, seja no suco ou na papa de frutas, pois perverte o
Após longa polêmica, que durou do final dos anos 1970 até início do século XXI, e paladar da criança. O que se deve fazer é escolher frutas maduras e doces.
ficou conhecida como “dilema do desmame”, a 54º Assembleia Mundial da Saúde,
organizada pela OMS e ocorrida em 2001, determinou que a introdução de alimentos Os sucos de frutas devem ser oferecidos no meio da manhã, entre uma mamada e
complementares deveria ocorrer em torno dos 6 meses de idade e não antes. outra, e a papa de fruta no meio da tarde, entre as mamada coincidentes ao horário de
almoço e jantar.
46 47
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Tendo-se então introduzido, cerca de cinco frutas com intervalos médios de 5 dias, o adicionar leite à sopa; ou aumentar intervalo entre última mamada e a sopa (criança ficará
que resulta em quase um mês, no início do sétimo mês de vida inicia-se a primeira sopinha com mais fome e tenderá a uma maior aceitação).
substituindo a mamada do horário do almoço.
A segunda sopinha será introduzida no início do oitavo mês, substituindo a mamada
Entretanto, antes da introdução da primeira sopinha, ainda no sexto mês de vida da do final da tarde (horário do jantar). Os nutrientes devem ainda se amassados com o garfo
criança, deve-se introduzir a gema de ovo. A gema de ovo é uma importante fonte de ferro e misturados ao caldo. Neste momento, a carne passa a ser oferecida desfiada.
a partir dos 6 meses de idade. Para tanto, deve-se lavar o ovo, cozinha-lo por 10 minutos,
descascar e separar completamente a gema da clara, amassando a gema com um garfo. Lembre-se de orientar a mãe que estes alimentos cumprem o papel de fazer a
transição da dieta líquida para a sólida e que por isso mesmo, jamais devem ser batidos
Inicia-se a introdução da gema de ovo, oferecendo ¼ da mesma, aumentando ¼ de no liquidificador e muito menos oferecidos em mamadeira.
dois em dois dias, de tal modo que ao final de uma semana oferece-se uma gema inteira
por dia. A gema de ovo deve ser oferecida, de preferência, junto com suco de laranja, pois A clara de ovo, por ser muito alergênica, só pode ser oferecida a partir dos 10
a vitamina C aumenta a absorção do ferro. Atenção, a mãe pode misturar algumas gotas meses de idade. Aconselha-se ainda a prorrogar sua introdução para os 12 meses de vida
de suco de laranja à gema, ou água filtrada à gema para facilitar sua ingestão, oferecendo em crianças com história de alergia. Ela deve ser oferecida cozida, e assim como a gema
em seguida o suco de laranja, mas não é para ela misturar tudo, fazendo uma “massaroca” de ovo, sua introdução deve ser feita em pequenas quantidades, aumentando-se
com ovo e suco de laranja. Lembre-se de explicar bem como fazer. progressivamente até chegar a um ovo por dia.

Após a introdução completa da primeira sopinha (um pratinho por dia), a mãe Crianças em aleitamento artificial necessitam de introdução mais precoce destes
poderá misturar a gema de ovo à mesma (depois de pronta), oferecendo primeiro a parte alimentos. O esquema completo da introdução dos alimentos encontra-se na tabela 3.
da sopa que contem a gema misturada. A composição da primeira sopinha encontra-se
Tabela 3 – Introdução de alimentos não lácteos segundo tipo de aleitamento
especificada na tabela 2. Para o preparo da primeira sopinha, deve-se colocar em uma
Aleitamento Materno Alimento Introduzido Aleitamento Artificial ou Misto
panela meio litro de água, junta-se a carne, o arroz, a cenoura, a couve, a cebola, a salsa e
6 meses Sucos 2 meses
o tomate, picados. Deixar cozinhar em fogo baixo. Quando estiver bem mole, passar por 6 meses Papa de frutas 4 meses
uma peneira – jamais pelo liquidificador – e colocar uma pitada de sal. Nunca use 6 meses Gema de ovo 4 meses
temperos industrializados (Knorr, Maggi etc.). 7 meses Primeira sopinha 4 meses
8 meses Segunda sopinha 6 meses
Tabela 2 – Composição da Sopinha 10 meses Clara de ovo 10 meses
Ingredientes Substituições
100g de carne de vaca, moída ou cortada em Frango, boi ou fígado. (Não utilizar carne de porco, Em síntese, a recomendação atual da OMS é a de que crianças sejam
pedaços pequenos. linguiça, salsicha ou mortadela). amamentadas exclusivamente com leite humano até os 6 meses de idade; que elas
Ervilha, lentilha, aveia, grão de bico, soja, fubá,
1 colher de sopa de arroz
semolina, sagu, feijão ou macarrão.
recebam de duas a três refeições com alimentos complementares por dia dos 6 aos 8
Abobrinha, beterraba, batata, chuchu, mandioquinha, meses de idade; e de três a quatro vezes por dia dos 9 aos 24 meses. (Tabela 4)
1 cenoura
batata doce, couve-flor.
Espinafre, almeirão, agrião, escarola, acelga, folha de Tabela 4 – Composição da dieta não láctea segundo tipo de aleitamento
1 folha de couve rabanete, de beterraba ou cenoura, bertalha, alface ou
repolho. Se mama no peito, além da água oferecer Se não mama no peito, além da água oferecer
Cebola, salsa e tomate. Entre 6 e 7 meses 4 meses
Duas papas de fruta e uma refeição salgada Duas papas de fruta e uma refeição salgada
Entre 8 e 12 meses A partir dos 6 meses
Oferecer a sopa com uma colher, inicialmente oferecer apenas 3 colheres de chá e Duas refeições salgadas e uma papa de fruta Duas papas de fruta, duas refeições salgadas,
ir aumentando até chegar a um pratinho por dia. Deve-se ainda, variar a sopa trocando A partir dos 12 meses além de um lanche contendo leite, cereal, pão
ingredientes, um por vez (não trocar todos de uma só vez). Quando a criança estiver Duas refeições salgadas, três lanches ou biscoito sem recheio.
intermediários de fruta, sendo um
aceitando bem os alimentos, colocar pelo menos dois alimentos do grupo de leguminosas complementado com cereais, pão ou biscoito Como já foi desmamada, a criança precisará de
(cenoura, abobrinha ou chuchu) e dois do grupo de folhosos (couve, espinafre ou agrião). sem recheio aproximadamente 600 ml de leite por dia.
Na primeira sopinha, que substitui a mamada do meio dia (almoço), as carnes
devem ser retiradas, oferecendo-se o caldo e demais ingredientes amassados com um A transição da dieta líquida para a sólida deve ser feita de forma gradual, de tal
garfo. Se a criança recusar, esperar uma a duas semanas para reiniciar sua introdução. modo que aos 8 meses de idade a criança deve receber alimentos amassados, desfiados,
Persistindo a recusa, tenta-se, por etapas: retirar o sal; ou substituir sal por açúcar; ou picados ou cortados em pedaços pequenos. Aos 10 meses, ela deve receber alimentos
48 49
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

granulosos e aos 12 meses deverá passar a receber o mesmo tipo de alimento consumido Avaliação Pondero-Estatural de Crianças Menores de Cinco
pela família, restringindo-se o uso de alimentos semissólidos, pois do contrário ela Maria de Lourdes Barbosa Negrão, Silvana Albino da Silva Santos Novais, Miriam Monteiro de Castro Graciano
apresentará dificuldades alimentares aos 15 meses.
O quadro nutricional no Brasil já revela mudanças de padrão, indicando a
Elas podem receber lanchinhos nutritivos adicionais (pedacinhos de fruta, pão, coexistência de desnutrição, de sobrepeso e obesidade em todos os segmentos da
cuscuz, bolo caseiro, macaxeira etc.) uma a duas vezes ao dia. população. Estas são situações de extrema gravidade social, pois desequilibram a saúde
de um indivíduo expondo-o ao risco maior de adoecer ou morrer. Portanto, valorizar a
Figura 17 avaliação do estado nutricional é atitude essencial ao aperfeiçoamento da assistência e da
promoção à saúde.

O estado nutricional é o resultado do equilíbrio entre o consumo de nutrientes e o


gasto energético do organismo para suprir as necessidades nutricionais. Para avaliação do
estado nutricional é preconizado o método antropométrico. A antropometria é um método
de investigação em nutrição baseado na medição das variações físicas e na composição
A partir dos 2 anos de idade, realiza-se o completo desmame da criança, corporal global. É aplicável em todas as fases do ciclo de vida e permite a classificação de
substituindo as mamadas da manhã e da noite por outros alimentos (leite de vaca, iogurte, indivíduos e grupos segundo o seu estado nutricional. Esse método tem como vantagens
pão, frutas etc.). ser barato, simples, de fácil aplicação e padronização, além de pouco invasivo.

Existe, ainda a recomendação do MS da suplementação de ferro, buscando a Ademais, possibilita que os diagnósticos individuais sejam agrupados e analisados
redução e o controle da anemia, e vitamina A para ajudar na proteção da visão e auxiliar de modo a fornecer o diagnóstico coletivo, permitindo conhecer o perfil nutricional de um
determinado grupo.
no crescimento e desenvolvimento da criança, a partir dos seis meses de vida, em crianças
em aleitamento materno exclusivo, e a partir dos quatro meses para aquelas com A antropometria é o método de obtenção de medidas corporais dos indivíduos, que
aleitamento misto ou artificial. permite determinar o estado nutricional de indivíduos e populações. Ela é de fácil aplicação
em todos os serviços de saúde, prático e amplamente aceito pela população, por ser um
REFERÊNCIAS método não invasivo. Além de ser universalmente aceita, é apontada como sendo o melhor
parâmetro para avaliar o estado nutricional de grupos populacionais. Os dados
1. BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de Política de Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde.
Guia alimentar para crianças menores de dois anos. Brasília: MS, 2002.
fundamentais a serem coletados são os de identificação: idade e sexo e os
2. BRASIL. Ministério da saúde. Manejo e promoção do aleitamento materno: Curso de 18 horas para antropométricos: peso e a altura.
equipes de maternidades. Brasília: MS, 2003.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Promovendo o Aleitamento Materno. 2ª Com estes dados, podem-se calcular os índices antropométricos ou nutricionais
edição, revisada. Brasília: 2007. Álbum seriado. mais utilizados, lembrando que cada uma das fases do ciclo de vida possui referências e
4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde pontos de corte diferenciados.
da criança: nutrição Infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília: MS, 2009.
5. BRASIL. Projeto Reprolatina. Cartilha Amamentação e Estimulação do Bebê. Campinas, 2012.
O índice é o resultado da razão entre duas ou mais medidas/variáveis, o qual
6. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Área Técnica de Saúde da Criança e
Aleitamento Materno. Rede Amamenta Brasil: os primeiros passos (2007–2010). Brasília: MS, 2011. isoladamente, não fornece um diagnóstico. A importância do índice é a possibilidade de
7. DUPONT, C.; HEYMAN, M.; DARMON, N. Mononuclear cells from infants allergic to cow’s milk secrete interpretar e agrupar medidas. Exemplo: Peso em relação à idade.
tumor necrosis factor alpha, altering intestinal function. Gastroenterolgy, 1994, 106:1514-1523.
8. GRASSI, Marcília Sierro, COSTA, Maria Teresa Zulini da, VAZ, Flávio Adolfo Costa. Fatores Para ser feito um diagnóstico antropométrico, é necessária a comparação dos
imunológicos do leite humano. Pediatria (São Paulo) 2001;23(3):258-63. valores encontrados na avaliação com os valores de referência ditos como “normais”, para
9. KOBINGER, MARIA E. B. ARRUDA et al (Org.) Pediaria em consultório. São Paulo: Sarvier, 2010. identificar se existe alteração ou não. Os limites de normalidade são chamados de pontos
10. MINAS GERAIS.Secretaria de Estado da Saúde. Atenção à Saúde da Criança. Maria Regina Viana et
de corte.
al. Belo Horizonte: SAS/DNAS, 2004.
11. MONTE, Cristina M. G., GIUGLIANI, Elsa R. J. Recomendações para alimentação complementar da
criança em aleitamento materno. Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº5 (supl), 2004 Os pontos de corte são, portanto, limites estabelecidos (inferiores e superiores) que
delimitam, com clareza, o intervalo de normalidade.

50 51
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Para o estabelecimento destes limites é utilizado uma população referência ou O peso é a medida de mais fácil obtenção, sendo também a mais sensível às
população padrão, ou seja, é uma população cujas medidas foram aferidas em indivíduos variações agudas do estado nutricional. A estatura é um indicador mais estável, e,
sadios, vivendo em condições socioeconômicas, culturais e ambientais satisfatórias, portanto, suas alterações são percebidas nos processos crônicos de desnutrição. A
tornando-se uma referência para comparações com outros grupos. medida do perímetro cefálico é muito importante, especialmente no primeiro ano de vida,
por indicar indiretamente o crescimento da massa encefálica.
Com a distribuição gráfica das medidas de peso e altura de indivíduos normais, são
construídas curvas de referência. Para se realizar a aferição do peso, estatura e perímetro cefálico deve-se ter um
espaço adequado (Figura 1).
O Ministério da Saúde preconiza como classificação do estado nutricional infantil o
percentil, por entender que é a forma de mais fácil compreensão e utilização. Porém, Figura 2 – Sala de Preparo
também são utilizadas outras formas de classificação, tais como: desvio padrão, escore Z
e percentuais da média.

Percentil é a medida estatística proveniente da divisão de uma série de observações


em cem partes iguais, estando os dados ordenados do menor para o maior, em que cada
ponto da divisão corresponde a um percentil. Percentil é a forma de classificação adotada
pelo Ministério da Saúde para uso em serviços de saúde, por meio do Cartão da Criança.
Os pontos de corte estabelecidos pelo Ministério da Saúde são: percentis 0,1; 3; 10 e 97
(Figura 1)

Figura 1 – Medidas de Dispersão Scores Z e Percentis

A pesagem de crianças menores de 2 anos ou até 16Kg é realizada em balança


pediátrica (Figura 3), apoiando-a sobre uma superfície plana, firme e lisa. O prato da
balança deve ser forrado com uma proteção (papel descartável ou fralda) antes da
calibragem, para evitar erros de pesagem.

Figura 3 – Balança Pediátrica

Fonte: Caderneta de Saúde da Criança

Avaliação do crescimento por se tratar de um processo dinâmico, com momentos de


maior e menor aceleração, deve ser preferencialmente, longitudinal. As medidas isoladas
devem ser analisadas com cuidado, pois podem não representar adequadamente a O passo a passo da pesagem de uma criança menor de 2 anos encontra-se na
evolução pôndero-estatural da criança. A equipe deve habituar-se a aferir o peso, a tabela 1.
estatura e o perímetro cefálico em todas as oportunidades, registrar essas medidas no
prontuário e consultar as curvas de referência para analisar o crescimento global da
criança.

52 53
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Tabela 1 – Passo a passo para a pesagem de menores de 2 anos Figura 4 – Antropômetro horizontal
2º Passo: verificar se a
balança está calibrada
(agulha do braço e o fiel
1º Passo: destravar a devem estar na mesma
balança linha horizontal), caso
contrário, calibrá-la,
girando lentamente o
calibrador

4º Passo: após constatar


3º Passo: esperar até
que a balança está
que a agulha do braço e
calibrada, ela deve ser
o fiel estejam nivelados
travada

6º Passo: colocar a
criança sentada ou O passo a passo da medição de uma criança menor de 2 anos encontra-se na
deitada no centro do tabela 3.
prato, de modo a
distribuir o peso
5º Passo: despir a igualmente; destravar a
Tabela 3 – Passo a passo para a medição de menores de 2 anos
criança com auxílio da balança, mantendo a
mãe ou responsável criança parada o máximo 1º Passo: com a ajuda da mãe ou de outra pessoa,
possível nesta posição, deitar a criança no centro do antropômetro descalça e
orientando a mãe ou livre de adereços
responsável a manter-se
próximo sem tocar na
criança ou equipamento 2º Passo: manter a cabeça apoiada firmemente contra
a parte fixa do equipamento, com o pescoço reto e o
queixo afastado do peito, os ombros totalmente em
7º Passo: mover o contato com a superfície de apoio do antropômetro e os
8º Passo: mover o
cursor maior sobre a braços estendidos ao longo do corpo
cursor menor para
escala numérica para
marcar as gramas
marcar os quilos
3º Passo: as nádegas e os calcanhares da criança
devem estar em pleno contato com a superfície que
10º Passo: travar a
apoia o antropômetro
balança, evitando, assim,
9º Passo: esperar até
que sua mola desgaste,
que a agulha do braço e
assegurando o bom 4º Passo: pressionar cuidadosamente os joelhos da
o fiel estejam nivelados
funcionamento do criança para baixo com uma das mãos, de modo que
equipamento eles fiquem estendidos; juntar os pés, fazendo um
11º Passo: realizar a ângulo reto com as pernas. Levar a parte móvel do
leitura de frente para o equipamento até as plantas dos pés, com cuidado para
12º Passo: anotar o
equipamento, com os que não se mexam
peso na ficha da
olhos no mesmo nível da
vigilância alimentar e
escala, a fim de
nutricional do SISVAN e 5º Passo: realizar a leitura do comprimento quando
visualizar melhor os
prontuário estiver seguro de que a criança não se moveu da
valores apontados pelos
cursores posição indicada

13º Passo: retirar a


14º Passo: marcar o
criança e retornar os
peso no cartão da 6º Passo: anotar o valor obtido na ficha da vigilância
cursores ao zero na
criança Alimentar e nutricional SISVAN ou prontuário. Retirar a
escala numérica
criança

Para a medição de crianças menores de 2 anos é necessário utilizar um


antropômetro horizontal (Figura 4). Para pesar crianças maiores de 2 anos, adolescentes e adultos utiliza-se a balança
de plataforma (Figura 5).
54 55
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Figura 5 – Balança Plataforma Embora a antropometria seja um procedimento extremamente simples, com
frequência, são cometidos erros na obtenção de medidas, o que interfere profundamente
na interpretação das curvas de crescimento. Todo esforço deve ser feito no sentido de
garantir medidas fidedignas.

Erros comuns na obtenção de dados antropométricos

Todas as dimensões: Instrumento inadequado, criança agitada (a medição deve


ser adiada), instrumento desregulado no momento do exame, leitura e erros de anotação.

O passo a passo da pesagem de uma criança menor de 2 anos encontra-se na Comprimento (criança com menos de 2 anos de idade – deitada): Idade
tabela 4. inadequada para o instrumento, não remoção de calçados e roupas, plano incorreto da
cabeça, a cabeça não está firmemente encostada à tábua, a criança não está em posição
Tabela 4 – Passo a passo para a pesagem de maiores de 2 anos reta, ao lado da tábua; corpo arqueado, joelhos dobrados, os pés não estão na vertical, em
2º Passo: verificar se a balança relação à tábua móvel, a tábua não está firme contra os calcanhares.
está calibrada (agulha do braço
e o fiel devem estar na mesma
1º Passo: destravar a balança
linha horizontal). Caso Altura (criança de pé): idade inadequada para o instrumento, não remoção de
contrário, calibrá-la, girando
lentamente o calibrador calçados e roupas os pés não estão retos, com as plantas no solo, junto ao quadro vertical
4º Passo: após a calibração da
3º Passo: esperar até que a balança, ela deve ser travada e ou parede, joelhos dobrados, corpo arqueado ou nádega para frente (corpo encurvado),
agulha do braço e o fiel estejam só então a criança, adolescente ombros não estão retos, junto ao quadro, cabeça em plano incorreto, a parte superior da
nivelados ou adulto subirá na plataforma
para ser pesado régua não está firmemente adaptada à cabeça da criança.
5º Passo: posicionar a criança,
adolescente ou adulto de
costas para a balança, no Peso: balança não calibrada em zero, criança vestida, criança movendo-se.
centro do equipamento, com o
mínimo de roupa possível, 6º Passo: destravar a balança
descalça ereto, com os pés A interpretação das curvas de crescimento
juntos e os braços estendidos
ao longo do corpo. Mantê-lo
parado nesta posição Espera-se que uma criança que esteja crescendo bem descreva uma trajetória
7º Passo: mover o cursor maior 8º Passo: depois mover o
regular, ascendente e paralela à curva estabelecida como padrão, delineada a partir de
sobre a escala numérica para cursor menor para marcar os suas medidas sequenciais.
marcar os quilos gramas

O crescimento individual das crianças pode ter uma grande variação. Várias
10º Passo: travar a balança,
9º Passo: esperar até que a
evitando assim que sua mola medidas de crescimento colocadas como pontos no gráfico ao longo do tempo e unidas
agulha do braço e o fiel estejam
desgaste, assegurando o bom entre si formam uma linha. Essa linha representa o crescimento da criança, ou seja, sua
nivelados
funcionamento do equipamento
curva de crescimento, que sinaliza se a criança está crescendo adequadamente ou não.
11º Passo: realizar a leitura de
frente para o equipamento, a
fim de visualizar melhor os A linha verde corresponde ao escore z 0. As outras linhas indicam distância da
valores apontados pelos
cursores mediana. Um ponto ou desvio que esteja fora da área compreendida entre as duas linhas
vermelhas indica um problema de crescimento. (Figura 6)
12º Passo: anotar o peso na
ficha da vigilância alimentar e 13º Passo: retirar a criança, A curva de crescimento de uma criança que está crescendo adequadamente tende
nutricional- SISVAN ou adolescente ou adulto
prontuário a seguir um traçado paralelo à linha verde, acima ou abaixo dela. Qualquer mudança
rápida nessa tendência (desvio da curva da criança para cima ou para baixo do seu
traçado normal) deve ser investigada para determinar a causa e orientar a conduta.
14º Passo: retornar os 15º Passo: marcar o peso das
cursores ao zero na escala crianças menores de sete anos Um traçado horizontal indica que a criança não está crescendo, o que necessita ser
numérica de idade no cartão da criança
investigado. Um traçado que cruza uma linha de escore z pode indicar risco. O profissional

56 57
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

de saúde deve interpretar o risco baseado na localização do ponto (relativo à mediana) e O perímetro cefálico é uma medida que apresenta pequena variação para qualquer
na velocidade dessa mudança. faixa etária, entre os sexos, assim como entre grupos étnicos e populacionais. Nas
Cadernetas de Saúde da Criança (feminino e masculino), você encontrará as novas curvas
Figura 6 – Interpretação das Curvas de Crescimento da OMS para avaliação do perímetro cefálico, assim como do peso e estatura, segundo a
idade da criança.

REFERÊNCIAS

1. BRASIL. Sistema de Vigilância alimentar e nutricional – SISVAN. Orientações básicas para a coleta,
processamento, análise de dados e informação em serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde,
2004.
2. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde. Atenção à Saúde da Criança. Maria Regina Viana et
al. Belo Horizonte: SAS/DNAS, 2004.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Antropometria: como pesar e medir. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.
(Álbum Seriado)
4. MACCHIAVERNI, LML , BARROS FILHO, AA. Perímetro cefálico: por que medir sempre. Medicina,
Ribeirão Preto, 31: 595-609, out./dez. 1998

Aferição do Perímetro Cefálico

A aferição do perímetro cefálico é importante para avaliar o tamanho da cabeça e do


cérebro, estando relacionado ao volume intracraniano e, por conseguinte, permite uma
avaliação do crescimento do cérebro. Ele deve ser realizado obrigatoriamente em todas as
consultas de puericultura durante os dois primeiros anos de vida da criança, conforme a
orientação do MS e até três anos, conforme literatura pediátrica.

O perímetro cefálico é a circunferência “frontoccipital”, correspondente ao perímetro


cefálico máximo. Para a sua medida, utiliza-se uma a fita métrica (Figura 7), posicionada
sobre a proeminência occipital e sobre o arco das sobrancelhas. A fita métrica deve ser
passada ao redor da cabeça, da esquerda para direita, e cruzada na frente do observador.
Usando o dedo médio, pressiona-se a fita métrica sobre a testa, movendo- a para cima e
para baixo, determinando a parte mais anterior da cabeça. Isso feito, repete-se a manobra
para determinar a porção mais posterior da região occipital. Uma vez determinados os dois
pontos, a fita é puxada para comprimir o cabelo, e a leitura é feita, considerando-se a
última unidade de medida completa. (Figura 7)

Figura 7 – Aferição do Perímetro Cefálico

58 59
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Avaliação do Desenvolvimento Infantil Em síntese, o desenvolvimento infantil, após nascimento, depende da maturação
Miriam Monteiro de Castro Graciano neuronal, que depende de fatores biológicos e socioambientais, ao mesmo tempo em que
a configuração da rede neuronal entrelaça-se ao desenvolvimento infantil.
É na primeira infância que a criança desenvolve grande parte do potencial mental
que terá quando adulto. Segundo estudo da UNICEF, para cada dólar investido em A maturação neuronal ocorre na direção cefalocaudal conforme ilustrado na figura 1
políticas públicas para crianças de até 6 anos economiza-se 7 dólares em políticas
Figura 1 – Maturação Neuronal
públicas compensatórias na vida adulta. Esta é uma das inúmeras razões pelas quais a
e Desenvolvimento Motoras
OPAS, recomenda no contexto das Doenças Prevalentes na Infância a Vigilância do
Desenvolvimento Infantil (OPAS, 2005).

O desenvolvimento do sistema nervoso surge muito cedo, entre a 3ª e 4ª de


gestação e o seu estágio final de maturação é marcado pelo processo de mielinização dos
prolongamentos dos axônios, que se inicia no sexto mês de gestação. (PINHEIRO, 2007).
Este processo, de mielinização, intensifica-se após o nascimento fazendo com que o
desenvolvimento do cérebro seja muito rápido até o sexto ano de vida.

A expansão de sinapses e a quantidade de mielina facilitam a transmissão de


impulsos nervosos e, consequentemente o aprendizado e a execução de ações
neuropsicomotoras. A aquisição de habilidades neuropsicomotoras, por sua vez, estimula
uma maior e mais rápida mielinização assim como propicia a expansão sináptica, em um
processo que é cíclico: quanto mais mielinização e expansão sináptica, maior o
aprendizado, quanto maior o aprendizado maior mielinização e expansão sináptica
(MANSUR, NETO, 2006). É sabido que não existe diferença entre o número de neurônios
de um indivíduo tido como superdotado e um tido de inteligência mediana (ROSE, 1984).
Ou seja, a expressão da aprendizagem depende das sinapses, da configuração da rede
neuronal e não do número de neurônios.

Entretanto, as habilidades de uma criança podem ser afetadas por uma série de
fatores, desde os estritamente biológicos, passando pelos nutricionais até os psicossociais,
que são aqueles relacionados à qualidade do ambiente em que a criança vive e às
pessoas com as quais convive (REED, 2005). O desenvolvimento infantil se realiza rapidamente e de tal modo que o
desaparecimento e surgimento de condutas é mais intenso quanto mais tenra for a idade
Dentre os fatores de risco biológicos ganham destaque os erros inatos do da criança. Por outro lado, na medida em que ela vai ficando mais velha, embora esta
metabolismo, as malformações congênitas, as síndromes genéticas, a prematuridade, a velocidade de mudança condutual se reduza, o comportamento vai se tornando mais e
hipóxia cerebral grave durante o momento do parto, o kernicterus (impregnação de cérebro mais complexo. (MARCONDES, 2002)
pela bilirrubina) e infecções tais como meningites e encefalites. (OPAS, 2005)
A idade recomendada para o acompanhamento e avaliação do desenvolvimento da
Já os fatores de risco ambientais são aqueles advindos da falta de recursos sociais criança vai do nascimento aos 6 anos de idade, e deve ser realizada por meio da avaliação
e educacionais, baixa escolaridade materna, do estresses intrafamiliar, gerado por das reações reflexas, voluntárias, espontâneas ou aprendidas da criança frente
situações de violência, abuso ou maus-tratos, problemas de saúde mental da mãe ou de determinados estímulos. (BRASIL, 2004)
quem cuida da criança, assim como de práticas inadequadas de cuidado e educação.
(OPAS, 2005) Para realizar o exame neurológico, que é parte da avaliação do desenvolvimento
neuropsicomotor, deve-se atentar para o estado de alerta da criança, pois o exame sofre
grande influência do estado de sono/vigília. Portanto, para uma adequada avaliação, é
importante que a criança esteja desperta, tenha sido amamentada há mais de 30 minutos,

60 61
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

e sem fome. O desenvolvimento da linguagem é o que permite uma comunicação verbal e/ou
não-verbal para compreensão e expressão, e vai desde um choro inarticulado ao nascer;
As manifestações neurológicas de crianças se dividem em três grupos: passando por um choro variado segundo a circunstância, por volta do segundo mês de
vida; início do balbucio (pá...pá...dá...dá), ou fase da “lalação”, entre o terceiro e quarto
· Manifestações permanentes: são constantes na vida toda como os reflexos
mês de vida; imitação gestual no sétimo mês; a reduplicação silábica (mamã, papá, nenê)
incondicionados e as sensibilidades primitivas;
no décimo mês; palavras-frases ao primeiro ano de vida; frases agramaticais no segundo
· Manifestações reflexas transitórias: são arcaicas que desaparecem com
ano; e construção de frases gramaticais, com sujeito e predicado, no terceiro ano de vida.
evolução, podendo reaparecer em situações patológicas;
A dislalia de troca (“tota-tola” e não “coca-cola”), de supressão (“binquedo” e não
· Manifestações evolutivas: são manifestações reflexas ou automáticas de início, “brinquedo”) e mista, (“memelho” e não “vermelho”), são normais durante o segundo ano
com as quais a criança nasce, e que desaparecem com a evolução, para darem de vida. As dislalias mistas e por troca devem ser superada até os três anos de idade e a
lugar a outras de caráter voluntario. de supressão durante o quarto ano de vida.
A maioria dos reflexos observados no RN desaparece até o quarto mês de vida da O setor psicossocial, por sua vez, refere-se a reações da criança relacionadas à sua
criança, na medida em que a maturação neurológica da criança vai permitindo que estas cultura social e está diretamente relacionada ao ambiente no qual ela vive e está sendo
manifestações reflexas transitórias sejam substituídas por manifestações evolutivas. Deste criada. (BRETAS, 1995)
modo, para apropriada e completa avaliação neuropsicomotora de criança menores de 5
anos é indicado utilizar como roteiro, tanto o instrumento criado por Marinete Coelho4 A escala de Denver II (Anexo 3), também conhecido como TTDD (Teste de Triagem
(Anexo 2) quanto a Escala de Denver II (Anexo 3). do Desenvolvimento de Denver), é um instrumento de detecção precoce valiosíssimo na
APS. Entretanto, ele não deve ser utilizado como instrumento diagnóstico, o que deve ser
Até os sete anos, a criança adquire conhecimento brincando, no convívio com as feito por um especialista. Trata-se, como bem diz o nome, de um teste de triagem.
outras pessoas. Ela precisa, mais do que tudo, de experiências afetivas com as quais irão
aprender a se relacionar com o mundo, seres humanos, animais e coisas. (PINHEIRO, Para realizar a avaliação da criança utilizando-se o TTDD, deve-se traçar uma linha
2007) Deste modo, é tão importante avaliar o desenvolvimento da conduta da criança, na idade cronológica da criança e datar, observando-se em que ponto das aquisições de
quanto orientar seus pais sobre os estímulos adequados a cada fase do desenvolvimento cada setor ela cruza. No TTDD, encontram-se vários marcadores, na forma retangular
infantil. (Figura 2), cada um deles referentes a uma aquisição de cada um dos setores a serem
analisados (motor grosseiro, adaptativo ou motor fino, linguagem e pessoal-social). Estes
Segundo Gessel (apud KOBINGER, 2010), a avaliação do desenvolvimento marcadores têm uma parte vazada e outra colorida, indicando o percentual de crianças
neuropsicomotor segue uma padronização de respostas em diferentes situações, em que naquela faixa etária já adquiriram aquela manifestação evolutiva.
idades cronológicas específicas, divididas em quatro setores, a saber: o motor grosseiro, o
motor fino ou adaptativo, o linguístico e o psicossocial.

As aquisições motoras dizem respeito ao controle de grupos musculares que


permitem atitudes tais como sustentar a cabeça, sentar, engatinhar, andar ou pegar e
manipular objetos com as mãos. Figura 2 – Marcador do TTDD
Já o setor adaptativo, ou motor fino, refere-se à organização e adaptação sensório- A avaliação do desenvolvimento da criança, por meio do TTDD ou de qualquer outro
motora frente a estímulos, estando intimamente relacionado ao aspecto cognitivo, isto é, a instrumento de avaliação do desenvolvimento infantil, deve começar sempre pelas
reação/adaptação ao meio. É o caso da criança procurar objetos ocultos, empilhar coisa, aquisições da fase anterior, uma vez que é a ausência de uma ou mais aquisição da fase
desenhar etc. anterior que configura um provável atraso de desenvolvimento (OPAS, 2005). Além disto,
deve-se sempre iniciar por atividades mais simples, para que frente à dificuldade de
realização de uma determinada tarefa a criança não se iniba ou retraia alterando assim o
resultado do exame. É necessário ir parabenizando e estimulando a criança para que ela
se sinta a vontade com o teste e tenha sucesso na realização das tarefas mais complexas
4
O livro “Avaliação Neurológica Infantil nas Ações Primárias de Saúde” é extremamente claro, ilustrado, para a sua faixa etária. Pela mesma razão, isto é, da necessidade de observação criteriosa
autoexplicativo e adaptado para uso na Atenção Primária à Saúde. Recomenda-se também consultar o artigo
de FUNAYAMA, disponível em: http://revista.fmrp.usp.br/1996/vol29n1/exame_neurologico_criancas.pdf
e cuidado para não assustar ou intimidar a criança, o teste deve ser realizado, se
62 63
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

necessário, por mais de uma vez, em ambiente tranquilo e apropriado ao universo infantil. AVALIAÇAO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR - REFLEXOS PRIMITVOS.
Anota-se os acertos (A), os erros (E) e recusas (R), ao lado da linha traçada que identifica ATENÇAO PRIMÁRIA.
a idade da criança na qual o teste está sendo realizado. Recusas sucessivas e em mais de REFLEXOS ESTIMULAÇAO RESPOSTAS
um setor, também indicam possível atraso de desenvolvimento e devem ser encaminhadas ESPERADAS
para avaliação especializada. 5 Prova Olho de Boneca ü Desencadeia uma resposta ü Espera-se que os olhos
dispondo o RN reclinado nos permaneçam na posição
É necessário ainda observar comportamento da criança, o que deve ser feito braços do examinador, lateraliza-se inicial e lentamente se
apenas a partir do 8º mês de vida, anotando se ele é: a) típico ou não da idade da criança; a sua cabeça lentamente para um deslocam para o lado em que
dos lados e mantê-la na posição a cabeça foi movimentada.
b) se a criança sempre, regularmente ou raramente coopera com o teste; c) se ela por alguns segundos.
demonstra interesse pelo que se encontra ao seu arredor, isto é, se ela é interessada,
pouco ou totalmente desinteressada; d) se ela está amedrontada ou não, bem como se o Reflexo Cócleo palpebral ü Baseia-se na observação da ü A resposta imediata frente ao
medo é mediano ou extremo; e) se a duração da atenção é apropriada, ou se a criança se mudança do comportamento ou na
estímulo é a movimentação
observação das respostas motoras
encontra parcialmente ou totalmente distraída. do RN quando exposto a um ruído. rápida da pálpebra
Aplica-se um estimulo sonoro (bater
(“piscadela”), seguido de
Segundo orientações da OPAS (2005) deve-se classificar o desenvolvimento de palma ou estalar de dedos) a 20 cm
do conduto auditivo do RN. choro.
uma criança como normal, normal com fatores de risco ou provável atraso para aquelas
que se encontra na faixa etária de 0 a 2 meses. Reflexo de Voracidade ü Estimula-se pontos da face (ao ü Ocorre a rotação da cabeça
redor da boca – supra, infra e na tentativa de “buscar” o
(Pontos Cardeais/ Busca)
lateralmente aos lábios). objeto, seguido de sucção
Ao avaliar o RN na Atenção Primária, importante lembrar de: reflexa do mesmo.
Sucção Reflexa ü É desencadeado pela estimulação ü Há a sucção vigorosa
ü Higienização das mãos dos lábios, ao tocar o lábio inferior.
Reflexo Tônico-Cervical ü Estimulado pela rotação da cabeça ü Ocorre a extensão do membro
enquanto a outra mão do superior ipsilateral à rotação e
ü Interagir com a mãe, explicando-lhe sobre os procedimentos a realizar-se. Assimétrico - RTCA
examinador estabiliza o tronco do flexão do membro superior
(Reflexo tônico-cervical de RN contralateral. A resposta dos
ü Despir o RN para avaliar de modo completo, identificando situações passíveis membros inferiores obedece
Magnus e De Kleijn)
de intervenção. ao mesmo padrão, mas é
mais sutil.
Reflexo de Moro ü Estimulado pela queda súbita da ü Observa-se extensão e
O RN apresenta em relação a sua postura primitiva: cabeça, amparada pela mão do abdução dos membros
examinador ou segurar o RN pelas superiores seguido de choro.
ü Hipotonia cervical. mãos e liberar de forma brusca
seus braços.
Manobra de Cachecol ü Cruzar os antebraços do RN na ü Os membros estimulados
ü Posição primitiva da orofaringe (ponta da lígua toca o lábio inferior). altura do pescoço e soltar respondem com abdução
bruscamente. seguido de adução.
ü Hipertonia flexora de membros. Manobra do Arrasto ü Segurar o RN pelas mãos ou ü Devido a hipotensão cervical,
antebraços de modo que a cabeça o RN apresenta a cabeça
ü Movimentos de pedalagem. e o tronco possam ser levantados – pendida para trás
em um processo de arrasto. (hiperextensão cervical) até o

ângulo de 90 - neste ângulo é
ü Sensibilidade aumentada à luz. observado a movimentação
em pêndulo da cabeça.
ü Choro inarticulado. Movimentando o RN
levemente para frente a
cabeça pende para frente.
Manobra de Rechaço ü O estimulo é feito por meio da tripla ü A resposta evidenciada de ve
flexão dos membros inferiores – ser a extensão dos membros

dorso flexão dos pés (90 ), flexão inferiores seguido de flexão
dos joelhos e flexão da pelve – em movimentos de
joelhos alcançam o abdome pedalagem à posição
apoiados firmente pelo examinador primitiva.
5
Orientações adicionais sobre a aplicação do Teste de Denver II encontram-se no anexo 3, bem como que solta de maneira brusca.
gravuras a serem impressa e coladas em papel cartão para utilização durante aplicação do mesmo.
64 65
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Preensão Palmar ü Estimulado por pressão da palma ü Observar a flexão dos dedos. Quadro 1 – Desenvolvimento de Menores de 2 Meses: Classificação e Conduta
da mão. OBSERVAÇÃO CLASSIFICAÇÃO CONDUTA
Preensão Plantar ü Estimulado com a pressão da base ü Há a flexão dos dedos · Ausência de um ou mais reflexos/
dos artelhos.
posturas/habilidades para sua faixa
Reflexo cutâneo-plantar ü O estímulo é feito do calcâneo aos ü A resposta consiste na PROVÁVEL ATRASO
artelhos, região plantar (“um J “extensão lenta e majestosa” etária; ou · Referir para avaliação
extensor NO
invertido”). do hálux. Os demais artelhos · Perímetro cefálico <p10 ou >p 90; ou DESENVOLVIMENTO neuropsicomotora
podem espalhar-se em leque. · Presença de 3 ou mais alterações
Reação Cervical de ü Girar o RN no leito, lateralizando o ü Observar a movimentação em fenotípicas
mesmo, com a cabeça e ombro Bloco, sem a dissociação do
Retificação · Reflexos/posturas/habilidades
seguros pela mão do examinador. cíngulo escapular - cintura · Orientar a mãe sobre a estimulação
pélvica presentes para sua faixa etária;
DESENVOLVIMENTO
de seu Filho;
Reflexo de Fulga-suicído ü Dispõe-se o RN em decúbito ü O RN apresenta por resposta · Perímetro cefálico entre p 10 e p 90;
NORMAL COM · Marcar retorno em 15 dias;
ventral, estando nariz e boca em satisfatória a elevação e a · Ausência ou presença de menos que3 FATORES DE RISCO
contato com superfície de apoio rotação da cabeça – “fugindo · Informar a mãe sobre os sinais de
alterações fenotípicas;
(leito) – aguardar por no máximo a sufocação” alerta para retornar antes de 15 dias
· Existe um ou mais fatores de risco
10”.
Reflexo de Galant ü Aplica-se um estímulo tátil na ü Há o encurvamento do tronco • Reflexos/posturas/habilidades · Elogiar a mãe
região dorso lateral do tronco do ipsilateral ao estímulo. presentes para sua faixa etária; · Orientar a mãe para que continue
(reflexo de encurvamento do estimulando seu filho
RN. • Perímetro cefálico entre p 10 e p 90; DESENVOLVIMENTO
·
tronco • Ausência ou presença de menos que 3 NORMAL · Retornar para acompanhamento
alterações fenotípicas; conforme a rotina do serviço
Apoio Plantar ü Apoiar os pés do RN sobre uma ü Observar a extensão das
· Informar a mãe sobre os sinais de
superfície dura, estando este pernas • Não existem fatores de risco
alerta para retornar antes
seguro pelas axilas.
Marcha Reflexa ü Inclinar o tronco do RN após ü Observar o cruzamento das
obtenção do apoio plantar. pernas, uma à frente da outra
– “como se estivesse a
andar” Quadro 2 – Desenvolvimento de Maiores de 2 Meses: Classificação e Conduta
Reflexo de colocação ü Aplicar um estimulo tátil do dorso ü Os pés do RN se comportam OBSERVAÇÃO CLASSIFICAÇÃO CONDUTA
do pé estando o bebê seguro pelas como se estivessem subindo · Ausência de um ou mais marcos para
(Placing)
axilas. um degrau de escada. É o a faixa etária anterior; PROVÁVEL ATRASO
único reflexo primitivo com · Referir para avaliação
· Perímetro cefálico <p10 ou >p 90; ou NO
integração cortical. DESENVOLVIMENTO neuropsicomotora
· Presença de 3 ou mais alterações
fenotípicas
· Ausência de um ou mais marcos para DESENVOLVIMENTO
NORMAL COM · Orientar a mãe sobre a estimulação
sua faixa etária; FATORES DE RISCO de seu Filho;
Do segundo mês em diante classifica-se o desenvolvimento de uma criança como · Todos os marcos para a sua faixa · Marcar retorno em 30 dias;
etária estão presentes mas existem um POSSÍVEL ATRASO
normal, normal com fatores de risco ou possível atraso e provável atraso, conforme ou mais fatores de risco NO
· Informar a mãe sobre os sinais de
alerta para retornar antes de 30 dias
especificado nos quadros 1 e 2. DESENVOLVIMENTO
• Todos os marcos de sua faixa etária · Elogiar a mãe
estão presentes · Orientar mãe para que continue
estimulando seu filho
DESENVOLVIMENTO
NORMAL · Retornar para acompanhamento
conforme a rotina do serviço
· Informar a mãe sobre os sinais de
alerta para retornar antes

Nos casos de detecção de atraso, não se deve esperar o esclarecimento etiológico


para iniciar tratamento funcional. É conhecido que a estimulação nos três primeiros anos
de vida, para crianças com atraso no desenvolvimento já estabelecidos ou com risco de
atraso, melhora sua performance, e por isso deve ser iniciada o mais cedo possível e
sempre (OPAS, 2005). Nos quadros de número 3 a 10, encontram-se as orientações da
Secretária de Saúde do Estado de Minas Gerais, para adequado estímulo do
desenvolvimento da criança, segundo faixa etária.

66 67
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Quadro 3 Estimulação adequada do desenvolvimento de crianças de 6 a 9 meses


Estimulação adequada do desenvolvimento de crianças de 0 a 3 meses

Quadro 4
Estimulação adequada do desenvolvimento de crianças de 3 a 6 meses Quadro 6
Estimulação adequada do desenvolvimento de crianças de 9 a 12 meses

Quadro 5 Quadro 7
Estimulação adequada do desenvolvimento de crianças de 1 a 2 anos
68 69
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Quadro 9
Estimulação adequada do desenvolvimento de crianças de 3 a 4 anos

Quadro 10
Estimulação adequada do desenvolvimento de crianças de 4 a 5 anos

Quadro 8
Estimulação adequada do desenvolvimento de crianças de 2 a 3 anos

REFERÊNCIAS

1. BRASIL. Agenda de compromisso para a saúde integral da criança e redução da mortalidade


infantil. Brasília: MS, 2004
2. BRETAS, J.R.S. et al. A aplicação do Teste de Triagem do Desenvolvimento de Denver pelo
enfermeiro: relato de caso. Acta Paul. Enf., São Paulo, v.8, n.4, maio-dez., 1995
3. COELHO, Marinete S. Avaliação Neurológica Infantil nas Ações Primárias de Saúde. São Paulo:
Atheneu, 1999.
/ 4. FUNAYAMA, Carolina A.R. Exame neurológico em crianças. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 32-43,
jan./mar. 1996.
70 71
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

5. KOBINGER, MARIA E. B. ARRUDA et al (Org.) Pediatria em consultório. São Paulo: Sarvier, 2010. Prevenção de Acidentes na Infância
6. LEÃO, E., CORREA, EJ., MOTA, JAC., VIANA, MB. Pediatria Ambulatorial. Belo Horizonte:
Lindalva Carvalho Armond, Mara Vasconcelos, Marisa Drumond Martins
Coopmed, 2005.
7. MANSUR SS, NETO FR. Desenvolvimento Neuropsicomotor de Lactentes Desnutridos. Rev. bras.
fisioter. v. 10, n. 2, p. 187-193, 2006. Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, acidente é um acontecimento
8. MARCONDES, Eduardo. Pediatria Básica. São Paulo: Savier, 2002. independente da vontade humana, desencadeado pela ação repentina e rápida de uma
9. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde. Atenção à Saúde da Criança. Maria Regina Viana causa externa, produtora ou não de lesão corporal e/ou mental.
et al. Belo Horizonte: SAS/DNAS, 2004.
10. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Manual para vigilância do desenvolvimento Os acidentes ocupam lugar de destaque nas estatísticas de sequelas e mortalidade
infantil no contexto da AIDPI. Washington, D.C.: OPAS, 2005.
infantil. Aproximadamente a terça parte da população infantil abaixo de seis anos é vitima
11. PINHEIRO, M. Fundamentos de neuropsicologia: o desenvolvimento cerebral da criança. Vita et
Sanitas, Trindade/Go, v. 1, n . 01, 2007. de um acidente e exige cuidados médicos ou limitação das atividades durante pelo menos
12. REED, UC. Desenvolvimento normal do sistema nervoso central. Cap. 21. In: NITRINI, R, um dia. Cerca de dois terços de todos os acidentes ocorrem dentro de casa ou no local
BACHESCHI, LA. A neurologia que todo médico deve saber. São Paulo: Atheneu, 2005. p.395- onde a criança passa a maior parte de seu tempo.
400. ATENÇÃO
13. ROSE, S. O cérebro consciente. São Paulo: Alfa-Ômega, 1984.
A prevenção quanto aos fatores predisponentes, a educação da criança, dos
14. TEIXEIRA, C., PAIM, JS, VILASBÔAS, AL. SUS, modelos assistenciais e vigilância à saúde, IESUS,
VII(2), abr/jun, 1998. professores e da família são as melhores estratégias para se evitarem os acidentes.
15. UNICEF. http://www.unicef.org/brazil/pt/activities_10163.htm
Para a prevenção dos acidentes é importante que o responsável pela criança tenha
conhecimentos das várias etapas de desenvolvimento da mesma, dos riscos que a
cercam, tornando medidas para evita-los ou ensinando-a a fazê-lo.

É preciso que o responsável organize brincadeiras, permitindo situações de


aprendizagem e a socialização, e que identifique as características individuais de cada
criança, porque é imprescindível que o brincar ocorra em ambientes seguros e sempre
acompanhado por adultos. Dentre os acidentes, são comuns:
ACIDENTES MAIS COMO PREVENIR ESSES
FAIXA ETÁRIA
COMUNS ACIDENTES
· Queimaduras; · Verificar a temperatura da agua do
· Sufocações; banho, que deverá ser morna;
· Intoxicações · Não deixar o bebê sozinho na
medicamentosas; banheira;
· Aspiração de alimentos. · Manter a criança em lugares
seguros, evitando que ele caia;
Comuns a todas as crianças
· Verificar a temperatura da
e requer atenção/vigília mamadeira antes de oferecê-la;
constante dos adultos · Não deixar as cobertas pesadas ou
responsáveis. plásticos no berço da criança;
· Observar cuidadosamente a
dosagem do remédio que será dado
à criança;
· Posicionar a criança do lado direito
com a cabeceira mais elevada, após
oferecer a dieta.
· Quedas; · Usar berço com proteção de grades
· Queimaduras; na altura, largura e distância
· Ingestão e aspiração de 04 - 06 meses de vida adequadas;
pequenos objetos; · Manter as grades suspensas
· Enforcamentos em berços; durante a permanência da criança

72 73
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Intoxicações no berço; · Quedas de lugares altos; · Ensinar a criança a guardar os


· Não usar brinquedos pintados com · Queda de objetos sobre a brinquedos, proteger e ensiná-la a
tinha que contenha chumbo; criança; não subir em lugares altos, ter
· Manter fora do alcance dos bebês · Queimadura; cuidado com escadas;
objetos e alimentos fáceis de serem · Afogamentos; · Deixar fora do alcance da criança
engolidos ou colocados em orifícios · Intoxicações; objetos pontiagudos, de vidro,
naturais (ouvido, nariz), como feijão, 02 - 03 anos de vida fósforos, velas, produtos
· Traumatismo dentário.
milho, amendoim, moedas etc.; domiciliares, plantas venenosas;
· Manter longe do alcance das · Estabelecer regras de proteção,
crianças, sacos plásticos, laços de juntamente com as crianças,
fitas, travesseiros fofos, brinquedos iniciando o processo de
que podem levar a sufocação; conscientização dos cuidados que
· Manter livre de poeira e fumaça e ela deve ter.
ambiente no qual a criança · Acidentes esportivos; · Ensinar normas de proteção quanto
permanece; · Afogamentos; aos locais nos quais as crianças
· Não deixar a criança em bebê- · Queimaduras; correm riscos de afogamento;
conforto em cima de moveis ou · Intoxicações; · Manter em lugares altos e fechados
lugares altos; · Acidentes os medicamentos ou substancias
· Oferecer a criança apenas automobilísticos; toxicas;
brinquedos resistentes, que não · Traumatismo dentário. · Ensinar normas de segurança em
possam ser engolidos em parte ou 03 - 06 anos de vida relação ao uso de utensílios de
no todo. cozinha, de ferramentas, quanto a
· Queda de objeto sobre ela; · Proteger o local onde a criança se pratica de esportes;
· Quedas de lugares altos; encontra; · Educar quanto aos cuidados no
· Intoxicações, · Manter objetos pequenos fora do trânsito, enquanto pedestre e
principalmente com alcance da criança; enquanto passageiro.
produtos domiciliares, · Não deixar produtos tóxicos em
· Ingestão de corpo lugares baixos, ao alcance da
estranho; criança;
07-12 meses de vida É importante avaliar as condições de respiração, asfixia, hemorragia e o estado de consciência da criança,
· Queimaduras com líquido · Manter líquidos e alimentos quentes
e objetos quentes no centro da mesa ou do fogão; enquanto se aguarda o socorro profissional já solicitado 193(BOMBEIROS) ou 192 (SAMU).
(principalmente na · Manter os cabos das panelas
cozinha). viradas para dentro do fogão; Primeiros Socorros
· Não deixar toalhas pendendo pelos
cantos da mesa. O primeiro socorro ou socorro de emergência não é um tratamento medico ou a
realização de ações que um médico faria, mas é o ato de tomar decisões que melhor se
· Quedas de lugares altos; · Proteger escadas, janelas e portas; apliquem à pessoa acidentada.
· Queda de objetos sobre · Manter tampadas as tomadas
ela; elétricas; Para assistir uma criança vítima de um acidente é necessário, antes de mais nada,
· Queimadura na cozinha, · Deixar fora do alcance da criança
manter a calma, porque, por pior que seja a situação, sempre existem alguns minutos para
principalmente com cabos de panelas, fósforos, facas,
fósforos e líquidos objetos cortantes e perfurantes etc.;
um atendimento de emergência e alguém deve assumir o controle da situação.
inflamáveis; · Guardar longe do alcance da
01 - 02 anos de vida Para tanto, é necessário removê-la de qualquer fonte de perigo, como exemplo:
· Afogamentos; criança produtos de limpeza,
· Ingestão de corpos inseticidas e não possuir em casa fogo, agua, corrente elétrica. Entretanto essa remoção só poderá ser realizada se não
estranhos; plantas tóxicas; oferecer maiores perigos para criança. Se houver varias crianças feridas, o individuo adulto
· Choque; · Não deixar a criança sozinha, tem que decidir, rapidamente, qual ou quais necessitam de atenção urgente.
· Corte e perfurações; próxima de banheiros, cisternas,
· Intoxicações; piscinas.
· Traumatismo dentário.

74 75
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

REFERÊNCIAS Imunização de Gestantes e Crianças


Silvana Albino da Silva Santos Novais, Miriam Monteiro de Castro Graciano, Adriana
1. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial
curricular nacional para a educação infantil. Brasília, 1998. 1. V. 103 p. Ponciano Fernandes Sarkis Rocha
2. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial
curricular nacional para a educação infantil. Brasília, 1998. 2. V. 86 p.
O Programa Nacional de Imunizações tem como objetivo a ampla extensão da
3. CANO. M. A.; FERRIANE, M. G. C.; MARGATHO, M. L.L. O escolar e os acidentes na infância. Ribeirão
Preto: Secretaria Municipal de Ribeirão Preto, [s.d.]. Cartilha. cobertura vacinal de forma homogênea, para que a população possa ser provida de
4. CAMPOS, J. A. et al. Algumas recomendações para a proteção da criança. Brasília: Ipiranga Ltda. adequada proteção imunológica contra as doenças transmissíveis abrangidas pelo
Sociedade Mineira de Pediatria/Comitê de Acidentes e Intoxicações na Infância das Sociedades programa. Entretanto, continua sendo comum em nosso país à adoção de falsas
Brasileira e Mineira de Pediatria, 1982. 67 p. contraindicações à vacinação, apoiadas em conceitos desatualizados, com perda de
5. FERREIRA, A. B. de H. novo dicionário da língua português. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
oportunidade de vacinar a criança e o consequente prejuízo da cobertura vacinal.
1.747 p.
6. LADEIRA, D. M. L. Cartilha informativa de DNPM – crianças de 0 a 12 meses. 2. ed. Belo Horizonte:
Prefeitura de Belo Horizonte, Distrito Sanitário Centro-Sul, 1997.
Existem vários tipos de vacinas. Elas podem ser produzidas a partir de suspensão
7. LEÃO, E. et al. Pediatria ambulatorial. 3. ed. Belo Horizonte: Cooperativa Editora e Cultura Médica Ltda. de bactérias vivas atenuadas (BCG, por exemplo); suspensão de bactérias mortas ou
1998. avirulentas (vacinas contra a coqueluche e a febre tifoide, por exemplo); componentes das
8. SANTOS, I. et al. Guia curricular para a formação de auxiliar de enfermagem – área hospitalar: área bactérias (polissacarídeos da cápsula dos meningococos dos grupos A e C, por exemplo);
curricular IV – participação da assistência integral à saúde da mulher, da criança e do adolescente. Belo
toxinas obtidas em cultura de bactérias, submetidas a modificações químicas ou pelo calor
Horizonte: Escola de Enfermagem da UFMG/PRODEn, 1995.
9. SANTOS, L. E. S. Saúde na creche. Alfenas: [s.n.], 1998 Mimeografado.
(toxóides diftérico e tetânico, por exemplo); vírus vivos atenuados (vacina oral contra a
10. SCHMITZ, E. et al. A enfermagem em pediatria e puericultura. São Paulo: Atheneu. 1989. poliomielite e vacinas contra o sarampo e a febre amarela, por exemplo); vírus inativados
11. UFMG. Educação em saúde bucal, traumatismos dentários. Belo Horizonte: Pró-Reitoria de Extensão da (vacina contra a raiva e a Salk, por exemplo); frações de vírus (vacina contra a hepatite B,
UFMG, 1996. (Caderno Pronaica II). constituída pelo antígeno de superfície do vírus, por exemplo).
12. VASCONCELOS. M. et al. Iniciação à saúde bucal de crianças. Belo Horizonte: Pró-Reitoria de Extensão
da UFMG, 1992. 26 p. (Orientação Popular, 4). Vacinas de bactérias ou vírus vivos atenuados não devem ser administradas, a
13. _____. As etapas de desenvolvimento em saúde bucal. Uma orientação para pediatrias. Belo Horizonte:
princípio, em pessoas com imunossupressão, pois obviamente ela desencadearia a
UFMG, 1991. Folder.
doença. São os casos de pessoas com imunodeficiência congênita ou adquirida;
acometidas por neoplasia maligna; em tratamento com corticosteroides em esquemas
imunodepressores (por exemplo, 2mg/kg/dia de prednisona, por mais de uma semana, em
crianças) ou submetidas a outras terapêuticas imunodepressoras (quimioterapia
antineoplásica, radioterapia), transfusão de sangue ou plasma.

No caso de mulheres grávidas, devido ao risco teórico de danos ao feto, salvo


situações de alto risco de exposição a alguma doença imunoprevenivel, não se deve
administrar nenhuma outra vacina além das rotineiramente administradas, explicitadas
mais adiante.

Deve-se adiar a aplicação de qualquer tipo de vacina em pessoas com doenças


agudas febris graves, sobretudo para que seus sintomas e sinais, assim como eventuais
complicações, não sejam atribuídos à vacina administrada. Também deve ser adiada a
aplicação de vacinas de bactérias ou vírus inativados (ou as constituídas por seus produtos
ou componentes) em pessoas submetidas a tratamento com imunodepressores, por causa
da possibilidade de resposta imune inadequada.

Como regra geral, a aplicação de vacinas deve ser adiada por um mês após o
término de corticoterapia em dose imunodepressora ou por três meses após a suspensão
de outros medicamentos ou tipos de tratamento que provoquem imunodepressão. Após

76 77
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

transplante de medula óssea, o adiamento deve ser por um ano (vacinas não-vivas) ou por compreende o conjunto de mecanismos por meio dos quais o organismo humano
dois anos (vacinas vivas). reconhece uma substância como estranha, para, em seguida, metabolizá-la, neutralizá-la
e/ou eliminá-la. A resposta imune do organismo às vacinas depende basicamente de dois
O uso de imunoglobulinas também deve adiar a aplicação de algumas vacinas tipos de fatores: os inerentes às vacinas e os relacionados com o próprio organismo.
vivas, como as contra sarampo e rubéola. O prazo de adiamento depende da dose de
imunoglobulina aplicada. Isso não se aplica às vacinas oral contra poliomielite e contra Os mecanismos de ação das vacinas são diferentes, variando segundo seus
febre amarela, cuja resposta imune não é afetada pelo uso de imunoglobulinas. componentes antigênicos. Já os fatores inerentes ao organismo que recebe a vacina,
podendo interferir no processo de imunização, são: idade; doença de base ou
Não há interferência entre as vacinas utilizadas no calendário de rotina do PNI, que, intercorrente; tratamento imunodepressor. E as respostas imunes podem ser inespecíficas
portanto, podem ser aplicadas simultaneamente ou com qualquer intervalo entre si. Uma ou específicas.
exceção, por falta de informações adequadas, é a vacina contra febre amarela:
recomenda-se que seja aplicada separadamente e com intervalo de 30 dias das outras Fatores inespecíficos da resposta imune são constituídos por mecanismos
vacinas vivas. superficiais e mecanismos profundos que dificultam a penetração, a implantação e/ou a
multiplicação dos agentes infecciosos, tais como: barreira mecânica constituída pela
São falsas contraindicações das vacinas integridade da pele e das mucosas; “flora” microbiana normal (microbiota) da pele e de
mucosas, que se opõe à colonização de microrganismos (particularmente bactérias e
1. Doenças benignas comuns, tais como afecções recorrentes infecciosas ou alérgicas
fungos); secreção cutânea (de glândulas sudoríparas e sebáceas), contendo ácidos graxos
das vias respiratórias superiores, com tosse e/ou coriza, diarreia leve ou moderada,
e ácido láctico; secreção mucosa e atividade das células ciliadas do epitélio das vias
doenças da pele (impetigo, escabiose etc.);
respiratórias; fluxo lacrimal, salivar, biliar e urinário; peristaltismo intestinal; acidez gástrica
2. Desnutrição;
e urinária; alcalinidade do suco pancreático; ação mucolítica e bactericida da bile; ação da
3. Aplicação de vacina contra a raiva em andamento;
lisozima presente na lágrima, na saliva e nas secreções nasais; fatores séricos e teciduais,
4. Doença neurológica estável (síndrome convulsiva controlada, por exemplo) ou
constituídos por betalisina, complemento, interferon, fibronectina, lactoferrina, tuftisina,
pregressa, com sequela presente;
espermina (secreção prostática) e protamina (no esperma); a inflamação; e a fagocitose de
5. Antecedente familiar de convulsão;
macrófagos.
6. Tratamento sistêmico com corticosteroide durante curto período (inferior a duas
semanas), ou tratamento prolongado diário ou em dias alternados com doses baixas ou Como parte dos mecanismos específicos a evolução biológica levou ao
moderadas; aprimoramento da resposta imune dos organismos superiores, quanto aos agentes
7. Alergias, exceto as reações alérgicas sistêmicas e graves, relacionadas a componentes infecciosos, possibilitando proteção específica e duradoura contra os patógenos pelos
de determinadas vacinas; quais foram estimulados. O antígeno encontra-se no agente ou na substância reconhecida
8. Prematuridade ou baixo peso no nascimento. As vacinas devem ser administradas na como estranha pelo organismo, podendo ser componente de bactérias, vírus, etc. Depois
idade cronológica recomendada, não se justificando adiar o início da vacinação. de sua penetração, através da pele e/ou de mucosas (portas de entrada), atinge a
(Excetuam-se o BCG, que deve ser aplicado somente em crianças com >2kg). circulação sanguínea e linfática e alcança os órgãos linfoides secundários (gânglios
9. Internação hospitalar - crianças hospitalizadas podem ser vacinadas antes da alta e, linfáticos, baço e nódulos linfoides). O antígeno sofre processamento inicial e, após esse
em alguns casos, imediatamente depois da admissão, particularmente para prevenir a processamento, o mesmo, agora fragmentado, é apresentado aos linfócitos envolvidos na
infecção pelo vírus do sarampo ou da varicela durante o período de permanência no fase efetora da resposta imune.
hospital.
10. História e/ou diagnóstico clínico pregresso de coqueluche, difteria, poliomielite, Os linfócitos, originários das células primordiais da medula óssea, sofrem nos
sarampo, rubéola, caxumba, tétano e tuberculose não constituem contraindicações ao órgãos linfoides primários (timo e a medula óssea) processos de diferenciação celular, de
uso das respectivas vacinas. que resulta o aparecimento dos linfócitos T e B, cujas atividades são distintas e
complementares. Os linfócitos diferenciam-se em linfócitos T no timo e em linfócitos B
É importante também dar ênfase ao fato de que, havendo indicação, não existe medula óssea (no homem). Linfócitos T e B apresentam em sua membrana receptores
limite superior de idade para aplicação de vacinas, com exceção das vacinas tríplice DTP e específicos, determinados geneticamente com combinações diversificadas na sequência
dupla tipo infantil. dos seus peptídeos e diferentes conformações estruturais, o que possibilita alta
seletividade de sua ligação com antígenos diversos. As linhagens de linfócitos T e de
O processo imunológico pelo qual se desenvolve a proteção conferida pelas vacinas
linfócitos B dotadas dos mesmos receptores constituem os clones; a grande variedade de
78 79
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

clones existentes é que garante a ampla diversidade da resposta imune. Da interação dos Se iniciada de 10 aos 11 meses, aplicar duas doses com intervalo de 2 meses entre as
antígenos com os receptores dos linfócitos T e B resulta o estímulo dessas células; com as doses e não é necessário reforço.
alterações subsequentes do seu metabolismo, os linfócitos entram em fase de ativação.
Se iniciada a partir de 12 meses, até menor de dois anos, dose única.
Considerando-se que o calendário nacional de imunização passa por alterações
frequentes devido a pesquisas científicas envolvendo a eficácia dos imunobiológicos, é 5. A vacina oral poliomielite – VOP, vacina de vírus atenuados, trivalente, contendo os três
necessário acompanhar o calendário atualizado vigente por meio da página: tipos de poliovirus (1, 2 e 3) que vem sendo utilizada com sucesso no Brasil desde a
http://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/vacinareproteger/ década de 60, passa a ser substituída pela vacina Salk (Vírus inativado), em suas duas
primeiras doses a partir de 2012 uma vez que casos raros de paralisia associada à vacina
Em Minas Gerais acessar o portal: (VAPP) e o poliovirus derivado da vacina (VPDV) podem ocorrer. Como países
desenvolvidos e em desenvolvimento declararam a intenção de continuar com a
http://vigilancia.saude.mg.gov.br/index.php/sistemas-de-informacao/imunizacao-si-pni/ imunização de suas populações, mesmo após a erradicação do poliovirus selvagem, a VIP
(Vacina do Vírus inativado da Pólio) ou Salk, passa a ser utilizada nos países onde a pólio
Vale ressaltar que cada região pode adequar seu calendário de acordo com critérios foi erradicada, incluindo o Brasil, para prevenir a reintrodução do vírus selvagem e o
definidos tais como: endemicidade e perfil epidemiológico da região. ressurgimento da poliomielite nestes países.
Deve-se ressaltar que: Com relação à imunização de gestantes, utilizam-se apenas três vacinas de rotina;
1. A primeira dose da vacina hepatite B deve ser administrada na maternidade, nas primeiras a vacina contra gripe, em dose única; a dT (dupla adulto) e a dTP acelular, para
12 horas de vida do recém-nascido, pois deste modo se previne a transmissão vertical da imunização da mãe e prevenção do tétano neonatal e a coqueluche congênita, e a HB,
doença e a principal sequela associada à precocidade da infeção – se a infecção ocorrer para prevenção da contaminação da mãe e transmissão vertical da Hepatite B, ambas
antes dos 5 anos idade do paciente, o risco de cronificação da hepatite B é de 70-90% e de dadas em três doses.
desenvolvimento de hepatocarcinoma de 20-25%. A exposição perinatal ao sangue
materno é o modo mais importante de transmissão, sendo responsável por 95% dos casos. Para a imunização contra o tétano, recomenda-se 3 doses de dT com intervalo
regular de 60 dias entre elas, ou quando não for possível, intervalo mínimo de 30 dias
RN filho de mãe HBsAg positivo (Antígeno de superfície do vírus B), deve ser não só entre as doses. Gestantes sem esquema para dT devem iniciar a partir do 4ª mês de
imunizado nas 12 primeiras horas de vida, como também receber IGHB (Imunoglobulina gestação com a 1º dose, priorizando a dTPa a partir da 20ª semana gestacional a qual em
hiperimune contra hepatite B). Quando a sorologia da mãe não é conhecida o RN deverá Minas Gerais deve ser administrada a cada gestação. Caso não seja possível dar as 3
receber apenas a vacina nas 12 primeiras horas de vida. doses antes do parto, a 2ª dose deverá ser administrada até 20 dias antes da data
provável do parto. Neste caso, a 3ª dose será agendada após o parto. Se Gestante
2. O esquema vacinal, atual, para hepatite B completa-se aos 2, 4 e 6 meses de idade da
recebeu esquema incompleto, deve-se apenas completar o mesmo com doses restantes.
criança por meio da vacina pentavalente (imuniza além da Hepatite B; a Influenza
haemophilus; a Difteria, Tétano e Coqueluche - DTP). Cabe ressaltar que são necessários A vacinação contra a Hepatite B está recomendada para toda gestante não
ainda dois reforços com a tríplice Bacteriana (DTP), sendo o primeiro reforço aos 15 meses imunizada. O esquema básico se constitui de 03 (três) doses, iniciada no 4º mês de
e o segundo entre 4 e 6 anos. gestação com intervalos de 30 dias da primeira para a segunda dose e 180 dias da
3. É possível administrar a primeira dose da Vacina Oral de Rotavírus Humano a partir de 1 primeira para a terceira dose, coincidindo a terceira dose com a visita puerperal a ser
mês e 15 dias a 3 meses e 7 dias de idade (6 a 14 semanas de vida). E a segunda dose a realizada pela enfermeira. Caso a gestante tenha esquema vacinal incompleto, este deverá
partir de 3 meses e dias a 7 meses e 29 dias de idade. O intervalo mínimo preconizado ser completado com as dose(s) que falta(m). Para se saber se a gestante deve ou não ser
entre a primeira e a segunda dose é de 4 semanas vacinada é necessário a investigação laboratorial de seu estado imunitário para o vírus da
Hepatite B (HBV).
4. Vacina Pneumocócica 10 Valente, se iniciada no primeiro semestre de vida é feita em 02
(duas) doses, com intervalo de dois meses entre as doses e mais um reforço aos 12 O HBV é um vírus DNA, membro da família Hepadnaviridae, transmitido por via
meses. sexual, parenteral e vertical. O período de incubação da hepatite B varia de 15 a 180 dias,
e apenas 25 a 30% dos pacientes cursam com hepatite aguda clinicamente evidente.
Se iniciada com 7 a 9 meses é feita em duas doses com intervalo de dois meses entre as Geralmente, o diagnóstico é realizado na triagem de doadores de sangue ou quando o
doses e mais um reforço aos 12 meses. paciente já está em fase avançada da doença crônica. Existem seis marcadores

80 81
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

sorológicos disponíveis para o diagnóstico de hepatite B aguda e crônica, a saber: o Tabela 2 – Hepatite B: Interpretação de Resultados Sorológicos
HBsAg, o Anti-HBc IgM, o Anti-HBc total, HBeAg, Anti-HBe. Marcadores Sorológicos para Diagnóstico da Hepatite B
Interpretação
HBsAg HBeAg Anti-HBc IgM Anti-HBc IgG Anti-HBe Anti-HBs
1. HBsAg (Antígeno de superfície do vírus B): Sua presença indica infecção em curso, + - - - - - Incubação
+ + + + - - Fase aguda
sendo encontrado tanto na forma aguda quanto na crônica. É o primeiro marcador a
+ + - + - - Fase aguda final ou hepatite
aparecer, podendo ser detectado 1 a 2 semanas após a exposição ao vírus. Na + - - + + - crônica
infecção aguda autolimitada, desaparece na fase de convalescença, 2 a 4 meses após + - - + - -
- - + + - - Início da fase convalescente
seu surgimento. A persistência do HBsAg por mais de 24 semanas é indicativa de
Imunidade, infecção passada
hepatite crônica. - - - + + +
recente
- - - + - + ou - Imunidade, infecção passada
2. Anti-HBc IgM (Anticorpo IgM contra o antígeno core do vírus B): Sua presença indica - - - - - + Imunidade, resposta vacinal
- - - - - - Susceptível
infecção aguda, sendo o primeiro anticorpo detectável. É encontrado no soro até 32
semanas após a infecção. O anti-HBc IgM e o anti-HBc total podem ser os únicos
Gestante com sorologia negativa para HBsAg e Anti-HBs devem ser imunizada
marcadores detectados em pacientes com hepatite aguda fulminante e no período contra a hepatite B. Caso ela seja HBsAg positiva, a vacina não terá efeito, pois já se
entre o desaparecimento do HBsAg e o aparecimento do anti-HBs. encontra infectada. Quando o Anti-HBs é positivo, por sua vez, ela não necessita ser
vacinada, pois já está imune. Como para a maioria dos serviços de APS é disponibilizado
3. Anti-HBc total (Anticorpos totais contra o antígeno core do vírus B): É o melhor
apenas o teste para HBsAg durante o pré-natal, o que se recomenda é a vacinação da
marcador de exposição ao vírus B. Está presente na infecção aguda, na infecção
gestante quando este teste for negativo e não se possuir informação sobre vacinação
crônica e em pacientes que se recuperaram totalmente da doença, indicando contato
prévia daquela mulher. Quando teste para ABsAg for positivo, recomenda-se, como já
prévio com o vírus.
explicitado, a vacinação do RN nas primeiras 12 horas de vida, além da administração de
4. HBeAg (Antígeno “e” do vírus B): É um marcador de replicação viral, sendo sua IGHB (Imunoglobulina hiperimune contra hepatite B).
positividade indicativa de alta infecciosidade. Na infecção aguda autolimitada,
É importante ressaltar, que quando a gestante não tiver história de imunização
desaparece em cerca de 2 a 6 semanas. Sua persistência após 8 a 10 semanas sugere
contra a rubéola ela deverá receber no pós-parto imediato dose única da vacina triviral
fortemente a possibilidade de evolução para a forma crônica. Na infecção crônica, está
(MMR).
presente enquanto houver alta replicação viral, a não ser em casos em que uma
mutação impede a produção do HBeAg.
Deve-se ressaltar ainda, que eventos adversos das vacinas, são agravos à saúde
5. Anti-HBe (Anticorpo contra o antígeno “e” do vírus B): Geralmente, é detectado após o de notificação compulsória e que todo médico deve estar atento para a sua ocorrência. No
anexo 7 você encontrará uma ficha de notificação de evento adverso pós-vacinal e no
desaparecimento do HBeAg, sugerindo redução ou ausência de replicação viral, exceto
anexo 8 uma lista de eventos adversos pós-vacinal.
nas cepas com mutação pré-core (não produtoras da proteína “e”). Persiste detectável
por 1 a 2 anos. Alguns indivíduos não desenvolvem níveis detectáveis de anti-HBe.
REFERÊNCIAS
6. Anti-HBs (Anticorpo contra o antígeno de superfície do vírus B): É um anticorpo 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Programa Nacional de
protetor, neutralizante. Está presente, geralmente, após o desaparecimento do HBsAg, Imunizações. Manual de Vigilância Epidemiológica dos Eventos Adversos Pós-Vacinação. Manuais
indicando resolução da infecção e imunidade. É encontrado isoladamente em pessoas e Normas Técnicas. Brasília: MS, 2008.
vacinadas. Cerca de 5 a 15% dos pacientes que se recuperaram clínica e 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Hepatites virais: o Brasil
está atento. Brasília: Ministério da Saúde, 2008.
laboratorialmente da doença não apresentam anti-HBs detectável.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Programa Nacional de
Imunizações. Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. Manuais e
Na tabela 2, estão representados os principais perfis sorológicos encontrados e Normas Técnicas. Brasília: MS, 2006.
suas interpretações. Perfis atípicos podem ocorrer e requerem a avaliação de um 4. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde
especialista. do recém nascido: guia para os profissionais de saúde. Brasília: MS, 2011. Volume 4
5. ERICHSEN ES, VIANA LG, FARIA RMD, SANTOS SME. Medicina Laboratorial para o Clínico. Belo
Horizonte: Coopmed, 2009.
6. FARHAT, Calil K. et al. Imunização: fundamentos e prática. São Paulo: Atheneu, 2007.

82 83
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Como ainda não é rotina nas USF de nosso município a busca ativa de gestantes e
Pré-Natal na Estratégia da Saúde da Família a condução do pré-natal na Atenção Primária, sendo referenciado até mesmo o pré-natal
Linhas Guias da Rede Cegonha e Projeto Viva Vida adaptadas por
de risco habitual, caberá a você, acadêmico de medicina, estimar o número de gestantes,
Andreia Majella da Silva Duarte Esteves, Miriam Monteiro de Castro Graciano
procurá-las, localizá-las e assegurar-lhes um adequado acompanhamento do pré-natal, por
O principal objetivo da atenção pré-natal é acolher a mulher desde o início da meio das informações e conhecimentos adquiridos neste módulo. Você terá este
gravidez, assegurando, ao fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a compromisso com as gestantes de uma microárea de abrangência da USF na qual você
garantia do bem-estar materno e neonatal. Assegurar um pré-natal de qualidade para toda estará realizando atividades práticas.
a população é prioridade do MS e Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-
O MS, propõe que para se estimar o número de gestantes, soma-se ao número de
MG). A SES-MG, em consonância à união, estabeleceu um fluxograma (Figura 1) para a
nascimentos do ano anterior, 10% deste valor.
busca ativa e captação das gestantes para que elas iniciem o pré-natal ainda no primeiro
trimestre de gravidez. O parâmetro de avaliação pactuado entre as três esferas de poder é
de uma cobertura de 70% das gestantes da área de abrangência de uma USF com Para efeitos práticos vamos fixar o número de nascimentos anuais em Alfenas no
realização da primeira consulta de pré-natal até 120 dias da gestação. valor de 1000 (que tem sido a tendência nos últimos 10 anos). Dividindo-se esse valor pela
cobertura de ESF no município (70% da população – 700 nascidos vivos) e pelo número
Figura 1 de unidades (14), chegamos a um valor estimado de 50 nascimentos por ano na área de
abrangência de cada ESF. Como uma gestação dura 9 e não 12 meses, obtemos por regra
de três o valor aproximado de 37 gestantes/mês na área. Obviamente haverá variações
nestes valores, uma vez que taxa média de fecundidade é menor entre as mulheres de
etnia branca do que as de etnia parda e também está relacionada ao nível socioeconômico
da população estudada, sendo maior entre mulheres com baixo nível de escolaridade.

Outra atividade prática de máxima importância para seu aprendizado, para a saúde
materno-infantil e qualificação dos serviços, será o rastreamento de gestações de risco,
referenciando-as para o ambulatório de alto risco.

ATENÇÃO
Em toda a consulta, deve-se proceder à avaliação do risco gestacional. A
Nota técnica conjunta da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais –
SES/MG, Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais – SOGIMIG
Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras seccional Minas
Gerais – ABENFO/MG, Associação Mineira de Medicina de Família e Comunidade
– AMMFC, de 03/10/2016, é preconizada para a estratificação do risco e está
disponível em: http://www.saude.mg.gov.br/images/documentos/16-03-10-
Cartilha-Estratificao-de-risco-gestacional.pdf.

Esta deliberação propõe estratificar o risco gestacional em Minas Gerais nos níveis:
Habitual e Alto Risco.
Os estratos por fatores de risco gestacional são:
- Características individuais e condições sociodemográficas da gestante;
- História reprodutiva anterior;
- Condições clínicas prévias e Intercorrências clínicas/obstétricas na gestação atual.

84 85
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

86 87
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

88 89
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

MAPEAMENTO DO PRÉ-NATAL

EXAMES DO 1º TRIMESTRE

EXAMES DO 2º TRIMESTRE

90 91
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

EXAMES DO 3º TRIMESTRE

IMUNIZAÇÃO

OUTROS EXAMES

MEDICAÇÕES

92 93
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Figura 3 – Cálculo da DPP

Cálculo da IG

No Apêndice 3 é proposto um roteiro para avaliação e conduta no pré-natal, Quando a DUM é conhecida:
destacando-se apenas às ações e procedimentos que podem neste momento serem • Usando o calendário: contar o número de dias a partir do 1º dia da última menstruação
realizados com sucesso por você acadêmico do terceiro período. até o dia do atendimento e dividir por sete, obtendo-se o número de semanas da
gestação;
• Usando o Disco ou Gestograma (Figura 4): colocar a seta sobre o dia e o mês do
TÉCNICAS NECESSÁRIAS À ATENÇÃO PRÉ-NATAL primeiro dia da última menstruação e observar a seta na data (dia e mês) indicada
como data provável do parto.
Cálculo da DPP
Para o cálculo da DPP deve-se utilizar a regra de Nägele (Figura 2)., adicionando à data
da última menstruação, 7 dias e mais 9 meses (se a DUM ocorreu de janeiro a março). Para os
Figura 4 – Gestograma
casos em que a DUM ocorreu de abril a dezembro, somar 7 ao dia e subtrair 3 ao mês,
adicionando-se 1 ao ano. Exemplo: Se DUM foi em 10/11/2017, a DPP será em 17/08/2018 (10
+ 7 = 17 e 11-3 = 8). Nos casos em que os números de dias encontrado forem maior do que o
número de dias do mês, passar os dias excedentes para o mês seguinte.

Figura 2 – Regra de Nägele

Quando a DUM é desconhecida, mas o período do mês em que ela ocorreu não:
• Se o período foi no início, meio ou final do mês, considerar como data da última
menstruação, os dias 5, 15 e 25, respectivamente, e proceder à utilização de um dos
métodos acima descritos.

94 95
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Quando a data e o período da última menstruação são desconhecidos: Gráfico 1 – Peso/Idade Gestacional
• Proceder ao exame físico, medindo a altura uterina e posicionando o valor encontrado
na curva de crescimento uterino, considerando o P50. O ponto encontrado corresponde
à provável idade gestacional que deve ser considerada duvidosa e assinalada com
interrogação na ficha perinatal e na Caderneta da Gestante;
• Solicitação de ultrassom, caso não seja possível a determinação a partir do exame
físico.

ATENÇÃO
Arredonde a semana gestacional da seguinte forma: 1, 2, 3 dias – considere o
número de semanas completas e 4, 5, 6 dias – considere a semana seguinte.

Exemplo: Gestante com 12 semanas e 2 dias = 12 semanas e Gestante com 12


Avaliação da curva de ganho de peso:
semanas e 5 dias = 13 semanas.
• O traçado esperado deve ser ascendente, mas paralelo às linhas dos percentis do
Exame Físico gráfico, o que significa que está ganhando peso adequadamente;
• Uma curva com inclinação superior indicará um ganho excessivo de peso;
Geral: Avaliar peso, estatura e estado nutricional; • Uma curva horizontal ou descendente indicará um ganho insuficiente de peso.

Avaliação Nutricional da Gestante: Avaliar o ganho de peso e o IMC, conferindo o Parâmetros a serem considerados na avaliação nutricional da gestante
traçado das curvas de peso durante a gestação.
O MS preconiza que toda gestante deve ter seu estado nutricional avaliado durante a
• Deve-se aferir o peso em todas as consultas de pré-natal, com a gestante usando
roupa leve e descalça; gestação, como rotina de pré-natal. Com a avaliação nutricional é possível subsidiar a
• Na primeira consulta, deve-se interrogar o peso pré-gravídico para acompanhamento previsão de ganho de peso até o final da gestação. O ganho de peso deve ser analisado
do ganho ponderal e a estatura avaliada para o cálculo do IMC. A gestante deve estar
de forma criteriosa conforme prévio estado nutricional e período gestacional (Quadro 2 e
em pé descalça, com os calcanhares juntos, o mais próximo possível da haste vertical
da balança, erguida, com os ombros para trás e olhando para frente; 3). Para avaliar o estado nutricional da gestante considerar: Peso, Estatura - 1°consulta
• O ganho de peso da gestante será avaliado tomando como referência o Gráfico de de pré-natal, IG (calcular a semana gestacional em cada atendimento).
Peso/Idade Gestacional que apresenta os limites máximos – P 90 – e mínimo – P 25 –
IMC = Peso (kg) / Altura2 (m).
para cada idade gestacional. Confirme a idade gestacional;
• Diminuir do peso atual da gestante o peso pré-gravídico, obtendo-se o aumento de Para o diagnóstico nutricional inicial:
– IMC Pré - gestacional referido (até 2 meses antes).
peso para essa idade gestacional;
– IMC com medição até 13º semana.
• Registrar esse valor no Gráfico de Peso/Idade Gestacional;
• Nas consultas subsequentes, interligar os pontos marcados, obtendo-se um traçado – IMC com dados da 1º consulta pré – natal.
cuja inclinação pode auxiliar na avaliação nutricional da gestante; Quadro 2: Avaliação do EN da gestante segundo IMC por semana gestacional.

Semana Baixo Peso Adequado Sobrepeso Obesidade


Gestacional IMC≤ IMC entre IMC entre IMC≥
6 19,9 20,0 - 24,9 25,0 - 30,0 30,1
8 20,1 20,2 - 25,0 25,1 - 30,1 30,2
10 20,2 20,3 - 25,2 25,3 - 30,2 30,3
11 ... 20,3 20,4 - 25,3 25,4 - 30,3 30,4
... 42 25,0 25,1 - 29,2 29,3 - 33,2 33,3

96 97
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Quadro 3: Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação segundo EN inicial Figura 5 – Mensuração da Altura Uterina

Estado Ganho de Ganho de peso Ganho de peso


Nutricional Inicial peso total no semanal médio no 2º total na
(IMC) 1º trimestre e 3º trimestre gestação
Baixo Peso 2,3 0,5 12,5 – 18,0
Adequado 1,6 0,4 11,5 – 16,0
Sobrepeso 0,9 0,3 7,0 – 11,5
Obesidade - 0,3 7,0 Os valores de referência podem ser encontrados na Curva da Altura Uterina/Idade
Gestacional (Gráfico 2) que apresenta como limites de normalidade os percentis 10 e 90.
A cada consulta, o valor encontrado deve ser anotado no gráfico e, nas consultas
Após a avaliação antropométrica proceder com o registro, realizando um traçado
subsequentes, unido à marca precedente, formando o traçado do aumento do tamanho do
ponto a ponto e analisar: útero.
- Traçado ascendente: ganho de peso adequado;
Gráfico 2
- Traçado horizontal ou descendente: ganho de peso inadequado (gestante de risco); Curva da Altura Uterina/Idade Gestacional
- O registro do estado nutricional deverá ser feito no SISVAN e na Caderneta da
Gestante.

Avaliação de Sinais vitais: Frequência cardíaca ou pulso (60-100 bpm); Frequência


respiratória (12 - 20 rpm); Temperatura axilar (36°C a 37°C); Pressão Arterial (PA): < 140 X
90 mmHg;

Inspeção da pele e mucosas. Realizar exame físico detectando as alterações físicas


comuns na gestação, realizando orientações à gestante do motivo de cada alteração,
como cloasma, sinal de Hunter, Tubérculos de Montgomery, Rede de Haller, Linha Nigra, e
que estas, em sua maioria, vão desaparecer após o parto.
• Realizar a palpação obstétrica (Manobra de Leopold), avaliando a posição (relação do
Pesquisa de edema – face, tronco e membros
feto com o útero materno), situação (relação do dorso fetal com a gestante) e
Exame do terço inferior de ambas as pernas:
apresentação fetal (relação do pólo com o canal do parto), do seguinte modo:
• Palpar com o dedo polegar a tíbia;
1º tempo: Delimitar o fundo uterino, com as duas mãos (Figura 6A).
• Iniciar abaixo da rótula e descer em direção ao pé;
2º tempo: Deslizar as mãos em direção ao polo inferior do útero, sentindo o dorso fetal
• Fazer leve pressão;
(superfície resistente e contínua) e as pequenas partes ou membros. (Figura 6B)
• Observar presença de deformação tecidual (edema);
3º tempo: Explorar a mobilidade do polo que se apresenta em relação com o estreito
• Observar presença de varicosidades;
superior da pelve (Figura 6C).
• Atenção: a ocorrência de edema é fisiológica no final da gestação.
4º tempo: Explorar as escavas para avaliar se o polo (cefálico ou pélvico) está
Exame Gineco-Obstétrico encaixado (Figura 6B).
• Exame das mamas;
• Mensuração Altura Uterina (AU): A partir da 20ª semana de gestação, por meio da
medida da AU é possível estimar a Idade Gestacional (IG), uma vez que colocando o
início da fita métrica na sínfise pubiana, escorregando os dedos até fundo uterino, o
valor dado é aproximadamente o mesmo do número de semanas de gestação, ou seja,
se a altura uterina for 28 cm, a gestação terá em média 28 semanas (Figura 5).
98 99
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Figura 6 – Manobra de Leopold ORIENTAÇÕES GERAIS


• Necessidade de banhos e fricções com xampu mais frequentes.
• Informar que as mudanças de pigmentação diminuirão gradativamente depois da
gravidez.
• Deve ser feito o uso de creme hidratante (ou óleo de amêndoa) no corpo após o banho,
mas nunca usar óleos, cremes ou pomadas no mamilo e aréola.
• Importância de exposição das mamas ao sol antes das 10:00 e após as 16:00,
salientando a necessidade de se evitar exposição ao sol no horário de 10:00 às 16:00 e
uso de protetor solar, principalmente no rosto.
• Uso de sutiã de boa sustentação.
• Incentivar a amamentação exclusiva até seis meses.
• Manter decúbito lateral esquerdo para dormir (principalmente durante o 3° trimestre).
A B C D • Fazer repouso pelo menos 3 vezes ao dia; evitar esforço físico; realizar caminhada
(suave) ao final da tarde; usar roupas leves e sapatos de salto baixo, de preferência
• Realizar ausculta dos Batimentos Cardiofetais (BCF): Com o Pinard (Figura 7) pode ser
antiderrapante.
feita a partir da 20ª semana de gravidez e com o sonnar-doppler (Figura 8) a partir de
• Importância da avaliação e acompanhamento odontológico.
12 semanas. O valor normal do BCF varia de 120 a 160 bpm. Para tanto:
• A equipe deve realizar visitas domiciliares, com o objetivo de monitorar a gestante,
• Posicionar a gestante em decúbito dorsal, com o abdômen descoberto, respeitando
orientar os cuidados adequados, identificar possíveis fatores de risco e realizar os
a sua privacidade;
encaminhamentos necessários.
• Identificar o dorso fetal. Além de realizar a palpação, deve-se perguntar à gestante
em qual lado ela sente mais os movimentos fetais - o dorso estará no lado oposto; Em função da alta prevalência da Diabetes e da Hipertensão Gestacional, faz-se
• Segurar o estetoscópio de Pinard pelo tubo, encostando a extremidade de abertura necessário investigar fatores de risco para diabetes gestacional: parentes próximos com
mais ampla no local previamente identificado como correspondente ao dorso fetal. Diabetes; filhos pesando mais de 4 kg ao nascer; abortos ou natimortos; filhos com
Quando disponível, utilizar o sonnar-doppler; malformação fetal; obesidade ou que tenha aumentado muito de peso durante a gestação;
• Encostar o pavilhão da orelha na outra extremidade do estetoscópio; polidrâmnio; ou DHEG.
• Fazer, com a cabeça, leve pressão sobre o estetoscópio e só então retirar a mão
que segura o tubo; É também importante detectar precocemente os estados hipertensivos que se
• Procurar o ponto de melhor ausculta dos BCF na região do dorso fetal; constituam em risco materno e perinatal. Em ambos os casos a gestante deverá ser
• Controlar o pulso da gestante para certificar-se de que os batimentos ouvidos são os encaminhada para realização do pré-natal de alto risco no serviço de referência. Nestes
do feto, já que as frequências são diferentes; casos deve-se observar o fluxograma de atendimento apresentados na figura 9.
• Contar os batimentos cardíacos fetais por um minuto, observando sua frequência e
ritmo; Conhecer e observar manifestações psicoafetivas típicas da gestação, que se
• Registrar os BCF na ficha perinatal e na caderneta da gestante. modificam com o avançar da mesma é outro tema de relevância.

Durante o primeiro trimestre de gestação predominam os sentimentos de


Figura 7 Figura 8 ambivalência (querer e não querer a gravidez); medo de abortar; oscilações do humor,
Ausculta do BCF com Pinard Sonar para Ausculta do BCF com aumento da irritabilidade; primeiras modificações corporais e desconfortos físicos
tais como náuseas, sonolência, alterações na mama e cansaço que produzem
ansiedade ou conflitos; bem como desejos e aversões por determinados alimentos,
algumas vezes exacerbados e outras não compreendidos.

Já no segundo trimestre a mulher começa a ficar mais introspectiva e com uma


postura de passividade. Ocorre alteração do desejo e do desempenho sexual; alteração
da estrutura corporal, que para a adolescente tem uma repercussão ainda mais intensa;

100 101
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

e percepção dos movimentos fetais, o que impacta e modifica a relação da mãe com o Puerpério
concepto e seu estado gravídico. Andreia Majella da Silva Duarte Esteves

No terceiro trimestre, aumentam as queixas físicas e se intensifica a ansiedade Conceitua-se puerpério o período do ciclo grávido-puerperal em que as
com a proximidade do parto, por isso os temas mais importantes a serem abordado são: modificações locais e sistêmicas, provocadas pela gravidez e parto no organismo da
o do temor do parto, o medo da dor e da morte. mulher, retornam à situação do estado pré-gravídico. Didaticamente divide-se o puerpério
em imediato (1° ao 10° dia após o parto) e tardio (11° ao 42° dia após o parto).
Figura 9
A atenção à mulher e ao recém-nascido (RN) no pós-parto imediato e nas primeiras
semanas após o parto é fundamental para a saúde materna e neonatal. Ela tem por
objetivo:
• Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém-nascido;
• Orientar e apoiar a família para a amamentação;
• Orientar os cuidados básicos com o recém-nascido;
• Avaliar interação da mãe com o recém-nascido;
• Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las;
• Orientar o planejamento familiar.

Uma vez que boa parte das situações de morbidade e mortalidade materna e
neonatal acontecem na primeira semana após o parto, o retorno da mulher e do recém-
nascido ao serviço de saúde deve acontecer logo nesse período.

Embora a consulta pós-parto seja recomendada universalmente, na maioria dos


países em desenvolvimento elas quase nunca são feitas. Deve-se acentuar a importância
desta visita. Portanto, verificar ocorrência e orientar a necessidade de realizar 2 consultas
médicas na USF: a primeira entre 7 e 10 dias e a segunda entre 30 e 40 dias. Quando a
gestação foi de risco habitual, a consulta pode ser realizada pelo médico generalista ou
pela enfermeira da equipe do PSF. Se a gestação foi de alto risco, estas consultas deverão
ser realizadas no serviço de referência.

Na consulta puerperal imediata, deve-se ouvir as queixas da puérpera, proceder


REFERÊNCIAS ao exame físico adequado, com ênfase ao estado hematológico, realizar rastreamento de
infecção (puerperal ou da ferida operatória). E fundamentalmente, realizar o exame das
1. BRASIL. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual técnico. Ministério da
mamas, orientando e incentivando o aleitamento materno. O acadêmico deverá ainda:
Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília:
Ministério da Saúde, 2005. • Checar a presença das alterações ocorridas na gravidez orientando que em sua
2. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção ao pré-natal, parto e puerpério: protocolo maioria serão regredidas. Pesquisar edema e realizar orientações.
Viva Vida. 2 ed. Belo Horizonte: SAS/SES, 2006. 84 p. • Questionar sangramento (avaliar quando possível, anotando as características – cor,
3. REZENDE FILHO, J; MONTENEGRO, C.A.B. Rezende: Obstetrícia Fundamental. 11ª ed. Rio de odor, quantidade) e as condições das incisões (abdominal em caso de cesárea e
Janeiro:Guanabara Koogan, 2008.
episiorrafia em PN), como sinais de inflamação, curativo, retirada de pontos.
• Ressaltar a importância da higiene pessoal, para a saúde materna, do bebê e para
prevenir infecções no pós-parto.
• Avaliar os sinais vitais – detecção precoce de hipertensão, infecção puerperal e mastite
(febre).
• Avaliar as condições maternas e detectar possíveis complicações puerperais:
alterações emocionais, hipertensão, febre, dor em baixo-ventre ou nas mamas,
102 103
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

presença de corrimento com odor fétido, sangramentos intensos. No caso de detecção • É fundamental que haja uma discussão com o casal sobre o retorno às atividades
de alguma dessas alterações, solicitar avaliação médica imediata, caso o atendimento sexuais. Desconforto à relação pode surgir por conta da atrofia vaginal, sendo
esteja sendo feito por outro profissional da equipe. minimizado este inconveniente com a utilização de lubrificante.
• Orientar planejamento familiar para prevenção de gravidez não planejada.
• Estimular e orientar a amamentação: se houver necessidade auxiliar nesta prática, Principais alterações emocionais durante o puerpério
detectando dificuldades e ajudando a mãe durante a amamentação, explicando a
importância para a criança, pois é um alimento completo, não necessitando de nenhum O período do puerpério é um momento no qual a mulher apresenta um estado de
acréscimo até os seis meses de idade; facilita a eliminação de mecônio e diminui a alteração emocional e maior vulnerabilidade psíquica. Em função disto, ansiedade e
incidência de icterícia; protege contra infecções; aumenta o vínculo afetivo; diminui as sintomas depressivos são comuns. No puerpério imediato, a relação mãe/bebê ainda é
chances de desenvolvimento de alergias e para a mãe, pois fortalece o vínculo afetivo; pouco estruturada. As necessidades próprias da mulher acabam sendo postergadas em
favorece a involução uterina e reduz o risco de hemorragia; contribui para o retorno ao função das necessidades do bebê, o foco de atenção dos demais é deslocado da mãe
peso normal; contribui para o aumento do intervalo entre gestações. para o RN, além das modificações corporais e dores físicas que a angustiam em
• Observar e avaliar a mamada para garantia do adequado posicionamento e pega da intensidade variável, dependendo da estrutura psíquica de cada mulher.
aréola. O posicionamento errado do bebê, além de dificultar a sucção, comprometendo
a quantidade de leite ingerido, é uma das causas mais frequentes de problemas nos Os dois principais fenômenos psicológicos neste momento são o Baby Blues e a
mamilos. Em caso de ingurgitamento mamário, mais comum entre o terceiro e o quinto Depressão Pós Parto.
dia pós-parto, orientar quanto à ordenha manual;
• Examinar mamas, verificando a presença de ingurgitamento, sinais inflamatórios, O Baby Blues acomete de 50 a 70% das puérperas e é definido como um estado
infecciosos ou cicatrizes que dificultem a amamentação; depressivo mais brando, transitório, que aparece em geral no terceiro dia do pós-parto e
• Orientar cuidados com a mama: massagem e ordenha manual, prevenindo-se assim o tem duração aproximada de duas semanas. Caracteriza-se por fragilidade,
ingurgitamento mamário, a apojadura dolorosa e o desmame precoce. hiperemotividade, alterações de humor, falta de confiança em si própria e sentimentos de
• Avaliar o RN e realizar orientações necessárias, como banho, curativo do coto incapacidade.
umbilical, uso de roupas adequadas ao clima, entre outras.
• Encaminhar para completar a imunização contra o tétano, quando necessário. Os sintomas associados à depressão pós-parto manifestam-se incluem perturbação
• Salientar a importância de se vacinar contra Rubéola, caso ainda não o tenha feito. do apetite, do sono, decréscimo de energia, sentimento de desvalia ou culpa excessiva,
• Introduzir protocolo para detecção da depressão pós-parto, utilizando questionário de pensamentos recorrentes de morte e ideação suicida, sentimento de inadequação e
Edimburgo (Anexo 6). rejeição ao bebê. Mulheres em depressão pós-parto correm sério risco cometer suicídio ou
infanticídio (matar seu próprio bebê). Devido à gravidade do quadro associada à sua alta
Na consulta puerperal tardia (30 a 40 dias) deve-se: incidência, manifesta-se em 10 a 15% das puérperas, ela deve ser sistematicamente
• Realizar exame clínico-ginecológico completo: verificar dados vitais; avaliar o estado avaliada e tratada.
psíquico da mulher; observar estado geral: pele, mucosas, presença de edema, cicatriz
(parto normal com episiotomia ou laceração/cesárea) e membros inferiores; Para tanto, utilize o questionário de Edimburgo (Anexo 6), que é o instrumento
• Avaliar as condições maternas; apropriado para rastreamento da depressão pós-parto.
• Averiguar se a amamentação ocorre normalmente;
• Completar as doses de vacinais, se necessário. Nas puérperas que não completaram ATENÇÃO
O questionário de Edimburgo deve ser aplicado na sexta semana, terceiro e
seus esquemas de vacinação, deve-se aproveitar este momento para fazê-la, em
sexto mês após o parto. Nas questões 1, 2 e 4 a pontuação é feita em escala
especial da imunização contra o tétano, hepatite B e rubéola;
crescente, isto é, de 0 a 3. Nas questões 3 e 5-10 a pontuação é feita de forma
• Prescrever o método de planejamento familiar escolhido pela paciente;
decrescente, isto é, de 3 a 0. A pontuação máxima é 30. Pontuação > 11 pontos,
• Nesta ocasião, podem-se liberar os exercícios físicos, desde que a mulher se sinta bem sugere diagnóstico de quadro depressivo e a paciente deverá ser encaminhada
e não apresente complicações. para serviço especializado.
• Orientar prevenção de câncer ginecológico e de mama. Nas mulheres que não
realizaram exame preventivo para câncer cervical, este momento também é oportuno,
pois se trata praticamente da liberação da mulher às suas atividades normais.

104 105
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

REFERÊNCIAS Saúde Reprodutiva e Sexual: Planejamento Familiar e Anticoncepção


Andreia Majella da Silva Duarte Esteves, Edilaine Assunção Caetano,
1. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção ao pré-natal, parto e puerpério: protocolo Grazielle Miranda, Miriam Monteiro de Castro Graciano
Viva Vida. 2 ed. Belo Horizonte: SAS/SES, 2006. 84 p.
2. BRASIL. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Ministério da Saúde, Secretaria Ao se falar em anticoncepção, deve-se primeiro ter em mente os direitos
de Políticas de Saúde, Área Técnica da Mulher. – Brasília: Ministério da Saúde, 2001.
reprodutivos e sexuais dos cidadãos.
3. BRASIL. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual técnico. Ministério da
Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília:
Ministério da Saúde, 2005.
Direito reprodutivo é o direito das pessoas de decidirem, de forma livre e
4. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/ responsável, se querem ou não ter filhos, quantos filhos desejam ter e em que momento de
suas vidas. Ele implica no direito a informações, meios, métodos e técnicas para ter ou não
ter filhos; de exercer a sexualidade e a reprodução livre de discriminação, imposição e
violência.

Já os direitos sexuais referem-se ao direito de viver e expressar livremente a


sexualidade sem violência, discriminações e imposições e com respeito pleno pelo corpo
do(a) parceiro(a), bem como o direito de escolher o(a) parceiro(a) sexual; de viver
plenamente a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças; de viver a
sexualidade independentemente de estado civil, idade ou condição física; de escolher se
quer ou não quer ter relação sexual; de expressar livremente sua orientação sexual
(heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade ou outras); de ter relação sexual
independente da reprodução; e direito ao sexo seguro para prevenção da gravidez
indesejada e de DST/HIV/AIDS e portanto, de acesso a serviços de saúde que garantam
privacidade, sigilo e atendimento de qualidade e sem discriminação, oferecendo
informação e educação sexual e reprodutiva.

O planejamento familiar é um conjunto de ações em que são oferecidos todos os


recursos, tanto para auxiliar a ter filhos, ou seja, recursos para a concepção, quanto para
prevenir uma gravidez indesejada, ou seja, recursos para a anticoncepção. Esses
recursos devem ser cientificamente aceitos e não colocar em risco a vida e a saúde das
pessoas, com garantia da liberdade de escolha.

A anticoncepção não é uma questão simples. Não existe, até o momento, método
anticoncepcional ideal, absolutamente eficaz (Tabela 1 – Final do texto) e desprovido de
riscos ou de efeitos indesejáveis. Por isso, a escolha do método deve ser particularizada,
em função do perfil da paciente, de suas condições de saúde, ciclo de vida e preferências.
A assistência em anticoncepção pressupõe a oferta de todas as alternativas de métodos
anticoncepcionais aprovadas pelo Ministério da Saúde, bem como o conhecimento de suas
indicações, contraindicações e implicações de uso, garantindo à mulher, ao homem ou ao
casal os elementos necessários para a opção livre e consciente do método que a eles
melhor se adapte. Pressupõe, ainda, o devido acompanhamento clínico-ginecológico à
usuária, independentemente do método escolhido.

O auxílio à concepção pode ocorrer de diferentes formas. Uma delas é disponibilizar


e incentivar a avaliação pré-concepcional, ou seja, a consulta que o casal faz antes de uma
gravidez, objetivando identificar fatores de risco ou doenças que possam alterar a evolução

106 107
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

normal de uma futura gestação. Essa avaliação constitui instrumento importante na · Disponibilidade: existência de programas oficiais de distribuição gratuita e orientação
melhoria dos índices de morbidade e mortalidade materna e infantil. sobre como e onde obter o método. Caso não haja disponibilidade no local de
atendimento, a paciente deve ser encaminhada a um programa que disponha do
As atividades a serem desenvolvidas na avaliação pré-concepcional devem incluir método de eleição.
anamnese e exame físico, com exame ginecológico completo (incluindo exame das · Facilidade de uso: o que pode ser obtido por meio de atividades educativas de grupo
mamas), além da realização de alguns exames complementares de diagnóstico (sorologias ou de forma individual, durante o atendimento médico.
para hepatite, rubéola, toxoplasmose e sífilis). Podem ser realizadas as seguintes ações:
· Reversibilidade: capacidade de recuperar a fertilidade após a interrupção do método.
Na atenção à mulher que deseja engravidar · Inocuidade: fundamental no processo decisório, uma vez que o ato médico não deve
causar dano ao paciente.
· Orientação sobre importância do intervalo interpartal e oferecer anticoncepção quando · Proteção às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e infecção pelo HIV – dupla
desejada. proteção.
· Orientação sobre alimentação e peso ideal, riscos do tabagismo, de bebidas alcoólicas
e medicamentos. Os métodos anticoncepcionais disponíveis podem ser agrupados em: métodos
comportamentais, de barreira, hormonais, dispositivos intrauterinos e definitivos.
· Avaliação de anemia e tratamento;
· Administração preventiva de ácido fólico durante 60 a 90 dias antes da concepção. 1. Métodos Comportamentais
· Investigação para doenças de risco de transmissão vertical, oferecendo tratamentos
disponíveis. São técnicas para obter ou evitar a gravidez mediante a auto-observação de sinais e
· Diagnosticar e tratar a infertilidade quando este for o desejo da mulher ou do casal. sintomas que ocorrem no organismo feminino ao longo do ciclo menstrual. São eles: o
· Diagnosticar e tratar ou controlar doenças crônicas. método de Ogino-Knaus, ou tabelinha; o método da temperatura basal corporal ; o método
do muco cervical; o método sintotérmico; o relação sexual sem penetração; o coito
Na atenção à mulher que deseja prevenir uma gravidez interrompido; e o LAM.

A atenção em anticoncepção pressupõe a oferta de informações, de As principais vantagens destes métodos são a da ausência de efeitos colaterais e o
aconselhamento, de acompanhamento clínico e de um leque de métodos e técnicas favorecimento do conhecimento da anatomia e fisiologia reprodutiva.
anticoncepcionais, cientificamente aceitos, que não coloquem em risco a vida e a saúde
das pessoas, para homens e mulheres, adultos(as) e adolescentes, num contexto de As desvantagens são exigência de autodisciplina e baixa eficácia do uso típico,
escolha livre e informada. indicando dificuldade de compreensão do método e descrença, desconhecimento ou
descaso dos profissionais de saúde na orientação do uso dos mesmos.
Em meio a uma realidade global de índices elevados de doenças transmissíveis por
via sexual, torna-se imprescindível a abordagem da prevenção das DST/Aids, dando-se Estão contraindicados para mulheres com ciclos irregulares, primeiros anos da
ênfase à dupla proteção, que é dada pelo uso combinado do preservativo masculino ou adolescência, climatério, no pós-parto ou pós-aborto imediatos, primeiros ciclos após uso
feminino com algum outro método anticoncepcional, tendo como finalidade promover, ao de anticoncepcional hormonal, amenorreia e alterações psíquicas. Também estão
mesmo tempo, a prevenção da gravidez e a prevenção da infecção pelo HIV/Aids e por contraindicados, exceto o LAM, no período de lactação.
outras DST.
1.1 Método de Ogino-Knaus (Ritmo, Calendário ou Tabelinha)
Para a tomada de decisão sobre o método anticoncepcional a ser usado devem ser
levados em consideração aspectos relativos à paciente, clínicos e psicossociais, bem Este método tem por base a identificação dos períodos férteis e inférteis do ciclo
como as características dos métodos. As características dos métodos a serem observadas menstrual, com a finalidade de evitar ou fazer coincidir a relação com esses períodos, a
são: depender do resultado que se deseja – engravidar ou não.
· Eficácia: taxa de falha real, verificada com o uso típico (como é normalmente utilizado), Para tanto, deve-se considerar a provável época da ovulação, bem como o período
tende a ser maior do que a teórica, associada ao uso perfeito. de fertilidade do óvulo (24-48 horas) e o tempo médio de sobrevida dos espermatozoides
· Aceitabilidade: participação ativa da paciente na escolha do método, essencial à no trato genital feminino (72 horas).
adesão e continuidade do uso.

108 109
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Este método é baseado no fato de que a duração da segunda fase do ciclo Figura 1 – Ciclo Menstrual Figura 2 – Marcação da Tabela
menstrual (pós-ovulatório) é relativamente constante, com a ovulação ocorrendo cerca de
14 dias antes do início da próxima menstruação.

O ciclo menstrual na mulher é fruto da secreção alternada dos hormônios folículo-


estimulante (FSH) e luteinizante (LH), produzidos na hipófise, e do estrogênio e
progesterona, que são hormônios ovários. Esta alternância se dá do modo explicado a
seguir.

O primeiro dia do ciclo menstrual de uma mulher é o dia em que a menstruação


chega. Isto ocorre devido uma queda na taxa dos hormônios ovarianos (estrógeno e
progesterona), o que faz com que o endométrio espesso e vascularizado descame.
Também em função desta queda dos hormônios ovarianos a hipófise aumenta produção
de FSH, o que leva ao amadurecimento dos folículos ovarianos, que por sua vez
aumentam a secreção de estrógeno, cuja principal função é estimular o crescimento do
endométrio e, por retroalimentação, acaba inibindo a secreção do FSH e estimulando a
secreção do LH. A alta concentração de LH estimula ovulação e formação do corpo lúteo
que inicia a produção de progesterona. A progesterona por sua vez, é o hormônio
responsável pela estimulação da proliferação do endométrio e inibição da produção, tanto
do próprio LH quanto do FSH. Caso a fecundação ocorra neste momento, o de alta
concentração de LH e ovulação, por volta do 7º dia após a fecundação ocorrerá a nidação Quando o ciclo é regular, isto é, a variação entre o menor e maior ciclo é < 10,
e produção de HCG pelas células trofoblásticas, o que prolongará a vida do corpo lúteo e passa-se então a determinar a duração do período fértil da seguinte maneira:
produção de progesterona. Se a fecundação não ocorrer, o corpo lúteo irá regredir, a taxa · Subtrai-se 18 do ciclo mais curto, para obter o dia do início do período fértil; e
de progesterona também, fazendo com que ocorra a menstruação no 14º após ovulação. · Subtrai-se 11 do ciclo mais longo, para obter o dia do fim do período fértil.
Esta sequência de eventos pode ser observada na figura 1.
EXEMPLO
Em posse deste conhecimento, você compreenderá melhor a técnica de uso do Início do período fértil = 28 – 18 = 10° dia / Fim do período fértil = 31 – 11 = 20° dia
método e as instruções a serem dadas às usuárias do mesmo.
O período fértil determinado, no caso estudado foi do 10° ao 20° dia do ciclo. Para
Antes de tudo, é necessária a observação de vários ciclos menstruais, durante 6 evitar a gravidez, orienta-se a mulher e/ou casal para abster-se de relações sexuais
(seis) a 12 (doze) meses, registrando-se o primeiro dia de cada menstruação, conforme vaginais durante este período fértil.
figura 2.
1.2 Método da Temperatura Basal Corporal
Em seguida, deve-se verificar a duração de cada ciclo, em número de dias,
anotando o valor do ciclo mais curto e do mais longo (28 e 31 dias). Então, calcula-se a Este método fundamenta-se nas alterações da temperatura basal que ocorrem na
diferença entre eles, que no caso do exemplo acima, foi de 3 dias (31-28=3). mulher ao longo do ciclo menstrual. Logo após o período ovulatório, devido à ação da
progesterona no centro termorregulador do hipotálamo ocorre aumento da temperatura
ATENÇÃO basal, entre 0,3 e 0,8º C. Esta permanece elevada até a próxima menstruação. O terceiro
Se a diferença entre o ciclo mais longo e o mais curto for de 10 dias ou mais, dia após a elevação da temperatura é considerado o fim do período fértil. (Figura 3)
considera-se o ciclo da mulher como irregular e o método passa a ser Também conhecido como método térmico, baseia-se no, que ocorre.
contraindicado.
A técnica de uso consiste em:
· A partir do primeiro dia do ciclo menstrual, verificar diariamente a temperatura basal,
pela manhã, antes de realizar qualquer atividade e após um período de repouso de no
mínimo 5 horas – oral, vaginal ou retal.
110 111
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

· Registrar a temperatura observada a cada dia do ciclo menstrual em papel Figura 5 – Método Sintotérmico
quadriculado comum (0,5 cm = 0,1°C). Ligar os pontos referentes a cada dia, formando
uma linha. Cada ciclo menstrual terá seu gráfico próprio de temperatura basal corporal.
· Verificar a ocorrência de um aumento persistente da temperatura basal por 4 dias no
período esperado após a ovulação.

Figura 3 – Método da Temperatura Basal

1.3 Método do Muco Cervical ou Billings

Descrito pelo casal Billings, baseia-se na análise da secreção vaginal (muco


cervical), normalmente presente e mais abundante no período fértil ou ovulatório. Ou seja,
o método baseia-se na identificação do período fértil por meio da auto-observação das
características do muco cervical e da sensação por ele provocada na vulva. No início do
ciclo, é espesso, grumoso, dificultando a ascensão dos espermatozoides pelo canal
cervical. Sob ação estrogênica a vulva fica úmida e lubrificada – período fértil – momento
em que os espermatozoides têm maior facilidade de penetração no colo uterino. Nessa
fase, o muco é transparente, elástico, escorregadio e fluido, semelhante à clara de ovo.

Figura 4 – Método do Muco

1.5 Relação Sexual sem Penetração e Coito Interrompido

São práticas muito usadas, principalmente pelos adolescentes nas primeiras


relações, embora não sejam recomendados como método anticoncepcional apropriado.
1.4 Método Sintotérmico. Podem ser úteis em situações de emergência, nas quais, não se dispõe de outro método
contraceptivo e não é possível evitar a relação sexual.
Consiste em uma associação dos métodos anteriores, acrescidos de parâmetros
subjetivos (físicos e ou psicológicos) indicativos de possível ovulação, tais como: dor O coito interrompido exige autocontrole por parte do homem para que ele possa
abdominal; sensação de peso nas mamas, mamas inchadas ou doloridas; variações de retirar o pênis da vagina na iminência da ejaculação e o sêmen ser depositado longe dos
humor e/ou da libido; enxaqueca, náuseas, acne, aumento de apetite, ganho de peso, genitais femininos. Apresenta desvantagens significativas, pois tem baixa eficácia
sensação de distensão abdominal, sangramento intermenstrual, entre outros. Trata-se de contraceptiva e pode levar à disfunção sexual do casal (ejaculação precoce e dispaurenia),
uma forma para aumentar a precisão do diagnóstico do período fértil. devendo ser desencorajado.

112 113
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

1.6 LAM – Método da Amenorreia da Lactação Látex: são feitos de uma lâmina fina de borracha de látex. Alguns são lubrificados
com silicone ou lubrificante à base de água; outros são revestidos com espermicidas além
O Método da Amenorreia da Lactação (LAM) evita a gravidez porque, em função do lubrificante e estão disponíveis em uma grande variedade de tamanhos, formas, cores e
dos mecanismos hormonais envolvidos o funcionamento dos ovários fica reduzido, não texturas. Não podem ser utilizados com lubrificantes à base de óleo, devido ao risco de
ocorrendo ovulação. (Figura 6) degradar a borracha

Para isso, é necessário que a mulher esteja nos primeiros seis meses após o parto, Poliuretano (Avanti): são mais finos e permitem maior sensibilidade durante o ato
sem menstruar e praticando aleitamento exclusivo que significa que o único alimento do sexual. Estão indicados para indivíduos portadores de alergia ao látex (evento raro).
bebê seja o leite materno. Discute-se se sua resistência à deterioração seria mais alta do que a dos preservativos de
Figura 6 – LAM látex. O grau de proteção contra DST/HIV/AIDS é semelhante ao de látex. Ainda não estão
disponíveis no Brasil.

Pele de carneiro: evitam gravidez, mas não protege das DST/AIDS.

Seu uso deve ser altamente incentivado, orientando-se a população sobre a técnica
correta de utilização. Isto pode ser feito através de atividades educativas realizadas nas
unidades de saúde, escolas e na comunidade, chamando a atenção para os cuidados na
abertura da embalagem; colocação com pênis ereto, retirando o ar da bolsa na
extremidade, para que possa receber o sêmen ejaculado; proceder à retirada do pênis logo
após a ejaculação e descartar o preservativo após sua utilização, não deixando de dar um
nó no mesmo.

Deve-se ainda estimular o uso dos preservativos associados a outros métodos


anticonceptivos mais eficazes, visando à dupla proteção, contra gravidez. A técnica de uso
se encontra passo a passo nas figura 7.

Está contraindicado apenas no caso de anomalia peniana.


2. Métodos de Barreira
Figura 7 – Como usar a Camisinha
São métodos que colocam obstáculos mecânicos ou químicos à penetração dos
espermatozoides no canal cervical. Os métodos de barreira disponíveis em nosso meio
são: preservativos masculino e femininos, diafragma, esponja e espermicidas.

As principais vantagens são que quase todas as pessoas podem usar, além de
proteger contra doenças sexualmente transmissíveis, inclusive AIDS, prevenir doenças do
colo uterino, além de ser de baixo custo e acesso relativamente fácil (camisinha feminina
ou masculina). Podem ser adquirido em farmácias, supermercados e outros
estabelecimentos comerciais, sem prescrição médica. Podem também ser obtidos
gratuitamente nas unidades de saúde.

Os principais efeitos colaterais são alergias e irritação na vagina.

2.1 Preservativo Masculino

Os preservativos mais populares são os de látex, mas existem exemplares de


poliuretano e de pele de carneiro.
114 115
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

2.2 Preservativo Feminino borda (plana, enrolada e em arco). Para se saber o tamanho adequado a cada mulher,
deve ser realizada uma medição por profissional de saúde capacitado.
Consiste em uma bolsa cilíndrica de poliuretano fino, transparente e macio. Possui
anéis leves e flexíveis em cada extremidade. Um deles, fechado, deve ser inserido dentro Figura 9 - Diafragma
da vagina e o outro, aberto, deve permanecer do lado de fora após a inserção, protegendo
os lábios da vagina e a base do pênis durante o ato sexual. O produto é pré-lubrificado
com silicone e só deve ser utilizado uma vez. Não deve ser usado com preservativo
masculino, devido à possibilidade de aderência entre os dois dispositivos e consequente
deslizamento ou ruptura. Também confere proteção contra DST/HIV/AIDS. É bem mais
caro do que o preservativo masculino. A técnica de uso se encontra passo a passo nas
figura 8.
Este método forma uma barreira, impedindo que os espermatozóides entrem no
Figura 8 – Como usar a Camisinha Feminina
útero epara maior eficácia deve ser utilizado em conjunto com um espermicida. (Figura 10)

Figura 10 – Espermicida associado ao Diafragma

O diafragma deve ser colocado na posição que a mulher achar mais confortável:
deitada, de cócoras ou em pé, com uma das pernas levantada ou sentada na beirada de
uma cadeira. (Figura 11 e 12)

Figura 11 – Posição para se Colocar o Diafragma

2.3 Diafragma

O diafragma consiste em um dispositivo circular, macio, de borracha (látex) ou


silicone, côncavo com borda flexível, que cobre o colo uterino (Figura 9). Tem várias
numerações (tamanhos que correspondem ao diâmetro da borda) e três tipos diferentes de

116 117
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Figura 12 – Como usar o Diafragma Não é aconselhável fazer lavagens vaginais, banhos de assento ou de banheira,
antes da retirada do diafragma. A água pode dissolver o espermicida, tornando-o sem
efeito. Após a remoção o diafragma deve ser lavado em água morna e sabão neutro,
secado e guardado em seu estojo, podendo ser pulverizado com pó de amido, mas não
com talcos perfumados.

Depois de aborto, gravidez ou mudança de peso de mais de dez quilos, é


necessário medir novamente o fundo da vagina. O diafragma deve ser trocado no prazo
recomendado pelo fabricante.

Está contraindicado para virgens, anomalias vaginais, cistocele e retrocele


acentuadas, anteversão e retroversão uterina pronunciada, prolapso uterino, fístulas
vaginais, tônus muscular vaginal deficiente, cervicites e outras patologias do colo,
leucorréias e alterações psíquicas da mulher.

2.4 Espermicidas Químicos

São substâncias químicas que recobrem a vagina e o colo do útero, impedindo a


penetração dos espermatozoides no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizando ou
destruindo-os. Os mais conhecidos são os que contêm nonoxynol-9, que destrói a
membrana celular do espermatozoide. São comercializados segundo várias formas de
apresentação: geleias, espumas, cremes, tabletes e supositórios. O espermicida é efetivo
por um período de 1 a 2 horas após a colocação. Portanto, a mulher deve ser orientada
para que a relação sexual ocorra neste período de tempo, não sendo assim, uma nova
dose deve ser aplicada antes do coito, bem como reaplicada a cada relação sexual.
Podem ser utilizados isoladamente, com o diafragma ou preservativos.

Figura 14 – Uso do Espermicida

É colocado 1 a 2 horas antes da relação e retirado no 8 horas depois da relação


sexual. Se houver mais de uma relação consecutiva, recomenda-se aplicação vaginal de
dose adicional de espermicida com a ajuda de um aplicador, sem mexer no diafragma, que
não deve permanecer na vagina por mais de 24 horas (Figura 13).

Figura 13 – Aplicação Adicional de Espermicida

Estão associados a maior incidência de vaginose bacteriana e são contraindicados


para pessoas com risco aumentado para DST/HIV/AIDS.

2.5 Esponjas

São feitas de poliuretano, de formata côncavo para adaptação ao colo uterino com
alça para remoção. Descartáveis e já associadas a espermicidas, também bloqueiam a
entrada dos espermatozoides no canal cervical, pois absorvem sêmen e liberam
espermicida. Deve ser colocada imediatamente antes do ato sexual, devendo ser
118 119
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

umedecida antes da inserção para ativar o espermicida. São de custo elevado e raramente Há três formas de associação estrogênio-progesterona. As mais comumente
disponíveis. utilizadas são as chamadas pílulas monofásicas, encontradas em embalagens de 21 ou 22
comprimidos de mesma composição e dosagem. Em algumas apresentações, as
3. Métodos Hormonais embalagens contêm, além das pílulas ativas, seis ou sete unidades de placebo para
completar 28 comprimidos, no intuito de facilitar a utilização, evitando assim que a mulher
Agem impedindo a ovulação ou que atuam dificultando a passagem dos
esqueça o dia de reinício das pílulas.
espermatozoides para o interior do útero. São considerados os mais eficazes e estão
disponíveis sob diversas formas de apresentação, combinações e esquemas posológicos. As bifásicas e trifásicas contêm, respectivamente, dois e três tipos de comprimidos
São eles os anticoncepcionais orais, injetáveis, de anel, de implante, de adesivo ou o ativos, de diferentes cores, com os mesmos hormônios em proporções diferentes, no
mirena, um DIU com hormônio em sua aste. intuito de mimetizar a esteroidogênese ovariana e assim reduzir o índice de efeitos
colaterais.
As vantagens destes métodos, além de sua alta eficácia, são a redução da doença
inflamatória pélvica (DIP); redução da frequência de cistos funcionais de ovário; redução No primeiro mês de uso, ingerir o 1° comprimido no 1° dia do ciclo menstrual ou, no
da incidência do adenocarcinoma de ovário e endométrio; redução da doença benigna da máximo, até o 5° dia.
mama; redução da dismenorreia e dos ciclos hipermenorrágicos.
3.1.2 Minipílula
Os efeitos colaterais leves são as alterações de humor, emocionais ou libido;
náuseas, vômitos e mal-estar gástrico; cefaleia; tonteira; mastalgia; sangramento Contêm apenas progestágeno em sua composição (noretisterona, norgestrel).
intermenstrual; cloasma; perda ou aumento de peso; acne; retenção hídrica; mastalgia. Os Esses anticoncepcionais são habitualmente prescritos para o período da amamentação ou
efeitos colaterais graves são acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio e trombose para mulheres que tenham outras contraindicações para o uso dos estrogênios. Os
venosa profunda. Essas complicações são mais frequentes em fumantes. comprimidos são tomados de forma ininterrupta. A pílula de desogestrel inibe a ovulação,
além do aumento de viscosidade do muco cervical, o que lhe confere boa eficácia e
São contraindicações as seguintes situações: gravidez; mulheres lactantes com segurança.
menos de 6 semanas após o parto; idade maior ou igual a 35 anos; fumantes; hipertensão
arterial moderada ou grave; doença tromboembólica ou predisposição à trombose; cirurgia Durante a amamentação, seu uso deve ser iniciado seis semanas após o parto e
de grande porte com imobilização prolongada; cardiopatia isquêmica; antecedente de tomada sempre no mesmo horário. Deve ser usado com restrições antes dos 16 anos de
acidente vascular cerebral (AVC); doença cardíaca valvular complicada (hipertensão idade, pois existe a preocupação com o efeito hipoestrogênico do uso do método.
pulmonar, fibrilação atrial, história de endocardite bacteriana); cefaleia grave, recorrente,
incluindo enxaqueca; câncer de mama; cirrose hepática descompensada ou hepatite viral 3.2 Anticoncepcional Injetável
em atividade; bem como tumores de fígado malignos ou benignos.
3.2.1 Progestogênio isolado

3.1 Anticoncepcional Oral Consiste na injeção intramuscular profunda em suspensão aquosa contendo 150mg
de acetato de medroxiprogesterona, em frasco ampola de 1 ml, a cada 90 dias. Inibe a
São as famosas “pílulas” que vêm sendo utilizados por mulheres de todo o mundo ovulação, por meio da supressão do pico de LH. Promove também espessamento do muco
desde o seu lançamento, no início dos anos 60. Possuem diferentes apresentações. cervical, tornando-o hostil aos espermatozoides e hipotrofia endometrial, pela redução da
vascularização. A dose deve ser aplicada de preferência antes do quinto dia do ciclo
3.1.1 Pílulas Combinadas menstrual. As doses subsequentes são repetidas a cada 90 dias. Não se recomenda o uso
antes dos 16 anos de idade pelo possível risco de diminuir a calcificação óssea.
Seus componentes básicos são o estrógeno (etinilestradiol) e a progesterona
(levonorgestrel, noretindrona, acetato de ciproterona, desogestrel e gestodeno). O 3.2.2 Combinado
mecanismo de ação principal é a inibição da ovulação por bloqueio da liberação de
gonadotrofinas pela hipófise. Além disso, modificam o muco cervical, espessando-o, As diferentes formulações contêm um éster de um estrogênio natural (valerato de
tornando-o hostil à migração dos espermatozoides, alteram o endométrio, modificam a estradiol, cipionato de estradiol ou enantato de estradiol) e um progestogênio sintético
contratilidade das tubas e também a resposta ovariana às gonadotrofinas. (acetato de medroxiprogesterona, enantato de noretisterona, acetofenido de
dihidroxiprogesterona). São aplicados por via intramuscular, de preferência antes do quinto
120 121
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

dia do ciclo menstrual (a primeira aplicação). As aplicações subsequentes devem ser feitas A colocação e a retirada são feitas mediante procedimento cirúrgico, sendo a
a cada 30 dias e apresentam a mesma ação dos injetáveis trimestrais. cápsula introduzida embaixo da pele através de um aplicador descartável. É necessária
anestesia local e corte de 0,2 cm. São palpáveis após colocação.
RETORNO DA FERTILIDADE
ISOLADOS: Em média o retorno à fertilidade pode levar 4 meses após o término do 3.5 Adesivo
efeito (7 meses após a última injeção).
COMBINADOS: Não há demora na recuperação da fertilidade. Geralmente o retorno é Constituído de estrógeno e progestogênio que evitam a ovulação e dificultam a
imediato. penetração dos espermatozoides no óvulo, é um método de contracepção constituído de
um pequeno adesivo que é utilizado sobre o corpo o tempo todo (dia e noite). Um novo
3.3 Anel Vaginal adesivo é colocado toda semana, durante 3 semanas, seguido de uma semana onde não
se usa nenhum adesivo. (Figura 17)
Consiste em um anel plástico flexível e transparente, com diâmetro externo de 54
mm e espessura de 4 mm, que libera estrógeno e progesterona direto na parede vaginal - 3.6 Anticoncepção de Emergência – Pílula do dia seguinte
impedem a ovulação. Cada anel é destinado a um ciclo de uso (que compreende três
semanas de utilização), seguidas de uma semana sem o anel. É inserido pela própria A contracepção de emergência é um uso alternativo da anticoncepção hormonal oral
mulher, como se fosse um absorvente interno no 5º dia da menstruação e retirado após para evitar uma gravidez depois da relação sexual, a ser tomada antes de completar 72
três semanas. (Figura 15) horas após a relação sexual desprotegida, pois ela não tem nenhum efeito após a
implantação ter se completado. Não interrompe uma gravidez em andamento. Sua eficácia
Figura 15 – Anel Vaginal está relacionada com o tempo de início do método, sendo de 95% quando iniciada nas
primeiras 24 horas, de 85% entre 25 e 48 horas e de 58% entre 49 e 72 horas. (Figura 17)

Estes comprimidos são constituídos por doses altas de hormônios


(estrogênio\progesterona) que impedem a ovulação, a mobilidade dos espermatozóides no
útero, a fecundação e, consequentemente, a gravidez. São exclusivamente recomendados
para problemas com o método de uso regular (falha do preservativo, expulsão do DIU,
deslocamento do diafragma) e eventual relação sem proteção.
3.4 Implante
É garantida a sua gratuidade, nos centros de saúde, nos horários normais de
Os implantes contraceptivos constituem-se de silicone polimerizado (Norplant) ou funcionamento, nas consultas de planejamento familiar, ginecologia e obstetrícia dos
atilenovinilacetato (Implanon), contendo apenas progesterona em seu interior, que é hospitais. Entretanto, sua dispensação deve ser feita mediante orientação de um
liberada continuamente em baixas dosagens para a corrente sanguínea, proporcionando o profissional de saúde que promove o aconselhamento inicial e o encaminhamento para
efeito contraceptivo (Figura 16). O mecanismo de ação anticonceptiva é duplo, inibindo a consultas de planejamento familiar.
ovulação e provocando alterações na viscosidade do muco cervical. São métodos
A solicitação de contraceptivos de emergência constitui motivo de atendimento em
contraceptivos de longa duração (três anos), reversíveis e de elevada eficácia.
tempo útil e prioritário nos serviços de saúde. E, seu uso está regulamentado pela Lei n.º
Indicado para pacientes que desejam espaçamento maior entre as gestações, 12/2001, de 29 de Maio de 2001. Entretanto, cabe ao profissional de saúde enfatizar os
buscam método altamente eficiente, esquecem-se de usar o anticoncepcional oral, com riscos do seu uso rotineiro, dentre eles o de ocorrência de gravidez ectópica.
história de anemia e de sangramento abundante, não desejam mais gestar, mas não estão
Figura 16 – Adesivo Hormonal e
dispostas a realizar um método definitivo.
Pílula do dia Seguinte
Figura 16 – Implante Hormonal Subcutâneo

122 123
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

4. Dispositivo Intrauterino – DIU da ligadura dos canais deferentes (vasectomia). Na mulher evita a fecundação mediante
impedimento de encontro dos gametas, devido à obstrução das trompas. No homem
É um pequeno objeto de plástico, que pode ser recoberto de cobre ou conter impede a presença dos espermatozoides no ejaculado, por meio da obstrução dos canais
hormônio (DIU com levonorgestrel – Mirena) colocado no interior do útero para evitar a deferentes.
gravidez, de preferência, em mulheres que já tiveram pelo menos um filho e durante
período menstrual quando o orifício do colo está mais aberto. 5.1 Laqueadura Tubária

O mecanismo de ação envolve diversas alterações espermáticas, ovulares, A laqueadura tubária pode ser feita pelas seguintes vias: minilaparotomia,
cervicais, endometriais e tubárias, levando à inibição da fertilização. laparoscopia, colpotomia. Todas exigem um ambiente de centro cirúrgico.

Figura 17 – Posicionamento do DIU no útero e suas diversas apresentações A miniparotomia, quando feita fora do período gravídico puerperal, deve ser
suprapúbica transversa, uma incisão de cerca de 3 cm de extensão. No período pós-parto
imediato, a via é uma incisão pequena infra-umbilical.

A laparoscopia, transumbilical, deve ser feita fora do período gravídico puerperal.

A colpotomia pode ser anterior (entrada pelo espaço vesico-uterino) ou posterior


DIU com levonorgestrel
(Mirena) (entrada pelo fundo de saco de Douglas), geralmente utilizada quando a mulher se
submete a procedimento cirúrgico por via vaginal.
As principais vantagens são a eficácia do método e comodidade para a paciente.
Em todas as situações fora do período gravídico puerperal, deve ser feita no período
Seus efeitos colaterais são: alterações no ciclo menstrual; sangramento menstrual pós-menstrual e pré-ovulatório, para evitar o procedimento numa gestação inicial. Pode ser
prolongado e volumoso; sangramento e manchas (spoting) no intervalo entre feita em qualquer período se a mulher estiver usando método contraceptivo eficaz ou em
menstruações; cólicas de maior intensidade ou dor até cinco dias após a inserção ou abstinência sexual. Na figura 18 você pode observar diferentes técnicas de laqueadura
durante a menstruação; doença pélvica inflamatória; gravidez ectópica e gravidez com DIU
5.2 Vasectomia
in situ.
A vasectomia sem bisturi consiste num procedimento ambulatorial pouco invasivo
Com relação ao DIU com levonorgestrel os efeitos colaterais são: sangramento
realizado com anestesia local, de imediata recuperação e liberação do paciente. A técnica
irregular ou spoting nos primeiros cinco meses; cefaleia, náuseas, depressão; acne,
recomendada é de identificação e preensão com os dedos do canal deferente direito,
mastalgia, ganho de peso e amenorreia.
anestesia local, preensão do deferente com a pinça em anel, punção com pinça afilada,
O DIU deve ser removido, por indicação médica, nos casos de: doença exteriorização do deferente, ligadura, eletrocoagulação com um eletrodo de agulha
Inflamatória Pélvica; gravidez, neste caso a mulher deve ser informada sobre os riscos de pontiaguda. Repete-se o procedimento para o lado esquerdo. Curativo sem sutura.
manter o DIU durante a gestação, para que possa decidir sobre a conduta a ser adotada;
Figura 18 – Técnicas para realização de Laqueadura e Vasectomia
sangramento vaginal anormal e volumoso; perfuração do útero; e expulsão parcial.
Também deve ser removido quando solicitado pela mulher, seja qual for a razão do pedido.

Estão contraindicados nos casos de nuliparidade; suspeita de gravidez; infecção


pélvica; anomalias do útero; neoplasias ginecológicas; hipermenorréia; cardiopatias
valvares; vaginites, cervicites e endometrites; distúrbios da coagulação; alto risco de DST;
anemias e dismenorreia.

5. Métodos Definitivos

A esterilização é um método contraceptivo cirúrgico, definitivo, que pode ser


realizado na mulher por meio da ligadura das trompas (laqueadura) e no homem, através
124 125
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

REFERÊNCIAS A Prevenção do Câncer Ginecológico


Edilaine Assunção Caetano, Grazielle Miranda, Miriam Monteiro de Castro Graciano
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Anticoncepção de emergência: perguntas e respostas para profissionais de saúde / O câncer ginecológico possui elevada incidência e mortalidade no Brasil, cerca de
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. – 2 ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2011.
30% do câncer entre mulheres de 30 a 49 anos é de colo uterino, 18% de mama, 7% de
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas outras partes do útero ou aparelho reprodutor feminino, o que justificam estratégias de
Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais / Ministério da controle destas doenças, incluindo ações de promoção à saúde, prevenção, detecção
Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: precoce, tratamento e cuidados paliativos. No Brasil, no ano de 2006, o controle dos
Ministério da Saúde, 2009. cânceres ginecológicos passou a ser uma das prioridades estabelecidas no Pacto pela
3. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher.
Assistência em Planejamento Familiar: Manual Técnico/Secretaria de Políticas de Saúde, Área Técnica
Saúde, firmado entre as três esferas do poder. Os objetivos estabelecidos foram a redução
de Saúde da Mulher – 4a edição – Brasília: Ministério da Saúde, 2002. de ocorrência, da mortalidade e das repercussões físicas, psíquicas e sociais por eles
4. BRASIL. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. causadas.
Saúde sexual e saúde reprodutiva. Cadernos da Atenção Básica, n 26. Brasília: Ministério da Saúde,
2010. 300 p. Para tanto, tornou-se necessário garantir o acesso quantitativo e qualitativo aos
5. Pallone SR, Bergus GR. Fertility awareness-based methods: another option for family planning. J Am serviços de saúde do nível primário ao terciário de atenção, ofertando serviços para
Board Fam Med. 2009; 22(2):147-57.
detecção em estágios iniciais da doença e para o tratamento e reabilitação das mulheres.

As diretrizes do Plano Nacional de Ação para o controle do câncer ginecológico é o


aumento da cobertura da população-alvo; garantia da qualidade da assistência; cursos de
capacitação para os profissionais da saúde; incentivo à pesquisa e mobilização social.

O Câncer Cérvico Uterino

É fato bem conhecido que a mortalidade por câncer do colo do útero é evitável, uma
vez que as ações para seu controle contam com tecnologias para o diagnóstico e
tratamento de lesões precursoras, permitindo a cura em 100% dos casos diagnosticados
na fase inicial.

O câncer do colo é o segundo mais comum entre mulheres no mundo. Anualmente


são registrados cerca de 471 mil casos novos. Quase 80% deles ocorrem em países em
desenvolvimento. Sem considerar os tumores de pele não melanoma e o câncer de mama,
o câncer ginecológico é o segundo mais incidente nas mulheres brasileiras (BRASIL,
2012).

O colo do útero é revestido, de forma ordenada, por várias camadas de células


epiteliais pavimentosas, que ao sofrerem transformações intra-epiteliais progressivas,
podem evoluir para uma lesão cancerosa invasiva em um período de 10 a 20 anos.

Na maioria dos casos, a evolução do câncer do colo do útero é lenta, passando por
fases pré-clínicas detectáveis e curáveis. Acomete, geralmente, os grupos com maior
vulnerabilidade social, onde se concentram as maiores barreiras de acesso à rede de
serviços para detecção e tratamento precoce da doença, advindas de dificuldades
econômicas e geográficas, insuficiência de serviços e questões culturais, como medo e
preconceito dos companheiros.

126 127
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

A faixa etária prioritária para a detecção precoce do câncer do colo do útero até O exame citológico, utilizado como meio diagnóstico indispensável e empregado
2011 era dos 25 aos 59 anos de idade. Mas, em portaria do Ministério da Saúde publicada para triagem e prevenção deste tipo de câncer, possui inúmeras vantagens para a sua
em julho de 2011, determinou-se, em função do envelhecimento populacional, que a realização, tais como: baixo custo, fácil realização técnica e detecção rápida de lesões
população alvo, a ser rastreada para detecção precoce do câncer de colo, fosse aquela precoces possibilitando a cura. Ele tem por objetivo realizar o estudo das células
constituída por mulheres de 25 a 64 anos, além de todas as mulheres com vida sexual descamativas esfoliadas no conteúdo cérvico-vaginal e visa a identificar as alterações
ativa, uma fez que o principal fator de risco para o câncer cérvico-uterino é infecção prévia celulares que precedem o processo neoplásico.
pelo HPV (Vírus do Papiloma Humano). Os fatores de risco para o desenvolvimento de
câncer de colo são: Não podemos esquecer que é preciso obter os dados de identificação (endereço,
telefone da mulher) em sua primeira visita ao serviço, pois é sabido que muitas realizam o
• A persistência da infecção pelo HPV (principal fator de risco); exame e não retornam para o resultado e, certamente, tendo todos os dados de
• Idade precoce na primeira relação sexual; localização facilitará o segmento dos casos detectados. Portanto, somente a realização
• Multiplicidade de parceiros; do exame citológico não garante a prevenção.
• História de IST (da mulher e de seu parceiro);
• Multiparidade; É preciso, na época da realização do exame, explicar o motivo da demora do
• Tabagismo; resultado para a paciente – em média são agendados 60 dias para a busca do resultado –
• Uso de anticoncepcionais de alta dosagem; já que as lâminas são lidas fora da unidade de saúde.
• Alimentação pobre em alguns micronutrientes, principalmente vitamina C, beta caroteno
A presença de infecções ou sinais inflamatórios comprometem a interpretação do
e folato.
exame, portanto, ao realizar o exame, se clinicamente for detectado alguma anormalidade
A coleta de material deverá, portanto, ser feita a partir dos 25 anos de idade. Os no sistema genital, por exemplo, leucorréias, utiliza-se a abordagem sindrômica para o
exames preventivos devem seguir até os 64 anos e serem interrompidos quando, após diagnóstico e tratamento da mulher que é orientada a retornar para coleta do preventivo
essa idade, as mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos em outra data. Para melhor entendimento, a figura 1 apresenta uma sinopse das
últimos cinco anos. No caso das mulheres com mais de 64 anos e que nunca realizaram o nomenclaturas utilizadas.
exame, devem ser feitos dois preventivos com intervalo de um a três anos. Se os dois
Figura 1: Nomenclaturas utilizadas em laudos citopatológicos
resultados forem negativos, essas mulheres poderão ser dispensadas de exames
adicionais.

A prevenção primária do câncer do colo do útero pode ser realizada através do uso
de preservativos durante a relação sexual. A detecção precoce do câncer do colo do útero
em mulheres assintomáticas (rastreamento), por meio do exame citopatológico
(Papanicolau), permite a detecção das lesões precursoras e da doença em estágios
iniciais, antes mesmo do aparecimento dos sintomas. Tabe
bela 1 – Quadro Sinóp
be
Tabela ópt
óp
Sinópt

Embora o exame citopatológico (Papanicolau) tenha sido introduzido no Brasil


desde a década de 50, a doença ainda é um problema de saúde pública.

Faz-se necessário uma série de ações para o sucesso na consulta ginecológica,


como: agendamento com atendimento humanizado, preenchimento correto de um
formulário específico para o encaminhamento das lâminas a serem enviadas ao laboratório
de análises, uso da técnica correta de coleta do exame para evitar amostra insatisfatória e NIC – Neoplasia Intraepitelial Cervical – exames histológicos (biópsia)
falha nos resultados, proporcionando um ambiente tranquilo e mantendo a privacidade SIL – Lesões Escamosas Intraepiteliais – exames citológicos (Papanicolaou)
durante a realização do exame. É preciso, também, demonstrar sentimento de segurança,
confiabilidade, e respeito durante a consulta e exames. Principalmente, devemos ouvir as NIC (Neoplasia Intraepitelial Cervical) não é câncer e sim uma lesão precursora, que
queixas e orientá-las de forma clara e precisa. dependendo de sua gravidade, poderá ou não evoluir para câncer. Portanto, atualmente,
se usa o termo SIL (Lesões Escamosas Intraepiteliais). Ainda assim, a nomenclatura NIC
128 129
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

ainda é utilizada em alguns laudos. Portanto, é importante saber que NIC I é a alteração O quadro a seguir (Fig. 4) mostra as condutas de acordo com cada resultado,
celular que acomete as camadas mais basais do epitélio estratificado do colo do útero segundo recomendação do Ministério da Saúde, que consta no Caderno da Atenção
(displasia leve). Cerca de 80% das mulheres com esse tipo de lesão apresentarão Básica n° 13, controle dos cânceres de colo uterino e da mama, de 2013:
regressão espontânea. NIC II é a existência de desarranjo celular em até três quartos da
espessura do epitélio, preservando as camadas mais superficiais (displasia moderada). Figura 4: Condutas de acordo com os resultados citopatológicos
NIC III é a observação do desarranjo em todas as camadas do epitélio (displasia
acentuada e carcinoma in situ), sem invasão do tecido conjuntivo subjacente. (Figura 1)

Figura 2 – Estagiamento, Incidência e Evolução do Câncer Cérvico-Uterino

O Câncer de Mama

O câncer de mama também é um problema de saúde a ser enfrentado pelos


A rotina de rastreamento do Câncer de Colo nas unidades de APS significa realizar a
serviços de atenção primária. Entretanto, como a faixa etária de maior risco é aquela acima
coleta de exame citológico uma vez por ano e, após dois exames a cada três anos. É
de 49 anos (50 a 69 anos), não será objeto da atuação prática deste módulo, mas de
importante salientar que a Equipe de Saúde da Família deve acompanhar as mulheres
qualquer modo, teceremos aqui alguns comentários de suma importância que poderá lhe
encaminhadas para serviços especializados e fornecer assistência humanizada às
auxiliar, acadêmico de medicina, a orientar as mulheres sobre o tema, caso indagado.
acometidas, proporcionando qualidade de vida a estas mulheres. As atribuições de cada
nível de atenção, para o controle do câncer de colo, encontram-se na figura 3. A mamografia de rastreio é recomendada a partir dos 50 anos até 69 anos,
realizada de dois em dois anos. O MS recomendava o Exame Clínico das Mamas (ECM)
Figura 3 – Atribuições de Cada Nível de Atenção
por profissional treinado, médico ou enfermeiro, a partir dos 40 anos de idade em todas as
mulheres para o rastreamento do câncer de mama, Porém, em 2015, foram lançadas
novas diretrizes em que foi publicada a ausência de recomendação para o ECM, uma vez
que o balanço entre os possíveis danos e benefícios é incerto, de acondo com evidências
científicas. Deve ficar claro que esta recomendação é para fins de detecção precoce do
câncer de mama e redução da mortalidade. A execução do ECM continua a fazer parte da
rotina de exame físico, devendo fazer parte da avaliação integral da saúde da mulher.

Assim, como devem realizar exames clínicos e mamográficos periódicos, (a cada


dois anos) todas as mulheres a partir de 35 anos com fatores de risco. Os fatores de risco
para câncer de mama são:

130 131
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

· História familiar positiva, principalmente se um ou mais parentes de primeiro grau (mãe Figura 6 – Laudos Mamográficos (BI RADS) e
ou irmã) foram acometidas antes dos 50 anos de idade; Recomendações na Abordagem do Câncer de Mama
· Idade acima de 50 anos;
· Menarca precoce;
· Menopausa tardia (após os 50 anos);
· Primeira gravidez após os 30 anos;
· Nuliparidade; e
· Uso de anticoncepcional hormonal.

Durante muito tempo, ocorreu uma polêmica sobre a necessidade ou não de


autoexame de mama (AEM). Afinal, chegou-se ao entendimento de que ele, embora não
seja contraindicado, não traz nenhum benefício real para a redução da mortalidade por
câncer de mama.

Recentemente foi lançada uma campanha de prevenção do câncer de mama


enfocando a auto-observação de sintomas, o que nos parece mais apropriado. (Figura 5)

Figura 5 – Campanha contra o Câncer de Mama

REFERÊNCIAS

1. BRASIL. INCA – Instituto Nacional de Câncer. Ministério da Saúde. Falando sobre câncer do colo do
útero. Rio de Janeiro: INCA, 2002.
2. BRASIL. INCA – Instituto Nacional de Câncer. Ministério da Saúde. Prevenção do Câncer do Colo do
Útero - Manual Técnico - Profissionais de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Controle dos Cânceres de Colo do Útero e da Mama – Cadernos de
Atenção Básica – nº 13. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

Ainda, a título de ilustração, e para seu melhor entendimento e possibilidade de


orientação adequada quando indagado, observe na Figura 6 uma sinopse das condutas de
controle do câncer de mama, segundo laudo mamográfico

132 133
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período
APÊNDICE 2a
APÊNDICE 1 ROTEIRO PARA AVALIAÇÃO E CONDUTA DO RECÉM-NASCIDO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
CONCEITO ITEMIZADO PARA AVALIAÇÃO PRÁTICA EM UNIDADES DA SAÚDE DA FAMÍLIA
TESTE DA LINGUINHA ( )SIM ( )NÃO ( )ALTERAÇÃO
Nome: ________________________________________________________________ NOME:_____________________________________________________
TESTE DO REFLEXO VERMELHO ( )SIM ( )NÃO
USF: _________________________________________________________________ __________________________________________________________
( )ALTERAÇÃO OE/OD
NOME DA MÃE DO RN:______________________________________
HISTÓRICO DE VACINAÇÃO PARA IDADE:__________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
Data DATA ATENDIMENTO: __/___/___ DATA NASC.: ___/___/___
___________________________________________________________
1. Pontualidade SEXO: ( ) FEM. ( )MASC.
HISTORICO ALIMENTAR:
2. Higiene, aparência pessoal, vestuário. INFORMAÇÕES NA CADERNETA DA CRIANÇA:
( )ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO
3. Material apropriado. PARTO: ( ) VAGINAL ( )CESÁRIA ( )FÓRCEPS
( )ALEITAMENTO MATERNO PREDOMINANTE
4. Relacionamento com a equipe e pacientes. IG:_______ POR: ( ) EXAME FÍSICO DO RN POR: ( )US-
( )LEITE DE VACA
5. Interesse na realização das atividades OBSTÉTRICO POR: ( )DUM
( )FÓRMULAS/ESPECIFICAR________________________________
determinadas. APGAR: 1`______5`_____10`___
HISTORICO FAMILIAR:_____________________________________
6. Iniciativa, criatividade e disponibilidade para FEZ USO DE OXIGÊNIO: ( )SIM/TEMPO____ ( ) NÃO
solução de problemas e melhoria do serviço. ____________________________________________________________
7. Habilidade em execução das técnicas FICOU NA INCUBADORA: ( )SIM/TEMPO:____ ( )NÃO
____________________________________________________________
MANOBRA DE ORTOLAINE ( )POSITIVO/MEMBRO________
Pontuação Média PADRÃO DE SONO: HORAS DE SONO/DIA?____________________
( )NEGATIVO

Observações e intercorrências: ________________________________________________________________ TRIAGEM NEONATAL:


AVALIAÇÃO FÍSICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE:
TESTE DO PEZINHO ( )SIM ( )NÃO
FC____ FR____ Tax____0C PESO__________
_________________________________________________________________________________________ ( ) ALTERAÇÃO/DOENÇA_________________________
ESTATURA/COMPRIMENTO__________ PC__________
TESTE DA ORELHINHA ( ) SIM ( )NÃO ( )REFAZER
PT_________
TESTE DO CORAÇÃOZINHO ( )SIM ( )NÃO
CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL______________
( )ALTERAÇÃO SO2_____________
CONCEITOS: A=Ótimo (1,0pt); B=Bom (0,75pt); C=Regular (0,5pt); D=Ruim (0,25pt); E= Péssimo (0,0pt); F=Falta (0,0pt).
134 135
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

APÊNDICE 2b
Roteiro de Consulta de Puericultura para Crianças de 03 a 05 anos
Ciderléia Castro de Lima
1. Identificação
Nome__________________________________________________________________________________
Data do Nascimento:___/___/____ddata do atendimento:____/____/____
Idade___/Sexo__/Naturalidade____________Informante________________
2. História Familiar
Pai______________________________/Idade_____/Profissão_____________________________________
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Alfabetizado?__________Grau de escolaridade
Mãe_______________________________/Idade______/Profissão__________________________________
CRÂNIO/FONTANELAS: BREGMÁTICA_____LAMBDOIDE___________ REFLEXOS PRIMITIVOS (Preencher Instrumento para Avaliação
(N)NORMOTENSA (A)ABAULADA (D)DEPRIMIDA
Neurológica de menores de 1 ano na APS e anexar) Alfabetizada?__________Grau de escolaridade__________________
FACE: ( )SINDRÔMICA ( )FENDA LABIAL
ELIMINAÇÕES FISIOLÓGICAS: Nº de Irmãos vivos______/Mortos_____/Causa da morte__________________________________________
( )NADA OBSERVADO
VOMITOS/FREQUENCIA/ASPECTO____________________________ Doenças na família: _______________________________________________________________________
ORELHAS:
__________________________________________________________
( )BAIXA IMPLANTAÇÃO AURICULAR ( )OTORREIA _______________________________________________________________________________________
DIURESE/ ESPECIFICAR FREQUENCIA, QUANTIDADE,
( )NADA OBSERVADO 3. História Perinatal
ASPECTO___________________________________________________
OROFARINGE: ( )FENDA PALATINA ( )MACROGLOSSIA
__________________________________________________________ A criança foi desejada?_________Fez acompanhamento no pré-natal?
( )NADA OBSERVADO
EVACUAÇÃO / ESPECIFICAR FREQUENCIA, QUANTIDADE,
PESCOÇO: ( )HIPERTONIA CERVICAL Nº de consultas?______________Sofreu algum trauma? _________________________________________
ASPECTO: _________________________________________________
( ) HIPOTONIA CERVICAL
_________________________________________________________
Doenças na gestação?_________Quais? ______________________________________________________
TORAX: ( )HIPERTROFIA DAS GLÂNDULAS MAMÁRIAS
CONDUTA:_________________________________________________ _______________________________________________________________________________________
( )NADA OBSERVADO
____________________________________________________________ Medicamentos que fez uso na gestação? ______________________________________________________
ABDOME/COTO UMBILICAL:_________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________ Local do nascimento__________________Tipo do parto__________
____________________________________________________________
__________________________________________________________
____________________________________________________________ Idade Gestacional____________________Peso ao nascer__________
MEMBROS SUPERIORES/INFERIORES:________________________
___________________________________________________________ Condições ao nascimento (chorou?)______Fez uso de oxigênio?____
____________________________________________________________
ACADÊMICO DE MEDICINA UNIFENAS:________________
____________________________________________________________
Apresentou icterícia? ________Uso de fototerapia? ______ Quanto tempo?___________________________
PELE:_____________________________________________________ 4. Condições habituais da criança
__________________________________________________________ Vezes que evacua no dia?________________Como são as fezes?_____________________
ICTERÍCIA: ( ) ZONA I ( ) ZONA II ( ) ZONA III ( ) ZONA IV ( )
Vezes que apresenta diurese no dia?________Aspecto?___________Enurese?_________________
ZONA V ( ) AUSENTE
GENITÁLIA: ( )MASCULINA ( )FEMININA ( )AMBÍGUA Dorme em quarto separado dos pais?_____Dorme sozinha na cama/berço?__________________________
136 Como é o sono da criança?________________________________________________
Usou chupeta?______Por quanto tempo?______________________
Chupou dedo?______Por quanto tempo?______________________
Faz amigos com facilidade?_________________________________
Tem amigos/colegas/companheiros?__________________________
Prefere brincar sozinho ou com companheiro?__________Convivem bem?___________________________
Como é a atividade física da criança?_________________________
Pratica algum esporte?______________Qual?___________________
Como é na escola com os professores?_______________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

137
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

Desempenho da criança na escola____________________ (Excente; Bom; Regular; Fraco ou Péssimo) APÊNDICE 3


Aprendeu a ler e escrever com que idade? ______________________ Edilaine Assunção Caetano, Grazielle Miranda

Os pais estudam com a criança em casa? _______________________ ROTEIRO PARA CONSULTA DE PRÉ-NATAL
A criança apresenta algum tipo de dificuldade tornando-a dependente?_______________________________
Qual seria esta dificuldade observada pelos pais?_________________ 1. IDENTIFICAÇÃO – dados pessoais e ocupação (esforço físico)
5. Antecedentes Patológicos
Quais doenças a criança já apresentou? ______________________________________________________ 2. GESTAÇÃO ATUAL – DUM; DPP; IG; sinais e sintomas; hábitos (fumo, álcool, drogas
Qual o tratamento? __________________________________________________________________
ilícitas) e medicamentos;
Ficou hospitalizada?____________Por quanto tempo?___________________________________________
3. ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS – GPAC (Gravidez, Parto, Aborto e Cesárea);
Já fez alguma cirurgia?_______Qual? _______________Houve complicações?_______________________ intervalo intergestacional; filhos vivos; intercorrências em partos ou gravidezes
Faz uso de medicações?_______Quais?______________________________________________________ anteriores; histórico de abortamentos ou natimortos; tempo de amamentação dos
6. Condições Sociais últimos filhos.
Casa própria ou alugada?_______________ Condições da casa?___________________________________
Tem animais domésticos? _________ Quais?___________________Quantos?________________________
4. ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS – MAC (métodos anticoncepcionais); pesquisar se
houve tratamento de esterilidade/infertilidade; DSTs; cirurgias ginecológicas; patologias
O quarto onde a criança dorme recebe sol?_____O quarto é úmido?________________________________
mamárias; último exame de Papanicolau.
Qual é a renda financeira da família por mês?R$_____,___
Recebem benefício do governo como a bolsa família (outros)?______Qual?___________________________ 5. HISTÓRIA PREGRESSA PESSOAL – doenças na infância e outras patologias (agudas
7. Avaliação Nutricional: Aplicar questionário do SISVAN segundo faixa etária (Anexo 1) ou crônicas); histórico social e escolaridade. Avaliar estado emocional e situação
8. Imunização: Conferir Caderneta da Criança ou Cartão Vacinal conjugal.
9. Desenvolvimento Neuropsicomotor: Utilizar roteiro proposto por Marinete Coelho (Anexo 2), no caso de
6. ANTECEDENTES FAMILIARES – DM, HAS, outras doenças crônicas e co-morbidades.
crianças até um ano de idade, e aplicar Escala de Denver (Anexo 3) em todas as crianças de até 5 anos de
idade. 7. EXAME FÍSICO GERAL E OBSTÉTRICO –
10. Observações do avaliador _____________________________________________________________ · Aferir peso, estatura e avaliar estado nutricional (calcular IMC);
_______________________________________________________________________________________ · Calcular o ganho de peso – anotar no gráfico e observar o sentido da curva para
_______________________________________________________________________________________ avaliação do estado nutricional;
_______________________________________________________________________________________ · Verificar suplementação de ferro e ácido fólico;
_______________________________________________________________________________________ · Medida da pressão arterial (PA);
· Inspeção da pele e das mucosas (observar sinais de anemia e desidratação);
Acadêmico(a):__________________________ · Inspeção das mamas (orientar banhos de sol e prevenção de fissuras utilizando o
próprio leite materno);
· Palpação obstétrica e medida da altura uterina (AU) – anotar no gráfico e observar o
sentido da curva para avaliar o crescimento fetal; ***verificar apresentação fetal
(manobra de Leopold – a partir do 7º mês de gestação. Uso do sonar a partir de 7-
10 semanas de gestação e Pinar a partir de 20 semanas de gestação);
· Auscultar BCFs;
· Pesquisar edemas (face, tronco e membros).

8. AVALIAR CARTÃO DA GESTANTE:

8.1 EXAMES LABORATORIAIS – conforme parâmetros da estratificação de risco

138 139
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

8.2 IMUNIZAÇÃO: Controle do calendário de vacinação da gestante: APÊNDICE 4


Edilaine Assunção Caetano, Grazielle Miranda
8.2.1 Vacina antitetânica:
ROTEIRO DE CONSULTA PUERPERAL
· Gestante não vacinada: 3 doses – 1ª dose: até 4º mês, 2ª dose: até o 6º mês, 3ª
dose: até o 8º mês. A última dose deve ser aplicada até 20 dias antes da DPP;
· Gestante vacinada: esquema básico: na gestante que já recebeu uma ou duas 1. Avaliar o estado de saúde da mulher por meio de anamnese e realizar exame clínico-
doses da vacina contra o tétano devem ser aplicadas mais 1 ou 2 doses de vacinas
ginecológico completo: verificar dados vitais; avaliar o estado psíquico da mulher;
DT para completar o esquema de 3 doses;
· A cada gestação, deve ser aplicada a vacina de dTPa a partir da 20ª semana de observar estado geral: pele, mucosas, presença de edema, cicatriz (parto normal com
gestação até 20 dias antes da DPP. episiotomia ou laceração; incisão cesariana) e membros inferiores. Questionar
sangramento (avaliar quando possível, anotando as características – cor, odor,
8.2.2 Vacina hepatite B:
· Gestante não vacinada: 3 doses – 1ª dose: início do 2º trimestre. 2ª dose: intervalo quantidade).
de 30 dias da primeira dose. 3ª dose: intervalo de 180 dias da primeira dose, 2. Inspeção das mamas (prevenir pega incorreta da região mamilo-areolar; orientar
coincidindo com o pós-parto. banhos de sol e prevenção de fissuras utilizando o próprio leite materno). Observar e
· Gestante vacinada: que já recebeu uma ou duas doses da vacina contra a hepatite
B deve-se completar o esquema de 3 doses. avaliar a mamada para garantia do adequado posicionamento e pega da aréola. Em
caso de ingurgitamento mamário, orientar quanto à ordenha manual;
9. OUTRAS AÇÕES
3. Verificar suplementação de ferro até o 3º mês pós-parto e realizar orientações
· Realização de ações e práticas educativas individuais e em grupos operativos;
· Referência para atendimento odontológico; nutricionais;
· Registro dos dados da consulta no prontuário; 4. Orientar o planejamento familiar;
· Orientação para consultas subsequentes. 5. Cartão da gestante e criança – imunização: encaminhar se necessário – RN e
puérpera (antitetânica ou rubéola);
REFERÊNCIA
6. Orientar a mãe quanto à importância das ações do 5º dia (triagem neonatal);
1. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção ao pré-natal, parto e puerpério: protocolo 7. Orientar sobre a importância das informações contidas no Cartão da Criança (direitos
Viva Vida. 4 ed. Belo Horizonte: SAS/SES, 2008. 84 p.
civis, crescimento, desenvolvimento, estimulação, alimentação, etc.);
8. Orientar cuidados básicos com o RN – coto umbilical, banho, clima apropriado;
9. Realizar avaliação neuropsicomotora e exame físico do RN;
10. Identificar situações de risco e encaminhar para avaliação na USF;
11. Avaliar interação da mãe com o recém-nascido;
12. Ressaltar a importância da higiene pessoal, para a saúde materna, do bebê e para
prevenir infecções no pós-parto.
13. Retornar em VD para aplicação do questionário de Edimburgo na 6º semana pós-
parto (42 dias, fim do puerpério) e reaplicação no 3º e 6º mês após o parto.

REFERÊNCIA

1. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção ao pré-natal, parto e puerpério: protocolo
Viva Vida. 4 ed. Belo Horizonte: SAS/SES, 2008. 84 p.
140 141
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

APÊNDICE 5 3. ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS


Edilaine Assunção Caetano, Grazielle Miranda GPAC: _______________________________________________
Intervalo intergestacional: __________________________________________
ROTEIRO DE CONSULTA GINECOLÓGICA (MULHER EM IDADE FÉRTIL) Número de filhos vivos: ___________________________________________
Intercorrências em partos ou gravidezes anteriores _____S _____N.
1. IDENTIFICAÇÃO: idade, estado civil, escolaridade, profissão. Aferir sinais vitais. Qual? _______________________________________________________________
2. ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS 4. HISTÓRIA PREGRESSA PESSOAL – doenças na infância e outras patologias; histórico
Idade da menarca: _________ anos social. Avaliar estado emocional e situação conjugal.
Ciclo menstrual: ___/____ dias _________________________________________________________________________
Duração: ________ dias _________________________________________________________________________
Tem corrimento vaginal? _____S _____N. _________________________________________________________________________
Características_____________________________________________________________ _________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________
Investigar queixas ginecológicas e realizar orientações (atentar para vulvovaginites e _________________________________________________________________________
cervicites). _______________________________________________________________
_________________________________________________________________________ 5. ANTECEDENTES FAMILIARES – DM, HAS, outras doenças crônicas e co-morbidades.
Ocorrência de ITU (Infecção do Trato Urinário) _____S _____N. _________________________________________________________________________
Realizou tratamento? _____S _____N. Desfecho clínico (houve abandono do tratamento? _________________________________________________________________________
Evoluiu para cura? ___________________ Houve recorrência? _____________________) _________________________________________________________________________
(OBS: Realizar orientações sobre higienização) _________________________________________________________________________
Tem vida sexual ativa? _____S _____N. _________________________________________________________________________
Início da vida sexual (coitarca): ________anos _________________________________________________________________________
Número de parceiros: ________
Faz uso de contraceptivos? _____S _____N. Qual? _____________________ 6. CONDUTA:
Realizou Laqueadura ou Vasectomia (parceiro)? _____S _____N. Qual? ______________
Deseja engravidar? ____S ___N. (Avaliar necessidade de orientação pré-concepcional). _________________________________________________________________________
Pesquisar se houve tratamento de esterilidade/infertilidade _________________________ _________________________________________________________________________
Ocorrência de DSTs? _____S _____N. Qual? __________________________ _________________________________________________________________________
Realizou tratamento? _____S _____N. Desfecho clínico. Houve abandono do tratamento?
___________________________ Evoluiu para cura? ____________________________
Houve recorrência? _____________________________________
ACADÊMICO DE MEDICINA UNIFENAS:____________________________________
(OBS: Avaliar a necessidade de orientações sobre o tratamento).
Faz uso de preservativo? ___S ___N. (Avaliar necessidade de orientação sobre DSTs).
Já realizou exame de Papanicolau? _____S _____N. Data: ___/____/_____
Resultado (verificar presença de HPV, NIC) _____________________________________
(Verificar necessidade de orientação dos intervalos de realização do exame).
Já realizou cirurgia ginecológica (inclusive cauterização de colo uterino)? ____S ____N.
Qual? _________________________________________________________
Motivo _________________________________________________________
Ocorrência de patologia mamária? ____S ____N. Qual? ___________________________
Já realizou exame clínico das mamas (ECM)? _____S _____N.
Já realizou mamografia? _____S _____N. Data: ___/____/_____.
Resultado: (verificar categoria BI-RADS) __________________________
(Verificar necessidade de orientação dos intervalos de realização do exame).
142 143
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período
ANEXO 1 ANEXO 2
Instrtumento para Avaliação Neurológica de menores de 1 ano na APS

144 145
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período
ANEXO 3 17. Ponha uma boneca e colherzinha ou mamadeira de brinquedo na mesa e verifique se a criança tenta ou
consegue colocar a colher ou mamadeira na boca da boneca. Se ela ainda simula amamentar no peito,
INSTRUÇÕES PARA APLICAÇÃO DO TESTE DE DESENVOLVIMENTO DENVER II6 peça a ela para usar a colher.
18. Pergunte aos pais se a criança já consegue vestir qualquer peça de roupa. Sapatos não precisam ser
amarrados. Um chapéu colocado desajeitadamente na cabeça não deve ser considerado.
R – Considerar o relato dos pais 19. Pergunte aos pais se a criança já consegue escovar os dentes com alguma ajuda. A criança deve
* Retirado da Escala de Denver II, mas mantida por Leão e col. (2005). colocar a escova na boca e fazer movimentos de escovação. A pasta pode ser colocada pelos pais.
20. Pergunte aos pais se a criança já consegue fazer movimentos de lavar as mãos em uma pia e depois
enxuga-las. A torneira deve ser aberta pelos pais.
Setor Psicossocial
21. Pergunte à criança nomes de colegas de escola ou amigos. Deve falar pelo menos um, exceto o de
criança que more na mesma casa.
1. Segure a criança ou deixe-a deitada, com o rosto a 20 cm de sua face, e verifique se ela o observa.
22. Pergunte aos pais se a criança já consegue vestir sozinha blusa sem botões, camiseta ou pulôver.
2. Sorria, acene ou fale com a criança. Considere se ela sorrir. Não toque na criança, pois o objetivo é
23. A criança separa-se sem choro, superando totalmente a fase descrita no item 8.
uma resposta social e não física.
24. Pergunte aos pais se a criança consegue vestir-se sozinha. Não é necessário amarrar sapatos e
3. Durante o exame observe se a criança sorri para você ou para os pais, sem nenhum estímulo. Se isso
abotoar ou fechar zíper às costas.
não é observado, pergunte para os pais se isso já aconteceu em casa. Considere se a criança sorrir
25. Pergunte aos pais se a criança já consegue jogar e entender jogos fáceis de cartas ou de mesa – como
espontaneamente ou se há relato de isso ocorrer em casa. O objetivo é observar se a criança já inicia
separar cartas pelos naipes ou figuras, dominó, etc.
interação social.
26. Pergunte aos pais se a criança já consegue colocar a pasta e escovar os dentes sem ajuda, exceto
4. Durante o exame, observe se a criança fixa os olhos na mão, pelo menos por alguns segundos. Se isso
algumas vezes, em que se deseja reforçar o treinamento.
não é observado, pergunte aos pais se, em casa a criança tem feito isso. Considere se a observação é
27. Pergunte aos pais se a criança já prepara uma refeição de leite: usando a colher, servindo o cereal,
positiva ou o relato dos pais.
colocando leite e misturando, sem deixar derramar muito. Outra alternativa é se consegue servir-se dos
5. Coloque na mesa um brinquedo de que a criança parece gostar, um pouco fora de alcance. Considere
alimentos no almoço ou no jantar.
se a criança tenta atingi-lo, estendendo o braço ou lançando o corpo. Ela não precisa realmente
alcançá-lo. Setor Adaptativo ou Motor Fino
6. Pergunte se a criança já coloca um biscoito na boca. Considere se afirmativo.
7. Sem tocar nas mãos da criança, bata palmas e peça ela para fazer também. Se ela não faz, peça aos 28. Com a criança deitada de costas segure um chocalho de cor viva acima do rosto dela, em uma distância
pais para tentarem. Considere se a criança bate palmas ou se os pais relatam que ela faz isso em casa. de 12 cm. Sacuda o chocalho para chamar a atenção da criança e faça movimento lento, de um lado
O objetivo é observar a interação com outra pessoa. para o outro do corpo da criança. Ela deverá acompanhar com os olhos e a cabeça – brevemente ou
8. A criança mostra nítida preferência em ficar com a mãe ou com quem dela cuida. Assusta-se ou chora até atingir a linha média, ultrapassa-la ou ir com o olhar de um lado para o outro (180º).
ante a visão da face de estranhos. 29. Com a criança deitada ou no colo da mãe toque o dorso da mão ou as pontas dos seus dedos com um
9. Durante o exame, observe se a criança dá a entender que ela quer alguma coisa, sem ser com o choro, chocalho. A criança deverá agarra-lo por alguns segundos.
como esticando os braços, imitindo um som ou palavra, apontando, etc. Considere sua observação ou 30. Durante o exame, com a criança deitada ou no colo da mãe, observe se ela junta as mãos acima do
por relato. tronco ou na boca.
10. A melhor forma de observar este item é na saída da criança ou simulando sair da sala. Olhe no rosto da 31. Com a criança sentada no colo da mãe, próximo à mesa, coloque um objeto pequeno – uma bala, uma
criança, acene com as mãos em adeus e diga “tchau”, “até logo”, “adeus”, etc. Não permita os pais ervilha, uma uva-passa, uma jujuba, etc. – em uma superfície que ofereça bom contraste (papel
tocarem nas mãos ou braços da criança. Considere se a criança acena ou se os pais relatam que elas branco). O objeto pode ser apontado ou tocado pelo examinador para chamar a atenção. A criança
fazem isto em casa. deve fixar a atenção e olhar o objeto.
11. Role uma bola – tamanho de bola de tênis – para a criança e tente que ela devolva, rolando ou 32. Com o mesmo procedimento anterior, a criança debruça-se ou estende as mãos, tentando tocar o
lançando, várias vezes. objeto.
12. Pergunte aos pais se a criança já começou a imitar tarefas de casa – como passar pano em móveis ou 33. Movimente um pompom ou outro objeto diante da criança, chamando sua atenção para ele. Quando a
no chão, falar ao telefone, etc. criança estiver olhando com atenção, deixe cair, rapidamente, para fora de seu campo de visão, sem
13. Pergunte aos pais se a criança já é capaz de segurar um copo e beber sozinha, derramando menos da fazer movimentos com a mão, exceto para soltá-lo. Observar se a criança procura o objeto, olhando
metade do líquido. para baixo ou procurando no chão.
14. Pergunte aos pais se a criança já ajuda em pequenas coisas em casa – como jogar papel no lixo, 34. Como o mesmo procedimento de 31, estimule a criança a pegar o objeto pequeno. Ela pode pegá-lo
guardar brinquedos ou dar um objeto quando solicitado a ela. O objetivo é determinar se a criança usando um movimento de pinça com a mão ou pinça polegar/dedos, o que faz com que se considere
compreende e executa pequenas tarefas requeridas. também cumprido o item 37.
15. Pergunte aos pais se a criança já sabe usar colher ou garfo para alimentar-se, derramando pouco. O 35. A criança consegue passar um bloco ou brinquedo de uma mão para outra, sem usar o copo, a boca ou
objetivo é determinar se a criança é bastante autossuficiente para alimentar-se. a mesa. Pode ser estimulada, dando-se a ela um bloco e depois um segundo, para a mesma mão –
16. Pergunte aos pais se a criança já é capaz de tirar paletó, calça ou camiseta. Não considere se retirar geralmente ela transfere o primeiro.
apenas sapatos largos, fraldas, meias ou roupas muito fáceis de serem retiradas. O objetivo é 36. Coloque dois cubos na mesa e estimule a criança a pegá-los. Não devem ser entregues pelo
determinar se a criança retira vestimenta, como um esforço de autocuidado. examinador.
37. Diante do mesmo procedimento de 31 e 34, ela pega o objeto pequeno fazendo movimento de pinça
com qualquer parte do polegar e um ou vários dedos.
6
LEÃO, E. et al. Pediatria ambulatorial. Belo Horizonte: COOPMED, 2005. pp:164-168.
146 147
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período
38. Coloque um bloco em cada uma das mãos da criança e estimule-a a bater um no outro. Pode 51. Observe se a criança ri e emite som conjuntamente (gargalhada). Considere também pelo relato dos
demonstrar. Considere também pelo relato dos pais. pais.
39. Coloque três blocos em uma caixa na mesa em frente à criança. Estimule-a a colocar os blocos na 52. Observe se a criança emite sons agudos, geralmente com alegria. Considere também pelo relato dos
caixa. Pode demonstrar várias vezes. Considere se ela coloca pelo menos um bloco. pais.
40. Coloque uma folha de papel na mesa e um lápis na mão da criança. Estimule-a a rabiscar, mas sem 53. Provoque sons de um lado e outro da cabeça da criança e observe se ela vira a cabeça na direção do
demonstrar como. Considere se ela rabisca propositadamente o papel. som. Considere se ela responde ao estímulo dos dois lados.
41. Demonstre como retirar uvas-passas ou outro objeto pequeno de um recipiente, derramando sobre a 54. Chame a criança e observe se ela vira a cabeça na direção do som. Considere se ela responde ao
mesa. estímulo dos dois lados.
42. Coloque os blocos na mesa em frente à criança. Estimule-a a empilhar. Pode demonstrar. Verifique o 55. Observe se a criança emite sons combinando consoante e vogal, em sílabas isoladas. Considere
maior número de blocos que ela consegue empilhar em três tentativas. também pelo relato dos pais.
43. Com a criança sentada confortavelmente em posição de escrever, coloque papel e lápis na mesa e 56. Repita um som várias vezes – como estalo de língua, tosse, som de beijo, etc. Observe se a criança
estimule-a a desenhar uma linha vertical como a sua. Considere se a criança copia uma ou mais linhas imita. Considere também pelo relato dos pais.
de, pelo menos, 3 cm, paralela(s) à sua ou com um ângulo de inclinação não superior a 30º. Não 57. Observe se a criança emite sons combinando sílabas – como papá, mamã, nenê, etc. Considere
precisa ser totalmente reta. também pelo relato dos pais.
44. Feche a mão com o polegar apontando para cima e mexa apenas o polegar, dobrando e estendendo, 58. Observe se a criança já emite outros sons combinando sílabas – como “pabu”, “dedé”, “dadá” etc.
para cima e para baixo. Peça a criança para fazer o mesmo. Não posicione a mão dela. Pode pedir-lhe Considere também pelo relato dos pais.
para fazer o sinal de “OK”, “legal”, “positivo”. Considere se a criança move o polegar sem mover 59. Observe se a criança emite sons em uma linguagem ininteligível, com inflexões e pausas. Peça aos
qualquer dos outros dedos. pais para conversarem com a criança. Considere também pelo relato dos pais.
45. Quando for solicitar à criança que desenhe um círculo, uma cruz ou um quadrado, não nomeia as 60. Observe se a criança já fala “papá” ou “dadá” em referência ao pai; “mamã” ou “mamã” em referência a
formas, apenas mostre gravura. Então vire o papel e peça que ela faça igual. No caso do quadrado, mãe, etc. Considere também pelo relato dos pais.
pode-se demonstrar para a criança como desenhá-lo por volta dos 4 anos, mas não mais a partir dos 4 61. Pergunte aos pais quantas palavras, além de “papá” e “mamã” a criança fala (uma, duas, três ou seis).
anos e 8 meses. No caso do círculo e da cruz não nomeie a figura, nem demonstre como fazer. 62. Para verificar se a criança é capaz de apontar uma gravura, imprima figuras abaixo apresentadas, cole
em papel cartão, coloque sobre uma mesa e peça à criança que mostre: “o gato”, “o cavalo”, “o
pasarinho”, “o cachorro”, “o homem”. Para verificar se a criança é capaz de nomear gravuras, aponte as
mesmas figuras utilizadas na fase anterior e peça a criança para nomeá-la. Valorize todas as respostas
que mostram a capacidade da criança em nomear, por exemplo, homem pode ser “papai”, “moço” etc.
Se menos de quatro figuras forem nomeadas corretamente, peça a criança para apontar para a figura, à
medida que vão sendo nomeadas pelo examinador. Outras gravuras recortadas de revistas poderão ser
Considere qualquer forma Considere qualquer linha Considere figuras com 4 linhas retas, a largura igualmente utilizadas desde que familiares e adaptadas a nossa cultura.
totalmente fechada ou quase que cruza perto do meio. não mais que duas vezes o comprimento e
totalmente fechada. Não considere quatro ângulos aproximadamente retos.
espirais contínuas. Deixe-a fazer três tentativas. Se não
conseguir demonstre até 3 vezes.

46. Dê a criança lápis e papel. Peça a ela para desenhar uma pessoa – papai, mamãe, menino, etc.
Certifique-se de que ela já terminou, antes de avaliar. Cada par (2 pernas, 2 braços, etc.) conta como
uma parte. Uma parte de um par não conta, por exemplo, um olho.
47. Mostre a gravura abaixo para a criança e pergunte: “Qual linha é a mais comprida?” (Não a “maior”).
Depois que a criança responder, vire o papel de cabeça para baixo e pergunte novamente. Repita mais 63. Mostre uma boneca para a criança e pergunte: “onde está o nariz do nenê”? Os olhos? Os ouvidos? A
uma vez a operação. Considere se a criança acertar de 3 a 5 vezes em 6 tentativas. boca? As mãos? Os pés? A barriga? O cabelo? Pode-se pedir à criança que mostre seu próprio nariz
etc. Considera-se se ela nomear 6 partes do corpo.
64. Observe se a criança já combina palavras em frases curtas: “quer não”, “carro papai”, “tchau nenê”, etc.
Considere também pelo relato dos pais.
65. Observe a linguagem da criança em relação à pronúncia, sentido, etc.
66. Para verificar se a criança conhece ações, use as mesmas figuras acima apresentadas, perguntando
agora à criança: Quem voa? Faz miau? Fala? Faz au-au? Galopa?
67. Pergunte à criança: o que você faz quando está com frio? Com fome? Com sono? etc. Deve responder
2 de 3 perguntas ou 3 de 5 perguntas.
Setor de Linguagem
68. Coloque blocos coloridos – vermelho, azul, amarelo e verde – giz de cera ou outro material, na mesa
em frente à criança e pergunte: “Que cor é esta?”
48. Produza um som suave perto do ouvido da criança, com chocalho, companhia ou outro objeto, mas fora
69. Pergunte a criança: o que você faz com um copo? Para que serve uma cadeira? Para que serve um
de sua vista. Considere se a criança demonstra qualquer reação – como movimento dos olhos,
lápis? Palavras de ação precisam estar incluídas nas respostas. Considere 2 de 3 ou 3 de 5.
mudança na expressão, no choro, na respiração, na atividade, etc.
70. Coloque oito blocos sobre a mesa. Coloque uma folha de papel ao lado. Peça à criança: “Coloque 1
49. Durante o exame, observe se a criança emite algum ruído – como som gutural, sons curtos de vogais,
bloco no papel.” Quando perceber que ela terminou, pergunte: “Quantos blocos há no papel?”
etc. Considere também pelo relato dos pais.
Considere se ela colocar 1 e responder 1, ou se colocar 5 e responder 5.
50. Observe se a criança emite sons de vogais mais sustentados. Considere também pelo relato dos pais.
148 149
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período
71. Peça à criança que: “coloque o bloco em cima da mesa”; “embaixo da mesa”; “na minha frente”; “atrás
de mim”. Deve acertar 4 de 4. Não ajude a criança, apontando, movendo a cabeça ou olhos. ANEXO 3
72. Com a criança atenta diga-lhe: “Eu vou te dizer uma palavra e você me fala o que é.” Pergunte à
criança: O que é uma bola? Uma mesa? Uma casa? Uma banana? Uma boneca? etc. Ela deve definir
em termos do uso, formato, do que é feito ou da categoria geral (tal como banana é fruta, amarela).
Considere de 5 a 7 acertos em oito perguntas.
73. Pergunte à criança: Se o cavalo é grande, o rato é ____ ? Se o fogo é quente, o gelo é _____ ? Se o sol
aparece de dia, a lua aparece de ______ ? Se a mamãe é mulher, o papai é ______? A criança deve
estabelecer analogias opostas, em 2 de 3 tentativas.

Setor Motor Grosseiro

74. Deitada de costas, a criança movimenta os braços e pernas igualmente, com a mesma intensidade.
75. Colocada em posição supina, a criança levanta a cabeça. No início, momentaneamente e
progressivamente, de 45° até 90º, depois utiliza os braços e eleva também o tronco.
76. Sentada, mantém a cabeça firme, sem movimentos oscilatórios, durante vários segundos.
77. Coloque a criança de pé, com os pés sobre a mesa, e, devagar, vá tirando o apoio de sustentação, de
maneira a permitir que a criança suporte o seu peso.
78. Observe se a criança vira e desvira-se durante exame. Considere também o relato dos pais.
79. Com a criança em decúbito dorsal, puxe-a lentamente pelas mãos e punhos para a posição sentada.
Se, logo no início do movimento, a criança não mantém a cabeça firme, não insista.
80. Coloque a criança sentada e vá retirando o apoio lentamente. A criança deve ficar sentada sozinha,
pelo menos 5 segundos.
81. Colocada de pé, segurando um objeto sólido, mas não outra pessoa, a criança deve permanecer de pé,
pelo menos por 5 segundos.
82. Coloque a criança sentada no chão, ao lado de uma cadeira ou mesa baixa. Estimule-a a ficar de pé
apoiando-se na mesa ou cadeira.
83. Com a criança, deitada, engatinhando ou de pé, estimule-a a colocar-se sentada. Considere também o
relato dos pais.
84. Coloque a criança de pé, sem apoio. Após estar mais ou menos equilibrada, retire lentamente o suporte
da mão. Considere se ela permanecer de pé, pelo menos, dois segundos. Se ela fica dez segundos ou
mais, considere positivo para o próximo item.
85. Enquanto a criança estiver de pé sem apoio, estimule-a a pegar um brinquedo no chão e a levantar-se
novamente. Considere se a criança pega o brinquedo e torna a levantar-se sem apoiar ou sentar-se.
86. Observe se a criança anda com equilíbrio, raramente cai.
87. Demonstre para a criança como andar para trás, e peça-lhe para fazer o mesmo. Considere também
pelo relato dos pais.
88. A criança deve correr – não andar depressa – sem cair ou tropeçar.
89. A criança sobe escadas, podendo-se apoiar nas paredes ou corrimão, mas não no chão ou em outra
pessoa.
90. A criança deve chutar uma bola, sem apoiar as mãos ou o corpo.
91. Demonstre à criança como pular com os dois pés juntos, sem apoiar ou sem estar correndo.
92. A criança situada a 1 metro do examinador, deve atirar a bola em arremesso por cima do ombro, em
direção ao examinador, ao alcance de seus braços.
93. A criança deve pular uma folha de papel colocada no chão, cerca de 20 cm de comprimento.
Demonstre. Pode ser feita 3 tentativas.
94. A criança estando de pé, mostre-lhe como equilibrar em um só pé. Em 3 oportunidades, observe
quantos segundos ela consegue ficar em um só pé.
95. Com a criança longe de qualquer suporte, peça a ela para pular em um só pé. Pode demonstrar.
Considere se ela consegue dois ou mais pulos, no mesmo lugar ou deslocando-se.
96. Diga à criança para andar para frente com o calcanhar até 2 cm do dedão do outro
pé. O avaliador pode demonstrar. A criança tem que andar 4 passos consecutivos, em linha e sem
apoio.

150 151
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período
ANEXO 4 ANEXO 5

152 153
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período
ANEXO 6

ESCALA DE EDIMBURGO
J. L. Cox, J. M. Holden, R. Sagovsky, 1987 © British Journal of Psychiatry
Tradução: Maria Fátima S. dos Santos e Célia C. Moraes.
Supervisão de tradução: Prof. João Dino F. P. Santos. Depto. de Letras: UnB.
Validação: Maria Fátima S. Santos, Francisco M. C. Martins e Luis Pasquali. Depto. de Psicologia: UnB.

Seu nome: _____________________________________________________________

Data de nascimento do bebê: ______________________________

Você teve há pouco tempo um bebê e nós gostaríamos de saber como você está se sentindo.
Por favor, marque a resposta que mais se aproxima do que você tem sentido NOS ÚLTIMOS
SETE DIAS, não apenas como você está se sentindo hoje.

Aqui está um exemplo já preenchido:

Eu tenho me sentido feliz:


Sim, todo o tempo.
Sim, na maior parte do tempo.
Não, nem sempre.
Não, em nenhum momento.

Esta resposta quer dizer: "Eu me senti feliz na maior parte do tempo" na última semana.
Por favor, assinale as questões seguintes do mesmo modo.

Nos últimos sete dias

1. Eu tenho sido capaz de rir e achar graça das coisas.


Como eu sempre fiz.
Não tanto quanto antes.
Sem dúvida menos que antes.
De jeito nenhum.

2. Eu sinto prazer quando penso no que está por acontecer em meu dia-a-dia.
Como sempre senti.
Talvez menos do que antes.
Com certeza menos.
De jeito nenhum.

3. Eu tenho me culpado sem necessidade quando as coisas saem erradas.


Sim, na maioria das vezes.
Sim, algumas vezes.
Não, muitas vezes.
Não, nenhuma vez.

154 155
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

ANEXO 7

4. Eu tenho me sentido ansiosa ou preocupada sem uma boa razão.


Não, de maneira alguma.
Pouquíssimas vezes.
Sim, algumas vezes.
Sim, muitas vezes.

5. Eu tenho me sentido assustada ou em pânico sem um bom motivo.


Sim, muitas vezes.
Sim, algumas vezes.
Não muitas vezes.
Não, nenhuma vez.

6. Eu tenho me sentido esmagada pelas tarefas e acontecimentos do meu dia-a-dia.


Sim. Na maioria das vezes eu não consigo lidar bem com eles.
Sim. Algumas vezes não consigo lidar bem como antes.
Não. Na maioria das vezes consigo lidar bem com eles.
Não. Eu consigo lidar com eles tão bem quanto antes.

7. Eu tenho me sentido tão infeliz que tenho tido dificuldade de dormir.


Sim, na maioria das vezes.
Sim, algumas vezes.
Não muitas vezes.
Não, nenhuma vez.

8. Eu tenho me sentido triste ou arrasada.


Sim, na maioria das vezes.
Sim, muitas vezes.
Não muitas vezes.
Não, de jeito nenhum.

9. Eu tenho me sentido tão infeliz que tenho chorado.


Sim, quase todo o tempo.
Sim, muitas vezes.
De vez em quando.
Não, nenhuma vez.

10. A ideia de fazer mal a mim mesma passou por minha cabeça.
Sim, muitas vezes, ultimamente.
Algumas vezes nos últimos dias.
Pouquíssimas vezes, ultimamente
Nenhuma vez.

156 157
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período
ANEXO 8

158 159
Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período Eixo de Atenção Integral ao Paciente e Comunidade – 3º período

ANEXO 9
Exemplo de Oficina

160 161

Potrebbero piacerti anche