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Processo nº 5024308-79.2019.4.02.5101
“(...) penso que a Lei nº 12.382/11, que regrou a extinção da punibilidade dos
crimes tributários nas situações de parcelamento do débito tributário, não afetou o
disposto no § 2º do art. 9º da Lei 10.684/03, o qual prevê a extinção da
punibilidade em razão do pagamento do débito, a qualquer tempo .
Como referido por Luiz Flávio Gomes et al. (Os crimes tributários e a extinção da
punibilidade. Conjur, 17/3/11), ‘é da tradição jurídica brasileira a previsão de
causas extintivas da punibilidade pelo pagamento, jungidas aos crimes materiais
contra a ordem tributária, tendo em conta a particularidade do bem ofendido (o
patrimônio público). Por razões de política criminal (e arrecadatória) do Estado[,]
quase sempre se preferiu receber o quantum devido [a se aguardar] processo ou
condenação criminal. Os tributos custeiam serviços públicos essenciais. Melhor
arrecadá-los que condenar criminalmente o contribuinte. Muitos veem nisso um
privilégio odioso, que favorece precisamente os mais aquinhoados.’
Ocorre que, tanto o ministro Dias Tóffoli quanto Luiz Flávio Gomes, ao
se socorrerem do §2º do art. 9º da Lei 10.684/2003 (PAES) ignoraram dois dados
temporais essenciais à sua compreensão.
Ressalto, porém, que se trata de opção que, a meu ver, não se submete ao
aventado controle de constitucionalidade, estando dentro da discricionariedade
conferida ao Parlamento - até porque quem pode o mais pode o menos. Se é dado
ao legislador até mesmo revogar a norma penal, ou conceder anistia a
determinadas violações sancionadas no ordenamento jurídico, qual seria a
vedação de ordem material a impedir, nos crimes contra a ordem tributária, que se
privilegiasse, por opção política do legislador, o reforço ao erário em detrimento da
imposição de uma pena ao contribuinte renitente? Como é cediço, o arcabouço
normativo dos delitos contra a ordem tributária e previdenciária encontra-se na Lei
nº 8.137/90, bem como nos dispositivos dos arts. 168-A; 334, segunda parte, e
337-A, do Código Penal.
[…]
Feita essa digressão histórica, anoto que houve, contudo, significativa alteração do
tema em exame, tendo-se avançado na opção política arrecadatória do Estado
com a edição da Lei nº 10.684/03, que, especificamente no § 2º de seu art. 9º,
estabeleceu, agora de forma muito mais ampla, a possibilidade da ocorrência da
extinção da punibilidade dos crimes tributários simplesmente com o pagamento
integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive
acessórios, por parte do agente : ‘Art. 9º É suspensa a pretensão punitiva do
Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de
dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica
relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de
parcelamento. § 1º A prescrição criminal não corre durante o período de
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro
47º OFÍCIO
Cita o Ministro Cezar Peluso, em seu judicioso voto, a lição de Heloisa Estellita,
para quem, ‘sempre que houver pagamento independentemente de ser o
momento final do pagamento, extinta estará a punibilidade e, agora, sem limite
temporal, isto é sem que o recebimento da denúncia inviabilize o pagamento
integral do tributo’ (pagamento e parcelamento nos crimes tributários e nova
disciplina da Lei nº 10.684/03 , Boletim IBCCRIM, p. 2 e seguinte, set. 2003). (sem
grifo no original)
denúncia?
Lei 9.249/95
Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº 8.137, de 27 de
dezembro de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente
promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios,
antes do recebimento da denúncia.
Lei 9.964/2000
Art. 15. É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos
Art. 15. É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137,
de 27 de dezembro de 1990, e no art. 95 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, durante o período em que a pessoa
jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no Refis, desde que a inclusão no referido
Programa tenha ocorrido antes do recebimento da denúncia criminal.
§ 1o A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva.
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se, também:
I – a programas de recuperação fiscal instituídos pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, que adotem,
no que couber, normas estabelecidas nesta Lei;
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Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro
47º OFÍCIO
Isto posto, ainda que o fato seja anterior à Lei 10.684/2003, o que lhe
permite a incidência de tais regras, entende este membro do MPF que diante do
trânsito em julgado da condenação não há mais espaço para o efeito extintivo da
punibilidade no caso desses autos.
Lei 10.684/2003
Art. 9o É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de
27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal,
durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de
parcelamento.
§ 1o A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva.
§ 2o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente
efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios.
Lei 11.941/2009
Art. 68. É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1o e 2º da Lei nº 8.137,
de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código
Penal, limitada a suspensão aos débitos que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento, enquanto não forem
rescindidos os parcelamentos de que tratam os arts. 1o a 3o desta Lei, observado o disposto no art. 69 desta Lei.
Parágrafo único. A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva.
Art. 69. Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no art. 68 quando a pessoa jurídica relacionada com o agente
efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios, que tiverem
sido objeto de concessão de parcelamento.
Parágrafo único. Na hipótese de pagamento efetuado pela pessoa física prevista no § 15 do art. 1 o desta Lei, a extinção
da punibilidade ocorrerá com o pagamento integral dos valores correspondentes à ação penal.
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47º OFÍCIO
pagamento integral, mas mero parcelamento, o que não teria o efeito de extinguir a
punibilidade.