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Dra.

Sabrina Weiss Sties


Me. Xana Raquel Ortolan

Lesões
Musculoesqueléticas

PLANO DE ESTUDOS

Lesões musculoesqueléticas
Lesões na coluna em membros superiores

Lesões musculoesqueléticas Lesões no tórax Lesões musculoesqueléticas


em atividades físicas e abdômen em membros inferiores

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conceituar o que são as lesões musculoesqueléticas. • Descrever as lesões musculoesqueléticas em membros


• Descrever as lesões na coluna e os procedimentos iniciais superiores e os procedimentos de primeiros socorros.
do atendimento. • Identificar as lesões musculoesqueléticas em membros
• Identificar as lesões no tórax e abdômen e apresentar os inferiores e as condutas de primeiros socorros.
primeiros socorros.
Lesões Musculoesqueléticas
em Atividades Físicas

Bem-vindo(a) à última unidade da nossa discipli-


na. Aqui, abordaremos as lesões musculoesquelé-
ticas em atividades físicas e os procedimentos nas
principais situações.
As lesões estão, principalmente, relacionadas
ao excesso de esforço (acima do limite do corpo)
e tempo de repouso inadequado. Os indivíduos
que realizam exercícios sem preparação correta,
específica e/ou sem orientação de um profissional
são os que podem apresentar maior incidência
de lesões. Estes casos estão associados à dor, ao
desconforto no membro ou local acometido, à dis-
função de movimento e incapacidade de realizar
os exercícios. Podem ocorrer em todos os prati-
cantes de atividades físicas, atletas profissionais
ou amadores, e em qualquer faixa etária.
Neste contexto, os primeiros socorros nas le-
sões são imprescindíveis para que o indivíduo
retorne às suas atividades cotidianas, o mais breve
possível e para que não perca a força muscular e a
capacidade física em decorrência do tempo pro-
longado de afastamento. Desta forma, os atendi-
mentos iniciais podem minimizar as consequên-
cias das lesões, mas o tempo de reabilitação até o
retorno de sua rotina deve sempre ser respeitado.
Os tipos de lesões que serão descritas nesta Na distensão, podemos classificar as lesões con-
unidade envolvem as contusões, estiramentos forme o grau de ruptura (Figura 1). A distensão de
musculares, entorses, fraturas, entre outras. Essas primeiro grau causa lesão de algumas fibras muscu-
lesões acometem músculos, tendões, ligamentos, lares, a vítima apresenta sensibilidade e dor durante
ossos e articulações. Os tópicos estão divididos movimentos ativos. Na distensão de segundo grau,
em acometimentos que envolvem a coluna, tórax é detectado rompimento de várias fibras muscula-
e abdômen. Além destes, serão descritos os casos res, a contração ativa do músculo é extremamente
que comprometem o quadril, os membros supe- dolorosa, pode ser observada depressão ou volume
riores e inferiores. de dilatação no local da lesão, edema e diminuição
As modalidades esportivas têm suas próprias da amplitude de movimento. A distensão de ter-
características quanto à duração, gestos esportivos ceiro grau causa ruptura completa, perda total de
e exigências físicas. Os praticantes dessas ativida- movimento e a dor é intensa (PRENTICE, 2011).
des podem apresentar modificações negativas,
como as lesões. Elas são caracterizadas por um
dano devido a traumatismo físico que acome-
te os tecidos do corpo (DARIO; BARQUILHA;
MARQUES, 2010).
Podemos destacar como as principais lesões
esportivas:
• Distensão: rompimento de fibras muscu-
lares, devido a um movimento além da
capacidade elástica do músculo. Distenção de grau I
• Contusão trauma direto aos tecidos moles, Músculo ou tendão
levemente estirado
sem ruptura da pele, com infiltração de
sangue nos tecidos circundantes, levando
à equimose (sangramento no tecido sub-
cutâneo).
• Tendinite: inflamação ou degeneração dos
tendões em decorrência do uso excessivo.
• Entorse: a principal característica é a lesão
dos ligamentos, sem deslocamento das su-
perfícies articulares.
• Luxação: caracterizada pela separação das
extremidades ósseas da articulação (AR-
Distenção de grau II Distenção de grau III
BEX; MASSOLA, 2007). Músculo ou tendão estirado Músculo ou tendão
e parcialmente rompido totalmente estirado
• Fratura: definida pela perda da continui-
dade de um osso e pode gerar fragmentos Figura 1 - Classificação das distensões
ósseos. Fonte: Flegel (2015, p. 38).

UNIDADE 5 125
Dentre as lesões em atividades físicas, causadas
por movimentos repetitivos, a tendinite (Figura
2) é uma das mais comuns. Essa situação ocorre,
devido à irritação e inflamação do tendão, du-
rante a atividade muscular (contração muscular).
A tendinite causa dor durante a movimentação,
edema, elevação de temperatura local e crepitação
(estalido). É observada aderência, principalmente,
devido à presença de substâncias químicas da in-
flamação no tendão irritado (PRENTICE, 2011).
As contusões causam comprometimento dos
tecidos e dos capilares, provocando dor e edema.
As contusões profundas podem atingir músculos
e ossos, promovendo perda de função. A equimose
é observada por uma coloração púrpuro-azulada
da pele (Figura 3) e persiste por vários dias. Ge-
ralmente, a dor diminui em alguns dias, e a colo-
ração incomum desaparece em algumas semanas
(FLEGEL, 2015). Figura 2 - Tendinite no bíceps braquial

Figura 3 - Exemplo de contusão

126 Lesões Musculoesqueléticas


Uma das lesões mais comuns dos ligamentos
é a entorse (Figura 4), na qual o trauma brusco,
geralmente, promove o estiramento dos ligamen- Fíbula
Tíbia
tos da articulação ou dos ligamentos próximos
Complexo Ligamentar
da articulação. O estiramento dos músculos e Ligamento
Tíbiofibular
Medial

tendões podem estar associados a essa lesão. A Anterior

vítima pode apresentar dor intensa, edema e he- Ligamento


Fibulocalcâneo
matoma no local. Ressalta-se que é difícil diferen- (Lesionado)

ciar a entorse de uma fratura, diante disto, você


deve evitar a movimentação da região lesionada
Ligamento Talofibular
(MORAES, 2010). Anterior
(Lesionado)
Quando as articulações são atingidas ou tor-
Figura 4 - Entorse de tornozelo
cidas, os ossos saem da posição normal, cau- Fonte: IOT Blumenau (2018, on-line)1.
sando a luxação (Figura 5). Esse deslocamento
entre os ossos permanece até que eles sejam
Tendão do
reposicionados por um médico. A luxação tam- quadríceps

bém causa lesão nos tecidos moles adjacentes


da articulação.
Patela
De maneira geral, para todos os casos, é indi- Ligamento
colateral medial
cado repouso, aplicar bolsa de gelo ou compressa Ligamento
fria, pois isso reduz o edema e a dor. A imobili- colateral lateral

zação também auxiliará na diminuição da dor e Ligamento


patelar

pode ajudar a prevenir futura lesão dos músculos, Tíbia


nervos, vasos sanguíneos e da pele.
Posição normal Patela
As fraturas nem sempre são causadas por trau- da patela deslocada

ma violento, um simples escorregão ou tropeço


Figura 5 - Luxação da patela
pode ser suficiente. Grande parte das fraturas
afeta os membros superiores (clavícula, punho, Segundo Moraes (2010), os procedimentos nos
antebraço e cotovelo). O sintoma mais típico é a casos de fraturas são:
dor iminente causada pelo trauma, a qual piora • Tranquilizar o indivíduo.
com o movimento ou compressão da região le- • Verificar os sinais vitais e perfusão peri-
sionada (SBOP, 2018, on-line)2. A vítima também férica.
pode apresentar hematoma, edema, crepitação, • Realizar imobilização acima e abaixo do
deformidade no local e disfunção. local da fratura (duas articulações).
As fraturas podem ser classificadas em: fe- • Realizar o enfaixamento, iniciando sempre
chada, quando não há comprometimento da de distal para o proximal.
pele; aberta ou exposta, na qual a pele sofre • Se houver hemorragias, deve estancar.
rompimento; patológica, quando há problemas • Você não deve comprimir os ossos expos-
prévios, como doenças; e por estresse, na qual tos, ou tentar recolocá-los no lugar.
os ossos são submetidos a impactos repetitivos, • É necessário encaminhar a vítima para
causando a lesão. atendimento hospitalar.

UNIDADE 5 127
Lesões
na Coluna

Os traumas diretos na coluna e os movimentos


repetitivos, em decorrência de flexão, extensão,
cisalhamento, torção, compressão ou alongamen-
to forçado, podem causar diversas lesões. Entre
estas, as distensões, contusões e entorses são as
mais comuns; já as fraturas e discopatias, que são
mais severas, ocorrem com menor frequência
(FLEGEL, 2015).
As lesões na região do pescoço podem ser
graves, particularmente nos casos de fraturas
das vértebras. No entanto, as lesões mais comuns
neste local são menos graves, como as distensões
musculares, que comprometem os músculos ou
tendões. Os indivíduos podem apresentar: cefa-
leia (dor na cabeça), cervicalgia (dor pescoço),
dor no ombro, estalo no pescoço e diminuição de
força e mobilidade. O procedimento indicado é
orientar o indivíduo para evitar a movimentação
e procurar atendimento médico, nos casos graves,
deve chamar o atendimento móvel de emergência
(WALKER, 2010).

128 Lesões Musculoesqueléticas


Entre os acometimentos da coluna, podemos
citar também a hérnia de disco, que é conside-
rada uma protrusão (deslocamento) do núcleo
discal para além dos seus limites normais. Pode
comprimir as raízes nervosas, causando sinto-
mas sensitivo-motores, devido à associação de
alterações degenerativas e fatores biomecânicos.
Essas lesões podem causar dor e dificuldade
de movimentação, parestesia, fraqueza, disfunção
motora e sensorial. Nestes casos, deve-se inter- Fratura interarticular
romper a atividade que está causando estresse
à coluna, recomendar repouso e encaminhar
para o atendimento de profissionais especialistas
(WALKER, 2010).
Os distúrbios da região lombar são os mais
comuns entre as alterações que afetam a coluna.
Dependendo do tipo da modalidade, a preva-
lência de dor lombar pode chegar a 86% (LIMA
et al., 2014).
Além das lesões citadas anteriormente, um
indivíduo pode apresentar espondilólise e/ou Espondilólise Espondilotitese
espondilolistese (Figura 6).
Na espondilólise, há uma fratura com descon-
tinuidade óssea do segmento intervertebral, na
região da lâmina (entre os processos articulares
superiores e inferiores). A progressão desta si-
tuação pode ocasionar espondilolistese, que é
caracterizada pelo deslizamento de uma vértebra
sobre outra subjacente, na qual há subluxação.
Disco normal
Ocorre, principalmente, na coluna lombar, entre
os níveis L5-S1, sobretudo, em crianças e adoles-
centes (JASSI et al., 2010).
Nestes casos, podem ser observadas com-
plicações neurológicas importantes e dores na
região lombar, que pioram durante a corrida ou
quedas e melhoram com o repouso e a flexão
do tronco. Desta forma, é importante evitar as
Hérnia de disco Estenose espinhal
atividades que causam impacto na coluna e de-
sencadeiam a dor e desconforto. Figura 6 - Espondilólise e espondilolistese

UNIDADE 5 129
130 Lesões Musculoesqueléticas
Lesões no Tórax
e Abdômen

Os traumatismos torácicos podem ser graves e


levar a vítima a óbito, portanto, faz-se necessário
que sejam realizadas as condutas no atendimento
pré-hospitalar. Os traumas podem ser fechados ou
abertos e podem ocorrer em esportes de contato, e
as principais causas são a colisão entre jogadores,
golpes e quedas. A vítima pode apresentar dor e
sensibilidade sobre o local, dificuldade para respi-
rar, movimento irregular do tórax e edema. Caso
haja suspeita de fratura nas costelas, a vítima deve
receber atendimento médico. Pode-se utilizar gelo
sobre o local para aliviar a dor e realizar enfaixa-
mento compressivo (WALKER, 2010).
Quanto às lesões abdominais, podem compro-
meter o peritônio e os órgãos internos, causando
sangramentos, também podem levar à morte, de-
vido às hemorragias e ao choque hipovolêmico.
Nestes casos, é importante verificar a presença de
hematomas, se há distensão abdominal, se a víti-
ma apresenta pulso, sudorese fria, palidez, cianose
de extremidades e hipotensão (MORAES, 2010).
É preciso monitorar os sinais vitais e, se necessá-
rio, acionar o serviço médico e iniciar o SBV. Se a
vítima apresentar sinais vitais normais e sintomas
leves, encaminhe para atendimento hospitalar.

UNIDADE 5 131
Lesões Musculoesqueléticas
em Membros Superiores

As luxações podem acometer diversas articula-


ções e, conforme citado anteriormente, são carac-
terizadas pela separação das extremidades ósseas
que formam uma articulação. Na luxação de om-
bro, há incapacidade de manter a cabeça umeral
no centro da glenoide (Figura 7) (CARTUCHO,
2015). Entre os diferentes tipos de instabilidade
dessa articulação, a anterior de causa traumática
é o tipo mais comum.
A luxação do ombro, muitas vezes, resulta
em lesão dos nervos, vasos sanguíneos e múscu-
los do manguito rotador. Entre os mecanismos
mais comuns, podemos citar as quedas com
as mãos espalmadas, os golpes contra a parte
anterior do braço com o membro estendido e
rotação externa. Essas lesões causam dor inten-
sa, principalmente quando a musculatura de
suporte apresenta espasmo (DUTTON, 2010).

132 Lesões Musculoesqueléticas


Pode haver impossibilidade de realizar o mo-
vimento na articulação e ser observada defor-
midade acentuada no local da lesão.
De acordo com Moraes (2010), os seguintes
procedimentos são indicados:
• Deixar a vítima tranquila.
• Verificar os sinais vitais e a perfusão pe-
Anatomia Deslocamento Deslocamento
normal anterior posterior riférica.
Figura 7 - Luxação no ombro
• Imobilizar a articulação acima e abaixo da
fratura (duas articulações).
• Iniciar o enfaixamento sempre de distal
para proximal, sem comprimir ossos ex-
postos ou tentar recolocá-los no lugar.
• Aquecer a vítima com manta ou outros
tecidos disponíveis.
• Se houver fraturas externas, estancar as
hemorragias.
• Encaminhar a vítima para o hospital.

As luxações e fraturas nos ombros, clavícula e es-


cápula devem ser imobilizadas com tipoia (Figura
Figura 8 - Tipoia tipo ombreira 8) ou bandagem triangular (Figura 9).

Figura 9 - Bandagem triangular


Fonte: Escoteiros do Brasil ([2018], on-line)3.

UNIDADE 5 133
Síndrome do Impacto pulso e intensas extensões do cotovelo ou supina-
ção do antebraço. Como sintomas, podemos citar
Qualquer alteração que acomete a estrutura e fun- dor insidiosa ou repentina e/ou sensibilidade no
ção do ombro torna esta articulação alvo de diver- epicôndilo lateral, que se irradia para os músculos
sas afecções; entre estas, a síndrome do impacto extensores, e fica mais acentuada durante os movi-
(SI) é considerada uma das mais comuns. Essa mentos do cotovelo (SBR, 2011, on-line)4.
lesão promove uma síndrome dolorosa do om- Os indivíduos devem receber orientações para
bro, geralmente, associada a microtraumatismos, fazer repouso, evitar os movimentos repetitivos,
degeneração, diminuição de força muscular e ten- tanto nas práticas esportivas como nas atividades
dinite do manguito rotador (METZKER, 2010). laborais e podem fazer uso de bolsas e compressas
A SI é de caráter crônico, e o sintoma de dor é de gelo.
desencadeado pela compressão do manguito ro-
tador no arco coracoacromial. Há bursite crônica
e lesão parcial ou completa do tendão supraespi- Epicondilite Medial
nhal (SBOT, 2011).
As recomendações para indivíduos que apre- Entre as lesões na região do cotovelo, a epicon-
sentam SI são: repouso para alívio dos sintomas, dilite medial ou “cotovelo de golfista” é uma das
modificação das atividades físicas e procurar aten- mais comuns. A epicondilite medial acomete os
dimento médico especializado. tendões flexores do antebraço (Figura 11).
Os golfistas podem ser vítimas dessa lesão,
porém diversas atividades que exigem o uso
Epicondilite Lateral excessivo dos músculos e tendões do antebraço
podem causar esse tipo de epicondilite, como os
A epicondilite lateral, também denominada movimentos de arremesso.
“cotovelo do tenista”, é uma lesão degenerativa Os sintomas da lesão são associados à degene-
que ocorre nos tendões extensores na região do ração do tendão, devido aos microtraumas repeti-
epicôndilo lateral (Figura 10). Na epicondilite, tivos, apoptose celular e morte celular. Também é
é observada tendinose, resposta fibroblástica e caracterizada pela proliferação de fibroblastos, pre-
vascular, as quais caracterizam a degeneração. sença de colágeno desorganizado e vascularização
Além da associação com a prática do tênis, pode pouco funcional (TOSTI; JENNINGS; SEWARDS,
ocorrer em outras situações. Essa lesão inicia com 2013; GOSENS et al., 2011). A dor e sensibilidade
microlesões na origem do músculo extensor do na região interna do cotovelo podem aparecer de
antebraço, sendo que o comprometimento do ten- forma súbita ou gradualmente. O indivíduo pode
dão extensor radial curto do carpo é mais comum apresentar fraqueza nas mãos e pulsos, rigidez ar-
(COHEN; MOTTA FILHO, 2012). ticular e parestesia até a região dos dedos.
Apesar de ser chamada de epicondilite, essa de- As recomendações para os casos de epicondi-
nominação não reflete a realidade fisiopatológica lite medial são as mesmas que para a lesão medial,
dessa lesão, pois não foram encontradas evidências ou seja, evitar as atividades que causam estresse
de processo inflamatório. As atividades que podem repetitivo ao cotovelo e utilizar compressas de
causar a epicondilite lateral são as que exigem im- gelo (WALKER, 2010).

134 Lesões Musculoesqueléticas


Figura 10 - Epicondilite lateral

Figura 11 - Epicondilite medial

UNIDADE 5 135
Lesões Musculoesqueléticas
em Membros Inferiores

Síndrome do Trato Iliotibial

As lesões devido à sobrecarga na articulação do


quadril costumam ocorrer em praticantes de
esporte. Dentre essas lesões, pode-se destacar a
Síndrome do trato iliotibial (STI).
A característica mais frequente é a fricção da
banda iliotibial na sua inserção distal, que desenca-
deia um quadro de dor na região lateral do joelho
(Figura 12) relacionada ao atrito desta banda no
côndilo lateral do fêmur. Esse tipo de lesão é pre-
valente em ciclistas, corredores de longa distância
e jogadores de futebol (FALOTICO et al., 2013).
Os indivíduos relatam dor a 2 ou 3 cm aci-
ma da linha articular, os sintomas se manifestam
durante a corrida, pioram progressivamente e
limitam a distância ou a velocidade. As subidas
ou descidas também provocam dor, no entanto,
depois de alguns minutos em repouso, desaparece,
espontaneamente. Se o atleta insistir em realizar
as atividades de corrida, a dor pode agravar o
processo inflamatório e desencadear irradiação
para região acima ou abaixo do joelho, edema e
crepitação (SBRATE, 2018, on-line)5.

136 Lesões Musculoesqueléticas


Nestes casos, são indicados
repouso relativo ou até os sin-
tomas diminuírem, controle da
dor utilizando gelo, exercícios de
alongamento e correção dos mo-
vimentos. Caso os sintomas não
desapareçam, deve-se procurar
Banda Iliotibial
atendimento especializado.

Pubalgia

A pubalgia acomete a região


da sínfise púbica e os múscu-
los adjacentes (Figura 13). É
caracterizada por uma lesão Patela
traumática ou crônica, devido
ao desequilíbrio muscular, es-
tresse repetitivo ou lesão não Área de
tratada dos ossos ou da mus- distribuição
culatura dessa área. As vítimas da dor
apresentam inflamação local e Figura 12 - Síndrome do trato iliotibial
Fonte: Helen e Monique (2016, on-line)6.
dor na inserção dos adutores ou
abdome inferior, que aumenta
durante as corridas, ao realizar
chutes ou mudanças rápidas de
direção (WALKER, 2010). Pra-
ticantes de outras modalidades
que envolvem chutes, corridas
ou rápidos movimentos laterais
estão mais propensos a esse tipo
acometimento.
A pubalgia pode estar associa-
da a outras alterações, como her-
niação, entesopatias, lesões mus-
culares (abdominal ou adutor) e
doenças da articulação do quadril.
Pode causar diminuição da ampli-
tude de movimento, força mus-
cular e agilidade (JUNQUEIRA; Figura 13 - Pubalgia, local da dor
CASTRO; MARTINELLI, 2017). Fonte: Fisioterapia.com (2018, on-line)7.

UNIDADE 5 137
Síndrome Femoropatelar

A síndrome femoropatelar é caracterizada por Segundo Walker (2010), indivíduos que apre-
dor difusa retro ou peripatelar, tipicamente sentam aumento do ângulo Q, fraqueza ou en-
agravada pelas subidas e descidas de escadas, curtamento do quadríceps e luxações crônicas
ao realizar agachamentos, ou permanecer du- da patela, que realizam movimentos incorretos na
rante muito tempo na posição sentada. Alguns corrida, utilizam calçados inadequados e praticam
fatores podem predispor essa lesão, como as al- esportes que exigem saltos podem apresentar esse
terações/anomalias ósseas; desalinhamento do tipo de lesão.
membro inferior e os desequilíbrios dos múscu- Para esses casos, é indicada a utilização de gelo
los, tendões e dos tecidos moles periarticulares sobre o local, repouso ou diminuição da intensi-
(ROQUE et al., 2012). dade e duração dos movimentos.

Figura 14 - Patela normal, com inflamação e degeneração.

138 Lesões Musculoesqueléticas


Lesão de Ligamento Cruzado
Anterior

O ligamento cruzado anterior (LCA) é o estabi-


lizador estático da articulação do joelho contra a
translação anterior da tíbia com relação ao fêmur.
Ocorrem lesões no LCA, geralmente, em ativida-
des que exigem diversas mudanças de direção e
impacto. As movimentações rápidas e mudanças
abruptas, frequentemente, causam ruptura do
LCA (Figura 15), sendo que o mecanismo mais
comum é a rotação do joelho com o pé fixo em
contato com o solo. Os sintomas são caracteriza-
dos por dor aguda, imediatamente ao trauma, as- Figura 15 - Lesão de ligamento cruzado anterior
sociada ao edema e instabilidade no joelho. Com Fonte: OrthoInfo (2015, on-line)8.
frequência, nesses casos, o menisco e outros liga-
mentos também sofrem lesão (WALKER, 2010).
Sendo assim, deve-se realizar imobilização, ele- Lesão do ligamento
vação do membro e compressas com gelo para cruzado posterior (LCP)
diminuir a dor e o edema; além disso, deve-se
encaminhar o indivíduo imediatamente para
atendimento médico.

Lesão de Ligamento Cruzado


Posterior

O ligamento cruzado posterior (LCP) resiste à


rotação interna da tíbia, limita a hiperextensão
do joelho, o deslocamento anterior do fêmur e
a translação posterior da tíbia na ausência dessa
sustentação. As causas de lesão do LCP (Figura 16) Figura 16 - Lesão de ligamento cruzado posterior
são os traumatismos decorrentes de alta energia. Fonte: MeuJoelho (2018, on-line)9.

UNIDADE 5 139
Fascite Plantar Transporte das Vítimas

A fascite plantar é caracterizada pela irritação e in- As vítimas em situação de emergência, geralmen-
flamação da fáscia plantar em decorrência de es- te, são transportadas pela equipe dos serviços
tresse excessivo nessa região. A fáscia se estende da médicos de urgência. No entanto, se houver ne-
base do calcâneo até a planta do pé. A inflamação cessidade de você responsabilizar-se pelo trans-
dá-se, principalmente, por conta do estiramento porte, verifique cada situação. A movimentação
excessivo da fáscia plantar (Figura 17). da vítima está indicada apenas se houver perigo
Como causas deste tipo de lesão, podemos ci- imediato, como nos casos de incêndio, choque
tar: o encurtamento dos músculos do tríceps sural, elétrico, acidentes no trânsito e situações nas quais
o impacto sobre a região, a utilização de calçados não podem ser realizados os primeiros socorros,
impróprios para a prática esportiva, as alterações no devido à localização ou posição da vítima. Con-
arco plantar, o uso excessivo e a hiperpronação. Os tudo, nos casos em que o indivíduo não apresenta
indivíduos apresentam dor na região do calcâneo, risco de morte, o transporte pode ser realizado
que fica acentuada após a realização de um exer- tomando cuidado para não movimentar o local
cício ou ao levantar-se após repouso prolongado da lesão para evitar maior comprometimento e
(WALKER, 2010). dor. Nas figuras a seguir, pode ser observado o
Os procedimentos indicados são: arrastamento pelo lençol ou cobertor, transporte
• Fazer repouso e evitar atividades que desen- na maca, rolamento em bloco e transporte por 3
cadeiam a dor. pessoas, auxílio com 1 pessoa, carregamento no
• Utilizar calçados adequados, com amorte- colo, carregamento em cadeira, carregamento tipo
cimento. mochila e carregamento tipo cadeira.
• Evitar andar sem calçados em superfícies
rígidas.
• Utilizar compressas de gelo.
• Se persistirem os sintomas, encaminhar para
atendimento especializado.

Um transporte das vítimas mal realizado, sem


a técnica correta, pode provocar mais danos à
integridade física do indivíduo. Por isso, é fun-
Plantar fáscia damental que você verifique as condições espe-
cíficas para cada situação.

Plantar fasciitis

Figura 17 - Lesão de ligamento cruzado posterior


Fonte: ORTOPediaBR (2017, on-line)10.

140 Lesões Musculoesqueléticas


Figura 18 - Arrastamento pelo lençol ou cobertor Figura 19 - Transporte na maca
Fonte: UFRRJ ([2018], on-line)11. Fonte: UFRRJ ([2018], on-line)11.

Figura 20 - Transporte por 1, 2 ou 3 pessoas


Fonte: UFRRJ ([2018], on-line)11.

UNIDADE 5 141
Caro(a) aluno(a), as lesões são acometimentos realizar orientações pertinentes à sua queixa e
indesejáveis e desagradáveis na vida dos indiví- prestar os primeiros socorros.
duos; tanto durante a prática de atividades físicas Infelizmente, os que se esforçam acima do limi-
quanto em atividades cotidianas. Conforme ve- te do corpo e não se preocupam com a preparação
rificamos ao longo deste material, essas situações correta e específica, fatalmente, serão vítimas de
podem ser evitadas e prevenidas. lesões. É comum atletas e não atletas vivenciarem
As lesões na coluna podem ser evitadas se con- as lesões, portanto, é necessário levar em conside-
seguirmos prevenir os traumas e os movimentos ração diversos critérios, como a capacidade física,
repetitivos, como a flexão, extensão, torção ou as habilidade e idade para prevenir as lesões.
distensões. No entanto, diante de lesões, é extremamen-
Além disso, qualquer alteração que acome- te relevante utilizar procedimentos e procurar
te a estrutura e função das articulações torna auxílio de outros profissionais da saúde com o
o local alvo de novas lesões musculoesquelé- objetivo de diminuir ou eliminar a dor, restabe-
ticas, seja nos membros superiores seja infe- lecer a mobilidade e a estabilidade, aumentar a
riores. Casos mal tratados ou negligenciados capacidade cardiorrespiratória, a flexibilidade e
promovem microtraumatismos, degeneração a força muscular, por fim, planejar o retorno das
e diminuição de força muscular. Desta forma, atividades cotidianas.
sempre fique atento(a) quando um paciente Lembre de manter-se sempre atualizado sobre
relatar dor, dificuldade de movimentação, fra- estes temas. Aproveite as atividades a seguir para
queza ou parestesia. Nestes casos, é importante testar seus conhecimentos. Até breve!

142 Lesões Musculoesqueléticas


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Algumas lesões são comuns e características das atividades e fundamentos do


vôlei, por exemplo. Entre elas, destaca-se a Síndrome do Impacto. Verifique as
asserções seguintes:

I. Essa lesão pode promover várias alterações no ombro, que se manifestam


por inflamação, crepitação, limitação funcional, dor e sensibilidade nos mo-
vimentos de elevação e rotação.

II. A etiologia da síndrome do impacto é, em geral, multifocal, e o tendão do


radial anterior é a estrutura com maior chance de ser acometida.

III. Essa afecção compromete os músculos do manguito rotador.

IV. Essa afecção possui como causa a excessiva frequência de elevações dos
membros superiores somada ao componente de força, como nos saques
e cortadas.

É correto o que se afirma em:


a) I, III e IV, apenas.
b) I, II e IV, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) I e IV, apenas.
e) II, apenas.

143
2. Na avaliação da lesão, pode-se constatar a natureza do evento e classificá-la em
traumática ou clínica. Avalie as questões a seguir:

I. As fraturas e luxações são exemplos de eventos clínicos.

II. É considerada traumática se a lesão for devido a uma colisão.

III. É considerada clínica se a lesão for em decorrência de uma doença crônica.

IV. A osteoporose é uma exemplo de evento traumático.

É correto o que se afirma em:


a) III, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II apenas.
e) IV, apenas.

3. Entre atletas olímpicos, encontraram-se a maioria de ginastas com alterações


constatáveis ao exame de ressonância magnética, comprovando-se que, quanto
mais longo e exaustivo o treinamento, maior será a sobrecarga na coluna verte-
bral que resultará em lesão neste segmento. A hiperextensão, o uso excessivo,
o impacto contra o solo na saída dos aparelhos ou o mecanismo de torções,
durante os exercícios, tais como os movimentos em parafuso, podem causar
espondilólise e espondilolistese. Os sinais e sintomas são: dor, espasmos, en-
curtamento muscular e alterações posturais. Conforme a figura a seguir, avalie
as asserções e assinale a correta.

144
a) Na primeira imagem, está destacada a espondilólise, e, na segunda, a espon-
dilolistese.
b) Na primeira imagem, está destacada a espondilólise, e, na segunda, a hérnia
de disco.
c) Na primeira imagem, está destacada a hérnia de disco, e, na segunda, a es-
pondilolistese.
d) Na primeira imagem, está destacada a espondilólise, e, na segunda, o osteófito.
e) Na primeira imagem, está destacada a espondilolistese, e, na segunda, a es-
pondilólise.

4. A pubalgia se caracteriza pela presença de dor, na região baixa do abdômen e na


virilha. A região do púbis é considerada o centro de gravidade do corpo. Nesta
região, ocorre a inserção e consequente tração de diversas forças musculares.
Sobre essa lesão, podemos dizer que a pubalgia ocorre devido ao desequilíbrio
muscular. Quando um dos grupos musculares se sobrepõe de forma exagerada
sobre o outro, em geral, os músculos:
a) Abdominais levam a vantagem sobre os adutores.
b) Adutores levam a vantagem sobre os abdominais.
c) Extensores do quadril levam a vantagem sobre os abdominais.
d) Extensores do quadril levam a vantagem sobre adutores.
e) Flexores do quadril levam a vantagem sobre os abdutores.

145
WEB

Nesta revisão sistemática sobre a prevalência de lesões em corredores de rua


e fatores associados, são descritos os tipos de lesões e as regiões mais acome-
tidas. Leia este artigo na íntegra.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

146
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149
1. A.

2. C.

3. C.

4. E.

5. B.

150
151
CONCLUSÃO

Caro(a) aluno(a), neste livro, aprendemos um pouco mais sobre acidentes


que, em geral, podem acontecer no seu local de trabalho. Todos estão sujeitos
a sofrer algum tipo de acidente; então, é importante que saiba como prevenir
esses acontecimentos. Fique atento ao seu ambiente de trabalho, procure por
fatores que podem favorecer uma situação de urgência e emergência e corri-
ja-os. Lembre-se que oferecer um ambiente adequado para a prática de suas
atividades e o acolhimento de seus pacientes também é sua responsabilidade.
Além disso, é importante que você conheça seu paciente; as condições de saú-
de-doença do indivíduo refletem diretamente na possibilidade da ocorrência
de eventos adversos. Muitas situações podem ser evitadas pelo simples fato
de tomarmos consciência da história clínica do paciente , portanto, verifique
se as condições de saúde da pessoa são compatíveis com o plano terapêutico
que você está propondo.
De fato, muitas das situações citadas ao longo deste livro podem ser evitáveis,
por outro lado, algumas surgem inesperadamente e você precisa estar pre-
parado. Saiba reconhecer os sinais e sintomas de cada situação de urgência
e emergência e, sobretudo, saiba atuar diante desses acontecimentos. Lem-
bre-se que o Código Penal Brasileiro trata como crime os casos de omissão
de socorro.
Não esqueça que você é o(a) profissional que tem contato mais próximo com
o paciente. Desta maneira, a assistência imediata prestada por você aos indiví-
duos vítimas de acidentes pode evitar e/ou minimizar futuras complicações,
favorecendo o prognóstico do indivíduo, seja na sobrevida ou na redução de
sequelas e complicações.

152 Lesões Musculoesqueléticas


Técnicas e
Procedimentos
de Primeiros
Socorros
Dra. Sabrina Weiss Sties
Me. Xana Raquel Ortolan
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente
Distância; STIES, Sabrina Weiss; ORTOLAN, Xana Raquel. da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Técnicas e Procedimentos de Primeiros Socorros. Sabrina
Weiss Sties; Xana Raquel Ortolan. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Maringá-PR.: Unicesumar, 2019.
152 p. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
“Graduação - EAD”. Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Graduação
e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de
1. Técnicas. 2. Procedimentos. 3. Primeiros Socorros. 4. EaD. Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de
I. Título.
Design Educacional Débora Leite, Head de
ISBN 978-85-459-1833-2 Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza
CDD - 22 ed. 610 Filho, Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros,
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Fukushima, Gerência de Projetos Especiais Daniel
Impresso por: F. Hey, Gerência de Produção de Conteúdos Diogo
Ribeiro Garcia, Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira, Supervisão do
Núcleo de Produção de Materiais Nádila de
Almeida Toledo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães Cripaldi, Fotos Shutterstock.

Coordenador de Conteúdo Lilian Rosana dos


Santos Moraes.
Designer Educacional Janaína de Souza Pontes,
NEAD - Núcleo de Educação a Distância Lilian Vespa.
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Revisão Textual Érica Fernanda Ortega, Cintia
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná Prezoto Ferreira.
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Editoração Victor Augusto Thomazini.
Ilustração Bruno Pardinho, Marcelo Yukio Goto,
Marta Sayuri Kakitani, Mateus Calmon.
Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro
Naldei e Thiago Surmani.
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Bem-estar, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-


munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa-
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren-
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Este material que o(a) acompanha-


rá na disciplina de Técnicas e Procedimentos de Primeiros Socorros foi
elaborado com muito cuidado para que possa servir de base para os seus
conhecimentos na área.
Ao longo dos anos, avanços relevantes na área dos primeiros socorros
levaram ao reconhecimento da importância do atendimento imediato às
vítimas que apresentam condições de agravo à saúde, que podem causar
risco de morte. Diante desse cenário, diversos protocolos foram desenvol-
vidos como referência para a condução destes procedimentos iniciais, os
quais são apresentados ao longo desta obra.
Desta maneira, este livro tem como principal escopo informar e orientar
você, acadêmico(a), sobre as condutas que devem ser seguidas diante de
situações de urgência e emergência. Para tanto, serão apresentadas, durante
as unidades deste material, situações que podem ocorrer no seu dia a dia
e durante a sua atuação profissional, assim como as condutas para o aten-
dimento de primeiros socorros.
Você irá conhecer um grupo de situações clínicas importantes, abrangendo os
tipos mais frequentes na prática do profissional da área da saúde, os quais te
auxiliarão a prestar atendimento dentro e fora do seu ambiente de trabalho.
A primeira unidade aborda temas que servem de base para o desenvolvi-
mento da disciplina, como a relevância da sua relação com o seu paciente.
Destacamos os aspectos legais relacionados aos atendimentos de primeiros
socorros. Faremos uma reflexão sobre o preparo do profissional frente aos
quadros de urgência e/ou emergência e sobre as formas de prevenir essas
situações. No último tópico, iremos tratar dos procedimentos gerais para a
avaliação da vítima.
Após você obter os conhecimentos sobre estes aspectos gerais do atendi-
mento, na Unidade 2, vamos estudar os eventos cardiovasculares e respi-
ratórios que podem levar à síncope (desmaio), ao aumento ou diminuição
da pressão arterial e situações que podem causar uma parada cardíaca e/
ou respiratória.
Em seguida, na Unidade 3, serão abordados os eventos metabólicos, como as
alterações nos níveis de glicemia e situações que podem acometer o sistema
neurológico, como convulsões, acidente vascular encefálico, traumatismo
cranioencefálico e raquimedular.
Na Unidade 4, vamos verificar as características dos acidentes por enve-
nenamento e intoxicação e enfatizar as lesões que causam hemorragia e
queimaduras.
E, para finalizar, na Unidade 5, você irá conhecer as lesões musculoesque-
léticas, que são peculiares à prática esportiva, as quais serão divididas em
lesões do tórax, abdômen, coluna, membros superiores e inferiores.
Um grande abraço e bons estudos!
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Dra. Sabrina Weiss Sties


Doutorado (2016) e Mestrado (2013) em Ciências do Movimento Humano pela Universidade
Estadual de Santa Catarina. Especialização em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela Univer-
sidade Tuiuti do Paraná (2008), Licenciatura em Ciências Biológicas pela Faculdade Avantis
(2017). Possui Graduação em Fisioterapia pela Universidade do Vale do Itajaí (2007). Membro
da Brigada de incêndio, da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA – e do Comitê
de Biossegurança da Faculdade Avantis. Participa de treinamentos e eventos científicos rela-
cionados à atuação em situações de urgência e emergência. Profere palestras para Capacita-
ção em urgências e emergências, com ênfase em ressuscitação cardiopulmonar. Participa de
ações de extensão e do grupo de pesquisa do Núcleo de Cardiologia e Medicina do Exercício,
Florianópolis. Atua na área de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica (RCPM). Docente do
Curso de Educação Física Bacharelado e Licenciatura, do Curso de Fisioterapia, do Curso de
Odontologia e do curso de Pós-graduação-Especialização em Fisiologia do exercício e Coor-
denadora do Curso de Fisioterapia da Faculdade Avantis. Atua há cinco anos como docente
das disciplinas de urgência e emergência para diversos cursos da área da saúde.
Currículo Lattes da professora disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/
visualizacv.do?id=K4526754U4>

Me. Xana Raquel Ortolan


Mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade do Vale do Itajaí (2013). Licenciatura
em Ciências Biológicas pela Faculdade Avantis (2017). Possui Graduação em Enfermagem
pela Universidade do Vale do Itajaí (2010). Atuou como enfermeira assistencial na atenção
terciária, participando de equipes multidisciplinares da área da saúde. Além disso, participa
de pesquisas nas áreas de Biologia e Comportamento e Histologia. Atualmente, preside o
Comitê de Ética e o Comitê de Biossegurança da Faculdade Avantis, além de ser membro da
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Docente dos cursos de graduação de
Fisioterapia, Enfermagem e Odontologia da Faculdade Avantis e Coordenadora do Curso de
Enfermagem da Faculdade Avantis. Atualmente leciona disciplinas relacionadas a Biossegu-
rança, Ergonomia, Saúde do Trabalhador e Primeiros Socorros.
Currículo Lattes do professor disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/
visualizacv.do?id=K4481681Z8>
Aspectos Gerais
do Atendimento
à Urgência e
Emergência

13

Urgências e
Emergências
Cardiovasculares
e Respiratórias

41
Urgências e
Emergências
Metabólicas
e Neurológicas

71

Acidentes e
Lesões em Geral

95

Lesões
Musculoesqueléticas

123
101 Graus de Queimaduras

Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Dra. Sabrina Weiss Sties
Me. Xana Raquel Ortolan

Aspectos Gerais
do Atendimento à
Urgência e Emergência

PLANO DE ESTUDOS

Aspectos legais e órgãos Introdução aos primeiros


competentes socorros

Relação profissional de Urgência e emergência Preparo do profissional de


saúde-paciente saúde frente aos quadros
de urgência e/ou
emergência médicas

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender a importância do bom relacionamento entre • Compreender o significado de primeiros socorros.


o Profissional de saúde e o paciente. • Refletir sobre o preparo do Profissional de Saúde frente
• Conhecer as situações de urgência e emergência mais aos quadros de urgências e emergências mais frequentes.
prevalentes durante a prática clínica. • Conhecer as condutas voltadas à prevenção de urgências
• Analisar os aspectos legais em relação ao atendimento de e emergências.
primeiros socorros. • Aprender sobre os procedimentos relacionados à avalia-
• Entender a diferença entre as situações de urgência e ção da vítima e as técnicas corretas para avaliação dos
emergência. sinais vitais.
Relação Profissional
de Saúde-Paciente

Qualquer indivíduo está sujeito a sofrer acidentes


ou lesões, e podem ocorrer independentemente
do ambiente em que se encontra, seja na escola,
universidade, na rua, seja até mesmo em casa.
A falta de conhecimento em relação aos pro-
cedimentos de primeiros socorros pode provocar
sequelas irreversíveis nas vítimas de situações de
urgência ou emergência. Em casos mais graves,
o óbito pode ocorrer, especialmente, quando há
demora entre a ocorrência do evento e a chegada
do serviço especializado.
Em locais onde há prática de atividades clí-
nicas, podem ocorrer acidentes e lesões. Neste
sentido, o(a) profissional tem um papel funda-
mental na promoção da saúde e na prevenção
de urgências e emergências que possam ocorrer
no ambiente de trabalho. Baseando-se nessa pre-
missa, é que se torna importante o conhecimento
sobre primeiros socorros.
Considerando a responsabilidade dessa pro- Para que você mantenha a integridade do seu
fissão, a maioria dos cursos de graduação, nas cliente antes, durante e após o atendimento é pre-
áreas da saúde e bem-estar, tem implementado ciso que seja feita uma anamnese de qualidade, na
em sua grade curricular disciplinas que abor- qual você irá realizar um exame físico no paciente,
dam os primeiros socorros. Portanto, a falta de investigar seu histórico clínico ou de saúde (doen-
conhecimento em relação a esse tema não pode ças, cirurgias, medicamentos em uso etc.) seus
ser uma justificativa para a omissão do socor- dados pessoais e queixas atuais. Após a anamnese,
ro ou para a adoção de técnicas inadequadas você poderá desenvolver um plano terapêutico
diante de situações de urgência ou emergência. que se adeque às necessidades deste cliente e que
Enquanto profissionais, temos responsabilida- não prejudique sua saúde/integridade física.
de sobre nossas intervenções e não podemos Apesar de todos esses cuidados, situações
admitir que nossas atitudes sejam equivocadas, inesperadas podem acontecer durante seu aten-
devido à utilização de condutas impróprias ou dimento, como: quedas, queimaduras, elevação e
da solicitação desnecessária da assistência espe- diminuição, de pressão arterial, desmaios, reações
cializada em emergência. alérgicas, choques anafiláticos, entre outras.
Neste contexto, você sabe quais são as condutas Enquanto profissional da saúde, é sua respon-
a serem tomadas frente às intercorrências mais sabilidade prestar o primeiro atendimento a este
comuns relacionadas à prática clínica e demais paciente e encaminhá-lo à Unidade de Saúde mais
situações que poderá presenciar no seu dia a dia? próxima.

UNIDADE 1 15
Aspectos Legais
e Órgãos Competentes

A prestação dos primeiros socorros ainda é mo-


tivo de dúvidas para a população e profissionais.
Qual é a nossa responsabilidade diante de uma
vítima que necessita de auxílio durante as situa-
ções de urgência e emergência? Você, enquanto
profissional da saúde, deve conhecer as leis, os
códigos de ética e as normas relacionadas às
intervenções em primeiros socorros.
O fato de ofender a integridade corporal ou
saúde de outrem, abandonar pessoa que está
necessitando de cuidados e omitir socorro em
situações em que não haja risco pessoal, são
condutas que caracterizam crime perante a le-
gislação brasileira.
O Código Civil Brasileiro (BRASIL, 2002, on-
-line) destaca, no Artigo 186, que o indivíduo que,
“por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Por sua vez, de acordo com o Código Penal mento, em lugares onde pode haver a intervenção
Brasileiro, Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, desse profissional (STEINHILBER, 2002).
qualquer indivíduo, mesmo o leigo, tem o dever Por outro lado, destaca-se que a vítima não
de ajudar a pessoa acidentada ou simplesmente pode ser forçada a receber os primeiros socor-
chamar ajuda. Do contrário, sofrerá sanções pe- ros. Em muitos casos, ela tem direito de recusar o
nais (BRASIL, 1940). atendimento, seja por crença religiosa ou por falta
Neste sentido, sabe-se que todo profissional de confiança no prestador do serviço.
que tenha obrigatoriedade de prestar socorro está Em adultos, o direito existe quando estiverem
sujeito aos estatutos legais que regem à prestação conscientes, ou caso a vítima esteja impedida de
de socorro. Nos casos omissos, o profissional so- falar em decorrência do acidente, como um trau-
frerá processos penais e responderá pela conse- ma na boca, mas demonstre através de sinais que
quência de sua omissão. não aceita o atendimento, fazendo uma negativa
O Artigo 135, do Código Penal (BRASIL, com a cabeça ou empurrando a mão do prestador
1940), fixa que deixar de prestar assistência, quan- de socorro. Nessas situações, você deve certificar-
do possível fazê-lo sem risco pessoal, à pessoa in- -se que o socorro especializado foi solicitado e
válida ou ferida, deixando-o ao desamparo ou em continuar monitorando a vítima. Por outro lado,
grave e iminente perigo, ou não pedir o socorro da em crianças, a recusa do atendimento pode ser fei-
autoridade pública, é crime. A penalidade pode ser ta pelo pai, mãe ou responsável legal. Se a criança
pagamento de multa ou detenção, que varia de um é retirada do local do acidente antes da chegada
a seis meses, podendo ser aumentada em metade do socorro especializado, o prestador deverá, se
caso haja omissão que resulte em lesão corporal possível, listar testemunhas que comprovem o fato
grave; e triplicada, se houver morte. (SILVEIRA; MOULIN, 2006).
Sendo assim, é de suma importância que o(a) Nas situações em que a pessoa não possui um
profissional esteja preparado(a) para as exigências treinamento específico ou não se sente confiante
de qualidade e de ética profissional nas interven- para atuar, o fato de chamar o socorro especiali-
ções que realizar. Ele(a) deverá estar treinado para zado já descaracteriza a ocorrência de omissão
agir em diversas situações de emergência, para de socorro. Ressalta-se que cada pessoa deve agir
compreender, analisar e aplicar o seu conheci- conforme seus conhecimento e limites.

A principal causa de morte fora dos hospitais é a falta de atendimento e a segunda é o socorro inadequa-
do. As pessoas morrem porque ninguém faz nada ou porque alguém não capacitado resolveu fazer algo.
Fonte: Rocha (2011, p. 9)

UNIDADE 1 17
Urgência
e Emergência

Algumas lesões comuns no dia a dia da população


podem ser diferenciadas em: traumáticas e clíni-
cas. As fraturas, ferimentos, hemorragias, trau-
mas de crânio, tórax e coluna são consideradas
as principais lesões traumáticas. Já como lesões
clínicas, destacam-se o mal súbito, o desmaio, a
crise convulsiva, o infarto e a parada cardiorres-
piratória (CREF4, 2014).
No que se refere às crianças, devido a suas ca-
racterísticas anatômicas, menor coordenação e
habilidade motoras, maior impulsividade e baixo
reconhecimento dos riscos, elas se tornam sus-
cetíveis aos acidentes, frequentemente graves, no
ambiente escolar.
Estudos desenvolvidos a nível mundial de-
monstraram que as quedas são os acidentes mais
frequentes em crianças e adolescentes em espaço
escolar, representando, em 2011, uma taxa de 55%
dentre o total de acidentes escolares ocorridos
(CRISTO, 2011). Esse tipo de acidente é a prin-
cipal causa de lesões traumáticas cerebrais, com
risco significativo de sequelas crônicas deman-
dando custos consideráveis (WHO, 2008).
A área de urgência e emergência exige do pro- -JACQUEMONT, 2005). Alguns exemplos são:
fissional qualificação para oferecer os cuidados lipotimia, síncope e hipoglicemia.
instantâneos e seguros à vítima, independente- As situações de emergência, porém, compreen-
mente do seu estado. Nesse sentido, saber diferen- dem uma ameaça iminente à vida, sofrimento
ciar os dois é o primeiro passo para compreender intenso ou risco de lesão permanente, havendo
o planejamento do atendimento à vítima. necessidade de tratamento médico imediato. Es-
Devido aos conceitos de urgência e emergên- sas condições podem levar a danos irreversíveis
cia não serem aplicados apenas à área da bio- e até a óbito (GIGLIO-JACQUEMONT, 2005).
médica, a leitura das definições, por vezes, não Como exemplo, temos: o infarto agudo do mio-
expressa com clareza a diferença desses termos. cárdio (IAM), parada cardiorrespiratória (PCR)
É por isso que, frequentemente, há uma dúvida e hemorragias intensas.
sobre a determinação de situações que configu- A partir disso, podemos considerar que para
ram urgência ou emergência. cada situação existe uma opção de protocolo di-
É verdade que os atendimentos urgentes ou ferenciado. Nos casos de menor gravidade, como
emergentes são, frequentemente, interligados, dores leves, ferimentos superficiais, síncopes etc., a
mas ainda assim não são sinônimos. Inicial- vítima pode ser encaminhada às Unidades Básicas
mente, pode-se dizer que a detecção do risco de Saúde. Por outro lado, em casos de emergência,
de morte iminente ou do perigo que ameaça como dores no tórax, acidente vascular encefálico,
a manutenção das funções vitais é um dos cri- traumatismo raquimedular ou parada cardior-
térios básicos para distinguir as situações de respiratória, a vítima deverá receber assistência
emergência e urgência. em Unidades Móveis de Urgência ou, se possível,
Baseado nestas informações, agora, você deverá ser levada ao pronto socorro. Vale ressaltar
consegue diferenciar situações de Urgência e que situações de urgência podem tornar-se ca-
Emergência? Caro(a) aluno(a), vamos com- sos de emergência se não conduzidas de maneira
preender os aspectos que definem e caracteri- adequada.
zam cada situação. Portanto, saber classificar essas ocorrências
As situações de urgência exigem assistência tornará possível determinar a aplicação de con-
imediata, no menor tempo possível, com o ob- dutas apropriadas, prevenindo possíveis compli-
jetivo de evitar complicações e sofrimento. São cações, além de garantir a celeridade na procura
caracterizadas por processo agudo clínico ou ci- de serviços especializados, o que possibilita a as-
rúrgico, sem risco de morte iminente (GIGLIO- sistência adequada e eficaz.

UNIDADE 1 19
Introdução aos
Primeiros Socorros

Os primeiros socorros são considerados como


“segundos de ouro”, compreendem os cuidados
que devem ser prestados, imediatamente, à vítima,
cujo estado físico põe em perigo a sua vida, com
o objetivo de garantir a manutenção das funções
vitais e evitar o agravamento das condições, apli-
cando medidas e procedimentos até a chegada de
assistência qualificada (BRASIL, 2003).
A American Red Cross Scientific Advisory
Council, a Cruz Vermelha americana (2010), ca-
racteriza os Primeiros Socorros como a assistência
prestada rapidamente a uma pessoa doente ou
ferida até chegar o serviço de emergência. São
caracterizados pelo atendimento não apenas de
lesões físicas ou doenças, mas também por ou-
tros cuidados iniciais, incluindo apoio psicosso-
cial para pessoas que sofrem estresse emocional,
causado por experimentar ou testemunhar um
trauma ou evento.
Segundo a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente
Vermelho - IFRCRCS (2016) os objetivos dos primeiros socorros são:

Preservar a vida. Aliviar o sofrimento.

Prevenir mais doenças


Promover a recuperação.
ou lesões.

Segundo a Associação Americana do Coração (AHA, ajuda for prestada por leigos com treinamento
2010), as avaliações e intervenções em primeiros so- nesta área (VALÉRIO, 2010). No entanto, no que
corros podem ser realizadas por uma pessoa presen- concerne, efetivamente, aos procedimentos de
te, com equipamento mínimo ou nenhum. primeiros socorros, destaca-se que, no âmbito dos
Vale ressaltar que há redução da morbidade e locais onde a prática de exercício físico é frequente,
mortalidade, em até 7,5%, em situações de emer- o alcance de seus objetivos depende do preparo
gência pré-hospitalar, mesmo quando a primeira dos profissionais.

UNIDADE 1 21
Preparo do Profissional
de Saúde Frente aos
Quadros de Urgência e/
ou Emergência Médicas

Há uma constante preocupação dos especialis-


tas da área da saúde em relação aos acidentes e
intercorrências ocorridos fora do âmbito hos-
pitalar, já que a demora na busca de assistência
especializada ou o atendimento inadequado
podem causar danos maiores e até irreversíveis,
interferindo na recuperação do indivíduo ou na
qualidade de vida.
Como citado anteriormente, o profissional de
saúde deve ter conhecimentos quanto às noções
básicas de primeiros socorros para agir corre-
tamente sempre que for necessário. Entretanto,
Siqueira, Soares e Santos (2011) mostra que os
professores (pelo menos 30% deles) não se sentem
preparados para agir em situações de emergência.
Outro estudo destaca que a maioria dos profis-
sionais não estão capacitados para atender a um
mal súbito ou intervir em situações de parada
cardiorrespiratória (CASSOTE et al., 2005).
Nesta perspectiva, pode-se observar que você É imprescindível dar atenção adequada ao exame
precisa estar preparado(a) para lidar com os pri- físico, especialmente quando se trata da população
meiros socorros, pois o primeiro atendimento é idosa, que tem como característica a heterogenei-
fundamental para salvar vidas. Assim, você, como dade, com diferenças em diversos aspectos, como
futuro(a) profissional, conhecendo as técnicas de condições gerais de saúde, estado cognitivo, dentre
primeiros socorros, estará mais capacitado(a) e outras características intrínsecas ao processo de
preparado(a) para realizar seus atendimentos, envelhecimento (HUPP; ELLIS; TUCKER, 2009).
obtendo uma visão clínica/periférica com base A classificação do estado físico do paciente
no estado e integridade física de seus pacientes, depende dos seus hábitos de vida, das doenças
tendo a capacidade de minimizar a probabilidade e comorbidades. Sendo assim, é possível verifi-
de acidentes. car que, para prevenir as situações de urgência
e emergência, você precisa estar preparado para
atuar diante de relatos, como uso de álcool, drogas,
Prevenção das Emergências diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica
Médicas entre outras. Lembrando, também, que esses há-
bitos e essas doenças podem ser verificados tanto
É de suma importância levar em conta a preven- em adultos como crianças.
ção de acidentes e lesões no ambiente terapêutico/ Contudo, conhecendo o(a) seu(sua) pacien-
clínico. Os fatores de riscos podem ser extrínse- te, tomando os devidos cuidados e oferecendo
cos ou intrínsecos. Quando são relacionados ao orientações sobre a técnica que será realizada e os
ambiente, à estrutura física do local, ao tipo de produtos utilizados, pode-se minimizar os riscos
tratamento de produtos utilizados e de equipa- de acidentes e lesões e salvar vidas.
mentos, são considerados extrínsecos. No entanto,
características, como idade, sexo e presença de
doenças são fatores intrínsecos, ou seja, do pró- Avaliação da Vítima
prio praticante.
Para prevenir os fatores de risco ambientais, as Inicialmente, antes de abordar uma vítima, será
instalações e os equipamentos envolvidos na prá- preciso verificar o local para garantir a sua segu-
tica clínica devem estar em bom estado e garantir rança durante o atendimento. Caso o ambiente
a segurança do paciente. Nos locais onde serão não esteja adequado, em algumas situações, por
instalados equipamentos e nos que há técnicas exemplo, você pode desligar a rede elétrica antes de
terapêuticas que envolvam água, o piso deve ser prestar os primeiros socorros. É importante frisar
revestido com material antiderrapante para evitar que a sua segurança deve estar em primeiro lugar.
quedas. É importante que os equipamentos e ma- Portanto, ao realizar os procedimentos, você
quinários estejam a uma distância apropriada de deve utilizar materiais e equipamentos que sirvam
paredes e colunas. Além disso, todos os ambientes como barreiras para evitar o contato direto com
devem ser providos de uma boa ventilação, para sangue e outros fluidos que possam transmitir
evitar distúrbios relacionados com o desequilíbrio doenças contagiosas, como as luvas descartáveis,
térmico do paciente. máscaras faciais e óculos de proteção.

UNIDADE 1 23
Em ambientes de prática de atividades clínicas, é extremamente importante ter à disposi-
ção um kit de primeiros socorros. Além dos dispositivos de barreira citados anteriormente,
este kit deve conter:

Gel ou Saco Plástico para gelo

Lenços antibacterianos ou Sabão Termômetro oral

Tesoura Estetoscópio
Esfigmomanômetro

GEL

Esparadrapo Gazes Esterilizadas


Tipoia
Ataduras

Figura 1 - Kit de primeiros socorros


Fonte: a autora.

24 Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência


Agora que você já conheceu os cuidados que compressões são imprescindíveis na RCP e não
devem ser tomados antes do atendimento, ve- podem ser postergadas (GONZÁLEZ et al., 2013).
rificaremos como devemos proceder na ava- Os procedimentos de SBV contemplam o re-
liação e no atendimento nos casos de urgência conhecimento imediato de parada cardíaca, o
ou emergência. A seguir, nós descrevemos os acionamento do serviço de atendimento móvel
procedimentos de modo geral, mas, a partir da de urgência, a realização das manobras de res-
Unidade 2, você verificará as definições e con- suscitação cardiopulmonar (RCP) e uso do des-
dutas nas situações específicas. fibrilador externo automático (DEA). As ações de
Os protocolos para atendimento necessitam SBV devem ser realizadas de maneira adequada
de atitude rápida e seguem as diretrizes para pro- para aumentar a possibilidade de sobrevivência
cedimentos baseados nas melhores evidências de uma vítima em situação de emergência.
científicas. Estes permitem maior qualidade do Diante disto, é necessário utilizar a “corrente
trabalho desenvolvido, aquisição de maior con- da sobrevivência” para realizar passo a passo as
fiança no processo de tomada de decisão e maior condutas durante o atendimento. Essa corrente,
eficácia nos desfechos. para o adulto (Figura 2), é composta por cinco elos
Neste contexto, podemos citar o Suporte Bá- que são relacionados ao suporte básico e avançado
sico de Vida (SBV), no qual a sequência de pro- de emergência, e cuidados pós-PCR (AHA, 2015).
cedimentos tem como objetivo promover oxige- A corrente de sobrevivência pediátrica (Figu-
nação e perfusão aos órgãos vitais (AHA, 2010) ra 3), no entanto, apresenta sequência diferente
em vítimas de parada cardiorrespiratória (PCR). da corrente do adulto. O primeiro elo refere-se
É importante lembrar que a sequência de aten- à prevenção de acidentes, seguido pela ressusci-
dimento à vítima sofreu alteração. Anteriormen- tação cardiopulmonar precoce e efetiva, aciona-
te, era considerada como o ABC da ressuscitação mento imediato ao serviço móvel de urgência,
(abertura de via aérea, ventilação e compressões medidas de suporte avançado de vida e cuidados
torácicas). Atualmente, a sequência recomendada é pós-ressuscitação (AHA, 2010). O primeiro elo
CAB (compressões torácicas, abertura de via aérea é o mais relevante, visto que o desfecho de PCR
e ventilação). Essa mudança é devido às evidências em crianças, geralmente, é muito ruim (QUILICI;
de que, apesar de a ventilação ser importante, as TIMERMAN, 2011).

UNIDADE 1 25
Figura 2 - Cadeia de sobrevivência, parada cardiorrespiratória extra-hospitalar (PCREH)
Fonte: adaptada de AHA (2010).

Figura 3 - Cadeia de sobrevivência pediátrica


Fonte: AHA (2010).

Na Unidade 2, nós estudaremos de maneira Entendemos os sinais como sendo as alte-


mais específica os conceitos de PCR e outros rações que podem ser verificadas por meio de
aspectos relevantes no atendimento desta situa- avaliação (por exemplo: pulso, coloração da
ção (como realizar as compressões e ventilações pele e sudorese). No entanto, os “sintomas” são
e utilizar o DEA). relatados pela própria vítima, de acordo com
A avaliação primária da vítima deve ser com- sua percepção (por exemplo: tontura, fraqueza
pletada em, no máximo, 30 segundos, tendo por e náusea).
objetivo avaliar as condições de risco e a necessi- Ao abordar a vítima, você precisa checar a
dade do início precoce do suporte básico de vida. responsividade. Para isso, precisa aproximar-se
Você precisa determinar se o paciente encontra-se e ajoelhar próximo da cabeça, colocando a mão
estável, ou seja, se apresenta condições e sinais sobre os ombros da vítima e chamar por ela. Se ela
vitais equilibrados e constantes, ou se está instável responder, apresente-se e pergunte se precisa de
caso apresente alterações gradativas ou súbitas das ajuda. Se ela não responder e não reagir, significa
condições e dos sinais vitais. que está irresponsiva (SBC, 2015).

26 Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência


Ao checar o estado geral, será possível determi- No caso de vítima não responsiva, deve ve-
nar a orientação temporal e espacial da vítima, rificar se há elevação do tórax em menos de 10
o nível de consciência e os sinais vitais. A che- segundos, não perca tempo contando as respira-
cagem dos sinais vitais contempla a verificação ções por minuto. Se identificar que ela apresen-
da respiração, pulso, pressão arterial e tempera- ta respiração, fique ao seu lado monitorando a
tura. Essa avaliação possibilita a identificação evolução e, caso seja necessário, chame o serviço
de possíveis problemas fisiológicos e facilita o móvel de urgência (GONZÁLEZ et al., 2013). Na
monitoramento do indivíduo que apresenta uma tabela a seguir, você pode observar os valores da
situação de urgência ou emergência. É impor- frequência respiratória em repouso.
tante lembrar que a verificação dos sinais vitais Tabela 1 - Frequência respiratória em repouso
difere de acordo com a classificação do risco ou
do estado da vítima. Até 1 ano até 60 mpm
Portanto, para a avaliação da respiração, no
caso de vítimas responsivas, além da identificação
De 1 a 5 anos até 40 mpm
de alterações no padrão respiratório, como apneia
(ausência periódica da respiração), bradipneia
(respiração lenta) e taquipneia (respirações rápi- De 6 a 8 anos até 30 mpm

das e profundas), podemos verificar a frequên-


cia respiratória (FR), ou seja, contar o número Acima de 8 anos até 20 mpm
de incursões por minuto. Para isto, você deverá
observar a respiração do(a) paciente, verificando
Adultos de 12 a 20 mpm
a elevação do tórax.

Fonte: Brasil (2012); Fiztgerald (1995).

Para a avaliação do pulso, você deve pressionar


levemente a artéria, com os dedos indicador e
médio. As artérias utilizadas para a avaliação
são: as carótida, braquial, radial ou femoral. Em
crianças, cheque o pulso carotídeo ou femoral
(AHA, 2010). Essa conduta permitirá que você
identifique se o pulso está forte ou fraco, e se o
ritmo está regular.
Em vítimas não responsivas, verifique o pul-
so central (carotídeo) em adultos (Figura 5); em
crianças, o pulso central ou femoral (Figura 6):
esse procedimento deve ser rápido, entre 5 e 10
segundos. Caso não detecte pulso ou esteja com
dificuldade para avaliar, inicie as compressões e
Figura 4 - Avaliação da responsividade ventilações (GONZÁLEZ et al., 2013).

UNIDADE 1 27
Figura 5 - Avaliação do pulso carotídeo

Tabela 2 - Frequência cardíaca em repouso

Até 1 ano de 94 a 169 bpm

De 1 a 5 anos de 89 a 137 bpm

De 5 a 12 anos de 65 a 130 bpm

De 12 a 16 anos de 60 a 120 bpm

Adultos de 50 a 100 bpm

Figura 6 - Avaliação do pulso femoral Fonte: adaptada de Pastore et al. (2009; 2016).

Embora, a medida da pressão arterial (PA) faça par-


Nas vítimas que não estão em situação de emer- te da avaliação dos sinais vitais, não está incluída nos
gência, você terá tempo para avaliar a frequência procedimentos de SBV. Entretanto, essa avaliação é
cardíaca, a qual se refere ao número de batimen- importante para proceder em outros casos de ur-
tos por minuto (bpm). Os locais podem ser os gência ou emergência. Tanto os procedimentos para
mesmos citados anteriormente para avaliação do a medida da pressão arterial quanto os valores de
pulso. Na tabela a seguir, você pode observar os referência descritos a seguir seguem a VII Diretriz
valores da frequência cardíaca em repouso. de Hipertensão Arterial (MALACHIAS et al., 2016).

28 Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência


Para realizar a avaliação, você precisa instruir o(a) car a pressão em decúbito dorsal, mas utilizando
indvíduo a não conversar durante a medição. O ideal o mesmo posicionamento do braço e seguir as
é que não esteja com a bexiga cheia e que não tenha demais recomendações.
praticado exercícios físicos na última hora. Quanto Em crianças, é recomendado que a medição da
ao posicionamento, o(a) avaliado(a) deve estar sen- PA seja realizada em toda avaliação médica após os
tado(a), com as pernas descruzadas, pés apoiados no três anos de idade, uma vez ao ano, pois faz parte do
solo, encostado(a) na cadeira e relaxado(a). O braço atendimento pediátrico primário (TRUELSEN et
deve ser posicionado na altura do coração e apoiado, al., 2007). No entanto, os valores de PA para crian-
com a palma da mão voltada para cima. ças e adolescentes levam em consideração a idade,
Inicialmente, é necessário verificar a circunfe- sexo e altura, conforme disponíveis em tabelas es-
rência do braço no ponto médio entre acrômio e pecíficas ou aplicativos para smartphones.
olécrano; selecionar o manguito de tamanho ade- No que se refere à avaliação da PA em idosos,
quado; colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 há características peculiares ao processo de enve-
cm acima da linha cubital; estimar o nível da pressão lhecimento, o que pode causar maior frequência
arterial sistólica (PAS) pela palpação do pulso radial; do hiato auscultatório (desaparecimento dos sons
colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio durante a deflação do manguito), resultando em
sem compressão excessiva sobre a artéria braquial; níveis falsamente baixos na PAS e falsamente altos
inflar até ultrapassar 20 a 30 mmHg, o nível estima- na PAD (MALACHIAS et al., 2016).
do da PAS obtido pela palpação; iniciar a deflação Por outro lado, o posicionamento recomen-
lentamente; determinar a PAS pela ausculta do pri- dado para as gestantes deve ser sentada ou em
meiro som (fase I de Korotkoff) e a pressão arterial posição de decúbito lateral esquerdo; ambos os
diastólica (PAD) no desaparecimento dos sons (fase métodos transmitirão os mesmos resultados
V de Korotkoff) (MALACHIAS et al., 2016). (OLIVEIRA, 2000).
É fato que, em determinadas situações, isso não Agora que você já tem conhecimento para medir
será possível, pois a vítima pode não conseguir a pressão arterial, verifique, na tabela a seguir, a clas-
permanecer na posição sentada, como nos casos sificação da PA, a partir de 18 anos de idade, segun-
de síncope (desmaio). Então, você poderá verifi- do a VII Diretriz de Hipertensão Arterial (2016).

Tabela 3 - Classificação da PA de acordo com a medição casual ou no consultório a partir de 18 anos de idade

Classificação PAS (mm Hg) PAD (mm Hg)


Normal ≤ 120 ≤ 80
Pré-hipertensão 121 – 139 81 – 89
Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99
Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109
Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110
Quando a PAS e a PAD situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da PA.

Fonte: Malachias et al. (2016).

UNIDADE 1 29
Caro(a) aluno(a), acesse o link da 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial e veja as tabelas de
referência para avaliação da pressão arterial nas páginas 55 a 58. Disponível em: <http://publicacoes.
cardiol.br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf>.
Fonte: as autoras.

Quanto à classificação para as crianças e ado- Caro(a) aluno(a), ao longo desta unidade, des-
lescentes, são considerados hipertensos quando tacamos o papel importante que o(a) profissional
apresentam PAS e/ou PAD superiores ao per- de saúde possui frente às situações de urgência e
centil (p) 95, conforme idade, sexo e percentil de emergência. Você deve ter se dado conta da sua
altura em, pelo menos, três momentos distintos responsabilidade, acima de tudo, como cidadão,
(MALACHIAS et al., 2016). mas também como profissional diante de lesões ou
Para finalizar as avaliações dos sinais vitais, ve- eventos que coloquem em risco a vida do paciente.
remos os métodos para verificar a temperatura. Neste sentido, buscamos trazer informações
Para isso, você precisa de um termômetro e, inicial- relacionadas à importância que você tem diante
mente, será necessário higienizá-lo com algodão da construção de uma boa relação com o paciente,
e álcool, agitando até que acuse uma temperatura pois ela se configura como o primeiro passo no
igual ou inferior a 35 ºC (95 ºF). Feito isso, seque atendimento de primeiros socorros. O relaciona-
a axila do(a) avaliado(a), posicione corretamente mento interpessoal concreto e efetivo desenvolve
o termômetro na axila, com o braço pressionado o vínculo de confiança e segurança entre os sujei-
contra o corpo, segurando a extremidade opos- tos perante essas situações.
ta ao reservatório (GONÇALVES, 2009). Caso o Em um segundo momento, caro(a) aluno(a),
termômetro não seja digital, aguarde durante cin- existe a necessidade de avaliar corretamente o local
co minutos antes da leitura. A temperatura axilar e as vítimas do acidente ou lesão, garantindo que a
normal é de 36,5 ºC. Na tabela a seguir, pode ser sua segurança esteja preservada, e isso permite o
observada a classificação de estado febril. gerenciamento adequado dessas condições.
Tabela 4 - Classificação de estado febril Desta maneira, buscamos trazer para você os
fatores que interferem no atendimento inicial e os
Subfebril 37 a 37,5 ºC principais equipamentos que podem ser utilizados
Febre baixa 37,5 a 38,5 ºC nessas situações. Adicionalmente, você pode ad-
Febre moderada 38,5 a 39,5 ºC quirir conhecimentos em relação à identificação
Febre alta 39,5 a 40 ºC dos sinais e sintomas que auxiliam na classificação
do evento, possibilitando um atendimento mais
Fonte: adaptada de Gonçalves (2009). rápido e eficaz e sobre as técnicas corretas em re-
Nesta unidade, verificamos os procedimentos lação à verificação dos sinais vitais.
gerais para avaliação da vítima, e estes conheci- Por fim, destacamos que o conhecimento sobre
mentos serão necessários para você compreender primeiros socorros não se resume a esta unidade.
os conteúdos das demais unidades. Ainda há muito para aprender. Bons estudos!

30 Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Os atendimentos de primeiros socorros na área de urgência e emergência são


competências dos Profissionais da Saúde. As responsabilidades com os indiví-
duos que realizam algum procedimento e/ou tratamento com estes profissionais
seguem alinhadas aos direitos constitucionais, civis, penais e, sobretudo, à ética
profissional. Segundo a Resolução nº 1451/95, do Conselho Federal de Medicina,
a constatação de condições de agravo à saúde que impliquem risco iminente
de morte ou sofrimento intenso indica uma situação de:
a) Caráter menos imediatista.
b) Urgência.
c) Síndrome do jaleco branco.
d) Emergência.
e) Síncope.

2. Enquanto profissionais, temos responsabilidade sobre nossas intervenções


e não podemos admitir que nossas atitudes diante de situações de urgência
ou emergência sejam equivocadas. Avalie as seguintes asserções e a relação
proposta entre elas:

I. Aproximar o Profissional da Saúde das técnicas de primeiros socorros é im-


prescindível para oferecer informação atualizada sobre os diversos episódios
de urgência e emergência na prática profissional.
PORQUE
II. Conhecer os riscos e medidas preventivas, bem como os protocolos de
atendimento, permitem agir com mais segurança, qualidade e competência.

A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.


a) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.
b) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) A asserção II é uma proposição falsa, mas a I é uma proposição verdadeira.
e) A asserção I é uma proposição falsa, mas a II é uma proposição verdadeira.

31
3. Você recebe em seu consultório um paciente jovem, do sexo masculino, e antes
do início do atendimento ele sofre uma queda e fica inconsciente, seu primeiro
procedimento será:
a) Realizar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar.
b) Realizar a manobra de desobstrução das vias aéreas.
c) Avaliar os sinais vitais.
d) Avaliar a responsividade da vítima.
e) Verificar a sua segurança antes de realizar o atendimento.

4. A hipertensão arterial, frequentemente chamada de pressão alta, é uma doença


multifatorial e sistêmica. Segundo a VII Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial,
é considerada hipertensão arterial estágio I em indivíduos acima de 18 anos,
quando a pressão:
a) Sistólica é < que 120 mmHg, e a diastólica < que 80 mmHg.
b) Sistólica é > que 130 mmHg, e a diastólica < que 90 mmHg.
c) Sistólica é ≥ a 140 mmHg, e a diastólica ≥ que 90 mmHg.
d) Sistólica está 140-159 mmHg, e a diastólica 90-99 mmHg.
e) Sistólica é igual a 139 mmHg, e a diastólica igual a 85 mmHg.

32
5. O Profissional da Saúde deve estar apto a reconhecer as situações que põem
a vida em risco, assim como os procedimentos de primeiros socorros, pois são
importantes para manter a vítima em melhor condição possível até que se ob-
tenha atendimento médico. Portanto, este profissional tem como objetivo(s),
nos primeiros socorros:

I. Diagnosticar as doenças.

II. Solicitar assistência médica e serviço de emergência.

III. Minimizar o risco de outras lesões e complicações.

IV. Evitar infecções.

V. Receitar medicamentos para prevenir as complicações.

É correto o que se afirma em:


a) I, II, III e IV, apenas.
b) I, II e III, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, apenas.

33
LIVRO

Primeiros Socorros nos Esportes


Autor: Melinda J. Flegel
Editora: Manole
Sinopse: o sucesso de uma equipe de profissionais de saúde requer trabalho
em grupo e vontade de se preparar. Esse livro apresenta a função que cabe
a você em uma equipe de profissionais de saúde para atletas, incluindo suas
responsabilidades e limitações. Irá ajudá-lo(a) a se preparar para situações de
primeiros socorros, apresentando-lhe diretrizes para a formulação de um plano
de emergência médica. Ao fazer uso dessas estratégias, você poderá reduzir de
forma significativa os riscos de lesões ou doenças em seus atletas. Você deverá
estar preparado para prestar primeiros socorros de maneira rápida e adequada
quando ocorrerem, pois isso pode ajudar a salvar a vida de um atleta.

WEB

O Dr. Drauzio Varella fala sobre a importância do conhecimento em primei-


ros socorros. Ao final, ele dá dica de um aplicativo gratuito, disponível para
Android e IOS.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

34
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37
1. D.

2. A.

3. E.

4. D.

5. C.

38
39
40
Dra. Sabrina Weiss Sties
Me. Xana Raquel Ortolan

Urgências e Emergências
Cardiovasculares e
Respiratórias

PLANO DE ESTUDOS

Intercorrências do sistema
cardiovascular Afogamentos

Lipotimia e síncope Intercorrências do sistema


respiratório

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conceituar lipotimia/síncope e descrever os primeiros • Conceituar parada cardiorrespiratória, identificar a obs-


socorros nessas situações. trução das vias aéreas e descrever o protocolo para aten-
• Conceituar hipertensão arterial sistêmica, crise hipertensi- dimento.
va e hipotensão e descrever os protocolos de atendimento. • Conceituar a síndrome de hiperventilação, identificar a
• Conceituar aterosclerose, doença arterial coronariana e crise asmática e os procedimentos de primeiros socorros.
angina. • Descrever o afogamento e descrever as condutas de pri-
• Descrever o infarto agudo do miocárdio. meiros socorros.
Lipotimia
e Síncope

Agora que você já conhece os procedimentos para


avaliar os sinais vitais, nesta unidade, abordare-
mos situações que podem ser decorrentes, ou que
podem ocasionar eventos que promovam altera-
ções nos sistemas cardiovascular e respiratório.
Após identificar cada situação, apresentaremos
os protocolos indicados para o atendimento das
vítimas.
Inicialmente, descreveremos as situações mais
comuns, como a lipotimia e a síncope, as quais
costumam ser de curta duração e podem ocorrer
em indivíduos de qualquer faixa etária.
Você também aprenderá a reconhecer quando
o indivíduo apresenta hipertensão arterial sistê-
mica, crise hipertensiva ou hipotensão, e quais são
os posicionamentos indicados e demais condutas
que devem ser realizadas nestes casos.
Para que você, acadêmico(a), possa compreen-
der melhor como e por que ocorre o infarto agudo
do miocárdio e a parada cardíaca, abordaremos os
aspectos relacionados à aterosclerose e à doença
arterial coronariana, as quais, entre outros fatores,
podem causar IAM e PCR.
Por fim, serão relatados os conceitos e proce-
dimentos relacionados aos casos que provocam
alterações respiratórias, como a obstrução das vias
aéreas, que ocorre frequentemente, devido ao en-
gasgo com alimentos ou aspiração de líquido por
submersão ou imersão; a síndrome de hiperventi-
lação; e a crise asmática presenciada, geralmente,
nos casos de ansiedade.
Aproveite o conteúdo desta unidade e lembre-
-se de verificar os tópicos que trazem indicações
para o aprofundamento do seu estudo.
Os conhecimentos sobre os procedimentos
gerais para avaliação das vítimas em situações de
urgência e emergência que abordamos na Uni-
dade 1 serão complementados pelos conteúdos
desta e das próximas unidades. Desta forma, ini-
ciaremos pelos conceitos e condutas relacionados
à lipotimia e síncope.
A lipotimia é caracterizada por alteração da
consciência (sem perda total dela) em cuja situação
a vítima relata a sensação de desmaio (Figura 1).
No entanto, na síncope, há perda súbita da cons-
ciência e, consequentemente, o desmaio (Figura 2).
Ambas as situações são de curta duração, e a recu-
peração da consciência geralmente é espontânea. Figura 1 - Lipotimia

Figura 2 - Síncope

UNIDADE 2 43
A lipotimia e a síncope podem ocorrer em decor-
rência de diversas situações. As causas mais co-
muns estão relacionadas à desidratação, à anemia,
à diminuição de fluxo sanguíneo e ao oxigênio
no cérebro, aos traumas na cabeça, aos proble-
mas neurológicos ou devido à hipoglicemia, que,
geralmente, ocorre em indivíduos que não se ali-
mentaram, estão fazendo regimes sem orientação
ou em diabéticos (GONÇALVES, 2009).
Entre estas, a causa mais frequente é a dimi-
nuição da atividade cerebral. Para manter a oxi-
genação no cérebro, o corpo desfalece e mantém
um metabolismo basal, ou seja, realiza a mínima
atividade com o mínimo gasto de energia. Estas
situações podem ocorrer também devido à queda
súbita da pressão arterial (hipotensão) em con-
sequência da dor, emoção intensa, esforço físico,
fobia de ambientes fechados, calor excessivo e ao
ver sangue (MORAES, 2010).
Segundo Gonçalves (2009), os sinais e sinto-
mas destas situações são:
• Sensação de fraqueza.
• Escurecimento da visão.
• Náuseas, vômito.
• Pele fria e pegajosa.
• Pulso rápido e fraco.
• Extremidades dos pés e mãos geladas.
• Extremidades cianóticas (coloração azul-
-arroxeada).

Os primeiros socorros dependerão se o indivíduo


está, ou não, consciente. Apresentaremos, a seguir,
quais devem ser os procedimentos.
Geralmente, ao presenciar estas situações, são
tomadas condutas equivocadas e erradas, como:
jogar água no rosto da vítima, oferecer líquido ou
comida, utilizar produtos com odor forte, como
vinagre, água sanitária (hipoclorito de sódio), en-
tre outros, para tentar acordar a vítima. No entan-
to, as condutas devem ser baseadas em protocolos,
e não em conhecimento popular.
Se o(a) paciente estiver consciente

• Ajude-o a sentar em uma cadeira.

• Oriente que coloque a cabeça entre os


joelhos, fazendo uma pressão com as
mãos na região cervical.

• Se já estiver ao chão, eleve os


membros inferiores cerca de
20 cm.

• Afrouxe as roupas.

• Você deve monitorar os sinais vitais.

• Caso verifique alteração dos sinais vitais e não


ocorra recuperação dentro de alguns minutos,
chame o serviço de urgência. Figura 3 - Posicionamento da vítima consciente
Fonte: Flegel (2008, p. 114).

Se o(a) paciente estiver inconsciente

• Inicialmente, verifique o pulso e respiração.

• Eleve os membros inferiores cerca de 20 cm.

• Coloque-o em posição de recupe-


ração (se não estiver lesionado),
com a cabeça lateralizada.

• Afrouxe as roupas.

• Você deve monitorar os sinais vitais.

• Caso verifique alteração dos sinais vitais e não


ocorra recuperação dentro de alguns minutos,
chame o serviço de urgência.
Figura 4 - Posicionamento da vítima inconsciente
Intercorrências do
Sistema Cardiovascular

Entre os distúrbios fisiopatológicos do sistema


cardiovascular, que podem causar alterações
graves na homeostase, gerando danos intensos
e irreversíveis ao organismo, podemos destacar
a Hipertensão Arterial (HA), a aterosclerose, a
Doença Arterial Coronariana (DAC), angina,
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e a parada
cardiorrespiratória, bem como os procedimentos
indicados no atendimento dos primeiros socorros
às vítimas, como veremos a seguir.

Hipertensão Arterial
Sistêmica, Crise Hipertensiva
e Hipotensão

Caro(a) aluno(a), na Unidade 1, verificamos a


classificação da pressão arterial e os procedi-
mentos para avaliar a PA. Nesta unidade, abor-
daremos os conceitos e as condutas nos casos de
alteração da PA.
Neste contexto, podemos citar a hipertensão As condutas têm ênfase em prestar os primei-
arterial (HA), que é considerada uma doença ros socorros realizando a rápida identificação da
multifatorial em que há elevação sustentada dos crise hipertensiva e remoção da vítima, para isso,
níveis pressóricos. Geralmente, está associada a al- acione o serviço de emergência (BRASIL, 2003).
terações metabólicas, funcionais e/ou estruturais Outra alteração da pressão arterial, bastante
de órgãos-alvo. A HA pode ser agravada, devido comum, é a hipotensão, a qual apresenta níveis de
aos fatores de risco, como obesidade abdominal, pressão abaixo do normal, com PAS < 90 mmHg
dislipidemia e diabetes mellitus. Além disso, está (JENSEN, 2013). Não é considerada uma doença,
associada a eventos, como acidente vascular ence- porém pode estar relacionada com diabetes mel-
fálico (AVE), doença renal crônica, infarto agudo litus, infarto do miocárdio, entre outros. As quedas
do miocárdio (IAM), insuficiência cardíaca (IC) da pressão podem ocorrer por diversos motivos
e morte súbita (MALACHIAS et al., 2016). Por que causam a perda do controle do fluxo de sangue
sua vez, nas crianças, as taxas de hipertensão são e a hipovolemia (diminuição de sangue no corpo),
maiores quando apresentam obesidade, distúrbios entre estes, jejum prolongado, desidratação, uso de
respiratórios do sono ou doença renal crônica diuréticos e troca repentina de posição (hipotensão
(FLYNN et al., 2017). postural ou ortostática) (VARELLA, 2018, on-line)1.
Durante os primeiros socorros: A vítima com hipotensão pode apresentar:
• Mantenha o(a) paciente em repouso ab- tontura, visão embaçada, náuseas, vômitos sín-
soluto, de maneira confortável (sentado cope, pulso rápido ou irregular, fadiga, confusão
ou semissentado). e dispneia (MION, 2016, on-line)2.
• Afrouxe as roupas. Durante os primeiros socorros:
• Monitore os sinais vitais. • Mantenha o(a) paciente em repouso, dei-
• Se necessário, acione o SAMU. tado(a) de maneira confortável, com os
• A elevação dos membros inferiores, neste membros inferiores elevados.
caso, está contraindicada. • Afrouxe as roupas.
• Monitore os sinais vitais.
Dentre os casos de elevação da PA, encontra-se • Se necessário, acione o SAMU.
a crise hipertensiva, a qual pode ser classificada
como urgência hipertensiva ou emergência hi-
pertensiva.
Estas são situações clínicas sintomáticas em
que é observada elevação acentuada da pressão
arterial diastólica (≥ 120 mmHg), sendo que, na
urgência hipertensiva, há elevação da PA supe-
rior ao percentil 99. Nestes casos, pode ocorrer
acometimento neurológico, renal, hepático, in-
suficiência miocárdica, convulsões e alterações
visuais (MALACHIAS et al., 2016). Figura 5 - Elevação dos membros inferiores

UNIDADE 2 47
Aterosclerose, Doença Arterial Infarto Agudo do Miocárdio
Coronariana (DAC) e Angina (IAM)

Os protocolos para o atendimento de eventos car- A maioria das mortes relacionadas ao IAM ocorre
diovasculares passam por revisões e atualizações, fora dos hospitais e, geralmente, não é assistida pe-
frequentemente. Portanto, você encontrará conteúdo, los profissionais da saúde. Grande parte das vítimas
com os mais recentes consensos e diretrizes disponí- morrem nas primeiras 24 horas após o evento, sen-
veis, para que possa dispor de uma fonte confiável de do 50% na primeira hora por taquiarritmia ventri-
consulta e estudo. Além disso, utilizamos uma pro- cular (PIEGAS et al., 2015; MORAES, 2015). Logo,
posta prática e concisa dos principais assuntos que essa situação deve ser reconhecida rapidamente.
envolvem este tema. Iniciaremos pela aterosclerose. Quando há ativação inflamatória, agregação
A aterosclerose ocorre devido à resposta da pa- plaquetária, vasoconstrição e trombose da coro-
rede arterial a diversos agentes agressores, na qual nária, a oclusão coronariana, por algum tempo,
há deposição de lípides, inflamação e evolução da provocará o infarto. Essa isquemia que ocorre no
placa aterosclerótica (placa de gordura). A ateros- músculo cardíaco e promove injúria ou necrose é
clerose tem início quase concomitante à formação denominada infarto do miocárdio (GONZALEZ
do próprio corpo humano. As lesões iniciais podem et al., 2013).
ser identificadas em fetos de mães com altos níveis Os sintomas são desconforto ou dor opressiva
de colesterol, e em crianças na primeira infância. na região torácica anterior e/ou posterior, com sen-
A evolução das lesões continua até desenvolver o sação de queimação e sufocamento, dor na mandí-
ateroma, em torno da quinta década de vida (MAR- bula, na região cervical, no ombro, nos membros
TINS et al., 2009). Este pode causar obstrução do superiores (geralmente o esquerdo) e no epigástrio.
fluxo sanguíneo e, consequentemente, doença ar- Pode ocorrer parestesia no membro superior (ge-
terial coronariana. ralmente esquerdo) e a vítima, geralmente, apre-
A DAC é considerada a principal causa de óbi- senta sudorese, dispneia e náuseas (SBC, 2013b).
to no mundo. A cada ano, mais de sete milhões de O IAM pode levar a uma parada cardíaca e é
indivíduos morrem em decorrência dessa doença considerado uma das principais causas de PCR. Na
(MORAES, 2015). Há comprometimento do fluxo suspeita de infarto, deve-se chamar o serviço de
sanguíneo nas artérias coronárias e, consequente- emergência e monitorar os sinais vitais. Se o quadro
mente, redução da chegada do oxigênio ao coração evoluir para uma parada cardíaca, realizam-se os
(PINHO et al., 2010). Por conta disto, os indivíduos procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar.
com DAC podem experimentar episódios de angina
(dor ou desconforto na região torácica).
Nestes casos, você deve ligar para o serviço de ur-
gência e recomendar que a pessoa utilize os próprios
medicamentos enquanto aguarda o atendimento.
Essa situação pode progredir para infarto agudo
do miocárdio, acidente vascular cerebral ou morte
súbita, por isso, é extremamente relevante monitorar
os sinais vitais e realizar os procedimentos, confor-
me indicados nos próximos tópicos.

48 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias


Parada Cardiorrespiratória
(PCR)

A situação de maior emergência é a parada car- As novas diretrizes internacionais não adicio-
diorrespiratória (PCR) (MORAES, 2015), devido naram muitas modificações no atendimento às
à parada do funcionamento do coração e dos pul- vítimas de PCR, mas enfatizam as compressões
mões, o que resultará em morte caso não sejam torácicas como a chave para o sucesso da res-
realizados os procedimentos de primeiros socorros. suscitação, tendo como principal objetivo mi-
As características da vítima em PCR são: perda da nimizar atrasos na intervenção (GONZALEZ
consciência, gasping (respiração de forma anor- et al., 2013).
mal), ausência da responsividade, perda da respi- Na Unidade 1, abordamos a sequência de
ração e do pulso (SBC, 2013b). procedimentos para realizar o suporte básico de
A taquicardia ventricular sem pulso e a fibrilação vida e a corrente da sobrevivência; agora, você
ventricular são consideradas as principais causas verificará como executar estes procedimentos,
desse evento em ambiente extra-hospitalar (GON- conforme a I Diretriz de Ressuscitação Car-
ZALEZ et al., 2013). As PCRs são mais frequentes diopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de
em adultos, mas também ocorrem em crianças. A Emergência da Sociedade Brasileira de Cardio-
cada minuto, após o evento sem ressuscitação car- logia (GONZALEZ et al., 2013) e as Diretrizes da
diopulmonar (RCP) e desfibrilação, as chances de American Heart Association de 2015 para RCP
sobrevivência da vítima diminuem de 7 a 10%. Por- e ACE (AHA, 2015).
tanto, é extremamente relevante a RCP, pois, quando Após avaliar a responsividade e reconhecer a
realizada, as chances de sobrevida diminui 3 a 4% a PCR (presença de gasping ou ausência de pulso),
cada minuto de PCR (MORAES, 2015). você deverá:
Os protocolos descritos nas diretrizes de Res- • Ligar para o Sistema de Atendimento
suscitação Cardiopulmonar são destinados tanto Móvel de Urgência – SAMU 192 – e estar
aos profissionais da saúde quanto para leigos. No preparado(a) para responder informações
entanto, é importante ficar atento(a), pois livros, ar- sobre local da ocorrência, os sinais e sinto-
tigos e diretrizes mais antigas trazem uma sequência mas da vítima.
diferente de procedimentos para RCP. A recomen- • Solicitar, se disponível no local, um desfi-
dação é utilizar sempre os materiais mais atuais. brilador externo automático.

UNIDADE 2 49
Desfibrilador é um equipamento utilizado no tratamento da fibrilação ventricular e da taquicardia
ventricular sem pulso. O desfibrilador externo automático (DEA) reconhece o ritmo e avisa se o
choque elétrico é recomendado. No entanto, nesse equipamento, a decisão de deflagrar o choque
é dependente do operador.

Para utilizar o DEA, você precisa ligar o aparelho, Em crianças e bebês, o DEA pode ser utilizado
apertando o botão ON - OFF (alguns equipamen- com pás (eletrodos) pediátricas e/ou atenuador de
tos ligam, automaticamente, ao abrir a tampa). carga. Caso o kit do DEA não possua essa opção,
As pás (eletrodos) devem ser colocadas no tó- podem ser utilizadas as mesmas pás do adulto,
rax da vítima; nelas há o desenho instruindo o com o posicionamento anteroposterior.
posicionamento. Caso o choque seja indicado, o Em seguida, deve iniciar imediatamente os
aparelho avisará “choque recomendado, afaste-se”. ciclos de 30 compressões torácicas e 2 ventilações.
Você precisará pressionar o botão indicado para Para realizar as compressões em adultos e
aplicar o choque. crianças (verifique a Figura 7), deixe a vítima dei-
A RCP deverá ser iniciada imediatamente após tada em decúbito dorsal sobre local rígido. Você
o choque e, caso o aparelho não indique o choque, deve estar posicionado entre a cabeça e o corpo
deve realizar a RCP imediatamente. Se a vítima da vítima (verifique as imagens), expor o tórax
retomar a consciência, o aparelho não deverá ser (retirando as roupas) e colocar a base de uma das
desligado ou retirado até a chegada do serviço de mãos (região hipotenar) sobre ele e a base da outra
emergência. mão sobre a primeira mão. Com os braços esten-
Quanto ao posicionamento das pás, quatro didos, posicione suas mãos com os dedos abertos
posições são aceitas: anterolateral, anteroposterior, entrelaçados na metade inferior do esterno (fora
anterior-esquerda infraescapular, anterior-direita do alcance das costelas). Os ombros devem estar
infraescapular. alinhados com as mãos.

Figura 6 - Utilização do desfibrilador externo automático Figura 7 - Compressões torácicas

50 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias


Realize uma pressão, para deprimir o esterno
5 cm, comprimindo o coração em direção à
coluna vertebral (Figura 8) e descomprima,
sem perder o contato da mão com o esterno.
Os tempos de compressão e descompressão de-
vem ser similares. Nas crianças, a profundidade
da compressão é de, pelo menos, um terço do
diâmetro anteroposterior do tórax, portanto,
também será cerca de 5 cm.
Nas lactentes, a compressão torácica deve
ser um terço do diâmetro anteroposterior do
tórax, o que representa cerca de 4 cm. Você pode
utilizar as mãos na lateral do tórax e comprimir
com os primeiros dedos, ou utilizar apenas o
segundo e terceiro dedo para realizar as com-
pressões logo a seguir da linha mamilar (Fi-
gura 9). A relação compressão-ventilação em
crianças e lactentes, se tiver um socorrista, é de
30:2, mas, se houver dois ou mais socorristas,
deve ser 15:2. Figura 9 - Compressões torácicas no bebê

Esterno
Pericárdio

Corpo vertebral

Figura 8 - Compressão do esterno


Fonte: Resgate Federal ([2018], on-line)3.

UNIDADE 2 51
Após realizar as 30 compressões, proceda com e ventilações sejam efetivas e de alta qualidade.
a abertura das vias aéreas, utilizando a manobra Desta forma, devem ser realizadas, no mínimo,
de extensão da cabeça. 100 compressões por minuto e, no máximo, 120,
Existem diferentes formas para realizar as ven- comprimindo rapidamente. A profundidade das
tilações. Podem ser aplicadas por meio de ventila- compressões, não deve ser superior a 6 cm; após
ção boca a boca (Figura 10), com máscara/lenço cada compressão deve-se permitir o retorno total
facial com válvula antirrefluxo, máscara de bolso do tórax, sendo que as interrupções nas compres-
(pocket-mask) (Figura 11) ou bolsa-válvula-más- sões devem ser minimizadas (AHA, 2015).
cara (Figura 12). No entanto, é indicado que você
utilize mecanismos de barreira para aplicar as
ventilações, devido ao risco de contaminação na
ventilação boca a boca (GONZALEZ et al., 2013).
O lenço facial é descartável. Esse material
contém uma válvula unidirecional que impede
o retorno do ar pela boca, protegendo quem está
realizando o procedimento. Para utilizá-lo, após
realizar a abertura da via aérea, você precisa es-
tabilizar a mandíbula vedando o lenço facial o
máximo possível na boca da vítima, pinçando o Figura 10 - Ventilação boca a boca
nariz e assoprando na válvula.
Por outro lado, com a máscara de bolso ou
pocket-mask, que também contém uma válvula
unidirecional, você deve envolver a boca e nariz
da vítima, realizar uma letra “C” com os dedos
indicador e polegar de uma das mãos e posicionar
na parte superior da máscara, e, com a outra mão,
posicionar o polegar na região inferior da máscara
e os outros dedos na mandíbula (Figura 11).
Outra maneira de realizar as ventilações é uti-
lizando a bolsa-válvula-máscara ou ventilador/ Figura 11 - Ventilação com a máscara de bolso ou pocket-
-mask
ressuscitador manual. Para realizar o procedimen-
to com uma das mãos, faça uma letra “C” com os
dedos polegar e indicador e os posicione acima
da máscara, realizando pressão contra a face da
vítima. Posicione os outros três dedos na mandí-
bula para estabilizá-la e pressione a bolsa durante
1 segundo para cada ventilação (com pressão su-
ficiente para elevar o tórax) (Figura 12).
Para realizar a ressuscitação de forma corre-
ta, garanta fluxo sanguíneo e oxigenação, alguns
cuidados são relevantes para que as compressões Figura 12 - Ventilação com bolsa-válvula-máscara

52 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias


No quadro a seguir, apresentamos um resumo dos componentes da RCP.
Quadro 1 - Componentes da RCP de alta qualidade

Crianças Bebês
Adultos e
Componente (1 ano de idade (menos de 1 ano de idade,
adolescentes
à puberdade) excluindo recém-nascidos)

Segurança do local Verifique se o local é seguro para os socorristas e a vítima


Verifique se a vítima responde.
Reconhecimento
Ausência de respiração ou apenas gasping.
da PCR
Nenhum pulso sentido em 10 seg.
Se estiver sozinho,
deixe a vítima e acio-
ne o 192; obtenha Colapso presenciado: siga as etapas utilizadas em
DEA, antes de iniciar adultos e adolescentes
Acionamento do a RCP. Do contrário,
serviço médico peça que alguém Colapso não presenciado: execute 2 minutos de
de emergência chame o 192 e inicie RCP; deixe a vítima para acionar o 192 e buscar o
a RCP imediata- DEA; retorne à criança e reinicie a RCP; use o DEA
mente; use o DEA assim que ele estiver disponível.
assim que ele estiver
disponível.
Relação compres- 1 socorrista = 30:2
1 ou 2 socorristas =
são-ventilação sem
30:2 2 ou mais socorristas= 15:2
via aérea avançada
Relação compres- Compressões contínuas a uma frequência de 100 a 120/min.
são-ventilação com
via aérea avançada Administre 1 ventilação a cada 6 segundos (10 respirações/min).

Frequência de
100 a 120/min.
compressão
Pelo menos 1/3 do
Pelo menos 1/3 do diâmetro
Profundidade diâmetro antero-
No mínimo 5 cm. anteroposterior do tórax;
de compressão posterior do tórax;
cerca de 4 cm.
cerca de 5 cm.
1 socorrista: 2 dedos no cen-
tro do tórax, logo abaixo da
2 mãos sobre a linha mamilar.
Posicionamento
metade inferior do 2 mãos ou 1 mão. 2 ou mais socorristas: técnica
das mãos
esterno. dos dois polegares no centro
do tórax, logo abaixo da linha
mamilar.
Aguarde o retorno do tórax após cada compressão; não se apoie sobre o
Retorno do tórax
tórax após cada compressão.
Minimizar
Limite as interrupções nas compressões torácicas a menos de 10 segundos.
interrupções

Fonte: adaptado de AHA (2015).

Caso a vítima apresente pulso e respiração normal, é indicado colocá-la em posição de recuperação
(se não houver suspeita de trauma).

UNIDADE 2 53
Intercorrências do
Sistema Respiratório

Conforme estudamos em Anatomia Humana, o


Sistema Respiratório é um conjunto de órgãos e
estruturas (nariz, cavidade nasal, seios paranasais,
faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos,
pulmões e alvéolos) que formam um canal por
onde passa o ar atmosférico. Durante o percurso,
o ar é aquecido, filtrado e umidificado, chegando
aos alvéolos pulmonares, no final dos bronquíolos,
onde ocorre a troca do oxigênio pelo gás carbônico.
Quando nos remetemos ao corpo humano,
sabemos que o sistema respiratório é fundamen-
tal para a manutenção da vida, pois o oxigênio
é o principal combustível no processo químico
para a queima de glicose adquirida dos alimentos
ingeridos, transformando-a em energia para as
atividades diárias do indivíduo.
Qualquer fator que limite ou obstrua esse “ca-
minho” por onde passa o ar durante a inspiração
e expiração fará com que ocorra uma diminuição
do oxigênio dos tecidos, podendo causar sérios
danos, como lesões irreversíveis ou, até mesmo,
levar a pessoa a óbito.
Obstrução das Vias Aéreas (OVA)

A obstrução de vias aéreas, que pode ser citada Os métodos para desobstrução de vias aéreas
com a sigla OVA, é considerada qualquer situa- podem ser realizados de diversas formas, conforme
ção que impede, totalmente, ou de forma par- os sinais que a vítima está apresentando. Para vítimas
cial, o fluxo de ar até os alvéolos pulmonares. A conscientes, adultas ou crianças, deve ser realizada
obstrução leve pode provocar dispneia e tosse. (em pé) a manobra de Heimlich (Figura 13 e 14),
A obstrução grave pode levar à cianose nos lá- exceto para gestantes e obesos, pois, nestes casos, es-
bios e face, alteração da consciência e inspiração tão indicadas as compressões torácicas (Figura 15).
respiratória com ruído. A observação da expres- De acordo com SBC (2015), para realizar a
são de angústia com a boca aberta e mãos sobre manobra de Heimlich é necessário:
o pescoço são sinais característicos do engasgo • Posicionar-se atrás da vítima.
(MORAES, 2010). • Abraçá-la com suas mãos em frente ao corpo.
A vítima de OVA pode apresentar obstrução, • Fechar uma das mãos e colocar o lado do
devido a causas intrínsecas, como por relaxamen- polegar da mão fechada contra o abdômen,
to da língua, graças ao rebaixamento do nível de na linha média, logo acima do umbigo e
consciência (oclui a hipofaringe), ou extrínsecas, bem abaixo do osso esterno.
por causa da aspiração de algum corpo estranho, • Deve envolver a mão fechada com a ou-
como de alimentos, deslocamento de próteses tra mão e pressionar contra o abdômen,
dentárias ou presença de fragmentos dentários realizando compressão rápida e forte para
(QUILICI; TIMERMAN, 2011). dentro e para cima (em “J”).
Os traumas diretos sobre as vias aéreas também
podem causar OVA, devido a hemorragias, edema Nas crianças, você deve posicionar-se atrás dela,
ou fraturas da árvore laringotraqueobrônquica na mesma altura, ou ficar ajoelhado(a). Em se-
ou broncoaspiração de dentes. Outras causas de guida, execute os mesmos procedimentos da ma-
OVA podem ser decorrentes de queimaduras, as nobra de Heimlich nos adultos. As compressões
quais podem promover inflamação e edema de devem ser repetidas até que o objeto seja expelido
glote e de reações alérgicas causadas por alguns ou a criança pare de responder. Caso a criança
alimentos, produtos ou picadas de insetos, que não responda, deve-se acionar o SAMU e iniciar,
desencadeiam reações alérgicas, acometendo a imediatamente, o SBV (GONZALEZ et al., 2013).
glote e causando edema (MORAES, 2010).
A manutenção ou restauração da permeabili-
dade das vias aéreas é essencial e deve ser realizada
rapidamente para não resultar asfixia e morte.
Enquanto a vítima ainda está consciente e
apresenta obstrução parcial, o fluxo de ar está
presente; se esta for capaz de emitir sons, você
deve solicitar para a vítima realizar uma tosse
forçada e a respiração espontânea. Caso a obstru-
ção permaneça, acione o serviço de emergência
(SBC, 2013b). Figura 13 - Manobra de Heimlich

UNIDADE 2 55
Na manobra de Heimlich, a compressão reali-
zada eleva o diafragma, aumentando a pressão
na via aérea. Por conta disto, essa manobra pode
ser eficaz para criar uma tosse artificial e auxiliar
a vítima a expelir o corpo estranho (QUILICI;
TIMERMAN, 2011).
Nas pessoas inconscientes devem ser realiza-
das compressões abdominais em decúbito dorsal
(Figura 16). Realize as compressões abdominais,
acima da cicatriz umbilical, utilizando uma mão
sobre a outra; comprima o abdômen em direção
anteroposterior e em direção ao tórax; verifique a
Figura 14 - Manobra de Heimlich em criança respiração e o pulso; na ausência destes, ligue para
Fonte: adaptada de MEDLINEPLUS (2017, on-line)4. o SAMU (192) e inicie o protocolo para ressusci-
tação cardiopulmonar (SBC, 2015).
Nos bebês, a desobstrução deve ser realizada,
colocando-o em decúbito ventral (Figura 17).
Para realizar a manobra, sente-se e posicione o
corpo do bebê em direção ao chão (cabeça mais
baixa do que o corpo). Você deve sustentar a ca-
beça com uma mão e apoiar o tórax sobre o seu
antebraço. É recomendado aplicar cinco golpes
na região entre as escápulas. Se o lactente não
apresentar melhora, e você detectar ausência
de pulso, inicie RCP e monitore os sinais vitais
(GONZALEZ et al., 2013).

Figura 15 - Compressões torácicas para gestantes e obesos


Fonte: adaptada de SBC (2013b).

Figura 16 - Compressões abdominais (paciente inconsciente/ Figura 17 - Manobra de desobstrução para lactentes
não responsivo)
Fonte: adapatada de HEIMLICH (2017, on-line)5.

56 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias


Síndrome de Hiperventilação

A hiperventilação é caracterizada pelo aumento da quantidade


de ar inalada e exalada por minuto, que excede a quantidade
necessária para o metabolismo celular normal (PAPP et
al., 1997). A síndrome de hiperventilação causa alterações
complexas com interação entre distúrbios orgânicos, respi-
ratórios, psiquiátricos e fisiológicos (GARDNER, 1996). Os
transtornos de ansiedade, como o de pânico, estão associados
à hiperventilação leve e a outros padrões respiratórios anor-
mais. A hiperventilação pode, portanto, ser considerada uma
causa, um correlato e uma consequência dos ataques de pânico
(SARDINHA et al., 2009). No entanto, a respiração rápida e
profunda pode ser sinal de estresse, dor intensa, hemorragias,
problemas cardíacos ou pulmonares, infecções, entre
outros (BEST DOCTORS, [2018], on-line)6.
Os sinais e sintomas característicos de
hiperventilação são: confusão, sudorese,
tontura, fraqueza, dormência ou sensação
de formigamento nos braços ou boca, es-
pasmos musculares nas mãos e pés, dor no
peito e palpitação (CFAC, 2013, on-line)7.
Nestes casos, você deve recomendar
que a vítima respire em um saco ou
sacola de papel limpo (evite usar
sacos de plástico) para reutilizar
o dióxido de carbono (Figura
18). A boca e o nariz devem estar
cobertos completamente com o
saco; o indivíduo precisa apertá-lo
ligeiramente; você deve orientá-lo para
que inicie inspiração e expiração, fazendo 6-12
respirações lentas. Solicite que permaneça calmo
e respirando naturalmente. Em seguida, retire
o saco de papel e peça para a vítima respirar
lentamente. Instrua para que realize algumas
técnicas de respiração, como expirar com os
lábios fortemente pressionados e inspirar
com o nariz aberto e a boca fechada, para
controlar a falta de ar e diminuir o ritmo
respiratório (BFA, 2016, on-line)8. Figura 18 - Respiração com sacola de papel

UNIDADE 2 57
Crise Asmática

A asma é uma doença crônica, que promove es- exercícios físicos, à poluição ambiental e mudan-
treitamento das vias aéreas e inflamação. Esta está ças climáticas. Entre os aspectos ambientais, estão,
associada à hiperresponsividade das vias aéreas também, a exposição aos ácaros e fungos e infec-
inferiores em decorrência do resultado de estimu- ções virais (agentes causadores de pneumonia e
lação química, emocional, infecciosa, imunológica resfriado). Adicionalmente, os fatores genéticos
ou da associação desses fatores (HUPP; ELLIS; contribuem quando há histórico familiar de asma
TUCKER, 2015). ou rinite (BRASIL, 2017).
Os sinais e sintomas são: respiração rápida Nos casos de crise asmática, é recomendado
e curta – aumento da frequência respiratória –, acalmar a vítima, colocá-la em posição confor-
tosse, dificuldade para respirar e falar, cianose, tável, sentada ou semissentada, chamar o resgate
desconforto torácico e sibilos (chiados no tórax). ou encaminhar para o hospital (QUILICI; TI-
Os sintomas são mais intensos, ocorrem à noite MERMAN, 2011). Caso a vítima utilize e tenha
e nas primeiras horas da manhã. Podem ocorrer disponível um broncodilatador aerossol, auxilie a
em resposta à exposição a alérgenos, à prática de fazer a autoadministração do medicamento.
Afogamentos

A aspiração de líquidos (não corporais) por sub-


mersão ou imersão caracteriza o afogamento. Essa
situação ocorre quando a via aérea da vítima está
abaixo do nível da superfície líquida. Caso não
sejam tomadas as condutas de primeiros socorros,
o afogamento pode levar à morte.
Segundo crença popular, a vítima acena com a
mão e chama por ajuda. No entanto, é observado,
nestas situações, que ela encontra-se frequente-
mente em posição vertical, com os membros su-
periores estendidos lateralmente, batendo-os na
água. As pessoas próximas da vítima podem não
perceber que ela está com problemas. Devido à
respiração ser instintivamente prioridade, a vítima
de submersão, na maioria das vezes, é incapaz de
gritar por socorro (SZPILMAN, 2005).
É importante ressaltar que você deve tomar
cuidado para prestar os primeiros socorros sem
se tornar uma segunda vítima.

UNIDADE 2 59
vias aéreas abertas e, ao chegar em ambiente seco,
a vítima deve ser posicionada paralela ao espelho
d’água, em decúbito dorsal (Figura 19) (WATSON et
Para prevenir afogamentos, não deixe crianças al., 2001; SZPILMAN; IDRIS; CRUZ-FILHO, 2002).
sozinhas dentro ou próximas da água. Diversos Vítimas de submersão precisam receber, rapi-
casos ocorrem com indivíduos que acreditam damente, SBV (Figura 20) no local do acidente, e é
que sabem nadar. Portanto, não superestime a necessário verificar a possibilidade de trauma. Lem-
habilidade das crianças ou dos adultos. bre-se de que as lesões neurológicas permanentes
ocorrem após 5 minutos de asfixia, por isso, a rapi-
dez no atendimento será extremamente relevante
Recomenda-se que a remoção da vítima seja rea- para o sucesso dos procedimentos. Portanto, retirar
lizada conforme o seu nível de consciência, sendo a vítima da água é prioridade. Se a vítima apresen-
que a posição vertical deve ser adotada, com intuito tar apneia, a ventilação deve ser iniciada ainda na
de evitar vômitos e outras complicações das vias água. Caso não seja detectado pulso, as compressões
aéreas. Para o transporte de vítimas inconscientes, a torácicas devem ser iniciadas, imediatamente, após
posição deve ser mais próxima possível da horizon- a retirada da água. As manobras de ressuscitação
tal, tomando cuidado para manter a cabeça acima reduzirão a hipóxia e minimizarão seus efeitos de-
do nível do corpo. Lembre-se de manter sempre as letérios (CAMPOS JÚNIOR; BURNS, 2014).

Figura 19 - Posicionamento da vítima

60 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias


Figura 20 - Elos da corrente de sobrevida
Fonte: adaptada de Campos Júnior e Burns (2014).

A limpeza das vias aéreas e a retirada de água dos pulmões são contraindicadas por não apresentarem
eficácia e atrasar os procedimentos de SBV. Além disso, essas manobras podem provocar aspiração
do conteúdo gástrico. Mesmo após a vítima retornar a respirar e apresentar pulso, é necessário que
seja submetida à avaliação médica. Para evitar afogamentos de crianças, é necessária a supervisão
permanente dos professores.

Caro(a) aluno(a), nesta unidade, verificamos luindo para uma parada cardíaca ou respiratória.
diversos aspectos relacionados às urgências e No que diz respeito à sua aplicabilidade, servirá
emergências cardiovasculares e respiratórias, as para situações diversas, tanto nos atendimentos
quais podem ser simples ou, até mesmo, ocasionar clínicos quanto para sua responsabilidade social
problemas graves e levar a óbito. A lipotimia, a enquanto cidadão. Lembre-se que há diferença
síncope e a obstrução das vias aéreas são bastante nos protocolos das diretrizes e livros mais an-
comuns e parece que estão mais próximas entre tigos, por isso é importante que você procure
os eventos que podem ocorrer no nosso dia a dia. sempre por materiais atualizados e elaborados
A parada cardiorrespiratória também apresenta por especialistas.
grande incidência e é um problema mundial de Caro(a) aluno(a), o intuito desta unidade foi
saúde pública. Apesar de avanços relacionados quebrar os obstáculos para o atendimento das ví-
à prevenção e ao tratamento, diversas vidas são timas, trazendo, de forma simples, mas detalhada,
perdidas, anualmente, no Brasil, devido, em parte, os procedimentos de primeiros socorros nestas
à falta dos primeiros socorros. situações, desde o reconhecimento das situações
Desta forma, é importante que este material até o uso de desfibrilador externo automático, que
consultivo seja relembrado ao longo da disci- pode e deve ser manuseado, inclusive, por pessoas
plina, pois outras situações podem acabar evo- que não são da área da saúde.

UNIDADE 2 61
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. A obstrução das vias aéreas (OVA) é uma emergência absoluta que, se não for
reconhecida e resolvida, pode levar a óbito em minutos. Quando um bebê é
vítima de OVA, deve ser realizado o procedimento de:
a) Manobra de Heimlich, em posição ortostática.
b) Manobra de Heimlich, em decúbito dorsal.
c) Compressões torácicas, em posição ortostática.
d) Manobra de desobstrução, em decúbito ventral.
e) Manobra de desobstrução, em decúbito lateral.

2. A síncope é caracterizada pela perda transitória da consciência, como resul-


tado da baixa perfusão cerebral, geralmente, por queda temporária súbita da
pressão arterial associada à incapacidade de manter-se na posição de pé, com
recuperação espontânea e completa. Sobre essa situação, verifique as asserções
seguintes e assinale a alternativa correta.
a) São sintomas de síncope: bradicardia, palidez, sudorese e hipotensão.
b) É indicado colocar a vítima em decúbito dorsal com MMII elevados, e nunca
virar a cabeça de lado.
c) É indicado colocar a vítima em decúbito dorsal com MMII elevados e virar a
cabeça de lado (para evitar que aspire secreções).
d) É indicado oferecer álcool ou amoníaco para a vítima aspirar.
e) É indicado colocar a vítima, imediatamente, na posição sentada.

62
3. Segundo as Diretrizes de Ressuscitação Cardiopulmonar da American Heart As-
sociation (2015), para realização das compressões torácicas em adultos, na PCR,
é recomendado posicionar-se ao lado da vítima – que deve ter o tórax desnudo –,
colocar a região hipotenar da mão sobre o esterno da vítima e a outra mão sobre
a primeira, entrelaçando-as, estendendo os braços e se posicionando cerca de 90°
acima da vítima, comprimindo, com profundidade de, no mínimo, 5 cm, e permi-
tindo o retorno completo do tórax após cada compressão, sem retirar o contato
das mãos com ele.
SOBE
OMBROS
DESCE
SOBRE AS
MÃOS

BRAÇOS
ESTICADOS

USAR A BASE
DAS MÃOS

Em relação à frequência das compressões, estão indicadas:


a) No mínimo, 100 compressões/minuto e, no máximo, 120.
b) No mínimo, 50 compressões/minuto.
c) 5 compressões/minuto.
d) No mínimo, 80 compressões/minuto.
e) No mínimo, 200 compressões/minuto e, no máximo, 320.

4. As vítimas de parada cardiorrespiratória (PCR) podem apresentar o gasp agônico,


que é uma atividade semelhante à:
a) Hipotermia, pois todos os sinais e sintomas são iguais.
b) Hiperglicemia, pois todos os sinais e sintomas são iguais.
c) Anemia, podendo confundir os possíveis socorristas.
d) Hipertensão arterial sistêmica, pois os sinais são iguais.
e) Convulsão, podendo confundir os possíveis socorristas.

63
5. As manobras de ressuscitação para bebês podem ser necessárias, sendo essen-
cial o conhecimento e a habilidade para todos os profissionais que trabalham
com esses indivíduos, visto que podem apresentar parada cardiorrespiratória.
Analise as asserções sobre a ressuscitação cardiopulmonar em bebês e assinale
a que é indicada realizar.

a) Compressão torácica, com profundidade de 4 cm.


b) Compressão torácica, com profundidade mínima de 15 cm.
c) Uma compressão para cada 20 ventilações.
d) Uma compressão para cada 50 ventilações.
e) 50 compressões para cada 2 ventilações.

64
LIVRO

Treinamento de Emergências Cardiovasculares: básico (TECA B)


Autor: Sociedade Brasileira de Cardiologia
Editora: Manole
Sinopse: esse livro foi desenvolvido com base na I Diretriz Brasileira de Parada
Cardiorrespiratória e Emergência Cardiovascular da Sociedade Brasileira de
Cardiologia – 2012 e na diretriz mais recente do International Liaison Committee
on Resuscitation (ILCOR). O livro foi escrito por especialistas em emergência
cardiovascular, seguindo critérios modernos de didática e treinamento, fazendo
que ambos sejam ferramentas úteis e indispensáveis nos atendimentos hospi-
talares e pré-hospitalares.
Comentário: você poderá obter mais informações sobre suporte básico de vida,
conceitos e procedimentos nos casos de infarto agudo do miocárdio, parada
cardiorrespiratória, acidente vascular encefálico e obstrução das vias aéreas.
Além disso, esse material traz diversas ilustrações de primeiros socorros.

WEB

Essa publicação resume os principais pontos de discussão e alterações feitas


na atualização das Diretrizes de 2015 da American Heart Association para res-
suscitação cardiopulmonar.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

65
AHA. American Heart Association. Destaque das Diretrizes da American Heart Association de 2015 para
RCP e ACE. Dallas: AHA, 2015. Disponível em: <https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/
2015-AHA-Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2019.

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3. A.

4. E.

5. A.

69
70
Dra. Sabrina Weiss Sties
Me. Xana Raquel Ortolan

Urgências e Emergências
Metabólicas e Neurológicas

PLANO DE ESTUDOS

Convulsão e epilepsia Acidente vascular encefálico (AVE)

Hiperglicemia e hipoglicemia Ataque isquêmico Traumatismo cranioencefálico


transitório (AIT) (TCE) e traumatismo
raquimedular (TRM)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Reconhecer e atuar diante da vítima acometida por uma • Compreender a atuação diante do Acidente Vascular En-
emergência diabética. cefálico (AVE).
• Conhecer os sinais e sintomas de convulsões e epilepsia • Identificar os indícios de Traumatismo Cranioencefálico
e as condutas de primeiros socorros. (TCE) e Traumatismo Raquimedular (TRM).
• Compreender a atuação diante de Ataque Isquêmico
Transitório (AIT).
Hiperglicemia e
Hipoglicemia

Caro(a) aluno(a), você, como profissional de saú-


de, deve estar preparado(a) para atuar em todas
as situações de emergência. Para que sua conduta
resulte na melhora dos sintomas, no restabeleci-
mento dos sinais vitais e na prevenção de lesões
secundárias, você precisa saber reconhecer as di-
ferentes situações que necessitam de atendimento
em primeiros socorros. Nesta unidade, vamos nos
dedicar aos estudos das principais urgências e
emergências metabólicas e neurológicas.
Neste sentido, tenha em mente que sua primei-
ra abordagem de primeiros socorros em urgências
e emergências metabólicas e neurológicas deverá
ser determinada pelos sinais e sintomas que serão
descritos nesta unidade.
Diabetes mellitus (DM) não é uma única No Quadro 1, podem ser identificados os valo-
doença, mas um grupo heterogêneo de distúrbios res de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnós-
metabólicos que apresenta em comum a hipergli- tico de diabetes mellitus.
cemia (excesso de glicose na corrente sanguínea), Os sintomas clássicos da hiperglicemia são: poli-
resultante de alterações na secreção e/ou ação dipsia (sede excessiva), poliúria (aumento da quan-
da insulina, que envolve destruição das células tidade de excreção de urina), polifagia (fome em ex-
beta pancreáticas, comprometimento da secre- cesso) e perda considerável de peso. Outros sintomas
ção da insulina, resistência à ação da insulina, que levantam a suspeita clínica são: fadiga, fraqueza,
entre outros (SBD, 2016; LYRA; CAVALCANTI; letargia e prurido cutâneo e vulvar. Entretanto, de-
SANTOS, 2014). ve-se destacar que o diabetes é assintomático em
A classificação atual do DM baseia-se na etio- proporção significativa dos casos (BRASIL, 2006).
logia, e não no tipo de tratamento, portanto, a Em casos diagnosticados, além da prática regu-
DM tipo 1A está relacionada a fatores genéticos lar de exercício físico e da alimentação adequada, o
e ambientais e, na DM tipo 1B, a etiologia não portador faz uso de medicamentos para o controle
está elucidada. O DM tipo 2 pode estar presente da glicemia e, em indivíduos com problemas gra-
em indivíduos de qualquer idade, e o diagnóstico ves de diabetes, pode ser necessária a administra-
ocorre após os 40 anos. A maioria dos casos (90 a ção de insulina, por meio de injeções ou de uma
95%) de diabetes é ocasionada por DM2, a qual bomba, que fornece esse hormônio em doses re-
se caracteriza por defeitos na ação e secreção da duzidas por um pequeno tubo inserido sob a pele.
insulina e na regulação da produção hepática Sabe-se que o exercício físico pode influenciar
de glicose. Outros aspectos também são corre- na quantidade do hormônio que o corpo necessita,
lacionados a esse tipo de DM, como: sobrepeso, é por isso que atletas diabéticos devem ser constan-
obesidade, sedentarismo e dietas ricas em gor- temente monitorados, especialmente aqueles que
duras (SBD, 2016). apresentam problemas para controlar o diabetes.

Quadro 1 - Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico de diabetes mellitus

Categoria Jejum* 2 h após 75 g de glicose Casual**


Glicemia normal < 100 < 140
Tolerância à glicose
≥ 100 a 126 ≥ 140 a < 200
diminuída

≥ 200 (com sintomas


Diabetes Mellitus ≥ 126 ≥ 200
clássicos)***

*O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por, no mínimo, 8 h.


**Glicemia plasmática casual é aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição.
***Os sintomas clássicos do DM incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de peso.
Nota: o diagnóstico do DM deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia, a menos que haja hipergli-
cemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM.
Fonte: adaptado de SBD (2016).

UNIDADE 3 73
Neste contexto, é importante que você conheça os Assim, se você verificar que o atleta apresenta
procedimentos para medição do nível de glicose um quadro de hiperglicemia:
capilar. Existem diversos modelos de equipamen- 1. Afaste-o de todas as atividades e moni-
tos para medição da glicose sanguínea, portanto, tore os níveis de glicose do sangue (caso
podem diferir quanto a alguns procedimentos, ele tenha um monitor).
assim, é importante que você consulte o manual 2. Acione a equipe de resgate se os sinais
de cada equipamento. A seguir, descrevemos uma indicarem evolução para um quadro
técnica para medição da glicose: grave (confusão mental, hálito cetôni-
1. Quando possível, a vítima deve lavar e secar co, náuseas, sede excessiva e respiração
corretamente as mãos (você, assim como ofegante).
nos demais procedimentos, deve usar luvas). 3. Monitore os sinais vitais e realize a RCP,
2. Você deve ligar o glicosímetro. se houver necessidade.
3. Introduzir a ponta da lanceta descartável
no dedo do indivíduo. Desta maneira, também é importante estar atento
4. Com a fita teste, você absorverá a gota de aos sinais e sintomas de hipoglicemia. O paciente
sangue. apresenta palidez, sudorese fria, confusão mental,
5. A fita teste deve ser colocada no glicosí- delírio, nervosismo, ansiedade, taquicardia, ton-
metro. tura, sonolência, visão turva, sensação de formi-
6. Você deve aguardar alguns segundos até gamento nos lábios e na língua, fraqueza e déficit
que o valor de glicemia apareça no moni- de coordenação motora (SBD, 2016).
tor do glicosímetro. Quanto aos procedimentos para atendimento
7. Ofereça um curativo ou algodão para o de pacientes com hipoglicemia conscientes:
paciente cobrir o local perfurado. 1. Ofereça alimentos ou líquidos compostos
8. O material deve ser descartado de forma por frutose, sacarose e oligossacarídeos
correta, conforme as normas de biosse- (balas, sucos) (AHA, 2015).
gurança. 2. Monitore os sinais vitais.

Apesar dos tratamentos já bem estabelecidos para Por outro lado, os procedimentos para pacientes
o controle da hiperglicemia, não é incomum nos hipoglicêmicos que estão inconscientes são:
depararmos com indivíduos que apresentam o 1. Não administre nada por via oral.
nível de glicose acima do recomendado. Embora 2. Solicite o serviço de emergência.
saibamos que uma das maneiras de diminuir a 3. Monitore os sinais vitais e, se necessário,
glicemia sanguínea é por meio da prática de exer- inicie protocolo de RCP.
cícios, a Sociedade Brasileira do Diabetes (2017)
recomenda a suspensão do exercício físico em A partir disso, lembre-se sempre de que, para pre-
caso de glicemia acima de 250 mg/dL, na presença venir a hipoglicemia, a hiperglicemia e as compli-
de cetose, ou em caso de glicemia acima de 300 cações do DM, é importante manter os níveis de
mg/dL, mesmo na ausência de cetose. glicose dentro dos valores estabelecidos.

74 Urgências e Emergências Metabólicas e Neurológicas


UNIDADE 3 75
Convulsão
e Epilepsia

Antes de iniciarmos este capítulo, você precisa


entender que convulsão e epilepsia não são sinô-
nimos; a epilepsia é uma doença específica que
predispõe o indivíduo a convulsões, mesmo na
ausência de problemas, como traumas na cabeça
ou tumores cerebrais. Então, o que é convulsão?
A convulsão é um episódio de atividade elé-
trica anormal no cérebro, que pode ocasionar
mudanças repentinas no estado de alerta, com-
portamento e controle muscular de um indivíduo
(FLEGEL, 2010). Pode ser classificada em dois
tipos: parcial (focal), na qual apenas uma parte do
hemisfério cerebral é afetada, ou generalizada, na
qual os dois hemisférios cerebrais são atingidos.
De acordo com o comprometimento dos he-
misférios cerebrais, o episódio pode se resumir
a apenas uma crise de ausência (pequeno mal),
período de segundos a poucos minutos, em que
a vítima permanece com os olhos abertos e apre-
senta movimentos de automatismo, como estalar
os lábios ou deglutir, esfregar as mãos e alisar ou
pegar objetos sem propósito definido, piscar os
olhos. Entretanto, as crises mais conhecidas são
as chamadas convulsões tônico-clônicas (grande
mal), quando o paciente perde a consciência e apre- É sempre importante conhecer o paciente (adul-
senta movimentos involuntários. Na fase tônica, a to/criança). Se você tem certeza de que a pessoa
musculatura dos membros superiores e inferiores sofre de epilepsia e que o ataque não durou mais
e tronco ficam contraídos e estendidos, e a face fica do que 3 minutos, é desnecessário chamar ajuda
com a cor cianótica. Na fase clônica, há contrações externa, mas é fundamental orientá-la sobre a
simultâneas e rítmicas, repetitivas e incontrolá- importância do acompanhamento médico. Caso
veis, a saliva pode ser abundante e ficar espumosa o ataque se prolongue, seja repetitivo ou caso
(BARBÉRIO; SANTOS; MACHADO, 2013). a pessoa não recupere a consciência, solicite o
Esses episódios, frequentemente, são desenca- serviço de atendimento móvel de urgência.
deadas por luzes piscantes, certos tipos de ruídos,
leitura prolongada, privação de sono e fadiga. Em
casos mais graves, podem ser desencadeadas por
febre alta, hipoglicemia, traumatismos cranianos
acidentais, entre outras.
Primeiramente, diante de uma convulsão, você
deve se manter calmo(a). Embora as convulsões
pareçam ser preocupantes pela dramaticidade
da situação, a maioria das crises cessam antes do
atendimento hospitalar, não necessitando qual-
quer tratamento com anticonvulsivantes no ser-
viço de emergência.
Moraes (2010) expõe que, na presença dessas
situações, é preciso:
1. Proteger a vítima, removendo objetos que
possam causar ferimento.
2. Afrouxar as roupas que estejam no pes-
coço.
3. Colocar o paciente em posição de recu-
peração, conforme Figura 1.
4. Lateralizar a cabeça da vítima para evitar
a aspiração de saliva e vômito.
5. Não se oponha aos movimentos da ví-
tima.
6. Não introduzir nenhum objeto na boca
ou colocar algum objeto entre os dentes
ou tentar segurar a língua da vítima; ao
contrário do que se pensa, a vítima não
enrola a língua.
7. Fique ao lado da vítima durante a crise
convulsiva, verificando a respiração. Re-
gistre a duração da crise. Figura 1 - Posição de recuperação

UNIDADE 3 77
Ataque Isquêmico
Transitório (AIT)

O ataque isquêmico transitório (AIT) representa


um fenômeno isquêmico cerebral focal (interrup-
ção do fluxo sanguíneo para determinada área do
cérebro) de baixa duração (de 2 a 15 minutos) e
intensidade o que não ocasiona dano tissular irre-
versível, e o déficit neurológico súbito é passageiro.
Os sintomas mais comuns do AIT são muito
parecidos com o de um acidente vascular ence-
fálico (AVE), mas costumam desaparecer em 24
horas. São eles:
• Alterações da fala, fala enrolada, dificuldade
para completar as palavras ou frases.
• Alteração da força em um membro (braço ou
perna).
• Alteração da sensibilidade em um lado do
corpo.
• Desvio da boca para um dos lados.
• Alteração súbita e intensa do equilíbrio.
• Alterações visuais (visão embaçada, tremida,
visão dupla).
• Sonolência de início súbito, com parada da fala.
• Convulsões e sonolência excessiva vindo jun-
tas e de forma súbita.
• Dor de cabeça de início súbito e muito, muito
forte.
Na presença de um atleta que esteja apresentando quência cardíaca pode estar normal ou elevada.
um AIT, interrompa todas as atividades físicas e Na ocorrência do AIT, os sinais e sintomas clínicos
o coloque-o em uma posição confortável. Man- (como dormência ou fraqueza das extremidades,
tenha as vias aéreas livres e avalie os sinais vitais descritas como formigamento) desaparecem em
(frequência cardíaca, frequência respiratória e poucos minutos ou horas. Cessada a crise, obri-
pressão arterial). A pressão arterial pode estar gatoriamente, referencie-o para avaliação médica
levemente aumentada durante o episódio. A fre- na companhia de outro indivíduo.

UNIDADE 3 79
Acidente Vascular
Encefálico (AVE)

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) ou Aci-


dente Vascular Cerebral (AVC) é uma doença
incapacitante que pode levar ao óbito, sendo ne-
cessário intervenção imediata e rápido reconheci-
mento de seu acometimento. O AVE compreende
uma alteração súbita da função neurológica, aco-
metendo um número cada vez maior de pessoas
(ROGER et al., 2012).
O AVE, por muito tempo, foi considerado uma
condição relacionada com o envelhecimento, em
que apenas pessoas com idade avançada apre-
sentariam essa doença. Entretanto, sabe-se que
diversos casos têm ocorrido com pessoas com
idade inferior a 40 anos, tornando-se uma grande
preocupação para a população em geral.
O AVE caracteriza-se em dois tipos:

Anoxia Hemorragia

Ruptura do
Trombo Vaso

Acidente Vascular Acidente Vascular


Encefálico Isquêmico Encefálico Hemorrágico
Quando o fluxo sanguíneo é bloqueado Ruptura de um vaso sanguíneo no cérebro,
por um acúmulo de gordura (ateroma) impedindo o fluxo de sangue normal e
dentro da artéria cerebral, ou por coágu- permitindo que ele extravase para áreas
lo que obstrui o vaso sanguíneo (embolia do cérebro. Pode ser adjacente ao cérebro
cerebral). (hemorragia subaracnoidea) ou dentro da
massa encefálica.

Figura 2 - características do AVE isquêmico e do AVE hemorrágico

Como já citado anteriormente, os sinais e os sin- Para uma avaliação pré-hospitalar, você pode
tomas do AVE são muito parecidos com o do AIT: utilizar a Escala Pré-Hospitalar de Cincinnati, que
cefaleia, alteração da consciência, fraqueza em um consiste em avaliar face, braços e fala. Se o paciente
dos lados do corpo, assimetria facial, vertigens, apresentar um deles alterado, tem 72% de proba-
alteração da fala, perda da visão, náuseas e vômitos bilidade de ser AVC; se houver as três alterações,
(SBC, 2013). a chance de ser AVC é de 85%.

Quadro 2 - Escala Pré-Hospitalar de Cincinnati

Sinais e sintomas Como testar Normal Alterado


Pedir para o paciente Ambos os lados da Um dos lados da face não
Queda facial mostrar os dentes e face movem-se nor- se move tão bem quanto o
sorrir. malmente. outro lado (desvio de rima).
Pedir para o paciente Ambos os braços
Um braço não se move ou
Debilidade dos fechar os olhos e man- mantêm-se esticados
cai mais comparado ao ou-
braços ter os braços estendi- ou com movimentos
tro (paresia).
dos na frente do corpo. iguais.
Pede-se para o pacien- Usa as palavras cor- Usa palavras inelegíveis, in-
Fala normal te dizer “o rato roeu a retas com pronúncias corretas ou não consegue
roupa do rei de Roma”. claras. falar.

Fonte: adaptado de Moraes (2010).

UNIDADE 3 81
Uma dica interessante para lembrar e avaliar os sinais e sintomas do AVE é lembrar da palavra SAMU:
peça para a vítima Sorrir, Abraçar e Cantar uma Música. Se o indivíduo apresentar alguma dificuldade
para realizar algumas dessas atividades, ligue imediatamente para o serviço de Urgência.

Figura 3 - Identificação do AVC


Fonte: adaptada de Neuroliga (2016, on-line)¹.

No atendimento à vítima de AVE, você deve:


1. Avaliar responsividade da vítima.
2. Avaliar o nível de consciência e escala de
Cincinnati, marcar o horário que iniciou A principal diferença entre o AIT e o AVC é que
os primeiros sinais e sintomas. o déficit neurológico, no AIT, é reversível em até
3. Solicitar, imediatamente, o serviço móvel 24 horas. Contudo, embora as vítimas de AIT não
de urgência. fiquem com sequelas, este distúrbio pode repre-
4. Monitorar os sinais vitais até a chegada do sentar um indicativo de um futuro AVC.
atendimento especializado.

Embora o AIT e o AVE sejam condições que nem sempre podem ser prevenidas, pois dependem de
muitos fatores, é imprescindível que a população localizada na faixa etária de risco etc. realizem pe-
riodicamente exames preventivos.

82 Urgências e Emergências Metabólicas e Neurológicas


Traumatismo
Cranioencefálico (TCE)
e Traumatismo
Raquimedular (TRM)

O trauma é a principal causa de morte em indiví-


duos entre 1 e 44 anos. O traumatismo cranioe-
ncefálico (TCE) é o principal determinante de
morbidade, incapacidade e mortalidade dentro
deste grupo. O TCE grave, por exemplo, está as-
sociado a uma taxa de mortalidade de 30% a 70%,
e a recuperação dos sobreviventes é marcada por
sequelas neurológicas graves e por uma qualidade
de vida muito prejudicada (OLIVEIRA; IKUTA;
REGNER, 2008).
O (TCE) é uma lesão do crânio e/ou do parên-
quima cerebral provocada por uma força física
externa, como um choque local ou movimentos
repetidos decorrentes de impactos únicos ou
múltiplos, resultando em compressão, expansão,
aceleração, desaceleração e rotação do cérebro
dentro do crânio, que pode ocasionar alteração
do nível de consciência e comprometimento das
habilidades cognitivas ou do funcionamento fí-
sico (SILVA et al., 2017).

UNIDADE 3 83
De acordo com Moraes (2010), existem três ouvidos; ventilação rápida e superficial ou lenta
tipos de TCE: com períodos de apneia quando existe compro-
• Traumatismo craniano fechado: quando misso do centro respiratório; hipertensão arterial,
não há ferimentos no crânio, ou existe que surge como resposta fisiológica do organismo
apenas uma fratura linear. Pode apresentar tentando manter a irrigação cerebral na presença
concussão, uma breve perda de consciên- de aumento da pressão intracraniana; e hipertermia
cia, depois do traumatismo, geralmente se por desregulação do centro termorregulador.
recobra a consciência antes de seis horas. As fraturas, sobretudo, que têm origem na re-
• Fratura com afundamento do crânio: o gião posterior e no fundo (base) do crânio podem
pericrânio está íntegro, porém um frag- desencadear os seguintes sinais: pupilas desiguais
mento do osso fraturado está afundado e (anisocoria); perda de líquor ou sangue pelas na-
comprime e/ou lesiona o cérebro. rinas ou orelhas (rinorragia e otorragia); hema-
• Fratura exposta do crânio: indica que os toma periorbitário - sinal de Panda ou olhos de
tecidos pericranianos foram lacerados e guaxinim; e Sinal de Battle – hematoma na região
que existe uma comunicação direta entre o mastoide (atrás da orelha).
couro cabeludo lesionado e o parênquima Independentemente do grau da lesão, se o pa-
cerebral por meio dos fragmentos ósseos ciente exibir qualquer um dos sinais ou sintomas
afundados ou estilhaçados e da dura-máter previamente listados, procure imediatamente o
lacerada. serviço de emergência, ou seja, em todos os casos
de TCE, a vítima deve ser encaminhada ao hos-
Além disso, o TCE pode ser classificado como pital mais próximo, ou o serviço de emergência
leve, moderado e grave (GENTILE et al., 2011). deve ser acionado.
Normalmente, o TCE leve é assintomático, ou Neste sentido, Flegel (2015) orienta a seguir
a vítima pode apresentar: cefaleias, tonturas, per- estes passos:
turbações da visão e lesões cranianas evidentes 1. Solicite rapidamente o serviço de emer-
(ex.: lacerações e hematomas). gência médica.
Em casos de TCE moderado, pode ocorrer 2. Mantenha a cabeça e o pescoço imóveis
alteração do estado de consciência, no momento (exceto em casos de suspeita de traumatis-
do traumatismo ou depois, que pode ir desde o mo raquimedular) até que o atendimento
estado de alerta até a ausência de resposta, pas- especializado chegue.
sando pela desorientação no tempo e no espaço, 3. Em casos de sangramento, controle qual-
cefaleia progressiva, convulsão, vômito, amnésia, quer hemorragia profusa, mas evite apli-
politraumatismo e traumatismo facial grave. car pressão excessiva sobre uma ferida na
No caso grave, há alterações da simetria e da rea- cabeça.
tividade à luz das pupilas; hemiplegia ou hemipare- 4. Monitore a frequência respiratória, cardía-
sia; perda de líquido cefalorraquidiano ou de sangue ca, pulso, pressão arterial e temperatura. Se
pelos orifícios da cabeça, nomeadamente, nariz e necessário, realize a RCP.

84 Urgências e Emergências Metabólicas e Neurológicas


Assistindo a uma partida de futebol, você, provavelmente, já presenciou um traumatismo crania-
no ocorrido por choque da cabeça com o chão, ou por colisão entre dois atletas ao cabecear uma
bola. A decisão de voltar ao jogo após uma pancada na cabeça sempre causou discussões entre
médicos e árbitros de futebol. Recentemente, a FIFA divulgou uma nota sobre o assunto, haja vista
a frequência com que esses acidentes ocorrem e as divergências entre as condutas que devem ser
tomadas nesses casos.
Caro(a) aluno(a), sugerimos que você faça uma leitura da reportagem postada no jornal Estadão, pois
trata exatamente do posicionamento da FIFA em relação a esses acidentes. Acesse o link: <http://
esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,traumatismo-craniano-fifa-decide-que-medico-tem-decisao-
final,1564826>.

Traumatismo Raquimedular (TRM)

O trauma raquimedular (TRM) é uma agressão mais afetadas a vértebra torácica T12 e as vérte-
à medula espinhal, que pode ocasionar sérios bras lombares L1 e L2 (MORAES, 2010).
problemas neurológicos, como alterações da As sequelas estão diretamente relacionadas
função motora, sensitiva e autônoma. As prin- com o nível do traumatismo. O dano à medula
cipais causas de lesão são os acidentes automo- espinhal varia de uma concussão transitória,
bilísticos, quedas, esportes de contato físico, aci- da qual o paciente recupera-se completamente
dente por mergulho em água rasa e ferimentos (contusão, laceração e compressão da substân-
por arma de fogo (MARTINS; DAMASCENO; cia da medula) até uma transecção completa
AWADA, 2012). com possível perda de movimentos (paraplegia
As fraturas na região cervical são mais co- ou tetraplegia).
muns entre as vértebras C5 e C6. Lesões na Os principais sinais e sintomas sugestivos de
vértebra cervical C1-C2 ou C2-C3 com aco- lesão raquimedular são: dormência ou perda
metimento medular, geralmente, são fatais, pois de sensibilidade dos membros superiores e/ou
levam à parada respiratória imediata. As lesões inferiores, respiração diafragmática, hipotensão
cervicais C3-C4 e C4-C5, com acometimento associada à bradicardia, priapismo. Podem ser
da medula, acarretam instabilidade respiratória. observados também: edemas, deformidades,
As fraturas na região toracolombar correspon- desvio de estrutura na região do pescoço (des-
dem a 90% dos traumas raquimedulares, sendo vio de traqueia) e presença de dor.

UNIDADE 3 85
Quando você suspeitar de um trauma raqui- tomas muito inespecíficos, o que dificulta o seu
medular, chame o serviço médico de urgência diagnóstico e torna os primeiros socorros algo
imediatamente. Estabilize a vítima para evitar complexo e extremamente desafiador.
qualquer movimento da cabeça, pescoço ou do Da mesma maneira, caro(a) acadêmico(a),
corpo. Você precisa manter a vítima totalmente você deve ter compreendido que, em uma emer-
imóvel até que a ajuda profissional chegue. Não gência neurológica, existe a necessidade de uma
mova a vítima, a menos que ela esteja em perigo avaliação criteriosa dos sinais e sintomas apresen-
imediato de lesão adicional, ou se você precisar tados pela vítima, uma vez que o sistema neuro-
desobstruir uma via respiratória para que ela lógico é extremamente complexo e desempenha
possa respirar. Se você perceber que a vítima não um importante papel no controle das funções
apresenta pulso e não está respirando, inicie RCP. corporais. Assim, qualquer alteração sutil pode
Jamais toque na vítima se você não tem conhe- indicar um possível agravamento da condição
cimento de primeiros socorros para o atendimen- da vítima. Sabe-se que o reconhecimento e uma
to em TRM. Qualquer conduta inadequada pode avaliação focada dessas condições devem ser a
piorar a situação do indivíduo. base das intervenções.
Nesta unidade discutimos um pouco sobre as Portanto, é imprescindível aprofundar seus co-
principais urgências e emergências metabólicas nhecimentos a respeito dos aspectos essenciais
e neurológicas. das situações de urgências e emergências metabó-
Os distúrbios endócrinos, especialmente os licas e neurológicas, de maneira que você se torne
relacionados aos níveis de glicose sanguínea, capacitado para atuar em qualquer situação e em
compreendem uma gama de manifestações clí- qualquer ambiente, seja no ambiente de trabalho
nicas. Nos casos de urgência e emergência, essas ou, até mesmo, em locais públicos.
condições configuram-se como potencialmente De fato, as orientações de primeiros socorros
fatais se não foram imediatamente reconhecidas nessas situações não devem terminar aqui. É ne-
e tratadas de maneira adequada. Por outro lado, cessário ler e se atualizar constantemente acerca
sabe-se que esses distúrbios compreendem sin- dessa temática. Bons estudos!

86 Urgências e Emergências Metabólicas e Neurológicas


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Considerado uma das grandes epidemias mundiais do século XXI e problema


de saúde pública, tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento,
acomete, aproximadamente, 382 milhões de pessoas no mundo, devido ao
estilo de vida atual, caracterizado por inatividade física e hábitos alimentares.
Possui como principais sinais e sintomas: fome excessiva, aumento do volume
urinário, sede em demasia e fadiga.
Considerando as informações anteriores, indique qual é a doença/evento res-
ponsável por esses sinais e sintomas:
a) Hipoglicemia.
b) Diabetes mellitus.
c) Traumatismo raquimedular.
d) Epilepsia.
e) Doença arterial coronariana.

87
2. Recentemente, durante uma partida de futebol no campeonato amazonense,
o atacante Charles Chenko bateu a cabeça com o zagueiro Victor e desmaiou.
Em seguida, sofreu uma forte convulsão e teve que ser levado às pressas para
para o pronto atendimento mais próximo.
Considerando o caso apresentado, avalie as alternativas seguintes sobre as
recomendações no caso de convulsão.
I) Deitar a pessoa de lado para que não engasgue com a língua.
II) Remover todos os objetos ao redor que ofereçam risco de machucá-la.
III) Afrouxar as roupas, elevar a mandíbula para facilitar a passagem do ar e cro-
nometrar o tempo da convulsão.
IV) Tentar puxar a língua para fora.

É correto apenas o que se afirma em:


a) I e II, apenas.
b) II, III e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) III, apenas.

3. A hipoglicemia é a diminuição dos níveis glicêmicos para valores abaixo de 60 mg/


dL, que leva a manifestações de liberação do sistema simpático como sudorese,
taquicardia, apreensão e tremor. Sobre as condutas de primeiros socorros em
casos de indivíduos hipoglicêmicos, assinale a alternativa correta.
a) Se a vítima estiver consciente, peça para ela se exercitar. Os exercícios físicos
tendem a aumentar a glicemia sanguínea.
b) Se a vítima estiver consciente, solicite que ela não se alimente sob nenhuma
hipótese, pois a vítima pode desmaiar e se engasgar com a comida.
c) Se a vítima estiver inconsciente, deite-a em posição confortável até a crise pas-
sar. Não há necessidade de atendimento médico especializado, pois os sinais
e sintomas melhoram, gradativamente.
d) Se a vítima estiver consciente, interrompa as atividades físicas e ofereça ali-
mentos ou líquidos compostos por frutose, sacarose e oligossacarídeos (balas,
sucos). Monitore os sinais vitais.
e) Se a vítima estiver inconsciente, inicie imediatamente as manobras de RCP.

88
4. O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame,
é uma das principais causas de morte e de sequelas no Brasil e no mundo. A
doença cerebrovascular atinge 16 milhões de pessoas ao redor do globo a cada
ano. Dessas, seis milhões morrem. Por isso, a Organização Mundial de Saúde
(OMS) recomenda a adoção de medidas urgentes para a prevenção e tratamen-
to da doença. Neste sentido, julgue as afirmativas a seguir, assinalando V para
verdadeiro e F para falso:
( ) O aparecimento súbito de déficits neurológicos nos AVC isquêmico e hemor-
rágico independe da região cerebral envolvida.
( ) Quando há ruptura espontânea de um vaso, com extravasamento de sangue
para o interior do cérebro, é denominado AVC hemorrágico.
( ) Fraqueza ou paralisia de um lado do corpo, dificuldade para falar e confusão
mental são alguns sinais do acidente vascular cerebral.
( ) O AVC não se configura como uma situação de emergência e, portanto, não
há necessidade de referência.
( ) No atendimento de primeiros socorros ao AVC, é melhor esperar os sintomas
passarem para, então, orientar a vítima a procurar um médico.

A sequência correta é:
a) V - V - V - F - V.
b) F - F - V - F - V.
c) F - F - F - F - V.
d) F - V - V - V - F.
e) F - V - V - F - F.

5. Durante a prática de uma técnica desenvolvida em sua clínica, um indivíduo, 48


anos, sexo masculino, hipertenso, sofreu uma queda da esteira. Ao examinar a
vítima, você percebe que ela está sonolenta e apresenta hematomas difusos na
face, há alteração do diâmetro pupilar (anisocoria) e presença de hemorragia na-
sal. Mostra-se hidratada, acianótica, FC: 120 bpm, O2 sat - 90%. PA: 150x90 mmHg.
a) Qual é o provável diagnóstico?
b) Quais são os sinais e sintomas da patologia?
c) Quais são as condutas recomendadas frente a essa situação?

89
LIVRO

Primeiros Socorros
Autor: Luiz Fernando dos Reis Falcão e Julio Cezar Mendes Brandão
Editora: Martinari
Sinopse: a forma como as pessoas reagem em uma situação de emergência
antes da chegada do socorro médico costuma determinar como será a recupe-
ração das vítimas e, em casos extremos, pode significar a diferença entre a vida e
a morte. A primeira pessoa a chegar ao local precisa ser capaz de reconhecer as
emergências e lidar com elas de modo a proteger as vítimas. Esse livro permite
o acesso à informação de Primeiros Socorros.

90
AHA. American Heart Association. Destaque das Diretrizes da American Heart Association de 2015 para
RCP e ACE. Dallas: AHA, 2015. Disponível em: <https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/
2015-AHA-Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2019.

BARBÉRIO, G. S.; SANTOS, P. S. S.; MACHADO, M. A. A. M. Epilepsia: condutas na prática odontológica. Rev.
Odontol. Univ. Cid., São Paulo, v. 25, n. 2, p. 114, maio/ago., 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diabetes Melli-
tus. Cadernos de Atenção Básica, n. 16. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Série A. Normas e Manuais Técnicos.
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus.PDF>. Acesso em: 17 jan. 2019.

FLEGEL, M. J. Primeiros Socorros no Esporte. 3. ed. Barueri: Editora Manole, 2010.

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GENTILE, J. K. A. et al. Condutas no paciente com trauma cranioencefálico. Ver. Bras. Clin. Med., v. 9, n. 1,
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LYRA, R.; CAVALCANTI, N.; SANTOS, R. D. Diabetes Mellitus e Doenças Cardiovasculares. São Paulo:
AC Farmacêutica, 2014.

MARTINS, H. S.; DAMASCENO, M. C. T.; AWADA, S. Pronto-Socorro: Medicina de Emergência, 3. ed. São
Paulo: Manole, 2012.

MORAES, M. V. Atendimento Pré-Hospitalar: Treinamento da Brigada de Emergência do Suporte Básico ao


Avançado. São Paulo: IÁTRIA, 2010.

OLIVEIRA, C. O.; IKUTA, N.; REGNER, A. Biomarcadores prognósticos no traumatismo crânio-encefálico


grave. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, São Paulo, v. 20, n. 4, out./dez. 2008. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2008000400015&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>.
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ROGER, V. L. et al. Heart disease and stroke statistics 2012 update: a report from the American Heart As-
sociation. Dallas: AHA, 2012. Disponível em: <https://circ.ahajournals.org/content/125/1/e2.full.pdf+html>.
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91
SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Treinamento de Emergências Cardiovasculares: básico (TECA
B). São Paulo: Manole, 2013.

SBD. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes 2015-2016. São Paulo: A. C. Farmacêutica, 2016. Disponível
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jan. 2019.

______. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes 2017-2018. São Paulo: Editora Clannad, 2017. Disponível
em: <http://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-sbd-2017-2018.pdf>. Acesso
em: 17 jan. 2019.

SILVA, J. A. et al. Traumatismo cranioencefálico no município de Fortaleza. Enfermagem em Foco, v. 8, n.


1, p. 22-26, 2017. Disponível em: <http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/724/368>.
Acesso em: 17 jan. 2019.

REFERÊNCIA ON-LINE

¹Em: <http://www.neuroligaunivasf.com.br/2016/10/29/dia-do-avc-2016/>. Acesso em: 17 jan. 2019.

92
1. B.

2. D.

3. D.

4. E.

5. a) A vítima sofreu um traumatismo craniano.

b) Além dos sinais e sintomas apresentados no caso, a vítima pode apresentar: hemiplegia ou hemipare-
sia; convulsões; náuseas e/ou vômitos; cefaleias e perturbações da visão; e hipertermia. Em casos mais
graves, alteração do estado de consciência e PCR.

c) Em casos de TCE, deve-se solicitar rapidamente o serviço de emergência médica; imobilizar a cabeça e
o pescoço (exceto em casos de suspeita de traumatismo raquimedular) até que o atendimento especia-
lizado chegue. Controlar qualquer hemorragia profusa, monitorar a frequência respiratória, cardíaca,
pulso, pressão arterial e temperatura e, se necessário, realizar a RCP.

93
94
Dra. Sabrina Weiss Sties
Me. Xana Raquel Ortolan

Acidentes e Lesões
em Geral

PLANO DE ESTUDOS

Queimaduras e insolação Intoxicação e envenenamento

Hemorragia interna e Choque elétrico Lesões nos olhos,


externa orelhas e dentes

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Identificar e prestar os primeiros socorros em casos de • Identificar sinais e sintomas de insolação e técnicas de
hemorragia interna e externa. atendimento às vítimas.
• Compreender as condutas diante de queimaduras con- • Reconhecer as situações de intoxicação e envenenamento
forme classificação. e os procedimentos de primeiros socorros.
• Compreender o atendimento de emergências em casos • Identificar as lesões nos olhos, orelhas e dentes e os pro-
de choque elétrico. cedimentos de primeiros socorros.
Hemorragia Interna
e Externa

Bem-vindo(a) a mais uma unidade do nosso livro.


Nele, vamos apresentar os acidentes e lesões que,
de maneira geral, ocorrem em nosso local de tra-
balho ou mesmo no ambiente domiciliar.
Inicialmente, vamos nos dedicar aos estudos
sobre os diferentes tipos de hemorragias, carac-
terísticas e intervenções próprias. É provável que
você já tenha sofrido uma hemorragia, mas que
não causou preocupação por ser pequena, ou por-
que o trauma não atingiu um vaso importante.
Entretanto, algumas hemorragias podem ser sé-
rias e demandam atendimento imediato.
Depois, estudaremos os aspectos relacionados
às queimaduras, a classificação e os métodos acei-
tos para calcular a superfície corporal queimada.
Embora os procedimentos de primeiros socorros
sejam simples, as queimaduras podem atingir es-
truturas além da pele, como músculos, ossos, ner-
vos e vasos sanguíneos, o que pode desencadear
um comprometimento das vias aéreas.
No tópico seguinte, abordaremos as caracterís- • Pulso com batimento anormal (fraco ou
ticas do choque elétrico, que também pode provo- acelerado).
car queimaduras graves, devendo ser tratado com • Pele fria.
os mesmos critérios. A insolação é outra situação • Sudorese abundante.
de emergência que surge devido ao superaque- • Palidez intensa e mucosas descoradas.
cimento do organismo, decorrente da exposição • Tonturas.
prolongada ao calor, configurando-se como uma • Eliminação de sangue pela boca (junto
queimadura grave. com vômito ou saliva), nas fezes e na urina.
Descreveremos os principais casos de intoxi- • Sede.
cação e envenenamento. Sabe-se que reconhecer • Inconsciência.
uma vítima nesta situação não é simples, pois os
sinais e sintomas variam de acordo com o tipo Nos casos de hemorragia interna, você deve mo-
de substância com a qual a vítima teve contato; nitorar os sinais vitais e chamar, imediatamente, o
entretanto, é importante que você reconheça os serviço de emergência, uma vez que uma situação
sinais de gravidade e que necessitam de atendi- de hemorragia interna pode levar a vítima, rapida-
mento médico imediato. mente, ao estado de choque. Caso a vítima passe
Por fim, destacamos algumas lesões gerais que a não responder mais, iniciar RCP de imediato.
ocorrem nos olhos, nas orelhas e nos dentes. Cada
uma com sua particularidade, nem sempre são
uma condição de emergência, mas devem ser tra-
tadas com atenção e responsabilidade.
Todas as situações abordadas aqui são comuns, Quando se trata de estado de choque, conhecido
tanto no ambiente social, como em seu local de como choque circulatório, ocorre a falência circu-
trabalho, por isso, você deve saber como agir dian- latória aguda que prejudica a oferta de oxigênio
te dessas situações. para os tecidos. Se não tratado precocemente,
A hemorragia compreende a perda de volume apresenta altas taxas de mortalidade.
sanguíneo devido ao rompimento de veias e/ou (Adaptado de Arthur Guyton e John Hall)
artérias por causas diversas, como amputações,
fraturas, esmagamentos, cortes, úlceras, entre
outros. As hemorragias podem ser classificadas Por outro lado, os casos de hemorragia externa são
como internas ou externas. facilmente diagnosticados, pois o derramamen-
A hemorragia interna ocorre sem que a pele to de sangue ocorre para fora do corpo. Nessas
seja rompida. Pode ser provocada pela lesão de situações, há possibilidade de reconhecimento
algum órgão interno. Normalmente, esse tipo de de uma hemorragia capilar, arterial ou venosa.
hemorragia acontece imediatamente após aci- A capilar corresponde a um sangramento lento,
dentes violentos, nos quais o corpo deve suportar com pouco volume de sangue, observada em ar-
pressões muito grandes, como: colisões; soterra- ranhões e pequenos cortes superficiais. A arterial
mentos; quedas; acidentes automobilísticos etc. caracteriza-se pelo fluxo em forma de esguicho
Nesses casos, não é possível visualizar o sangue, e intermitente (na mesma pulsação das palpitações
o socorrista deduz o quadro devido aos seguintes cardíacas), e a venosa apresenta fluxo contínuo e
sintomas: não muito intenso (Figura 1).

UNIDADE 4 97
Artérias Veias Capilares

Figura 1 - Tipos de hemorragia externa

Diante de traumatismos que apresentam hemor- Ressalta-se que a grande maioria dos sangra-
ragia externa, Quilici e Timerman (2011) apon- mentos externos pode ser tratada com simples
tam como agir diante dessa situação: tamponamento direto sobre o local da hemor-
1. Verifique se o local do atendimento está se- ragia, mas atenção: o ferimento deve estar sem-
guro para você. pre limpo, diminuindo, assim, a possibilidade
2. Solicite que alguém traga o material próprio de infecções. Se não existir gaze ou compressa
para atendimento de primeiros socorros. esteril no local, utilize algum tecido limpo, ou
3. Coloque todos os equipamentos de proteção faça a compressão com a própria mão vestindo
individual (EPI), incluindo óculos. luva devidamente ajustada.
4. Se a vítima estiver consciente, peça para ela Além disso, instrumentos que estejam fin-
comprimir o local do sangramento com cados em um ferimento, não devem ser retira-
gaze ou compressa limpa enquanto você se dos, devido à possibilidade de sangramento de
paramenta. um grande vaso que esteja por ele tamponado.
5. Mantenha o membro afetado elevado. Nestes casos, mantenha a vítima o mais imóvel
6. Comprima firmemente o local do sangra- possível até a chegada de atendimento espe-
mento por 5 a 10 minutos, até que a hemor- cializado.
ragia pare. Em casos de amputação de membro, deve-se
7. Se não parar, comprimir com mais força fazen- promover a compressão firme da área ferida.
do uso de uma segunda gaze colocada sobre Não aplique torniquetes, pois a compressão que
a primeira, que não deve ser retirada para que exercem é suficiente apenas para diminuir o re-
não ocorra remoção de coágulos já presentes. torno venoso e, na manutenção do fluxo arte-
8. Verifique possíveis sinais de choque (palidez rial, promovem aumento da hemorragia local.
cutaneomucosa, sudorese, taquicardia, pulso Os torniquetes devem ser utilizados somente
fino). como último recurso, quando outros métodos
9. Se houver sinais de choque e sangramento de hemostasia já tenham falhado. Assim, deve-se
persistente, acione imediatamente o serviço sempre ter em mente que a compressão sobre
de atendimento especializado. o local da hemorragia é o mais recomendado.

98 Acidentes e Lesões em Geral


Sob nenhuma hipótese despreze o membro Jamais peça para a vítima deitar ou manter a ca-
amputado. A melhor forma de preservá-lo é colo- beça inclinada para trás (hiperextensão cervical),
cá-lo em um saco plástico e resfriá-lo em gelo. Não pois isso facilita que o sangue seja aspirado. O(A)
coloque o membro amputado diretamente sobre paciente deve ser mantido(a) com a cabeça pen-
gelo ou mergulhado em água ou outro líquido, dida para a frente, facilitando a manutenção da
pois isso provoca degeneração celular do órgão. permeabilidade das vias aéreas. Sangramentos
Outra situação relativamente comum no coti- nasais, hemorragias de ferimentos bucais podem
diano é o sangramento nasal (epistaxe). As causas levar ao comprometimento das vias aéreas. Fique
mais comuns para a ocorrência desse tipo de he- atento a sinais de dispneia, como batimento da asa
morragia são: traumatismos locais (mais frequentes do nariz, tiragem intercostal e respiração ruidosa.
em crianças); o uso tópico de descongestionantes, Vítimas conscientes queixam-se da dificuldade
antialérgicos e corticosteroides. Além disso, o res- respiratória. Sangramentos produzidos por avul-
secamento da mucosa causado pelo clima seco ou são dentária devem ser tratados por compressão.
pelo inverno rigoroso, exposição prolongada ao ar O(A) paciente consciente deve ser orientado(a) a
condicionado ou por infecções virais e bacterianas, manter a gaze colocada sobre o local do sangra-
também podem ocasionar o sangramento nasal. mento (QUILICI; TIMERMAN, 2011).
Nesses casos:
• Mantenha a vítima sentada, imóvel, incli-
nada para frente.
• Realize o tamponamento de ambas as na-
rinas com uma gaze/pano limpo, usando
o polegar e indicador em forma de pinça,
durante 15 minutos (Figura 2).
• Coloque compressa com gelo sobre o na-
riz, fazendo vasoconstricção, diminuindo
o sangramento nasal.

Caso não haja êxito em 15 minutos, se houver


sangramento arterial com ou sem comprometi-
mento respiratório ou sinais de choque, telefo-
nar, imediatamente, para o serviço médico de
urgência.
Figura 2 - Condutas no atendimento a vítima com epistaxe
Fonte: adaptada de FCFRP - USP (2016).

UNIDADE 4 99
Queimaduras
e Insolação

As queimaduras são lesões decorrentes de agentes


capazes de produzir calor excessivo que danifica
os tecidos corporais e acarreta a morte celular
(BRASIL, 2012).
No cenário atual, as queimaduras são conside-
radas um importante problema de saúde pública,
visto que acarretam graves problemas psicopato-
lógicos, devido às sequelas estéticas, funcionais
e emocionais decorrentes de limitações físicas e
amputação de membros (ANTONIOLLI et al.,
2014).
Ademais, o trauma por queimaduras represen-
ta a quarta causa de óbito no mundo, acometendo,
predominantemente, jovens, na faixa etária de 1 a
40 anos, e repercutindo com danos, muitas vezes,
irreversíveis. No Brasil, cerca de 30% do total de
vítimas queimadas necessitam de hospitalização,
sendo que o restante corresponde a queimaduras
mais leves, tratadas ambulatorialmente (QUILICI;
TIMERMAN, 2011).

100 Acidentes e Lesões em Geral


Nesse contexto, entende-se que as queimadu- Nas queimaduras de primeiro grau, a cicatriza-
ras podem variar desde lesões pequenas até catas- ção ocorre de 2 a 7 dias com a descamação da
tróficas, e que as condutas de primeiros socorros epiderme; nas de segundo grau, a cicatrização
frente a essas situações dependem de uma análise ocorre entre 10 a 14 dias, em condições normais,
criteriosa em relação ao agente causador, à pro- sem infecção. Por outro lado, nas de terceiro
fundidade ou ao grau, à extensão ou severidade grau, a cicatrização ocorre pelo crescimento epi-
e à localização coporal da queimadura. telial, a partir das bordas da ferida ou por meio
De acordo com Moraes (2010), as queimaduras do autoenxerto.
podem ser classificadas quanto ao agente causador: As queimaduras também podem ser classifi-
• Agentes físicos: líquidos superaquecidos, va- cadas quanto à extensão, o que se refere à porcen-
por (como o vapor de ozônio), fogo e o gelo. tagem da área da superfície corporal queimada.
• Agentes químicos: substâncias químicas O cálculo da extensão do agravo é classificado de
industriais; produtos cosméticos, como acordo com a idade. Nestes casos, normalmente,
peelings; produtos de uso doméstico, como utiliza-se a regra dos nove, criada por Wallace e
solventes, soda cáustica, alvejantes ou qual- Pulaski, que leva em conta a extensão atingida,
quer ácido ou álcalis. a chamada superfície corporal queimada (SCQ)
• Agentes elétricos: a energia elétrica, como as (BRASIL, 2012).
correntes de baixa voltagem (eletrodomés- Veja, na Figura 3, a extensão da área queima-
ticos), alta tensão e raio; radiantes: resultam da. Essa regra divide o corpo humano em áreas,
da exposição à luz solar, como os raios ul- cada uma delas equivalente a 9%. Com essa regra,
travioleta ou fontes nucleares. podemos ter noção da extensão e da gravidade da
• Agentes biológicos: seres vivos, como tatu- área lesada. Embora, a regra dos noves apresente
ranas, água-viva e urtiga. resultado aproximado, é de grande importância
para a continuidade do atendimento.
Em relação à profundidade, a queimadura depende
de dois fatores: a temperatura a qual a pele foi expos-
ta e o tempo de exposição. Nesse sentido, as lesões
podem ser classificadas, conforme o quadro a seguir:
Quadro 1 - Classificação da queimadura quanto à profun-
didade

1º A lesão atinge a epiderme, apresenta


Grau vermelhidão e é acompanhada de dor.
A lesão atinge a epiderme e a derme,

apresenta vermelhidão e é acompanha-
Grau
da de dor e do aparecimento de bolhas.
A lesão atinge todas as camadas da
pele, chegando ao tecido subcutâneo.
3º É a forma mais grave. As lesões apre-
Grau sentam-se esbranquiçadas, secas e
com aspecto carbonizado, acompanha-
das de dor intensa.

Fonte: adaptado de Santos (2014, p. 114). Graus de Queimaduras

UNIDADE 4 101
Figura 3 - Regra dos nove
Fonte: adaptada de Moraes (2010).

Para superfícies corporais de pouca extensão ou


que atinjam apenas partes dos segmentos corpo-
rais, utiliza-se para o cálculo da área queimada o
tamanho da palma da mão (incluindo os dedos)
da vítima (conforme Figura 4), o que é tido como
o equivalente a 1% da SCQ.
Ainda, as queimaduras podem ser classificadas
quanto à localização:
• Áreas críticas: face, mãos e as que envol-
vam vias aéreas e genitais.
• Áreas semicríticas: todas as demais áreas
corpóreas.

Baseando-se nessa classificação, determinar a gra-


vidade da lesão depende de fatores, como: profun-
didade; extensão; envolvimento das áreas críticas;
idade da vítima; presença de lesão pulmonar; pre-
sença de outras lesões associadas, como fraturas Figura 4 - Regra da palma da mão
ou outros traumas; e doenças de base existentes. Fonte: adaptada de Tobase e Tomazini (2017).

102 Acidentes e Lesões em Geral


Neste sentido, é fato que as condutas de primeiros • Providenciar transferência da vítima
socorros dependem de uma avaliação criterio- para um posto médico ou hospital mais
sa de todos os fatores, mas, de maneira geral, em próximo.
queimaduras, os princípios básicos no cuidado
consistem em (SANTOS, 2014): Dependendo da gravidade da lesão, é importan-
• Afastar a vítima do agente causador. te que você fique atento(a) às queimaduras que
• No caso de a vítima estar em chamas, envolvam vias aéreas, queimaduras faciais, de
envolvê-la em um cobertor, deixando a sobrancelhas e narinas, fuligem na orofaringe,
região da cabeça livre, evitando que se faringe avermelhada e com edema, pois causam
sufoque com a fumaça. comprometimento da respiração. Avalie também
• Retirar acessórios, como anéis, pulseiras, possíveis sinais de choque (pele fria e pegajosa,
relógios e outros. respiração rápida, fraca e irregular, pulso rápido e
• Retirar as vestimentas que não aderiram fraco, cianose, hipotensão arterial etc.) e alterações
à área queimada. no nível de consciência. Nesses casos mais graves,
• Resfriar a área com água em abundância. chame imediatamente o serviço de emergência.
Não aplique gelo. Quando possível, apli-
que compressas molhadas sobre a área
lesionada.
• Se houver bolhas (flictemas), não per-
furá-las, pois o risco de infecção pode
aumentar.
• Não aplicar nenhum tipo de loção, cre-
me, infusão caseira, pasta de dente, pó
de café ou produto gorduroso (graxa e
óleo), pois isso complica e interfere no
tratamento.
• Se estiver consciente, dar bastante água
para beber, evitando desidratação rápida.
• No caso de queimadura química ou áci-
da, lavar a área com água em abundância
por mais ou menos 10 minutos.
• No caso de queimadura por pó químico,
retirar primeiro o excesso e, depois, lavar
com água em abundância, pois o excesso
de pó em contato com a água pode aderir
ao tecido subcutâneo.
• Nas queimaduras por soda cáustica, tirar
a substância com um tecido limpo e, em
seguida, lavá-lo, pois o contato da soda
com água provoca reação química com
aumento de calor.

UNIDADE 4 103
Insolação

A insolação é um mal-estar causado pela ação do • Se estiver consciente, mantenha a vítima


calor ou dos raios de sol que elevam a temperatura em repouso e recostado (cabeça elevada).
do indivíduo. Esse tipo de incidente pode aconte- • Ofereça bastante água fria, gelada ou qual-
cer em indivíduos que se expõem excessivamente quer líquido não alcoólico para ser bebido.
a ambientes muito quentes ou que sofrem exposi- • Observe os sinais vitais.
ção demorada e direta aos raios solares. • Se estiver inconsciente, eleve a cabeça da
Assim, oriente seus pacientes quanto à impor- vítima ou coloque-a em posição lateral de
tância da aplicação do protetor solar adequado segurança.
para o tipo de pele, com reaplicação a cada 2 ou • Se ocorrer parada respiratória, deve-se pro-
3 horas. Oriente que façam a ingestão de bastante ceder à respiração artificial, associada à
líquido ao longo do dia. massagem cardíaca externa, caso
Entretanto, se você identificar a ocorrência de necessário.
sintomas, tais como: cefaleia, sensação de muito
calor, náuseas, irritabilidade e fadiga; e o apare-
cimento dos sinais: desidratação, pele vermelha
ou avermelhada e quente, grande elevação da
temperatura do corpo, pulsação rápida, respira-
ção rápida, pupilas contraídas, vômito, diarreia,
confusão, possíveis convulsões, possível incons-
ciência e parada cardiorrespiratória; é possível
que o indivíduo esteja sofrendo uma insolação
(FLEGEL, 2010).
Nesse sentido, o objetivo principal dos pri-
meiros socorros diante da vítima que apresenta
insolação é baixar a temperatura corporal,
lenta e gradativamente. Para tanto, siga as
condutas a seguir:
• Remova a vítima para um local
fresco, à sombra e ventilador.
• Remover o máximo de peças de
roupa do indivíduo.
• Se possível, mergulhe o indiví-
duo em água fria (piscina ou
banheira) ou borrife água
fria em todo o corpo do
acidentado delicadamente
e aplique compressas de
água fria na testa, pesco-
ço, axilas e virilhas.

104 Acidentes e Lesões em Geral


UNIDADE 4 105
Choque
Elétrico

O choque elétrico compreende uma alteração de


natureza e efeitos diversos, que se manifesta no
organismo humano quando este é percorrido por
uma corrente elétrica.
De acordo com Moraes (2010), no choque
elétrico, a corrente fisiológica do corpo soma-se
à corrente externa desconhecida com intensida-
de muito maior, levando o corpo humano aos
efeitos danosos da exposição a essa corrente.
Os principais efeitos fisiológicos que a corrente
elétrica externa produz no corpo humano são
(MORAES, 2010):
a) Tetanização: contração muscular in-
voluntária, causada pela circulação de
corrente externa por meio dos nervos
que controlam os músculos. A corren-
te supera os impulsos elétricos, que
são enviados pelo sistema nervoso, e
os anula, levando à tetanização, a qual
será interrompida somente com o
desligamento da fonte geradora.

106 Acidentes e Lesões em Geral


b) Fibrilação ventricular: sequência de diferentemente da madeira, é excelente condutora
impulsos cardíacos desordenados, ini- de corrente elétrica.
ciando-se pelo músculo ventricular que Depois de ter certeza que a corrente foi desli-
se repete, continuamente, no mesmo gada, inicie os primeiros socorros à vítima:
músculo (o impulso elétrico não inicia 1. Cheque o nível de consciência e seus sinais
no nó sinoatrial, que é o comando dos vitais (respiração e pulso).
impulsos elétricos). 2. Realize massagem cardíaca externa se a ví-
c) Parada cardiorrespiratória: a corrente tima estiver em parada cardiorrespiratória.
elétrica que passa pelo corpo da vítima 3. Verifique também se há queimaduras e
com elevada intensidade em curto pe- realize os procedimentos nas áreas lesio-
ríodo pode levar à parada cardíaca. Esta nadas.
difere da fibrilação ventricular pela ausên- 4. Acione o serviço de emergência.
cia total dos impulsos elétricos, ou seja, o
coração está em assistolia. De fato, algumas vezes, o choque elétrico pode
d) Queimadura: a circulação da corrente elé- causar apenas um susto, mas dependendo da
trica no corpo da vítima é acompanhada corrente elétrica, a vítima pode ir a óbito. Neste
do efeito Joule, fenômeno de produção contexto, adote algumas condutas para evitar a
de calor, levando a queimaduras graves, ocorrência dessa situação:
geralmente, de 3º grau. • Não mexa e não permita que alguém (espe-
cialmente crianças) toque na parte interna
No atendimento a vítimas de choque elétrico, é das tomadas, seja com os dedos ou com
necessário ter cautela e atenção às condições de objetos. Proteja as tomadas com protetores
segurança para não se tornar uma segunda vítima especiais ou esparadrapo.
e evitar outros acidentes. • Quando estiver com as mãos molhadas,
Imediatamente, localize a fonte que está provo- não toque em aparelhos elétricos.
cando o choque e desligue o aparelho da tomada • Mantenha os aparelhos elétricos em bom
ou a chave geral de energia. É muito comum que estado de conservação, realizando manu-
a vítima fique presa à corrente elétrica, portan- tenções preventivas.
to, não toque na vítima antes desligar a corrente. • Não deixe fios elétricos à vista, tampouco
Caso contrário, você também poderá ser atingido desencapado.
pela descarga elétrica. • Não sobrecarregue as instalações elétricas
Se não houver possibilidade de desligar a fonte com vários utensílios ao mesmo tempo,
de energia, afaste a vítima da fonte de eletricidade utilizando, por exemplo, um “T” ou um
com um objeto seco não-condutor de corrente “benjamim”, pois os fios podem esquentar
(como cabo de vassoura, bastão de borracha e e provocar incêndio.
tábua, objetos de madeira em geral). Atente-se
também para os seus pés, verifique se eles não Essas simples condutas podem prevenir grandes
estão molhados e se o chão está seco, já que a água, acidentes.

UNIDADE 4 107
Intoxicação
e Envenenamento

A intoxicação e o envenenamento são manifes-


tações, por meio de sinais e sintomas, dos efeitos
nocivos produzidos em um organismo vivo como
resultado da sua interação com alguma substância
química, que pode ser encontrada no ambiente
(água, alimentos, plantas e animais peçonhentos)
ou isoladas (pesticidas, medicamentos, produtos
de uso industrial e produtos de uso domiciliar)
(JESUS et al., 2012).
Nos países desenvolvidos, o envenenamento
atinge cerca de 2% da população, e, nos países em
desenvolvimento, atinge, aproximadamente, 3%.
No Brasil, estima-se que três milhões de pessoas
são intoxicadas por ano (RODRIGUES et al., 2009).

108 Acidentes e Lesões em Geral


As intoxicações e os envenenamentos podem lave-os com água corrente durante 15 minutos
ocorrer por ingestão e inalação (normalmente e cubra com gaze, sem fazer pressão. Os agentes
de gases e por contato com a pele ou olhos). As nocivos, além de serem absorvidos rapidamente
principais causas de envenenamento são: contato pela mucosa, podem produzir irritação intensa
com substâncias corrosivas, ingestão de alimentos e causar a perda da visão, portanto, encaminhe a
estragados, produtos de limpeza (soda cáustica, vítima, imediatamente, ao serviço médico.
creolina), plantas, remédios, bebida alcoólica em Se a exposição à substância tóxica ocorrer por
excesso e inalação de gases tóxicos. inalação, a vítima poderá apresentar: respiração
Por ingestão, os principais sinais e sintomas rápida; tosse; pulso, normalmente, muito rápido
do envenenamento são: lesão da pele ao redor da ou muito lento. Nesses casos:
boca; náusea e vômito; diarreia, hálito com odor 1. Remova a vítima para um local seguro e
estranho; queixa de dor abdominal; queixa de dor arejado.
ao engolir. Em situações mais graves, podem ocor- 2. Se necessário, remova suas vestimentas.
rer convulsões e perda da consciência. 3. Acione o serviço de atendimento espe-
Nos casos de intoxicação e envenenamento cializado.
por ingestão, é importante saber qual substância 4. Mantenha as vias aéreas permeáveis.
provocou o envenenamento. Além disso: 5. Avalie sinais vitais e, se necessário, realize
• Não provoque o vômito, pois se a substân- manobras de ressuscitação cardiopulmonar.
cia ingerida for corrosiva ou derivada de
petróleo (como removedor de esmalte de É importante ressaltar que a presença de fumaça,
unha, gasolina, querosene, amônia, soda gases ou vapores, ainda que pouco tóxicos, em
cáustica e água sanitária) pode causar quei- ambientes fechados, pode ter consequências fatais,
madura no aparelho digestivo durante o porque esses agentes se expandem muito rapida-
vômito. mente, toma o espaço do oxigênio, provocando
• Não ofereça água, leite ou qualquer outro asfixia (BRASIL, 2003).
líquido à vítima. Outro tipo de evenenamento é pelo aciden-
• Ligue para a assistência médica, tendo to- te com animais peçonhentos e venenosos. Esses
dos os dados da ocorrência: hora da inges- acidentes têm se configurado como um grande
tão, idade da vítima, a maneira como ela problema de saúde não só pela incidência, mas
se encontra no momento e, se possível, o principalmente pela gravidade e sequelas que
nome do produto ingerido. podem deixar.
Inicialmente, é necessário esclarecer a dife-
Se a intoxicação ou envenenamento ocorrerem rença entre animais venenosos e peçonhentos.
por contato, observe a presença de manchas na Os animais venenosos produzem veneno, mas
pele, irritação nos olhos e coceira. Na ocorrência não apresentam aparato (ferrões, presas etc.)
desses sinais e sintomas, lave o local com água para inoculação. O envenenamento acontece
corrente e abundante. Se os olhos foram afetados, por contato ou ingestão da substância tóxica.

UNIDADE 4 109
Os peçonhentos, porém, são aqueles que apre- de intensidade com a palpação e pode irradiar-se
sentam estruturas produtoras, armazenadoras para o membro acometido. Frequentemente, há
de veneno e um aparato especializado para parestesias. O ponto de inoculação do veneno
inoculá-lo. O envenenamento é ativo; esses ani- pode não ser visível, entretanto podem ser en-
mais injetam o veneno dentro do organismos de contrados halo eritematoso e edema discretos,
outro ser vivo (QUILICI; TIMERMAN, 2011). sudorese e piloereção.
Entre os peçonhentos com maior incidência de Nesses casos, proceda da mesma maneira como
acidentes em seres humanos, pode-se destacar em picadas de cobras. Ao encaminhar a vítima para
as cobras, as aranhas, os escorpiões e as abelhas. o centro de saúde mais próximo, quando possível,
Os principais sintomas ocasionados por pica- leve o inseto ou, pelo menos, uma foto para auxi-
das de cobras dependem muito da espécie envol- liar no tratamento. Em casos mais graves, também
vida. Em geral, podem aparecer: marcas das presas podem ocorrer manifestações sistêmicas, por isso,
e alterações locais evidentes, dor, calor, edema e fique atento, pois pode haver midríase, arritmias
eritema no local da picada, flictenas, necrose na respiratórias e cardíacas, taquicardia, hipertensão
área, náuseas, vômitos e muita fraqueza. Em casos arterial, podendo evoluir para falência cardiocir-
mais graves, podem ocorrer manifestações clínicas culatória. Essa situação exige atendimento médico
decorrentes da ação neurotóxica, miotóxica e coa- especializado (CUPO; AZEVEDO-MARQUES;
gulante do veneno, dificuldade de deglutição e in- HERING, 2003) e aplicação de tratamento espe-
suficiência renal e respiratória aguda, até o choque. cífico (soro antiaracnídeo ou antiescorpiônico).
Após um acidente com picadas de cobras, não Destaca-se, também, um evento muito comum
há muito para ser feito, apenas: que é a picada de abelha. Nesses casos, a vítima
1. Tranquilize a vítima até a chegada no hos- apresenta uma reação localizada à picada, com
pital. sintomas de uma reação de hipersensibilidade, ou
2. Evite que ela caminhe ou corra, deixan- seja, edema, dor, prurido e hiperemia no local; o
do-o deitada. tamanho da lesão costuma ter entre 1,0 e 5,0 cm
3. Lave o local com água e sabão e mantenha (conforme figura a seguir). Normalmente, esses
o membro elevado. sinais e sintomas desaparecem aos poucos sem
nenhum tipo de tratamento específico.
Não faça uso de torniquetes nem passe substâncias
(folhas, pó de café, couro da cobra, entre outras) no
local da picada. O único tratamento eficaz para o
envenenamento por serpente é o soro antiofídico,
específico para cada tipo (gênero) de serpente. Por
isso, se possível, leve a serpente para identificação
(INSTITUTO BUTANTAN, [2018], on-line).
Em acidentes com aranhas e escorpiões, os
sintomas são muito parecidos aos da picada de
cobra, como: dor local de intensidade variável,
queimação, agulhadas ou latejante, a dor aumenta Figura 5 - Marca de picada de abelha

110 Acidentes e Lesões em Geral


Nos casos mais brandos, retire o ferrão e utilize
uma compressa fria com gelo para reduzir o efeito
do veneno no local da picada, mas fique atento
para algumas das consequências resultantes de
picadas por insetos. Em algumas pessoas, a rea-
ção ao veneno de um inseto pode assumir caráter
sistêmico, tais como: insuficiência respiratória;
edema de glote; broncoespasmo; edema generali-
zado das vias; hemólise intensa, acompanhada de
insuficiência renal e hipertensão arterial. Muito
rapidamente, esses sintomas podem causar o óbi-
to (BRASIL, 2003). Ao perceber sintomas graves,
chame o socorro.
Sabe-se que o perigo da picada da abelha, além
de estar relacionada à quantidade de picadas e ao
veneno, também está relacionado com a sensibi-
lização da vítima. Se ela já foi sensibilizada aos
antígenos de abelha, ocorrerá um quadro alérgi-
co típico. Do contrário, a simples picada poderá
provocar o choque anafilático, mesmo que seja
em pequena quantidade.

Para saber mais sobre os fatores relacionados


aos acidentes com animais peçonhentos, o Minis-
tério da Saúde disponibilizou, em seu site oficial,
algumas informações para a população a respei-
to desses eventos. As informações podem ajudar
ainda mais nas condutas de primeiros socorros.
Disponível em: <http://portalms.saude.gov.
br/saude-de-a-z/acidentes-por-animais-
peconhentos>.
Lesões nos Olhos,
Orelhas e Dentes

As lesões contusas representam uma compres-


são no sentido anteroposterior, a qual empurra o
globo ocular contra as estruturas orbitárias, como
acontece em um soco ou bolada (CBO, [2018]).
Nestes casos, pode-se observar acúmulo de san-
gue na esclera (parte branca do olho) ou na íris.
Além disso, há restrição dos movimentos ocula-
res, a íris ou a pupila podem apresentar formas
irregulares. Pode ocorrer, ainda, corte na córnea,
incapacidade para abrir os olhos, perda da visão
periférica, deformidade palpável dos ossos ao re-
dor do olho e sensibilidade à luz. Na ocorrência
destes sinais e sintomas, deve-se:
• Afastar o indivíduo das atividades que le-
varam a ocorrência da lesão e, se necessá-
rio, acionar a equipe de resgate.
• Colocar o indivíduo sentado em posição
ereta ou semirreclinada (45°).
• Se a equipe de resgate demorar mais que 15
minutos, você pode aplicar, delicadamente,
um tampão sobre ambos os olhos (para
limitar o movimento) (FLEGEL, 2015).

112 Acidentes e Lesões em Geral


As perfurações oculares compreendem as lesões sensação de queimação, edema na parte externa
do globo ocular ou anexos, causados, geralmen- da orelha, vermelhidão ou deformação. Nesses
te, por objetos pontiagudos, como facas, madeira, casos, aplique gelo, delicadamente, durante 5 a
prego, vidro, entre outros. Nestes casos, há pre- 10 minutos e encaminhe o(a) atleta a um pronto
sença de dor, queimação, acúmulo de sangue na atendimento. Ele(ela) não poderá retornar às ati-
esclera e/ou na íris e corte na córnea. É necessário vidades até que seja examinado(a) e liberado(a)
acionar o serviço de resgate imediatamente, e a ví- por um médico (FLEGEL, 2015).
tima deve permanecer em posição confortável. Em Por último, as lesões dentárias ocorrem, fre-
nenhuma hipótese, remova o objeto incrustado. quentemente, em crianças, mas podem envolver
Os acidentes oculares abrasivos compreendem indivíduos sujeitos a quedas e praticantes de ati-
arranhões na córnea que podem ser causados por vidades físicas que estão em contato com outros
sujeira, areia ou outro corpo estranho no olho. jogadores e suscetíveis a receber um projétil, como
Geralmente, a vítima apresenta dor, queimação uma bola.
e sensação de estar com algo dentro de olho, Podem ocorrer fraturas, luxação ou avulsão
vermelhidão, lacrimejamento, visão embaçada e dentária (eliminação); a vítima irá apresentar dor,
sensibilidade à luz. Nestes casos (FLEGEL, 2015): frouxidão dos dentes e hemorragia bucal. Essas
• Tente remover qualquer pequena partícula situações, geralmente, estão associadas a outras
que cause irritação, com exceção de vidro. lesões de cabeça e pescoço, incluindo acometi-
• Coloque o indivíduo sentado em uma po- mento dos ossos faciais, concussões, abrasões,
sição semirreclinada. hemorragia e problemas na articulação tempo-
• Aplique, delicadamente, um tampão com romandibular (WALKER, 2010).
rolo de gaze esterilizada sobre ambos os Em caso de avulsão, o reimplante imediato é
olhos, porque, do contrário, os movimen- o melhor tratamento no local do traumatismo.
tos do olho não lesionado farão que o le- Assim, deve-se começar por manter o indivíduo
sionado também se mova. calmo e evitar tocar na raiz do dente. Depois pas-
• Encaminhe-o a um médico. sar o dente em água fria corrente, no máximo, 10
segundos, e reimplantar o dente no alvéolo. Além
As fraturas da órbita são causadas por um forte disso, pode-se instruir a vítima a morder um lenço
impacto que aumenta muito a pressão intraorbi- para manter o dente na posição desejada. Se isso
tária, geralmente, ocorre no assoalho da órbita ou não for possível, armazene o dente em leite, dentro
da parede lateral interna, onde a estrutura óssea é da cavidade bucal (na saliva) ou em um recipiente
mais frágil. A vítima apresenta diplopia (visão du- com soro fisiológico (CARDOSO, 2014). Enca-
pla), edema, equimose periocular, íris ou pupila de minhe a vítima para atendimento odontológico,
forma irregular e enoftalmo (aprofundamento do imediatamente.
globo ocular para dentro da órbita) (CBO, [2018]). Encerramos mais uma unidade de aprendiza-
Nestes casos, afaste o atleta das atividades, acio- gem. Em um primeiro momento, conhecemos os
ne a equipe de resgate imediatamente e o coloque eventos que causam hemorragias internas e exter-
sentado em uma posição ereta ou semirreclinada. nas. Ambas, se não tratadas precocemente podem
As lesões nas orelhas podem decorrer de gol- levar o indivíduo à parada cardiorrespiratória e a
pe direto ou por fricção repetida da orelha em sequelas irreversíveis causadas pela hipóxia nos
uma superfície. O indivíduo pode apresentar dor, tecidos, especialmente se a hemorragia for arterial.

UNIDADE 4 113
Consequências sérias são decorrentes de quei- da temperatura corporal, causando hipertermia,
maduras graves, com grandes superfícies cor- pele seca e avermelhada, pulsação acelerada, falta
porais lesionadas, grande profundidade e áreas de ar, enjoo, vômitos, tonturas e até desmaios. Em-
críticas atingidas. O atendimento deve ser muito bora seja totalmente preventivo, ela ainda é muito
criterioso e sempre requer assistência médica comum no nosso cotidiano e depende da nossa
especializada. Em queimaduras mais brandas, atuação para diminuição dos sinais e sintomas.
muitas vezes, os primeiros socorros prestados no Por fim, ao final da unidade, conhecemos as
local do acidente já são suficientes para controlar principais lesões nos olhos, orelhas e dentes, as
a situação e prevenir complicações. quais são muito comuns durante a prática espor-
O mesmo ocorre em casos de vítimas que so- tiva. Além disso, compreendemos os fatores que
freram um choque elétrico. Nosso sistema ner- causam uma intoxicação e um envenenamento,
voso é pouco afetado em casos de uma corrente considerando que os sinais e sintomas estão di-
muito fraca. Quando a corrente elétrica é mais retamente relacionados com o tipo de exposição
forte, o indivíduo pode apresentar dor, queima- e a substância tóxica envolvida.
duras e até uma parada cardiorrespiratória. Neste De fato, as situações descritas nesta unidade,
contexto, o que podemos fazer é saber reconhecer dependendo das circunstâncias, nem sempre se
e prestar o atendimento adequado. caracterizam como eventos de urgência e emer-
A insolação, uma condição provocada pela ex- gência. Entretanto, se não tratadas de maneira
posição prolongada a ambientes quentes e raios so- adequada podem causar danos irreversíveis na
lares, causa um distúrbio no mecanismo de controle vítima, sejam eles físicos ou psicológicos.

114 Acidentes e Lesões em Geral


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. As queimaduras são lesões causadas por agentes capazes de produzir calor


excessivo que danifica os tecidos corporais e acarreta a morte celular. Neste
contexto, assinale a alternativa correta sobre as queimaduras.
a) Podem ser classificadas em primeiro, segundo e terceiro grau, de acordo com
a extensão da área do corpo queimada.
b) As queimaduras de primeiro grau são as mais graves pela presença de dor forte,
destruição da epiderme e da derme e pelo aparecimento de bolhas.
c) Embora sejam mais extensas que as de primeiro e segundo grau, as queima-
duras de terceiro grau não formam bolhas.
d) A aplicação de água corrente limpa sobre a queimadura deve ser a principal
medida de primeiros socorros adotada para todas as queimaduras, pois a água
resfria a pele e alivia a dor.
e) Para diminuir os efeitos das queimaduras de primeiro grau, pode-se aplicar
creme dental para aliviar a dor local.

2. Hemorragia é a perda de sangue causada pelo rompimento de um vaso sanguíneo,


veia ou artéria. Na hemorragia externa, o sangue extravasa a pele e, assim, pode
ser visto. Nesses casos, devem ser adotado(s) o(s) os seguintes procedimento(s):
I) Lavar as mãos e utilizar luvas.
II) Comprimir o local com gaze por 5 a 10 minutos ou até cessar a hemorragia.
III) Manter o membro acometido no nível mais baixo em relação ao restante do corpo.
IV) Realizar torniquetes.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

115
3. O choque elétrico é a reação do organismo à passagem da corrente elétrica, que
pode gerar um pequeno susto ou até mesmo uma fibrilação cardíaca e morte.
Sobre os primeiros socorros na ocorrência de um choque elétrico, julgue as
afirmativas a seguir:
( ) Interrompa a corrente elétrica por meio de um material que não seja condutor
antes de socorrer a vítima.
( ) Jogue água no local de contato entre a vítima e a corrente elétrica.
( ) Puxe o fio condutor da corrente elétrica rapidamente com as mãos para afas-
tá-lo da vítima.
( ) Se for seguro para você, desaperte as roupas da vítima e fique atento aos
sinais vitais.
( ) Em caso de parada cardiorrespiratória, inicie RCP (se for seguro para você) e
acione o serviço de emergência.

Assinale a alternativa correta:


a) V - F - F - F - V.
b) F - F - F - V - V.
c) V - V - V - V - F.
d) V - F - V - V - F.
e) V - F - F - V - V.

4. O sangramento nasal, ou epistaxe, é uma situação frequente, principalmente em


crianças, causado pelo modo de assoar o nariz, de coçar ou mesmo de colocar
o dedo no nariz, choque acidental, queda, bolada etc. Considerando o texto e
os procedimentos de primeiros socorros, responda as questões:
a) Recomende o posicionamento correto da criança e descreva os procedimentos
de primeiros socorros na ocorrência de sangramento nasal.
b) Descreva qual o posicionamento que é contraindicado nesse caso e porquê.

116
LIVRO

Protocolos de Intervenção para o SAMU 192 - Serviço de Atendimento


Móvel de Urgência
Autor: SAMU - Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde
Editora: Ministério da Saúde
Sinopse: a configuração estrutural desse material foi desenvolvida para per-
mitir atualização dos protocolos existentes e incorporação de novas unidades
nos diferentes agrupamentos de interesse, a qualquer momento. Cada serviço
SAMU 192 receberá uma unidade impressa das pastas (SBV e SAV) contendo
os protocolos já finalizados para consulta. Esses mesmos arquivos poderão ser
baixados em PDF do site do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br) ou acessa-
dos a partir de aplicativo para celular. Os serviços que já possuem protocolos ou
outras tecnologias adicionais incorporadas poderão utilizar esse material como
consulta e contribuir com sua experiência para a atualização da presente edição
e para o crescimento e desenvolvimento dos demais serviços e do atendimento
pré-hospitalar do país. Temos muitas áreas de atuação e em expansão no SAMU
192: veículos de intervenção rápida, motolância, aeromédico, veículos fluviais
e marítimos, incidentes de múltiplas vítimas, grandes eventos, acidentes QBRN
(químicos, biológicos, radiológicos e nucleares) e outros. Vivemos uma transi-
ção demográfica e epidemiológica e é preciso manter atenção às novas áreas
e suas demandas. Há muitos de nós com experiência nesses diferentes temas.
Precisamos compartilhar nossas experiências e ideias.

117
ANTONIOLLI, L. et al. Conhecimento da população sobre os primeiros socorros frente à ocorrência de quei-
maduras. Revista Brasileira de Queimaduras, v. 13, n. 4, p. 251-259, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Cartilha
para tratamento de emergência das queimaduras. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012.

______. Ministério da Saúde. Vice Presidência de Serviços de Referência e Ambiente. Núcleo de Biossegurança.
NUBio. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

CARDOSO, F. F. R. Traumatismo dentário em dentição permanente jovem. 2014. 99 f. Dissertação de Mes-


trado. Medicina Veterinária. Universidade Fernando Pessoa Faculdade Ciências da Saúde Porto, 2014. Disponível
em: <https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4758/1/PPG_RaquelCardoso.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2019.

CBO. Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Manual de prevenção para acidentes oculares. [2018]. Dispo-
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FLEGEL. M. J. Primeiros Socorros no Esporte. 3. ed. Barueri: Editora Manole, 2010.

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sp.gov.br/resources/ses/perfil/cidadao/temas-de-saude/animais_peconhentos.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2019.

JESUS, H. S. et al. Avaliação do sistema de vigilância das intoxicações exógenas no âmbito da saúde do traba-
lhador no Brasil entre 2007 e 2009. Cadernos Saúde Coletiva, v. 20, n. 4, p. 515-24, 2012.

LECUONA, K. Avaliação e tratamento dos ferimentos oculares. Jornal de Saúde ocular comunitária, África
do Sul, v. 1, n. 1, p. 11-14, 2009. Disponível em: <https://www.cehjournal.org/portuguese/pdf/jsoc1.1_011.pdf>.
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MORAES, M. V. Atendimento Pré-Hospitalar: Treinamento da Brigada de Emergência do Suporte Básico ao


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TOBASE, L.; TOMAZINI, E. S. Urgências e Emergências em Enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
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WALKER, B. Lesões no esporte: uma abordagem anatômica. Barueri: Manole, 2010.

119
1. D.

2. A.

3. E.

4. a) No caso de sangramento nasal, deve-se manter a vítima sentada, imóvel, inclinada para frente. Além
disso, deve-se realizar o tamponamento de ambas as narinas com uma gaze ou um pano limpo usando o
polegar e indicador em forma de pinça, durante 15 minutos. Se possível, pode-se colocar compressa com
gelo sobre o nariz, fazendo vasoconstricção, diminuindo o sangramento nasal.

b) A vítima jamais deve deitar ou manter a cabeça inclinada para trás, pois isso facilita que o sangue seja
aspirado.

120
121
122

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