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PROCESSO Nº: 0807513-43.2019.4.05.

0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO


AGRAVANTE: BRASKEM S/A
ADVOGADO: Adilson Vieira Macabu Filho e outros
AGRAVADO: DEFENSORIA PUBLICA GERAL DO ESTADO DE ALAGOAS e outro
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Elio Wanderley de Siqueira Filho - 1ª Turma

DECISÃO

O caso é de agravo de instrumento aviado pela BRASKEM S/A, em face das decisões
dos Juízos Federais da 3ª e da 4ª Varas da Seção Judiciária de Alagoas: a primeira, que
indeferiu a conexão entre a ação de origem e a de nº 0803662-52.2019.4.05.8000, que
tramita na Justiça Estadual, a segunda, que afastou a competência da Justiça Federal
para processamento da demanda.

O novo sistema processual inovou, quanto ao cabimento do agravo, estabelecendo


expressamente as hipóteses do manejo dessa espécie recursal.

A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, apreciando o REsp. 1679909, em que


se discutia o cabimento do agravo contra decisão que rejeitou exceção de
incompetência, afastou a taxatividade do rol do art. 1.015 do CPC:

"[...] a decisão interlocutória relacionada à definição de competência continua


desafiando recurso de agravo de instrumento, por uma interpretação analógica ou
extensiva da norma contida no inciso III do art. 1.015 do CPC/2015, já que ambas
possuem a mesma ratio, qual seja, afastar o juízo incompetente para a causa,
permitindo que o juízo natural e adequado julgue a demanda".(j. 14/11/2017)

O tema jurídico, afetado ao regime de recursos repetitivos, resultou na seguinte tese


(Tema 988):

"O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição
de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do
julgamento da questão no recurso de apelação".

Daí o cabimento do processamento do presente agravo, em que se debate a decisão


que afastou a competência da Justiça Federal, para o exame da demanda.

Pois bem.

Pelo que se depreende dos autos, foi formulado, perante a Justiça Estadual de Alagoas,
Pedido de Tutela Cautelar, em caráter antecedente à Ação Civil Pública, pelo Ministério
Público Estadual e pela Defensoria Pública do Estado de Alagoas, na qual se busca a
indisponibilidade de ativos financeiros da empresa agravante, da ordem de R$
6.709.440.000,00 (seis bilhões, setecentos e nove milhões e quatrocentos e quarenta
mil reais).

A referida ação vem se somar a outras demandas contra a BRASKEM S/A, objetivando
a sua responsabilidade por rachaduras, fissuras e outros danos, constatados nos
bairros do Pinheiro, Mutange e arredores, na cidade de Maceió. É que, segundo os
autores dessas demandas, os fenômenos geológicos têm origem na atividade
minerária desenvolvida pela empresa, exploradora de salgema na localidade, há quase
40 (quarenta) anos.

Nos autos daquela ação, a agravante suscitou a incompetência do Juízo Estadual e


postulou a necessária remessa dos autos à Justiça Federal, "porquanto os bens afetos à
exploração minerária eram de propriedade da União, por mandamento constitucional,
e a atividade de fiscalização também atrairia o interesse federal".

Em face dessa provocação e por força dos ditames da Súmula 150 do STJ, os autos
foram remetidos à 3ª Vara Federal de Alagoas, sendo, na ocasião, requerido o
processamento da ação de origem junto à Ação Civil Pública de nº 0803662-
52.2019.5.05.8000, ajuizada pelo Ministério Público Federal, em trâmite perante o
Juízo da 4ª Vara daquela Seção Judiciária, que trata, segundo a agravante, "dos
mesmos fatos analisados no presente feito, de mico que flagrante a conexão entre as
causas".

A primeira decisão, como dito alhures, não reconheceu a conexão, por entender que
as demandas têm pedidos distintos, o que contraria, no entender da agravante, a regra
do art. 55 do CPC, uma vez que "restou intocada a causa de pedir".

Já em relação à segunda decisão, que afastou a competência da Justiça Federal, a


agravante alega que, "independentemente de quem figure no polo ativo ou passivo da
lide, o fato de que os recursos minerais explorados são bens da União" revelaria o
flagrante interesse da União na lide.

Demais disso, alega que o Ministério Público Federal instaurou, em 17 de maio de


2018, o Inquérito Civil nº 1.11.000.000649/2018-29, com o fim de apurar a
possibilidade de as atividades de extração de sal-gema em Maceió, pela agravante,
estarem relacionadas aos eventos ocorridos no bairro do Pinheiro e áreas vizinhas. E,
como desdobramento desse inquérito, atualmente encontra-se em curso o IC Federal
nº 1.11.000.000027/2019-81, que "visa a apurar justamente o eventual nexo causal
entre a atividade de mineração exercida pela BRASKEM S/A com os eventos que estão
ocorrendo nos bairros do Pinheiro, do Mutange e do Bebedouro, em Maceió/AL".

Requer, assim, a demandante a concessão de efeito suspensivo, para que os autos de


origem permaneçam na Justiça Federal, até a definição da competência pelo
Colegiado.

Eis o sucinto relatório.


Distribuído o instrumental neste Tribunal, foi determinada pelo Relator convocado, de
logo, a manifestação do representante do Ministério Público Federal (PRR - 5ª Região),
o qual emitiu parecer, do qual destaco os seguintes trechos:

"[...]

A análise comparativa dos processos nºs 0803662-52.2019.4.05.8000 (em trâmite na


4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Alagoas) e 0803836-61.2019.4.05.8000
(originário do presente agravo de instrumento) evidenciam a existência de conexão
pelos seguintes fundamentos.

Em primeiro lugar, não obstante a diversidade dos pedidos e da causa de pedir


próxima, a causa de pedir remota das duas demandas é coincidente, qual seja, os
danos ambientais e patrimoniais evidenciados nos bairros de Pinheiro, Bebedouro e
Mutange e a possível relação de tais danos com a atividade de extração de sal-gema
desenvolvida pela BRASKEM S/A.

Nesse contexto, inexistindo definição a respeito das causas e da extensão dos danos
ambientais e patrimoniais aferidos nos bairros de Pinheiro, Bebedouro e Mutange da
Cidade de Maceió/AL - que serão definidos por ocasião do julgamento da ação civil
pública nº 0803662-52.2019.4.05.8000 (em trâmite na 4ª Vara Federal da Seção
Judiciária de Alagoas) -, patente a relação de prejudicialidade para o julgamento do
processo nº 0803836-61.2019.4.05.8000 (originário do presente agravo de
instrumento).

[...]

Ora, não há como garantir que a BRASKEM S/A repare os danos patrimoniais sofridos
pelos proprietários dos imóveis (objeto do processo nº 080383661.2019.4.05.8000), se
a causa e a extensão dos danos estão sendo aferidas na demanda de nº 0803662-
52.2019.4.05.8000 (em trâmite na 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Alagoas)".

Neste primeiro exame, após minuciosa análise do Parquet Regional, não há como não
antever a relação de prejudicialidade entre as demandas e, por consequência, o risco
de decisões conflitantes por juízos distintos.

Ora, a demanda que tramita na Justiça Estadual de Alagoas, que visa à reparação de
danos patrimoniais por nexo de causalidade com as atividades minerárias
desenvolvidas pela BRASKEM S/A, guarda relação de prejudicialidade com a ação que
tramita na Justiça Federal, que definirá as causas e a extensão dos danos ambientais e,
por consequência, a responsabilidade da empresa, aqui agravante.

Por isso, o legislador processual define a conexão não apenas pela identidade de
pedido - como parece ter sido o fundamento da negativa do juízo de origem -, mas
pela identidade da causa de pedir. No caso em tela, é patente essa identidade, que
gera a relação de prejudicialidade entre as ações.
Demais disso, é de competência da Justiça Federal o julgamento das demandas
relacionadas ao exercício da atividade mineradora, por serem os recursos ali
explorados bens da União, de acordo com os arts. 20, IX e 176, caput, da Carta Política.

É o que diz a regra peremptória inserta no art. 109, inciso I, da CF, no sentido de serem
da competência da Justiça Federal as causas de interesse da União, de suas autarquias
e de empresas públicas federais, nas condições de autoras, rés, assistentes ou
oponentes.

Aliás, em razão da atratividade do Juízo Federal advinda da regra do art. 109, I, CF, o
Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 150, segundo a qual caberá à Justiça
Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença no
processo da União, suas autarquias e empresas públicas federais, o que evitou, na
prática, o trâmite de processos - não raro, por anos -, no juízo incompetente.

Por derradeiro, as manifestações de entes federais, incluindo o representante do MPF


em Alagoas, nos autos de origem, não teriam, no caso, o condão de afastar a regra do
art. 109, I, em razão do interesse direto da União em demandas relacionadas à
atividade de exploração de minérios, que serve de fundamento da imputação de
responsabilidade da BRASKEM S/A, por danos patrimoniais aos autores da demanda
ajuizada na Justiça Estadual, sem olvidar da relação de prejudicialidade entre aquela
ação, de natureza indenizatória, e a que tramita na Justiça Federal, que objetiva a
definição acerca das causas e da extensão do dano ambiental - se decorrente da
atividade minerária explorada pela agravante.

Diante desse contexto, DEFIRO o pedido de tutela liminar, para determinar a imediata
suspensão dos efeitos das decisões agravadas e, por consequência, manter, na Justiça
Federal de Alagoas, a ação de origem (0803836-61.2019.4.05.8000), até o julgamento,
pelo Colegiado, deste instrumental.

Oficie-se, URGENTE, ao juízo de origem para ciência e cumprimento.

Intime-se a parte agravada.

Expedientes necessários.

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