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Este parágrafo repete parte de uma seção prévia (2:1) e como tal já foi discutido.
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 22
Estas seis direções, que compreendem o universo físico, são as que ocultam os
mistérios mais profundos.
Assim está escrito: "Ele colocou o mundo em seu coração de modo que o homem
não possa descobrir a obra que Deus fez do princípio ao fim" (Eclesiastes 3:10).
Como assinalam os comentários, a palavra hebraica usada aqui para "mundo" é
Olam ( ).
Ela provém da raiz Alam ( ), que significa "ocultar", e tem também esta
conotação.
Como uma pessoa pode unicamente pensar em termos das dimensões físicas do
espaço, a realidade interna destas dimensões lhe é ocultada.
É significativo também o fato de um anel ser levado normalmente em um dedo.
Como o Sêfer Ietsirá estabelece (1:3), as Dez Sefirot estão representadas pelos dez
dedos.
Os seis anéis são levados então nos seis "dedos" que correspondem às seis Sefirot
representativas das seis direções.
Os "seis anéis" aludem também aos "seis anéis da garganta" que o Zohar
menciona.
Todo som e palavra derivam desses anéis.
Esses seis anéis, que são a fonte da palavra física, ocultam o mistério do AMSh
relacionado com a raiz da fala.
Este mistério só pode ser desvendado quando se transcende o domínio da fala
física.
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 23
Esta seção começa exatamente do mesmo modo que a 2:2, exceto que todas as
letras foram lá discutidas e, aqui, unicamente as três Mães são levadas em
consideração.
Em ambos os casos há cinco processos: gravar, entalhar, permutar, pesar e
transformar.
Quando, como no Capítulo Dois, se dá às 22 letras o mesmo status, aparecem as
cinco dimensões como as cinco famílias fonéticas (2:3).
Aqui, por outro lado, as três Mães são tomadas separadamente.
As cinco dimensões aparecem então divididas em três domínios: Universo, Ano e
Alma.
O Universo consiste nas três dimensões espaciais, o Ano na dimensão temporária e
a Alma na espiritual.
Uma divisão similar em três domínios já foi encontrada antes, no Capítulo Um,
quando as Sefirot foram enumeradas pela primeira vez.
Começou-se por especificar o domínio da Alma, a dimensão espiritual, que consistia
em "Fôlego" e "Fôlego do Fôlego" (1:9-10).
Logo veio o domínio do Ano, a dimensão temporária, consistindo de Água e Fogo
(1:11-12).
Finalmente, vem o domínio do Universo, as três dimensões espaciais,
representadas pelas seis permutações das letras YHV (1:13).
O Sêfer Ietsirá tinha estabelecido antes (1:13) que as três letras YHV, que definem
o continuum espacial, são derivadas de AMSh.
Logo, são as letras AMSh que separam o continuum espacial do temporal e do
espiritual.
Existe uma diferença importante entre o continuum espacial e os outros dois.
Só no espaço é que alguém pode mover-se voluntariamente.
No espaço temporal move-se em uma direção e velocidade predeterminada.
Na dimensão espiritual, o corpo físico não pode mover-se absolutamente.
Só a alma pode mover-se através da dimensão espiritual e, por esta razão, esta
dimensão é chamada de Alma. As letras AMSh diferenciam o espaço, o tempo e a
alma. Estas mesmas letras podem ser usadas para abolir esta diferenciação.
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O Sêfer Ietsirá – Parte 24
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O Sêfer Ietsirá – Parte 25
O Temperado
A palavra hebraica para "temperado" aqui é Revayá (
).
Este uso da palavra Revayá é provavelmente único na literatura hebraica.
A interpretação corrente de Revaya é "abundância", como no versículo:
"Minha taça é abundante (Revayá)" (Salmos 23:5).
Recorde-se que é deste versículo que alguns cabalistas encontram uma alusão aos
221 Portões discutidos anteriormente.
Uma razão para que Revayá seja usada para denotar a primavera e o outono é que
estas eram as estações de colheita na Terra Santa.
A fonte mais óbvia para este uso está no versículo: "Atravessamos pelo fogo e pela
água, Tu nos trouxestes ao Revayá" (Salmos 66:12).
Embora alguns comentários traduzam Revayá também como "abundância", do
contexto depreende-se que "temperado" parece uma interpretação mais lógica.
Revayá indicaria então o desejado sentido entre "fogo" e "água".
O Sêfer Ietsirá também usa esta palavra com esse significado.
É importante notar que o Talmud interpreta que o "fogo e a água" neste versículo
denotam estados psicológicos.
O Midrash igualmente interpreta estes "fogo e água" como referências a dois tipos
opostos de purgatório.
O fogo é a superabundância de sensação e também está relacionado à culpa.
A água, por outro lado, denota falta de sensação e está relacionada à depressão.
Revayá é então o estado mental perfeito entre esses dois extremos.
Algumas autoridades afirmam também que a palavra Revaya está relacionada com
a palavra Yorê ( ), que denota as primeiras chuvas outonais.
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O Sêfer Ietsirá – Parte 26
O peito
A palavra hebraica para "peito" é "Gaviya" ().
Este uso de Gaviya para peito é também único na literatura hebraica.
Em geral, a palavra se refere ao corpo como um tudo e alguns comentários
também estabelecem que se refere ao tronco completo.
Uma possível fonte bíblica para isso pode vir da visão de Ezequiel, onde ele falou da
Chaiot, "com duas [asas] eles cobriam seu Gaviya" (Ezequiel 1:11).
A Escritura pode estar dizendo que eles cobriam seu peito e coração com duas de
suas asas.
Alguns comentários interpretam Gaviya como o órgão sexual.
Na linguagem da Mishna encontramos que "cabeça de Gaviya" se refere à ponta do
órgão masculino.
Entretanto, os principais comentários observam que unicamente a expressão
"cabeça de Gaviya" tem essa conotação, mas não a palavra Gaviya em si.
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O Sêfer Ietsirá – Parte 27
Isto significa de forma mais simples que, com respeito a conceitos relacionados ao
Fôlego, Alef é sempre a primeira letra nas permutações.
Em um nível mais profundo, isso significa que Alef foi ligada à Sefirá de Malchut
(Reino).
Afirma-se que Malchut é a "boca" e, como tal, a Sefirá através da qual o poder de
todas as outras Sefirot se expressa.
O primeiro estágio é, portanto, fazer a letra "reinar".
Isso significa que ela é levada à "boca", que é a Sefirá Malchut.
Macho e fêmea
Rabi Eliezer Rokêach de Worms escreve que se alguém deseja criar um Golem
macho deve usar a seqüência AMSh (
).
Se deseja criar um Golem fêmea, a seqüência deve ser AShM ( ).
Se deseja destruir o Golem, a seqüência então é ShMA ( ).
A palavra hebraica para "homem" é Ish ( ), enquanto para "mulher" é
Ishá ( ).
Em ambas, as letras Alef e Shin estão na mesma posição.
Temos então:
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O Sêfer Ietsirá – Parte 28
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O Sêfer Ietsirá – Parte 29
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O Sêfer Ietsirá – Parte 30
Este é o conjunto das letras duplas, cada uma com duas possíveis pronúncias.
No diagrama da Árvore da Vida correspondem às sete linhas verticais.
O duplo som é mantido hoje em dia por todos os judeus para o Bet, Caf e Pé.
A Bet ( ) dura tem o som de B, enquanto que a suave tem o som do V.
A Caf () dura tem o som de C [ou K]; a suave, de Ch, pronunciada como a "ch"
alemã, como em "doch" [ou como RR em carro].
A Pê ( ) dura é pronunciada como P, enquanto a suave como F
Em todos estes casos, o som duro corresponde a um som plosivo, pronunciado em
um sopro ou som explosivo.
O som suave corresponde a uma fricativa.
Os judeus ashkenazim do norte da Europa pronunciam a Tav ( ) suave como um S.
A maior parte dos judeus sefaradim do sul da Europa pronunciam o som duro e
suave da Tav, como uma T.
Alguns sefaradim pronunciam a Tav suave como a Th inglesa, como em "thing".
Os judeus iemenitas também distinguem as letras Guimel e Dalet suaves e duras.
A Guimel suave tem um som de um J inglês, ou, entre outros, de um G gutural
fricativa profunda.
A Dalet ( ) suave tem o som de uma Th inglesa dura, como em "the".
Como regra geral, estas seis letras, BGD CPT ( ), sempre tomam a forma
dura no início de uma palavra.
Por isso não há nomes bíblicos que comecem por F
Isto implicaria uma Pé ( ) no início de um nome, a qual automaticamente tomaria
o som duro, ou seja o som de P
O som duro é diferenciado por um ponto chamado Daguêsh que se coloca no meio
da letra.
É muito significativo o fato de se considerar aqui o Resh () como uma das letras
Duplas.
A maior parte dos gramáticos pós-talmúdicos assume precisamente o ponto de
vista oposto, e estabelecem que a Resh nunca leva Daguêsh.
Não existe nenhuma distinção verbal entre a Resh dura e a suave, como também a
gramática do hebraico moderno não reconhece tal diferença sequer na forma
escrita.
Há, entretanto, dez palavras diferentes, que aparecem em catorze lugares na
Bíblia, que são escritas com um Resh contendo Daguêsh.
Ver Tabela 28.
Não obstante, é óbvio que as regras usuais para as letras BGD CPT ( ) não
se aplicam à Resh.
O som atual da Resh é fricativo e é provavelmente o som em sua forma suave.
A Resh dura ou se perdeu ou foi deliberadamente ocultada depois da destruição do
Templo.
Em tempos antigos, seu uso era corrente e a evidência de que sua pronúncia era
conhecida pelos autores da Septuaginta está na transliteração de alguns nomes.
Entretanto, no século X, a Resh dupla só era usada pelos membros da pequena
comunidade Mazya de Tibérias.
Tibérias foi a última cidade na qual floresceu o San'hedrin, o grande conselho que
preservava a tradição.
Este foi um dos mistérios que o San'hedrin confiou à comunidade de Tibérias.
De acordo com o Sêfer Ietsirá (2:3), a Resh pertence ao grupo das dentais
ZSShRTs ( ).
Junto com as letras Záyin ( ), Sámech ( ), Shin ( ) e Tsadi ( ), é pronunciada
com os dentes.
De acordo com a Versão Longa (2:1), seu som se obtém "entre os dentes, com a
língua inerte, estendida".
Não podemos dizer que ele seja um som de R vibrante porque isso implicaria o uso
da ponta da língua.
Aproximaria-se então ao som do L e deveria ser incluída entre as linguais, DTLNTh
( ).
Além disso, a Resh dura deve ser plosiva como as demais duplas duras.
Nenhum som atual de R satisfaz todos esses critérios.
Tampouco há som plosivo pronunciado com os dentes que possa ser candidato à
Resh dura.
Por conseguinte, a pronúncia original desta letra permanece um mistério.
Dura e Suave
O som duro vem geralmente indicado por um ponto no meio da letra, conhecido
como Daguêsh.
Antes que se introduzisse a letra impressa, a maior parte dos manuscritos também
indicava o som suave por uma linha acima da letra conhecida como Rafê.
Este artifício é usado no Pentateuco Kéter Torá de Damasco, escrito no século IX.
Na coleção Firkovich da Biblioteca da Academia de Ciências de Leningrado há um
códice da Bíblia que data do ano 916 e que também faz uso da Rafê.
Ainda em 1480 esta marca podia encontrar-se em Bíblias e Livros de Oração
manuscritos.
O uso desta marca é também mencionado no Ticune Zohar.
Ele declara que a Rafê acima da letra é como "o firmamento sobre as Chaiot"
(Ezequiel 1:22).
O Ticune Zohar também declara que os sons duros e suaves estão relacionados
com as "Chaiot indo e retornando" (Ezequiel 1:14).
Diz assim: "Elas correm com o som duro e retornam com o som suave".
De acordo com alguns comentários, isto implicaria que o som duro plosivo é
pronunciado mais depressa que o suave fricativo.
Entretanto, já que o Sêfer Ietsirá (1:6) ensina que "correm e retornam" também se
relaciona com técnicas meditativas, parece claro que os sons duros e suaves seriam
empregados com este mesmo propósito.
As sete Duplas seriam usadas para mover-se pelas linhas verticais da Árvore da
Vida.
Quando o iniciado usava as letras para "correr" e ascender, seria o som duro o
empregado.
E quando "voltava", usaria o som suave.
O Bahir declara que as letras são o corpo da escrita, enquanto as vogais são sua
alma.
Os cabalistas posteriores fazem notar que Daguêsh e Rafê não são letras nem
vogais, mas intermediárias entre ambas.
E é esta essência intermediária que o homem deve aperfeiçoar se quer entrar no
domínio da Alma.
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 31
Estes são os conceitos que podem ser controlados através das sete letras duplas.
Os métodos são similares aos delineados no Capítulo 2.
As sete qualidades são paralelas às sete linhas verticais no diagrama da Árvore da
Vida.
Também se correspondem com as sete vezes que a frase "era bom" aparece no
relato da Criação.
Transposto
A palavra para "transposto" neste lugar é Temurá ( ).
Antes, o Sêfer Ietsird havia dito: "Ele as gravou, entalhou, permutou. pesou e
transpôs" (2:2).
A palavra usada para "transpôs" usada naquela ocasião foi Hemir ( ), que tem
a mesma raiz do termo usado aqui.
Também seguimos antes os comentários que interpretavam que "transpor" se
referia ao uso dos códigos cifrados padrão.
Do texto aqui, entretanto, poderia parecer que denota a transposição entre os sons
suave e duro das Duplas.
Paz e Guerra
Paz e Guerra referem-se a ambos: nações e indivíduo.
Uma pessoa pode estar em guerra consigo mesma ou em paz consigo mesma.
As letras correspondentes podem ser usadas para transmitir essas qualidades tanto
a si mesmo como a outros.
O Palácio Santo
Este é comumente interpretado como denotando Malchut.
A palavra hebraica usada para "Palácio" neste lugar é Hechal ( ), que tem o
valor numérico 65, o mesmo que Adonai ( ), o Nome Divino associado com
Malchut.
Além de ser a última das Sefirot, Malchut é também o ponto final da dimensão
espiritual Kéter-Malchut.
Conseqüentemente, o "Palácio Santo" no centro não se refere a Malchut sozinha,
mas também à sua associação com Kéter.
Ao canalizar a sustentação de Kéter, o ponto central apóia todos os outros.
Segundo o Bahir, "Hechal HaCodesh" não deve ser lido como o "Palácio Santo",
mas sim como "Palácio do Sagrado".
O "Sagrado" denota Kéter e o "Palácio do Sagrado" se refere a Malchut quando está
diretamente conectada com Kéter no mistério de "contém seu princípio em seu fim"
(1:7).
O centro também representa um grande mistério da Criação, conforme explica Rabi
Judá Loew ben Betsalel (1525-1609), o Maharal de Praga, famoso como criador de
um Golem.
Ele declarou que a razão pela qual o mundo foi criado em seis dias é porque o
mundo tridimensional tem seis direções, como o Sêfer letsirá estabelece aqui.
Foi necessário um dia para completar cada uma das direções.
O Shabat é, portanto, o ponto central que liga todas as direções e as suporta.
O Shabat representa Malchut, mas no modo em que esta se acha ligada a Kéter.
Esses sete elementos são paralelos aos sete braços da Menorá.
Eles também são aludidos no versículo:
"Sete olhos em uma pedra". (Zacarias 3:9).
Outra alusão aparece no versículo:
"Reparte com sete, e ainda com oito". (Eclesiastes 11:2).
Como foi discutido anteriormente (1:3), o número 7 denota a perfeição da Criação
enquanto 8 é a entrada no transcendental.
Este parágrafo se parece muito com 1:4 e os dois devem ser comparados.
As sete Duplas são freqüentemente associadas com as sete Sefirot inferior
Realmente, estas sete letras representam as sete linhas verticais no diagrama da
Árvore da Vida.
As sete Sefirot inferiores são meramente os pontos terminais dessas sete linhas
verticais.
Portanto, tais letras são os degraus que conduzem para cima das sete Sefirot
inferiores, e este é o modo em que ambos os conceitos estão associados.
Uma das principais funções das Sete Duplas é mover-se em sentido vertical pela
escala das Sefirot.
Alguém se eleva através do som duro e desce através do som suave.
O Sêfer Ietsirá nos preveniu anteriormente que existem Dez Sefirot, nem mais nem
menos (1:4).
Aqui o texto nos adverte da existência de sete caminhos verticais, nem mais nem
menos.
Se um oitavo caminho fosse adicionado, ele seria tomado como um caminho de
Kéter ao Ser Infinito, e tal caminho não pode existir.
Por outro lado, se um caminho para Kéter fosse omitido, alguém poderia deduzir
que Kéter é Deus, e isto também seria errôneo.
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O Sêfer Ietsirá – Parte 32
Sete planetas
Os sete caminhos verticais associados com as Sete Duplas manifestam-se no
mundo físico como as forças astrológicas associadas com os sete planetas: Saturno,
Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua.
No tempo, aparecem associados com os sete dias da semana, e no homem são as
sete aberturas da cabeça.
Uns e outros serão enumerados nas próximas seções.
O Talmud fala também das diversas influências dos planetas e dos dias da semana.
Estes se acham bem mais vinculados a seu papel na Criação e não parecem seguir
o sistema do Sêfer Ietsirá.
Veja Tabela 31.
Associados aos sete planetas estão também os signos específicos, assim como um
sistema de quadrados mágicos.
Ver Figuras 43 e 44 abaixo.
A regra do sete também aparece relacionada aos Sete Selos místicos mencionados
pelos primeiros cabalistas.
Ver Figura 45 abaixo.
Assim, cada estrela serve como foco para um anjo particular, mantendo-o como um
todo integrado, ainda que, através dela, possa ter muitas e diferentes tarefas.
Portanto, há uma relação um a um entre as estrelas e os anjos.
Cada estrela tem seu próprio anjo particular e cada anjo sua própria estrela.
E é este relacionamento que permite aos anjos ter muitas tarefas e, ainda assim,
não ser diferenciados em muitos anjos por causa delas.
Todo anjo com nome próprio é integrado pela estrela que lhe serve de corpo.
Assim explica-se também por que os anjos permanentes têm nomes.
O Zohar ensina que cada estrela individual do Universo tem um nome.
Isso deriva do versículo: "Ele conduz Suas hostes pelo número. Chama a todos pelo
nome" (Isaías 40:26).
Também está escrito: "Ele conta o número das estrelas. A cada uma dá um nome"
(Salmos 147:4).
O Midrash indica que os diferentes nomes das estrelas correspondem aos nomes
dos distintos anjos.
A relação um a um fica então claramente expressa.
Isto também explica por que os anjos com nome foram criados no quinto dia,
enquanto os anjos anônimos, temporários, foram criados no segundo dia.
Os anjos com nome foram associados às estrelas e, portanto, não seriam criados
até que as estrelas o fossem.
As estrelas não foram criadas até o quarto dia e os anjos, portanto, não seriam
criados até o quinto.
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O Sêfer Ietsirá – Parte 33
O Sêfer letsirá discute aqui as letras em relação às características primárias, os
planetas, os dias da semana e as diferentes partes do corpo.
Existe um certo número de variações nessas atribuições e as mais importantes
aparecem na Tabela 33 abaixo.
Pode-se usar cada letra para influenciar na parte do corpo com a qual ela está
associada.
Isto pode ser alcançado através do uso da disposição de 221 (ou 231) Portões
correspondente a essa letra.
Essas letras são usadas da mesma maneira quando da criação de um Golem.
De grande importância são as relações entre as letras, os dias da semana, os
planetas e as sete características primárias: Sabedoria, Riqueza, Semente, Vida,
Domínio, Paz e Graça.
Podem ser empregados os métodos do Sêfer Ietsirá para conseguir e/ou aumentar
qualquer uma delas através da pronúncia suave das Sete Duplas.
Se alguém deseja transmitir seu oposto, deve usar a pronúncia dura.
Semelhante a outras estrofes, esta pode ser lida também no imperativo:
"Faça a letra Bet reinar sobre a Sabedoria. Ligue-a a uma coroa, combine uma com
a outra e com elas forme...".
A meditação correspondente implica no uso das Sete Duplas da seguinte maneira:
a letra dominante é colocada no princípio e as outras seis são então permutadas.
Por exemplo: se alguém busca transmitir Sabedoria, coloca-se no princípio a
Bet ( ) e logo se permutam as letras restantes, GD CPRT ( ), de todas as
formas possíveis.
Da mesma forma, se alguém está buscando Riqueza, coloca-se a Guímel ( ) no
princípio e se permutam as letras BD CPRT ( ) das 720 formas possíveis.
A permutação com qual letra se inicia em cada caso está na Tabela 34 abaixo.
Salta imediatamente aos olhos que a primeira hora de cada tarde está dominada
por um planeta diferente, na seguinte ordem:
A primeira hora de cada dia está dominada pelos planetas da seguinte forma:
Note-se que o nome de cada dia está associado com o planeta que domina sua
primeira hora da manhã.
Assim, no domingo (Sunday, em inglês) é dominado pelo Sol (Sun, em inglês), na
segunda-feira pela Lua (Monday = moon day, em inglês), o sábado por Saturno
(Saturday e Saturn, respectivamente).
Nos nomes em inglês dos restantes dias empregam-se os nomes nórdicos ou
germânicos dos planetas correspondentes.
Os romanos originalmente nomearam os dias da semana segundo o planeta que
dominava sua primeira hora.
Esta nomenclatura ainda persiste nas línguas românicas.
Assim, em francês, Terça-feira é Mardi (dia de Marte), Quarta-feira é Mercredi (dia
de Mercúrio), Quinta-feira é Jeudi (dia de Júpiter) e Sexta-feira é Vendredi (dia de
Vênus).
Saturno domina sábado, que é o Shabat ( ), e daí que Saturno receba em
hebraico o nome de Shabatai ( ).
Diz-se que o planeta que domina sobre a primeira hora do dia ou da noite domina
sobre todo o período.
Entretanto, os tempos mais auspiciosos são aqueles que associam o dia correto e o
planeta apropriado. Ver Tabela 36 acima
Assim, por exemplo, em nossa versão (Gra) do Sêfer Ietsirá, ambos, domingo e a
Lua, estão associados com a Sabedoria.
No domingo, durante o dia, a Lua domina na quarta e décima primeira horas, ou de
9h às 10h e de 16h às 17h.
Logo, estes são os tempos mais propícios para dedicar-se a alcançar Sabedoria.
Há um mandamento que diz: "Não se achará entre vós... quem calcula tempo
(Meonen)" (Deuteronômio 18:10).
No Talmud, segundo Rabi Akiva, esta proibição aplica-se especificamente àqueles
que calculam tempos auspiciosos, e muitas autoridades aceitam esta opinião como
consistente.
Entretanto, esta frase unicamente significa que não se deve fazer da astrologia uma
influência dominante na própria vida.
Como se deduz de todos os comentários ao Sêfer Ietsirá, quando alguém está
engajado nestas técnicas místicas, esta proibição não é aplicável.
Ver Tabela 37 abaixo.
Embora a maioria das versões do Sêfer Ietsirá considere os planetas na ordem em
que foram criados, a versão Gra, que estamos usando aqui, segue um sistema
diferente.
Este se apóia na ordem dos planetas que aparece no Zohar.
Nele encontramos a seguinte relação entre planetas, Sefirot e cores:
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 34
Sete firmamentos
Estes são enumerados na Versão Longa (4:13) como: Vilon, Rakia, Shechakim,
Zevul, Maóon, Machon e Aravot.
Também são mencionados no Talmud. Ver Tabela 41 abaixo.
De acordo com o Ari, têm seu paralelo nas sete Sefirot inferiores do universo de
Assiá.
Sete Terras
A Versão Longa (4:13) enumera-as como: Adamá, Tevel, Nashiyá, Tsaya, Chalad,
Eretz e Gai.
Outras fontes as mostram como: Erets, Adamá, Arcá, Gai, Tsaya, Nasya e Tevel.
Uma outra antiga fonte propõe: Erets, Adamá, Arcá, Chariva, Iabasha, Tevel e
Chalad.
De acordo com muitas autoridades, as Terras se referem aos sete continentes:
América do Norte, América do Sul, Europa, África, Ásia, Austrália e Antártida.
Não existe continente no Pólo Norte, daí que se diz que o norte está "aberto".
Ambos, os sete firmamentos e as sete Terras são ditos paralelos às Sefirot no
mundo inferior.
O mesmo cabe dizer dos sete atributos aqui abordados.
Sete Mares
Muitos comentários estabelecem que se trata dos sete lagos e mares da Terra
Santa.
Em terminologia moderna, os sete mares representam os sete oceanos: Atlântico
Norte, Atlântico Sul, Pacífico Norte, Pacífico Sul, Oceano Índico, Oceano Ártico e
Oceano Antárctico.
Os mares da Terra Santa representam um microcosmo desses oceanos.
Sete Rios
Estes são os sete rios associados com a Terra Santa: Jordão, Yarmoch, Kirmyon,
Poga, Pishon, Guichon e Chidekel.
Não se menciona o Eufrates porque ele contém a todos.
Comparam-se aos sete grandes rios do mundo.
Sete Desertos
São os sete desertos atravessados pelos israelitas durante o Êxodo do Egito: Eitan,
Shur, Sem, Sinai, Param, Tsin e Cadmut.
Sete Dias
Refere-se aos sete dias da semana.
Também se refere aos sete dias das principais festividades: Pêssach (Páscoa) e
Sucót (Tabernáculos).
Sete Semanas
São as sete semanas entre o Pêssach e Shavuót (Pentecostes).
Assim diz a Torá: "Contarás a partir do dia depois da festa... sete semanas
completas" (Levíticos 23:15).
Sete Anos
Refere-se aos sete anos do ciclo Sabático.
A Torá prescreve que no sétimo ano a terra fique em descanso e não se trabalhe
nela: "Durante seis anos semearás teu campo... mas o sétimo será um Shabat de
solene repouso para a terra" (Levíticos 25:3-4).
Sete Períodos Sabáticos
No final dos sete períodos Sabáticos celebrava-se o Ano do Jubileu.
Todos os escravos eram então libertados e a propriedade das terras devolvidas a
seus possuidores hereditários.
A Torá estabelece: "Numerarás sete anos sabáticos, sete vezes sete anos...
constituindo quarenta e nove anos... E santificarás o qüinquagésimo ano, e
proclamarás a liberdade por toda a terra... será um jubileu para ti"
(Levíticos 25:8-10).
Sete Jubileus
Isto é sete vezes 49 (ou 50) anos, num total de 343 (ou 350) anos.
O Primeiro Templo durou 410 anos.
Durante este período Israel observou sete jubileus.
Também se alude aqui ao conceito de períodos sabáticos da Criação, onde cada
período consiste de 49 mil anos.
Haverá sete períodos destes e o Universo durará, portanto, um total de 343 mil
anos.
Estes são anos Divinos, cada um consistindo de 365.250 anos terrestres.
Assim, o total de tempo entre a expansão inicial e o colapso final do Universo será
de 125.287.500.000 anos.
Esta cifra de mais ou menos 125 bilhões de anos se acha muito próxima dos
cálculos científicos.
Depois deste período, o Universo se tornará completamente espiritual.
Um dos aspectos do mundo futuro será a extrema longevidade da raça humana.
A respeito deste período está profetizado: "Como um menino, morrerá na idade de
cem anos" (Isaías 65:20).
Segundo Rabi Isaac de Aco, o tempo de vida se estenderá tanto que alguém que
morra na idade de cem anos será considerado um menino que morreu aos três
anos de idade.
Assim, a vida média normal será aproximadamente 33 vezes que seu valor atual,
ou seja, perto de 2 mil anos.
Isaac de Aco afirma, além disso, que estes serão anos Divinos, de forma que o
tempo de vida humana se estenderá até uma ordem de 80 milhões de anos.
O Palácio Santo
É o sétimo ponto, o centro dos outros seis, tal como foi explicado anteriormente
(4:4).
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 35
Gosto
A palavra hebraica empregada aqui Leita, significa literalmente "engolir".
Muitos comentários, entretanto, interpretam-na como significando "gosto".
Todos estes atributos não tem oposto.
Podem estar ou não presentes, mas sua ausência não é o oposto de sua presença.
Dal que estejam representados pelas doze Elementares, caracterizadas por um
único som.
Como veremos depois, estas qualidades tem seu paralelo nos doze meses, assim
como nos doze signos do zodíaco e, também, nas doze tribos de Israel.
Há dois modos de ordenar as doze tribos.
A mudança de ordem ocorreu após Levi ter recebido o sacerdócio, que o excluiu da
ordem das tribos.
Para completar as doze, dividiu-se então a tribo de José em duas, Efráim e
Menashe.
Isto se fez de acordo com a bênção de Jacob:
"Efráim e Menashe serão para mim como Rubem e Shimon". (Gênesis 48:5).
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 37
Muitas das demais versões enunciam os doze limites tal como estão aqui.
Outras versões, entretanto, usam um sistema diferente.
Dão em primeiro lugar todos os limites orientais (do leste), em seguida os dois
boreais (do norte), depois todos os ocidentais (do oeste) e, por último, os dois
restantes austrais (do sul). Ver Figura 51 abaixo.
O Bahir relaciona esses doze diagonais com a Árvore da Vida.
Há uma relação, um a um, entre os limites diagonais e as linhas diagonais no
diagrama da Árvore da Vida.
Os doze limites também correspondem às doze permutações do Tetragrammaton.
As permutações que começam com Y correspondem a leste; as que começam com
a primeira H ao sul; as permutações que começam com V a oeste e as com H final
ao norte.
Limites do Universo
Estes limites relacionam-se com os limites das doze tribos mencionados em
Ezequiel 48.
Cada limite diagonal corresponde a uma das doze tribos.
Segundo o Talmud, esses limites também se correspondem com os doze pilares
sobre os quais repousa o universo.
Isto está baseado no versículo:
"Estabeleceu os limites das nações, de acordo com o número dos filhos de Israel"
(Deuteronômio 32:8).
O Talmud também os relaciona aos "braços do universo".
De fato, a Versão Curta, em vez de "limites do universo" lê "braços do universo".
A alusão óbvia é ao versículo (Deuteronômio 33: 26-27):
Não há ninguém como o Deus de Ieshurun,
que cavalga os céus e é teu auxiliador.
O Seu orgulho está nos céus (Shechakim).
Uma morada é o Deus da eternidade
e abaixo estão os braços do Universo.
Afasta os inimigos diante de ti e diz: "Destrói!"
Esta estrofe aparece depois da bênção das tribos, quando Moisés benze a toda a
nação de Israel.
Embora os versículos falem de Deus ajudando os israelitas em um sentido
mundano, têm também insinuações místicas.
Moisés começa chamando Deus de "o que cavalga os céus".
A palavra "cavalgador", Rochev (), está estreitamente relacionada à Mercaba
( ), a "Carruagem" mística, que é a essência da experiência mística.
O conceito de "cavalgar" envolve viajar e abandonar o próprio lugar natural.
Quando Moisés diz que Deus "cavalga" os céus, isto significa que Ele abandona Seu
estado natural, onde Ele é absolutamente incognoscível e inconcebível, e permite a
si mesmo ser visualizado em uma visão mística.
Como o verso continua dizendo, isso acontece através dos céus conhecidos como
Shechakim.
Este termo sempre se refere às duas Sefirot, Nêtsach e Hod, que são as Sefirot
envolvidas com profecia e inspiração.
Diz então: "Uma morada (Meoná) é o Deus da eternidade".
Como foi explicado antes (1:5), a palavra Maón (e Meoná) indica um nível acima do
espaço e tempo, o "Lugar do Universo".
A palavra aqui usada para "eterno" é Kédem, que geralmente indica Kéter.
O termo hebraico para Coroa, Kéter ( ), vem também da raiz Catar, ( ), que
significa "rodear".
É através do atributo de Kéter ou Kédem (eternidade) que Deus envolve a todo o
espaço e tempo.
Abaixo disso existem os "Braços do Universo".
Estes são as infinitudes envolvendo os doze limites diagonais.
No nível mais alto concebemos Deus como totalmente separado de todo espaço e
tempo.
Esta concepção envolve um estado de consciência que não pertence à percepção
nem à não-percepção.
Em um nível inferior O vemos como Aquele que define o espaço e o tempo, como o
"Lugar do Universo".
Isto envolve um estado de consciência que percebe o nada.
Em um nível ainda mais baixo, vemos Deus como estando além dos limites do
Universo.
Portanto, se uma pessoa deseja experienciar Deus, ela deve começar pelo nível
mais baixo e trabalhar seu caminho para cima.
Portanto, ela inicia pelos "Braços do Universo", contemplando a infinitude do espaço
nos doze limites diagonais.
Só depois disso ela pode alcançar o nível de "uma Morada é o Deus da eternidade",
onde ela concebe Deus como o "Lugar do Universo".
Finalmente, entretanto, terá que chegar a uma concepção de Deus como
totalmente separado do espaço e do tempo.
Portanto, ela O vê como "Cavaleiro dos Céus", usando meramente todas as
descrições como um meio através do qual Ele pode ser conceitualizado.
Um elemento muito importante para conseguir uma experiência mística é a
negação do "eu".
Quando uma pessoa vê a si mesma como nada, seu "eu" se torna transparente
para o Divino.
Comentando sobre o versículo "debaixo dos Braços do Universo", o Talmud
estabelece que uma pessoa deve "fazer a si mesma como se não existisse".
Através da contemplação das infinitudes do Universo ela pode anular seu ego.
Em outro ensinamento muito significativo, o Talmud estabelece que "o espírito
(Rúach) depende do vento impetuoso (Seará)... e o vento impetuoso pendente dos
braços de Deus".
Isto também se apóia no versículo: "debaixo dos Braços do Universo".
Entretanto, o vento de tempestade (Seará) foi a primeira manifestação da visão de
Ezequiel, tal como diz: "Eu olhei e vi um vento de tempestade vindo do norte"
(Ezequiel l:4).
O vento de tempestade relaciona-se ao tempestuoso estado de consciência que
precede a verdadeira experiência mística, que é chamada "Espírito" (Rúach).
O Talmud estabelece que o estado de Seará, que é a passagem para a experiência
mística, depende dos braços do Universo.
Uma pessoa pode alcançar este estado meditando nas infinitudes dos limites
diagonais e nas permutações do Tetragrammaton associadas com elas.
No presente texto, vemos que a ordem dos doze limites diagonais começa no leste
e termina no norte.
Já que a última direção em que se medita é o norte, Ezequiel viu o "vento de
tempestade vindo do norte".
O estado de "vento impetuoso", assim como a "grande nuvem de fogo
relampejante" vistos por Ezequiel são as forças das Cascas (Klipá) malignas, que
devem ser quebradas antes que alguém possa entrar nos mistérios.
A passagem em Deuteronômio, portanto, conclui: "Ele afasta o inimigo de diante de
ti".
Já que após a contemplação dos "Braços do Universo", alguém se encontra com o
inimigo - a Klipá -, Moisés tinha de prometer que Deus afastaria essa força e
permitiria a alguém entrar são e salvo.
Na Versão Longa, o Sêfer Ietsirá mostra neste ponto “Alturas do Universo".
Alguns comentários estabelecem que essas 'Alturas’ são os "Braços do Universo".
O termo "Alturas do Universo" aparece três vezes na Escritura.
Na bênção de Jacob a José, Jacob concede a este "o desejo das Alturas do
Universo" (Gênesis 49:26).
Moisés abençoa igualmente a tribo de José com "o tesouro das Alturas do Universo"
(Deuteronômio 33:15).
O Zohar estabelece que essas Alturas relacionam-se com o princípio feminino da
Criação, especialmente com a Sefirá de Malchut.
É meditando nas doze linhas infinitas do Universo que uma pessoa pode entrar em
Malchut e começar a ascensão na Árvore da Vida.
Os doze limites diagonais são então como linhas de transmissão através das quais a
energia criativa flui ao Universo dos doze caminhos diagonais da Árvore da Vida.
Como tais, essas infinitudes são a interface entre o físico e o transcendental.
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 38
O termo hebraico é Dakin, que normalmente designa o intestino delgado, mas que
também pode incluir o intestino grosso ou cólon.
Em outras versões, o Sêfer Ietsirá emprega os termos Massas ou Hemses em vez
de Dakin.
Em geral, na literatura hebraica, estes não denotam órgão humano algum.
Este termo comumente se refere ao Omasum ou livro, o terceiro estômago dos
animais ruminantes, como os bovinos.
Ver Figura 53 abaixo.
Suas dobras longitudinais estão dispostas como as folhas de um livro, daí que
também lhe chamem Psalterium.
Segundo vários comentários, o Massas denota o estômago no homem.
Em várias passagens, o Midrash implica que a função do Massas é "triturar" os
alimentos.
De acordo com a substituição na versão Gra, pareceria que o órgão correspondente
ao Massas no homem seria o intestino delgado.
Isso é também apoiado por muitas autoridades.
Também estaria de acordo com os cabalistas, já que, segundo eles, o estômago é o
Kurkeban.
O Kurkeban
O termo Kurkeban é usado na maioria das vezes para referir-se à moela nas aves.
Entretanto, no Talmud e no Midrash, só ocasionalmente este termo é usado para
designar um órgão humano, identificado geralmente como "triturador de
alimentos".
O Zohar identifica claramente o Kurkeban com o estômago, e esta opinião é quase
universalmente compartilhada por todos os cabalistas posteriores.
Outros comentários identificam o Korkeban com diversos órgãos internos.
Alguns dizem que é o esôfago.
Outros dizem que é o intestino delgado.
Outra opinião sustenta ainda que trata-se do cólon.
Outros afirmam ainda tratar-se do apêndice.
A Kevá
A Kevá é também um órgão comumente associado aos animais.
Nos ruminantes é o quarto estômago, conhecido como abomaso ou coalheira.
Nos bezerros é conhecido também como a "bolsa do coalho", porque contém as
glândulas que produzem a enzima coagulante.
Segundo alguns comentários, a Kevá é o estômago.
Outros identificam-na como o intestino.
Outra opinião sustenta tratar-se do cólon.
Nos animais, a Kevá era parte da oferenda dada aos sacerdotes, tal como
estabelece a Tora:
"Darão aos sacerdotes a espádua, as queixadas e a Kevá" (Deuteronômio 18: 3).
Maimônides afirma que a razão para isso é que a Kevá é o primeiro entre os órgãos
digestivos, e esta opinião é ecoada pelos cabalistas.
De acordo com isso, no homem, o órgão análogo seria o esôfago.
Entretanto, o Talmud e o Zohar, aparentemente, ensinam que a principal função da
Kevá no homem é induzir ao sono.
Esta opinião também aparece refletida no Sêfer letsirá (5:9).
Isto indicaria um órgão de natureza glandular, possivelmente o pâncreas.
Sugestivamente, há um antigo Midrash que atribui à Kevá um "doce sono".
Uma razão pela qual a Kevá poderia estar associada ao sono é porque nos animais
ela é o órgão que digere o leite.
O análogo humano poderia estar também associado com o leite, pois sabe-se que o
leite induz ao sono.
O Talmud também estabelece que, em geral, comer dá sono.
É possível também que o Kurkeban e a Kevá não sejam órgãos humanos
absolutamente.
Isto significaria que só se faria uso deles quando o Sêfer Ietsirá os empregasse em
relação aos mamíferos e aves.
Fazendo uso de tais órgãos poderia-se criar um animal ou ave em vez de um ser
humano.
Esta poderia ter sido a técnica que os sábios talmúdicos empregaram para criar um
bezerro de primeira qualidade.
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 40
Existem variações sobre o significado dos signos nas diferentes versões e
comentários.
As principais estão na Tabela 48.
Nesta versão, a Kevá se associa ao sono, o fígado à ira e o baço ao riso.
As mesmas associações encontram-se no Talmud.
Vemos aqui que os signos do Zodíaco estão associados aos doze meses lunares
hebraicos, e não com relação à posição do Sol, como na astrologia ocidental.
As correspondências aqui se aproximam da astrologia ocidental, mas são mais
acuradas a partir de um ponto de vista cabalístico.
Se alguém deseja alcançar um entendimento profundo do significado dos signos
astrológicos, deve contemplar os padrões estelares que formam cada um deles.
Quando se olha estas disposições estelares, não só emerge a imagem do signo,
mas também adquire-se compreensão de sua essência interna.
Em geral era proibido desenhar imagens das figuras representadas pelos signos
astrológicos.
Nos tempos antigos, a confecção de tais imagens levava realmente à adoração
desses signos como deuses.
Mas era permitido desenhar somente as estrelas, ou até mesmo conectá-las com
linhas para tornar reconhecíveis seus padrões.
Os desenhos e diagramas encontrados na maioria dos textos astrológicos são quase
inúteis aos propósitos de contemplação.
Em vez disso, devemos retornar aos escritos dos antigos.
No Almagesto de Ptolomeu encontra-se uma das melhores descrições das
constelações.
Data do século II e aparece citada em manuscritos hebraicos antigos.
Usei as tabelas de Ptolomeu na construção dos diagramas das constelações que
aparecem no texto.
.
São estas as letras dominantes quando a Lua passa por cada um dos 12 signos.
Também associada a cada um dos 12 signos há uma permutação dos nomes YHVH
e Adonai ( ).
Pela meditação nessas combinações, junto com as derivadas do nome de 42 letras,
pode-se obter o conhecimento das coisas que vão acontecer nos tempos
designados.
Ver Figura 55 abaixo.
Se pegarmos a letra do alfabeto que vem antes de cada uma dessas 14, obtém-se
a seguinte combinação:
Isso é o mesmo que em 3:2, exceto que, aqui, os Pais "emanam", enquanto antes
eles "nascem".
Das Mães AMSh, emanaram os conceitos de tese, antítese e síntese, conforme foi
discutido antes.
Estes são os Pais, representados pelo fogo, a água e o ar.
Desta tríade provêm as três colunas das Sefirot e delas o resto de toda a Criação.
O Teli
Eis aqui uma das palavras mais misteriosas do Sêfer Ietsirá.
O termo não aparece nem na Bíblia nem no Talmud, e há uma considerável
polêmica em relação a seu significado.
O único lugar no qual aparece uma palavra similar é em simples referência a uma
arma, quando Jacob diz a Esaú:
"Pega teus instrumentos, teu Teli e teu arco" (Gênesis 27:3).
Alguns comentários interpretam que Teli seja um tipo de espada e que recebeu
este nome porque fica pendente (Tala) no flanco.
Outros dizem que trata-se de uma aljava na qual se empilham (Talal) as flechas.
Parece mais sugestivo, entretanto, que o termo designe um tipo de "bola"
(boleadeiras), quer dizer, uma corda com uma bola em uma de suas extremidades,
usada para capturar animais.
Receberia o nome de Teli porque a bola pendia (Tala) da corda.
O fato da Escritura claramente estabelecer que Esaú ia capturar (Tsaid) um animal,
apóia esta interpretação.
Segundo muitos cabalistas, o Teli mencionado no Sêfer Ietsirá é o eixo imaginário
em redor do qual giram os céus.
Ele é visto como uma linha imaginária na qual estão penduradas as esferas
celestiais, parecido a uma bola pendurada em sua corda.
De acordo com isto, a palavra Teli (
) vem da raiz Tala ( ), que significa
"pendurar".
Muitas autoridades identificam o Teli com a "Serpente Polar" (Nachash Baríach),
mencionada no versículo: "Com seu espírito os céus se acalmaram, sua mão
transpassou a Serpente Polar" (Jó 26:13).
É também mencionada no versículo: "Naquele dia, com sua grande e dura espada,
Deus visitará e vencerá o Leviatã, a Serpente Polar, e o Leviatã, a Serpente
Enroscada, e matará o dragão do mar" (Isaías 27:1).
A Serpente Polar, que é identificada como o Leviatã, pode também ser vista como
uma criatura imaginária da qual a Terra pende.
Assim, encontramos em um antigo Midrash místico que o mundo "pende de uma
nadadeira do Leviatã" .
A Serpente Polar é identificada freqüentemente com a Constelação de Draco.
Isto não surpreende, pois Draco encontra-se bem próxima do Pólo Norte.
De fato, há 4.500 anos, Thuban, uma estrela da cauda do Dragão, era a Estrela
Polar.
Há, entretanto, dois pólos imaginários no céu.
O primeiro é o Pólo Celeste, diretamente em cima do Pólo Norte da Terra.
O segundo é conhecido como o pólo da eclíptica.
Trata-se do pólo da esfera da qual a eclíptica é o Equador.
A eclíptica é o grande círculo da esfera celeste traçado pelo plano da órbita da Terra
ao redor do Sol.
Se considerarmos o Sol e às estrelas como girando ao redor da Terra, notaremos
que, no curso do ano, e a um certo tempo a cada dia, o Sol ocupa uma posição
ligeiramente diferenciada em relação às constelações e às outras estrelas.
Nesta perspectiva, a eclíptica é o caminho anual do Sol movendo-se do oeste para
o leste através dos céus.
Os antigos fizeram uso do pólo da eclíptica, em vez do pólo celeste, para descrever
a posição das estrelas.
Neste sistema, notamos que a Constelação de Draco de fato circunda o pólo da
eclíptica.
Há também estrelas nas seções correspondentes de todos os signos do Zodíaco.
Isto é literalmente a Serpente Polar, pois é a serpente que circunda o pólo da
eclíptica. Ver Figuras 58 e 59.
Como a Serpente Polar tem estrelas em todas as casas do Zodíaco, é vista como
sustentando a todas.
É como se Draco ocupasse o ponto mais elevado da esfera celeste e as demais
estrelas pendessem dela.
Nesse sentido, Draco é visto como administrador e diretor de todas as estrelas.
Draco é então associado ao Teli que, como o Sêfer letsirá afirma (6:3), está "sobre
o Universo como um rei em seu trono".
É chamado de Teli porque as demais constelações pendem (Tala) dele.
Na Antigüidade, o Teli, na forma de Draco, era adorado como uma deidade idólatra.
Rabi Isaac de Aco identifica-o também com o ídolo Baal mencionado na Bíblia.
Muitos comentários filosóficos sobre o Sêfer Ietsirá, assim como muitos textos
astronômicos, interpretam o Teli como a inclinação entre dois planos celestes.
Na astronomia moderna, esta inclinação recebe o nome de obliqüidade e
normalmente indica a inclinação que separa a eclíptica do Equador celeste, sendo
este o círculo imaginário acima do Equador terrestre, tal como aparece na
Figura 60.
O Coração
O coração é descrito como rei da alma (6:3).
Ele é a dominante de todas as partes do corpo.
A alma pertence à dimensão espiritual.
Assim, quando o Sêfer Ietsirá fala da experiência mística, descreve-a como um
"correr do coração" (1:8).
A palavra hebraica para coração é Lev ( ) e, como foi mencionado antes (1:1), é
também o número 32 em hebraico.
Conforme estabelece o Bahir, o coração representa os 32 Caminhos da Sabedoria.
E é mediante esses 32 caminhos que uma pessoa ascende às dimensões espirituais.
O Livro de Raziel estabelece igualmente que "o Fôlego (Rúach) emana do coração
tal como o Espírito Santo (Rúach HaCodesh) emana do Trono [da Glória]".
O Bahir também estabelece que este Coração é o "Coração do Céu" que falam as
Escrituras.
O único lugar onde isso foi mencionado é no relato da revelação no Sinai:
"E os aproximaram e os puseram ao pé do monte; e o monte ardia em fogo até o
coração do céu — escuridão, nuvem e trevas. E Deus lhes falou do meio do fogo"
(Deuteronômio 4:11,12).
Do contexto deduz-se que .o fogo que chegava até o "Coração do Céu" é o fogo
associado com a revelação da qual Deus falou.
Este fogo é o terceiro passo na iniciação da revelação, como encontramos no caso
da visão de Ezequiel, que foi iniciado com "um furacão... uma grande nuvem e fogo
relampejante" (Ezequiel 1:4).
Foi somente no fogo que ele visualizou o Chashmal.
De forma similar, na visão de Elias, os três passos foram "vento... som... e fogo"
(1 Reis 19:11-12).
Também o Midrash, em certo trecho, relaciona este fogo com a escada do sonho de
Jacob.
Esta escada é também o veículo mediante o qual se sobe ao transcendental.
Os três passos mencionados por Ezequiel também se mostram paralelos aos
ensinados pelo Sêfer letsirá (1:10-12).
Primeiro vem o Fôlego (Rúach), que pode também ser traduzido como vento, o
"furacão" de Ezequiel.
Depois vem a "água do fôlego", que pode ser associada com a nuvem de tormenta
que ele viu.
A opacidade desta nuvem é similar à "lama e barro" mencionados no Sêfer Ietsirá.
O terceiro passo é o "fogo da água".
Este é o "fogo flamejante" visto por Ezequiel.
O Sêfer Ietsirá diz que desse fogo alguém vislumbra "o Trono da Glória, os Serafim,
Ofanim e Sagradas Chaiot" (1:2).
Igualmente, depois de experimentar o fogo, Ezequiel pôde visualizar as Chaiot e o
Trono da Glória.
Este é o fogo da revelação que se diz chegar até "o coração do céu".
O coração é o rei sobre a dimensão do espírito, e uma pessoa viaja através dessa
dimensão por meio do fogo.
Este fogo, portanto, chega até o "coração".
O coração representa os 32 caminhos na Árvore da Vida.
Neste versículo, a Escritura estabelece que Deus falou "em meio do fogo".
Entretanto, em outro lugar diz:
"Ouvistes Sua voz no meio das trevas" (Deuteronômio 5:20).
Mas, como o Zohar afirma, o "fogo" mencionado aqui é o fogo da escuridão.
É o ardente desejo que surge da total anulação do pensamento.
Isto também está associado com o "fogo negro" com o qual foi escrita a Tora
primeva.
Na Cabalá, a palavra "céu" é geralmente associada a Zeer Anpin.
O "coração do céu" é, portanto, o coração de Zeer Anpin.
É significativo que o Bahir relacione o Teli com o cabelo da cabeça, enquanto o
Galgal é relacionado ao útero ou ventre.
O coração se acha naturalmente associado ao peito.
Assim, com os três tem-se a cabeça, o ventre e o peito, as três partes do corpo
associadas às Três Mães, AMSh.
O Teli, associado à cabeça, estaria então relacionado com Shin.
O Galgal, associado com o ventre, estaria relacionado com Mem, e o coração
(o peito) com Alef.
Das Três Mães derivam-se os reis sobre Universo, Ano e Alma.
O resultado é que o continuum pentadimensional é dividido em espaço, tempo e o
espiritual.
Em outro sentido, o Teli é o eixo, representando o ângulo longitudinal.
O Galgal é a esfera, representando o ângulo azimutal ou latitudinal.
O coração é o radias ou altitude.
Assim, os três reis representam o tridimensional em coordenadas esféricas.
Do mesmo modo, pode-se representar o continuum pentadimensional em
coordenadas hiperesféricas.
Os cabalistas notam que as iniciais do Teli (
), Galgal (
) e Lev ( ) formam
TaGueL (
).
Assim se apresenta no versículo:
"Minha alma se regozijará (TaGuel) em meu Deus" (Isaías 61:10).
É meditando nesses três elementos que a alma pode alcançar o êxtase místico.
Esta palavra também aparece no versículo, "Deus é Rei, que a terra se regozije
(TaGuel) (Salmos 97:1).
Ele pode também ser interpretado como: "Deus é Rei, Teli Galgal Lev é a terra",
indicando que estes são os três reis sobre Sua Criação, como o Sêfer Ietsirá
estabelece depois (6:3).
Estes são profundos mistérios, como está escrito:
"Não revele (TeGal) o mistério de outro" (Provérbios 25:9).
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 42
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 43
O ciclo no ano
Diferentemente do eixo, o ciclo não só define o tempo, mas também é parte dele.
O ciclo não pode permanecer quieto no tempo, mas deve incluir a si mesmo no
fluxo do tempo.
Daí que seja como "um rei na província".
O que define o espaço pode permanecer separado dele.
O que define o tempo, entretanto, não pode permanecer fora dele.
Em termos humanos, é a mente que proporciona uma percepção tanto do espaço
como do tempo.
Pode-se estar em um lugar e perceber uma grande proporção de espaço.
Como o Teli, você pode perceber grandes áreas de espaço e permanecer separado
delas.
Não tendo que estar de fato em uma porção concreta de espaço para poder
percebê-la.
Isto não é verdadeiro no caso do tempo.
Só se pode perceber o tempo no qual se existe.
Pode-se perceber o passado na memória ou o futuro na imaginação, mas uma
percepção direta só existe no presente.
Você pode perceber o espaço à distância, mas o tempo só em proximidade a ele.
Ao não poder perceber o futuro, não se pode saber o que vai se fazer depois.
Isto se deve à existência do livre-arbítrio no presente.
Assim, esta é a diferença básica entre o espaço e o tempo que permite a liberdade
de ação.
O Coração na Alma
Os diferentes pontos espaciais, assim como passado e futuro, envolvem pontos
terminais em seus respectivos continuumms.
Estes, entretanto, não representam opostos.
Mas, na dimensão espiritual; os dois pontos terminais são o bem e o mal, que são
diametralmente opostos.
Já que o coração é o ponto médio entre esses opostos, é visto como o lugar de
batalha entre o bem e o mal.
O Talmud identifica então o coração como o cenário da batalha entre o Impulso
Bom (Ietser Tov) e o Impulso Mau (Ietser HaRa).
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 44
Um oposto ao outro
Isto fala do coração, que é como um "rei na batalha".
Os dois extremos do eixo espiritual — bem e mau — são opostos reais.
Como a luz e a escuridão, os dois não podem coexistir.
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 45
Um sobre três
Um é o inefável, que não é contado na seqüência.
Quando esta, por sua vez, fica sobre o triângulo truncado que contém doze pontos,
temos uma pirâmide truncada de 22 pontos.
Estes representam as 22 letras do alfabeto.
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 46
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 47
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 48