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O Sêfer Ietsirá – Parte 21

Este parágrafo repete parte de uma seção prévia (2:1) e como tal já foi discutido.

Os Capítulos Um e Dois discorreram sobre os métodos meditativos básicos


envolvendo Sefirot e letras.
Agora, as letras são tratadas em separado.
No princípio do Capítulo Dois, as três Mães foram introduzidas.
Entretanto, nessa ocasião a idéia principal era ensinar que "Mem zumbe (ou
murmura) e Shin chia (ou sibila)", o que constitui uma das primeiras práticas
meditativas usando-se as letras.
Agora, o mesmo conceito se repete, mas como introdução à idéia de tese, antítese
e síntese.
Isto é similar a uma antiga tradição de interpretação homilética: "Duas escrituras
que se contradizem, até que uma terceira vem e decide entre elas"'.
Em ambos os casos usa-se a mesma expressão: "decide entre elas" (Mach'ria
Benehem).
É significativo notar que esta regra homilética foi formulada pelo Rabi Ishmael, líder
de uma importante escola mística do século I, que aparentemente recebeu
instrução do Rabi Nechunia ben HaCana.
A interpretação mais simples é que Mem é tese, Shin antítese e Alef síntese.
Estes três elementos formam então as três colunas verticais nas quais se dividem
as Sefirot.
Mem representa a coluna da direita (encabeçada por Chochmá), Shin a da esquerda
(encabeçada por Biná) e Alef a coluna central (encabeçada por Keter).
Entretanto, há outra interpretação que segue a colocação das letras na Árvore da
Vida segundo o Ari.
Aqui, Alef, Mem e Shin seriam as linhas horizontais que conectam Sefirot opostas.
Shin está entre Chochmá e Biná; Alef entre Chéssed e Guevurá; e Mem entre
Netsach e Hod.
De acordo com isto, o texto está dizendo que a "fundação" de todas as letras Mães
é a síntese que conecta tese e antítese.
Tese é a Sefirá da direita, antítese a da esquerda e síntese a letra Mãe que conecta
as duas.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 22

A palavra usada aqui para "místico" é Mufla (  ).


Esta se acha intimamente relacionada e compartilha a mesma raiz que a palavra

Peliyá ( ), usada em relação aos trinta e dois Caminhos da Sabedoria (1:1).
Conforme discutido antes (2:1), uma razão para isso é que através das letras Mães
pode-se entrar no domínio da consciência Chochmá, que é a porta de entrada ao
transcendental.
As três letras Mães estão também relacionadas aos mistérios do Nome Divino.
O Sêfer Ietsirá afirmou antes:
"Escolheu três letras... no mistério das três Mães, AMSh ( )" (1:13).
Assim, as letras AMSh ( ) são as raízes das letras do Tetragrammaton,
YHV ( ).
Segundo os cabalistas, Yod deriva da Mem, Hê da Shin e Vav da Alef.
As três letras Mães representam então um mistério até mais profundo que o
Tetragrammaton.
De fato, o Tetragrammaton relaciona-se unicamente às Dez Sefirot.
Há entretanto um aspecto da Criação que existia antes das Sefirot.
Nesse estágio, as proto-Sefirot existiam como simples pontos não-interativos entre
si.
Isto é conhecido na linguagem cabalística como o Universo do Caos (Tohu).
Nele, os Recipientes (Vasos) que eram as proto-Sefirot nem podiam interagir nem
se doar entre si.
Ao não poder emular a Deus pela doação, estavam incompletas e não podiam,
portanto, conter a Luz Divina.
Ao não poder realizar seu propósito, foram preenchidas (além do que poderiam
suportar) pela transbordante Luz e "se fizeram em pedaços".
É o que se conhece como a "Quebra dos Vasos".
Os pedaços desses Recipientes (Vasos) caíram num nível espiritual inferior e,
posteriormente, converteram-se na fonte de todo mal.
Por isso diz-se que o caos (Tohu) é a raiz do mal.
Depois de ter sofrido a Quebra dos Vasos foram retificados novamente e
reconstruídos em Personificações (Partsufim).
Cada Partsuf consta de 613 partes que se correspondem com as 613 partes do
corpo e com os 613 mandamentos da Torá.
Os Partsufim foram então capazes de interagir uns com os outros.
O mais importante: através da Torá, eles também puderam interagir com o
homem.
Este é o estágio em que as Sefirot transformaram-se em doadoras, além de
receptoras.
Em seu estado retificado, os Recipientes (ou Sefirot) fizeram-se aptos para receber
a Luz de Deus.
Em terminologia cabalística, este estado recebe o nome de Universo da Retificação
(Ticun).
Os cabalistas ensinam que as letras do Tetragrammaton, YHV (  ), pertencem
somente ao Universo da Retificação.
No Universo do Caos (Tohu), o Nome Divino consistia nas letras AMSh (  ).
Quando uma pessoa entra nos mistérios, deve reproduzir a seqüência da Criação.
Primeiro, entrar no Universo do Caos (Tohu).
Nele, sua mente se encherá de imagens confusas e passageiras.
Se chegar a receber as Sefirot, estas são "como o relâmpago, indo e vindo" (1:6).
As Sefirot são percebidas como imagens desconexas, onde nenhum relacionamento
entre elas pode ser visto.
Este é o estado de consciência alcançado através das letras AMSh (  ),
conforme discutido anteriormente.
O iniciado deve então entrar no Universo da Retificação, no qual as Sefirot
conectam-se entre si e assumem a forma dos Partsufim.
[Os Partsufim são: Arich Anpin (A Grande Face, que corresponde a Kéter inferior,
sendo que a Kéter superior recebe preferencialmente as denominações de Ancião
dos Dias ou Sagrado Ancião), Aba (o Pai = Chochmá), Ima (a Mãe = Bina), Zeir
Anpin (A Pequena Face = macho: as Seis Sefirot seguintes. O Demiurgo) e Nucva,
a fêmea (a Perfurada = Malchut).]
Cada Partsuf é uma forma como que humana, relacionada muito estreitamente com
o Golem conceitual.
A criação deste Partsuf-Golem mental é obtida mediante as letras do nome YHVH
junto com diversas letras, conforme descrito anteriormente (2:5).
Este é o Nome associado com o Universo da Retificação.
Nele devem ser combinadas todas as Sefirot para formar "um corpo único" (2:6).
Também toma-se consciência das linhas que conectam as Sefirot entre si, que
estão incluídas nos trinta e dois Caminhos da Sabedoria.
Daí que, quando se discutem estes trinta e dois Caminhos, o Sêfer Ietsirá usa os
nomes YH YHVH.
As três letras Mães, AMSh, também constituem a palavra hebraica Emesh (  )
que significa "ontem à noite".
Assim aparece no versículo:
"Dormi ontem à noite (Emesh) com meu pai" (Gênesis 19:34).
A palavra Emesh também denota uma profunda e impenetrável escuridão, como no
versículo: "Trevas (Emesh), ermo e desolação". (J6 30:3).
Esta é a negra penumbra que existia antes da Criação, no Universo do Caos, o
"ontem à noite" antes das Sefirot existirem.
Há evidência que a palavra Emesh foi usada também como um Nome místico de
Deus.
Assim, Labán diz a Jacob:
"O Deus de teus pais ontem à noite (Emesh) disse-me" (Gênesis 31:29).
Isso também pode ser facilmente lido: "O Deus de teus pais, Emesh, disse-me."
Do mesmo modo, Jacob diz: "E Emesh sentenciou" (Gênesis 31:43).
Segundo algumas autoridades, as letras Alef Mem Shin (  ) também ocultam um
mistério mais profundo que é Alef Vav Yod ( ).
Outro elemento do mistério das letras AMSh é o fato delas representarem a
reconciliação dos opostos.
Do ponto de vista lógico, não há modo pelo qual os opostos possam ser
reconciliados.
Estas letras, portanto, representam um mistério que não pode ser compreendido
pela lógica.
Um comentarista estabelece que as letras AMSh contêm o mistério através do qual
alguém pode caminhar sobre o fogo.
A razão para isso talvez seja porque estas letras tenham o poder de reconciliar os
opostos.
E é bem possível que Rav Zeira fizesse uso dessa técnica para impedir que seus pés
se queimassem no fogo, tal como narrado no Talmud.

Selado com seis anéis


A fonte bíblica óbvia desta expressão é o versículo:
"Um documento escrito em nome do Rei e selado com o anel do Rei não pode ser
revogado" (Ester 8:8).
De acordo com isso, os "anéis" aqui seriam os anéis do nome do Rei, quer dizer, as
letras YHV ( )).
Os cabalistas dizem, portanto, que esses seis anéis são as seis direções que, como
o Sêfer Ietsirá (1:13) estabeleceu antes, foram "seladas" com as letras
YHV ( ).
Depois das permutações das letras YHV, encontra-se o mistério mais profundo das
permutações das letras AMSh que estamos discutindo agora.

Estas seis direções, que compreendem o universo físico, são as que ocultam os
mistérios mais profundos.
Assim está escrito: "Ele colocou o mundo em seu coração de modo que o homem
não possa descobrir a obra que Deus fez do princípio ao fim" (Eclesiastes 3:10).
Como assinalam os comentários, a palavra hebraica usada aqui para "mundo" é
Olam ( ).
Ela provém da raiz Alam (  ), que significa "ocultar", e tem também esta
conotação.
Como uma pessoa pode unicamente pensar em termos das dimensões físicas do
espaço, a realidade interna destas dimensões lhe é ocultada.
É significativo também o fato de um anel ser levado normalmente em um dedo.
Como o Sêfer Ietsirá estabelece (1:3), as Dez Sefirot estão representadas pelos dez
dedos.
Os seis anéis são levados então nos seis "dedos" que correspondem às seis Sefirot
representativas das seis direções.
Os "seis anéis" aludem também aos "seis anéis da garganta" que o Zohar
menciona.
Todo som e palavra derivam desses anéis.
Esses seis anéis, que são a fonte da palavra física, ocultam o mistério do AMSh
relacionado com a raiz da fala.
Este mistério só pode ser desvendado quando se transcende o domínio da fala
física.

Delas emanaram o ar, a água e o fogo


Trata-se do processo descrito em detalhes no Capítulo Um (1:9-12).

Delas nascem Pais


) representam causa, efeito e sua síntese.
As três letras Mães, AMSh (
Shin () é causa, Mem () é efeito e Alef () é a síntese entre estes dois opostos.
No diagrama da Árvore da Vida correspondem às três linhas horizontais.
Estas três linhas horizontais dão lugar às três colunas verticais da Árvore da Vida,
encabeçadas respectivamente por Kéter, Chochmá e Biná, por sua vez
representadas por "ar, água e fogo".
Começamos então com uma tríade dialética: "Criador", "objeto da criação" e "ato
desta criação".
Isto dá lugar a uma segunda tríade: amor, julgamento e misericórdia.
A segunda tríade define as três colunas nas quais as Sefirot estão dispostas.
As três linhas horizontais são as três Mães.
As três colunas definem os três Pais que são as letras Yod Hê Vav (  ).
Com elas é definido o espaço, conforme o Sêfer Ietsirá estabeleceu antes (1:13).
Uma vez que o espaço está definido, a Criação pode acontecer.
Tudo isto pode entender-se também em um sentido meditativo.
Através da pronúncia das letras AMSh, alguém entra no domínio da consciência
Chochmá e passa através do Chashmal.
A seguir, pelos domínios do Fôlego, água e fogo, conforme descrito antes (1:14).
Nesse momento deve-se estar em um modo totalmente receptivo, que é um
aspecto do feminino.
Daí que as letras AMSh sejam chamadas "Mães".
Depois disso a pessoa pode entrar em um modo criativo através das letras YHV.
Estas letras são por conseguinte chamadas "Pais".
Só então a pessoa pode produzir "descendentes".

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 23

Esta seção começa exatamente do mesmo modo que a 2:2, exceto que todas as
letras foram lá discutidas e, aqui, unicamente as três Mães são levadas em
consideração.
Em ambos os casos há cinco processos: gravar, entalhar, permutar, pesar e
transformar.
Quando, como no Capítulo Dois, se dá às 22 letras o mesmo status, aparecem as
cinco dimensões como as cinco famílias fonéticas (2:3).
Aqui, por outro lado, as três Mães são tomadas separadamente.
As cinco dimensões aparecem então divididas em três domínios: Universo, Ano e
Alma.
O Universo consiste nas três dimensões espaciais, o Ano na dimensão temporária e
a Alma na espiritual.
Uma divisão similar em três domínios já foi encontrada antes, no Capítulo Um,
quando as Sefirot foram enumeradas pela primeira vez.
Começou-se por especificar o domínio da Alma, a dimensão espiritual, que consistia
em "Fôlego" e "Fôlego do Fôlego" (1:9-10).
Logo veio o domínio do Ano, a dimensão temporária, consistindo de Água e Fogo
(1:11-12).
Finalmente, vem o domínio do Universo, as três dimensões espaciais,
representadas pelas seis permutações das letras YHV (1:13).
O Sêfer Ietsirá tinha estabelecido antes (1:13) que as três letras YHV, que definem
o continuum espacial, são derivadas de AMSh.
Logo, são as letras AMSh que separam o continuum espacial do temporal e do
espiritual.
Existe uma diferença importante entre o continuum espacial e os outros dois.
Só no espaço é que alguém pode mover-se voluntariamente.
No espaço temporal move-se em uma direção e velocidade predeterminada.
Na dimensão espiritual, o corpo físico não pode mover-se absolutamente.
Só a alma pode mover-se através da dimensão espiritual e, por esta razão, esta
dimensão é chamada de Alma. As letras AMSh diferenciam o espaço, o tempo e a
alma. Estas mesmas letras podem ser usadas para abolir esta diferenciação.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 24

No Capítulo Um, o texto discutiu o aspecto espiritual de "Fôlego", "água" e "fogo",


em termos das quatro Sefirot originais.
Aqui fala-se de como esses três também se manifestam no mundo físico.
Nos mais simples termos físicos, a "água" representa matéria, o "fogo" é energia e
o "ar" é o espaço que permite que os dois interajam.
No nível físico um pouco mais profundo, o fogo, a água e o ar representam as três
forças físicas básicas.
O "fogo" é a força eletromagnética através da qual toda a matéria interage.
O núcleo atômico, entretanto, consiste em cargas iguais positivas que se repeliriam
se só existisse o eletromagnetismo.
Deve, portanto, existir uma outra força que possa manter o núcleo unido.
Esta é a força "nuclear forte", ou piônica, que liga as partículas do núcleo,
representadas pela "água".
Mas se esta força nuclear interagisse com todas as partículas, toda a matéria se
atrairia formando um bloco sólido mais denso que uma estrela de nêutrons.
Por outro lado, dentro de cada partícula elementar existe a necessidade de uma
força coesiva que se contraponha à repulsão eletromagnética dentro da própria
partícula.
Esta força não pode ser eletromagnética nem piônica.
Esta é o "ar", que representa a força "nuclear fraca", que "decide entre" as outras
duas.
Esta é a força que permite que existam as partículas de luz (leptons), como o
elétron. Ver Figura 41.
A quarta força, a gravidade, corresponde à "terra".
A terra, entretanto, não é um elemento básico, mas uma confluência das outras
três.
Ela é, portanto, representada pela letra Hê final no Tetragrammaton, que, de fato,
é uma repetição da primeira Hê desse nome.
Em um nível ainda mais primitivo, estes três elementos representam os três eixos
da simetria unitária, SU (3), que é a propriedade mais básica da matéria.
Os três elementos também se relacionam com o experiencial.
Neste caso, o fogo representa a radiação de energia e a água representa a
absorção de energia.
Ambos são tese e antítese, dar e receber, que em si mesmas são manifestações de
causa e efeito.
O ar, que representa a transmissão da energia, é então a síntese que vincula
ambos.
Neste aspecto, o fogo e a água também representam os modos psicológicos das
consciências Biná e Chochmá.
Como foi discutido antes, "fogo" é consciência Biná, em que a mente, em si
mesma, está constantemente irradiando energia.
Por outro lado, a "água" é a consciência Chochmá, na qual a mente pode absorver
energia espiritual do nada.
O "ar" é, então, o Ruach HaCodesh, o meio através do qual esta energia espiritual é
transmitida.

O Céu é criado do fogo


Esta afirmação é a mesma externada anteriormente (1:12).
Nossa experiência e descrição da esfera transcendental deve ser expressada na
consciência Biná.
No sentido físico, o fogo representa energia radiante.
Esta geralmente se apresenta por meio da interação eletromagnética em forma de
luz.
O "Céu" representa aqui o conceito de espaço conforme definido pela interação
eletromagnética, o que constitui uma importante pedra angular do princípio da
Relatividade.
O fogo representa Biná e, como foi dito anteriormente (1:1), a palavra Biná vem da
raiz Ben, que significa "entre".
É de Biná que se origina o conceito de separação.
Além disso, o espaço só pode existir como resultado do conceito de separação.
Se não fosse por Biná, toda a existência estaria concentrada em um único ponto.
Do mesmo modo, "a terra é criada da água".
A "terra" representa o estado sólido no qual a matéria existe com um mínimo de
espaço separando suas moléculas.
Isso provém de Chochmá, que tende a minimizar a separação e a distância.
Em um gás, tal como o ar, as moléculas tendem a distanciar-se e separar-se.
Mas, ao mesmo tempo, são mantidas unidas o suficiente para dar substância ao
gás.
O gás então se acha em um estado de expansão contida, intermediário entre a
contenção total da matéria sólida e a expansão total da radiação pura.
O fogo está representado pela letra Shin, dominante na palavra Esh ( ), que
significa fogo.
Aparece na palavra unida à letra Alef, que representa o ar, porque o fogo não pode
existir sem ar.
As três cabeças da Shin também sugerem as chamas do fogo.
Além disso, o som chiado desta letra é como o assovio de uma chama.
As três cabeças da Shin estão separadas, sugerindo o conceito geral de separação.

Correspondendo a Shin está a letra Hê ( ), uma das duas únicas letras do alfabeto
que consiste em duas partes desconectadas.
A água está representada pela letra Mem.
Aqui, novamente, Mem é a letra dominante na palavra Máyim (  ) que significa
"água".
Na realidade, o próprio nome da letra Mem vem da palavra Máyim.
Mem é também uma letra fechada, indicando contenção e unidade.
Ela é também pronunciada com a boca fechada, corresponde-se com a letra

Yod ( ), que se escreve como um único ponto.

O ar está representado por Alef, inicial de Avir ( ), que significa "ar".
Alef é uma letra muda cujo som é tão imperceptível como o ar invisível.
Sua forma consiste de um ponto superior direito e um ponto inferior esquerdo, o
que representa um par de opostos, com uma linha diagonal no meio que tanto
separa como conecta a ambos.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 25

O ano é dividido em três partes básicas.


Existe o verão quente e o inverno frio, que são tese e antítese.
As duas outras estações, primavera e outono, formam-se conjuntamente e fala-se
delas como "estações temperadas".
Elas são a síntese.
Aqui vemos o conceito de um ciclo entre opostos.
Este ciclo, como muitos outros, está constantemente oscilando entre dois opostos.
Mas seja qual for a direção em que esteja operando, ele deve passar através do seu
ponto médio.
Assim, tanto indo do calor ao frio como ao inverso, o ciclo tem que atravessar uma
estação temperada.
E é fora de ciclos como estes que o tempo é definido.
Por isso o Sêfer Ietsirá estabelece que o Ciclo é o rei no domínio do tempo (6:3).
 
No ciclo anual, o inverno está representado por Mem ( ), o verão por Shin ( ) e as

duas estações temperadas por Alef ( ).
O ciclo completo vem então definido pelas letras MAShA ( ).
Considerando seus paralelos, estas letras correspondem ao YVHV ( 
).
Tal combinação está estreitamente relacionada, mas algo diferente, ao
Tetragrammaton YHVH ( ).
No Tetragrammaton, a ordem das letras é YHV ( 
).
Tese e síntese são vistas como opostas representando tensão e equilíbrio.
Antítese é o ponto médio conectando as duas.
A quarta letra do Tetragrammaton, Hê, é também um ponto de tensão.

O Temperado
A palavra hebraica para "temperado" aqui é Revayá ( 
).
Este uso da palavra Revayá é provavelmente único na literatura hebraica.
A interpretação corrente de Revaya é "abundância", como no versículo:
"Minha taça é abundante (Revayá)" (Salmos 23:5).
Recorde-se que é deste versículo que alguns cabalistas encontram uma alusão aos
221 Portões discutidos anteriormente.
Uma razão para que Revayá seja usada para denotar a primavera e o outono é que
estas eram as estações de colheita na Terra Santa.
A fonte mais óbvia para este uso está no versículo: "Atravessamos pelo fogo e pela
água, Tu nos trouxestes ao Revayá" (Salmos 66:12).
Embora alguns comentários traduzam Revayá também como "abundância", do
contexto depreende-se que "temperado" parece uma interpretação mais lógica.
Revayá indicaria então o desejado sentido entre "fogo" e "água".
O Sêfer Ietsirá também usa esta palavra com esse significado.
É importante notar que o Talmud interpreta que o "fogo e a água" neste versículo
denotam estados psicológicos.
O Midrash igualmente interpreta estes "fogo e água" como referências a dois tipos
opostos de purgatório.
O fogo é a superabundância de sensação e também está relacionado à culpa.
A água, por outro lado, denota falta de sensação e está relacionada à depressão.
Revayá é então o estado mental perfeito entre esses dois extremos.
Algumas autoridades afirmam também que a palavra Revaya está relacionada com

a palavra Yorê ( ), que denota as primeiras chuvas outonais.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 26

A "alma" neste contexto também se refere ao corpo.


Uma razão para isso é porque a alma é uma réplica exata do corpo.
Tudo o que há no corpo encontra-se na alma também.
Do mesmo modo, o corpo humano é um microcosmo do "Homem" supremo.
Ver Figura 42.
Este é o "Homem" sentado no trono visto por Ezequiel.
O "Ho-mem" supremo representa a disposição das Sefirot.
A "Alma" mencionada neste parágrafo também se refere à representação
antropomórfica dessa disposição.
Shin, com respeito às Sefirot, é a linha entre Chochmá e Biná; Alef, entre Chéssed
e Guevurét; Mem entre Nêtsach e Hod.
A linha superior representa a cabeça, a linha central o peito e a linha inferior o
ventre."
Segundo Rabi Abraham Abulafia, aqui também há uma alusão às duas alianças
mencionadas anteriormente (1:3).
A aliança da língua está na cabeça, enquanto a aliança da circuncisão está na
região do ventre.
Entre ambas, no peito, está o coração, que é rei sobre a alma (6:3).
Isto alude à Torá, que é a primeira aliança.28
A cabeça também representa o poder criativo do homem, correspondente ao fogo.
O ventre é o poder receptivo do homem, representado pela água.
O peito e os pulmões devem tanto inalar como exalar, pertencendo portanto a
ambos.
Em um sentido mais profundo, a cabeça é considerada como o centro da
consciência Biná. A cabeça é o assento do fluxo consciente de pensamentos.
O funcionamento do ventre é, por outro lado, quase que completamente inconsci-
ente.
O ventre, portanto, faz-se paralelo a Mem, que denota a consciência Chochmá.
Por isso, alguns místicos contemplam seu ventre enquanto tentam atingir a
consciência Chochmá.
A respiração faz fronteira entre o consciente e o inconsciente.
Geralmente respira-se inconscientemente, mas o fôlego também pode ser
controlado cons-cientemente.
A respiração está, portanto, associada com ambas consciências: Chochmá e Biná.
Por isso as técnicas de controle da respiração são importantes para obter-se a
transição entre os dois estados.
A respiração está centrada no peito.

O peito
A palavra hebraica para "peito" é "Gaviya" ().
Este uso de Gaviya para peito é também único na literatura hebraica.
Em geral, a palavra se refere ao corpo como um tudo e alguns comentários
também estabelecem que se refere ao tronco completo.
Uma possível fonte bíblica para isso pode vir da visão de Ezequiel, onde ele falou da
Chaiot, "com duas [asas] eles cobriam seu Gaviya" (Ezequiel 1:11).
A Escritura pode estar dizendo que eles cobriam seu peito e coração com duas de
suas asas.
Alguns comentários interpretam Gaviya como o órgão sexual.
Na linguagem da Mishna encontramos que "cabeça de Gaviya" se refere à ponta do
órgão masculino.
Entretanto, os principais comentários observam que unicamente a expressão
"cabeça de Gaviya" tem essa conotação, mas não a palavra Gaviya em si.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 27

Isto significa de forma mais simples que, com respeito a conceitos relacionados ao
Fôlego, Alef é sempre a primeira letra nas permutações.
Em um nível mais profundo, isso significa que Alef foi ligada à Sefirá de Malchut
(Reino).
Afirma-se que Malchut é a "boca" e, como tal, a Sefirá através da qual o poder de
todas as outras Sefirot se expressa.
O primeiro estágio é, portanto, fazer a letra "reinar".
Isso significa que ela é levada à "boca", que é a Sefirá Malchut.

Ligou uma coroa a ela


Isto indica que as letras são ligadas à mais alta das Sefirot, Kéter.
Como o Sêfer Ietsirá estabeleceu anteriormente (1:9), este é o Fôlego direto.
Malchut, por outro lado, é o Fôlego refletido.
Antes que uma letra possa ser expressa através de Malchut, ela deve ser ligada a
Kéter.
Assim, o "fim está contido em seu princípio" (1:7).
Esta frase também se refere às letras físicas que têm pequenas "coroas", chamadas
de Taguin, em seu topo.
Nesse sentido o Talmud afirma que, quando Moisés subiu aos céus, viu Deus
"ligando coroas às letras".
Essas coroas representam a natureza espiritual superior das letras.
Se as próprias letras estão em Assiyá, as coroas sobre elas ligam-nas a Ietsirá.

Ar, temperado, peito


Ar, em hebraico, é Avir (), temperado é Revaya (  ) e peito é Geviya ( ).
Salvo pela letra Resh, em Avir, as letras das três palavras são as mesmas:
A terminação das palavras é consistentemente VYH ( ), o que representa o poder
oculto das letras Yod Hê Vav ( ) nas três Mães AMSh.
Note-se que a ordem das letras nestas palavras é VYH ( ).
     
Como Vav ( ) corresponde a Alef ( ), Yod ( ) a Mem ( ) e Hê ( ) a Shin ( ), as
letras VYH () estão na mesma ordem que AMSh ().
A palavra Avir escreve-se com o Resh () no lugar de Hê () porque AVYH () é
um Nome Divino secreto.
As letras iniciais de Avir, Revayá e Geviya soletram Arag ( ), que significa
"tecer".
Com essas três sínteses é tecida a fábrica da Criação.

Macho e fêmea
Rabi Eliezer Rokêach de Worms escreve que se alguém deseja criar um Golem
macho deve usar a seqüência AMSh ( 
).
Se deseja criar um Golem fêmea, a seqüência deve ser AShM ( ).
Se deseja destruir o Golem, a seqüência então é ShMA ( ).
A palavra hebraica para "homem" é Ish ( ), enquanto para "mulher" é

Ishá ( ).
Em ambas, as letras Alef e Shin estão na mesma posição.
Temos então:

A única diferença entre as palavras hebraicas para "homem" e "mulher" e as outras


combinações de letras é que Yod e Hê são substituídas por Mem.
Conforme foi dito anteriormente, Yod é macho, enquanto Hê é fêmea.
Estas letras ocupam o lugar de Mem, que é o ventre, já que esse é o lugar no qual
são diferenciados o homem e a mulher.
Também é significativa a posição da Shin, que representa fogo e paixão.
No homem, a seqüência é AMSh ( 
) , com Shin exposta no final.
Na mulher, por outro lado, a seqüência é AShM ( 
), com Shin oculta no meio.
A razão é que o órgão sexual no homem é externo, enquanto na mulher é interno.
Assim, o Talmud estabelece: "O homem tem sua paixão no exterior, enquanto a
mulher a tem em seu interior".

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 28

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 29

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 30

Este é o conjunto das letras duplas, cada uma com duas possíveis pronúncias.
No diagrama da Árvore da Vida correspondem às sete linhas verticais.
O duplo som é mantido hoje em dia por todos os judeus para o Bet, Caf e Pé.

A Bet ( ) dura tem o som de B, enquanto que a suave tem o som do V.
A Caf () dura tem o som de C [ou K]; a suave, de Ch, pronunciada como a "ch"
alemã, como em "doch" [ou como RR em carro].

A Pê ( ) dura é pronunciada como P, enquanto a suave como F
Em todos estes casos, o som duro corresponde a um som plosivo, pronunciado em
um sopro ou som explosivo.
O som suave corresponde a uma fricativa.

Os judeus ashkenazim do norte da Europa pronunciam a Tav ( ) suave como um S.
A maior parte dos judeus sefaradim do sul da Europa pronunciam o som duro e
suave da Tav, como uma T.
Alguns sefaradim pronunciam a Tav suave como a Th inglesa, como em "thing".
Os judeus iemenitas também distinguem as letras Guimel e Dalet suaves e duras.
A Guimel suave tem um som de um J inglês, ou, entre outros, de um G gutural
fricativa profunda.

A Dalet ( ) suave tem o som de uma Th inglesa dura, como em "the".

Como regra geral, estas seis letras, BGD CPT ( ), sempre tomam a forma
dura no início de uma palavra.
Por isso não há nomes bíblicos que comecem por F

Isto implicaria uma Pé ( ) no início de um nome, a qual automaticamente tomaria
o som duro, ou seja o som de P
O som duro é diferenciado por um ponto chamado Daguêsh que se coloca no meio
da letra.

É muito significativo o fato de se considerar aqui o Resh () como uma das letras
Duplas.
A maior parte dos gramáticos pós-talmúdicos assume precisamente o ponto de
vista oposto, e estabelecem que a Resh nunca leva Daguêsh.
Não existe nenhuma distinção verbal entre a Resh dura e a suave, como também a
gramática do hebraico moderno não reconhece tal diferença sequer na forma
escrita.
Há, entretanto, dez palavras diferentes, que aparecem em catorze lugares na
Bíblia, que são escritas com um Resh contendo Daguêsh.
Ver Tabela 28.
Não obstante, é óbvio que as regras usuais para as letras BGD CPT (  ) não
se aplicam à Resh.
O som atual da Resh é fricativo e é provavelmente o som em sua forma suave.
A Resh dura ou se perdeu ou foi deliberadamente ocultada depois da destruição do
Templo.
Em tempos antigos, seu uso era corrente e a evidência de que sua pronúncia era
conhecida pelos autores da Septuaginta está na transliteração de alguns nomes.
Entretanto, no século X, a Resh dupla só era usada pelos membros da pequena
comunidade Mazya de Tibérias.
Tibérias foi a última cidade na qual floresceu o San'hedrin, o grande conselho que
preservava a tradição.
Este foi um dos mistérios que o San'hedrin confiou à comunidade de Tibérias.
De acordo com o Sêfer Ietsirá (2:3), a Resh pertence ao grupo das dentais
ZSShRTs (  ).
   
Junto com as letras Záyin ( ), Sámech ( ), Shin ( ) e Tsadi ( ), é pronunciada
com os dentes.
De acordo com a Versão Longa (2:1), seu som se obtém "entre os dentes, com a
língua inerte, estendida".
Não podemos dizer que ele seja um som de R vibrante porque isso implicaria o uso
da ponta da língua.
Aproximaria-se então ao som do L e deveria ser incluída entre as linguais, DTLNTh

( ).
Além disso, a Resh dura deve ser plosiva como as demais duplas duras.
Nenhum som atual de R satisfaz todos esses critérios.
Tampouco há som plosivo pronunciado com os dentes que possa ser candidato à
Resh dura.
Por conseguinte, a pronúncia original desta letra permanece um mistério.

Dura e Suave
O som duro vem geralmente indicado por um ponto no meio da letra, conhecido
como Daguêsh.
Antes que se introduzisse a letra impressa, a maior parte dos manuscritos também
indicava o som suave por uma linha acima da letra conhecida como Rafê.
Este artifício é usado no Pentateuco Kéter Torá de Damasco, escrito no século IX.
Na coleção Firkovich da Biblioteca da Academia de Ciências de Leningrado há um
códice da Bíblia que data do ano 916 e que também faz uso da Rafê.
Ainda em 1480 esta marca podia encontrar-se em Bíblias e Livros de Oração
manuscritos.
O uso desta marca é também mencionado no Ticune Zohar.
Ele declara que a Rafê acima da letra é como "o firmamento sobre as Chaiot"
(Ezequiel 1:22).
O Ticune Zohar também declara que os sons duros e suaves estão relacionados
com as "Chaiot indo e retornando" (Ezequiel 1:14).
Diz assim: "Elas correm com o som duro e retornam com o som suave".
De acordo com alguns comentários, isto implicaria que o som duro plosivo é
pronunciado mais depressa que o suave fricativo.
Entretanto, já que o Sêfer Ietsirá (1:6) ensina que "correm e retornam" também se
relaciona com técnicas meditativas, parece claro que os sons duros e suaves seriam
empregados com este mesmo propósito.
As sete Duplas seriam usadas para mover-se pelas linhas verticais da Árvore da
Vida.
Quando o iniciado usava as letras para "correr" e ascender, seria o som duro o
empregado.
E quando "voltava", usaria o som suave.
O Bahir declara que as letras são o corpo da escrita, enquanto as vogais são sua
alma.
Os cabalistas posteriores fazem notar que Daguêsh e Rafê não são letras nem
vogais, mas intermediárias entre ambas.
E é esta essência intermediária que o homem deve aperfeiçoar se quer entrar no
domínio da Alma.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 31

Estes são os conceitos que podem ser controlados através das sete letras duplas.
Os métodos são similares aos delineados no Capítulo 2.
As sete qualidades são paralelas às sete linhas verticais no diagrama da Árvore da
Vida.
Também se correspondem com as sete vezes que a frase "era bom" aparece no
relato da Criação.

Segundo o Ticune Zohar, o som duro implica um julgamento severo, enquanto o


suave um julgamento benevolente.
De acordo com isto, as qualidades boas estariam associadas ao som suave,
enquanto as más ao som duro.
Há, entretanto, algumas autoridades que revertem isso.

Transposto
A palavra para "transposto" neste lugar é Temurá (  ).
Antes, o Sêfer Ietsird havia dito: "Ele as gravou, entalhou, permutou. pesou e
transpôs" (2:2).
A palavra usada para "transpôs" usada naquela ocasião foi Hemir (  ), que tem
a mesma raiz do termo usado aqui.
Também seguimos antes os comentários que interpretavam que "transpor" se
referia ao uso dos códigos cifrados padrão.
Do texto aqui, entretanto, poderia parecer que denota a transposição entre os sons
suave e duro das Duplas.

Paz e Guerra
Paz e Guerra referem-se a ambos: nações e indivíduo.
Uma pessoa pode estar em guerra consigo mesma ou em paz consigo mesma.
As letras correspondentes podem ser usadas para transmitir essas qualidades tanto
a si mesmo como a outros.

Este tópico pode ser comparado a 1:5 e 1:13.


Como foi discutido anteriormente, as seis direções são paralelas às Seis Sefirot.
A ordem dada aqui seria: Nêtsach, Hod, Tiféret, Iessod, Chéssed, Guevurá.
Ver também as Tabelas 29 e 30.

As direções indicariam para onde alguém deveria voltar a face, ou o movimento de


cabeça que deve usar quando tentar transmitir as qualidades mencionadas na
seção anterior.
Dois desses conceitos aparecem no Talmud:
"Aquele que deseja Sabedoria, que olhe para o sul; aquele que deseja riqueza, que
olhe para o norte".
Isto se refletia no Templo, onde a Menorá, que se relaciona com a Sabedoria,
estava ao sul, enquanto a Mesa, indicativa de riqueza, situava-se ao norte.
Vemos que a letra Resh indica paz.
Onde não há paz, esta letra não pode ser pronunciada corretamente.

O Palácio Santo
Este é comumente interpretado como denotando Malchut.
A palavra hebraica usada para "Palácio" neste lugar é Hechal ( ), que tem o
valor numérico 65, o mesmo que Adonai (  ), o Nome Divino associado com
Malchut.
Além de ser a última das Sefirot, Malchut é também o ponto final da dimensão
espiritual Kéter-Malchut.
Conseqüentemente, o "Palácio Santo" no centro não se refere a Malchut sozinha,
mas também à sua associação com Kéter.
Ao canalizar a sustentação de Kéter, o ponto central apóia todos os outros.
Segundo o Bahir, "Hechal HaCodesh" não deve ser lido como o "Palácio Santo",
mas sim como "Palácio do Sagrado".
O "Sagrado" denota Kéter e o "Palácio do Sagrado" se refere a Malchut quando está
diretamente conectada com Kéter no mistério de "contém seu princípio em seu fim"
(1:7).
O centro também representa um grande mistério da Criação, conforme explica Rabi
Judá Loew ben Betsalel (1525-1609), o Maharal de Praga, famoso como criador de
um Golem.
Ele declarou que a razão pela qual o mundo foi criado em seis dias é porque o
mundo tridimensional tem seis direções, como o Sêfer letsirá estabelece aqui.
Foi necessário um dia para completar cada uma das direções.
O Shabat é, portanto, o ponto central que liga todas as direções e as suporta.
O Shabat representa Malchut, mas no modo em que esta se acha ligada a Kéter.
Esses sete elementos são paralelos aos sete braços da Menorá.
Eles também são aludidos no versículo:
"Sete olhos em uma pedra". (Zacarias 3:9).
Outra alusão aparece no versículo:
"Reparte com sete, e ainda com oito". (Eclesiastes 11:2).
Como foi discutido anteriormente (1:3), o número 7 denota a perfeição da Criação
enquanto 8 é a entrada no transcendental.

Este parágrafo se parece muito com 1:4 e os dois devem ser comparados.
As sete Duplas são freqüentemente associadas com as sete Sefirot inferior
Realmente, estas sete letras representam as sete linhas verticais no diagrama da
Árvore da Vida.
As sete Sefirot inferiores são meramente os pontos terminais dessas sete linhas
verticais.
Portanto, tais letras são os degraus que conduzem para cima das sete Sefirot
inferiores, e este é o modo em que ambos os conceitos estão associados.
Uma das principais funções das Sete Duplas é mover-se em sentido vertical pela
escala das Sefirot.
Alguém se eleva através do som duro e desce através do som suave.
O Sêfer Ietsirá nos preveniu anteriormente que existem Dez Sefirot, nem mais nem
menos (1:4).
Aqui o texto nos adverte da existência de sete caminhos verticais, nem mais nem
menos.
Se um oitavo caminho fosse adicionado, ele seria tomado como um caminho de
Kéter ao Ser Infinito, e tal caminho não pode existir.
Por outro lado, se um caminho para Kéter fosse omitido, alguém poderia deduzir
que Kéter é Deus, e isto também seria errôneo.

Examina com elas


Este também é similar ao 1:4.
Pode-se perscrutar e examinar com essas letras de forma bastante parecida como
se faz com as Sefirot.
Em 1:4, entretanto, o texto acrescenta: "Entende com Sabedoria e sê sábio com
Entendimento", que é omitido aqui.
Isso ocorre porque a discussão lá versava sobre o exercício básico de oscilar entre
as consciências Chochmá e Biná.
Aqui o exercício implica nas próprias letras, em vez de em puros estados de
consciência.

Perscruta com elas


A leitura de 1:4 era "perscruta delas" enquanto aqui se diz "perscruta com elas"
Quando o texto fala das próprias Sefirot, poderia dizer: "perscruta delas", já que a
energia espiritual se recebe das Sefirot.
Aqui, entretanto, não são as letras que proporcionam a energia espiritual, mas as
Sefirot às quais elas se relacionam.
Por isso o texto estabelece: "perscruta com elas", indicando que as letras são os
instrumentos com os quais alguém pode perscrutar/sondar.
Das sete Sefirot, as seis primeiras representam as seis direções.
Malchut é o ponto central, o "Palácio Santo".
Tomado subjetivamente, este ponto central é o centro "do ser" de quem chega até
as Sefirot.
A primeira Sefirá que o iniciado deve alcançar é Malchut, e isso é obtido pela
meditação no centro, que é o centro de seu ser.
Só depois de chegar a Malchut pode aspirar às demais Sefirot.
Por isso o Bahir identifica o "Palácio Santo" com a mais pura essência do
pensamento.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 32

Os cinco métodos mencionados aqui são como os de 2:2 e 3:3.

Sete planetas
Os sete caminhos verticais associados com as Sete Duplas manifestam-se no
mundo físico como as forças astrológicas associadas com os sete planetas: Saturno,
Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua.
No tempo, aparecem associados com os sete dias da semana, e no homem são as
sete aberturas da cabeça.
Uns e outros serão enumerados nas próximas seções.
O Talmud fala também das diversas influências dos planetas e dos dias da semana.
Estes se acham bem mais vinculados a seu papel na Criação e não parecem seguir
o sistema do Sêfer Ietsirá.
Veja Tabela 31.

Os sete planetas estão também associados com os anjos específicos.


Estes anjos canalizam a influência dos sete caminhos verticais através dos
planetas.
Ver Tabela 32.

Associados aos sete planetas estão também os signos específicos, assim como um
sistema de quadrados mágicos.
Ver Figuras 43 e 44 abaixo.
A regra do sete também aparece relacionada aos Sete Selos místicos mencionados
pelos primeiros cabalistas.
Ver Figura 45 abaixo.

Para compreender o significado das forças astrológicas devemos primeiro entender


o papel dos anjos na cadeia entre as Sefirot e o mundo físico.
As Sefirot estão no Universo de Atsilut.
Abaixo está Beriá, o universo do Trono, que permite às Sefirot interagir com os
mundos inferiores.
Entre Beriá e Assid está Ietsirá, o mundo dos anjos.
Ietsirá é conhecido como o "mundo da fala".
O Talmud estabelece que "toda palavra que emana de Deus cria um anjo".
Isto significa que cada uma das palavras de Deus é de fato um anjo.
Quando se fala de "palavra de Deus" está verdadeiramente falando-se de sua
interação com os mundos inferiores.
A força que atravessa o domínio espiritual é o que chamamos de anjo.
As estrelas também constituem uma importante ligação entre a Providência de
Deus e o mundo físico.
Entre Deus e o homem existem muitos níveis de interação, sendo o inferior o dos
anjos e as estrelas.
Assim, o Midrash ensina: "Não há folha de erva que não tenha uma constelação
(Mazal) sobre ela fazendo-a crescer" .
Como explicam os diversos comentários, a Providência de Deus trabalha através
dos anjos, mas estes, por sua vez, operam através das estrelas e planetas.
Algumas autoridades chegam a dizer que os anjos são, em certo sentido, as almas
das estrelas.
Assim, por exemplo, certas fontes falam das estrelas como se tivessem inteligência,
mas os comentários estabelecem que está se falando dos anjos associados com
elas.
Entretanto, há dois tipos de anjos.
Falou-se antes do ensinamento a respeito de que toda palavra de Deus cria anjos.
Em outras fontes fala-se que os anjos são criados a cada dia, com uma nova tropa
sendo criada a cada manhã.
Por outro lado, há muitos anjos conhecidos por seu nome, tais como Gabriel ou
Michael, que têm existência permanente e que, obviamente, constituem um
segundo tipo de anjo.
Tudo isto relaciona-se estreitamente com outro tema.
No Midrash existe a questão de quando foram criados os anjos.
Alguns dizem que foi no segundo dia da Criação, enquanto outros mantêm a
opinião de que foram criados no quinto dia.
Com esta polêmica, os cabalistas chegam a uma conclusão significativa: eles
estabelecem que há dois tipos básicos de anjos.
Os permanentes e os temporários.
Os anjos temporários foram criados no segundo dia, enquanto os anjos
permanentes, que são assimilados aos pássaros, foram criados no quinto dia.
Eles também estabelecem uma importante diferença entre os anjos permanentes e
os temporários: o fato de que só os permanentes têm nomes.

Um dos fatores mais importantes na astrologia é a hora e a data de nascimento de


uma pessoa.
Daí que o Talmud afirme que exista um "Mazal da hora".
A hora, dia e data de nascimento de uma pessoa têm uma importante influência
sobre seu destino.
Em outro lugar, o Talmud ensina que existe um anjo chamado Laila que fiscaliza o
nascimento.
É o anjo que proclama que o indivíduo será forte ou fraco, sábio ou tolo, rico ou
pobre.
Antes, entretanto, discutimos sobre o ensinamento do Midrash: "Um anjo não pode
ter duas missões e dois anjos não podem compartilhar a mesma missão" (l:7).
Mas se isso for uma regra geral, como pode um mesmo anjo fiscalizar o nascimento
de toda pessoa nascida?
Isto não significa que teria muitas missões?
A mesma pergunta se aplica a todos os anjos permanentes com nome próprio.
Estes anjos, criados no quinto dia, existem para sempre.
No curso de sua existência devem ter muitas tarefas e missões.
Por que, então, a regra anterior não se aplica a eles?
Ao responder a estas questões, os diversos comentários fazem notar que os anjos
são como almas para as estrelas.
Uma alma humana é também uma entidade espiritual e a mesma pergunta surge a
respeito dela.
Como pode uma única alma envolver-se em muitas tarefas?
Mas, neste caso, a resposta é óbvia.
A alma é integrada por sua associação com um corpo único.
Não é diferenciada em muitas almas, por suas muitas tarefas, porque sua
associação com o corpo permite-lhe permanecer sendo um todo integrado.
O mesmo é certo dos anjos com nome.
Estes anjos são como almas para as estrelas e isso também significa que as
estrelas e planetas são seus "corpos".
Ver Figura 46 abaixo.

Assim, cada estrela serve como foco para um anjo particular, mantendo-o como um
todo integrado, ainda que, através dela, possa ter muitas e diferentes tarefas.
Portanto, há uma relação um a um entre as estrelas e os anjos.
Cada estrela tem seu próprio anjo particular e cada anjo sua própria estrela.
E é este relacionamento que permite aos anjos ter muitas tarefas e, ainda assim,
não ser diferenciados em muitos anjos por causa delas.
Todo anjo com nome próprio é integrado pela estrela que lhe serve de corpo.
Assim explica-se também por que os anjos permanentes têm nomes.
O Zohar ensina que cada estrela individual do Universo tem um nome.
Isso deriva do versículo: "Ele conduz Suas hostes pelo número. Chama a todos pelo
nome" (Isaías 40:26).
Também está escrito: "Ele conta o número das estrelas. A cada uma dá um nome"
(Salmos 147:4).
O Midrash indica que os diferentes nomes das estrelas correspondem aos nomes
dos distintos anjos.
A relação um a um fica então claramente expressa.
Isto também explica por que os anjos com nome foram criados no quinto dia,
enquanto os anjos anônimos, temporários, foram criados no segundo dia.
Os anjos com nome foram associados às estrelas e, portanto, não seriam criados
até que as estrelas o fossem.
As estrelas não foram criadas até o quarto dia e os anjos, portanto, não seriam
criados até o quinto.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 33
O Sêfer letsirá discute aqui as letras em relação às características primárias, os
planetas, os dias da semana e as diferentes partes do corpo.
Existe um certo número de variações nessas atribuições e as mais importantes
aparecem na Tabela 33 abaixo.

Pode-se usar cada letra para influenciar na parte do corpo com a qual ela está
associada.
Isto pode ser alcançado através do uso da disposição de 221 (ou 231) Portões
correspondente a essa letra.
Essas letras são usadas da mesma maneira quando da criação de um Golem.
De grande importância são as relações entre as letras, os dias da semana, os
planetas e as sete características primárias: Sabedoria, Riqueza, Semente, Vida,
Domínio, Paz e Graça.
Podem ser empregados os métodos do Sêfer Ietsirá para conseguir e/ou aumentar
qualquer uma delas através da pronúncia suave das Sete Duplas.
Se alguém deseja transmitir seu oposto, deve usar a pronúncia dura.
Semelhante a outras estrofes, esta pode ser lida também no imperativo:
"Faça a letra Bet reinar sobre a Sabedoria. Ligue-a a uma coroa, combine uma com
a outra e com elas forme...".
A meditação correspondente implica no uso das Sete Duplas da seguinte maneira:
a letra dominante é colocada no princípio e as outras seis são então permutadas.
Por exemplo: se alguém busca transmitir Sabedoria, coloca-se no princípio a

Bet ( ) e logo se permutam as letras restantes, GD CPRT (  ), de todas as
formas possíveis.
Da mesma forma, se alguém está buscando Riqueza, coloca-se a Guímel ( ) no 
princípio e se permutam as letras BD CPRT (  ) das 720 formas possíveis.
A permutação com qual letra se inicia em cada caso está na Tabela 34 abaixo.

Ao mesmo tempo, deve-se contemplar a parte do corpo associada com essa


característica particular.
Assim, para a Sabedoria alguém deve concentrar no olho direito, enquanto para a
Riqueza o objeto de concentração será o ouvido direito.
De forma similar, a pessoa deve concentrar-se estando na direção apropriada.
Também é importante o dia da semana associado a cada característica.
Se alguém deseja transmitir certa característica, obterá melhor resultado se isso for
feito num dia específico da semana.
No uso de todos esses métodos, deve-se ter em conta as influências planetárias.
Além das que se dão aqui, há outras incluídas na Baraita de Shemuel HaCatan que
parecem estar mais próximas às expressadas pela astrologia ocidenta1.
Ver Tabela 35 abaixo.

A influência estende-se unicamente dos astros visíveis de nosso Sistema Solar.


Os planetas longínquos, tais como Urano, Netuno e Plutão, que são invisíveis a olho
nu, não são considerados como portadores de uma influência astrológica
significativa.
Se alguém levar isso em conta, terá de considerar dúzias de asteróides que
exerceriam igualmente grande influência.
No sistema do Sêfer letsiret, a influência dos planetas não depende de sua posição
no céu, mas sim da hora do dia.
Isto é discutido em várias fontes talmúdicas e cabalísticas.
Segundo suas distâncias da Terra, a ordem dos planetas é: Saturno, Júpiter, Marte,
Sol, Vênus, Mercúrio, Lua.
Destes, Saturno é o mais afastado da Terra e a Lua o mais próximo.
De acordo com a Bíblia, as estrelas e planetas foram feitos no quarto dia da Criação
(Gênesis 1:14-19).
Se contarmos desde domingo, o quarto dia corresponde à quarta-feira.
Entretanto, no cômputo bíblico, a noite sempre precede ao dia.
A Toró diz de forma consistente que "entardeceu e logo amanheceu".
A tarde sempre prec0ede à manhã.
Os planetas foram colocados em suas posições na véspera do quarto dia, quer
dizer, na terça-feira à noite.
Foram colocados de um em um, com a diferença de uma hora, na ordem de suas
distâncias da Terra.
Assim, na primeira hora (18h) colocou-se Saturno em seu lugar.
Na segunda hora (19h) Júpiter foi posicionado.
A ordem de criação dos sete planetas foi então a seguinte:
Primeira hora 18h Saturno
Segunda hora 19h Júpiter
Terceira hora 20h Marte
Quarta hora 21h Sol
Quinta hora 22h Vênus
Sexta hora 23h Mercúrio
Sétima hora 24h Lua

Esta é a ordem encontrada na véspera da quarta-feira no mapa das influências


planetárias.
Cada planeta dominou então na hora em que foi posicionado.
Depois das primeiras sete horas, deu-se início a um novo ciclo com os planetas na
mesma ordem.
Este ciclo de sete horas continua durante a semana e é o mesmo todas as
semanas.
O ciclo semanal completo é dado na tabela de influências planetárias. Ver Tabela 36
abaixo.

Salta imediatamente aos olhos que a primeira hora de cada tarde está dominada
por um planeta diferente, na seguinte ordem:

A primeira hora de cada dia está dominada pelos planetas da seguinte forma:

Note-se que o nome de cada dia está associado com o planeta que domina sua
primeira hora da manhã.
Assim, no domingo (Sunday, em inglês) é dominado pelo Sol (Sun, em inglês), na
segunda-feira pela Lua (Monday = moon day, em inglês), o sábado por Saturno
(Saturday e Saturn, respectivamente).
Nos nomes em inglês dos restantes dias empregam-se os nomes nórdicos ou
germânicos dos planetas correspondentes.
Os romanos originalmente nomearam os dias da semana segundo o planeta que
dominava sua primeira hora.
Esta nomenclatura ainda persiste nas línguas românicas.
Assim, em francês, Terça-feira é Mardi (dia de Marte), Quarta-feira é Mercredi (dia
de Mercúrio), Quinta-feira é Jeudi (dia de Júpiter) e Sexta-feira é Vendredi (dia de
Vênus).
Saturno domina sábado, que é o Shabat (  ), e daí que Saturno receba em
hebraico o nome de Shabatai (  ).
Diz-se que o planeta que domina sobre a primeira hora do dia ou da noite domina
sobre todo o período.
Entretanto, os tempos mais auspiciosos são aqueles que associam o dia correto e o
planeta apropriado. Ver Tabela 36 acima
Assim, por exemplo, em nossa versão (Gra) do Sêfer Ietsirá, ambos, domingo e a
Lua, estão associados com a Sabedoria.
No domingo, durante o dia, a Lua domina na quarta e décima primeira horas, ou de
9h às 10h e de 16h às 17h.
Logo, estes são os tempos mais propícios para dedicar-se a alcançar Sabedoria.
Há um mandamento que diz: "Não se achará entre vós... quem calcula tempo
(Meonen)" (Deuteronômio 18:10).
No Talmud, segundo Rabi Akiva, esta proibição aplica-se especificamente àqueles
que calculam tempos auspiciosos, e muitas autoridades aceitam esta opinião como
consistente.
Entretanto, esta frase unicamente significa que não se deve fazer da astrologia uma
influência dominante na própria vida.
Como se deduz de todos os comentários ao Sêfer Ietsirá, quando alguém está
engajado nestas técnicas místicas, esta proibição não é aplicável.
Ver Tabela 37 abaixo.
Embora a maioria das versões do Sêfer Ietsirá considere os planetas na ordem em
que foram criados, a versão Gra, que estamos usando aqui, segue um sistema
diferente.
Este se apóia na ordem dos planetas que aparece no Zohar.
Nele encontramos a seguinte relação entre planetas, Sefirot e cores:

Quando as Sefirot e os dias ficam em sua ordem natural, os planetas aparecem na


ordem dada em nossa versão do Sêfer Ietsirá.
Esta vesão, portanto, é a que melhor se adapta aos ensinamentos do Zohar.
A associação com as cores é também significativa, já que se pode também meditar
nelas quando se busca transmitir a influência correspondente.
As cores também são úteis geralmente em meditações que impliquem as Sefirot.
Também associadas aos dias da semana estão as letras do nome de 42 letras.
Ver Tabela 38 abaixo.
Esta correspondência pode ser empregada em diversas meditações relativas aos
dias.
O mesmo é verdadeiro quanto aos anjos associados a cada dia.
Ver Tabela 39 abaixo.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 34

Os cabalistas posteriores escrevem que estas são as Sete Câmaras do Universo de


Beriá.
Ver Tabela 40 abaixo.

Deles, os dois mais baixos, "Pavimento de Safira" e "Essência do Céu" são


mencionados no versículo: "Viram o Deus de Israel e abaixo de Seus pés estava o
'Pavimento de Safira', claro como a 'Essência do Céu' (Êxodo 24:10).
Estas Sete Câmaras se comparam às sete Sefirot inferiores no Universo de Atsilut
(Ietsirá, em outra versão - N. do T.).
Essas são paralelas aos sete anjos guardiães no Universo de Ietsirá.
Algumas fontes primitivas estabelecem que estes Sete Universos são os sete mil
anos que se supõe que o mundo vá durar.
Os primeiros seis correspondem aos seis dias da semana, enquanto o sétimo
milênio é o "dia no qual tudo será Shabat" .
Outros relacionam os Sete Universos com a doutrina cabalística dos sete períodos
Sabáticos. Segundo esta, há sete diferentes períodos de criação, cada um de sete
mil anos de duração.
De acordo com alguns cabalistas, a presente criação é a segunda, enquanto outros
afirmam que esta é a sexta ou sétima.
Em qualquer caso, há sete ciclos, cada um de sete mil anos.
Isto significa que o Universo, tal como o conhecemos, durará 49 mil anos.
De acordo com o mestre cabalista, Rabi Isaac de Aco, não se deve contar os anos
de tais ciclos como anos físicos correntes, mas sim como anos divinos.
O Midrash diz que cada dia Divino equivale a mil anos, apoiando-se para isso no
versículo: "Mil anos a teus olhos são como o dia de ontem" (Salmos 90:4).
Já que um ano consta de 365 e 1/4 dias, o ano Divino corresponderia a
365.250 anos.
Assim, um ciclo de 7 mil anos Divinos consistiria em 2.556.750.000 anos terrestres.
Esta cifra de mais de dois bilhões e quinhentos milhões de anos se aproxima muito
à estimativa científica sobre o período de tempo em que há vida na Terra.
Se supusermos que o sétimo ciclo começou com o relato bíblico da Criação, este
teria ocorrido quando o Universo tinha 15.340.500.000 anos.
O que é muito próximo da estimativa científica de que a expansão do Universo
começou há aproximadamente 15 bilhões de anos.
O ano hebraico em curso é 5775 (correspondente a 2014/2015 da e.c.).
Neste calendário, o ano no qual Adam foi criado é contado como ano 1.
Se contarmos as genealogias bíblicas a partir de Adam encontraremos que
transcorreram 5775 anos desde que o mundo foi formado.
Entretanto, os cabalistas dizem claramente que antes de Adam existiram outros
seres humanos, e esta afirmação é também apoiada na Escritura.
De fato, no Livro de Gênesis há dois relatos da Criação.
O primeiro capítulo fala da Criação inicial do Universo, enquanto o segundo fala da
Criação de Adam.
Durante os seis dias da Criação, descritos no primeiro capítulo, Deus não cria o
mundo de fato, mas sim os ingredientes que permitiriam ao mundo desenvolver-se.
Refere-se, assim, à Criação de toda matéria, junto com o espaço e o tempo.
Foi durante esses seis dias que Deus trouxe o universo à existência a partir do nada
absoluto.
Depois desses seis dias da Criação, Deus permitiu que o universo evoluísse por si
mesmo, renovando sua criação a cada 7 mil anos Divinos ou 2.5 bilhões de anos
terrestres.
Todas as leis da natureza e as propriedades da matéria tinham sido fixadas para
sempre, tal como está escrito: "Ele os estabeleceu para sempre. Ele fez um decreto
que não será transgredido" (Salmos 148:6).
Do mesmo modo, está escrito: "Tudo o que Deus decreta deve ser para sempre.
A isto nada deve ser acrescentado e disso nada deverá ser tirado" (Eclesiastes
3:14).
Cada um dos seis ciclos da Criação trouxe algo de novo ao mundo.
O quinto foi o que trouxe a vida, e isto ao redor de dois bilhões e quinhentos
milhões de anos.
Cerca de 974 gerações antes de Adam, ou algo como 25 mil anos, o homem
desenvolveu todas as capacidades físicas e mentais que possuímos hoje.
Este homem tinha evoluído do "pó da terra" (Gênesis 2:7), mas ainda carecia da
alma Divina que o constituiria em ser espiritual.
Deus criou então Adam, o primeiro ser humano verdadeiro com uma alma:
"E soprou em suas narinas um alento de vida; e foi o homem alma viva"
(Gênesis 2:7).
Segundo a tradição, a criação de Adam ocorreu em Rosh Hashaná, o Ano Novo
judaico, que aconteceu em 9 de setembro de 3761 a.e.c.

Sete firmamentos
Estes são enumerados na Versão Longa (4:13) como: Vilon, Rakia, Shechakim,
Zevul, Maóon, Machon e Aravot.
Também são mencionados no Talmud. Ver Tabela 41 abaixo.
De acordo com o Ari, têm seu paralelo nas sete Sefirot inferiores do universo de
Assiá.
Sete Terras
A Versão Longa (4:13) enumera-as como: Adamá, Tevel, Nashiyá, Tsaya, Chalad,
Eretz e Gai.
Outras fontes as mostram como: Erets, Adamá, Arcá, Gai, Tsaya, Nasya e Tevel.
Uma outra antiga fonte propõe: Erets, Adamá, Arcá, Chariva, Iabasha, Tevel e
Chalad.
De acordo com muitas autoridades, as Terras se referem aos sete continentes:
América do Norte, América do Sul, Europa, África, Ásia, Austrália e Antártida.
Não existe continente no Pólo Norte, daí que se diz que o norte está "aberto".
Ambos, os sete firmamentos e as sete Terras são ditos paralelos às Sefirot no
mundo inferior.
O mesmo cabe dizer dos sete atributos aqui abordados.

Sete Mares
Muitos comentários estabelecem que se trata dos sete lagos e mares da Terra
Santa.
Em terminologia moderna, os sete mares representam os sete oceanos: Atlântico
Norte, Atlântico Sul, Pacífico Norte, Pacífico Sul, Oceano Índico, Oceano Ártico e
Oceano Antárctico.
Os mares da Terra Santa representam um microcosmo desses oceanos.

Sete Rios
Estes são os sete rios associados com a Terra Santa: Jordão, Yarmoch, Kirmyon,
Poga, Pishon, Guichon e Chidekel.
Não se menciona o Eufrates porque ele contém a todos.
Comparam-se aos sete grandes rios do mundo.

Sete Desertos
São os sete desertos atravessados pelos israelitas durante o Êxodo do Egito: Eitan,
Shur, Sem, Sinai, Param, Tsin e Cadmut.

Sete Dias
Refere-se aos sete dias da semana.
Também se refere aos sete dias das principais festividades: Pêssach (Páscoa) e
Sucót (Tabernáculos).

Sete Semanas
São as sete semanas entre o Pêssach e Shavuót (Pentecostes).
Assim diz a Torá: "Contarás a partir do dia depois da festa... sete semanas
completas" (Levíticos 23:15).

Sete Anos
Refere-se aos sete anos do ciclo Sabático.
A Torá prescreve que no sétimo ano a terra fique em descanso e não se trabalhe
nela: "Durante seis anos semearás teu campo... mas o sétimo será um Shabat de
solene repouso para a terra" (Levíticos 25:3-4).
Sete Períodos Sabáticos
No final dos sete períodos Sabáticos celebrava-se o Ano do Jubileu.
Todos os escravos eram então libertados e a propriedade das terras devolvidas a
seus possuidores hereditários.
A Torá estabelece: "Numerarás sete anos sabáticos, sete vezes sete anos...
constituindo quarenta e nove anos... E santificarás o qüinquagésimo ano, e
proclamarás a liberdade por toda a terra... será um jubileu para ti"
(Levíticos 25:8-10).

Sete Jubileus
Isto é sete vezes 49 (ou 50) anos, num total de 343 (ou 350) anos.
O Primeiro Templo durou 410 anos.
Durante este período Israel observou sete jubileus.
Também se alude aqui ao conceito de períodos sabáticos da Criação, onde cada
período consiste de 49 mil anos.
Haverá sete períodos destes e o Universo durará, portanto, um total de 343 mil
anos.
Estes são anos Divinos, cada um consistindo de 365.250 anos terrestres.
Assim, o total de tempo entre a expansão inicial e o colapso final do Universo será
de 125.287.500.000 anos.
Esta cifra de mais ou menos 125 bilhões de anos se acha muito próxima dos
cálculos científicos.
Depois deste período, o Universo se tornará completamente espiritual.
Um dos aspectos do mundo futuro será a extrema longevidade da raça humana.
A respeito deste período está profetizado: "Como um menino, morrerá na idade de
cem anos" (Isaías 65:20).
Segundo Rabi Isaac de Aco, o tempo de vida se estenderá tanto que alguém que
morra na idade de cem anos será considerado um menino que morreu aos três
anos de idade.
Assim, a vida média normal será aproximadamente 33 vezes que seu valor atual,
ou seja, perto de 2 mil anos.
Isaac de Aco afirma, além disso, que estes serão anos Divinos, de forma que o
tempo de vida humana se estenderá até uma ordem de 80 milhões de anos.

O Palácio Santo
É o sétimo ponto, o centro dos outros seis, tal como foi explicado anteriormente
(4:4).

Fez aos sete amados


De acordo com Rabi Abraham Abulafia, há sete níveis na Criação: forma, matéria,
combinação, mineral, vegetal, animal e humano.
Assim, o homem é o sétimo nível e o mais amado por Deus.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 35

Aqui, as letras do alfabeto são chamadas "pedras"


Os cabalistas dizem que são "pedras extraídas do grande Nome de Deus."
O texto discute o número de permutações possíveis com um determinado número
de letras.
Se alguém tem duas letras, AB, pode permutá-las de duas formas: AB e BA.
Estas são as "duas pedras" que "constroem duas casas".
Com três letras pode-se fazer 6 permutações: ABC, ACB, BAC, BCA, CAB, CBA.
Disto já se fez menção acima (1:13, 3:6-8).
De forma similar, 4 letras podem ser permutadas em 24 formas e 5 em 120.
Estes números não são difíceis de deduzir.
Se alguém começa com uma letra X, a segunda letra pode ser colocada bem à sua
direita ou à sua esquerda.
Isto dá duas permutações: AX e XA.
Se considerarmos agora cada combinação XY, podemos colocar uma terceira letra
em três posições possíveis: AXY, XAY, XYA.
Já que as letras XY poderiam, por sua vez, ser permutadas de duas formas, o
número total de permutações é 2 x 3, ou 6.
Igualmente, se tivermos 3 letras, XYZ, a quarta letra pode ser colocada em um dos
quatro lugares: AXYZ, XAYZ, XYAZ e XYZA.
Já que as três letras XYZ podem ser permutadas em 6 diferentes modos, o número
total de permutações é 6 x 4, ou 24.
Se tomamos 4 letras WXYZ, uma quinta letra pode ser inserida em um dos 5
lugares: AWXYZ, WAXYZ, WXAYZ, WXYAZ e WXYZA.
Já que WXYZ pode ser permutado de 24 modos, o número total de permutações é 5
x 24, ou 120.
Vemos então que para um número determinado de letras, o número de
permutações é dado por
1 x 2 x 3 x.... x N.
Este número se conhece como N fatorial e é comumente escrito n!
O número de permutações para todos os números de letras até 22 está nas Tabelas
42 e 43.
Em geral, as permutações de letras ocupavam um papel importante nas práticas
dos cabalistas meditativos.
Essas permutações eram freqüentemente cantadas de um modo muito semelhante
a de um mântra, de forma a produzir um desejado estado de consciência.
Há um número expressivo de textos contendo longas tabelas de tais permutações.

O que a boca não pode dizer


Esta expressão aparece também no Talmud.
Suponhamos que uma pessoa desejasse pronunciar todas as 5.040 possíveis
permutações de sete letras.
Teria então que pronunciar um total de 5.040 x 7, ou seja, 35.280 letras.
Caso pudesse pronunciar à razão de três letras por segundo, levaria umas três
horas para recitar todas as letras.
Difícil, mas não impossível!
Para pronunciar todas as permutações possíveis de 8 letras, teria que recitar um
total de 40.320 x 8, ou 322.560 letras.
Na mesma proporção, isto tomaria aproximadamente trinta horas.
Para todos os propósitos práticos, isso se acha fora do domínio da capacidade
humana normal.
O texto, portanto, estabelece que isso é algo que "a boca não pode falar e o ouvido
não pode ouvir".
Aqui, o Sêfer Ietsirá faz esta observação, já que é possível pronunciar todas as
permutações das Sete Duplas e aparentemente isto se fazia em algumas técnicas.
No próximo capítulo, o texto falará das doze Elementares, que podem ser
permutadas perto de 500 milhões de formas.
Isso tomaria 63 anos para se pronunciar todas as permutações.
Na Tabela 43 vemos que existe perto de mil sextiliões (10 elevado a 21) de
possíveis permutações das 22 letras do alfabeto hebraico.
Este é o número muito próximo do total de estrelas no Universo observável.
Este Universo contém ao redor de 100 bilhões de galáxias (10 elevado a 11), cada
uma com aproximadamente 10 bilhões de estrelas (10 elevado a 10).
Um número muito parecido é encontrado no Talmud.
Assim, das permutações do alfabeto, um nome pode ser formado para cada estrela
no Universo.
Isto está em concordância com o ensinamento de que cada estrela tem um nome
individual.
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 36

Pode tambem ser interpretado como temperamento ou agressividade.

Gosto
A palavra hebraica empregada aqui Leita, significa literalmente "engolir".
Muitos comentários, entretanto, interpretam-na como significando "gosto".
Todos estes atributos não tem oposto.
Podem estar ou não presentes, mas sua ausência não é o oposto de sua presença.
Dal que estejam representados pelas doze Elementares, caracterizadas por um
único som.
Como veremos depois, estas qualidades tem seu paralelo nos doze meses, assim
como nos doze signos do zodíaco e, também, nas doze tribos de Israel.
Há dois modos de ordenar as doze tribos.

O primeiro é o que aparece no principio do livro Êxodo (1: 2-5):


Rubem, Shimon, Levi, Judá, Issachar, Zebulun, Benjamim, Dan, Naftali, Gad, Asher
e José.
Os seis primeiros são Rubem, Shimon, Levi, Judá, Issachar e Zebulun.
Estes são os seis filhos de Lea por ordem de nascimento.
Logo vem Benjamim, o filho de Rachel. José, o outro filho de Rachel, estava no
Egito e, portanto, não é mencionado ate o final.
A seguir são mencionados Dan e Naftali, os filhos de Bil'ha, a criada de Rachel.
Logo vem Gad e Asher, os filhos da criada de Lea, Zilpa, que nasceram depois dos
filhos de Bil'ha.
Há diversas autoridades que enumeram as doze tribos nesta ordem.
Assim, o signo de José seria Peixes (Daguim) e isso também está refletido nos
ensinamentos talmúdicos. (ver Tabela 44).
Outras autoridades enumeram as tribos na ordem de seus acampamentos no
deserto.
Ver Figura 47.
Esta ordem é a seguinte:
Judá, Issachar, Zebulun; Rubem, Shimon, Gad; Efráim, Menashe, Benjamim; Dan,
Asher e Naftali.
No acampamento oriental estavam Judá, Issachar e Zebulun; no sul, Rubem,
Shimon e Gad; no oeste, Efráim, Menashe e Benjamim; e no norte, Dan, Asher e
Naftali.
Segundo algumas autoridades, essa também era a ordem das pedras nos Urim e
Tumim.

A mudança de ordem ocorreu após Levi ter recebido o sacerdócio, que o excluiu da
ordem das tribos.
Para completar as doze, dividiu-se então a tribo de José em duas, Efráim e
Menashe.
Isto se fez de acordo com a bênção de Jacob:
"Efráim e Menashe serão para mim como Rubem e Shimon". (Gênesis 48:5).

Quando as características estão na ordem dada em nossa versão (Gra), as tribos


devem ser combinadas entre si na ordem dos acampamentos.
Entretanto, a divisão de José não é considerada e, portanto, José está no lugar de
Efráim e Levi no lugar de Menashe.
Ver Tabela 45 abaixo.
Os doze atributos em questão correspondem às doze permutações do
Tetragrammaton.
Como quatro letras podem normalmente ser permutadas de 24 diferentes modos,
já que existe uma letra repetida, este número é dividido ao meio.
Ver figura 48

Começa-se com o nome YHVH.


Mantendo a Y no começo, a V é primeiramente colocada ao final (YHHV), e depois
imediatamente após a Y (YVHH).
Ver a Figura 49.

A Y é colocado no fim, e a primeira H no início (HVHY).


Como antes, a letra do meio, que agora é a H final, é primeiramente colocada no
fim (HVYH), e a seguir colocada após a letra inicial (HHVY).
A letra H na permutação inicial desta tríade (HVHY) é então colocada no fim,
deixando a V em primeira posição (VHYH).
Novamente a letra do meio, a Y, é primeiramente colocada no fim (VHHY), e logo
colocada antes da primeira letra (VYHH).
A letra V é então colocada no fim, deixando a H final no princípio da palavra
(HYHV).
A letra H do meio é movida para o fim (HYVH), e logo para a segunda posição
(HHYV).
De acordo com a maioria das autoridades, esta é a ordem das permutações do
Tetragrammaton que corresponde aos meses do ano.
Há também alguns versículos que estão associados a esta ordem, nos quais as
letras das permutações aparecem no início ou no final das palavras.
Também associadas com estas permutações estão as Doze Casas, que são as doze
divisões angulares do céu.
Ver Tabela 45.
O posicionamento das constelações e planetas nelas, determina sua influência
astrológica.
Esta divisão é também usada na astrologia ocidental.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 37

As doze Elementares estão relacionadas com os doze limites diagonais.


Ver Tabela 46 abaixo.

Elas correspondem aos doze cantos de um cubo.


Quando uma pessoa usa estas letras em qualquer meditação, ela deve também se
concentrar, estando na direção apropriada.
A ordem que se segue aqui começa no leste e logo segue através das quatro
direções primárias: leste, sul, oeste e norte.
Isto corresponde ao ensinamento:
"Quando voltares, gire para a direita".
A ordem das direções é também a mesma que a dos quatro acampamentos no
deserta.
Os doze limites diagonais correspondem assim às doze tribos.
Por isso, nossa versão (Gra) dá três limites para cada um dos quatro lados.
Eles correspondem às três tribos em cada um dos quatro acampamentos.
Em cada uma dessas quatro direções toma-se primeiramente o limite superior,
depois o limite da direita e depois o inferior.

Desta maneira pode-se descrever a letra Bêt ( ) sobre cada lado.
Isto corresponde ao ensinamento de que o mundo foi criado com Bêt, que é a
primeira letra da Torá.
Ver Figura 50 abaixo.

Muitas das demais versões enunciam os doze limites tal como estão aqui.
Outras versões, entretanto, usam um sistema diferente.
Dão em primeiro lugar todos os limites orientais (do leste), em seguida os dois
boreais (do norte), depois todos os ocidentais (do oeste) e, por último, os dois
restantes austrais (do sul). Ver Figura 51 abaixo.
O Bahir relaciona esses doze diagonais com a Árvore da Vida.
Há uma relação, um a um, entre os limites diagonais e as linhas diagonais no
diagrama da Árvore da Vida.
Os doze limites também correspondem às doze permutações do Tetragrammaton.
As permutações que começam com Y correspondem a leste; as que começam com
a primeira H ao sul; as permutações que começam com V a oeste e as com H final
ao norte.

Eles se estendem até a eternidade das eternidades


O termo "eternidade das eternidades", que em hebraico é Ade Ad, já foi explicado
(1:5) como denotando um domínio além do espaço e do tempo.
O uso deste termo aqui implicaria que os limites diagonais realmente se estendem
além do domínio do espaço e do tempo.
Antes, quando o Sêfer Ietsirá (4:4) falou das seis direções primárias, não as
chamou de "limites/fronteiras".
A razão pela qual são chamadas aqui de "limites" (Guevulim) é porque são usadas
em um método de meditação sobre os "limites" do espaço.
O iniciado medita nas quatro letras Bêt que selam o universo pelos quatro lados,
fixando os limites do pensamento.
Ele também medita nas doze permutações do Tetragrammaton, que correspondem
aos doze diagonais.
Deste modo pode alcançar o nível no qual os limites se estendem até "a eternidade
das eternidades", além do domínio do espaço e do tempo.
Ao discutir sobre as doze diagonais, o Bahir diz: "Em seu interior está a Árvore".
Trata-se da Árvore da Vida, a disposição das Dez Sefirot conectadas pelas 22
letras.
A Árvore não está só dentro dos doze limites/fronteiras de um ponto de vista
terreno, já que é externa ao universo físico.
Ela só está dentro desses limites quando contemplada do ponto para o infinito que
foi comentado antes (1:7).
É neste ponto que todos os limites são unificados.
Quando uma pessoa medita na infinitude dos limites diagonais, é capaz também de
mover-se através dos caminhos diagonais na Árvore da Vida.
Isto é importante porque é muito mais fácil subir pelas diagonais do que pelos
caminhos verticais.

Limites do Universo
Estes limites relacionam-se com os limites das doze tribos mencionados em
Ezequiel 48.
Cada limite diagonal corresponde a uma das doze tribos.
Segundo o Talmud, esses limites também se correspondem com os doze pilares
sobre os quais repousa o universo.
Isto está baseado no versículo:
"Estabeleceu os limites das nações, de acordo com o número dos filhos de Israel"
(Deuteronômio 32:8).
O Talmud também os relaciona aos "braços do universo".
De fato, a Versão Curta, em vez de "limites do universo" lê "braços do universo".
A alusão óbvia é ao versículo (Deuteronômio 33: 26-27):
Não há ninguém como o Deus de Ieshurun,
que cavalga os céus e é teu auxiliador.
O Seu orgulho está nos céus (Shechakim).
Uma morada é o Deus da eternidade
e abaixo estão os braços do Universo.
Afasta os inimigos diante de ti e diz: "Destrói!"

Esta estrofe aparece depois da bênção das tribos, quando Moisés benze a toda a
nação de Israel.
Embora os versículos falem de Deus ajudando os israelitas em um sentido
mundano, têm também insinuações místicas.
Moisés começa chamando Deus de "o que cavalga os céus".
A palavra "cavalgador", Rochev (), está estreitamente relacionada à Mercaba

( ), a "Carruagem" mística, que é a essência da experiência mística.
O conceito de "cavalgar" envolve viajar e abandonar o próprio lugar natural.
Quando Moisés diz que Deus "cavalga" os céus, isto significa que Ele abandona Seu
estado natural, onde Ele é absolutamente incognoscível e inconcebível, e permite a
si mesmo ser visualizado em uma visão mística.
Como o verso continua dizendo, isso acontece através dos céus conhecidos como
Shechakim.
Este termo sempre se refere às duas Sefirot, Nêtsach e Hod, que são as Sefirot
envolvidas com profecia e inspiração.
Diz então: "Uma morada (Meoná) é o Deus da eternidade".
Como foi explicado antes (1:5), a palavra Maón (e Meoná) indica um nível acima do
espaço e tempo, o "Lugar do Universo".
A palavra aqui usada para "eterno" é Kédem, que geralmente indica Kéter.
O termo hebraico para Coroa, Kéter (  ), vem também da raiz Catar, ( ), que
significa "rodear".
É através do atributo de Kéter ou Kédem (eternidade) que Deus envolve a todo o
espaço e tempo.
Abaixo disso existem os "Braços do Universo".
Estes são as infinitudes envolvendo os doze limites diagonais.
No nível mais alto concebemos Deus como totalmente separado de todo espaço e
tempo.
Esta concepção envolve um estado de consciência que não pertence à percepção
nem à não-percepção.
Em um nível inferior O vemos como Aquele que define o espaço e o tempo, como o
"Lugar do Universo".
Isto envolve um estado de consciência que percebe o nada.
Em um nível ainda mais baixo, vemos Deus como estando além dos limites do
Universo.
Portanto, se uma pessoa deseja experienciar Deus, ela deve começar pelo nível
mais baixo e trabalhar seu caminho para cima.
Portanto, ela inicia pelos "Braços do Universo", contemplando a infinitude do espaço
nos doze limites diagonais.
Só depois disso ela pode alcançar o nível de "uma Morada é o Deus da eternidade",
onde ela concebe Deus como o "Lugar do Universo".
Finalmente, entretanto, terá que chegar a uma concepção de Deus como
totalmente separado do espaço e do tempo.
Portanto, ela O vê como "Cavaleiro dos Céus", usando meramente todas as
descrições como um meio através do qual Ele pode ser conceitualizado.
Um elemento muito importante para conseguir uma experiência mística é a
negação do "eu".
Quando uma pessoa vê a si mesma como nada, seu "eu" se torna transparente
para o Divino.
Comentando sobre o versículo "debaixo dos Braços do Universo", o Talmud
estabelece que uma pessoa deve "fazer a si mesma como se não existisse".
Através da contemplação das infinitudes do Universo ela pode anular seu ego.
Em outro ensinamento muito significativo, o Talmud estabelece que "o espírito
(Rúach) depende do vento impetuoso (Seará)... e o vento impetuoso pendente dos
braços de Deus".
Isto também se apóia no versículo: "debaixo dos Braços do Universo".
Entretanto, o vento de tempestade (Seará) foi a primeira manifestação da visão de
Ezequiel, tal como diz: "Eu olhei e vi um vento de tempestade vindo do norte"
(Ezequiel l:4).
O vento de tempestade relaciona-se ao tempestuoso estado de consciência que
precede a verdadeira experiência mística, que é chamada "Espírito" (Rúach).
O Talmud estabelece que o estado de Seará, que é a passagem para a experiência
mística, depende dos braços do Universo.
Uma pessoa pode alcançar este estado meditando nas infinitudes dos limites
diagonais e nas permutações do Tetragrammaton associadas com elas.
No presente texto, vemos que a ordem dos doze limites diagonais começa no leste
e termina no norte.
Já que a última direção em que se medita é o norte, Ezequiel viu o "vento de
tempestade vindo do norte".
O estado de "vento impetuoso", assim como a "grande nuvem de fogo
relampejante" vistos por Ezequiel são as forças das Cascas (Klipá) malignas, que
devem ser quebradas antes que alguém possa entrar nos mistérios.
A passagem em Deuteronômio, portanto, conclui: "Ele afasta o inimigo de diante de
ti".
Já que após a contemplação dos "Braços do Universo", alguém se encontra com o
inimigo - a Klipá -, Moisés tinha de prometer que Deus afastaria essa força e
permitiria a alguém entrar são e salvo.
Na Versão Longa, o Sêfer Ietsirá mostra neste ponto “Alturas do Universo".
Alguns comentários estabelecem que essas 'Alturas’ são os "Braços do Universo".
O termo "Alturas do Universo" aparece três vezes na Escritura.
Na bênção de Jacob a José, Jacob concede a este "o desejo das Alturas do
Universo" (Gênesis 49:26).
Moisés abençoa igualmente a tribo de José com "o tesouro das Alturas do Universo"
(Deuteronômio 33:15).
O Zohar estabelece que essas Alturas relacionam-se com o princípio feminino da
Criação, especialmente com a Sefirá de Malchut.
É meditando nas doze linhas infinitas do Universo que uma pessoa pode entrar em
Malchut e começar a ascensão na Árvore da Vida.
Os doze limites diagonais são então como linhas de transmissão através das quais a
energia criativa flui ao Universo dos doze caminhos diagonais da Árvore da Vida.
Como tais, essas infinitudes são a interface entre o físico e o transcendental.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 38

Referências ao Zodíaco são mostradas na Tabela 47.


A Figura 52 mostra o Zodíaco como publicado na edição de 1720 do Tsurat HaArets.
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 39

O termo hebraico é Dakin, que normalmente designa o intestino delgado, mas que
também pode incluir o intestino grosso ou cólon.
Em outras versões, o Sêfer Ietsirá emprega os termos Massas ou Hemses em vez
de Dakin.
Em geral, na literatura hebraica, estes não denotam órgão humano algum.
Este termo comumente se refere ao Omasum ou livro, o terceiro estômago dos
animais ruminantes, como os bovinos.
Ver Figura 53 abaixo.

Suas dobras longitudinais estão dispostas como as folhas de um livro, daí que
também lhe chamem Psalterium.
Segundo vários comentários, o Massas denota o estômago no homem.
Em várias passagens, o Midrash implica que a função do Massas é "triturar" os
alimentos.
De acordo com a substituição na versão Gra, pareceria que o órgão correspondente
ao Massas no homem seria o intestino delgado.
Isso é também apoiado por muitas autoridades.
Também estaria de acordo com os cabalistas, já que, segundo eles, o estômago é o
Kurkeban.

O Kurkeban
O termo Kurkeban é usado na maioria das vezes para referir-se à moela nas aves.
Entretanto, no Talmud e no Midrash, só ocasionalmente este termo é usado para
designar um órgão humano, identificado geralmente como "triturador de
alimentos".
O Zohar identifica claramente o Kurkeban com o estômago, e esta opinião é quase
universalmente compartilhada por todos os cabalistas posteriores.
Outros comentários identificam o Korkeban com diversos órgãos internos.
Alguns dizem que é o esôfago.
Outros dizem que é o intestino delgado.
Outra opinião sustenta ainda que trata-se do cólon.
Outros afirmam ainda tratar-se do apêndice.

A Kevá
A Kevá é também um órgão comumente associado aos animais.
Nos ruminantes é o quarto estômago, conhecido como abomaso ou coalheira.
Nos bezerros é conhecido também como a "bolsa do coalho", porque contém as
glândulas que produzem a enzima coagulante.
Segundo alguns comentários, a Kevá é o estômago.
Outros identificam-na como o intestino.
Outra opinião sustenta tratar-se do cólon.
Nos animais, a Kevá era parte da oferenda dada aos sacerdotes, tal como
estabelece a Tora:
"Darão aos sacerdotes a espádua, as queixadas e a Kevá" (Deuteronômio 18: 3).
Maimônides afirma que a razão para isso é que a Kevá é o primeiro entre os órgãos
digestivos, e esta opinião é ecoada pelos cabalistas.
De acordo com isso, no homem, o órgão análogo seria o esôfago.
Entretanto, o Talmud e o Zohar, aparentemente, ensinam que a principal função da
Kevá no homem é induzir ao sono.
Esta opinião também aparece refletida no Sêfer letsirá (5:9).
Isto indicaria um órgão de natureza glandular, possivelmente o pâncreas.
Sugestivamente, há um antigo Midrash que atribui à Kevá um "doce sono".
Uma razão pela qual a Kevá poderia estar associada ao sono é porque nos animais
ela é o órgão que digere o leite.
O análogo humano poderia estar também associado com o leite, pois sabe-se que o
leite induz ao sono.
O Talmud também estabelece que, em geral, comer dá sono.
É possível também que o Kurkeban e a Kevá não sejam órgãos humanos
absolutamente.
Isto significaria que só se faria uso deles quando o Sêfer Ietsirá os empregasse em
relação aos mamíferos e aves.
Fazendo uso de tais órgãos poderia-se criar um animal ou ave em vez de um ser
humano.
Esta poderia ter sido a técnica que os sábios talmúdicos empregaram para criar um
bezerro de primeira qualidade.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 40
Existem variações sobre o significado dos signos nas diferentes versões e
comentários.
As principais estão na Tabela 48.
Nesta versão, a Kevá se associa ao sono, o fígado à ira e o baço ao riso.
As mesmas associações encontram-se no Talmud.
Vemos aqui que os signos do Zodíaco estão associados aos doze meses lunares
hebraicos, e não com relação à posição do Sol, como na astrologia ocidental.
As correspondências aqui se aproximam da astrologia ocidental, mas são mais
acuradas a partir de um ponto de vista cabalístico.
Se alguém deseja alcançar um entendimento profundo do significado dos signos
astrológicos, deve contemplar os padrões estelares que formam cada um deles.
Quando se olha estas disposições estelares, não só emerge a imagem do signo,
mas também adquire-se compreensão de sua essência interna.
Em geral era proibido desenhar imagens das figuras representadas pelos signos
astrológicos.
Nos tempos antigos, a confecção de tais imagens levava realmente à adoração
desses signos como deuses.
Mas era permitido desenhar somente as estrelas, ou até mesmo conectá-las com
linhas para tornar reconhecíveis seus padrões.
Os desenhos e diagramas encontrados na maioria dos textos astrológicos são quase
inúteis aos propósitos de contemplação.
Em vez disso, devemos retornar aos escritos dos antigos.
No Almagesto de Ptolomeu encontra-se uma das melhores descrições das
constelações.
Data do século II e aparece citada em manuscritos hebraicos antigos.
Usei as tabelas de Ptolomeu na construção dos diagramas das constelações que
aparecem no texto.

Ele as fez como um recipiente


Diz-se que as constelações são como recipientes porque canalizam a substância
espiritual até o mundo físico.
Os meses são como um muro.
As partes do corpo encontram-se em estado constante de guerra, como será
discutido adiante (6:3).
Além do seu tempo de nascimento, o nome de uma pessoa ocupa também um
papel importante na determinação dos signos astrológicos.
Para determinar esta influência, deve-se escrever o nome da pessoa e o de sua
mãe em caracteres hebraicos.
Os valores das letras devem então ser somados para determinar o valor numérico
de ambos os nomes.
Para determinar o signo do Zodíaco, deve-se pegar o resultado da soma dos nomes
e dividi-lo por 12.
Quer dizer, terá de dividir este resultado por 12 e considerar o resto.
Isto se emprega para se descobrir o signo do Zodíaco.
Para determinar a influência planetária deve-se dividir por 7.
Como antes, deve-se dividir por 7 e reter unicamente o resto.
Isto é usado para determinar o planeta apropriado.
Note-se que, na Tabela, a ordem dos planetas é a do sábado à noite.
No cômputo hebraico, este é o início do primeiro dia da semana e, portanto, o
primeiro período da Criação.
Este método pode ser mais facilmente entendido se considerarmos um exemplo:
vamos supor que o nome de alguém seja Abraham (  ) e que sua mãe se
chame Sara ().
Fazendo uso do valor numérico de cada letra, vemos que Abraham soma 248 e
Sara, 505.
Somando os dois, teremos 753.
Para determinar o signo do Zodíaco deve-se dividir este número por 12, o que dá
62 de quociente com um resto 9.
Consultando a Tabela 49 abaixo, veremos que o signo correspondente é
Capricórnio. Igualmente, para determinar o planeta, dividimos 753 por 7.
O quociente é 107, com um resto 4.
Verificamos então que Marte exercerá uma forte influência sobre essa pessoa
chamada Abraham, filho de Sara.
São importantes também os 28 "acampamentos" da Presença Divina,
correspondentes aos 28 dias do mês lunar.
A longitude do mês lunar é 29 dias, 12 horas e 2.643 segundos (29,53059 dias).
É o período durante o qual a Lua passa por todas as suas fases.
Além disso, existe também o mês sideral, o tempo que a Lua leva para passar pelos
12 signos do Zodíaco.
Este período é de 27 dias, 6 horas e 780 segundos (27,25902 dias).
Trata-se do período durante o qual a Lua gira ao redor da Terra e volta para sua
posição original com relação a uma estrela fixa.
O mês lunar é mais comprido que o mês sideral.
Isso porque, para completar um mês lunar, a Lua deve não só passar pelos 12
signos do Zodíaco, mas também deve ocupar sua posição prévia em relação ao Sol.

Durante esse mês, entretanto, o Sol avançou através do Zodíaco.


O mês lunar é então mais comprido que o mês sideral em um fator de um e doze
avos.
A Lua, portanto, passa em cada um dos signos do Zodíaco 2 dias, 6 horas e 1.865
segundos (2,271585 dias).
Além dos 28 dias lunares, o mês sideral pode também ser dividido em 28 partes
iguais.
Cada uma dessas partes é um "acampamento" da Lua.
A Lua passa 23 horas e 1.310 segundos em cada um desses "acampamentos" .
Os 28 acampamentos têm seu paralelo nos 28 "tempos" mencionados no
Eclesiastes.
Ver as Tabelas 50 e 51 abaixo
.
Estes, por sua vez, relacionam-se com as sete qualidades correspondentes às sete
Duplas, que se discutiu anteriormente (4:2-3).
Ver Tabela 52.

Os 28 "acampamentos" também estão associados com os 12 signos do Zodíaco


através do nome de 42 letras que foi citado anteriormente (4:14).
Ver Tabela 53.

Este nome é combinado com as letras do Tetragrammaton da forma mostrada na


Figura 54.
Isto dá um total de 168 letras, ou seis para cada um dos 28 "acampamentos".
As 168 letras podem ser também divididas em doze grupos de 14 letras.
Cada um corresponde então a um signo específico do Zodíaco, como é mostrado na
Tabela 54 abaixo:

.
São estas as letras dominantes quando a Lua passa por cada um dos 12 signos.
Também associada a cada um dos 12 signos há uma permutação dos nomes YHVH

e Adonai ( ).
Pela meditação nessas combinações, junto com as derivadas do nome de 42 letras,
pode-se obter o conhecimento das coisas que vão acontecer nos tempos
designados.
Ver Figura 55 abaixo.

Os 28 "tempos" do Eclesiastes podem ser divididos em dois grupos de 14.


Um grupo consiste de tempos bons e outro de tempos maus.
Diz-se que os 14 tempos bons provêm das 14 letras do Nome YHVH Elohenu YHVH:

Se pegarmos a letra do alfabeto que vem antes de cada uma dessas 14, obtém-se
a seguinte combinação:

Diz-se que os 14 tempos maus se originam dessas 14 letras.


As 28 letras podem ser empregadas para transmitir os conceitos apropriados.
Há outro sistema que também lança luz sobre cada hora do dia.
Como foi dito anteriormente (2:5), quando se combinam as diversas letras com o
Tetragrammaton, cinco vogais são usadas.
Mas, quando se quer fazer uso de uma determinada combinação em relação às
horas do dia, terá que ser acrescentada uma sexta vocal, a Shevá (:).
A série associada com cada letra do Tetragrammaton consta então de 36
elementos.
Tanto no Talmud como na Cabala divide-se normativamente a hora em Chalakim,
com 1.080 Chalakim constituindo uma hora.
Há, pois, 18 Chalakim em um minuto.
A duração de uma letra, expressa em Chalakim, considera-se igual a seu valor
numérico.
   
Assim, Alef ( ) é um Chelec, Yod ( ) é dez, Hê ( ) cinco e Vav ( ) seis.
Na ordem, Yod e Alef, juntos, somam onze.
Como há 36 elementos nessa ordem, seu valor numérico total é 36 x 11 = 396.
Procedendo de modo igual com cada um dos quatro quadrados, os valores obtidos
são 396, 216, 252 e 216.
A soma total é 1.080.
Este é precisamente o número dos Chalakim em uma hora.
Ver Figura 56 abaixo.

Cada uma das combinações pertence a um período preciso na hora.


Ver Figura 57 abaixo.
Há, entretanto, doze permutações no Tetragrammaton que podem associar-se às
12 horas do dia ou às 12 horas da noite.
Quando Alef precede às letras do Nome, como na Figura 56, a correspondência é
com as horas noturnas.
Quando as letras do Nome precedem Alef, elas representam as 12 horas do dia.
Ver Figura 57.
Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 41

Isso é o mesmo que em 3:2, exceto que, aqui, os Pais "emanam", enquanto antes
eles "nascem".
Das Mães AMSh, emanaram os conceitos de tese, antítese e síntese, conforme foi
discutido antes.
Estes são os Pais, representados pelo fogo, a água e o ar.
Desta tríade provêm as três colunas das Sefirot e delas o resto de toda a Criação.

O Teli
Eis aqui uma das palavras mais misteriosas do Sêfer Ietsirá.
O termo não aparece nem na Bíblia nem no Talmud, e há uma considerável
polêmica em relação a seu significado.
O único lugar no qual aparece uma palavra similar é em simples referência a uma
arma, quando Jacob diz a Esaú:
"Pega teus instrumentos, teu Teli e teu arco" (Gênesis 27:3).
Alguns comentários interpretam que Teli seja um tipo de espada e que recebeu
este nome porque fica pendente (Tala) no flanco.
Outros dizem que trata-se de uma aljava na qual se empilham (Talal) as flechas.
Parece mais sugestivo, entretanto, que o termo designe um tipo de "bola"
(boleadeiras), quer dizer, uma corda com uma bola em uma de suas extremidades,
usada para capturar animais.
Receberia o nome de Teli porque a bola pendia (Tala) da corda.
O fato da Escritura claramente estabelecer que Esaú ia capturar (Tsaid) um animal,
apóia esta interpretação.
Segundo muitos cabalistas, o Teli mencionado no Sêfer Ietsirá é o eixo imaginário
em redor do qual giram os céus.
Ele é visto como uma linha imaginária na qual estão penduradas as esferas
celestiais, parecido a uma bola pendurada em sua corda.

De acordo com isto, a palavra Teli ( 
) vem da raiz Tala ( ), que significa
"pendurar".
Muitas autoridades identificam o Teli com a "Serpente Polar" (Nachash Baríach),
mencionada no versículo: "Com seu espírito os céus se acalmaram, sua mão
transpassou a Serpente Polar" (Jó 26:13).
É também mencionada no versículo: "Naquele dia, com sua grande e dura espada,
Deus visitará e vencerá o Leviatã, a Serpente Polar, e o Leviatã, a Serpente
Enroscada, e matará o dragão do mar" (Isaías 27:1).
A Serpente Polar, que é identificada como o Leviatã, pode também ser vista como
uma criatura imaginária da qual a Terra pende.
Assim, encontramos em um antigo Midrash místico que o mundo "pende de uma
nadadeira do Leviatã" .
A Serpente Polar é identificada freqüentemente com a Constelação de Draco.
Isto não surpreende, pois Draco encontra-se bem próxima do Pólo Norte.
De fato, há 4.500 anos, Thuban, uma estrela da cauda do Dragão, era a Estrela
Polar.
Há, entretanto, dois pólos imaginários no céu.
O primeiro é o Pólo Celeste, diretamente em cima do Pólo Norte da Terra.
O segundo é conhecido como o pólo da eclíptica.
Trata-se do pólo da esfera da qual a eclíptica é o Equador.
A eclíptica é o grande círculo da esfera celeste traçado pelo plano da órbita da Terra
ao redor do Sol.
Se considerarmos o Sol e às estrelas como girando ao redor da Terra, notaremos
que, no curso do ano, e a um certo tempo a cada dia, o Sol ocupa uma posição
ligeiramente diferenciada em relação às constelações e às outras estrelas.
Nesta perspectiva, a eclíptica é o caminho anual do Sol movendo-se do oeste para
o leste através dos céus.
Os antigos fizeram uso do pólo da eclíptica, em vez do pólo celeste, para descrever
a posição das estrelas.
Neste sistema, notamos que a Constelação de Draco de fato circunda o pólo da
eclíptica.
Há também estrelas nas seções correspondentes de todos os signos do Zodíaco.
Isto é literalmente a Serpente Polar, pois é a serpente que circunda o pólo da
eclíptica. Ver Figuras 58 e 59.
Como a Serpente Polar tem estrelas em todas as casas do Zodíaco, é vista como
sustentando a todas.
É como se Draco ocupasse o ponto mais elevado da esfera celeste e as demais
estrelas pendessem dela.
Nesse sentido, Draco é visto como administrador e diretor de todas as estrelas.
Draco é então associado ao Teli que, como o Sêfer letsirá afirma (6:3), está "sobre
o Universo como um rei em seu trono".
É chamado de Teli porque as demais constelações pendem (Tala) dele.
Na Antigüidade, o Teli, na forma de Draco, era adorado como uma deidade idólatra.
Rabi Isaac de Aco identifica-o também com o ídolo Baal mencionado na Bíblia.
Muitos comentários filosóficos sobre o Sêfer Ietsirá, assim como muitos textos
astronômicos, interpretam o Teli como a inclinação entre dois planos celestes.
Na astronomia moderna, esta inclinação recebe o nome de obliqüidade e
normalmente indica a inclinação que separa a eclíptica do Equador celeste, sendo
este o círculo imaginário acima do Equador terrestre, tal como aparece na
Figura 60.

Neste sentido, o Teli é freqüentemente referido como um dragão ou peixe.


Ver Figura 61.
Isto acontece porque tem a forma de um peixe, largo no centro e ambos os
extremos pontiagudos.
Os astrônomos hebraicos também usam o termo Teli para referir-se à inclinação da
órbita de um determinado planeta em relação à eclíptica, particularmente no caso
da Lua.
Há dois pontos nos quais a órbita de um planeta cruza o plano da eclíptica.
O ponto através do qual o planeta passa do sul do plano da eclíptica para o norte
recebe o nome de "nó ascendente".
O ponto correspondente inverso é conhecido como "nó descendente".
Na astronomia medieval, o "nó ascenden-te" era freqüentemente chamado de "a
cabeça de dragão", e o descendente de "a cauda do dragão".
Com referência aos pontos de intercessão entre o Equador e a eclíptica, estes são
os dois equinócios. Ver Figura 62.

O equinócio vernal (primavera) é "a cabeça", o outonal "a cauda" do dragão.


O "dragão", cuja cabeça e cauda constituem os dois "nós" é identificado como o
Teli.
A maioria dos escritores hebraicos antigos referem-se a ele por seu nome em
árabe, Al Jaz'har.
Juz'har é uma palavra persa que significa "nó" ou "nodo".
Rabi Abraham Abulafia também identifica o Teli com os "nós" celestiais (Kesharim).
Afirma que a cabeça do Teli indica mérito, enquanto sua cauda significa
responsabilidade.
Os nodos lunares são particularmente importantes porque apenas nesses pontos
pode ter lugar um eclipse, seja do Sol ou da Lua.
O Teli pode então ser considerado como o dragão imaginário que engole o Sol ou a
Lua.
Embora a obliqüidade seja freqüentemente referida como sendo o Teli, é
questionável que este seja o Teli mencionado no Sêfer Ietsirá.
Há também uma tradição que afirma que há dois Telis ou dragões, macho e fêmea.
Ambos são identificados com os dois Leviatãs e são mencionados no relato da
Criação: "Deus criou os grandes dragões" (Gênesis 1:21).
De acordo com o Talmud, a Serpente Polar mencionada por Isaías é o dragão
macho, enquanto a Serpente Enroscada (Nachash Ackalcalon) é a fêmea.
Alguns cabalistas estabelecem que a Constelação de Draco é a Serpente Polar
macho, enquanto a inclinação da eclíptica é a Serpente Enroscada fêmea.
A fêmea circunda o macho, sendo este o mistério de "uma mulher circundará o
varão" (Jeremias 31:22).
Outros comentários identificam o Teli com a Via Láctea e dizem que esta é a
Serpente Polar.
De acordo com isso, o Teli seria o eixo da galáxia em vez de eixo da esfera celeste.
No Livro de Raziel, entretanto, a Via Láctea recebe o nome de Rio Dinur,
mencionado em Daniel, e não Teli.
Os cabalistas práticos têm uma outra importante opinião.
Eles escrevem que o Teli é, de fato, um lugar abaixo do firmamento de Vilon,
habitado por seres humanóides que se comportam com santidade e pureza, como
os anjos.
A esses seres são revelados os mistérios Divinos e eles têm autoridade para revelá-
los aos mortais humanos.
Os cabalistas também dão os métodos pelos quais estes seres podem ser
contactados.
Rabi Iehudá HaLevi (1068-1118), embora aderindo ao ponto de vista de que o Teli
seja o segmento entre os "nós" ascendente e descendente, também escreve que o
Teli faz alusão ao mundo espiritual e aos mistérios ocultos que não podem ser
alcançados.
Rabi Abraham Abulafia escreve igualmente que os "nós" do Teli são "nós" de amor
e união mística.
Os nodos do Teli são os pontos de encontro de duas órbitas divergentes.
Os mundos físico e espiritual podem ser também considerados como duas órbitas
divergentes.
O Teli seria o representante dos nodos onde se encontram o físico e o espiritual.
Esta imagem é esclarecida através de um exemplo talmúdico.
O Talmud apresenta uma imagem em que "o vento impetuoso pende (Tala) como
um amuleto entre os dois braços de Deus".
Este "pender" pode ser identificado com o Teli.
Como foi dito antes, o "vento impetuoso" (Seara) refere-se à iniciação na
experiência mística ou profética.
Os dois nodos do Teli são os pontos espirituais dos quais este "amuleto" pende.
Além disso, o Talmud declara que os "braços" dos quais ele pende são os "braços
do Universo".
Como discutiu-se antes, os "braços do Universo" denotam os doze limites diagonais
(5:2).
Uma das interpretações mais significativas é a do Bahir, que declara:
"O que é o Teli? É a semelhança diante do Santíssimo Bendito. Está assim escrito:
`Suas mechas pendem (Taltalim)' " (Cântico dos Cânticos 5:11).
O vínculo com este versículo bíblico é muito significativo.
Na íntegra, ele diz assim:
"Sua cabeça é um tesouro de ouro puro, suas mechas pendem, negras como o
corvo".
Este versículo tem duas interpretações em ambas as tradições, talmúdica e
cabalística.
Em primeiro lugar, refere-se a uma visão de Deus, indicando que, quando Ele é
visualizado na batalha, é visto como um homem jovem com cabelos negros.
Os cabalistas dizem que este é o Zeer Anpin (Pequeno Rosto/Face, Microprosopus),
a personificação das seis Sefirot, de Chéssed a Iessod.
A segunda interpretação relaciona este versículo com a Torá.
O Talmud afirma que o cabelo pendente (ou amontoado) refere-se ao fato de cada
letra da Torá conter "montões e montões" (Tile Telaim) de Sabedoria.
Além disso, os cabelos pendentes estariam relacionados com as linhas sobre as
quais as letras da Torá são escritas.
A Torá da qual se fala aqui não é a Torá escrita comum, mas a Torá primeva, que
foi escrita "com fogo negro sobre fogo branco".
De acordo com muitos cabalistas, esta Torá primeva é, em si mesma, identificada
com Zeer Anpin.
Nesta imagem, considera-se cada letra da Torá como um cabelo da barba de Zeer
Anpin.
Estes não são vistos como simples cabelos, mas sim como os canais através dos
quais a Sabedoria de Deus emana de Sua "cabeça".
A "cabeça" é a sabedoria oculta de Deus, enquanto as letras são Sua revelação
exterior.
A porção da Sabedoria de Deus que podemos compreender está para a Sua
verdadeira Sabedoria como o cabelo está para o cérebro.
O cérebro é o centro de todo pensamento, enquanto o cabelo é algo essencialmente
morto.
Há um mundo de diferença entre os dois, mas tudo o que podemos chegar a
compreender é o "cabelo".
O versículo diz: "Sua cabeça é um tesouro de ouro puro".
Isto se refere ao Intelecto Divino incognoscível.
Como tudo o que podemos compreender é "cabelo", o versículo continua: "suas
mechas pendem (amontoam-se), negras como o corvo".
Esses mesmos cabelos contêm "montões e montões" (Tile Telaim) de Sabedoria.
No entanto, são "negros como o corvo".
Até esses "cabelos" são negros e incompreensíveis.
Cada um desses cabelos corresponde a um "ponto" nas letras da Torá.
Cada letra contém "montões e montões" de Sabedoria.
Esses Taltalim, que significam "pendentes" ou "montões", referem-se à Sabedoria
Divina que é revelada.
Entretanto, de acordo com o Midrash, eles não se referem às letras, mas às linhas
(Sirtut) sobre as quais as letras são escritas.
Quando se escreve uma Torá física, deve-se primeiro desenhar as linhas sobre as
quais se escreverão as letras.
Essas linhas não são feitas com tinta, mas meramente riscadas no pergaminho com
um instrumento afiado.
Estas linhas quase invisíveis representam o "pender" do cabelo, o vínculo entre a
letra e sua raiz espiritual.
De cada cabelo da barba Divina de Zeer Anpin está pendurado um universo.
Cada um deles está relacionado também com uma letra da Torá.
De acordo com isso, o Teli indica o "cabelo" da barba Divina que "pendura" nosso
Universo.
Este é o eixo ao redor do qual o universo rotaciona.
O Teli também se relaciona à meditação sobre uma letra.
Nesta meditação, imagina-se a letra como escrita com fogo negro sobre fogo
branco.
Contempla-se a letra concentrando-se na linha quase invisível sobre a qual ela está
desenhada.
Esta linha é vista como um cabelo da barba Divina, da qual o Universo pende.
A Escritura chama as mechas ("pendentes") de barba Divina de Taltalim.
O Zohar relaciona isto à palavra Talpiot que, como o Talmud ensina, é a "colina
(Tel) para a qual todas as bocas (Piot) se voltam".
Esta "colina" é o monte sobre o qual o Templo foi construído, à qual Jacob chamou
de "Portão do Céu" (Gênesis 28:17).
Esta Talpiot é o vínculo tangível entre o físico e o espiritual.
Segundo os cabalistas, o mesmo se aplica acerca do Teli.
O Ciclo
O termo hebraico usado para "ciclo" é Galgal.
Esta palavra é empregada também em vários lugares do Talmud para denotar o
ciclo de acontecimentos no mundo.
Posteriormente (6:3), o Galgal é descrito como o rei sobre o tempo.
Isso se deve ao fato de todo tempo ser definido através de um movimento cíclico.
A palavra Galgal também significa "esfera" ou "círculo".
No Talmud, ela é usada às vezes para designar a esfera do Zodíaco.

O Sêfer Ietsirá estabeleceu anteriormente (2:4) que as 22 letras deveriam ser


fixadas no Galgal para produzir os 231 Portões.
Portanto, a palavra Galgal denota também a disposição mística das 22 letras.
A este respeito o Teli indica as linhas quase invisíveis sobre as quais estão escritas
as letras.
O Galgal é o círculo no qual elas são desenhadas.
O Sêfer Ietsirá também associa a experiência mística com o remoinho conhecido
como Sufá (1:6).
E é significativo que o profeta Isaías associe tal remoinho com Galgal, dizendo:
"Como uma esfera (Galgal) diante do remoinho (Sufá)" (Isaías 17:13).
Ele é também associado à voz de Deus, como no versículo: "A voz de Teu trovão
estava na esfera (Galgal)" (Salmos 77:19).
De forma mais significativa, o Galgal é visto também abaixo dos pés dos Querubins.
Assim diz Deus a um anjo:
"Vem para dentro do Galgal sob o Querub" (Ezequiel 10:2).
Este Querub é explicitamente identificado com as Chaiot observadas na visão inicial
de Ezequiel, onde ele diz: "E os Querubins se levantaram e esta é a Chaiá que vi no
rio Shebar" (Ezequiel 10:15).
Vimos antes (1:3) como os Querubins servem de foco para a experiência mística.
Portanto, o Galgal é um ciclo que eleva alguém até o nível das Chaiot, que estão no
Universo de Ietsirá.
O Bahir declara que o Galgal é o Utero.
Em certo sentido, está se referindo ao Galgai como o ciclo do tempo.
O presente é o útero no qual é gestado o futuro.
Como vimos antes (1:5), a dimensão do tempo estende-se entre Chochmá e Biná.
Chochmá é o passado e Biná o futuro.
O presente é a interface entre ambas as Sefirot.
Biná é a Mãe e o Galgal, seu útero.
Um ciclo importante que discutimos antes (1:4) é a oscilação entre as consciências
Chochmá e Biná.
A primeira iniciação no domínio espiritual vem através deste exercício e daí que,
como um Galgal, constitua a entrada nos mistérios.
Neste sentido, o Galgal é o útero do qual alguém renasce em um plano espiritual.

O Coração
O coração é descrito como rei da alma (6:3).
Ele é a dominante de todas as partes do corpo.
A alma pertence à dimensão espiritual.
Assim, quando o Sêfer Ietsirá fala da experiência mística, descreve-a como um
"correr do coração" (1:8).
A palavra hebraica para coração é Lev ( ) e, como foi mencionado antes (1:1), é
também o número 32 em hebraico.
Conforme estabelece o Bahir, o coração representa os 32 Caminhos da Sabedoria.
E é mediante esses 32 caminhos que uma pessoa ascende às dimensões espirituais.
O Livro de Raziel estabelece igualmente que "o Fôlego (Rúach) emana do coração
tal como o Espírito Santo (Rúach HaCodesh) emana do Trono [da Glória]".
O Bahir também estabelece que este Coração é o "Coração do Céu" que falam as
Escrituras.
O único lugar onde isso foi mencionado é no relato da revelação no Sinai:
"E os aproximaram e os puseram ao pé do monte; e o monte ardia em fogo até o
coração do céu — escuridão, nuvem e trevas. E Deus lhes falou do meio do fogo"
(Deuteronômio 4:11,12).
Do contexto deduz-se que .o fogo que chegava até o "Coração do Céu" é o fogo
associado com a revelação da qual Deus falou.
Este fogo é o terceiro passo na iniciação da revelação, como encontramos no caso
da visão de Ezequiel, que foi iniciado com "um furacão... uma grande nuvem e fogo
relampejante" (Ezequiel 1:4).
Foi somente no fogo que ele visualizou o Chashmal.
De forma similar, na visão de Elias, os três passos foram "vento... som... e fogo"
(1 Reis 19:11-12).
Também o Midrash, em certo trecho, relaciona este fogo com a escada do sonho de
Jacob.
Esta escada é também o veículo mediante o qual se sobe ao transcendental.
Os três passos mencionados por Ezequiel também se mostram paralelos aos
ensinados pelo Sêfer letsirá (1:10-12).
Primeiro vem o Fôlego (Rúach), que pode também ser traduzido como vento, o
"furacão" de Ezequiel.
Depois vem a "água do fôlego", que pode ser associada com a nuvem de tormenta
que ele viu.
A opacidade desta nuvem é similar à "lama e barro" mencionados no Sêfer Ietsirá.
O terceiro passo é o "fogo da água".
Este é o "fogo flamejante" visto por Ezequiel.
O Sêfer Ietsirá diz que desse fogo alguém vislumbra "o Trono da Glória, os Serafim,
Ofanim e Sagradas Chaiot" (1:2).
Igualmente, depois de experimentar o fogo, Ezequiel pôde visualizar as Chaiot e o
Trono da Glória.
Este é o fogo da revelação que se diz chegar até "o coração do céu".
O coração é o rei sobre a dimensão do espírito, e uma pessoa viaja através dessa
dimensão por meio do fogo.
Este fogo, portanto, chega até o "coração".
O coração representa os 32 caminhos na Árvore da Vida.
Neste versículo, a Escritura estabelece que Deus falou "em meio do fogo".
Entretanto, em outro lugar diz:
"Ouvistes Sua voz no meio das trevas" (Deuteronômio 5:20).
Mas, como o Zohar afirma, o "fogo" mencionado aqui é o fogo da escuridão.
É o ardente desejo que surge da total anulação do pensamento.
Isto também está associado com o "fogo negro" com o qual foi escrita a Tora
primeva.
Na Cabalá, a palavra "céu" é geralmente associada a Zeer Anpin.
O "coração do céu" é, portanto, o coração de Zeer Anpin.
É significativo que o Bahir relacione o Teli com o cabelo da cabeça, enquanto o
Galgal é relacionado ao útero ou ventre.
O coração se acha naturalmente associado ao peito.
Assim, com os três tem-se a cabeça, o ventre e o peito, as três partes do corpo
associadas às Três Mães, AMSh.
O Teli, associado à cabeça, estaria então relacionado com Shin.
O Galgal, associado com o ventre, estaria relacionado com Mem, e o coração
(o peito) com Alef.
Das Três Mães derivam-se os reis sobre Universo, Ano e Alma.
O resultado é que o continuum pentadimensional é dividido em espaço, tempo e o
espiritual.
Em outro sentido, o Teli é o eixo, representando o ângulo longitudinal.
O Galgal é a esfera, representando o ângulo azimutal ou latitudinal.
O coração é o radias ou altitude.
Assim, os três reis representam o tridimensional em coordenadas esféricas.
Do mesmo modo, pode-se representar o continuum pentadimensional em
coordenadas hiperesféricas.

Os cabalistas notam que as iniciais do Teli ( 
), Galgal ( 
) e Lev ( ) formam
TaGueL ( 
).
Assim se apresenta no versículo:
"Minha alma se regozijará (TaGuel) em meu Deus" (Isaías 61:10).
É meditando nesses três elementos que a alma pode alcançar o êxtase místico.
Esta palavra também aparece no versículo, "Deus é Rei, que a terra se regozije
(TaGuel) (Salmos 97:1).
Ele pode também ser interpretado como: "Deus é Rei, Teli Galgal Lev é a terra",
indicando que estes são os três reis sobre Sua Criação, como o Sêfer Ietsirá
estabelece depois (6:3).
Estes são profundos mistérios, como está escrito:
"Não revele (TeGal) o mistério de outro" (Provérbios 25:9).

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 42

Este parágrafo é essencialmente uma repetição de 3:4 e 2:1.


Água e Mem representam Chochmá, enquanto Fogo e Shin denotam Biná.
Já que se está acostumado a considerar Chochmá por cima de Biná, é difícil
entender por que se considera o fogo por cima da água.
A razão disso está relacionada com a penetração de Chochmá e Biná no Zeer Anpin
(Microprosopus).
Os cabalistas ensinam que Iessod de Chochmá penetra até o Iessod de Zeer Anpin,
enquanto que Iessod de Biná só chega a penetrar até o coração (Tiféret) de Zeer
Anpin.
Como Biná termina no coração, freqüentemente é identificada com este órgão.
Biná é a vestimenta de Chochmá, e como Biná termina no coração, é ali onde
primeiro a Chochmá se revela.
Os 32 Caminhos são assim identificados com o coração (Lev), que é Biná, mas elas
também são identificadas com Chochmá .
Assim, mesmo se "o fogo está acima e a água abaixo", no entanto "o fogo sustenta
a água".
A Sabedoria pode penetrar na Criação em um grau maior que o Entendimento, e
pode ser achada em níveis mais inferiores; mesmo assim, Biná "sustenta" Chochmá
e está abaixo dela.
Isto se reflete nos sons de Mem e Shin, que representam esses estados de
consciência.
Como foi dito anteriormente, baseando-se no Bahir, o Teli é identificado com a
cabeça, o Galgal com o ventre e o Coração com o peito.
Assim, o Teli se relaciona com Shin e o fogo, o Galgal com Mem e a água, e o
Coração com Alef e o ar.
O que descobrimos então é que o espaço corresponde ao fogo, o tempo à água e o
espírito ao ar.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 43

A palavra "rei" sempre faz alusão à Sefirá de Malchut (Reino).


Ela denota a interação entre um governante e seus súditos.
Quando se diz que uma entidade é um rei, isso é uma indicação de que ela está
interagindo com alguma coisa que está abaixo.
O Teli é o rei sobre o Universo, quer dizer, sobre o domínio do espaço.
Ele é visto como "um rei em seu trono".
Embora Teli interaja com o espaço, não se converte em parte dele.
Podemos considerar isto de duas formas.
Em primeiro lugar, podemos adotar o ponto de vista de que o Teli é o eixo ao redor
do qual o universo rotaciona.
No movimento circular ao redor de um eixo tudo se move, salvo o próprio eixo.
O eixo é o foco do movimento, mas não participa dele.
Do mesmo modo, o Teli reina sobre o espaço, mas não se converte em parte dele.
O mesmo é verdadeiro se considerarmos o Teli como o vínculo entre o espiritual e o
físico.
A esse respeito, o espiritual também não entra no físico.
Como foi dito antes (1:4,12), um trono sempre envolve um conceito de descida e
envolvimento.
O Teli representa assim o ser espiritual descendo para interagir com o físico.
Embora um rei sentado em seu trono não possa misturar-se com seus súditos,
contudo ele é enormemente afetado por eles.
O espiritual é similarmente afetado pelo físico.

O ciclo no ano
Diferentemente do eixo, o ciclo não só define o tempo, mas também é parte dele.
O ciclo não pode permanecer quieto no tempo, mas deve incluir a si mesmo no
fluxo do tempo.
Daí que seja como "um rei na província".
O que define o espaço pode permanecer separado dele.
O que define o tempo, entretanto, não pode permanecer fora dele.
Em termos humanos, é a mente que proporciona uma percepção tanto do espaço
como do tempo.
Pode-se estar em um lugar e perceber uma grande proporção de espaço.
Como o Teli, você pode perceber grandes áreas de espaço e permanecer separado
delas.
Não tendo que estar de fato em uma porção concreta de espaço para poder
percebê-la.
Isto não é verdadeiro no caso do tempo.
Só se pode perceber o tempo no qual se existe.
Pode-se perceber o passado na memória ou o futuro na imaginação, mas uma
percepção direta só existe no presente.
Você pode perceber o espaço à distância, mas o tempo só em proximidade a ele.
Ao não poder perceber o futuro, não se pode saber o que vai se fazer depois.
Isto se deve à existência do livre-arbítrio no presente.
Assim, esta é a diferença básica entre o espaço e o tempo que permite a liberdade
de ação.

O Coração na Alma
Os diferentes pontos espaciais, assim como passado e futuro, envolvem pontos
terminais em seus respectivos continuumms.
Estes, entretanto, não representam opostos.
Mas, na dimensão espiritual; os dois pontos terminais são o bem e o mal, que são
diametralmente opostos.
Já que o coração é o ponto médio entre esses opostos, é visto como o lugar de
batalha entre o bem e o mal.
O Talmud identifica então o coração como o cenário da batalha entre o Impulso
Bom (Ietser Tov) e o Impulso Mau (Ietser HaRa).

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 44

Um oposto ao outro
Isto fala do coração, que é como um "rei na batalha".
Os dois extremos do eixo espiritual — bem e mau — são opostos reais.
Como a luz e a escuridão, os dois não podem coexistir.

O bem vem do bem


Como foi discutido previamente (1:5), o bem é o ponto deste eixo que está mais
perto de Deus.
O mal é o lado mais afastado d'Ele.
Todo o bem vem do lado do bem, enquanto todo o mal vem do outro lado.

O bem define o mal


O Zohar explica que a luz só pode unicamente ser reconhecida por causa da
existência da escuridão.
Se não houvesse escuridão, a luz seria uma parte integral do meio e, como tal, não
poderia ser sentida.
Assim, por exemplo, o ar não pode ser sentido, já que é uma parte integral de
nosso meio ambiente normal.
E, já que o ar é algo sempre presente, não precisamos ter sentidos para detectar
sua presença ou ausência.
Da mesma forma, se a luz estivesse sempre presente, sem aparecer dividida em
tons e cores, não poderíamos ver nada com ela.
Cada tonalidade ou cor implica uma certa absorção de luz e, daí, um grau de
escuridão.
De forma similar, o bem só pode ser reconhecido pela existência do mal.
Se o mal não existisse, não haveria livre escolha de nenhum tipo.
Seríamos meros bonecos ou robôs.
Só com a existência do bem e do mal pode haver livre-arbítrio, com o qual
podemos escolher entre eles.
Inversamente, só como resultado do livre-arbítrio é que o bem e o mal podem ser
reconhecidos e definidos.

O bem é guardado para os bons


A dimensão do bem e do mal não serve só para definir tais conceitos.
Serve também para recompensá-los.
Nos é ensinado que Deus criou o mundo de modo a conferir o bem sobre ele.
Mas, que bem Ele oferece?
Em primeiro lugar, devemos tomar consciência de que qualquer bem que Deus
conceda deve ser o máximo que Sua criação possa aceitar.
O Salmista disse:
"Quão grande é Tua bondade, guardada para os que Te temem" (Salmos 31:20).
Nossos sábios interpretam este versículo dizendo que Deus dá o bem na máxima
abundância possível.
Em outro lugar nos ensinam que este versículo significa que Deus está nos dizendo:
"Tu, de acordo com tua força, e Eu, de acordo com a Minha".
Em outras palavras, Deus nos dá o máximo bem que nós somos capazes de
receber.
Mas qual é este bem definitivo?
Qual é o máximo bem possível que Deus pode dar?
Pensando sobre isso, a resposta é realmente muito simples.
O máximo bem possível é Deus mesmo.
Não há outro bem verdadeiro definitivo.
Por isso, diz o Salmista: "Não há bem para mim fora de Ti" (Salmos 16:2).
No Talmud, Rabi Acha interpreta que isto significa que não há nenhum bem
verdadeiro no mundo salvo Deus mesmo.
O bem último é então participar de Deus, e este é o bem que Ele planejou dar ao
mundo.
Ele criaria um mundo no qual Suas criaturas pudessem finalmente participar de Sua
essência.
O Salmista canta dizendo:
"Prova e vê que Deus é bom. Feliz é o homem que encontra refúgio n'Ele"
(Salmos 34:9).
Deus, portanto, criou o mundo de tal forma que pudéssemos nos aproximar d'Ele e
participar de Sua essência.
É obvio, não estamos falando de aproximação física, mas sim de proximidade
espiritual.
Tal proximidade envolve o conhecimento e entendimento de Deus, assim como
assemelhar-se a Ele no mais alto grau possível.
Novamente escutamos isto nas palavras do Salmista:
"Para mim, aproximar-me de Deus é o bem. Fiz de Deus meu refúgio, para que
possa contar Suas obras" (Salmos 73:28).
O Salmista nos ensina que este bem último é a proximidade a Deus.
Esta proximidade envolve "contar suas obras",
isto é, um profundo conhecimento e percepção do Divino.
O bem último que Deus oferece é a oportunidade de percebê-Lo.
Em outro lugar, nossos sábios nos ensinam que Deus criou o mundo para que os
homens pudessem conhecê-Lo.
Isto não é uma razão à parte, mas o modo no qual Ele nos concede Seu bem.
Assim, Deus nos disse por meio de Seu profeta:
"Eu sou teu Deus. Eu te ensino para o teu bem" (Isaías 48:17).
O Salmista expressa a mesma idéia quando diz:
"Tu és Bom, e Tu fazes o bem, ensina-me Teus decretos" (Salmos 119:68).
Conhecer a Deus e entendê-Lo de algum modo é sentir um profundo temor e
reverência de Sua Majestade.
Toda verdadeira sabedoria é a de Deus.
Mas tal sabedoria e conhecimento implicam temor e reverência a Deus.
Diz assim o Salmista:
"O princípio da Sabedoria é o temor a Deus" (Salmos 111:10).
Salomão expressa a mesma idéia quando diz:
"O temor a Deus é o princípio do Conhecimento" (Provérbios 1:7).
Podemos dizer, portanto, que o objetivo último da Criação é alcançar a proximidade
de Deus e, por conseguinte, conhecê-Lo e temê-Lo.
Ouvimos novamente as palavras do Salomão:
"Tudo o que Deus faz é para sempre... Deus o fez para que o homem O temesse"
(Eclesiastes 3:14).
O Talmud comenta sobre isso afirmando que o mundo foi criado para o temor a
Deus.
Este é o verdadeiro propósito do homem no mundo, tal como escutamos
novamente: "O fim do discurso, quando tudo se ouviu: Teme a Deus e guarda
Seus mandamentos, porque isto é tudo do homem" (Eclesiastes 12:13).
No Talmud, Rabi Elazar comenta a respeito:
"Salomão está nos ensinando que o mundo inteiro foi criado para o temor a Deus.""
Quando nossos sábios dizem que o mundo foi criado para o temor a Deus, não
estão contradizendo o ensinamento de que ele foi criado como um veículo para Seu
bem.
O que estão fazendo é expressar o que é este bem último.
É um conhecimento de Deus que fica externado da forma mais perfeita por essa
reverência e temor que chamamos de "temor a Deus".
O lugar definitivo no qual seremos dignos desta visão e percepção será o que
chamamos Olam HaBa, o Mundo Futuro ou o mundo que virá.
É um mundo de vida e bondade absolutas.
E é da visão do mundo que virá que o Salmista está falando quando diz:
"Acredito que verei Deus na terra dos vivos" (Salmos 27:13).
Esta "terra dos vivos" é o Mundo Futuro.
A meta de toda Criação é o Mundo Futuro.
Nossos sábios nos ensinam: "Este mundo é como uma antecâmara do mundo que
virá. Prepara-te na antecâmara antes de entrar no palácio"?
Como o Mundo Futuro é o fim último da Criação, é também o lugar do bem último.
Na linguagem do Talmud é chamado "o Mundo onde tudo é bem".
Trata-se de um bem que ultrapassa a tudo o que este mundo tem possibilidade de
oferecer.
Isto é o que nossos sábios querem dizer quando afirmam:
"Um momento de deleite no Mundo Futuro é mais que todo o bem deste mundo."
Podemos fazer alguma idéia do que este Mundo Futuro pode ser a partir de um dito
comum de Rav cotado no Talmud.
Diz assim: "No Mundo Futuro não haverá comida, bebida, gravidez ou negócio
algum. Tampouco haverá ciúmes, ódio ou disputas. Os justos se sentarão com suas
coroas sobre suas cabeças deleitando-se no resplendor da Presença Divina."
Nossos sábios nos ensinam que este "resplendor da Presença Divina" é a percepção
do Divino.
No Mundo Futuro perceberemos e compreenderemos a Deus no máximo grau
possível.
Esta percepção de Deus no Mundo Futuro está totalmente além de nossa
compressão presente.
A percepção do menor de nós fará empalidecer as realizações dos maiores sábios
deste mundo, e entretanto, é obvio, será impossível entender a Deus por completo.
Isto é impossível para qualquer ser que não seja Deus mesmo.
Embora sem comparação com algo desta vida, nossa percepção será ainda menor
que uma gota em um oceano infinito.
Todavia, isto excederá qualquer coisa possível neste mundo?
Para que pudéssemos nos aproximar d'Ele, Deus criou uma dimensão de
proximidade para Seu Ser.
Nos movendo por esta dimensão, podemos nos aproximar mais e mais de Deus,
mesmo que não possamos nunca, de fato, alcançá-Lo.
Esta dimensão é o que chamamos de mundo espiritual.
Nossos sábios chamam o mundo espiritual mais alto de Atsilut, o Mundo da
Aproximação.
Todos os mundos espirituais foram criados como veículos através dos quais
possamos nos aproximar de Deus.
Em certo sentido servem como filtro, permitindo estarmos perto e, entretanto, não
ser obliterados por Sua Luz infinita.
Em vários lugares nossos sábios falam desses mundos como os Tesouros Celestiais.
Assim, Israel canta a Deus: "O Rei me introduzirá em Sua câmara"
(Cântico dos Cânticos 1:4).
Os sábios comentam que Deus introduzirá os justos em suas câmaras celestiais e
lhes permitirá perscrutar os tesouros no alto.
Este é também o significado da luz feita no primeiro dia da Criação.
Nossos sábios nos ensinam que não era uma mera luz física, mas uma luz
maravilhosa com a qual se poderia ver "de um extremo do Universo ao outro".
Esta era a luz da percepção, brilhando em todos os mundos espirituais, com a qual
se pode experimentar esta visão de Deus.
Assim, nossos sábios continuam: "Deus pôs esta luz à parte para os justos no
mundo que virá".
Esta é a luz da percepção com a qual participamos do Divino - o "resplendor da
Presença Divina".
Elihu falou disso quando revelou a Jó que Deus "fará voltar sua alma da destruição
e lhe iluminará com a luz da vida". (Jó 33:30).
Salomão nos informa que esta luz é a fonte da vida eterna quando diz: "Na luz do
rosto do Rei está a vida" (Provérbios 16:15).
O fim último de Deus com a Criação foi então o mundo que virá, no qual o homem
pudesse perceber uma visão de Deus.
Não Deus em Si mesmo, é obvio, mas uma visão.
Possivelmente através de muitos filtros, mas mesmo assim, uma visão de Deus.
O Salmista canta sobre esta visão: "Em retidão verei Teu rosto, quando despertar
serei saciado com Tua visão" (Salmos 17:15).
O Salmista está falando de quando despertar dos deleites do Mundo Futuro.
Nossos sábios comentam sobre este versículo: "Deus satisfará ao justo com uma
visão da Presença Divina".
A felicidade do Mundo Futuro será sem fim.
Em sua bondade ilimitada, Deus nos dará um mundo de bondade sem fim.
O Salmista fala disso quando exclama: "Em Tua presença há plenitude de gozo, em
Tua mão direita está a felicidade eterna" (Salmos 16:11).
É obvio, tudo neste Mundo Futuro está totalmente além de nosso poder de
descrição.
Até as visões dos grandes profetas empalideceriam, se comparadas.
É algo que nenhuma mente humana jamais poderá imaginar nesta vida.
Não pode chegar por meio do entendimento humano, a não ser como um dom de
Deus.
E quando Ele o conceder, então entenderemos.
Por isso o profeta diz ao falar do mundo que virá: "Nunca se ouviu - nem os olhos
viram - um Deus que agisse em prol dos que esperam n'Ele, exceto a Ti."
(Isaías 64:3).
Este bem não é dado como uma recompensa, mas sim como resultado direto da
pessoa vincular-se a si mesmo ao bem.
Uma pessoa consegue aquilo ao qual se liga.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 45

Alguém atua como advogado


Ver 2:1 e 3:1.

Sete: Três opostos a três


Pode-se definir de várias formas a seqüência de três, sete e doze.
Uma delas, a que discutimos antes (1:2), envolve as linhas que conectam as Sefirot
entre si.
Entretanto, há outra seqüência importante que também produz esses números.
Esta segunda seqüência pode também expressar-se de várias formas.
A mais óbvia envolve os três primeiros polígonos regulares.
O polígono mais simples, o triângulo, tem três pontos.
Quando se inscreve em um quadrado, tem-se um total de sete pontos.
Finalmente, quando ambos estão escritos em um pentágono, a soma de pontos é
doze.
Ver a respeito a Figura 64.
Em um nível mais sofisticado, a mesma seqüência pode vir representada por um
triângulo, um tetraedro e um hipertetraedro.
Outra seqüência significativa, que dá exatamente o mesmo resultado é a do
triângulo truncado. Ver Figura 65.

A seção A (Figura 65) consiste de três pontos.


Aqui, o da direita é o advogado, o da esquerda, o acusador, e o ponto médio é o
que decide.
São os conceitos de tese, antítese e síntese discutidos antes (2:1).
A Figura 66 consiste em sete pontos organizados em um triângulo truncado.
Estes podem ser divididos em dois triângulos, cada um representando a tríade
original, e um ponto central no meio.
Na seção superior da Figura 66 podemos ver claramente sete passos distintos da
direita para a esquerda.
Também se tem doze pontos em um triângulo truncado, conforme é mostrado nas
Figuras 65 e 66.
Aqui já não há sete passos distintos, já que três estão duplicados nas linhas
superior e inferior.
Os três de acima são os que dão a vida, enquanto os três de baixo são os que
matam.
O triângulo da direita representa os três que odeiam (Ver seção B da Figura 66).
Neste diagrama, o ódio pode também vir representado por um grande triângulo
invertido.
É o ódio porque seus três pontos estão separados.
O triângulo interior, menor, no qual os pontos não estão tão separados, representa
o amor.
Os dois triângulos da direita e da esquerda (Figura 66) são a vida e a morte.

E Deus Rei Fiel


A expressão aqui é exatamente a mesma usada em 1:5.
A palavra hebraica Maón, usada para habitação, também foi explicada lá.

Um sobre três
Um é o inefável, que não é contado na seqüência.

Três sobre sete


Quando o triângulo truncado de três fica sobre o de sete, temos uma pirâmide
truncada que consta de dez pontos.
Eles representam as Dez Sefirot.
Ver Figura 67 abaixo.

Quando esta, por sua vez, fica sobre o triângulo truncado que contém doze pontos,
temos uma pirâmide truncada de 22 pontos.
Estes representam as 22 letras do alfabeto.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 46

Este parágrafo é muito similar ao 1:1.


Os dez Nomes Divinos representam as Dez Sefirot em sua ordem descendente.
Ver Tabela 55.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 47

E quando Abraham, nosso pai...


Daqui deriva a tradição que liga Abraham ao Sêfer Ietsirá.

Ele gravou e entalhou


Vemos aqui claramente que "gravar" e "entalhar" envolvem técnicas meditativas.
Isto já foi comentado previamente (1:14).
Antes que alguém possa se envolver nessas técnicas deve, entretanto, "olhar, ver,
entender e perscrutar".
Estas técnicas também já foram comentadas (1:4).

E ele foi bem sucedido


O versículo completo citado aqui tem a ver com Abraham quando deixa Haran
seguindo o mandado Divino, e diz assim:
"Assim Abram partiu conforme Deus lhe havia dito... e Abram tomou a sua mulher
Sarai, a seu sobrinho Lot e todas a substância que ele havia reunido, assim como
as almas que tinham feito em Haran" (Gênesis 12:5).
Isto implica que antes que Deus lhe tivesse falado e lhe tivesse mandado deixar
sua terra, Abraham havia já dominado os mistérios do Sêfer Ietsirá.
Os cabalistas notam que o versículo diz "as almas que eles fizeram", no plural.
Isto indica que aquele que tentar fazer um Golem não deve trabalhar sozinho, e
sim em companhia de outros.

Ele fez uma aliança


Ver 1:3.

Ele as inundou em água


Isto indica que o simbolismo da água e do fogo, que foi comentado antes
(1:11,12), também se refere às técnicas meditativas.

Continua
O Sêfer Ietsirá – Parte 48

Outras Versões do Sefer Ietsirá – Parte 1


O Sêfer Ietsirá – Parte 49

Outras Versões do Sefer Ietsirá – Parte 2


O Sêfer Ietsirá – Parte 50

Outras Versões do Sefer Ietsirá – Parte Final


O Sêfer Ietsirá – Parte 51
O Sêfer Ietsirá – Parte Final

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