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Ronaldo da Silva
RESUMO
A partir dos avanços da esfera da arte na segunda metade do século XX, as produções
artísticas no circuito internacional e nacional ficaram mais abertas aos diálogos com outros
campos do conhecimento. Propiciando uma experimentação mais fluida aos artistas
estrangeiros e especificamente artistas brasileiros da década de 60 que viveram o período da
Ditadura Militar de 1964 até o período da redemocratização. E é nessa linha de pensamento
que esse artigo aborda de forma resumida uma conexão de dialogo de dois conceitos (o
grotesco e a política) nas obras de uma artista pernambucano Rodolfo Mesquita.
PALAVRAS-CHAVE
ABSTRACT
From the advances of the art sphere in the second half of the twentieth century, artistic
productions in the international and national circuits were more open to dialogues with other
fields of knowledge. By fostering a more fluid experimentation with foreign artists and
specifically Brazilian artists from the 60s who lived the period of the Military Dictatorship of 1964
until the period of redemocratization. And it is in this line of thought that this article approaches
in a summarized way a connection of dialogue of two concepts (the grotesque and the politics)
in the works of a Pernambuco artist Rodolfo Mesquita.
KEYWORDS
E é essa década que muito dos artistas irão fazer o papel de cronistas de seu
tempo, fazendo exatamente o diálogo com as mudanças cotidianas da época, vide
Andy Warhol com suas serigrafias icônicas de produtos e marcas do American way of
life, Yoko Ono com suas performances no movimento Fluxus e o artista minimalista
Donald Judd com suas esculturas cujas formas remetiam a uma radical simplificação
da justaposição de objetos tridimensionais. No Brasil esses diálogos chegariam
também nas produções de artistas como: Cildo Meireles, Hélio Oiticica, Nelson Leiner,
Lygia Clark, Lygia Pape dentre outros. No caso das produções artísticas nacionais,
muitas dos trabalhos artísticos, obviamente não todos, teriam uma pitada mais política
devido ao momento da ditadura militar que se iniciou em 1964 e se finda em 1985,
período que em diante se chamará redemocratização. Essa nova maneira de fazer arte
vai receber um nome de arte pós-moderna segundo o critico de arte Mário Pedrosa.
Desse modo, para atingimos a nossa intenção do dialogo de suas obras com os
conceitos trabalhados, nos apoiamos também sob a orientação dos sociólogos Muniz
Sodré e Raquel Paiva, no que tange ao aparecimento cronológico da palavra grotesco
e associação com as produções artísticas, principalmente nas ornamentações.
Já para Umberto Eco esse adjetivo que qualifica as formas distorcidas perante a
mimese no campo artístico é visto como o reflexo do belo, algo como a face da mesma
moeda forjada na mesma matéria. Ele também nos traz a ideia de que o feio visto em
numa perspectiva é desagradável aos olhos de muitos, mas que pode se tornar
admissível e até afável, independentemente de suas feições disformes.
A relação tratada nesse artigo sobre arte/política não será no âmbito da ciência
política, e sim no dialogo de uma ação política da liberdade contestadora, mediante o
poder que a arte tem de nos fazer repensar os elementos com os quais usamos para
lidarmos com o mundo.
Para esmiuçar melhor essa relação da arte na política, precisamos entender
historicamente a construção da palavra, cuja trajetória foi se moldando com valores
relacionados a grupos sociais. Previamente associada à ideia de poder, a política
sempre foi entendida como um tentáculo da instituição Estado. A historiadora Kalina
Vanderlei ressalta esta questão no seu livro Dicionário de Conceitos Históricos. Para a
autora, essa política está difundida em vários campos sociais e sua definição se molda
de acordo com o passar do tempo.
Desde sempre a arte esteve relacionada de forma direta e indireta com as ações
políticas, seja de caráter crítico ou a favor dela, de alguma maneira a política e os
políticos travam diálogos com o campo artístico, algo como uma simbiose, podendo ser
harmônica ou desarmônica. Um exemplo clássico na história da arte em que a política
é o carro-chefe de uma ideologia racista e antissemita se deu na Alemanha dos anos
30 do século XX, em que Hitler e os nazistas fizeram de forma bastante engenhosa, a
união da política, publicidade e sanitarismo em uma exposição de arte, cujas obras
eram telas e esculturas de artistas modernos que os nazistas julgavam desprezíveis e
não digna de status de arte.
A relação que a arte de Rodolfo Mesquita tem com a política, seja nas
representações de cenas e situações de caráter marcadamente político (desde o
período da ditadura militar de 1964 até os seus últimos dias de vida), quanto à própria
prática artística dele, na qual era um gesto que se afirmava enquanto resistência
política. Através de seu rigor, da sua perspectiva ética e estética, Rodolfo exercia um
processo artístico estreitamente vinculado a uma crítica da sociedade.
Ele costuma dizer que seus trabalhos não eram políticos, apenas
falavam de política. Talvez esta fosse uma forma comedida de se referir
à dimensão política dos seus desenhos. O certo é que, em constante
desconfiança com regimes de poder, Rodolfo se recusou a servir como
propaganda, renunciando a criar agitprops, seja para qual fosse a
ideologia, preferindo manter o seu olhar e a sua arte livres de qualquer
etiqueta política. (DINIZ & LIMA, 2017, p.44)