A chamada psicologia funcional se desenvolveu nos Estados Unidos no final do
século XIX e início do século XX. O seu grande precursor e maior representante foi o filósofo e psicólogo norte-americano William James (1842 – 1910). O funcionalismo biológico se caracterizou ao postular, em primeiro lugar, que nos seres vivos os comportamentos diferem dos seres inanimados no sentido de terem uma intencionalidade, qual seja, a de autoconservação visando a luta com o meio ambiente, diferentemente do mecanicismo dos seres inanimados; por isso que os comportamentos não seriam movimentos, e sim operações. (FIGUEIREDO, 2017). Essa característica aplica-se também à consciência, em que “uma operação pressupõe um interesse e a identificação dos interesses corresponde à análise funcional dos processos psicológicos e comportamentais”. (FIGUEIREDO, 2017, pág. 80). Por isso que, a partir dessa identificação, põe-se a trabalhar o sistema funcional dentro do meio natural, visando a consecução do processo adaptativo. Esta visão é claramente pragmática e implica que a validade de um conceito jaz na comprovação empírica de suas consequências práticas. Assim, para James, a psicologia funcional procura o estudo da adaptação do ser humano inserido em seu meio ambiente, em detrimento da visão estruturalista. Esta “ciência da vida mental” abrangeria fenômenos e condições. Os primeiros compreendiam a experiência imediata do sujeito passível de ser observada e estudada por meio da experimentação. As condições dizem respeito à influência do aparato biológico, seu contraposto orgânico; neste sentido, a ação do cérebro na vida mental caracterizou de maneira singular a psicologia de James. (GONÇALVES, 2018). A consciência, ou a mente, ou a vida mental estaria conformada em uma totalidade com um fluxo constante em que nenhuma sensação ou emoção poderia ser repetida, uma vez que cada nova situação acarretaria novas sensações e emoções, componentes diferentes em cada experiência. Finalmente, a consciência teria uma função biológica para capacidade de adaptação ao meio ambiente, cujo desenvolvimento se dá em função de cada decisão tomada no processo de seleção natural.
Referências
FIGUEIREDO, L. C. M. Matrizes do pensamento psicológico. Petrópolis: Vozes, 2017.