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Mas o que dizer dos 19 salmos que não usam o nome Javé para se referir a Deus?
Na maioria destes, mesmo sem a palavra “Javé” aparecer, o texto deixa claro que
está falando do deus de Israel: osalmista chama Deus de “Altíssimo”, outro nome
usado pelos israelitas para designar Javé (Salmos 57; 77; 82), fala da saída do
Egito e daconquista de Canaã (Sl 44; 66; 77; 114), menciona Israel, Judá e Sião,
isto é, Jerusalém (Salmos 51; 53; 60; 65; 76). Apenas em oito salmos não é
óbvio, à primeira vista, se o autor bíblico está falando de Javé. Contudo, uma
análise cuidadosa mostra que cada um desses oito textos (Sl 42; 45; 49; 52; 61;
62; 63; 67) está falando do Deus de Israel.
O fato é que, quando o povo de Israel cantava os salmos, sabia exatamente que
estava cantando a respeito de Javé. E quem quer que ouvisse o povo cantar,
mesmo não sendo um israelita, sabia exatamente de que deus os salmos falavam.
Isso me faz pensar nas músicas que cantamos em nossas igrejas. Como vivemos
em uma sociedade em que prevalece a crença em um único Deus, estamos
acostumados a chamar o deus da Bíblia de simplesmente “Deus”,escrevendo a
palavra com a inicial maiúscula. Na maioria das letras de nossas músicas, usamos
apenas essa palavra, “Deus”. Não há problema nenhum aí. Algumas dessas letras
são belas, de um conteúdo riquíssimo.
O problema está em algumas outras letras que, de tão superficiais, não deixam
claro que estamos cantando do Deus e Pai de nosso senhor Jesus Cristo. São
músicas que até os não-cristãos cantariam sem dificuldade, cada um
interpretando a letra à sua maneira.
Não é só a Bíblia que ensina que devemos louvar; outras religiões também o
fazem. A diferença é que, enquanto as várias religiões dizem a seus fiéis para
louvarem cada uma o seu deus, a Bíblia fala para louvarmos o Deus triúno.
Pessoalmente, eu gostaria de ver nossas igrejas cantando mais músicas que não
apenas louvem a Deus, mas também apresentem a razão desse louvor. Uma coisa
é eu dizer: “Deus, eu te louvo.” Qualquer pessoa religiosa pode dizer isso. Outra é
declarar: “Deus, eu te louvo porque enviaste Jesus para morrer na cruz em meu
lugar!” Ah, isso só os cristãos podem dizer. Precisamos de letras tão ricas e belas
quanto as dos salmos. Em outras palavras, nós cristãos precisamos de letras que
declarem quem Deus é e também o que ele fez, faz e fará de tão especial; que
anunciem Jesus Cristo como único caminho para o homem chegar a Deus; que
apresentem a realidade de uma vida dirigida pelo Espírito Santo; que afirmem
nossa total incapacidade de chegarmos a Deus por nossos próprios esforços, etc.,
etc., etc. Emsuma, precisamos de letras que ensinem todo o conselho de Deus.
Por isso, a melhor tradução do termo yadah seria “confissão”: o adorador confessa
os atributos e os atos de Deus na história.
Ou seja, caso você não consiga quitar sua dívida, e se a quitação da mesma lhe
for oferecida, então simplesmente agradeça. Mas se não quiser agradecer, então
pague. Se não puder pagar, então agradeça.
Assim, mediante tudo aquilo que o Senhor fez por você, mediante a
impossibilidade de retribuição pela bênção recebida, não lhe resta mais nada,
senão se prostrar diante dele em adoração. Mas lembre-se: gratidão a Deus não é
um mero “obrigado”. É, antes, um coração rendido. É louvar. Por isso, atenda o
convite do salmista:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WESTERMANN, Claus. The praise of God in the Psalms. Richmond, John Knox
Press, 1965.
MONHOUBOU, L. “Os Salmos” em Os Salmos e os outros escritos. São Paulo,
Paulo
1. Os Salmos e a oração
A escola que Israel e a Igreja recorreram para aprender a orar foram os
Salmos, que, junto com Isaías, foi o livro mais citado por Jesus e os apóstolos
no Novo Testamento, inclusive como apoio de doutrinas centrais da fé cristã.
Para os primeiros cristãos, a ordem era: “Enchei-vos do Espírito, falando entre
vós com salmos” (Ef 5.18-19). Logo, estes, “como seus antepassados judeus,
ouviram a palavra de Deus nesses hinos, queixas e instruções e fizeram deles o
fundamento da vida e do culto”.3
No século XVI, Martinho Lutero afirmou que o livro dos Salmos “não coloca
diante de nós somente a palavra dos santos, (…) mas também nos desvenda o
seu coração e o tesouro íntimo de suas almas”, onde aprendemos a “falar com
seriedade em meio a todos os tipos de vendavais”, e que o saltério “faz
promessa tão clara acerca da morte e ressurreição de Cristo e prefigura o seu
Reino, condição e essência de toda a cristandade – e isso de tal modo que bem
poderia ser chamado de uma „pequena Bíblia‟”. Ele também afirmou: “É muito
benéfico ter palavras prescritas pelo Espírito Santo, que homens piedosos
podem usar em suas aflições”.8 Em seu leito de morte, ele recitava
continuamente: “Nas tuas mãos, entrego o meu espírito; tu me remiste,
SENHOR, Deus da verdade” (Sl 31.5). Por seu lado, João Calvino, que comentou
todo o livro de Salmos, escreveu:
Tenho por costume denominar este livro – e creio não de forma incorreta –
de „Uma anatomia de todas as partes da alma‟, pois não há sequer uma
emoção da qual alguém porventura tenha participado que não esteja aí
representada como num espelho. Ou melhor, o Espírito Santo, aqui, extirpa
da vida todas as tristezas, as dores, os temores, as dúvidas, as
expectativas, as preocupações, as perplexidades, enfim, todas as emoções
perturbadas com que a mente humana se agita. (…) A genuína e fervorosa
oração provém, antes de tudo, de um real senso de nossa necessidade, e,
em seguida, da fé nas promessas de Deus. É através de uma atenta leitura
dessas composições inspiradas que os homens serão mais eficazmente
despertados para a consciência de suas enfermidades, e, ao mesmo tempo,
instruídos a buscar o antídoto para sua cura. Numa palavra, tudo quanto nos
serve de encorajamento, ao nos pormos a buscar a Deus em oração, nos é
ensinado neste livro.9
No século XVII, o puritano Lewis Bayly, ao recomendar o cântico dos salmos
pelas famílias cristãs, afirma: “Cantem para Deus com as próprias palavras de
Deus”. E o uso do saltério deveria ter este alvo: “E faça uso frequente deles,
para que as pessoas possam memorizá-los mais facilmente”. Então, ele oferece
a sugestão do uso dos seguintes salmos para promover a piedade em família,
nos momentos de oração e devoção:
Desde o princípio, a Palavra de Deus sempre vem em primeiro lugar. Nós somos
chamados a responder a Palavra de Deus, com todo nosso ser. E a oração é
nossa resposta à revelação de Deus nas Escrituras. Sendo assim, os Salmos são
a escola onde os cristãos aprendem a orar, pois como Peterson diz, “é esta
fusão de Deus nos falar (Bíblia) e nós falarmos a ele (oração) que o Espírito
Santo usa para formar a vida de Cristo em nós”.11Ou, como Ambrósio escreveu,
“a Ele falamos, quando oramos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos
oráculos”.12 E Bonhoeffer completa: “Portanto, se a Bíblia também contém um
livro de orações, isso nos ensina que a Palavra de Deus não engloba apenas a
palavra que Deus dirige a nós. Inclui também a palavra que Deus quer ouvir de
nós… (…) Que graça imensurável: Deus nos diz como podemos falar e ter
comunhão com Ele! E nós podemos fazê-lo orando em nome de Jesus Cristo. Os
Salmos nos foram dados para aprendermos a orar em nome de Jesus Cristo”.13
No centro da narrativa bíblica está a oração que Jonas proferiu após ser
engolido por um grande peixe. Sua primeira reação ao se encontrar no ventre
do peixe foi fazer uma oração (cf. Jonas 2.2-9), o que não é surpreendente,
pois geralmente oramos quando estamos em situações desesperadas. Mas
existe algo surpreendente na oração de Jonas. Como Peterson destaca, sua
oração não é original ou espontânea: “Jonas aprendeu a orar na escola, e orava
como aprendera. Sua escola eram os Salmos”. Como o mesmo autor
demonstra, frase após frase a oração de Jonas está repleta de citações dos
Salmos:
Peterson prossegue: “Ter palavras prontas para a oração não é apenas uma
questão de vocabulário. Nos últimos cem anos, teólogos deram atenção
cuidadosa à forma particular que os salmos têm (crítica da forma) e os
dividiram em duas grandes categorias: lamentações e ações de graças. As
categorias correspondem às duas grandes condições em que nós nos
encontramos: angústia e bem-estar”. De acordo com as circunstâncias e em
como nos sentimos, lamentamos ou agradecemos.15 “Os salmos refletem muitas
e diversas reações à vida: alegria, tristeza, gratidão e tranquila meditação, para
nomear apenas algumas. O adorador israelita tinha uma oração pronta para
todas as vicissitudes da vida. (…) Os salmos são orações cantadas para Deus,
logo, eles chegam a nós como palavras da congregação dirigidas a Deus, em
vez de a Palavra de Deus dirigida ao povo de Israel”.16
Como Peterson enfatiza, “a forma mais comum da oração nos Salmos é o
lamento”. Isso não deveria nos surpreender, já que essa é nossa condição mais
comum. “Temos muitas dificuldades, então oramos muito em forma de lamento.
Um estudioso da escola de oração dos Salmos conheceria essa forma melhor
que todas, pelo simples fato da repetição”. Jonas se encontrava na pior situação
imaginável. Seria natural que ele lamentasse. Mas ocorre o contrário – ele
profere um salmo de louvor. Por isso Peterson escreve: “Uma lição importante
surge aqui: Jonas estudou para aprender a orar, e aprendeu bem suas lições,
mas ele não era um aluno que apenas decorava. Seus estudos não bloquearam
sua criatividade. Ele era capaz de distinguir entre as formas e decidiu orar numa
forma adequada às suas circunstâncias que ele enfrentava. As circunstâncias
exigiam lamentos. Mas a oração, apesar de influenciada pelas circunstâncias,
não é determinada por elas. Jonas usou a criatividade para orar e decidiu orar
na forma de louvor”.
2. A regra da oração
Como Peterson enfatiza, o modelo básico de devoção é a oração diária baseada
nos Salmos, sequencialmente, uma vez por mês.17 Mas precisamos destacar que
a oração diária dos salmos não é uma ação isolada. Ela permanece entre outros
dois fundamentos: a adoração junto com a igreja no domingo e a oração diária,
que são recordações às vezes intencionais, outras vezes espontâneas, em
resposta a Deus. Esses três fundamentos formam o ambiente de oração que
estimulará a devoção. No diagrama sugerido por Peterson, esses fundamentos
aparecem assim:
A adoração na igreja firma nossa espiritualidade na Escritura e na vida em
comunidade. Os Salmos nos levam a reaprender a linguagem da oração. E a
oração recordada desdobra a oração para todos os pormenores da vida. O alvo
é tornar a oração recordada incessante por meio da adoração comunitária junto
com a oração dos salmos. Como Peterson escreve, “os Salmos, centrados entre
Adoração e Recordação, são o lugar determinado onde habitualmente revisamos
a base, o vocabulário e os ritmos da oração”. É esta dinâmica que desenvolverá
nossa vida de oração. Por isso, a regra (regula) da devoção é: “Adoração
Comunitária/Oração dos Salmos/Oração Recordada é a base de onde
começamos e para onde voltamos – sempre”.
Portanto, Jesus Cristo é a chave que interpreta os Salmos e aquele que ora os
Salmos deve buscar a Cristo como revelado no saltério. Em vez de tratar as
promessas, súplicas, confissões e lamentos de forma analítica, na leitura dos
Salmos aquele que ora participa das promessas, súplicas, confissões e lamentos
do próprio Cristo. O foco de tal oração será, assim, alcançar uma maior
comunhão com Jesus Cristo. “Lutero não sabia nada de um conhecimento da
Bíblia puramente objetivo, desinteressado ou erudito. Tal conhecimento, mesmo
se possível, seria apenas a letra morta que mata. O Espírito vivifica! Devemos,
portanto, „sentir‟ as palavras das Escrituras „no coração‟. A experiência é
necessária para entender a Palavra. Não é meramente para ser repetida ou
conhecida, mas para ser vivida e sentida”.20 Num sermão sobre a expressão
“invoquei o Senhor” (Sl 118.5), Lutero disse para congregação:
Invocar é o que você precisa aprender. Você ouviu. Não fique aí apenas
sentado ou virado de lado, levantando a cabeça e balançando-a, e roendo as
suas unhas preocupado e buscando uma saída, com nada em sua mente a
não ser como você se sente mal, como você está ferido, que coitado você é.
Levante-se, seu tratante preguiçoso! Ajoelhe-se! Levante suas mãos e seus
olhos para o céu! Use um salmo ou o pai-nosso a fim de clamar sua angústia
ao Senhor.21
As Escrituras, dessa forma, não são apenas a perfeita revelação de Deus, mas
guia do cristão em suas lutas e vitórias – não apenas atos históricos passados e
distantes, mas eventos vivos, aqui e agora. Deste modo, há outro fator que
deve levar os cristãos a meditar e incluir os Salmos em sua oração:
4. Colocando em prática
Podemos nos beneficiar do que Dietrich Bonhoeffer escreveu sobre o uso dos
Salmos: “Em muitas igrejas, cantam-se ou leem-se Salmos a cada domingo ou
até diariamente. Essas igrejas preservaram uma riqueza imensurável, pois
somente pelo uso diário penetraremos nesse livro divino de oração. Para o leitor
ocasional, suas orações são pujantes demais em seus pensamentos e sua força,
de modo que voltamos a procurar alimento mais digerível. Quem, no entanto,
começou a orar o Saltério com seriedade e regularidade, logo dispensará as
próprias orações superficiais e piedosas dizendo: „Elas não têm o sabor, a força,
a paixão e o fogo que encontro no Saltério. São muito frias e rígidas‟
(Lutero)”.24Portanto, devemos incluir os Salmos em nossas orações diárias,
permitindo que a Palavra de Deus estimule e guie nossas petições. E como uma
ajuda para orar os Salmos diariamente em nossa meditação ou oração diária,
oferecemos o roteiro abaixo:25
Pode ser de ajuda citar extratos de um ensaio sobre meditações diárias escritas
por Eberhard Bethge em 1935, sob a supervisão de Bonhoeffer, para uso no
seminário de pregadores (Predigerseminar) de Finkenwalde. Este oferece
sugestões práticas que se aplicam ao uso dos Salmos em nossa oração e
meditação diária:
Iniciamos a meditação com uma oração pelo Espírito Santo. Que ele clareie
o nosso coração e prepare a nossa mente para a meditação e de todos
aqueles que estarão meditando também. Então, nos voltamos ao texto. Ao
término da meditação nós estaremos em posição de proferir uma oração de
ação de graças com um coração satisfeito. (…)
Bethge anexou esse texto a uma carta circular enviada de Finkenwalde para os
pastores da Igreja Confessante (Bekennende Kirche), em 22 de maio de 1936.
O ensaio foi rapidamente compartilhado entre os colegas pastores presos pelo
governo nazista. Bethge contou depois em como a exigência de Bonhoeffer de
que os alunos do seminário de pregadores de Zingst deveriam dedicar meia
hora a cada manhã para meditação silenciosa de um texto bíblico lhes causou
grandes dificuldades. Eles não sabiam como usar este tempo. Alguns iam
dormir, outros preparavam sermões, outros nem sabiam o que fazer ou
reclamavam que o tempo dedicado à meditação era excessivamente longo.
Estas instruções tencionavam tornar claro aos seminaristas a importância da
meditação e a maneira pela qual esta deveria ser feita.27
A prática da lectio divina requer que você separe um tempo para estar a
sós, num local tranquilo, sem distrações. Selecione o texto que deseja ler
(de preferência, não muito longo).
Pensar: O que esse texto significa para você? Que versos ou palavras falam
mais à sua situação hoje? Como você tem vivido em relação a ele?
Viver: Você pode ler, pensar e orar o dia todo, mas a menos que você
pratique a Palavra de Deus, não terá valido nada. É preciso colocar em
prática o que Deus falou com você durante esse tempo de leitura e reflexão.
Sua vida será o maior testemunho que você poderá dar.
Nos dois textos citados acima é sugerida a meditação a sós. Mas queremos
enfaticamente recomendar que o tempo de oração ao Deus Trino seja feita em
comunidade – quando dois ou mais irmãos se reúnem para juntos buscar a
Cristo em oração por meio da leitura dos Salmos. Pois não é natural que o
cristão esteja só – a igreja, o ajuntamento dos fieis, é o corpo de Cristo, o
templo de Deus, o santuário e habitação do Espírito Santo (1Co 3.16-17; 6.19;
10.16; 12.27; Ef 4.12) – e é em comunidade que o cristão irá não só aprender
a orar, mas permanecerá em oração: “Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar”
(1Ts 5.16-17). 29
Conclusão
Durante sua longa trajetória, a igreja usou os Salmos para guiar a oração e a
devoção. Então, por que tantas pessoas não se dedicam à oração? Porque,
como nota Peterson, o poço é fundo e não temos nada para pegar a água.
“Precisamos de um vaso para colocar a água. (…) Os salmos são esse vaso. Não
são a oração em si, mas o vaso mais adequado (…) para a oração que já foi
criado. Recusar-se a usar esse vaso de Salmos, depois de compreender sua
função, é errar de propósito. Não é possível fazer um vaso de outro formato que
o substitua”. Certamente já houve várias tentativas para substituir os Salmos
como nosso guia da oração. Mas por que nos contentarmos com tão pouco,
quando temos esse vaso maravilhoso à nossa disposição? Deste modo, que
usemos os Salmos como o livro de orações da aliança. As palavras de Martinho
Lutero são apropriadas como conclusão: “O nosso amado Senhor, que nos
ensinou a orar o Saltério e o Pai Nosso e presenteou-nos com eles, conceda-
nos, também, o Espírito da oração e da graça, para que oremos sem cessar,
com disposição e seriedade de fé. Nós precisamos disso. Ele o ordenou e,
portanto, o requer de nós. A ele sejam dados louvor, honra e gratidão. Amém”.
____________
1
William S. LaSor, David A. Hubbard e Frederic W. Bush, Introdução ao Antigo
Testamento(São Paulo: Vida Nova, 2009), p. 465.
2
Para um resumo desse processo, cf. Eugene Peterson, em Um pastor segundo
o coração de Deus (Rio de Janeiro: Textus, 2001), p. 21-40.
3
William S. LaSor, David A. Hubbard e Frederic W. Bush, Introdução ao Antigo
Testamento, p. 484. Para uma introdução ao estudo dos Salmos, cf. Carl J.
Bosma, “Discernindo as vozes nos Salmos: uma discussão de dois problemas na
interpretação do Saltério”, Fides Reformata IX, Nº 2 (2004), p. 75-118 e N. H.
Ridderbos and P. C. Craigie, “Psalms”, em G. W. Bromiley (ed.), The
International Standard Bible Encyclopedia, v. 3 (Grand Rapids, MI: Eerdman,
1986), p. 1030-1038.
4
William S. LaSor, David A. Hubbard e Frederic W. Bush, Introdução ao Antigo
Testamento, p. 483.
5
Cf. Carta a Marcelino sobre a Interpretação dos Salmos.
6
cf. Ambrose, Explanatio Psalmorum XII.
7
cf. Santo Agostinho, Comentário aos Salmos, 3 v. (São Paulo: Paulus, 1997).
8
cf. “Prefácio ao Livro dos Salmos 1545”, “Sumários sobre os Salmos e razões
da tradução”, “Trabalhos do Frei Martinho Lutero nos Salmos apresentados aos
estudantes de teologia de Wittenberg” e “Os sete Salmos de
Penitência”, Martinho Lutero – Obras selecionadas, v. 8: interpretação bíblica,
princípios (São Leopoldo: Sinodal & Porto Alegre: Concórdia, 2003), p. 33-37,
224-233, 331-492, 493-548.
9
João Calvino, O livro dos Salmos, v. 1 (São José dos Campos: Fiel, 2009), p.
26-27.
10
Lewis Bayly, A prática da piedade (São Paulo: PES, 2010), p. 225-226.
11
Eugene Peterson, Uma longa obediência na mesma direção (São Paulo: Cultura
Cristã, 2005), p. 150.
12
Ambrósio, De officiis ministrorum I, 20, 88: PL 16, 50, em Constituição
Dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina.
13
Dietrich Bonhoeffer, Orando com os Salmos (Curitiba: Encontrão, 1995), p.
14-15.
14
Para toda essa seção, cf. Eugene Peterson, A vocação espiritual do pastor (São
Paulo: Mundo Cristão, 2006), p. 75-110.
15
Para mais informações sobre o método de estudos bíblicos conhecido como
crítica da forma (Formgeschichte), e em como ela foi aplicada aos estudos dos
salmos, cf. William S. LaSor, David A. Hubbard e Frederic W. Bush,
Introdução ao Antigo Testamento, p. 467-478 e Derek Kidner, Salmos:
introdução e comentário, v. 1 (São Paulo: Vida Nova, 1992), p. 18-29.
16
Raymond B. Dillard & Tremper Longman III, Introdução ao Antigo
Testamento (São Paulo: Vida Nova, 2005), p. 207, 217.
17
Para esta seção e o gráfico empregado, cf. Eugene Peterson, A vocação
espiritual do pastor, p. 96-109.
18
Paul Althaus, A teologia de Martinho Lutero (Canoas: Ulbra, 2008), p. 116.
19
Dietrich Bonhoeffer, Orando com os Salmos, p. 12.
20
Timothy George, Teologia dos reformadores (São Paulo: Vida Nova, 1993), p.
86.
21
WA 31, p. 1, em Timothy George, Teologia dos reformadores, p. 87.
Vinoth Ramachandra, A falência dos deuses: a idolatria moderna e a missão
22
“Está se tornando meio que uma tendência”, disse Shane Heilman, que iniciou o The
Psalms Project [Projeto Salmos]. Heilman é também diretor de um colégio e presidente
da Way Deeper Ministries, que capacita pessoas a praticar as disciplinas espirituais,
como meditação, oração e jejum.
Segundo Heilman, a coleção de três volumes de sua banda, The Psalms Project, foi
transmitida pela internet, baixada e comprada mais de 1 milhão de vezes desde que foi
lançada, pela a primeira vez, em 2011. A coleção, que inclui 30 salmos até agora,
aparece como primeira opção nos resultados do Google quando se busca por “psalms” e
“music” [“salmos” e “música”].
“Um pouco disso se deve à insatisfação com a superficialidade das letras de louvor
contemporâneo”, diz ele. “Estes salmos têm algo a dizer, se formos corajosos e
malucos o suficiente para transformá-los em canções modernas.”
Heilman quer transformar todos os 150 Salmos (na sua integralidade) em música.
“Cerca de 10 anos atrás, quando estava em uma viagem missionária, tive um impulso
de musicar o Salmo 1”, ele conta. Ele gostou da melodia, de como as palavras eram
pura Escritura, e também porque era diferente da típica música contemporânea de
adoração.
“Daí veio a idéia delirante de tentar fazer isso com todos”, disse Heilman. Mas ele
desistiu quase que imediatamente, desnorteado pelo emaranhado de expressões
idiomáticas hebraicas e métricas irregulares.
Anos mais tarde, enquanto memorizava o Salmo 2, ele não parava de pensar, “isso
daria uma música muito legal, porque é uma mensagem tão poderosa, uma mensagem
política”.
Esta combinação é, por vezes, difícil, especialmente porque ele não quis usar o
andamento dos hinos, mas algo mais moderno “que pudesse ser tocado nas rádios”.
“O ponto que realmente me intrigava era: Se este foi o hinário do povo de Deus por
centenas, milhares de anos, por que há tão pouco dele em nossa adoração hoje?”
O uso dos Salmos começou a diminuir quando Isaac Watts e outros começaram a
compor hinos na Inglaterra, no início dos anos 1700.
Segundo Stephen Marini, em seu livro Sacred Song in America [A Música Sacra nos
Estados Unidos, sem edição em português], Watts também estava tentando ajustar a
teologia destas pessoas.
Apesar de admitir que Davi era, sem dúvida, um instrumento escolhido de Deus, Watts
afirmava que a compreensão religiosa de Davi poderia não ter assimilado plenamente
as verdades reveladas, mais tarde, por Jesus Cristo. Os Salmos deveriam, portanto, ser
“renovados”, como se Davi fosse um cristão, ou como Watts coloca no título do seu
Saltério, em 1719, eles deveriam ser “representados na linguagem do Novo
Testamento”.
Larry Eskridge escreveu para a revista Christian History que, ao longo dos últimos 40
anos, as igrejas mudaram novamente, desta vez se afastando dos hinos e se
aproximando dos cânticos. Começando com o movimento Jesus People [Povo de Jesus],
na década de 1970, cristãos munidos de violões começaram a escrever suas próprias
canções de adoração. E apesar do movimento Jesus People ter desaparecido, sua
influência no louvor congregacional permaneceu, provocando as já em declínio “guerras
de adoração”.
Agora que os cristãos se acostumaram a músicas que apenas louvam a Deus (talvez
como parte de nossa tendência a aparentar só o nosso melhor) canções de queixas ou
que clamam pela vingança de Deus nos fazem sentir desconfortáveis, diz LeFebvre. Ele
é o autor do livro Singing the Songs of Jesus [Cantando as Canções de Jesus, sem
edição em português], que explica como os Salmos eram originalmente usados na
adoração.
“O modelo para a adoração é o Rei, que é o solista, cantando para Deus”, ele explica.
“Nós somos o coral de apoio”.
“Eles foram reunidos quando não havia nenhum rei no trono, na expectativa pelo
solista que irá nos conduzir”, explica LeFebvre. “De certo modo, este não é o hinário do
Antigo Testamento. É o hinário que o Antigo Testamento está entregando ao Novo
Testamento. Estes hinos foram dados ao povo de Deus disperso, à espera do Filho de
Davi, que irá nos conduzir em adoração novamente”.
“Lutar com nossa frustração, nossa miséria e a falta de sentido no mundo nos conduz
ao louvor”, diz ele. “Não são declarações de louvor propriamente, mas nos ajudam a
levantar e louvar”.
Dito isto, cantar os Salmos no culto congregacional nem sempre será fácil. A linguagem
não é tão fácil como a nossa repetição moderna de estrofes rimadas, e as emoções não
são sempre tão inspiradoras.
Heilman diz que existem inúmeras vantagens em retomar o uso dos Salmos no culto
congregacional, tanto no nível pessoal como para a igreja em geral. Ao menos, a
prática conecta os cristãos (individualmente) e suas igrejas locais específicas mais
intimamente com a Palavra revelada de Deus.
Ore com as
Escrituras
“A Bíblia habilita homens e mulheres de Deus para toda boa obra. Orar é uma boa
obra. Vamos orar o Livro”
Não à toa, quando Jesus ensina a orar, ele inicia declarando os atributos da soberania e
da santidade de Deus, e logo em seguida passa a clamar pela vinda do Seu reino e
execução da Sua vontade: “Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome.
Venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como nos
céus”. Apenas depois disso, seguem petições por sustento material, perdão de pecados,
segurança contra a tentação e o mal; encerrando, mais uma vez, com uma afirmação
de que a Deus pertencem “o reino, o poder e a glória para sempre”.
Um ponto importante a ser trazido aqui é que podemos colocar como meta pessoal
desenvolver uma rígida disciplina de oração, sem, contudo, progredir em intimidade
com Deus, justamente porque estamos a falar com Ele sobre coisas vãs e
inconvenientes, uma vez que nossas prioridades estão erradas. Prioridade de oração
por si só não é suficiente para colocar em ordem as corretas prioridades na oração. A
Bíblia, no entanto, nos ajuda a ordenar as coisas, a fim de fazer frutífero o nosso tempo
de conversa com o Senhor.
“Ao repetir as próprias palavras de Deus, começamos a orar a Ele. Não oramos com a
linguagem errada e confusa de nosso coração; mas pela palavra clara e pura que Deus
falou a nós por meio de Jesus Cristo, devemos falar com Deus, e Ele nos ouvirá.”[iii]
Paulo ensina, em Romanos 8, que o “Espírito intercede por nós sobremaneira, com
gemidos inexprimíveis”. Isso é um encorajamento e tanto! Mesmo quando precisamos
lutar contra a vaidade e inconveniência de nossas orações, ainda assim, em sua infinita
Graça e misericórdia, o Espírito Santo está disposto a interceder por nós de uma
maneira que nós jamais teríamos capacidade de fazer.
Destarte, ao demonstrar quem somos, a Bíblia coloca à nossa disposição esse duplo
filtro: ela nos aponta a necessidade de não deixar que os desejos errados se
transformem em petições; e, se ainda não sabemos orar como convém, o Espírito
Santo nos assiste em nossas fraquezas e intercede por nós. Purificamos, assim, nossas
orações com a Palavra de Deus através do auxílio do Espírito Santo.
O cântico de Maria, uma oração entoada ao receber do anjo a notícia que estava
grávida do Espírito Santo, apresenta um tom inspirado pela Palavra de Deus. A Bíblia
de Estudo Nova Almeida Atualizada comenta;
Na cruz, o próprio Filho Jesus usou as Escrituras para falar com o Pai: Sl 22.1 – “Meu
Deus, meu Deus, Por que me abandonaste”; e Sl 31.5 – “Em tuas mãos eu entrego
meu Espírito”.Em Atos dos Apóstolos temos também o exemplo de Pedro e João que,
após contarem aos demais discípulos sobre os acontecimentos do interrogatório
perante o Sinédrio, oraram com a igreja em Jerusalém a partir do Salmo 2.
Essa oração dos discípulos, narrada em Atos 4.23-30, é um bom modelo para
seguirmos. Leia abaixo a passagem citada e observe o seguinte: (1) Deus é exaltado
por ser o Criador; (2) os apóstolos declaram sua fé no Espírito Santo que inspirou as
Escrituras; (3) os versículos 1 e 2 de Salmo 2 são declamados; (4) os fatos ocorridos
em Jerusalém naqueles dias são, então, trazidos e interpretados de acordo com
a Palavra de Deus; (5) a partir da interpretação dos acontecimentos conforme as
Escrituras, a petição é apresentada diante de Deus.
(1) Senhor tu que fizeste o céu e a terra, o mar e tudo que neles há; (2) que, pelo
Espírito Santo, disseste pela boca de nosso pai Davi, teu servo: (3) „Por que os
gentios se enfurecem, e os povos imaginaram coisas vãs? Os reis da terra
levantaram-se, e as autoridades aliaram-se contra o Senhor e contra o seu
ungido‟. (4) Pois, nesta cidade, eles de fato se aliaram contra o teu santo Servo Jesus,
a quem ungiste; não só Herodes, mas também Pôncio Pilatos com os gentios e os
povos de Israel; para fazer tudo o que a tua mão e a tua vontade predeterminaram que
se fizesse. (5) Agora, pois, ó Senhor, olha para as ameaças e concede aos teus servos
que falem a tua palavra com toda coragem, enquanto estendes a mão para curar e
para realizar sinais e feitos extraordinários pelo nome de teu santo Servo Jesus.
As Escrituras são um Termômetro da Fé Depositada em Nossa
Oração
Em quarto lugar, orar com as Escrituras serve como um termômetro de nossa fé. O
Reverendo Thabiti Anyabwile, ao pregar sobre o trecho citado acima de Atos 4, cita J.I.
Packer, o qual em seu livro “Knowing God”, ensina “que o conteúdo de nossa oração é
a medida do quanto cremos na Palavra de Deus”. Thabiti chama a atenção para o fato
de que “crer na inspiração das Escrituras nos leva a orar”. Há aí, então, um ciclo
virtuoso entre fé na Palavra de Deus e oração, uma alimentando a outra. Diz o
pregador norte-americano:
“Se Deus inspirou uma Palavra, essa Palavra deve inspirar a nossa oração. Se Deus
soprou uma Palavra viva através de seus instrumentos humanos, e essa Palavra é
infalível, inspirada, inerrante e suficiente, essa Palavra deve dar o sabor, formar e, de
fato, preencher a nossa vida de oração. Aqui está uma maneira prática pela qual você
pode dizer se acredita ou não na inspiração das Escrituras: é se você a ora ou não.
Nossa vida de oração deveria ser um reflexo de nossa vida de doutrina.”
Em seu livro “A Praying Life: Connecting with God in a Distracting World”, Paul E. Miller
relata a importância que orar com as Escrituras teve em sua vida durante uma época
de tribulações e frieza espiritual:
Anos atrás eu passei por um tempo em que minha vida tornou-se tão difícil que eu
fiquei incapacitado para orar. Eu não conseguia me concentrar. Então eu parei de tentar
ter um tempo coerente de oração, e por semanas durante meu tempo matinal de
oração, eu não fiz nada além de orar o Salmo 23. Eu estava lutando pela minha vida.
Eu não percebi naquele instante, mas eu estava seguindo o hábito de leitura divina
chamada de lectio divina, que foi desenvolvida pela igreja primitiva. Ao orar
vagarosamente através de uma porção das Escrituras, eu estava permitindo que as
Escrituras dessem forma às minhas orações.[v]
Rev. Thabiti Anyabwile também fala sobre como as Escrituras podem nos ajudar em
tempos de dificuldades que tendem a nos afastar da oração:
“Quando estamos machucados, nós temos a tendência de projetar nossa dor em Deus.
Nós tomamos o que as nossas dores sugerem e as tratamos como fatos, tornando-as
em acusações contra Deus. Nós dizemos coisas como: “Se Deus é bom, por que levou
meu filho?”, “Por que Deus me negou uma esposa e família – é um bom desejo, não é?,
“Deus está me punindo?”. Não surpreendentemente, pessoas que permitem sua
experiências de dor e sofrimento abalar seu entendimento de Deus, acabam
encontrando dificuldade para orar. É aí, então, que orar as Escrituras como a Palavra de
Deus inspirada e suficiente realmente nos ajuda quando estamos tão machucados ao
ponto de não sabermos como orar. Porque quando nós oramos as Escrituras, nós, na
verdade, permitimos que as Escrituras definam e interpretem nossa experiência, ao
invés do contrário.”
Quando oramos com a Bíblia, diz Thabiti, “somos informados pela Palavra, e não pelo
mundo” (no jogo de palavras em inglês: informed by the Word, not by the world).
Desse modo, a partir da Bíblia, é a agenda de Deus, seus propósitos e motivações que
guiam a oração, a qual deixa de ser pautada por nossas preocupações, ansiedades,
desejos frustrados, ou falta de vontade de orar.
Assim, as Escrituras não somente nos dão as palavras que nos faltam em nossas lutas
mentais e espirituais, mas também nos ajudam a fazer uma leitura correta do que está
ocorrendo em nossas vidas, impulsionando-nos, inclusive, quando nos encontramos
desmotivados. É difícil imaginar como Pedro e João teriam orado se não
compreendessem sua prisão pelas lentes da continua oposição das nações contra o
Ungido do Senhor apresentada em Salmos 2. O que eles fizeram foi interpretar o que
haviam sofrido a partir do texto bíblico: “Pois, nesta cidade, eles de fato se aliaram
contra o teu santo Servo Jesus, a quem ungiste”. E nisso eles estruturaram a prece
apresentada, encontraram palavras para orar, e souberam pedir corretamente: “Agora,
pois, ó Senhor, olha para as ameaças e concede aos teus servos que falem a tua
palavra com toda coragem…”. E foi exatamente o que aconteceu, pois, ficaram cheios
do Espírito Santo e, parafraseando Rev. Thabiti, passaram a pregar com intrepidez a
Palavra após terem orado a Palavra – conforme está descrito em Atos 4:31: “Tendo
eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito
Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus”.
Durante a leitura de uma das tantas histórias encontradas na Bíblia, peça para Deus
não permitir que você venha um dia a cair no pecado da personagem que está naquele
texto, e se houver qualquer bom exemplo a ser seguido, peça a Deus para lhe ajudar a
fazer o mesmo. Reflita em como o trecho sendo lido aponta para Cristo, e expresse em
oração o quanto você quer ser mais parecido com Jesus.
É claro que necessitamos de palavras próprias para orar, afinal é preciso falar com
Deus sobre as coisas que estão acontecendo em nossas vidas e das outras pessoas por
quem estamos orando, bem como Deus quer nos ouvir externando nossos sentimentos,
nossos pensamentos e nossas dificuldades pessoais. Também necessitamos pedir
perdão por pecados específicos, verbalizar o que estamos ansiando, expressar o que
sentimos e agradecer por coisas boas que nos acontecem. Porém, deixe que a Bíblia dê
o tom de suas orações. Busque louvar ao Senhor da maneira que Ele é louvado nas
Escrituras, exalte-O por Seus atributos revelados em Sua Palavra, peça de acordo com
o que ela ensina a pedir, agradeça com ações de graças de louvores bíblicos, e clame
sempre pela ajuda do Espírito Santo. Como diz Paul E. Miller: “Quando eu saturo minha
vida com a Palavra, eu dou ao Espírito o vocabulário para tornar a Palavra pessoal para
mim”[viii].
Você pode também, por exemplo, usar cada frase da oração que Jesus ensinou aos
discípulos para introduzir pontos de sua própria oração.[ix] Decore trechos que você
poderá usar para orar publicamente em comunidade, ou em momentos a sós quando
você não tem uma Bíblia consigo. Suas orações sempre ganharão não apenas em
beleza e profundidade, mas também em pureza, tornando-as aroma mais agradável ao
Senhor.
Para encerrar, vale citar mais uma vez mais o Rev. Thabiti Anyabwile sobre o uso da
Palavra inspirada por Deus em nossas orações: “quando comparamos com a Bíblia, nós
percebemos quão fraca e sem inspiração é a nossa oração”. Por isso, precisamos orar
com a Palavra de Deus, seja com nossos olhos fixos nela, ou com ela fixa em nossas
mentes. Ao orar com as Escrituras, temos força e direção, bem como recebemos o
auxílio do Espírito Santo que as inspirou, fazendo, assim, crescer a intimidade de nosso
relacionamento com o nosso Criador.