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Porto Alegre
2018
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habita o campo da potência. O que é feito na Oficina de Criatividade do HPSP não
cabe em uma nomenclatura. Não merece os desígnios desta linguagem diretiva e
por vezes objetiva em demasia. Habitar um espaço onde a loucura anda solta, sem
freios e sem capacete é construir "E's", nunca "É's". Isto pode ser a potência do
estranhamento, do devir e do exercício ininterrupto da alteridade frente às vidas que
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latejam. Latejam-se feridas ainda abertas, violências que escorrem de sangue por
meio do discurso enquanto pinta-se casa, arvoredo, círculos que rasgam o papel,
bonequinhos-de-saia-godê, infinitas bolinhas e frutas carnudas.
Este é o meu local de estágio. Fruto da instituição-total-psiquiátrica,
espaço de convivência, espaço possível. Fundado por pessoas que acreditam nas
loucuras como potenciais inventoras de vida; que às vezes tentam desfazer os
muros de concreto dos manuais diagnósticos, desenrijecer para que surja quem
deseja cores, tamanhos de papéis e pincéis; que resgatam subjetividades na
insistência pelo uso do nome acompanhado de sobrenome; recusam o entendimento
de periculosidade associada à loucura ao abraçar, beijar, dançar, pintar junto com
cada um que assim deseje nossa presença. A função da psicologia se situa no cerce
do solo, da experiência. Sempre em contato.
Com
Tato
Tocando
Minha função é encher potes de tinta, lavar pincéis, ligar o rádio, cortar
papel, sentar e ouvir, colocar o café em xícaras de plástico, é estar na constante
busca pela cor-de-maravilha, é mergulhar em lapsos frasais, é abraçar e dizer que
tudo vai ficar bem, é preocupar-se quando vem chegando o feriado de finados, é
revelar fotos e pendurar numa cordinha, é insistir na interação com sujeitos
embebidos por loucuras apáticas e silenciosas, é cantar músicas antigas, oferecer
garrafas d'água, dançar Zezé di Camargo & Luciano, é ter um bem-querer no rosto e
no olhar.
É andarilhar pelo espaço, nadando em um rio meândrico veloz, muito veloz.
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Curvas abruptas, água doce, porém turva. Meu trajeto tem sido permeado por i .
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3 APRESENTAÇÃO DO PROJETO
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a/guéns oficineiros tem sido fazer lembrar que estas máscaras existem, oferecer
ajuda para os reparos, construir junto um novo "passaporte". Esta nova máscara
'
moldada a partir das fantasias e do desejo, exerce uma nova função, apesar das
marcas que insistem em aparecer. O nosso erro se dá em não prestar muita atenção
nestas marcas. É possível um sujeito sem história? Ou nós que preferimos esquecê-
la?
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à abertura para a invenção de novos devires. Uma vida que pode nos contar
sobre uma outra história da loucura."
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· · d" "d 1 cada um com seu pincel, seu pedaço de papel e seu pote de
de ma neira m 1v1 ua -
.nt Ih seu próprio mundo possibilitado pelas cores. Acontece, em
tl a -, um mergu o n0 •
· t ção sutil entendida (pelo meu olhar) como importante e
out ro plano, uma m era •
extremamente constitutiva do grupo. Os frutos desta interação, apesar de ser pouco
valorizada ocasionam reflexos visíveis no que é feito no papel.
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e modelada no registro social. Descartes quis colar a ideia de subjetividade
consciente à ideia de individuo (colar a consciência subjetiva à existência do
individuo)_ e estamos nos envenenando com essa adequação ao longo de
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do
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exper i ef\ e_ ' o..S .
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5 METODOLOGIA
5.2 PROCEDIMENTOS
Este projeto de intervenção será colocado em prática a partir do mês de abril
de 2019 e durará aproximadamente até o final de julho do mesmo ano. Será
realizada uma atividade por semana (preferencialmente às terças-feiras pela
manhã), sendo que cada uma durará 1h.
5.3 CRONOGRAMA
O cronograma abaixo será meramente ilustrativo, devido a impossibilidade de
existência de algo estruturalmente planejado, levando em conta as e os
frequentadores da oficina de criatividade: múltiplos, intensos, imprevisíveis.
ABRIL: nos dias 3, 10, 17 e 24 deste mês, introduzirei a primeira prática
coletiva: em uma cartolina que preencha uma mesa inteira, faremos um jogo tipo
"dança das cadeiras". No fim da música que tocará, os usuários que se sentirem a
vontade de participar, trocarão de lugar com quem estiver do lado e continuarão o
desenho que está na sua frente.
MA/O: nos dias 1, 8, 15, 22 e 28 deste mês, seguindo a mesma lógica do mês
anterior, confeccionaremos camisetas unindo os desenhos de cada um. Cada
usuário presente poderá deixar sua marca na camiseta.
JUNHO: nos dias 5, 12, 19 e 26 deste mês, também seguindo a lógica das
produções coletivas, pintaremos os guarda-chuvas que estão inutilizados na oficina,
artefatos estes que poderão compor a decoração do local, fazendo alusão ao mês
de junho: historicamente, o mais chuvoso da nossa cidade. Além de guarda-chuvas,
outros objetos aparentemente sem utilidade poderão servir como nossa tela coletiva.
JULHO: nos dias 3, 10, 17, 24 e 31 deste mês, faremos uma retomada das
atividades que já foram feitas e, se possível, organizaremos nosso tempo para
realizar aquelas que foram as "favoritas".
Todas e todos frequentadores, funcionários e estagiários da oficina poderão
participar ativamente das atividades, de acordo com as fotos apresentadas na
página "participantes".
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6 REFERÊNCIAS
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