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Resumo
Introdução
Ao longo dos tempos históricos, a música sempre foi importante no
desenvolvimento humano, no sentido da apropriação de hábitos e valores indispensáveis
ao exercício da cidadania, bem como nos aspectos religiosos, morais e sociais. Portanto,
o papel da música na educação não deve ser tratado apenas como uma questão de
ludicidade, mas como um direcionamento de sua potência afetiva para tornar-se uma
chave capaz de realizar a mediação no processo de ensinar e aprender mais prazeroso e
receptivo. A ampliação do conhecimento musical do professor e do aluno constitui-se
em um bem cultural a que todos devem ter acesso. A música, de acordo com a literatura
científica, pode contribuir também com a aprendizagem, favorecendo o
desenvolvimento cognitivo/linguístico, psicomotor e socioafetivo da criança, na medida
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Professor da rede estadual de ensino de Cáceres-MT e Maestro da Banda Sinfônica da Universidade do
Estado de Mato Grosso
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Professora titular do Centro de Ensino Superior de Maringá-PR
em que estão todos correlacionados como áreas inseparáveis que formam um ser
singular provido de necessidades, seja social, seja afetiva.
Parte-se do princípio que o comportamento humano não é determinado
biologicamente nem é simplesmente uma resposta a estímulos do meio, mas uma forma
de o homem se relacionar com o mundo, que envolve os aspectos biológicos,
adaptativos e, principalmente, aqueles construídos ativamente pela pessoa para se
apropriar do mundo de cultura que a rodeia.
Assim, quando Vygotsky (1991) afirma que a linguagem é que faz a mediação
entre a sociedade e o sujeito na apropriação da cultura produzida socialmente e a
constituição do sujeito ativo, esse mesmo processo se dá pela linguagem musical na
composição do sonho, da sensibilidade, da criatividade e poesia humana.
A apreensão do mundo ocorre, também, através dos sons que, quando
decodificados culturalmente, se transformam em linguagem. Entretanto, quando
convertida em metalinguagem, a música extrapola todos os entendimentos por expandir
o seu próprio sentido. E é como linguagem e como metalinguagem que a música, por
ser inerente ao próprio homem e fazer parte do desenvolvimento humano nos seus
aspectos sensório-motor, socioafetivo, cognitivo e neuronal, se apresenta como recurso
de educação em todos os níveis (VICTÓRIO, 2016).
A linguagem musical enquanto elemento da cultura contribui com a mediação
social e com o desenvolvimento do ser humano. De acordo com Scherer e Domingues
(2016), tais capacidades mentais próprias do ser humano são constituídas no decorrer de
interações mediadas por signos - neste caso, a linguagem musical - e por instrumentos
físicos que atuam entre o indivíduo e o meio social.
Loureiro (2010), por sua vez, afirma que a música é uma prática social, visto
que nela se encontram significados e valores direcionados às pessoas e à sociedade que
por elas é construída e nela vivem.
Reconhecida a música como uma das mais significativas maneiras de a
humanidade se expressar, ela deve estar à disposição de todos para que possam
conhecê-la, experimentá-la e vivenciá-la. A educação formal, nesse processo, tem papel
significativo na construção do saber.
Assim, a Lei n.º 11.769 foi sancionada no Brasil, em 18 de agosto de 2008,
regulamentando o ensino de música como disciplina obrigatória, mas não exclusiva, do
componente curricular. Em adequação à legislação, o Conselho Nacional de Educação,
por meio da Câmara de Educação Básica, criou a Resolução nº 2, sancionada em 10 de
maio de 2016, definindo as diretrizes nacionais para a operacionalização do ensino de
Música na educação básica, cujo artigo 1º estabelece a sua finalidade:
Orientar as escolas, as Secretarias de Educação, as instituições
formadoras de profissionais e docentes de Música, o Ministério da
Educação e os Conselhos de Educação para a operacionalização do
ensino de Música na Educação Básica, conforme definido pela Lei nº
11.769/2008, em suas diversas etapas e modalidades.
Metodologia
O estudo tratou-se de uma pesquisa qualitativa que, segundo Alves (1991),
Goldenberg (1999) e Neves (1996), o pesquisador procura aprofundar-se na Commented [c1]: NÃO CONSTA NA BIBLIOGRAFIA
compreensão dos fenômenos que estuda – ações dos indivíduos, grupos ou organizações
em seu ambiente e contexto social –, interpretando-os segundo a perspectiva dos
participantes da situação enfocada, sem se preocupar com representatividade numérica,
generalizações estatísticas e relações lineares de causa e efeito, o que atendeu aos
propósitos do pesquisador quando se debruçou sobre a realidade da qualidade do ensino
de música nas escolas de ensino fundamental da rede estadual e municipal de Cáceres-
MT.
A opção pela pesquisa-ação deu-se por se tratar de um estudo que articula a
relação entre teoria e prática no processo de construção do conhecimento, ou seja, a
dimensão da prática que é constitutiva da educação, vindo ao encontro das necessidades
dos professores pesquisados. O fato de a investigação se converter em ação, em
intervenção social, possibilitou ao pesquisador uma atuação efetiva sobre a realidade
estudada nas escolas de ensino fundamental, da rede municipal e estadual de Cáceres-
MT. No entender do pesquisador, reflexão e prática e ação e pensamento, polos antes
contrapostos, são acolhidos nessa modalidade de pesquisa que considera a intervenção
social na prática como seu princípio e seu fim último.
A amostra da pesquisa é composta por nove sujeitos de instituições
mantenedoras do ensino fundamental, todos docentes efetivos interessados em trabalhar
com educação musical. Desses, cinco são professores de escolas estaduais e quatro de
escolas municipais.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o questionário, que consistiu
em sete perguntas, mesclou questões abertas e fechadas. Informa-se que o instrumento
foi aplicado duas vezes, ou seja, no início das atividades do curso (18/05/16) e ao final
deste (26/05/16). Entretanto, na reaplicação, o questionário foi acrescido de uma
pergunta.
Os resultados da pesquisa foram analisados através da técnica da análise de
conteúdo, de Laurence Bardin (2009).
O Parecer 1.503.723 emitido pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade do Estado de Mato Grosso autorizou a realização da pesquisa.
Resultados
A pesquisa-ação partiu da realidade encontrada na pesquisa de Mota (2015)
quando ficou evidenciado que as escolas de Cáceres-MT encontravam dificuldades
para cumprir a legislação que implementou o ensino de música como um dos
componentes curriculares obrigatórios, em virtude da inexistência de professores
licenciados em música ou capacitados para tal; de concursos públicos para professores
de música; de recursos materiais adequados e de salas-ambiente de música.
Esses fatores motivaram o pesquisador a continuar a pesquisa no doutorado,
propondo-se a operacionalizar um curso de formação em Educação Musical aos
professores do ensino fundamental da rede pública estadual e municipal de Cáceres-MT,
que trabalham com música ou tenham interesse nessa atividade. Entendeu-se que tal
atividade se referia à formação continuada, por proporcionar aprofundamento
permanente em relação às diferentes situações que se apresentam aos professores no seu
cotidiano escolar.
Nesse contexto, a pesquisa-ação deu-se no seguinte movimento: aplicação do
questionário; desenvolvimento do curso realizado às quartas e quintas-feiras nos turnos
vespertino e noturno, perfazendo 32 horas de encontros presenciais; reaplicação do
questionário.
Os dados pessoais e profissionais dos sujeitos foram coletados pelo
preenchimento da ficha de inscrição para a realização do curso.
Em relação à forma de caracterizar os sujeitos, considerando-se os seus relatos e
para resguardar as identidades por questões éticas, denominou-se P6M, P7M, P8M e
P9M os professores da rede municipal de ensino; P1E, P2E, P3E, P4E e P5E, os
professores da rede estadual.
Dos nove professores, apenas um era do sexo masculino, sete com formação em
Pedagogia, um em Letra e outro em Geografia. Apenas uma professora tinha formação
em música, ou seja, piano clássico e violão popular. Todos tinham curso de
especialização, com tempo de magistério entre 4 e 28 anos. A atuação em sala de aula
no ano de 2016 se dava Atendimento Educacional Especializado (AEE), educação
infantil, 1º, 2º, 4º, 6º, 7º e 8º ano.
6. REFERÊNCIAS
ALVES, A. J. O planejamento de pesquisas qualitativas em educação. Cadernos de
Pesquisa, São Paulo, v. 77, p. 53-61, maio, 1991.
BENNETT, Ruy. Uma breve história da música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
CUNHA, Sandra Mara da; LOMBARDI, Silvia Salles Leite; CISZEVSKI, Wasti
Silvério. “Os quatro pilares da educação” e “educação ao longo de toda a vida”. Revista
da ABEM, Porto Alegre, v. 22, p. 41-48, set. 2009.
GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de psicopedagogia musical. 3. ed. São Paulo:
Summus, 1988.
QUEIROZ, Luis Ricardo Silva; MARINHO, Vanildo Mousinho. Educação musical nas
escolas de educação básica. Revista da ABEM, Porto Alegre, v. 17, 69-76 set. 2007.