Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

de um problema (aproveitamento de uma oportunidade) e

1 INTRODUÇÃO
As atividades e estratégias compreendidas na gestão
de pessoas de uma organização, 1 desenvolvidas com
base em estudos e resultados de pesquisas que utilizam o
método científico, são assuntos de especial relevância e
notável atualização por terem como alvos vidas, relações,
comportamentos, atitudes (...) humanas; pelo fato de a
organização ser uma construção social que depende, em
maior ou menor nível, de mobilização com sentido
técnico-operacional, de motivação sustentável em bases
para a tomada de decisões com suporte além do intuitivo,
do improviso.
O pensamento científico, no pesquisador moderno,
está associado ou baseado em disciplinas, em formas de
pensar lógico-raciocinais, em posturas e formas de agir
com ética, comprometimento e responsabilidade (...),
constituindo-se procedimento (condição) necessário para
gerir com base no sujeito de gestão, as pessoas. Esse
pensamento pode ser sintetizado pelo seguinte esquema
(Figura 1):

O pesquisador criativo e auxiliado pelo método

técnicas-operacionais, de criatividade-habilidade com

científico testado – adequado à realidade

empenho e objetividade e de responsabilidade-
comprometimento das pessoas com a organização.
Mobilização, motivação e criatividade-habilidade das
pessoas são, entre outros, atributos (efeitos de causas, de
condições... que devem ser conhecidas para valorizá-las,
gerenciá-las) objetos de gestão, feita com base em Orientação:
Formas de pensar

manifestações (percepções, medições: são as causas) e Leigo  Operações lógicas na transição Eu acho que (....)
pelos fatores-e-condições que os determinam: é o intelectual: reflexão, crítica
conhecimento e “controle” dessas causas para se terem
os efeitos desejáveis como são os de desenvolver a Orientações:
capacidade de superar obstáculos, tensões, pela aplicação Qual é o problema? Respostas à
Técnica e perguntas que permitam
do pensamento lógico-racional, do pensamento científico identificá-lo, delimitá-lo em suas
com exeqüibilidade técnica-operacional para a solução metódica
dimensões de espaço, setores,
tempo, detalhes (...): causas
1 Quais são os objetivos gerais e
Em notas de rodapés se apresentam, além de esclarecimentos e
explicações curtas, de considerações que não devem ser incluídas específicos? Sujeitos afetados e
no texto para não interromper a seqüência lógica de idéias e de interessados na solução
informações bibliográficas para indicar fontes que possibilitem a
comprovação, conceitos e definições de complementação do texto. Orientações:
Entenda-se como organização a totalidade integrada de diversos, Quando, como, por que, que
por vezes diferentes, níveis de relações (interdependências, possíveis soluções, como se
associações, causalidades etc. entre suas partes) e de esforços que relacionam as variáveis / causas
tem por finalidade realizar propósitos coletivos. É formada pela (...) do problema. Respostas que
integração de pessoas, de máquinas e equipamentos, de recursos permitam definir hipóteses
financeiros e outros, de normas e diretrizes políticas. A naturezas científicas, testar – adequar os
Científica procedimentos científicos
das relações são dinâmicas e as estruturas são flexíveis, embora
estáveis. Esse entendimento de organização guarda e mantêm gerar informações e tecnologias
para novos conhecimentos e
estreita e direta relação com a metodologia de pesquisa não
inovações (...)
apenas porque a investigação tem sua origem em um sistema,
processo, resultado (...) da organização com um problema e a ela
retorna com uma solução, mas, porque a pesquisa se planeja, Figura 1. Formas de pensar com orientações técnico-científicas
cenariza e desenvolve na abordagem sistêmica, a mesma visão
que tem o conceito organização, onde o todo influencia suas
partes e as partes influenciam o todo.

EAC Garcia
As técnicas, como habilidades e destrezas ligadas a
determinada arte e/ou ciência, exigem percepções de
como se relacionam, estruturam, funcionam (...) as coisas
e que elementos, fatores, condições (...) devem ser
considerados para atingir um determinado propósitos: a
melhor representação, com dados consistidos, da
realidade, sem requerem necessariamente o
entendimento do porque. Os métodos são os
procedimentos (prescrições como as indutivas, dedutivas
e experimentais; conceitos, pressupostos e princípios dos
métodos científicos lógicos e sistemáticos para se fazer,
explicar, predizer algo). Entre as técnicas e métodos e o
proceder científico se encontram operações mentais
lógicas e do raciocínio que orientam a investigação para
se atingir determinados propósitos como os de berir
pessoas na organização.
A condição necessária para bem “gerir” pessoas na
organização é a descoberta, antecipação, valorização e
estímulo de seus atributos como os de mobilização,
motivação e criatividade-habilidade, conhecendo-as para
com elas saber trabalhar. Isto, porque a organização é
constituída, principalmente por pessoas e onde a vida
delas depende da organização e esta, por sua vez,
depende daquelas bem como de recursos não-humanos
como, p.ex., físicos e materiais, financeiros e
econômicos e tecnológicos, entre outros.
É nesse contexto que se destaca o papel da pesquisa e
seus métodos e técnicas para buscar e aplicar, com
consistência, “verdades científicas” como fundamentos e
sentido da mobilização; bases à sustentabilidade da
motivação; e qualidade à objetividade da criatividade-
habilidade das pessoas na organização.
A pesquisa para o desenvolvimento da organização
gera produtos-e-serviços para a inovação e informações
para tecer novos conhecimentos, permitindo transformá-
los em ação (aperfeiçoamento de habilidades) orientadas
para um desempenho desejado.
Para “assegurar” 2 o crescimento e o progresso
sustentáveis na organização é preciso desenvolver
abordagens sistêmicas e racionais para que as análises de
2
Palavras e frases entre aspas têm o sentido, neste livro, de
quanto possível.
2
decisões sejam consistentes (com a realidade) e
pertinentes, portanto, com melhorias de desempenho.
Conforme aumentam as pressões e as situações se
tornam complexas, o erro de decisões passa a ser cada
vez mais oneroso e cresce a necessidade para aumentar o
grau de “certeza” do sucesso das decisões antes que elas
sejam tomadas.
Buscar sempre a qualidade total propícia ao
“negócio” favorecido pelos atributos de mobilização com
sentido, motivação com sustentabilidade e criatividade-
habilidade com objetividade e manter – assegurar a
efetividade de resultados da gestão quando as pessoas
estejam suficientemente motivadas (porque são
dignificadas no trabalho, nas relações...), entusiastas
(porque com elas se compartilham ações
descentralizadas, promove-se o bem-estar e se busca a
satisfação respeitando as individualidades) e suas
habilidades-e-competências comprometidas com
objetivos maiores são, entre outras, condições
necessárias para que a organização possa enfrentar os
desafios e se ajustar – responder às profundas
transformações e para que possa identificar e se afinar à
complexidade do ambiente de negócio.
No ambiente dinâmico, de turbulências e incertezas 3
o gestor é “obrigado” a repensar e adequar
procedimentos e práticas gerenciais e a buscar
contribuições teóricas, apreciando-as criticamente,
conforme sejam as novas características e tendências de
ambientes e atores dominantes ou que influenciam
(possam influenciar) a organização.
Ao gestor é “imposto” perceber necessidades e fazer
mudanças – ajustes consistentes com as novas realidades
(tendências) de atores e ambientes, de ações e estratégias
(...) tais como:
a) De modelos, padrões e estruturas rígidas e
convencionais passar para processos (ação
continuada), critérios (maneira particular de avaliar
algo) e arranjos - acordos flexíveis e adaptáveis às
contingências “impostas” pelos novos ambientes e
3
No ambiente da organização a única certeza é a de mudanças
que poderão compreender poder, oportunidades, desafios ou, caso
no preparada e com habilidades necessárias para construir o
futuro, ameaças e perdas de competitividade.

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
atores e pelas ações - estratégias, posicionamentos e
circunstâncias de concorrentes, de mercados, de
instituições (...).
b) O gestor é pressionado a rever (ajustar e buscar
sempre a qualidade, reorientar em bases consistentes,
mudar quando necessário e sempre estar atento às
oportunidades, às ameaças) esquemas (modelos)
tradicionais de tomadas de decisões centralizados e
padronizados como, p.ex., os de contratação,
treinamento, alocação (...) de pessoas e propor
processos de análise decisórios descentralizados -
participativos e com critérios para que tais esquemas
possam ser ágeis, articulados – sinergizados,
consistentes e adequados. Adequados para atender, p.
ex., ‘reclamações’, orientações e tendências de novos
ambientes e atores, de mercados, da sociedade, do
meio ambiente (...) e de fatores e forças que devem
ser consideradas e com as quais a organização se
relaciona, exerce influência sobre essas forças e é
influenciada por elas.
Em quase todas essas “obrigações” e “imposições” ao
empreendedor, ao gestor, à organização (...), têm-se
fatores e bases fortes de sustentação às decisões em
estudos e pesquisas não apenas para estimular a inovação
aqui e ali, em um nível ou setor ou outro, para gerenciar
menos, porém melhor (...), para conhecer e quantificar o
progresso de esforços (...), mas para criar (incentivar,
fortalecer, orientar etc.) estruturas e condições de
melhorias contínuas e criteriosas; para avaliar-agir com
objetividade técnico-operacional e inovar com
efetividade e para descobrir, antecipar e aproveitar as
oportunidades em tempos de transição, de mudanças, de
incertezas que dominam o ambiente da organização e,
em particular, afetam, pelas tensões provocadas, às
pessoas.
No ambiente de negócio (sistêmico, dinâmico e de
incertezas), as inovações e os novos conhecimentos
gerados-disponibilizados com o método científico de
pesquisa apropriado à realidade, às condições -
possibilidades, devem ser generalizados (socializados
com a devida objetividade e confidencialidade, se for o
caso), estimulados-valorizados em todos os setores, sem
limites a não ser os impostos pela ética e a
responsabilidade social na inovação; interativados ou
3
potencializados por forças sinérgicas 4; e difundidos-
comunicados com eficiência e segurança: integridade e
disponibilidade.
O estudo de métodos e técnicas (metodologia) de
pesquisa desperta no profissional administrador e gestor
de pessoas a necessidade de se instruir para se educar
com novos conhecimentos e desenvolver habilidades
necessárias que lhe permitam perceber o fato (objeto,
condição, ameaça, ajuste-mudança etc.; o problema ou a
oportunidade) que é de interesse para o “negócio” e para
as pessoas e que, com freqüência, está “oculto”,
“exigindo” habilidades especiais como as técnicas
(síntese no como fazer), humanas (síntese na interação,
cooperação, participação, envolvimento para saber
trabalhar com / por pessoas) e conceituais (síntese na
percepção e visão para trabalhar com idéias e conceitos
que se relacionam com capacidades como as de pensar,
raciocinar, refletir, interpretar, agir...).
É importante saber “traduzir” o fato (problema ou
oportunidade para a pesquisa) em dados e informações
com qualidade e valor para o método científico testado e
adequado à realidade (problema ou oportunidade da
pesquisa) com o propósito de resolvê-lo (aproveitá-la).
Nesse processo, a metodologia oferece os meios para
gerar – aplicar soluções: superar estados de ignorância
(p.ex., com novas informações para novos
conhecimentos) e de atrasos tecnológicos (p.ex.,
inovações sustentáveis nas condições do cliente e seu
4
O conceito de sinergia entendida como a associação de dois ou
mais fatores, atores, condições (...) de um sistema para se ter um
resultado mais do que proporcional à soma das contribuições
individuais desses fatores, atores (caso da sinergia positiva); de
esforços simultâneos para potencializar o resultado conjunto; de
setores ou empresas associadas para obter um desempenho melhor
do que aquele demonstrado isoladamente (...) está relacionado a
um conceito mais amplo: o holismo. Segundo Smut, em sua obra
Holism and evolution (1926), trata-se “de uma unidade tão densa
e intensa que é mais do que a soma de suas partes, uma unidade
que mão apenas comunica uma estrutura ou uma conformação
particular às partes, mas as coloca em relação e as determina na
sua síntese, de tal forma que suas funções ficam modificadas; a
síntese afeta e determina as partes; por isso mesmo, o todo e suas
partes se influenciam e se determinam reciprocamente; essa
síntese entre o todo e suas parte se reflete no caráter holístico de
funções e do todo”

EAC Garcia
ambiente, da sociedade, das instituições) e melhorar
serviços.
Os estudos de métodos e técnicas de pesquisa
permitem vencer desafios ao potencializar a criatividade
em ambientes de tomada de decisões, em processos e em
resultados de acelerados ritmos de crescimento e de
complexidade ao compreenderem, nas ultimas décadas
do século XX e início do novo milênio, exigências como
as sociais e culturais (investigação social), econômicas e
de mercados (técnicas e métodos como os de cenários e
econométricos), ambientais (estudos com metodologias
apropriadas), legais (metodologia aplicada: disciplinar
atividade, processos, resultados, estados, funções etc.,
conforme prescrições normativas legais que cada caso
possa requerer), institucionais (estudos de organizações)
e da concorrência e globalização (estudos para agregar
valor e criar novas vantagens competitivas).
São tendências, nem sempre claras e/ou explícitas, no
sentido da complexidade de atores e ambientes que
afetam à organização e que se traduzem em aumentos
consideráveis de incertezas (maioria dos casos) e riscos
(em alguns casos) para as decisões, para a estabilidade da
organização, destacando a importância e necessidade da
preparação (competência) e do desenvolvimento de
habilidade–criatividade para percebê-las e estudá-las a
fim de incentivá-las e potencializá-las.
Como efeito dessas tendências que afetam à
organização, criaram-se necessidades de novas
informações para novos conhecimentos direcionados, em
parte, para identificar, delimitar e caracterizar novos
públicos a serem considerados ao planejar e avaliar
decisões, para tratar novos problemas como fusões,
políticas comerciais e transferência de tecnologias, entre
muitos outros.
Há certo reconhecimento, no início do novo milênio,
ainda que insuficiente em profundidade e limitado em
extensão, da necessidade, conveniência e oportunidade
da capacitação e do estímulo à criatividade para a
percepção-prospecção do fato que interessa à
organização, aos clientes (...) alvos de estudo e pesquisa;
para o planejamento e gestão estratégica de fatos
valiosos e interessantes; e para o planejamento e
implantação da pesquisa e a comunicação de seus
resultados relacionados com a solução de problemas
4
(aproveitamento de oportunidade) da gestão, em
especial, da gestão de pessoas. 5
A capacitação e, em especial, o estímulo e
valorização da criatividade do gestor, das pessoas
estimuladas, estão baseadas, em parte, em fatores com
fundamentos na abordagem científica da tomada de
decisões, tais como:
a) O aprimoramento de percepções de fatos – eventos,
atores, ambientes (...) com objetividade e de interesse;
traduzi-los em dados e informações com valores
capazes de permitirem se ter uma informação valiosa.
b) A disponibilidade de técnicas e métodos mais
avançados (porém com análise crítica e reflexiva:
teste e adequação, se necessária, à realidade) para
atender às necessidades de melhores e mais oportunas
informações.
c) A sobrecarga de dados-e-informações que precisam
de processamentos ágeis (segurança, confiabilidade,
integridade etc.) e de critérios de gestão desses ativos,
auxiliados pela moderna tecnologia da informação e
comunicação.
É oportuno destacar, ao tratar do estímulo e da
valorização da criatividade do pesquisador, do gestor, das
pessoas (...), algumas idéias que bloqueiam os processos
criativos, inventivos, de adaptação (...), entre outras
(alguns exemplos para reflexão) as seguintes:
 o que se espera é uma resposta certa (...) e errar é
errado; no sentido oposto: “errar é humano e (...)”;
 isso não é lógico..., está fora do modelo (...), não é de
interesse da organização;
5
Consistente com os conceitos ao longo do texto e à despeito de
informações apresentadas por obras de referência sobre o assunto,
sugere-se a gestão de pessoas não mais como um modelo, mas,
como processos adotados por uma empresa para gerenciar e
orientar os fatores e ambientes determinantes do comportamento
humano no trabalho, à luz de ambientes, “imposições” “respostas-
ajuste” etc., que a afetam. Para manter esses processos, a
organização se estrutura, em ajustes dinâmicos, com a definição
de princípios, estratégias, políticas, recursos e procedimentos –
práticas de gestão, por vezes singulares; isto, porque as
organizações são extremamente heterogêneas e diversificadas.
Mediante tais mecanismos, define e implementa diretrizes para
orienta estilos de atuação de seus gestores em suas relações com
as pessoas, sendo para casos particulares não há manuais.

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
 conheça as regras, as normas (...) e siga-as porque
isso é suficiente;
 seja prático e evite a ambiguidade;
 nunca foi feito dessa forma;
 não está previsto e não há tempo para isso (...);
 é certo na teoria, mas será que funciona na prática?
“Métodos e técnicas de pesquisa: aplicação na gestão
de pessoas” tem como público-alvo o profissional
interessado na integração (p.ex., recrutamento, seleção e
treinamento) e no bem-estar (p.ex., desenvolvimento
humano, motivação, satisfação e avaliação) das pessoas
no contexto da organização, incitando-o para reflexões e
análises críticas na construção de um futuro tanto para as
pessoas como para a organização.
Consistente com essa reflexão e pensar crítico e pela
introdução aos procedimentos, técnicas e métodos
apresentados e ilustrados no texto, tem-se os objetivos:
a) Provocar a geração de idéias que pessoas criativas
(toda pessoa, em determinado campo, é criativa; pode
ser criativa), motivadas (toda pessoa pode ser
motivada, dependendo da forma e da força causal ou
do estímulo que se aplique) e auxiliadas (o método
científico, quando devidamente entendido e adequado
às condições da realidade, é alavanca) possam ter para
que, com as devidas orientações (p.ex., as
provenientes da gestão de pessoas; ver nota de rodapé
5) tais idéias tragam contribuições práticas e úteis.
b) Apresentar conceitos, procedimentos, técnicas e
métodos científicos (nível preliminar ou introdutório)
de investigação para iniciar o desenvolvimento
consciente de competências e de habilidades de
investigação aplicada na gestão de pessoas.
Com esse início de capacitação se busca abrir novas
oportunidades para o profissional se engajar em
ambientes de competição caracterizados pela
necessidade de reduzir custos sem afetar, de forma
negativa, a qualidade de processos e resultados, e de
atender clientes cada vez mais exigentes e
conscientizados, entre outros desafios dessa gestão.
Para aproveitar oportunidades no campo da
investigação é preciso ampliar (em extensão e
5
profundidade), consolidar – integrar (teoria e prática) e
atualizar a base de conceitos, técnicas e métodos
científicos apresentados nesta obra, para fazer estudos
necessários na tomada de decisões; para julgar-avaliar e
favorecer propostas de pesquisa com qualidade e com
possibilidades de que tais atividades e seus resultados
venham à auxiliar, com efetividade e oportunidade, à
tomada de decisões de gestores.
À gestão de pessoas cabe descobrir (antecipar)
habilidades e competências das pessoas na organização,
potencializando-as – sinergizando-as (...) com adequadas
ações e estratégias de treinamento, desenvolvimento e
avaliação, com notáveis “externalidades” positivas, tanto
para a organização como para as pessoas. Tais
descobertas (antecipações) podem ocorrer com base em
estudos e pesquisas planejadas e direcionadas para tais
propósitos.
As ferramentas para descobrir o que as pessoas
podem criar e, quanto possível, gerenciá-las pela
administração de causas e/ou condições da criatividade,
fundamentam-se em conceitos, processos, técnicas e
métodos para “buscar” determinadas “verdades” que são
contingenciais, legitimas em um contexto, verificáveis
em determinadas condições e sempre comunicáveis (...).
Essas características do conhecimento científico se
colocam em evidência na gestão, determinando-a como
um processo (ver nota de rodapé 5).
Na análise da criatividade individual é necessário
levar em consideração as relações que a pessoa criativa
estabelece com as outras (p.ex. na cultura e ambiente
organizacional), mediadas pelas possibilidades e limites
sociais, culturais, além de fatores cognitivos ou
intelectuais individuais.
Dessa forma entendida, a criatividade não se limita a
um dom inato, pois a capacidade de criar é, também, o
resultado do processo de aprendizagem. A gestão deve
favorecer, estimular, valorizar e conduzir (integrar o
resultado) esse processo para fins práticos e úteis
compartilhados: organização e pessoa criativa.
No livro são destacados dois conjuntos de
informações: conceitos básicos complementados com
alguns poucos exemplos de filósofos das ciências e da
pesquisa com suas principais etapas, incluindo aspectos

EAC Garcia
como os de prospecção e sistemas – simulação, sem
preocupação formal e estrita com demonstrações de
fórmulas e modelos, mas, somente considerando
pressupostos e condições de aplicação de técnicas e
métodos científicos de investigação. Essa consideração é
condição necessária para incitar à reflexão e à busca de
meios teóricos apreciados de forma crítica.
Na parte relativa aos conceitos básicos na
investigação se apresentam:
a) Síntese histórica e evolução das ciências, seus
métodos e da pesquisa, seus procedimentos; nessa
síntese se indica o caso de um teórico e filósofo da
administração (pai da administração moderna).
b) Observação na perspectiva técnica e científica; dado
como um registro objetivo e intencional; informação
com seus atributos de qualidade para tecer novos
conhecimentos; e conhecimento, tipos de
conhecimentos e suas principais características.
c) Ciência e tecnologia na gestão de pessoas;
desenvolvimento e outros conceitos relacionados.
d) Elos a destacar – fortalecer com “outros” módulos da
gestão de pessoas, tais como: procedimentos e
técnicas na ética, na administração de recursos
humanos (RH), na caracterização e melhoria de
ambiente cultura–mudança organizacional; e na
estratégia de motivação das pessoas.
e) Normatização e segurança da informação: pontos
principais da NBR - ABNT / IEC 17799: 2005.
A segunda parte apresenta conceitos, técnicas e
métodos de pesquisa e do projeto de pesquisa. Nas fases
do projeto de pesquisa se indicam e ilustram os seguintes
tópicos:
a) Planejamento, ambiente e prospecção; técnicas de
cenários aplicados na pesquisa e na gestão, com viés
para a gestão de pessoas.
b) Notável destaque à definição do problema para
pesquisa dada sua importância e a omissão do tema
na maioria dos textos, colocado como uma pergunta.
c) A “tradução” do problema para investigação de um
ambiente, setor (...) em problema da ciência,
problema do método científico.
6
d) Hipóteses e suas funções na pesquisa; ilustrações e
estudos de casos.
e) Objetivos e alinhamentos com as hipóteses e as
causas do problema.
f) Revisão de literatura (sistematização / ABNT, ISO).
g) Técnicas e métodos de obtenção do dado com valor
e o tratamento com o método científico.
A principal característica do livro é a forma ilustrativa
e exemplificada utilizada para apresentar conceitos,
procedimentos, técnicas e métodos procurando, com isso,
facilitar o entendimento e a adequada aplicação dos
mesmos.
Há um aspecto importante a destacar na apresentação
de assuntos teóricos, relativo aos pressupostos e
condições de aplicação de técnicas e métodos.
O conhecimento da teoria e da prática é necessário
para a reflexão e para a crítica do arcabouço
metodológico com vistas à adequação de sua aplicação
em determinada realidade, condições, propósitos (...).
Está implícito o conhecimento desses fatos, da realidade,
das condições, dos propósitos (...). Contudo, essas
condições devem ser claramente definidas tanto como
referências do que se pretende mudar com a pesquisa
como o outro lado a confrontar com a teoria; daí a
importância, com destaque, da definição do problema
para pesquisa.
Outro aspecto a destacar é o claro viés em ilustrações
e exemplificações de conceitos teóricos, para assuntos ou
temas da gestão de pessoas procurando, dessa forma,
abrir canais de integração multidisciplinar nessa área do
conhecimento.
É necessário repetir, para evitar enganos, que o nível
de apresentação de temas teóricos da metodologia de
pesquisa é apenas introdutório, suficiente para incitar à
reflexão e crítica, para iniciar o assunto de pesquisa em
gestão e para buscar informações de complementação -
ampliação de conceitos, técnicas e métodos de pesquisa.

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
2 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DAS
CIÊNCIAS: EXEMPLOS
A administração e em particular a gestão de pessoas
com suas técnicas e métodos, são disciplinas
relativamente recentes que surgiram no século XX como
o resultado de processos históricos pelas contribuições e
integrações de idéias de muitos filósofos das ciências.
Dessa forma, a gestão de pessoas utiliza conceitos,
procedimentos, técnicas e métodos de outras disciplinas
como a matemática e estatística (p.ex., na síntese e
análise de dados) e das ciências humanas (p.ex., da
sociologia, psicologia, pedagogia, direito e economia).
Há, contudo, referências pré-históricas no Egito 6 e na
Mesopotâmia, entre outras culturas da Antigüidade, de
administradores capazes de planejar o orientar esforços
de milhares de pessoas na construção de obras
monumentais como as pirâmides. Na China, conforme
escritos de Confúcio, há sugestões para a boa prática da
administração pública
Informações sobre a história, a evolução e
contribuições de pensadores e de filósofos das ciências
ao método científico e às ciências podem ser encontradas
em Garcia (2006), “Orientações (...)”, o documento
consultado para fazer esta síntese e que contém
desdobramentos de aspectos do método científico.
A parte que segue ilustra com uns poucos casos cinco
períodos da história e evolução das ciências.
6 conhecimento (em particular da lógica) como da validade
Conforme menções de autores feitas por Chiavenato (2003, p.
27; complementado), o Egito mostrou a necessidade de planejar,
organizar e controlar (4000 a.C.) atividades; de descentralizar a
organização (2600 a.C.); de utilizar consultorias (2000 a.C.) e de
registrar ordens por escrito (papiro) e da importância da
organização e da administração da burocracia pública (1300 a.C.).
Na Babilônia se destaca o código de Hamurabi, com 282 leis
abrangendo quase todos os aspectos da vida para disciplinar a
economia e garantir, entre outros, o regime de propriedade; era
baseado nas Leis de Talião (“olho por olho e dente por dente”:
todo criminoso deveria ser punido de forma proporcional ao delito
cometido) para organizar e controlar a sociedade; estabeleceu um
salário mínimo, incentivos salariais e o calendário para controlar
atividades agrícolas em função das cheias do rio Eufrates.
7
2.1 Período clássico antigo (Séculos V e
IV a.C.)
O período clássico antigo se caracterizou pelo
desenvolvimento cultural e científico. Foi a época dos
sofistas que defendiam a educação para a formação.
Desse período se exemplificam os seguintes filósofos das
ciências.
Sócrates (469 / 470 - 399 a.C.). Nasceu e morreu em
Atenas. Desde sua juventude
tinha o hábito de debater e de
dialogar e, ao contrário de
seus predecessores, não
fundou uma escola,
preferindo realizar seu
trabalho em locais públicos.
Nada escreveu e as
informações que se tem são,
em grande parte, de seus
discípulos como Platão.
Foi o fundador tanto da
ciência em geral, associando o conceito conhecimento ao
de virtude (e de ignorância ao de vicio) como, em
particular, da ciência moral (conceitos como os de ética e
ação racional). Deu início ao pensamento e à reflexão
sobre o homem, buscando entender o funcionamento do
Universo dentro de uma concepção científica, associando
a verdade ao bem moral do ser humano
Apesar da ênfase na filosofia moral, as discussões
socráticas foram esclarecendo tanto questões formais do
de seu conteúdo, isto é, do gnosiológico.
O fundamento do método socrático para a prática da
ciência tinha sua base no contínuo fluxo das coisas e na
variabilidade das impressões sensitivas de indivíduos em
constantes transformações: seriam os fatos da realidade
objetos da ciência. Definia o objeto da ciência como algo
que não é sensível, nem particular e individual, mas,
inteligível, um conceito ou uma idéia geral mediante um
processo dialético: era o método da indução ou
generalização que levaria o indivíduo (o singular) à
 8

EAC Garcia

noção universal capaz de gerar um resultado: único, Platão afirmava que a ciência é objetiva e a realidade
possível e com finalidade prática e moral (bem-estar). corresponde ao conhecimento científico; mas, entre elas
existem conflitos, pois, de um lado se tem o indivíduo
Parte do pensamento socrático que reflete a concepção
transitório e contingente; do outro, os conceitos que são
em relação à administração se encontra na discussão
universais e perenes. Imaginava que deveria existir um
como Nicomaquis: 7
outro mundo, o das idéias. Estas não poderiam
“Sobre qualquer coisa que um homem possa presidir, representar simples formas abstratas do pensamento, mas,
ele será, se souber do que precisa e se for capaz de realidades objetivas mediante os atributos dos conceitos.
provê-lo, um bom presidente, quer tenha a direção de As coisas percebidas não poderiam constituir a
um coro, uma família, uma cidade ou um exercito. verdadeira realidade contida na idéia eterna, única e
Não é também uma tarefa punir os maus e honrar os imutável.
bons? Portanto, Nicomaquis, não desprezeis homens
hábeis em administrar seus haveres....”. A teoria das idéias de Platão se aproxima, em vários
pontos, à teoria do conhecimento e a uma concepção
moderna do mundo.
Platão (Aristócles) (427 – 347 a.C.). Nasceu na Suas contribuições à administração se encontram em
pólis de Atenas de família sua obra A República; nela, expõe suas idéias sobre a
aristocrática, nobre e antiga. forma democrática de governo e de administração dos
Escritor prolífico no estilo de negócios públicos. Destaca-se, para reflexão, o mito da
diálogos. Foi o mais assíduo e caverna; a caverna é a realidade sensível com suas
fiel discípulo de Sócrates. coisas; o mundo exterior como sendo o mundo
Fundou uma escola de filosofia verdadeiro, inteligível ou das idéias, sintetizado no
nos jardins de Academus. Seu seguinte esquema:
método de investigação foi a MUNDO SENSÍVEL MUNDO INTELIGÍVEL
dialética, com o sentido de
(realidade aparente) (“realidade” verdadeira)
conferir e se entender com
alguém. O ponto de partida de Sombras Coisas reais Obj. matemático idéias
sua pesquisa filosófica foi a maiéutica socrática. Conjetura Crença Discurso Visão noética
A filosofia platônica da ciência tinha como ponto de
partida, entre outros, o conceito como sendo o objeto da
ciência, desenvolvido ao relacioná-lo com a realidade, até
Aristóteles (384 - 322
chegar à teoria das idéias. Como o mundo estava em
a.C.). Nasceu em Estagira,
constantes mudanças, parecia que não poderia ser objeto
Calcídica, norte de Grécia, na
de conhecimento científico.
corte de Macedônia. Estudou
Foi Platão o primeiro a elaborar uma estrutura de na academia de Platão da qual
pensamento sobre o conhecimento; essa tem sido uma foi membro durante 20 anos.
constante na cultura ocidental, cercada de grande Fundou o Liceu, uma
ceticismo o que levou filósofos das ciências, entre outros, instituição dedicada à pesquisa
Descartes, Kant e Hegel, a buscar um método para especulativa e às ciências
estabelecer a verdade do conhecimento científico. (lógica e epistemologia). Com
ele a filosofia grega atinge sua
plena e total maturidade. Foi o
filósofo logicista e o cientista com maior influência no
7
Influências históricas na administração. Disponível em: < aperfeiçoamento e evolução da cultura ocidental.
http://www.professorcezar.adm.br/Textos?
InfluenciasHistoricasAdm.pdf...>. Acesso em: 14 agosto 2006.

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
Aristóteles considerava a investigação científica
como a passagem (progressão) de observações para
princípios gerais, com retorno às observações.
Nesse processo, o cientista deveria inferir princípios
explicativos a partir de fenômenos a serem explicados e,
depois, deduzir enunciados dos fenômenos com base em
premissas compostas por esses princípios, conforme se
indica a seguir:
indução
a b Princípios explicativos
Observações
c Tido como precursor do espírito científico do
dedução
Aristóteles estabeleceu um sistema lógico que se
tornou a base de estudos de lógica, de investigação, da
ciência (...) até o século XIX. Entendia a lógica como um
tipo de ferramenta geral para estudo e aquisição do
conhecimento. Seus escritos sobre o assunto são
conhecidos como Organum, instrumento do
pensamento, depois com a denominação de lógica. Esse
instrumento compreende regras do pensamento correto
de modo a garantir o rigor da demonstração, da
argumentação (...): o silogismo: dada certa premissa,
extrai-se uma conclusão conseqüente e necessária, por
médio das premissas dadas.
Suas contribuições à administração se encontram na
sua obra Política, que trata sobre a organização do
Estado, diferenciando três formas de administração
pública:
a) a monarquia: redunda em tirania;
b) a aristocracia: governo de uma elite;
c) democracia: o governo do povo.
9
2.2 Período do pensamento medieval
(Séculos V e IC a.C.)
Na Idade Média a Igreja Católica serviu de referência
para quase todas as idéias discutidas na época, sem a
participação da população, uma vez que tais discussões
ocorriam, com freqüência, em mosteiros de ordens
religiosas que tinham, sem acesso à população, os
documentos “científicos”.
Desse período são exemplificados apenas dois
filósofos das ciências.
Roger Bacon (1214-1294). Nasceu em Iichester,
Inglaterra. Estudou nas universidades de Oxford e Paris.
pensamento moderno por
defender, entre outros
conceitos, a importância da
matemá-tica na
fundamentação da ciência
natural e valorizar o papel da
experiência na ciência. Viveu
um período de grande influxo
da cultura muçulmana na
Europa sendo influenciado
por ela. Defendeu a idéia de que a autoridade religiosa
não devia ser seguida acriticamente. Criticou os
procedimentos metodológicos utilizados pelo clero e
colocou como principal fonte do conhecimento os Livros
Sagrados,
É considerado um dos pensadores mais importantes
da escolástica tardia com notáveis contribuições. É
considerado precursor do empirismo moderno ao
defendê-lo como forma de validação do conhecimento
nas ciências naturais.
Foi propagador do conceito de leis da natureza e fez
notáveis contribuições científicas em áreas como
filosofia, mecânica, geografia e, em especial, ótica;
outras áreas foram, também, objetos de estudos, tais
como a matemática e as línguas. Propôs a reforma do
calendário; fez experiências de óptica e de propagação da
força; anteviu as propriedades das lentes convexas, que
poderiam se transformar em telescópio ou microscópio;

EAC Garcia
as conseqüências práticas do uso da pólvora; os navios
de propulsão mecânica e a possibilidade de vôo de
engenhos mais denso que o ar.
William de Occam / eliminados. Estabelecer o simples não deve ser
Guilherme de Ockham (1285 –
1350). Nasceu em Ockham,
Londres, Inglaterra. Foi o mais
influente filósofo do séc. XIV e o
representante mais eminente da
escola nominalista (séc. XI e XII).
Ingressou na ordem Franciscana;
estudou na Universidade de Oxford
e ensinou filosofia e matemáticas. Defendeu o poder
leigo e a racionalidade, antecipando-se as tendências de
secularidade dos tempos modernos. Estabeleceu, como
princípios, que “as entidades não devem ser
multiplicadas além do necessário” e “se duas hipóteses
explicam os dados com igual eficiência, deve prevalecer
a mais simples”. Estes princípios, entre outros, são
conhecidos como a a navalha de Occam.
A Navalha (ao cortar excessos desnecessários em uma
argumentação, de uma explicação...) de Ockham
(conhecida, também, como Lei da Parcimônia e
Lâmina de Occam) estabeleceu, entre outras
proposições que se aplicam à pesquisa, as seguintes:
a) É desnecessário fazer com mais o que se pode fazer
com menos. Na pesquisa com qualidade, racionalidade
e efetividade em seus resultados o princípio pode ser
interpretado como planejar e buscar apenas as
informações necessárias para se atingir certos
propósitos. O excesso de dados, de explicações (...)
leva à ineficiência e poderá ocultar explicações
valiosas.
b) O essencial não deve ser multiplicado sem
necessidade. Na pesquisa pode ser visto como
complicar situações por vezes complexas, tornando-as
inexplicáveis. Neste sentido, expressou idéias
interessantes, tais como: “há certo receio (...) de que
algumas coisas não são feitas para serem conhecidas e
algumas inquirições são muito perigosas (...); todas as
pesquisas acarretam elementos de risco (...); o melhor
meio de evitar abusos e incompreensões é tornar a
sociedade cientificamente informada a fim de que
10
compreenda as implicações de tais investigações”.
c) Quando existem várias formas, igualmente válida,
para explicar um mesmo fato, a mais certa é a mais
simples. Nesta proposição é necessário diferenciar
simples de simplismo em que fatores essenciais são
interpretado como a diminuição da variedade nem a
redução da entidade até torná-la inadequada,
simplista. Tampouco deve ser colocado no outro
extremo, o da complexidade, em que o real é um todo
indissociável contraposto à causalidade, em atrito com
o conhecimento que só poderia ser obtido pelo uso da
razão pura.
Entre os muitos aspectos que a Idade Média trouxe e
deixou, além de um grande e inigualável acervo de obras
de arte, um é destacado nestas “Orientações (...)”: a
lógica moderna com novos fundamentos da matemática;
novas teorias de lógicas não-clássicas, baseadas em
linguagens mais ricas em formas de expressão, com
novos princípios e semânticas distintas. Da Idade
Moderna e seus pensadores, trata-se na próxima seção,
com alguns poucos exemplos.
2.3 Filósofos – cientistas da Idade
Moderna
Não é clara a definição de quando terminou a Idade
Média e quando começou a Idade Moderna; há, contudo,
uma data que é considerada pelos historiadores como
referência simbólica da passagem de uma idade para a
outra. Essa data é o ano 1453 que marcou a queda do
Império Romano do Oriente.
Em torno dessa data se registraram fatos da passagem
de uma para outra idade, tais como, descobertas do
Renascimento que marcaram um novo pensamento e um
novo saber não mais contemplativo baseado em
conceitos e princípios, mas, um saber científico derivado
da própria realidade observada e submetido à
experimentação, com resultados voltados para realidade.
A transição da Idade Média para a Idade Moderna,
com importantes movimentos intelectuais que
preconizaram a recuperação dos valores e modelos da
Antigüidade greco-romana, contrapondo-os à tradição
 11

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

medieval ou adaptando-os a ela. Dentre esses solar antevisto por Aristarchus de Samos), a concluir que
movimentos se destaca o Renascentismo. Nele, os planetas e o Sol não se movem ao redor da Terra.
renovaram-se não apenas as artes plásticas, a arquitetura
Segundo a teoria heliostática, o Sol é o centro do
e as letras, mas, também, a organização política e
sistema solar e das órbitas dos planetas que giram em
econômica da sociedade. Naquele período Johannes
torno dele; o movimento da rotação da Terra sobre seu
Gutenberg inventou a imprensa de tipos móveis que
próprio eixo é o que dá origem a sucessão de dias e
permitiu a leitura de autores – filósofos, como os gregos.
noites.
A divulgação por esse meio foi feita, em parte, pelos
Foi o primeiro a posicionar, de maneira correta, Vênus
estudiosos migrantes para o Ocidente, após a captura de
e Mercúrio (mais próximos do Sol e com movimentos
Constantinopla pelos turcos. Outro fato importante que
mais rápidos), estabelecendo a ordem e distância dos
deve ser destacado foi a descoberta da América, com
planetas conhecidos.
suas civilizações. Na astronomia, o Renascimento teve
sua principal contribuição com as obras de Galileu, Na comprovação dessa teoria criou, para a física
dando início a uma nova forma de estudar e de experimental, um novo método, o método experimental,
compreender a natureza em dois sentidos: com a concepção matemática da natureza, uma idéia
defendida pelos pitagóricos, mas, com novas
a) Em primeiro lugar, buscar a autonomia da ciência,
contribuições, hipóteses e alteração de várias teorias
desligando-a da teologia e da tradição aristotélica,
astronômicas dos gregos.
conforme consta na obra de Galileu Diálogo dos
grandes sistemas.
b) Em segundo lugar, aplicar um novo método, o Francis Bacon (1561 – 1626). Nasceu em Londres.
método experimental adequado a realidade para Estudou na Universidade de
chegar ao conhecimento científico, com um Cambridge quando não apenas
resultado diferente daquele encontrado na ciência descobriu como também
tradicional. adquiriu aversão ao pensamento
Dessa Idade se exemplificam, a seguir, uns poucos de Aristóteles. Ao mesmo
casos filósofos - cientistas. tempo percebeu as mudanças;
dizia, “a técnica mudará o
mundo”. Começou como
político e jurista. É considerado
Nicolau Copérnico /
o precursor do método
Mikolaj Kopernik (1473 –
científico moderno, não pelos resultados empíricos de
1543). Nasceu em Torun (Thorn),
seus trabalhos, mas, pela montagem que fez do método
Polônia, em família de
para fazer pesquisa científica, sem ser um cientista (era
mercadores e funcionários que
advogado). Fundou a lógica moderna baseada nos
dava grande importância à
métodos experimental e indutivo; apontou erros como os
educação. Foi influenciado pelo
de generalizações precipitadas e observações difusas –
Renascentismo e beneficiado pela
fragmentárias e mostrou a preocupação prática de se
Igreja Católica por ser monge.
separar experimentalmente o que é essencial do que é
Estudou nas Universidades de
acessório.
Cracóvia e Bolonha.
O método científico, segundo F. Bacon, devia
Copérnico é tido como o fundador da astronomia
compreender: a observação; a experimentação, de tal
moderna por ser o primeiro (reviveu o modelo
forma que outros pesquisadores pudessem repeti-la; a
heliocêntrico, com base em experimentos, do sistema
formulação de hipótese, com base na observação e

EAC Garcia
experimentação e com a aplicação do teste; e as
generalizações e leis científicas.
Antecipou-se ao princípio conhecido em
administração como princípio da prevalência do
principal sobre o acessório.
Galileu Galilei (1564 – 1642). Nasceu em Pisa,
Itália. Começou seus estudos em
um mosteiro florentino. Estudou
na Universidade de Pisa medicina
e filosofia aristotélica. Foi músico,
matemático, astrônomo e físico. É
considerado o criador do método
experimental. Na introdução ao
método científico ressaltava o
valor da experimentação como o
mais importante procedimento a ser seguido nas ciências
naturais; dizia: “não basta acompanhar os fatos, é
necessário modificá-los para entender como acontecem”.
A maior contribuição de Galileu à metodologia
científica foi a integração das investigações teórica e
experimental em um todo (único) sem que, ao colocar o
experimento como base do conhecimento científico,
menosprezasse o papel da teoria. Outra importante
contribuição foi a introdução da matemática na prática da
investigação científica.
O método de investigação proposto por Galileu pode
ser sintetizado como segue:
a) a partir de dados da investigação e de experimentos
iniciais se cria o modelo ideal que será implantado;
b) mediante repetições de experimentos se obtém
valores médios [das variáveis em estudo] tendo em
conta as correções e os fatores de perturbação;
c) os valores obtidos de experimentos repetidos são as
referências para formular hipóteses matemáticas a
serem testadas; são as bases da inferência feita
mediante raciocínios lógicos;
d) as conseqüências [das inferências] serão testadas por
outros experimentos como forma de confirmação
indireta da hipótese adotada.
12
Afirmava que a lógica dedutiva podia ensinar se os
raciocínios e demonstrações eram ou não conclusivas,
mas, não permitiria encontrá-los; apenas a demonstração
rigorosa tomando como modelo a matemática.
René du Perron Descartes / Renato Cartesius
(1596 – 1650). Nasceu em La Haye, Touraine, França.
Estudou em colégio jesuíta e apesar de ter privilégios e
apreço de seus professores se
declarou, em sua obra o
Discours de la méthode pour
bien conduire sa raison et
chercher la verité dans les
sciences / Discurso sobre o
método, decepcionado com o
ensino e com o método
utilizado. Afirmava que a
filosofia escolástica não
conduziria a nenhuma verdade
indiscutível.
É considerado o primeiro filósofo moderno, precursor
do iluminismo e a ele se atribuem notáveis contribuições
à ciência como destaque, nesta síntese, para o método
científico, método cartesiano, afastado, quanto possível,
do subjetivismo. Afirmava que o critério que permitiria
confundir o falso do verdadeiro era a evidência.
O método de Descartes seria universal tendo como
lógica, não formas de silogismos na época dominantes,
mas, regras para guiar a razão necessária na investigação
e descobertas de verdades, com as seguintes regras e seus
três componentes inseparáveis:
a) A primeira regra é a evidência: não admitir uma
coisa como verdadeira se não for reconhecida
evidentemente como tal. Significa evitar toda
"precipitação" e toda "prevenção" (preconceitos) e só
ter por verdadeiro o que for claro e distinto, aquilo da
qual não se tenha a menor indecisão; “é a evidencia
que salta aos olhos, é o que não se pode duvidar,
apesar de todos os esforços nesse sentido, é o que
resiste a todos os assaltos da dúvida, apesar de todos
os resíduos; é o resultado do espírito crítico”.
b) A segunda regra é a análise de dificuldades
(problemas) da investigação. Consiste em dividir cada

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
uma das dificuldades em tantas partes quantas forem
possíveis. Dividir todos os problemas em tantas partes
quantas sejam necessárias para resolvê-los
adequadamente.
Não aceitar que um todo possa ser compreensível
como uma totalidade orgânica que supera a simples
soma de suas partes constituintes.
Contudo, negligenciava o sistema e destacava a inter-
relação lógica das partes como base para a
compreensão do todo. Essa ênfase analítica levou a
fragmentação característica da especialização.
c) A terceira regra é a síntese: ordenar os pensamentos,
começando pelos objetos mais simples e mais fáceis
de conhecer para, aos poucos, ascender, como que por
meio de degraus, aos objetos mais complexos; é a
regra de (re)agrupar as unidades estudadas em um
todo, da ordem do raciocínio a iniciar com os
elementos ou partes mais simples e de fácil
compreensão para, de maneira gradativa, ascender no
conhecimento do mais complexo.
d) A quarta regra é a dos desmembramentos [e
integrações] tão complexos (...) a ponto de estar certo
de nada ter omitido; é a enumeração ou relação
completa, concisa e geral para se ter a “segurança” de
que todas as conclusões e princípios foram utilizados
para manter a ordem do pensamento; realizar revisões
periódicas de maneira cuidadosa.
e) Os componentes do método são: todo problema
científico se reduz a um problema formulado em
termos matemáticos; todo problema matemático se
reduz a um problema algébrico; e todo problema
algébrico se reduz à solução de uma única equação.
O método cartesiano teve grande influência na
administração.
Vários princípios da administração moderna como os
de divisão do trabalho (a tendência à análise e à divisão),
da ordem e do controle, entre outros, estão contidos nos
princípios cartesianos e dominaram rumos da
administração até a década de 1990.
13
Isaac Newton (1642 - 1727). Nasceu em
Woolsthorpe, Lincolnshire, Inglaterra no mesmo ano em
que Galileu morreu. Estudou na Universidade de
Cambridge filosofia,
matemática e geometria
analítica, sendo influenciado
por Copérnico, Galileu e
Kepler, entre outros. O
cientista mais conhecido como
físico e matemático.
Newton é considerado o
fundador da mecânica clássica
e um dos precursores do
iluminismo ou do movimento cultural que se
desenvolveu na Inglaterra, França e Holanda, no século
XVII e XVIII, com ideais como as de liberdade política e
econômica, precursoras de grandes movimentos.
Os princípios matemáticos da filosofia natural podem ser
sintetizados como segue:
a) As leis do movimento, que deram uma explicação
completa ao movimento e à forma como as forças
atuam, sintetizadas como segue:
a.1) Primeira lei: todo corpo continua em seu estado
de repouso ou de movimento uniforme em linha
reta, a menos que seja forçado a mudar esse estado
por forças que atuam nele. A inércia: em ausência
de forças externas, um objeto em repouso
permanece em repouso e um objeto em movimento
permanece em movimento, ficando em movimento
retilíneo e com velocidade constante; é a
propriedade do corpo de resistir à mudança cuja
medida é o momentum definido como proporcional
à sua velocidade.
a.2) Segunda lei: a alteração do movimento é sempre
proporcional à força motriz aplicada e ocorre na
direção da linha reta da força aplicada. A força que
relaciona a mudança de velocidade do objeto com a
força aplicada sobre ele; a força líquida aplicada a
um objeto é igual à massa do objeto multiplicado
pela aceleração, na mesma direção, causada ao
corpo por essa força.
a.3) Terceira lei: para cada ação há uma reação igual
e contrária (as ações mutuas de dois corpos um no

EAC Garcia
outro são sempre iguais e em direções contrárias),
com diversos corolários. A ação e reação podem
explicar o movimento dos planetas em torno do Sol,
assumindo a hipótese de uma força dirigida ao Sol
que produz uma aceleração capaz de forçar a
velocidade do planeta a mudar de direção
continuamente, baseada no movimento da Lua em
torno da Terra. Nela, combina-se sua lei de
aceleração centrípeta às leis de Kepler da
aceleração em órbitas circulares e à lei de
aceleração do holandês Christiaan Huygens.
b) Regras (método de investigação) para o estuda da
física.
b.1) Primeira regra. Não admitir mais causas para os
fenômenos naturais do que aquelas verdadeiras e
suficientes para explicá-los; por isso, diz-se que a
natureza não faz nada em vão, e mais terá sido feito
em vão quando menos útil for; essa proposição
remete à simplicidade e a evitar causas supérfluas.
b.2) Segunda regra. Aos mesmos fenômenos
naturais, devem-se, na medida do possível, atribuir
as mesmas causas.
b.3) Terceira regra. As qualidades dos corpos que
não são susceptíveis de aumento nem diminuição e
que pertencem a todos os corpos com os quais se
podem realizar experiências, devem ser
consideradas qualidades universais.
b.4) Quarta regra. Na filosofia experimental as
proposições obtidas por indução dos fenômenos
quando contrariadas as hipóteses, devem ser
consideradas exatas (muito próximas), até que se
apresente outro fenômeno mediante o qual estas
proposições possam ser confirmadas ou rejeitadas.
c) A metodologia de investigação de Newton pode ser
sintetizada pelos seguintes passos:
c.1) A observação da realidade.
c.2) A experimentação cuidadosa de seu
comportamento, feitas mediante induções gerais
com o propósito de estabelecer uma lei ou
hipótese.
Uma vez enunciada essa lei ou hipótese geral se
aplica para uma situação particular, deduzindo-se
14
matematicamente o comportamento dos objetos da
realidade em cada caso. Os dados são testados
mediante procedimentos dedutivos, com base nos
dados de observações e experimentações e as
proposições iniciais de leis ou hipóteses. O
procedimento se repete um considerável número
de vezes particulares e se os resultados são
coerentes, aceita-se a hipótese até descobrir um
caso de rejeição.
David Hume (1711 - 1776). Nasceu em Edimburgo,
Escócia, Inglaterra. Muito jovem
e sob a influência de filósofos
como Cícero, Virgílio e
Horácio, esboçou sua obra o
Tratado da natureza humana,
com severas críticas à metafísica
tradicional. Ao ser admitido na
Universidade de Edimburgo, na
idade de 12 anos, descobriu
“uma insuperável aversão por
tudo, exceto pela investigação filosófica e pelos estudos
clássicos”.
Enunciou no Tratado da (...) importantes conceitos
sobre a forma de falar, quando assim se expressou:
“todos os objetos da razão ou da investigação podem
dividir-se em dois: relações de idéias [toda afirmação que
é intuitivamente demonstrável, como na geometria,
álgebra, aritmética] e questões de fatos [não são
determinadas do mesmo modo que no caso anterior;
apenas como possibilidade]”.
Acreditava que as impressões (mais vividas) e as
idéias (retidas na memória na ordem em que elas
ocorrem, sendo reorganizadas pela imaginação) podem
ser tanto simples quanto complexas, sendo que todas as
idéias simples são derivadas de impressões simples. As
impressões causam idéias, porém as idéias não causam
impressões. Era a não justificativa lógica da indução,
ainda que se verifique certa justificativa pragmática;
significa fazer induções porque, mesmo que não tenham
justificativa lógica, em geral dão certo.
Hume depois escreveu Ensaios morais, políticos e
literários. Neles, defendeu a idéia de tudo o que o

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
homem sabe procede da experiência. Mostrou que um
fenômeno se repetia ou seguia muitas vezes a um outro,
mas sem dizer nem indicar que sempre seria desse modo.
Um saber dos sentidos mostrando como as coisas
acontecem e não a impossibilidade de acontecerem de
outras maneiras, ainda que tais coisas ocorressem em um
grande número de vezes da mesma forma.
Na obra a Investigação sobre o entendimento
humano tratou do significado das impressões dos
sentidos e da lógica da investigação; apresentou seu
método de raciocínio experimental nas ciências morais,
com máximas como:
“todo evento possui uma causa”; “nada há em
qualquer objeto, considerado em si mesmo, que não
possa oferecer uma razão para obter uma conclusão
além dele” e “mesmo após a observação da
freqüente conjunção de objetos, não temos razão
para extrair qualquer inferência relativa a qualquer
objeto, além daqueles com os quais temos tido
experiências”.
“não podemos seguir além das experiências e
qualquer hipótese que simule a descoberta de uma
qualidade original (...) deveria ser rejeitada”
Na obra Investigação sobre (...) tratou de conexões
entre causas e efeito, sem que tais conexões fossem
necessariamente utilizadas nas relações de idéias nem na
formação das mesmas provenientes da observação.
Afirmava que a necessidade pela qual se imputa um
efeito sucedendo a uma causa não fazia parte do modo
como as coisas são, mas, estava na mente e era parte de
operações mentais. Todo o que se observa estaria
conectado a determinado evento, porém, nada garantiria
a continuidade dessa conexão.
A revisão e crítica ao conceito de causalidade
ampliaram a teoria da indução. O empirismo estaria,
nessa revisão, dando lugar ao ceticismo para explicar o
valor da causalidade.
Acreditava que em nome desse princípio e com
freqüência, afirma-se mais do que se observa,
ultrapassando a experiência imediata: as mesmas causas
estariam produzindo os mesmos efeitos. Tudo
15
raciocínio experimental, pelo qual do presente se conclui
o futuro, baseia-se nesse princípio. Afirmava que:
“de fato, não existe, na idéia da causalidade, senão
o peso de meu hábito e da minha expectativa”; “não
existe nenhuma impressão autêntica da causalidade;
o que acontece é que eu acredito na causalidade
(...)”, é um conceito que se baseia em hábitos e
associações de idéias
O princípio da causalidade seria reduzido à idéia de
uma sucessão de fenômenos, sem prova lógica de se ter
uma relação de causa e efeito. Anotava o que se observa
nos acontecimentos e fenômenos é uma sucessão
constante de fatos, de fenômenos (...) e a partir dela, tem-
se a suposição de que sempre será assim. Mas, não é
possível passar, com certeza, dessa representação
empírica para a idéia de uma conexão necessária.
O empirismo e o espírito humano, no contexto do
princípio da causalidade, estariam desempenhando
papéis passivos no processo do conhecimento e onde se
estaria valorizando a influência das impressões do
exterior, sendo que a mente apenas registraria dados da
experiência. A razão estaria direcionada para a realidade
que a rodeia e só dela seria possível ter conhecimentos:
essa foi a virada para o ceticismo na crítica da
causalidade.
August Comte (Isidore - Auguste-Marie-
François Xavier Comte)
(1798 – 1857). Nasceu em
Montpellier, França. Estudo na
Escola Politécnica de Paris, da
qual foi expulso dois anos
depois, por liderar um
movimento de protesto. Viveu
um período em que o
desenvolvimento científico e
tecnológico experimentou
notável crescimento, sendo a ciência, diversificada ao
longo do século XIX, responsável por invenções que
impulsionaram as transformações na sociedade.
Foi discípulo de Claude-Henri de Rouvrot, conde
de Saint-Simon, um dos teóricos franceses do socialismo

EAC Garcia
utópico, orientando-o para o estudo das ciências sociais;
dele recebeu idéias básicas como: os fenômenos sociais,
como os físicos obedecem a leis; e a de que todo
conhecimento científico e filosófico deve ter por
finalidade o aperfeiçoamento moral e político do homem.
2.4 Filósofos – cientistas da Idade
Contemporânea
No século XIX, o ritmo do desenvolvimento
científico e tecnológico experimentou notável
crescimento com implicações sociais, econômicas e
políticas. Foram atribuídas às ciências, com suas
descobertas, invenções (...), o papel de fazer
transformações sociais, econômicas (...) em um número
crescente e diversificado de campos do saber para
oferecer explicações e novas soluções.
Concomitantemente com a divisão da ciência e sua
complexidade, a religião foi perdendo sua força no
domínio do conhecimento. Foi nesse contexto que
surgiram novas correntes filosóficas como o iluminismo
e o positivismo.
Conforme o positivismo, 8 a ciência é considerada
como o estado de desenvolvimento do conhecimento
humano que supera tanto o estado das primitivas
concepções mítico-religiosas de intervenções
sobrenaturais como a substituição desses seres por forças
abstratas.
Comte, ao propor o positivismo, pensava ter
descoberto uma lei fundamental do desenvolvimento do
conhecimento em qualquer domínio. Por conta dessa lei
8 matemática, lógica e ciências
O positivismo surgiu no século XIX como uma corrente
filosófica elaborada por Auguste Comte, no auge de descobertas
científicas que faziam crer que o homem podia dominar a
natureza, opondo-se às abstrações da teologia e da metafísica com
o método experimental e a objetividade da ciência. Essa corrente
tem como base teórica: a) todo conhecimento do mundo material
decorre dos dados positivos da experiência e somente a eles o
pesquisador deve ater-se; b) existe um âmbito formal no qual se
relacionam as idéias; esse âmbito é o da lógica pura e da
matemática; c) todo conhecimento transcendente (p.ex.,
metafísica, teologia e especulação acrítica) e situado além da
verificação, deve ser descartado.
16
as principais concepções passariam por três estados
sucessivos:
a) O estado teológico ou fictício, com seu método
teológico para a pesquisa da natureza íntima e para
determinar as causas primeiras e finais dos
fenômenos.
c) O estado metafísico ou abstrato, com seu método
metafísico, uma modificação do primeiro, em que os
agentes sobrenaturais serão substituídos por forças
abstratas inerentes ao ser.
d) O estado científico com seu método positivo do
conhecimento, reconhecendo-se a impossibilidade de
se terem soluções absolutas.
Esse estado e seu método seriam orientados para a
descoberta, invenção (...) pelo uso combinado do
raciocínio e da observação; para a explicação de
fatos reduzidos em seus elementos reais; essa redução
seria feita mediante ligações que se estabeleceriam
entre os diversos fenômenos particulares (p.ex., de
uma determinada realidade) e alguns gerais (leis)
mediante a formulação de hipóteses científicas.
Do período da Idade Contemporânea apenas se
exemplifica um cientista das ciências do período
contemporâneo, Rudolf Carnap.
Rudolf Carnap (1891 – 1970). Nasceu em
Ronsdorf, Alemanha. Estudou
nas universidades de Friburgo-
in-Breisgau e Iena. Foi aluno
Gottlob Frege, um dos
maiores lógicos de seu tempo,
com quem estudou
físicas. Foi professor das
universidades de Viena e
Praga, na Europa e de
Chicago, Harvard, Princeton e
Los Angeles, nos Estados Unidos.
Foi um dos filósofos mais influentes do Círculo de
Viena, defensor do positivismo lógico. Buscou relacionar
a linguagem da matemática com as ciências em geral,
unindo o empirismo com a lógica matemática.

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
Preocupado e estudioso dos problemas da linguagem,
mostrou especial interesse pelas línguas artificiais e
defendeu a utilização do esperanto e da interlíngua.
Defendeu a abordagem de assuntos técnicos expressos
em linguagens elaboradas com base no simbolismo
lógico com estruturas e interpretações definidas por
normas sintáticas e semânticas.
A parte que segue sintetiza pontos principais do
positivismo lógico com informações sobre o Círculo de
Viena 9
a) Uma proposição tem sentido apenas quando é
empiricamente verificável (a proposição foi
substituída, depois, por confirmável); dessa forma, a
verificabilidade / confirmabilidade seria o processo
para dar significado a uma proposição científica.
b) O significado de um enunciado está no fato de
expressar um estado de coisas que são concebidas,
porém não necessariamente existentes; os enunciados
podem ser significativos (falsos ou verdadeiros) ou
não-significativo.
c) A ciência deve fazer previsões a serem testadas; se
verificadas empiricamente, serão aceitas; se falseadas,
rejeitadas; as proposições que não possam ser
submetidas a testes não serão científicas.
d) Os fatos são sempre certos, mas as afirmações sobre
eles poderão carecer de certezas; se pudessem ser
reproduzidos de forma exata, serão corretos. Os fatos
e as proposições representam o início das ciências,
sem que isso signifique que os conceitos científicos
sejam necessariamente redutíveis, mas, deverá existir
uma relação lógica entre fatos e conceitos.
e) Conhecer a maneira de verificar uma proposição não
é uma questão adicional ou suplementar ao seu
9
Círculo de Viena; nome pelo qual ficou conhecido o grupo de
filósofos e cientistas (entre outros, Moritz Schlick, Rudolf Carnap,
Hans Reichenbach e Otto Neurath) que se reuniam na
Universidade de Viena, na década de 1920, com o objetivo de
tratar a filosofia a filosofia com os métodos das ciências exatas.
Esses pensadores tentaram construir um sistema unitário de saber
e conhecer, para o qual era necessário unificar a linguagem
(intersubjetiva: uso de convenções formais e de uma semântica
comum) e a metodologia das diferentes ciências: empirismo
lógico.
17
sentido ou de compreensão verbal e lógica ou, ainda,
uma nova exigência para se averiguar seu sentido e
inteligibilidade, mas é algo essencial e que com ela se
identifica.
f) A proposição, para ter sentido, precisa ser verificável,
sem que necessariamente ocorra (isto é, sem que seja
verificada), sem tentar vários métodos de verificação,
mas se apenas um deles for satisfatório, então a
proposição terá sentido. Assim, a verificabilidade
significa a possibilidade de verificação, sendo de
natureza lógica e não empírica.
g) Se uma proposição não tiver sentido, mas não
compreender uma impossibilidade lógica, então
poderá ser verdadeira. Para os positivistas lógicos, a
proposição “Deus é fonte infinita de amor”, não teria
sentido porque não poderia ser verificada, ainda que a
fonte fosse finita, porem, sem compreender uma
impossibilidade lógica, poderia ser, portanto,
verdadeira. Para os neopositivista, tal sentença não é
errada porque não quer dizer nada. A proposição “Os
rios correm para cima” tem sentido, mas, é falsa;
enquanto que a proposição “O experimento que será
ser planejado teve bons resultados” ao representar
impossibilidade lógica, será destituída de sentido e por
não descrever um fato será falsa.
h) Só pode ser real o que o cientista considera como
real em seu âmbito, isto é, fora da metafísica.
i) O empirismo lógico ao não negar a existência de uma
realidade transcendental, não poderia ser materialista
nem ateu; mas, negar o transcendental, uma posição
sem sentido, seria tomar uma posição metafísica tanto
quanto afirmá-la (posição metafísica).
j) Se um enunciado for fundamentado em base de
experiências passadas, porém sem possibilidades de
ser testado, então não se terá a mesma confiança nele
como se teria em um enunciado testável.
k) Ao entender verificação (confiabilidade) como o
estabelecimento definitivo e final da verdade, então,
nenhum enunciado sintético pode ser verificado
(confirmado); apenas poderá se confirmar cada vez
mais.
 18

EAC Garcia

l) Não são adequadas as primeiras idéias positivistas Edmundo Husserl (1859 – 1938).
defendidas pelo Círculo de Viena de que toda
Pierre Maurice Marie Duhem (1861 – 1916).
sentença da linguagem científica podia ser traduzida
em sentença de percepção, nem a tese do fisicalismo Bertrand Arthur William Russell (1872 – 1970).
(toda linguagem científica que possa ser reduzida à Albert Einstein (1879 – 1955).
linguagem da física) justificada.
Gaston Bachelard (1884 – 1962).
m) Não existem mistérios insondáveis no universo; as
fronteiras do conhecimento são sempre empíricas e
ultrapassáveis.
n) A verdade não é o fruto da coerência entre diferentes
proposições; a teoria da coerência é falsa. A verdade é
a correspondência aos fatos.

2.4.1 Exercício: pesquisa documental

Síntese biográfica e principais contribuições à ciência
e ao método científico, à administração, dos seguintes
pensadores e filósofos das ciências:
John Frederick William Herschel (1792 - 1871).
William Whewell (1794 /95 – 1866).
John Stuart Mill (1806 - 1873).
Claude Bernard (1813 – 1878).
Karl Wilhelm Theodor Weierstrass (1815 – 1897).
Karl Heinrich Marx (1818 - 1883).
James Clerk Maxwell (1831 – 1879).
Ernst Mach (1838 – 1916).
Charles Sanders Peirce (1839 – 1941).
William James (1842 – 1910).
Georg (Morris Cohen) Brandes (1842 – 1927).
Friedrich Ludwing Gottlob Frege (1848 – 1925).
Sigismund Schlomo Freud (1856 – 1939).
Frederick Winslow Taylor (1856 – 1915).
Karl Pearson (1857 – 1936).
Émile Durkheim (1858 – 1917).
John Dewey (1859-1952).
Henri-Louis Bergson (1859-1941).

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
2.5 Filósofos – cientistas do Século XX
O século XX não foi apenas de promessas do
desenvolvimento da humanidade, mas, também, um
século que trouxe as maiores guerras, as mais graves
ameaças à convivência com a insegurança e estado de
terror que esvaziaram as promessas de uma sociedade
perfeita, do progresso tecnológico e técnico-científico,
socialmente distribuído e para o bem-estar social.
Nesse século, ainda contínuo a retórica da ciência e
tecnologia ocupando um lugar de destaque, porém com
constatações de exclusão social, com a persistência da
miséria, com a concentração de riquezas e com
degradação ambiental (...). Desse século são
exemplificados uns poucos filósofos – cientistas com
notáveis contribuições à ciência.
Karl Raimund Popper (1902 – 1994). Nasceu em
Viena (Himmelhof), Áustria;
naturalizado inglês. Estudou na
Universidade de Viena.
Professor de Canterburry
University Colleg e (Nova
Zelândia) e London School of
Economics (Londres). Seu
pensamento se orientou para as
filosofias da ciência, do social
e da política. Destacou-se na
teoria do conhecimento
(epistemologia, elaborada ao mesmo tempo dentro e fora
do empirismo lógico ou neopositivismo; dentro, porque
foi um dos primeiros integrantes e defensores de idéias
essenciais do empirismo; fora, porque se apresentou
dissidente em especial nos critérios da verificação
experimental) com a introdução do conceito
falseabilidade. Pelo falibilismo, dizia: “todas as
proposições das ciências são teóricas e incuravelmente
falíveis”. Essas teorias não podem ser provadas nem
refutadas de maneira conclusiva.
Com essa idéia, entre outras, posicionou-se contrario
ao Círculo de Viena e ao neopositivismo, empenhados em
19
estabelecer um princípio capaz de fundamentar a
verificação ou a validação de uma teoria ou hipótese
científica. As ideais principais podem ser resumidas
como segue:
a) A atividade cientifica consiste primeiro na
formulação de hipóteses para explicar [vale dizer,
orientar ao pesquisador na busca de uma explicação]
os vários problemas que coloca na investigação e,
depois, fazer sucessivas refutações [testes] mediante
experiências e observações. Nesse processo, a lógica
da pesquisa científica é proporcionar uma análise do
método das ciências empíricas.
b) A ciência, com o processo de estabelecer hipótese e
submetê-las a rejeição [ao teste], deixa de ser um
conjunto de teorias estabelecidas (verdadeiras,
absolutas: episteme), para ser vista como um conjunto
de generalizações provisórias (conjeturais) cuja
falsidade o pesquisador procura demonstrar.
c) A formulação de uma hipótese científica deixa de
ser considerada apenas como racional com suas etapas
rigorosamente determinadas; não existe qualquer
processo de descoberta, nem a descoberta científica
tem qualquer lógica [da racionalidade
predeterminada].
d) As leis e teorias científicas, inclusive as mais bem
estabelecidas por um grande número de testes que as
corroboraram, são sempre hipóteses, inventadas
livremente para predizer e explicar fatos. O que torna
uma teoria como sendo científica é a possibilidade de
falseabilidade, isto é, de ser, em princípio, refutada
pela experiência; é claro que as hipóteses que foram
aceitas em um dado momento não poderiam ter sido
refutadas no passado.
Em A lógica da pesquisa científica, Popper
colocou, no primeiro capítulo dessa obra, alguns
problemas fundamentais, tais como:
a) O problema da indução: como “as inferências
indutivas se justificam e em que condições” se
aplicam, concluindo pela contestação, porque não se
tem um princípio de indução com validade universal.
b) A eliminação do psicologismo no processo de
conceber uma nova idéia e os métodos e resultados de

EAC Garcia
seu exame no enfoque lógico, afirmando que não
existe um método lógico de conceber idéias novas e
toda descoberta compreende um elemento irracional
ou uma intuição criadora, isto é, criatividade e idéias
sobre um novo processo, serviço ou produto.
c) O problema da demarcação, afirmando que a
principal razão para rejeitar a lógica indutiva está em
não se ter um critério de demarcação entre a ciência
empírica, a lógica e a metafísica.
d) A experiência como método, associando-a à
definição de ciência empírica, numa estrutura de
sistemas teóricos com uma lógica similar à do sistema
aceito, o da ciência empírica; indica condições a
satisfazer no sistema teórico: sintético de modo que
possa representara realidade não-contraditória; a
demarcação, ao representar o mundo da experiência
possível; deve ser diferente, de alguma forma, de
outros sistemas semelhantes.
e) A falseabilidade como critério de demarcação:
todos os enunciados da ciência empírica devem ser
susceptíveis de julgamento com respeito à sua
verdade e falsidade: conclusivamente julgáveis.
f) O problema da base empírica, isto é, concernentes ao
caráter empírico de enunciados singulares e a maneira
de submetê-los a prova.
g) A objetividade científica: as circunstâncias em que
enunciados científicos podem ser intersubjetivamente
submetidos a teste, e a convicção subjetiva: a
experiência subjetiva ou um sentimento de convicção,
não pode justificar um enunciado científico.
Russell Lincoln Ackoff (1919 - ). Nasceu em
Filadélfia, Estados Unidos da
América. Estudou nas
universidades de Pensilvânia e
Lancaster, arquitetura e filosofia
da ciência, estatística do
comportamento, organização,
pesquisa operacional e teoria de
sistemas. Foi catedrático e
diretor do Departamento de
Ciências dos Sistemas Sociais
na Warton School da Universidade de Pensilvânia. Foi
professor de diversas universidades.
20
Acredita que o conteúdo da mente humana pode ser
classificado nas seguintes categorias:
a) Dado; símbolo, simplesmente existe e não requer
que tenha significado por si mesmo além da própria
existência.
b) Informação: dados para os quais foi dada
significância por meio de conexão relacional, bem
como atribuída conveniente organização e
consolidação.
c) Conhecimento; a apropriada coletânea de
informação tal que seja de proveito e utilização,
possibilitando abstrair regras para obter informações a
partir de dados ou de outras informações que possam
representar eventos ou conjunto de eventos ou que
permita construir regras para codificar o
conhecimento consolidado.
d) Entendimento; a simples memorização de uma
coletânea de informações não se constitui em
conhecimento considerado utilizável para inferir novo
conhecimento; para tal é necessário o entendimento
ou a habilidade cognitiva e analítica para desenvolver
abstrações. O entendimento é um processo
probabilístico interpolativo pelo qual se sintetiza um
novo conhecimento a partir de um conhecimento
prévio.
e) Sabedoria; é um processo extrapolativo, não
determinístico e não probabilístico que invoca todos
os níveis prévios de consciência e, especificamente,
de valores tais como os éticos e morais, entre outros.
Tais níveis de consciência são desenvolvidos, com
base em habilidades cognitivas e, principalmente pela
vivência, pelo insight e pela experiência naquela área
de conhecimento, acenando com a possibilidade de
entendimento sobre aquilo que anteriormente não se
tinha entendimento.
Diferentemente dos níveis anteriores, formulam-se
questões para as quais não existe resposta, ou a
resposta não é facilmente derivável via entendimento.
Assim, a sabedoria é um processo pelo qual se
discerne entre o bom e o mau, o que requer uma boa
mente e principalmente espírito, por envolver a
consciência. Por estas características é impossível de
automatizar.

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
Ackoff, com a colaboração de Shiv K. Gupta e J.
Sayer Minar, em sua obra Scientific method:
optimizing applied researc decision, apresentou
aspectos teóricos, com exemplos aplicativos, sobre:
a) a natureza da ciência e sua metodologia: o
significado de ciência como um processo para
responder questões, solucionar problemas e
desenvolver, com efetividade, procedimentos para
responder questões e solucionar problemas; a
experimentação e a pesquisa; instrumentos científicos,
técnicas e métodos; ciência pura e ciência
aplicada;tipos de questões e respostas; tipos de
problemas; fases da pesquisa, tais como: observação,
generalização e experimentação; e filosofia da
ciência.
b) O significado de solução ótima de um problema: a
natureza do problema: as condições mínimas e
necessárias para a sua existência; objetivos
quantitativos e qualitativos; cursos de ações; medidas
de eficiência o risco no problema; discussão e decisão
em condições de incerteza.
c) A formulação / tradução de um problema (decisão ou
objeto de investigação) em um problema de pesquisa,
com a completa identificação dos componentes desse
objeto: análise do contexto (sistema) em que se insere
o problema; elementos (causas), objetivos; cursos
alternativos de ações; medidas de desempenho.
d) Modelos: variáveis; situações das variáveis; modelos
como aproximações; decisão de omissão (controláveis
e não-controláveis) de variáveis; mudanças da
natureza das variáveis e das restrições; teorias, leis e
modelos de decisão.
e) Definições.
f) Medidas: escalas numéricas, contagem, medidas
probabilísticas; escalas de ordenamento; técnicas.
g) Amostragem: exatidão, viés e precisão; amostragem
simples aleatória; amostragem estratificada;
amostragem por grupos; ótimo tamanho da amostra;
erros de observação e de amostragem.
h) Estimação: momentos, características desejáveis do
estimador; consistência, eficiência e suficiência;
critérios pragmáticos do “melhor” estimador.
21
i) Teste de hipóteses: teoria de decisão; problemas
metodológicos no teste de hipótese; tipos de erros e
suas conseqüências; o problema de otimização.
j) Experimentação e correlação: análise de variância;
replicação e interação; desenhos experimentais;
análise de correlação; análise de regressão; análise de
covariância.
k) Soluções de modelos: procedimentos analíticos;
procedimentos numéricos; simulação; teoria de jogos.
l) Otimização experimental.
m) Teste e controle de modelo e solução.
n) Implementação e organização de pesquisa:
interdisciplinaridade.
o) Os ideais das ciências e da sociedade: um epílogo.
Thomas Samuel Kuhn (1922 – 1996). Nasceu em
Ohio, Estados Unidos da América. Físico e filósofo (um
dos mais destacados filósofos da ciência), com
importantes contribuições no
desenvolvimento científico.
Como oposto à concepção da
ciência explicativa buscou na
história das ciências argumentos
para suas teorias
epistemológicas, observando que
explicações tradicionais da
ciência (p.ex., indutivismo,
falsificacionismo etc.) não
resistem à evidência histórica.
Um dos aspectos a destacar
nessas teorias é o caráter revolucionário do progresso
científico. Tal progresso se daria por saltos e não numa
linha contínua. Nesse progresso incorporou conceitos
básicos, um deles é o paradigma: pode ser considerado,
em parte, como uma teoria ampliada e composta por leis,
modelos, analogias, valores, regras (...) para avaliação de
teorias, sustentar escolhas, formular problemas (...).
Segundo Kuhn, uma boa teoria, como a mecânica
newtoniana e o neodarwinismo, p.ex., são teorias
científicas capazes de explicar um grande número de
fatos, porém, não passam de conjeturais e podem ser

EAC Garcia
substituídas por outras teorias quando possam explicar
melhor o fato. Afirmou que uma boa teoria deveria ter
certas características, critérios ou “valores”, tais como:
a) a exatidão ou capacidade de previsão exata,
entendida como a concordância da previsão feita com
a teoria com os resultados experimentais;
b) a consistência; a teoria deve estar livre de
contradições internas e ser compatível com outras
teorias aceita no momento;
c) o alcance; a teoria deve explicitar fatos ou leis
diferentes daqueles para os quais foi construída;
d) a simplicidade ou capacidade de unificar fenômenos
que, aparentemente não tinham relação entre si,
constituindo-se uma fonte de novas descobertas e de
orientação (a fecundidade) da pesquisa para resultados
úteis;
e) a plausibilidade, poder explanatória ou capacidade
da teoria de resolver o maior número possível de
problemas, tanto teóricos como experimentais.
O estudo de Thomas Kuhn, A estrutura das
Revoluções Científicas, é o texto que trouxe à tona o
uso do conceito de paradigma nos ciências.
Imre Lakatos (1922 – 1974).
Nasceu em Lipschitz, Hungria.
Estudou matemática, física e
filosofia na Universidade de
Debrecem. Sua contribuição à
ciência e ao método científico é
significativa. É tido como um
filósofo da ciência. Relatou como
uma experiência pode contribuir
para que se prove a veracidade de uma teoria ou a sua
refutação. Descreveu o grande dilema na época como o
de ser necessário violar o princípio de conservação da
energia para explicar o espectro contínuo de energia,
refutando teorias da física de sua época. Escreveu, entre
outros, Proofs and refutations e The logic of
mathematical discovery, em que discutiu a história das
tentativas de demonstrações de fórmulas de Euler,
mediante uma aula imaginária de uma turma atenta e
ativa.
22
Lakatos considerou que as concepções indutivista e
falseacionistas de ciência eram simples e fragmentárias.
Argumentava que o estudo da natureza e das teorias
científicas evidencia estruturas complexas e dinâmicas,
que surgem e se elaboram gradativamente em processos
de influencias recíprocas com a experiência e com outras
teorias. Era uma nova visão da ciência com apoio
metodológico. As teorias científicas têm sustentação
tanto na experiência, ainda que não pelo modo descrito
pelo indutivismo e falseacionismo, como em orientações
teóricas para buscar, classificar e analisar os dados
empíricos, as observações. Além disso, a base na qual se
formulam idéias e experiências sensoriais é constituída,
ao menos parcialmente, pelo intelecto.
Em contraste com a proposta indutivista e
falseacionistas, as teorias científicas não consistem em
apenas aglomerados de leis gerais; devem incorporar
regras de um método que discipline os efeitos empíricos
desfavoráveis e norteiem o aperfeiçoamento da
investigação. É o conceito epistemológico de programa
de pesquisa constituído por um “núcleo firme” (hipóteses
e teorias irrefutáveis) de uma heurística que orientaria o
cientista a modificar o “cinturão protetor” (hipóteses
auxiliares e métodos de observação) de modo a adequar
o programa aos fatos.
Paul Karl Feyerabend (1924
– 1994). Nasceu em Viena.
Estudou física e filosofia com
Wittgenstein e Popper. Filósofo
da ciência, físico, especialista em
teatro, letras, humanidades com
diversas fases, tais como:
popperiano, anti-racionalista
(defesa do anarquismo traduzida
em pluralismo metodológico),
antiempirista, antipositivista, relativistas etc. Sua
principal obra é Contra o método científico.
Afirmava que a ciência continua soberana porque seus
praticantes eram incapazes de compreender ideologias
diferentes. Observou que nas histórias das ciências e dos
métodos científicos não haviam regras imutáveis que
pudessem ser consideradas variantes da razão na
argumentação introduzida pelos antigos gregos: se a

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
verdade não está nas coisas, estará nos processos que lá
conduzem.
Mas, se historicamente os cientistas não seguem essas
mesmas regras, então não haverá um método que possa
garantir atingir um resultado na pesquisa; seria como
pensar que se tem a razão, mas,alcançando a verdade
conforme as formas de cada época.
É claro que o investigador segue regras dentro de cada
processo, porém, não há uma verdade formal e não existe
um método certo e atemporal.
O investigador terá, como Galileu, de fazer referência
ao senso comum para que a sociedade possa perceber o
sentido de sua pesquisa e financiá-la. Numa sociedade
democrática, o pesquisador “ja não poderá se esconder
atrás de regras que garantam que ele está certo, ao pé da
razão”.
Peter Ferdinand Drucker (1909 – 2005). Nasceu
em Viena, Áustria. Filósofo e
administrados, considerado o pai
da administração moderna,
caracterizado pela sua notável
mistura de mistura de rigor
intelectual, moralismo social,
popularização de conceitos,
praticidade e profundo
conhecimento das tendências
cruciais de sua época. Um
profissional de tendência que
descobria, pela sua elaborada capacidade de observação,
antecipar tendência, revelando aquilo que emergia,
porém que a maioria não via. Afirmava que não era
possível gerar a mudança, mas antecipá-la ou liderá-la.
Nesse sentido, recomendava ao empreendedor:
a) estar atento ao inesperado (seja êxito ou fracasso); é
sempre sintoma de algo novo;
b)estudar as incongruências entre o que foi planejado e
o que a realidade ofereceu, sem culpar o mercado ou
os clientes;
c) ver que falhas operacionais se revelam; a
necessidade é a mãe da inovação;
23
d) perceber (antes dos outros) as mudanças na estrutura
do mercado, do sector (...) que encontra a todos
desprevenidos;
e) estar com o olho nas mudanças demográficas que
ocorrem silenciosamente;
f) perceber as mudanças de atitude, de visão do mundo,
de percepção das pessoas simples;
g) explorar os novos conhecimentos criados por outros.
Aconselhava não fazer nem pensar em:
a) a inovação não é regra geral de uma idéia luminosa
de um gênio; as idéias luminosas são as que mais
falham;
b) a novidade na maioria dos casos não é inovação; a
novidade pode ser divertida, passageira e não criar
valor perene;
c) não se reorganizar antes de agir; inovar primeiro e
depois então se reorganize;
d) a inovação nunca sai como foi planejada; o mercado
dita em geral o sucesso;
e) não há estudo de mercado ou simulação
computacional que substitua o teste da realidade;
f) as inovações complicadas não funcionam;
g) nunca inovar para o futuro; inovar para o presente.
2.5.1 Pesquisa documental
Sinopse de obras destacadas na gestão da
informação e, em especial, na gestão de pessoal, tais
como: (esta relação é preliminar e deve ser reavaliada e
completada, conforme orientações pertinentes):
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (ABNT). NBR 10520: Tecnologia da
informação: técnicas de segurança: código de prática
para a gestão da segurança da informação. Rio de
Janeiro: ABNT, 2005.
BILLS, D.; ROWBOTTOM, R. Organization design: the
work levels approach. Cambridge: Gower House, 1987.
 24

EAC Garcia

CHIAVENATO, I. Recursos humanos. São Paulo: Atlas,

2000.
________. Introdução à teoria geral da administraçao. 7ª.
Ed. ver. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
DEMING, W. E. A nova economia para a indústria, o
governo e a educação. Rio de Janeito: Qualytymark,
1997.
DRUCKER, P. As novas realidades: no governa e na
política, na economia e nas empresas, na sociedade e na
visão de mundo. São Paulo: Pioneira, 1989.
PRAHALAD, C. K.; HAMELL, G. The core competence
of the corporation. Harverad Business Review, p. 79-91,
mai – jun. 1990.
STEVE T. H. et al. Modelos de gestão: o que são e
quando devem ser usados. Tradução de Brasil Ramos
Fernandes. São Paulo: Prentice-Hall. 2003.

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
3 CONCEITOS BÁSICOS DA
PESQUISA
Na sociedade da informação (do conhecimento,
segundo alguns autores) e suas relações com a economia,
com a sociedade, com os mercados (...) se destacam
superestruturas sistêmicas, entre outras, as de
comunicação. Fatores comuns dessas superestruturas
são: a informação e a tecnologia da informação e
comunicação.
Em nível básico dessas superestruturas se têm
importantes conceitos como são os de dado, informação
e conhecimento, por um lado e, pelo outro, os de ciência,
tecnologia e desenvolvimento, apresentados com notável
viés para a pesquisa.
3.1 O dado na Pesquisa
O conceito dado aparece com freqüência na literatura
da área de Ciência da Informação e da Informática.
Esse termo tem sido definido como um conjunto de
registros qualitativos e/ou quantitativos conhecidos que
quando organizado, agrupado, categorizado e
padronizado adequadamente transforma-se em
informação.
Outras definições do termo dado são: uma seqüência
de símbolos quantificados ou quantificáveis podendo
compreender, portanto, um texto, em que as letras são
símbolos quantificados e o alfabeto, um conjunto finito,
com possibilidades de se constituir uma base numérica.
Também são dados fotos, figuras, sons gravados e
animação. O conceito compreende elementos que
poderão ter eventualmente dificuldades de distinguirem
as suas reproduções, a partir de representações
quantificadas dos originais.
É freqüente observar que, mesmo com aparente
incompreensibilidade para alguns, qualquer texto
constitui um dado ou uma seqüência de dados. Nessa
constituição, o dado, como entidade matemática que é,
tem o sentido sintático. Isto significa que o dado pode ser
descrito mediante representação formal ou estrutural,
quantificada ou quantificável, podendo ser armazenados
25
em uma base de computador e processados por ele.
Nesse sistema (dado literal, banco / programa), trechos
de um texto podem ser ligados virtualmente a outros
trechos, por meio de contigüidade física (ponteiro) ou
endereço da unidade de armazenamento utilizada
formando uma estrutura de dados, um “banco de dados”.
Os ponteiros podem fazer a ligação de um ponto de um
texto a uma representação quantificada ou quantificáveis
como seriam figuras (ilustrações) e sons.
O processamento de dados, em um “banco” é
limitado às manipulações estruturais dos mesmos,
conforme “comandos” especificados em um programa de
computação. Tais programas são funções matemáticas.
Estas, por sua vez, são, também, "dados". Exemplos
dessas manipulações nos casos de textos são:
formatação, ordenação e comparação de um texto com
outros textos como, p.ex., “comparar e mesclar
documentos”, rotina do programa Microsoft Word.
Qual é o dado que interessa “na/ para” a gestão de
pessoas? O dado que tem origem na observação atenta e
criteriosa de um processo de gestão (movimento,
desenvolvimento – treinamento, valorização do
funcionário) que supõe tanto a medição (aptidões...)
quanto a experimentação em processos de simulação.
A observação é um procedimento empírico básico da
pesquisa. Nesse procedimento, o objeto da observação é
o fato, variável conforme o tipo de pesquisa, enquanto
que o resultado de uma observação é o dado, ou uma
proposição singular ou essencial que expressa
característica (atributos) do resultado da observação.
Dessa forma, estabelece-se uma relação natural definida
pela ordem e seqüência ilustrada na Figura 2.
O conceito de dado na pesquisa está associado ou
relacionado com outro conceito importante, o da
mensuração. Esta consiste em atribuir valores às
observações de fatos empíricos que se registram (os
dados), conforme certas regras, tais como: a seleção e
delimitação do fato empírico observável; esquemas (e
referências) para atribuir valores (números ou símbolos)
que possibilitem representar aspectos (p.ex., níveis,
escalas...) do fato objeto de mensuração; aplicação das
regras para cada observação do fato.
 26

EAC Garcia

O propósito da mensuração representada no dado e

R
traduzida numa variável de um fato observável de
E interesse é, entre outros, formular e testar hipóteses
A científicas para delas fazer inferências e obter
L conclusões.
I
D Os dados que geram variáveis de estudo em uma
A selecionar pesquisa podem ser classificados como objetos ou como
D propriedades. No primeiro caso, os dados objetos
E
incluem “coisas” ou “entes” concretos como são pessoas,
livros, computadores (...), enquanto que coisas não-
FATO de interesse para (...): concretas seriam atitudes, conflitos e pressões de grupos
 Informação potencial: de pessoas.
- Acontecimento: p.ex. um curso a fazer
- Processo: p.ex, uma reunião de trabalho As propriedades que são expressas em um dado são
- Fenômeno: p.ex., greve, desvio de (...) características dos objetos representados, tais como:
 Objeto; mensurável ou não propriedades físicas das pessoas: peso (em kg), altura
 Propriedades do fato alvo de estudo (m), idade (anos), (...); e propriedades psicológicas
(p.ex., atitudes, criatividade e habilidades), sociais (p.ex.,
liderança, posição social) e culturais (experiências,
processo
capacidade de trabalho etc), entre outra.
Observar
Medir; experimentar (...) Em alguns casos, o pesquisador não mede
Registrar com propósito diretamente determinadas propriedades do objeto no alvo
decisão da pesquisa, mas apenas manifestações ou sintomas
associados ao atributo mediante indicadores.
Na área de gestão de pessoas não é fácil mensurar
propriedades, tais como:
‘DADO’
- qualitativo...  a motivação de um gestor ou de uma pessoa qualquer
- quantitativo..
para ser bem-sucedido como sendo o interesse
vitalizado, em oposição ao esforço sem interesse,
associado às aspirações, experiências, efeitos da
Pertinência? aprendizagem – instrução na educação, entre outros
Consistência? atributos individualizados que limitariam, p.ex. a
adoção de um único método de treinamento de
pessoas compreendendo a motivação;
VARIÁVEL  a capacidade de trabalhar e de decidir sob pressão
- nominal, ordinal, razão (...)
- quantitativa, qualitativa (...) que poderá variar de pessoa a pessoa em função de
- discreta, contínua (...) vários fatores como tolerância e compreensão,
disposição e vontade (...);
Figura 2 Seqüência na relação fato –  as habilidades para perceber e solucionar um
observação – dado - variável problema nas pessoas como entes complexos de
múltiplas relações, fatores e interações;
 a persuasão em situações de conflitos.
 27

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

Como, então, registrar, com fidelidade e valor - b) Que se entende por consistência de um dado?
utilidade, as propriedades em um dado? As propriedades, Ilustre com exemplos.
nos exemplos citados acima, poderão não ser diretamente
c) Que critérios devem orientar a coleta de dados para
mensuradas e compreendem aspectos do conceito
pesquisas e estudos de orientação ao treinamento de
informação, mas, tanto o dado como a representação da
pessoal e de gestão de conflitos? Ilustre com
informação por dados pode ser registrada com a presença
exemplos.
ou ausência de alguns indicadores ou apontadores de
mensuração. d) Que dados podem marcar a evolução da gestão de
pessoas no Brasil no período 1990-2005?
O ato criativo e a habilidade acurada de percepção do
pesquisador possibilitam mensurar esses constructos,
sendo que a qualidade e efetividade do estudo e de seus
resultados dependem de que medidas foram selecionadas
e da adequação e/ou consistência das mesmas à
realidade, aos propósitos do estudo. Este é um aspecto
que se destaca nesta obra: a conciliação entre a teoria
(que se sustenta em condições ideais assumidas pelo
teórico) e a prática (com condições, atributos..., por
vezes especiais e/ou singulares) devidamente traduzida
ao método conveniente.
Ao tratar do conceito de mensuração, tanto no sentido
de objeto como de propriedade, têm-se implícitos os
tipos de dados (a idéia de orientação para observar,
experimentar e registrar o fato, fenômeno da realidade)
com suas características e suposições implícitas em
relação a como os símbolos, numéricos ou não,
correspondem às observações das “coisas” empíricas. Tal
é a fonte de classificação de variáveis, a partir de dados,
utilizada na parte metodológica da pesquisa, quando os
conceitos de classificação, ordenamento, distância e
origem e regras do mapeamento dos dados, entre outros,
são apresentados e ilustrados sob o enfoque do método
científico.

3.1.1 Exercícios e trabalhos práticos

Numa área de gestão de pessoas como, p.ex.,
treinamento de pessoas e gestão de conflitos, defina:
a) Que dados-objetos e dados - propriedades são de
interessam na gestão? Ilustre com exemplos.
a) Defina um conjunto de dados expressos por
símbolos literais e símbolos numéricos, associando-
os a possíveis informações na gestão de pessoas.
Exemplos de dados em proposições.

EAC Garcia
3.2 A Informação na Pesquisa
O termo informação tem vários sentidos, desde o
etimológico (do lat. informátìó,ónis com o significado de
‘ação de formar’, de fazer; esboço, plano; idéia,
concepção; formação); um sentido comum como ato ou
efeito de informar, comunicação ou recepção de um
conhecimento, até conceições técnicas elaboradas por
vários autores que destacam um ou outro aspecto do
termo.
Alguns entendem que o termo informação só pode ser
aplicado à aquilo que leva à compreensão de algo em
determinadas circunstâncias (...). Dessa forma, o que for
informação para uma pessoa poderá não passar de dados
para outra.
Há autores que descrevem a informação como sendo
dados (especiais), matéria informacional relacionada ou
estruturada de maneira potencialmente significativa.
Outros autores conceituam a informação como sendo
dados organizados de modo significativo como um
subsídio útil – aplicado à tomada de decisão.
É um dos conceitos mais apurados, porém intuitivo e
indicativo de caracterização, como uma abstração
abstrata informal, portanto, algo sem formalização
lógica, que se encontra na mente de alguém para
representar alguma “coisa” significativa.
Se a “coisa representada” for feita a partir de dados,
literais ou numéricos, como no caso de uma frase ou de
uma equação, então poderá ser armazenada.
Contudo, o que é armazenado em um computador,
não é a informação, mas apenas a representação da
“coisa”, da idéia na forma ou expressão de dados.
Essa representação pode ser transformada como na
formatação e comparação de textos. O resultado dessa
transformação carece de sentido e, portanto, não se trata
de uma nova informação, a menos que esse resultado
seja (re)interpretado e traga novas idéias para alguém
que faça a leitura do(s) dado(s).
Há autores que caracterizam a informação como:
quase sinônimo do termo fato; um reforço do que já se
conhece; a liberdade de escolha ao selecionar uma
28
mensagem; a matéria-prima da qual se tece o
conhecimento; aquilo que é permutado com o mundo
exterior e não apenas recebido passivamente; o que é
definido em termos de efeitos no receptor do dado; algo
que reduz a incerteza em determinada situação.
Alguns autores identificam a informação como um
objeto que na tentativa de gerenciá-lo melhor acabaram
por dar maior importância às máquinas do que ao capital
humano, à informação, sobre-valorizando aspectos como
os da tecnologia da informação em detrimento desse
capital, desse ativo.
É certo que o ambiente informacional se tornou
complexo, com possibilidade de aumentar tal
complexidade, em especial em termos de nível de
satisfação, de segurança, de oportunidade (...) da
informação em si e de problemas inerentes à sua natureza
e ao conteúdo (acurácia e precisão, credibilidade e
confiabilidade, integridade e valor agregado etc.). Esses
aspectos colocam em destaque fatores e tecnologias para
“gerenciar” a informação.
Nos exemplos das seguintes proposições se
ilustram os conceitos: dado e informação.
“Um conjunto de políticas e de práticas que permitem
a conciliação de expectativas entre a organização e as
pessoas para que ambas possam realizá-las”
“Brasília foi a cidade planejada para o futuro”.
São “dados” que podem ser armazenados e
tratados como “entes” físicos. Desses tratamentos é
possível ter novos dados, como nos casos:
“[A gestão de pessoas]. Um conjunto de políticas e de
práticas [ações como as de contratação, treinamento...,
estratégias como as de negociações...] que permitem a
conciliação de expectativas entre a organização e as
pessoas para que ambas possam realizá-las”
“[São Paulo] foi [uma] cidade planejada para o
futuro”.
Na proposição inicial se terá uma informação desde
que a frase seja lida ou ouvida por alguém e interpretada;
desde que os termos “de políticas e de práticas” tenham
um significado para a pessoa receptora, conforme sejam
suas referências, experiências (...) cognitivas; desde que
expectativas tenham um sentido etc.

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
No segundo caso, com novos dados introduzidos
conforme instruções de um programa, têm-se uma nova
informação quando o leitor desses “dados” possa derivar
novos significados, em função da transformação da
representação inicial da informação.
Os dados, desde que inteligíveis, podem ser
incorporados por alguém como informação, quando esse
alguém busque um significado e entendimento e quando
possa associar os diversos resultados de “observações”
de um objeto representado por dados como altura, peso e
cor. Assim, quando alguém lê a frase: “a cadeira tem uma
altura de 1,1m, pesa 3,4kg e é de cores, azul, gris...” não
terá uma informação, mas apenas dados. O significado
(informação) desses dados não pode ser definido
formalmente. O leitor desses dado, conforme sua
capacidade de associação mental, suas experiências e
habilidades, a intencionalidade e objetivos (...) terá
(poderá ter) um significado diferente do significado que
possa ser atribuído por outra(s) pessoa(s).
Dessa forma, a informação passa a ser uma
propriedade interior de uma pessoa, o resultado da
“leitura” de dados como determinada “percepção
interior” condicionada por muitos fatores, alguns
subjetivos. Ao ler um texto, uma pessoa pode absorvê-lo
como informação, desde que o compreenda, desde que dê
um significado aos dados no contexto em que eles
aparecem e do que representam. Pode-se associar a
recepção de informação por meio de dados à recepção de
uma mensagem. Porém, informação pode também ser
recebida sem que seja representada por dados, como no
exemplo:
“é um dia quente”
quando a pessoa permanece em um ambiente com
temperatura controlada, em um ambiente frio; neste caso,
o dado, representação fiel de um fato, viria a contraria a
informação; a informação não estaria sendo representada
por símbolos. Dessa forma não poderia ser denominada
de mensagem.
Por outro lado, pode-se ter uma mensagem que não
seja representada ou expressa por dados, como por
exemplo:
“um bom canto por meio de um ruído vocal” (dado,
como som); essa expressão pode conter muitas
29
informações, para quem o recebe, mas não contém
nenhum dado.
A pesquisa, qualquer que seja sua natureza
(qualitativa ou quantitativa), seus objetivos (de curto ou
longo prazo, conjunturais ou estratégicos) e o enfoque
(descritivo, explicativo, analítico, positivo ou normativo
etc.), trata dados e informações de fatos e processos, de
sujeitos e objetos da realidade no foco da investigação
(...).
Nesse contexto, o dado é uma idéia sintática (na
informação, a idéia é semântica ou de significado), sem
interpretação nem contextualização; uma entidade que
pode ser descrita por uma representação formal e
estrutural como é um símbolo, uma palavra, número,
uma foto, uma figura, um som, a animação, em fim,
símbolos e imagens que não reduzem a incerteza.
O dado como uma observação de um “estado” da
realidade e o registro de uma medida sem que sirva a
propósitos definidos, como uma anotação direta, de
observação de um fato, fenômeno (...) que o investigador
pode captar com pouca elaboração e tratamento. Por
essas características o dado pode ser armazenado,
processado e gerenciado em sistemas como um banco de
dados. A Figura 3 complementa os conceitos.
3.2.1 Exercícios e trabalhos práticos
Que informações definem a(s) competência(s) de uma
pessoa, entendida como o indivíduo capaz de avaliar e de
agir adequadamente (mobilização correta, rápida –
oportuna, pertinente e criativa) frente à determinada
situação, tomando as providências proporcionais à
gravidade de fatos ocorridos e reagindo na mesma
medida (simetria) deles.
Essas informações podem ser agrupadas em:
a) Informações de possíveis fatos ocorridos (em uma
empresa conhecida) que evidenciem competências e
criatividade: Ilustre esses “fatos” com exemplos, de
preferência na área de gestão de pessoas ou numa
área de interesse profissional.
b) Informações de saberes para avaliar e agir frente aos
fatos ocorridos e ilustrados.
Explicação, previsão, solução, aproveitamento, suporte à tomada de decisão (...)
30

EAC Garcia

Continuação Fig. 3

Interface
Interface
Filtro
Filtro

Dado
Dadofiltrado
filtrado

Análise
Análise
Orientações para decidir: Formatador
Formatador
- visão, missão, filosofia (...)
- orientações políticas (...) Data
R Resultado
- critérios técnico-operacionais minig Resultadoda
da
E - vontade, decisão, motivação (....) Consulta
Consulta
A
L
Selecionar:
I R e s u l t a d o s Fo r m a t a d o s : t e x t o ,
que fatos?
D que objetos? ilustrações
A que fenômenos? A essência da política destinada a alcançar
D um crescimento mais rápido é criar melhores e
sustentáveis produtos e serviços conforme
E exigências do clientes definidas em termos de
(...)
‘DADOS’

Preço
Pertinência?
Valor

Quantidade
Consistência? Gráfico (número e título)
Integridade?
Ano
Integrabilidade? Quadro (número e título)
Figura (número e título) Cab.Cab.CaracterísticaFonte (...)

EXEMPLOS
‘banco de dados’ 1 Cliente ext.
2 Fornecedor
Dado 1 3 Mercado Tabela (número e título)
Dado m Cab.CabeçalhoCabeçalhoCab.Cab.Fonte: (...)
(. . .)
n .Cliente int.
Dado n Dado r
m Normas
(. . .)
r Orçamento

‘banco de dados relacionais’

Tabela 1 Tabela m
Chave Chave
Dado... Dado... c) Informações sobre esquemas de percepção de fatos
Tabela n ocorridos: procedimentos, técnicas e métodos
Chave Tabela r
Dado... Chave Data utilizados.
Dado... minig
d) Informações sobre processos de mobilização e de
Discreta, contínua; resposta aos fatos ocorridos. Ilustre com exemplos,
Tratamento qualitativa, quantitativa (...)
Escala: nominal, ordinal, considerando o exemplo ilustrado acima.
VARIAVEL intervalar, razão
Dependente, independente e) Informações de possíveis atitudes criativas frente
aos fatos ocorridos. Ilustre com exemplos.
Tratamento: operações lógicas
INFORMAÇÃO

Figura 3 Processos de transformação de aspectos da

realidade em dados, banco de dados, variáveis e
informação

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
3.3 O conhecimento
Entre os conceitos informação e conhecimento se têm
estreitas e diretas relações, como as de causalidade; a
informação (causa) como matéria-prima para tecer o
conhecimento (efeito) com maior abstração interior,
pessoal, de algo que foi experimentado e/ou vivenciado
por alguém: o cognoscente.
Esse tecido não é apenas construído por uma lógica
formal, mas, decorre de um processo humano complexo,
com características subjetivas e relacionadas ao sistema
de valores do indivíduo e de seu meio ambiente cultural
(social, econômico etc.; complementar com informações
pertinentes, ainda que não confluentes, de Drucker (199),
Polyanyi, Davenport e Prusk (1998), Nonaka e Takeuchi
(1995), entre outros).
O conhecimento não pode ser descrito (expressão e
descrição, como uma representação objetiva, em dados
literais e informações); o que se descreve é a informação.
Tampouco depende de apenas uma interpretação pessoal,
como é o caso da informação, pois requer da vivência do
objeto a ser conhecido.
Dessa forma posto, o conhecimento está no âmbito
subjetivo do homem ou do animal. Parte da diferença
entre estes reside no fato de o ser humano poder estar
consciente de seu próprio conhecimento, sendo capaz de
descrevê-lo parcial e conceitualmente em termos de
informação, como, p.ex., na frase “a transparência em
critérios que norteiam as relações entre a organização e
as pessoas”; os gestores conhecem, entre outros assuntos
relacionados, os critérios para fazer o norteamento, os
benefícios das relações etc., implícitos nesse princípio de
gestão de pessoas.
A informação (vale dizer, a representação simbólica
na forma de dados) pode ser inserida em um sistema,
programa etc., por meio de representações literais,
numéricas ou outras simbólicas. Mas, o conhecimento,
por não estar sujeito à representação, não pode ser
inserido em um computador. Dessa forma, é equivocada
a expressão "base de conhecimento" em um computador.
O que se tem é, de fato, uma tradicional "base (ou banco)
de dados".
31
O exemplo que segue permite distinguir os conceitos
informação de conhecimento. A criança de alguns meses
tem conhecimentos como o de reconhecer a mãe, saber
que chorando é atendida em alguma necessidade (fome,
sono...). Contudo, não tem informações porque ainda,
nesse primeiro estado, não pode associar conceitos
sentidos ou percebidos e representados pela informação;
mas, conforme ocorra sua evolução, percebe fatos
(dados), abstrai (informações) e associa (novos
conhecimentos) etc.
Um animal não tem informações, pois não associa
conceitos, mas tem conhecimentos “instintivos” como,
p.ex., os de proteção à vida e ao seu habitat, de busca de
alimento, de procriação e defesa de seu território.
Os conceitos anteriores desvendam outros como o da
existência da informação que se relaciona a um
conhecimento. É o caso do exemplo do princípio de
gestão de pessoas que conhece.
Entretanto, podem existir informações sem essa
relação, como no exemplo de uma pessoa fazer uma
visita à organização e observar as “boas” relações entre
chefes e as pessoas. Do exemplo surge um novo
conceito: a informação pode ser prática (uma
experiência, uma observação) ou teórica (o princípio que
o gestor lê em dados interpretados e com significado) e
da qual obtém conhecimento. O conhecimento sempre se
refere à vivência, algo prático que transcende à
informação.
Na lógica formal, o conhecimento está associado com
pragmática, isto é, algo que existe do mundo real e da
qual se tem uma experiência, enquanto que o dado é
sintático sem interpretação ou interação – interpretação
humana para gerar seu valor, enquanto que a informação
é semântica.
Alguns teóricos diferenciam dois tipos de
conhecimentos (propositadamente se omitem opiniões
sobre o assunto; o leitor deverá fazer a reflexão sobre os
conceitos à luz de outros que sejam referências):
a) O conhecimento codificável que pode ser
transformado em informações (representações em
dados) e que por essas representações é reproduzido,
armazenado, transferido, adquirido – comunicado e

EAC Garcia
comercializados, entre outras operações, inclusive
destrutivas de seus valores.
b) O conhecimento tácito, em que as transformações
em sinais ou códigos são difíceis ou impossíveis por
compreenderem processos como os de aprendizagens,
experiência e elementos subjetivos, entre outros
dependentes de contextos e de formas de interações
como as sociais, culturais genéticas (...) específicas.
Outros autores estabelecem três diferentes tipos de
conhecimentos, caracterizados como:
a) O conhecimento explícito definido como o conjunto
de informações representadas por códigos e
apresentadas em suporte como livros, revista, meio
digital etc., pressupondo-se que caracterizam
(definem) o saber disponível sobre determinado tema.
b) O conhecimento tácito definido como o acúmulo de
saberes práticos sobre determinado assunto, que
agregam convicções, crenças, sentimentos, emoções e
outros fatores ligados à experiência, às emoções e à
personalidade de quem o detém.
c) O conhecimento estratégico considerado como a
combinação dos conhecimentos explícitos e tácitos
formado a partir de informações de acompanhamento
junto com conhecimento de especialistas.
Formas simples e ilustrativas de apresentarem as
relações entre dado, informação e conhecimento e as
principais características desses elementos, no campo da
pesquisa, são mostradas na Figura 4 e Quadro 1.
O processo de construção ou tecido do conhecimento
científico compreende dados de valor e com fidelidade
da representação do objeto, fato, fenômeno, sujeito
objeto de estudo, da pesquisa; tais dados são a matéria-
prima bruta, sem significado, de conceitos e raciocínios a
partir dos quais as operações lógicas criam a informação
de valor proporcional ao valor do dado; a informação
valiosa quando interpretada (informação vivenciada pela
mente humana que inclui reflexão, síntese, inter-relações,
contexto...) gera o conhecimento de verdades científicas.
Onde é que entra o dado e a informação na
organização, no processo de gestão de pessoas? Esses
recursos, ativos essenciais, não apenas entram em
processos como os de monitoramento, avaliação-ação,
gestão, mas, principalmente estão, geram-se e se
32
“controlam” / gerenciam em toda parte, em todos os
níveis (...) dos processos integráveis de gestão.
Percepção de fatos:
experimentar (...)
observar (...) Operações
sujeito (....) da realidade
alvo de estudo, pesquisa
Objeto, fato, fenômeno,
medir (...) lógicas
registrar (...)
interpretação
dado
informação
conhecimento
Figura 4. Construção do conhecimento: fato (perceber)
– dado (medir, registrar)-informação - conhecimento
A presença do ativo informação, essencial para o
“negócio” de uma organização, para a gestão de pessoas
(...) e que deve ser convenientemente protegido, pode ser
sintetizada em três diferentes ambientes (diferentes no
sentido ou propósito didático, pois, na prática, tais
diferenças não são bem delimitas ou apresentam vários
campos de sobreposições, conforme explica a teoria de
sistema; esses ambientes são:
a) O organograma ou estrutura da organização: inter-
relações entre as “diferentes” (conceito operacional)
unidades de trabalho como diretorias - chefias,
gerências, divisões, departamentos, setores e seções,
entre outras, que sustentam a estrutura em base de
informações com qualidade e devidamente
protegidas.
b) A estrutura de recursos humanos com seu setor de
gestão; nesta estrutura se tratam relações entre
pessoas das diferentes unidades de trabalho, de
movimentação, de desenvolvimento – treinamento e
 33

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

de valorização, entre outros campos dessa estrutura;

parte do tratamento utiliza outras estruturas como são
os sistemas e banco de dados ilustrados na Figura 5.
Quadro 1. Características gerais dos termos dado,
informação e conhecimento a
DADOS
DEFINIÇÃO
Simples observações sobre um
estado, atributo, medida, valor,
condições (...) da realidade no
foco da pesquisa: algo sintático,
sem interpretação ou interação
humana para ter seu valor.
Seqüência de símbolos
quantificados ou quantificáveis
como uma letra ou o alfabeto,
uma foto ou uma ilustração, um
som gravado ou uma animação
INFORMAÇÃO
DEFINIÇÃO
Dados que são dotados de
relevância no contexto de
interesse para a gestão e com
propósito na gestão, conforme
certas orientações e critérios
formais (os legais e de
normatizações como os da
ABNT/ ISO), socioculturais
(ambiente da organização) e
informais.da informação
valiosa)
CONHECIMENTO
DEFINIÇÃO
Abstração interior, pessoal,
subjetiva (...) de algo que foi
experimentado, vivenciado, por
alguém.
Informação valiosa da mente
humana que inclui, entre outros
processos mentais, reflexão,
análise crítica (criatividade)
dentro de um contexto, de uma
realidade.
a
”Orientações (...)”. Menção de várias fontes.
CARACTERÍSTICA
Facilmente estruturado.
Facilmente obtido mediante
processos e máquinas
Com freqüência é quantificado
e com facilidade transferido.
É a base para a abstração
informal da informação.
CARACTERÍSTICA
Requer unidade de análise com
base em referências
Exige consenso em relação ao
significado e esforço para a
mediação humana
CARACTERÍSTICA
É difícil (ou impossível) de
estruturar, de obter (tratar) em
máquinas (sistemas externos à
pessoa) e de transferir; a
manifestação mediante dados
ou informações poderá não
corresponder ao conhecimento.
Freqüentemente é tácito
c) A estrutura informacional: geração de dados,
informação e processos (aprendizagens em
treinamentos) de conhecimento para o adequado
atendimento aos dois ambientes acima relacionados.
Os níveis de estruturas organizacionais são
afetados (podem ser afetados), entre outros, por dois
diferentes (diferenciáveis, ás vezes por conveniências)
tipos de fluxos:
a) os fluxos de informações, tais como: dados e
“informações estruturadas, estruturáveis ou não-
estruturadas” e “outros” ativos intangíveis;
b) os fluxos formais, tais como os estruturados e os
estruturáveis (sem tratamentos nem acesso) e os não-
estruturados (externos à organização que podem ser
acessados ou acessáveis dentro ou fora da
organização).
3.3.1 Tipos de conhecimentos
Conhecer é incorporar um novo conceito, original ou
não, sobre um fato ou fenômeno qualquer que se coloca
no foco ou que é de interesse do cognoscente, sendo que
essa incorporação não parte do vazio e sim de
observações direcionadas; de experiências relacionadas;
planejadas ou não; de relacionamentos interpessoais; de
leituras reflexivas (...) do cognoscente que utiliza para
tecer, conforme sejam as situações, condições,
propósitos, saberes, experiência, capacidade intelectual,
interesse (...), novos conhecimentos.
O conceito conhecimento e sua tipificação incluem,
porém não se limita nisso, às descrições, hipóteses,
conceitos, teorias, princípios e procedimentos úteis ou
verdadeiros, diferenciando-se pela sua explícita
intencionalidade, pela forma ou procedimento-método,
pela natureza da informação (...).
Tanto o conhecimento como a informação consiste de
declarações “verdadeiras” consideradas determinadas
referências como, p.ex., “verdade da tradição”, “verdade
da intuição” e “verdade do bom-senso”; em todos esses
exemplos, o conhecimento pode ser considerado
informação com um propósito ou uma utilidade.
 34

EAC Garcia

competências (...) baseada no senso comum, no método

científico ou na intuição e experiência do dia-a-dia.
Poderá analisá-las como seres sociais, econômicos,
biológicos, espirituais (...) verificando, p.ex., mediante a
investigação experimental quando possível, as relações
Fluxo de informação existentes entre determinados órgãos e suas funções.
Políticas; normas, manuais, Poderá questioná-las quanto às origens e destinos, quanto
diretrizes, ‘filosofia”: às suas liberdades. Poderá observá-las como pessoas
visão, missão (..) criadas pela divindade, à sua imagem e semelhança, e
meditar sobre o que delas dizem os textos sagrados.
Nesses exemplos aparecem, de forma implícita, diversos
Estrutura da tipos de conhecimentos com suas correspondentes
Estrutura da
organização
organização características.
Apesar da separação metodológica entre os tipos de
Estrutura dos conhecimento popular, filosófico, religioso e científico,
Estrutura
“Recursos dos ”
Humanos entre outros, estas formas de conhecimento podem
“Recursos Humanos” coexistir na mesma pessoa: um pesquisador-cientista,
dedicado, p.ex., ao estudo da biologia, à gestão de
Estrutura de “ativos” pessoas (...); pode ser crente; estar filiado a um sistema
Estrutura de “ativos”
informação filosófico e, em muitos aspectos de sua vida, agir e se
informação posicionar segundo saberes de outras fontes ou tipos de
conhecimentos e métodos, que não a científica, como:
Fluxos
formais: a) o senso comum ou “bom-senso” invocando-o como
‘bancos de dados, fonte de “verdade” no dia-a-dia; para alguns, esse tipo
internos e externo’ de conhecimento e saber é apenas a acumulação de
outras informações preconceitos e interpretações pouco esclarecedoras;
b) a tradição, isto é, na comunicação verbal de
Informação com valor....
“Outros ativos intangíveis” “saberes” através do tempo, adotado, em alguns casos,
por ser o mais cômodo e com informações de alguma
Figura 5. Ambientes da organização relacionados eficiência no passado;
com dois tipos de fluxos: informações e formais c) a autoridade; certos livros como a Bíblia e o
Alcorão, são tidos como fontes de informações de
conhecimentos religiosos.
d) a intuição, uma das mais antigas fontes de “verdade,
No processo de apreensão (aprendizagem) da entendida como o “conhecimento” claro, imediato e
realidade do objeto (a ser conhecida), o sujeito direto de verdade, sem o auxílio do raciocínio, com
cognoscente pode penetrar, com maior ou menor importante papel na formulação de hipóteses para se
segurança e determinadas orientações (nesta nota se outro tipo de conhecimento, o científico;
destacam as orientações do método científico?), em
quase todas as esferas do conhecimento. e) a ciência com o seu método, pertinente e destacado
neste livro, independente de qualquer conotação
Ao estudar as pessoas de uma organização com um qualificativa em relação aos outros tipos de
determinado propósito (p.ex., o de gestão), poderá conhecimentos.
observar, registrar, analisar, inferir, concluir sobre as
atuações, atitudes, comportamentos, habilidades,
 35

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

Um aspecto a destacar quando se trata do tema científico adequado à realidade em que se aplica.
conhecimento é o relativo a capacidade do ser humano, (Quadro 2).
única entre todos os animais, de criar e transformar o
conhecimento; de aplicar o que aprende, por diversos
meios, numa situação de mudança ou de ajusta - Quadro 2 Principais diferenças entre os
adaptação; de criar um sistema de símbolos, como a conhecimentos popular, filosófico, religioso e
linguagem, e com ele registrar as próprias experiências e científico
passá-las (comunicá-las) para outros.
Conhecimento Conhecimento
Existem diferentes tipos de conhecimentos com
popular filosófico
destaque para os seguintes com suas principais
características: Valorativo
Valorativo
Superficial
a) O conhecimento popular (comum ou do senso- Racional
comum). É o conhecimento obtido ao acaso, após Reflexivo - instintivo
Sistemático
inúmeras tentativas; o conhecimento que é adquirido Assistemático -ametódico
Infalível e exato
por meio de ações não planejadas e com base em Verificável
suposições e experiências pessoais e coletivas. Não verificável
Falível
Exato
b) O conhecimento filosófico. Um conhecimento que Inexato
resulta do raciocínio, da reflexão e de hipóteses que Principais procedimentos e métodos utilizados
não são submetidas à observação, ao teste (não são
verificáveis: os enunciados de hipóteses filosóficas Intuição, tradição e bom-
senso. Individual, composto Racional – lógico
não podem ser confirmados nem rejeitados), baseadas
de percepções sensitivas, (geral)
na experiência e não na experimentação. imagens, recordações (...)
Um conhecimento que é especulativo (sobre Conhecimento Conhecimento
fenômenos gerando conceitos subjetivos), valorativo,
religioso (Teológico) científico
sistêmico, racional e infalível - exato. Busca dar
sentido aos fenômenos gerais do universo, Valorativo Real (factual)
ultrapassando os limites formais da ciência. Inspiracional Contingente
c) O conhecimento teológico (religioso, como o Sistemático Sistemático
registrado em livros sagrados). Conhecimento Não verificável Verificável
revelado pela fé divina, inspiracional ou crenças Infalível Falível e crítico
religiosas de certas verdades consideradas infalíveis e Exato Aproximado
não-discutíveis. Não pode, por sua origem, ser
Principais procedimentos e métodos utilizados
confirmado ou negado. Depende da formação moral e
das crenças de cada indivíduo, como o de acreditar Método científico:
que alguém curado por um milagre. observação, (específico)
Autoridade, revelação,
experimentação, teste
d) O conhecimento científico. Este conhecimento é dogma: a fé
Metódico e rigoroso;
obtido de diversas formas e visa, como procedimento objetivo; coletivo.
renovado que é, responder questões (na pesquisa
essas questões podem ser: de quem? Como? Que?),
solucionar problemas (Quais? Como?) e desenvolver,
de modo mais “efetivo”, os procedimentos de O conhecimento científico apresenta determinadas
responder questões e solucionar problemas, o que é características, entre outras, as seguintes:
alcançado pela pesquisa que utiliza o método

EAC Garcia
d.1) É factual ou empírico (real). Trata com
ocorrências, com fatos ou formas de existências
que se manifestam de algum modo, que podem ser
observados, medidos, registrados (...) mediante
símbolos como letras e números, dados
interpretados (informações) para construir o
conhecimento; por esta característica, o
conhecimento transcende os fatos que lhe servem
de base na sua construção.
d.2) É analítico, porque procura a análise de fatos e
fenômenos globais mediante a dissociação, para
entender as partes, e a remontagem dessas partes
no todo, no sistema, para entendê-lo; essa análise
requer exatidão e clareza.
d.3) É geral, porque procura discernir as
características globais e as leis gerais.
d.4) É sistemático, porque contém sistemas de
referências, de teorias e hipótese, de fontes de
informações e de relações que explicam as
propriedades do objeto da ciência; um saber
logicamente ordenado de sistemas de idéias.
d.5) É racional: relações entre fatos com base na
razão e na lógica e não dispersos e desconexos.
d.6) É acumulativo, não no sentido de amontoado,
mais de criteriosa disposição na forma de um
tecido que vai sendo enriquecido com novos
conhecimentos, não sendo apenas agregativo, mas,
criteriosamente seletivo para tecer novos
conhecimentos.
d.7) É falível, porque não é definitivo, nem absoluto
ou final; é construído com novas informações.
d.8) É relativo, porque faz parte da ciência; ao ser
demonstrável, poderá ser modificado ou substituído
por um novo conhecimento; daí porque a ciência
tenha sido definida como um conjunto ordenado de
paradoxos e de erros retificados.
d.9) É verificável, demonstrável e comunicável;
verificável porque é submetido a teste para
demonstrar a consistência de uma proposição
orientador a cerca de um dado, de uma hipótese, de
uma inferência, de uma teoria; depende da
investigação metódica.
36
d.10) É explicativo, porque apresenta explicações que
poderão ser dedutivas, probabilísticas, genéricas
etc., derivadas de uma análise de relações entre
variáveis relacionadas, dependentes e
independentes.
d.11) É preditivo, como sendo possível (condições de
incertezas), provável (condições de risco) e
prognosticável (predizer com base em sinais ou
fatos).
d.12) É útil e aplicativo, aberto e explicativo, porque
responda às perspectivas pragmáticas:
necessidades e possibilidades de clientes, da
sociedade, de interesses setoriais, do meio
ambiente etc.
Um conceito na gestão empresarial, incluindo a
gestão de pessoas, e que compreende os conceitos de
dado, informação e conhecimento, é o de inteligência
competitiva; neste, prospectar, “filtrar”, analisar-inferir
e comunicar são atividades essenciais para se ter e
consolidar essa inteligência.
No contexto de gestão de ativos físicos (p.ex.,
dados), de estruturas para tratar com esses ativos (p.ex.,
tecnologia da informação: computador, programas), de
ambientes propícios (p.ex., educação organizacional)
que propiciam à “gestão da informação” e à “gestão do
conhecimento” é possível observar relações e
interdependências sintetizadas no Quadro 3.
3.3.2 Importância do conhecimento
O conhecimento, na sociedade do início do novo
milênio e provavelmente futura, assume (assumirá) um
papel central.
Os recursos econômicos passam a contar, além dos
recursos naturais com suas tradicionais vantagens
comparativa, com o aporte de conhecimentos para se
definirem as vantagens competitivas e onde os valores
criados pela produtividade e capacidade de inovar,
aplicam conhecimentos ao trabalho criando, segundo
Drucker, o trabalhador do conhecimento.
Os fatores que possibilitam tecer o conhecimento, o
ambiente (estrutura, cultura etc.) da aprendizagem, as
manifestações (...) são objetos de gestão. Nessa gestão,
 37

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

Devenport, DeLong e Beer (1997), relacionaram

COMPETITIVA INTELIGÊNCIA
Foco: estratégias da organização.
estratégias gerais aplicáveis na “gestão do Desenvolvimento da capacidade criativa das
conhecimento”, entre outras as seguintes: pessoas da organização.
Prospecção, seleção e filtragem da informação
nos dois fluxos.
Quadro 3 Síntese de relações entre três conjuntos de Agregação de valor às informações estratégicas
processos de gestão compreendendo dado, voltadas para a tomada de decisões.
informação e conhecimento. Criação e disponibilização de produtos e
GESTÃO DE CONDICIONANTES E

Foco: negócio da organização serviços específicos à tomada de decisões.

FATORES DA INFORMAÇÃO

Diagnósticos e prospecção de ambientes Fluxos formais e informais de informações.

(fatores, condições, estados...) e clientes:
obtenção de dados para a informação.
Identificação (mapeamento) e caracterização a) a gestão não deve ser o projeto de um indivíduo,
de fluxos formais de dado para gerar
mas sim da organização; um conhecimento que
informação.
compreenda uma definição da organização,
Tratamento (consistência) e armazenamento de enfatizado tanto como estoque como fluxo, dentro e
dados de informações: tecnologia da
fora da mente das pessoas;
informação
Fluxos formais de informações: tecnologia da b) criar um ambiente para o “mercado” do
informação e comunicação conhecimento (confiança e reconhecimento);
c) contextualizar o conhecimento e incentivar a
GESTÃO DE CONDICIONANTES E FATORES DA

Foco: “capital intelectual da organização”.

Planejamento e desenvolvimento da “cultura aprendizagem e a criatividade (negrito do autor);
organizacional” com foco na aprendizagem: o
e) formalizar o passado [diagnóstico], presente e
conhecimento
futuro [cenários prospectivos];
Identificação (mapeamento) e caracterização
de fluxos informais de informações. f) procurar mensurações tanto qualitativas como
INFORMAÇÃO

Tratamento, análise e agregação de valor às quantitativas.

informações, socializando-as.: tecnologia da Para estudos prospectivos que relacionem
informação e comunicação
aspectos como os de inteligência competitiva e gestão de
Fluxos informais de informações. fatores determinantes do conhecimento, com a utilização
de metodologias prospectivas se têm procedimentos,
técnicas e métodos, alguns apresentados na próxima
seção. Desse arcabouço metodológico importante na
gestão de pessoas se ilustra a chamada espiral do
conhecimento que evidencia e integra quatros conceitos
(4i): informação, intuição, interpretação e inovação,
ilustrados na Figura
Análise dado6. Implícito conhecimento
nessa espiral há outros
a
Figura
importantes 6. “Espiral
conceitos
Banco de dadose do conhecimento”
procedimentos como os apenas
Inovação
Figura 3.
Interpretação
ilustradosa na
Fonte: Canongia (2003; modificado).

Intuição dado
lógica Informação
motivação

EAC Garcia
3.3.3 Exercícios e estudos com base em
pesquisa documentais
No chamado processo de “gestão do conhecimento”
(vale dizer, de gestão de fatores e condições
“controláveis” que, sob determinadas condições,
permitem tecer novos conhecimentos, como um
processo corporativo com foco na estratégia
empresarial), incorporam-se diversos conhecimentos
agrupáveis em categorias, tais como: competências (ou
capacidade de gerar resultados observáveis, necessários
e ao alcance dos objetivos da organização), capital
intelectual (humano, organizacional, de processos, de
resultados), aprendizagem organizacional e inteligência
empresarial. Faça as representações desses
conhecimentos, por meio de proposições em dados,
para cada um dos grupos:
COMPONENTE DA “GESTÃO DO CONHECIMENTO”
Competências: ________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
____________________________________________
Capital intelectual______________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
38
_____________________________________________
____________________________________________
Aprendizagem organizacional_____________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
____________________________________________
Inteligência empresarial. ________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
____________________________________________
Na área do conhecimento de gestão de pessoas
identifique diferentes tipos de “verdades” e
conhecimentos, conforme os procedimentos (técnicas e
métodos) adotados e as principais características dos
exemplos indicados em cada caso;
PROCEDIMENTO (MÉTODO) ADOTADO
Tradição (Exemplo e características): ______________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
Intuição (Exemplo e características): ______________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
Bom-senso. (Exemplo e características): ____________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
Método científico. (Exemplo e características): _______
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Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
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EAC Garcia

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
Quadro 4. Exemplos de teorias que se aplicam na
administração – gestão de pessoas e suas principais
características indicadas para apenas dois casos.
TEORIA PRINCIPAIS
ÊNFASE CARACTERÍSTICAS
Racionalização do trabalho no nível
operacional. Com base em observações
e estudos, define-se, (o método) o
caminho de baixo para cima e das
Científica
partes para o todo; dando ênfase na
(Primeiros
tarefa. A administração tinha que ser
estudos de
tratada como ciência para isentar
Taylor)
trabalhos inúteis e tempo médio na
execução de tarefas simples e rápidas.
Tarefas Estuda a fadiga humana e a relaciona
com produtividade, acidentes,
movimentação. Aplicação de métodos
científicos para padronizar e reduzir
custos
Organização Formal; Princípios gerais
Clássica
da Administração; Funções do
Estruturas Administrador.
Burocrática
Organização Formal. Burocrática.
Estruturas Racionalidade Organizacional.
Relações Organização informal. Motivação,
humanas liderança, comunicações e dinâmica de
Pessoas grupo.
Comportamento Estilos de Administração. Teoria das
organizacional decisões. Integração dos objetivos
Pessoas organizacionais e individuais.
Desenvolvimento
organizacional Mudança organizacional planejada.
Abordagem de sistema aberto.
Pessoas
Continuação
Quadro 4. Exemplos de teorias que se aplicam na
administração – gestão de pessoas e suas principais
características indicadas para apenas dois casos.
41
TEORIA PRINCIPAIS
ÊNFASE CARACTERÍSTICAS
Neo- Análise intra-organizacional e análise
estruturalista ambiental. Abordagem de sistema
Ambiente aberto
Administração da tecnologia com o
imperativo tecnológico. Nada é
Contingência absoluto; tudo é relativo e depende :
relação funcional (não
(origem na
necessariamente de causa-e-efeito)
pesquisa)
entre condições do ambiente (variáveis
Tecnologia
independentes) e as técnicas
apropriadas (variáveis dependentes)
para o alcance de objetivos
Uma teoria não precisa de prova dedutiva para se
estabelecer, mas é necessária a existência de algum
experimento reprodutível que a sustente. Tem como
funções: delimitar áreas do conhecimento científico,
sintetizando-as em leis com proposições dedutivas de
caráter abstratas e constituir a base para explicar fatos
com o auxílio do método científico.3) Lei. Enunciado
(proposições) de relações constantes (não dogmáticas, na
ciência, nem necessariamente permanentes, definitivas) e
objetivas que regem os fenômenos, constituindo-se
corpos das teorias.
A lei científica não tem o poder (portanto, sem o
mesmo sentido de lei jurídica, entre outras leis) de
determinar que um fato, fenômeno (...) qualquer deva ou
não ocorrer; ela apenas verifica a sua ocorrência,
analisando as causas e os efeitos relacionados com o
evento. Neste sentido, “encontrar o padrão ideal de causa
exige que uma variável sempre cause a outra e que
nenhuma variável tenha o mesmo efeito causal”, proposta
por John Stuart (COOPER e SCHINDLER, 2003; p.137-
8), Exemplos desses enunciados são ilustrados pelas leis
de concordância e de diferença, na Figura 8, sem entrar
no mérito de consistência dos casos ilustrativos
Uma lei natural é um enunciado de uma “verdade
científica” compreendida no âmbito de um paradigma
científico. Esse enunciado deve ser um reconhecimento,
mediante o meto científico, de um conhecimento
 42

EAC Garcia

"sugerido" ou por uma teoria física, ou ainda por um fato humana, mas não ciência. São exemplos a lei
observado, com determinadas características como as de gravitacional de Newton, na física, e a lei de oferta e
generalidade e de abrangência para que essa lei natural procura, na economia, com características empiricamente
possa ter um fim prático. confirmadas (testáveis) e pertencentes a sistemas
científicos dessas áreas.
4) Paradigma. É o termo utilizado para estabelecer
CASOS FATORES DESCRITIVOS RESULTADOS diferenciações entre dois períodos ou dois níveis do
processo do conhecimento científico. Um conjunto
Lei (método) de Concordância compartilhado de pressuposições e conceitos, de teorias e
1º. [ A 1 ] [ B 1] [ C 1]  [ Q 1] modelos (...) em relação a maneira como se percebe,
2º. [ C 1] [D1] [E1]  [Q1] pensa, valoriza, age (...) no mundo. Tem o sentido de
Portanto (): [ C 1]  [ Q 1] modelo de ciência, daquilo que serve como referência
para desenvolver a atividade científica durante uma
Lei (método) de diferença determinada época ou período de tempo. Após essa época
1º [A2] [B2 ] [C2 ]  [ Q 2] ou período, o referido modelo predominante tende a se
2º [ A 2] [sem B 2] [ C 2]  [sem Q ] esgotar em função de crise de confiabilidade nas bases
Portanto (): [ B 2]  [ Q 2] estruturantes de seus conhecimentos. Então, o paradigma
passa a ser substituído por outro modelo científico.
Exemplos de fatores causais de concordância
Também pode ocorrer o fato de dois paradigmas
[ A 1 ] = planejamento conforme (princípios, leis etc.)
[ B 1] = atração exercida pelos seguintes atrativos (...) disputarem o espaço de hegemonia da construção do
[ C 1] = socialização e aclimatação para que as conhecimento, do fazer científico.
pessoas possam se “sentir a vontade” (...) No período de vigência do paradigma se observam
[D 1]= reposicionamento com práticas e políticas (...) certas características, tais como: a representação
[ E 1 ] = realocação em função de (...).
delimitada e simplificada de um corpo de conhecimentos,
[ Q 1] = MOVIMENTAÇÃO DE PESOAS
de teorias; a proximidade da experiência; e a fácil
Exemplos de fatores causais de dferença constatação. Com base nessas essas características, o
[ A 2 ] = atendimento às expectativas, necessidades paradigma pode ser:
(princípios, leis etc.)
[ B 2] = reconhecimento “justo”, na remuneração, a) O paradigma científico "tradicional" disciplinar que
pelas habilidades, competências, se caracterizou pela noção de uma ciência neutra. Toda
contribuições (...). ciência, além de neutra, tinha como pressuposto a
[ C 2]=treinamento, oportunidade de crescimento (...) construção de um saber superior em relação a tudo que
[ Q 2] = VALORIZAÇÃO DE PESOAS não correspondesse a esse modelo e a tudo que não
fosse conhecimento formalizado e estruturado.
Figura 8. Exemplos de leis (teorias) na gestão de pessoas b) O paradigma interdisciplinar: introdução da multi-
disciplinaridade ou da supra-disciplinaridade
verificada em textos relacionados (a chamada
inter(trans)disciplinaridade). Esta é uma abordagem
Por outro lado, .uma lei natural deve ser, repetindo, científica que considera aspectos não apenas
falseável, no sentido de poder ser refutada, tanto lógica disciplinares, mas questionamentos e críticas quanto à
como experimentalmente. Caso contrário, poderia ser tecnificação científica do conhecimento, a partir do
uma “verdade” enquadrada como religião (dogmática, campo histórico-social. Pelo paradigma
fé...), filosofia (abstração não testável), arte (sentimento, interdisciplinar se mede e prioriza o tratamento de
sensação, impressão...) ou qualquer outra atividade risco, com a identificação de áreas críticas; ampliam-
 43

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

se horizontes e se redirecionam visões (alteram

Paradigmas e perfil da Paradigmas e perfil da
perspectivas: cenários); destacam-se, além de organização no século organização no século
controles internos e normas operacionais, formas para XX XXI
mitigar aquilo que pode vir a acontecer, tendo em
conta condições atuais: esses são exemplos de quebras Instabilidade/descontinuidade:
Estabilidade,
de paradigmas. melhoria contínua:
previsibilidade: previsão.
prospecção.
Nos Quadros 5 e 6 são apresentados paradigmas Eficiência
Inovação e empreendedorismo
tradicionais e novos paradigmas no processo de inovação
tecnológica e paradigmas e perfis das organizações. Exigência / necessidade de Tolerância / necessidade de
certeza flexibilidade
Quadro 5. Exemplos de paradigmas tradicionais e novos na essência da inovação tecnológica
a Qualidade do produto Qualidade total
PARADIGMA ANTERIOR NOVO PARADIGMA
Preparação e delegação de
Mudança a partir de Comando e controle de
Mudança imposta por funções, de autoridade com
negociação, consenso...; cima para baixo
autoridade; instrução para responsabilidade.
educação para sempre: Os ativos tangíveis são
atender necessidades Os ativos intangíveis são
aprender a aprender importantes
importantes
Complementação de
Escolha de interesses entre
interesses pessoas e Processos / organizações
as pessoas e a organização
organização Modelo / rigidez virtuais
Administração flexível: a organizacional hierárquica Organizada por matrizes e
Administração rígida e onde
ocupação se ajusta às Organizada por funções e orientada para o cliente, o
as pessoas se ajustam às
pessoas; descentralizada; orientada para o produto meio ambiente, a
ocupações; central; de cima
(autonomia) auto- competitividade.
para baixo; metas impostas
realização; negociação.
Orientação para o Orientação para resultados e
Cooperação e destaque de processo com foco interno foco no ambiente competitivo.
Agressividade: “negócio é
valores – habilidades
negócio”: lucro agora Ênfase financeira com Ênfase na oportunidade com
humanas: ética.
integração vertical integração em rede
Busca de estabilidade, de Abertura ao risco e atitude
proteção,de segurança (...) empreendedora
Igualdade, respeito à
Autoritarismo e “estímulo”
discordância,; aproveitar –
ao conformismo
estimular à diversidade 5) Tecnologia. O termo, no contexto geral, designa
Ênfase / destaque ao Destaque ao enfoque um conjunto de processos, meios, instrumentos e técnicas
raciocínio analítico, sistêmico, com estratégia de um ou mais ofícios ou domínio de atividade humana.
merológico e linear intuitiva e não-linear. Ampliando o conceito, é o conjunto de conhecimentos
a
Ferguson (1987; adaptado e complementado)
científicos ou empíricos ordenados, colocados à
Na administração há numerosos exemplos de disposição de um processo produtivo de bens e riquezas.
paradigmas e de quebras dos mesmos, tais como: a
Estudo sistemático dos procedimentos e
auditoria baseada no risco corporativo; e o respeito
equipamentos técnicos necessários para a transformação
irreflexivo (cego) à hierarquia, ao poder, ao status quo.
das matérias-primas em produto, como no caso da
tecnologia do agronegócio que transforma insumos, com
valores – utilidades provenientes da pesquisa em novos
Quadro 6. Paradigmas das organizações nos séculos produtos e serviços com vantagens competitivas.
XX e XXI

EAC Garcia
6) Pesquisa e desenvolvimento (P&D). O conceito
compreende tanto as “atividades que têm por finalidade
descobrir verdades, novos conhecimentos, inovações”
como “o aumento de capacidades: crescimento,
progresso, bem-estar...”. Ao se combinarem com
equilíbrio e integrarem com consistência as “as
atividades, recursos e finalidades da pesquisa” com as
“necessidades- possibilidades do desenvolvimento”, tem-
se o conceito P&D.
Se a orientação para desenvolver for com
sustentabilidade, então no conceito P&D se têm, entre
outros, os argumentos de uma função de demanda
tecnológica, tais como: a prospecção de alvos a
desenvolver: suas necessidades e possibilidades de
atendimento; as condições sociais e culturais
características desses alvos; as condições econômicas e
financeiras que afetam estruturas e mercados; elementos
de marketing e propaganda de produtos e serviços
tecnológicos; condicionantes da abertura da economia e
globalização que destacam novas vantagens
competitivas; e “estados” ecológicos atuando pelo lado
da demanda.
7) Modelo. Estudar (pesquisar) para entender fatores
(os mais importantes), inter-relações, processos,
resultados, estratégias (...) e agir com lógica –
racionalidade (em bases “confiáveis” no conhecimento
científico) na realidade, muitas vezes, complexa, requer
fazer modelo, isto é, representações parciais, uma vez que
apenas compreende elementos selecionados pelo
modelador em função de objetivos da utilização, visão -
entendimento, recursos e interesse do modelador. Uma
representação (modelo) que explicite a visão, missão,
filosofia, entendimento, complexidade (...) de uma
organização sobre os processos que são necessários para
a sua atuação segue essa lógica.
No caso de modelo de gestão de pessoas (vale dizer,
processos de gestão; ver nota de rodapé 5) o conceito
representa a maneira pela qual a empresa se organiza para
gerenciar e orientar o comportamento (admissão,
treinamento, distribuição, avaliação de desempenho,
salário, demissão etc.) das pessoas no trabalho.
Para tal propósito ela se estrutura ao definir princípios
(sua filosofia), estratégias (visão) políticas e práticas
44
(procedimentos, técnicas e métodos), mediante
mecanismos, implementa diretrizes e orienta formas ou
estilos de atuação de gestores.
Nos modelos de gestão de pessoas destacam-se dois
conjuntos de fatores:
a) Os fatores internos como são:
a.1) tecnologia adotada: padrão de equipamentos,
máquinas (...) relacionado com habilidades,
competências e possibilidades das pessoas;
automatização ou robotização;
a.2) estratégias de organização: formas variadas de
buscar o comportamento “exigido” pelo processo de
trabalho adotado com práticas como a qualidade
total (total quality management – TQM),
autonomia / semi-autonomia de sub-grupos etc.
a.3) cultura organizacional; importância, estímulo e
valor do ser humano em um contexto de cultura
determinando relacionamentos, ambientes (...);
a.4) estrutura organizacional como, p.ex.,
departamentalizada orientada para cadeias de
comando-e-controle, implica um modelo
segmentado e restrito; e modelo de estruturas
matriciais, com foco em unidades de negócio , redes
(cadeias ou arranjos) mediante as quais se percebe a
empresa como uma totalidade.
b) Fatores externos à organização com diversas
classificações como, p.ex., segundo sua origem, nível
de influencias e riscos – ameaças, entre outros.
3.4.1 Exercícios e trabalhos práticos
a) Relacionar teorias e leis científicas (descrição)
utilizadas na moderna gestão de pessoas. Exemplos
de aplicação na empresa brasileira.
b) Descrever tendências e perspectivas na gestão de
pessoas. Como elas poderão afetar a organização?
Ilustre com exemplos.
c) Quais são os fundamentos científicos da gerência
participativa, da análise de capacitação profissional
e da solução de conflitos? Exemplos.
 45

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

d) Identifique características dos paradigmas da gestão

tradicional e da gestão moderna. Como a quebra do
paradigma da estabilidade, da estrutura
organizacional tradicional (...) afetou à organização?
Exemplos.
e) Selecione artigos (p.ex., de revistas especializadas,
tais como HSManagement, The International Jornal
of Career e Management e da Research
Management); leia-os com atenção e analise-os de
forma crítica, identificando os pontos que refletem o
pensamento dos autores selecionados e lidos.

EAC Garcia
3.5 Normatização e segurança da
informação: código de práticas para a
gestão
Parte dos fundamentos da gestão de pessoas tem suas
bases na normatização e na segurança da informação,
isto é, a preservação da confidencialidade, da integridade
e da disponibilidade da informação, bem como a
autenticidade, responsabilidade, não repúdio e
confiabilidade. Dessa parte, como conceitos e
procedimentos metodológicos de interesse para a
pesquisa de sustentação à gestão, trata-se nas próximas
seções, com destaque para alguns aspectos apresentados
na forma de uma síntese da ABNT NBR ISO / IEC
17799 (ABNT, 2005) com o propósito de se terem idéias
gerais sobre a segurança da informação de uns poucos
casos considerados nessa norma.
3.5.1 Segurança da informação
Refere-se à segurança de dados e informações, com
determinados atributos e valores, constituídos ativos
(qualquer coisa que tenha valor para a organização)
essenciais para o negócio da organização; por isso
necessitam de adequada proteção. Isto é especialmente
importante em ambientes de negócios cada vez mais
interconectados. Por causa dessa interconectividade, a
informação está exposta a um crescente número e a uma
grande variedade de ameaças (isto é, de causas
potenciais de incidentes indesejados, que podes resultar
em dano para a) de vulnerabilidades.
Entenda-se por segurança da informação à proteção
de vários tipos de ameaças 10 que se estão tornando cada
vez mais comuns, ambiciosos e sofisticados, com graves
efeitos para garantir a continuidade do negócio,
10
São exemplos de ameaças à segurança da informação: fraudes
eletrônicas, espionagem, sabotagem, vandalismo, fenômenos
como incêndio e inundação, danos causados por código malicioso
(hackers) e por ataques de “negação de serviços” ou que impeçam
usuários legítimos de utilizarem serviço de computador (denial of
servic).
46
minimizar o risco (combinação da probabilidade de um
evento e de suas conseqüências) ao negócio, maximizar o
retorno sobre os investimentos e as oportunidades de
negócio, obtida a partir da implementação de um
conjunto de controles (formas de gerenciar o risco,
incluindo políticas, procedimentos, diretrizes, práticas ou
estruturas organizacionais, que podem ser de natureza
administrativa, técnica, de gestão ou legal) adequados,
incluindo políticas, processos, procedimentos e estruturas
organizacionais, entre outros.
3.5.1.1 Necessidade da segurança da
informação
A informação e os processos de apoio, entre outros,
são importantes ativos para o negócio da organização.
Nesses processos, definir, alcançar, manter e melhorar a
segurança da informação podem ser atividades essenciais
para assegurar a competitividade, a lucratividade, o
atendimento aos requisitos legais e a imagem da
organização.
A gestão da segurança da informação requer pelo
menos a participação de todos os funcionários da
organização; em alguns casos, a participação, também,
de acionistas, fornecedores, terceiras partes, clientes ou
outras partes externas, bem como de consultorias
externas especializadas.
3.5.1.2 Requisitos de segurança da
informação
É preciso identificar os requisitos de segurança da
informação mediante três fontes de informações.
A primeira fonte é mediante estudos de análise /
avaliação de riscos (processo completo de análise e
avaliação de riscos) para a organização, levando-se em
conta os objetivos e as estratégias globais de negócio,
identificando as ameaças aos ativos e as vulnerabilidades
destes, com estimativa de probabilidade de ocorrência
das ameaças e do impacto potencial ao negócio. Os
resultados desses estudos ajudarão a direcionar e a
determinarem as ações gerenciais apropriadas e as

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
prioridades para o gerenciamento dos riscos, bem como
para a implementação dos controles selecionados para a
proteção contra esses riscos.
A segunda fonte de informações é a legislação
vigente, os estatutos, a regulamentação e as cláusulas
contratuais que a organização, seus parceiros comerciais,
contratados e provedores de serviço têm que atender,
além do seu ambiente sociocultural.
A terceira fonte é um conjunto particular de
princípios, de objetivos e de ‘requisitos’ do negócio para
o processamento da informação que uma organização
tem que desenvolver para apoiar suas operações e
decisões.
3.5.1.3 Análise / avaliação e tratamento de
riscos de segurança da informação
Antes de começar o tratamento de um risco é
conveniente que a organização defina os critérios para
determinar quando podem ser aceitos (p.ex., se for baixo
ou o custo de tratamento não é economicamente viável)
ou não. É conveniente que essa análise e seus resultados
se orientem para:
a) identificar, quantificar e priorizar os riscos com base
em critérios para aceitação (ou não) dos mesmos e
dos objetivos relevantes para a organização.
b) orientar e determinar as ações de gestão apropriadas
e as prioridades para o gerenciamento dos riscos, bem
como para a implementação dos controles
selecionados, de maneira a proteger a informação
contra tais riscos;
c) incluir um enfoque sistemático de estimar a
magnitude do risco (análise) e o processo de
compará-los para precisar o significado do mesmo
(avaliação);
d) realizar periodicamente análise / avaliação para
contemplar as mudanças nos requisitos de segurança
da informação e na situação de risco;
e) especificar escopos claramente definidos para serem
eficazes e para que possam incluir os
47
relacionamentos com as análises / avaliações de
riscos em outras áreas, se necessário.
3.5.1.4 Política de segurança da
informação
Essa política deve ter como objetivos “prover uma
orientação e apoio da direção para a segurança da
informação de acordo com os requisitos do negócio e
com as leis e regulamentações relevantes” sendo
conveniente estabelecê-la alinhada com os objetivos do
negócio e a manutenção da política para toda a
organização.
A política de segurança da informação deve ser
aprovada pela direção, publicada e comunicada para
todos os funcionários e partes externas interessadas.
Nas diretrizes para a implementação dessa política
convém a declaração do comprometimento da direção e o
estabelecimento do enfoque para gerenciar essa
segurança.
Outras declarações, nas diretrizes para a
implementação da política de segurança da informação,
são:
a) uma definição de segurança, suas metas globais,
escopo e importância dessa segurança como um
mecanismo que habilita o compartilhamento da
informação;
b) uma declaração do comprometimento da direção e
de apoiando as metas e princípios da segurança,
alinhada com os objetivos e estratégias do negócio;
c) uma estrutura para estabelecer os objetivos de
controle e os controles, incluindo a estrutura de
análise / avaliação e gerenciamento de risco;
d) síntese de explanações das políticas, princípios,
normas e requisitos de conformidade de segurança da
informação específicos para a organização, incluindo
a conformidade com a legislação e com requisitos
regulamentares e contratuais; requisitos de
conscientização, treinamento e educação em
segurança da informação; gestão da continuidade do

EAC Garcia
negócio; e conseqüências das violações na política
dessa segurança;
e) definição de responsabilidades gerais e específicas
na gestão da segurança, incluindo o registro de
incidentes dessa segurança;
f) referências à documentação que possam apoiar a
política como as de procedimentos de segurança e ou
regras de segurança a seguir.
3.5.2 Gestão de ativos
Essa gestão tem como objetivos “alcançar e manter a
proteção adequada dos ativos da organização”.
É conveniente que todos os ativos da organização
sejam inventariados e definidos os responsáveis,
identificados e a eles atribuída as responsabilidades pela
manutenção.
No inventário convém fazer a documentação e
valoração dos ativos, bem como especificar as
informações necessárias que permitam “recuperar de um
desastre, incluindo o tipo do ativo, formato, localização,
informações sobre cópias de segurança, informações
sobre licenças e a importância do ativo para o negócio”.
3.5.3 Segurança em recursos humanos
A segurança em recursos humanos tem como objetivo
assegurar que os funcionários, fornecedores e terceiros
(fft) entendam suas responsabilidades e estejam de
acordo com os seus papéis, assim como e reduzir o risco
de roubo, fraude ou mau uso de recursos, sendo
conveniente que as responsabilidades pela segurança da
informação sejam atribuídas antes da contratação, de
forma adequada, nas descrições de cargos e nos termos e
condições de contratação; que todos os candidatos ao
emprego, fornecedores e terceiros sejam adequadamente
analisados, especialmente em cargos com acesso a
informações sensíveis; e que todos os fft, usuários dos
recursos de processamento da informação, assinem
acordos sobre seus papéis e responsabilidades pela
segurança da informação.
48
Quanto aos papeis e responsabilidades pela segurança
da informação de fft, no que se refere ao controle,
convém que sejam definidos e documentados de acordo
com a política de segurança da informação da
organização.
Nas diretrizes para a implementação da segurança em
recursos humanos é conveniente incluir requisitos, para
“implementar e agir de acordo com as políticas de
segurança da informação da organização”; “proteger
ativos contra acesso não autorizado, divulgação,
modificação, destruição ou interferência”; “executar
processos ou atividades particulares de segurança da
informação”; “assegurar que a responsabilidade seja
atribuída à pessoa para tomada de ações” e “relatar
eventos potenciais ou reais de segurança da informação
ou outros riscos de segurança para a organização”.
Na seleção de candidatos a emprego, fornecedores e
terceiros é conveniente que o controle a ser realizado
esteja de “acordo com as leis relevantes [vigentes],
regulamentações e éticas, e proporcional aos requisitos
do negócio, à classificação das informações a serem
acessadas e aos riscos percebidos”, em especial, quando
se trata de informações como as financeiras e as
confidenciais.
É conveniente levar em consideração, na seleção de
candidatos e com base em critérios adequados e
definidos (em alguns casos, com base em testes
pertinentes), “todos os aspectos relevantes relacionados
com a privacidade, legislação baseada na contratação
e/ou proteção de dados pessoais (...)” incluindo aspectos
como: disponibilidade de referências satisfatórias;
verificação, tanto da exatidão como da inteireza, das
informações do curriculum vitae do candidato;
confirmação das qualificações acadêmicas e
profissionais; verificação independente da identidade; e
verificações mais detalhadas em aspectos como os
financeiros e de registros criminais.
Como parte das obrigações contratuais, convém
observar, no controle de contratação, que os fft
concordem e assinem os termos e condições dessa
contratação ao declarar as suas responsabilidades e a da
organização para a segurança da informação.
 49

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

Quando se trata de contratação de candidatos para É conveniente buscar (fornecer para todos os fft ) e
assumirem posições - chave dentro da organização assegurar um nível adequado de conscientização, de
convém observar a legislação apropriada existente na educação e de treinamento nos procedimentos de
jurisdição pertinente e as diretrizes concernentes às segurança da informação e no uso correto dos recursos
condições de trabalho que reflitam a política de de processamento da informação, para minimizar
segurança, em aspectos como: possíveis riscos de segurança da informação. Estabelecer,
também, um processo disciplinar formal para tratar das
a) todos os fft que tenham acesso as informações
violações de segurança da informação.
sensíveis assinem um termo de confidencialidade ou
de não divulgação antes de lhes ser dado o acesso aos Cabe à direção, dentro de suas responsabilidades e
recursos de processamento da informação; como fator de controle, solicitar aos fft que pratiquem a
segurança da informação de acordo com o estabelecido
b) as responsabilidades legais e direitos dos fft e
nas políticas e procedimentos da organização,
quaisquer outros usuários, como são às leis de
observando as diretrizes na implementação dessas
direitos autorais ou à legislação de proteção de dados;
políticas, tais como:
c) as responsabilidades pela classificação da
a) os fft estejam adequadamente instruídos sobre as
informação e pelo gerenciamento dos ativos da
responsabilidades e papéis pela segurança da
organização associados com os sistemas de
informação antes de obterem acesso às informações
informação e os serviços realizados pelos fft;
sensíveis ou aos sistemas de informação;
d) as responsabilidades dos fft pelo tratamento da
b) recebam as diretrizes que definem quais as
informação recebida de outras fontes ou de partes
expectativas sobre a segurança da informação de suas
externas;
atividades dentro da organização;
e) as responsabilidades da organização pelo tratamento
c) estejam motivados para cumprir com as políticas de
das informações pessoais como as decorrentes da
segurança da informação da organização e atinjam
contratação, assim como as que se estendem para fora
um nível de conscientização sobre essa segurança que
das dependências da organização e fora dos horários
seja relevante para os seus papéis e responsabilidades
normais de trabalho;
dentro da organização;
g) as ações a serem tomadas no caso de o fft
d) atendam aos termos e condições de contratação, que
desrespeitar os requisitos de segurança da informação
incluam a política de segurança da informação da
da organização.
organização e métodos apropriados de trabalho
É importante assegurar que os fft concordem com os (habilidades e qualificações)
termos e condições relativas à segurança da informação
Uma má gestão pode causar às pessoas o sentimento
adequados à natureza e extensão do acesso que eles terão
de sub-valorização o que poderá resultar em um impacto
aos ativos
de segurança da informação negativo para a organização.
Durante a contratação é importante assegurar que os
É importante destacar o papel da conscientização, da
fft estejam conscientes das ameaças e preocupações
educação e do treinamento em segurança da informação,
relativas à segurança da informação, suas
consistentes e com atualizações regulares, com base em
responsabilidades e obrigações (bem definidas), assim
diretrizes, tais como:
como preparados para apoiar essa política durante os
seus trabalhos normais e para reduzir o risco de erro a) começar com um processo formal de indução
humano. concebido para introduzir as políticas e expectativas
 50

EAC Garcia

de segurança da informação da organização, antes que segurança e controles de acesso apropriados”,

seja dado o acesso às informações ou serviços;
b) incluir nos treinamentos em curso requisitos de
segurança da informação, responsabilidades legais,
controles do negócio e uso correto dos recursos de
processamento (p.ex., log-on e software) da
informação;
c) assegurar a adequação (consistência) e relevância
(aplicação ou conformidade às necessidades) da
conscientização, educação e treinamento, tendo em
conta os papéis, responsabilidades e habilidades das
pessoas.
É conveniente a existência de um processo disciplinar
formal (como dissuasão para evitar a violação) para os fft
que tenham cometido uma violação da segurança da
informação; que nesse processo se observe um
tratamento justo e correto; e que leve em consideração
fatores como a natureza e a gravidade da violação e o seu
impacto no negócio. Esse processo será cada vez menos
utilizado conforme seja cada vez mais eficiente a
conscientização, a educação e o treinamento em
segurança da informação.
O encerramento da contratação ou a mudança de setor
tem como objetivo assegurar que fft deixem a
organização ou o setor de forma ordenada e controlada.
Para isso, convém que as responsabilidades sejam
definidas e que a devolução de todos os equipamentos e
a retirada de todos os direitos de acesso estejam
concluídas.
compatíveis com os riscos identificados. Nesse processo
é conveniente observar diretrizes, tais como:
a) definição clara de perímetros de segurança (p.ex.,
edifícios, setores etc., sem brechas nem pontos de
fácil invasão), com localização e capacidade de
resistência (p.ex., controles, alarmes, fechaduras,
portas corta-fogo com alarmes e monitoras de acordo
com os códigos locais de prevenção de incêndios e
prevenção de falhas etc.) compatíveis como os
requisitos de segurança dos ativos existentes e dos
resultados da análise /avaliação de riscos;
b) restringir o acesso somente ao pessoal autorizado em
área apropriada, com um setor de recepção, ou um
outro meio para controlar o acesso físico;
d) construir barreiras físicas, onde aplicável, para
impedir o acesso físico não autorizado e a
contaminação do meio ambiente;
f) instalação de sistemas adequados e testados em
intervalos regulares de detecção de intrusos, de
acordo com normas regionais, nacionais e
internacionais, que cubram todas as portas externas e
janelas acessíveis; as áreas não ocupadas devem ser
protegidas por alarmes o tempo todo; também deve
ser dada proteção a outras áreas como salas de
computadores ou salas de comunicações;

3.5.4 Segurança física e do ambiente

Tem como objetivo prevenir o acesso físico não
autorizado, danos e interferências com as instalações e
informações da organização.
Para se atingir a segurança física e do ambiente da
organização é “conveniente que as instalações de
processamento da informação críticas ou sensíveis sejam
mantidas em áreas seguras, protegidas por perímetros de
segurança definidos, [p.ex., paredes, portões de entrada
controlados por cartão magnéticos ou balcões de
recepção com recepcionistas], com barreiras de

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
4 RELAÇÂO – COMPLEMENTAÇÃO
ENTRE MÉTODOS E TÉCNICAS
DE PESQUISA COM A GESTÃO DE
PESSOAS
Quais são os conceitos, procedimentos, técnicas e
métodos dE módulos componentes De um curso de
Gestão de pessoas que se relacionam, complementam ou
são complementados pelos procedimentos, técnicas e
métodos da disciplina “Métodos e técnicas de pesquisa”?
A relação que segue é ilustrativa, com indicações de
apenas alguns desses elementos e relações, destacando-se
as possibilidades de se integrarem em estruturas
horizontais e de análise de processos gerenciais:
1) Ética, Poder e Responsabilidade Social. A
organização vê na ética e na responsabilidade social,
novas possibilidades e estratégias para aumentar seus
benefícios e para potencializar seu desenvolvimento.
Essa visão decorre e/ou está associada, em parte, com o
consumidor mais educado, conscientizado e exigente por
produtos e serviços com qualidade e sustentabilidade em
fatores de competitividade.
Qualquer que seja a interpretação de responsabilidade
social como, p.ex., a de obrigação legal, ligada ao fato
da organização atender exigências sociais, ambientais
(...); dever fiduciário, que impõe à organização padrões
mais elevados de comportamento; ou de práticas e
função social, associada ou não à legitimidade e ao
compromisso que a organização tem com o
desenvolvimento, bem-estar e melhoramento da
qualidade de vida de seus funcionários, suas famílias e
comunidades em que ela se insere, somente citando três
vertentes, colocam-se em evidência conceitos da
metodologia como os de amostragem, dados e
informação, estatísticas de síntese e relacionamento de
variáveis para a caracterização de vetores da
responsabilidade social. São vetores que se definem, com
base em pesquisas devidamente planejadas e
desenvolvidas e em espaços ou dimensões vetoriais para
51
o atendimento de necessidades e possibilidades, tais
como
 Satisfação do cliente: indicadores estatísticos dessa
satisfação; amostragem aplicada em população
caracterizada e delimitada; e levantamento de
dados.com base em critérios técnicos, entre outros
conceitos, procedimentos (...) de Métodos e técnicas
de pesquisa.
 Informação e comunicação: segurança do ativo
primário, o dado; gestão de ativos (...) conforme se
indica em itens da Normatização: ABNT NBR
ISSO / IEC: 17799.
 “Saúde” financeira da empresa: avaliação de
desempenho determinado por indicadores
econômico-financeiros estimados em pesquisas.
 Imagem da organização, conforme diretrizes e
objetivos dentro da missão, visão e trajetórias
estratégicas fundadas em premissas como:
conquistar e manter o reconhecimento do cliente;
gerar e oferecer serviços com inovações, qualidade,
segurança e pontualidade; “manter” as condições de
clima organizacional, treinamentos etc. favoráveis
para o comprometimento e motivação dos
empregados; e gerar-utilizar soluções inovadoras
com tecnologias adequadas.
2) Sistemas administrativos de recursos humanos. São
numerosos os problemas que defrontam os sistemas
administrativos desses recursos. São problemas que vão
desde a seleção e avaliação de pessoal até ações de
dispensa, passando por políticas e planos de treinamento,
promoções, (re)alocações e aposentadorias.
Tais problemas, na maioria dos casos, exigem
abordagens de pesquisas com o método científico. São
abordagens que se planejam e desenvolvem em estreita
relação – complementação com o componente ou com a
função do sistema de administração; este coloca um
problema para pesquisa que o traduz ao método
científico como um problema de investigação.
Nesse contexto se tem a pesquisa heurística realizada
por meio da quantificação de proximidade a um
determinado objetivo do sistema administrativo.

EAC Garcia
Do profissional com treinamento em sistemas
administrativos de recursos humanos se “exigem”, entre
outras funções e responsabilidades:
a) A elaboração de pareceres e a apresentação de
relatórios conforme normas e critérios, além dos
requeridos na comunicação com a linguagem
pertinente, os de normalização e sistematização da
ABNT / ISO.
b) Pesquisas de levantamento de dados (amostragem,
obtenção de dados amostrais, avaliação de
consistência, formação de banco de dados etc.) e de
análises e interpretação dos mesmos para atenderem
demandas em setores como os de administração,
seleção e treinamento de pessoas.
c) Procedimentos, técnicas, métodos e programas de
trabalho, orçamento de material e financeiro, relações
públicas, mercadologia etc., que se baseiam, em parte,
no método científico.
d) Desenvolvimento de habilidades e de capacidades,
pelo treinamento, para captar e interpretar realidades
dos setores de recursos humanos, com clareza,
consistência e objetividade.
e) Sensibilidade técnica para observar, captar fatos da
realidade e analisá-los em processos como os de
‘avaliação-ação’ de melhorias contínuas no setor de
recursos humano: capacidade para enfrentar e resolver
problemas.
3) Comportamento, cultura e mudança
organizacional. No estudo da organização que
compreende, entre outras, o ambiente cultural, o
desenvolvimento desse ambiente, o comportamento nele
e as mudanças conforme determinadas diretrizes e
políticas, ao considerar a estrutura, por um lado, e o
comportamento humano, pelo outro, numa abordagem
sistêmica, são considerados processos de pesquisa que
compreendem técnicas e métodos. Entre os processos de
investigação que utiliza o método científico se tem:
a) o meio ambiente com a aplicação de técnicas e
métodos para realizar estudos de turbulências
ambientais em diversos níveis e de “explosão”
tecnológica e de comunicação;
52
b) técnicas e métodos para avaliar o impacto sofrido
(que ameaça) a organização por causa de turbulências
ambientais e as características necessárias de
dinamismo e flexibilidade organizacional para
sobreviver em ambiente de impactos e de ameaças,
tanto presentes com “projetáveis” ou “prospectáveis”
na construção de cenários;
c) técnicas e métodos para caracterizar grupos sociais,
internos ou não e de interesse atual ou potencial para a
organização, considerando aspectos como os de
liderança, comunicação, relações interpessoais e
conflitos, entre outros;
d) técnicas e métodos para estudos como os de
motivações, atitudes e necessidades pessoais,
tipificadas de acordo com critérios e propósitos como,
p.ex., explorar interdependências entre setores e
grupos de pessoas, diagnosticar situações e intervir em
variáveis estruturais e em variáveis comportamentais,
para que uma mudança permita a consecução tanto de
objetivos organizacionais quanto de objetivos
individuais.
4) Estratégias de motivação de pessoal. Apesar de
serem necessários os procedimentos de avaliação e
treinamento de pessoal e de incentivos como os de
promoção, além dos salariais tradicionalmente
considerados, apenas para citar dois fatores de gestão de
pessoas, estes não são suficientes para se alcançar
determinados propósitos da organização. É preciso
contar com ações e estratégias de motivação. Quais e
como essas ações e estratégias se relacionam com a a
Métodos e técnicas de pesquisa? Conhecer os fatores
dessa motivação é essencial para a gestão de pessoas.
O conhecimento se fundamenta em informações e
dados de vários fatores, atores, ambientes (...), tanto
internos como externos. A força (valor, sentido etc.) de
cada motivo e seus fatores causais (o motivo como um
efeito de causas e por extensão, a existência do
comportamento como o resultado de causa(s)
motivadora(s) que o determina) influenciam e são
influenciados pela maneira como cada pessoa percebe a
realidade e reage ou se posiciona. Essa força
determinante no comportamento de cada pessoa é a

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
motivação que influi, com propriedade, nos tipos de
comportamentos.
Para a gestão de pessoas é de especial importância
saber, entender (e utilizar - praticar) que determinadas
circunstâncias, alguns motivos, certas atitudes (....)
adquirem predominância sobre outros, orientando as
pessoas e direcionando seus comportamentos na busca de
certos objetivos. De forma equivalente, certos objetivos,
planos e estratégias da organização tem efeitos (poderão
ter) ou respostas diferentes entre as pessoas.
5) Negociação e gestão de conflitos. Partes
fundamentais na gestão das relações de trabalho e, em
especial, em técnicas e métodos de negociações,
compreendem aspectos diretamente relacionados com a
pesquisa. A própria percepção e a “tradução” das
manifestações que surgem quando existem desacordos
dentre ou entre grupos de pessoas, equipes ou
departamentos de uma organização, ensejam estudos e
pesquisas orientadas para entender a natureza dos
conflitos (p.ex., se por objetivos, cognitivos e afetivos) e
para decidir nas formas de atuar, sejam elas positivas
(manter o conflito e derivar algum benefício: um conflito
construtivo), negativas (evitar o conflito e utilizá-lo para
um fim destrutivo) e equilíbrio (a racionalidade de evitar
o conflito pelas possibilidades de resultados negativos
quer para a organização, quer para as pessoas).
Qual é a base do processo de negociação e de gestão
do conflito? Em muitos casos são informações de
estudos e pesquisas que evidenciam a racionalidade de
uma decisão ou a sustentabilidade de estilos de gestão,
tais como os de “evitar” (...), “calmo” (...),
“compromisso” (....) e “colaborativo” (...), entre outros.
Os processos de identificação e caracterização de
causas reais e causas emocionais na gestão de conflitos
compreendem as análises de problemas (oportunidades)
com procedimentos e técnicas que se aplicam tanto na
pesquisa como na gestão de pessoas. Nessa análise é
preciso estabelecer escalas, ordenamentos,
relacionamentos e medições das causas; é preciso
analisá-las e dessas análises obter inferências e
conclusões de proposições e argumentações necessárias
53
para a tomada de decisões. São as mesmas leis da “lógica
formal” utilizadas pela pesquisa.
6) Gestão por competências e certificação
profissional. o capital humano é o mais importante da
organização e a gestão desse capital, pelos fatores,
ambientes, condições, manifestação (...) que determinam
motivação, empenho, capacitação-desenvolvimento,
comprometimento-responsabilidade (...) são metas
valiosas que podem ser alcançadas com base em ações e
estratégias sustentadas em estudos e pesquisas que
utilizam a metodologia científica.
A organização precisa ter informações formais de
“conhecimentos”, habilidades, atitudes e competências
das pessoas, requeridos pelo sistema e definidos em
termos de critérios e normas acordados previamente e
definidos independentemente da forma como foram
adquiridos.
A promoção da qualidade em todos os setores, em
todas as atividades, da produtividade (...), em ambientes
cada vez mais dominados- condicionados pela tecnologia
e a informação, são fatores essenciais da gestão por
competências e das razões para a certificação,
sustentadas em resultados de pesquisas.
Em outras unidades do curso Gestão de pessoas, tais
como: Recrutamento e Seleção; Gestão Estratégica de
RH; Educação Corporativa; Estratégias de
Remuneração Variável e Avaliação de Desempenho,
utilizam-se técnicas e métodos empregados em estudos e
pesquisa que utilizam o método científico.
Dois aspectos fundamentais da pesquisa são os
relativos à Gestão do Conhecimento (não se discute a
impropriedade do termo, mas destaca-se a gestão de
fatores nas pessoas que evoluem naquilo que sabem com
a capacitação e treinamento: aprendizagem, que
comunicam e ensinam...) pela gestão de fatores e
ambientes que levam ao conhecimento, e a Criatividade
e Processo Decisório, pelo reconhecimento, estímulo e
valorização de habilidades e competências (...) Esses
aspectos, unidades da Gestão de pessoas, determinam a
“gestão do conhecimento”.
 54

EAC Garcia

Relacionados aos fatores e ambientes que levam ao em seus processos e resultados, em seus funcionários
conhecimento se têm princípios e normas que os para determinar a cultura organizacional.
potencializam. Alguns desses princípios, normas e
b) Ordenamento, classificação e relacionamentos de
critérios foram considerados na seção anterior.
conhecimentos, explícitos por informações
As responsabilidades e os posicionamentos de “representadas” por dados literais descritivos, em
gestores de pessoas na organização não apenas adquirem atividades como as de recrutamento, seleção e
novas configurações em função de habilidades e treinamento de pessoas.
competências que Métodos e técnicas de pesquisa
c) Diversas ferramentas (meios) utilizadas na
propiciam a esse profissional, mas, pelos ganhos de
comunicação precisam de análises críticas e de
status técnico, demonstrarão evidentes habilidades para
adequações, quando necessário, à realidade. Tais
agregarem valor ao negócio ao melhorar convivências e
análises e possíveis adequações se sustentam no
desempenhos d mais importante recurso da organização:
entendimento teórico e nos pressupostos de aplicação
as pessoas.
dessas ferramentas. Com base nessas considerações,
Parte desse valor se deriva da eficiência na medição descreva as principais características (teóricas e de
de desempenhos e na integração de atividades criativas aplicação) das seguintes ferramentas:
aos objetivos empresariais, por meio de indicadores de
c.1) Recuperação de dados e informações
gestão da responsabilidade social, reduzindo-se, dessa
(Information retrieval).
forma, o fator de subjetividade e causas de incerteza.
c.2) Gerencia de documentos (Document
Métodos e técnicas de pesquisa: aplicações na gestão mangement).
de pessoas são fundamentais para a organização que
c.3) Memória organizacional (Organization memory).
deve competir em ambientes de negócios cada vez m,ais
complexos e onde não é suficiente oferecer qualidade, c.4) Treinamento online (Online training).
preços competitivos, obedecer às leis, pagar impostos c.5 Difusão e Transferência (Knowledge transfer).
(...); a organização de sucesso será cada vez mais
pressionada para perceber o impacto de suas operações,
internas e externas, e para verificar, com cuidados e
critérios técnico-científicos e operacionais, os impactos
de suas políticas e ações – estratégias nos seus
empregados, clientes, sociedade, meio ambiente,
concorrentes (...). Tais percepções e verificações se
relacionam e dependem de estudos e pesquisas que
utilizam o método científico adequado à realidade.

4.1 Exercícios e trabalhos práticos

Identifique o campo de atuação da pesquisa,
desenvolvida com técnicas e métodos científicos, nas
seguintes atividades:
a) Percepção e aquisição de dados para gerar
informações utilizadas no tecido (aprendizagem) de
conhecimentos explícitos ou tácitos na organização,
 55

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

de criatividade e as necessidades humanas. Esses

5 PESQUISA conceitos são sintetizados nos próximos parágrafos.
Pesquisa (do lat. pesquisítus, buscar com cuidado,
procurar por toda a parte; informar-se, inquirir,
perguntar; indagar profundamente) tem o significado de
um conjunto de atividades que se orientam para a
descoberta de verdade em qualquer domínio. Em seu Inicia-se
Inicia-se com
com PROBLEMA
PROBLEMA
Que,
Que, quais?
quais? Causas?
Causas?
sentido simples e popular, é o ato ou efeito de pesquisar,
de indagar, com minúcias, para averiguar a realidade.
Pensamento
Pensamento criativo
criativo
A pesquisa pode ser entendida como os processos de CRIATIVIDADE
CRIATIVIDADE
observar e obter dados e informações sobre um

teorias,

científi
teorias,

científi
(...)
Auxili

métod

co(...)
Auxili

métod
determinado assunto de certa realidade com o propósito
ado
por
ado
Traçar um caminho e escolher os
por

co
de compreendê-lo, explicá-lo, solucioná-lo.

oo
meios para atingir os objetivos
PESQUISA
PESQUISA propostos, ao responder:
Nos processos racionais (lógicos), seqüenciais, Enfoque
Enfoque (...)
(...) 1 O que fazer?: definir com clareza,
estruturados, sistêmicos (...) que se desenvolvem na objetividade (...) do problema;
2 Por que fazer? Justificativa
pesquisa, orientados com base em um projeto, 3 Para quem fazer? Definir o que se
combinam-se diversas atividades inter-relacionadas, pretende alcançar: geral e
intelectuais e empíricas, com objetivos como os de gerar Ações,
Ações, parcerias
parcerias específicos
estratégias,
estratégias, 4 Onde fazer? Delimitar o local
informações para novos conhecimentos, inventar – 5 Como fazer? Metodologia:
recursos
recursos (...)
(...)
amento
financi
amento

descobrir processos e produtos para inovações, explorar

inovaç
Polític

financi
inovaç
Polític

conceitos, tipo de pesquisa,

C&T,
C&T,

novas realidades com potencialidades. O fator crucial população – amostra, técnicas e

as:

ão
as:

ão

métodos para análise de dados

desses processos é o pensamento criativo para perceber
um problema (oportunidade), traduzi-lo para a pesquisa e
gerar e comunicar (difundir) a solução, conforme se
ilustra na Figura 9 com perguntas de orientações.
Entre as atividades da pesquisa se relacionam as de
prospectar uma população, pessoas, empresa, setor (...)
com determinado assunto de interesse para a pesquisa,
para o cliente e limitá-lo a uns poucos atributos;
representar a população mediante técnicas como as de
amostragem para observar atributos, os mais
importantes, desse assunto, registrá-los em dados e
informações, analisá-los, inferir – concluir e divulgar -
comunicar os resultados desses processos desenvolvidos
com o auxilio do método científico: pesquisa científica.
A pesquisa científica pode ser definida como uma
atividade intelectual intencional [a partir de.. para..] que
busca responder às necessidades (humanas) de
determinado setor, grupo de pessoas ou clientes,
sociedade, local (...). Nesta conceituação há dois
conceitos importantes, em especial para a gestão de
pessoas, a esclarecer: atividade intelectual com o sentido
6 Com que fazer? Recursos com as
devidas justificativas e
especificações técnicas
7 Quando fazer? Cronogramas
8 Com quanto fazer? Orçamento
com suas devidas justificativas.
9 Quem vai fazer? Equipe; definição
SOLUÇÃO de parcerias, redes (...)
10 Como difundir, avaliar os
(problema) resultados (...)? Benefícios ex-antes
APROVEITAMENTO
(oportunidade)
Figura 9. Pensamento criativo na lógica e seqüência da
pesquisa auxiliada pelo método científico explícito no projeto
Qual é a importância da criatividade na pesquisa e
como esse atributo pode ser definido? Acima de qualquer
outro fator compreendido na investigação, inclusive do
método científico, coloca-se a criatividade do
pesquisador (apenas superada pela desmotivação, pelo

EAC Garcia
conformismo da mediocridade...), sem substituto e como
condição necessária que deve ser estimulada e
valorizada, tanto na formação do profissional como no
exercício da investigação.
Quanto as características (atributos) de inventividade,
de descoberta, de inteligência e talento, nato ou
adquirido, para criar, inventar, descobrir, inovar (...), são
várias e diferentes as idéias consideradas no conceito
criatividade, entre outras, as seguintes:
 um processo singular de manipulação de símbolos ou
objetos externos para produzir um evento incomum
para si ou para o meio; que permite estabelecer
relações entre atributos, fatos e situações para buscar
soluções novas a partir de dados e informações já
conhecidas e que compreende não só a possibilidade
de solucionar um problema em geral conhecido, mas
de descobrir um problema onde outras pessoas não o
vêem ou de antecipá-lo para preveni-lo.
 o pensamento criativo com duas características:
autonomia e direção para produzir uma nova forma;
 o processo que resulta em um produto novo, aceito
como útil, ou satisfatório pelas pessoas.
 o processo que representa a emergência de “algo” que
é único e original; que é sensível na percepção de
problemas, deficiências, lacunas no conhecimento,
desarmonia; que leva a identificar dificuldades
“reais,” a buscar soluções com efetividade, a formular
e testar ((re)testar) hipóteses a respeito de possíveis
explicações, soluções; e a comunicar os resultados;
 os produtos ou respostas julgadas criativas na medida
em que sejam novas e apropriadas a realidades, úteis e
aplicáveis no contexto, valiosas e desejáveis pelos
interessados...; a tarefa é heurística e não algorística;
 o processo que tem como traços, entre outros:
receptividade, imersão, imaginação-e-julgamento,
inteligência-e-percepção, consciência-e-autocrítica,
fluência, flexibilidade e originalidade-inventividade.
É oportuno mencionar que toda pessoa possui
criatividade em determinada habilidade (cabe ao gestor
descobrir em qual e se a mesma é conveniente à
56
organização para ser estimulada), acreditando-se que a
habilidade criativa esteja ligada ao talento da pessoa.
È possível distinguir, no processo criativo, vários
estágios que são fundamentais na pesquisa, entre outros a
percepção de problemas (fatos, fenômenos, condições,
circunstâncias..., com algum interesse para a
investigação), constituindo-se o primeiro passo desse
processo. Como apreensão por meio dos sentidos e
função ou efeito mental da representação de um
problema (fato, fenômeno...) compreende o sentir e o
desafio para a teorização do objeto percebido. Depois da
observação e percepção, converter (ou traduzir) esse
objeto em um modelo teórico ou mental; considerar a
solução e gerá-la – difundi-la.
A observação – percepção, teorização e solução-
difusão são fases da investigação auxiliadas pelo método
científico (apenas auxiliadas), à despeito de conceitos
contrários como os de Feyerabend, que em sua obra
Contra o método afirmava:
”...sem caos, não há conhecimento. Sem freqüente
renúncia à razão, não há progresso. Idéias que hoje
constituem a base da ciência só existem porque houve
coisas como o preconceito, a vaidade, a paixão; porque
essas coisas se opõem à razão; e porque foi permitido
que tivessem trânsito. Temos, portanto, de concluir que,
mesmo no campo da ciência, não se deve e não se pode
permitir que a razão seja exclusiva, devendo ela,
freqüentes vezes, ser posta de parte ou eliminada em
prol de outras entidades. Não há uma só regra que seja
válida em todas as circunstâncias, nem uma instância a
que se possa apelar em todas as situações”
O segundo conceito que aparece na definição de
pesquisa científica é o relativo às necessidades humanas
básicas percebidas em alvos para a pesquisa, como
poderiam ser as pessoas de um setor, de uma empresa
(...).
São necessidades como sensação permanente de
insatisfação, de tensão (...) no estado em que se
encontram.
Tais insatisfações, tensões (...) afetam, de forma
negativa, a atividade humana e com ela para o caso de
uma organização.
 57

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

Em termos abrangentes e conforme a teoria de continuidade; em alguns casos a busca da religião,

Maslow (Figura 10), essas necessidades podem ser
agrupadas em:
a) Necessidades fisiológicas; são necessidades
básicas, físicas, associadas com o “consumo” ou
uso de recursos ou funções água, comida, ar, sexo
etc.; insatisfeitas tais necessidades provocam
preocupações, tensões, desconfortos, perdas etc.
Motivação
de uma crença (...) pode ser colocada neste nível
hierárquico.
c) Necessidades sociais; as pessoas precisam amar e
pertencer, serem aceitos por outros e se sentirem
necessários; tais necessidades devem ser
satisfeitas em planos de gestão de pessoas para
que as pessoas tenham a sensação de pertencerem
a um grupo.
Os três primeiros níveis da hierarquia de
necessidades essenciais (fisiológicas, segurança e

sociais) devem ser objeto de criteriosas

Espiritual considerações, pois se não atendidas
oportunamente e de maneira convenientes
Auto-realização “anulam” a criatividade pela desmotivação.
Auto-desenvolvimento
Desmotivação

Pesquisar pode ser considerado como o exercício

Status, tais como: intencional da atividade intelectual, da criatividade
Auto- estima, confiança
auxiliada pelo método científico, que se orienta (deve se
orientar) para melhorar as condições humanas
Sociais [culturais]
como amar, educar, satisfazendo, pelo menos nos três primeiros níveis
participar (indispensáveis) da hierarquia que é apresentada na
Figura 10, as necessidades
Segurança, p.ex., A prática, que é critério para a proposição de
- abrigo, proteção, finalidades e para a verificação de verdades, não é cega,
estabilidade
mecânica ou ocasional. Ao contrário, guia-se pela soma
de toda a experiência anterior do indivíduo absorvida na
Fisiológicas básicas: forma de herança sociocultural, de segurança e de bem-
p.ex.,:comida, água, ar.
repouso, sexo, descanso estar. O entendimento da pesquisa científica auxiliado
pela apresentação de seus principais componentes tem
como referência informações apresentadas na Figura
11 e com desdobramentos preliminares nos parágrafos
Figura 10. Hierarquia das necessidades de Maslow que seguem.
e direcionamentos de mobilização de diversas
faculdades para atendê-las Conforme sejam as finalidades (p.ex., aplicada ou
básica), os objetivos (p.ex., exploratório, descritivo ou
explicativo), os procedimentos utilizados (p.ex.,
experimental ou bibliográfico-documental) e a natureza
(p.ex., qualitativa ou quantitativa), a pesquisa apresenta
determinadas características, em geral, sem o sentido
excludente (numa mesma pesquisa poderão se utilizar
b) As pressões que ambientes conturbados impõem às mais de um tipo):
pessoas destacam as necessidades de segurança;
as pessoas buscam abrigo, proteção, estabilidade e
 58

EAC Garcia

a) Pesquisa aplicada. É a investigação original

concebida pelo interesse em adquirir novos

PESQUISA CIENTÍFICA

Finalidade
Finalidade Objetivos
Objetivos Procedimentos
Procedimentos Natureza
Natureza Local
Local

Aplicada:
Aplicada:gera
gera Exploratória
Exploratória Bibliográfica
Bibliográfica Qualitativa
Qualitativa Campo
Campo
produtos,
produtos,serviços
serviços Primeira Repositórios Estação
Primeira Repositóriosemem Caráter
Caráterdescritivo,
descritivo, Estação
eeinformação
informaçãopara aproximação
aproximaçãoeebase bibliotecas, experimental
para base bibliotecas,centros
centros enfoque
enfoqueindutivo,
indutivo, experimental
inovações
inovaçõeseenovos
novos de
deoutras
outraspesquisas
pesquisas bibliográficos
bibliográficos fonte
fontede
dedados
dadosoo
conhecimentos
conhecimentos ambiente
ambientenatural
natural

Descritiva Documental
Documental
Básica
Básicagera
gera Descritiva Consulta Quantitativa
Quantitativa Laboratório
Laboratório
conhecimentos Levantamento
Levantamentode de Consultade de
conhecimentospara
para documentos
documentos, ,
(base
(basepositivista)
positivista) Condições
Condições
utilizar características
características
utilizarna
napesquisa
pesquisa relatórios (...)
relatórios (...)
dados
dadosquantificados
quantificados controladas
controladasdede
aplicada Observa,
Observa,registra
registraee laboratório
aplicada conforma eerepresentatividade laboratório
Busca analisa
analisafatos...
fatos... conformacritérios
critérios representatividade
Buscadodosaber
saber da
dapopulação
população

Explicativa Experimental
Experimental
Explicativa Compreende
Criar Compreendealgum
algum
Criarteorias
teoriasaa tipo
respeito tipode
deexperimento
experimento
respeitodedefatos,
fatos,
processos
processos
“Estudo
“Estudodedecasos”
casos”
Pesq.
Pesq.Ação.
Ação.Coorte
Coorte
Participante
Participante(...)
(...)

Contribuições para (Declarações sobre a ciência; Budapeste jul. 1999 e Sant Domingo):
 Ciência para o conhecimento; conhecimento para o progresso: papel da pesquisa; ciência e tecnologia; educação (...)
 Ciência para a paz: ciência para as necessidades básicas; ciência sem exclusão social (socialização)...
 Ciência para o desenvolvimento: papel da ciência; dimensões do desenvolvimento (...)
 Ciência na sociedade e ciência para a sociedade; resgate e valorização
 Uma nova visão da ciência: percepção social; potenciais e riscos da ciência e tecnologia; cooperação internacional...
 Educação e formação científica e tecnológica: políticas de investigação

Figura 11. Grupos de pesquisa, suas relações e contribuições ao desenvolvimento

conhecimentos, em operacionalizar idéias. ou dirigida

em função de um objetivo prático específico. Essa
pesquisa é realizada para determinar possíveis usos de

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
descobertas da pesquisa básica ou para definir novos
métodos e maneiras de alcançar objetivos específicos
e pré-determinados. Ela compreende o de
conhecimento disponível e sua ampliação com vistas
à solução de problemas específicos.
dela advindos são quase sempre patenteados,
podendo, contudo se manter sob sigilo.
b) Pesquisa básica. Estudo teórico ou experimental
que visa contribuir, de forma original ou incremental,
para a compreensão sobre os fatos e fenômenos
observáveis, teorias, sem ter em vista, em princípio,
o uso ou aplicação específica imediata. Analisa
propriedades, estruturas e conexões com vistas a
formular e comprovar hipóteses e teorias, entre
outras.
A pesquisa básica é executada, em geral, por
cientistas que estabelecem suas próprias metas e, em
grande parte, organizam o seu próprio trabalho.
Contudo, em alguns casos, pode ser orientada em
função de áreas mais amplas de interesse geral; é o
caso do tipo de pesquisa chamada de pesquisa básica
orientada.
A diferença entre pesquisa aplicada e pesquisa
básica está mais na intencionalidade da aplicação,
sendo cada vez mais difícil (e, por vezes, menos
relevantes) traçar linhas demarcatórias definidas entre
as duas modalidades.
c) Pesquisa cooperativa. É crescente a importância da
pesquisa cooperativa como instrumento de
desenvolvimento e difusão tecnológica, dadas as suas
características de custo reduzido, ampla aplicação
pela abrangência de temas, potencial de difusão,
acessibilidade para pequenas e medianas empresas e
grande capacidade de integração entre empresas e
tecnológica.
e) Pesquisa e desenvolvimento (P&D). Compreende o
d) Pesquisa de satisfação do cliente. A satisfação do
cliente, um objetivo importante da competitividade na
moderna gestão da empresa, deve ser definida por
indicadores em várias dimensões da qualidade que é
percebida pelo cliente, usuário ou consumidor. Essas
dimensões poderão ser:
59
d.1) a aparência ou aspecto tangível de um serviço,
em termos de instalações, equipamentos,
treinamento, duração de uma atividade etc.; nessas
referências há indicadores de qualidade;
d.2) a confiabilidade ou habilidade de realizar
determinada atividade ou serviço conforme o
anunciado (planejado) e as expectativas do cliente
e possibilidades da empresa, de forma confiável e
precisa;
d.3) a receptividade ou manifestação favorável do
cliente para receber e adotar, com facilidade e
oportunidade, a tecnologia; essa capacidade de
receber a influência ou fazer as mudanças é a
resposta natural da consulta às necessidades e
condições de adoção atendidas pela pesquisa; é a
resposta do atendimento ao interesse e expectativa
do cliente;
d.4) a garantia de adoção como uma resposta do
cliente quando a empresa tem uma “boa” e
sustentável imagem, como conseqüência de seu
sucesso; inclui a competência e habilidade para
gerar e transferir um resultado com efetividade,
credibilidade e segurança;
d.5) a empatia, entendida como a capacidade e
habilidade da empresa para auscultar e
compreender necessidades e possibilidades de seu
cliente alvo (para se ver do ponto de vista do
cliente: a imagem); gerar e disponibilizar soluções
“customizadas”, conforme esse entendimento (para
ver os outros do ponto de vista da concorrência);
para se identificar com o alvo do qual resulta a
imagem (para ver os outros do ponto de vista deles
mesmos); esses três enfoques da empatia
sociológica incluem dimensões como as de acesso,
comunicação e pleno entendimento do cliente.
trabalho criativo que se planeja e realiza numa base
sistêmica, com o propósito de aumentar, de maneira
sustentável, o acervo de conhecimentos científicos e
tecnológicos, bem como sua aplicação criteriosa para
a solução de problemas estratégicos do
desenvolvimento.
 60

EAC Garcia

Para essa finalidade, inclui pesquisa básica, pesquisa

aplicada e desenvolvimento experimental.
f) Pesquisa operacional (PO). É uma ciência que tem
como propósito fornecer ferramentas quantitativas ao
processo de tomada de decisões. É constituída por
um conjunto de disciplinas isoladas, tais como
programação linear, teoria das filas, simulação,
programação dinâmica e, teoria dos jogos, entre
outras, como uma tentativa de englobar, sob uma
única denominação, todas as técnicas existentes ou
que viriam a ser desenvolvida e que tivesse o mesmo
objetivo.

5.1 Projeto de Pesquisa

Ao conceito anterior se junta o conceito de projeto
para se ter um novo conceito que precisam de uma
reflexão. Essa reflexão tem início em definições simples
e comuns que incorporam elementos técnicos e
operacionais.
O termo, projeto, (do lat. projectus, ação de lançar
para a frente); tem o sentido de desejo, de intenção que
alguém forma de executar ou realizar algo, no futuro;
uma descrição escrita e detalhada de um
Est. Retrospectivos
empreendimento
Diagnósticos (...). que será realizado dentro de
determinado esquema, prazo e recursos para se atingir
um objetivo Na linguagem técnica, o conceito de projeto é
Situação no presente SP: semelhante, em vários aspectos, ao da linguagem
O projeto Problema
éSituação
uma descrição
ano escrita
presente
solucionar; SP: (deve ser clara e corrente, com equivalentes requisitos, tais como:
objetiva) e detalhada
oportunidade a desvendarexeqüível
Problema (deve
a ser
solucionar; e em suas
propósitos claros e exeqüíveis em bases estratégicas do
dimensões técnica e operacional)
oportunidade
aproveitar a desvendarde e previsões e de
pensamento estratégico; especificações / delimitações
aproveitar
ordenamentos de ações, de estratégias e de atividades
de duração e espaço possíveis de serem definidas no
inter-relacionadas e coordenas, com o propósito de
presente e consistente com outras especificações;
orientar
SP a[ realização de uma obra, investimento ou
; ; >, < ] SF apresentação de recursos compatíveis com os
empreendimento no futuro, comAções, estratégias (...) inter-
alcance de objetivos e
Projeto

Custo da SP relacionadas, coordenadas e propósitos e delimitações de ações inter-relacionadas;

resultados, dentro de
Benefícios da SFlimites de orçamento,
acordadas. de recursos
Recursos alcance de objetivos e resultados consistentes com as
humanos e materiais e de tempo. Em termos
planejados gráficos
necessários e
para
Execução

especificações de recursos; e coordenação e gestão no

no sentido geral, o projeto podeatingir os objetivos. Prazos
ser representado pela
definidos. horizonte de tempo contemplado no projeto.
Figura 12.
O projeto, como empreendimento a ser realizado no
Situação esperada no futuro futuro dentro de determinados esquemas e conforme
Situação
SF: soluçãoesperada noefuturo
desejável acordos e propósitos, trata da disposição de um
SF: solução
possível; desejável e
oportunidade conjunto de ações e estratégias compostas por
possível; oportunidade
aproveitada.
aproveitada.

Figura 12. O projeto como um instrumento que relaciona

duas situações: ‘presente: SP’ e ‘esperada’ no futuro: SF.

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”
atividades e arranjos em torno de um tema que
compreende um problema (ou uma oportunidade) com
determinadas características.
Ao se combinar os conceitos ‘projeto’ com
‘pesquisa’ se tem o projeto de pesquisa, idéias com
intenções especificadas em um documento técnico –
operacional que contempla a descrição, com detalhes e
raciocínios lógicos seqüenciais, das diversas fases da
investigação em seus aspectos fundamentais, com
informações relativas ao objeto (diagnóstico e
prospecção do cliente e seu ambiente: cenários:
problema), ao sujeito (qualificação do pesquisador que
idealiza algo com exeqüibilidade), à metodologia (seus
pressupostos explícitos e consistentes com a realidade)
e às condições em que a investigação se realizará.
São, portanto, idéias que evoluíram e poderão se
concretizar em intenções e disposições, com seus
meios, para realizar determinadas ações e atingir certos
propósitos.
Por isso, o projeto precisa ser idealizado
(planejado) com rigor e critérios em bases teóricas e
empíricas de uma realidade.
Caso contrário o investigador poderá não passar
das idéias ou, ao considerá-las, encontrará sérias
dificuldades na implantação das mesmas, pois terá
como bases orientações e informações com imprecisão,
incertas e/ou divorciadas entre as duas fontes e bases de
seu trabalho: a teoria (procedimentos, técnicas e
métodos: o método científico) que deve ser adequada e
consistente; e realidade com fiel representação.
O projeto de pesquisa é a referência, com a descrição
da pesquisa, para (intenções, disposições... para fazer)
fazer a análise prospectiva e decidir sobre a conveniência
(pela racionalidade em diversas dimensões: econômica,
social etc.; pela oportunidade da decisão tomada, pela
determinação política que destaque como estratégico o
assunto - problema a ser tratado; por condições
favoráveis de financiamento etc.) de alocação de recursos
financeiros e para orientar:
a) A prospecção de necessidades – possibilidades por
soluções tecnológicas do cliente alvo em seu meio
61
ambiente com base em necessidades e possibilidades
observáveis e registráveis no presente.
O projeto de pesquisa relaciona e descreve os
procedimentos para auscultar possibilidades e
condições do cenário que apresenta (antecipa) o
problema (oportunidade) e para o qual se propõe levar
uma solução quando aprovado e implantado.
b) O desenvolvimento, com racionalidade ou lógica e
com “suficiente” exeqüibilidade (técnico-científica e
operacional), dos processos integráveis de auscultar /
prospectar, de gerar/ adaptar, de transferir/ difundir e
avaliar, ex antes, os impactos de resultado tecnológico
esperado em inovações e conhecimentos com
qualidade, “exigidos” no desenvolvimento sustentável
e competitivo. regional (...).
c) O atendimento de necessidades-possibilidade
projetadas no futuro dos alvos legítimos da pesquisa
feita com efetividade nas “respostas esperadas” da
investigação; o atendimento deve responder exigências
como, p.ex., em relação à sustentabilidade ambiental
(conservação, preservação, previsão – cautela etc.) e
ao ceticismo de financiadores em áreas como as
sociais e legais.
No projeto, com a proposta desse atendimento,
antecipam-se e se analisam os fatores determinantes
dessas necessidades-possibilidade, relacionando-as
(fator de consistência) às “respostas esperadas”
geradas/ adaptadas pela pesquisa e desejáveis pelo
cliente.
Na pesquisa com qualidade nada é feito ao acaso
(não significa a eliminação de incertezas), mas com
motivação, raciocínio lógico e avaliação com
suficiência para dar fundamentação às decisões, ações,
processos e resultados (intermediários) em cada uma
das etapas da pesquisa e, dessa forma, “garantir”
quanto possível, um resultado final com efetividade.
Desde a escolha do tema e dentro dele, do problema
(ou da oportunidade) até a divulgação e avaliação do
efeito de resultados “consistidos”, o pesquisador-
cientista deve tomar decisões; uma delas poderia ser até
a de suspensão dos processos e atividades planejadas

EAC Garcia
em determinada fase da implantação da pesquisa,
quando, perante fatores de uma realidade não-prevista
tornam inviável a sua continuação e/ou atingir o
resultado proposto no projeto.
Entre os extremos considerados, do problema (ou
oportunidade) com o cliente, setor, pessoas (...) alvo no
presente (situação presente: SP) e a solução com a
satisfação (situação futura: SF), há diversas fases
relacionadas e seqüenciais. (Figura 12).
Seguem-se à definição do problema, as
especificações de hipóteses e de objetivos; em função
desses objetivos, a avaliação e escolha de técnicas para
teste de proposições de orientação; a seguir, a revisão
de literatura atualizada e pertinente; depois, as
técnicas, métodos e materiais necessários para atingir
os objetivos propostos; a continuação os esquemas de
cronogramas de orçamento e físicos, de pessoal em
arranjos de equipes; e finalmente as ações e estratégias
de divulgação, entre outras que fazem parte da
pesquisa. Cada uma delas compreende problemas,
requer estudo, têm objetivos e recursos para a previsão,
detalhamento e solução condicionada. Condicionada
à(s) solução(ões) da(s) fase(s) anterior(es).
Condicionadora da(s) solução(ões) da(s) seguinte(s)
fase(s).
O problema, ponto de partida da investigação e
referência fundamental para todas as fases seguintes
apresentadas no projeto, deve ser uma situação
relevante e estratégica, com possibilidades de ser
observada e registrada (situação no presente: SP;
Figura 12). Essa situação - problema deve ser
traduzida em dados e informações e tratada (tratável)
pelo método científico.
O problema deve ser identificado (caracterizado)
com adequadas especificações de espaço, de tempo e de
recursos, tanto físicos materiais tangíveis como
intangíveis. Deve compreender, além de planos de
ações desdobrados em suas atividades previstas, as
estratégias de gestão, de monitoramento com seus
correspondentes indicadores, e de avaliação – ajuste
com base em descritores e indicadores para as
avaliações ex-antes.
62
As partes componentes de um documento
técnico-científico (o projeto de pesquisa é, além de um
documento de orientação operacional e com propósitos
como os de obter financiamento para a pesquisa, um
documento técnico-científico que evidencia a
criatividade, a ousadia, a visão prospectiva, a
capacidade de negociação e articulação etc.., de seu(s)
autor(es)) podem ser sintetizadas como segue:
a) A introdução.
b) O desenvolvimento.
c) As conclusões e recomendações que no caso
de um projeto não se aplicam.
As ilustrações que seguem (Quadros 7 e 8 e
Figura 13) sintetizam a estrutura (planos)
compreendidos por um projeto de pesquisa e os
elementos mais importantes desses planos com seus
instrumentos de planejamento, de apoio à tomada de
decisões.
Nas próximas seções se busca responder perguntas
básicas de orientação para, com as devidas respostas,
definir as fases da pesquisa. Essas perguntas de
orientação são:
Quais são os ambientes, trajetórias, evoluções,
perspectivas em que se define a pesquisa (SP: Figura
11) e o cenário para o qual se geram as soluções (SE)?
São os cenários e estudos prospectivos sobre os quais se
definem as ações e estratégias da pesquisa e para os
quais, com os ajustes e “projeções” adequadas, orientam-
se as soluções.
O que fazer? A resposta deve ser suficiente para a
escolha do tema e dentro desse tema, identificar,
caracterizar (...) um problema para pesquisa: a
definição do problema compreende a delimitação
espacial, temporal e de clientes, setores (...); a
caracterização e fatores causais que, conforme sejam as
condições cenarizadas e os estudos prospectivos
pertinentes, deverão orientar as seguintes fases.
Porque fazer? Com a resposta se tem a justificativa
da escolha do tema (com claras e relevantes referências)
e da seleção - definição do problema a ser tratado pela
pesquisa.
 63

Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

Que relações se têm entre a teoria e a realidade Quem e como pagar? Nas respostas se têm as
definida no problema? A resposta orienta um dos especificações de fontes de recursos e de financiamento
aspectos mais importantes da pesquisa científica: as da pesquisa.
hipóteses como supostas ou provisórias explicações,
Quem vai fazer? É a especificação de equipe(s) de
orientações (...) da origem do problema, de elementos
pesquisadores e de pessoal de apoio, entre outros, com as
casuísticas, da freqüência de um fato, da existência de
devidas especificações e arranjos.
relações entre variáveis, de possíveis soluções etc.
Assim, a resposta à pergunta deverá auxiliar a definição Que resultados gerar? São as informações, serviços
de hipóteses (a criatividade do pesquisador é o fator e produtos esperados, com as necessárias especificações
essencial nessa definição) que afirmam, especificam a técnicas e operacionais, se for o caso, que possam
natureza, estabelecem relações, prevêem variações etc., facilitar os processos de difusão e comunicação
com base em teorias e leias (transferência de tecnologia).
Para que e para quem fazer? As respostas definem Como comunicar – difundir os resultados? São os
os objetivos gerais e específicos, devidamente procedimentos e técnicas propostos a utilizar para a
relacionadas com o problema e suas causas, com as difusão e/ou transferência dos resultados, com as
hipóteses e com os meios necessários e justificados para necessárias especificações.
atingir os propósitos da investigação. Outros aspectos que, conforme sejam a natureza do
Onde e quando fazer? São claras e definidas problema e os objetivos da pesquisa, precisam de
especificações, obtidas pelas respostas as perguntas, do considerações especiais poderão ser: éticos, legais,
local / campo da pesquisa, de experimentação (...) e o socioculturais, de mercados (...).
período (início, duração e fim) previsto no projeto.
Como fazer? São as especificações necessárias e
“validadas” / consistentes - pertinentes à condições de
pesquisa para justificar (considerações técnico-
operacionais) / legitimar os conceitos, procedimentos,
técnicas, métodos, modelos (...) utilizados na pesquisa.
Com que fazer? As respostas devem orientar a
especificação dos recursos necessários, tanto intangíveis
como tangíveis, propostos com suas correspondentes
justificativas técnicas, entre outras.
Quando fazer? Das respostas, complementas com
outras informações, definem-se os cronogramas,
elaborados conforme procedimentos e técnicas ao caso
aplicáveis, de execução das diversas atividades (p.ex.,
compra, aluguel, contratação, aplicação etc.) com os
correspondentes detalhamentos, especificações temporais
e justificativas de convicção.
Com quanto fazer? A resposta trata do detalhamento
e justificativa da apresentação do orçamento, de
despesas, de investimentos, de contratações (...),
previstos no projeto.
 64

EAC Garcia

Continuação
Quadro 7. Partes do texto (introdução, desenvolvimento e conclusões) de um documento técnico-científico:
Quadro 7. Partes
desdobramento do desenvolvimentodo texto (introdução, desenvolvimento e conclusões) de um documento técnico-científico:
desdobramento do desenvolvimento
11
OO texto
texto deve
deve serser constituído
constituído de de uma
uma parte
parte introdutória
introdutória contento
contento oo tema,
tema, características
características ee nn6
justificativas
justificativas gerais,
gerais, limitações
limitações ee especificações
especificações do
do desenvolvimento,
desenvolvimento, entre
entre outras.
outras. 6

11 INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO2.6
2.6 CRONOGRAMAS
CRONOGRAMAS
(...)
(...)
(...)
(...) nn1
2.6.1
2.6.1 Físico
Físico (...)(...) 1
22 DESENVOLVIMENTO
DESENVOLVIMENTO
(...)
(...)
2.1
2.1 PROBLEMA
PROBLEMA
2.6.2
2.6.2 Financeiro EE SUAS
Financeiro SUAS CAUSAS
CAUSAS
(...)
(...)
(A
(Adefinição
(....) pode
definição
(....) pode ser ser orientada
orientada porpor questionamentos
questionamentos para
para definir
definir aa situação
situação problema,
problema,
suas
suas causas,
causas, as as inter-relações
inter-relações entreentre variáveis
variáveis etc.)
etc.)
2.1.1
2.1.1 Justificativa,
Justificativa, importância
importância (...) (...)
nnn
n
2.7
2.7 ORÇAMENTO
ORÇAMENTO nn2
(especificações
(especificações ee sínteses
sínteses descritivas
descritivas ee em
em quadros
quadros ee tabelas)
tabelas) 2
2.2
2.2 HIPÓTESES
HIPÓTESES
(...)
(...)

nn3
3
2.3.
2.3. OBJETIVOS
OBJETIVOS nn8
(os
(os meios
meios para
para atingir
atingir os
os propósitos,
propósitos, com
com indicadores)
indicadores) 8

2.3.1 2.8
2.8 EQUIPE
2.3.1 Objetivos
EQUIPE
Objetivos (E
(E PARCERIAS)
Gerais
Gerais PARCERIAS)
(...) (descrições
(...) (descrições ee síntese
síntese em
em quadros
quadros com
com as
as devidas
devidas especificações)
especificações)
2.3.2
2.3.2 Objetivos
Objetivos Específicos
Específicos
(...)
(...)
2.3.3
2.3.3 Metas
Metas ee Meios
Meios
(...)
(...) nn9
9
2.9
2.9 RESULTADOS
RESULTADOS (ESPERADOS)(ESPERADOS)
2.9.1
2.9.1 Estratégias
Estratégias de de difusão
difusão -- transferência
transferência dos dos resultados
resultados nn4
4
(...)
(...)
2.4
2.4 REVISÃO
REVISÃO DE DE LITERATURA.
LITERATURA. Compreende
Compreende descrições
descrições (citações)
(citações) dodo referencia
referencia
teórico
teórico que
que serve
serve dede base
base àà pesquisa.
pesquisa. São
São descrições,
descrições, ilustrações
ilustrações etc.:
etc.: sínteses,
sínteses, de
de forma
forma
clara
clara ee diretamente
diretamente relacionado
relacionado comcom oo tema,
tema, comcom oo problema,
problema, comcom asas soluções
soluções (...)
(...) de
de nn10
10
estudos
estudos anteriores,
anteriores, com
com destaque
destaque para
para os
os mais
mais recentes
recentes ee de
de maior
maior credibilidade.
credibilidade.
33 RECOMENDAÇÕES,
RECOMENDAÇÕES, CONCLUSÕES CONCLUSÕES
(devem
(devem serser fundamentadas
fundamentadas no no queque consta
consta no no texto,
texto, decorrentes
decorrentes das das provas
provas relacionadas
relacionadas na
na
discussão,
discussão, coerentes
coerentes com
com os os resultados
resultados esperados
esperados (caso
(caso dodo projeto),
projeto), osos objetivos
objetivos propostos e
nn5 propostos e
os
os recursos
recursos aplicados...)
aplicados...) 5
2.5
2.5 METODOLOGIA
METODOLOGIA (MARCO (MARCO TEÓRICO)
TEÓRICO)
(equipamentos,
(equipamentos, materiais, programas ...)
materiais, programas ...)
2.5.1
2.5.1 Conceitos
Conceitos ee referências
referências (...)
(...)
(...)
(...)
2.5.2
2.5.2 Dados
Dados ee informações,
informações, primárias
primárias ou ou não,
não, fontes
fontes (...)
(...)
(...)
(...)
2.5.3
2.5.3 Procedimentos
Procedimentos ee Técnicas Técnicas (...)(...)
(...)
(...)
2.5.4
2.5.4 Métodos
Métodos (...) (...)
(...)
(...)
2.5.5
2.5.5 Modelos
Modelos (...)
(...)
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Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

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EAC Garcia

Quadro 8. Elementos componentes de um projeto de pesquisa com indicações e orientações gerais: perguntas

PROJETO DE PESQUISA
“Plano” para realizar (previsão de realizar). Idéias que evoluem das intenções para “planos específicos” e integráveis de atividades
que fundamentarão ações e estratégias na geração/ adaptação e na difusão de tecnologia, que tem começo, meio e fim programáveis.
INTRODUÇÃO DO PROJETO. Informações como as de nivelamento, justificativa, limitações (...).
1 PROBLEMA. Ao exprimir previsões e intenções é possível que compreenda mais elementos dos que realmente
possam ser obtidos e tratados com os recursos disponíveis e no prazo determinado; o cenário prospectivo em que se
define o problema ou a oportunidades é dominado por incertezas. A pergunta: O que fazer? É uma orientação para
definir, delimitar (...) o problema no contexto de cenário
A pergunta Por que fazer? È uma orientação para definir os motivo (a motivação poderá ser teórica e/ou prática) e a
justificativa da pesquisa: diagnósticos, previsões, prognósticos, prospecções – cenários.
2 HIPÓTESES. Coerentes com o problema ou tema central e seu desdobramento em seus fatores causais no nível de
previsão. A pergunta Que teorias serão utilizadas com os dados da realidade? Orienta a definição de hipótese
3 OBJETIVOS. Esperados; específicos ou singulares, em geral não repetitivos. As perguntas Por que fazer? e Para
quem fazer? São orientações para se definirem os objetivos gerais e os específicos, devidamente relacionados e
consistentes com o problema, os meios para se atingir os objetivos
4 REVISÃO DE LITERATURA. Limitada. A pergunta Qual é o estado da “arte e ciência” que se relaciona, com
atualidade e pertinência, com o assunto tratado na pesquisa? A resposta permite orientar, com objetividade, a revisão
de literatura.
5 METODOLOGIA. Proposta de atividades finitas em termos de conceitos, procedimentos, técnicas aplicáveis. A
pergunta Como (técnicas, métodos...) fazer? Que dados e informações levantar? Orientam a metodologia
5.1 Conceitos, técnicas e métodos para prospecção
5.2 Conceitos, técnicas e métodos para geração / adaptação
5.3 Conceitos, técnicas e métodos para a difusão dos resultados (...)
6 CRONOGRAMAS. Proposto e explícito; escritos e detalhados no projeto. Com quanto fazer? Quando fazer ou que
(...)? Quando integrar as partes? Onde fazer: local e períodos?
6.1 (...)
7 EQUIPE. Prevista e acordada com os membros, entre instituições, parceiros, cooperados, redes etc. Quem faz:
especificações? Como se integra? Que arranjos: equipes, parcerias, redes (...) são necessário?
8 ORÇAMENTO: Previsto com especificação de procedimentos contáveis justificados. Com quanto fazer? Onde e
quanto investir em (...)? Que serviços, consultorias (...) contratar?
9 RESULTADOS ESPERADOS. Propostos dos resultados: informações, serviços e produtos, com as devidas
especificações de procedimentos a utilizar para a comunicação e difusão desses resultados e de avaliação ex-antes de
efeitos dos mesmos nos alvos da investigação. Que resultado se espera gerar - comunicar? Quando fazer? Onde fazer?
10 REFERÊNCIAS. Limitada, p. ex., apenas a um determinado número como, p.ex., 50 (?).
O projeto tem um componente de incerteza que afeta as condições de realização e/ou os resultados esperados ou ambos. Muitos
projetos partem de um problema ou oportunidade no presente para gerar uma solução ou aproveitar a oportunidade no futuro. Esse
estado inicial pode evoluir, reduzir o problema inicial, gerar novos elementos de complexidade do problema etc. e por causa disso os
resultados poderão não ser adequados. O projeto poderá compreender outros aspectos a serem previstos como legais, éticos e
externalidades.
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Mé t od o s e té cn ica s d e p esq u isa : aplicações na “gestão de pessoas”

Fase
Fase I:I: Identificação,
Identificação, delimitação
delimitação ee caracterização
caracterização do
do ambiente
ambiente (população
(população
alvo):
alvo): diagnóstico
diagnóstico ee prospecção:
prospecção: cenários.
cenários.
Busca
Busca de
de oportunidades
oportunidades // pesquisa
pesquisa no
no tema
tema (...)
(...)

II
II Definição
Definição do
do projeto:
projeto:
Limites,
Limites, causas
causas (...)
(...) Consulta: políticas, plano, programa, diretrizes, representação
social (...) com indicação, brecha / a pesquisa.

III
III Planejamento/
Planejamento/ gestão
gestão do
do
projeto
projeto Formação e arranjos: equipes, parcerias,
cooperação, redes (...)
Processos de exame e aprovação do pela
organização, financiadora (...)

IV
IV Execução
Execução técnica
técnica
Processamento
Processamento Consulta e aderência aos:
- Método científico
- Critérios de qualidade
- Dotação de recursos (...)
Cronogramas: consistência (...)
Avaliar
Avaliar
monitorar
monitorar

Para indicar Para indicar

In teggr
I nte rar
ar processo
decisão

Para indicar
auxílio
Testar
Adaptar
Adequar Transferir
Transferir –– difundir
difundir resultados
resultados
Comunicar
Comunicar ee avaliar
avaliar impactos
impactos

Novos fatores,
condições, Novos
Novos problemas
problemas para
para pesquisar
pesquisar (...)
(...)
clientes, Novos
Novos cenários da pesquisa (...)
cenários da pesquisa (...)
problemas

Figura 13. Fases do projeto de pesquisa

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EAC Garcia