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pois se buscava o patriotismo sem constituir uma oposição a Europa e ao Estado que
se consolidava. (GUIMARÃES, 1988, p.5-7) (REIS, 2003, p. 32, 47)
ras de mando torna-se o alvo das críticas destes movimentos, o objetivo que movia os
“insurgentes” era o de “Viva o Rei, morra o governo”, expressão da contestação que
não subverte os fundamentos da ordem, mas inicialmente busca restaurá-los . István
Jancsó argumenta que os eventos de Minas Gerais (1789) e da Bahia (1798) configu-
ram sedições na medida que se constituíam vontade de subverter a ordem pública e
padrões do Estado. Contudo, observa que a linha democrática do que é ou deixa de
ser contestação não é nítida, e a imprecisão dos limites da sedição revela-se nestes
quantos e outros episódios do final do século XVIII na América Lusitana. Mas, ressalta
o historiador, para além de enfocar o seu caráter contestatório na idéia de antecipa-
ção da brasilidade, devemos observar os movimentos sob a perspectiva de ampliação
do espaço social na América e suas novas alternativas para o ordenamento político
do universo colonial. (JANCSÓN, 1997,p.389-391) Russel-Wood, ao analisar estas
revoltas, elencou três elementos básicos para situar estes eventos em perspectiva,
“desmistificando-os” do fervor nacionalista e regionalista, da imprecisão e confusão
do estudo de terminologias e de traduções de trabalhos da língua portuguesa: pois
“nenhum destes casos não tinha o apoio de todo à população, os impactos destas lu-
tas permaneceram localizados (havendo pouca ou nenhuma repercussão em regiões
imediatas), nestes “movimentos não existiram estratégias planificadas para acabar
com o controle régio e o estabelecimento de uma república”. (RUSSEL-WOOD, 2001,
p.449) As afirmações de Russel-Wood elucidam o caráter essencialmente localizado
destes movimentos e o fato de não se direcionarem contra o soberano ou instituição
monárquica, apesar da antipatia dos vassalos em relação à metrópole. As causas
de tais “revoltas” ou distúrbios podem ser encontrados nas mudanças ou desafios do
statu quo social e econômico.
“verdade” relativa às coisas locais e na busca de normas justas, que deveriam pautar a
vida, comportamentos do povo. Realizam estes intelectuais uma investigação sistêmica
da realidade e questionamentos para as transformações de seu estatuto político.(SOUZA,
1977, p.95-96). O pensamento político e jurídico de Gonzaga apresentam mesclas ilustra-
das, no que tange às teorias corporativas de poder e ao direito natural de origem divina,
criticando os jusnaturalistas modernos e amparando ideais católicos. (VALLE, 2004, p. 5)
As práticas judiciais eram uma das facetas que contribuíam para a ma-
nutenção da ordem colonial, seus caracteres eram a violência, coerção, arbitrarieda-
de. Os ministros que exerciam a Justiça gozavam de bastante independência. Os ca-
pitães gerais guardavam reserva aos ouvidores, pois gozavam de grande autonomia.
Um exemplo do embate destes funcionários é o de Tomás Antônio Gonzaga e Cunha
Menezes5 (SOUZA, 1989, p.105,116-117).
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A cultura européia setecentista apostava na ciência como signo da racionalidade, do aperfeiçoamento,
do progresso material e utilidade. A aproximação da História Natural ao campo do saber decorre da
publicação dos Estatutos da Universidade de Coimbra (1772), proporcionando um afastamento das
superstições e arcaísmos intelectuais. (FILHO, 2001, p.483, 488, 493). O governo promoveu uma visão
pragmática do conhecimento científico, tomou uma série de procedimentos culturais e educacionais
dinamizando a produção de matérias-primas na colônia em benefício da metrópole, entre os quais o
apoio a instituições educacionais e aulas voltadas para estudos práticos e científicos. (VILLALTA, 1997,
348-349). A implementação desta política reformadora nos domínios coloniais do Ultramar decorreu da
criação da Real Academia de Ciência de Lisboa em 1779, realizando uma política positiva para atender
as demandas do Estado, inventariando a riqueza das colônias, conhecendo melhor seus territórios para
“dominá-los”, conquistá-los e explorá-los com mais eficácia. (FILHO, 2001, p. 485)
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O processo de civilização dos costumes e desenvolvimento de um “aparelho de autocontrole indivi-
dual” acontece na “Europa Moderna” e é transposto para as colônias. As diretrizes sociais ocidentais
se disseminaram ocasionalmente para a estruturação destas sociedades, criando novas identidades,
disponibilidades culturais e simbólicas entre os indivíduos nestas inseridas. (ELIAS, 1993: v. II p. 195,
213)
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Por que ris? Mudado o nome, / a fábula fala de ti. (GONZAGA, 1996, p. 36)
de feras”. Critilo nos demonstra o quanto um chefe indigno pode acometer a virtude
do império. (GONZAGA, 1996, p.44--45)
portanto, pessoas que cometiam pequenos delitos eram punidos como criminosos ou
“réus de morte”, igualmente como puniam os senhores seus escravos que cometiam
desobediências caseiras.12 Fanfarrão desobedecia as leis do Reino e mandava que a
todos os devedores se prendam, mostrando grande zelo nas cobranças, ordenando
os soldados que se dirijam às comarcas para que se cumpra o débito com El Rey, do
contrário seriam os homens concernidos na cadeia. (GONZAGA, 1996, p. 164-165)
Considerações finais:
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Segundo Laura de Mello e Souza, num primeiro momento, a sociedade mineira estava aberta à
promoção social e ao talento individual, à maneira da sociedade de classes; depois, estabeleceram-se
princípios de uma sociedade de estados, característica do Antigo Regime. (SOUZA, 2001, p. 184-185)
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O domínio imperial Português não estava inserido em um projeto de concretização do modo de pro-
dução capitalista. A sua economia reforçava a estrutura agrária tradicional, incentivava o crescimento
de um aparelho burocrático, a fim de inibir a atividade privada e a acumulação de capitais, buscava-se
a aristocratização. Todavia, uma sociedade pautada nestas práticas tem o “arcaísmo como um projeto”,
sendo não-capitalista.(FRAGOSO, 1998, p.79-83)
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Debates acerca das terminologias e conceitos de nação no Antigo regime e na modernidade, ver: (PI-
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