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Branca Sobreira.
56 páginas.
Editora Moinhos.
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recebem apenas um número por distinção, indicando, talvez, que façam parte de um todo
maior. Mas a série sugerida só faria sentido caso as narrativas dialogassem entre si, ou se
referenciassem. Ao contrário, o que temos, como o próprio texto de apresentação informa,
é a imagem de cada conto como uma ilha separada, à deriva e sem pertencer a arquipélago
algum.
Não estamos em tempos de grandes histórias, mas em uma época que valoriza o
relato do íntimo, do pequeno, do detalhe, do esquivo e do trivial. Como bem definiu o
filósofo francês Jean-François Lyotard, vivemos em uma época onde a incredulidade em
relação às grandes narrativas abriu espaço para a valorização da performance das
pequenas narrativas, que até então existiam à sombra dos consensos totalizantes.
É nos termos dessa performance que Branca Sobreira constrói seu livro de estreia
– em forma de curtos flashes narrativos que se encadeiam entre si sem relação aparente,
como uma sucessão de textos na timeline do Facebook.
Em “20” o leitor é atingido por uma variedade de cenas que constituem um script
disperso, aparentemente ligeiro, de uma suposta teia de enredos. Porém, a ausência de
linearidade pode frustrar apenas o leitor que espera encontrar ou obter aí uma história
coesa, nos moldes tradicionais.