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CURSO DE DIREITO

THAYRINE RAZABONI SILVA - RA 28214448

IMPUTABILIDADE PENAL – DOENTE MENTAL


MONOGRAFIA DE DIREITO

GUARULHOS
2017
CURSO DE DIREITO

THAYRINE RAZABONI SILVA - RA 28214448

IMPUTABILIDADE PENAL – DOENTE MENTAL


MONOGRAFIA DE DIREITO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Direito da


Universidade Guarulhos como requisito para a obtenção do grau de Bacharel
em Direito, orientado pelo Professor Mauricio Tadeu Sobrinho

GUARULHOS
2017
TERMO DE AUTORIA E RESPONSABILIDADE

Declaro para os devidos fins que eu THAYRINE RAZABONI SILVA, aluna


devidamente matriculada no Curso de Direito da Universidade Guarulhos sob o
Registro Acadêmico – RA nº 28214448, portadora da Cédula de Identidade - R.G.
nº. 45.444.419-9 CPF nº.362.762.958-25, sou a autora da Monografia que ora se
apresenta com o Título IMPUTABILIDADE PENAL – DOENTE MENTAL, com a
finalidade de conclusão do Curso.

Declaro ainda, que o trabalho é inédito, não contendo cópias de outras produções
sejam bibliográficas ou da rede mundial de computadores (Internet), sem a devida
indicação das fontes, nos padrões definidos pelas normas da ABNT, estando
ciente também que a infração ao acima disposto, poderá me levar à reprovação,
bem como, à responsabilização civil e criminal pelos atos praticados.

Guarulhos, 22 de maio de 2017.

__________________________________
THAYRINE RAZABONI SILVA
R.A N° 28214448
A Comissão Julgadora dos trabalhos de conclusão de curso, intitulado
“IMPUTABILIDADE PENAL – DOENTE MENTAL”, em sessão pública realizada
em ___ de __________ de 2017, considerou o candidato THAYRINE
RAZABONI SILVA.

COMISSÃO EXAMINADORA:

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

Guarulhos, SP, ___, __________, 2017.


Dedico essa obra aos meus pais, meus ilustres mestres
da Universidade Guarulhos, que contribuíram para que
fosse possível alcançar essa meta.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter concedido a graça de alcançar esse


objetivo bem como a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Santa Rita de
Cássia e a Santo Ivo, pelos quais tanto roguei durante essa trajetória.

Também sou grata a Universidade Guarulhos, que por meio de


seus ilustres mestres, possibilitou a aquisição do conhecimento profissional da
área jurídica e, em especial ao saudoso Professor Mauricio Tadeu Sobrinho, que
me orientou e auxiliou para que esse projeto fosse concretizado.

Não poderia deixar prestar minhas homenagens aos meus pais,


Pompilio e Elenir, que sempre me apoiaram não só nesta etapa, mais por todos
os meus caminhos, dando incentivo e forças para alcançar os objetivos que
idealizo.

E por fim, gostaria de deixar meus sinceros agradecimentos ao


Dr. Igor Pereira Torres, que foi o primeiro a acreditar no meu potencial e contribuir
para o meu crescimento profissional na carreira jurídica.
“Nem no moral, nem no físico, existe homem
absolutamente normal. O homem perfeito é pura
criação do espírito: a vontade, determinando-se por si
mesma, é uma concepção abstrata da razão. O homem
normal, como nos é permitido conhece-lo, é um
indivíduo dotado de atividade psíquica mais ou menos
regular. ”

PRINS
Imputabilidade Penal – Doente Mental

RESUMO

Constatamos que desde sempre na sociedade existem pessoas com


certos tipos de anomalia. Surgindo assim, muitas vezes em nosso interior o
questionamento do que aconteceria com esta pessoa se cometesse um crime.

Desta forma, este projeto tem o intuito principal de trazer ao conhecimento


de todos os Direitos que estes possuem na legislação penal, quais medidas são
aplicadas aos indivíduos portadores dessas anormalidades para a proteção da
sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Imputabilidade Penal, Doente Mental, Isenção de pena.

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

ABSTRACT

We have found that there have always been people with certain
kinds of anomalies in society. In this way, many times in our interior the
questioning of what would happen to this person if it committed a crime.

In this way, this project has the main purpose of bringing to the
knowledge of all the Rights they have in criminal law, what measures are applied
to individuals with these abnormalities for the protection of society.

KEY WORDS: Criminal Imputability, Brain sick, Exemption from Penalty.

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 9
2. A MENTE HUMANA ........................................................................................................ 10
3. O IMPUTÁVEL E O CRIME............................................................................................ 10
4. O DOENTE MENTAL ...................................................................................................... 11
5. DA MEDIDA DE SEGURANÇA ..................................................................................... 13
6. DOENÇA MENTAL NA HISTÓRIA ............................................................................... 14
7. VISÃO DE CESARE LOMBROSO ............................................................................... 15
8. TIPOS E GRAVIDADES DE DOENÇA MENTAL ....................................................... 16
6.1 ESQUIZOFRENIA ........................................................................................................ 16
6.2 DOENÇA MANÍACA – DEPRESSIVA OU DOENÇA BIPOLAR ......................... 17
6.3 EPILEPSIA .................................................................................................................... 17
6.1 HISTERIA ...................................................................................................................... 18
6.2 PARANOIDE ................................................................................................................. 19
6.3 PSICOPATIA ................................................................................................................ 21
6.4 SERIAL KILLER ........................................................................................................... 22
6.5 OLIGOFRENIA ............................................................................................................. 23
7 INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL ..................................................................... 23
8 O PERITO .......................................................................................................................... 24
9 LAUDO MÉDICO PERICIAL .......................................................................................... 25
8. EXECUÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA ............................................................. 27
9. MATÉRIA SOBRE ATUAL SITUAÇÃO DE UM HOSPITAL DE CUSTODIA EM
TERESINA................................................................................................................................. 30
10. MATERIA SOBRE INSPEÇÃO A SER REALIZADA PELA OAB E CONSELHO
DE PSCOLOGIA NOS MANICÔMIOS JUDICIARIOS ...................................................... 32
11. DECISÃO JURISPRUDENCIAL ................................................................................ 34
12. ANALISE DE CASOS CONCRETO ......................................................................... 37
12.1 – CASO CHAMPINHA ................................................................................................ 37
12.2 – CASO DA MOTOSSERRA ..................................................................................... 38
13. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 39
14. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 40

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

1. INTRODUÇÃO

O Direito é a ciência que tem como objetivo regrar a sociedade,


tentando evitar ou solucionar o conflito de interesses. Assim, ele também vai
estabelecer as medidas específicas aqueles portadores de anomalias que
cometem algum tipo de crime.

O vigente Código Penal estabelece que os Doentes mentais


por não terem consciência de sua conduta não podem cumprir pena em regime
prisional como as demais pessoas que gozam plenamente de suas faculdades
mentais, pelo contrário devem receber tratamento psiquiátrico, a fim de
restabelecer sua saúde e promover segurança para a sociedade.

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

2. A MENTE HUMANA

O ser humano, tem uma mente constituída com duas funções


especificas, as quais sejam:

 O consciente: Ele que é o responsável por formar


nossas decisões, coletando as informações através dos
5 sentidos (visão, olfato, tato, paladar e audição),
através do pensamento é que o consciente irá dirigir o
subconsciente; e,
 O Subconsciente: Através dele ficam gravadas todas
as impressões arquivadas do consciente, direcionando a
concretização de nossos atos

Desta forma, a mente é conceituada como sendo a parte mais


complexa do corpo humano, sem ela, não seriamos o que somos, pois é assim
que armazenamos nossos conhecimentos, raciocínios, emoções, sentimentos
etc, que impulsiona nossos atos.

3. O IMPUTÁVEL E O CRIME

Entende-se como imputável, a pessoa que tem a capacidade


de entender a ilicitude do fato por ele cometido de forma livre e consciente.

Neste passo podemos citar o entendimento do doutrinador


Magalhães Noronha:

“É a obrigação que alguém tem de arcar com as


consequências jurídicas do crime. É o dever que tem a pessoa de
prestar contas de seu ato. Ela depende da imputabilidade do
indivíduo, pois não pode sofrer as consequências do fato

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

criminoso (ser responsabilizado) senão o que tem a consciência


de sua antijuridicidade e quer executá-lo (ser imputável)”1

Logo a pessoa imputável é capaz de ser responsabilizada pelo


ato ilícito cometido.

Importante relembrar que para se ter um crime é necessário


preencher os seguintes requisitos:

 Fato típico: Trata-se do conjunto de fatos descritos


na lei como sendo crime. Trata-se da premissa: nullum crimen nulla
poena sine previa lege, a qual é regulamentada no artigo 1° do Código
Penal Brasileiro, o qual prega textualmente:

“Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o


defina. Não há pena sem prévia cominação legal.”

 Antijurídico: A conduta (ação ou omissão) que seja


contraria a legislação a legislação vigente no tempo do ato;

 Culpável: Para existir culpabilidade, é necessário


que o agente tenha consciência da sua conduta e seja capaz de
responder por ela (imputável), tendo como excludentes a menoridade, a
embriaguez, o erro de proibição, a coação moral irresistível e a doença
mental, objeto de estudo deste projeto.

4. O DOENTE MENTAL

O homem é um ser social, sendo assim precisa viver em


grupos junto a seus semelhantes.

1
NORONHA, Edgard Magalhães. Direito penal. 36 ed. São Paulo: Saraiva, 2001. 1v. p.164.
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Imputabilidade Penal – Doente Mental

Ocorre que nem sempre as ideias e opiniões dos seres humanos


são iguais, causando desta forma um conflito entre si.

A fim de solucionar ou evitar esse conflito foi criado o Direito,


regendo e organizando a sociedade com suas normas de conduta, nos dizendo
o que pode ou não ser feito.

O ser humano é um animal racional, capaz de pensar, criar,


desenvolver, discernir o bem do mal, o bom do ruim entre tantas outras
atividades. Ocorre que foi constatado que nem todos têm essa boa saúde
mental, não tendo possibilidade de controlar a conduta desses.

São considerados loucos aqueles que sofrem de algum tipo de


anomalia, ou grave perturbação psiquiátrica. Desta forma, esses indivíduos
portadores dessas doenças, são tidos como absolutamente incapazes, conforme
artigo 3° do vigente Código Civil

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer


pessoalmente os atos da vida civil
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não
tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem
exprimir sua vontade.

A legislação Penal tem um intuito de proteger e resguardar a


sociedade dos indivíduos que pratiquem atos de caráter proibitivo, cominando a
estes uma sanção com a intenção de punir e restabelecer esse agente.

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

Desta forma, no âmbito Penal, os insanos mentais recebem o


nome de inimputável, de acordo bom o artigo 26 do Código Penal, pois são
totalmente ou relativamente incapazes de entender, evitar ou determinar os atos
por si praticados, por essa razão fica impossibilitado de punir ato ilícito realizado
por estes.

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença


mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Aqui a norma abrange a tudo o que pode comprometer a saúde


mental, sem uma descrição específica.

5. DA MEDIDA DE SEGURANÇA

Quando uma doente mental prática um crime, não deve ser


punido, como uma pessoa sã, pois como já citado ele não tem capacidade de
discernir sobre seus atos. Mas a sociedade deve ser protegida, assim como
medida de segurança estes ficarão em hospital, ambulatório ou ambiente
apropriado onde lhe seja oferecido tratamento. O doente mental não deve ficar
na cadeia e sim em local onde possa ser tratado. Conforme artigo 96 inciso I e II
Do Código Penal.

Art. 96. As medidas de segurança são:

I - Internação em hospital de custódia e tratamento


psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado;

II - sujeição a tratamento ambulatorial.

Apesar de o estabelecimento ser diferente, do comum, a medida


de segurança não deixar de ser uma pena, aplicada ao infrator inimputável. Neste
interim, comenta o doutrinador Delmanto.
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Imputabilidade Penal – Doente Mental

As medidas de segurança são, também, sanções


penais, à semelhança das penas. Diferem, porém, destas,
principalmente pela natureza e fundamento. Enquanto as penas
tem caráter retribuído preventivo e se baseiam na culpabilidade,
as medidas de segurança tem natureza só preventiva e encontram
fundamento na periculosidade do sujeito.

Temos dois tipos de medida de segurança, a internação e o


tratamento.

INTERNAÇÃO - Conhecida também como de tentava, constitui


no envio do portador de distúrbio mental a hospitais de custódia ou ambulatórios
de tratamentos psiquiátrico, para permanecem lá por tempo necessário
recebendo os devidos cuidados.

TRATAMENTO - Podem também receber o nome de restritiva,


nesta fase serão recebidos cuidados sem que seja necessária a internação.

6. DOENÇA MENTAL NA HISTÓRIA

Na antiguidade a doença mental não era tratada como um


problema de saúde e sim religioso, tanto que estes eram encaminhados à igreja,
pois acreditava-se tratar de um ser possuído. Com o passar dos tempos
percebeu-se que os cuidados espirituais não estavam sendo suficientes, foi a
partir daí que começaram a receber tratamentos médicos.

Também há relatos que os insanos mentais nas civilizações


antigas, eram recolhidos e levados em vias marítimas a locais bem distantes
sem que houvesse possibilidade de retorno. Tais embarcações recebiam o
nome de Naus dos Loucos. Essa era uma forma de se livrar e exterminar
alguns desses doentes.

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

7. VISÃO DE CESARE LOMBROSO

Cesare Lombroso foi um psiquiatra, antropólogo e professor


universitário natural da Itália, famoso por desenvolver a teoria do criminoso nato,
sendo considerado o pai da criminologia moderna.

Foi com a obra "L’Uomo Delinquente in Rapporto All Antropologia


Gurisprudenza e Discipline Carcerarie" de Lombroso que surgiram os estudos
sobre a antropologia criminal, nesta é abordada o surgimento do crime a partir
do homem criminoso.

Para Lombroso, os criminosos já nasciam doente, eram pessoas


diferenciadas das demais e, suas ações se davam em razão da sua inferioridade
biológica.

Para conclusão desta obra, Lombroso, analisou em diversas


penitenciárias, inúmeros delinquentes, comparando os com pessoas comuns,
sendo concluído que os criminosos possuíam anomalias patológicas, que os
impulsionaram a prática criminosa.

As características dadas por Lombroso ao criminoso nato, após


suas análises de vários cérebros e vísceras de diversos criminosos,
comparando-os com homens comuns, sendo concluído que os criminosos são
mais altos, com crânios menores, com pronunciada assimetria, fronte baixa,
orelhas de abano, nariz adunco, queixo protuberante, face longa e larga com
cabelos abundantes, mas barba escarça e rosto pálido.

Lombroso também identificou que o criminoso é insensível


material e espiritualmente, geralmente canhoto ou ambidestro com sorriso cínico
e olhar duro e cruel, tendo preferência por tatuagens o que prova a sua
sensibilidade à dor.

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

Nas mulheres criminosas foi apurada certa masculinidade em


seus traças e na sua voz, excesso de pelos corporais, mamilos pequenos ou
muito grandes, sendo mais cruéis do que os homens e força física fora do
normal.

8. TIPOS E GRAVIDADES DE DOENÇA MENTAL

Há vários fatores que podem fazer um homem perder seu livre


arbítrio, sua capacidade de entendimento e discernimento. Podendo ser
escassez de memória, delírios, alucinações, são as possibilidades mais comuns
de se afetar um ser saudável mentalmente, fazendo desencadear diversas
doenças que podem comprometer seu entendimento e autocontrole.

Deve-se saber que patologicamente há vários tipos de


insanidade mental, umas mais graves que atacam ferem e até mesmo matam
seu semelhante, assim como também há outras um pouco mais brandas.

A seguir serão demonstrados alguns dos mais comuns tipos de


Doenças mentais conhecidas em nossa sociedade.

6.1 ESQUIZOFRENIA

A palavra Esquizofrenia significa divisão da mente. Afeta em


geral homens a partir dos 25 anos e mulheres de idade média entre 29 a 30 anos,
porém não é difícil de encontrar pessoas mais velhas com idade de 66 a 77 anos.

A doença se caracteriza com manifestações atípicas as quais


induzem no comportamento anormal, como delírios, alucinações, complicações
na fala com atribuições de palavras inventadas entre outras.

Na maioria dos registros, a pessoa portadora desta doença, ouve


vozes, as quais são caracterizadas por seus perseguidores, que os mandam
fazer ou deixar de fazer algo.

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

Outro sintoma bastante comum é a sensação de estar sendo


vigiado e que sempre tem alguém que lhe trama fazer mal.

Geralmente os surtos não se dão com grande frequência, podem


acontecer em algumas vezes ao ano, ou em casos muito raros apenas uma vez
na vida do doente.

O esquizofrênico pode ouvir os sons mais altos e bem mais


penetrantes, em sua visão as cores são em média mais brilhantes e com grande
definição.

A Esquizofrenia é incurável e quando não tratada corretamente,


impossibilita o doente de conviver com a sua família, ou em demais grupos
sociais, pela gravidade que a doença traz, pois um esquizofrênico pode devido a
suas alucinações e delírios levar a morte pessoa próxima de si.

Uma maneira de combater seus sintomas é com o uso regular e


continuo de medicação específica, sempre com acompanhamento de um
psiquiatra.

6.2 DOENÇA MANÍACA – DEPRESSIVA OU DOENÇA


BIPOLAR

Sua principal característica é a mudança involuntária de


comportamento e humor. Onde em certos períodos a pessoa fica extremamente
alterada e em outros momentos com uma profunda depressão.

Ela ocorre por alterações funcionais do cérebro da pessoa,


fazendo com que ela perca o controle de suas emoções. Por essa razão há
períodos que a pessoas tem diferentes comportamentos.

6.3 EPILEPSIA

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

Acredita-se que esta doença seja a mais velha da humanidade,


pois já há indícios que até os animais a portavam.

O epilético pode apresentar crises que duram em média cinco


minutos, onde a pessoa se joga ao chão, sacode-se, tem convulsões, torce a
boca, range os dentes, emitem gritos e roncos.

No decorrer da história, acreditava-se que esse doente teria


dentro de si um espírito maligno que o fazia ter esse comportamento, assim
recebeu diversos nomes, como Mal Fulminante, Mal de Deus, Mal Sagrado, Mal
demoníaco, Mal Hediondo, entre tantos outros.

Recomenda-se que presenciando uma crise de Epilepsia, deve


procurar imediatamente atendimento médico, pela situação neurológica que o
paciente se encontra.

A doença pode ser controlada através de medicação, as quais


evitam as crises. É importante também, além de manter o controle, realizar
acompanhamento periódico ao médico.

6.1 HISTERIA

Trata-se de uma anomalia de conduta, que atinge


principalmente as mulheres, porém há também um número razoável de
homens que desenvolve esse tipo de doença.

Esse estado geralmente se revela na adolescência, onde em


certos períodos o portador apresenta surtos histéricos.

O histérico tem condutas escandalosas e simula possuir


doenças para esquivar-se de certas situações que considera insuperável ou
ainda para aos anseios de seu inconsciente.

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

Importante pontuar que a amnesia é considerado um dos


principais distúrbios que desencadeia a Histeria, a pessoa vive uma vida dupla,
sem ter nenhuma consciência de seu estado.

Essa doença foi diagnosticada em grande massa, em mulheres


solteiras e empregadas que se sentem menosprezada em seu meio
profissional, familiar e social e assim querem chamar a atenção.

Porém por outro lado, esse diagnostico também se mostra bem


presente a aqueles que se submetem a intensas pressões e enfrentam
conflitos exteriores.

Em alguns casos a Histeria pode ser confundida com a


epilepsia, porém o histérico procura ficar de uma maneira confortável de modo
que não se machuque e geralmente tem seus surtos em meio a uma “plateia”.

Seu tratamento é realizado principalmente com medicamentos


antidepressivos.

6.2 PARANOIDE

Quem nunca ouviu alguém dizer: “fulano está paranoico?”

Vemos que a palavra paranoia é utilizada em nosso cotidiano,


como sendo um estado em que uma pessoa se encontra em momentos de
raiva, rancor e desconfiança.

Porém a Paranóia é uma doença mental que leva seu portador


a desconfiar de todos e sempre acreditar que as pessoas a sua volta tramam a
machucar ou ainda matar.

Por ter esse delírio de perseguição, pode levar seu portador a


matar, acreditando estar se valendo de uma legitima defesa.

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

A Paranóia é classifica em três categorias, conforme veremos a


seguir:

Distúrbio Paranoide de Personalidade

Nesta categoria, leva a pessoa a se tornarem amplamente


desconfiada de todos sem motivo nenhum. Sempre acredita que as pessoas
estão falando e rindo dele.

Faz com que o portador se sinta menosprezado por seus


familiares e colegas de trabalho.

Por estes o mundo é enxergado como algo ameaçador,


fazendo com que seu portador busque evidencias em acontecimentos a sua
volta procurando sinais de ameaça.

Quem possui Disturbio Paranóide de Personalidade geralmente


encontram grandes dificuldades em manter vínculos afetivos, pois são mais
frias em razão da sua extrema desconfiança.

O seu diagnostico em alguns casos são difíceis de serem


constatado, pois o portador não admite estar doente e se recusam a procurar
auxilio médico.

Distúrbio Delirante Paranóide

Essa anomalia leva a pessoa a acreditar em crenças


inexistentes e não compartilhada pelos demais.

Seu portador tem mania de grandeza (que as levam acreditar


terem poderes especiais), ciúme excessivo (considera qualquer mínimo indicio
como uma evidencia de infidelidade), suspeita (acreditar que sempre as
pessoas estão tramando persegui-la) e ainda em alguns raros casos podem
desenvolver um histórico de violência.

Esquizofrenia Paranoide

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

Já esta classificação é uma junção de das duas doenças


mentais, seu portador ouve vozes, ter alucinações que os levam a acreditar
que todos estão perseguindo e tentando matar.

Por esse motivo a pessoa se isola e desconfiada dos que estão


a sua volta tenta manter o mínimo possível de relação com o mundo externo.

6.3 PSICOPATIA

A psicopatia, refere-se a um transtorno de personalidade


antissocial, conceituado como uma grave alteração, o qual é identificado
principalmente por o seu portador possuir uma certa insensibilidade aos
sentimentos dos demais existentes em sua volta.

Um psicopata possui estímulos de delinquência, descontroles


comportamentais reincidência criminal, entre outros aspectos.

Por essa razão, o psicopata esta envolvido na maioria dos


crimes violentos e bárbaros que chocam a sociedade, tendo portanto um
índice maior de reincidência.

Em uma visão geral, o psicopata, apresenta-se como sendo uma


pessoa normal, no entanto egocêntricas, indignas, que tem o prazer de ver o
sofrimento alheio.

Cumpre destacar que o Manual de Diagnósticos e Estatísticas


dos Transtornos Mentais – Quarta Edição (DSM-IV), utiliza os seguintes
critérios para classificar alguém como sendo portador de personalidade
antissocial: incapacidade de se adequar às normas sociais; propensão para
enganar, usar nomes falsos ou ludibriar os outros; impulsividade ou
fracasso para fazer planos para o futuro; instabilidade e agressividade;
desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia;

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

irresponsabilidade consistente; ausência de remorso.2

Para a psicologia forense atual, o psicopata, não é entendido


como doente mental, em razão de não possuir desiquilíbrio ou desorientação
psicológica.

6.4 SERIAL KILLER

O termo significa “assassino em série” trata-se de um


comportamento criminoso, o qual é atribuído a aquele que mata quatro ou mais
vítimas que se encontram em só lugar, como uma expressão de fúria direcionada
a um grupo que tenha o oprimido, rejeitado ou ainda ameaçado.

Um serial Killer, tenta deixar uma espécie de marca, podendo


ser comparada como uma assinatura nos crimes que comete.

Cumpre destacar que as práticas criminosas, são feitas de forma


dolosa.

Para a psicologia, os Serial Killers, são tidos como perversos e


com grave distúrbio mental.

Em nossa legislação brasileira, não há por enquanto nenhuma


definição para esse tipo de comportamento, no entanto existe alguns projetos de
lei nesse sentido, aguardando a devida regulamentação.

Podemos citar, alguns Serial Killers, brasileiros, os quais sejam:

 Thiago Henrique Gomes da Rocha – conhecido como


“Serial Killer de Goiás”, confessou ter assassinado 39 pessoas;
 Sailson José das Graças - conhecido como
“Assassino da Baixada Fluminense”, o qual é investigado por ter
assassinado 41 pessoas;

2
https://psicologado.com/atuacao/psicologia-juridica/psicopatia-conceito-avaliacao-e-perspectivas-de-
tratamento

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

 Adriano da Silva – conhecido como “O Monstro de


Passo Fundo”, há registros que assassinou 12 pessoas;
 Francisco de Assis Pereira – conhecido como “O
maníaco do Parque”, tendo um histórico de ter assassinado 07 pessoas.

6.5 OLIGOFRENIA

Em Sua etimologia, a palavra quer dizer, “mente pequena”, a


qual denomina desenvolvimento mental, ou retardado, o que ocasiona
geralmente a diminuição da inteligência.

A doença origina-se de herança degenerativa, ou seja, filhos de


alienados mentais, casais consanguíneos que contraem matrimonio,
complicações na gestação como intoxicação, traumatismo uterino, desnutrição,
também pode ser ocasionada pós-parto, com doenças como a Rubéola e
Meningite.

Aqui estamos diante da possibilidade da inteligência ser pouco


ou muito diminuída, sendo classificadas em categorias, como Imbecil, Débil
Mental e Idiota.

7 INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL

Quando houve dúvidas sobre a sanidade mental do autor do


crime, será instaurado um incidente o qual irá apurar em apartado aos autos se
o acusado é inimputável, ou semi-inimputável.

O incidente poderá ser lavrado de oficio pelo juiz, através de


requerimento do Ministério Público, pelo acusado através de seu defensor ou
curador, ou ainda pelo ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do réu.

No caso de ser indeferido a instauração do incidente, não há


espécie recursal cabível para rebatar tal decisão.

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

Porém cabe observar que frente a decisão homologatória do


laudo pode ser rediscutida através de interposição de recurso de apelação aos
Tribunais superiores.

Após a apresentação do laudo pericial, o incidente de


insanidade, será apensado ao processo principal, conforme prevê o artigo 153
do Código de Processo Penal.

Se restar comprovando durante o inquérito policial, através de


exame de insanidade que o acusado tratar-se de inimputável, pode o próprio
Ministério Público, ofertar a sua denúncia e desde logo requerer que seja
aplicada a medida de segurança cabível.

8 O PERITO

O perito é o profissional portador do conhecimento técnico


altamente especializado e devidamente capacitado, o qual atestará a
imputabilidade e a periculosidade do indivíduo tido como autor do fato criminoso.

Ele trata-se de um auxiliar da justiça, o qual é estranho as partes


do processo, livre de impedimentos ou ainda incompatibilidade.

Para atuar no processo o perito será nomeado pelo juiz, não se


admitindo interferência das partes.

Importante ressaltar que está previsto no artigo 280 do Código


de Processo Penal, que se estende aos peritos as causas tidas como suspensão
dos juízes constantes no artigo 254 deste mesmo código, que prega
textualmente:

Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer,


poderá ser recusado por qualquer das partes:

I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer


deles;

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente,


estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter
criminoso haja controvérsia;

III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo,


ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a
processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;

IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;

V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de


qualquer das partes;

Vl - se for sócio, acionista ou administrador de


sociedade interessada no processo.

Tal precaução se dá tendo em vista que o perito possui enorme


influência na decisão a ser proferida pelo juiz da causa, motivo pelo qual deverá
ser totalmente imparcial as partes.

9 LAUDO MÉDICO PERICIAL

Como já abordado anteriormente, não pode responder por seus


crimes, aquele que portar doença mental.

Porém, para que seja proferida decisão justa a este, é necessário


que aquele que tenha praticado o ato delituoso se submeta a exame médico,
onde ficará comprovado a anomalia e a sua periculosidade.

Este exame deve ser realizado por um psiquiatra forense, o qual


realizará as devidas averiguações e elaborara um laudo.

25
Imputabilidade Penal – Doente Mental

Vale informar, outrossim que o laudo a ser apresentado pelo


médico perito é uma prova que, o juiz pode ou não acatar. Tal prática é lícita e
prevista em nosso ordenamento jurídico, no Artigo 182 do Código de Processo
Penal;
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo
aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.

Este laudo é nomeado como “Laudo de Sanidade Mental”. Não


há relatos que tem um padrão a ser seguido, porém deve conter alguns requisitos
formais em sua elaboração são eles:

 Identificação do Examinado – Dados completos, como


nome filiação, data de nascimento. Tudo o que seja
possível para identificar o paciente.

 Condições do Exame – Relatar em que situação foi


realizado as averiguações no paciente, como e onde ele
se encontrava.

 Histórico – Há a necessidade de se relatar todo o trâmite


clínico do examinado.

 Exame Clínico - Aqui é o momento onde o médico utilizará


os métodos e conhecimentos para diagnosticar o
paciente.

 Exames Complementares – Momento que deve ser


indicado se houver resultados de exames
complementares.

26
Imputabilidade Penal – Doente Mental

 Diagnostico – As conclusões extraídas com a pericia


realizada. Deve ser elaborada com base na classificação
determinada pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
a conhecida CID 10.

 Comentários e Conclusões – Parte que o perito


apresentará a sua opinião. Poderá sugestões a aplicação
da justiça.

 Resposta aos quesitos – O laudo final deverá preencher a


todos os questionamentos e sanar a dúvida do setor
judiciário, a motivação principal para a elaboração da
perícia.

Como previsto no Artigo 97, § 2° do Vigente Código Penal, a


perícia médica tem um lapso temporal mínimo a ser seguido e deverá ser
repetida anualmente, até que finda-se a periculosidade;

Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz


determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto
como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a
tratamento ambulatorial.

(...)

§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do


prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a
qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.

8. EXECUÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA

27
Imputabilidade Penal – Doente Mental

Uma vez transitada em julgada a sentença que aplicar a


medida de segurança, deverá o juiz da causa, expedir uma guia para a sua
execução, sem esta o sentenciado, não poderá submeter-se ao tratamento
psiquiátrico, conforme prediz a Lei de Execução Penal (LEP) em seus artigos
171 e 172.

Cumpre destacar que o artigo 173 da LEP, descreve


exatamente a forma como essa guia deve ser expedida pela autoridade judicial,
conforme transcrito abaixo:

Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento


ambulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas
e a subscreverá com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa
incumbida da execução e conterá:

I - a qualificação do agente e o número do registro geral


do órgão oficial de identificação;

II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver


aplicado a medida de segurança, bem como a certidão do trânsito em
julgado;

III - a data em que terminará o prazo mínimo de


internação, ou do tratamento ambulatorial;

IV - outras peças do processo reputadas indispensáveis


ao adequado tratamento ou internamento.

§ 1° Ao Ministério Público será dada ciência da guia de


recolhimento e de sujeição a tratamento.

§ 2° A guia será retificada sempre que sobrevier


modificações quanto ao prazo de execução.

28
Imputabilidade Penal – Doente Mental

O Ministério Público, sempre deve ter ciência bem como


acompanhar o cumprimento da medida de segurança.

Cumpre destacar ainda, que a medida de segurança admite


Progressão, no passo que o internado for restabelecendo a sua saúde mental,
chegando em condições de ser reinserido na sociedade.

Levar-se a em conta de cessou a sua periculosidade, conforme


regulamentado pelo artigo 175 e 176 da LEP, que seguem abaixo:

Art. 175. A cessação da periculosidade será averiguada


no fim do prazo mínimo de duração da medida de segurança, pelo
exame das condições pessoais do agente, observando-se o seguinte:

I – a autoridade administrativa, até um mês antes de


expirar o prazo de duração mínima da medida, remeterá ao juiz
minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a revogação ou
permanência da medida;

II – o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico;

III – juntado aos autos o relatório ou realizadas as


diligências, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério Público e o
curador ou defensor, no prazo de três dias para cada um;

IV – o juiz nomeará curador ou defensor para o agente


que não o tiver;

V – o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das


partes, poderá determinar novas diligências, ainda que expirado o prazo
de duração mínima da medida de segurança;

VI – ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que


se refere o inciso anterior, o juiz proferirá a sua decisão, no prazo de
cinco dias.

29
Imputabilidade Penal – Doente Mental

Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do prazo


mínimo de duração da medida de segurança, poderá o juiz da execução,
diante de requerimento fundamentado do Ministério Público ou do
interessado, seu procurador ou defensor, ordenar o exame para que se
verifique a cessação da periculosidade, procedendo-se nos termos do
artigo anterior.

9. MATÉRIA SOBRE ATUAL SITUAÇÃO DE UM HOSPITAL


DE CUSTODIA EM TERESINA

A comissão da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do


estado do Piauí realizou uma vistoria em um hospital de custodia em Teresina,
onde foi constatado que as condições físicas são bem precárias. Segue abaixo
matéria:

OAB-PI constata situação caótica na Casa de


Custódia de Teresina3
Sexta-feira, 14 de novembro de 2014 às 11h34.

Teresina (PI) - Uma comissão da OAB do Piauí esteve


nesta quarta-feira (12) na Casa de Custódia de
Teresina para averiguar as condições do local, tais
como estrutura física, condições de trabalho dos
agentes e situação dos detentos. Os advogados da
Ordem constataram sérios problemas como a falta de
condições materiais para manter o presídio, como
mantimentos e até gás de cozinha.

3
http://www.oab.org.br/noticia/27820/oab-pi-constata-situacao-caotica-na-casa-de-custodia-de-
teresina?utm_source=3068&utm_medium=email&utm_campaign=OAB_Informa

30
Imputabilidade Penal – Doente Mental

Durante a semana, os agentes penitenciários do local


descobriram um túnel construído no Pavilhão C pelos
detentos, com mais de 10 metros de comprimento.
Embora a estrutura tenha sido isolada, continua
exposta e o reparo é impossibilitado pela falta de
materiais. O pavilhão C é atualmente um dos mais
críticos do presídio, abrigando presos de alta
periculosidade, condenados por crimes gravíssimos,
tais como narcotráfico, latrocínios e assalto a bancos,
oriundos também de outros estados.

Além destes problemas, a falta de gasolina em


viaturas e de internet também foram informadas pelos
agentes. “Estamos impossibilitados de cumprir
alvarás de soltura, por exemplo, pela falta da internet.
Quanto à gasolina, chegamos ao extremo. Para levar
um preso para a audiência, a família se dispôs a
colocar o combustível na viatura”, informou um
agente.

A Casa de Custódia tem capacidade para 330 presos,


mas atualmente mantém 860 detentos. Ouvidos, eles
relataram, além da superlotação, a demora nos
julgamentos. “Temos presos provisórios que estão há
mais de três anos sem serem ouvidos”, comentou o
presidente da Comissão de Segurança Pública da
OAB, Lúcio Tadeu Santos, acrescentando que a
justiça vive uma situação caótica e que há muito
tempo vem sendo denunciada pela OAB. “Esta
situação só tem demonstrado a inoperância da
Secretaria de Justiça, embora a mudança de
gestão. Estamos num caos total do Sistema,
resultante de um longo período sem investimento no
setor prisional do Piauí”, asseverou Lúcio Tadeu.

31
Imputabilidade Penal – Doente Mental

Soma-se a tudo isso a eminência de uma greve dos


agentes penitenciários, que estão insatisfeitos com as
condições de trabalho e remuneração. “Se isso
acontecer, será o caos total. Em meus 10 anos de
profissão, já passei por muitas dificuldades, mas nada
como o que vivemos hoje. Embora procuremos, não
achamos solução”, finalizou o diretor da Casa de
Custódia, capitão Marinho. A OAB-PI buscará
providências junto à Corregedoria de Justiça e
Procuradoria Geral de Justiça.

Participaram da vistoria os advogados membros da


Comissão de Segurança Pública da OAB-PI: Baltemir
Júnior, Alexandre Carlos, Euller Paiva e Carlos
Lacerda; e o vice-presidente da Comissão de Direitos
Humanos, Carlos Edilson Sousa.

Com informações da OAB-PI

10. MATERIA SOBRE INSPEÇÃO A SER REALIZADA PELA


OAB E CONSELHO DE PSCOLOGIA NOS MANICÔMIOS JUDICIARIOS

OAB e Conselho de Psicologia vão inspecionar


manicômios
judiciários4
terça-feira, 09 de junho de 2015 às 07:05

Brasília – O Conselho Federal da OAB e o CFP


(Conselho Federal de Psicologia) vão assinar na
sessão

4
http://www.oab.org.br/util/print/28499?print=Noticia

32
Imputabilidade Penal – Doente Mental

plenária de segunda-feira (15) um convênio para


inspeção conjunta em manicômios judiciários,
hospitais de
custódias e alas psiquiátricas e em defesa dos
direitos humanos.
O presidente da OAB Nacional, Marcus Vinicius
Furtado Coêlho, informou sobre o convênio nesta
terça-feira
(09) ao receber a presidente do CFP, Mariza Monteiro
Borges, e o presidente do Conselho Regional de
Psicologia do Piauí, Eduardo Moita, na sede da
entidade.
“O Brasil tem a figura da inimputabilidade penal, que
significa o direcionamento para os hospitais
psiquiátricos.
Então, o que deveria ser um tratamento legal, acaba
sendo uma prisão perpétua e sem julgamento. A OAB
em
conjunto com o Conselho de Psicologia irá
inspecionar esses locais”, destacou Coêlho.
DIREITOS HUMANOS
A presidente do CFP disse que, além das inspeções,
o convênio irá permitir uma maior aproximação entre
a
OAB e o Conselho Federal de Psicologia. Com isso,
as entidades poderão se manifestar e promover
ações
conjuntas em assuntos relacionados aos direitos
humanos.
“Também vamos tratar de direitos das mulheres, das
crianças vítimas de violência sexual e de temas como
a
maioridade penal”, disse.

33
Imputabilidade Penal – Doente Mental

11. DECISÃO JURISPRUDENCIAL

Com base nos fatos até aqui relatados, será exposto alguns
entendimentos jurisprudenciais:

Ementa: PENAL. PROCESSO PENAL. RECURSO


CRIMINAL DE OFÍCIO. TENTATIVA DE
HOMICÍDIO. RÉU PORTADOR
DE DOENÇA MENTAL. COMPROVAÇÃO ATRAVÊS
DE PERÍCIA MÉDICA. INIMPUTABILIDADE DO
AGENTE. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. RECURSO
IMPROVIDO. 1. Os exames realizados no acusado
constataram, de forma inequívoca, que o mesmo
sofria de transtorno bipolar do humor, não sendo,
pois, capaz de entender o caráter criminoso do seu
ato ou de agir de acordo com esse entendimento. 2.
Verificada e confirmada, de forma incontestável,
a inimputabilidade do acusado, via Laudo médico
devidamente homologado em Juízo, correta a
decisão que absolveu sumariamente o réu e aplicou-
lhe medida de segurança, por força do quanto
previsto nos arts. 97, da Lei Substantiva Penal, e 415,
IV, da Lei Adjetiva Penal. 3. Recurso Improvido.
Unanimemente.(TJ-MA - RECURSO CRIMINAL DE OFÍCIO
RCCR 361092010 MA (TJ-MA)

Ementa: PENAL. PROCESSUAL. RECURSO


CRIMNIAL DE OFÍCIO. HOMICÍDIO.
INIMPUTABILIDADE DO AGENTE. ABSOLVIÇÃO
SUMÁRIA. 1. constatada e comprovada, de forma
incontroversa, a inimputabilidade do agente, correta a
decisão de Primeiro Grau que absolve sumariamente

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

o acriminado, aplicando-lhe a medida de segurança


cabível, por força do quanto previsto nos arts. 97, da
Lei Substantiva Penal, e 386, parágrafo único, III, da
Lei Adjetiva Penal. 2. Recurso Criminal de Ofício a
que se nega provimento. (TJ-MA - RECURSO
CRIMINAL DE OFÍCIO RCCR 302072010 MA (TJ-
MA) ).

Ementa: PENAL. OMISSÃO DE RECOLHIMENTO


DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.LAUDO
PERICIAL COMPROBATÓRIO DA DOENÇA
MENTAL DO ACUSADO.INIMPUTABILIDADE
RECONHECIDA. NECESSIDADE DE IMPOSIÇÃO
DA MEDIDA DE SEGURANÇA. CARÁTER
PREVENTIVO. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU
DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. ART. 96 ,
PARÁGRAFO ÚNICO , DO CP . POSSIBILIDADE DE
MANUTENÇÃO DO TRATAMENTO COM MÉDICO
DE ESCOLHA DO ACUSADO. 1. O laudo pericial
acostado ao feito comprovou que o acusado, no
momento da prática delitiva, era portador de doença
mental que lhe retirava a capacidade de
compreensão do caráter ilícito do fato, sendo
considerado inimputável, nos termos do art. 26 ,
caput, do CP . 2. A medida de segurança, no caso dos
autos, não pode ser considerada desnecessária, em
razão de estarem presentes os requisitos para a sua
imposição, quais sejam, a prática de fato típico e ilícito
pelo inimputável e a periculosidade do agente, que,
na hipótese, é presumida pela legislação penal.
Ademais, deve-se levar em consideração que o laudo
pericial recomendou a manutenção de tratamento
terapêutico ao réu. 3. A medida de segurança possui

35
Imputabilidade Penal – Doente Mental

caráter preventivo, buscando evitar que outros ilícitos


venham a ser praticados pelo inimputável, o que
justifica a sua aplicação ao caso concreto, sendo
indiferente o fato de o réu não poder cometer
novamente o crime descrito na denúncia. 4. A decisão
de primeiro grau devidamente justificou a suficiência
do tratamento ambulatorial para o caso em apreço,
não havendo falar em inconstitucionalidade por
ausência de fundamentação. 5. Não se pode cogitar
de ofensa ao art. 96 , parágrafo único , do CP , pois
inexiste, na hipótese, qualquer causa de extinção da
punibilidade a ser reconhecida. 6. Não há óbice de o
Juízo da Execução determinar a manutenção do
tratamento psiquiátrico junto ao atual médico do
acusado, conforme se depreende dos arts. 43 e 101
da Lei nº 7.210 /84. 7. Apelação improvida. (TRF-4 -
APELAÇÃO CRIMINAL ACR 4960 PR
2002.04.01.004960-2 (TRF-4) ).

Ementa: RECURSO CRIME EX OFFICIO. RÉU


PORTADOR DE DOENÇA MENTAL.
ESQUIZOFRENIA PARANÓIDE. PRÁTICA DE
FATO DEFINIDO COMO CRIME DE TENTATIVA
DE HOMICÍDIO SIMPLES (ART. 121 , CAPUT C/C
ART. 14 , II , AMBOS DO CÓDIGO PENAL ).
INIMPUTABILIDADE. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA.
APLICAÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA.
INTERNAÇÃO EM CASA DE CUSTÓDIA PARA
TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO. SENTENÇA
MANTIDA EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO.
- Sendo manifesta a inimputabilidade do réu (art. 26 ,
do Código Penal ) constatada por laudo de exame
psiquiátrico, correta a decisão que o absolve

36
Imputabilidade Penal – Doente Mental

sumariamente, aplicando-lhe, contudo, Recurso


Crime Ex Officio nº 676510-8. medida de segurança,
consistente em internação em casa de custódia para
tratamento psiquiátrico. (TJ-PR - Recurso Crime Ex
Officio RC 6765108 PR 0676510-8 (TJ-PR) )

12. ANALISE DE CASOS CONCRETO

12.1 – CASO CHAMPINHA

O crime ocorreu entre os dias 1 a 5 de novembro de 2003,


praticado por Paulo César da Silva Marques, conhecido como “Pernambuco”,
Roberto Aparecido Alves Cardoso, o famoso “Champinha”, Antonio Caetano,
Antonio Matias e Agnaldo Pires. Resultando na tortura e assassinato dos
jovens Liana Friedenbach na época com 16 anos e Felipe Caffé que estava
com 19 anos.

As vítimas eram um casal de namorados, e decidiram acampar


em uma floresta na região de Embu Guaçu.

Passando pelo local onde os jovens encontravam-se


acampando “Champinha” e Pernambuco resolveram assalta-los, podem devido
ao fracasso, por esses não estarem portando algo de valor decidiram
sequestra-los.

Os criminosos, mantiveram as vítimas em cárcere privado,


sendo Liana abusada sexualmente por todos os envolvidos.

Assim Pernambuco assassinou Felipe com um tiro na nuca e


Liana, foi morta por “Champinha” sendo esta esfaqueada e golpeada na
cabeça.

37
Imputabilidade Penal – Doente Mental

Os envolvidos foram presos e “Champinha” recolhido a


Fundação Casa, por na época do crime ser menor de idade.

Após alguns diagnósticos, concluiu-se que “Champinha” era


portador de um retardo mental, tendo sido concluído que ele tem transtorno de
personalidade o que o faz agir por impulso e cometer atos irracionais.

Desta forma, considerando a sua impossibilidade de conviver


em sociedade, o juízo da Infância e Juventude, determinou que “Champinha”,
permanecesse em Hospital de Tratamento e custódia por tempo indeterminado.

12.2 – CASO DA MOTOSSERRA

O crime ocorreu em abril de 2014, por Nivair Geraldo da Silva,


que na época estava com 28 anos, na região de Itaguara – MG, em frente a
uma boate na parada do Km 566 da rodovia BR-381.

O autor do crime, portando uma motosserra, atacou uma vítima


Alexandre da Fonseca Resende, o qual escolheu aleatoriamente, sem motivo
aparente, decepando seu braço e sequencialmente tirando-lhe a vida.

Há relatos que vítima tentou fugir, no entanto não logrou êxito


em sua fuga.

Segundo informações da polícia militar que encontrou Nivair,


após o crime, relatam que ele demonstrou portar distúrbios mentais, tendo este
relatado que foi violentado sexualmente quando tinha 10 anos, fato que sempre
lhe causou revolta. Nivair ainda diz estar descontente com a sua vida, o que
motivou a esta prática.

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

13. CONCLUSÃO

Conforme exposto, o homem é um ser social, o qual precisa de


seus semelhantes, ou seja, tem o anseio de viver em comunidade, porém que
tal convivência tenha harmonia, viu-se a necessidade de criar-se normas, para
regrar a vida em sociedade.

Desta forma, aqueles que cometem um ato ilícito previsto em


lei, deverá ser processado e julgado, sendo arbitrada a sua pena, para que
este individuo seja reeducado e possa voltar a conviver em dentro do meio
social.
Porém alguns seres humanos, são portadores de doenças
mentais, que em determinados casos, os levam a cometer um crime em razão
de sua anomalia, são os chamados inimputáveis ou semi inimputáveis.

Estes não devem ser condenados e receberem uma pena,


como ocorre com os demais, mas sim ser devidamente direcionado a um
hospital de custodia para que tenha o devido tratamento e a sua saúde
restabelecida, ficando assim a sociedade como um todo protegida.

Para que uma pessoa seja considerada inimputável, deverá ser


submetida aos devidos exames, os quais serão realizados por um perito
psiquiatra, nomeado pelo juiz da causa. Este emitirá um laudo médico,
atestando o grau da doença metal do agente.

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Imputabilidade Penal – Doente Mental

14. BIBLIOGRAFIA

BITENCOURT, Cezar Roberto – “Tratado de Direito Penal – Parte Geral” – 14°


edição – Editora Saraiva – São Paulo 2009

MIRABETE, Julio Fabbrini – “Manual de Direito Penal – Parte Geral” – Editora


Atlas – São Paulo 2004

CAPEZ, Fernando – “Curso de Direito Penal – Volume I – Parte Geral” – 16°


edição – Editora Saraiva - São Paulo 2012

CAPEZ, Fernando – “Curso de Processo Penal” – 13° edição – Editora Saraiva


– São Paulo 2010

NUCCI, Guilherme de Souza – “Código de Processo Penal Comentado” – 8°


edição – Editora Revista dos Tribunais – São Paulo 2008

POLOMBA, Guido Arturo – “Loucura e Crime” – Editora Fiuza – São Paulo 1996

LANDRY, Michel – “O Psiquiatra no tribunal – processo de perícia psiquiátrica


em justiça penal” – Editora Pioneira – São Paulo 1981

PENTEADO, Conceição – “Psicopatologia Forense - breve estudo sobre o


alienado e a lei” – Editora Freitas Bastos – Rio de Janeiro 1996

NORONHA, Edgard Magalhães. Direito penal. 36 ed. São Paulo: Saraiva


Sites:
http://rodrigobello.wikidot.com/estrutura-do-crime
(acessado em 18 de fevereiro de 2017)
http://www.oestudodamente.com.br/single-post/2015/07/29/A-mente-humana
(acessado em 18 de fevereiro de 2017)
https://psicologado.com/atuacao/psicologia-juridica/psicopatia-conceito-
avaliacao-e-perspectivas-de-tratamento
(acessado em 15 de abril de 2017)
http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/o_que_e_um_psicopata_.html

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(acessado em 15 de abril de 2017).

http://www.psiquiatriageral.com.br/tema/paranoia.htm

(acessado em 02 de maio de 2017)

http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=3644&idAreaSel=4&se
eArt=yes

(acessado em 05 de maio de 2017)

http://serialkiller.com.br/

(acessado em 05 de maio de 2017).

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