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APOSTILA
– Ilha Solteira – SP
2014
Conceito e Fundamentos de Medições e Instrumentação Aplicadas à Engenharia
Conteúdo
INTRODUÇÃO
Para se fazer um estudo detalhado dos instrumentos de medidas e das suas características de
operação é conveniente primeiro discutir onde e como o instrumento será usado. De acordo
com o tipo de aplicação, os mesmos podem ser classificados (outras classificações existem)
como instrumentos para:
- Monitoramento de processo e operação;
- Controle de processo e operação;
- Análise experimental em engenharia.
Certos tipos de aplicações podem ser classificados como tendo essencialmente uma função
de monitoramento não tendo nenhuma função de controle na acepção do termo. Os
instrumentos usados para tal são classificados como instrumentos de monitoramento de
processos e operações. O termômetro, o barômetro e o anemômetro usados numa estação de
Meteorologia têm essa função. Eles simplesmente indicam as condições do ambiente, e suas
leituras não servem para nenhuma função de controle no sentido estrito da palavra.
Similarmente, medidores de água, de gás e de eletricidade operam como monitoramento de
determinadas variáveis visto que eles apenas informam a quantidade de consumo de
comodidade para que, posteriormente, seja calculado o custo das mesmas. A luz de óleo no
painel do carro serve para monitorar a pressão no motor, de forma que o motorista pode
acompanhar as condições de funcionamento do mesmo. Alguns exemplos típicos de
instrumentos utilizados para monitoramento incluem: Termômetro, Anemômetro, Hodômetro,
Medidor de água residencial e outros.
1. Geralmente fornecem resultados que são de uso geral, ao invés de uma aplicação especifica;
2. Invariavelmente requer suposições simplificadoras. Desta forma, não é possível representar o
sistema físico real, mas sim obter um “modelo aproximado” do sistema em estudo. Isso
significa que o comportamento teoricamente previsto vai apresentar diferenças em relação ao
sistema real;
3. Em alguns casos, cai-se em problemas matemáticos complicadíssimos. Isto no passado tornava
inviável o tratamento teórico de alguns problemas. No entanto, com o surgimento e melhorias
das máquinas e equipamentos computacionais (aumento da velocidade de processamento)
problemas que não eram resolvidos no passado são perfeitamente tratáveis nos dias atuais;
4. Requer apenas lápis, papel, computador e conhecimento;
5. Não existe perda de tempo na criação/confecção de modelos, montagem, checagem de
instrumentação e coleta de dados.
Figura 1.2 – Características dos Métodos Teóricos
2. Formulação de relações empíricas generalizadas em situação que não existe uma teoria suficiente
desenvolvida;
Exemplo: Determinar o fator de atrito para tubos para escoamento turbulento.
Qualquer que seja a natureza da aplicação, uma seleção adequada de uso dos
instrumentos de medida visando atender uma tarefa em particular, depende tanto do
conhecimento dos instrumentos disponíveis como da análise de desempenho dos mesmos.
Novos equipamentos continuam sendo desenvolvidos a cada dia, mas há certos equipamentos
básicos que têm provado sua aplicação em muitas áreas e têm sido usados ao longo dos anos.
Uma boa parte desses equipamentos será discutida neste texto.
Estes equipamentos básicos são de grande interesse e também servem como veículo de
apresentação e desenvolvimento de técnicas e conceitos gerais para tratar os principais
problemas de instrumentação. Estes conceitos básicos são de grande utilidade no tratamento e
aperfeiçoamento dos equipamentos atuais, bem como, de equipamentos que venham a ser
desenvolvidos no futuro.
É importante que esses conhecimentos sejam de tal nível que não sirva apenas para o
usuário, mas também para o projetista de instrumentos de medida. Há duas principais razões
para essa ênfase: uma é que muitos equipamentos experimentais de medição são muitas vezes
“feitos à mão”, especialmente em pequenas indústrias onde o alto custo de equipamentos
especializados não é justificado. A outra razão é que a indústria de instrumentação é ampla e
vem crescendo, demandando muitos engenheiros com capacidade não só para operar, mas
também projetar e desenvolver novos equipamentos.
O desenvolvimento no setor de projeto de máquinas e equipamentos mecânicos/elétricos
envolve uso e aplicação de técnicas e conceitos que também são aplicadas no setor
instrumentação. Entretanto, naquele primeiro setor, a aplicação é voltada principalmente para
questão de potência e eficiência, enquanto que no projeto de instrumentos de medição, esse
aspecto é quase completamente desprezado. No projeto de instrumentação, o foco é a aquisição
e manipulação de informações com exatidão.
Portanto, considerando-se que um significante número de engenheiros graduados irá
trabalhar em indústrias de instrumentação, é importante que a formação desses profissionais
inclua o tratamento dos aspectos e conceitos mais significativos desta área.
COMENTÁRIOS:
1a LISTA DE EXERCÍCIOS
Elemento de
armazenamento
de dados
COMENTÁRIOS
Reafirmando a observação feita no início deste tópico, é enfatizado que a
Figura 2.1 é utilizada como um meio de apresentar o conceito de elementos
funcionais, e não como um diagrama físico esquemático de um instrumento. Um
dado instrumento pode envolver as funções básicas apresentadas em diferentes
números e combinações e elas não necessitam aparecer na ordem da Fig. 2.1. Um
Para uma melhor ilustração dos conceitos discutidos, considere o medidor de pressão
ilustrado na Fig. 2.2. O medidor é um instrumento bastante rudimentar, como pode ser
observado, que fornece as informações da medida de pressão através do deslocamento angular
de um ponteiro. Uma possível interpretação dos elementos funcionais é apresentada a seguir.
Neste caso, o pistão é o elemento sensitivo primário que também funciona como um
elemento de conversão de variável, uma vez que ele, além de sentir o efeito da variável pressão
também converte essa pressão em uma força resultante atuando na superfície do pistão. A força
é transmitida pela haste do pistão até a mola, que converte essa força em um deslocamento
proporcional.
Este deslocamento da haste do pistão é ampliado (manipulado) pelo sistema de
articulação para produzir um deslocamento maior do ponteiro. O ponteiro e a escala indicam a
pressão, ou seja, formam um elemento de apresentação dos dados.
A Fig. 2.3 descreve a operação de um termômetro. Neste caso, o líquido do bulbo age
como um elemento sensitivo primário (sensor) e também como um elemento de conversão de
variável, visto que a mudança de temperatura leva a uma mudança da pressão dentro do bulbo
devido a expansão térmica do líquido do bulbo. Esta pressão é sentida através do tubo pelo
Tubo de
Bourdon
tubo de Articulação/
fluido bulbo tubo engrenagem ponteiro/escala
Bourdon
Na realização de uma medição, existem dadas funções básicas indicadas na Fig. 2.1
que são comuns na maioria dos instrumentos. Desta forma, é conveniente generalizar, quando
possível, de que maneira essa funções são realizadas.
Uma generalização bastante aceita na comunidade de medições é a separação dessas
funções de acordo com as considerações de energia envolvida. Um componente físico que
realiza uma das funções discutidas na Fig. 2.1 pode ser definido como um transdutor passivo ou
um transdutor ativo, dependendo das considerações de energia envolvida.
Na literatura técnica, o termo transdutor é usado para aqueles componentes que envolvem
uma conversão de energia, por exemplo, mecânica para elétrica. Entretanto, aqui não será feita
nenhuma restrição quanto a isso e o sinal de saída pode envolver o mesmo tipo de energia do
sinal de entrada, por exemplo, energia mecânica ou elétrica.
a) Transdutores passivos
São considerados como transdutores passivos aqueles componentes em que a energia do
sinal de saída (output) é fornecida exclusivamente pelo sinal de entrada (input).
b) Transdutores ativos
São considerados transdutores ativos aqueles em que o sinal de saída (output) tem
grande maioria parte ergia suprida por uma fonte auxiliar. Apenas uma pequena parte da
energia do sinal de saída vem do sinal de entrada (input).
Exemplos típicos: amplificadores e condicionadores de sinais.
Instrumentos digitais o sinal obtido nestes instrumentos varia de forma discreta assumindo
valores finitos em uma dada faixa de operação – sinal digital.
Nos sinais analógicos, o valor de uma quantidade (tensão, ângulo da rotação, etc..)
carrega todas as informações. Enquanto no caso digital carrega uma quantidade especifica de
informações, o sinal (digital) é de natureza binária (on/off) e a alteração do valor numérico esta
associada com uma mudança do estado lógico (falso/verdadeiro) de alguma combinação de
switches ( liga/ desliga).
Por exemplo, em um sistema eletrônico digital típico, qualquer tensão numa faixa de +2
a +5 V, produz um estado on, enquanto sinais de 0 a +0,8 V corresponderem a estado off.
Neste caso, pode se dizer que não é importante se a tensão é 3 ou 4 V, nenhuma consequência
vai ser notada pelo sistema e o mesmo resultado é produzido, ou seja, o sistema é bastante
tolerante a componentes espúrias (ruído) de tensão, o que pode contaminar a informação do
sinal. No caso de um valor representado digitalmente por 5,763, o dígito menos significativo
(dígito 3) é dado por um sinal on/off de mesmo tamanho (quantidade) do que o dígito mais
significativo (dígito 5). Assim, nos equipamentos totalmente digitais, como por exemplo, o
computador digital, não há nenhum limite quanto ao número de dígitos que podem ser
utilizados como números exatos; a definição desses números é justificada pela particular
aplicação que se deseja. Quando sistemas analógico e digital são combinados (em sistemas de
medições, isso é muito frequente) a parte digital não limita a exatidão do sistema. A limitação
do sistema analógico-digital geralmente está associada com a parte analógica, ou com o próprio
dispositivo de conversão analógico-digital.
Como afirmado anteriormente, a maioria dos elementos sensitivos primários é do tipo
analógico. Por outro lado, o dispositivo ilustrado na Fig. 2.6 é do tipo digital. Neste
instrumento, pode ser claramente observado que não é possível obter uma indicação de 0,79 da
rotação; ele mede somente variações de 1 em 1 rotação.
Método da deflexão Neste caso a quantidade a ser medida produz um efeito físico no
sistema. Tal efeito provoca um efeito similar, em sentido oposto, no instrumento. Este efeito
oposto é relacionado com alguma variável (normalmente deslocamento mecânico) que em geral
pode ser observada diretamente pelos sentidos humanos. Este efeito oposto varia até atingir o
A Fig. 2.7 mostra um exemplo típico de instrumento que opera pelo método da
deflexão.
Método do anulamento Neste caso visa-se manter nula a deflexão, que é provocada pela
quantidade a ser medida. Isso ocorre através da aplicação de um efeito externo, em sentido
oposto para anular aquele efeito provocado pela quantidade medida, equilibrando assim o
sistema. O valor da variável medida é obtido a partir do efeito introduzido externamente. Um
exemplo esquemático desse método está ilustrado na Figura 2.8.
A mola não é um padrão preliminar de medida de força e, portanto, ela deve ser
calibrada antes com pesos padrão. Isto não ocorre no instrumento que opera pelo
método por anulamento, pois neste é feito uma comparação direta da força
desconhecida com o padrão, e o efeito contrário (anulamento) pode ser produzido
por padrões de grande exatidão;
Entrada modificante é uma quantidade (variável) que pode alterar tanto as relações
de entrada/saída em relação à entrada desejada como em relação às entradas interferentes.
Os conceitos acima podem ser mais bem entendidos através de exemplos específicos.
Considere o manômetro de mercúrio usado para medir diferença de pressão, figura 2.l0. As
entradas desejadas são as pressões p1 e p2, cuja diferença causa a saída (deslocamento) x, lida
em uma escala calibrada.
As Fig. 2.l0 (b) e 2.10 (c) mostram a ação de duas entradas interferentes possíveis. Na
Fig. 2.l0 (b) o manômetro é montado sobre um veículo que está se movendo com uma dada
aceleração.
L
R (2.1)
A
R g (GF)R g (2.2)
Ra
e 0 (GF)R g E b (2.3)
(R g R a ) 2
Esse método é mais bem exemplificado pelo sistema ilustrado na Fig. 2.12. Neste exemplo
x0 ( K M 0 K Sp ) ei , (2.4)
Esta tensão de saída e0 é somada, com sinal invertido, à tensão de entrada ei. A tensão
resultante alimenta o amplificador, KAM, que vai fornecer a tensão aplicada no motor. Este atua
na mola e produz uma saída xo, Eq. 2.5.
( ei e0 )K AM .K MO .K SP x0 (2.5)
ou
( ei K Fb x0 )K AM .K MO .K SP x0 (2.6)
K AM .K MO .K SP
x0 ei (2.7)
1 K AM .K MO .K SP .K Fb
Supondo que, por condição de projeto, a constante do amplificador, KAM, seja muito
grande (alto ganho), então isso implica que KAMKMoKSpKFb >>>1, ou seja,
1
x0 .ei (2.8)
K Fb
Portanto, de acordo com Eq. 2.8 qualquer variação de KAM, KMo e KSp ,devido às
entradas modificantes iM1, iM2 e iM3 atuando no sistema, tem pouca influencia (insignificante) na
relação entrada (ei) - saída (x0). Para manter a relação entrada-saída constante basta manter KFb
constante (não afetado por iM4).
COMENTÁRIOS:
A questão básica a ser discutida neste caso, seria se realmente este esquema, um tanto
mais elaborado, apresenta vantagens, já que as exigências para manter KMo e KSp foram
transferida para manter KFb. Em situações práticas esta proposta geralmente leva a uma
melhoria na exatidão, já que o amplificador supre a maior parte da potencia necessária e o
dispositivo de realimentação pode ser projetado de forma a consumir uma baixa potência.
Isso, em geral, leva a uma boa exatidão e linearidade nas características do sistema de
realimentação. Adicionalmente, a entrada ei necessita suprir apenas pequena potencia
(desprezível), ou seja, o sistema retira menos energia do meio de medida (interfere menos com
o meio) do que o sistema aberto discutido acima. Finalmente, deve-se dizer que a utilização
COMENTÁRIOS:
o/i o/i
rejeita banda
Passa baixa
f f
f f f
Figura 2.17 – Principais tipos de filtros.
Entrada Interferente
inevitável
Essencialmente
Zero
Entrada Interferente
introduzida
intencionalmente
Saída
Entrada Desejada
Entrada Modificante
Entrada Desejada
Finalmente, observe que este método é praticamente uma variação do método das
correções da saída, com a diferença que neste caso as correções são feitas automaticamente
pelo próprio sistema, ao invés do usuário, como no outro caso.
2.6 -COMENTÁRIOS
Neste capítulo foram discutidas várias generalizações com relação aos elementos
funcionais e as relações entrada-saída dos instrumentos e sistemas de medidas. Deve ficar claro
Quando se faz uma medida de uma quantidade física qualquer, com um dado
instrumento, o usuário obtém um valor numérico e surge a seguinte preocupação: quão bem
este valor representa o valor verdadeiro daquela quantidade?
Essa resposta não é tão imediata, pois para responder essa pergunta seria necessário o
conhecimento do valor verdadeiro daquela quantidade. Entretanto, isso não é uma tarefa fácil
em geral e, em muitos casos, é impraticável sua avaliação.
Para ilustrar melhor esse problema, considere a medição do comprimento de um dado
cilindro físico na Fig. 3.1. Por exemplo, qual é o valor de seu comprimento h?
Para uma real avaliação do significado do comprimento do cilindro, devem ser levados
em conta vários aspectos envolvidos na medição, tais como:
1) As duas faces do cilindro são planas?
2) Se as mesmas são planas, elas são paralelas?
3) Se elas não são planas, que tipos de superfícies elas são?
4) Qual a rugosidade destas?
5) Outros.
Como pode ser observado, quando se trata de objetos reais ao invés de sólidos
geométricos abstratos, o analista se depara com problemas bastante complexos para definir o
valor verdadeiro da variável de interesse. Outro aspecto importante a ser observado é que o
termo "valor verdadeiro" tem uma forte relação com o contexto de aplicação do instrumento.
Valor verdadeiro qualifica uma dada quantidade medida por um método exemplar, isto é,
um método que, de acordo com os experts, possui uma exatidão
suficiente para o propósito de uso dos dados medidos.
Os slides mostrados a seguir apresentam uma breve discussão a respeito dos padrões
de medição:
segundo
segundo
Para realizar com sucesso a calibração estática dos instrumentos, aconselha-se seguir os
seguintes passos:
COMENTÁRIOS:
Figura 3.2- Dados medidos ao longo do dia, (a) sem controle da temperatura, (b) com a temperatura
controlada (b) (Doebelin).
Condições de teste
A Tab. 3.1 mostra os valores obtidos no teste de calibração, em que foram feitas 20
repetições de leituras. Se o processo de medição se encontra em um estado de controle
estatístico, quando uma mesma medida (ou ponto de calibração) é repetida várias vezes, os
dados de saída (leituras) apresentam uma dispersão, em torno de um valor, totalmente aleatória.
Neste caso, as características do processo de calibração, dada pela relação entrada
(pressão)/saída (leitura da escala) do instrumento, podem ser estabelecidas a partir da análise
dos dados obtidos, Tab. 3.1.
A frequência de valores (leituras) que cai em cada intervalo pode ser obtida na figura.
Agora definindo uma variável, Z, conforme expressão (3.1) é possível observar o histograma
desse conjunto dos dados.
Z
numero de leituras em um intervalo / numero total de leituras (3.1)
Largura do intervalo
Figura 3.5 - (a) Função densidade de probabilidade, (b) Função distribuição cumulativa.
b
p( a x b ) f x dx (3.2)
a
x
F ( x ) p( x b ) f x dx
(3.3)
N
1
lim
N N
x i 1
i (3.4)
N
1
2 lim
N N
( x )
i 1
i
2
(3.5)
( x )2
1
f(x) e 2 2
x (3.6)
2
(a) (b)
Figura 3.7- Função densidade de probabilidade Gaussiana, (a) exata, (b) aproximada.
Em situações práticas, embora a distribuição dos dados não seja uma distribuição
Gaussiana perfeita, em muitos casos ela é suficientemente próxima de uma distribuição
Gaussiana e tem sua aplicação muito usada em modelos de engenharia.
O cálculo dos parâmetros da distribuição em situações práticas é obtido de forma
aproximada. Os parâmetros, média e variância da distribuição, neste caso, são estimados a
partir da redefinição das Eqs. 3.4 e 3.5 para um número finito de amostras. Para uma amostra
de tamanho finito, o valor da média (média da amostra) é definido como x , sendo calculado
pela Eq. 3.7.
N
x i
x i 1
(3.7)
N
E o desvio padrão (desvio padrão da amostra) é definido como s e é calculado pela Eq. 3.8.
( x x ) i
2
s i 1
(3.8)
N 1
s
sx (3.9)
N 1
Observando a Eq. 3.9, nota-se que é possível reduzir a incerteza da média da amostra,
x, aumentando o tamanho da amostra N. Um aspecto importante ainda a ser discutido é quão
confiável, ou melhor, quão representativos são estes valores estimados (isso pode ser feito a
partir do teste da qui-quadrada).
valor médio - ;
desvio padrão - ;
Desvio da média – .
A Fig. 3.9 mostra o gráfico dos dados da calibração do manômetro (Tab. 3.1) plotados
no papel gráfico de probabilidade. Para traçar o gráfico, é definida inicialmente uma faixa de
valores, na escala horizontal, que inclua todos os valores dos dados lidos. Neste caso, como o
papel representa uma distribuição cumulativa, a ordenada de cada ponto do gráfico representa a
probabilidade de que aquela leitura seja menor do que a abscissa daquele ponto.
Essa probabilidade, em termos do conjunto de dados avaliados, é simplesmente o
percentual de dados (valores de leituras) abaixo daquele particular valor. Note, por exemplo,
que o valor mais alto (10,42 kPa) não pode ser plotado, visto que a escala vertical não
contempla 100% dos valor, isso implicaria em uma distribuição perfeita. O mesmo ocorre com
o menor valor 9,81 kPa.
No caso de uma distribuição Gaussiana perfeita, bastam dois pontos para se plotar a
curva (linha reta) no papel gráfico de probabilidade, o valor médio dos dados x e o valor da
média mais 1 desvio padrão, ou seja, x s . Numa distribuição Gaussiana, 50% dos dados vão
estar abaixo do valor médio e para o caso de se considerar o valor x s , 84,1% dos dados vão
estar abaixo deste valor. Portanto, conhecendo-se o valor da média dos dados medidos x
=10,11 kPa e o valor de x s = 10,11 kPa + 0,14 kPa é possível traçar a curva ilustrada na
Fig. 3.9.
84,1
S=0,1
4
Figura 3.9- Gráfico para avaliação da distribuição das leituras em termos de uma Gaussiana
A superposição da curva (linha reta) com os dados permite uma avaliação visual
(qualitativa) de quanto os dados (leituras) estão próximos ou distantes de uma distribuição
Gaussiana perfeita.
Neste caso, observando a Fig. 3.9, pode-se dizer que os dados (leituras) são
razoavelmente próximos de uma distribuição Gaussiana, visto que o comportamento dos
mesmos é praticamente uma linha reta (característica de uma distribuição Gaussiana) e
aproximadamente 50 % dos dados estão abaixo da média.
Uma vez definido que o comportamento dos dados se aproxima de uma distribuição
Gaussiana, então é possível fazer a estimativa (predição) da exatidão do instrumento, a partir
dos parâmetros estimados. No exemplo em questão, se novas leituras (medidas) forem feitas,
pode se afirmar que existem 99,7% de confiabilidade (limites 3) de que o valor da leitura
vai se encontrar em torno da média calculada 10,11 kPa dentro do limites de 0,42 kPa (3xs).
Aplicação do Instrumento
Teste da Qui-quadrada
Uma vez entendidos os procedimentos e testes de calibração para um único caso, faz-
se necessária uma discussão envolvendo agora a calibração de um instrumento para uma dada
faixa de operação (situação prática).
Para ilustrar esse processo, considere o próprio manômetro discutido no caso anterior.
A calibração será feita agora para a relação entre a entrada desejada (pressão) e saída (leitura na
escala) variando no intervalo de 0 – 10 kPa. A Tab. 3.3 mostra os dados obtidos no processo de
calibração do instrumento, sendo que os valores de entrada (valores verdadeiro) foram
aplicados em incrementos crescentes e, posteriormente, incrementos decrescentes. Em
processos reais, geralmente não são feitas várias repetições do valor de entrada (verdadeiro)
para cada caso (ponto), mas sim apenas um procedimento de carregamento e descarregamento
(incrementos crescente e decrescente), cobrindo toda a faixa de operação que é de interesse. Se
os valores aplicados no carregamento (incrementos crescentes) forem os mesmos aplicados na
direção decrescente, o valor de cada ponto é medido pelo menos duas vezes.
Neste caso, a variação do valor da variável de entrada (padrão), qi, foi de incrementos
de 1kPa em 1kPa e as entradas espúrias foram mantidas em níveis controlados (ver discussão
no exemplo anterior).
8
(qi) (qo)
Crescente decrescente 7
6
0.000 -1.12 -0.69
1.000 0.21 0.42 5 qoj
2.000 1.18 1.65 4
q0 mqi b
(3.10)
O ajuste da curva, que melhor se adapta aos dados medidos, pode ser obtido através de
um processo de minimização. Um dos critérios de ajuste mais comum é o método dos mínimos
quadrados, o qual minimiza a soma dos quadrados dos desvios verticais, , dos pontos
medidos em relação à curva.
Neste caso, o erro quadrático é determinado pela diferença entre o valor medido, ,
(j=1, 2, ... n ptos) e o correspondente valor da curva para aquele ponto.
(3.111)
ou
(3.12)
Definido o erro para cada valor de medição, a soma dos quadrados dos erros é
minimizada em relação aos parâmetros m e b da curva a ser ajustada.
(3.13)
(3.14)
N qi q0 qi q0
m (3.15)
N qi2 qi
2
q q q q q
2
b
0 i i 0 i
(3.16)
N q q 2 2
i i
N sq20
s
2
(3.17)
N qi2 qi
m 2
s q20 qi2
sb2 (3.18)
N qi2 qi
2
Para o cálculo dos desvios de m e b nas Eqs. 3.17 e 3.18, é necessário conhecer o valor
de sqo, isto é, o desvio de qo. Assim, se o valor de qi for fixado e repetido várias vezes, os
valores de saída qo obtidos vão apresentar uma dispersão sqo.
Agora assumindo que essa dispersão sqo seja igual para qualquer ponto, é possível
estimar o valor de sqo via Eq. 3.19, utilizando os dados da Tab. 3.3 sem ter que repetir a medida
para cada valor qi várias vezes.
1
s q0
N
(mqi b q0 ) 2 (3.19)
Substituindo os valores da Tab. 3.3 nas expressões acima, têm-se os valores dos
parâmetros m = 1,082 e b = -0,85 kPa da curva de calibração, para o instrumento em questão.
Conhecida a curva de calibração e o valor do desvio sqo = 0.208 kPa, agora é possível
estimar os desvios dos parâmetros sm = 0.014 e sb = 0.083kPa. Assumindo que os dados são
razoavelmente representados por uma distribuição gaussiana e assumindo limites de confiança
de 99,7% (limites 3) tem-se:
m = 1.082 ± 0.042
b = -0.85 ± 0.249 KPa
(3.20)
O valor de qi calculado desta maneira, como pode ser observado, também tem um erro
associado, definido pelo limite sqi. Esse limite é estimado utilizando a própria curva de
calibração e os dados de entrada, Eq. 3.21.
(3.21)
Portanto, assumindo limites de confiança 3s, pode-se dizer que o valor verdadeiro da
pressão de entrada do instrumento é 4,78 ± 0,58 kPa. Esse valor é diferente do valor lido no
instrumento que foi de 4,32 kPa , ou seja, existe um erro de -0,46 kPa.
O processo de calibração permite o analista avaliar melhor os erros do instrumento e
conhecer a exatidão do mesmo.
Para isso, é conveniente decompor o erro global do processo de medição em duas
componentes, i.e., os erros de bias ou sistemáticos e os erros de precisão (imprecisão). A figura
3.12 mostra esquematicamente a decomposição do erro global em bias e imprecisão, no caso
em que a leitura do dinamômetro foi de 4,32 KPa.
± 3 s limites de incerteza
± 0,58 imprecisão
Pressão medida (leitura): 4,32 KPa
Valor verdadeiro (estimado): 4,78 0,58 kPa
Erros de bias: -0,46 kPa
Imprecisão (limites 3): 0,58 kPa
Uma interpretação mais clara dos erros de bias e imprecisão pode ser vista na Fig. 3.13.
A figura ilustra o resultado obtido no lançamento de dardos por três diferentes jogadores, sendo
que o primeiro jogador, Fig. 3.13(a) não tem precisão, o segundo, Fig. 3.13(b) é muito preciso,
mas não é exato (consegue acertar o mesmo ponto, mas está distante do alvo por um valor fixo
a) O desvio padrão calculado não leva em conta o fato de que, em situações reais,
se tem um pequeno número de pontos. Além disso, o valor calculado é assumido
como tendo a mesma exatidão daquele outro desvio padrão calculado com um
1 1 N qi qi 2
q0 t 95,N 2 Sq0 (3.21)
n N N
qi 2 q1
2
Os limites de erros, conforme pode ser observado, são definidos por duas hipérboles em
ambos os lados da curva de calibração. Os valores de ∆qoj para cada j-ésimo ponto são
calculados utilizando a Eq. 3.21 em que N é o número de pontos medidos, n é número de
repetições da medição e t95,N-2 é dado pela tabela da distribuição t.
A Tab. 3.4 mostra alguns valores da distribuição t, dependendo do número de pontos da
amostra. Nota-se que, para o número de pontos variando entre 20 e 40, o coeficiente da
distribuição varia pouco.
Para um valor qo lido no instrumento (leitura), é traçada uma linha horizontal passando
por esse valor que vai cortar as duas hipérboles. Os valores correspondentes de qi, na interseção
das curvas, definem os limites do intervalo de confiança de 95%, em relação ao valor
verdadeiro da leitura. Dessa maneira, existe 95% de probabilidade de que o valor verdadeiro da
leitura se encontre neste intervalo.
10 q0 ± q0
9
Saídas [KPa]
5 qoj
4 q0=1.082qi – 0,85
3
0
0 2 4 6 8 10
Entradas [KPa]
ep = 0.674 s (3.22)
Isso significa que, em cinquenta por cento das vezes, o valor verdadeiro se encontra
dentro dos limites ep.
Sob o ponto de vista prático, quando se faz uma medida, o que se deseja dizer não é o
quanto aquela leitura é correta, mas sim se o erro daquela leitura não excede um valor
especificado.
A forma mais fácil de fazer isso seria utilizar um único valor numérico para representar
o erro. Isso é correto, se os erros de bias são nulos (removidos pela calibração) e se os limites
forem especificados como sendo limites 1s; 2s; 3s ou ep.
3.5.1-Facilidade de leitura
3.5.2-Sensibilidade estática
Sensibilidade
Flutuação do zero
3.5.5-Linearidade
3.5.6-Limiar (Threshold)
3.5.7-Resolução
3.5.8-Histerese
3.5.9-Repetibilidade
3.5.10- Reprodutibilidade
3.5.11-Exatidão
No caso de uma simples leitura, pode ser definida como o erro da leitura em relação a
uma entrada padrão conhecida. No caso em que não existe esse valor conhecido (maioria dos
experimentos), a exatidão é definida como a capacidade do instrumento fornecer leituras com
alta precisão e ausência de erros de bias.
3.5.12-Precisão
5. REFERÊNCIAS
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Mechanical Engineering, Fifth Edition. 2004.
FIGLIOLA, R. S., BEASLEY, D. E. “Theory and Design for Mechanical Measurements;” John
Wiley & Sons. 1994.
HOLMAN, J. P. “Experimental Methods of Engineers;” International Student Edition.
McGraw-Hill Kogakusha. 1993. Sixth Edition.
DOEBELIN, E.O. “System Modelling and Response: Theoretical and Experimental
Approaches.” John Wiley & Sons. 1980.
LARSON, R., FARBER, B. "Estatística aplicada". Quarta Edição. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2010.