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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

ICH – Curso de Psicologia / Campus Paraíso

Nome: Amanda de Freitas Almeida RA: T213GC-0


Semestre / Período: 10º sem./Matutino
Título da atividade: Jornada de Psicologia
Data da realização: 28/08/2017.

Workshop de Psicanálise: “Interlocução entre Klein e Winnicot: Contribuições


à Clínica Contemporânea”

Workshop realizado pelos convidados Alexandre Patrício de Almeida,


psicanalista, mestrando em Psicologia Clínica na PUC-SP e professor da
Universidade Paulista- UNIP; e pelo psicólogo, mestre em Psicologia Clínica e
professor na Universidade Paulista- UNIP.
O professor Alexandre iniciou sua palestra dissertando sobre a biografia de
Melanie Klein, a fim de compreendermos melhor sua obra através de suas vivências.
Relata que Klein nasceu em Viena, em 1882. Seu pai era médico, culto, fluente em
vários idiomas, porém nunca conseguiu sucesso em sua carreira por ser judeu e de
origem polonesa, o que significava pertencer a uma classe desfavorecida dentro da
hierarquia social judaica.
Klein sentia grande atração pela atmosfera cultural da família de sua mãe e
herdou a vontade de aprender, tornando-se uma estudante ambiciosa. Sonhava em
estudar medicina e especializar-se em psiquiatria, o que nunca se realizou devido à
situação financeira da família, agravada com a morte do pai em 1900. Chegou a
estudar arte e história na Universidade de Viena, mas não se graduou.
O professor relata que Klein sofreu grandes perdas: a irmã Sidonie, de
tuberculose; o pai, de pneumonia; o irmão Emmanuel, de cardiopatia; entre outros.
Conta que após completar 21 anos, ela casou-se com Arthur Steven Klein,
engenheiro químico, era seu primo em segundo grau por parte de mão e amigo de
Emmanuel. Sua família residia em Rosemberg, Hungria, onde morariam depois do
casamento. Passado dois meses, Melanie ficou grávida de sua primeira filha, Melita,
três anos depois teve seu segundo filho, Hans, cuja gravidez foi marcada por um
estado de profunda depressão.
Durante a infância dos filhos, Klein teve vários episódios de depressão e se
afastou da família por longos períodos, para viagens de repouso ou para internação
em clínicas especializadas. Nessas ausências sua casa e família ficavam a cargo de
sua mãe, que se colocava em sua vida de forma intrusiva e autoritária.
O ano de 1914 foi marcado por grandes acontecimentos na vida da autora.
Em 1º de julho nasceu seu último filho, Erich Klein. Em 6 de novembro morreu sua
mãe, Libussa. Alem disso, aos 32 anos de idade ela encontrou-se com a
Psicanálise: leu a obra “A Interpretação dos Sonhos”, de Sigmund Freud, e iniciou
sua análise com Sandor Ferenczi, buscando livrar-se da depressão. Para Melanie
Klein, antes de se tornar uma profissão ou um interesse intelectual, a psicanálise foi
uma experiência de crescimento e um caminho de cura pessoal.
Em julho de 1919, Klein apresentou à Sociedade Húngara de Psicanálise
seu primeiro artigo, “Der Familienroman in statu nascendi”, relato da análise de uma
criança, depois do qual foi admitida como membro. O aspecto insólito do artigo era
que descrevia a análise de Erich, seu filho, cuja identidade foi encoberta nas versões
posteriores. O objetivo era mostrar os resultados obtidos quando uma mãe cria o
filho de acordo com conceitos psicanalíticos esclarecidos.
Aos 40 anos, tornou-se membro associado da Sociedade Psicanalítica de
Berlim e iniciou sua segunda análise, com Karl Abraham, como Ferenczi, um
destacado discípulo de Freud. A morte precoce de Abraham privaria Melanie de seu
analista e protetor, encorajando seus detratores a se declararem abertamente,
mostrando desprezo pela ascendência polonesa, ênfase na falta de estudos
universitários e ironia perante uma mulher que se pretendia mestra e, além disso,
analista de crianças. Sem Abraham ela ficaria exposta às criticas dos membros mais
conservadores da Sociedade de Berlim, contrários, sobretudo, às suas ideias
relativas ao atendimento de crianças, originais e ousadas. Tais ideias contrariavam o
pensamento de Sigmund Freud e de sua filha Anna, a qual também se dedicava à
psicanálise infantil. Enquanto Anna via a psicanálise numa perspectiva pedagógica,
Klein mostrava-se determinada a explorar o inconsciente infantil. Para isso,
introduziu uma modificação técnica essencial, substituindo a palavra pelo brincar,
garantindo a maior proximidade possível entre a psicanálise de adultos e de
crianças.
Após alguns anos, Melanie publicou seu primeiro livro, a coletânea “A
Psicanálise de Crianças”, ao qual fará referências ao longo de toda a sua obra. Mas,
no âmbito afetivo, a década de 30 lhe traria duas experiências devastadoras: a
morte de seu segundo filho, Hans, ao escalar uma montanha e a deterioração
definitiva de seu relacionamento com a primogênita Melitta, que se tornara analista e
também ingressara na Sociedade Britânica. Na elaboração da perda de Hans, Klein
escreveu o texto “Uma Contribuição para a Psicogênese dos Estados Maníaco-
Depressivos” e “O Luto e Suas Relações com os Estados Maníaco-Depressivos”.
Após discorrer sobre a biografia de Klein, Alexandre nos fala sobre o mundo
das fantasias infantis, informando que Klein, em sua clínica, percebeu que as
crianças têm uma imagem da mãe dotada de uma imensa malvadeza, o que, na
maioria das vezes, não corresponde à mãe verdadeira. Dai surge o conceito de
fantasia kleiniano, a partir da hipótese de que as crianças estão lidando com uma
deformação da mãe real, a qual é criada na mente infante de modo fantasmático.
Melanie Klein apoiou toda sua teoria na ênfase das fantasias inconscientes
presentes nas relações objetais primitivas.
A liberação da vida fantasmática ocorre, principalmente, através da atividade
lúdica, uma vez que esta é a principal atividade da criança pequena. Ela ainda não
expressa seus sentimentos e desejos subjetivos por meio de palavras. Desta forma,
é preciso estimular a brincadeira das crianças, já que dando rédea solta à atividade
lúdica ela está, consequentemente, liberando suas fantasias inconscientes. Estas
brincadeiras podem ser de qualquer tipo: brinquedos, desenhos, jogos, bolas,
bonecas, etc.
Discorre sobre objeto parcial e objeto total, informando que o objeto parcial
seria aquele que poupa o sujeito da experiência de ambivalência, marcado pelo
caráter unívoco de sentimentos. O seio é bom ou mau. É bom se atende a todas as
necessidades da criança e é mau e persecutório se não a gratifica sempre que
deseja. Esta frustração ocasiona explosões agressivas por parte da criança, fazendo
com que se vingue mordendo ou arranhando. O objeto parcial tem como
contrapartida um ego que não tolera a ambivalência de sentimentos. É bom se há
gratificação e é mau se há frustração, por isso é um objeto emocional. As
características pertencentes ao objeto parcial, como entidade exterior ao sujeito não
aparecem na relação parcial. O objeto não teria, assim, características próprias,
separadas e independentes do sujeito.
O objeto parcial possui duas dimensões: uma referindo-se aos estados de
sentimento que o sujeito possui em relação a ele e outra que se refere ao parcial
como partes do corpo- pênis e seios, por exemplo- em oposição ao objeto total.
Sobre o objeto total, em contrapartida ao parcial, não é mais percebido de
forma tão atrelada à vivência do bebê: ele possui características próprias, mais
descoladas dessa vivência, num dado momento. As qualidades antes vistas
separadamente nos objetos parciais podem ser agora reconhecidas como
componentes de um só objeto: ele é o bom que satisfaz, mas é também o mau que
frustra. O bebê agora é capaz de maior estabilidade quanto aos seus sentimentos
pelo objeto: a variação é menos brusca do que antes, quando estava totalmente à
mercê da satisfação ou frustração; também surgem a preocupação e o interesse
pelo objeto.
Alexandre também fala sobre o conceito de projeção e introjeção, os quais
são determinantes nos processos de formação da personalidade, determinando a
relação do sujeito para com seu mundo externo. A introjeção corresponde ao
mecanismo primitivo do bebê de introjetar todos os objetos, começando pelo seio
materno, seguido de onipotência, tanto para o bem quanto para o mal. Já a
projeção, tem sua origem nas identificações projetivas que a criança de tenra idade
faz em suas fantasias. Como ela ainda não estabeleceu a distinção entre o seu
corpo e o corpo de sua mãe, ela percebe este como um prolongamento dela mesmo.
A genitora passa a ser a representante da própria criança. Em suma, através dos
mecanismos de introjeção e projeção a criança constrói seu mundo interno, sua
personalidade, por meio da elaboração destas fantasias. Eles são fundamentais no
desenvolvimento emocional cognitivo, em todas as construções vitais. O professor
ressaltou que estes processos não podem ser entendidos como duas entidades
separadas, mas sim como um todo; ambos constituem uma experiência única.
Abordou ainda os conceitos de pulsão de vida e de morte, diferenciando a
visão de Freud para a de Klein. Para Freud, a pulsão de morte tinha a origem
fundamentada em uma necessidade biológica de retorno à condição inorgânica,
para Klein, ela conceituava-se em uma inata destrutividade como inveja primária, ou
seja, a criança é determinada pela quantidade de instinto de vida e de morte
presente na inveja. É em função dessa luta intrapsíquica que se estabelecem as
ansiedades básicas paranóides e depressivas e as neuroses como defesas diante
dessas ansiedades.
De forma a sintetizar tudo o que foi abordado, o palestrante apontou
conceitos de Posição Esquizoparanóide e Posição Depressiva, sendo que a Posição
Esquizoparanóide ocorre do nascimento até os seis meses, mais ou menos, na qual
o ego do bebê é exposto à ansiedade provocada pela polaridade inata dos instintos
de vida e morte mencionados anteriormente. É nesta posição que ocorre a relação
do bebê com o seio materno, que é amado e odiado. Na fantasia da criança, o ódio
e a destrutividade direcionados ao seio mau, vão se voltar contra ela em busca de
vingança. Este medo da vingança é denominado ansiedade persecutória. Sendo
assim, a Posição Esquizoparanóide é o conjunto da ansiedade persecutória com
suas respectivas defesas.
A posição depressiva é posterior à posição esquizaparanóide, ocorre por
volta dos 4 meses e é progressivamente superada durante o primeiro ano de vida,
ainda que posse ser encontrada durante a infância e reativada no adulto,
particularmente nas situações de luto e estados depressivos. Com o
desenvolvimento do ego do bebê, ele vai progressivamente percebendo que o
mesmo objeto que odeia (seio mau) é o mesmo que ama (seio bom). Seu ego já tem
maturidade suficiente para perceber que ambos fazem parte da mesma pessoa.
Com essa percepção, a angústia recai de forma diferente, pois o bebê percebe
como perigo eminente a perda da mãe, em consequência do sadismo
experimentado por ele nesta fase. Este medo da perda do objeto bom é chamado
ansiedade depressiva. Esta angústia é combatida pela utilização de mecanismos de
reparação. É na posição depressiva que o bebê adquire a capacidade de amar e
respeitar os objetos como distintos e separados dele.
Em seguida, o professor Daniel assumiu para abordar Winnicott, iniciando
também por sua biografia.
Winnicott era pediatra e psicanalista, nascido na Inglaterra em 1896.
Estudou biologia e depois medicina, entretanto foi servir como estagiário de cirurgia
e oficial médico na Primeira Guerra Mundial. Em 1923, foi indicado para o The
Queen’s Hospital for Children e também para o Paddington Green Hospital for
Children, onde permaneceu pelos 40 anos seguintes trabalhando como pediatra,
psiquiatra infantil e psicanalista. Nesta época, começou a sua análise pessoal com
o doutor James Strachey, tradutor oficial das obras completas de Freud para o
inglês. O exercício da pediatria e sua análise pessoal marcaram fundamentalmente
seu trabalho posterior.
Sua extensa obra foi dedicada à construção da teoria do amadurecimento
pessoal. A distinção de seu trabalho em relação ao de Freud e outros, foi a decisão
de estudar o bebê e sai mãe como uma “unidade psíquica”, o que lhe permitia
observar a sucessão de mães e bebês e obter conhecimento referente à
constelação mãe-bebê, e não como dois seres puramente distintos, o que vai
ocorrer gradualmente até se transformar em algo externo e separado do bebê.
O ambiente facilitador é a mãe suficientemente boa, porque atende ao bebê
na medida exata das necessidades deste, e não de suas próprias necessidades.
Esta adaptação da mãe torna o bebê capaz de ter uma experiência de onipotência e
cria a ilusão necessária a um desenvolvimento saudável.
Quatro anos após ter deixado a supervisão com Klein, Winnicott escreve o
artigo “Desenvolvimento Emocional Primitivo” e faz ali algumas afirmações que
denotam ter ele resolvido seguir seu próprio caminho. Diz que, interessado desde
sempre pelo paciente infantil, havia decidido estudar a psicose e que tem agora
muita coisa a acrescentar às teorias correntes.
Logo após nos apresentar esta breve biografia do autor, Daniel nos aponta
aspectos antropológicos de contribuições de Winnicott, sendo eles: o ser humano,
na sua condição de habitante do entre, está sempre transitando entre sentidos da
realidade que se desdobram no modo como cada pessoa e cada cultura organiza as
experiências vividas no eixo do tempo e do espaço. Essa condição dá ao homem a
possibilidade de transitar continuamente entre o passado, presente e futuro, entre
nascer, viver e morrer.
Aponta que Winnicott nos ensina que a pessoa mais adoecida não é nem a
“neurótica” e nem a “psicótica”, mas a pessoa que perdeu a esperança, ou seja, que
perdeu a possibilidade de transitar em direção ao futuro.
Com essas contribuições, muda, por exemplo, o modo de estarmos diante
do paciente. Sobre fundação da situação clínica e o enquadre psicanalítico, o tempo,
o espaço e a relação precisam estar orientados pelo modo de ser singular do
paciente e pela necessidade fundamental que está em jogo naquele momento do
seu processo maturacional. Já a transferência, seria como repetição e elaboração do
já vivido (sonho do passado) e/ou a transferência como inauguração do que é
pressentido, mas que nunca foi vivido (sonho do futuro).
Aborda sobre a intervenção/interpretação do analista, da qual ocorre no
momento em que o paciente, com sua necessidade e levando em conta seu estilo e
tempo pessoais.
O modelo interventivo de Winnicott é o jogo de espátulas, que ele utilizava
em sua clínica como pediatra e o modelo de participação do analista na sessão é o
jogo de rabiscos. O analista participa do jogo em disponibilidade (devoção).
Finaliza apresentando um texto em que continha o sonho que Clare
Winnicott, sua segunda esposa, teve com seu marido após ele ter falecido.
Esta mesa redonda trouxe dois grandes nomes da psicanálise, que
contribuíram grandemente com suas teorias de cunho infantil, em sua grande
maioria. Além de destacar a importância desses autores para a psicologia, os
professores Alexandre e Daniel mostraram a importância da biografia e da época em
que os autores viviam para compreendermos as influências que eles tiveram em
suas descobertas científicas. Devido ao extenso campo que a psicologia possui, por
meio de seus diversos autores e suas divergências de ideias, é de suma importância
ouvir sobre eles na graduação, a fim de que possamos escolher com convicção a
área de atuação quando nos formarmos, indo além no conhecimento do ser
humano.

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