Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
1. A importância da água
A água é um recurso natural essencial, seja como componente de seres vivos, como meio de vida de várias
espécies vegetais e animais, como elemento representativo de valores sociais e culturais e como fator de
produção de bens de consumo e produtos agrícolas.
A água é o constituinte inorgânico mais abundante na matéria viva; no homem representa 60% do seu peso,
nas plantas atinge 90% e em certos animais aquáticos esse percentual atinge 98%.
Como fator de consumo nas atividades humanas a água também tem um papel importante. No Brasil
consumimos, em média, 246 m3/habitante/ano, considerados todos os usos da água, inclusive para a
agricultura e indústria.
Como fator de produção de bens, a larga utilização na indústria e notadamente na agricultura, são exemplos
da importância desse recurso natural.
A nível mundial a agricultura consome cerca de 69% da água captada, 23% é utilizada na indústria e o
restante 8% é destinado ao consumo doméstico.
Em termos globais as fontes de água são abundantes, no entanto quase sempre são mal distribuídas na
superfície da Terra. Mesmo no Brasil que possui a maior disponibilidade hídrica do planeta, com cerca de
13,8% do deflúvio médio mundial (5.744 Km 3/ano) essa situação não é diferente, visto que 68,5% dos
recursos hídricos estão localizados na região norte onde habitam cerca de 7% da população brasileira, 6%
estão na região sudeste, com quase 43% da população e pouco mais de 3% estão na região nordeste onde
habitam 29% da população.
2. A água na biosfera
A substância mais abundante na biosfera é a água. Distribuída no estado líquido, sólido e gasoso pelos
oceanos, rios e lagos, nas calotas polares e geleiras, no ar e no subsolo, a água é o elemento mais
importante para a sobrevivência da espécie humana bem como de toda a vida na Terra. A água dos
oceanos representa cerca de 97% do total disponível na terra. Da parte restante, aproximadamente 2,4%
estão na forma de gelo e na atmosfera e 0,6% representa a água doce distribuída em 97% nas águas
subterrâneas e 3% nas águas superficiais. Metade da água subterrânea encontra-se abaixo de uma
profundidade de 800 m e praticamente não está disponível. Isso significa que o estoque de água doce da
terra e que de alguma forma pode estar disponível para o uso do homem é de cerca de 0,3%, ou 4 milhões
de km3 e se encontra principalmente no solo. A parcela disponibilizada nos cursos d’água é a menor de
todas; exatamente onde retiramos a maior parte para uso para as mais diversas finalidades e onde,
invariavelmente, lançamos os resíduos dessa utilização.
Volume Porcentagem da
Local (em milhares de km ) 3 água total
OCEANOS 1.370.000 97,61
CALOTAS E GELEIRAS 29.000 2,08
ÁGUA SUBTERRÂNEA 4.000 0,29
LAGOS DE ÁGUA DOCE 125 0,009
LAGOS SALINOS 104 0.008
UMIDADE DO SOLO 67 0.005
RIOS 1,2 0,00009
VAPOR ATMOSFÉRICO 14 0,0009
2
3
O movimento cíclico da água do mar para a atmosfera e desta, por precipitação, para a Terra, onde é
reunida nos cursos d’água para daí volver ao mar é reportado como ciclo hidrológico. Tal ordem cíclica de
eventos realmente ocorre, porém não de maneira tão simplista. Em primeiro lugar o ciclo pode experimentar
um curto – circuito em vários estágios. Por exemplo, a precipitação pode ocorrer diretamente sobre o mar,
lagos ou cursos d’água. Em segundo lugar não há nenhuma uniformidade no tempo em que um ciclo ocorre.
Durante as secas pode parecer que esse ciclo cessou de vez, durante os períodos de cheias pode parecer
que tal ciclo será contínuo. Em terceiro lugar, a intensidade e a freqüência do ciclo depende da geografia e
do clima, uma vez que ele opera como resultado da radiação solar a qual varia com a latitude e a estação do
ano. Finalmente, as várias partes do ciclo podem ser de tal ordem complicadas que o homem só pode
exercer algum controle em sua última parte, quando a chuva já caiu sobre a terra e está empreendendo seu
caminho de volta ao mar.
Apesar de super simplificado, o conceito de ciclo hidrológico constitui um meio de ilustrar os processos mais
importantes que o hidrólogo precisa entender.
A Figura 1 mostrada a seguir esquematiza o ciclo hidrológico.
precipitação
escoamento superficial
transpiração
infiltração evaporação
lençol
d’água lagos
evaporação
água subterrânea lençol
oceano
Devido à radiação solar, a água do mar evapora e as nuvens de vapor de água se movem sobre áreas
terrestres. A precipitação ocorre sobre a terra como neve, granizo e chuva, então, a água inicia a fluir de
volta ao mar. Parte desta água se infiltra no solo e por percolação atinge a zona saturada do solo abaixo do
nível do lençol freático, ou superfície freática. A água nesta zona flui vagarosamente através de aqüíferos
para os canais dos rios ou algumas vezes diretamente para o mar. A água infiltrada também alimenta a vida
das plantas superficiais; parte dela e absorvida pelas raízes dessas plantas e depois de assimilada é
transpirada a partir da superfície das folhas.
3
4
Na esfera federal, foi a Portaria MINTER n.° GM 0013, de 15/01/76, que inicialmente regulamentou a
classificação dos corpos d'água superficiais, com os respectivos padrões de qualidade e os padrões de
emissão para efluentes.
No Estado de São Paulo estes padrões foram fixados pelo Decreto n.° 8468, de 08/09/76, que regulamentou
a Lei n.° 997, de 31/05/76, a qual subsidia a ação da prevenção e do controle da poluição no meio ambiente.
Esse Decreto define a classificação das águas interiores situadas no território do Estado de São Paulo,
segundo os usos preponderantes, variando da Classe 1 (mais nobre) até Classe 4 (menos nobre). Também
são fixados, entre outros, padrões de qualidade das águas para as quatro classes e padrões de emissão
para efluentes líquidos de qualquer natureza.
O enquadramento dos corpos de água do Estado de São Paulo foi estabelecido pelo Decreto n.° 10.755 de
22/11/77.
Em 1986, a Portaria GM 0013 foi substituída pela Resolução n.° 20 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
- CONAMA, que estabeleceu uma nova classificação para as águas doces, bem como para as águas
salobras e salinas do Território Nacional. São definidas nove classes, segundo os usos preponderantes a
que as águas se destinam:
ÁGUAS DOCES
4
5
ÁGUAS SALINAS
ÁGUAS SALOBRAS
O fato de um trecho de rio estar enquadrado em determinada classe não significa, necessariamente, que
esse seja o nível de qualidade que ele apresenta, mas sim aquele que se busca alcançar ou manter ao
longo do tempo.
Para cada uma dessas classes são estabelecidos parâmetros de qualidade físicos, químicos e biológicos,
com seus respectivos valores, que devem ser atendidos para assegurar os usos pré estabelecidos das
águas.
A utilização da água, tanto para as necessidades do homem como para a preservação da vida pode ser
englobada em grandes grupos:
Abastecimento público
Abastecimento industrial
Atividades agro-pastoris incluindo a irrigação e a dessedentação de animais
Preservação da fauna e da flora aquáticas
Recreação
Geração de energia elétrica
Navegação
Diluição e transporte de poluentes
a . Abastecimento público
É o uso mais nobre da água. Para esse uso é considerada a água para beber, para higiene pessoal,
limpeza de utensílios, lavagem de roupas, pisos e banheiros, cozimento de alimentos, irrigação de jardins,
combate a incêndio, etc.
Salvo condições especiais, caso de residências isoladas, ou ausência do poder executivo, como ocorre em
muitas áreas periféricas de cidades, a água de abastecimento público é fornecida por meio de um sistema
de abastecimento que engloba a sua captação, tratamento, reservação e distribuição, sendo normalmente
5
6
operado por um órgão da administração municipal ou uma concessionária de águas e esgotos. No Estado
de São Paulo o consumo de água para abastecimento público supera a vazão de 120 m 3/s.
b . Abastecimento industrial
A água é utilizada pela indústria para a fabricação de seus produtos em diversas situações, como lavagens
das matérias primas, caldeiras para produção de vapor, refrigeração de equipamentos, lavagens de
equipamentos, lavagens de pisos das áreas de produção, incorporação aos produtos, reações químicas,
higiene dos funcionários, combate a incêndio, entre outras. Em cada uma dessas utilizações a água deve
atender a padrões mínimos de qualidade de forma a atender às exigências de cada uso.
c . Atividades agro-pastoris
Neste setor as águas são utilizadas para a dessedentação de animais e para a irrigação, desde hortaliças
até grandes áreas de lavouras de porte, onde são consumidas grandes quantidades de água.
A irrigação é a fonte de maior uso de água no mundo, atingindo 70% do consumo de água no mundo. No
Brasil atualmente são irrigados cerca de 3.000 000 ha, sendo aproximadamente 455.000 ha no Estado de
São Paulo, onde são consumidos 4,3 x 10 9 m3 /ano, segundo os dados oficiais, no entanto a utilização de
água para irrigação sem o devido registro é muito grande o que aumenta consideravelmente esse valor.
A irrigação é uma forma de uso consuntivo da água, ou seja, parte da água utilizada para esse fim não
retorna ao corpo d’água original, havendo portanto redução da disponibilidade hídrica do manancial. Deve-
se atentar também que a água que retorna da irrigação tem qualidade inferior àquela captada, haja vista o
carreamento de solo, fertilizantes e agrotóxicos, o que irá alterar a qualidade da água do manancial.
Para a preservação da fauna e da flora deve-se ter em mente que a qualidade das águas adquire
fundamental importância. Os diversos parâmetros utilizados para classificar as águas dentro dos seus
vários usos tem seus valores muito rígidos para garantir a vida aquática, desde os microrganismos até os
peixes, aves e outros animais. Para determinados parâmetros como o mercúrio e o cádmio, os limites
admissíveis para a preservação da vida aquática são mais restritivos que aqueles relativos ao padrão de
potabilidade da água.
Assim todos as alterações da qualidade das águas provocadas, principalmente pela ação do homem, devem
ser cuidadosamente avaliadas e as medidas preventivas tomadas de modo a não interferir de forma
prejudicial na vida aquática.
e . Recreação
O uso da água para a recreação envolve duas situações, quando há o contato direto com a água – contato
primário – caso da natação, mergulho, esqui aquático, entre outros e quando não há o contato, caso dos
esportes náuticos com a utilização de barcos, além da pesca esportiva.
A qualidade das águas nesses casos, notadamente aqueles de contato primário, está diretamente
relacionada com a presença de microrganismos patogênicos que provocam agravos à saúde humana. A
presença desses patógenos, associada ao risco de transmissão de doenças é verificada pela presença de
bactérias do grupo coliforme – a mais utilizada é a Escherichia Coli, de determinação simples e que quando
presente indica a existência de poluição fecal.
Além das duas situações descritas, o uso para fins paisagísticos também se insere neste contexto.
O uso das águas para fins de geração de energia elétrica é muito desenvolvido no Brasil que detém o
terceiro lugar na produção de energia hidroelétrica, com 10% da produção mundial, atrás do Canadá e
Estados Unidos, cada um com 14% da produção mundial.
Como exemplo da importância da água na geração de energia elétrica, o complexo constituído por 9 usinas
hidrelétricas, desde Barra Bonita, no Rio Tietê, até Itaipu, no Rio Paraná, produzem, todas juntas, 2,83
MW/m3/s de água, enquanto as duas Usinas Henry Borden, localizadas em Cubatão, produzem 5,6 MW/m 3/s
de água, isso devido ao desnível de quase 700 m entre o reservatório Billings e a Baixada Santista.
O uso das águas para a produção de energia elétrica não modifica sua qualidade, no entanto altera o
ambiente e a vida aquáticos.
6
7
g . Navegação
A navegação é outro dos usos da água que vem se difundindo muito nos últimos anos no Estado de São
Paulo, notadamente pela construção das barragens geradoras de energia elétrica.
A Hidrovia Paraná-Tietê, por exemplo, possui cerca de 2400 km de trechos navegáveis, considerados 1642
km nos rios Paraná e Tietê e 758 km nos seus afluentes principais. O comboio tipo admitido para a hidrovia
do Tietê é de 2.400 t, o que eqüivale a 120 caminhões com carga de 20t, a um custo pelo menos 3 vezes
menor por t.km, de onde vem a enorme vantagem deste tipo de transporte.
Este é o uso menos nobre das águas, muito embora um dos mais empregados pelo homem. O volume da
água nos rios, é de cerca de 0,00009% da disponibilidade de água na biosfera. E é dos rios que subtraímos
a maior parte da água para consumo humano, mesmo lugar onde dispomos nossos efluentes, quer de
natureza doméstica, como de origem industrial. Por isso tem especial importância a forma com que
tratamos nossos efluentes e como os dispomos no meio ambiente, por que podemos estar prejudicando o
uso da águas receptoras.
Com exceção da preservação da fauna e flora cada um desses usos concorre, com maior ou menor
intensidade e de diversas formas, para a alteração da qualidade das águas. Assim, o uso da água, seja ele
na sua forma mais nobre que é o abastecimento público como em uma de suas formas mais simples caso
da navegação, provoca a alteração de sua qualidade que, dependendo da intensidade, poderá prejudicar
aquele mesmo uso ou outro de maior importância.
As fontes de poluição das águas, pelos seus mais diversos usos, podem ser agrupadas como segue:
Poluição natural
Poluição devida aos esgotos domésticos
Poluição devida aos efluentes industriais
Poluição devida à drenagem de áreas agrícolas e urbanas
Essas fontes estão associadas ao tipo de uso e ocupação do solo. Cada uma dessas fontes possui
características próprias quanto aos poluentes que carream (por exemplo, os esgotos domésticos
apresentam compostos orgânicos biodegradáveis, nutrientes e bactérias). Já a grande diversidade de
indústrias existentes no Estado de São Paulo faz com que haja uma variabilidade mais intensa nos
contaminantes lançados aos corpos de água que estão relacionados aos tipos de matérias-primas e
processos industriais utilizados.
a . Poluição natural
A poluição natural ocorre com o arraste, pelas águas das chuvas, de partículas orgânicas e inorgânicas do
solo, de resíduos de animais silvestres, folhas e galhos de árvores e vegetação, bem como pelas
características do solo por onde percolam as águas subterrâneas que abastecem o corpo d’água superficial.
Esse tipo de poluição dificilmente altera as características das águas de forma a torná-las impróprias para o
uso mais nobre que é o abastecimento público. Quando um corpo d’água apenas sofre o impacto dessa
chamada poluição natural, suas águas apresentam características físicas, químicas e biológicas que
atendem aos padrões de qualidade mais restritivos, sendo comum serem utilizadas para o abastecimento
público após simples desinfecção, precedidas ou não de filtração.
Os esgotos domésticos, tratados ou não, quando lançados num corpo d’água irão provocar alteração nas
suas características físicas, químicas e biológicas. Se o corpo d’água apresenta-se com suas características
7
8
físicas, químicas e biológicas naturais, essa alteração será maior ou menor em função do grau de tratamento
a que se submeteu o esgoto doméstico, como também ao nível de diluição proporcionado pelo corpo
receptor.
Podemos considerar os esgotos domésticos de uma área urbanizada como a somatória dos esgotos
sanitários, provenientes das residências, com os esgotos provenientes de atividades comerciais, que podem
ser muito representativos dependendo do ramo de atividade. Há ainda o esgoto sanitário proveniente de
atividades industriais que não geram efluentes líquidos, caso de uma fábrica de roupas que apenas promova
o corte e a costura dos tecidos.
Assim podem ser englobados nos esgotos domésticos, além da fração residencial já descrita, os esgotos
provenientes de postos de combustíveis, lavanderias, açougues, padarias, supermercados, laboratórios e
farmácias, oficinas mecânicas, lava rápidos, restaurantes e lanchonetes, hospitais e pronto socorros,
consultórios médicos e dentários e outras atividades que de alguma forma estarão gerando, além dos
esgotos tipicamente domésticos, parcelas características daquela atividade específica.
As características básicas dos esgotos domésticos que demandam preocupação com o meio ambiente
podem ser resumidas na matéria orgânica, nos microrganismos patogênicos e nas concentrações de fósforo
e nitrogênio.
A tabela 2 apresenta os percentuais de coleta de esgotos no Brasil, o que mostra a precariedade da
situação:
Tabela 2 - DOMICÍLIOS ATENDIDOS POR REDE COLETORA DE ESGOTOS
FONTE: PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIOS – PNAD - 1998 - IBGE
REGIÃO PERCENTUAL
SUDESTE 71,4
NORDESTE 16,3
NORTE 7,3
8
9
Em geral, o deflúvio superficial urbano contém todos os poluentes que se depositam na superfície do solo.
Quando da ocorrência de chuvas, os materiais acumulados em valas, bueiros, etc., são arrastados pelas
águas pluviais para os cursos de água superficiais, constituindo-se numa fonte de poluição tanto maior
quanto mais deficiente for a limpeza pública.
Já o deflúvio superficial agrícola apresenta características diferentes. Seus efeitos dependem muito das
práticas agrícolas utilizadas em cada região e da época do ano em que se realizam a preparação do terreno
para o plantio, a aplicação de fertilizantes, defensivos agrícolas e a colheita. A contribuição representada
pelo material proveniente da erosão de solos intensifica-se quando da ocorrência de chuvas em áreas rurais.
O lançamento de efluentes líquidos, tratados ou não, nos corpos d’água provocará alterações em suas
características físicas, químicas e biológicas. Essas alterações poderão ser ou não representativas para os
usos a que se destinam as águas do corpo receptor, dependendo da intensidade da carga de poluentes
lançada. Alguns efeitos na qualidade das águas para os diversos usos são apresentados a seguir:
a. Abastecimento público
Contaminação microbiológica
Os esgotos domésticos contém microrganismos patogênicos (bactéria, virus e protozoários) que são
causadores de doenças, de veiculação hídrica, tais como: gastroenterite, febre tifóide, hepatite e cólera.
Essas doenças podem ser adquiridas a partir da ingestão de água contaminada.
Produtos químicos orgânicos e inorgânicos que causem dureza, corrosão, cor, odor, sabor, espumas ou
provoquem o desenvolvimento de algas nas águas
Encarecimento do tratamento das águas
A poluição dos mananciais de abastecimento de uma cidade obriga a que se busquem novas fontes, muitas
vezes distantes do centro de consumo, o que encarece o produto. Caso típico é a Região Metropolitana de
São Paulo que utiliza parte da água de abastecimento público proveniente das cabeceiras da Bacia do Rio
Piracicaba e enfrenta uma constante crise de abastecimento de água, haja vista a poluição dos seus
mananciais de abastecimento como os Reservatórios Billings e Guarapiranga.
b. Abastecimento industrial
Limitação para uso em determinadas indústrias
A alteração na qualidade das águas prejudica sua utilização para uso em diversos tipos de indústrias como
as do ramo de bebidas, têxtil, alimentos, papel e celulose, abatedouros, químicas, etc.
Operação e manutenção de caldeiras
9
10
O excesso principalmente de cálcio e magnésio nas águas utilizadas em caldeiras causa obstruções nesse
equipamento, trazendo riscos de explosão. Isso obriga a um tratamento prévio das águas utilizadas na
produção de vapor.
c. Indústria da pesca
Destruição de peixes
Desaparecimento de organismos aquáticos
Degeneração e enfraquecimento dos peixes
Obstrução de locais de deposição de ovos
Substituição de espécies
Redução do valor econômico das áreas
d. Navegação
e. Agricultura e Pecuária
f. Recreação
Os efeitos do lançamento de poluentes nas águas podem ser resumidos também em função do seu tipo.
A matéria orgânica nas coleções de água provoca o consumo de oxigênio pelos microrganismos no seu
processo de oxidação. Também, pela presença de nutrientes, provoca o crescimento de algas em
reservatórios e o aparecimento de substâncias que causam odor e sabor, bem como de toxinas expelidas
pelas algas que prejudicam a saúde do homem.
As substâncias tóxicas, entre elas os metais pesados, interferem na cadeia alimentar dos organismos
aquáticos, provocam morte de animais e de peixes.
Materiais que causam cor e turbidez nas águas trazem inconvenientes nas ETAs, Estações de Tratamento
de Água, interferências na estética e no uso recreacional de reservatórios, bem como prejuízos à vida
aquática.
Materiais flutuantes, como óleos e graxas, interferem na reoxigenação da água, nas operações de
tratamento de água para uso industrial e de abastecimento público, na vida aquática, como também nos
aspectos estéticos e recreacionais.
Materiais sedimentáveis, notadamente aqueles provenientes do uso indevido do solo, provocados pelo
desmatamento ou pelas extrações minerais, provocam o assoreamento de rios e represas, a queda da
velocidade dos rios e inundações de áreas ribeirinhas.
10
11
A descrição e o estudo dos diversos processos utilizados no tratamento das águas residuárias estão
amplamente divulgados em centenas de bibliografias técnicas, específicas sobre cada um.
Um sistema de tratamento de águas residuárias é constituído por uma série de operações e processos que
são empregados para a remoção de substâncias indesejáveis da água ou para sua transformação em outras
de formas aceitáveis.
a - Processos Físicos
b - Processos Químicos
c - Processos Biológicos
A remoção de substâncias indesejáveis de uma água residuária envolve a alteração de suas características
físicas, químicas e/ou biológicas. A utilização de qualquer um dos processos acima poderá concorrer para
essas alterações. Um caso típico está na alteração das características químicas, físicas e biológicas, ao
submeter o esgoto sanitário a um processo físico de sedimentação de sólidos.
a - Processos Físicos
Os processos físicos são assim definidos devido aos fenômenos físicos que ocorrem na remoção ou
transformação de poluentes das águas residuárias. Basicamente os processos físicos são utilizados para
separar sólidos em suspensão nas águas residuárias, mas também podem ser utilizados para equalizar e
homogeneizar um efluente. Nesse caso estão incluídos:
Os processos físicos utilizados para as finalidades acima envolvem dispositivos ou unidades de tratamento
como:
11
12
Estas unidades e dispositivos tem funções bem definidas e a utilização de uma muita vezes substitui ou
incorpora a de outras, dependendo das características das águas residuárias.
As grades e as peneiras de um modo geral são utilizadas para a remoção de sólidos grosseiros e tem como
função básica a proteção de equipamentos, tubulações e as unidades do sistema de tratamento. Os tipos de
grades e peneiras são estabelecidos em função das características dos sólidos a serem removidos e das
unidades subsequentes do sistema. Em muitos casos as peneiras, por apresentarem aberturas muito
pequenas, em torno de 0,25 a 1,0 mm, substituem unidades de sedimentação.
As caixas de areia são utilizadas para a remoção de partículas de areia e tem como função básica, também,
a proteção de equipamentos e tubulações contra abrasão e unidades do sistema contra assoreamento.
Os tanques de retenção de materiais flutuantes, quando necessários, são utilizados para a remoção de
gorduras, óleos e graxas e outras substâncias com densidade menor que a da água. Da mesma forma que
as grades e peneiras, por removerem materiais grosseiros, tem a função de proteger as unidades
subsequentes, neste caso, contra entupimentos de tubulações, incrustações em paredes de tanques,
formação de espumas, etc.
Os leitos de secagem de lodo são unidades de desidratação parcial do lodo, ao ar livre, às vezes cobertas,
utilizadas para pequenos volumes e, no caso de lodo biológico, digeridos aerobicamente ou
anaerobicamente. Quando se tem grandes volumes de lodo, a utilização de equipamentos mecânicos como
filtros prensa e à vácuo, centrífugas ou prensas desaguadoras é recomendada.
Os filtros de areia são pouco utilizados em tratamento de águas residuárias, mas podem eventualmente
servir para uma remoção de sólidos em suspensão, em baixas concentrações, antes do lançamento num
corpo receptor.
A adsorção em carvão ativado costuma ser utilizada para a remoção de sólidos dissolvidos nas águas
residuárias, quer de natureza orgânica, que causam cor, como de natureza inorgânica, como os metais
pesados.
12
13
Finalmente, os tanques de equalização de vazão e/ou de homogeneização são utilizados com a finalidade
de facilitar o tratamento das águas residuárias, diminuindo a capacidade de bombas, as dimensões de
tanques e evitando choques de carga nas unidades.
b. Processos Químicos
São os processos onde a utilização de produtos químicos é necessária para aumentar a eficiência de
remoção de um elemento ou substância, modificar seu estado ou estrutura, ou simplesmente alterar suas
características químicas. A utilização do alumínio como núcleo de coagulação e floculação, a acidificação de
um efluente visando a quebra de emulsão de certos óleos e graxas e o ajuste do pH de uma solução para a
precipitação de metais na forma de óxidos e hidróxidos, são exemplos de processos químicos de tratamento
de águas residuárias. Quase sempre são utilizados conjugados a processos físicos e algumas vezes a
processos biológicos. Os principais são:
coagulação-floculação
precipitação química
oxidação
cloração
neutralização ou correção do pH
Esses processos são utilizados para a remoção de sólidos em suspensão coloidal ou mesmo dissolvidos,
substâncias que causam cor e turbidez, substâncias odoríferas, metais pesados e óleos emulsionados.
Outros exemplos da utilização de processos químicos, mesmo que conjugados a processos físicos e
biológicos são:
c. Processos Biológicos
São considerados como processos biológicos de tratamento de águas residuárias aqueles que dependem da
ação de microrganismos aeróbios ou anaeróbios. Os fenômenos inerentes à respiração e à alimentação
desses microrganismos são predominantes na transformação da matéria orgânica, sob a forma de sólidos
dissolvidos e em suspensão, em compostos simples como sais minerais, gás carbônico, água e outros.
O processo de lodos ativados pode ser definido como um sistema no qual uma massa biológica que cresce
e flocula é continuamente recirculada e colocada em contato com a matéria orgânica do despejo líquido
afluente ao sistema, em presença de oxigênio.
13
14
uma unidade de separação de sólidos, de onde o lodo separado é continuamente retornado ao tanque de
aeração para mistura com as águas residuárias, como também é descartado quando em excesso.
A grande concentração de lodo biológico mantida no tanque de aeração permite que o processo de
tratamento ocorra num período de tempo curto, se comparado com o processo natural de depuração que
ocorre num corpo d’água.
As lagoas de estabilização facultativas ou anaeróbias são grandes tanques escavados no solo, nos quais as
águas residuárias são tratadas por processos naturais controlados unicamente pela vazão dos efluentes,
além da eventual dosagem de produtos químicos para ajuste de pH ou dosagem de nutrientes. As lagoas
anaeróbias são dimensionadas para receber elevadas cargas orgânicas e funcionam sem oxigênio livre
(dissolvido). As lagoas facultativas possuem uma camada superior com o desenvolvimento de algas e
microrganismos aeróbios que se encontram numa “simbiose”. Enquanto as algas realizam a fotossíntese,
consumindo o gás carbônico e liberando oxigênio, os microrganismos oxidam a matéria orgânica, utilizando
o oxigênio e liberando o gás carbônico. Na camada do fundo o processo anaeróbio se desenvolve como
numa lagoa anaeróbia.
Nos filtros biológicos aeróbios, que são tanques com enchimento de pedras ou elementos plásticos, ocorre o
desenvolvimento de uma fina camada de microrganismos aeróbios. A água residuária percolando pelo filtro e
em contato com o filme biológico, tem sua matéria orgânica adsorvida pela massa biológica, onde é
estabilizada pelos microrganismos.
a- Tratamento Preliminar
Tem a finalidade de remover sólidos grosseiros e é aplicado normalmente a qualquer tipo de água residuária.
Consiste de grades, peneiras, caixas de areia, caixas de retenção de óleos e graxas.
b- Tratamento Primário
Recebe essa denominação nos sistemas de tratamento de águas residuárias de natureza orgânica, muito
embora seja utilizado para qualquer tipo de despejo. Tem a finalidade de remover resíduos finos em
suspensão dos efluentes. Consiste de tanques de flotação, decantadores, fossas sépticas,
floculação/decantação.
c- Tratamento Secundário
É utilizado para a depuração de águas residuárias através de processos biológicos e tem a finalidade de
reduzir o teor de matéria orgânica solúvel nos despejos. Consiste de lodos ativados e suas variações, filtros
biológicos, lagoas aeradas, lagoas de estabilização, digestor anaeróbio de fluxo ascendente e sistemas de
disposição no solo, além de outros.
d- Tratamento Terciário
É um estágio avançado de tratamento de águas residuárias e visa a remoção de substâncias não eliminadas
a níveis desejados nos tratamentos anteriores como nutrientes, microrganismos patogênicos, substâncias
que causam cor nas águas, etc. Consiste de lagoas de maturação, cloração, ozonização, radiações ultra
violeta, filtros de carvão ativo e precipitação química em alguns casos.
e- Tratamento de Lodos
14
15
Utilizado para todos os tipos de lodos, visa a sua desidratação ou adequação para disposição final. Consiste
de leitos de secagem, centrífugas, filtros prensa, filtros à vácuo, prensas desaguadoras, digestão anaeróbia
ou aeróbia, incineração, disposição no solo.
f- Tratamento Físico-Químico
Basicamente utilizado para águas residuárias de natureza inorgânica visa a remoção de sólidos em todas as
formas e a alteração das características físico químicas das águas residuárias. Também utilizado para a
remoção de sólidos em suspensão de efluentes de natureza orgânica. Consiste em coagulação/floculação,
precipitação química, oxidação, neutralização.
Da mesma forma que um sistema de tratamento engloba vários processos, também é constituído de
tratamentos de diversos níveis como os descritos.
O quadro 1 apresenta alguns sistemas de tratamentos normalmente utilizados para esgotos sanitários e
efluentes industriais, exemplificando o exposto.
Esgotos Sanitários
Grade físico Preliminar
caixa de areia físico Preliminar
calha Parshall
decantador primário físico Primário
lodos ativados biológico Secundário
Cloração químico Terciário
Abatedouro Bovino
peneira estática físico Preliminar
caixa de gordura físico Preliminar
lagoas anaeróbias biológico Secundário
lagoa facultativa biológico Secundário
Industria Têxtil
Peneira físico Preliminar
tanque de equalização/homogeneização. físico
tanque de ajuste de pH químico Primário
lodos ativados biológico Secundário
filtro de carvão ativo físico Terciário
Galvanoplastia
tanque de oxidação de CN químico
tanque de redução de Cr 6 químico
tanque de precipitação/decantação químico/físico Primário
Industria de Óleos Vegetais
Grade físico Preliminar
tanque de equalização/homogeneização. físico
tanque de floculação químico Primário
tanque de decantação físico Primário
lagoas aeradas biológico Secundário
Curtumes
tanque de oxidação de sulfetos químico
Peneiras físico Preliminar
caixa de gordura físico Preliminar
decantador primário físico Primário
lagoas aeradas biológico Secundário
15
16
5.3. Reuso
O reuso da água para fins não potáveis tem sido impulsionado em todo o mundo devido a crescente
dificuldade de atendimento a uma demanda cada vez maior de água para o abastecimento público
doméstico e a escassez cada vez maior de mananciais próximos ou de qualidade adequada para
abastecimento após o tratamento convencional da água. No Estado de São Paulo e especificamente na
Região Metropolitana da Grande São Paulo esse problema atinge proporções alarmantes, na medida em
que, esgotados os mananciais de boa qualidade das bacias hidrográficas da região, passou-se a importar
água de outras bacias que acabam sendo prejudicadas pela diminuição das vazões de seus rios e a
manutenção da qualidade de suas águas. Além disso passou-se a utilizar outras fontes de águas com
elevados níveis de poluição, dificultando e onerando o seu tratamento para torná-las potáveis. Isso tudo
leva a um conflito pelo uso das águas que envolve toda a sociedade civil, na medida que reúnem-se na
mesa de discussões as facções prejudicadas pela importação da água, aquelas defensoras da necessidade
das medidas adotadas e aquelas que utilizam como bandeira a qualidade da água e a preservação da saúde
do consumidor final
Com a implantação do reuso de águas tratadas a nível secundário e até terciário para utilizações que
prescindam de potabilidade, notadamente no setor industrial, poder-se-á destinar as águas superficiais para
o abastecimento público e atender a demanda que se apresenta. A ETE Jesus Neto da SABESP, localizada
na Rua do Manifesto, no bairro do Ipiranga trata a nível terciário, com desinfecção, esgotos domésticos
daquela região. Cerca de 18 L/s são encaminhados para reuso numa indústria têxtil vizinha, a um custo de
aproximadamente 10% daquele da água potável da rede pública.
O reuso da água para fins não potáveis não se restringe ao setor industrial, como está sendo implementado.
Ainda devem ser considerados, com os devidos tratamentos, o reuso para a irrigação na agricultura, com a
conseqüente recarga do aqüífero subterrâneo, para a irrigação de parques e campos de esportes, reposição
em lagos ornamentais, postos de serviços para a lavagem de automóveis, descargas de vasos sanitários,
etc. Ainda de forma mais avançada pode-se ainda considerar, com prévio planejamento, o reuso para a
aquacultura, recarga de aqüíferos subterrâneos, manutenção de vazões mínimas em corpos d’água, etc.
6. BIBLIOGRAFIA
ABNT, Associação Brasileira de Normas e Técnicas . Resíduos Sólidos: classificação. Rio de Janeiro: ABNT,
1987. 63p. (NBR 10.004).
CETESB. Uso das águas subterrâneas para abastecimento público no Estado de São Paulo: 1997 . São
Paulo : CETESB, 1997. 47p.
16
17
Ogera, R.C. Remoção de Nitrogênio do Esgoto Sanitário pelo processo de Lodo Ativado por Batelada.
Campinas,1995.Dissertação de Mestrado - Faculdade de Engenharia Civil - Universidade Estadual de
Campinas,1995.
Pessoa, C.A., Jordão E.P. Tratamento de Esgotos Domésticos. Volume I, Rio de Janeiro, ABES,1982.
Von Sperling, M. Princípios do tratamento biológico de águas
residuárias - Lagoas de Estabilização. Volume 3, BeloHorizonte,
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de
Minas Gerais, 1.996.
17