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TEXTO 5

PAULO MEKSENAS

APRENDENDO SOCIOLOGIA: A
PAIXÃO DE CONHECER A VIDA

5. a Edição

Volume I

E d i ç õ e s `Loyola São Paulo - 1988


4
FEUDALISMO

Se pretendemos, neste capítulo, saber como nasceu a Sociologia, por que começar
falando em Feudalismo? E que a sociedade feudal antecedeu a sociedade capitalista, a foi
como surgimento desta última que apareceram as condições sociais que i m p l i c a r a m o
nascimento de uma ciência da sociedade; além disso, é importante salientar que o capitalismo
é a atual sociedade em que vivemos e, conhecendo um pouco de sua origem, teremos
condições de entender melhor a nossa vida em sociedade.
Antes de caracterizar o Feudalismo, é importante saber em que época ele se
desenvolveu e em que lugar.
Podemos dividir o Feudalismo em dois períodos: do século V ao século X d.C. (isto
é entre os anos 401 a 1000), e do século XI ao século X V I d . C . (Centre 1001 e 1600).
O primeiro período refere-se ao apogeu da sociedade feudal, e o segundo à sua
decadência.
Na página seguinte temos um mapa-mundi. A área dentro de um círculo
corresponde à região onde, geograficamente, a sociedade feudal desenvolveu-se
originalmente.
Na sociedade feudal, iremos encontrar a produção dos bens de consumo através do
trabalho artesanal e agrícola. Como vimos, o trabalho se organiza de maneira diferente
daquela de nossos dias:

A AGRICULTURA, POR EXEMPLO, POSSU ÍA UMA ORGANIZAÇÃO QUE


CONSISTIA NA DIVISÃO DAS TERRAS EM PARCELAS CHAMADAS
FEUDOS. CADA UM DESSES FEUDOS, QUE VARIAVAM EM EXTENSÃO,
POSSUÍA UM ÚNICO PROPRIETÁRIO: O SENHOR FEUDAL, QUE, PARA
UTILIZÁ-LO DE MODO PRODUTIVO, DIVIDIA SUAS TERRAS EM
PARCELAS AINDA MENORES, AS QUAIS PODERIAM SER CULTIVADAS
PELOS CAMPONESES, CHAMADOS SERVOS.

O servo, por sua vez, ao obter o direito de cultivo da terra, passava a dever uma
série de favores ao senhor feudal. Em que consistiam tais favores?
Cada servo era obrigado a dar parte de sua colheita ou ainda deveria trabalhar
parte da semana nas terras do seu senhor, para, só em seguida, cuidar da própria
plantação. E se alguma tempestade ameaçava a perda da colheita, era a plantação
do senhor que deveria ser salva em primeiro lugar . Se alguma estrada ou ponte
necessitavam de reparos, novamente o servo era encarregado desta tarefa. E, ainda,
se o camponês necessitava moer seu trigo ou amassar suas uvas, teria que utilizar o
moinho do seu senhor, e, para isso, pagava com parte de seus produtos.
(HUBERMAN, Leo. A história da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
p. 12)

ENFIM, ERAM QUASE TOTALMENTE ILIMITADAS AS IMPOSIÇÕES DO


SENHOR FEUDAL SOBRE O CAMPONÊS.

E como se organiza a plantação dentro de um feudo? Repare bem na figura abaixo


e leia em seguida o texto de Leo Huberman:

A terra arrendada por A espalha-se por três campos e esta dividida em faixas,
nenhuma das quais vizinha da outra. Da mesma forma, o arrendatário B, e assim
sucessivamente.
A cultura em faixas foi típica do período feudal. 2 claro que era muito dispendiosa
e, passadas algumas centenas de anos, foi totalmente posta de lado. Hoje sabemos
muito mais sobre plantações alternadas, fertilizantes e mil e uma formas de
conseguir maior produção do solo do que os camponeses feudais. O grande
progresso na época foi a substituição do sistema de dois por três campos. Embora
os camponeses feudais não soubessem ainda quais as colheitas que melhor se
sucederiam, a fim de não esgotar o solo, na verdade, sabiam que o cultivo do
mesmo tipo, todos os anos, no mesmo local, era ruim, e assim mudavam o plantio
de campo para campo todo ano. Num ano, a colheita para alimentação, trigo ou
centeio, seria feita no campo I, paralelo a colheita para o fabrico de bebida, a
cevada, no campo II, enquanto o campo I I I permanecia de pousio, ‘posto de lado’
para descanso de um ano. Eis o esquema aproximado de uma cultura em três
campos:
1º ANO 2 .° ANO 3° ANO
Campo I Trigo Cevada Em Descanso
Campo II Cevada Em Descanso Trigo
Campo I I I Em Descanso Trigo Cevada
(HUBERMAN, Leo. A história da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
p. 13)
A organização do trabalho agrícola implicava também na existência de camadas
sociais:

ALÉM DA CAMADA DOS SENHORES FEUDAIS (PROPRIET ÁRIOS DE TERRAS)


E DA CAMADA DOS SERVOS (ARRENDATÁRIOS DESSAS TERRAS), EXISTIA
AINDA A CAMADA DO CLERO, POIS A IGREJA, POR SER A INSTITU IÇÃO
MAIS INFLUENTE DA ÉPOCA, ACABA CONSTITUINDO-SE, JUNTO COM OS
SENHORES FEUDAIS, NA NOBREZA, ENQUANTO QUE APENAS A CAMADA
DOS SERVOS REALMENTE PRODUZIA BENS. COM ISSO, FICA F ÁCIL
PERCEBER A EXISTÊNCIA DE DOMINAÇÃO DOS NOBRES SOBRE OS
SERVOS.

O sistema feudal não era uma forma social homogênea (igual). Por exemplo:
existiam diversas modalidades de servidão: havia aqueles servos, como citamos acima,
que trabalhavam parte da semana em suas terras e outros dias nas terras de seus senhores.
Outros, no entanto, não possuindo direito a desenvolver plantações próprias, deveriam
ficar permanentemente trabalhando para o senhor feudal. Por fim, encontramos aquele
conhecido pelo nome de aldeão, que morava nas vilas, trabalhando temporariamente para
os nobres.
Como vimos, a produção agrícola era muito deficiente: baseava-se em técnicas
muito tradicionais, isto é, não possuíam práticas de adubação e controle de insetos e
pragas, o arado era de tração animal etc. Com uma agricultura limitada, teremos poucos
excedentes, isto é, pouco alimento para ser comercializado; por conseqüência, o comércio
é quase inexistente, sendo ainda todos os bens necessários para a sobrevivência
produzidos no interior de cada feudo; se algum de nós tivesse a possibilidade de perguntar
onde um camponês comprou sua roupa, provavelmente ouviria como resposta: "Não
comprei, eu mesmo fiz". Assim, ao lado do trabalho agrícola, teremos o artesanato, isto é,
a produção de bens realizada manualmente pelo servo, em sua própria casa, e que
dificilmente seria comercializada.
Ainda tentando caracterizar a sociedade feudal, observaremos que ela criava u m
modo de vida quase estático, ou seja,

UMA ORGANIZAÇÃO SOCIAL QUE REALIZAVA PROGRESSOS


TECNOLÓGICOS BEM DIFERENTES DOS QUE CONHECEMOS HOJE EM
DIA: A EXPLICAÇÃO DOS FENÔMENOS NATURAIS DAVA-SE PELA
RELIGIÃO. AS LEIS DA NATUREZA ERAM EXPLICADAS PELO DISCURSO
E PRATICAS DA IGREJA E, POR ISSO, A BASE DO PODER ESTAVA N A
TRADIÇÃO DE ORIGEM RELIGIOSA.

Se as pessoas explicavam suas vidas a partir da religião, isto iria influir no progresso
da ciência, o qual se daria de forma lenta, pois na medida em que a fé cristã explicava tudo o
que se passava na sociedade, não havia necessidade de um método científico de observação
baseado na comparação e classificação dos fenômenos, que pudesse compreender a natureza,
de modo a originar o tipo de ciência que conhecemos hoje.

ASSIM, COM O FEUDALISMO, TERMOS UMA CIVILIZAÇÃO DISPERSA PELO CAMPO,


FAZENDO DA TERRA SUA ÚNICA FONTE DE RIQUEZA.
5
A DECADÊNCIA DA SOCIEDADE FEUDAL E O MERCANTILISMO

É a partir do século XI (ano de 1001) que começam a surgir as alterações sociais,


políticas e econômicas que influem na mudança do modo de vida do feudalismo. Tais
mudanças prolongam-se ate o século XVI (1501 a 1600), quando começa a nascer um novo
tipo de sociedade: a sociedade capitalista.
As primeiras alterações sociais surgem lentamente e caracterizam-se por uma pequena
modernização das técnicas agrícolas, permitindo a existência de um excedente de alimentos a
ser comercializado. Por outro lado, a população começa a crescer, resultando no aparecimento
de amplas camadas sociais marginais a produção e ao consumo. Ao lado do aumento de
excedente agrícola e do crescimento populacional, encontramos um outro fator que realmente
influir em grande mudança social: as cruzadas.

AS CRUZADAS CONSISTIAM EM MOVIMENTOS ARMADOS, DE INSPIRAÇÃO


RELIGIOSA, TENDO POR OBJETIVO A RETOMADA DA PALESTINA (QUE
ESTAVA SOB DOMÍNIO DOS MUÇULMANOS) PARA O IMPÉRIO CRISTÃO.

No mapa abaixo, observe o percurso realizado pelas cruzadas.


Na realidade, este objetivo não seria alcançado com as cruzadas: estas acabaram
degenerando numa guerra de saques e pilhagem que propiciou condições para a criação de
novos e mais eficientes meios de comunicação e de um grande comércio, originando, assim,
novas necessidades e novas maneiras de ganhar a vida, que acabaram por abrir novas
perspectivas para os servos: estes, após o pagamento de taxa a seu senhor, começavam a
deixar o campo em busca da liberdade que as grandes cidades passavam a oferecer.
Reproduziremos abaixo o diálogo entre um "líder" de uma cruzada e o "ministro" da
cidade de Veneza. Este diálogo deu-se durante a quarta cruzada, que começou no ano de
1201 (século X I I I ) .
Leia e note que outros interesses havia nas cruzadas, alem dos religiosos:

- Senhor, aqui viemos em nome dos nobres barões de Franca que adotaram a
cruz... eles vos rogam, por amor de Deus... fazer o possível para conceder-lhes
transporte e navios de guerra.
- Sob que condições?
- Sob quaisquer condições por vós propostas ou aconselhadas, se forem capazes
de cumpri-las - replicou o líder.
- Nós forneceremos navios com capacidade para transportar 4.500 cavalos e 9 mil
escudeiros, e navios para 4.500 cavaleiros e 20 mil soldados de infantaria. O
acordo compreenderá o fornecimento de alimentos por nove meses para todos
esses homens e cavalos. É o menos que faremos, sob a condição de que nos
paguem quatro marcos por cavalo e dois marcos por homem...
E faremos ainda mais: juntaremos 50 galés armadas, por amor de Deus; sob a
condição de que, enquanto perdurar nossa aliança, em cada conquista de terra ou
dinheiro que realizarmos, por mar ou terra, teremos a metade, e vós, a outra...
- O líder declara: Senhor, estamos prontos a firmar este acordo. (HUBERMAN,
Leo. A história da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. p. 29)

Se as cruzadas não cumpriram seu objetivo de retomar a Palestina dos muçulmanos


para o Império Cristão, como foi dito, elas serviram para restaurar a vida comercial na
Europa, o que trouxe novos menos de comunicação (construção de navios, de estradas) e fez
com que surgissem grandes cidades. Disso tudo resultou um novo modo de vida que é típico
das grandes cidades: uma vida social extremamente dinâmica e movimentada, a
possibilidade de desenvolver novas profissões, uma troca de idéias muito grande, vida
cultural intensa etc. Tudo isso contrasta com a vida no campo. Em relação aos antigos
feudos, a cidade aparecia aos olhos do tão explorado servo como a possibilidade de realizar
a tão sonhada liberdade.
Começa, então, um movimento social novo:

GRANDES L E V A S D E SERVOS COMEÇAM A D E I X A R AS TERRAS DOS


SEUS SENHORES E PARTEM EM BUSCA DE NOVAS OPORTUNIDADES DE
VIDA N A S C I D A D E S .

Estamos no auge do MERCANTILISMO (1400 a 1700 - séculos XV ao XVIII), isto


é, um novo modo de viver que nasceu do Feudalismo, mas é completamente diferente deste:
início da vida urbana, início de grandes invenções (imprensa, bússola, novos medicamentos
etc.); o comércio torna-se o centro de tudo; surgem as grandes descobertas geográficas
(América, Brasil, primeira volta ao mundo...).
Será com esse novo modo de vida que surge uma nova camada social de comerciantes
muito ricos, que são denominados burgueses. E será com a pretensão de se tornarem ainda
mais ricos e poderosos que os burgueses desenvolverão ainda mais suas atividades
comerciais, através da instalação de MANUFATURAS.
A MANUFATURA E O MODELO PRIMITIVO DA INDÚSTRIA, ISTO É, A
MANUFATURA LOCALIZA-SE NUM IMENSO SALÃO ONDE ESTAVAM
DISPOSTAS EM FILAS AS MAQUINAS MANUAIS, QUE ERAM MOVIDAS PELOS
ANTIGOS SERVOS E ARTESÃOS QUE, NESSE NOVO MODO DE VIDA, AOS
POUCOS, TRANSFORMAVAM-SE EM OPERÁRIOS.

O período do estabelecimento das manufaturas, que faz parte do MERCANTILISMO


(séculos XV e XVIII), faz com que a nascente classe burguesa comece a realizar sua
supremacia sobre a nobreza. Do confronto entre burguesia e opositores do nascente sistema
capitalista, aparecem conflitos sociais constantes. A nobreza opunha-se aos burgueses, pois o
modo de viver destes últimos implicava que os servos deixassem o campo em troca das
cidades. Como grande exemplo de conflito entre nobreza e burgueses temos a REVOLUÇÃO
FRANCESA (1789) e as REVOLUÇÕES DE 1848, quando a burguesia sai vitoriosa não só
no plano econômico, mas, principalmente, no plano político, e os restos da nobreza acabam
por associar-se a nova formação social.
6
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Entre os séculos XVIII e XIX (1701 a 1800 e 1801 a 1900), teremos a Revolução
Industrial, momento em que a indústria têxtil inova-se com o tear a vapor; este, possibilita
uma série de outros inventos, que facilitam a mecanização das máquinas, influindo
decisivamente no surgimento, juntamente com a burguesia, de uma nova classe social: os
trabalhadores, classe composta pelos camponeses sem terra e artesãos sem suas antigas
máquinas manuais.

ESTA NOVA CLASSE (OS TRABALHADORES) NÃO TERÁ OUTRO RECURSO PARA
SOBREVIVER SENÃO VENDER SUA CAPACIDADE DE TRABALHO À
BURGUESIA, EM TROCA DE UM SALÁRIO.

Assim, a numerosa classe trabalhadora passa a constituir a classe dos despossuídos:


A relação de classes que passa a existir entre a burguesia e trabalhadores é orientada
por um contrato, o que permite, por sua vez, a idéia de que o capitalismo é uma sociedade com
"liberdade econômica" e "democracia política", isto e, com a idéia de contrato podemos
afirmar que o trabalhador é "livre" para escolher um emprego qualquer e o empresário é
"livre" para empregar quem desejar.
Esta aparente sociedade democrática torna-se, ao contrário do Feudalismo, uma
organização social extremamente dinâmica e movimentada; a própria noção de tempo é
alterada: "tempo é dinheiro". A visão de mundo torna-se individualizada e competitiva: "cada
um por si e Deus por todos". Nasce a idéia moderna de progresso; aparecem novas inventos: a
locomotiva, a energia elétrica, o telégrafo, o microscópio etc. Surgem também novas ciências
coma a Física e a Química modernas, que orientam o aumento da produção industrial.
Nas cidades, a cada dia, surgem novas escolas, bibliotecas, teatros, jornais e revistas.
Tudo isso faz nascer um espírito de otimismo, pelo qual as pessoas começam a achar que,
finalmente, o Homem encontrou o caminho da civilização, do progresso permanente, da
fartura e da riqueza.

NA REALIDADE, O CAPITALISMO TROUXE PROGRESSO E RIQUEZA APENAS


PARA ALGUMAS PESSOAS, POIS AS INDUSTRIAS DESENVOLVIAM-SE DE TAL
MODO QUE SEUS PROPRIETÁRIOS (BURGUESES OU EMPRESÁRIOS)
FICAVAM RIQUÍSSIMOS E PODEROSOS; NO ENTANTO , A CLASSE
TRABALHADORA (QUE FABRICAVA TODOS OS BENS) RECEBIA UM SAL ÁRIO
MISERÁVEL.

A cidade e a indústria trouxeram a esperança de uma vida melhor; os trabalhadores,


contudo, perceberam rapidamente que a cidade e a indústria eram, na realidade, as correntes
da mais nova forma de exploração: A SOCIEDADE CAPITALISTA.

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