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BELÉM
2017
DANIELLE SIQUEIRA NASCIMENTO
BELÉM
2017
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Nascimento, Danielle Siqueira
45 f.
CDU: 343.5
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DANIELLE SIQUEIRA NASCIMENTO
Banca examinadora:
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Professor Orientador: Me. Paulo Eduardo Vaz Bentes.
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Professor Avaliador: Vicente de Paulo da Conceição Costa
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Professora Avaliadora: Sylvia de Paula Soriano
Até aqui, esse é sem dúvida um dos momentos mais esperados da minha
vida, se eu soubesse que aquela minha dúvida – Mãe, qual curso eu escolho, passei
em Arquitetura, Medicina e Direito? -, se tornaria na certeza de uma profissional tão
fascinada pelo direito, sobretudo pela justiça, eu não teria perdido tanto tempo,
chorando naquele travesseiro.
De fato, durante todo o caminho dessa conquista adquiri muitos conhecimentos,
cresci como profissional, e, principalmente, como ser humano.
Hoje, comemoro esta conquista, mas tenho certeza de que sozinha eu não teria
conseguido. Deste modo, aproveito para agradecer inicialmente à Deus, pelo seu
infinito amor e pelos milagres de todos os dias, se eu tive forças para continuar
nessa batalha, essa força foi divina, disso eu tenho certeza.
Agradeço as pessoas que direta e indiretamente me ajudaram na realização desse
sonho - o Coordenador do Curso de Direito, Paulo Eduardo Bentes; meus
professores, em especial, Sylvia Soriano, Addélia Mattos, Marineusa Miranda,
Antônio Gama Junior; meus colegas de turma, em especial, uns dos meus melhores
amigos, Paulo André Nascimento; meu chefe, amigo e parceiro de profissão, João
Rogério Rodrigues, quem me concedeu a oportunidade de aprimorar meus
conhecimentos na prática jurídica; minha família e amigos; meu noivo pela
dedicação, paciência e amor. Mas, agradeço, principalmente, aos meus pais, que
me acompanharam em toda a minha trajetória acadêmica, em especial, minha
magnífica mãe, sempre me incentivando e me apoiando em todos os sentidos,
desde o princípio - se não fosse por vocês, eu nunca teria forças para chegar até
aqui, espero um dia retribuir tudo o que um dia fizeram por mim!
RESUMO
Much has been discussed about the use of drugs in the country. Through a
bibliographical survey and normative devices that guide the subject, it was tried to
demonstrate the public policies on drugs in the National scope and in the State of
Pará. on drugs from Brazil to Law 11.343 / 06, the current drug law, the National
Drug System, the Public Policies on Drugs in the Brazilian scenario and in the state
of Pará, the institution of compulsory hospitalization, the Custody hospital of the State
of Pará , Drug Policies in the State of Pará and reports obtained through personal
interviews with directors, coordinators, and / or collaborators of the State Council on
Drugs - CONED / PA and the Coordination of Prevention, Treatment and Reduction
of Drug Injury - CENPREN. It was found that, regarding compulsory hospitalization as
a form of treatment to chemical dependents in conflict with the Criminal Law, it is still
very far from its real purpose, as far as drug users are concerned, they have been
daily punished as if they were traffickers, demonstrating that the policies of
repression are bankrupt, since who should be penalized (de facto traffickers) are
enjoying the costs of it. Regarding prevention policies, in the state of Pará, it was
demonstrated that there was no evaluation after the implementation of drug
prevention programs developed in the state of Pará and carried out by CENPREN. In
this way, it is concluded that, after the implementation of a public policy, an
evaluation of its effectiveness is necessary. What research and analysis in this
sense, serve to assess whether the policy is fulfilling its objectives and whether its
results are positive or not, so that, through the results of the evaluation, can seek an
efficient strategy to solve this evil.
1 - INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 6
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 35
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1 INTRODUÇÃO
autodefine como drogas, tem um poder avassalador para desmoronar o bem maior
que existe em nossa sociedade, a família. Aquela que é essencial, a estrutura inicial
e principal na formação do homem de bem e o tão esperançoso futuro de nossas
gerações.
Sem dúvida, foi através de um olhar atento, frustrado e preocupado, que senti
a necessidade de estudar o tema principal dessa pesquisa, a fim de colaborar com o
desenvolvimento das Políticas Públicas sobre Drogas do Estado do Pará, em busca
de dias melhores.
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2 DROGAS PSICOTRÓPICAS
1
Art. 1°. Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve
medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de
drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e
define crimes.
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos
capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas
periodicamente pelo Poder Executivo da União.
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de outra instância legislativa. Por isso, já que a Lei 11.343/06 se refere ao termo
droga de forma genérica, é necessário ser complementado por outra norma, por
isso, chama-se de norma penal em branco.
Hoje, a definição sobre droga é feita pela ANVISA, através da portaria nº 344,
de 12 de maio de 19982, do Ministério da Saúde, que diz que droga é toda
“substância ou matéria-prima que tenha finalidade medicamentosa ou sanitária”.
Das diversas classificações existentes,será adotado, nesse estudo, a
classificação utilizada pelo professor Fernando Capez (2017), visto ser a mais
simples, porém completa.
Capez (2017) dividiu as drogas psicotrópicas em três tipos: alucinógenas,
estimulantes e entorpecentes.
As drogas alucinógenas (mescalina, psilocibina (cogumelo), maconha, LSD,
Ayahuasca (o “chá” do Santo Daime), ecstasy e anticonérgicos), como o próprio
nome diz, produzem alucinações, ou seja, a pessoa ouve, sente ou ver coisas que
não existem, assim como delírios ou alteração da capacidade de avaliar distâncias e
tempo, como, por exemplo, a pessoa no seu pensamento imagina que possui
poderes sobrenaturais ou que está sendo perseguida. Essas substâncias não
aumentam nem diminuem a atividade do cérebro, mas fazem com que o órgão
funcione de maneira diferente
As estimulantes (anfetaminas, cocaína, crack, merla, tabaco – nicotina,
capsula do medo ou do vento, e cafeína) costumam acelerar a atividade do cérebro,
a pressão arterial e taquicardia, ou seja, passa a funcionar mais rapidamente. O
indivíduo fica em um estado de alerta elevado, ou seja, fala mais, corre mais, dorme
menos, come menos, etc.
Finalmente, as drogas entorpecentes (álcool, brometos, barbitúricos, inalantes
e solventes, lança-perfume, cheirinho da loló, b 25, cola de sapateiro, ghb ou ecstasy
liquido, pcp ou fenciclidina, ketamina ou special k, mefedrona, opiáceos, codeína,
morfina, heroína) fazem o cérebro funcionar lentamente, reduzindo a capacidade
que o ser humano tem de desenvolver certas atividades, com a atenção, a
concentração, a capacidade de memorização, a inteligência e a racionalidade.
2
PORTARIA Nº 344, DE 12 DE MAIO DE 1998. Aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e
medicamentos sujeitos a controle especial.
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4.1 Conceito
[...] era composto por representantes dos vários Ministérios (Justiça, Saúde,
Educação e Cultura, Previdência e Assistência Social, Fazenda e Relações
Exteriores), por um representante do Departamento da Polícia Federal, um
da Vigilância Sanitária, um jurista escolhido e designado pelo Ministério da
Justiça e um médico psiquiatra escolhido pela Associação Médica Brasileira
e designado pelo Ministério da Justiça. A princípio, abordava apenas
questões relativas às drogas ilícitas, mas, ainda na década de 1980, passou
a abordar também questões relacionadas às drogas lícitas.
4
DECRETO Nº 4.345, DE 26 DE AGOSTO DE 2002. Institui a Política Nacional Antidrogas e dá
outras providências.
23
.
Fonte: SENAD, 2017.
Conforme demonstrado pelo gráfico acima, em 2006, ano em que a atua lei
de drogas começou ser aplicada, contavam-se, nos presídios do país, 45.133 presos
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por tráfico de drogas. Esse número passou, em 2013, para 138.366, e em 2017,
estima-se 182.779 de pessoas presas por tráfico de drogas no país.
Segundo Valdir Silveira (2017), Coordenador Nacional da Pastoral Carcerária,
em entrevista à Rádio nove de Julho, da arquidiocese de São Paulo, é perceptível a
mudança do perfil dos presidiários e vai mudar cada vez mais, já que quem se
encontra presos, são os usuários de drogas e pequenos traficantes, e, até mesmo,
os indivíduos que foram presos por crime de pequeno porte, por conta da droga.
No mesmo sentido, O defensor Público, Vitore Maximiano, em entrevista dado
ao G1 (São Paulo, 2017), concluiu que alguns motivos contribuíram para o acelerado
avanço dos presos por tráfico de drogas, já que as investigações nesses casos, não
possuem critérios objetivos para a distinção entre o usuário de drogas e o traficante,
ficando ao policial que fez a ocorrência e ao juiz, o papel de definirem.
Ainda enfatiza que o Brasil, tem prendido de forma excessiva, pessoas
primárias e, que muitas vezes cometeram crimes sem violência, mesmo sabendo
que esses indivíduos são a parte mais frágil da situação. O que as pessoas precisam
enxergar é que prender não é a única solução, já que há inúmeras medidas
cautelares que podem ser aplicadas através de um processo justo e eficaz.
Analisando os casos e cenas terríveis de rebeliões, decapitações e mortes,
quem ocorreram e vem ocorrendo no país, percebe-se que o excesso de pessoas
encarceradas vem colaborando para o aumento, ainda mais, da violência.
Seguindo o mesmo raciocínio, na mesma entrevista, Valdir Silveira, diz que
reconhecer que grande parte da população carcerária, hoje, são usuários de drogas,
certamente vai melhorar a situação dos presídios do país. E, ao contrário do que se
pensa, no presídio há drogas.
Visto isso, é necessário fazer-se uma breve análise do art. 28 da Lei
11.343/065, que tipifica a “posse de droga para consumo pessoal”.
Diferente do que noticiam e tentam fazer acreditar, a conduta de quem
“adquire, guarda, tem em depósito, transporta ou traz consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar” não foi descriminalizada.
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Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas:
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6
Sui generis. É uma expressão em latim que significa "de seu próprio gênero" ou "único em sua
espécie". Muita utilizada no Direito, ela indica algo que é particular, peculiar, único.
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7
Art. 6°. A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que
caracterize os seus motivos.
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Art. 9° A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz
competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à
salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários.
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medida de segurança não é nem interrogada pelo Juiz, então será se ele é um
sujeito de direito?
O absurdo é maior que olhando para a Lei de Execuções Penais e para o
Código Penal ainda hoje no Brasil vigora a necessidade da confecção de um laudo
de cessação de periculosidade para essas pessoas deixarem o espaço de
segregação no HCTP.
O juiz, Claudio Rendeiro, ressalta que é completamente a favor de qualquer
Política Antimanicomial, porque sabe que os HCTP’s são verdadeiros manicômios.
Hoje se tem uma Lei Federal (10.216/2001) que precisa ser efetivada, já que ela dá
todo o direcionamento para o tratamento dessas pessoas fora do ambiente de
cárcere, porque o HCTP é um ambiente de encarceramento, conclui o juiz.
Outro problema do HCTP-PA é a desinternação, considerando que a maioria
dos internados não tem família presente e nem para onde ir. Há casos em que não
há pessoas da família para receber o custodiado lá fora, por isso ele acaba ficando
no HCTP por muitos anos. Hoje o estado tem uma Residência Terapêutica, que fica
na Capital do Estado, bairro da Marambaia, a própria Lei antimanicomial dá um
direcionamento para as casas terapêuticas, porém infelizmente essa casa só
comporta oito pessoas.
Alguns usuários (os que estão a mais de 20 anos) são encaminhados para o
CAPS Renascer, que também fica localizado na Capital Paraense, bairro do Marco.
A população do HCTP antes era especifica para aplicação da medida de
segurança de pessoas portadoras de transtornos mentais, porém no decorrer dos
anos essa população foi modificando. De 220 internos, apenas 74 estão
efetivamente cumprindo medida de segurança por transtornos mentais e o restante
(146 internos), são os dependentes de drogas, chamados de “drogaditos”.
Segundo Cleiton (exinterno do HCTP), aquele lugar não deveria existir, “é um
local de tortura psicológica total”. Ele explica que quando o internado chega ao
HCTP ele vai para um setor de triagem e pode ficar lá de uma semana a três meses,
nesse setor o internado fica em uma sala sem roupa e ainda dorme no chão, de lá
eles são submetidos à outra área (se estiver apto a sair do setor de triagem –
comportamento) chama de bloco, setor que contem quatro alas A, B, C e D, um
corredor central e as celas.
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“Lá dentro dizem que é um hospital, mas só o que tem lá são enfermeiros”,
não há médicos efetivos no HCTP, apenas um que vai de vez em quando para
atender toda a demanda.
O que se pode notar é que o efetivo “tratamento” oferecido pelo HCTP, desde
sua criação, é, lamentavelmente, diverso do que dispõe a política de Saúde Mental,
assim como o que prevê a Lei nº 10.216/2001, quer seja, o direito de ter à presença
médica, em qualquer tempo, ser tratado em setores diversos da prisão e, acima de
tudo, desenvolver uma política de saúde mental com a participação da família e da
sociedade.
Na avaliação de Mauro Aranha (2016), os hospitais de custódias ainda se
remetem à prisão e não ao tratamento de transtornos mentais. “A medida de
segurança com internação corresponde a uma prisão perpétua praticamente”.
Para Aranha (2016) “como os hospitais de custódia têm tratamentos sem
eficácia, sem atendimento multidisciplinar adequado, sem projetos de reinserção
social, os pacientes – não sendo tratados – ficam [internados] anos a fio, muito mais
do que alguém que cometeu um delito criminoso”.
Segundo o psiquiatra forense, Guido Palomba (2016), de um modo geral, o
sistema penitenciário do Brasil, “está falido”. “Sejam hospitais de custódia, sejam
penitenciárias, sejam casas de detenção, tem umas que são absolutamente
pavorosas. Os hospitais de custódia não fogem à regra de penúria em que se
encontra o sistema penitenciário brasileiro”.
Para presos com transtornos mentais, a melhor direção são os Centros de
Atenção Psicossocial - CAPS, unidades do Sistema Único de Saúde - SUS, já que o
tratamento é ambulatorial. “Essas pessoas precisam ser tratadas enquanto uma
questão psíquica, enquanto uma questão de álcool e outras drogas, com redução de
danos. Militamos pela redução de danos, pelo tratamento em liberdade, porque, se
essas pessoas têm transtorno mental, elas têm direito de ser cuidadas
humanamente”, afirmou o psiquiatra.
Mas, o que seria redução de danos? É um “conjunto de políticas públicas
ligadas ao enfrentamento dos problemas relacionados ao uso de drogas, como a
disseminação de doenças e a degradação humana dos usuários”. (Procuradoria
Federal dos Direitos do Cidadão).
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
GRECO FILHO, Vicente; RASSI, João Daniel. Lei de drogas anotada: lei n.
11.343/2006. 3 ed. rev. e atual.,São Paulo : Saraiva, 2009.
MENDONÇA. Por que não sabemos quantos presos há no Brasil. Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/brasil-40488740>. Acesso em: 01/12/2017
Portal Brasil. Secretário fala sobre Política Nacional sobre Drogas. Disponível
em:<www.brasil.gov.br/.../secretario-fala-sobre-politica-nacional-sobre-drogas>.
Acesso em: 15 de agosto de 2016.