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FACULDADE PARAENSE DE ENSINO

CURSO BACHARELADO EM DIREITO

DANIELLE SIQUEIRA NASCIMENTO

POLÍTICAS PÚBLICAS E O COMBATE ÀS DROGAS NO ESTADO DO PARÁ

BELÉM
2017
DANIELLE SIQUEIRA NASCIMENTO

POLÍTICAS PÚBLICAS E O COMBATE ÀS DROGAS NO ESTADO DO PARÁ

Monografia de conclusão de curso


apresentada ao curso de Direito da
Faculdade Paraense de Ensino-
FAPEN, como requisito para
obtenção do grau de Bacharel em
Direito.
Orientador: Prof. Msc. Paulo
Eduardo Vaz Bentes.

BELÉM
2017
___________________________________________________________________
Nascimento, Danielle Siqueira

Políticas públicas e o combate às drogas no Estado do Pará / Danielle Siquei-


ra Nascimento; Orientador Prof. Msc. Eduardo Vaz Bentes – Belém, 2017.

45 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade Paraense de Ensi-


no. Belém, 2017.

1. Drogas – Abuso – Prevenção – Política governamental – Pará I. Titulo

CDU: 343.5
__________________________________________________________________________
DANIELLE SIQUEIRA NASCIMENTO

POLÍTICAS PÚBLICAS E O COMBATE ÀS DROGAS NO ESTADO DO PARÁ.

Monografia de conclusão de curso apresentada ao


curso de Direito da Faculdade Paraense de Ensino-
FAPEN, como requisito para obtenção do grau de
Bacharel em Direito.

Banca examinadora:

___________________________________________________
Professor Orientador: Me. Paulo Eduardo Vaz Bentes.

___________________________________________________
Professor Avaliador: Vicente de Paulo da Conceição Costa

___________________________________________________
Professora Avaliadora: Sylvia de Paula Soriano

Apresentado em: 12 /12 /2017

Nota: 10,0 (Dez)


À todos os dependentes e usuários de
drogas desse País, porque o olhar atento
eles foi o fator responsável pela
elaboração dessa pesquisa.
AGRADECIMENTOS

Até aqui, esse é sem dúvida um dos momentos mais esperados da minha
vida, se eu soubesse que aquela minha dúvida – Mãe, qual curso eu escolho, passei
em Arquitetura, Medicina e Direito? -, se tornaria na certeza de uma profissional tão
fascinada pelo direito, sobretudo pela justiça, eu não teria perdido tanto tempo,
chorando naquele travesseiro.
De fato, durante todo o caminho dessa conquista adquiri muitos conhecimentos,
cresci como profissional, e, principalmente, como ser humano.
Hoje, comemoro esta conquista, mas tenho certeza de que sozinha eu não teria
conseguido. Deste modo, aproveito para agradecer inicialmente à Deus, pelo seu
infinito amor e pelos milagres de todos os dias, se eu tive forças para continuar
nessa batalha, essa força foi divina, disso eu tenho certeza.
Agradeço as pessoas que direta e indiretamente me ajudaram na realização desse
sonho - o Coordenador do Curso de Direito, Paulo Eduardo Bentes; meus
professores, em especial, Sylvia Soriano, Addélia Mattos, Marineusa Miranda,
Antônio Gama Junior; meus colegas de turma, em especial, uns dos meus melhores
amigos, Paulo André Nascimento; meu chefe, amigo e parceiro de profissão, João
Rogério Rodrigues, quem me concedeu a oportunidade de aprimorar meus
conhecimentos na prática jurídica; minha família e amigos; meu noivo pela
dedicação, paciência e amor. Mas, agradeço, principalmente, aos meus pais, que
me acompanharam em toda a minha trajetória acadêmica, em especial, minha
magnífica mãe, sempre me incentivando e me apoiando em todos os sentidos,
desde o princípio - se não fosse por vocês, eu nunca teria forças para chegar até
aqui, espero um dia retribuir tudo o que um dia fizeram por mim!
RESUMO

Muito se tem discutido sobre o uso de drogas no País. Através de um levantamento


bibliográfico e de dispositivos normativos que norteiam o assunto, procurou-se
demonstrar as políticas públicas sobre drogas no âmbito Nacional e no Estado do
Pará. Foi analisada a evolução das leis sobre droga do Brasil até a Lei 11.343/06,
atual lei de drogas, o Sistema Nacional sobre drogas, as Políticas Públicas sobre
Drogas no cenário brasileiro e no estado do Pará, o instituto da internação
compulsória, o hospital de Custódia do Estado do Pará, as Políticas sobre drogas
aplicadas no Estado do Pará e os informes obtidos pelas entrevistas pessoais com
diretores, coordenadores, e ou, colaboradores do Conselho Estadual sobre Drogas –
CONED/PA e da Coordenação de Prevenção, Tratamento e Redução de Danos e
Consumo de Drogas – CENPREN. Constatou-se que, no que tange a internação
compulsória como forma de tratamento aos dependentes químicos em conflito com a
Lei Penal, ainda está muito longe de sua real finalidade, no que tange aos usuários
de drogas, esses vem sendo diariamente punidos como se fossem traficantes,
demonstrando que, as Políticas de Repressão estão falidas, já que quem deveria ser
penalizado (traficantes de fato) estão gozando a custas desse. No que se refere as
políticas de prevenção, no âmbito do estado do Pará, demonstrou-se a inexistência
de qualquer tipo de avaliação após a implementação dos programas de prevenção
do uso de drogas, desenvolvidos no estado do Pará e executados pelo CENPREN.
Dessa forma, conclui-se que, após a implementação de uma política pública é
necessário uma avaliação de sua eficácia. Que pesquisas e análises nesse sentido,
servem para avaliar se a política está cumprindo com suas finalidades e se seus
resultados são positivos ou não, para que assim, se possa, através dos resultados
da avaliação, buscar uma estratégia eficiente para a resolução desse mal.

Palavras-chave: Políticas Públicas, Drogas Psicotrópicas, Hospital de Custódia e


Tratamento Psiquiátrico, Estado do Pará.
ABSTRACT

Much has been discussed about the use of drugs in the country. Through a
bibliographical survey and normative devices that guide the subject, it was tried to
demonstrate the public policies on drugs in the National scope and in the State of
Pará. on drugs from Brazil to Law 11.343 / 06, the current drug law, the National
Drug System, the Public Policies on Drugs in the Brazilian scenario and in the state
of Pará, the institution of compulsory hospitalization, the Custody hospital of the State
of Pará , Drug Policies in the State of Pará and reports obtained through personal
interviews with directors, coordinators, and / or collaborators of the State Council on
Drugs - CONED / PA and the Coordination of Prevention, Treatment and Reduction
of Drug Injury - CENPREN. It was found that, regarding compulsory hospitalization as
a form of treatment to chemical dependents in conflict with the Criminal Law, it is still
very far from its real purpose, as far as drug users are concerned, they have been
daily punished as if they were traffickers, demonstrating that the policies of
repression are bankrupt, since who should be penalized (de facto traffickers) are
enjoying the costs of it. Regarding prevention policies, in the state of Pará, it was
demonstrated that there was no evaluation after the implementation of drug
prevention programs developed in the state of Pará and carried out by CENPREN. In
this way, it is concluded that, after the implementation of a public policy, an
evaluation of its effectiveness is necessary. What research and analysis in this
sense, serve to assess whether the policy is fulfilling its objectives and whether its
results are positive or not, so that, through the results of the evaluation, can seek an
efficient strategy to solve this evil.

Keywords: Public Policies, Psychotropic Drugs, Hospital of Custody and Psychiatric


Treatment, State of Pará.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária


CAPS Centro de Atenção Psicossocial
CAPS AD Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas
CENPREN Coordenadoria de prevenção Tratamento e Redução de Danos de
Consumo de Drogas
CID Código Internacional de Doenças
CONAD Conselho Nacional Antidrogas
CONED Conselho Estadual sobre Drogas
CONENS Conselhos Estaduais de Entorpecentes
CONFEN Conselho Federal de Entorpecentes
COMAD Conselhos Municipais sobre Drogas
COMENS Conselhos Municipais de Entorpecentes
CRAS Centro de Referência de Assistência Social
CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social
CRM Conselho Regional de Medicina
DEPEN Departamento Penitenciário Nacional
DSM Manual Estatístico de Doenças
EAD Educação a Distância
FASEPA Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará
HCTP Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
MJ Ministério da Justiça
OMS Organização mundial da Saúde
PED Programa Educativo sobre Drogas
PNAD Politica Nacional Antidrogas
PROEX Pro-reitoria de Extensão
SEGUP Secretaria de Estado de Segurança Publica
SEJUDH Secretaria de Justiça de Direitos humanos
SENAD Secretaria Nacional Antidrogas
SENAD Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
SESMA Secretaria da Saúde e Meio Ambiente
SISNAD Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas
STF Supremo Tribunal Federal
SUS Sistema Único de Saúde
SUSIPE Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará
SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 6

2 - DROGAS PSICOTRÓPICAS ................................................................................. 8

2.1 - CONCEITO E CLASSIFICAÇÕES ...................................................................... 8


3–BREVE HISTÓRICO SOBRE A EVOLUÇÃO DAS LEIS SOBRE DROGAS NO
BRASIL ..................................................................................................................... 10
4–DAS POLÍTICAS PÚBLICAS ............................................................................... 12
4.1 – CONCEITO ...................................................................................................... 12
4.2 – DAS POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS NO CENÁRIO BRASILEIRO 14
5 - DO ENCARCERAMENTO RELACIONADO AS DROGAS NO BRASIL ............ 19

5.1 – DO INSTITUTO DA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA ...................................... 24


5.2 – DO HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSIQUIÁTICO NO PARÁ .. 26
6 – DAS POLÍTICAS SOBRE DOGAS NO ESTADO DO PARÁ ............................. 30

6.1 – DO CONSELHO ESTADUAL SOBRE DROGAS – CONED/PA ...................... 31


6.2 – DA COORDENADORIA DE PREVENÇÃO, TRATAMENTO E REDUÇÃO DE
DANOS DE CONSUMO DE DROGAS - CENPREN ................................................. 32
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 33

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 35
11

1 INTRODUÇÃO

As Políticas Públicas sobre Drogas foram criadas na tentativa de solucionar,


ou melhor, amenizar os estragos que vem ocorrendo devido o uso abusivo de
substâncias psicotrópicas, que hoje é um dos problemas sociais que mais aflige os
lares do nosso país.
Atualmente, projetos de prevenção do uso de drogas são extremamente
necessários, por causa da gravidade que os comportamentos que essas substâncias
ocasionam tanto para a vida de quem as utilizam, quanto na vida das pessoas que
estão próximas ou convivem com elas.
Nesse estudo, o assunto abordado tem o objetivo principal de analisar o
desenvolvimento e os resultados das políticas públicas prevenção do consumo de
drogas e redução de danos do Estado do Pará, as quais são executadas pelo
Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Pará - HCTP e Coordenação de
Prevenção, Tratamento e Redução de Danos e Consumo de Drogas – CENPREN.
Espera-se que, pela quantidade de programas sobre prevenção do uso de
drogas no Estado do Pará, do Governo Estadual, e da política de redução de danos
e tratamento executados pela SUSIPE, já se possam notar resultados positivos
sobre o desenvolvimento dos programas de prevenção do consumo de drogas que
se encontram ativos no Estado.
O presente trabalho será estudado de três formas. Primeiro, através de coleta
bibliográfica de conceito histórico e evolução das Leis sobre drogas no Brasil;
Segundo, das informações obtidas através de entrevistas pessoais com diretores,
coordenadores, e ou, colaboradores dos principais órgãos responsáveis pelo
desenvolvimento e execução das políticas sobre drogas do estado do Pará, entre
eles o Conselho Estadual sobre Drogas – CONED e a Coordenação de Prevenção,
Tratamento e redução de Danos e Consumo de Drogas – CENPREN; Por fim, uma
breve e atenta análise do documentário “Crônicas (Des) Medidas, produzido no
Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Pará, órgão responsável pela
execução das medidas para os dependentes químicos em conflito com a Lei, já que
não se pôde fazer a pesquisa in loco, pela falta de autorização da Superintendência
do Sistema Penitenciário do Pará – SISIPE.
A motivação principal para o desenvolvimento desse trabalho foi, sobre tudo,
pessoal, pois, assim como muitos, percebi que essas substâncias, cujo nome se
12

autodefine como drogas, tem um poder avassalador para desmoronar o bem maior
que existe em nossa sociedade, a família. Aquela que é essencial, a estrutura inicial
e principal na formação do homem de bem e o tão esperançoso futuro de nossas
gerações.
Sem dúvida, foi através de um olhar atento, frustrado e preocupado, que senti
a necessidade de estudar o tema principal dessa pesquisa, a fim de colaborar com o
desenvolvimento das Políticas Públicas sobre Drogas do Estado do Pará, em busca
de dias melhores.
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2 DROGAS PSICOTRÓPICAS

2.1 Conceito e classificações

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1981), uma droga é


definida como psicotrópica quando, agindo no sistema nervoso central, altera o
comportamento, o humor, a cognição (aprendizagem, memória, raciocínio,
orientação, etc.) e produz sensação de prazer, que induz a pessoa a repetir o uso,
levando à dependência.
Vale ressaltar que para a Lei nº 2.848/40, que criou o atual Código Penal
brasileiro, como para a Lei nº 5.726/71 (primeira lei drogas) e Lei nº 6.368/76 (que foi
revogada pela atual lei de drogas), utilizaram a expressão “substância entorpecente”,
ao classificar o material encontrado nos crimes de drogas (GRECO E RASSI, 2009).
Em conformidade com a OMS que seguiu o termo droga no lugar de “droga”
no lugar de “entorpecente”, já que entorpecente é apenas um dos tipos de drogas, a
atual lei de drogas, adotou a nomenclatura mais técnica e substituiu a expressão
substância entorpecente pelo termo drogas.
Em seu art. 1º, parágrafo único, a vigente Lei de drogas, lei 11.343/061, trás a
definição de drogas como todo produto ou substância capaz de causar dependência,
“assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente
pelo Poder Executivo da União.”. Nesse caso, quem faz a regulamentação sobre o
que é avaliado como droga, é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Visto isso, pode-se dizer que a atual Lei de Drogas considera tipos penais em
branco. Lembrando que normas penais em branco são disposições com sanções
determinadas, porém seu conteúdo é indeterminado, ou seja, sua execução
depende do complemento de outra norma jurídica ou atos administrativos.
As normas penais são classificadas como homogênea, que são aquelas que o
complemento é determinado pela mesma fonte da norma incriminadora, ou a
heterogênea, que são aquelas que o seu complemento está contido em uma norma

1
Art. 1°. Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve
medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de
drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e
define crimes.
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos
capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas
periodicamente pelo Poder Executivo da União.
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de outra instância legislativa. Por isso, já que a Lei 11.343/06 se refere ao termo
droga de forma genérica, é necessário ser complementado por outra norma, por
isso, chama-se de norma penal em branco.
Hoje, a definição sobre droga é feita pela ANVISA, através da portaria nº 344,
de 12 de maio de 19982, do Ministério da Saúde, que diz que droga é toda
“substância ou matéria-prima que tenha finalidade medicamentosa ou sanitária”.
Das diversas classificações existentes,será adotado, nesse estudo, a
classificação utilizada pelo professor Fernando Capez (2017), visto ser a mais
simples, porém completa.
Capez (2017) dividiu as drogas psicotrópicas em três tipos: alucinógenas,
estimulantes e entorpecentes.
As drogas alucinógenas (mescalina, psilocibina (cogumelo), maconha, LSD,
Ayahuasca (o “chá” do Santo Daime), ecstasy e anticonérgicos), como o próprio
nome diz, produzem alucinações, ou seja, a pessoa ouve, sente ou ver coisas que
não existem, assim como delírios ou alteração da capacidade de avaliar distâncias e
tempo, como, por exemplo, a pessoa no seu pensamento imagina que possui
poderes sobrenaturais ou que está sendo perseguida. Essas substâncias não
aumentam nem diminuem a atividade do cérebro, mas fazem com que o órgão
funcione de maneira diferente
As estimulantes (anfetaminas, cocaína, crack, merla, tabaco – nicotina,
capsula do medo ou do vento, e cafeína) costumam acelerar a atividade do cérebro,
a pressão arterial e taquicardia, ou seja, passa a funcionar mais rapidamente. O
indivíduo fica em um estado de alerta elevado, ou seja, fala mais, corre mais, dorme
menos, come menos, etc.
Finalmente, as drogas entorpecentes (álcool, brometos, barbitúricos, inalantes
e solventes, lança-perfume, cheirinho da loló, b 25, cola de sapateiro, ghb ou ecstasy
liquido, pcp ou fenciclidina, ketamina ou special k, mefedrona, opiáceos, codeína,
morfina, heroína) fazem o cérebro funcionar lentamente, reduzindo a capacidade
que o ser humano tem de desenvolver certas atividades, com a atenção, a
concentração, a capacidade de memorização, a inteligência e a racionalidade.

2
PORTARIA Nº 344, DE 12 DE MAIO DE 1998. Aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e
medicamentos sujeitos a controle especial.
15

3 BREVE HISTÓRICO SOBRE A EVOLUÇÃO DAS LEISSOBRE DROGAS NO


BRASIL

Desde os tempos de colônia, o Brasil possibilita ações de combate e punição


ao tráfico de drogas, a fim de reprimi-lo, espelhando-se ao modelo de combate às
drogas, regido pelos Estados Unidos.
Eram previstas, pelas Ordenações Filipinas de 1603, penas de confisco de
bens e deportação para a África aos que fizessem uso, porte ou venda de droga.
Com a adesão a Conferencia Internacional do ópio, em 1912, o Brasil continuou com
as mesmas diretrizes.
Uma grande quantidade de drogas invadiu o país, após o ano de 1914, com
isso, os recursos e procedimentos de combate às drogas da época, foram sendo
insuficientes.
Por conta disso, o Decreto nº 4.294 de 1921 (Estabelece penalidades para os
contraventores na venda de cocaína, ópio, morphina e seus derivados) foi criado,
depois regulamentada pelo Decreto nº 14.969 de 1921.
Essa lei, no que tange a repressão das drogas, foi referencia na história do
Brasil, já que a partir dela a venda de substâncias psicoativas passou a ser punida
com prisão, porém, os usuários continuaram sendo tratados como doentes, sujeitos
a tratamentos obrigatórios (SILVA, 2011).
A referida Lei, em seu artigo 6º, previa a internação obrigatória dos usuários
de entorpecentes, assim como a criação de estabelecimento específico para atender
essas pessoas. In verbis;
Art. 6º O Poder Executivo creará no Districto Federal um estabelecimento
especial, com tratamento médico e regimen de trabalho, tendo duas
secções: uma de internandosjudiciarios e outra de internandosvoluntarios.
§ 1º Da secção judiciaria farão parte:
a) os condenados, na conformidade do art. 3º;
b) os impronunciados ou absolvidos em virtude da dirimente ao art. 27, § 4º,
do Codigo Penal, com fundamento em molestia mental, resultado do abuso
de bebida ou substancia inebriente, ou entorpecente das mencionadas no
art. 1º, paragraphounico desta lei.
§ 2º Da outra secção farão parte:
a) os intoxicados pelo alcool, por substancia venenosa, que tiver qualidade
entorpecente das mencionadas no art. 1º,paragraphounico desta lei, que se
apresentarem em juizo, solicitando a admissão, comprovando a
necessidade de um tratamento adequado e os que, a requerimento de
pessoa da familia, forem considerados nas mesmas condições (lettra a),
sendo evidente a urgencia da internação, para evitar a pratica de actos
criminosos ou a completa perdição moral.
§ 3º O processo para a internação na segunda secção com base em exame
medico, correrá perante o juiz Orphãos com rito summario, e poderá ser
promovido pelo curador de Orphãos, com ou sem provocação por parte da
16

Policia, dando o juiz curador a lide para defender os direitos do mesmo


interditando.

No ano de 1930, período em que foi promulgada uma nova Constituição, a


repressão ao uso da Maconha no Brasil ganha força e acaba se intensificando,
considerando que na reunião da Liga das Nações, em 1924, declarou que os perigos
que o ópio trazia eram comparados aos da maconha. As primeiras prisões pelo uso
de droga aconteceram no ano de 1933 no Rio de janeiro.
E, a partir de então, as leis penais foram se adequando conforme o tráfico de
drogas e o consumo progrediam.
A partir da primeira metade do século XX, os tratados internacionais
desenvolveram a visão de que as drogas eram problemas de saúde e segurança
pública, a qual foi gradativamente refletida na legislação brasileira, tanto que, em
1940 o Brasil confirmou a escolha de despenalizar o dependente de drogas, através
do Código Penal vigente (Lei 2.848/1940).
A especialista em Direito Penal e Sociologia Criminal, Roberta Duboc
Pedrinha, afirma que se estabeleceu uma “concepção sanitária do controle das
drogas” que considera a dependência como uma doença e que, os usuários de
drogas não eram criminalizados, porém eram submetidos a tratamento com
internação obrigatória. Vale destacar que na Constituição Brasileira de 1824,
pronunciada por Dom Pedro I, já previa no seu artigo 8º,3a suspensão dos direitos
políticos por incapacidade psíquica ou moral.
Roberta Pedrinha destaca que a lei de Segurança Nacional e o golpe militar
de 1964, fez com que o cerne da política criminal saísse do modelo sanitário para o
modelo bélico.
Para Pedrinha, a juventude começou fazer uma associação entre consumo de
drogas à luta pela liberdade. “Nesse contexto, da Europa às Américas, a partir da
década de 60, a droga passou a ter uma conotação libertária, associada às
manifestações políticas democráticas, aos movimentos contestatórios, à
contracultura, especialmente as drogas psicodélicas, como maconha e LSD”,
observa.
Com base no Acordo Sul-Americano sobre Estupefacientes e Psicotrópicos, o
qual o Brasil aderiu em 1973, foi publicada a Lei 6.368/1976 (Lei de Entorpecentes),
3Art. 8. Suspende-os o exercício dos Direitos Políticos
I. Por incapacidade física, ou moral.
II. Por Sentença condenatória a prisão, ou degredo, enquanto durarem os seus efeitos.
17

que separou os atores penais do traficante e do usuário, além de ter fixado a


obrigatoriedade do laudo toxicológico para a posição de usuário.
Em 1988, através da Constituição Federal, foi proibida a anistia e a fiança no
crime de tráfico de drogas. E, logo em seguida, foi proibido também o indulto e
liberdade provisória, pela Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/90), além ter
aumentado os prazos processuais em dobro, com a intenção de que a prisão
provisória durasse por mais tempo.
A atual Lei de Drogas (Lei 11.343/06) em suas disposições preliminares
instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD, indicando
medidas para prevenção do uso indevido, e reinserção social dos dependentes e
usuários de drogas, além disso, aboliu a “pena de prisão” para o dependente e
usuário, ou seja, para aqueles que forem encontrados com droga ou semeia cultiva
ou colhe para consumo pessoal e isenção de pena para os dependentes de drogas,
indicando o encaminhamento médico adequado.
A Lei 11.343/06 também passou a diferenciar o traficante profissional do
eventual (aqueles que traficam pequenas quantidades de drogas para manter o
consumo pessoal) com privilégio da pena mais branda.
Para Rangel e Bacila (2015), é um tipo de:

tratamento diferenciado daquele previsto no artigo 33, caput, da Lei


nº 11.343/2006, haja vista a menor reprovabilidade da conduta do agente,
culminando no abrandamento considerável da sanção imposta e no
afastamento da hediondez do delito, sob pena de tratarmos igualmente os
desiguais.
18

4 DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

4.1 Conceito

Quando se escuta falar sobre Políticas Públicas, o que vem de imediato à


nossa mente é algo que advém do governo, ou que surge do poder Legislativo.
Pode ser um "campo dentro do estudo da política que analisa o governo à luz
de grandes questões" (MEAD, 1995, apud SOUZA, 2006), ou "um conjunto de ações
do governo que irão produzir efeitos específicos". (LYIN, 1980 apud SOUZA, 2006).
Souza (2006) determina muito bem o seu conceito:
Do ponto de vista teórico-conceitual, a política pública em geral e a política
social em particular são campos multidisciplinares, e seu foco está nas
explicações sobre a natureza da política pública e seus processos. Por isso,
uma teoria geral da políticapública implica a busca de sintetizar teorias
construídas no campo da sociologia, da ciência política e da economia. As
políticas públicas repercutem na economia e nas sociedades, daí porque
qualquer teoria da política pública precisa também explicar as inter-relações
entre Estado, política, economia e sociedade. Tal é também a razão pela
qual pesquisadores de tantas disciplinas - economia, ciência política,
sociologia, antropologia, geografia, planejamento, gestão e ciências sociais
aplicadas - partilham um interesse comum na área e têm contribuído para
avanços teóricos e empíricos.
Pode-se então, resumir política pública como o campo do conhecimento que
busca, ao mesmo tempo, colocar o governo em ação e/ou analisar essa
ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no
rumo ou curso dessas ações (variável dependente). A formulação de
políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos
traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações
que produzirão resultados ou mudanças no mundo real.
Das diversas definições e modelos sobre políticas públicas, podemos extrair
e sintetizar seus elementos principais:
*A política pública permite distinguir entre o que o governo pretende fazer e
o que, de fato, faz;
*A política pública envolve vários atores e níveis de decisão, embora seja
materializada através dos governos, e não necessariamente se restringe a
participantes formais, já que os informais são também importantes;
*A política pública é abrangente e não se limita a leis e regras;
*A política pública é uma ação intencional, com objetivos a serem
alcançados;
*A política pública, embora tenha impactos no curto prazo, é uma política de
longo prazo;
*A política pública envolve processos subsequentes após sua decisão e
proposição, ou seja, implica também implementação, execução e avaliação.

Teixeira (2002, p.2), também conceitua políticas públicas:


Políticas públicas são diretrizes, princípios norteadores de ação do poder
público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e
sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado. São, nesse
caso, políticas explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos
(leis, programas, linhas de financiamentos) que orientam ações que
normalmente envolvem aplicações de recursos públicos. Nem sempre
19

porém, há compatibilidade entre intervenções e declarações de vontade e


as ações desenvolvidas. devem ser consideradas também as não-ações, as
omissões, como formas de manifestação de políticas, pois representam
opções e orientações dos que ocupam cargos.
As políticas públicas visam responder a demandas, principalmente dos
setores marginalizados da sociedade, considerados como vulneráveis.
Essas demandas, são interpretadas por aqueles que ocupam o poder, mas
influenciadas por uma agenda que se cria na sociedade civil através da
pressão e mobilização social. Visam ampliar e efetivar direitos de cidadania,
também gestados nas lutas sociais e que passam a ser reconhecidos
institucionalmente.

Ainda, sobre a definição de políticas públicas, temos o conceito dado pela


professora Hofling, que descreve que "políticas públicas são aqui entendidas como o
Estado em ação, é o Estado implantando um projeto de governo, através de
programas, de ações voltadas para setores específicos da sociedade".
De forma resumida, entendem-se como políticas públicas, todas as ações que
o governo (Poder Executivo) planeja e executa, em busca da satisfação do interesse
público e do bem comum. As políticas públicas visam atingir um problema social, ou
público determinado, porém seu resultado pode ou não atingir as expectativas
esperadas.

4.2 Das políticas públicas sobre drogas no cenário brasileiro

O consumo de drogas, até o século XIX, estava presente “[...] no bojo de


rituais coletivos ou orientados por objetivos que a sociedade reconhecia como
expressão de seus próprios valores”, como por exemplo, em rituais religiosos e
práticas curativas.
Até então, a utilização de drogas não era entendida como uma ameaça para a
sociedade ou individual, por isso, as preocupações relacionadas ao uso dessas
substâncias, não faziam parte da agenda dos governos já que não era assunto
debatido nas políticas públicas. (MACRAE, 2007).
As primeiras ações do governo brasileiro voltadas aos problemas
relacionados à toxicomania deram início no século XX, através de decretos que
vetavam o uso e a comercialização de drogas. (ALVES, 2009; MACHADO;
MIRANDA, 2007; MOTA, 2011).
Nota-se que a toxicomania começa a ser o foco das atenções do governo,
quando sua ligação com a criminalidade começa a ser percebida.
20

As preocupações sobre os danos que as drogas causariam começaram a


surgir na década de 1950, por isso, as políticas públicas estavam ligadas a
fiscalização e normatização da venda de certas substâncias, vale destacar que,
nessa circunstância, os prejuízos sociais que o uso de drogas poderia causar ainda
não eram estimados.
Na década posterior, as políticas públicas brasileiras, já possuíam uma lista
que classificava quais as substâncias eram consideradas entorpecentes, através da
Convenção Única sobre Entorpecentes e do Decreto Lei nº. 159, “[...] que equiparou
as substâncias entorpecentes a aquelas capazes de determinar dependência física
ou psíquica para os fins penais de fiscalização e controle” (GAZOLLA, 2008).
As primeiras convenções internacionais deram início ainda na década de
1960, com o intuito de mobilizar alguns Estados-Nações, até mesmo o Brasil, ao
investimento em ações e programas direcionados a repressão ao tráfico, movimento
que auxiliou na disseminação do modelo de guerra às drogas a nível mundial
(IÄHNIG, 2013).
Segundo Macrae (2007), na década de 1960 as drogas começaram a ser
objetos de pesquisas, analisadas a partir de um aspecto biopsicossocial, que se
destacou pelas pesquisas sobre doenças, principalmente aquelas transmitidas pelo
sangue.
Machado e Miranda (2007) contam que, no cenário brasileiro dos anos de
1970, a população brasileira observava o aumento da oferta de drogas e a
diminuição dos preços, especialmente em relação à cocaína, que trouxe uma alerta
para a consequente mobilização a repressão do uso de drogas.
Na década de 80, esse ponto de vista começa a apresentar os primeiros
sinais de transformação, através de uma ação estratégica do Conselho Federal de
Entorpecentes - CONFEN.
O CONFEN foi criado e regulamentado pelo Decreto nº 85.110 de 1980, mas
teve suas bases legais garantidas através da Lei nº 6.368 de 1976 (antiga Lei de
Drogas), com o intuito de tratar os problemas relacionados às drogas com o mesmo
entendimento que se tinham até então.
Além do CONFEN, junto foram criados os Conselhos Estaduais de
Entorpecentes - CONENS e os Conselhos Municipais de Entorpecentes – COMENS.
(MACHADO; MIRANDA, 2007), Segundo Machado e Miranda (2007), o CONFEN:
21

[...] era composto por representantes dos vários Ministérios (Justiça, Saúde,
Educação e Cultura, Previdência e Assistência Social, Fazenda e Relações
Exteriores), por um representante do Departamento da Polícia Federal, um
da Vigilância Sanitária, um jurista escolhido e designado pelo Ministério da
Justiça e um médico psiquiatra escolhido pela Associação Médica Brasileira
e designado pelo Ministério da Justiça. A princípio, abordava apenas
questões relativas às drogas ilícitas, mas, ainda na década de 1980, passou
a abordar também questões relacionadas às drogas lícitas.

Á frente da série de problemas relacionadas às drogas, o primeiro


posicionamento do CONFEN se explicita no artigo 4º do decreto que instituiu os
conselhos, o qual estabelecia que os objetivos do CONFEN fossem:
[...] propor a política nacional de entorpecentes, elaborar planos, exercer
orientação normativa, coordenação geral, supervisão, controle e fiscalização
das atividades relacionadas com o tráfico e uso de entorpecentes e
substâncias que determinem dependência física ou psíquica (MACHADO;
MIRANDA, 2007, p. 38).

Verifica-se que as finalidades das primeiras ações do CONFEN estavam


direcionadas para as técnicas de repressão e criminalização do uso e tráfico de
drogas, sem ainda ter estabelecido a distinção entre usuário e traficante. O CONFEN
começou a fomentar ações voltadas à assistência à saúde dos usuários de drogas,
rompendo com o movimento antidrogas, o qual se iniciou uma mudança no final da
década de 80.
Segundo Machado e Miranda (2007), a alteração do ponto de vista do
CONFEN fez com que uma nova visão sobre o problema das drogas fosse
introduzidos, a qual incluía as práticas prevenção ao uso de drogas, efetivação de
tratamento diferenciado aos usuários de drogas, atenção e cuidado aos familiares,
além do incentivo de pesquisas direcionadas a Redução de Danos.
No ano de 1998, o Brasil inicia a efetiva implantação de uma política
nacional específica sobre a redução da demanda e da oferta de drogas. As primeiras
medidas foram tomadas, depois da realização da XX Assembléia Geral Especial das
Nações Unidas, que discutiram sobre os princípios que norteavam a redução da
demanda. Foi a partir de então que o Conselho Federal de Entorpecentes –
CONFEN tornou-se o Conselho Nacional Antidrogas – CONAD, no mesmo momento
também foi criada a Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD.
22

Em 2002, foi instituída a Política Nacional Antidrogas – PNAD – através do


decreto nº 4.345 de 26 de agosto de 20024. Mas em 2003, o presidente que estava
em efetivo exercício, Luiz Inácio Lula da Silva, apontou a necessidade de construção
de uma nova Agenda Nacional para a redução da demanda de drogas no País, que
viesse a contemplar três pontos principais, quais sejam: a integração das políticas
públicas, visando ampliar o alcance das ações; a descentralização das ações em
nível municipal com o intuito de facilitar o controle e a redução da demanda, de
acordo com a realidade de cada município; e o estreitamento das relações com a
sociedade e com a comunidade científica.
Com as transformações sociais, políticas e econômicas pelas quais o Brasil
vinha passando na época, foi necessária a reavaliação e atualização dos
fundamentos dessa Política Nacional Antidrogas – PNAD. Onde, através do
processo de realinhamento e atualização da política, em 2005, a Política Nacional
Antidrogas teve seu nome modificado e ocorreram outras disposições da política
balizadora das ações no âmbito da prevenção, tratamento, reinserção social e
repressão ao tráfico.
Hoje é chamada de Política Nacional sobre Drogas, embora continue com a
mesma sigla (PNAD) e tem como princípio a redução de danos. Essa mudança,
aparentemente de maneira semântica, representou o desejo de reverter o foco da
antiga PNAD, que trazia como principal motivação a guerra às drogas, e de resgatar
o usuário nessa discussão.
Em 2006, a Lei n° 11.343/2006 (Atual Lei de Drogas), que instituiu o Sistema
Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD foi aprovada, deixando para
trás uma lei arcaica, totalmente em desconformidade sociais e avanços científicos
sobre drogas.
A referida Lei de Drogas fez com que o Brasil se destacasse no âmbito
internacional ao criar o SISNAD e estabelecer medidas para prevenção do uso
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas.
Vale destacar que a Lei n° 11.343/2006, concilia as Leis 6.368/1976 (Lei de
Entorpecentes) e 10.409/2002 (Lei Antidrogas) e as revoga a partir de sua
publicação. Um dos pontos principais dessa nova lei é a distinção em seus

4
DECRETO Nº 4.345, DE 26 DE AGOSTO DE 2002. Institui a Política Nacional Antidrogas e dá
outras providências.
23

dispositivos entre a figura do traficante e a do usuário/dependente, que passam a ser


apenados de forma diversa.
O Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, regulamentado
pelo Decreto nº. 5.912 de 2006, de acordo com o artigo 5º da Lei de Drogas, têm os
seguintes objetivos:
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a torná-lo menos
vulnerável a assumir comportamentos de risco para o uso indevido de
drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos correlacionados;
II - promover a construção e a socialização do conhecimento sobre drogas
no país;
III - promover a integração entre as políticas de prevenção do uso indevido,
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de
repressão à sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas
públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União, Distrito Federal,
Estados e Municípios;
IV - assegurar as condições para a coordenação, a integração e a
articulação das atividades de que trata o art. 3 o desta Lei.

O Conselho Nacional Antidrogas, através da Lei nº 11.754 de 2008, passou a


ser chamado de Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas - CONAD. A referida
Lei também modificou o nome da Secretaria Nacional Antidrogas para Secretaria
Nacional de Políticas sobre Drogas – SENAD, secretaria que comanda a política
pública brasileira sobre drogas.
Essa mudança histórica estava esperada desde quando Política Nacional
sobre Drogas foi realinhada, em 2004, trazendo um progresso nas políticas públicas
no Brasil.
O CONAD é um órgão regulamentar, de deliberação coletiva do SISNAD,
vinculado ao Ministério da Justiça. Suas as ações são descentralizadas por meio de
Conselhos Estaduais e de Conselhos Municipais.
Sobre a estrutura do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas –
SISNAD observa-se:
24

Figura 1 - Estrutura do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas – SISNAD

.
Fonte: SENAD, 2017.

A função do SISNAD é o desenvolvimento das atividades de repressão ao uso


e ao tráfico de drogas ilícitas, assim como para ações de prevenção, tratamento e
reinserção dos usuários de drogas ao meio social. Neste contexto, o Ministério da
Justiça tornou-se o órgão central e a Polícia Federal o órgão executivo das
intervenções de repressão ao uso. (MOTA, 2011). Em quanto, a Secretaria Nacional
Antidrogas (SENAD) foi instituída como o órgão executivo para as ações de
prevenção e tratamento (MACHADO; MIRANDA, 2007).
Considerando que após a aplicação da Lei 11.343/2006, o nível de
encarceramento, em relação às drogas, no País aumentaram, é necessário avaliar
esse ponto.
25

5 DO ENCARCERAMENTO RELACIONADO ÀS DROGAS NO BRASIL

O Brasil é um dos países que tem o maior número de pessoas encarceradas


no mundo e, conforme entendimento de especialistas, esse é um dos poucos dados
conhecidos sobre o sistema penitenciário brasileiro. Já que, desde 2014, o Ministério
da Justiça não divulga informações sobre a população dos presídios no país
(Mendonça, 2017).
Desse modo, os dados mais atualizados sobre a população carcerária
brasileira é o levantamento feito pela equipe de reportagem do G1, que considerou
os dados atuais tanto dos governos estaduais como dos tribunais de Justiça do país.
Vale ressaltar, que o levantamento feito em 2014 com coleta de dados de
2013, são os últimos dados oficiais, divulgados pelo Ministério da Justiça, em 2016.
Visto isso, comparando o último levantamento oficial, com o levantamento
feito pelo G1, em 2017, percebe-se que, a população carcerária presa por tráfico de
drogas, subiu de 23,7% para 32,6% em 4(quatro) anos, além do número de presos
pelo crime da Lei 11. 343/06ter passado 480%, conforme se vê no gráfico abaixo.
(Clara Velasco, Rosanne D'Agostino e Thiago Reis, G1, 2017).

Figura 2 - Gráfico de presos por tráfico de drogas

Fonte: Infopen, governos estudais e tribunais de justiça, 2017.

Conforme demonstrado pelo gráfico acima, em 2006, ano em que a atua lei
de drogas começou ser aplicada, contavam-se, nos presídios do país, 45.133 presos
26

por tráfico de drogas. Esse número passou, em 2013, para 138.366, e em 2017,
estima-se 182.779 de pessoas presas por tráfico de drogas no país.
Segundo Valdir Silveira (2017), Coordenador Nacional da Pastoral Carcerária,
em entrevista à Rádio nove de Julho, da arquidiocese de São Paulo, é perceptível a
mudança do perfil dos presidiários e vai mudar cada vez mais, já que quem se
encontra presos, são os usuários de drogas e pequenos traficantes, e, até mesmo,
os indivíduos que foram presos por crime de pequeno porte, por conta da droga.
No mesmo sentido, O defensor Público, Vitore Maximiano, em entrevista dado
ao G1 (São Paulo, 2017), concluiu que alguns motivos contribuíram para o acelerado
avanço dos presos por tráfico de drogas, já que as investigações nesses casos, não
possuem critérios objetivos para a distinção entre o usuário de drogas e o traficante,
ficando ao policial que fez a ocorrência e ao juiz, o papel de definirem.
Ainda enfatiza que o Brasil, tem prendido de forma excessiva, pessoas
primárias e, que muitas vezes cometeram crimes sem violência, mesmo sabendo
que esses indivíduos são a parte mais frágil da situação. O que as pessoas precisam
enxergar é que prender não é a única solução, já que há inúmeras medidas
cautelares que podem ser aplicadas através de um processo justo e eficaz.
Analisando os casos e cenas terríveis de rebeliões, decapitações e mortes,
quem ocorreram e vem ocorrendo no país, percebe-se que o excesso de pessoas
encarceradas vem colaborando para o aumento, ainda mais, da violência.
Seguindo o mesmo raciocínio, na mesma entrevista, Valdir Silveira, diz que
reconhecer que grande parte da população carcerária, hoje, são usuários de drogas,
certamente vai melhorar a situação dos presídios do país. E, ao contrário do que se
pensa, no presídio há drogas.
Visto isso, é necessário fazer-se uma breve análise do art. 28 da Lei
11.343/065, que tipifica a “posse de droga para consumo pessoal”.
Diferente do que noticiam e tentam fazer acreditar, a conduta de quem
“adquire, guarda, tem em depósito, transporta ou traz consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar” não foi descriminalizada.

5
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas:
27

As condutas acima mencionadas, conforme se verifica na Lei n.º 11.343/2006,


foram tipificadas como crime, já que as mesmas estão situadas no Capítulo III, do
Título III, tratando-se “DOS CRIMES E DAS PENAS”.
Além disso, nota-se que ao final do caput do art. 28, encontra-se explicito o
termo pena, in verbis:
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes pena.

A Lei 11.343/06 confirma a manutenção da conduta como criminosa, quando,


ao invés de possibilitar tratamento sanitário ao caso, o legislador definiu que quem
possuir a droga para consumo pessoal deve ser apenado.
Nota-se que, mesmo que as condutas descritas no caput do artigo 28 da Lei
de drogas sejam tipificadas como crimes, o art. 1º da lei de Introdução ao Código
Penal leciona que “considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de
reclusão ou detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com
a pena de multa”, assim sendo, as condutas do artigo 28 da Lei de drogas, não se
enquadrariam a crime, já que as penas cominadas a esses tipos penais são diversas
de reclusão e detenção.
Com base nessa questão, alguns doutrinadores, entre eles o professor Luiz
Flávio Gomes, passaram a sustentar a tese de que teria ocorrido
à descriminalização do porte de drogas para consumo pessoal, isso porque, apesar
de não ter se passado a considerar tal conduta como lícita, a descriminalização teria
ocorrido do mesmo modo, já que as sanções tipificadas no artigo 28 da Lei
11.343/06, não mais se amoldariam à previsão do artigo 1º da Lei de Introdução ao
Código Penal.
Segundo Luiz Flávio Gomes, o artigo 28 trazia a descriminalização da
conduta, apresentando-se como uma infração penal, diferente das já admitidas no
ordenamento jurídico. Assim sendo, o critério classificatório dicotômico da infração
penal, passaria a ser classificado como tricotômico formado por Crimes,
contravenções e infrações penais sui generis6.
Pois bem, a tese mencionada foi rebatida pelo Supremo Tribunal Federal, que
concluiu que o artigo 28 da atual Lei de Drogas, não foi uma descriminalização, e

6
Sui generis. É uma expressão em latim que significa "de seu próprio gênero" ou "único em sua
espécie". Muita utilizada no Direito, ela indica algo que é particular, peculiar, único.
28

sim uma despenalização da conduta do usuário e que o artigo 28 trouxe novos


critérios para a configuração do conceito de crime.
Pode se verificar, través do arresto abaixo que o Superior Tribunal de
Justiça acompanha o entendimento de que a nova lei de drogas trouxe a
despenalização:
HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES.
CONDENAÇÃO. (…). COMETIMENTO ANTERIOR DO CRIME DE POSSE
DE ENTORPECENTE PARA USO PRÓPRIO. ABOLITIO CRIMINIS. NÃO
OCORRÊNCIA. MERA DESPENALIZAÇÃO. CONDENAÇÃO DEFINITIVA
ANTERIOR. REINCIDÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. (…). 1. As instâncias
ordinárias adotaram fundamentos concretos para justificar a exasperação da
pena-base acima do mínimo legal, não parecendo arbitrário o quantum
imposto, tendo em vista a quantidade e a natureza das drogas apreendidas
– 13 porções de crack (109 g) e 4 porções de maconha (44 g) – (art. 42 da
Lei n.º 11.343/2006). 2. Esta Corte, na esteira do posicionamento perfilhado
pelo Supremo Tribunal Federal (Questão de Ordem no Recurso
Extraordinário n.º 430.105-9/RJ), consolidou o entendimento de que, com o
advento da Lei n.º 11.343/2006, não ocorreu a descriminalização (abolitio
criminis) da conduta de posse de substância entorpecente para consumo
pessoal, mas, tão somente, a mera despenalização, pelo fato de o art. 28 da
Lei n.º 11.343/2006 não impor pena privativa de liberdade ao usuário de
drogas. 3. Comprovada a existência de condenação definitiva anterior pela
prática do delito previsto no art. 28 da Lei n.º 11.343/2006, não é possível a
aplicação da causa especial de diminuição prevista no § 4.º do art. 33 da Lei
n.º 11.343/06, haja vista que o paciente não preenche os requisitos legais,
porquanto é reincidente. 4. (…). (HC 299.988/MG, Rel. Ministra MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 01/09/2015,
DJe 17/09/2015).

Ainda sobre esse entendimento, vale destacar o julgamento do Recurso


Extraordinário 635.659, em que se discute no Supremo Tribunal Federal - STF sobre
a inconstitucionalidade ou não da criminalização da conduta de porte de drogas para
consumo próprio, previsto no artigo 28 da atual Lei de Drogas.
Até agora, apenas três ministros votaram, entre eles o relator do caso,
ministro Gilmar Mendes, o ministros Edson Fachin e o Luís Roberto Barroso, que
votaram pela inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas. Segundo o relator,
“a criminalização estigmatiza o usuário e compromete medidas de prevenção e
redução de danos.”.
Em seu voto, o ministro Luís Barroso considerou inconstitucional a posse de
pequenas quantidades de drogas por razões práticas e jurídicas. Na prática,
mencionou sobre o fracasso da atual política de drogas do país, o elevado custo do
encarceramento e os prejuízos que a política proibicionista trouxe para a saúde
pública.
29

Para Barroso, juridicamente falando, a proibição do porte de drogas para


consumo próprio, fere a autonomia individual, o direito à privacidade, e, sobretudo, a
nítida desproporcionalidade no que se refere o rigor da punição e a conduta
praticada, que não atinja terceiros juridicamente. “Afigura aplausível a alegação de
que a conduta praticada pelo paciente se amolda, em tese, ao artigo 28 da Lei de
Drogas. Dispositivo cuja constitucionalidade está sendo discutida pelo Plenário do
Supremo Tribunal Federal”, garantiu o ministro.
O julgamento começou em agosto de 2015, porém está suspenso por pedido
de vista do ministro Teori Zavascki (que morreu em janeiro de 2017), mas o pedido
de vista foi herdado pelo ministro Alexandre de Moraes, que até o momento não
liberou o processo para o plenário.
No que se refere ao dependente de drogas (viciado), a Lei 11.343/06, atual lei
de drogas, é conclusiva ao entender que, o dependente não possui discernimento
algum, que considere ser capaz aos atos da vida civil. Visto isso, o dependente
químico é isento de culpa, quando comprovado que ao tempo do fato o agente era
incapaz de entender o caráter ilícito da conduta, conforme prevê o artigo 45 da
referida lei:
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob
o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao
tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal
praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força


pericial, que este apresentava à época do fato previsto neste artigo, as
condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na
sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado.

É notório que, com a vigência da Lei 11.343/2006 que institui o Sistema


Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD e define medidas para a
prevenção do uso, atenção aos usuários e dependentes e repressão à produção e
tráfico, tem crescido o indiciamento e o aprisionamento em massa, tipificados como
traficantes sem qualquer diferença, mesmo que fossem apenas usuários.
Segundo o artigo 28 da Lei 11.343/2006, somados ao artigo 6º da Lei
10.216/20017, o juiz deverá determinar, ao Poder Público, que coloque,
gratuitamente, à disposição do infrator, estabelecimento de saúde, preferencialmente

7
Art. 6°. A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que
caracterize os seus motivos.
30

ambulatorial, para tratamento especializado. Porém, o que os Tribunais têm


determinado, é internações de caráter compulsório em Hospital de Custódia e
Tratamento Psiquiátrico.
Visto isso, tornam-se necessários estudos, pesquisas, além das
intervenções, para que se saiba o que realmente esses indivíduos estão sendo
sujeitados, o tipo de assistência, as práticas e das diversas dimensões institucionais
e jurisdicionais importantes.

5.1 Do instituto da internação compulsória

Antes de adentrar no tema internação compulsória e o seu emprego como


tratamento da dependência química, faz-se necessária o conhecimento da reforma
Psiquiátrica através da Lei 10.216/2001. De forma resumida, a referida norma
representou um progresso no âmbito da saúde mental, já que reformulou o modelo
manicomial que trazia um histórico de descaso aos direitos humanos, além de
inúmeras denúncias sobre violência (Fortes, 2010).
A Lei 10.216que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental, entrou em vigor em 09 de abril de 2001.
Apesar de essa lei ter surgido representando um avanço no campo da saúde
mental, dispondo sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de
transtornos mentais e redirecionado o modelo assistencial e saúde, seus dispositivos
ainda mantém a existência do hospital psiquiátrico.
Vale ressaltar que a dependência química encontra amparo nessa legislação,
já que ela é considerada uma síndrome, apresenta um quadro clínico, e está
classificada no Código Internacional de Doenças - CID e no Manual Estatístico de
Doenças - DSM, sendo, por isso, vista como uma doença mental que altera e
prejudica o desempenho mental do indivíduo (Freitas, 2010).
Visto isso, a internação compulsória é um dos recursos de tratamento
estabelecidos pela Lei 10.216/2001, conforme se prevê em seu artigo 6º, Inciso III,
sendo necessária ser decretada por um juiz competente, “que levará em conta as
31

condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos


demais internados e funcionários. ”8.
Conforme a legislação mencionada, a internação voluntária ou involuntária
deve seguir alguns critérios para sua aplicação, conforme disposta no artigo 8°, “será
autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina
(CRM) do Estado onde se localize o estabelecimento” e, em seu primeiro parágrafo
determina que a internação involuntária, assim com como a sua alta, devem ser
precedidas de comunicado ao Ministério Público Estadual, no prazo de setenta e
duas horas.
O fim da internação involuntária é determinado no segundo parágrafo do
artigo 8º, onde diz que deverá ser feito através de solicitação escrita do familiar,
responsável legal ou, pelo responsável técnico pelo tratamento do internando,
conforme se vê a baixo:
Art. 8o A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por
médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM
do Estado onde se localize o estabelecimento.
§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e
duas horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo
responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo
esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.
§ 2o O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do
familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista
responsável pelo tratamento.

A Lei n. 10.216/2001, em seu artigo terceiro, diz que “o desenvolvimento da


política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos
portadores de transtornos mentais, será prestada em estabelecimento de saúde
mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em
saúde aos portadores de transtornos mentais.”.
Considerando que, somados ao art. 28 do Código Penal e art. 6º da Lei
10.216/2001, em que os Tribunais têm determinado, em caráter compulsório,
internações em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, alas psiquiátricas e
prisões, as medidas adotadas pelo hospital de custódia no sistema penitenciário do
Estado do Pará, devem ser observadas.

8
Art. 9° A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz
competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à
salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários.
32

5.2 Do hospital de custódia e tratamento psiquiátrico no Pará

A instituição responsável pelo planejamento, coordenação, implementação,


fiscalização e execução da custódia, reeducação e reintegração social de pessoas
presas, internadas e egressas, em cumprimento ao disposto na lei de execução
penal, Lei nº 7.210/1984, é a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará –
SUSIPE, criada pela Lei nº 4.713/1977, transformada em Autarquia pela Lei nº
6.688/2004, dotada de autonomia administrativa e financeira, vinculada à Secretaria
de Estado de Segurança Pública – SEGUP (SUSIPE, 2015).
Após a verificação do incidente de insanidade mental, que acontece no
decorrer do processo de conhecimento, via laudo pericial, a qual constata a
periculosidade do agente, a segregação desse indivíduo, antes da vigência da Lei
antimanicomial (Lei 10. 216/2001) “ocorria em uma penitenciária comum, onde era
internado em uma ala específica, reservada para os portadores de doença mental,
mas sem qualquer atenção especial à enfermidade apresentada”. (Thais Barroso,
2015).
A criação do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico – HCTP do Pará,
nos estado do Pará ocorreu em 2005, até então, a execução das medidas de
segurança, adotavam a mesma organização das penas privativas de liberdade,
porém, eram executadas em setores diferentes dos presos comuns. (Barroso, 2015).
Os internados em estabelecimento penal comum tinham o suporte do Hospital
das Clinicas, sempre que os indivíduos que estavam sujeitos à medida de segurança
apresentavam surtos psicóticos. O internado que precisasse ser encaminhado para
atendimento no Hospital das Clínicas, era transportado em uma viatura comum,
acompanhado por um agente prisional, e quando não havia disponibilidade de
transporte, o interno permanecia em uma cela isolada, até que estivessem
garantidos, tanto a vaga no hospital como a chegada do transporte.
Esse tipo de atendimento, só acontecia quando os internados surtavam, já
que em dias normais, as unidades prisionais do Estado, não ofereciam uma equipe
médica especializada para tratar cada caso, além disso, não havia medicamentos
para um tratamento adequado.
A realidade geográfica e econômica, do Estado do Pará, fez com que o
Sistema Penal, enxergasse a necessidade da criação de um lugar específico para
acomodar os internos, sujeitos à medida de segurança, apartados da prisão comum,
33

momento em que a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará – SUSIPE


deu início ao cumprimento das determinações do Decreto nº 1132/1903, que
reorganiza a assistência a alienados, indicando o acolhimento e a reunião dos
internos no antigo presídio feminino.
E, mesmo diante da carência de estrutura e de equipe técnica especializada,
a custódia desses internos no antigo presídio feminino, ocorreu no ano de 1999. Em
vista às dificuldades no tocante a saúde dos apenados, inclusive os que aguardavam
a conclusão do laudo pericial na condição de “louco provisório”, a SUSIPE
manifestou-se para a criação do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico -
HCTP no Complexo Penitenciário da Vila de Americano, no município de Santa
Izabel - PA.
O Convênio-firmado entre o Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN e
o Governo do Estado tinham como objetivo inicial a criação de um centro de
atendimento médico-hospitalar aos internados, tendo os indivíduos com distúrbios
mentais como público alvo imediato, evitando, desse modo, os transtornos causados
pelo transporte e pelo atendimento médico comum.
O documentário “Crônicas (Des)Medidas” (2015), produzido no estado do
Pará, mostra a realidade atual do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico -
HCTP do Pará, que fica localizado no complexo penitenciário de Americano,
município de Santa Isabel do Pará.
Segundo André Luiz, Superintendente do Sistema Penitenciário do Pará, o
HCTP do Pará é um estabelecimento prisional que foi construído com recursos do
convenio do Departamento Penitenciário Nacional, hoje ele tem um cenário de
superlotação, visto que, tem capacidade de 83 leitos, e até 2015 contava com mais
de 200 pessoas custodiadas.
Paradoxalmente o Estado do Pará foi o único Estado da Federação que
inaugurou o HCTP, em 2005. Na “contra maré” de tudo que vinha se lutando para se
colocar a pessoa no meio aberto em ambientes mais sociáveis com experiências
realmente palpáveis de outros Estados que estavam vivenciando outra prática. (Dr.
Claudio Rendeiro – Juiz de Direito TJE-PA).
O grande problema da internação é que ela esta fundada na periculosidade,
ou seja, a culpabilidade é o que a pessoa fez e vai responder a uma pena porque
cometeu algum crime, já a periculosidade é o que ela pode vir a fazer e isso gera
distorções históricas, porque o que é que se tem hoje? A pessoa que é submetida à
34

medida de segurança não é nem interrogada pelo Juiz, então será se ele é um
sujeito de direito?
O absurdo é maior que olhando para a Lei de Execuções Penais e para o
Código Penal ainda hoje no Brasil vigora a necessidade da confecção de um laudo
de cessação de periculosidade para essas pessoas deixarem o espaço de
segregação no HCTP.
O juiz, Claudio Rendeiro, ressalta que é completamente a favor de qualquer
Política Antimanicomial, porque sabe que os HCTP’s são verdadeiros manicômios.
Hoje se tem uma Lei Federal (10.216/2001) que precisa ser efetivada, já que ela dá
todo o direcionamento para o tratamento dessas pessoas fora do ambiente de
cárcere, porque o HCTP é um ambiente de encarceramento, conclui o juiz.
Outro problema do HCTP-PA é a desinternação, considerando que a maioria
dos internados não tem família presente e nem para onde ir. Há casos em que não
há pessoas da família para receber o custodiado lá fora, por isso ele acaba ficando
no HCTP por muitos anos. Hoje o estado tem uma Residência Terapêutica, que fica
na Capital do Estado, bairro da Marambaia, a própria Lei antimanicomial dá um
direcionamento para as casas terapêuticas, porém infelizmente essa casa só
comporta oito pessoas.
Alguns usuários (os que estão a mais de 20 anos) são encaminhados para o
CAPS Renascer, que também fica localizado na Capital Paraense, bairro do Marco.
A população do HCTP antes era especifica para aplicação da medida de
segurança de pessoas portadoras de transtornos mentais, porém no decorrer dos
anos essa população foi modificando. De 220 internos, apenas 74 estão
efetivamente cumprindo medida de segurança por transtornos mentais e o restante
(146 internos), são os dependentes de drogas, chamados de “drogaditos”.
Segundo Cleiton (exinterno do HCTP), aquele lugar não deveria existir, “é um
local de tortura psicológica total”. Ele explica que quando o internado chega ao
HCTP ele vai para um setor de triagem e pode ficar lá de uma semana a três meses,
nesse setor o internado fica em uma sala sem roupa e ainda dorme no chão, de lá
eles são submetidos à outra área (se estiver apto a sair do setor de triagem –
comportamento) chama de bloco, setor que contem quatro alas A, B, C e D, um
corredor central e as celas.
35

“Lá dentro dizem que é um hospital, mas só o que tem lá são enfermeiros”,
não há médicos efetivos no HCTP, apenas um que vai de vez em quando para
atender toda a demanda.
O que se pode notar é que o efetivo “tratamento” oferecido pelo HCTP, desde
sua criação, é, lamentavelmente, diverso do que dispõe a política de Saúde Mental,
assim como o que prevê a Lei nº 10.216/2001, quer seja, o direito de ter à presença
médica, em qualquer tempo, ser tratado em setores diversos da prisão e, acima de
tudo, desenvolver uma política de saúde mental com a participação da família e da
sociedade.
Na avaliação de Mauro Aranha (2016), os hospitais de custódias ainda se
remetem à prisão e não ao tratamento de transtornos mentais. “A medida de
segurança com internação corresponde a uma prisão perpétua praticamente”.
Para Aranha (2016) “como os hospitais de custódia têm tratamentos sem
eficácia, sem atendimento multidisciplinar adequado, sem projetos de reinserção
social, os pacientes – não sendo tratados – ficam [internados] anos a fio, muito mais
do que alguém que cometeu um delito criminoso”.
Segundo o psiquiatra forense, Guido Palomba (2016), de um modo geral, o
sistema penitenciário do Brasil, “está falido”. “Sejam hospitais de custódia, sejam
penitenciárias, sejam casas de detenção, tem umas que são absolutamente
pavorosas. Os hospitais de custódia não fogem à regra de penúria em que se
encontra o sistema penitenciário brasileiro”.
Para presos com transtornos mentais, a melhor direção são os Centros de
Atenção Psicossocial - CAPS, unidades do Sistema Único de Saúde - SUS, já que o
tratamento é ambulatorial. “Essas pessoas precisam ser tratadas enquanto uma
questão psíquica, enquanto uma questão de álcool e outras drogas, com redução de
danos. Militamos pela redução de danos, pelo tratamento em liberdade, porque, se
essas pessoas têm transtorno mental, elas têm direito de ser cuidadas
humanamente”, afirmou o psiquiatra.
Mas, o que seria redução de danos? É um “conjunto de políticas públicas
ligadas ao enfrentamento dos problemas relacionados ao uso de drogas, como a
disseminação de doenças e a degradação humana dos usuários”. (Procuradoria
Federal dos Direitos do Cidadão).
36

6 DAS POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS NO ESTADO DO PARÁ

A política Estadual sobre Drogas do Estado do Pará foi instituída em 24 de


junho de 2009 através do Decreto nº 1.763, pela Governadora do Estado em
exercício na época, Ana Júlia de Vasconcelos Carepa, assim como todas as
Políticas Estaduais, tem como regra fundamental de organização e funcionamento a
Política Nacional sobre Drogas e nas resoluções consentidas pelo Conselho
Estadual sobre Drogas e pelo Fórum Paraense de Resolução de Danos.
Assim como, qualquer outra política pública, a política estadual sobre drogas
do Estado do Pará envolve diversas áreas como a da saúde, educação, assistência
social, justiça, segurança pública, entre outros. Visto que, não se pode tratar de um
problema que aflige todos os campos da sociedade, de uma forma centralizada,
pois, o uso abusivo de drogas psicoativas traz prejuízos enormes em todos esses
campos citados a cima.
A política Estadual sobre drogas do Estado do Pará tem como objetivo
principal, a sensibilização e a movimentação da sociedade paraense a respeito dos
prejuízos sociais e as decorrências negativas concebidas pelo uso e abuso do álcool
e outras drogas psicoativas, e, reduzir as sequelas na saúde e sociais decorrentes
do uso abusivo dessas drogas para o indivíduo e a sociedade em geral, através da
implantação de programas, ações e atividades voltados à redução da demanda,
seguido de seu acompanhamento e avaliação, a criação de estratégias que visem à
cooperação entre os governos, entre outros.

6.1 Do Conselho Estadual Sobre Drogas – CONED/PA

O Conselho Estadual sobre Drogas – CONED/PA, também foi criado em 24


de junho de 2009 pelo Decreto nº 1.763, é um órgão colegiado e autônomo, mas
está vinculado à secretaria de Justiça de Direitos Humanos– SEJUDH que fica
localizado na Capital Paraense.
A principal finalidade do Conselho é criar as diretrizes da política estadual
sobre drogas, ou seja, formar as instruções necessárias para o desenvolvimento de
programas, ações e atividades nas áreas de prevenção, tratamento e reinserção
social, fiscalização e redução de oferta de drogas.
37

Suas principais competências, além de propor a política estadual sobre


drogas no Estado, é a promoção de pesquisas e levantamentos sobre os aspectos
da saúde, educação, social, cultural e econômica que sucedem pelo consumo e pela
oferta de drogas lícitas e ilícitas, onde, permitem uma análise apta para dar uma
direção precisa às políticas públicas sobre drogas, e incentivar e apoiar a
implantação de Conselhos Municipais sobre Drogas - COMAD em diversas cidades
Paraenses.
Até o fim de 2016 o CONED/PA era composto por 22 conselheiros titulares e
22 suplentes, sendo esses, 11 representantes de órgãos públicos e 11 da sociedade
civil organizada.
Segundo o anterior Presidente do CONED/PA, Dr. Walmir de Almeida
Gomes, até o fim de 2016, foram criados 3 (três) Conselhos Municipais sobre
Drogas - COMAD, nos municípios de Belém, Abaetetuba e Paragominas, 2 (dois)
COMAD’s aprovados nos municípios de Capanema e Bragança, 3 (três) em
tramitação nos municípios de Santa Bárbara, Ponta de Pedras e São Miguel do
Guamá e mais 2 (dois) municípios, Santa Maria e Castanhal, em fase de
sensibilização.
Informou também, o presidente, que a maior dificuldade na criação dos
conselhos municipais sobre drogas é a rejeição das prefeituras do estado, em sua
maioria, pois as mesmas acham que com a implantação do COMAD, o município
terá mais despesas e responsabilidades a serem cobrados, por isso, seus
representantes não se empenham para a criação de seu Conselho.

6.2 Da Coordenadoria de Prevenção, Tratamento e Redução de Danos de


Consumo de Drogas – CENPREN

A Coordenadoria de Prevenção, Tratamento e Redução de Danos de


Consumo de Drogas – CENPREN, criada pela Lei n° 7.029, de 30 julho de 2007, tem
suas ações reguladas no artigo 15 do Decreto n° 1.763 de 24 de junho de 2009 que
trata da Política Estadual sobre Drogas e no Regimento interno da Secretaria de
Justiça e Direitos Humanos – SEJUDH - PA - Decreto n°1.602/2009 em seu Art.23,
incisos I e II.
A Coordenadoria de Prevenção e Redução de Danos é responsável pela
execução da política estadual de atividades voltadas à prevenção e redução de
38

danos do consumo de álcool e outras drogas, incumbindo-lhe o planejamento e


execução de ações voltadas à educação, promoção de campanhas estaduais,
capacitação de agentes multiplicadores, atendimento psicossocial, oficinas e
atividades culturais, técnicas e esportivas.
É responsável também pela efetivação e execução das ações aprovadas
pelo Conselho Estadual sobre Drogas. Cabendo a SEJUDH beneficiá-la com
recursos para colocar em prática a política estadual.
A sua organização baseia-se na legislação de políticas sobre drogas e se
dividem por eixos, quais sejam: primeiro eixo - educação e formação, onde entram
os seminários intersetoriais, realizados esse ano na escola de governo, os
seminários são preferencialmente para quem trabalha na área relacionada a drogas;
segundo eixo - atendimento à demanda de justiça, nesse eixo é trabalho através do
programa chamado de Programa Educativo sobre Drogas - PED, que se diferencia
de acordo com cada faixa etária, quer seja: o PED adulto e PED para jovens e
adolescentes.
O PED adulto é exclusivamente para os indivíduos encaminhados pelas
varas penais, que utilizam o programa como cumprimento de pena, esse programa é
também, somente para aqueles que não se enquadram como traficante, sendo
obrigatória a participação nesse programa educativo.
O PED jovem atende jovens e adolescentes encaminhados de escolas do
governo, da FASEPA, do CRAS e aberto para o público jovem e adolescente que de
forma espontânea queiram participar do programa, com a intenção de reeducar-se
em relação ao uso abusivo de drogas. Dependendo do caso, esses jovens ou
adolescentes, passam por atendimento psicológico junto com sua família, visto que,
a prevenção sobre o uso de drogas deve ser atingida por toda família para que se
tenha um resultado satisfatório.
39

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que o uso e comercio de drogas é um dos maiores problemas


sociais da atualidade, a qual aflige as mais diversas classes sociais, idades,
escolaridades, religiões, sexos, raças e regiões do nosso país. E, infelizmente, a
capital paraense, assim como outras cidades do estado, vem enfrentando graves
problemas decorrentes do uso abusivo de drogas.
Atualmente a Lei 11.343/06 é a que cuida da questão das drogas, traçando
modelos de aplicação da despenalização do usuário de drogas e a repressão para o
traficante.
No que tange a internação compulsória, sua aplicabilidade deveria acontecer,
pois um usuário de drogas em avançado estágio de dependência não é capaz de
proteger sua própria vida, além de colocar em risco a vida dos que o cercam. Porém,
faz-se necessário a disponibilidade de locais próprios para esse tipo de internação, o
que, como já exposto, é insuficiente, devido à superlotação, falta de um efetivo laudo
de cessação de periculosidade e tratamento adequado. O Hospital de Custódia do
Estado do Pará é uma insegurança diante da garantia de direitos humanos, o
tratamento adequado para os dependentes e drogas em conflito com a lei, precisa
urgentemente ser aplicado, se é que queremos ser de fato um Estado Democrático
de Direito e não um Estado Penal que vulnerabiliza ainda mais as populações
marginalizadas.
No Estado do Pará, ver-se que há uma preocupação com os dependentes
químicos. Tanto que promulgou várias leis para tentar diminuir o consumo das
drogas, bem como o município de Belém, ao estabelecer programas vinculados com
o Estado e a União, a fim de cercar o consumo de drogas e até mesmo diminuir o
número de novos usuários que surgem a cada dia.
Mas essas normatizações acabam por se tornarem ineficientes, haja vista
que, com o avançar dos anos, aumentam ainda mais o número de novos usuários e
dependentes químicos e os projetos existentes, apesar de serem interessantes, não
conseguem atingir todo o público alvo, havendo ainda, muitas lacunas. E é
exatamente na lacuna que o traficante alcança e faz surgir um cenário de caos.
A integração entre pais, educadores e poder público se torna de extrema
importância para que a criança e o jovem saibam o que são as drogas e quais suas
consequências e não tenham a curiosidade de experimentá-la. Programas de
40

qualificação nas escolas proporcionariam um menor tempo ocioso às crianças e


jovens, retirando-os das ruas e consequentemente da vulnerabilidade. Muitas ações
foram vistas no papel. Fazem-se necessário a descriminalização do consumo de
drogas e uma efetiva funcionalidade do Hospital de custódia como tratamento para
os dependentes químicos que infringirem a Lei Penal.
41

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