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Ludovina Pinto Massingue

Práticas ritualisticas de Moçambique

Licenciatura em ensino de história

ISCED

2019
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Ludovina Pinto Massingue

Práticas ritualisticas de Moçambique

Trabalho da Cadeira de Antropologia Cultural de


Moçambique a ser apresentado no ISCED curso
de História para efeitos avaliativos

Tutor: Prof. Doutor. António Domingos Braço

ISCED

2019
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Índice

Conteúdo Página
1.Introdução .................................................................................................................. 3

1.1.Objectivos ............................................................................................................... 3

1.2.Metodologia ............................................................................................................ 3

2.Rituais........................................................................................................................ 4

2.1.Principais práticas ritualísticas da minha família...................................................... 4

2.1.1.Ritual Kutxinga/ Levirato ..................................................................................... 4

2.1.2.Lovolar cadáveres ................................................................................................ 6

2.1.3.Ku Tsivelela Mwana ............................................................................................ 7

3.Conclusão .................................................................................................................. 8

4.Bibliografia ................................................................................................................ 9
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1.Introdução
Quando se fala em tradição ou tradições, vem-nos logo a mente hábitos, costumes vivências
que pertencem a um povo e vão-se perpetuando ao longo de gerações. As gerações evoluem,
se adaptam a novas dinâmicas da vida, entram em contacto com outras gerações e outras
tradições, porque o mundo é global. Então as tradições se modernizam para acompanhar a
evolução e as transformações do mundo.
Os rituais são característicos de quase todas as sociedades humanas conhecidas, passadas ou
actuais. Eles podem incluir os vários ritos de adoração e sacramentos de religiões organizadas
e cultos, mas também os ritos de passagem de certas sociedades, como coroações, posses
presidenciais, casamentos e funerais, eventos desportivos e outros. Várias actividades que são
ostensivamente executadas para concretizar propósitos, como a execução da pena de morte e
simpósios científicos, são carregados com acções simbólicas prescritas por regulamentos ou
tradição e, portanto, parcialmente ritualísticos. Neste contexto o presente trabalho fala de
práticas ritualísticas em Moçambique com principal enfoque na minha família. Para melhor
debruçar acerca do tema estruturou-se o trabalho da seguinte forma: a presente introdução,
objectivos, metodologia, desenvolvimento, conclusão e bibliografia.

1.1.Objectivos
Geral

 Compreender as práticas ritualísticas de Moçambique com principal enfoque na minha


família

Específicos

 Identificar práticas ritualísticas da minha família


 Descrever práticas ritualísticas da minha família;
 Indicar os participantes das práticas ritualísticas da minha família;

1.2.Metodologia

Para a elaboração do trabalho baseou-se em busca de informações em idosos da família,


pesquisa de obras que versão sobre o assunto, análise de informações obtidas tendo culminado
com a compilação de informações e produção final do trabalho.
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2.Rituais
Segundo MAIER, (2007), um ritual é um conjunto de gestos, palavras e formalidades,
geralmente imbuídos de um valor simbólico, cuja performance é, usualmente, prescrita e
codificada por uma religião ou pelas tradições da comunidade.

Na perspectiva de MAPENGO (2007), ritual é o conjunto de práticas consagradas por


tradições, costumes ou normas, que devem ser observadas de forma invariável em
determinadas cerimónias.

No meu ponto de vista ritual é uma cerimónia através da qual se atribuem virtudes ou poderes
inerentes à maneira de agir, aos gestos, às fórmulas e aos símbolos usados, susceptíveis de
produzirem determinados efeitos ou resultados.

2.1.Principais práticas ritualísticas da minha família


Na minha família as principais práticas ritualisticas são: ritual Kutxinga/ Levirato, Lovolar
cadáveres e Ku Tsivelela Mwana.

2.1.1.Ritual Kutxinga/ Levirato


O ritual kutxinga ou pitha-kufa nalgumas línguas vernaculares de Moçambique equivale a
levirato que significa união entre o irmão do falecido e a viúva.

A morte também é poluente. Todos os objectos da casa ficam contaminados de ndzaka. Por
um lado ndzaka se refere a tudo o que pertencia ao morto e que passa para os seus herdeiros;
por outro, ndzaka refere-se a uma maldição que mata a todos os que se apoderam dos bens
(incluindo a mulher) do morto antes da realização do ritual e que deve
pertencer aos vadi va ndzaka, que são os herdeiros, neste caso, os filhos e irmãos mais novos.

No ritual de kutxinga participam directamente a mulher viúva, o homem escolhido para


purificar a mulher. Com papéis diferentes estão o curandeiro, que serve de intermediário entre
o falecido marido e a sua família. O primeiro, através do curandeiro, explica como quer que a
cerimónia decorra, o que é necessário para a sua realização. A família do
falecido marido é que autoriza a viúva a realizar o ritual. Participam também as massungukati,
que são mulheres mais velhas da família e/ou que passaram pelo mesmo ritual, que orientam a
viúva sobre a forma como deve se comportar e o que deve fazer durante o ritual. Na
realização do ritual procura-se guardar segredo para que possa ter sucesso.
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Aos vizinhos nada é dito e quando desconfiam, a viúva procura sempre uma
desculpa para que não percebam o que aconteceu. A pessoa nega ter feito o ritual porque há
outras que “estão dispostas a fazer mal as outras e o aceitar pode estragar o ritual.”
Na realização do ritual, prepara-se um chá que é distribuído pelos familiares do falecido
marido sem contar com os maridos das irmãs e das filhas do morto por não pertencerem à
família.

Quando se anuncia a morte do chefe da família, o tio do morto, que é o irmão do pai, ou uma
outra pessoa respeitada pela família paterna da pessoa que morreu, é indicado para explicar as
pessoas como devem se comportar durante o luto. Quando morre a mulher, por estar no lar,
geralmente a família do marido é que se responsabiliza por todas as realizações fúnebres. Este
período é dominado por interdições de relações sexuais aos membros da família, sob a
responsabilidade directa da pessoa que morreu. Também é proibida a circulação dos objectos
de um lugar para outro para que não se transporte ndzaka para uma outra casa. A violação
destas regras coloca em risco a vida dos membros da aldeia assim como da pessoa com quem
se transgrediu a regra de abstinência e o castigo pode ir de doenças como tuberculose,
hemorragias, mbatata (abcessos) ate a morte.
O período de “evitamento” sexual depende das duas fases obedecidas para a realização do
kutxinga. Uma vai até a realização do ritual oito dias após a morte e a outra que pode
coincidir com a missa de seis meses ou um ano. A primeira ocorre quando se faz ku hangalasa
xikuma (espalhar as cinzas), que é uma cerimónia para se acabar com o luto pesado,
permitindo que todos os que tiveram contacto directo com a pessoa falecida retornem às suas
vidas normais.
Depois do oitavo dia os filhos da pessoa que morreu se forem crescidos e casados, seguindo a
ordem das idades, retomam a vida sexual. Na madrugada seguinte as mulheres acordam e
preparam chá que é distribuído pelos membros da família. Se a pessoa que morreu não tiver
filhos crescidos ou casados, o irmão mais novo do falecido marido pode
fazer o ritual. Nesta cerimónia a viúva não é contemplada porque foi tomada pelo morto
durante o tempo em que viveram juntos e a impureza da morte a marca profundamente, o que
se diz a ni ntima (esta num estado negro) dai a necessidade de esperar por um ritual especial.
A segunda fase do ritual acontece seis meses depois da morte do chefe de família. Após a
realização da missa de seis meses a mulher pode pedir para ser purificada. Porém, até a data
do ritual ela está proibida de ter qualquer contacto sexual. Caso viole esta interdição, ela
assim como o homem com quem se relacionar ficam sujeitos a castigos pesados.
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Os dois podem adoecer ou morrerem porque a hisi lifu (a mulher queimou a morte), uma vez
que “nos primeiros seis meses o corpo ainda está quente”, o mesmo que a presença do morto
ainda se faz sentir.

2.1.2.Lovolar cadáveres
Nos últimos tempos tem se verificado um fenómeno na nossa sociedade: lovolar cadáveres.
Para quem não sabe, o lovolo, segundo MAIER (2007), constitui uma forma pela qual a união
entre um homem e uma mulher é socialmente reconhecida. Entre nós é conhecido como
casamento tradicional, e a actual lei de família de Moçambique prevê esse regime de
casamento.

Ora, pegando no conceito de lovolo acima apresentado, depreende-se que a união legitimada
por essa Instituição (lovolo), é entre um homem e uma mulher vivos. Todavia, conforme
referi no parágrafo anterior tem se registado o lovolo de cadáveres.

O viúvo (digo viúvo porque vivia em união de facto com a falecida, com quem tem um filho)
é obrigado pela família da esposa a lovolar o seu cadáver e transladá-lo para a sua terra natal.
Apesar de o lovolo ser visto como uma forma de legitimar a união entre um homem e uma
mulher, conforme apresentado anteriormente, importa referir que ele (lovolo) também pode
representar a ligação entre uma pessoa viva ou um grupo com o mundo espiritual
(MAPENGO, 2007).
Analisando a questão de lovolar cadáveres a luz da perspectiva de MAPENGO (2007) sobre o
lovolo, se torna perceptível a imposição de lovolar pessoas mortas se tratar-se do caso de
alguém escolhido pelos espíritos, neste caso, ancestrais do seu grupo familiar para orientar os
demais, ou para uma tarefa específica. Mas assim não se verificando, creio que estamos
perante um caso de extorsão e de oportunismo.

Digo extorsão e oportunismo, porque para além da revisão da literatura, consultei algumas
pessoas mais velhas (faixa etária entre os 50-75 anos) e perguntei se é comum o lovolo de
defuntos na nossa Sociedade. As pessoas com quem conversei informaram-me que não é
comum, e que as pessoas que obrigam o viúvo a lovolar a defunta são oportunistas, porque
quando a sua filha está em vida assumem dois tipos de comportamento: por um lado podem
cobrar valores exorbitantes para a celebração do lovolo, sem ter em consideração o ordenado
do namorado da sua filha, e por outro lado por simplesmente podem não pressionar o
namorado para lovolá-la, mas aceitam e reconhecem-no como genro.
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2.1.3.Ku Tsivelela Mwana


Este ritual faz-se ao recém-nascido três dias após a queda do cordão umbilical. Este ritual visa
por um lado inserir a criança na sociedade, e por outro lado protegê-la contra diversas
intempéries, tais como: mau-olhado, cólicas, diarreia, insónias e feitiço. De um modo geral o
ritual ku tsivelela promove um crescimento harmonioso da criança a todos os níveis.

O ritual processa-se do seguinte modo: despe-se a criança e procura-se um xirhenguele


(telhaços de panela de barro), põe-se carvão aceso no xirhenguele e coloca-se uma substância
chamada baço. A criança deve ser segurada como se estivesse numa balança, e a ervanária ou
a pessoa que dirige o ritual deve ir girando a criança de pernas abertas até ela urinar.

O facto de a criança urinar e apagar o lume é um sinal de que o ritual correu bem. Depois, a
dirigente do ritual pega numa chávena ou copo, deita água e coloca um pó extraído de uma
raiz. Ela toma desse preparado para mostrar que não é nocivo, e dá também à mãe e ao bebé.
Ainda com a criança despida, coloca-se uma pele seca de um animal enfiada numa linha de
preferência preta atravessada ao ombro da criança, para que ela não se assuste a noite, caso
veja vultos ou feiticeiros.

Após o cumprimento do ritual, são recomendados à mãe da criança alguns medicamentos e


tratamentos, nomeadamente:

 Remédio que se põe de molho e administrado à criança três vezes por dia;
 Remédio do caracol, que deve ser administrado duas vezes por dia: as 6 e as 18 horas.
 Ao dar este remédio ao bebé, a mãe deve posicionar-se na porta principal de casa,
virada ao pôr-do-sol;
 Remédio de cozer na panelinha de barro, três vezes ao dia sem hora prescrita e sempre
que a criança tiver cólicas pode ser administrado na dose de 2 colheres de chá;
 Tratamento de amarrar o botão na mão direita do bebé por tempo indeterminado para
que não tenha olhos tortos.

Os três remédios devem ser administrados em simultâneo todos os dias, durante dois anos.

O incumprimento desse período pode trazer consequências desagradáveis à criança, como:


epilepsia, demência e mau desenvolvimento psico-motor. Apesar desses remédios serem
todos importantes, importa referir que o remédio do caracol tem muita relação com as fases
lunares, uma vez que tomado de forma correcta evita a epilepsia.
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3.Conclusão

Feito o trabalho conclui-se que ritual é um processo continuado de actividades organizadas


cuja prática está relacionada a ritos, que envolvem cultos, doutrinas e seitas, encontrados não
só na vida religiosa, mas em todas as esferas culturais.

No ritual de kutxinga participam directamente a mulher viúva, o homem escolhido para


purificar a mulher. Com papéis diferentes estão o curandeiro, que serve de intermediário entre
o falecido marido e a sua família.

No lovolar cadáver o viúvo é obrigado pela família da esposa a lovolar o seu cadáver e
transladá-lo para a sua terra natal.

O ritual Ku Tsivelela Mwana processa-se do seguinte modo: despe-se a criança e procura-se


um xirhenguele (telhaços de panela de barro), põe-se carvão aceso no xirhenguele e coloca-se
uma substância chamada baço. A criança deve ser segurada como se estivesse numa balança,
e a ervanária ou a pessoa que dirige o ritual deve ir girando a criança de pernas abertas até ela
urinar.
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4.Bibliografia
MAIER, Richard (2007). Comportamento Animal: Un enfoque evolutivo y ecológico.
McGrawHill. Madrid.

MAPENGO, Policarpo. (2007). Práticas Culturais e Políticas Socio-económicas em


Moçambique: análise de ritual sexual de purificação no Município de Xai-Xai, 1926-2002.

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