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Uma antologia com as histórias de

guitarras que revolucionaram a música.


Pelo amor à guitarra!

Este livro foi feito para apaixonados por guitarra, música e histórias.

Existem sentimentos entre um Guitarreiro e a sua guitarra.


Amor, carinho, ou até raiva e desdenho.
Ela tem um nome, tem as suas marcas, seu passado, presente e futuro.

Salvá-la de um incêndio, reencontrá-la décadas depois de pensar que a tinha perdido para sempre,
enterrá-la junto com um fã, chamá-la de esposa ou fazer dela algo para se lembrar da sua mãe.

A guitarra tem alma e espírito. É muito mais do que um objeto feito de madeira.

Este livro apresenta 99 histórias de guitarras que revolucionaram a música.


Simbolicamente, a 100ª história é da guita de cada
Guitarreiro que a ama e a considera uma Guitarra Legendária.
Links rápidos

Neste eBook, você pode optar por ir rolando página por página ou então
acessar sessões do livro clicando nos links interativos a seguir:

Para retornar a esta página, clique na casinha que fica no canto inferior esquerdo.
Interatividade

Um eBook tem que ter ao menos uma vantagem em relação


ao livro tradicional impresso, e aqui está ela:
No início de cada história, coloquei um link para acessar uma música
relacionada ao Guitarreiro ou a guitarra. Você será direcionado para
o Spotify e poderá ouvir o som enquanto estiver lendo este eBook.
Aproveite!

O símbolo com o link fica no canto superior direito.

Ah... e para melhor visualizar este eBook em smartphones e tablets,


recomendo girar a sua tela
O autor e o projeto deste livro

Gian Bazzo nasceu em 1983 e, 16 anos depois, comprou a sua primeira guitarra, uma Strato branca (e
linda). Sonhou viver de música e ser “rock star”, mas nunca foi músico profissionalmente. Trabalhou em
diversas atividades, se formou em Gestão de Micro Empresas e se encontrou feliz trabalhando com
Marketing. Em setembro de 2014 fundou O Guitarreiro, um Blog de conteúdo que reuniu fãs e leitores
numa fanpage. Lançou uma loja virtual de guitarras seis meses depois, mas os negócios não se
viabilizaram e a loja encerrou as atividades antes de completar dois anos. Mesmo assim, Gian seguiu
trabalhando com música e vivendo a sua paixão por Marketing e Design. Desde os primeiros dias dO
Guitarreiro, o gosto pela escrita crescia à medida que o conteúdo do Blog era produzido, e assim a ideia
de lançar uma publicação começava a ganhar força. Mas tirar o projeto do papel não seria simples com
uma rotina densa e dias curtos, então uns dois anos depois, em 2017, as mangas foram arregaçadas,
alguns textos antigos revisados e novas pesquisas iniciadas intensivamente, para lançar o projeto e
realizar o sonho deste livro, aliando um bonito design gráfico com as mais incríveis histórias sobre
guitarras legendárias.
Um Guitarreiro
Gian ainda toca guitarra, mais por hobbie, mas sempre pensando em ter uma banda ou um projeto
musical com alguma atividade. Atualmente toca com a Five O´Clock, banda de rock instrumental
britânico. Na sua pequena coleção de instrumentos estão dois violões folk; um ukulele; uma guitarra
Strato (branca e linda, mas não a mesma de 1999); uma outra Strato, comprada em 2009 (preta, linda e
customizada - história contada a seguir); mais uma Strato, na cor creme, comprada para que o seu
braço fosse usado na customização da Strato preta e que, por fim, também foi customizada, recebendo o
nome de ‘‘Melissa II’’; e a Melissa (a I, no caso), uma guitarra comprada em 2008 e com um shape não
tradicional, customizada com captadores do Steve Morse e com o nome da sua esposa na headstock.

Fotos de Luca Lunardi, em 23/09/2017, na Loja OpenStage (Porto Alegre/RS),


durante o Lançamento da edição física do Livro ‘‘Guitarras Legendárias’’.
A ‘’There’’ Strato
No dia do Lançamento da edição física do livro ‘‘Guitarras Legendárias’’, durante o show da Five
O´Clock, uma nova guitarra foi apresentada em homenagem à Therezinha, mãe de Gian. A inspiração
foi a guita de Buddy Guy, também feita em lembrança à sua querida mãe. Buddy representa uma grande
influência para Gian, principalmente na atual fase guitarrística, onde o blues ganhou mais importância.
A velha Strato preta com quase 10 anos recebeu alguns novos componentes, um braço com escala clara
vindo de uma outra Strato, bolinhas brancas no seu corpo e foi batizada como ‘‘There’’. Para completar,
ao apresentar a guitarra, Gian pediu o autógrafo da sua mãe no verso da headstock.
Agradecimentos
Os dias com “apenas 24 horas” e os diversos compromissos assumidos por uma pessoa motivada a colocar ideias em prática
transformam um projeto como o deste livro numa verdadeira missão. Agradeço à minha adorável esposa, Melissa Sell, que dividiu o
tempo dela comigo nos finais de semana e aceitou a luz do abajur ligada enquanto eu escrevia, além de sempre apoiar as minhas
ideias, das mais sensatas às mais malucas. Sou grato aos meus pais, Nadir e Therezinha Bazzo, que sempre me ensinaram os melhores
valores, principalmente relacionados ao trabalho e à honestidade. Igualmente aos meus sogros, Carlos e Rejane Sell, por criarem a Mel
com os melhores princípios e por me terem como um filho. Ao meu irmão, Giovani Bazzo, que me trouxe para o mundo da música e me
fez tocar guitarra (mas quando o canhoto aqui pegou o violão, ele disse “é ao contrário” e, ok, me tornei destro). A todos que já tocaram
ou tocam comigo em alguma das diversas bandas (quase impossível lembrar todos). Aos Guitarreiros que foram ativos na fanpage e
no Blog, que se tornaram clientes da loja virtual de guitarras, que sentiram pelo encerramento das atividades comerciais e que, por fim,
apoiaram o projeto deste livro, em especial, Felipe Weber, dono do exemplar #0001 que comprou o livro no primeiro dia da campanha
de financiamento coletivo, e ao grande Guitarreiro Tobias Kemerich, que deu um belo empurrão numa das últimas ações para
viabilizar o projeto. A todos que tornaram as coisas mais viáveis e me deixaram mais seguro sobre a ideia comprando o livro na pré-
venda. Aos meus colegas e amigos da OpenStage, pelo dia-a-dia feliz na loja mais bacanuda da galáxia! Agradeço (e parabenizo) Luca
Lunardi, pelo excelente trabalho de fotografia realizado para O Guitarreiro desde o início, com a loja, até a capa deste livro (a guitarra
merece bonitas imagens). Igualmente ao Marcelo Koh, que participou na edição da capa deste livro, é dono da guita que serviu de
modelo para a foto da capa e ainda tem sido o principal parceiro das seis cordas na maioria das bandas que toquei. Falando em
“parceiro”, agradeço a galera da Pauleira, Paula e Fabio, amigos que foram os primeiros parceiros dO Guitarreiro e que me receberam
com carinho em Sampa; ao Rafael Sehn, talentosíssimo Guitarreiro que conheci num festival, decidi patrociná-lo e, após papos com
um bom café, virou amigão de fé e até professor de guita por uns meses; ao Felipe Messaggi, também um dos primeiros parceiros,
desde os tempos não-comerciais dO Guitarreiro, que apoiou o primeiro concurso cultural oferecendo um dos seus incríveis quadros
com mini-guitarras da Miniluthieria e que, por fim, se tornou apoiador como patrocinador deste livro; e ao Anselmo Pessoa, da
Customy Pickups, que recentemente conheci ao descobrir (via Pauleira) que ele faz captadores sensacionais, com capricho até mesmo
na embalagem, e que também se tornou apoiador como patrocinador deste livro. Um último “muito obrigado” vai, é claro, a Deus (ou
entidade divina com qualquer outro nome), que inventou o homem e o tornou capaz de criar a guitarra, e que me proporcionou saúde,
conduzindo os meus caminhos até o momento do lançamento deste livro, um dos mais importantes sonhos que estou realizando.
Créditos:
Fotos da capa e da contra capa: Luca Lunardi
Edição da foto da capa: Marcelo Koh
Arte final da capa: Gian Bazzo
Edição e aplicação de imagens: Gian Bazzo

Imagens: Gareth Cattermole (guita Hendrix, pg. 7); Baron Wolman (Jimi Hendrix, pg. 8); Corbis Images (Angus Young); Jeff Daly (Peter
Frampton); Diana Davies (Bob Dylan); Astrid Kirchherr (George Harrison, pg. 16); Paul Natkin (Bob Marley; Randy Rhoads); Andy
Sheppard (Billy Gibbons, pg. 18); Frank Driggs (Bo Diddley); Dan Erlwine (guita Albert King Lucy); Frans Schellekens (Albert King);
Joshua Gunter (Chuck Berry); Michael Ochs (Prince, pg. 25); John Peden (guita Clapton, pg. 26); Maria Chrisá (Slash); Jo Hale (Gary
Moore, pg. 34); Christie Goodwin (Joe Bonamassa; Joe Satriani); Bertrand Guay (Prince, pg. 47); Joe Beine (The Edge); Dave Collis
(Nancy Wilson); Nancy Gray (Joan Jett); Kevin Winter (Tom Morello, pg. 50); Larry Marano (Tom Morello, pg. 51); Michael Putland
(guita Les Paul, pg. 53); Jeff Yeager (Kirk Hammet, pg. 53); Derek Riggs (Eddie, mascote de Iron Maiden); Terje Bendiksby (Iommi, pg.
64); Mike Cameron (James Hetfield, pg. 63); Robert F. Bukaty (Billie Joe Armstrong); Gijsbert Hanekroot (Jimmy Page, pg. 71); Shu
Tomioka (guita Rory Gallagher); Clayton Call (Steve Morse com a Tele); Carlos Delgado (John Petrucci); Rusty Russel (guita Tele
String Bender); Eleanor Jane (Marty Stuart); Ian Dickson (John McLaughlin); Tasos Katopodis (John Mayer); John Gellman (Duane
Allman, pg. 85); Steve Morley (George Harrison, pg. 86); Adrin Snider (George Benson); Frank Micelotta (Rick Nielsen); Amy
Whitehouse (Jack White); Patrick Ford (Noel Gallagher); Tom Hill (Johnny Winter); Tony Nelson (Brian Setzer); Chris O'Meara (Prince,
pg. 112); Tim Mosenfelder (Dimebag Darrell, pg. 114); Bettmann (John Lennon, pg. 116); Jan Persson (Jimmy Page, pg. 119); Jeff Kravitz
(Kurt Cobain); Bob King (Ritchie Blackmore); Tucker Ransom (Santana, pg. 128); Kevork Djansezian (Santana, pg. 129); David Corio
(Johnny Ramone); Bruce Fleming (Jimi Hendrix, pg. 132); Ian Gavan (Brian May, pg. 141); Christopher Simon Sykes (Keith Richards,
pg. 142); Simone Joyner (Keith Richards, pg. 143); MJ Kim (David Gilmour, pg. 146); Robert Knight (Jimmy Page, pg. 151); Jonathan
Stathakis (Jimi Hendrix, pg. 159).

Diagramação e design idealizados e realizados por Gian Bazzo


Textos escritos por Gian Bazzo (ao ler palavras ou frases estranhas, considere a tal ‘‘licença poética’’)
A escolha das guitarras deste livro:
Elas foram selecionadas com base em diversas listas já publicadas e também conforme as minhas percepções, considerando o nível
emocional de cada história. A sequência de apresentação, assim como o número atribuído a elas, não significam que este livro esteja
ordenando-as por importância ou relevância, pois a verdade é que não existe uma guitarra ou história melhor do que a outra e as
opiniões são, na maioria das vezes, diferentes. Algumas guitarras também têm maiores detalhes das suas histórias já publicados e
confirmados pelos seus donos, por isso foram escolhidas. O design memorável de algumas guitarras, independente da sua história,
também pode justificar a presença delas neste livro, assim como as suas representatividades em determinados estilos musicais.
Ainda, algumas das 99 histórias se desdobram e contam sobre mais de uma guitarra dos Guitarreiros citados. Eu entendo que você
poderá (e certamente irá) sentir falta de alguma guitarra que o marcou e, nesse caso, ficarei feliz em receber uma mensagem sua!

Declaração de conteúdo: Cronologia:


Os textos deste livro foram criados pelo autor com base em diversas pesquisas. A maioria Este livro foi escrito entre setembro
das informações foram coletadas em citações de entrevistas e em publicações oficiais, de 2014 e junho de 2017. Nesse
incluindo os canais dos próprios Guitarreiros citados no livro. Algumas informações foram período, as histórias de algumas
coletadas em publicações que não declaravam a fonte oficial, portanto nenhuma fonte será das guitarras aqui contadas
citada diretamente em cada texto. É justo agradecermos e indicarmos, especialmente, os evoluíram, portanto é muito
conteúdos disponibilizados por: Ground Guitar, Vintage Guitar, Guitar Aficionado, Guitar p rov áve l que , a p a r t i r do
World e Guitar Player. lançamento deste livro, novos fatos
É possível que algumas histórias sejam mitos, lendas ou que tenham desdobramentos continuem ocorrendo. Então
divergentes, uma vez que até os próprios donos das guitarras declaram informações quando alguma das histórias deste
contraditórias ou revelam algum esquecimento, portanto, qualquer questionamento sobre a livro citar algum fato “dos dias
veracidade das informações será considerado pertinente. Algumas imagens são ilustrativas atuais”, significa que ocorreu no
e não retratam exatamente a mesma guitarra da história. máximo alguns anos antes de 2014.
Apoio para a leitura:
Quem é leigo e não toca guitarra, mesmo gostando muito dela (aliás, por isso escrevo “Guitarreiro”
ao invés de “guitarrista”), pode não conhecer alguns termos. Por isso marquei essas palavras em
itálico nos textos do livro e criei um guia, ou glossário... e até ilustrado!
Acesse www.guitarraslegendarias.com/glossario para entender melhor esses termos guitarrísticos.
Agora sim...
Tenha uma ótima leitura!
Uma das guitarras queimadas
por Jimi Hendrix
#99
Quando pensamos em paixão pela guitarra, isso poderia significar queimá-la?
Jimi Hendrix acreditava que sim! Ele dizia que ficava extremamente triste ao tocar fogo numa guitarra,
e que considerava isso um sacrifício, argumentando que ele apenas poderia se sacrificar por algo que
amasse muito.
Sim, é meio louco e talvez difícil de compreender, mas quem ousa questionar o maior Guitarreiro de
todos os tempos?
Uma Strato '65 foi a primeira das guitarras que Hendrix botou fogo e, embora as lendas contem que ele
queimou várias, há evidências e registros de que apenas duas foram sacrificadas com fogo nos seus
shows, enquanto algumas outras foram “apenas” quebradas. Muitas fontes citam que a guitarra era da
cor preta, mas diversas fotos deixam a curiosa percepção de que ela era, na verdade, na cor sunburst.
Aconteceu em 31 de março de 1967, num show em Londres, após a música "Fire" (fogo, em português, o
que explica algum possível motivo para a piromania). Hendrix sofreu algumas queimaduras, mas isso
não o impediu de queimar outra guitarra, que também tem a sua história contada neste livro.
(Continua...)

11
Versões alternativas dos fatos supõem que a guitarra queimada em Londres sobreviveu, foi restaurada
e novamente queimada no Miami Pop Festival. Depois disso, Frank Zappa teria a resgatado para gravar
um dos seus discos e, muitos anos depois, seu filho a encontraria debaixo de uma escada e tentaria
leiloá-la, sem sucesso. Outras histórias afirmam que a Strato de Zappa seria outra, uma segunda entre
três das guitarras queimadas por Hendrix.

Mistérios à parte, a primeira guitarra queimada é uma das peças mais valiosas do acervo histórico de
Jimi Hendrix, talvez por ser a única das guitarras sacrificadas que permaneceu completa. Ela foi
leiloada em 2008 por cerca de meio milhão de dólares. A mais valiosa das guitarras de Hendrix, outra
Strato, também está neste livro.

Começamos esta jornada pela história da guitarra apresentando a simbólica e legendária Strato do
Guitarreiro que revolucionou a música e a guitarra.
Coloque um som para rodar e aproveite a viagem!
12
#98
Guitarra capetuda

No início dos anos 60 a Gibson lançou o modelo SG como uma tentativa de competir com os modelos de
dois cortes no corpo, próximo ao encaixe do braço, popularizados pela Fender. A ideia era construir uma
guitarra mais confortável para tocar, e não foi fácil conquistar os Guitarreiros já apaixonados pela Les
Paul, que era o principal modelo da Gibson. Mas nos anos 70 surgiu um Guitarreiro icônico que tornaria
legendário o shape da SG, lembrando chifres diabólicos, que ele mesmo usava como um dos seus
símbolos artísticos.

Angus Young usou diversas guitarras SG durante a sua carreira, sempre com o AC/DC. Ele mesmo não
sabe com precisão sobre o ano da sua primeira, comprada nos anos 70, provavelmente uma SG '67 ou
'68, embora ele tenha dito em entrevistas que seria uma '69. De qualquer forma, a Gibson se baseou no
modelo '68 para reeditar modelos legendários do Guitarreiro capetudo.
#98
Guitarra capetuda

No início dos anos 60 a Gibson lançou o modelo SG como uma tentativa de competir com os modelos de
dois cortes no corpo, próximo ao encaixe do braço, popularizados pela Fender. A ideia era construir uma
guitarra mais confortável para tocar, e não foi fácil conquistar os Guitarreiros já apaixonados pela Les
Paul, que era o principal modelo da Gibson. Mas nos anos 70 surgiu um Guitarreiro icônico que tornaria
legendário o shape da SG, lembrando chifres diabólicos, que ele mesmo usava como um dos seus
símbolos artísticos.

Angus Young usou diversas guitarras SG durante a sua carreira, sempre com o AC/DC. Ele mesmo não
sabe com precisão sobre o ano da sua primeira, comprada nos anos 70, provavelmente uma SG '67 ou
'68, embora ele tenha dito em entrevistas que seria uma '69. De qualquer forma, a Gibson se baseou no
modelo '68 para reeditar modelos legendários do Guitarreiro capetudo.

15
A Les Paul
de Jimmy Page #5 Conhecida como o santo
graal das Les Paul´s, esta
guita '59 é a marca
O amor declarado pela registrada de Jimmy Page
guitarra, nas palavras de e, ao longo dos anos, foi se
Jimmy Page: transformando na cara do
‘‘Assim que toquei a Les Led Zeppelin. Em 1969, foi
Paul, me apaixonei. Não comprada de John Walsh,
que a Tele (Dragon) não lendário Guitarreiro do
fosse amigável, mas a Eagles, e logo passou a
Les Paul era maravilhosa receber modificações para
e fácil de tocar. Ela me melhorar a tocabilidade de
parecia uma boa guita Page, como um lixamento
para turnês...’’. na parte de trás do braço
para torná-lo mais fino,
‘‘... ela realmente tinha troca de tarraxas e
um lindo sustain. Eu diversas alterações da
gosto de sustain.’’, disse parte elétrica e captadores
Page. ao longo dos tempos.
A Lespa '59 é considerada a número um (“number one”) de Jimmy Page e, bom, está na
conta das 99 guitas deste livro, mas não podemos deixar de citar a Les Paul número dois,
que é praticamente gêmea dela, com uma pequena diferença na parte da frente do corpo,
que é mais tigrado do que a number one. A dois é muito atribuída por ter sido tocada com
arco de violino nos shows, e também por receber a afinação especial de Page, conhecida
como DADGAD, para tocar, entre outras, a música “Kashmir” ao vivo. Lembrando que,
como já contamos neste livro, a legendária música foi gravada com a Danelectro '61.
A Blackie de Eric Clapton #4
O resumo do surgimento da Blackie é simples: Eric Clapton comprou três guitarras Fender Stratocaster,
pagando 100 dólares por cada uma delas. Ele mesmo as desmontou e usou as melhores peças para
construir uma super guitarra, a qual carinhosamente chamou de Blackie.
Nashville, 1970:
Clapton adquire diversas Strato´s '56 em uma época que o mercado de guitarras estava em baixa. As
Les Paul´s eram as preferidas, mas ele tinha um sentimento especial pelas “Strats”. Ele as compra e volta
para a Inglaterra, dando uma para o Steve Winwood, outra para Pete Townshend e outra para George
Harrison, separando outras três delas: as que tiveram peças extraídas para a criação da Blackie.
“Esta guitarra esteve sempre comigo em todos os tipos de dificuldades. Me lembro de uma vez na
Jamaica, ensaiando para as gravações do álbum “461 Ocean Boulevard”… eu estava muito bêbado e
completamente fora de mim… ao terminar um número de Chuck Berry, eu caí, e o baterista terminou a
música… eu esmaguei algumas partes da Blackie sob mim e, dentro de meia hora, ela estava tocando
como nova, somente com alguns pequenos reparos. O corpo e o braço da guitarra estavam totalmente
partidos e eu pensei: esta guitarra é minha vida. Ela pode aguentar tanto quanto eu”.
(Relato de Eric Clapton, - editado em resumo)
Lee Dickson, GuitarTech de Clapton, foi o guardião da Blackie.
Ele cuidou para que ela seja fosse com enorme cuidado. Mas num
ponto, Eric era inflexível: ela raramente saía do seu lado e, ao
contrário da maioria das guitarras, era mantida em sua casa.

A Fender criou uma série com 185 réplicas que os fãs do “Deus
da guitarra” tiveram a oportunidade de adquirir com todos os
legendários detalhes da Blackie original de Clapton, até mesmo
marcas de cigarro no braço da guitarra foram feitas.

Eric Clapton e sua amada Blackie se separaram em 2004,


quando ela foi leiloada por quase 1 milhão de dólares.
“Eu nunca senti essa segurança
com nenhuma outra guitarra.
Posso apanhá-la ou deixá-la cair,
ou atirá-la contra a parede e ela “Eu mudo algumas vezes de
ainda estará afinada e continuará guitarra por causa da
a tocar com coração e alma. Ela é afinação… porque eu uso
insubstituível.” algumas diferentes harmonias
para tocar acordes. Mas a
A Blackie foi aposentada em 1985, Blackie é a guitarra do
após 15 gloriosos anos com coração. Com esta guitarra, eu
Clapton. posso fazer músicas que são
realmente minhas. Eu posso
“Ela está em casa agora… Eu a me entregar por inteiro,
retirei da estrada por que ela é enquanto que, ao usar uma
muito preciosa para mim, e temia Gibson, ela soará apenas
que pudesse perdê-la ou mesmo como uma Gibson”.
danificá-la. Eu a uso quando estou
em casa e ela ainda é a minha
guitarra preferida”, disse Clapton
na época.
A guita Frankenstein de Eddie Van Halen #3
Frankenstein + Strat (Stratocaster) = Frankenstrat. Numa das mais medonhas
experiências que um Guitarreiro já fez, Eddie Van Halen juntou todas as suas
necessidades numa única guitarra. Com menos de 150 dólares, criou som e estilo
únicos. A qualidade da guitarra até gera opiniões controversas, mas a técnica de
Eddie e a sua história com ela dão conta do recado, com riffs e solos do Van Halen
que a tornam legendária.
Um corpo de 50 e um braço de 80 dólares, que Eddie comprou em 1975, se
juntaram a um gordo captador humbucker de uma velha guitarra semi-acústica.
O cap foi instalado na ponte, inclinado (para atenuar as notas mais altas) e
mergulhado em parafina para reduzir a microfonia. Nunca antes, um humbucker
havia sido instalado numa Strato. Um dos outros espaços para caps ficou vazio e
outro ficou com um single-coil inativo. Do escudo restou apenas um pedaço.
Assim se definiu o visual bagunçado que combinou com as listras pretas, primeiro
pintadas numa guitarra de corpo branco, como contamos anteriormente neste
livro. Depois a Frankenstrat teve o corpo pintado de vermelho, com o acréscimo de
algumas listras brancas.
Eddie pulava feito doido no palco, então uma modificação notável foram os ganchos para prender a
correia. Perder palhetas também não era opção e uma fita adesiva as prendia logo abaixo dos caps. O
knob de volume (único knob da guitarra) também não agradava Eddie, então foi instalado um pouco
mais pra baixo. Por fim, um pedaço de escudo preto serviu apenas para esconder os fios desse knob.
O detalhe mais quente: a ponte Floyd Rose! Marca registrada do som de Eddie Van Halen. Talvez a
grande inovação e o maior legado da Frankenstrat. Não existiam pontes assim na época, então Eddie
desenvolveu em parceria com a Floyd Rose o tremolo flutuante com micro-afinação. Um espaço vago
foi preenchido por uma moeda de 25 centavos de dólar para apoiar a ponte.
A Frankenstrat foi produzida em série pela Kramer nos anos 80 e lançada pela Charvel em 2004. O
próprio Eddie chegou a personalizar pinturas de guitarras em linha. Em parceria com a Fender, foi
lançada uma série especial de 300 réplicas com todos os detalhes idênticos aos feitos por Eddie,
inclusive com marca de cigarro na headstock. Mais tarde, as guitas listradas e outros modelos foram
lançados pela EVH, marca própria de Eddie Van Halen.
A guita foi apelidada de Frankenstein ou Frankenstrat pelos fãs de Eddie, mas ele simplesmente a
chama de "meu bebê".
As Lucille´s de B.B. King #2
"... eu sou muito louco pela Lucille. Lucille me tirou A história de amor começou no inverno de 1949,
das plantações... Oh, você pode dizer, me trouxe quando King se apresentou num salão de dança
fama. Eu não acho que eu poderia falar o em Twist, no Arkansas e, com o intuito de
suficiente sobre Lucille. Às vezes quando eu estou aquecer o ambiente, um barril com querosene
triste parece que Lucille tenta me ajudar e chama foi aceso com fogo no centro do salão, prática
o meu nome". muito comum na época. Durante o show, dois
homens começaram a brigar e viraram o barril,
O romantismo com que B.B. King fala da sua que imediatamente espalhou chamas por tudo.
Lucille é a essência da paixão que existe entre um O salão foi evacuado e King percebeu que tinha
Guitarreiro e a sua guitarra. deixado lá dentro a sua guitarra (um violão, na
verdade: o Gibson L-30, que custava apenas 30
dólares na época). Ele entrou no incêndio para
salvar a sua guita e quase perdeu a vida. No dia
seguinte, King soube que os dois homens tinham
começado a briga por causa de uma mulher
chamada Lucille, e então passou a chamar suas
guitarras por esse nome para ele se lembrar de
nunca mais fazer uma coisa estúpida daquelas.
As legendárias guitarras (todas as que ele chamou de Lucille) sempre foram reconhecidas por sua rica
história e afinidade com o seu Guitarreiro, em especial, as do modelo ES-355*, reconhecidos como o
modelo mais utilizado e amado de B.B., e assim a Gibson criou uma primeira edição da Lucille em 1980.
Para comemorar os 80 anos do rei do blues, em 2005, foram feitas 80 guitarras de uma edição especial.
B.B. King usou vários modelos da Lucille e, em 2009, uma delas foi roubada, mas meses depois
recuperada por Eric Dahl. Ao examiná-la, primeiramente ele pensou que seria uma das 80 guitarras da
edição comemorativa, mas foi constatado que ela era a Lucille que serviu como protótipo para a criação
da série de guitarras. Com um pouco mais de investigação, a Gibson ajudou a decretar que aquela
guitarra não era mero protótipo, mas sim um dos modelos que B.B. mais tinha usado ao longo de anos de
estrada.
B.B. King tocou com a Lucille até o dia 4 de outubro de 2014 e disse adeus a ela e a todos nós em maio de
2015. O rei do blues partiu, nos deixando uma das mais belas histórias de amor pela guitarra.
"Esse som que você está ouvindo é da minha guitarra que se chama Lucille... e eu sou muito louco pela
Lucille".
(As frases do início e fim deste texto são trechos da música “Lucille”, do disco de 1968 intitulado
“Lucille”, no qual B.B. King escreveu e cantou todas as histórias da sua maior paixão).

*Diferente do modelo ES-335 da Gibson, pois não tem os f-holes de uma guitarra semi-acústica e
também tem especificações diferenciadas, como o knob varitone para ajustar diferentes timbres.
Uma das mais valiosas guitarras do universo #1
A guitarra que acompanhou o maior Guitarreiro de todos os tempos no
memorável show do Woodstock em 1969, quando ele tocou o hino americano
numa versão de fúria contra a guerra que acontecia no Vietnan. A guitarra do
último show da vida de Jimi Hendrix. Um símbolo de valor inestimável para a
história da música.
A Woodstock Strat pode tranquilamente ser considerada o santo graal de
todas as guitarras. Uma Fender '68, na cor branca (mais para um creme),
simples, linda, e que esteve com Hendrix em gravações e shows, o último deles,
doze dias antes da sua morte, no Festival da Ilha de Fehmarn, na Alemanha.
Entre este show e o seu adeus, Jimi presenteou Mitch Mitchell (baterista da
banda Jimi Hendrix Experience) com a guitarra.
O destino da legendária Strato a levou até Paul Allen, milionário co-fundador
da Microsoft que a arrematou por mais de 2 milhões de dólares num leilão. O
preço é especulado, mas o valor é imensurável! Paul a mantém no Experience
Music Project Museum, em Seattle, terra natal de Hendrix. Mas a guitarra
também viaja pelo mundo com exposições em memória a Jimi Hendrix.

15
Ode à guitarra!

É simbólico e imenso o sentimento entre um Guitarreiro e a sua guitarra.


A conexão é poderosa e um completa o outro.
Alguns Guitarreiros partiram antes das suas guitarras, e o inverso também ocorreu.
Eternas são as histórias construídas com um objeto material que ganhou alma e espírito
quando o seu dono passou a trata-lo como parte de si.
O simples ato de tocar guitarra se transformou num ritual de boas energias e
revolucionou a história da música.
A guitarra, uma das mais perfeitas criações, torna sensacional desde o simples ato de
ser admirada numa parede qualquer até a experiência de ser venerada num dos
museus onde as mais legendárias delas estão espalhadas pelo mundo.
Experimente! Seja mais do que um guitarrista ou um cara que toca guitarra.
Seja um Guitarreiro apaixonado por guitarras.
A nossa jornada pela história das guitarras legendárias termina aqui.

15
Índice de Guitarreiros por página
(Aqui não tem links - seria uma tremenda mão, o jeito é ver a página e rolar, valeu?)

Ace Frehley 36 David Gilmour 136 e 146 John Lennon 116


Peter Frampton 12
Adrian Smith 60 Dimebag Darrell 114 e 115 John Mayer 82
Prince 25, 47 e 112
Albert King 20 e 21 Duane Allman 56 e 85 John McLaughlin 80
Randy Rhoads 55 e 134
Albert Lee 69 Eddie Van Halen 35, 122 e 154 John Petrucci 77
Rick Nielsen 92 e 93
Angus Young 9 Eric Clapton 26 e 152 Johnny Ramone 130
Ritchie Blackmore 126 e 127
B.B. King 156 Eric Johnson 42 Johnny Winter 98
Rory Gallagher 74 e 75
Billie Joe 66 Gary Moore 34 e 53 Keith Richards 142 e 143
Santana 128 e 129
Billy Gibbons 18 e 81 George Benson 90 e 91 Kirk Hammett 52
Slash 28 e 29
Bo Diddley 19 George Harrison 16, 86 e 124 Kurt Cobain 120 e 121
Steve Howe 88 e 89
Bob Dylan 14 Jack White 94 e 95 Mark Knopfler 102 e 103
Steve Morse 76
Bob Marley 17 James Hetfield 62 e 63 Michael Schenker 37
Steve Vai 144 e 145
Bonamassa 40 Janick Gers 61 Nancy Wilson 48
Stevie Ray Vaughan 84, 148 e 149
Brian May 139 Jeff Beck 11 e 73 Noel Gallagher 96 e 97
The Edge 46
Brian Setzer 110 Jimi Hendrix 15, 54, 132 e 158 Nuno Bettencourt 72
Tom Morello 50, 51 e 65
Bruce Springsteen 32 e 33 Jimmy Page 15, 70, 118 e 150 Pat Metheny 100 e 101
Tony Iommi 43 e 64
Buddy Guy 22 Joan Jett 49 Paul Gilbert 30 e 31
White/Parsson 78 e 79
Chuck Berry 23 Joe Perry 10 Paul McCartney 44 e 45
Yngwie Malmsteen 104 e 105
Dave Grohl 41 Joe Satriani 68 Paul Stanley 106 e 107
Zakk Wylde 38 e 39
Dave Murray 59 John Frusciante 108 Pete Townshend 24

[Os números referem-se à página de início das histórias]


A guita da capa... também é legendária!

Toda guitarra pode ser legendária, principalmente para o seu próprio Guitarreiro. Toda guitarra tem
uma história, e esta Strato passou por um drama com uma incrível reviravolta. Ela foi jogada no lixo,
mas o seu destino fez com que a sogra de um Guitarreiro a encontrasse. Marcelo Koh foi o felizardo que
recebeu a guita toda desmontada e sem algumas peças. Ele foi até o luthier Drurys, de Santa Cruz do
Sul/RS, que analisou a guitarra e descobriu ser uma Giannini anos 80.
‘‘Rapidamente fizemos um projeto... Foi feito uma polida geral, colocamos knobs e um escudo novo.
Tarraxas, ponte, captadores e parte elétrica novas, um encordoamento e tudo foi bem regulado para, 60
dias depois, renascer uma Giannini Stratosonic 1980!’’, disse Marcelo.
Como último capítulo (até agora) da história desta comum e legendária guitarra, ela foi escolhida para
ser fotografada e estrelar a capa deste livro.
Tu és quem constrói a história da tua guitarra e a torna legendária!
que também são

Histórias bônus
exclusivas neste eBook
Elas quase estiveram entre as 99

No conceito pensado para esta antologia, 99 foi o número escolhido!


(Isso foi dito bem no início do livro e deste eBook)
Sim, foi difícil ter que escolher 99 guitarras. De uma forma muito pessoal,
eu, o autor, deixei de fora algumas guitarras que eu admiro muito, assim
como a seus Guitarreiros. Algumas entre as 99 histórias eram de caras
que eu, de fato, não tive um contato frequente com o seu som.
O fato é que sobraram histórias; algumas guitarras mereciam um espaço;
e muitos leitores pediram o óbvio: faltou a guitarra do ... (e, numa boa e costumeira zoeira,
os três pontinhos foram preenchidos pelo mito Chimbinha - sério, eu respeito muito ele!).
Este eBook foi a oportunidade de contar algumas histórias mais,
então 9 guitarras foram selecionadas. Novamente sem critérios, exceto pela
percepção deste que vos escreve. E novamente: considerando histórias impactantes
das guitarras ou somente/simplesmente pelo seu design marcante.
Tenha um bom-novo passeio pelo mundo das Guitarras Legendárias!
contato@oguitarreiro.com

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