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INSTITUTO Phorte EDUCAÇÃO

PHORTE EDITORA

Diretor-Presidente
Fabio Mazzonetto

CONSELHO EDITORIAL

Educação Física
Francisco Navarro
José Irineu Gorla
Paulo Roberto de Oliveira
Reury Frank Bacurau
Roberto Simão
Sandra Matsudo

Educação
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Fisioterapia
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Guia Prático de Avaliação Física: uma abordagem didática, abrangente e
atualizada
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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

F772g
Fontoura, Andréa Silveira da,
Guia prático de avaliação física [recurso eletrônico] : uma abordagem
didática, abrangente e atualizada / Andréa Silveira da Fontoura, Charles
Marques Formentin, Everson Alves Abech. – 1. ed. – São Paulo : Phorte,
2013.
recurso digital : il.

Formato: ePub
Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7655-465-3 (recurso eletrôp)

1. Aptidão física - Avaliação. 2. Aptidão física - Testes. 3. Diagnóstico


físico. I. Formentin, Charles Marques. II. Abech, Everson Alves. III. Título.
13-05842 CDD: 613.7
CDU: 613.71

ph2159
Este livro foi avaliado e aprovado pelo Conselho Editorial da Phorte Editora.
(www.phorte.com.br/conselho_editorial.php)
Sobre os autores

Andréa Silveira da Fontoura

Doutora em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do


Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2012. Docente da Universidade Luterana
do Brasil desde 2001, nas disciplinas de Treinamento e Avaliação Física,
Musculação, Avaliação Postural e Metodologia do Ensino, e orientadora de
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e estágios. Sócia-proprietária da
Steffen & Fontoura Treinamento Físico Ltda.
E-mail: deafontoura@globo.com

Charles Marques Formentin

Graduado em Educação Física pela Universidade Luterana do Brasil


(ULBRA); Especialista em Cinesiologia pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS); Mestre em Ciências Aplicadas à Atividade Física e
ao Esporte pela Faculdade de Medicina da Universidade de Córdoba, na
Espanha. Docente da ULBRA.
E-mail: charlesformentin@live.com

Everson Alves Abech

Graduado em Educação Física pela Universidade Luterana do Brasil


(ULBRA); Especialista em Cinesiologia pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS); Professor da Rede Municipal de Ensino de Porto
Alegre - RS.
E-mail: everson.a.a@ibest.com.br
Dedicamos esta obra a todos os estudantes e professores de Educação
Física que buscam desenvolver um trabalho consciente, correto e aprimorado.
Àqueles que se dedicam ao conhecimento e entendem seu aluno como
um indivíduo integral.
Os autores
Agradecimentos
Agradeço, primeiramente, a minha mãe e a meu pai, Nelza Silveira da
Fontoura e Sidney Silva da Fontoura, pelo amor, pela criação e pelo estudo
que sempre me deram, e também pelo incentivo e pela confiança que até hoje
me dedicam. Espero nunca decepcioná-los. Se eu sou essa pessoa hoje, devo
a vocês. Eu os amo muito.
Agradeço ao meu filho, Gabriel Fontoura Rosa, por ser a luz da minha
vida. Depois dele, minha vida só teve alegrias, e este livro foi idealizado
depois da sua vinda. Obrigada pela inspiração, meu amado filho. Muito grata
por ter me escolhido. Eu te amo.
Obrigada a meu companheiro, amigo, marido e incentivador, Daniel
Ramos de Souza, por toda luz, paz e amor que trouxe à minha vida e de meu
filho. Te amo.
Agradeço aos colegas Everson Alves Abech e Charles Marques
Formentin, que me incentivaram e participaram efetivamente na construção
deste livro.
Agradeço a todos os amigos, colegas e alunos que constantemente me
auxiliam, me incentivam e me apoiam em toda a minha caminhada. Não vou
citar nomes, pois, com certeza, não caberiam todos aqui. Graças a Deus e à
Deusa, sou abençoada e tenho muitas pessoas especiais na minha vida.
Sintam-se todos referenciados.
Andréa Silveira da Fontoura

Agradeço a Deus por todas as bênçãos em minha vida.


Obrigado a minha família pelo apoio incondicional; a meus pais, Joraci
e Leotério, e a minha mulher e amiga, Letícia.
Muito obrigado também a todos os professores e alunos que contribuem
constantemente em minha trajetória acadêmica.
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” (Cora
Coralina)
Charles Marques Formentin
Agradeço, primeiramente, a Deus.
Obrigado aos meus pais e professores, que me incentivaram e deram
força durante a minha vida.
Everson Alves Abech
Gostaríamos de agradecer à Professora Ms. Rosilene Moraes Diehl,
pela grande colaboração na elaboração do Capítulo 10 desta obra.
Os autores
Apresentação
A prática regular de exercícios físicos requer previamente o que
conhecemos por avaliação física. Nela podemos identificar pontos fracos e
fortes do avaliado, suas características físicas e fisiológicas, sua aptidão geral.
Do mesmo modo, é possível conhecer seus hábitos, como a prática de
exercícios diários, atividades laborais, alguma doença já diagnosticada por
especialista, dores eventuais ou constantes, traumas físicos recentes ou
passados. Enfim, em uma avaliação, podemos ter instrumentos
importantíssimos a respeito do avaliado, para que prescrevamos o exercício
físico com segurança e eficácia, independentemente do praticante e de seus
objetivos. Não existe prescrição sem avaliação.
O processo de avaliação pode ser desenvolvido em diferentes locais e
métodos: em laboratórios, no campo, de maneira direta ou indireta. Este livro
oferece testes que podem, na sua grande maioria, ser executados em campo,
ou seja, não necessitam de equipamentos especializados; podem ser feitos em
escolas, praças, clubes, academias, entre outros locais.
No âmbito da Educação Física, fala-se muito em “inclusão”, mas, até o
momento, nenhum livro de avaliação contemplou portadores de necessidades
especiais. Muitas vezes, é necessário fazer apenas pequenas adaptações para
realizarmos uma boa avaliação desse público; não precisamos ser
especialistas em prescrição e avaliação de pessoas especiais. Devemos,
realmente, incluí-las no processo de avaliação, mesmo o professor não sendo
um especialista na área. Este livro não visa direcionar a avaliação
especificamente para esse público; apenas tem o objetivo de abrangê-lo no
processo de avaliação. Tratamos aqui de pequenos detalhes que podem ajudar
o professor e o estudante de Educação Física na avaliação dessas pessoas.
Outro foco deste livro é a avaliação física escolar. Alguns detalhes
apresentados aqui podem ajudar o professor e o estudante de Educação Física
a inserir o processo de avaliação em escolas. É de fundamental importância
que façamos avaliações periódicas nos escolares, tendo em vista que estão em
processo de desenvolvimento e são indivíduos com os quais podemos
trabalhar questões como adesão ao exercício físico e hábitos saudáveis, entre
outras, e a avaliação pode contribuir para tudo isso.
A avaliação do idoso também é contemplada nesta obra, que traz testes
de fácil execução. Esse público deve ser um foco bastante observado, tendo
em vista que cresce cada vez mais nas academias e nos clubes, buscando um
exercício físico de qualidade e bem elaborado. Para isso, uma avaliação física
adequada é primordial.
Este livro apresenta uma distribuição de conteúdos que se inicia pela
anamnese, de fundamental importância e seção introdutória de uma
avaliação; passa pela avaliação antropométrica, na qual são apresentados os
procedimentos de verificação das medidas antropométricas básicas, assim
como as equações e normativas para diferentes populações. Em seguida, são
abordadas a avaliação neuromotora, trazendo testes motores simples e
direcionados à população em geral; a avaliação metabólica, com testes
aeróbicos e anaeróbicos, contemplando diferentes públicos; e, o que é um
diferencial em relação a outros livros de avaliação, a importância da
avaliação postural para a prescrição adequada e segura dos programas de
exercícios.
Seguem-se, ainda, um capítulo que trata de pontos importantes sobre a
avaliação de portadores de necessidades especiais, um capítulo sobre a
avaliação de escolares e, por fim, um capítulo acerca da avaliação de idosos.
A obra destina-se, principalmente, a estudantes de Educação Física ou
àqueles que têm pouca ou nenhuma experiência com avaliação física, não
excluindo os profissionais já formados e atuantes na área.
O processo de avaliação física deve anteceder qualquer tipo de
prescrição. A avaliação não é uma área específica da Educação Física; todo
professor dessa disciplina deve avaliar seu aluno e selecionar os
instrumentos, testes e protocolos que mais retratam aquilo que se busca
descobrir. A avaliação é fundamental, não importa o objetivo do exercício, e
deve estar presente independentemente de qualquer coisa.
O profissional deve escolher o teste ou a técnica mais adequada para o
seu avaliado, ou seja, algumas vezes, temos testes específicos para
populações distintas, ou até mesmo para indivíduos que estejam apresentando
características peculiares. Por exemplo, um indivíduo obeso tem de ser
submetido a um teste aeróbico adequado à sua condição; um indivíduo
sedentário não deve fazer um teste de corrida máxima ou carga máxima; uma
criança de 10 anos não pode ser submetida ao mesmo teste que um adulto de
40 anos.
Outro aspecto muito relevante é a interpretação dos resultados. Ela deve
ser clara e objetiva. Devemos levar em consideração que, muitas vezes, nosso
avaliado é leigo e não conseguirá interpretar corretamente os resultados sem a
explicação de um profissional. Devemos lembrar que nenhum software ou
gráfico mirabolante substituem a interpretação e explicação de um
profissional; isso qualifica nosso trabalho.
A avaliação física é uma ferramenta importantíssima do profissional da
Educação Física, e deve ser realizada com critérios científicos, éticos e
morais, para que o treinamento físico possa ser orientado e prescrito com
eficácia e profissionalismo.
Os autores
Prefácio
Sabemos, há muito tempo, que a atividade física regular ou o exercício
sistemático fazem bem para a saúde e previnem várias doenças crônico-
degenerativas. Contudo, faz pouco tempo que sabemos que a avaliação física
é importante para o acompanhamento e a segurança do indivíduo que fará
exercício. Discutem-se bastante os diferentes testes e protocolos de avaliação.
Este guia prático aborda, de maneira muito simples, clara e atualizada,
os diver-sos procedimentos da avaliação física, desde a anamnese, avaliação
cineantropométrica, somatótipo, força, resistência muscular e flexibilidade,
até a avaliação cardiovascular e postural. A avaliação em portadores de
necessidades especiais, assim como em crianças e idosos, também é
abordada. Os autores, Andréa Silveira da Fontoura, Charles Marques
Formentin e Everson Alves Abech, são altamente credenciados para justificar
a importância dessas avaliações e orientar sua realização.
A simplicidade e a clareza da linguagem com que este guia foi escrito,
sua objetividade e qualidade das ilustrações permitem que a mensagem seja
por todos entendida e executada.
A publicação desta obra representa um passo importante a todas as
áreas da Saúde e, principalmente, à educação física de nossa comunidade.
Flavia Meyer, Ph.D.
Professora Associada da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Sumário
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Página de Título
Sobre os autores
Agradecimentos
Apresentação
Prefácio
1 - Avaliação: Procedimentos Básicos
Por que fazer uma avaliação física?
Objetivos das medidas e avaliações na Educação Física
Quando devemos fazer uma avaliação física?
O que é avaliação multidisciplinar?
Onde fazer uma avaliação física?
O que podemos medir?
Prazos de reavaliação
Laudos

2 - Medidas e Avaliação em Educação Física: Conceitos


Tipos de avaliação
Princípios das medidas e avaliações
Critérios para seleção de testes
Precisão das medidas

3 - Começando a Avaliação Física: Anamnese


PAR-Q
Questionário sobre fatores de risco
Exemplo de anamnese
Avaliação física e avaliação médica
4 - Variáveis Cineantropométricas
Antropometria
Instrumentos necessários
Pontos anatômicos
Classificação das medidas antropométricas básicas em Educação
Física

5 - Técnicas para determinação da composição corporal


Pesagem hidrostática
Bioimpedância elétrica
Dobras cutâneas
Índices e proporções
Índices de referência

6 - Somatótipo
Métodos utilizados para descrever os somatótipos

7 - Variáveis Neuromusculares
Procedimentos dos testes neuromotores
Força muscular
Força dinâmica
Força explosiva (potência)
Força isocinética
Força isométrica
Resistência de força muscular
Flexão de braços (Canadian Standardized Test of Fitness)
Flexibilidade

8 - Variáveis Metabólicas
Avaliação da capacidade cardiorrespiratória ou capacidade
aeróbica
Testes metabólicos
Classificação dos testes
Testes de campo
Capacidade anaeróbica lática
Concentração de lactato

9 - Avaliação Postural
Posição do avaliado
Posição do avaliador
Fotografias
O que podemos avaliar

10 - Avaliação para Portadores de Necessidades Especiais


Deficiência Visual (DV)
Anomalias Congênitas e Amputações (AC/A)
Testes recomendados
Tabelas normativas e classificatórias dos testes

11 - Avaliação Física Escolar


Educação Física
Educação Física escolar
O professor de Educação Física
A avaliação na Educação Física escolar
Avaliação da aptidão física na escola
Conclusões e recomendações

12 - Avaliação do Idoso
Quais são as necessidades de cada nível funcional?
Avaliações

Referências
Capítulo 1
Avaliação: Procedimentos Básicos
Qualquer planejamento de uma atividade ou exercício físico requer uma
avaliação. Nela detectaremos como um indivíduo está naquele momento,
assim como, com os resultados dessa avaliação, poderemos prescrever
intensidades e volumes de treino específicos para ele.

Por que fazer uma avaliação física?


Para verificar a condição inicial do aluno, atleta ou cliente;
Para obter dados para a elaboração de prescrição adequada de atividade;
Para incluir, excluir e indicar um exercício físico;
Para programar o treinamento;
Para acompanhar a progressão do avaliado durante o treinamento
(reavaliações);
Para verificar se os objetivos estão sendo atingidos.

Objetivos das medidas e avaliações na


Educação Física
Avaliar o estado do indivíduo ao iniciar a programação;
Detectar deficiência(s), permitindo uma orientação para superá-la(s);
Auxiliar o indivíduo na escolha de um exercício físico que, além de
motivá-lo, desenvolva suas aptidões;
Impedir que o exercício seja um fator de agressão;
Acompanhar o progresso do indivíduo;
Selecionar elementos de alto nível para integrar equipes de competição;
Desenvolver pesquisa em Educação Física;
Acompanhar o processo de crescimento e desenvolvimento dos nossos
avaliados;
Saber adequar avaliação voltada para saúde e para performance: os
objetivos e testes são diferentes.
Quando devemos fazer uma avaliação
física?
No início de qualquer programa de exercício físico;
No decorrer do período de treinamento;
Ao final de um ciclo de treinamento ou quando for necessário
reformulá-lo.

O que é avaliação multidisciplinar?


Avaliação multidisciplinar é um processo no qual profissionais da
Educação Física e da Medicina Desportiva unem conhecimentos para avaliar
um indivíduo.

Quando encaminhar para uma avaliação


multidisciplinar?
Quando, por algum motivo, seja fisiológico ou físico (detectado na
anamnese), o indivíduo não puder ser submetido a uma avaliação sem
auxílio de uma equipe multidisciplinar (médicos, professores etc.) em
local específico;
Quando o indivíduo tiver 50 anos de idade ou mais e possuir um ou mais
fatores de risco (sedentarismo, fumo, colesterol e pressão arterial
elevados, percentual de gordura fora dos níveis normais e histórico
familiar) associados à coronariopatias;
Quando indivíduos, independentemente da idade, possuírem um ou mais
fatores de risco.

Nesses casos, seria interessante que a pessoa procurasse um médico e


realizasse uma avaliação médica.

Onde fazer uma avaliação física?


As avaliações podem ser feitas em qualquer lugar, desde que saibamos
o que queremos medir, qual nosso público, quais os objetivos que temos em
mente para avaliar e quais os instrumentos que possuímos. Aí, então, é só
selecionar o local:

Laboratório;
Campo;
Academia;
Escola;
Outros locais.

Para cada local, necessitaremos de equipamentos específicos. Por


exemplo, uma avaliação laboratorial envolve uma série deles, por ser uma
avaliação mais complexa.
Como o objetivo deste livro é direcionar a avaliação para os locais mais
simples, ou seja, que não necessitem de equipamentos especializados, as
avaliações de campo, em academias e escolas serão nosso foco principal.

Pontos importantes

Instrumentos: a escolha correta garantirá êxito nas medidas. Escolher


instrumentos válidos, fidedignos, adequados à população e atualizados;
Comparação de dados: ao compararmos dados, devemos observar se
foram coletados pelo mesmo avaliador e se foi utilizado o mesmo
método;
Local adequado e limpo;
Orientar o aluno/cliente quanto à utilização da roupa adequada para a
avaliação e quanto aos procedimentos dos testes;
Seguir rigorosamente as indicações, normas e padrões dos testes.

O que podemos medir?


Podemos medir quase tudo que existe e, na Educação Física, há
algumas variáveis que é importante conhecermos, para fazermos um bom
trabalho.
O que podemos medir chamamos de variáveis, as quais podem ser:
Quantitativas:expressam quantidade, ou seja, são representadas por
valores numéricos, por exemplo: peso, estatura etc.

Qualitativas:expressam qualidade, ou seja, são representadas por


categorias que, algumas vezes, podem receber atributos de algarismos
numéricos, mas não com valor de quantidade.

Dentre as variáveis quantitativas, podemos destacar:

•Variável Cineantropométrica
Medidas antropométricas (peso, estatura, dobras cutâneas etc.),
composição corporal, somatótipo, proporcionalidade, crescimento e
desenvolvimento.

•Variável Neuromuscular
Força, resistência muscular, velocidade, flexibilidade, coordenação,
equilíbrio etc.

•Variável Metabólica
Sistemas aeróbico e anaeróbico.

Dentre as variáveis qualitativas,podemos destacar:

•Variável Psíquica
Ansiedade, motivação, inteligência, personalidade etc.

Prazos de reavaliação
Tão importante quanto avaliar é reavaliar. A reavaliação nos fornece a
evolução do nosso aluno, além de nos ajudar a equacionar e elaborar melhor
o nosso processo de treinamento.
Tem-se que 90 dias seria um prazo interessante para fazermos uma
reavaliação, mas esse período depende e está diretamente relacionado a
alguns fatores:
Frequência de treinamento;
Objetivos do treinamento;
Idade do indivíduo;
Grau de condicionamento inicial do indivíduo.

Tudo isso deve ser levado em consideração para uma reavaliação.


Lembramos sempre que a avaliação e as reavaliações servem como um
instrumento motivador. No entanto, quando muito frequentes (semanais),
podem fazer que o processo de avaliação seja fator desmotivador, ou seja, o
aluno não consegue verificar seus resultados, pois não melhora. No entanto, o
problema não está no treinamento e nos exercícios, mas, no fato de
realizarmos avaliações em excesso.
Então, tome cuidado ao avaliar e reavaliar seus alunos. Use o bom
senso na hora de determinar esses prazos.

Laudos
Quando realizamos um processo de avaliação, devemos nos preocupar
também como forneceremos os resultados aos nossos alunos e como os
professores prescreverão os exercícios a essas pessoas.
Hoje em dia, existem muitos programas informatizados de avaliação
física. Em sua grande maioria, são muito bons e suficientes para
desenvolvermos uma excelente avaliação. Eles fornecem laudos-padrão, mas
devemos estar atentos para saber interpretá-los.
Os laudos devem ser explicados de maneira clara e detalhada aos
alunos. Isso os faz ficar a par das próprias condições físicas e, assim, possam
acompanhar a sua própria evolução.
Os resultados das avaliações são ferramentas importantes para a
prescrição de exercícios; portanto, devem ser utilizados nesse momento.

Pontos importantes

Postura como avaliador: seriedade e ética;


Respeitar e seguir os procedimentos dos testes;
Procurar estar sempre atualizado;
Escolher os testes e técnicas apropriados para a população que se está
avaliando: saber adequar;
Interpretar os resultados e laudos de maneira correta e passar essas
informações claramente ao avaliado.
Capítulo 2
Medidas e Avaliação em Educação
Física: Conceitos
A avaliação é um processo de fundamental importância na Educação
Física, seja escolar, esportiva, de rendimento, entre outras. Sendo assim, há
algumas definições importantes, segundo Marins e Giannichi (1998):

Medida
Caracteriza-se por uma determinação de grandeza, e é o primeiro
instrumento para se obter informação sobre algum dado pesquisado. É uma
técnica que fornece, por meio de processos precisos e objetivos, dados
quantitativos, que exprimem, em bases numéricas, as quantidades daquilo
que se deseja medir.

Avaliação
A avaliação é um processo pelo qual, utilizando as medidas, podemos,
subjetiva e objetivamente, exprimir e comparar critérios. Ela determina a
importância ou o valor da informação coletada e classifica os avaliados.

Avaliação-análise
Entende-se por avaliação-análise as técnicas que permitem visualizar a
realidade do trabalho que se desenvolve, criando condições para se entender
o grupo e situar um indivíduo dentro desse grupo. Indica se os objetivos estão
ou não sendo atingidos, se a metodologia de trabalho está sendo satisfatória,
ou seja, avalia a prescrição do treinamento ou os exercícios prescritos e sua
eficiência.

Teste
É um instrumento, procedimento ou técnica usada para se obter uma
informação; é o que usamos para obter um dado, uma medida.

Bateria de testes
É um conjunto de testes destinado a quantificar as variáveis de
performance. É a seleção de vários testes e instrumentos para que
verifiquemos as medidas de cada variável escolhida para a avaliação.
Tipos de avaliação
Segundo Marins e Giannichi (1998), temos três tipos de avaliação, e
elas estão ligadas aos períodos em que avaliamos nosso aluno e ao tipo de
informação que nos é fornecido. São elas:

Avaliação diagnóstica
Identifica pontos fortes e fracos do(s) avaliado(s). Normalmente, é
efetuada no início do programa. Ajuda o profissional a calcular as
necessidades dos indivíduos e a elaborar o seu plano de atividades, tendo
como base essas características, ou, então, a dividir a turma (quando em
escolas ou exercícios de grupo) em grupos (homogêneos ou heterogêneos),
visando facilitar o processo de assimilação da tarefa proposta.

Avaliação formativa
Informa sobre o progresso dos indivíduos no decorrer do processo de
ensino-aprendizagem ou de treinamento; fornece informações tanto para os
avaliados quanto para os avaliadores; indica ao profissional se ele está
ensinando o conteúdo certo, da maneira certa, para as pessoas certas e no
tempo certo, e se o programa de exercícios está sendo bem planejado.

Avaliação somativa
É a que fornece o quadro geral da evolução do indivíduo; é a soma de
todas as avaliações realizadas no fim de cada unidade do planejamento.
Ajuda o professor a identificar a melhora de seu avaliado e se seu
planejamento foi eficaz.

Princípios das medidas e avaliações


Ao avaliarmos, devemos ter em mente alguns princípios. Isso facilita
muito todo o processo. Podemos destacar os seguintes (Marins e Giannichi,
1998):

Para avaliar efetivamente, todas as medidas devem ser conduzidas com


os objetivos do programa em mente;
Deve ser sempre lembrada a relação existente entre teste, medida e
avaliação;
Os testes devem ser conduzidos e supervisionados por pessoas treinadas;
Os resultados devem ser interpretados em termos do indivíduo como um
todo: social, mental, física e psicologicamente;
Tudo que o existe pode ser medido;
Nenhum teste ou medida é perfeito;
Não há teste que substitua o julgamento profissional;
Deve sempre existir o reteste para se observar o desempenho;
Usar os testes que mais se aproximam da situação da atividade.

Critérios para seleção de testes


Para que nossos resultados sejam confiáveis, devemos sempre escolher
testes e instrumentos adequados. Para isso, todos estes devem passar pelo
rigor científico, usarmos testes e instrumentos seguros, eficazes e adequados
àquilo que queremos medir.
Ao escolher um teste, um instrumento ou utilizar uma técnica (por
exemplo, uma equação para calcular percentual de gordura), devemos sempre
garantir que estes apresentem alguns critérios conhecidos como critérios de
autenticidade científica. São eles:

Validade
A validade determina se o teste mede o que está destinado a medir. Se
estabelecermos uma correlação entre o resultado de um teste válido realizado
por uma pessoa e o resultado colhido em um teste que queremos validar com
a mesma pessoa, o coeficiente de correlação deve ser elevado. Normalmente,
para um teste ou instrumento ser considerado válido, ele é comparado com o
que chamamos de Padrão Ouro, que é uma forma direta de verificar um
resultado. Por exemplo, as equações e testes para determinar o consumo
máximo de oxigênio foram desenvolvidos e comparados com a medida direta
de consumo de oxigênio, ou seja, um teste com coleta direta de oxigênio.

Confiabilidade ou fidedignidade
Esse critério está ligado à consistência da medida, ou seja, a medida
repetida duas ou mais vezes em um curto intervalo de tempo, sem que tenha
havido, entre os testes, atividades que possam ter alterado as respostas, deve
apresentar os mesmos resultados, ou estes devem ser altamente
correlacionados.

Objetividade
A objetividade também está ligada à consistência. O teste deve produzir
resultados consistentes quando aplicado por diversos avaliadores; não pode
depender de uma única pessoa.
Recomendamos que os profissionais busquem sempre testes,
instrumentos e técnicas em literatura especializada. Isso leva os avaliadores a
terem em mãos testes válidos, fidedignos e objetivos. Não utilizem testes que
não apresentem referências (protocolos); isso pode fazer que seus resultados
não sejam confiáveis.

Precisão das medidas


Seguindo um dos princípios de medidas e avaliação, “nenhum teste ou
medida é perfeita”, os testes e instrumentos assumem certa margem de erro,
pois não estamos fazendo medidas diretas, mas indiretas e, na maioria dos
casos, o que conhecemos como duplamente indireta; as medidas de dobras
cutâneas são um bom exemplo disso.
A precisão das medidas depende de alguns fatores, por exemplo: a
exatidão dos instrumentos, a aplicação correta da técnica de medida, a
seleção dos instrumentos e testes mais adequados para a população que está
sendo avaliada. Tudo isso pode nos ajudar a minimizar os erros existentes
nesse processo.
Segundo Marins e Giannichi (1998), existem dois tipos de erro:
1 -Erro de medida: esse tipo de erro está relacionado a três fatores.
São eles:

Erro de equipamento: quando o equipamento não é aferido


previamente;
Erro de medidor: quando o avaliador erra ao fazer uma leitura; erra a
leitura do cronômetro, do estadiômetro, a contagem do número de
repetições de execução, a identificação de uma unidade de medida
(cm, m, km) etc.
Erro administrativo: quando existe algo errado na administração, nos
procedimentos metodológicos do teste, por exemplo: aquecimento
prévio para a execução do teste, quando, em suas normas, isso não
estava previsto.

2 -Erro sistemático: o erro sistemático é aquele em que o avaliador não


pode interferir, como, por exemplo, fatores climáticos, ou seja, avaliar a
flexibilidade no verão e reavaliar no inverno, ou medir a estatura pela manhã
e, na reavaliação, medir à noite. Isso pode interferir nos resultados.
Os erros de medida podem ser evitados, pois dependem exclusivamente
do avaliador e do cuidado com a metodologia aplicada. Por sua vez, o erro
sistemático não podemos controlar.
Capítulo 3
Começando a Avaliação Física:
Anamnese
Ao fazermos uma avaliação, é interessante que, como ponto de partida,
façamos uma anamnese (questionário). Nesta, constarão perguntas simples,
mas de fundamental importância. É na anamnese que o professor conhecerá
os hábitos, ou seja, o histórico do seu aluno/cliente, munindo-se de
informações pertinentes para elaboração de seu treinamento. É interessante
que o aluno/cliente assine essa anamnese e que ela seja arquivada pelo
avaliador. Segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM,
2000), em uma anamnese, é importante constar alguns aspectos:

Hábitos de atividade física, alimentar, ingestão de álcool, fumo;


Profissão (isso pode nos fornecer dados importantes a respeito da
postura laboral e futuras compensações que podemos trabalhar nos
exercícios);
Histórico de sintomas (dores e desconfortos musculares e/ou
articulares);
Diagnósticos clínicos;
Exames físicos e clínicos anteriores;
Histórico familiar de doenças importantes, como: diabetes, hipertensão,
doenças cardíacas, entre outras;
Enfermidades recentes diagnosticadas;
Problemas ortopédicos;
Uso de medicamentos;
Alergias.

PAR-Q
Um exemplo de questionário muito utilizado é o PAR-Q, ou Prontidão
para Atividade Física (Physical Activity Readiness Questionnaire).
Originalmente desenvolvido pelo Ministério da Saúde de Colúmbia Britânica,
foi revisado por um Comitê Consultivo Técnico congregado pela Sociedade
Canadense de Fisiologia do Exercício e Fitness, em 1994.
Esse questionário tem sido recomendado para pessoas entre 15 e 69
anos, para a sua entrada em programas de exercício de intensidade branda e
moderada. Não se deve utilizar somente esse questionário, pois ele está
associado apenas aos fatores de risco e doenças, e não abrange informações
importantes, como hábitos de exercício, dores, desconforto, entre outras.
O questionário consta de sete perguntas simples e, se o aluno responder
“sim” a uma ou mais questões, ele deve ser encaminhado a uma avaliação
multidisciplinar ou médica (Clínicas de Medicina do Exercício).
É indicado que você tenha algumas cópias do PAR-Q na íntegra para
aplicar em seus alunos e clientes. Nos meios em que ele é vinculado, sempre
é incentivada a cópia na íntegra para aplicação. Você pode adquiri-lo nos
Guias do ACSM (Manual do Colégio Americano de Medicina do Esporte –
Testes de Esforço e Prescrição de Exercício – ACSM – American College of
Sports Medicine, 2000) e também neste livro.
Ao aplicá-lo, devemos evitar que o avaliado saiba previamente que, se
responder “sim” a alguma das perguntas, será encaminhado ao médico. Essa
informação prévia pode fazê-lo mascarar os resultados. É indicado entregar-
lhe apenas o PAR-Q e, logo após as respostas, pedir-lhe que assine o
questionário. Logo a seguir, o avaliador lhe fornecerá as demais informações.
Podemos também elaborar um questionário para uso próprio, com
questões simples, para usarmos em nossa academia, escola etc. Ao
elaborarmos um questionário próprio, devemos construí-lo com questões
simples e diretas, e priorizar respostas fechadas (com alternativas). Isso
facilita a análise dos resultados e torna a avaliação mais rápida. Cabe
salientar que, para fins de pesquisa, o questionário deverá ser um instrumento
validado, como é o PAR-Q e o questionário sobre fatores de risco, que será
apresentado adiante.

PAR-Q
1- Seu médico já mencionou alguma vez que você tem uma condição
cardíaca e que você só deve realizar atividade física recomendada por um
médico?
( ) Sim ( ) Não
2- Você sente dor no tórax quando realiza atividade física?
( ) Sim ( ) Não
3- No mês passado, você teve dor torácica quando não estava realizando
atividade física?
( ) Sim ( ) Não
4- Você já perdeu o equilíbrio por causa de tontura ou alguma vez perdeu a
consciência?
( ) Sim ( ) Não
5- Você tem algum problema ósseo ou de articulação que poderia piorar em
consequência de uma alteração em sua atividade física?
( ) Sim ( ) Não
6- Seu médico está prescrevendo medicamentos para sua pressão ou
condição cardíaca?
( ) Sim ( ) Não
7- Você conhece alguma outra razão que o impeça de realizar atividade
física?
( ) Sim ( ) Não
Se você respondeu:
Li, entendi e completei este questionário. Quaisquer dúvidas que eu tenha
tido foram esclarecidas de forma completamente satisfatória.
Nome: _________________________________________
Data: _________________
Assinatura: _________________________________
Assinatura do pai ou responsável (para menores de idade): ____________
Testemunha: ___________________________________

Nota: Se o PAR-Q for respondido por uma pessoa antes do seu ingresso em um programa de atividade
física ou da realização de avaliação de aptidão física, esta seção pode ser usada para fins legais ou
administrativos.

Questionário sobre fatores de risco


Outros exemplos de questionários que podemos aplicar são aqueles que
verificam os fatores de risco, ou seja, todos os que estão associados ao
desenvolvimento de doenças cardiovasculares e a outras doenças graves.
Esses fatores de risco são: sedentarismo, colesterol elevado, hipertensão
arterial, fumo, idade, histórico familiar e porcentual de gordura elevado
(ACSM, 2000).
Um modelo de questionário bem simples e de fácil análise é o que foi
desenvolvido e adaptado da Sociedade de Cardiologia de Michigan, no qual a
análise é feita a partir do registro numérico de determinação de valores aos
referidos fatores de risco (Tabela 3.1). Após as respostas, o avaliador faz o
somatório dos valores registrados pelo avaliado em cada item. O valor obtido
nesse somatório é verificado na tabela de classificação (Tabela 3.2), na qual
verificamos o risco que este avaliado está apresentando.
Tabela 3.1- Fatores de risco para desenvolvimento de doenças coronarianas

Tabela 3.2 - Classificação do perfil de risco coronariano

Exemplo de anamnese
1) Quais são seus objetivos com a prática de atividades físicas?
( ) Prevenção
( ) Condicionamento físico
( ) Estética
( ) Lazer
( ) Indicação médica
Outros __________________________

2) Onde prefere praticar atividade física?


( ) Em casa
( ) Na academia
Outros ___________________________

3) Quais esportes você já praticou?


( ) Futebol
( ) Vôlei
( ) Basquete
( ) Handebol
Outros ___________________________

4) Quais esportes você pratica?


( ) Futebol
( ) Vôlei
( ) Basquete
( ) Handebol
Outros ___________________________

5) Tem praticado exercício físico regularmente?


( ) Sim
( ) Não

6) Quantos dias da semana você tem disponível para a prática de exercício


físico?
( ) 2 dias
( ) 3 dias
( ) 4 dias
( ) 5 dias
( ) 6 dias
7) Quais os dias da semana de sua preferência para praticar exercício físico?
( ) Segunda-feira
( ) Terça-feira
( ) Quarta-feira
( ) Quinta-feira
( ) Sexta-feira

8) Você fuma?
( ) Sim
( ) Não

9) Você bebe?
( ) Sim
( ) Não

10) Você sente algum tipo de dor ou desconforto (muscular ou articular)?


( ) Sim
( ) Não
Onde? _________________________________

11) Você apresenta alguma(s) dessas doenças (já diagnosticadas por


médico)?
( ) Colesterol elevado
( ) Diabetes tipo I
( ) Diabetes tipo II
( ) Hipertensão arterial
( ) Cardiopatias
( ) Outras
Quais?
________________________________________________________________
______________________________________________________________________

12) Se você apresenta alguma dessas doenças, usa medicamentos?


( ) Sim
( ) Não

13) Seu médico sabe que você está ingressando num programa de exercícios
físicos?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não frequento regularmente o médico

14) Outras informações relevantes:


___________________________________________
______________________________________________________________________

Avaliação física e avaliação médica


Cabe salientar que é importante que nosso aluno tenha o hábito de
consul-tar um médico, no mínimo anualmente para fazer o controle e a
avaliação de sua saúde. Com essa avaliação física, podemos estimulá-lo a
fazer o controle. Sempre que ele fizer esse acompanhamento médico, é
interessante que façamos uma inter-relação com o outro profissional, o que
torna nossa prescrição cada vez mais segura e eficaz.
Um trabalho interdisciplinar só contribui para o enriquecimento de
nosso conhecimento, além de ser uma segurança para nosso aluno. Nós,
professores de Educação Física, devemos estimular a avaliação médica, que
contribui – e não exclui – a avaliação física. A avaliação médica serve como
um recurso a mais para a segurança da prescrição, mas, mesmo que nosso
aluno já venha com um resultado desse tipo de avaliação, devemos, ainda,
fazer a avaliação antropométrica e neuromuscular (se não existir alguma
restrição feita pelo médico).
Se nos for apresentado um laudo de uma avaliação ergométrica ou ergo-
espirométrica, devemos usá-lo para a prescrição dos exercícios aeróbicos.
Não há necessidade de fazermos uma avaliação cardiorrespiratória, pois esta
já foi feita pelo médico, mas as demais avaliações nós podemos – e devemos
– fazer.
Capítulo 4
Variáveis Cineantropométricas
Cineantropométricas
O marco inicial para o crescimento internacional da cineantropometria
ocorreu em 1976, nos Jogos Olímpicos de Montreal. Naquele ano, Ross e De
Rose descreveram pela primeira vez o termo cineantropometria, e o definiram
como o estudo dos aspectos humanos relacionados a tamanho, forma,
proporcionalidade, composição corporal e maturação biológica (Ross e De
Rose, 1982 apud Silva, Trindade e De Rose, 2003; Beune e Borns, 1990); é a
interface quantitativa entre anatomia e fisiologia ou entre estrutura e função
(Glender, 2003). Objetiva-se entender o processo de crescimento,
treinamento e rendimento esportivo.
Dentro do extenso conteúdo do método cineantropométrico, há dois
pontos de grande utilização e praticidade na avaliação funcional em
academias, escolas, programas de saúde e treinamento: a antropometria e a
composição corporal.

Antropometria
A palavra antropometria deriva do grego anthropos (antropo ou
antropia), que significa homem, e metron (metria ou metro), que equivale a
medida. Por isso, poderíamos defini-la como a parte da antropologia que
estuda as proporções e medidas do corpo humano (Michels, 2000).
A origem da antropometria remete-se à Antiguidade, pois egípcios e
gregos já observavam e estudavam a relação das diversas partes do corpo. O
reconhecimento dos biótipos remonta a tempos bíblicos, e o nome de muitas
unidades de medida utilizadas hoje em dia é derivado de segmentos do corpo
(Rodriguez-Añez, 2001).
Segundo Heyward e Stolarczyk (2000), antropometria é a medida do
tamanho corporal e suas proporções, incluindo espessura de dobras cutâneas,
circunferências (ou perímetros), diâmetros e comprimentos ósseos, estatura e
peso corporal. Preocupa-se em determinar características e propriedades do
aparelho locomotor, como as dimensões das formas geométricas de
segmentos, distribuição de massa, braços de alavanca, posições articulares
etc. (Amadio et al., 1999). Os modelos antropométricos estabelecem
propriedades geométricas do corpo humano, tais como: comprimento, área e
volume dos segmentos, ossos e músculos, origem, inserção, linha de ação dos
músculos sob investigação e suas propriedades de inércia: massa, centro de
gravidade e impulsão dos segmentos (Amadio e Baumann, 2000).
Conforme Ross (1976 apud Marins e Giannichi, 1998), a antropometria
é a aplicação de medições para o estudo do tamanho, forma, proporção,
composição, maturação e crescimento, com o objetivo de ajudar a entender o
movimento humano no contexto do crescimento, exercício, performance e
nutrição, com aplicação direta na medicina, educação e administração.
A antropometria nos ajuda a identificar o quanto cada componente
corporal (gordura, ossos, músculos e órgãos internos) representa na nossa
massa total, ou o que conhecemos como peso corporal.

Instrumentos necessários
Para avaliarmos, necessitamos de instrumentos específicos para as
variáveis que queremos medir. Para mensurarmos essas variáveis, podemos
citar alguns instrumentos básicos, de fácil utilização e que apresentam um
custo relativamente baixo. Cabe salientar ao profissional e estudante de
Educação Física que façam uma pesquisa de preços antes de adquiri-los, e
também que, ao comprarem algum instrumento, prestem atenção a alguns
detalhes:

Nem sempre o mais caro é o melhor; procure informações com relação


ao fabricante;
Tenha em mãos sempre o manual, pois nele constam informações
importantes, como: prazo de aferição do instrumento, como utilizá-lo,
como conservá-lo, aonde levar em caso de conserto, entre outras;
Se comprar material de segunda mão, solicite que ele venha com o
manual de instrução (às vezes, o barato sai caro);
Os instrumentos digitais são muito bons, mas requerem cuidados
especiais, pois são sensíveis a quedas, umidade, calor excessivo e,
quando a bateria está fraca, devemos trocá-la, pois a medida já fica
comprometida. Se você transportará com muita frequência os
instrumentos (por exemplo, fazer avaliação na casa dos alunos, o que é
comum em treinamento individualizado), lembre-se desses detalhes ao
comprá-los. Prefira os mais resistentes.

Devemos atentar para alguns cuidados:

Adequar o instrumento ao indivíduo e à população;


Atentar para a leitura do instrumento;
Treinar o manuseio do instrumento antes de iniciar uma avaliação.

Para uma avaliação antropométrica, necessitamos dos seguintes


instrumentos:
Balança
As balanças podem ser digitais ou analógicas; ambas são precisas.
Convém utilizar modelos que permitam medidas com precisão de até 100
gramas (resolução de 100 gramas). Esse instrumento é utilizado para
determinar a massa ou o peso corporal total.

FIGURA 4.1 - Balança digital.


FIGURA 4.2 - Balança de cilindros.

Estadiômetro
O estadiômetro é uma escala métrica vertical instalada
perpendicularmente a um plano de base, e é utilizado para medir estatura.
Podem ser encontrados adaptados em alguns tipos de balança (balanças de
cilindros) ou fixos em uma parede. Normalmente, utilizamos leitura em
centímetros. Exemplo: 170 cm em vez de 1,70 m. Estadiômetros portáteis
também são bastante utilizados.
FIGURA 4.3 - Estadiômetro portátil.

Antropômetro ou paquímetro
Esses instrumentos medem diâmetros ósseos. A leitura é feita em
centímetros.Para medir os diâmetros maiores (biacromial, biiliocristal e
bitrocantérico), usamos o antropômetro (1), e, para medir os diâmetros
menores, usamos o paquímetro (2).

FIGURA 4.4 - 1: Antropômetro; 2: Paquímetro.


Compasso de dobras
Também conhecido como plicômetro, espessímetro ou adipômetro.
Mede a espessura do tecido adiposo em regiões específicas do corpo. A
precisão da leitura depende do modelo (geralmente 1 mm). A leitura é feita
em milímetros.No item dobras cutâneas, abordaremos compassos clínicos e
científicos.

FIGURA 4.5 - Compassos: 1: Científico (Cescorf); 2: Clínico (Cescorf); 3: Científico (Lange); 4:


Clínico (Slim Guide).

Fita métrica
A fita métrica é utilizada para a determinação dos perímetros ou
circunferências. Observar que o ponto zero da fita será sempre o ponto fixo.
A leitura é feita em centímetros.Normalmente, as fitas antropométricas são
metálicas, flexíveis, para facilitar a medida, e têm maior durabilidade.

FIGURA 4.6 - Fita métrica metálica.


Pontos anatômicos
Em uma avaliação antropométrica, necessitamos de certas referências, e
al-guns pontos anatômicos são de fundamental importância para o início de
uma avaliação.
Os pontos anatômicos servem para uma avaliação subjetiva (visual; por
exemplo, a avaliação postural) e para uma avaliação objetiva (dobras
cutâneas, circunferências etc.).
São inicialmente localizados por meio da palpação e identificação das
estruturas que os caracterizam e, posteriormente, marcados com lápis
dermográfico ou adesivos (avaliação postural), para facilitar a colocação
correta do instrumento de medida.
Para identificarmos os pontos anatômicos, devemos passar por três
etapas:

Identificação visual do local a ser marcado;


Palpação: deve ser firme e segura, mas não bruta, para não machucar o
avaliado. Devemos ter cuidado, pois em algumas regiões o avaliado
pode sentir cócegas. Nesse caso, marcamos apenas pela identificação
visual;
Marcação: deve ser feita com lápis dermográfico específico para
avaliação, ou mesmo lápis de maquiagem (adquiridos em farmácias).
Podemos, ainda, usar etiquetas adesivas para a avaliação postural; para
as avaliações antropométricas, devemos usar o lápis.

Mesmo que o interesse do pesquisador/avaliador se limite a uma ou


duas medidas, convém que todos os pontos sejam demarcados e a rotina de
medição antropométrica seja feita de forma completa. Com isso, será
propiciada uma série de dados que servirão, no futuro, para a elaboração de
novas pesquisas.

Vértex
É o ponto mais superior da cabeça, estando o Plano de Frankfurt (uma
linha imaginária traçada sobre o meato auditivo, que deve estar
horizontalizado com o solo; também significa o alinhamento do plano visual
ao horizonte) rigorosamente posicionado. É usado para determinar estatura e
altura sentado.

Cervical
Situa-se na porção mais posterior do processo espinhoso da sétima
vértebra cervical. Usa-se para medir a altura do tronco.

Acromial
Ponto mais lateral do bordo superior e externo da espinha da escápula
(processo acromia). Essa referência é usada para determinar o diâmetro
biacromial, para o comprimento do membro superior e do braço e para
determinar o local da dobra do tríceps e a circunferência do braço.

Mesoesternal
Ponto médio do esterno. É a referência para os diâmetros ântero-
posteriores e transverso do tórax. Podemos identificá-lo três dedos acima do
processo xifoide, e, nos homens, normalmente usamos a linha mamilar como
referência.

Úmero
Localiza-se nos epicôndilos lateral e medial do úmero. Deve ser
verificado com o cotovelo fletido, pois facilita a identificação dos processos
ósseos. Usamos esses pontos para medir o diâmetro do úmero.

Radial
Ponto mais alto da borda superior e lateral da cabeça do rádio. Usa-se
na determinação do comprimento do braço e do antebraço.

Estiloidal
Localiza-se no ponto mais distal da apófise estiloide do rádio. É a
referência utilizada para estabelecer o comprimento do antebraço e da mão e
o diâmetro biestiloidal do rádio. Identificamos o ponto com o punho fletido.

Dactiloidal
Ponto mais distal da extremidade do dedo médio da mão direita.
Utiliza-se na medida da altura total e do comprimento do membro superior e
da mão.

Iliocristal
Ponto mais lateral da borda superior da crista ilíaca. É a referência
utilizada para a medida do diâmetro bi-iliocristal e da dobra cutânea
suprailíaca.

Trocantério
Situa-se no ponto mais alto do trocanter maior do fêmur. Como
referência, usa-se na determinação do diâmetro bitrocantérico, do
comprimento do membro inferior e da coxa. Para identificar melhor o ponto
por meio da palpação, solicitamos ao avaliado que faça o movimento de
rotação externa ou flexão e extensão do quadril. Quando mobilizamos a
articulação, identificamos melhor o ponto.

Femoral
Situa-se na extremidade inferior (distal) do fêmur, e devemos marcar os
epicôndilos medial e lateral. O avaliado deve estar sentado para facilitar a
identificação do ponto.

Tibial
Ponto localizado na borda superior da tuberosidade medial da tíbia. É
usado na medida do comprimento da coxa e da perna. Para a identificação do
ponto, o avaliado deve estar sentado.

Acropodial
Ponto mais anterior dos dedos dos pés, que eventualmente poderá ser a
extremidade do primeiro ou do segundo dedo, dependendo do indivíduo.
Usa-se para medir o comprimento do pé.

Maleolar
Situa-se no ponto mais projetado do maléolo lateral e medial. Essa
referência é usada para determinar o comprimento da perna e o diâmetro
bimaleolar.
Pternial
Ponto mais posterior do calcanhar. Usa-se para medir o comprimento
do pé.

FIGURA 4.7 - Pontos anatômicos.


Fonte: Pitanga (2004, p. 62).

Classificação das medidas


antropométricas básicas em Educação
Física
Segundo Marins e Giannichi (1998), podemos classificar as principais
medidas utilizadas em Educação Física em: medidas lineares longitudinais
(alturas e comprimentos) e transversais (diâmetros e envergaduras); medidas
circunferenciais (circunferências ou perímetros); e medidas de massa ou peso.

Medidas lineares longitudinais


Alturas
Correspondem às medidas tiradas de um ponto antropométrico ao solo
no sentido longitudinal (por meio de um antropômetro ou altímetro). As
principais alturas são:
Estatura
É a distância entre o ponto vértex e a região plantar (com o avaliado em
pé ou deitado). A posição deitada do avaliado faz que haja um aumento de
0,5 a 1 cm em seu comprimento (Miranda, 2000). Para situar adequadamente
a cabeça na posição anatômica, foi estabelecido o Plano de Frankfurt (Figura
4.8). Esse plano, utilizado, sobretudo, na determinação do vértex, é gerado a
partir de uma linha imaginária que passa pelo ponto mais baixo do bordo
inferior da órbita direita e pelo ponto mais alto do bordo superior do meato
auditivo externo correspondente. Podemos solicitar ao avaliado que mantenha
o olhar no horizonte. Isso facilita a determinação do Plano de Frankfurt e,
consequentemente, do vértex, sobre o qual a trena é posicionada.

FIGURA 4.8 - Plano de Frankfurt.


Fonte: Pitanga (2004, p. 61).
FIGURA 4.9 - Medida da estatura.

Altura total
É a distância do ponto dactiloidal até a região plantar, estando o
avaliado com o membro superior direito na vertical, elevado a 180° por sobre
a cabeça e com o cotovelo estendido.

FIGURA 4.10 - Medida da altura total.


Altura sentado
Com o avaliado sentado em um banco regulável, para que se obtenha
um ângulo reto nas articulações de tornozelo, joelho e coxo-femoral, mede-se
a distância do ponto vértex ao assento do banco.

Altura do membro superior


Acromial, radial, estiloidal e dactiloidal. Caracterizam a distância entre
esses pontos anatômicos e a região plantar. Usamos um antropômetro vertical
para mensurar essas medidas.

Altura do membro inferior


Trocantérica, tibial e maleolar. Caracterizam as distâncias entre os
respectivos pontos anatômicos e a região plantar. Usamos um antropômetro
vertical para mensurar essas medidas.
Ao efetuar as medidas longitudinais, determinados cuidados devem ser
levados em consideração para diminuir a margem de erro.

FIGURA 4.11 - Alturas de membros superiores e inferiores.


Fonte: Pitanga (2004, p. 68).
Cuidados

O avaliado deve estar descalço.


O avaliado deve manter-se em pé, com os pés unidos e voltados à frente,
ombros relaxados e braços ao longo do corpo, com o Plano de Frankfurt
rigorosamente posicionado.
A haste do antropômetro deve estar perpendicular ao solo.
Alguns autores recomendam, para determinadas medidas, que o avaliado
faça uma inspiração, procurando compensar o achatamento dos discos
intervertebrais, ocorrido durante o dia.

Comprimentos
Os comprimentos estão relacionados às distâncias entre dois pontos
antropométricos medidos longitudinalmente (por meio de um antropômetro
ou pela diferença (–) entre suas alturas).
Com base na determinação das alturas, podemos calcular os
comprimentos dos membros inferiores e superiores e de alguns segmentos
corporais. Com o estabelecimento de alguns indícios, somos capazes de
analisar o físico do avaliado, além de observar o crescimento, a maturação e o
desenvolvimento longitudinal dos ossos, também para uma avaliação
postural. Os principais comprimentos são:

Comprimento do MS (membro superior) = (altura acromial – altura


dactiloidal) ou o comprimento entre o acrômio e o dactiloidal.
Comprimento do braço = (altura acromial – altura radial) ou o
comprimento do acrômio até o ponto radial.
Comprimento do antebraço = (altura radial – altura estiloidal) ou o
comprimento do ponto radial até o estiloidal.
Comprimento da mão = (altura estiloidal – altura dactiloidal) ou o
comprimento do ponto estiloidal até o dactiloidal.
Comprimento do MI (membro inferior) = (estatura – altura sentado) ou
altura trocantérica ao solo.
Comprimento da coxa = (altura trocantérica – altura tibial) ou o
comprimento do trocânter até o tibial.
Comprimento da perna = (altura tibial – altura maleolar) ou o
comprimento do ponto tibial até o maleolar.
Comprimento do pé = do ponto pternial ao acropodial.

Medidas transversais
Envergadura
É a distância entre dois pontos dactiloidais, estando o avaliado em pé
com os braços abduzidos, formando um ângulo de 90° com o tronco. Os
cotovelos devem estar estendidos e os antebraços, supinados.

Diâmetro ósseo
Caracteriza a distância entre duas estruturas de determinado osso,
localizada transversalmente. É medida com um paquímetro e antropômetro, e,
normal-mente, é estudada apenas no lado direito, de acordo com as normas
metodológicas atuais. Sua aplicação está relacionada à determinação do peso
ósseo e do somatótipo.

Diâmetro biacromial
Distância entre os pontos acromiais direito e esquerdo. O avaliador
coloca-se atrás do avaliado.

FIGURA 4.12 - Diâmetro biacromial.

Diâmetro bi-iliocristal
Distância entre os pontos iliocristais direito e esquerdo. É também
chamado de bicrista ou bicristal. Avaliado em posição ortostática, de frente
para o avaliador.

FIGURA 4.13 - Diâmetro bi-iliocristal.

Diâmetro bitrocantérico
Distância entre os pontos trocantéricos direito e esquerdo. O avaliado
deve ficar de frente para o avaliador, e seus pés devem permanecer unidos.

FIGURA 4.14 - Diâmetro bitrocantérico.

Diâmetro biepicondiliano do úmero


Distância entre os epicôndilos medial e lateral do úmero, com o
avaliado em posição ortostática, braço flexionado em 90° com o tronco e
antebraço formando 90° com o braço. A medida deve ser feita no lado direito.
FIGURA 4.15 - Diâmetro biepicondiliano do úmero.

Diâmetro biestiloide
Distância entre as apófises estiloides do rádio e da ulna, estando o
avaliado em posição ortostática, com braço flexionado em 90° com o tronco e
antebraço pronado, formando ângulo de 90° com o braço, e punho fletido. A
medida deve ser feita no lado direito.

FIGURA 4.16 - Diâmetro biestiloide.


Diâmetro biepicondiliano do fêmur
Distância entre os côndilos medial e lateral do fêmur, estando o
avaliado sentado com os pés apoiados no chão, a coxa formando um ângulo
de 90° com o tronco, e a perna, 90° com a coxa.

FIGURA 4.17 - Diâmetro biepicondiliano do fêmur.

Diâmetro bimaleolar
Distância entre os dois maléolos (medial e lateral), estando o avaliado
sentado e com os pés apoiados no chão.
FIGURA 4.18 - Diâmetro bimaleolar.

Cuidados

O paquímetro não deve ficar frouxo nem com pressão excessiva.


O paquímetro deve ser colocado perpendicularmente ao diâmetro
medido.
Respeitar os procedimentos e posição do avaliado e avaliador.

Medidas circunferenciais
Os termos circunferência e perímetro vêm sendo usados para definir a
medida circunferencial de vários locais do corpo, ou seja, para descrever
algumas características antropométricas. Em decorrência da utilização de
muitos protocolos (Americano e Australiano, entre outros), ocorrem algumas
divergências em relação ao uso dessas terminologias.
Na geometria euclidiana, o termo circunferência é o lugar geométrico
dos pontos de um plano que equidistam de um ponto fixo. Esse ponto fixo é o
centro e a equidistância, o raio da circunferência.
Por sua vez, perímetro (c), na geometria euclidiana, é a extensão da
circunferência, e pode ser calculado por meio da equação:
c = π d = 2r π
onde d é o diâmetro da circunferência, ou seja, o dobro do raio.
Em Antropometria, podemos usar o termo circunferência para
determinar a medida circular dos segmentos; isso não é errado. Alguns
protocolos – como o Australiano, por exemplo, da The International Society
for the Advancement of Kinanthropometry (ISAK) (Norton e Olds, 2005),
que vem sendo adotado como referência por muitos profissionais – usam o
termo perímetro (que é um tipo de medida circunferencial) para descrever as
medidas que, neste livro, chamamos de circunferências.
O termo perímetro sempre foi mais utilizado para referirmos os
perímetros musculares, ou seja, uma estimativa por meio de equações
específicas que identificavam a medida circunferencial (perímetro) muscular,
desprezando a pele e o tecido de gordura. Tal medida também pode ser feita
de maneira direta, por meio da avaliação de imagem (uma ecografia, por
exemplo).
Existem algumas diferenças na padronização das medidas
circunferenciais ao compararmos o protocolo de Lohman, Roche e Martorell
(1991), seguido neste livro, com o da ISAK. O importante é que o
profissional e o estudante das áreas da Saúde mantenham-se informados e
atualizados, e sigam uma padronização em suas avaliações, garantindo,
assim, excelência em suas atividades. A ISAK fornece cursos de formação e
certificação em diferentes níveis.
As circunferências ou perímetros são medidas que determinam os
valores de circunferência de um segmento corporal perpendicular ao eixo
longitudinal do mesmo segmento. As circunferências mais utilizadas em
Educação Física, segundo Lohman, Roche e Martorell (1991), são:

Ombros
Essa medida é feita no meio do músculo deltoide, no qual,
normalmente, encontra-se o maior volume muscular. O avaliado deve estar
em pé, com o peso distribuído igualmente entre os segmentos e com os
braços ao lado do corpo. A medida é feita ao final de uma expiração normal.

FIGURA 4.19 - Circunferência de ombros.

Braço
Essa medida é feita no ponto médio entre o acrômio e a base do
olécrano (o ponto deve ser marcado com o cotovelo fletido em 90°). A
medida pode ser feita com o braço relaxado ao longo do corpo, e também
contraído, no qual o tronco e o antebraço formam um ângulo de 90°.

FIGURA 4.20 - Circunferência do braço.

Antebraço
Essa medida é feita no ponto de maior volume muscular (maior
perímetro), com os braços estendidos ao longo do corpo e com o avaliado de
frente para o avaliador. Devemos fazer a medida com o antebraço supinado.

FIGURA 4.21 - Circunferência do antebraço.

Tórax

Homens: sobre a linha dos mamilos e sobre o ponto mesoesternal.


FIGURA 4.22 - Circunferência do tórax masculino.

Mulheres: sobre a linha subaxilar. O avaliado deve ficar de frente para o


avaliador.

FIGURA 4.23 - Circunferência do tórax feminino.

Cintura
A cintura é verificada sobre o ponto de menor perímetro. O avaliado
fica em pé, de frente para o avaliador, e com o abdômen relaxado. Podemos
identificar o ponto de medida utilizando as costelas como ponto de referência
(última flutuante).
FIGURA 4.24 - Circunferência da cintura.

Abdômen
Essa medida é verificada sobre a cicatriz umbilical. O avaliado deve
manter respiração normal e peso distribuído nos dois pés; braços ao lado do
corpo.

FIGURA 4.25 - Circunferência abdominal.

Quadril
Essa medida é feita sobre o trocânter maior de cada fêmur. O avaliado
deve estar com os pés unidos, em pé e de lado para o avaliador.
FIGURA 4.26 - Circunferência do quadril.

Coxa
A circunferência da coxa pode ser medida em três pontos:

Proximal: 1 cm abaixo da prega glútea.


Medial: no ponto médio entre o vinco inguinal e o bordo superior da
patela.
Distal: 10 cm acima do bordo superior da patela.

O avaliado fica em pé, com o peso distribuído em um dos lados para


que a medida seja feita no outro segmento. Alguns protocolos sugerem que o
peso deve ser distribuído igualmente entre os dois pés.
FIGURA 4.27 - Circunferência proximal da coxa.

FIGURA 4.28 - Circunferência medial da coxa.


FIGURA 4.29 - Circunferência distal da coxa.

Perna (panturrilha)
Essa medida é feita no ponto de maior volume muscular. O avaliado se
senta em uma mesa para que a perna que será medida fique pendurada
livremente, ou ele fica em pé, com os pés mais ou menos 20 cm afastados um
do outro e com o peso em um dos segmentos (medimos o outro). A fita
métrica é posicionada horizontalmente em volta da perna e movida para cima
e para baixo para localizar a máxima circunferência, em um plano
perpendicular ao eixo da panturrilha. O local de maior circunferência é
marcado, pois a dobra cutânea da panturrilha será medida no mesmo nível.
FIGURA 4.30 - Circunferência da perna.

Cuidados

Medir sempre sobre a pele nua;


Nunca usar fita elástica ou de pouca flexibilidade;
Não deixar o dedo entre a fita e a pele;
Não dar pressão excessiva, nem deixar a fita frouxa; a fita deve ficar
aderida à pele;
Não medir após exercício físico;
O ponto zero da fita sempre será o ponto fixo; ficará posicionado
embaixo.

Medida de massa ou peso corporal total


A medida de massa (chamada popularmente de “peso corporal”) é uma
das mais utilizadas na Educação Física. Entretanto, devemos considerar o fato
de que, isoladamente, esse dado não é adequado para afirmar se uma pessoa é
obesa ou magra, e tampouco é o elemento de controle de esforço. Quando
utilizamos a balança de cilindro, a técnica para medir consiste em:

Após a calibragem, travar a balança;


O avaliado sobe na balança pisando no centro, mantendo-se ereto e de
costas para a escala de medida;
Movimentar o cilindro maior para o encaixe correspondente à grandeza
de peso do avaliado;
Destravar a balança;
Movimentar o cilindro menor até que ocorra o nivelamento dos
ponteiros-guias;
Travar a balança;
Pedir que o avaliado desça da balança;
Fazer a leitura;
Retornar os cilindros ao ponto zero.

FIGURA 4.31 - Medida massa corporal (peso corporal).

Para as balanças digitais, devemos solicitar que o aluno suba na balança


e fique sem se movimentar, e assim faremos a medida.

Dobras cutâneas
As medidas de dobras cutâneas não se enquadram na classificação
descrita anteriormente, mas são um importante instrumento para a análise da
composição corporal.
Existe uma relação entre gordura subcutânea e gordura corporal total,
além do porcentual de gordura obtido com a medida das dobras. Podemos
também utilizar a soma de algumas dobras cutâneas para estimar a gordura
corporal total.
A técnica das dobras cutâneas é uma das mais utilizadas para a
verificação da composição corporal. Ela é mais acessível (custo e tempo),
mais rápida e seus resultados podem ser plenamente adaptados para faixa
etária, sexo etc. É com base no porcentual de gordura que podemos
estabelecer os demais componentes corporais (músculos, ossos etc.).
Essa técnica requer prática do avaliador, para que, cada vez mais, se
reduza o erro. A utilização de equações adequadas é um fator muito
importante para que os resultados sejam consistentes.
Conforme destacado no item Instrumentos necessários, o equipamento
necessário para medir as dobras cutâneas é chamado comumente compasso
de dobras. O compasso pode ser clínico ou científico. Normalmente, o
compasso científico apresenta uma precisão de escala mais fracionada (0,1
mm), enquanto o compasso clínico apresenta uma escala de 0,5 mm. Isso não
compromete a medida de maneira a impedir a utilização dos compassos
clínicos. Quando fazemos um trabalho científico com a intenção de publicá-
lo em revistas especializadas, necessitamos utilizar um instrumento científico.

Técnicas de medida e manuseio do instrumento


Tire todas as medidas do lado direito do corpo;
Cuidadosamente, identifique e marque os locais de medidas;
Segure a dobra cutânea firmemente entre o polegar e o indicador
(podendo também pegar com o dedo médio) esquerdos. Esses dedos
devem ter um afastamento, formando a letra “L”;
Os dedos devem sempre ficar apontados para baixo quando a dobra for
vertical, apontados para a esquerda quando for horizontal e apontados
para baixo na diagonal quando a dobra for diagonal;
O compasso deve ser segurado com a mão direita e colocado 1 cm
abaixo do pinçamento com os dedos, na mesma profundidade destes;
Mantenha a dobra segurada enquanto a medida é feita;
Deixe o compasso na posição de medida cerca de, no máximo, 4
segundos;
Evite duas medidas consecutivas no mesmo local;
Preferencialmente, faça três tomadas em circuito e utilize a mediana (ou
seja, exclua os valores maior e menor e utilize como resultado final o
valor mediano);
Atenção ao direcionamento das dobras: elas podem ser verticais,
horizontais e diagonais (ou oblíquas). O direcionamento é da dobra, e
não do compasso. Nas dobras verticais, por exemplo, o compasso
assume uma posição horizontal, mas devemos dar importância à direção
da dobra. Normalmente, esta está relacionada à direção das fibras
musculares em que a dobra está sendo medida;
Evite mensurar as medidas do avaliado após este ter realizado atividade
física;
Cabe ressaltar que não existe diferença nos procedimentos técnicos de
medida das dobras em crianças, adultos ou idosos. Os procedimentos
são os mesmos; o que difere é a equação a ser utilizada para o cálculo de
percentual de gordura.

FIGURA 4.32 - Posição dos dedos.


Como minimizar o erro utilizando a técnica do compasso de
dobras?
Pratique, no mínimo, entre 50 e 100 clientes;
Treine sempre com um técnico bem capacitado e experiente;
Siga os procedimentos-padrões;
Marque todos os pontos antes de medir;
Use as equações específicas para encontrar os resultados;
Esteja atento a novas informações sobre esse assunto.

Técnicas para medição

Tricipital
A dobra do tríceps é medida na linha média da parte posterior do braço,
sobre o músculo tríceps, no ponto médio entre o acrômio e o nível inferior do
processo olécrano da ulna; é uma dobra vertical.
Usando uma fita métrica, com o cotovelo flexionado em 90°, marque o
ponto médio. A dobra é medida com o braço estendido e relaxado.
O avaliador fica em pé, atrás do avaliado, e segura a dobra com a mão
esquerda, ficando com os dedos polegar e indicador apontados para baixo.
FIGURA 4.33 - Local da dobra do tríceps.

FIGURA 4.34 - Dobra do tríceps.

Subescapular
É uma dobra diagonal inclinada ínfero-lateralmente, aproximadamente
45° do plano horizontal. O ponto é, em média, 1 cm abaixo do ângulo inferior
da escápula.
O avaliado fica em pé, com o peso distribuído em ambos os pés. Para
localizar o ponto, deve-se palpar a borda lateral da escápula (de cima para
baixo) até localizar o ângulo inferior. Essa dobra é próxima à do tríceps.
FIGURA 4.35 - Local da dobra subescapular.

FIGURA 4.36 - Dobra subescapular.

Axilar média
É uma dobra horizontal, localizada na junção xifoesternal (ponto onde
a cartilagem costal das costelas 5-6 articulam-se com o esterno), levemente
acima do processo xifoide, na linha média axilar do tronco. Devemos
identificar o processo xifoide e, aproximadamente, um dedo acima dele é o
ponto a ser medido. Então, transferimos o ponto para a lateral do tronco. O
avaliado pode fazer uma leve abdução do ombro (até 90°) para facilitar o
acesso ao ponto.

FIGURA 4.37 - Local da dobra axilar média.

FIGURA 4.38 - Dobra axilar média.

Peitoral ou torácica
No homem,o ponto é a distância média entre a prega axilar anterior e o
mamilo; é uma dobra diagonal.Na mulher, o ponto se localiza um pouco
mais acima que no homem, 2 cm abaixo da linha axilar. O indivíduo fica com
os braços relaxados ao lado do corpo para que o ponto seja identificado e
devidamente marcado.
FIGURA 4.39 - Local da dobra peitoral feminina.

FIGURA 4.40 - Dobra peitoral feminina.


FIGURA 4.41 - Local da dobra peitoral masculina.

FIGURA 4.42 - Dobra peitoral masculina.

Bíceps
Para medir a dobra do bíceps, podemos usar a marca do tríceps. A
medida do bíceps deve ser 1 cm acima do tríceps, e também é uma dobra
verticalna parte anterior do braço.
FIGURA 4.43 - Local da dobra do bíceps.

FIGURA 4.44 - Dobra do bíceps.

Abdominal
Para medir a dobra abdominal, o avaliado, em pé, com o peso
distribuído em ambos os pés, deve relaxar a musculatura abdominal e a
respiração deve se manter normal. O ponto fica 3 cm ao lado e 1 cm abaixo
da cicatriz umbilical, do lado direito, e é uma dobra horizontal.
FIGURA 4.45 - Local da dobra abdominal.

FIGURA 4.46 - Dobra abdominal.

Suprailíaca
A dobra cutânea suprailíaca é medida na linha média axilar
imediatamente (aproximadamente 1 cm) acima da crista ilíaca. O avaliado
fica com os pés juntos em uma posição ereta, com os braços pendentes ao
lado. Se necessário, faz uma leve abdução do ombro para melhor acesso ao
ponto. É uma dobra diagonal, a aproximadamente 45° da horizontal. As
partes do compasso são aplicadas a mais ou menos 1 cm de onde os dedos
estão segurando.
FIGURA 4.47 - Local da dobra suprailíaca.

FIGURA 4.48 - Dobra suprailíaca.

Supraespinhal
A dobra supraespinhal é medida imediatamente acima (1 cm) da
espinha ilíaca. É uma dobra diagonal. O avaliado posiciona-se em pé, com os
braços relaxados ao lado do corpo.
FIGURA 4.49 - Local da dobra supraespinhal.

FIGURA 4.50 - Dobra supraespinhal.

Coxa
O ponto está localizado na linha média da parte anterior da coxa, entre
o vinco inguinal e a borda proximal da patela. O indivíduo flexiona o quadril
para ajudar a localização do vinco inguinal. É uma dobra vertical.
O peso do corpo é transferido para o outro pé, enquanto a perna do lado
da medida fica relaxada, com o joelho levemente flexionado e o pé no piso
plano. O avaliado pode segurar-se nos ombros do avaliador ou no encosto de
uma cadeira.

FIGURA 4.51 - Local da dobra da coxa.

FIGURA 4.52 - Dobra da coxa.

Suprapatelar
É uma dobra verticallocalizada na linha média da coxa, 2 cm acima da
borda proximal da patela. O avaliado fica em pé, com o peso do corpo dire-
cionado para a perna esquerda.
FIGURA 4.53 - Local da dobra suprapatelar.

FIGURA 4.54 - Dobra suprapatelar.

Perna (panturrilha)
A dobra vertical é feita na face medial da perna, no ponto de maior
circunferência. O avaliado deve estar sentado com os pés apoiados no solo ou
suspenso.
FIGURA 4.55 - Local da dobra da perna.

FIGURA 4.56 - Dobra da perna.

Como mencionado anteriormente, há diferenças entre a padronização


das medidas conforme os protocolos adotados. Atualmente, a padronização
da ISAK tem sido adotada como referência. Nela, por exemplo, a dobra
cutânea abdominal é feita 5 cm ao lado direito da cicatriz umbilical (ponto
médio do umbigo), e é uma dobra vertical, diferentemente da descrita neste
livro, que adota a padronização de Lohman, Roche e Martorell (1991).
Também existem diferenças na determinação de alguns pontos anatômicos e
em algumas circunferências (perímetros), entre outros itens.
O importante é que o profissional busque informações e treinamento
adequado, e siga um protocolo que se ajuste às suas necessidades e ao seu
público. Um ponto fundamental é que se mantenha informado e atualizado.
Isso pode ajudar, e muito, na qualidade dos serviços prestados a seus clientes
e alunos, assim como nos resultados futuros.
Nota: As medidas antropométricas aqui citadas (diâmetros, circunferências e dobras cutâneas) foram
descritas com base na tradução da obra de Lohman, Roche e Martorell (1991), referência para avaliação
antropométrica adotada nesta obra.
Capítulo 5
Técnicas para Determinação da
Composição Corporal
Com base nas medidas antropométricas coletadas, poderemos estimar o
quanto cada um dos componentes corporais (ossos, músculos, gordura e
órgãos internos) representa no corpo humano. A composição corporal pode
ser fracionada em dois ou quatro compartimentos. São eles:

Dois compartimentos: peso gordo e peso magro. O peso gordo é a


gordura corporal, e o peso magro está relacionado a todos os outros
tecidos (ossos, músculos, pele e órgãos internos).
Quatro compartimentos: peso gordo, peso muscular, peso ósseo e peso
residual.

Conseguimos estabelecer esses componentes por meio de equações


específicas, que veremos a seguir.
A composição corporal pode ser medida basicamente através de três
técnicas: pesagem hidrostática, bioimpedância elétrica e antropometria
(dobras cutâneas).

Pesagem hidrostática
Esse método é conhecido como Gold Standard (Padrão Ouro), utilizado
como referência, no qual obtemos o volume corporal e calculamos a densi-
dade corporal.
Segundo Arquimedes, o peso perdido dentro da água é proporcional ao
volume de água removido pelo volume corporal; então:
VC = PC – PESO PERDIDO NA ÁGUA

Onde:
VC = volume corporal
PC = peso corporal

Ex.
80 kg – peso dentro da água (4 kg) = 76
DC = 80 kg/76 kg = 1,05263 g/cc

Esse é um método pouco utilizado (apenas em pesquisas), por ser caro e


pouco prático.
Hoje em dia, a densitometria óssea (absorciometria de feixe duplo) tem
sido investigada com vistas à possibilidade de ser adotada como padrão ouro;
porém, mais estudos devem ser feitos para tal determinação.

Bioimpedância elétrica
O princípio da bioimpedância se baseia no conceito de que o fluxo
elétrico é facilitado através do tecido hidratado e isento de gordura, assim
como a água extracelular, em comparação com o tecido adiposo, em virtude
do maior conteúdo de eletrólitos. Consequentemente, a resistência ao fluxo
da corrente elétrica estará relacionada diretamente ao nível de gordura
corporal.
Temos métodos tetra e bipolar, que se relacionam ao número de
eletrodos posicionados no avaliado, por exemplo, no método tetrapolar, dois
eletrodos são colocados na mão e no pé. Os eletrodos distais emitem a
corrente e os proximais recebem.
Atualmente, não é o método mais caro, mas seu custo é relativamente
alto. Além disso, para o método ter resultados consistentes, deve-se observar
uma série de recomendações antes da avaliação, como, por exemplo, não ter
ingerido água ou líquido uma hora antes; não ter feito exercício físico até três
horas antes do teste; não estar tomando medicamento diurético (na verdade,
existem alimentos que assumem esse papel, e podem interferir no teste); para
as mulheres que estão no período pré-menstrual, não é aconselhável fazer o
teste; o avaliado não deve (no momento do teste) deixar que as pernas e os
braços encostem no tronco ou uns nos outros (dificulta a corrente), além de
outras recomendações.
É um método interessante, pois seu resultado traz a quantidade de água
no organismo e o metabolismo aproximado.
FIGURA 5.1 - Aparelho de bioimpedância elétrica

Dobras cutâneas
Essa técnica já foi destacada no capítulo anterior.

Índices e proporções
Utilizamos as medidas antropométricas para determinar os
componentes corporais e para estabelecermos alguns índices e relações
(também conhecidos como proporções). Entre eles, destacam-se os seguintes:

Índice de massa corporal (IMC)


O índice de massa corporal (IMC), também conhecido como Índice
Quetelet, é usado para avaliar o peso relativo à estatura, e é calculado
dividindo-se o peso corporal em quilos pela estatura em metros quadrados
(peso/h²). O IMC é um indicador relativamente bom da composição corporal
total, mas não deve ser a única técnica aplicada, pois pode não expressar bem
a realidade. Por exemplo, se aplicarmos o IMC em um fisiculturista, ele
provavelmente apresentará um índice muito alto, isso porque sua massa
magra é muito grande. Mas em sedentários essa técnica pode ser usada,
porém em conjunto com outra. Podemos utilizar com crianças.
O método de IMC apresenta limitações bem descritas na literatura
(Franken-field, 2001). No entanto, este índice tem sido recomendado pela
Organização Mundial de Saúde como um indicador da gordura corporal, por
ser obtido de forma rápida e praticamente sem custo nenhum.
Mais recentemente, uma discussão foi gerada após a publicação, na
revista Economist, de um artigo do matemático Lloyd N. Trefethen, professor
da Universidade de Oxford, que levantou a discussão de que o corpo é
tridimensional, e não bidimensional, razão pela qual o expoente da equação
não poderia ser 2. Contudo, Trefethen salienta que não é epidemiologista, e
sim matemático, mas que, mesmo assim, acredita que a equação clássica do
IMC deveria ser repensada.
Em seus estudos, Trefethen identificou que as pessoas mais baixas
podem ser subestimadas com a equação clássica, elevada ao expoente 2, e
assim sugere a seguinte equação:
IMC = 1,3 x peso (kg) / estatura (m)2,5

Trefethen salienta também que o Prof. Alain Goriely, também de


Oxford, em uma Carta ao Editor, mencionou em sua defesa que o próprio
Quetelet, inventor da equação clássica, já tinha identificado que o expoente
não deveria ser 2, e que tal constatação foi publicada na obra Tratado sobre o
homem e o desenvolvimento de suas faculdades (1842); porém, o próprio
autor não acre-ditava que essa equação seria mundialmente utilizada e uma
referência nas questões epidemiológicas.
Muitos pesquisadores, porém, defendem que a equação clássica está
correta e deve ser utilizada, mesmo com restrições em seu uso, e não
acreditam que o expoente 2,5 ou 3 possa resolver tais limitações (Heymsfield
et al., 2007).
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) também vêm
estudando esse assunto. A nutricionista Mirele Savegnago Mialich Grecc, por
exemplo, estuda o desenvolvimento de uma equação que leva em conta o
percentual de gordura do indivíduo:

IMC = (3 x peso (kg) + 4 x % gordura) / estatura (cm)


Talvez o maior inconveniente dessa proposta de equação seja o fato de
usar o percentual de gordura, o que torna necessário a mensuração e o cálculo
de outra variável, e o IMC foi adotado mundialmente por necessitar apenas
do peso e da estatura, o que facilita muito os estudos epidemiológicos em
grandes populações.
Essas questões ainda serão amplamente discutidas. O importante é que
nós, professores, estejamos sempre atentos e informados sobre os avanços da
ciência.
Independentemente da equação adotada, a classificação é a mesma
(Tabela 5.1).
Tabela 5.1 - Padrões de IMC para adultos

20-24,9 kg/m2 Desejável para homens e mulheres


25-29,9 kg/m2 Obesidade grau 1 ou sobrepeso
30-40 kg/m2 Obesidade grau 2
Obesidade grau 3 (obesidade
>40 kg/m2 mórbida)
Fonte: adaptado de Bray e Gray (1988, p. 432).
Para a avaliação de crianças, podemos utilizar o IMC como uma forma
de verificar a sua composição corporal e a classificação nutricional.
Normalmente trabalhamos com percentis para identificar a condição da
criança. Essas tabelas estão disponíveis no Capítulo 11.

Relação da cintura para o quadril (RCQ)


A relação (ou proporção) da cintura para o quadril (RCQ) é fortemente
associada à gordura visceral e parece ser um índice aceitável de gordura intra-
abdominal. Medimos as circunferências da cintura e do quadril (em
centímetros), aplicamos a equação abaixo e, assim, classificamos em uma
tabela de normalidade (Tabela 5.2). Esse tipo de medida está muito associada
ao desenvolvimento de doenças cardiocirculatórias, por isso relacionamos os
resultados com riscos baixo, moderado, alto e muito alto de desenvolver
algum tipo de doença dessa natureza.

Tabela 5.2 - Normas para a RCQ de homens e mulheres


Equações
Para selecionarmos uma equação, devemos levar em conta alguns
fatores. São eles:

Idade (faixa etária);


Sexo;
Etnia;
Grau de condicionamento (sedentários, atletas etc.).

Para calcularmos o percentual de gordura, podemos usar as equações,


determinando os componentes corporais. Para encontrarmos o percentual de
gordura utilizamos também as equações que nos fornecem a DC, e após
aplicamos uma equação para o percentual de gordura.
O mais importante é fazer a seleção adequada da equação, o que garante
os resultados. Quando selecionamos equações que nos fornecem a DC,
devemos aplicar uma outra para determinarmos o percentual de gordura.
Hoje em dia, os programas informatizados têm substituído os cálculos
manuais, mas mesmo assim é interessante que o avaliador conheça como os
métodos funcionam. Sempre que você for adquirir um programa
informatizado de avaliação, certifique-se de quais protocolos o software é
munido, e se este é funcional para você.
Abaixo seguem tabelas indicativas de alguns protocolos de percentual
de gordura e DC para várias características de indivíduos.
Tabela 5.3 - Equações de DC (g/cm3) para mulheres

Tabela 5.4 - Equações de DC (g/cm3) para homens

Tabela 5.5 - Equações para idade e gênero, para conversão da densidade corporal em percentual de
gordura
Essas equações são aplicadas para homens e mulheres brancos; para
negros, subtrai-se 1,9% do percentual de gordura para homens e 1,0% para
mulheres (Lohman, 1989 apud Heyward, 2000). Após os 50 anos, essas
equações podem superestimar o percentual de gordura devido ao decréscimo
em minerais (após os 50 anos a DC diminui).
Tabela 5.6 - Equações de percentual de gordura para mulheres

Tabela 5.7 - Equações de percentual de gordura para homens


Tabela 5.8 - Equações de percentual de gordura e densidade corporal (g/cm3)

Tabela 5.9 - Equações de percentual de gordura para obesos

Normalmente, para obesos e idosos usamos as medidas de


circunferências para a estimativa do percentual de gordura, pois, nos
primeiros, muitas vezes o tecido adiposo é muito espesso, gerando uma
dificuldade em mensurar, e nos segundos existe excesso de pele, podendo
dificultar o acesso à gordura subcutânea.
Nota: circunferência abdominal média (circunferência abdominal medida anteriormente no ponto
médio entre o processo xifoide e a cicatriz umbilical e a medida lateralmente entre a extremidade
inferior da última costela e a crista ilíaca tomam-se as duas medidas, soma-se e divide-se por 2).
Tabela 5.10 - Equações de percentual de gordura para crianças

Normalmente, em crianças e adolescentes, devemos mensurar dobras


que não necessariamente exijam que a criança fique de trajes menores, por
motivos éticos. As dobras comumente utilizadas são tríceps, subescapular e
perna, por serem mais fáceis de acessar.
Tabela 5.11 - Equações de DC (g/cm3) para populações especiais

Fórmula para converter a DC de mulheres anoréxicas em percentual de


gordura corporal:
%GC = [(5,26/DC) – 4,83] x 100
Na qual:
%GC = percentual de gordura corporal.
Fórmula para converter a DC de mulheres idosas em percentual de gordura corporal:
%GC = [(5,01/DC) – 4,57] x 100

A composição corporal não se limita à verificação do percentual de


gordura. Por meio dela podemos obter valores estimados para os demais
componentes do corpo (De Rose et al., 1984 apud Pollock e Wilmore, 1993).
Tabela 5.12 - Equações para a determinação dos componentes corporais
Para calcularmos o percentual de gordura e massa corporal magra,
podemos utilizar apenas algumas medidas de circunferências, mas não é uma
técnica precisa e muito aceitável.
Esse procedimento é feito quando não temos materiais (instrumentos)
suficientes para fazermos uma avaliação.

Essa técnica foi proposta por Hodgdon (1992), e consiste em:

Homens
Circunferência de punho (CP) e abdominal (CA), e peso corporal (PC).
Para calcularmos a massa corporal magra:

MCM (kg) = 41,955 + (1,038786 x PC) – (0,82816) x [CA – CP])

Para calcularmos o percentual de gordura:

Mulheres
Circunferência de glúteos (CG) e abdominal (CA), e estatura (EST).

%G = (0,55 x CG) – (0,24 x EST) + (0,28 x CA) – 8,43


Índices de referência
Alguns autores, como Pollock e Wilmore (1993), preferem estabelecer
um limiar único, independentemente da idade, mas levando em consideração
o sexo: 16% para homens e 23% para mulheres. Este tipo de referencial é
seguido por Mc Ardle et al. (1992 apud Pollock e Wilmore, 1993), que
preconizam um limiar de 15% para homens e 25% para mulheres.
Cooper (1987 apud Pollock e Wilmore, 1993) relacionou tanto sexo
quanto idade, elaborando níveis diferenciados de classificação para o
percentual de gordura (Tabela 5.13). Esse conceito leva em consideração um
aumento da gordura corporal que ocorre com o envelhecimento.
Tabela 5.13 - Classificação de percentual de gordura para homens e mulheres

Em relação a índices relativos à saúde, o ACSM (2000) propõe os


seguintes valores:
Tabela 5.14 - Classificação de percentual de gordura para homens e mulheres

Em que:

Risco a: risco de doenças e desordem associadas à desnutrição;


Risco b: risco de doenças associadas à obesidade.

Para a identificação dos níveis de normalidade em crianças, podemos


utilizar as tabelas de somatório de dobras, que são mais indicadas, assim
como a verificação dessa normalidade por meio dos índices de percentil. As
tabelas estão no Capítulo 11.
Capítulo 6
Somatótipo
O somatótipo representa os tipos corporais, e esses estão relacionados
às proporções de cada componente corporal (ossos, músculos e gordura).
Para descrever uma pessoa em termos do seu somatótipo, usamos as
expressões: endomorfo, mesomorfo e ectomorfo.
Não existe um tipo único, ou seja, apenas mesomorfo, mas a
predominância de um componente ou o equilíbrio entre dois ou três (o que é
muito difícil). Após os cálculos de somatótipo, podemos classificar por meio
da denominação de Carter (1975) (Tabela 6.1).
Com relação aos três tipos corporais, podemos fornecer algumas
características:

Endomorfia: Caracteriza-se pela harmonia (arredondamento) e


regularidade (maciez) do corpo, e está relacionado à adiposidade.
Poderia ser chamado de componente “gorduroso” do corpo.
Características: predominância do abdômen sobre o tórax, ombros
altos e quadrados e pescoço curto, existência de uma regularidade de
contornos em todas as áreas, apresentando pouco ou nenhum relevo
muscular.
Mesomorfia: Refere-se à musculosidade. Suas características
proeminentes são a espessura do antebraço e a largura do punho, da
mão e dos dedos. A pele parece grossa e prontamente adquire uma
tonalidade bronze-ada, que é conservada por muito tempo.
Ectomorfia: Refere-se à magreza. As características predominantes
são: linearidade, fragilidade, delgadeza do corpo. Normalmente, os
ossos são pequenos e os músculos, finos. A depressão de ombros é
observada frequentemente. Os membros são relativamente longos e o
tronco é curto, mas isso não significa necessariamente que o indivíduo
seja alto. Normal-mente, não existe proeminência dos músculos em
nenhum ponto físico.

O tipo puro não existe; cada pessoa é constituída parcialmente por todos
os três componentes, isto é, cada um exibe em sua estrutura corporal certo
grau de todos eles. Para calcular o somatótipo, utilizaremos a somatocarta de
Carter (1975) e as equações. Devemos optar por uma ou outra técnica para
calcular os três componentes.

Métodos utilizados para descrever os


somatótipos
Para calcularmos o somatótipo, podemos utilizar, basicamente, dois
métodos: o método de Sheldon e o de Heath-Carter. Neste livro,
explicaremos apenas o método de Heath-Carter.
Segundo esse método, utilizamos técnicas antropométricas. Para tais,
são necessárias as seguintes medidas:

Peso;
Estatura;
Dobras cutâneas de tríceps, subescapular, suprailíaca e perna;
Diâmetros biepicondilianos do úmero e fêmur; e
Perímetros de braço e perna.

Com essas medidas, podemos optar por calcular o somatótipo de duas


formas: por meio da utilização da somatocarta (Figura 6.1) ou mediante
equações. Apresentaremos as duas formas de calcular o somatótipo; a opção
é do avaliador.

Primeira Etapa – Determinação do primeiro


componente – ENDOMORFIA
Usando a somatocarta: primeiramente, devemos coletar os valores das
do-bras cutâneas tricipital, subescapular e suprailíaca e fazer seu somatório.
O valor do somatório encontrado será marcado com um círculo na linha
ponto médio do quadro de pregas cutâneas. Com esse ponto determinado, é
traçada uma linha reta para identificar o valor correspondente ao primeiro
componente. Para facilitar o entendimento, seguiremos um exemplo: os
valores 11,0 para tríceps; 11,5 para subescapular, e 21,0 para suprailíaca
darão um somatório de 43,5 mm. Na coluna ponto médio, será destacado o
valor mais próximo do encontrado no somatório, ou, no caso do exemplo,
43,5 exatamente. Com esse resultado, é traçada uma reta até o valor
correspondente ao primeiro componente. Nesse exemplo, o valor a ser
destacado representa 4 ½.
Podemos calcular o primeiro componente de outra maneira, usando a
seguinte equação (De Rose et al., 1984):

ENDO = - 0,7182 + 0,1451 (x) - 0,00068 (x)² + 0,0000014 (x)³


Onde: x é o somatório das dobras cutâneas tricipital, subescapular e
suprailíaca, sendo os valores expressos em mm.

Segunda Etapa – Determinação do segundo


componente – MESOMORFIA
Devemos registrar na somatocarta as seguintes medidas
antropométricas: estatura em centímetros, diâmetros do úmero e do fêmur e
circunferências do braço e da perna, corrigidas por meio da subtração dos
valores obtidos nas pregas cutâneas tricipital e panturrilha.
Procedimentos

Com uma seta na linha referente à estatura, devemos marcar na


somatocarta o valor da estatura, ou o que mais se aproximar;
Devemos assinalar os valores dos diâmetros ósseos (fêmur e úmero)
com um círculo. Se não forem exatos, devemos circundar o que
estiver mais próximo da coluna da estatura;
Para registrar as medidas dos perímetros do braço e da panturrilha,
devemos fazer a correção, ou seja, a subtração do valor obtido na
dobra cutânea tricipital e da perna, que deverá estar expresso em
centímetros. O resultado da subtração (ou o valor mais próximo)
deverá ser assinalado por um círculo na coluna específica. Observar
sempre a conversão de milímetros para centímetros. Por exemplo: 22
mm é igual a 2,2 cm, ou 22,5 mm = 2,25 cm. Fazemos a conversão e
subtraímos do valor da circunferência o valor da dobra convertido
para centímetro. Então, registramos esse valor na linha específica da
somatocarta;
Depois de registrados os valores citados, deve-se observar qual deles
(exceto a estatura) está posicionado na coluna mais à esquerda, sendo
esta a nossa coluna de partida;
O próximo passo consiste em contar o número de colunas de
distanciamento da coluna de partida de cada um dos demais
componentes (a coluna da estatura não entra na contagem). Somamos
os valores de afastamento da coluna de partida, dividindo-se o total
por 4 (a coluna de estatura não é contada). Com o resultado da
divisão, retorna-se à coluna de partida e conta-se, para a direita, o
número de colunas com o valor obtido na divisão, marcando esse
local com um asterisco;
O passo seguinte será contar quantas colunas há de distância entre o
local do asterisco e a coluna da estatura (indicada por uma flecha).
Com esse último dado, podemos identificar o segundo componente.
Começando em 4 na fileira deste, conte quantas colunas há de
distância entre o local do asterisco e a coluna da estatura. Se o
asterisco estiver posicionado à direita da coluna da estatura, conte o
número equivalente de colunas à direita. Caso o asterisco esteja à
esquerda de 4, conte o número equivalente de colunas à esquerda de
4. O resultado final será o segundo componente.

Podemos calcular de outra maneira, utilizando a equação de De Rose et


al. (1984):

MESO = 0,858 (U) + 0,601 (F) + 0,188 (B) + 0,161 (P) - 0,131 (E) +
4,50
Em que:
U = Diâmetro do úmero, em cm.
F = Diâmetro do fêmur, em cm.
B = Perímetro corrigido do braço, em cm.
P = Perímetro corrigido da perna, em cm.
E = Estatura do indivíduo, em cm.

Terceira Etapa – Determinação do terceiro componente


– ECTOMORFIA
É a etapa mais simples. É necessário registrar o peso corporal e a
estatura, em centímetros. Com esses dados, utilize o nomograma (Figura 6.2)
(Mathews e Fox, 1979). Nele encontraremos o Índice Ponderal representado
pela equação:

Para utilizar o nomograma, marcamos o peso e a estatura nas colunas


correspondentes e traçamos uma linha reta ligando os dois pontos. O ponto de
intersecção na coluna central será o IP correspondente. Exemplo: um
indivíduo com 195,5 cm de estatura e pesando 98 kg terá um IP de 13,3. Esse
valor será marcado na somatocarta, que, neste exemplo, corresponde a 13,26,
que, por sua vez, corresponde ao terceiro componente 3½.
Usando a equação, devemos fazer o seguinte processo:

Se o IP estiver entre 38,25 e 40,75 ⇒ ECTO = 0,463 x (IP) - 17,63


Se o IP > 40,75 ⇒ ECTO = 0,732 x (IP) - 28,58
Se o IP 38,25 ⇒ ECTO = 1
Tabela 6.1 - Condições somatotípicas

Predominância
Características Exemplo
somatotípica
O primeiro componente é dominante, e o
Endomorfo equilibrado segundo e o terceiro são iguais, isto é, 6-3-3
não diferem meia unidade.
O segundo componente domina e o
Mesomorfo endomórfico 4-7-1
primeiro é maior que o terceiro.
O terceiro componente domina e o
Ectomorfo-endomorfo 3-2-6
primeiro é maior que o segundo.
O segundo componente é dominante, e o
Mesomorfo equilibrado primeiro e o terceiro são iguais ou não 3-6-3
diferem de mais de meia unidade.
O terceiro componente é dominante, e o
Ectomorfo equilibrado primeiro e o segundo são iguais ou não 2-2-6
diferem de mais de meia unidade.
O terceiro componente domina e o
Ectomorfo-mesomorfo segundo é maior que o primeiro. 2-4-5

O primeiro é dominante e o segundo é


Endomorfo-mesomorfo 7-3-1
maior que o terceiro.
O segundo componente domina e o
Mesomorfo ectomórfico 2-5-4
terceiro é maior que o primeiro.
O primeiro componente domina e o
Endomorfo-ectomorfo 5-2-4
terceiro é maior que o segundo.
O primeiro e o segundo componentes
são iguais ou não diferem de mais de
Mesoendomorfo 4-4-1
meia unidade, e são maiores que o
terceiro.
O segundo e o terceiro componentes são
Mesoectomorfo iguais ou não diferem de mais de meia 2-4-4
unidade, e são maiores que o primeiro.
O primeiro e o terceiro são iguais ou não
Endoectomorfo diferem de mais de meia unidade, e são 5-1-5
maiores que o segundo.
Os três componentes são iguais, não
havendo diferença de mais de meia
Central 4-4-4
unidade em relação aos outros dois,
girando os índices (3) ou (4).
Fonte: Carter (1975 apud Marins e Giannichi, 1998, p. 58).
Ao final da avaliação do somatótipo, podemos usar a Tabela 6.1 para
classificar o nosso avaliado. A classificação é dada pela relação dos três tipos
encontrados e suas predominâncias.
FIGURA 6.1 - Somatocarta.

Fonte: Marins e Giannichi (1998, p. 53).


FIGURA 6.2 - Nomograma.

Fonte: Marins e Giannichi (1998, p. 56).


Capítulo 7
Variáveis Neuromusculares
Procedimentos dos testes neuromotores
Ao realizarmos testes neuromotores, independentemente da variável
que desejamos medir, devemos levar em consideração alguns pontos
importantes. Esses pontos nos ajudarão a executar os testes da melhor forma
possível e a evitar erros de administração e medida.
Nos testes neuromotores, devemos nos preocupar em dar todas as
informações necessárias para nosso avaliado. Temos que informá-lo sobre
como a execução dos testes e as posições inicial e final devem ser, o
posicionamento nos equipamentos, entre outros. Segue abaixo uma lista de
procedimentos a serem adotados nas avaliações neuromotoras:

Explicar os procedimentos metodológicos do teste. Por exemplo, a


execução do movimento, se é um teste por tempo ou por exaustão, entre
outros;
O avaliador deve demonstrar o teste;
O avaliado deve familiarizar-se com o teste (executar um ou dois
movimentos, antes da testagem), para evitar erros durante a execução;
Identificar para o avaliado as vozes de comando (sinais de início e de
final do teste), assim como a voz de incentivo (durante o teste).

Os testes neuromotores devem ser selecionados de acordo com o


avaliado:

Sexo;
Idade (faixa etária);
Grau de condicionamento (atleta, ativo, sedentário etc.).

Sempre tenha o cuidado de selecionar o teste adequado ao seu avaliado.


A seleção inadequada pode trazer prejuízos aos resultados e, pior, não ser
segura para o seu avaliado, podendo gerar lesões e traumas. Os testes
neuromotores podem ser classificatórios e prescritivos.
Os testes classificatórios normalmente apresentam o que chamamos de
tabelas normativas, que são valores de referência de determinados testes, nos
quais podemos classificar nosso avaliado. Outros testes podem apresentar
caráter prescritivo, ou seja, usamos seus resultados para prescrever a
intensidade ou volume de determinada variável. Por exemplo, o teste de 1-
RM, que será abordado a seguir, é de caráter classificatório (para alguns
movimentos) e prescritivo: usamos o resultado para prescrever a intensidade
no treino de força, uma vez que o teste nos fornece os 100%, ou seja, a força
máxima. Podemos estabelecer as cargas respectivas aos percentuais com que
desejamos trabalhar.

Força muscular
Força muscular refere-se à força máxima (adequadamente expressa em
Newtons, embora quilograma também seja comumente usado), que pode ser
gerada por um músculo ou grupo muscular específico em determinada
velocidade (Knuttgen e Kraemer, 1987), ou, também, à capacidade máxima
de um músculo ou grupamento muscular de gerar tensão (Pereira e Gomes,
2003).
O conhecimento preciso do nível de força muscular de um indivíduo é
importante tanto para a avaliação da capacidade funcional ocupacional como
para uma apropriada prescrição de exercícios atléticos e de reabilitação.
Aparentemente, as modificações associadas à prática do treinamento
com pesos, além de auxiliarem na melhora da estética corporal, podem
repercutir favoravelmente na qualidade de vida e saúde de indivíduos de
diferentes faixas etárias e de ambos os sexos, uma vez que o treinamento com
pesos pode contribuir, sobretudo, para o desenvolvimento ou manutenção da
força e da massa muscular.
Força também pode ser entendida como a habilidade de um grupo
muscular exercer uma contração máxima contra uma resistência (Fleck e
Kraemer, 2006), e essa resistência pode ser:

Fixa: força isométrica;


Móvel: força dinâmica concêntrica, excêntrica ou isocinética.

A força é uma variável que apresenta diversas formas de manifestação:


força dinâmica isotônica máxima; potência; resistência de força; entre outras.
Sendo assim, podemos avaliar a força de várias formas.
Os testes podem ser máximos e submáximos. Os máximos devem ser
aplicados em atletas ou em pessoas muito bem condicionadas, e os
submáximos podem ser aplicados em pessoas com alguma experiência em
treinamento.

Força dinâmica
Teste de 1-RM
Em 1945, o médico Thomas L. DeLorme introduziu um sistema para
avaliar força muscular baseado na realização dos movimentos até a exaustão.
Definiu esse sistema como o número maior de repetições que pode ser
executado com determinada carga, ou seja, repetições máximas (RMs)
(Knuttgen, 2003).
Para medir a força dinâmica máxima, o método mais utilizado é o teste
de 1-RM ou 1 repetição máxima (Gurjão et al., 2005; Dias et al., 2005;
Moura et al., 2004; Lesuer et al., 1997). O teste consiste em executar, por
meio de contrações concêntricas e excêntricas, o movimento em toda a sua
amplitude articular, com o máximo de peso em, aproximadamente, 5
segundos, com um intervalo de recuperação de 3 a 5 minutos entre as
tentativas. A velocidade de execução deve ser conduzida (lenta) e, em virtude
da fadiga, devem ser aplicadas, no máximo, cinco tentativa (Kiss, 2003). É
recomendável não testarmos mais de uma vez o mesmo grupo em uma
mesma sessão de teste, e também não usar o grupo como sinergista em outro
movimento, pois a fadiga pode interferir nos resultados.
A aplicação das cargas pode ser de forma progressiva ou regressiva; a
primeira é a mais indicada. Apesar de ser um teste consistente e válido, não é
adequado aplicá-lo em sedentários. Ele é indicado para atletas e pessoas
experientes em treinamento de força.

Procedimentos

Antes da testagem, o avaliador faz um levantamento das cargas a serem


utilizadas nas tentativas, baseado no histórico do treinamento do
avaliado, tendo em vista que esse teste deve ser aplicado em indivíduos
que já treinam;
Após a seleção dos exercícios a serem testados, o avaliador deve
posicionar o avaliado no equipamento, ajustando o eixo articular
principal do movimento no eixo principal do equipamento, quando for
utilizado um (o teste também pode ser aplicado com cargas livres, mas
devemos ter cuidado com a segurança; o ideal é termos um
colaborador);
O avaliado deve fazer um aquecimento prévio, com carga baixa e
poucas repetições, apenas para preparar os músculos e as articulações
envolvidas no movimento;
O avaliado, após a voz de comando do avaliador, executa o movimento
com a primeira carga. Caso essa tentativa seja válida, o avaliador aplica
o intervalo e acrescenta mais carga para a nova tentativa;
E assim sucessivamente, até o avaliado não conseguir executar uma
tentativa completa;
A carga de 1-RM será aquela que antecede a tentativa falha.

O teste de 1-RM é prescritivo e classificatório. Normalmente, as tabelas


normativas para o teste de 1-RM são expressas em valores relativos (peso
levantado/ peso corporal ou pela massa corporal magra), e são de grandes
grupos musculares (supino e pressão de pernas).
FIGURA 7.1 - Posição inicial no 1-RM de supino.

FIGURA 7.2 - Posição final no 1-RM de supino.

FIGURA 7.3 - Posição inicial no 1-RM de pressão de pernas.


FIGURA 7.4 - Posição final no 1-RM de pressão de pernas.
Tabela 7.1 - Normativa para Teste de 1-RM de supino – homens (força relativa)

Tabela 7.2 - Normativa para Teste de 1-RM de supino – mulheres (força relativa)

Tabela 7.3 - Normativa para teste de 1-RM de pressão de pernas ( Leg Press) – homens (força
relativa)
Tabela 7.4 - Normativa para Teste de 1-RM de pressão de pernas (Leg Press) – mulheres (força
relativa)

Testes submáximos de RMs (5-RMs, 6-RMs, 8-RMs e


10-RMs)
Existem ainda os testes submáximos, baseados nas repetições máximas
variantes de 1-RM. As mais usadas são 5, 6, 8 e 10-RMs (Brzycki, 1993;
Lander, 1985; Epley, 1995). Os testes submáximos podem ser aplicados com
indivíduos ativos e intermediários na prática do treino de força.
Esses testes seguem o mesmo princípio do teste de 1-RM, ou seja,
executar o movimento em toda a sua amplitude e com velocidade controlada.
O tempo de intervalo entre os blocos de tentativas será de 3 a 5 minutos.

Procedimentos

Antes da testagem, o avaliador faz um levantamento das cargas a serem


utilizadas nas tentativas, baseado no histórico do treinamento do
avaliado;
Após a seleção dos exercícios a serem testados, o avaliador deve
posicionar o avaliado no equipamento, ajustando o eixo articular
principal do movimento no eixo principal do equipamento (o teste pode
ser aplicado também com cargas livres, mas devemos ter cuidado com a
segurança; o ideal é termos um colaborador);
O avaliado deve fazer um aquecimento prévio, com carga baixa e
poucas repetições, apenas para preparar os músculos e as articulações
envolvidas no movimento;
O avaliado, após a voz de comando do avaliador, executa o número de
repetições que este selecionou para testagem (5, 6, 8 ou 10). Por
exemplo, se o avaliador fará o teste de 6-RMs, o avaliado deve executar
apenas 6 repetições. Se ele conseguir executar a sétima, o avaliador
aumenta a carga e solicita mais 6 repetições;
Devemos executar até 3 séries de tentativas. Se não encontramos a carga
máxima para 6 repetições, por exemplo, devemos fazer a testagem em
outro dia;
Devemos evitar avaliar duas vezes o mesmo grupo em uma mesma
sessão de teste.

Com base nos testes submáximos, podemos estimar o 1-RM por meio
de equações. A equação de Brzycki (1993 apud Heyward, 2004) e Kiss
(2003) nos ajuda a estimar 1-RM sem a realização do teste propriamente dito.
Essa equação serve para qualquer combinação de pesos e repetições
submáximas até a fadiga, desde que não se ultrapassem 10 repetições. Pela
equação abaixo, podemos estimar a carga de 1-RM com base em um teste
submáximo:

1-RM = peso levantado (em libras) / {1,0278 – (repetições até a fadiga


X 0,0278)}
Exemplo: O avaliado realizou 8 repetições de agachamento, por
exemplo, com 200 libras.
1-RM = 200 / {1,0278 – (8 X 0,0278)}
1-RM = 200 / {1,0278 – (0,2224)}
1-RM = 200 / {0,8054}
1-RM = 248,32 lb
Obs.: Para converter libras para quilos, devemos dividir o resultado em libras
por 2,205.

Por exemplo: 200 lb são iguais a 90,7 kg

200 / 2,205 = 90,7 kg

248,32 lb / 2,205 = 112,6 kg


Os testes submáximos são bem interessantes de ser aplicados, pois são
mais seguros e têm boa relação com a carga máxima. Abaixo, apresentamos
uma tabela que nos fornece o representativo de percentual para cada repetição
dos testes submáximos. Essa relação nos ajuda na identificação de
intensidades em uma prescrição dos exercícios de força.
Tabela 7.5 - Número de repetições correspondentes à porcentagem de 1-RM

Repetições % 1-RM
1 100
2 95
3 93
4 90
5 87
6 85
7 83
8 80
9 77
10 75
Fonte: Baechle, Earle e Wathen (2000 apud Heyward, 2004, p. 119).

Força explosiva (potência)


A força explosiva está relacionada à execução de movimentos com
força e velocidade. Normalmente, os testes de potência estão associados a
movimentos únicos, ou seja, gestos motores isolados.
Teste de impulsão vertical (Johnson e Nelson, 1979)
Este teste tem por objetivo medir a força explosiva de membros
inferiores. É bastante aplicado em escolas devido à fácil execução. Para
realizá-lo, precisamos de uma fita métrica de metal fixada verticalmente na
parede, ou apenas usamos a fita para fazer a determinação da distância
saltada; pó de giz ou magnésio; cadeira; e papel para anotações. Os mesmos
procedimentos deste teste podem ser aplicados em crianças.
Antes do teste, o avaliado se posiciona ao lado da fita ou da parede
onde será executado o teste e, com o braço dominante, marca seu ponto de
referência (Figura 7.5), que seria a altura total. Passa os dedos da mão
dominante no pó de giz ou magnésio e, ao sinal do avaliador, executa o salto
e toca na parede no ponto máximo. Medimos do ponto de referência (altura
total) até o ponto feito no salto, e esse será o deslocamento vertical
conseguido. Os saltos podem ser com ou sem o auxílio dos braços.

FIGURA 7.5 - Posição inicial (referência).


FIGURA 7.6 - Preparação (ao sinal do avaliador).

FIGURA 7.7 - Fase aérea.


Tabela 7.6 - Classificação do teste de impulsão vertical para meninos e meninas de 11 a 16 anos
(resultados expressos em cm)
Teste de impulsão horizontal (Johnson e Nelson, 1979)
Tem como objetivo medir a potência de membros inferiores. O material
necessário é uma fita métrica fixada no chão, uma régua para marcar o ponto
de chegada e papel para anotação.
O teste consiste em três tentativas. É permitido o movimento de braços
e tronco. O avaliado salta ao sinal do professor, e é registrada a marca
(calcâneo) do pé que estiver mais próximo do ponto de partida; vale o melhor
salto. Os mesmos procedimentos deste teste podem ser aplicados em
crianças.

FIGURA 7.8 - Posição inicial.


FIGURA 7.9 - Fase aérea.

FIGURA 7.10 - Fase de contato com solo 1.


FIGURA 7.11 - Fase de contato com o solo 2.
Tabela 7.7 - Classificação dos resultados do teste de salto horizontal (resultados expressos em m)

Classificação Resultado
Fraco <2,30
Regular 2,30–2,49
Bom 2,49–2,69
Muito bom 2,70–2,89
Excelente >2,70
Fonte: Rocha e Caldas (1978 apud Marins e Giannichi, 1998, p. 90).
Tabela 7.8 - Classificação do teste de impulsão horizontal para meninos e meninas de 11 a 16 anos
(resultados expressos em m)

Teste de potência máxima em dez saltos sucessivos –


Teste de Fletcher (Cavalheiro, 1988 apud Marins e
Giannichi, 1998)
O teste tem por objetivo mensurar a potência anaeróbica alática de
membros inferiores. É indicado para velocistas do atletismo, saltadores,
arremessadores, ginastas, lutadores de judô e karatê.
Consiste em realizar 10 saltos sucessivos, com os pés unidos, sem
sobrepasso, no menor tempo possível, que não deverá ser superior a 10
segundos. O teste deverá ser realizado em uma pista com, pelo menos, 30
metros de extensão, demarcada a cada 50 centímetros.
A distância do salto está compreendida entre a linha de saída e o último
ponto de contato próximo à linha de chegada do último salto. O cálculo da
potência deverá ser feito por meio da seguinte fórmula:

Na qual:

AAPU = Absolute Anaerobic Power Unit


W = peso do indivíduo
D = distância percorrida, em metros
T = tempo gasto, em segundos

É possível, ainda, obter o resultado de forma relativa, pela seguinte


equação:

Na qual: W = peso corporal


Exemplo:
Um indivíduo com 80 kg, tendo saltado a distância de 26,14 m, e com
um tempo de 7”92, terá os seguintes resultados:
Força isocinética
Testes isocinéticos envolvem a avaliação de tensão muscular gerada por
um conjunto de movimentos da articulação a uma velocidade angular
constante. É necessário equipamento que permita controle da velocidade de
rotação da articulação (graus/segundo), assim como a adaptabilidade física ao
movimento.
Um exemplo de equipamento é o dinamômetro isocinético,da
marcaCybex. Ele pode ser utilizado por adultos e crianças, sendo feitas as
devidas adaptações. Um dinamômetro consiste em uma mola que se pode
esticar ou encolher conforme a sua ponta é puxada ou empurrada. O
dinamômetro mede um puxão ou um empurrão, que faz a mola,
respectivamente, encolher ou esticar. Esse equipamento também mede força
isométrica.

Força isométrica
Para avaliar a força isométrica, podemos utilizar os dinamômetros e
testes com outros implementos.

FIGURA 7.12 - Dinamômetros.

Teste de preensão manual


O objetivo do teste é medir a força por meio do ato de preensão manual.
Para isso, usamos um dinamômetro manual. Devemos executar três tentativas
de 7 a 8 segundos de contração isométrica voluntária máxima (CIVM) em
cada uma das mãos (alternadamente), e a melhor (de cada uma das mãos) é
considerada válida (Matsudo, 1987).
O dinamômetro deve ser ajustado conforme o tamanho da mão do
avaliado. Posicionamos o primeiro apoio entre o polegar e o indicador, e o
segundo apoio nas falanges médias dos dedos indicador, médio e anelar.
Após a avaliação, podemos classificar nosso avaliado com base na tabela
normativa. Os mesmos procedimentos desse teste podem ser aplicados em
crianças.

FIGURA 7.13 - Preensão manual.


FIGURA 7.14 - Posição da empunhadura.
Tabela 7.9 - Valores normativos para teste de preensão manual de acordo com o sexo

Mão Esquerda Mão Direita


Homens
Excelente > 68 > 70
Bom 56–67 62–69
Regular 43–55 48–61
Fraco 39–42 41–47
Muito fraco < 39 < 41
Mulheres
Excelente > 37 > 41
Bom 34–36 38–40
Regular 22–33 25–37
Fraco 18–21 22–24
Muito fraco < 18 < 22
Fonte: Corbin et al. (1978 apud Pitanga, 2004, p. 162).

Teste de dinamometria de tronco


Mede a força isométrica dos eretores da coluna e extensores do quadril.
O nome do equipamento é dinamômetro. Devemos ajustar o tamanho do
braço do equipamento de acordo com a estatura do avaliado. A posição-
padrão é aquela em que ele empunha a pegada (pronada) e mantém os joelhos
levemente fletidos (aproximadamente 30°). Os cotovelos devem permanecer
estendidos.
O avaliado, ao sinal do avaliador, deve fazer força para estender o
quadril e a coluna, mantendo uma contração isométrica voluntária máxima
(CIVM) durante, aproximadamente, 7 a 8 segundos. Três tentativas e
registra-se a melhor delas.

FIGURA 7.15 - Dinamometria de tronco.

Resistência de força muscular


Resistência muscular é a capacidade de um grupo muscular executar
contrações repetidas por período de tempo suficiente para causar a fadiga
muscular ou manter estática uma porcentagem específica de CIVM, por um
período de tempo prolongado (Badillo, G. e Ayestarán, G., 2001; Fleck e
Kraemer, 2006).
Os testes de resistência muscular são aqueles em que diversas
contrações são realizadas com cargas submáximas (Pereira e Gomes, 2003).
Esses testes, muitas vezes, são classificados como de força, mas devemos
destacar que a força tem diversas formas de manifestação, então,
identificamos os testes a seguir como aqueles que mensuram a resistência de
força muscular, e podem ser classicados por:
Tempo: Nos testes por tempo, devemos executar as repetições de
determinado gesto motor em um tempo pré-determinado.
Exaustão: O avaliado deverá realizar o maior número de repetições
até a fadiga.

Normalmente, nos testes por tempo, o avaliado pode parar antes de


terminar o tempo e recomeçar as repetições até que este termine; já nos testes
por exaustão, o avaliado pára quando não consegue mais executar o
movimento. Aí, então, o teste está encerrado.

Teste de resistência abdominal de 1 minuto (YMCA)


Este teste é um tanto controverso, pois sua execução não utiliza
somente os músculos abdominais, mas também os flexores do quadril. Ainda
assim, é muito utilizado.
Consiste em executar, em 1 minuto, o maior número de repetições. O
avaliado deve se deitar em um colchonete, flexionar os joelhos e apoiar os
pés no solo. As mãos apoiam a nuca ou flexionam-se os cotovelos sobre o
peito (braços em x). O avaliador segura os pés do avaliado. O movimento
deve ser completo, até os cotovelos encostarem nas coxas. Somente serão
validadas as repetições que forem completas. Podemos verificar os resultados
na Tabela 7.10.
Tabela 7.10 - Valores normativos para teste abdominal de acordo com sexo
FIGURA 7.16 - Posição inicial.
FIGURA 7.17 - Posição final.

Teste de resistência abdominal de Paula (1991)


Para que o teste seja executado, é necessário um cronômetro, um
colchonete e o aparelho, que é composto por: dois bastões ou canos de 110
cm de comprimento e 4 cm de diâmetro, fixados em duas anilhas de 4 kg
(cada um dos bastões é graduado com oito furos de 1,5 cm em 1,5 cm,
ficando o primeiro furo a 35 cm da base da anilha); uma prancha de
compensado com 85 cm de comprimento por 25 cm de largura e 2 mm de
espessura, com um furo em cada extremidade, situado a 1 cm de cada lado e a
12,5 cm da largura da prancha; dois parafusos de 5 cm são utilizados para
fixar e graduar a prancha nos bastões.
Execução: O avaliado assume a posição em decúbito dorsal, com as
mãos sobre as orelhas, a ponta dos dedos para a nuca e os cotovelos voltados
para a frente. Os joelhos são flexionados, com os pés apoiados no solo e os
calcanhares afastados 30 cm ou mais dos glúteos. A prancha deve ser
posicionada sobre a cicatriz umbilical (umbigo) do avaliado. Ao sinal do
avaliador, ele flexiona o tronco até os cotovelos tocarem a prancha, e retorna
à posição inicial (Moura et al., 2002). O movimento deve ser conduzido
(lento). O resultado será o maior número de repetições corretas em 1 minuto.
Este teste aproxima-se mais do movimento que é executado no
treinamento para os músculos abdominais. Não apresenta tabelas de
referência, mas não deixa de ser válido. Em sua execução, não utilizamos os
flexores do quadril, pois eles apresentam-se isolados pela flexão deste e pelo
movimento do tronco, que se limita a, aproximadamente, 30º.
FIGURA 7.18 - Teste abdominal de Paula.
Fonte: Marins e Giannichi (1998, p. 84).

Flexão de braços (Canadian Standardized


Test of Fitness)
Este teste consiste em executar o maior número de repetições até a
exaustão. A posição inicial varia para homem e mulher. A mulher pode
apoiar os joelhos no solo. Os cotovelos devem se estender completamente na
volta para a posição inicial e se flexionar até próximo ao solo (cotovelo a
90º). Só serão válidas as repetições executadas corretamente (Protocolo do
CSTF apud Morrow et al., 2003). O número de repetições executadas pelo
avaliado verificamos na Tabela 7.11.
FIGURA 7.19 - Posição inicial feminina.

FIGURA 7.20 - Posição final feminina.

FIGURA 7.21 - Posição inicial masculina.


FIGURA 7.22 Posição final masculina.
Tabela 7.11 - Valores normativos para teste de flexão de braços de acordo com sexo

Teste de apoio de frente sobre o solo (YMCA,


adaptado por Golding et al., 1989)
O teste de apoio segue a mesma padronização do descrito
anteriormente, o que muda é que o teste de apoio é feito em 1 minuto.

Teste estático de barra (AAHPER, 1976)


O objetivo é medir a capacidade de resistência em posição estática
durante um período de tempo.

Material: barra, cronômetro e papel para anotações.


A altura da barra é ajustada de acordo com a estatura do indivíduo
(vértex). O avaliado segura a barra de forma pronada (biacromial), e deve
manter-se suspenso acima dela (queixo acima da barra), com os joelhos em
extensão. O cronômetro será acionado assim que o queixo ultrapassar a barra.
O teste termina quando o avaliado desistir ou se o queixo encostar na barra.

FIGURA 7.23 - Estático de barra.

Teste dinâmico de barra (AAHPER, 1976)


O material será o mesmo do teste anterior. O avaliado deverá ficar
suspenso na barra, em posição pronada (alguns protocolos sugerem
supinada), e fazer o maior número possível de repetições. Só serão contadas
como válidas as repetições nas quais o avaliado passar o queixo da barra e os
cotovelos retornarem à extensão, na volta do movimento. O teste terminará
quando o avaliado não conseguir mais executá-lo.
FIGURA 7.24 - Posição inicial.

FIGURA 7.25 - Posição final.

Teste de repetições
O teste de repetições pode ser usado para determinar a carga de
treinamento (em academias, clubes etc.). É um teste simples e deve ser feito
em sedentários ou em pessoas que estão iniciando um processo de
treinamento muscular. Pode ser aplicado em todos os segmentos corporais. É
ideal para quem está iniciando um exercício físico.

Execução do teste: Posicionamos o indivíduo no equipamento,


explicamos o movimento correto, estimamos uma carga inicial (fator
subjetivo do teste) e solicitamos que o avaliado execute entre 15 e 40
repetições, tendo em vista que esse é o número de repetições prescrito para
pessoas iniciantes. Elas devem ser executadas em toda a amplitude, e em
velocidade controlada (lenta ou média). Recomenda-se aplicar os exercícios a
serem testados de forma alternada por segmentos. Sendo assim, não será
necessário intervalo entre os mesmos. Ao final do teste, é interessante fazer
alguns alongamentos leves.
A cada 5 repetições, recomenda-se que seja avaliada a percepção
subjetiva de esforço, ou seja, devemos perguntar ao avaliado como ele está
percebendo o esforço: se leve, médio ou pesado. Isso faz que o avaliador
corrija o fator subjetivo do teste; se o avaliado, após as cinco primeiras
repetições, reporta que a carga está pesada, significa que nossa estimativa de
carga de teste estava alta. Aí, então, devemos interrompê-lo e refazê-lo em
outra oportunidade ou ao final de todos os outros exercícios testados. Ao final
das 40 repetições, o avaliador deve perguntar ao avaliado se, para essas
repetições, a carga estava leve, média ou pesada, e se ele conseguiria fazer
mais repetições além das 40. Se o avaliado responder que sim, significa que a
carga estava leve e que podemos dar um incremento para as cargas de treino.
Com base nos resultados, calculamos as cargas iniciais de treinamento
aplicando a regra de três. Por exemplo: Com 10 kg o avaliado executou 35
repetições em um determinado movimento. Então, aplicando a regra de três:

No caso do exemplo, queremos trabalhar com 20 repetições, se esse for


o nosso objetivo. Poderiam ser 15, 30, entre outras. Determinamos aqui o
número desejado de repetições.

Teste de carga por repetição – TCR (Bittencourt, 1986)


Este teste apresenta um importante aspecto relacionado à metodologia
de trabalho, visto que o avaliador selecionará determinado número de
repetições que esteja de acordo com o objetivo que se pretende atingir.
Posteriormente, submeterá o avaliado a uma carga (estabelecida pela
tentativa/ensaio/erro) que seja suficiente para a execução da tarefa proposta
com certo grau de dificuldade. A aplicação do teste consiste em três etapas:

Primeira etapa: Seleção do número de repetições, segundo os objetivos


do avaliador. Bittencourt (1986) apresenta uma proposta de repetições
adequada ao objetivo, diferenciando ainda em movimento para diversas
partes corporais:

Tabela 7.12 - Repetições indicadas conforme objetivo

Segunda etapa: Com a escolha do número de repetições, coloca-se, para


a execução do número de movimentos pré-estabelecidos uma carga que seja
razoável.
Terceira etapa: O avaliado tentará executar com a carga selecionada
todos os movimentos previstos. Nesse ponto, são esperados dois resultados: o
primeiro demonstra que, quando a carga é suficiente, o avaliado desempenha
a tarefa com certo grau de dificuldade mecânica nas últimas repetições,
mantendo o ritmo de execução praticamente constante durante todo o ciclo de
movimento; o segundo é representado por uma carga inadequada, que pode
ser provocada por dois fatores: excesso de carga, o que causa grande dificul-
dade para a execução do movimento, ou carga muito baixa, proporcionando
muita facilidade. Caso não seja possível atingir a carga ideal na primeira
tentativa, deve-se executar o teste com outra região muscular, retornando,
após um período de recuperação de 5 minutos ou mais.

Tabela de ajuste de carga: Para corrigirmos os valores encontrados no


TCR, tendo em vista ser um teste de caráter subjetivo (estimamos a carga
inicial), podemos corrigir os resultados, aproximando-os de valores reais.
Lombardi (1989) sugere a seguinte tabela de correção:
Tabela 7.13 - Ajuste de carga de treino conforme resultado do teste de repetições

Tabela de ajuste de carga


Repetições completadas Ajuste (kg)
<7 – 6,750
8–9 – 4,500
10–11 – 2,250
16–17 + 2,250
18-19 + 4,500
>20 + 6,750
Fonte: Lombardi (1989 apud Morrow et al., 2003).
Exemplo: com 45 kg, fizeram-se 9 repetições; então:
45 – 4,500 = 40,500 kg será a carga de treino aproximada para 10 a 12
repetições.

Flexibilidade
É sempre válido elucidar alguns termos antes de tratarmos de
flexibilidade muscular. Flexibilidade é a aptidão máxima para mover uma
articulação por uma variação de movimento. Amplitude articular máxima em
uma ou mais articulações (Anderson e Burke, 1991) também existe relação
entre tensão comprimento e tensão em um músculo alongado (Gajdosik e
Bohannon, 1987). Para melhorar os níveis de flexibilidade, podemos utilizar
diferentes métodos, como o balístico, o de facilitação neuromuscular
proprioceptiva (FNP) ou o estático (REF) (Viveiros et al., 2004).
Alongamento é um procedimento (exercício) que se preocupa com os
componentes osteomioarticulares envolvidos, procurando controlar o
posicionamento do indivíduo de modo a isolar o grupo muscular que se
pretende trabalhar (Durigon, 1995).
Mobilidade diz respeito à amplitude de movimento permitida pela
articulação em função de seus diversos componentes. Plasticidade é a
capacidade dos elementos articulares de se distenderem e não retornarem à
sua medida inicial. Em parte, no caso dos componentes articulares, a
deformação é apenas temporária, porém uma pequena parte das deformações
plásticas ocorridas com os resultados do treinamento de flexibilidade de alta
intensidade é irreversível. E, por fim, elasticidade refere-se à capacidade de
extensão elástica dos componentes musculares.
A flexibilidade depende de muitas variáveis específicas, incluindo
distensibilidade da cápsula articular, temperatura e volume muscular etc.
Além disso, a complacência (“tensão”) de vários outros tecidos, como
ligamentos e tendões, afeta a variação de movimento.
Podemos verificar a flexibilidade (ângulos articulares) por meio de
goniômetros (Gajdosik e Bohannon, 1987) e flexômetros, como o de
Leighton.
Com relação aos testes de flexibilidade, podemos classificá-los em
ativos e passivos. Os ativos são executados pelo avaliado e sem auxílio
externo, e os passivos são mobilizados pelo avaliador, ou seja, com auxílio
externo.

Sentar e alcançar (Sit and Reach) (ACSM, 2000)


Sentar e alcançar é um teste ativo, que mede a flexibilidade da
articulação do quadril e avalia os músculos paravertebrais e os posteriores da
coxa. É amplamente usado no meio científico por ser de fácil execução e não
requerer material muito caro (Baltaci et al., 2003; Lira et al., 2000; Ricardo et
al., 2001; Araújo, 1999).Apesar de avaliar um movimento exclusivo, tem boa
representatividade com a flexibilidade de maneira geral.
Para a execução do teste, podemos utilizar o Banco de Wells, no qual
verificamos duas referências: uma para adultos e outra para crianças. As
medidas do banco são: até 45 cm de largura; 35 cm de altura; 40 cm de
profundidade e avanço de 25 cm.
FIGURA 7.26 - Banco de Wells.

O teste consiste em:

Posicionamento do avaliado: O avaliado senta-se em frente à caixa,


apoia os pés no local indicado e mantém os joelhos estendidos. É importante
salientar que, no ponto de apoio dos pés, a fita métrica deve ser posicionada
em 38 cm para adulto, e, para crianças, em 22 cm.

O avaliado pode fazer um ou dois movimentos para familiarização com


o teste;
Os pés ficam separados aproximadamente na linha do quadril;
O avaliado pode deixar as mãos uma ao lado da outra, sobre o avanço da
caixa;
Ao sinal do avaliador, o avaliado deve, com ambas as mãos, avançar
lentamente para a frente, tão longe quanto possível, sem fazer
movimentos de insistência ou sem uma das mãos avançar mais que a
outra;
Os joelhos não devem se flexionar ao longo do movimento.

Resultado: Será o melhor valor registrado dentre 3 tentativas. Deve ser


dado um intervalo de 30 segundos entre elas. Caso o avaliado sequer consiga
encostar no anteparo do banco, é considerado inapto no teste, visto que o
sentar e alcançar não apresenta escala negativa.
O teste pode ser feito sem o Banco de Wells. Podemos colocar uma fita
métrica fixa no solo e outra linha, que pode ser uma fita adesiva escura, no
ponto onde seria o apoio para os pés. Devemos observar sempre a referência:
se for adulto, 38 cm e, se for criança, 22 cm.

FIGURA 7.27 - Posição inicial.


FIGURA 7.28 - Posição final.

FIGURA 7.29 - Posição das mãos.


Tabela 7.14 - Valores de referência para o teste sentar e alcançar – homens (Banco de Wells)
Tabela 7.15 - Valores de referência para o teste sentar e alcançar – mulheres (Banco de Wells)

Tabela 7.16 - Percentil de acordo com o sexo para o teste sentar e


alcançar

Tabela 7.17 - Percentil de acordo com o sexo para o teste sentar e


alcançar Percentil Meninas

Flexiteste (Araújo, 1986)


O flexiteste é outra forma de avaliarmos a flexibilidade. Originalmente,
foi desenvolvido com base em 20 movimentos articulares, e consiste em
executar os movimentos e enquadrá-los em mapas de referência. Neste livro,
propomos a versão adaptada com 8 movimentos.
É um teste que requer muita prática, e é também um pouco longo. É, de
certa forma, subjetivo, mas tem boa aceitação e é amplamente utilizado, pois
avalia várias articulações, tornando-o mais completo. Classificamos nosso
avaliado por meio de figuras. O flexiteste é um teste passivo, no qual o
avaliado é mobilizado pelo avaliador até atingir (e reportar ao avaliador) a
amplitude máxima.

Flexão do quadril

Avaliado: decúbito dorsal, braços estendidos atrás e ao lado da cabeça.


Avaliador: mão direita apoia a perna estendida e mão esquerda fica na
perna flexionada.

FIGURA 7.30 - Flexão de quadril.


Extensão do quadril
Avaliado: decúbito ventral, mãos à frente, estendidas ao lado da cabeça.
Avaliador: com uma das mãos, o avaliador fixa o quadril do avaliado. A
outra mão deve ser posicionada embaixo do joelho do avaliado, elevando-o
para cima e fazendo a extensão do quadril.

FIGURA 7.31 - Extensão do quadril.

Abdução do quadril

Avaliado: decúbito lateral, braço estendido no prolongamento do corpo.


Avaliador: mão esquerda no joelho, direita no tornozelo, agachado ao
lado do avaliado.

FIGURA 7.32 - Abdução do quadril.

Flexão frontal do tronco

Avaliado: decúbito dorsal, pernas elevadas e apoiadas, mãos apoiando a


nuca.
Avaliador: ajoelhado atrás do avaliado, coloca as mãos nos ombros
dele.
FIGURA 7.33 - Flexão de tronco.

Flexão lateral do tronco

Avaliado: decúbito ventral, mãos na nuca.


Avaliador: ajoelhado sobre o avaliado, com os joelhos na altura do
quadril; mãos seguram os ombros.
FIGURA 7.34 - Flexão lateral do tronco.

Adução posterior a partir de abdução de 180º no ombro

Avaliado: em pé, frente a uma parede, braço esquerdo estendido ao lado


do corpo, braço direito elevado, com cotovelo flexionado e mão apoiada na
cabeça.
Avaliador: em pé atrás do avaliado, mão direita no cotovelo (faz o
movimento), mão esquerda na escápula contrária.
FIGURA 7.35 - Adução posterior a partir de abdução de 180° no ombro.

Extensão + adução posterior do ombro

Avaliado: decúbito ventral, apoiar o queixo no solo.


Avaliador: ajoelhado sobre o avaliado, joelhos na altura do quadril,
levemente agachado, as mãos seguram as do avaliado na altura do punho.
FIGURA 7.36 - Extensão + adução posterior do ombro.

Extensão posterior do ombro

Avaliado: decúbito ventral, queixo apoiado no solo, mãos supinadas.


Avaliador: segura na altura do punho do avaliado e fica sobre ele (em
pé).
FIGURA 7.37 - Extensão posterior do ombro.
Tabela 7.18 - Classificação – FLEXÍNDICE

Classificação Soma dos movimentos


Muito pequena 8
Pequena 9–12
Médio (–) 13–16
Médio (+) 17–20
Grande 21–24
Muito grande 25

Goniometria

Outra forma de avaliar a flexibilidade é por meio da avaliação


goniométrica, que consiste em avaliar o ângulo de cada articulação em todos
os movimentos possíveis. O goniômetro mais simples é o de plástico, que
apresenta duas hastes. Posicionamos o centro do goniômetro no eixo articular
a ser medido. Uma das hastes deve ser fixada em um dos membros ou
segmentos, e a outra movimenta-se, fazendo a leitura do ângulo máximo
obtido com o movimento. A goniometria pode ser feita de maneira passiva e
ativa.

FIGURA 7.38 - Goniômetro.

FIGURA 7.39 - Posicionamento do goniômetro para verificar a flexão do cotovelo.


Capítulo 8
Variáveis Metabólicas
Avaliação da capacidade
cardiorrespiratória ou capacidade
aeróbica
A capacidade cardiorrespiratória pode ser definida como a capacidade
de realizar exercício dinâmico de intensidade moderada à alta com grande
grupo muscular, por períodos longos. A realização desse tipo de exercício
depende do estado funcional dos sistemas respiratório, cardiovascular e
musculoesquelético. Capacidade cardiorrespiratória relaciona-se à saúde
porque níveis mais baixos de aptidão física têm sido associados a um
aumento notável do risco de morte prematura por várias causas, sobretudo
por doenças cardiovasculares. Além de aptidão física ideal associar-se a uma
prática de atividade física habitual que, por sua vez, está diretamente
associada a muitos benefícios à saúde.
Duas importantes variáveis intimamente ligadas ao condicionamento
cardiorrespiratório são a frequência cardíaca (FC) e a pressão arterial (PA);
chamamo-las de variáveis de controle. A verificação dessas duas variáveis é
importantíssima na avaliação da capacidade cardiorrespiratória, assim como
na prescrição e controle de exercícios.
Os testes cardiorrespiratórios podem ser executados de várias formas:
no campo (testes de pista); no laboratório; na academia; na escola; em
qualquer lugar.
Abordaremos os testes que podem ser feitos sem equipamentos
especializados e testes de campo, que podem ser adaptados a outros locais
que não exclusivamente pistas de atletismo.
Os testes cardiorrespiratórios de campo podem ser por tempo (tempo
pré-determinado; exemplo: teste de 12 minutos) ou por distância (exemplo: o
teste de 2.400 m). Temos também os testes de cicloergômetro, de banco e de
esteira, que podem ser aplicados em academias e clubes que dispõem do
material necessário.
Para que a avaliação transcorra sem problemas, principalmente nos
testes de campo, devemos levar em consideração alguns detalhes:

Procedimentos

Antes do teste, informar todos os procedimentos (voz de comando): se o


teste permite a caminhada ou é exclusivo de corrida (no caso de testes de
pista);
Combinar previamente com o avaliado a voz de término do teste, nos
casos de testes por tempo e de pista;
Medir as variáveis de controle FC e PA;
Aquecimento pode ser adequado, principalmente em dias frios
(alongamentos e mobilização articular);
Elaborar uma ficha de coleta com todas as variáveis que devem ser
mensuradas antes, durante e após o teste;
Sempre que possível, podemos contar com um segundo avaliador
(colaborador), que pode ajudar muito na execução do teste;
Estimular o avaliado a executar o teste sempre dando o seu máximo
desempenho;
Recomendar ao avaliado que, a qualquer momento da testagem, ele
interrompa o teste quando julgar necessário, por exemplo, caso sinta-se
mal ou com algum desconforto;
Em todo teste metabólico, devemos utilizar um medidor local
(frequencímetro) para verificar a FC. Medir a FC por meio da palpação
apresenta uma margem de erro muito elevada.

Avaliação da FC
Verificar a FC em testes metabólicos é imprescindível. Devemos,
preferencialmente, monitorá-la com os medidores locais devido à precisão da
medida (Leite et al., 2003). A mensuração da FC pode ser feita de forma
simples, sendo necessário o conhecimento de algumas peculiaridades:

O indivíduo deve estar em posição confortável (quando em repouso);


A melhor forma de medir a FC em repouso é aquela verificada pela
manhã, antes de o indivíduo levantar da cama. Esse procedimento deve
ser feito em dois ou três dias consecutivos e extrair a média das
tomadas;
Para medir, podemos utilizar o traçado eletrocardiográfico, por meio dos
medidores locais (frequencímetros torácicos) e da palpação;
Independentemente do teste, devemos sempre verificar a FC final para
usarmos como fator de prescrição. Medir no último minuto ou na última
volta do teste.

Como verificar

Palpação
A técnica da palpação não é difícil, mas requer prática regular para que
possamos cada vez mais aperfeiçoá-la. Devemos colocar a extremidade dos
dois primeiros dedos (indicador e médio) levemente sobre a artéria carótida
ou radial, contando as pulsações. Não comprima com muita força,
especialmente sobre a carótida, pois a compressão dessa artéria pode,
algumas vezes, diminuir a FC. As pulsações podem ser contadas em 6, 10 ou
15 segundos, multiplicando o resultado encontrado por 10, 6 e 4,
respectivamente, para encontrar os batimentos em 1 minuto.

IMPORTANTE: Verifique o pulso antes, durante e após o exercício para


monitorá-lo corretamente.

Medidores locais
Os medidores locais, também conhecidos como frequencímetros, são os
mais indicados para a verificação da FC nos testes e durante o treinamento. O
medidor local é composto por, basicamente, três componentes: cinta leitora,
cinta elástica e relógio.
Devemos posicionar a cinta leitora no processo xifoide (antes,
molhamos ou passamos gel condutor para que sirva de meio condutor); a
seguir, ajustamos a cinta elástica para fixar (não deixe muito apertada nem
muito frouxa) e, então, ligamos o relógio, que deve permanecer com o
avaliado.
FIGURA 8.1 - Frequencímetro.

Traçado eletrocardiográfico
Essa técnica só é utilizada nos testes de laboratório. Ela registra, por
meio do traçado cardiográfico, o trabalho realizado pelo coração durante o
teste máximo.

Como utilizar a FC
Para trabalharmos com a FC como parâmetro na prescrição de
exercícios, temos fórmulas para calcular a FC máxima (FCmáx) estimada
(caso não tenhamos feito testes para verificar), assim como a FC de
treinamento.
Tabela 8.1 - Fórmulas para estimar a FCmáx

Autores Fórmula
Karvonen (1957) FCM = 220 – idade
Jones (1975) FCM = 210 – (0,65 x idade)
Destreinados: FCM = 205 – (0,41 x idade)
Sheffield (1965)
Treinados: FCM = 198 – (0,41 x idade)
Tanaka et al. (2001) FCM = 208 – (0,7 x idade)
Para encontrarmos a FC de reserva: FCM –
FC repouso
Karvonen (1957)
Para calcularmos a intensidade de treino:
FC treino = 0,60 x FC reserva + FC repouso
Avaliação da PA
A PA, ou tensão arterial, é dividida em pressão arterial sistólica (PAS) e
pressão arterial diastólica (PAD). A PAS é a pressão exercida na artéria no
momento da sístole cardíaca, e a PAD é a pressão exercida na artéria quando
do retorno do fluxo sanguíneo (movimento contrário ao da sístole). Durante a
realização de testes de esforço ou exercício físico, é aceitável um aumento
gradativo da PAS paralelamente ao incremento de carga até o final do teste
ou exercício. Já a PAD varia pouco, não sendo comuns alterações
significativas dos valores obtidos no repouso. Caso as variações da PAD
sejam muito grandes, deve-se interromper o teste ou o exercício e solicitar ao
indivíduo uma avaliação mais precisa.

FIGURA 8.2 - Aparelhos de pressão arterial.

Procedimentos para verificar a PA


Assim como a verificação da FC, a PA requer prática regular para que
possamos adquirir técnica apurada ou “acostumar o ouvido”, tendo em vista
que necessitamos de muita atenção para verificarmos.
Devemos utilizar, preferencialmente, um tensiômetro
(esfigmomanômetro) de coluna de mercúrio, mas os em forma de relógio são
muito bons. A unidade de verificação da PA é mmHg (milímetros de
mercúrio).

Procedimentos

Ajustar o manguito no braço esquerdo, preferencialmente nem muito


apertado, nem muito frouxo;
Posicionar o estetoscópio de maneira correta nos próprios ouvidos e na
artéria braquial do indivíduo que está sendo avaliado;
O manguito deverá ser inflado até 180 ou 200 mmHg,
aproximadamente, dependendo da pressão arterial média do indivíduo.
Devemos nos certificar de que o manguito está totalmente vazio e a
válvula, travada. Quando inflamos o manguito, estamos obstruindo a
artéria, ou seja, não está passando sangue por ela;
Lentamente, esvaziamos o manguito, observando o primeiro e o último
som;
O primeiro som (batimento cardíaco) é o componente sistólico, e o
último, o diastólico;
A medida é lida, por exemplo, 120 por 90, e não 12 por 9;
Se necessário, refazer a medida. Devemos nos certificar de que o
manguito foi completamente esvaziado. Após isso, seguir o mesmo
procedimento.

FIGURA 8.3 - Verificação da pressão arterial.


Tabela 8.2 - Níveis de pressão arterial (mmHg) para adultos (maiores de 18 anos)

Sistólica Diastólica Categoria


< 130 < 85 Normal
130–139 85–89 Normal limítrofe
140–159 90–99 Hipertensão leve (estágio 1)
160–179 100–109 Hipertensão moderada (estágio 2)
> 180 > 110 Hipertensão severa (estágio 3)
≥ 210 ≥ 120 Hipertensão muito severa (estágio 4)
> 140 < 90 Hipertensão sistólica isolada
Fonte: SBC, IV Diretrizes de 2002 (disponível em <www.cardiol.br>).
Tabela 8.3 - Pressão arterial (mmHg) de crianças e adolescentes

Valores da PA sistólica e
Classificação
diastólica
Menores que o percentil 90 Normal
Entre os percentis 90 e 95 Normal limítrofe
Maiores que o percentil 95 Hipertensão arterial
Fonte: SBC, IV Diretrizes de 2002 (disponível em <www.cardiol.br>).
Os valores dos percentis 90 e 95 da pressão arterial para cada faixa
etária são normalizados para o percentil da estatura da criança e adolescente.

Consumo máximo de oxigênio – VO2máx


O consumo máximo de O2 (VO2máx) significa, em fisiologia do
exercício, o máximo de oxigênio que as células de uma pessoa são capazes de
captar, transportar e utilizar durante um exercício de intensidade máxima
(Powers e Howley, 2000). É a capacidade de coração, pulmões e sangue de
transportar oxigênio para os músculos em exercício e de utilização desse
oxigênio pelos músculos (Heyward, 2004).
O tradicional critério de avaliação da capacidade cardiorrespiratória é a
medida direta do VO2máx, mas também podemos medi-lo indiretamente, e
os resultados são consistentes.
Para a avaliação da capacidade cardiorrespiratória, os valores de
VO2máx são expressos com relação ao peso corporal (ml.kg.min-1 ou
ml/kg/min). Esse valor é conhecido como VO2 relativo, e é utilizado em
atividades em que o peso é sustentado, por exemplo: caminhada, corrida e
ginástica.
Em atividades como remo e ciclismo, em que não carregamos nosso
peso, utilizamos o VO2 absoluto, medido em ml/min e relacionado com o
peso corporal.
Os testes cardiorrespiratórios nos fornecem, sobretudo, o VO2 máximo,
mas também a FCmáx, a qual será muito utilizada na prescrição dos
exercícios. Então, em qualquer teste cardiorrespiratório, devemos registrar a
FCmáx, ou seja, a FC final, no último minuto, na última volta do teste.

Como utilizar a unidade metabólica VO2máx


O VO2máx pode ser utilizado de forma absoluta e relativa. As fórmulas
utilizadas nos protocolos dos testes apresentam ambos os resultados, e
podemos transformá-los da seguinte forma:

Exemplo 1

Peso = 80 kg VO2máx = 35 ml (kg.min)-1

Qual o valor absoluto?

Exemplo 2

Peso = 55 kg VO2máx = 3,5 l.min-1

Qual o VO2máx em ml (kg.min)-1?

Relação FC e VO2máx
Existe uma relação entre a FC e o VO2máx; por exemplo: 50% a 85%
do VO2máx correspondem a 60% e 90% da FCmáx (Pollock e Wilmore,
1993; ACSM, 2000). Ou seja, existe uma diferença de 10 a 15 pontos
percentuais (ou mais); por exemplo: para realizarmos um exercício
consumindo 60% do VO2máx, devemos fazer essa atividade
aproximadamente com 70% ou 75% da FCmáx.
Tabela 8.4 - Relação de FC e VO2máx

Relação entre % FCmáx e VO 2


máx
% VO²máx % FCmáx
28 50
42 60
56 70
70 80
83 90
100 100
Fonte: Heyward (2004).
Existem algumas equações que podemos aplicar para encontrar essa
relação. Segundo Hellerstein e Adler (1973):

Pessoas não cardiopatas

Pessoas coronariopatas

Teste do Índice de Exaustão Percebida (IEP)


A outra medida da intensidade é puramente subjetiva, baseada na sua
exaustão percebida – em outras palavras, quão intensamente fatigado você se
sente durante o exercício. A Escala de Borg para o Índice de Exaustão
Percebida (IEP), desenvolvida por Gunnar Borg, baseia-se na premissa de
que as pessoas são capazes de identificar seus níveis de exaustão. Ela também
nos lembra de ouvir nossos corpos e modificar os níveis de exercício com
base em como nos sentimos no dia-a-dia, e até mesmo de momento a
momento.
Para usar a escala de IEP, identifique qual número (6 a 20) identifica
melhor como você está se sentindo durante o exercício; o número 6 equivale
a estar deitado, sem fazer absolutamente nada; o número 20 equivale ao
esforço máximo, o mais intensamente que você já tenha se exercitado.
Idealmente, quando você se exercita aerobicamente, o seu IEP deve ficar
entre 11 e 15.
Tabela 8.5 - Índice de Exaustão Percebida

Temos também a Escala de Borg, utilizada para classificar a percepção


subjetiva de esforço, muito usada para controle e acompanhamento da FC em
atividades aeróbicas.
Tabela 8.6 - Classificação subjetiva do esforço percebido – Índice de Percepção de Esforço (IPE)

Frequência cardíaca
IPE
aproximada
6 60
7 Muito, muito fácil 70
8 80
9 Muito fácil 90
10 100
11 Razoavelmente fácil 110
12 120
13 Algo difícil 130
14 140
15 Difícil 150
16 160
17 Muito difícil 170
18 180
19 Muito, muito difícil 190
20 200
Fonte: ACSM (2000).

Testes metabólicos
Antes de realizarmos teste de esforço, devemos conhecer alguns
princípios e procedimentos básicos para a sua execução. Precisamos nos
certificar de que os equipamentos estão funcionando de maneira adequada e
estão seguros para manuseio; atentar-nos para as contraindicações do teste e o
interromper se assim achar preciso; durante a realização do teste, o avaliador
deve ficar atento às respostas do avaliado e monitorá-lo o tempo todo; utilizar
o equipamento que o protocolo solicita, por exemplo: teste de pista não pode
ser utilizado em esteira. O teste deve ser realizado em local privativo e
silencioso, a temperatura ambiente deve ser de 21 a 23oC, e a umidade, de
60% ou menos, se possível (Heyward, 2004).
Antes de iniciar, deve-se explicar ao avaliado como o teste será
realizado. Também se recomenda a aplicação de um termo de consentimento
autorizando a realização do teste. O questionário PAR-Q pode ser utilizado.
Inicie o teste com 2 a 3 minutos de aquecimento para a familiarização com o
equipamento e para prepará-lo para futura progressão do esforço. A
intensidade deve ser aumentada progressivamente (ou conforme indicações
do teste). Acompanhe a PA IPE e a FC a cada minuto (ou esta conforme
indicação do teste). Se a FC não alcançar um estado de equilíbrio, diferença
de ± 6 bpm, prolongue o estágio de trabalho em 1 minuto adicional, até que a
FC se estabilize (Heyward, 2004). Após o término do teste, deve ser realizada
uma volta à calma monitorada até que a FC e a PA voltem aos padrões de
pré-teste. Isso deve levar de 4 a 5 minutos.

Outros cuidados

O avaliado deverá abster-se de atividade física pelo menos duas horas


antes do teste;
O teste terá de ser realizado cerca de uma hora após a última refeição
ligeira, ou duas a três horas após uma refeição mais pesada,
principalmente se o teste for de caráter máximo;
O avaliado deverá abster-se de fumo e de álcool pelo menos duas horas
precedentes ao teste;
Se o avaliado fizer uso de medicação com ação cardiovascular, deverá
informar ao avaliador, pois ela poderá afetar as respostas metabólicas,
hemodinâmicas, eletrocardiográficas e clínicas ao esforço;
A vestimenta para a realização do teste deve ser leve, devendo constar,
preferencialmente, de tênis, short para homens e short com parte de
cima do biquíni para mulheres;
O avaliado deve estar bem adaptado ao ergômetro para a realização do
teste. Indivíduos que não apresentam boa habilidade motora para
pedalar, subir no banco em ritmo determinado pelo metrônomo ou
mesmo caminhar e correr sobre a esteira rolante devem realizar
treinamento prévio para melhorar a eficiência mecânica;
Utilizar sempre os medidores locais para determinar a FC;
Ver também as indicações (procedimentos) no início deste capítulo.

Classificação dos testes


Diretos
São aqueles em que o VO2máx é analisado durante os exercícios por
meio da análise de gases respiratórios, podendo ser feito em sistemas
fechados (o indivíduo inspira o oxigênio contido em um reservatório, com
quantidade conhecida) e abertos (o VO2máx é calculado pelo volume de
gases inspirados e expirados).

Indiretos
São aqueles que foram criados para testes nos quais não é necessária
tamanha precisão, buscando um valor aproximado, que permitirá uma
estimativa da capacidade aeróbica. São calculados em função da FC da
distância percorrida, da resistência do ergômetro, entre outros. Esses métodos
são baseados na teoria de que existe uma relação linear entre a frequência
cardíaca e o consumo de oxigênio submáximo, sendo possível chegar aos
valores de FCmáx pela estimativa do VO2máx.

Parâmetros controlados durante o teste de esforço

Índice de Percepção de Esforço (IPE) – Escala de Borg


O IPE representa uma escala de valores com os quais o avaliado
informa a sensação de intensidade de trabalho que lhe está sendo imposta
durante a realização do teste ergométrico. Dessa forma, o avaliador tem
meios de obter informações sobre a interferência do exercício no que o
avaliado está sentindo, o que, consequentemente, pode servir como elemento
para a interrupção do teste.

Frequência Cardíaca (FC)


A mensuração da FC representa um item fundamental durante uma
avaliação funcional. O aumento da FC está diretamente relacionado ao do
consumo de O2; um incremento de carga sem uma resposta positiva da FC
pode ser considerado como indicativo de isquemia, tornando-se necessária a
interrupção do teste.

Pressão Arterial (PA)


A mensuração da PA representa um dos principais parâmetros clínicos a
serem controlados em um teste de esforço. Dependendo do comportamento
apresentado durante a execução de um teste ergométrico, pode ser
identificado algum comprometimento cardíaco. Exemplo: resposta
hipertensiva ao esforço.

Protocolo de bicicleta ergométrica


Tabela 8.7 - Protocolo da YMCA para bicicleta ergométrica

Orientações

Ajustar a primeira taxa de trabalho em 150 kgm/min (0,5 kg a 50 rpm);


Se a FC no terceiro minuto da fase for:
a) menor que 80, ajustar a segunda fase em 750 kgm/min (2,5 kg a 50 rpm); b) 80 a 90, ajustar a
segunda fase em 600 kgm/min (2,0 kg a 50 rpm); c) 90 a 100, ajustar a segunda fase em 450
kgm/min (1,5 kg a 50 rpm); d) maior que 100, ajustar a segunda fase a 300 kgm/min (1kg a 50
rpm).

Ajustar a terceira e quarta fases, se necessário, de acordo com as taxas


de trabalho nas colunas abaixo da segunda fase.

O teste destina-se a aumentar a FC de um estado estável do indivíduo


para 110 a 150 bpm, por dois estágios consecutivos. Devemos lembrar que
duas medidas consecutivas da FC devem ser obtidas na variação de 110 a 150
bpm para prever o consumo máximo de O2. No protocolo da YMCA, cada
taxa de trabalho é realizada por três minutos, com FCs registradas nos 15 e 30
segundos finais do segundo e terceiro minutos. Se essas FCs não estiverem
em 5 batimentos/minuto cada uma, então se mantém a taxa de trabalho por
mais 1 minuto. A FC medida no último minuto de cada fase é demarcada
como taxa de trabalho para a próxima fase. A PA deve ser monitorada na
última etapa de cada estágio.

Cálculo:

Valor absoluto (ml/min):

VO2máx = SM2 + b (HRmáx – HR2)

Em que:

SM2 = Trabalho referente ao último estágio;


SM1 = Trabalho referente ao penúltimo estágio;
HR1 = FC atingida no penúltimo estágio;
HR2 = FC atingida no último estágio;
HRmáx = 220 – idade = FCmáx

Para encontrar b:
b = SM2 – SM1 / HR2 – HR1

Para encontrar SM2:

SM2 = (carga do último estágio kgm x 1,9) + (3,5 x peso) + 260


(ml/min)

Para encontrar SM1:

SM1 = (carga do penúltimo estágio kgm x 1,9) + (3,5 x peso) + 260


(ml/min)
VO2 relativo = VO2 ml/min/Peso
VO2 em METs (Unidade Metabólica de Trabalho) = VO2 relativo / 3,5

Protocolo de bicicleta ergométrica de Astrand-Ryhming (apud


ACSM, 2000)
Esse teste é muito bom para ser aplicado em academias, por ser rápido e
não requerer material muito especializado, apenas uma bicicleta que mensure
a intensidade em watts (Cullinane et al., 1988; Jessup et al., 1975).É um teste
de fase única, que tem a duração de 6 minutos. A taxa de trabalho sugerida é
selecionada de acordo com o sexo e o estado individual de atividade:

Homens não condicionados: 300 ou 600 kgm/minuto (50 ou 100 watts)


ou condicionados: 600 ou 900 kgm/min (100 ou 150 watts).

Mulheres não condicionadas: 300 ou 450 kgm/min (50 ou 75 watts) ,ou


condicionadas: 450 ou 600 kgm/min (75 ou 100 watts). A frequência de
pedalada é ajustada em 50 rpm.

A FC e a PA são medidas no quinto e sexto minutos de trabalho. A


média das duas FCs é usada para estimar o VO2máx com base em um
nomograma. Esse valor deve, então, ser corrigido para diferentes idades,
usando fatores de correção.

Fórmulas para aplicação do protocolo:

Obs.: Resultado em l.min-1

Onde:
FC = média da FC obtida no quinto e sexto minutos de carga;
VO2 carga = consumo de O2 necessário para pedalar dada carga. Pode
ser obtido pela seguinte equação:

VO2 carga = 0,014 x carga (watts) + 0,129


Exemplo:
Uma mulher pedalou com uma carga de 100 watts durante 5 minutos,
sendo sua FC de 150 e 152 no quarto e quinto minutos, respectivamente.

FC média = 151

VO2 carga = 0,014 x 100 + 0,129 = 1,51 l.min-1

Para melhor aproveitamento dos dados, esse valor deve ser corrigido
quando a pessoa tiver mais de 35 anos de idade (Tabela 8.8).
Tabela 8.8 - Fatores de correção em relação à faixa etária

Idade Fator de correção


35–38 0,87
39 0,86
40–42 0,83
43 0,82
44 0,81
45–48 0,78
49 0,77
50–51 0,75
52 0,74
53 0,73
54 0,72
55 0,71
56 0,70
57–58 0,69
59–60 0,68
61 0,66
62–65 0,65
Fonte: Marins e Giannichi (1998, p. 137).

Exemplo:
VO2 = 2,3 Idade: 38 anos
VO2máx = 2,3 x 0,87 = 2,0 l.min-1
Observação: Nos testes de cicloergômetro, devemos ajustar a altura do
assento da bicicleta conforme a estatura do avaliado, para que, durante o
teste, os joelhos não fiquem nem muito estendidos, nem muito flexionados.
Para isso, devemos posicionar o avaliado em pé ao lado da bicicleta, onde o
trocânter maior fique exatamente na altura do assento.

Testes submáximos de esteira rolante


Testes submáximos de esteira rolante geralmente usam um ponto final
baseado em uma FC pré-determinada; em geral, 85% da reserva de FC
prevista [(FCmáx – FC repouso) (0,85)] + FC de repouso. Os protocolos mais
frequentes usados para esteira são os de Bruce e Balke. Recomenda-se o uso
de eletrocardiógrafo, monitor de FC ou um estetoscópio para determinar a
FC.

Teste da esteira de Bruce


Um teste de esteira clássico, o protocolo de Bruce, inicia-se com o
avaliado caminhando a uma velocidade de 2,74 km/h, com a esteira inclinada
a 10%. A cada estágio, que muda de três em três minutos, modificam-se a
velocidade e a inclinação, de acordo com a Tabela 8.9.
Tabela 8.9 - Protocolo de Bruce
O consumo de oxigênio determinado indiretamente pelo método de
Bruce obedece à seguinte determinação:
Tabela 8.10 - Relação do VO2máx no teste de Bruce

VO2máx: (2,282 x min) + 8,545


Observação:A fórmula acima é utilizada quando o avaliado realiza o teste de
esforço com apoio das mãos na esteira. A tabela é utilizada quando o teste é
realizado sem o apoio das mãos.
Teste de step
O teste de step de 3 minutos é bastante utilizado para a verificação do
consumo máximo de oxigênio. De acordo com o protocolo da YMCA, o teste
deve ser executado em uma bancada de 30 cm de altura, com uma frequência
de stepping de 24 steps/min, durante 3 minutos (metrônomo). Ao final do
teste, o indivíduo senta-se imediatamente e a FC é medida. A contagem deve
começar em 5 segundos após o término do exercício. Com essa FC, uma
avaliação qualitativa da aptidão pode ser determinada usando tabelas
normativas. Normalmente, um teste de banco em academias ou escolas não é
muito utilizado devido à necessidade de um banco e de metrônomos.

Testes de campo
Uma de suas características mais positivas é a facilidade para
administrar. Por outro lado, tais testes baseados no desempenho têm algumas
limitações substanciais. Por exemplo, o nível individual de motivação e a
capacidade de ritmo podem ter um impacto profundo nos resultados. Os
testes de campo não necessariamente devem ser aplicados em pistas de
atletismo; podem ser desenvolvidos em qualquer espaço, desde que
previamente medidos e que não sejam em terreno acidentado ou com aclives
e declives.
Nos testes de campo, assim como em todos os testes metabólicos, o
avaliado pode interromper a avaliação se achar necessário. Por exemplo, se
sentir-se mal ou com algum desconforto.

Teste de milha ( Rockport Walk)


O teste de caminhada da milha, para indivíduos de 20 a 69 anos de
idade, foi desenvolvido por Rippe et al. (1986), com patrocínio do Instituto
de Caminhada Rockport, nos Estados Unidos. Pelo fato de envolver apenas
uma caminhada rápida de 1.609 m (1 milha), é especialmente utilizado para
pessoas sedentárias ou mais idosas.
Este teste é baseado na obtenção da FC em determinado nível de
esforço (indicado pelo tempo que se leva para caminhar a milha – 1.609 m).
Lembre-se de que não se trata de uma medida exata, direta; é apenas uma
estimativa válida e muito útil para análise de sua condição atual e prescrição
individualizada de exercícios (Pober et al., 2002; Kittredge, 1994; Rintala,
1997). Devemos estimular o avaliado a percorrer a milha o mais rápido
possível, mas ele pode dosar a intensidade da caminhada ao longo do
exercício. Após o término do teste, aplicamos a seguinte equação:

VO2máx = 132,853 – (0,1692 x P) – (0,3877 x I) + (6,3150 x S) –


(3,2649 x T) – (0,1565 x FC)

Em que:

P = peso (em kg);


I = idade (em anos);
S = sexo (0 para feminino e 1 para masculino);
T = tempo (em minutos e centésimos de minuto);
FC = frequência cardíaca (em batimentos por minuto ao final do teste).

Preparação para o teste:

•Apesar de não ser um esforço máximo, os proponentes recomendam que, antes


de se submeter ao teste, os indivíduos totalmente sedentários ou acima de
35 anos passem por um exame médico;

•Verificar a FC antes de realizar o teste. Você deve saber como verificar, com
precisão, o seu pulso. Conte seu pulso por 15 segundos e multiplique o
resultado por 4, para determinar o número de batimentos por minuto;

•Verificar a FC imediatamente ao final do percurso. Devemos usar os


medidores locais, preferencialmente;

•Após o término do teste, com o registro do tempo e a verificação da FC,


mantenha-se em movimento (caminhando lentamente por 3 a 5 minutos)
para retornar gradualmente à condição de repouso (este “resfriamento” é
geralmente denominado “volta à calma” e, segundo especialistas, é de
fundamental importância).
Teste de caminhada de 1.600 m doCanadian Aerobic
Fitness Test
Este teste é indicado para indivíduos de 20 a 69 anos de idade e para
quem não faz exercícios físicos regularmente há algum tempo (Weller et al.,
1993, 1992; Bell et al., 1992).
Antes da aplicação do teste, devem-se coletar os dados de peso e idade.
O teste inclui uma caminhada de 1.600 m com tempo cronometrado. Após o
encerramento, mede-se, o mais rápido possível, a FC. Com todos os dados
apurados, aplica-se a fórmula (Pollock e Wilmore, 1993):

VO2máx = 6,952 + (0,0091 x P) – (0,0257 x I) + (0,5955 x S) – (0,2240


x TI) – (0,0115 x FC)

Em que:

P = libra (peso em libras = peso em kg x 2,205);


I = idade (ano mais próximo);
S = (1) masculino ou (0) feminino;
TI = tempo gasto na caminhada, em minutos;
FC = frequência cardíaca da última volta.

Exemplo:
P = 90 kg x 2,205 = 198,45 S = masculino FC = 135
I = 45 TI = 17 minutos

VO2máx = 6,952 + (0,0091 x 198,45) – (0,0257 x 45) + (0,5955 x 1) –


(0,2240 x 17) – (0,0115 x 135)

VO2máx = 6,952 + (1,805) – (1,156) + (0,595) – (3,808) – (1,552)

VO2máx = 2,836 l.min-1


Teste de caminhada de 3 km
População-alvo: Indivíduos de baixa aptidão – VO2máx inferior a 30
ml (kg. min)-1. Normalmente, encontramos nesse grupo pessoas idosas,
obesas, indivíduos após cirurgia e pacientes cardíacos.
Metodologia: O indivíduo deverá caminhar sempre no plano horizontal
0 (zero), registrando o tempo necessário para caminhar 3 km. Após o teste,
aplicamos a equação para verificarmos o consumo de oxigênio (Leite, 1985):

VO2máx ml (kg.min)-1 = 0,35 x V² (km/h) + 7,4 ml (kg.min)-1

Exemplo:

Peso = 58 kg, mulher, tempo gasto: 27 minutos

Uniformizar unidades:

3 km = 3.000 m ÷ 27 = 111,11 m/min x 60 = 6666 ÷ 1000 = 6,66 km/h

Empregaremos a fórmula:

VO2máx ml (kg.min)-1 = 0,35 x (6,66)² + 7,4 = 22,92 ml (kg.min)-1

Teste dos 12 minutos ( Cooper)


O avaliado deve correr ou andar em uma pista de atletismo demarcada
de 50 em 50 metros durante 12 minutos, percorrendo a maior distância
possível e procurando manter constante a velocidade (Grant et al., 1995).
Ao final do tempo do teste, o avaliador deverá soar o apito para que os
avaliados, a partir do ponto onde estiverem, parem de correr e andem no
sentido perpendicular da corrida. Então, verificamos a distância percorrida
durante o teste, observando que o avaliado não deve dar piques durante ou ao
término do teste.
Avalia-se a resistência aeróbica do avaliado de acordo com as Tabelas
8.11 e 8.12.
Tabela 8.11 - Avaliação do VO2 no teste de 12 minutos – Homens – Valores expressos em m

Tabela 8.12 - Avaliação do VO2máx no teste de 12 minutos – Mulheres – Valores expressos em m

Podemos estimar o VO2máx pela Tabela 8.13.


Tabela 8.13 - Estimativa do VO2máx em relação à distância percorrida
Para calcularmos o VO2máx, podemos utilizar também a seguinte
equação:
VO2máx = (D – 504) / 45

Em que:
D = distância percorrida.

Exemplo:
Distância percorrida = 3.000 m

Teste de corrida de 2.400 m ou 3.200 m ( Cooper)


População-alvo: De 13 a 60 anos, para homens e mulheres. O ideal é
que o avaliado esteja familiarizado com a prática de atividade física regular.
Para atletas, também é conveniente.
Metodologia: O teste consiste em cronometrar o tempo gasto pelo
avaliado para percorrer a distância de 2.400 m ou 3.200 m.
Com o resultado apurado, identificar na tabela, em função do sexo e da
idade, o nível de capacidade aeróbica do avaliado.

Equação:

Exemplo:

Um indivíduo correu 2.400 ms em 11 minutos.

Observação: Para transformar minutos em segundos, basta aplicar a


regra de três.

1 minuto ....................... 60 segundos


11 minutos .................... x segundos

x = 11 x 60
x = 660

Teste de corrida de Balke


Esse teste é indicado para pessoas já condicionadas ou atletas, pois seu
tempo de duração é razoavelmente longo, podendo ser aplicado em
indivíduos de 15 a 50 anos, de ambos os sexos (Balke, 1963; Marinov et al.,
2003; Burckhardt et al., 1989). O avaliado deve percorrer a máxima distância
em 15 minutos. Alguns pesquisadores modificaram o protocolo (Stamford,
1975). Com o resultado apurado, deve-se calcular a velocidade, expressa em
metros por minuto, utilizando a seguinte fórmula:

Vm/min = distância percorrida (m) ÷ tempo (15 minutos)


VO2máx ml (kg.min)-1 = 33 + [0,178 (v – 133)]

Exemplo:

Distância percorrida: 4.000 m


V = 4.000/15 = 266,67 m/min
VO2máx ml (kg.min)-1 = 33 + [0,178 (266,67 – 133)]
VO2máx ml (kg.min)-1 = 33 + [0,178 x 133,67]
VO2máx ml (kg.min)-1 = 33 + 23,79326
VO2máx ml (kg.min)-1 = 56,79

Teste de corrida de Ribisl e Kachodorian


Esse teste é indicado para indivíduos com amplo nível de aptidão física
e faixa etária bem variável, pois, na fórmula de cálculo de VO2máx, são
levados em consideração a idade e o tempo gasto na realização do teste.
O teste é bem semelhante ao descrito acima; entretanto, o que o
diferencia dos demais protocolos relaciona-se à fixação da distância a ser
percorrida – no caso 3.200 m, com o tempo gasto para a realização da tarefa
registrado em segundos – e a consideração do fator idade e do peso para o
cálculo do VO2máx. Para isso, utiliza-se a fórmula:

VO2máx =114,496 – 0,04689 (X1) – 0,37817 (X2) – 0,15406 (X3) ml


(kg.min)-1

Em que:

(X1) = tempo gasto para percorrer os 3.200 m, em segundos;

(X2) = idade, em anos;

(X3) = peso corporal, em kg.


Exemplo:

Idade: 25 anos; peso: 70 kg; tempo: 12 min (= 720 segundos)

VO2máx= 114,496 – 0,04689 (720) –0,37817 (25) – 0,15406 (70)

VO2máx= 114,496 – 33,7608 – 9,45425 – 10,7842

VO2máx= 60,49 ml (kg.min)-1


Após a aplicação dos testes, verificamos o resultado nas tabelas
normativas para classificar o seu condicionamento cardiorrespiratório.
Normalmente, essas tabelas são expressas em valores relativos.
Tabela 8.14 - Valores de referência de VO2máx (ml.kg.min)-1 (Homens)

Tabela 8.15 - Valores de referência de VO2máx (ml.kg.min)-1 (Mulheres)


Tabela 8.16 - Classificação de aptidão cardiorrespiratória com base no VO2máx da American Heart
Association (Mulheres)

Tabela 8.17 - Classificação de aptidão cardiorrespiratória com base no VO2máx da American Heart
Association (Homens)
Capacidade anaeróbica lática
É a capacidade de um indivíduo sustentar, durante o maior tempo
possível, uma atividade física de alta intensidade em condições anaeróbicas,
ou seja, em débito de oxigênio (Svedhal et al., 2003; Bangsbo, 1998; Green,
1995). Segundo Powers e Howley (2000), distâncias entre 200 e 800 metros
medem a resistência anaeróbica.

Teste dos 40 segundos


O teste dos 40 segundos, de Matsudo (1987), consiste em o indivíduo
correr em uma pista de atletismo, demarcada de 10 em 10 metros, a maior
distância possível durante os 40 segundos de duração do teste.
O avaliador principal (A), ao mesmo tempo que aciona o cronômetro,
dá início ao teste com o comando para que o avaliado comece a correr. Este
caminhará em direção ao avaliador (B), que estará posicionado entre os 200 e
os 300 metros, também munido de um cronômetro. Esse procedimento
facilitará ao avaliador (B) se posicionar o mais próximo possível do avaliado
no momento dos 40 segundos, que será anunciado pelo avaliador (A).
No instante dos 40 segundos, o avaliador (B) deverá observar o último
pé que estiver em contato com o solo e marcá-lo como ponto de referência.
Com o auxílio de uma trena, determinará a distância percorrida com precisão
para o último metro.
FIGURA 8.4 - Pista de atletismo.

Teste de 400 m e 600 m


Este teste tem o objetivo de verificar a capacidade anaeróbica lática do
testado. A distância é de 400 m para mulheres e 600 m para homens
(Lancetta, 1988 apud Marins e Giannichi, 1998). O teste consiste em
percorrer o percurso no menor tempo possível. O resultado será o tempo
(com precisão em segundos) gasto.

Concentração de lactato
A dosagem de ácido lático é, normalmente, realizada por meio da coleta
de uma pequena quantidade de sangue do lóbulo da orelha. O ideal é haver
um intervalo entre 2 e 4 minutos após o esforço, visando obter a melhor curva
de dosagem, uma vez que o ácido lático, formado no interior da célula,
necessita de algum tempo para ser removido, facilitando sua detecção.
Capítulo 9
Avaliação Postural
Postura é considerada a manutenção dos componentes corporais
mediante forças externas (Kendal, 1995); a manutenção das curvas da coluna
(lordoses e cifoses) mediante forças externas (Knoplich, 1986); o equilíbrio
dos componentes corporais (cabeça, tronco e membros), parados ou em
deslocamento, sem dor (Kendal, 1995).

FIGURA 9.1 - Padrões de postura.

Um dos focos de maior importância da avaliação postural é a coluna


vertebral (CV), mas ela não é a única. A CV é considerada um eixo
importantíssimo na estabilização da nossa postura, mas devemos dar
importância a todas as articulações e segmentos corporais. Basicamente
formada por vértebras, discos e ligamentos que dão a funcionalidade
necessária, a CV é composta por quatro regiões: duas lordoses (cervical e
lombar) e duas cifoses (dorsal e sacral). Para uma boa saúde da nossa CV,
devemos manter essas curvas fisiológicas.
FIGURA 9.2 - Coluna vertebral.

A avaliação da postura é de suma importância para a prescrição de


exercícios físicos. Ela pode ser feita de várias formas e com alguns
instrumentos. Podemos utilizar o posturógrafo, que é o instrumento mais
específico para essa avaliação, e também o que chamamos “fio de prumo”
adaptado e uma base marcada. O fio de prumo é uma linha que deve passar
por alguns pontos e terminar no nosso centro de sustentação (entre os pés),
também é chamado polígono de sustentação. Esse fio de prumo deve passar
por esses pontos (descritos a seguir) para que possamos considerar adequada
a postura de um indivíduo.
A avaliação postural feita no posturógrafo é subjetiva, mas muito
relevante. Conhecer o perfil postural do nosso aluno garante um trabalho
mais eficaz e seguro.
O trabalho de recuperação de uma postura inadequada é demorado e,
muitas vezes, não nos garante que o indivíduo com sérios problemas
posturais “voltará ao prumo”, mas, com certeza, terá uma aparência melhor e
se livrará das dores, caso ocorram.
Antes de iniciarmos a avaliação postural propriamente dita, devemos
seguir alguns procedimentos:

Material adequado: posturógrafo convencional, portátil ou um fio de


prumo adaptado;
O ideal é que, atrás do indivíduo ou do posturógrafo, haja uma parede
branca;
O piso deve ser plano;
O ambiente deve ser claro e arejado, e, de preferência, climatizado;
O avaliado deve estar usando roupa adequada (roupa de banho).

FIGURA 9.3 - Posturógrafo.


FIGURA 9.4 - Base do posturógrafo.

A base do posturógrafo apresenta duas linhas principais (mais espessas)


e linhas secundárias (mais finas) numeradas, de dentro para fora, de 1 a 3.
Cada linha (principais e secundárias) tem 30 cm de comprimento, ou seja,
cada quadrante (Figura 9.4) tem 5 cm2.
Para fazermos uma avaliação postural, necessitamos marcar alguns
pontos ósseos, para uma melhor identificação da postura do avaliado. Os
pontos são os seguintes:
Vista anterior:

Extremidade esternal das clavículas direita e esquerda;


Processo xifoide;
Espinha ilíaca ântero-superior;
Patela (bordos superior e inferior).

Vista lateral direita e esquerda:

Lóbulo da orelha (logo abaixo do meato auditivo);


Acrômio (dois dedos à frente do acrômio – medial);
Trocânter maior do fêmur;
Cabeça da fíbula;
Maléolo lateral.

Vista posterior:

Bordas medial e lateral das escápulas;


Processos espinhosos (ou espaços intervertebrais);
Linha glútea;
Linha poplítea;
Tendão calcâneo (aquiles).

A marcação deve ser feita com lápis dermográfico ou etiquetas


adesivas, as quais ficam mais visíveis no registro fotográfico.

Posição do avaliado
O avaliado deve ficar em posição confortável e equilibrada (roupa de
banho). Os pés devem estar com a mesma distância de afastamento. Esse
afastamento deverá ser na linha dos quadris, aproximadamente, de modo que
o avaliado esteja equilibrado.
O avaliado precisa estar posicionado com o maléolo sobre a linha
secundária 1 do posturógrafo (linhas expressas na base do posturógrafo).
Isso quer dizer que o fio de prumo deve passar, mais ou menos, 4 cm à frente
do maléolo, o qual é posicionado na linha secundária 1, sempre atrásda linha
principal.
FIGURA 9.5 - Posição dos pés no posturógrafo.

Esse padrão de posicionamento é fundamental, pois, caso isso não


ocorra, a avaliação pode ter resultados inconsistentes.
O avaliado deve ser colocado no posturógrafo pelo avaliador; é este
quem deve ajustar, de maneira correta, o avaliado. O avaliador nunca deve
solicitar que o avaliado fique “reto”. Essa expressão pode fazer que o
avaliado assuma uma postura que não é a sua habitual. Após o
posicionamento do avaliado, o avaliador solicita-lhe que fique o mais
confortável e equilibrado possível (converse com o avaliado para que ele
relaxe e adote a postura que habitualmente possui).
O fio de prumo é nossa referência para a avaliação. Segundo Kendal
(1995), para que a postura esteja alinhada, na vista lateral (direita e esquerda),
o fio de prumo deve passar:

4 cm à frente do maléolo externo;


No meio da articulação do joelho;
No meio da articulação do quadril;
No meio do tronco;
No meio do ombro;
No meio da coluna cervical;
No meato auditivo.

FIGURA 9.6 - Alinhamento lateral direito.

FIGURA 9.7 - Alinhamento lateral esquerdo.

Na vista anterior, o fio de prumo deve passar pelo meio da cabeça e


pela linha alba (meio do abdômen), e projetar-se no meio do polígono de
sustentação (entre os pés).

FIGURA 9.8 - Alinhamento anterior.

Na vista posterior, o fio de prumo deve passar no meio da cabeça, no


meio das espinhas vertebrais (meio da coluna) e entre o polígono de
sustentação.

FIGURA 9.9 - Alinhamento posterior.

Posição do avaliador
O avaliador deve estar, aproximadamente, de dois a três metros
afastado do avaliado.

Fotografias
Na avaliação postural, podemos fazer o registro fotográfico para uma
melhor análise e possíveis comparações com outras avaliações.
A máquina deve estar posicionada à mesma distância que o avaliador
estiver e a uma altura correspondente à metade da medida do posturógrafo ou
da estatura do avaliado (exemplo: posturógrafo a 200 cm de altura; a máquina
deve estar a 100 cm de altura).
Conforme identificamos anteriormente, a avaliação é feita em quatro
planos: anterior, posterior, lateral esquerdae lateral direita.

O que podemos avaliar


Vista anterior
Pés: normais, invertidos, evertidos, planos, cavos, equinos, halux
valgo.
Joelhos: normais, rotados internamente, assimétricos, valgo, varo.
Quadril: simétrico, lateroversão pélvica direita, esquerda.
Abdômen: normal, proeminente, linha alba normal ou inclinada.
Tórax: normal, deprimido etc.
Ombros: simétricos, assimétricos, protusos, rotados internamente,
elevados.
Cabeça: normal, inclinada (esquerda, direita).
Linha dos dedos da mão: direita mais baixa, esquerda mais baixa.

Vista lateral
Pés: normais, invertidos, evertidos, planos, cavos.
Joelhos: normais, fletidos, hiperestendidos.
Abdômen: normal, proeminente.
Quadril: normal, antevertido, retrovertido, antepulsionado.
Coluna: (lombar, dorsal e cervical) normal, atitude hiperlordótica e/ou
hipercifótica, retificada.
Cabeça: normal, projetada à frente etc.

Vista posterior
Pés (calcâneo): invertidos, evertidos, planos, cavos.
Joelhos: normal, valgo, varo.
Quadril: simétrico, laterovertido.
Triângulo de Thalles: normal, direito maior, esquerdo maior.
Coluna: normal, atitude escoliótica em S ou C (lado da convexidade e
região).
Escápulas: normais, aladas, rotadas inferiormente, rotadas superior-
mente, descoladas.
Ombros: normais, assimétricos.
Cabeça: normal, inclinada (direita, esquerda).
Capítulo 10
Avaliação para Portadores de
Necessidades Especiais
Este capítulo tem a finalidade de destacar pontos importantes da
avaliação física em portadores de necessidades especiais.
A bateria de testes proposta nesta obra foi baseada no Projeto Alvo,
desenvolvido em 1993, no Department of Education da State University of
New York, College at Brockport, dirigido pelo professor Joseph P. Winnick e
coordenado por Francis X. Short. Tal projeto foi baseado em um estudo de
investigação criado para desenvolver testes referenciados a critério de aptidão
física relacionada à saúde de crianças entre 10 e 17 anos portadoras de
deficiências (Winnick e Short, 2001).
Os testes desenvolvidos no Projeto Alvo formam o manual Teste
Brockport de Aptidão Física (TBAF). Neste capítulo, destacaremos alguns
desses testes que possam ser conduzidos em uma avaliação física simples e
direta, na escola, no clube, em qualquer lugar.
Os autores do TBAF registram 27 itens a ser avaliados, mas destacam
que, na maioria dos casos, quatro entre seis itens são: composição corporal,
capacidade aeróbica, força e flexibilidade.
Este capítulo não tem a finalidade de abordar especificamente todos os
tipos de testes e características dos portadores de necessidades especiais, mas
contemplar algumas deficiências, tendo em vista que o profissional de
Educação Física, seja na escola, na academia ou no clube, pode ter em suas
mãos, por exemplo, um amputado para avaliar e prescrever uma atividade
física. Dessa maneira, visa ajudá-lo a conhecer alguns procedimentos básicos,
e realmente poder incluí-lo na prática de exercício e da avaliação.
Abordaremos alguns pontos importantes na avaliação de duas
deficiências: deficiência visual (DV) e anomalias congênitas/amputações
(AC/A), tendo em vista que as deficiências que envolvem paralisia cerebral,
lesão medular e retardo mental são bem mais específicas e, por isso,
necessitam de um suporte e de uma compreensão bem mais complexos por
parte do profissional que conduzirá o processo de avaliação.
Selecionamos a DV e a AC/A, tendo em vista que é muito comum
portadores dessas necessidades se engajarem em programas de exercícios
físicos e ensino escolar regulares, ou seja, nos quais os professores
desenvolvem suas práticas docentes e necessitam de conhecimento mais
abrangente.

Deficiência Visual (DV)


Pode-se considerar DV, incluindo a cegueira total (CT), a limitação na
visão que, mesmo com algum tipo de correção, compromete o
desenvolvimento educacional de uma criança (Winnick e Short, 2001). Esse
diagnóstico deve ser feito por um médico especialista. A Tabela 10.1
apresenta detalhadamente as descrições dos tipos de DV.
Tabela 10.1 - Classificação de crianças com DV

Totalmente cegos; aqueles que podem ter percepção de luz, mas não são
B1
capazes de reconhecer as formas das mãos em qualquer distância.
Aqueles que percebem as formas das mãos, mas com acuidade visual não
B2
superior a 20/600, e/ou aqueles com menos de 5° de campo visual.
Aqueles com acuidade visual de 20/599 até 20/200, e/ou aqueles com 5 a
B3
20° de campo visual.
VP Visão parcial; aqueles com acuidade visual entre 20/199 e 20/70.
Fonte: Winnick e Short (2001, p. 5).

Anomalias Congênitas e Amputações


(AC/A)
Podemos classificar como portadores de anomalias congênitas
indivíduos que apresentam extremidades parcial ou totalmente deformadas
desde o nascimento. Os amputados podem ser classificados como indivíduos
que perderam parcial ou totalmente um ou mais de seus membros. As
amputações podem ser congênitas ou adquiridas (Winnick e Short, 2001).
Salientamos que podem existir doenças que desencadeiam algumas
deformidades congênitas, como as lesões cerebrais graves. Nesses casos, o
procedimento de testagem deve ser acompanhado por especialistas. Aqui
destacamos anomalias que não estão ligadas a deficiências em nível cerebral
grave e cognitivo, pois estas necessitam de especialistas.
Testes recomendados
A seguir, abordaremos os testes recomendados pelo TBAF para DV e
AC/A. Cabe ressaltar que no manual do TBAF são identificados outros testes,
mas neste capítulo destacaremos aqueles citados como recomendados pelo
manual. Para os deficientes visuais, podemos destacar os testes indicados na
Tabela 10.2, além de sua fidedignidade.
Tabela 10.2 - Testes sugeridos para crianças com deficiência visual

Componente da aptidão física e teste Fidedignidade


Função aeróbica
- Corrida e caminhada da milha r = 0,60 a 0,85
Composição corporal
- Soma tricipital e panturrilha r = 0,88
Função musculoesquelética
- Abdominais r = 0,93 a 0,97
- Levantamento de tronco r = 0,89
- Flexão de cúbito r = 0,60 a 0,96
- Sentar e alcançar, com proteção das costas α = 0,95 a 0,97
Fonte: Winnick e Short (2001, p. 17 e 51).
Os autores também indicam o IMC para avaliar a composição corporal,
mas o mais indicado é o somatório de dobras, descrito anteriormente.
A Tabela 10.3 destaca os testes para crianças com anomalias congênitas
e amputações, conforme Winnick e Short (2001).
Tabela 10.3 - Testes sugeridos para crianças com anomalias congênitas e amputações
Aplicação dos testes e alguns cuidados
Antes de fazermos qualquer avaliação física, devemos nos preparar para
a aplicação dos testes, ou seja, treinar, conhecer e estudar a metodologia dos
mesmos de maneira adequada. Na avaliação com portadores de necessidades
especiais, isso é ainda mais importante. Segundo o TBAF, podemos destacar
alguns cuidados:

Praticar a metodologia dos testes de maneira adequada e segura,


buscando confiança para a aplicação formal dos mesmos;
Buscar material específico para anotações e registro dos resultados;
Informar ao avaliado todos os procedimentos do teste e o que será
mensurado;
Informar e solicitar a roupa adequada para a execução dos testes;
Quando os testes apresentarem aquecimento, conduzi-los de forma
adequada;
Após testes aeróbicos, fornecer atividades de resfriamento;
Reforço positivo, voz de comando e incentivo durante os testes;
Usar as tabelas de referência para comparar os resultados, e não os
comparar entre as diferentes crianças avaliadas;
É aconselhável dividir os testes em dias alternados para evitar a fadiga;
Recomenda-se que os testes aeróbicos sejam executados por último;
Aos avaliados cegos, fornecer condições de orientação, com clareza;
Com exceção das marchas de 20 e 16 m, da corrida e da caminhada de
milha, e do teste de extensão de ombros, os demais testes devem ser
aplicados individualmente. Os supracitados podem ser submetidos a
pequenos grupos;
Prezar sempre a segurança dos avaliados;
Evitar ministrar os testes em dias muito úmidos, quentes ou muito frios;
Sempre infomar os avaliados sobre todos os procedimentos dos testes, e
certificar-se de que foram compreendidos;
Interromper o teste sempre que o avaliado sentir qualquer desconforto;
Quando for utilizado monitor de FC, certificar-se que o avaliado não
apresenta alergia à borracha ou assemelhados, pois é por meio desse tipo
de material que a maioria dos monitores prende-se ao avaliado.

Alguns cuidados específicos para o deficiente visual


Quando avaliamos um DV, devemos levar em consideração alguns
cuidados (Diehl, 2006):

Quando necessário (perda total da visão), os testes, por exemplo, de


caminhada, devem ser conduzidos por um guia humano;
Informar quando começa e quando termina o teste (voz de comando);
Descrever detalhadamente os procedimentos do teste, e permitir que o
aluno use o tato para entender a posição inicial do teste, do corpo, dos
braços, das pernas etc;
Motivá-lo durante o teste.
Alguns cuidados específicos para o amputado
Quando avaliamos um amputado, devemos levar em consideração
alguns cuidados (Diehl, 2006):

Ter cuidado com o coto do avaliado;


Dependendo do tipo de prótese, podem não ser recomendados alguns
tipos de testes. Sempre se deve prezar pela segurança do aluno;
Caso exista dúvida sobre o tipo de prótese usado pelo aluno, o ideal é
buscar as informações com o médico responsável;
Lembrar que as amputações de membros inferiores podem gerar
diferenças no equilíbrio, podendo comprometer os testes. Em alguns
casos, estes devem ser substituídos.

Descrição dos testes


A seguir, descreveremos os procedimentos metodológicos dos testes
acima citados, segundo Winnick e Short (2001).

Composição corporal
A composição corporal é determinada por meio de medidas
antropométricas. No caso de portadores de necessidades especiais, isso não é
diferente; apenas devemos tomar alguns cuidados na verificação das medidas.
Basicamente, as medidas antropométricas sugeridas para a avaliação de
portadores de deficiência visual, anomalias congênitas e amputações são as
seguintes: peso, estatura (IMC), dobras do tríceps, panturrilha e subescapular.
Para executar essas medidas, devemos seguir os mesmos procedimentos
descritos no Capítulo 4. Para os portadores de necessidades especiais,
devemos seguir os seguintes cuidados:

Dobras cutâneas
As medidas não devem ser mensuradas em locais onde haja cicatrizes
ou aplicações de injeções, ou em membros que apresentem atrofia muscular
(o músculo deve apresentar função muscular). Em algumas circunstâncias,
pode não ser possível a verificação da medida. Em caso de amputações do
lado direito, podemos fazer a medida no lado esquerdo.
Peso e estatura
Para medir a estatura de indivíduos que usam próteses ou amarras, é
aconselhável o aluno usar esses dispositivos. Em algumas circunstâncias,
caso ele não suporte, sem os acessórios, o próprio peso, podemos solicitar-lhe
que se deite no chão para que tiremos a medida com uma fita métrica.
O peso de quem utiliza próteses ou amarras deve ser verificado sem os
aces-sórios, ou subtraindo-se do peso observado o peso dos mesmos. A massa
do indivíduo que utiliza cadeira de rodas deve ser verificada sem a cadeira,
ou subtraindo-se o valor desta do peso corporal obervado.
Para portadores de anomalias congênitas e amputações, o peso e a
estatura podem ser feitos, mas nunca comparados os resultados com
indivíduos ditos normais, ou seja, que apresentam todos os segmentos.
Quando estimamos o peso de um amputado de uma perna, devemos
somar 1/18 do peso corporal para amputação abaixo do joelho e 1/6 do peso
para amputação na altura do quadril.
Não devemos medir peso e estatura se essas medidas oferecerem risco
ao avaliado. Nesse caso, usamos outras medidas (dobras cutâneas, apenas)
para referenciarmos as variáveis antropométricas.

Função aeróbica

Corrida e caminhada de milha

Procedimentos
O teste consiste em caminhar ou correr 1 milha (1.609 m) no menor
tempo possível. Pode ser feito sobre uma superfície plana, previamente
medida, e, preferencialmente, em um terreno em forma circular. Evite linhas
retas. São necessários cronômetros, cartão para registrar os resultados e
caneta para anotações.

Resultado
O resultado é expresso em minutos, ou seja, anotamos em quanto tempo
o avaliado percorreu a milha. Os cegos podem correr com assistência.
Pontos importantes
Antes do dia do teste, ofereça uma prática para familiarização e faça um
aquecimento (alongamentos); após o término, deve-se fazer o resfriamento.
Não avalie se umidade e temperatura estiverem muito altas.

FIGURA 10.1 - Teste da milha: com auxiliar, sozinho e com auxílio de uma corda.

TMAE nível 1 (Teste de Movimentos Aeróbicos Específicos)


Este teste é uma modificação do teste de movimento aeróbico
desenvolvido por PatGood, na Howe School, em Michigan. Basicamente, o
objetivo é medir a capacidade de se exercitar a uma FC específica
recomendada ou acima desta, por 15 minutos.
O nível 1 estima uma capacidade de sustentar uma intensidade
moderada de atividade física (70% da FC) sem exceder 85% da FC máxima
predita.
Os avaliados devem realizar qualquer atividade física, desde que esta
possua intensidade suficiente para alcançar a FC mínima específica (FCE) e
sustentar essa frequência dentro de uma zona específica (ZFCE). A ZFCE é,
para o nível 1, 70% da FC máxima.
Procedimentos
O avaliador verifica a FC a cada 60 segundos. É imprescindível a
utilização dos medidores locais (frequencímetros). Se o avaliado estiver
dentro da ZFCE e não mais que 10 batimentos acima da FCE, o avaliador
deve reforçar esse comportamento e estimulá-lo a manter-se assim. Caso o
avaliado esteja abaixo, terá 1 minuto para elevar a FC. Se conseguir, o teste
continua; se não, o teste é finalizado. Caso o avaliado esteja 10 batimentos
acima do considerado FCE, o avaliador deve encorajá-lo, mas também
solicitar-lhe que diminua a intensidade da atividade.
Esse teste pode ser feito em qualquer atividade, como a caminhada, e
também com um cicloergômetro de braços. É necessária uma área grande
para a caminhada e um monitor de FC.

Resultado
Este teste resulta em sucesso, se o avaliado consegue realizar a tarefa,
ou em fracasso, se o avaliado não consegue realizá-la.

Pontos importantes
Oferecer aquecimento e resfriamento. Avaliados que usam amarras e
próteses devem consultar um médico para saber se podem participar desse
tipo de avaliação.
Tabela 10.4 - FC mínima específica e zonas de frequência cardíaca específica para os níveis do
TMAE

Fonte: Winnick e Short (2001, p. 83).


FIGURA 10.2 - Cicloergômetro para braços.

Função musculoesquelética
Força e resistência muscular

Abdominais
O teste abdominal mede a resistência de força dos músculos abdominais
por meio do número de repetições conseguidas.

Procedimentos
O teste consiste em executar tantos movimentos completos quanto
possível, até, no máximo, 75 repetições em uma cadência de movimentos a
cada 3 segundos.

Posicionamento do avaliado
O avaliado fica em decúbito dorsal, com os joelhos flexionados (mais
ou menos 140°) e os pés apoiados no solo, com os braços estendidos e
paralelos ao tronco e as palmas das mãos voltadas para o solo. Próximo aos
glúteos do avaliado, deve ser fixada uma faixa de 11,4 cm de largura, a qual
ele consiga tocar com a ponta dos dedos no lado mais proximal (Figura 10.3),
sendo essa a posição inicial. Ao sinal do avaliador, o avaliado faz a flexão do
tronco até que as pontas dos dedos toquem a outra extremidade da faixa
(Figura 10.4).

Resultado
O teste é interrompido quando o avaliado não conseguir mais manter a
cadência de 3 segundos por movimento completo, ou então até completar as
75 repetições. Devemos confeccionar a faixa de medição para fixá-la ao
colchonete, sobre o qual o teste deve ser feito. Os movimentos devem ser
executados de maneira correta, caso contrário, não serão contados.

FIGURA 10.3 - Posição inicial.

FIGURA 10.4 - Posição final.

Levantamento do tronco
O teste mede a força e a flexibilidade de extensão de tronco, e tem o
objetivo de fazer que o avaliado erga a extremidade superior do tronco até 30
cm acima do chão.

Procedimentos
O avaliado deita-se em decúbito ventral; os dedos dos pés devem ficar
apoiados no chão, e as mãos, embaixo das coxas. Ao sinal do avaliador, o
avaliado eleva o tronco o máximo possível, de forma lenta e controlada, com
o queixo em paralelo com o chão. O avaliador mede a distância conseguida
pelo avaliado (do chão à base do queixo). Não são recomendos mais de 30
cm.

Resultado
O avaliador permite duas tentativas e registra o valor mais próximo de
30 cm.

Pontos importantes
Mantenha estímulo positivo ao longo do teste. Não estimule a elevação
acima de 30 cm, nem permita movimentos balísticos.

FIGURA 10.5 - Levantamento de tronco.

Levantamento de halter

Procedimentos
O avaliado deve levantar o halter de 6,8 kg tantas vezes quanto
possível, até 50 repetições, a uma cadência de 3 a 4 segundos por movimento.
Deve, também, ficar sentado em cadeira de rodas ou em uma cadeira firme,
além de segurar o halter com a mão dominante, estender o cotovelo e
flexionar o ombro, até que o peso seja erguido diretamente para o alto e
acima do ombro. Quando o cotovelo estiver completamente estendido, o
avaliado retorna à posição inicial.

Importante
O avaliado poderá descansar até 4 segundos entre as repetições, mas
não mais que isso, senão o teste será interrompido.

Resultado
O resultado será o número de repetições conseguidas com cadência de 3
a 4 segundos por movimento, até que o avaliado consiga suportar o peso do
halter, ou, então, até completar 50 repetições cadenciadas.

Pontos importantes
Voz de incentivo ao longo do teste. Certifique-se de que o avaliado
entendeu o movimento a ser realizado, e combine a contagem com uma
cadência. Por exemplo: diga “um e para baixo”, “dois e para cima”. Essas
falas duram, aproximadamente, de 3 a 4 segundos.

FIGURA 10.6 - Levantamento de halter.


Levantamento no banco

Procedimentos
O avaliado tem como objetivo executar tantos levantamentos da barra
quanto possível (até 50 para meninos e até 30 para meninas). O avaliado deita
em decúbito dorsal em um banco (de supino, geralmente, mas não é
obrigatório), com os pés apoiados no chão ou sobre um cilindro de cada lado,
os quais geralmente vêm nos bancos de supino. O avaliado segura a barra de
15,9 kg (pode-se usar uma barra de menor peso e acrescentar anilhas até
totalizar 15,9 kg) com ambas as mãos na linha dos ombros e com os cúbitos
flexionados (essa é a posição inicial: barra no peito). Ao sinal do avaliador, o
avaliado estende os cotovelos totalmente e retorna à posição inicial. A
cadência de movimentos ideal é de 3 a 4 segundos por movimento completo.
O avaliado executa tal movimento até não conseguir mais ou até atingir 50
para homens e 30 para mulheres.

Resultado
São registradas as repetições corretas até que o avaliado não consiga
mais fazer ou alcance o número máximo de repetições estabelecido em
função do sexo.
FIGURA 10.7 - Levantamento no banco: posição final.

FIGURA 10.8 - Desenvolvimento do movimento: fase de descida da barra.

Levantamento sentado

Procedimentos
Neste teste, os avaliados devem executar um levantamento a partir da
posição sentada, durante 20 segundos. Colocam-se as mãos sobre as alças dos
blocos de levantamento, que são posicionados sobre os apoios para os
cotovelos das cadeiras de rodas ou sobre os apoios para braços das cadeiras
normais, desde que elas sejam seguras e fortes. O avaliado deve elevar-se de
forma que os glúteos sejam erguidos do assento da cadeira e os cotovelos,
completamente estendidos. Seus pés podem ficar apoiados no chão, mas não
devem ajudá-lo a erguer-se. O avaliado deve permanecer nessa posição o
maior tempo possível. São necessários: cadeira de rodas com bloco de
levantamento e cadeira normal, mas firme, com bloco de levantamento e um
cronômetro. Podemos adaptar o teste e fazê-lo sem os blocos de
levantamento, apenas usando o apoio dos braços da cadeira.

Resultado
O resultado será o tempo em que o avaliado conseguir permanecer com
os glúteos afastados da cadeira e com cotovelos estendidos, até 20 segundos
no máximo.

FIGURA 10.9 - Levantamento sentado.

Flexão de cotovelo

Procedimentos
Este teste aproxima-se do teste de apoio de frente sobre o solo. Consiste
em executar o maior número possível de repetições com uma cadência de 3
segundos por movimento. A posição inicial (Figura 10.10) é com os
cotovelos estendidos. O avaliado os flexiona até aproximadamente 90° e
retorna à posição inicial. É interessante propor-lhe uma tentativa para
familiarização.

Resultado
O resultado final será o número de repetições corretas. O teste é
encerrado quando o avaliado não conseguir mais manter a cadência, se parar
para descansar ou interromper a atividade.
FIGURA 10.10 - Flexão de cúbito: posição inicial.

Flexibilidade ou extensão de movimento

Extensão de ombros

Procedimentos
Este teste consiste em verificar se o avaliado está apto a tocar as pontas
dos dedos atrás das costas, alcançando acima do ombro em direção à parte
inferior das costas com um dos braços transversalmente às costas (Figura
10.11). O teste deve ser feito dos lados direito e esquerdo.

Resultado
É um teste que resulta em sucesso, se o avaliado encosta os dedos das
mãos, ou em fracasso, se o avaliado não os encosta.

Pontos importantes
Pode ser feito um aquecimento articular prévio, uma tentativa de
familiarização.
FIGURA 10.11 - Extensão de ombros.

Teste de Apley modificado

Procedimentos
O avaliado deve tentar alcançar as costas e tocar, com uma das mãos, o
ângulo medial superior da escápula oposta (Figura 10.12). O teste deve ser
feito com uma tentativa para cada braço.

Resultado
Se o avaliado conseguir atingir o alvo (ângulo medial superior da
escápula) e manter essa posição por 1 a 2 segundos, lhe será concedido
resultado 3. Se não conseguir alcançar este resultado, deve objetivar tocar o
topo da cabeça. Isso corresponde ao resultado 2. Se não o conseguir, mas
lograr tocar a boca, receberá resultado 1, tendo sucesso na tentativa (Figura
10.13). Se o avaliado não conseguir tocar a boca, receberá resultado 0, ou
seja, inapto no teste.

Pontos importantes
Para fornecer um alvo ao avaliado, o avaliador pode colocar a ponta dos
dedos dele ao longo do ângulo medial superior da escápula (Figura 10.12).
Familiarização com o movimento é importante; aquecimento articular é
necessário.

FIGURA 10.12 - Teste de Apley.

FIGURA 10.13 - Pontuação do teste.

Teste de sentar e alcançar, com proteção das costas

Procedimentos
O teste tem o objetivo de medir a flexibilidade de posteriores de coxa; é
muito semelhante ao descrito no Capítulo 7. O que se modifica é a posição de
uma das pernas, a qual deve manter-se flexionada ao longo do teste.
O avaliado deve sentar-se no chão em frente à caixa de medida, com um
joelho totalmente estendido e o pé correspondente apoiado na caixa. O outro
joelho deve estar flexionado e o pé permanecer apoiado no chão. Os
cotovelos devem ficar estendidos e os braços, sobre a caixa; as mãos devem
permanecer uma sobre a outra. O avaliado tem de tentar alcançar o mais
longe possível, ao sinal do avaliador. Ele deverá fazer 4 tentativas e, na
última, terá de manter a posição durante, pelo menos, 1 segundo. No
momento da flexão do tronco à frente, o avaliado poderá mover para o lado a
perna do joelho flexionado, na tentativa de facilitar o movimento, mas o
joelho estendido deve permanecer assim durante todas tentativas. O teste é
aplicado em ambas as pernas.

Resultado
O resultado do teste será o valor da última tentativa atingida, em ambas
as pernas.

FIGURA 10.14 - Teste de sentar e alcançar, com proteção das costas: posição inicial.

Equipamento
A caixa deve apresentar as seguintes dimensões: 30 cm de altura e de
largura. A escala de medida (fita métrica, que é posicionada sobre a caixa) é
colocada no topo da caixa, com o ponto zero o mais próximo possível do
avaliado. A marca de 23 cm deve estar emparelhada com a superfície vertical,
contra a qual o pé repousa (Figura 10.15).
30 cm 23 cm 0 cm

FIGURA 10.15 - Equipamento e escala de medida.

Tabelas normativas e classificatórias dos


testes
Após a aplicação dos testes, nossos alunos podem ser classificados de
acordo com seus resultados. É sempre importante lembrar que não devemos
fazer comparação de resultados. Cada pessoa tem suas limitações e melhoras,
e é isso que deve ser levado em consideração.
Tabela 10.5 - Tabela classificatória dos testes aeróbicos
Tabela 10.6 - Tabela classificatória da composição corporal: padrões gerais mínimos
Tabela 10.7 - Tabela classificatória da composição corporal: padrões gerais ideais
Tabela 10.8 - Tabela classificatória dos testes levantamento no banco, levantamento de haltere, flexão
do cúbito e extensão de ombros: padrões gerais
Tabela 10.9 - Tabela classificatória dos testes de Apley e sentar e alcançar, com proteção das costas:
padrões gerais
Os testes que não apresentam tabelas e resultados normativos devem ser
comparados com as reavaliações, analisando, assim, o progresso do avaliado.
Devemos lembrar sempre que as comparações nunca devem ser feitas
entre as crianças, mas deve-se comparar o progresso de cada uma delas,
fazendo que o empenho de cada uma seja valorizado e mensurado por meio
dos testes.
Os testes aqui descritos seguem padrões norte-americanos. Seria
interessante que o professor ou avaliador, ao usar esses testes e tabelas
normativas, levasse em consideração esse detalhe. É esperado que, em breve,
possamos ter nossas próprias formas de testagem, assim como tabelas
normativas relacionadas às nossas crianças e suas necessidades.
Ressaltamos a importância de os profissionais da área da Educação
Física buscarem conhecimento sobre portadores de necessidades especiais,
para que possamos realmente incluir esse público em nossas atividades.
Colocar um cego, um amputado, um portador de síndrome de Down em uma
escola regular não significa inclusão. A inclusão vai além de colocar um
portador de necessidades especiais em contato com crianças não portadoras.
Devemos dar-lhes recursos para interagirem e participarem efetivamente do
processo de ensino-aprendizagem. Precisamos dar atenção a isso.
Nota: As imagens deste capítulo foram extraídas de Winnick e Short (2001).
Capítulo 11
Avaliação Física Escolar
Educação Física
A Educação Física é a área da ciência do movimento humano e, como
área do conhecimento, vem se desenvolvendo em nosso país de modo
significativo. Hoje, no ensino superior, sua graduação é disponibilizada por
diversas universidades e faculdades, assim como cursos de pós-graduação,
mestrado e doutorado. Congressos e palestras nacionais e internacionais vêm
sendo divulgados por toda a mídia. São revistas, jornais e televisão admitindo
sua existência e reconhecendo a importância dessa formação e qualificação
profissional para a manutenção da saúde coletiva.
A ciência elucida cada vez mais os seres humanos para um modo de
vida mais saudável. Segundo Guedes e Guedes (1997), a saúde deve ser
entendida não somente como ausência de doenças ou enfermidades, mas,
sobretudo, como estado de completo bem-estar físico, social e psicológico.
Consolidando cada vez mais a ciência com a saúde, o educador físico com
formação, pesquisa e fundamentação científica é reconhecido como um
profissional da área da saúde, abrindo seu campo de atuação em escolas,
clubes esportivos, clínicas, hospitais, academias, entre outros locais.
Essa valorização que o educador físico vem conquistando deve-se à
competência profissional prática e à sua fundamentação teórica. Diversas
publicações têm sido apresentadas a cada dia para um público cada vez maior
de leitores. São livros didáticos, artigos em revistas científicas e revistas
voltadas à saúde. Os livros didáticos são direcionados a um público mais
específico, como profissionais da área da saúde, acadêmicos de Educação
Física, entre outros, e as revistas, para um público geral, esclarecendo os
interessados em obter mais informações sobre saúde e bem-estar por meio do
exercício.

Educação Física escolar


A Educação Física escolar possui, em seus objetivos gerais e
específicos, forte preocupação com o processo de crescimento e
desenvolvimento das crianças, de forma integral. O planejamento e a
elaboração das aulas devem ser adequados às necessidades físicas, motoras,
sociais, afetivas e psicológicas dos alunos. Sem essa cumplicidade entre as
particularidades do desenvolvimento da criança e a aula bem elaborada, o
educador físico não conseguirá promover saúde.
Conforme citado anteriormente, a Educação Física vem conquistando
cada vez mais espaços no mercado de trabalho. É notável o quanto ela cresce
em quantidade e qualidade. A procura pela opção “Educação Física” torna-se
maior a cada vestibular. Na licenciatura, o currículo acadêmico possibilita aos
estudantes uma formação ampla, com disciplinas de atletismos, iniciação
desportiva, pedagógica, recreativa, entre outras com âmbito escolar. Mas há
também disciplinas com conhecimentos de anatomia humana, cinesiologia,
fisiologia humana e do exercício, avaliação física e postural, entre outras que
capacitam o educador físico a integrar-se à área da saúde e promovê-la por
meio da Educação Física.
Portanto, para qualificar cada vez mais o trabalho do professor na
escola e cumprir os objetivos propostos pela disciplina para o
desenvolvimento saudável dos alunos, é fundamental agregar um programa
de avaliação da aptidão física na escola, criando consciência da importância
dessa proposta para o desenvolvimento da criança. Conhecendo o perfil dos
alunos, pode-se montar um histórico de dados, o que auxilia o professor no
planejamento das aulas, nutricionistas, assistentes sociais, entre outros
profissionais, e até médicos a desenvolverem seu trabalho na promoção da
saúde.

O professor de Educação Física


O professor de Educação Física é um profissional da área da saúde.
Independentemente de sua graduação ser voltada à licenciatura ou ao
bacharelado, exceto um trabalho com atletas de alto rendimento, ele
trabalhará com crianças, jovens, adultos, idosos e pessoas em condições
especiais, como portadores de doenças, de necessidades especiais, de
deficiência física e gestantes. Não obstante, tem o compromisso de promover
saúde, trazendo bem-estar físico, mental e social por meio da atividade física.
É ele quem monta o programa de treinamento ou elabora as aulas. É
responsável por definir a atividade física mais adequada a cada pessoa e atua
como um facilitador, possibilitando ao aluno interagir com o meio desportivo
e o seu movimento corporal. Orienta posturas corporais, intensidade e
frequência de cada exercício e, baseado em conceitos científicos, melhora o
condicionamento físico e a autoestima de alunos e atletas.
Sua aula deve ser planejada e elaborada com base em um banco de
dados, o qual deve conter dados de avaliações físicas, os mais completos
possíveis, do mesmo ano ou de anos anteriores: um histórico individual sobre
genética, doenças familiares e medicações, assim como estado nutricional,
composição corporal (percentual de gordura, massa magra e peso ósseo),
peso, estatura, IMC, VO2máx, entre outros. Em suma, colher todas as
informações essenciais para a prescrição das atividades nas aulas de qualquer
pessoa, bem como no acompanhamento do desenvolvimento das crianças.
Independentemente de onde o educador físico atue, seja em escolas,
academias ou clubes, com futebol, natação ou musculação, seja com adultos,
idosos ou crianças, a avaliação da aptidão física é de fundamental
importância para a qualidade, segurança e desenvolvimento do trabalho.

A avaliação na Educação Física escolar


Tratando-se de Educação Física escolar e da forma de avaliar os alunos,
encontramos divergências. Não que estas sejam todas negativas ou errôneas,
mas há muitos professores com propostas diferentes em relação à mesma
disciplina. Existem muitos conceitos de avaliação, muitas definições desde
sua concepção. O ato de avaliar se insere em um contexto quantitativo e
qualitativo; a avaliação implica julgamento, estimativa, classificação e
interpretação do processo educativo, visa apresentar considerações das
práticas avaliadas, que estão presentes na proposta de ensino do professor, e
serve para a obtenção de nota para uma futura aprovação dos alunos.
Mas não é a respeito de uma avaliação por obtenção de nota que o
capítulo se propõe a discutir. Estamos falando da necessidade de uma
avaliação da aptidão física mais completa na escola, progredindo dos ensinos
infantil, fundamental e médio. A possibilidade de agregar esta proposta às
escolas pode gerar um banco de dados fantástico, com informações capazes
de qualificar o trabalho do educador físico na elaboração das aulas, na
prescrição das atividades e no acompanhamento do crescimento, do
desenvolvimento e do perfil nutricional das crianças. Esses dados são capazes
de diagnosticar alterações e uma série de enfermidades, ou mesmo servem de
informação aos pais para um direcionamento de alunos junto à escola, a
médicos, também auxiliando estes no tratamento de inúmeras doenças.
Não podemos dizer que nenhuma avaliação física vem sendo feita, mas
podemos afirmar que essa prática não vem acompanhando as necessidades
dos escolares na educação, visto que o que ocorre na maioria das escolas
atualmente é uma coleta antropométrica realizada nos períodos inicial e final
do ano letivo. As variáveis mensuradas limitam-se ao peso e à estatura.
Evidentemente, ficam aquém da possibilidade de montar um banco de dados
capaz de auxiliar professores de Educação Física, nutricionistas, assistentes
sociais, médicos e outros profissionais na promoção da saúde.
Não estamos propondo uma redefinição, muito menos uma nova
configuração em todo o sistema avaliativo da Educação Física escolar, mas
fica claro que, para atender a um objetivo geral, em que a Educação Física se
coloca como área da saúde e responsável em promovê-la por meio de ciências
do movimento, é inevitável que as práticas vigentes sejam reavaliadas. Não é
utopia um banco de dados com um perfil físico de cada aluno. É trabalhoso,
sim; depende de tempo, qualificação e materiais apropriados para as
avaliações. Contudo, dessa forma, o educador físico escolar atenderia a todos
os objetivos em geral, promovendo mais saúde aos seus alunos e resultados
significativos quanto à saúde coletiva.

Avaliação da aptidão física na escola


A principal importância da avaliação de aptidão física relacionada à
saúde na escola é o crescente corpo de conhecimento sobre a relação entre
atividade física, longevidade e redução de processos crônico-degenerativos.
Ao considerarmos que diversas evidências científicas demonstram que a fase
inicial dessas doenças seria a infância e a adolescência, parece ser
fundamental que os programas de Educação Física escolar proporcionem
condições para que os alunos compreendam os conceitos e pressupostos de
relação entre atividade física e saúde.
Nessa perspectiva, provavelmente teremos adultos conscientizados da
necessidade de praticar exercícios físicos regulares como meio de promoção
da saúde. Outro fator importante nesta perspectiva de uma avaliação mais
completa está na elaboração de um banco de dados de cada aluno, dados estes
que norteiam o desenvolvimento do trabalho de muitos profissionais da área
da saúde, como professores, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais,
médicos, entre outros.
Nesse contexto, a avaliação de aptidão física na escola deverá ser
realizada com o objetivo de determinar os padrões de condicionamento físico
dos alunos, no sentido de buscar intervenções para melhorar os níveis de
aptidão física relacionados à saúde, auxiliar outros profissionais e, com isso,
evitar o desencadeamento de diversas agravantes à saúde.

Proposta de programa de avaliação da aptidão física na


escola
A proposta de avaliação da aptidão física na escola, para caracterizar a
Educação Física como qualificada e capaz de proporcionar saúde e ciência,
deve iniciar com a autorização da instituição (escola) à qual as crianças foram
confiadas, dos pais ou responsáveis e, sobretudo, das próprias crianças.
Todavia, é de fundamental importância para ambos uma abordagem
fundamentada, com todas as informações sobre essa proposta, seu
desenvolvimento e sua importância para referenciar a saúde.
Esta proposta de avaliação física pretende identificar os níveis inicial e
atual da aptidão física de determinada população de alunos na escola,
fornecendo atribuição numérica e classificação aos resultados. Essas
informações auxiliam na construção das aulas e em seu planejamento,
norteando e qualificando todo o trabalho desenvolvido no ano letivo, e visam
atender às necessidades de cada aluno, em aulas coletivas, sem ultrapassar os
limites estruturais e funcionais.
Para que esse banco de dados sirva não somente para as prescrições das
aulas, mas, também, para fornecer informações valiosas sobre o
desenvolvimento da criança durante todo o seu período escolar, contribuindo
com médicos, nutricionistas, assistentes sociais, entre outros, para
diagnósticos ou referências à saúde, deve-se estabelecer um padrão para a
avaliação e explicá-lo a todos os avaliados.
Nosso banco de dados conta com: anamnese, coleta de componentes
voltados às dimensões antropométricas (peso, estatura, dobras cutâneas),
composição corporal (porcentual de gordura, massa magra, massa gorda e
IMC) e funcional-motora (VO2máx e força, resistência muscular e
flexibilidade).
Para a avaliação de aptidão física relacionada à saúde em escolas,
sugerimos uma bateria de testes composta por:

Massa corpórea;
Estatura;
Composição corporal;
IMC;
Medidas de força e resistência muscular;
Flexibilidade;
Capacidade aeróbica.

A fim de facilitar o processo de aplicabilidade dos testes de aptidão


física na escola, citamos, em alguns testes, possibilidades diferentes de
protocolos. Existem diversos testes bons, porém fora da realidade. Muitas
vezes, o professor de Educação Física não tem acesso ao material necessário
para sua aplicabilidade, e a escola não dispõe de infraestrutura necessária
(espaço físico e material específico).
Portanto, em nossa proposta, citamos diferentes protocolos para auxiliar
o professor na escolha do melhor teste para a realidade encontrada na
instituição. Há testes para crianças e adolescentes de faixa etária entre 7 e 17
anos, testes resumidos e de aplicabilidade fácil.

Medidas antropométricas
O número de medidas antropométricas que pode ser realizado no corpo
de um indivíduo é quase ilimitado. Na escolha das medidas, contudo, deve-se
levar em consideração os propósitos do estudo a ser realizado. Neste processo
de avaliação, utilizaremos apenas as medidas supracitadas e a seguir
descritas.
Peso corporal

Definição
É resultante do sistema de forças exercidas pela gravidade sobre a
massa do corpo. Todavia, popularmente, pode-se admitir o peso em valor
absoluto como sendo igual à massa.

Objetivo
Determinar a massa corporal total ou o peso corporal.

Material
Uma balança com precisão de 100 g, com travessão e pesos móveis, ou
uma balança digital.

Procedimentos
O avaliado deve se posicionar em pé, de costas para a escala da balança,
com afastamento lateral dos pés, estando a plataforma entre eles. Em seguida,
coloca-se sobre e no centro da plataforma, ereto, com o olhar num ponto fixo
à sua frente. Com o intuito de avaliar grandes grupos, permite-se que o
avaliado esteja vestindo apenas calção e camiseta. É realizada somente uma
medida.
FIGURA 11.1 - Peso corporal.

Precauções

A balança deverá estar calibrada;


Recomenda-se que seja calibrada a cada dez pesagens;
Verificar o nivelamento do solo sobre o qual será apoiada a balança;
É feita apenas uma medida, que será anotada em kg;
Não realizar a medida após exercícios físicos.

Estatura corporal

Definição
É a distância compreendida entre dois planos que tangenciam,
respectivamente, a planta dos pés e o vértex (ponto mais alto da cabeça).

Objetivo
Determinar a estatura do indivíduo em posição ortostática.

Material
Estadiômetro ou uma fita métrica fixada à parede. O estadiômetro (ou a
fita) deverá estar graduado em centímetros e décimos de centímetro.

Procedimentos
O avaliado deve estar na posição ortostática (em pé), com os pés
unidos. A medida é feita com o indivíduo em apneia inspiratória, de modo a
minimizar possíveis variações sobre essa variável antropométrica. A cabeça
deve estar orientada no plano de Frankfurt, paralela ao solo. A medida será
feita com o cursor em ângulo de 90º em relação à escala. Permite-se ao
avaliado usar calção e camiseta, exigindo-se que esteja descalço.
FIGURA 11.2 - Estatura corporal.

Precauções

O avaliador deve, preferencialmente, posicionar-se à direita do avaliado;


Devemos registrar a hora em que foi feita a medida, sendo que, em
trabalhos longitudinais, devemos procurar efetuar as medidas no mesmo
horário ou período do dia;
Evitar que o indivíduo se encolha quando o cursor tocar sua cabeça;
Observar que, entre as medidas, o avaliado troque de posição no
instrumento de medida;
Não realizar a medida após exercícios físicos.

Avaliação do IMC – Índice de Massa Corporal (Índice de Quelete)


(Lefevre, 1990 apud Guedes e Guedes, 1997)

Fórmula (Jáequier, 1987): IMC = PESO (kg) / ESTATURA (m)2

Definição
O IMC é calculado com a divisão da massa corporal (peso corporal em
kg) pela estatura (estatura em metros) elevada ao quadrado.

Objetivo
Determinar o IMC de crianças e adultos e, posteriormente, compará-los
aos níveis recomendados à saúde.

Material

Software de avaliação. Monte uma planilha no Excelou use apenas


calcula-dora e um material para anotações.

Procedimentos
Para classificarmos o IMC segundo Lefreve, necessitamos identificar os
percentis para reconhecer as condições das crianças avaliadas (Tabelas 11.1 e
11.2).
Tabela 11.1 - Valores de percentil de IMC – Masculino
Fonte: Guedes e Guedes (1997).
Tabela 11.2 - Valores de percentil de IMC - Feminino

Fonte: Guedes e Guedes (1997).


Após a identificação do percentil, podemos utilizar a tabela de Lefevre
para identificar a classificação:
Tabela 11.3 - Classificação de Lefreve

Percentil Classificação
< P3 Extremamente baixo
P4 a P10 Muito baixo
P11 a P25 Baixo
P26 a P45 Médio baixo
P46 a P60 Média
P61 a P75 Média alta
P76 a P90 Alto
P91 a P97 Muito alto
> P97 Extremamente alto
Fonte: Lefreve (1990 apud Guedes e Guedes 1997, p. 24).

IMC – Índice de Massa Corporal(segundo PROESP-BR)

Procedimentos
Para classificar o IMC segundo o PROESP-BR (Programa Esporte
Brasil), utilizamos a tabela de valores de IMC e suas respectivas zonas de boa
saúde:
Tabela 11.4 - Teste de IMC (kg/m2)

Faixa recomendável para zona de boa saúde


Idade Feminino Masculino
7 14 – 20 13 – 20
8 14 – 20 14 – 20
9 14 – 20 14 – 20
10 14 – 21 14 – 21
11 14 – 21 15 – 21
12 15 – 22 15 – 22
13 15 – 23 16 – 23
14 17 – 24 16 – 24
15 17 – 24 17 – 24
16 17 – 24 18 – 24
17 17 – 25 18 – 25
Fonte: valores estabelecidos pelo Physical Best (Aahperd, 1988 apud PROESP-BR,
<www.ufrgs.br/proesp>).

Dobras cutâneas

Definição
Dobra cutânea ou prega cutânea é uma medida que visa avaliar,
indiretamente, a quantidade de gordura contida no tecido celular subcutâneo.
Com essa medida, podemos estimar a proporção de gordura em relação ao
peso corporal do indivíduo.
Objetivo
Determinar o percentual de gordura por meio do somatório das dobras
cutâneas tríceps e panturrilha, ou subescapular e tríceps, em relação à tabela
proposta por Lohman (1987), ou segundo o PROESP-BR, utilizando o
somatório (tríceps e panturrilha) em relação aos critérios de avaliação
referenciados à saúde (Tabela 11.5).

Material
O instrumento usado para tal avaliação é um compasso de dobras
cutâneas, também chamado de adipômetro, plicômetro ou espessímetro.
Independentemente da marca, as hastes devem apresentar uma pressão
constante de preen-são, não importando a abertura do aparelho. Essa pressão
é de, aproximadamente, 10 g/mm2. Sua precisão de medida é de 0,1 mm.

Procedimentos

A medida é realizada sempre do lado direito do avaliado;


Identificar cuidadosamente e marcar com lápis dermográfico o local da
medida;
Tecido subcutâneo diferenciado do tecido muscular pelo polegar e pelo
indicador. Com as pontas do compasso, localizar a 1 cm do ponto de
reparo;
Manter a dobra segura no momento em que a medida estiver sendo
obtida;
Aguardar entre 2 e 3 segundos para a leitura ser realizada;
Realizar três medidas e usar a mediana;
Realizar as medidas quando o avaliado estiver com a pele seca;
Não realizar as medidas após exercício físico.
FIGURA 11.3 - Local da medida (tríceps e subescapular).

FIGURA 11.4 - Local da medida da perna.

Técnica para medição de infantis

Dobra cutânea do tríceps


Para a coleta dessa medida, o aluno avaliado deve posicionar-se de
forma que os braços fiquem relaxados ao longo do corpo. A dobra é pinçada
vertical-mente na face posterior do braço, na distância média entre a borda
superolateral do acrômio e o bordo inferior do olecrano.
FIGURA 11.5 - Dobra tricipital.

Dobra cutânea da panturrilha


Para a coleta dessa medida, o aluno avaliado deve posicionar-se de
forma que não ofereça contração à musculatura da perna direita: sentado ou
em pé, com a articulação do joelho em flexão de 90° e com o tornozelo na
posição anatômica. A dobra é pinçada verticalmente, no ponto de maior
circunferência da perna.

FIGURA 11.6 - Dobra da panturrilha.


Dobra cutânea da subescapular
Para a coleta dessa medida, devemos considerar sua particularidade e a
das crianças, muitas vezes acanhadas e recatadas. O aluno avaliado deve
posicionar-se de costas para o avaliador. A dobra é pinçada obliquamente ao
eixo longitudinal do corpo, seguindo orientação dos arcos costais, 2 cm
abaixo do ângulo inferior da escápula.

FIGURA 11.7 - Dobra subescapular.

Após a verificação das dobras, podemos optar por qual delas


utilizaremos para a classificação do percentual de gordura. Podemos usar o
somatório da dobra do tríceps e subescapular e identificar o percentil em que
a criança se encontra (Tabelas 11.5 e 11.6), ou usar o método do PROESP e
utilizar as dobras do tríceps e panturrilha (Tabela 11.7).
Tabela 11.5 - Tabela dos valores de percentil do somatório de dobras cutâneas tricipital e
subescapular (TR + SB) – Masculino
Tabela 11.6 - Tabela dos valores de percentil do somatório de dobras cutâneas tricipital e
subescapular (TR + SB) – Feminino
Dobras cutâneas (PROESP-BR)

Procedimento
Ao final das anotações das dobras cutâneas, podemos comparar o
somatório das dobras (tríceps e panturrilha) com os critérios de avaliação
referenciados à saúde, segundo o PROESP-BR (Tabela 11.7).
Tabela 11.7 - Teste de dobras cutâneas (mm)

Faixa recomendável para zona de boa saúde


Idade Feminino Masculino
7 32 – 17 25 – 10
8 32 – 17 25 – 10
9 32 – 17 25 – 10
10 32 – 17 25 – 10
11 32 – 17 25 – 10
12 32 – 17 25 – 10
13 32 – 17 25 – 10
14 32 – 17 25 – 10
15 32 – 17 25 – 10
16 32 – 17 25 – 10
17 32 – 17 25 – 10
Fonte PROESP-BR (www.ufrgs.br/proesp).

Composição corporal

Definição
Relaciona-se ao fracionamento da massa corporal em dois ou mais
componentes, de maneira geral massa de gordura e massa magra. O modelo
de dois componentes é limitado em crianças, em razão das mudanças nas
proporções e densidades dos componentes da massa livre de gordura em
consequência do crescimento e da maturação. Essas mudanças decorrem da
diminuição da água corporal total e do aumento no conteúdo mineral ósseo
durante esse período.

Objetivo
Determinar o percentual de gordura corporal de crianças utilizando a
equação específica à idade e à raça, desenvolvida por Slaughter et al. (1988).
Essas equações usam o somatório (Σ) de duas dobras cutâneas (DOC do
tríceps + subescapular ou tríceps + panturrilha) para predizer o percentual de
gordura.

Observação
Como o método de dobras cutâneas requer contato físico com o
avaliado, os avaliadores devem considerar a sensibilidade e as questões éticas
a respeito do toque em crianças por adultos. Para crianças recatadas e
acanhadas, particularmente meninas adolescentes, recomendamos a medida
dos pontos de DOC do tríceps e da panturrilha, em vez da dobra subescapular
(Guedes e Guedes, 1997).

Classificação
Para a classificação, utilizaremos as Tabelas Classificatórias de Lohman
(1987 apud Heyward e Stolarczyk, 2000) para percentual de gordura, por
meio do somatório (Σ) das dobras cutâneas tríceps e panturrilha (Tabelas 11.8
e 11.9).
Tabela 11.8 - Meninos (abaixo de 18 anos)

Classificação Somatório das dobras % de gordura


Muito baixo 5 6
Baixo 10 10
Ideal 15–25 13–20
Moderadamente alto 25–30 20–24
Alto 35–40 28–31
Muito alto 40–55 31–42
Fonte: Lohman (1987 apud Heyward e Stolarczyk, 2000).
Tabela 11.9 - Meninas (abaixo de 18 anos)

% de
Classificação Somatório das dobras
gordura
Muito baixo 5 7
Baixo 15 14
Ideal 15–30 18–25
Moderadamente alto 30–35 25–30
Alto 35–45 32–36
Muito alto 45–55 39–43
Fonte: Lohman (1987 apud Heyward e Stolarczyk, 2000).

Avaliação da força e da resistência muscular de


membros superiores
Teste de flexão e extensão de braços em suspensão na
barra(PROESP-BR)

Definição
Este teste de flexão e extensão de braços em suspensão na barra,
elaborado pelo PROESP-BR, mede indiretamente força e resistência
muscular de membros superiores de crianças e adolescentes.

Material
Para realizar o teste, necessitamos da construção do instrumento com
su-porte regulável para a barra, que apresenta as seguintes medidas:

base: 120 cm x 50 cm;


caibros: 12 cm x 8 cm;
barra: 3,8 cm de diâmetro e 150 cm de comprimento;
orifícios dos caibros: 5 cm;
tábua de suporte entre os caibros: 12 cm de largura por 1,5 cm de
espessura.

A Figura 11.8 ilustra o instrumento completo. Os orifícios existentes


nos caibros servem para ajustar o instrumento ao comprimento dos braços do
aluno avaliado. A tábua de suporte evita movimentos do instrumento na
realização do teste, e a linha de demarcação está evidenciada na Figura 11.9.
FIGURA 11.8 - Instrumento.

FIGURA 11.9 - Linha de demarcação.

Procedimentos
Na execução deste teste, a barra deve ser instalada a uma altura de
aproximadamente 3 cm da ponta dos dedos do aluno avaliado, estando
este em decúbito dorsal e com os braços totalmente estendidos para
cima;
Na posição inicial, o aluno avaliado deverá estar suspenso na barra, com
o corpo ereto. Apenas os calcanhares devem estar em contato com o
solo;
A posição de empunhadura na barra é dorsal (pronada), e equivalente à
distância dos ombros;
Nessa posição, o aluno deverá elevar-se até que o pescoço toque a linha
de demarcação, que deve estar colocada dois espaços abaixo da barra.
Em seguida, ele retorna à posição inicial, completando uma repetição;
Esse movimento deve ser repetido tantas vezes quanto possível, sem
ocorrer paralisações;
Será registrado o número máximo de repetições sem limite de tempo.

FIGURA 11.10 - Posição marcação.


FIGURA 11.11 - Posição inicial.

FIGURA 11.12 - Posição final.

Observação
Em nenhum momento do teste deve ser permitido que o aluno coloque
qualquer parte do corpo em contato com o solo, nem realizar movimentos de
quadris e pernas ou tentativa de extensão da coluna vertebral para minimizar
a sobrecarga dos braços. Caso isso aconteça, o teste será encerrado e apenas
as repetições anteriores corretas serão contabilizadas.
Tabela 11.10 - Avaliação de força e resistência de membros superiores

Faixa recomendável para zona de boa saúde


Idade Feminino Masculino
7 3–9 3–9
8 4 – 11 4 – 11
9 4 – 11 5 – 11
10 4 – 13 5 – 15
11 4 – 13 6 – 17
12 4 – 13 7 – 20
13 4 – 13 8 – 22
14 4 – 13 9 – 25
15 4 – 13 10 – 27
16 4 – 13 12 – 30
17 4 – 13 14 – 30
Fonte: PROESP-BR (www.ufrgs.br/proesp).

Flexão de braço(segundo Protocolo do CSTF apud Morrow et al.,


2003)

Definição
Este teste tem uma aplicabilidade mais simples que o supracitado, e
também fornece quantificação numérica sobre a força e a resistência
muscular de membros superiores.

Objetivo
Medir indiretamente a força da musculatura dos membros superiores.
Cada criança deve completar tantas flexões quanto possível.

Material
Apenas colchonetes, em caso de o local escolhido (piso) não estar em
condições de aplicabilidade do teste, e material para anotação do número de
flexões realizadas.
Procedimentos
Este teste consiste em executar o maior número de repetições até a
exaustão. A posição inicial varia para meninos e meninas, devido à facilidade
ao ângulo de execução do movimento. A menina pode apoiar os joelhos no
solo. Ambos os cotovelos devem ser estendidos completamente na volta para
a posição inicial e ser flexionados até próximo ao solo (cotovelo a 90º). Só
serão válidas as repetições executadas corretamente.

FIGURA 11.13 - Posição inicial.


FIGURA 11.14 - Posição final.

Observação 1
O número de repetições executadas pelo aluno avaliado na faixa etária
de 15 a 19 anos verificamos na Tabela 7.11. Para as faixas etárias de 7 a 14
anos, este livro não dispõe de tabela normativa ou classificatória.

Observação 2
Cabe ressaltar que, quando os testes não apresentam tabelas normativas
nem classificatórias, os professores e avaliadores podem utilizar os resultados
dos testes de seus alunos como comparativo, ou seja, em uma reavaliação,
comparar os resultados verificando o comportamento da variável mensurada.
Lembramos sempre que não devemos comparar os resultados entre os alunos,
mas valorizar o desempenho e a evolução de cada um.

Avaliação da força e da resistência muscular abdominal


Teste de força e resistência muscular abdominal (PROESP-
BR)

Definição
O teste de força e resistência abdominal consiste em o avaliado realizar
o maior número de repetições possível de forma correta e segura em até 1
minuto.

Material
Um cronômetro com precisão de segundo, colchonete e material para
anotação do número de repetições.

Procedimentos
O aluno avaliado deve posicionar-se em decúbito dorsal, com quadril e
joelhos flexionados em 90º, plantas dos pés no solo e braços cruzados sobre o
tórax. O teste começa ao comando do professor.
FIGURA 11.15 - Posição inicial.
FIGURA 11.16 - Posição intermediária.

FIGURA 11.17 - Posição final.


Observação
Para que o teste apresente maior confiabilidade em seus resultados, é
muito importante que o professor demonstre, antes de iniciar, como será sua
realização (movimento completo de forma correta).
Tabela 11.11 - Teste de abdominal ( sit-ups)

Faixa recomendável para zona de boa saúde


Idade Feminino Masculino
7 20 – 25 20 – 25
8 25 – 30 25 – 30
9 25 – 30 25 – 30
10 25 – 30 30 – 35
11 30 – 35 30 – 35
12 30 – 35 30 – 40
13 30 – 35 35 – 40
14 30 – 35 35 – 40
15 30 – 35 40 – 45
16 30 – 35 40 – 45
17 30 – 35 40 – 45
Fonte: PROESP-BR (www.ufrgs.br/proesp).

Teste de força e resistência muscular abdominal(segundo


Matsudo, 1987)

Objetivo
Medir indiretamente a força da musculatura abdominal por meio do
desempenho em flexionar e estender o quadril.

Material
Um colaborador, um cronômetro com precisão de segundo, colchonete
e material para anotação do número de repetições.

Procedimentos

O avaliado coloca-se, em decúbito dorsal, mãos sobre a nuca e cotovelos


voltados para frente, com quadril e joelhos flexionados em 90º e plantas
dos pés no solo.
O avaliado, por contração da musculatura abdominal, curva-se à posição
sentada, pelo menos até o nível em que ocorra o contato da face anterior
dos antebraços com as coxas, retornando à posição inicial (deitado em
decúbito dorsal), até que pelo menos a metade anterior das escápulas
toque o solo.
O teste é iniciado com as palavras "Atenção, já”, e finalizado com a
palavra "Pare". O número de movimentos executados corretamente em
60 segundos será o resultado. O cronômetro é acionado no "Já" e
travado no "Pare".
FIGURA 11.18 - Posição inicial.

FIGURA 11.19 - Posição final.

Precauções
Para maior conforto do avaliado, o teste deve ser aplicado sobre uma
área confortável;
Verificar se o movimento foi completado corretamente.

Observação 1
O repouso entre os movimentos é permitido e o avaliado deverá saber
disso antes do início do teste. Entretanto, o objetivo é tentar realizar o maior
número de execuções possível em 60 segundos.

Observação 2
O teste também pode ser realizado com os antebraços cruzados sobre a
face anterior do tórax, com a palma das mãos voltada para este. Os braços
devem permanecer em contato com o tórax durante toda a execução dos
movimentos. Os pés são seguros por um colaborador para mantê-los em
contato com a área de teste (solo) (Figuras 11.15 a 11.17).

Observação 3
Quando os testes não apresentam tabelas normativas nem
classificatórias, os professores e avaliadores podem utilizar os resultados dos
testes de seus alunos como comparativo, ou seja, em uma reavaliação, podem
comparar os resultados verificando o comportamento da variável mensurada.
Lembramos sempre que não devemos comparar os resultados entre os alunos,
mas valorizar o desempenho e a evolução de cada um.

Avaliação da força e da resistência muscular de


membros inferiores
Teste de impulsão vertical(segundo Matsudo, 1987)

Objetivo
Medir indiretamente a força muscular de membros inferiores por meio
do desempenho em se impulsionar verticalmente.
Material
Uma fita métrica de metal ou tecido, fixada verticalmente de maneira
descendente, em que a marca 0 (zero) deve ficar no ponto mais alto da
parede; pó de giz ou magnésio; uma cadeira (45 cm) e material para anotação.

Procedimentos

Impulsão vertical sem auxílio dos membros superiores. O avaliado coloca-se


em pé, calcanhares no solo, pés paralelos, corpo lateralmente à parede
com os membros superiores elevados verticalmente. Considera-se como
ponto de referência a extremidade mais distal das polpas digitais da mão
dominante projetada na fita métrica. Após a determinação do ponto de
referência, o avaliado afasta-se ligeiramente da parede, no sentido lateral,
para realizar a série de três saltos, mantendo-se, no entanto, com os
membros superiores elevados verticalmente. Obedecendo à voz de
comando "Atenção, já", ele executa o salto, tendo como objetivo tocar as
polpas digitais da mão dominante, que deverão estar marcadas com pó de
giz ou magnésio, no ponto mais alto da fita métrica. Durante o
movimento, o braço oposto deverá se manter constantemente na posição
de partida, ou seja, elevado;

Impulsão vertical com auxílio dos membros superiores. A mesma posição


deverá ser seguida para determinação do ponto de referência, porém
somente o braço dominante deverá ser elevado verticalmente. Então, o
avaliado afasta-se ligeiramente da parede, no sentido lateral, para realizar
a série de 3 saltos, sendo permitida a movimentação de braços e tronco.
Por meio da voz de comando "Atenção, já", ele executa o salto, tendo
como objetivo tocar, com a mão dominante, o ponto mais alto da fita
métrica. Deverão ser registradas, além do ponto de referência, as marcas
atingidas pelo avaliado a cada série de saltos nos dois métodos.

Portanto, o deslocamento vertical é dado em centímetros, pela diferença


da melhor marca atingida e do ponto de referência em cada um dos métodos.
O aluno avaliado, ao se colocar na posição inicial, toca, por exemplo, o ponto
112 cm da fita métrica. Esse é o ponto de referência. Durante a série de
saltos, ele atinge, respectivamente, os pontos 76 cm, 79 cm e 73 cm. Como a
fita está no sentido descendente, a melhor marca atingida será o ponto 73 cm.
Para obter o resultado, faz-se a subtração 112-73 = 39 cm. Esse valor
corresponde ao deslocamento vertical em centímetros. Calcula-se esse
resultado para ambos os métodos.

FIGURA 11.20 - Ponto referência.

FIGURA 11.21 - Posição inicial.


FIGURA 11.22 - Posição final.

Precauções

Invalidar o salto que for precedido de marcha, corrida ou outro salto, ou,
ainda, de movimentação dos braços quando isso não for permitido;
Verificar se o avaliado mantém o membro superior efetivamente
elevado, sem flexões de quadril, joelho ou tornozelo no momento da
determinação do ponto de referência;
Atenção quanto às determinações dos pontos de referência, visto que,
entre as posições com os dois braços elevados e com um braço elevado,
raramente ocorrem diferenças superiores a 2 cm;
Determinar que o avaliador fique sobre uma cadeira para melhor
visualização dos resultados.

Observação
As Figuras 11.20, 11.21 e 11.22 são de impulsão vertical com auxílio de
membros superiores.

Avaliação da flexibilidade
Apresentaremos dois protocolos de testes para avaliar essa capacidade
física. Mais informações sobre flexibilidade (termos e definições) devem ser
buscadas no Capítulo 7.

Teste de sentar e alcançar(segundo ACSM, 2000)

Definição
É um teste ativo. Apesar de avaliar um movimento exclusivo, tem boa
representatividade com a flexibilidade, de maneira geral.

Objetivo
Medir a flexibilidade da articulação do quadril, avaliando os músculos
paravertebrais e posteriores da coxa.

Material
Para realizar o teste de sentar e alcançar, podemos utilizar o Banco de
Wells, ilustrado na Figura 7.26. Outra forma de execução consiste na
confecção desse instrumento, o qual apresenta as seguintes medidas: até 45
cm de largura, 35 cm de altura, 40 cm de profundidade e avanço de 22 cm.

Procedimentos

O aluno avaliado deve posicionar-se sentado em frente à caixa (Banco


de Wells), com os pés apoiados nela e separados, aproximadamente, na
linha do quadril. Os joelhos devem permanecer estendidos durante todo
o tempo;
O aluno pode realizar um ou dois movimentos para a familiarização com
o teste;
As mãos devem permanecer sobre o avanço da caixa. Sua disposição
nesta é indiferente: uma ao lado da outra ou sobre a outra, depende da
preferência do aluno avaliado;
O teste começa ao sinal do avaliador. O avaliado deve avançar
lentamente para frente, com ambas as mãos, tão longe quanto possível,
sem flexionar os joelhos e sem fazer movimentos de insistência ou uma
das mãos avançar mais que a outra;
O resultado será o melhor valor registrado em três tentativas. Deve-se
dar um intervalo de 30 segundos entre elas. Caso o avaliado sequer
consiga encostar no anteparo do banco, ele é considerado inapto, visto
que o teste de sentar e alcançar não apresenta escala negativa.

Observação 1
O teste pode ser feito sem o Banco de Wells. Podemos colocar uma fita
métrica fixa no solo e outra linha, que pode ser uma fita adesiva escura, no
ponto onde seria o apoio para os pés. Devemos observar sempre a referência:
se for adulto, 38 cm; se for criança, 22 cm.

Observação 2
Existem outros protocolos desse mesmo teste, porém com outros pontos
de corte (por exemplo, 23 cm). Devemos apenas usar as tabelas normativas
correspondentes ao ponto de corte.
Tabela 11.12 - Percentil de acordo com o sexo para o teste de sentar e alcançar

Tabela 11.13 - Percentil de acordo com o sexo para o teste de sentar e alcançar

Teste de flexibilidade (segundo PROESP-BR)


Definição
Este teste de flexibilidade, denominado mobilidade articular, sugerido
pelo PROESP-BR, segue a referência do teste supracitado. Porém, a tabela
normativa e classificatória deste teste não se apresenta em percentis, mas, por
faixas recomendáveis para a zona de boa saúde, segundo estudos científicos.

Observação
Outro fator importante neste teste é que os professores responsáveis
pelo projeto disponibilizam três formas diferentes de construção do
instrumento, adaptando sua realização com materiais alternativos.

Material
Como são três propostas de construção do mesmo instrumento, porém
de maneiras diferentes, criaremos três grupos de materiais:

Material 1: o banco de sentar e alcançar pode ser construído com quatro peças
de 30 cm x 30 cm, formando um cubo. Na parte superior, coloque uma
peça na região central, com 53 cm de comprimento por 15 cm de largura.
Cole nela uma fita métrica entre 0 e 53 cm. A fita deve ser posicionada de
modo que sua marca de 23 cm fique exatamente na linha com a face do
cubo, em que os alunos avaliados apoiarão os pés.

Material 2: o banco de sentar e alcançar pode ser adaptado por um banco


tradicional, que deve ter 30 cm de largura. De lado, fixa-se uma régua de,
pelo menos, 40 cm em sua parte superior, de modo que a medida de 23
cm coincida com a linha vertical em que os alunos avaliados apoiarão os
pés.

Material 3: neste último grupo, o material é mais alternativo e, devido à sua


fragilidade, requer maior cuidado do professor na aplicação do teste,
assim como em seu manuseio. Consiga uma caixa de papelão com 30 cm
de altura. Direcione sua parte aberta para o solo, possibilitando, assim,
utilizar o fundo para fixar a régua com pelo menos 40 cm de
comprimento, de modo que sua marca de 23 cm coincida com a linha
vertical em que os alunos avaliados apoiarão os pés.
Procedimentos

O aluno avaliado deve fazer um breve aquecimento. Depois, sentado,


deve tentar alcançar as pontas dos pés, com as pernas unidas e sem
flexionar os joelhos; de 6 a 8 repetições;
O aluno deve ainda permanecer descalço, com as pernas unidas e
estendidas durante o teste, e inclinar-se para a frente, tão longe quanto
possível, com suas mãos para frente, uma sobre a outra;
O professor pode auxiliar o aluno avaliado colocando suas mãos sobre
os joelhos dele, evitando, assim, a flexão;
Serão realizadas duas tentativas, com um breve intervalo entre ambas. A
melhor marca obtida com as pontas dos dedos é o resultado escolhido.
Tabela 11.14 - Teste de sentar e alcançar (cm)

Faixa recomendável para zona de boa saúde


Idade Feminino Masculino
7 23 – 28 20 – 25
8 23 – 28 20 – 25
9 23 – 28 20 – 25
10 23 – 28 20 – 25
11 23 – 28 20 – 25
12 23 – 28 20 – 25
13 23 – 28 20 – 25
14 23 – 28 20 – 25
15 23 – 28 20 – 25
16 23 – 28 20 – 25
17 23 – 28 20 – 25
Fonte: PROESP-BR (www.ufrgs.br/proesp).

Objetivo
Avaliar a mobilidade articular do quadril e, respectivamente, a tensão
dos músculos dorsolombares e ísquiotibiais.
Avaliação da capacidade aeróbica
Teste da capacidade aeróbica(segundo Cureton, 1995)

Definição
Teste de VO2máx (consumo máximo de oxigênio), corrida/caminhada
de 1 milha (1.600 m), proposto por Cureton (1995). Este teste é recomendado
para crianças e adolescentes na faixa etária de 8 a 17 anos.

Objetivo
O objetivo do teste é correr ou caminhar 1 milha (1.600 m) no menor
tempo possível. Ao final, registram-se: tempo para percorrer os 1.600 m em
minutos; idade (anos completos); sexo (0 = feminino; 1 = masculino); e IMC.
Para o cálculo do VO2máx, utiliza-se a equação abaixo.

Equação

VO2máx = 108,94 – 8,41(tempo mín.) + 0,34(tempo mín.)2 +


0,21(idade x sexo) – 0,84(IMC)
Em que:

Idade = anos completos;


Sexo = 0 (feminino) e 1 (masculino);
Tempo = tempo gasto para percorrer 1.600 m, em centésimos de
minuto.

Material
Uma trena ou pedômetro para a metragem dos 1.600 m; um cronômetro
para a marcação dos tempos; pista de atletismo, ginásio ou local físico
adaptado (quadra externa da escola).

Procedimentos
Demarcar com exatidão os 1.600 m; para isso, o professor pode utilizar
uma trena de longa metragem ou um pedômetro;
Dependendo do número de alunos da turma, o professor pode dividi-la
em dois ou mais grupos. Outra possibilidade com relação a uma turma
muito imatura é dividi-la em dois grupos, feminino e masculino,
evitando distrações ou outros problemas na execução do teste em pontos
não visíveis da pista em relação ao professor;
Posicionar-se no ponto final do teste dos 1.600 m, para facilitar sua
marcação referente aos concluintes e seus respectivos tempos;
Distribuir senhas ou realizar a coleta dos tempos do teste seguindo a
ordem do número da chamada, para facilitar a anotação e evitar
eventuais confusões quando alguns alunos concluem o teste com mesmo
tempo ou com tempos próximos;
O material para anotações deve estar bem organizado, com nome e
tempo correto.

Observação
Por se tratar de uma distância relativamente longa para algumas escolas
desprovidas de pistas de atletismo ou ginásio, o professor pode, tomando as
devidas precauções quanto à segurança dos alunos, realizar o teste na quadra
externa da escola (utilizando a calçada da escola como pista de atletismo).
Contudo, é importante que o professor se certifique a respeito da distância do
espaço (pista ou calçada) que será utilizado para o teste.
FIGURA 11.23 - Correr/Caminhar.

FIGURA 11.24 - Correr/Caminhar.

Teste da capacidade aeróbica (segundo PROESP-BR)

Definição
Teste de capacidade aeróbica sugerido pelo PROESP-BR, com duração
de 9 minutos, para crianças e adolescentes na faixa etária de 7 a 16 anos.
Objetivo
Avaliar a capacidade aeróbica dos alunos em uma corrida/caminhada de
9 minutos, na qual a distância percorrida (em metros, com aproximação das
dezenas) é relacionada à tabela recomendada para a zona de boa saúde.

Material
Espaço físico plano; cones (ou outros) para a marcação da pista;
cronômetro e trena para a marcação dos tempos e da distância; numeração
para identificação dos alunos; e material para anotação (ficha de registro).

Procedimentos

Demarcação do local do teste. Marcar as dimensões da pista com uma


trena, dispor cones ou qualquer outro objeto que possa servir como
orientação visual aos alunos em relação ao espaço físico do teste;
É importante dividir a turma em pequenos grupos, segundo as
dimensões da pista (não a enchendo muito). Para facilitar a identificação
e o controle de voltas, uma anotação numérica pode ser feita nas costas
de cada avaliado;
O professor deve orientar os alunos selecionados sobre a aplicação
correta do teste, salientando que os avaliados devem correr o maior
tempo possível, evitando piques de velocidade intercalados de longas
caminhadas. Deve explicar também que, para a credibilidade do teste, os
alunos não devem parar ao longo do trajeto; contudo, trata-se de um
teste de corrida, sendo possível caminhar quando sentir cansaço;
Outro fator importante é, a cada 3 minutos, informar (estimulando e
orientando) os avaliados quanto ao tempo de prova;
O teste se encerra ao soar um sinal (apito). Nesse momento, os alunos
deverão interromper imediatamente a corrida e permanecer no lugar
onde estavam no momento do apito, até ser anotada a distância
percorrida, em metros, com aproximação das dezenas;
O material para anotações deve estar bem organizado, com as anotações
específicas de cada aluno.
Observação
Sugere-se que, no teste dos 9 minutos, o professor calcule previamente
o perímetro da pista e, durante o teste, anote apenas o número de voltas
completas de cada aluno. Dessa forma, após multiplicar o perímetro pelo
número de voltas de cada aluno, o professor deverá complementar apenas
com a adição da distância percorrida entre a última volta completada e o
ponto de localização do aluno após a finalização do teste (apito).
Tabela 11.15 - Teste dos 9 minutos (distância em metros)

Faixa recomendável para zona de boa saúde


Idade Feminino Masculino
1.100 –
7 1.000 – 1.300
1.400
1.100 –
8 1.000 – 1.300
1.400
1.200 –
9 1.100 – 1.400
1.500
1.300 –
10 1.200 – 1.550
1.600
1.300 –
11 1.200 – 1.600
1.750
1.400 –
12 1.200 – 1.600
1.800
1.450 –
13 1.300 – 1.600
2.000
1.550 –
14 1.300 – 1.750
2.000
1.600 –
15 1.400 – 1.800
2.000
1.750 –
16 1.450 – 1.800
2.000
Fonte: PROESP-BR (www.ufrgs.br/proesp).

Observação geral dos testes de aptidão física


Há diferença substancial entre aptidão física referenciada à saúde e
aptidão física referenciada à prestação ou desempenho esportivo;
Cabe ressaltar que a bateria de testes proposta pelo PROESP-BR
apresenta também tabelas classificatórias relacionadas ao desempenho
esportivo, ou seja, para detecção de futuros talentos esportivos. Todas
essas informações estão disponíveis no site www.ufrgs.br/proesp;
Sugerimos, neste capítulo, vários testes, de diversos autores, tentando
explorar a avaliação dos cinco componentes da aptidão física:
composição corporal; força muscular; resistência muscular; flexibilidade
e capacidade aeróbica, visando avaliar o escolar de maneira integral;
O professor deve selecionar a bateria de testes de acordo com objetivos,
material disponível, prescrição que será feita, entre outros. Todos os
testes aqui descritos seguem princípios científicos e podem ser aplicados
com toda a segurança.

Conclusões e recomendações
Nós, como professores de Educação Física escolar, referenciamos a
aptidão física como índice norteador para concluirmos se nada há de errado
com a saúde de nossos alunos, mas temos que ter bem claro, em nossa
concepção dos testes físicos, que não estamos avaliando atletas, tampouco
exigências de índices de aptidão física em patamares mais elevados.
Segundo os professores responsáveis pelo PROESP-BR (Projeto
Esporte Brasil – Indicadores de saúde e desempenho esportivo em crianças e
jovens), quando se trata da prestação esportiva, embora consideramos que as
diversas capacidades físicas podem ser aperfeiçoadas, entram em cena os
componentes hereditários e genéticos. Dessa forma, atingir níveis elevados de
desempenho em relação às médias populacionais torna-se uma exigência para
a definição de um atleta de sucesso, exigência, sublinhe-se que pressupõe a
ocorrência de determinadas habilidades inatas.
Assim, para crianças e jovens, os índices de prestação esportiva
correspondem, pelo menos, ao percentil 90 de seu grupo (avaliação por
normas). Como afirma Cooper (1992), um estudante que obtiver resultados
na faixa de percentil 80 na maioria dos testes situa-se em um nível de aptidão
física que lhe permite participar de equipes esportivas com alguma esperança
de sucesso. Todavia, afirma o autor, para índices de excelência esportiva, ou
seja, para aqueles que desejam participar de práticas esportivas de alto
rendimento, esperam-se índices próximos ao percentil 90 em pelo menos dois
testes (Cooper, 1992).
Mas no seio escolar, nossa atribuição quanto a tudo supracitado é
envidar todo esforço em busca de uma proposta cada dia mais eficiente para a
Educação Física escolar, capaz de promover uma vida melhor para os seus
praticantes, seja por meio da recreação, de jogos cooperativos, da iniciação
desportiva, do atletismo, da dança e muito mais.
Portanto, avalie, sim, mas não exija ou espere atletas. Promova
entendimento quanto à saúde e ao esporte. Disponibilize, em meio a suas
aulas, a socialização, a cooperação e a competitividade saudável. Utilize-se
de todas as ferramentas adquiridas em sua formação e promova amor,
respeito e a concepção do caminho certo. Comece um mundo melhor pela sua
escola, por seus alunos.
Capítulo 12
Avaliação do Idoso
Antes de submeter o idoso a uma avaliação, é de suma importância
realizar uma pré-avaliação, que permite levantar as seguintes informações e
necessidades de cada indivíduo em particular (Cotton, 1998 apud Matsudo,
2004):

antecedentes médicos;
atividade mais adequada;
atividade contraindicada;
cuidados especiais;
seleção de testes e programação do treino;
acompanhamento dos tratamentos médicos.

O envelhecimento é um processo muito complexo, razão pela qual não


se pode definir um único modelo que categorize a variabilidade de idosos.
Devemos sempre levar em conta o maior número de aspectos para fazer uma
identificação mais adequada. Por exemplo, se levarmos em consideração
apenas a idade do indivíduo, podemos deixar de julgar e observar pontos
importantes nessa classificação.
A classificação segundo as atividades da vida diária (AVDs) permite
saber o que um idoso pode realmente fazer. De acordo com a American
Geriatrics Society, as AVDs são classificadas em: básicas (ABVD);
intermediárias (AIVD) e avançadas (AAVD), conforme descrito no Quadro
12.1.

Quais são as necessidades de cada nível


funcional?
As necessidades específicas de cada nível funcional determinarão os
tipos de testes usados para cada idoso. Por exemplo, um idoso fisicamente
dependente necessita melhorar as funções que lhe permitam realizar as
atividades de autocuidado, como alimentar-se, banhar-se, vestir-se, usar o
banheiro, transferir-se de um lugar para outro e caminhar. Tais atividades
requerem força muscular (tronco, braços, pernas, quadris, mãos e dedos),
flexibilidade (ombros, quadris, joelhos, punhos e tornozelos/pés) e destreza
(mãos).
De acordo com essas considerações, Spirduso (2005) indica os testes
que devem ser incluídos em uma bateria de avaliação de indivíduos maiores
de 60 anos de idade, de acordo com seu nível funcional (Quadro 12.2).
Quadro 12.1 - Classificação de idoso segundo as atividades da vida diária (AVDs)

Quadro 12.2 - Classificação do idoso e tipos de testes a serem aplicados


Avaliações
Antropometria
No idoso, costumamos medir o peso, a estatura e as circunferências. As
dobras não são muito recomendadas em razão do excesso de pele nessa faixa
etária, mas sempre que o avaliador julgar que é possível executar a medida,
deve fazê-lo.
Na avaliação antropométrica, podemos verificar o peso e a estatura
seguindo os procedimentos padrão (conforme Capítulo 4). Com esses
resultados, podemos calcular o índice de massa corporal (IMC) do idoso e
classificá-lo conforme a Tabela 12.1.
Tabela 12.1 - Classificação de índice de massa corporal (IMC)

Classificação Homens Mulheres


normal 24 – 27 23 – 26
moderadamente obeso 28 – 31 27 – 32
severamente obeso > 31 > 32
Fonte: Matsudo (2004).
As dobras cutâneas não são comumente medidas em idosos, por causa
do excesso de pele, mas podemos utilizar essas medidas sempre que
julgarmos necessárias e pertinentes. Normalmente, verificamos as seguintes
medidas: tríceps, subescapular e suprailíaca (conforme Capítulo 4).
Existem algumas equações para idosos (ver Capítulo 5) que podemos
utilizar para calcular o percentual de gordura. Podemos usar também algumas
medidas circunferenciais para fazer determinadas estimativas, como a relação
da cintura para o quadril (RCQ) para estimar o risco cardiovascular (Tabela
12.2).
Tabela 12.2 - Classificação da relação da cintura para o quadril (RCQ)

Para a avaliação das capacidades biomotoras, como força, capacidade


aeróbica, entre outras, descreveremos aqui a bateria parcial de testes descrita
por Rikli e Jones (2008). Matsudo (2010), do Centro de Estudos do
Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS-SP),
desenvolveu, com seu grupo de pesquisa, baterias de testes baseadas e
adaptadas de Rikli e Jones (2008).

Testes metabólicos
Testes aeróbicos
Medem a potência aeróbica e são adaptados para a condição dessa faixa
etária. Devemos ter o cuidado de não aplicar testes que não sejam destinados
a essa idade, para que não sejam um fator agressivo ao avaliado, ou mesmo
um fator de risco.
Para uma maior fidedignidade nos resultados, alguns pontos
importantes devem ser observados, como, por exemplo, o estímulo verbal. O
avaliador deve falar frases encorajadoras, como: “Você está indo bem!” ou
“Continue assim; está ótimo!”.
Outro ponto importante é na avaliação em grupos. De preferência, não
se deve iniciar o teste com os avaliados juntos. Sempre que possível, deve-se
dar um intervalo de tempo (segundos), de uma saída para outra, evitando,
assim, as caminhadas ou corridas em duplas. O teste pode ser interrompido
pelo avaliado a qualquer momento.
Ao final do teste, os avaliados não devem parar bruscamente. A volta à
calma deve ser gradativa; portanto, sugerimos continuar com uma caminhada
leve por mais um minuto.

Teste de caminhada de 6 minutos

Instrumentos: cronômetro, cones, fita métrica, palitos de picolé, giz,


fita crepe (ou outro tipo de marcador) e cadeiras.

Procedimentos: o teste propõe ao avaliado caminhar a maior distância


possível em 6 minutos, em um percurso de 45,72 m (Figura 12.1).

Cuidados: a área do teste pode ser em espaço físico aberto ou fechado;


porém, em uma superfície não derrapante.

Cadeiras de segurança: podem ser colocadas cadeiras de segurança ao


longo do percurso, para que o avaliado possa descansar, caso necessite, e
logo após um pequeno descanso, continuar o teste.

Observação: o teste pode ser interrompido a qualquer momento pelo


avaliado, caso sinta tontura, dor, náusea etc.

FIGURA 12.1 - Percurso do teste de caminhada de 6 minutos.

Em caso de se avaliar grandes grupos, aconselha-se o tempo de 10


segundos entre a partida de cada indivíduo. O percurso tem uma distância
total de 45,72 m, dividida em 10 segmentos de 4,57 m.
Tabela 12.3 - Classificação (em metros percorridos) do teste de caminhada de 6 minutos para homens

Tabela 12.4 - Classificação (em metros percorridos) do teste de caminhada de 6 minutos para
mulheres

Teste da marcha estacionária de 2 minutos

Procedimento: a altura adequada do joelho para realizar a marcha é o


nível do ponto médio entre a patela e a crista ilíaca (Figura 12.2). A atividade
inicia-se com o joelho direito; conta-se somente o número de vezes em que o
joelho direito encosta na fita.

Precauções: o avaliador permanece ao lado do avaliado para, em caso


de desequilíbrio, segurá-lo.
FIGURA 12.2 - Teste da marcha estacionária de 2 minutos.
Tabela 12.5 - Classificação em número de steps do teste de marcha estacionária de 2 minutos

Teste de levantar, caminhar e sentar


Este teste tem por objetivo avaliar a mobilidade física: velocidade,
agilidade e equilíbrio dinâmico.
Instrumentos: cronômetro, fita métrica, cone (ou outro marcador) e cadeira
com encosto a uma altura de aproximadamente 43 cm até o assento.

Organização dos instrumentos: a cadeira deve ser posicionada contra a


pare-de ou de forma que garanta a posição estática durante o teste. A cadeira
deve também estar numa zona desobstruída. Em frente, coloca-se um cone
(ou outro marcador) à distância de 2,44 m (medição desde a ponta da cadeira
até a parte anterior do cone). Deverá haver pelo menos 1,22 m de distância
livre à volta do cone, permitindo ao participante contornar livremente o cone.

Procedimento: o avaliado começa em uma posição sentada na cadeira, com


uma postura ereta, mãos nas coxas e pés no chão, um deles levemente na
frente do outro. O avaliador deve servir como um marcador, ficando no meio
do caminho entre a cadeira e o cone, pronto para auxiliar o avaliado em caso
de perda de equilíbrio. Ao sinal indicativo, o avaliado levanta-se da cadeira
(ele pode dar um impulso nas coxas ou na cadeira), caminha o mais
rapidamente possível em volta do cone, retorna para a cadeira e senta-se
(Figura 12.3). Para uma marcação confiável, o avaliador deve acionar o
cronômetro no movimento do sinal, quer o avaliado tenha ou não começado a
se mover, e parar o cronômetro no instante exato em que ele se sentar na
cadeira.
Após a demonstração, o avaliado deve ensaiar o teste uma vez para praticar e,
então, realizar duas tentativas. Deve-se lembrá-lo que o cronômetro não será
parado até que ele esteja completamente sentado na cadeira.

Como classificar: o resultado corresponde ao tempo decorrido entre o sinal


de “partida” até o momento em que o participante está sentado na cadeira.
Regis-tram-se dois escores do teste para o décimo de segundo mais próximo.
O melhor escore (menor tempo) será o escore utilizado para avaliar o
desempenho.

Observação: lembre ao avaliado que este é um teste de tempo e que o


objetivo é caminhar o mais rapidamente possível (sem correr) em volta do
cone e voltar para a cadeira.

FIGURA 12.3 - Teste de levantar, caminhar e sentar.


Tabela 12.6 - Classificação (em segundos) do teste de levantar, caminhar e sentar para homens

Tabela 12.7 - Classificação (em segundos) do teste de levantar, caminhar e sentar para mulheres

Testes neuromotores
Os testes neuromotores medem a capacidade de o indivíduo realizar
uma atividade específica que envolva força máxima, resistência de força e
flexibilidade, entre outras variáveis. Abordaremos apenas os testes de resistê
ncia de força e flexibilidade dos membros superiores e inferiores, por serem
mais rápidos e práticos, mas as outras variáveis – como, por exemplo, a
agilidade e a velocidade – podem e devem ser avaliadas sempre que for
necessário e que haja material específico.

Força muscular dos membros superiores

Flexão de cotovelo
Mensura indiretamente a força dos membros superiores quando não se
tem à disposição um dinamômetro manual. O teste é realizado com a mão
dominante do avaliado, registrando-se as repetições corretas realizadas em 30
segundos (Figura 12.4).
Peso do halter (adaptado por Matsudo, 2004): 4 kg (homens); 2 kg
(mulheres).

Precauções: o avaliador deve estar de joelhos ao lado do braço dominante do


avaliado, colocando os dedos no meio da região bicipital deste, evitando que
seu braço se mova e assegurando o movimento completo.

FIGURA 12.4 - Flexão de cotovelo.


Tabela 12.8 - Classificação em número de repetições realizadas em 30 segundos no teste de flexão de
cotovelos para homens

Tabela 12.9 - Classificação em número de repetições realizadas em 30 segundos no teste de flexão de


cotovelos para mulheres
Força muscular dos membros inferiores

Teste de sentar e levantar da cadeira em 30 segundos

Procedimento: o teste começa com o avaliado sentado, os braços cruzados


contra o tórax. Ao sinal, ele deve levantar-se (Figura 12.5). São contadas as
repetições corretas em um tempo de 30 segundos.

Precauções: o avaliado deve realizar de uma a três vezes o movimento antes


do início do teste, para familiarização. Por segurança, deve-se utilizar cadeira
com encosto e apoiada na parede.
FIGURA 12.5 - Teste de sentar e levantar da cadeira em 30 segundos.
Tabela 12.10 - Classificação em número de repetições realizadas em 30 segundos no teste de sentar e
levantar da cadeira para homens

Tabela 12.11 - Classificação em número de repetições realizadas em 30 segundos no teste de sentar e


levantar da cadeira para mulheres
Flexibilidade dos membros inferiores

Teste de sentar e alcançar

Instrumentos: cadeira com encosto e sem braços a uma altura de,


aproximadamente, 43 cm, até o assento, e uma régua de 45 cm.

Organização dos instrumentos: por razões de segurança, deve-se colocar a


cadeira contra uma parede, de forma que se mantenha estável (não deslize
para a frente) quando o avaliado se sentar na respectiva extremidade.

Procedimento: o ponto aproximado entre a linha inguinal e os glúteos deve


estar paralelo ao assento da cadeira. O avaliado deve manter um joelho
flexionado e o pé no chão. Com os joelhos paralelos, voltados para a frente, o
participante estende a outra perna (a perna preferida) à frente do quadril, com
o calcanhar no chão e dorsiflexão plantar a aproximadamente 90º. O
avaliador deve ficar próximo ao avaliado. Com a perna estendida (porém, não
hiperestendida), o avaliado inclina-se lentamente para a frente, mantendo a
coluna o mais ereta possível e a cabeça alinhada com a coluna. O avaliado
tenta tocar os dedos dos pés escorregando as mãos, uma em cima da outra,
com as pontas dos dedos médios, na perna estendida (Figura 12.6).
A posição deve ser mantida por dois segundos. Se o joelho estendido
começar a flexionar, pedir ao avaliado para sentar de volta, lentamente, até
que o joelho esteja estendido. Deve-se lembrar o avaliado de expirar à
medida que se inclina para a frente, evitando saltos e movimentos forçados
rápidos e nunca alongando a ponto de sentir dor. Seguindo a demonstração,
peça ao avaliado que determine qual é a sua perna preferida – a que produz o
melhor escore. Dê-lhe então duas tentativas (alongamento) nessa perna,
seguidas por duas provas de teste.

Como Classificar: usando uma régua de 45 cm, o avaliador registra a


distância (cm) até os dedos dos pés (resultado mínimo) ou a distância (cm)
que se consegue alcançar para além dos dedos dos pés (resultado máximo). O
meio do dedo grande do pé na extremidade do sapato representa o ponto zero.
Registrar ambos os valores encontrados, com a aproximação de 1 cm, e fazer
um círculo sobre o melhor resultado, utilizado para avaliar o desempenho.

FIGURA 12.6 - Teste de sentar e alcançar os dedos dos pés


Tabela 12.12 - Classificação (em centímetros) do teste de sentar e alcançar para homens

Tabela 12.13 - Classificação (em centímetros) do teste de sentar e alcançar para mulheres
Flexibilidade dos membros superiores (ombros)

Teste de alcançar atrás das costas

Instrumentos: régua de 45,7 cm.

Procedimento: em pé, o avaliado coloca a mão preferida sobre o mesmo


ombro, a palma aberta e os dedos estendidos, alcançando o meio das costas
tanto quanto possível (cúbito apontado para cima). A mão do outro braço está
colocada atrás das costas, a palma para cima, alcançando para cima o mais
distante possível, na tentativa de tocar ou sobrepor os dedos médios
estendidos de ambas as mãos (Figura 12.7). Sem mover as mãos do avaliado,
o avaliador ajuda a verificar se os dedos médios de cada mão estão
direcionados um ao outro. Não é permitido ao avaliado agarrar seus dedos
unidos e puxar. Seguindo a demons-tração, o avaliado determina a mão
preferida e são feitas duas tentativas de aprendizagem, seguidas pelo teste
(duas tentativas).

Como classificar: a distância da sobreposição ou a distância entre as pontas


dos dedos médios é a medida ao centímetro mais próximo. Os resultados
negativos (-) representam a distância mais curta entre os dedos médios; os
resultados positivos (+) representam a medida da sobreposição dos dedos
médios. Regis-tram-se as duas medidas. O “melhor” valor é usado para medir
o desempenho. Os sinais (-) e (+) devem ser marcadosna ficha de pontuação.
FIGURA 12.7 - Teste de alcançar atrás das costas.
Tabela 12.14 - Classificação (em centímetros) do teste de alcançar atrás das costas para homens

Tabela 12.15 - Classificação (em centímetros) do teste de alcançar atrás das costas para mulheres
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SOBRE A VERSãO DIGITAL
1A edição: 2013

EQUIPE DE REALIZAçãO

Assistência editorial
Emerson Charles

Assessoria editorial
Maria Apparecida F. M. Bussolotti

Edição de texto
Gerson Silva (Supervisão de revisão)
Nathalia Ferrarezi (Preparação do original e copidesque)
Ana Carolina Corrêa e Gerson Silva (Revisão)

Editoração eletrônica
Denise Tadei (Capa e diagramação)
Renata Tavares (Capa, projeto gráfico e tratamento de imagens)
Ricardo Howards e Douglas Docelino (Ilustrações)

Produção fotográfica
Leonardo Lenski, do Laboratório Experimental de Jornalismo -
Universidade Luterana do Brasil - ULBRA

Local das fotos


Laboratório de Fisiologia e Medicina do Desporto - LAFIMED - da
ULBRA
e Complexo Esportivo ULBRA Canoas - RS

Modelos
Rúbia Bernardes, Everton Bottega e David Alves (criança)
Fibromialgia
Mattos, Rafael da Silva
9788576555971
240 páginas

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A proposta deste livro é contribuir para a compreensão de


novas práticas terapêuticas corporais que possibilitem maior
autonomia para pessoas com fibromialgia, produzindo novos
sentidos e significados para o viver, ajudando seus
portadores a romper com a solidão do sofrimento. Trata-se
de uma obra dirigida tanto aos profissionais da área da
Saúde, que poderão conhecer mais sobre o diagnóstico, os
sintomas e os tratamentos para a fibromialgia, como às
pessoas acometidas dessa patologia ou que lidam com
alguém nessa condição.

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