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Copyright © Projeto Escola Verde – Universidade Federal do Vale do São Francisco

ISBN 978-85-5837-009-7
Organização: Paulo Roberto Ramos
Capa: José Matias da Silva Filho
Contra-capa: José Matias da Silva Filho
Diagramação: Alexandre Junior de Souza Menezes; Daniel Simião Nunes de Oliveira;
José Matias da Silva Filho
Copydesk: Carla Caroline Cardoso Lima; Dyêgo Almeida Cordeiro; Fernanda Gabriel
Torres; Lailana Brito de Oliveira Reis; Mariana Macario De Lira Santos; Matheus
ISBN 978-85-5837-009-7 Henrique Coutinho Bonfim; Tayná Mirelle Cavalcante Rodrigues; Vanessa Sena Diogo.
Revisão Final: Alexandre Junior de Souza Menezes
Conselho Editorial:

Prof Dra Rosicleide Melo (UNIVASF)


Prof MsC Ednaldo Ferreira Torres (UNIVASF)
Prof Dr Marcelo de Maio Nascimento (UNIVASF)
Prof Dr. Militão Vieira Figueiredo (UNIVASF)
Profa Dra Patricia Avelo Nicola (UNIVASF)
Prof. MsC Celso Sales Franca (FACAPE)
MsC Platini Fonseca (UNIVASF)
Esp. Andreina Lígia P. da Silva Ramos (MONTENEGRO)
Profa Dra Geida Maria Cavalcanti de Sousa (UNIVASF)
Profa MsC Glória Maria Pinto Coelho (UNIVASF)

Ficha Catalográfica Elaborada Pela Bibliotecária da UNIVASF, Maria Betânia de Santana da Silva

Educação Ambiental Interdisciplinar. Congresso Brasileiro de (1.: 2016:


Juazeiro, BA)
E24a (Anais do) II Congresso Brasileiro de Educação Ambiental
Interdisciplinar, de 09 a 12 Novembro 2016 / Organizado por Paulo
Roberto Ramos – Juazeiro, BA: PEV-UNIVASF, 2016.
1 v. (848p.)

Tema: Educação Ambiental: Nosso Desafio Comum (Fonte


retirada da Apresentação)

1. Educação Ambiental 2. Interdisciplinaridade. 3. Caatinga –


Sustentabilidade. 4. Projeto Escola Verde. 5. Universidade Federal do
Vale do São Francisco. I. Título. II. Ramos, Paulo Roberto (Org.).

CDD 363.70071
CDU 37:577.4

Como citar esta obra:

SOBRENOME, Nome do autor. “Título do Resumo”. In: RAMOS, Paulo Roberto (Org).
Anais do 2º Congresso Brasileiro de Educação Ambiental e 5º Workshop de Educação
Ambiental Interdisciplinar. Juazeiro – BA: Editora Franciscana, 2016.

Petrolina
Dezembro
2016
Comitê Científico:

(UNISO)
Prof Dr Marcos Reigota (UFS)
Prof Dr Mário Jorge Campos dos Santos
(USP)
Prof Dr Sidnei Raimundo (UNEB)
Profa Dra Luzineide Dourado Carvalho
(UFRR)
Prof Dr Linoberg Barbosa de Almeida (UFSC)
Profa Dra Evelize Welzel
(UFPA)
Profa Dra Marilena Loureiro da Silva (IF-Sertão-PE)
Profa MsC Solange Maria Dantas Gomes
(UFFS) Profa MsC Germana K. de L. Carvalho
Prof MsC Cláudio Claudino Filho Profa MsC Clecia Simone G. Rosa Pacheco
Profa MsC Rosemary de C. Gomes
(UFMG) Prof MsC João Sotero do V. Júnior
Prof Dr Lênio Marques de Miranda
(UNEB)
(UnB) Profa MsC Irailde Gonçalves de Lima
Profa MsC Anne Caroline Amorim Leal
(FACAPE)
(UFSC) Prof. MsC Celso Sales Franca
Prof Dr Luiz Moreto Neto
(UPE)
(UFMT) Prof Dr Sidclay Cordeiro Pereira
Prof Dr Frederico Terra de Almeida
(UNIVASF)
(UFPE) Prof Dr. Paulo Roberto Ramos
Prof Dr Sandro Sayao Prof MsC Ednaldo Ferreira Torres
Prof Dr Marcelo de Maio Nascimento
(UFPB) Prof Dr. Militão Vieira Figueiredo
Prof Dr. Rômulo Silveira Paz Prof Dra Clarissa Campello Ramos
Profa Dra Lúcia Marisy Sousa R. de Oliviera
(UFRN) Profa Dra Geida Maria Cavalcanti de Sousa
Profa Dra Jazielli Carvalho Sá Profa MsC Glória Maria Pinto Coelho
Prof Dr Marlécio Cunha Prof. MsC. Adelson Dias de Oliveira
Profa MsC Míriam Cleide Amorim
(UFCG) Profa Dra Patricia Avelo Nicola
Prof. Dr. Marx Prestes Barbosa Prof Dra Rosicleide Melo
Prof Dr René Cordeiro
(UFSC) Prof MsC Jorge Luis Cavalcanti Ramos
Prof Dr Leandro Belinaso Guimarães Prof Dr José Alves Siqueira
Profa MsC Nilmara M. de Souza Sá Santos
(UEFS) Prof Dr Clovis Manoel Carvalho Ramos
Prof Dr Marco Antonio Leandro Barzano Prof Dr César Augusto Silva

(UGRS/ITEP)
Prof Dr Bertrand Sampaio de Alencar
SUMÁRIO
GRUPO DE TRABALHOS 1: ___________________________________________________ 10
“Educação Ambiental e Ensino Superior: conhecimento, qualidade de vida e sensibilização
socioambiental ____________________________________________________________ 10
COMO ESTÁ A RESPONSABILIDADE SOCIAL DA SUA EMPRESA? __________________________ 11
SANEAMENTO BÁSICO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NA PERSPECTIVA DE MORADORAS DE
REDENÇÃO-CE. _________________________________________________________________ 32
Logística Reversa de Lâmpadas Fluorescentes no Evento Discutindo o Meio Ambiente _______ 37
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E BIOMASSA: BIODIGESTORES, UM LEVANTAMENTO DAS
POSSIBILIDADES PARA A SALA DE AULA. ____________________________________________ 47
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO SUPERIOR: A CONCEPÇÃO DOS DISCENTES DO CURSO DE
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA UNEB – CAMPUS VI ________________________ 52
ELETROFLOCULAÇÃO ____________________________________________________________ 71
REPELÊNCIA DE ÓLEOS ESSENCIAIS SOBRE O PULGÃO MYZUS PERSICAE (SULZER, 1776)
(HEMIPTERA: APHIDIDAE). _______________________________________________________ 77
APROVEITAMENTO DE GARRAFAS PET NA PROTEÇÃO CONTRA A OXIDAÇÃO DO METAL AISI1020
_____________________________________________________________________________ 91
AULA DE CAMPO E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO DOCENTE E PERCEPÇÃO AMBIENTAL. _ 94
CONFORTO AMBIENTAL E ARBORIZAÇÃO: ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE TST E NDVI DA ÁREA
URBANA DE JUAZEIRO-BA COM USO DE IMAGENS DO LADSAT8 ________________________ 100
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: RIO SÃO FRANCISCO ______________________________________ 117
GRUPO DE TRABALHOS 2: __________________________________________________ 129
“Produção sustentável de alimentos”_________________________________________ 129
DETERMINAÇÃO DA QUANTIDADE DE MATERIAL INICIAL E FINAL NA PRODUÇÃO DE
COMPOSTAGEM UTILIZANDO ESTERCO E CAPIM NA COMUNIDADE MALHADA, NO MUNICIPIO
DE CRATO, CEARÁ. _____________________________________________________________ 130
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE IOGURTE PROBIÓTICO SABORIZADO
COM POLPA DE ABACATE ORGÂNICO _____________________________________________ 135
EFEITO TÓPICO DE ÓLEOS ESSENCIAIS SOBRE MYZUS PERSICAE EM COUVE _______________ 142
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE CAJU DESIDRATADO EM SECADOR SOLAR
ARTESANAL __________________________________________________________________ 155
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO MELOEIRO SOB DIFERENTES TIPOS DE ADUBAÇÃO _ 167
ESTUDO DE CASO DOS RESIDUOS SÓLIDOS DO RESTAURANTE KING SABOR NA CIDADE DE
ITAIPÉ-MG ___________________________________________________________________ 173
ANTAGONISMO IN VITRO À Ralstonia solanacearum E POPULAÇÃO DO PATÓGENO EM SOLO
TRATADO BIOLOGICAMENTE ____________________________________________________ 187
DETERMINAÇÃO DE UMIDADE E TEMPERATURA NO PREPARO DE COMPOSTAGEM UTILIZANDO
ESTERCO E CAPIM NA COMUNIDADE MALHADA NO MUNICÍPIO DE CRATO, CEARÁ. ________ 200
UTILIZAÇÃO DE CHRYSOPERLA EXTERNA (HAGEN, 1861) (NEUROPTERA: CHRYSOPIDAE) NO
CONTROLE BIOLÓGICO DO PULGÃO APHIS CITRICIDUS PRESENTES EM ACEROLEIRA ________ 205
FEIRA DE PRODUTOS AGROECOLÓGICOS NO MUNICÍPIO DE CRATO-CE:
PRODUÇÃO E CONSUMO ____________________________________________________ 221
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DO TOMATE CEREJA DESIDRATADO EM SECADOR
ARTESANAL __________________________________________________________________ 244
HORTAS VERTICAIS COM GARRAFAS PET: FERRAMENTA PARA DISSEMINAÇÃO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL __________________________________________________________________ 250
GRUPO DE TRABALHOS 3: __________________________________________________ 256
“Toxicologia Ambiental” ___________________________________________________ 256
TOXICOLOGIA DOS ORGANOFOSFORADOS E O MEIO AMBIENTE ________________________ 257
DIVERSIDADE DE MAMÍFEROS NA TRILHA DO RIACHO DO ALEGRE NO JACARACI - CAETITÉ / BA
____________________________________________________________________________ 267
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTROLE DO AEDES AEGYPTI: ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS
DESENVOLVIDAS EM PARCERIA COM ALUNOS DA REDE PÚBLICA. ______________________ 280
A AGRICULTURA ORGÂNICA URBANA _____________________________________________ 289
GRUPO DE TRABALHOS 4: __________________________________________________ 294
“Patrimônio, Turismo e Meio Ambiente: Aspectos Teóricos e Práticos” ______________ 294
BIOÉTICA AMBIENTAL: REFLEXÃO ACERCA DA MANUTENÇÃO DE ANIMAIS EM ZOOLÓGICOS 295
EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O TURISMO: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NO PARQUE DA
CIDADE EM ARACAJU/SE ________________________________________________________ 301
GEODIVERSIDADE, EDUCAÇÃO E TURISMO: POTENCIALIDADES DO GEOPARK ARARIPE, NE DO
BRASIL ______________________________________________________________________ 319
O RIO POTENGI E O TEMPO: MULTIPLOS OLHARES DO RIO E DA CIDADE ATRAVÉS DA AULA
PASSEIO NO BARCO ESCOLA CHAMA-MARÉ EM NATAL-RN ____________________________ 334
OFICINAS SOBRE SERPENTES PEÇONHENTAS COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
____________________________________________________________________________ 349
RITUAL DE DANÇA E GASTRONOMIA COMO VIÉS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NUMA
COMUNIDADE TRADICIONAL DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO DO CONDE-BAHIA _______ 354
A TENSÃO “NATUREZA X CULTURA” NA VAQUEJADA DO LAZER NORDESTINO _____________ 359
HERBÁRIO CARIRIENSE DÁRDANO DE ANDRADE LIMA: UM IMPORTANTE ACERVO SOBRE A
DIVERSIDADE DA FLORA REGIONAL _______________________________________________ 374
ESTUDO ETNOBOTÂNICO DAS ESPÉCIES: AROEIRA (Myracrodruon urundeuva) E PEQUI (Caryocar
brasiliense) EM COMUNIDADES NO ENTORNO DO PARQUE EÓLICO DE CAETITÉ-BA ________ 384
ESTUDO DE CASO: PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS VISITANTES DA APA MORRO DO URUBU NA
CIDADE DE ARACAJU/SE ________________________________________________________ 397
GRUPO DE TRABALHOS 5: __________________________________________________ 411
“Educação Ambiental em Ambientes Escolares: Experiências e Desafios” ____________ 411
PARA COMPREENDER O CLIMA URBANO ___________________________________________ 412
ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS: O EXEMPLO DA ESCOLA SIZALTINA FERNANDES,
ITAPETINGA, BA _______________________________________________________________ 417
SOCIAL CARTOCRÍTICA: Identificando os riscos agora e prevenindo os desastres de amanhã _ 423
RITUAL DE DANÇA E GASTRONOMIA COMO VIÉS DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL NUMA COMUNIDADE TRADICIONAL DO MUNICÍPIO
DE SÃO FRANCISCO DO CONDE-BAHIA

Edvaldo Hilário dos Santos 1


Angélica Santos da Paixão 2
Edilene Pereira de Oliveira 3
Ilze Joane Gomes Ferreira 4
Márcia Regina dos Anjos 5
Naiane Jesus Pinto 6
1
Geografo/Mestre em Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília. Professor da
Universidade do Estado da Bahia. edilario@gmail.com
2
Geografa/Especialista em Ecologia e Turismo/Mestranda em Planejamento Ambiental, Universidade
Católica do Salvador. paixaoangelica16@gmail.com
3
Pedagoga/Especialista em Psicopedagogia/Técnica em Meio Ambiente, Faculdade de Tecnologia e
Ciências. lenepereira2010@hotmail.com
4
Engenheira Ambiental/Técnica em Meio Ambiente, Faculdade de Tecnologia e Ciências.
ilzejoanne@yahoo.com.br
5
Bióloga/Técnica em Meio Ambiente, Faculdade Jorge amado. marciaanjos@yahoo.com.br
6
Gestora Ambiental/Técnica em Meio Ambiente, Estácio/FIB. naycpinto-24@hotmail.com

RESUMO
O presente trabalho expõe o resultado das ações da equipe de educação ambiental da
Secretaria Municipal do Meio Ambiente, junto aos moradores da Ilha do Paty pertencente a
Prefeitura de São Francisco do Conde-BA e ressalta a importância do incentivo à
sensibilização ambiental entre os povos e comunidades tradicionais. Objetiva demonstrar uma
experiência no campo da educação ambiental não formal, sugerida pela Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, assim como, na
Política Nacional de Educação Ambiental, baseada no tripé, diagnóstico, sensibilização e
gesto concreto, num estudo de caráter descritivo, exploratório e bibliográfico, resultando num
levantamento de impactos ambientais, seguido de momentos de reflexão e promoção de
gestos concretos de reversão dos processos de geradores de degradação, culminando num
processo gradativo de auto reconhecimento das atitudes degradadoras em relação ao ambiente
local e às diversas possibilidades de minimização dos impactos gerados.

Palavras-chave: Educação Ambiental, Comunidade Tradicional, Manifestação Cultural,


Gastronomia, Ilha do Paty.

Introdução

A matriz da educação ambiental não formal fomentada no território brasileiro, prevista


pela Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais e afirma a importância de incentivar a sensibilização ambiental das populações
tradicionais ligadas às Unidades de Conservação. Aponta para a participação individual e
coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente. Aponta

354
para o desenvolvimento sustentável como caminho de promoção da melhoria da qualidade de
vida dos povos e comunidades tradicionais das gerações atuais, garantir as mesmas
possibilidades para as gerações futuras e respeitar os seus modos e tradições.
Essas comunidades apresentam-se com especificidades que lhes conferem identidades
próprias. Os pescadores e marisqueiros, em geral são vistos como grupos culturalmente
diferenciados e que se reconhecem como tais, pois possuem formas próprias de organização
social e econômica. Ocupam e usam os territórios e recursos naturais como condição para sua
reprodução social, religiosa, ancestral, econômica e particularmente.
A música, a dança e a gastronomia se inserem nestes espaços enquanto costumes e
formas de se expressar, vinculados à sua cultura, à sua religiosidade, classe social, etnia,
localização geográfica e o que cada lugar tem como elemento típico ou de influência sofrida.
Há uma ligação da gastronomia com a identidade regional, sendo a alimentação uma
linguagem relacionada à cultura regional pelos costumes e comportamentos de um povo. Esse fato
inclui suas preparações alimentares, pois o modo de cozinhar está ligado ao modo de vida de uma
população. (MULLER, AMARAL e REMOR apud GARCIA, 1999)

Os mesmos autores igualmente citando Brillat Savarin (1995, p. 58)


[…] ressalta que a gastronomia se encaixa neste contexto, pois está
condicionada pelos valores culturais e códigos sociais em que as pessoas se
desenvolvem, ou seja, sua identidade. Além dessa representatividade, a
gastronomia sempre será proporcionadora de prazeres não somente palatais,
mas também acrescentando ao homem conhecimentos culturais e,
conseqüentemente (sic) o status social e a capacidade de convivência e
relacionamento com a sociedade.

Ainda com base neste entendimento Gaspar (2016) nos diz que a dança, poderosa
linguagem universal, é um meio de expressão importante desde épocas remotas, assim como a
música. Nos seus rituais e crenças, a dança e a música têm um papel fundamental e uma
grande influência na sua vida social dos povos e comunidades tradicionais.
É nesse contexto que se insere a comunidade da Ilha do Paty localizada no município
de São Francisco do Conde-BA e donde se destaca um grupo cultural denominado de
Paparutas. O termo vem do nome paparoca que significa de papar, comida, refeição. De
acordo com líder comunitário Altamirando de Amorim, como as pessoas da comunidade
chamavam Paparutas, manteve-se o nome As Paparutas Boas que quer dizer: Comidas Boa.
Trata-se de um grupo cultura composto exclusivamente por mulheres negras residentes
na Ilha do Paty. Ocupada por cerca de 200 moradores, o Paty é uma das quatro ilhas banhadas
pelas águas da Baía de Todos os Santos e cercadas de manguezais no município franciscano,

355
Estado da Bahia, no Recôncavo Baiano e de onde são extraídos diversos frutos do mar e que
garantem a sobrevivência da maior parte dos seus residentes, compostos n sua totalidade por
negros e seus descendentes.
O grupo As Paparutas Boas é formado por dezenove mulheres de distintas idades,
vestidas saias longas estampadas e coloridas, com blusas lisas de cor, com um tacho na cabeça
com comidas típicas africanas as quais são oferecidas ao final da apresentação aos presentes.
As músicas são geradas por onze pessoas que tocam instrumentos de corda e percussão,
acompanhados por três vocalistas. As bailarinas formam um círculo e no meio apresentam-se.
Apesar de ganhar notoriedade local, regional e nacional mais recentemente, trata-se de
um movimento cultural secular, tem a missão de manter viva a tradição de preparar pratos
típicos da cozinha africana, como o acarajé, caruru, frigideira de siri, moqueca de camarão,
peixe frito e o feijão fradinho. Após preparar as iguarias, elas saem de casa dançando ao ritmo
dos tambores com os pratos na cabeça em direção a pequena praça, onde todos os moradores
da comunidade, já as aguardam para começar a festa. No centro da roda fica uma Paparuta
vestida de branco, dançando com uma colher de pau na mão e um grande caldeirão. É ela
quem aprova ou não os pratos, que lhe são apresentados pelas demais. A dança das Paparutas
da ilha do Paty, acontece impregnada de significados da importância alimentos extraídos das
águas e do manguezal da Baia de Todos os Santos, para a sobrevivência da comunidade, num
ritual lúdico que atravessa gerações, preservando uma das mais belas manifestações culturais
do Recôncavo Baiano.

Objetivo

Propõe-se a demonstrar uma experiência no campo da educação ambiental não formal,


baseada no diagnóstico, sensibilização e gesto concreto, envolvendo a arte e a cultura local,
fundamentada no desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas
múltiplas e complexas relações. Envolve ainda os aspectos ecológicos, sociais, econômicos,
científicos, culturais e éticos, na comunidade de pescadores e marisqueiros da Ilha do Paty,
em São Francisco do Conde, Bahia.

Metodologia
Trata-se de uma atividade caracterizada essencialmente como descritiva, exploratória,
bibliográfica de natureza aplicada, realizado em três etapas. Primeiro realizou-se diagnóstico
ambiental da localidade, apurando-se os tipos e extensão de impactos ambientais existentes,

356
assim como, responsabilidades pelos mesmos. Em seguida realizou-se reuniões e encontros de
sensibilização ambiental com apresentação do Grupo Cultural As Paparutas Boas, donde os
integrantes puderam avaliar os resultados do diagnóstico e discutir a extensão dos impactos
ambientais que contribuíram para redução da quantidade e qualidade dos mariscos, base
alimentar para os residentes e em especial para as apresentações do Grupo. Por fim,
mobilizou-se toda a comunidade para a realização de um mutirão socioambiental visando
redução do volume de resíduos sólidos descartados inadequadamente pela população, além da
criação de um código de convivência definido pelos próprios moradores, em relação à
responsabilidade ambiental individual e coletiva com a localidade.

Resultados Encontrados
O diagnóstico revelou práticas dos ilhéus em descartar os resíduos de conchas e outros
produtos descartados pelas atividades pesqueiras, além dos lançamentos resíduos domésticos
e de esgotos no manguezal próximo as áreas ocupadas. Somam-se ainda as construções
residenciais diretamente sobre o mangue, desmatamento e aterramentos. Por fim, registrou-se
significativo volume de resíduos flutuantes (garrafas, plásticos) procedente do continente e
transportado pelo movimento de marés e correntes.
A partir de relatos provocados nos encontros de sensibilização, foi possível perceber a
compreensão por parte dos moradores da dimensão dos impactos ambientais negativos
decorrentes do descarte inadequado de resíduos sólidos no ambiente local, resultando na
realização de uma ação de retirada de resíduos, por iniciativa e coordenação da comunidade,
com a participação de moradores de várias faixas etárias. Também foram estabelecidas pelos
residentes, regras de comportamento quanto ao descarte diário de resíduos, evitando a
proliferação costumeira de vetores de doenças.

Considerações finais
Em virtude da metodologia aplicada foi possível estabelecer um processo de
envolvimento e participação da coletividade em prol de um bem comum, num experimento de
cidadania ambiental a partir do auto reconhecimento das atitudes degradadoras no ambiente e
as diversas possibilidades de minimização dos impactos gerados. Enfatizou-se o papel e a
importância do grupo cultural como prática cotidiana para a preservação das tradições que não
podem ser dissociadas das preocupações com a pesca e mariscagem como principal atividade

357
econômica do lugar. Isso implicou em apontar para o poder público municipal a necessidade
de programas, projetos e ações diretas no sentido de aprimorar a eficiência econômica e
preservação do modo cultural da população da ilha.

Bibliografia
BRASIL, Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais. Decreto nº 6.040/2007. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6040.htm>. Acesso em
25 ago. 2016.

BRASIL, Política Nacional de Educação Ambiental, Lei Nº 9.795/1999. Disponível em:


http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=321. Acesso em 01 set. 2016.

BRILLAT-SAVARIN, Jean-Anthelme. A fisiologia do gosto. São Paulo: Cia. das Letras,


1995.

GARCIA, Rosa Wanda Diez. A Comida, a Dieta o Gosto: Mudanças na Cultura Alimentar
Urbana. 1999. 305 f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade de São Paulo, São
Paulo, SP.

GASPAR, Lúcia. Danças indígenas do Brasil. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim
Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em:
28 set. 2016.

IPHAN, dossiê 4. Samba de Roda do Recôncavo Baiano. Brasília, DF: Iphan, 2006. 216 p.,
il., color, 25 cm, + CD ROM.

MATOS, Agrimaria Nascimento. Trabalho, Identidade e Processos de Mudança: Etnografia


de uma Comunidade do Recôncavo Baiano. Salvador: UFBA, 2011. 120 f. Dissertação
(Mestrado em Antropologia) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (FFCH-UFBA). Disponível
em:
<http://www.repositorio.ufba.br:8080/ri/bitstream/ri/6615/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%2
0Vers%C3%A3o%20Final%20Agrim%C3%A1ria%202011.pdf> Acesso em: 18 set. 2016.

MULLER, Silvana Graudenz; AMARAL, Fabiana Mortimer e REMOR, Carlos Augusto.


Alimentação e Cultura: Preservação da Gastronomia Tradicional. Disponível em:
<http://www.ucs.br/ucs/tplVSeminTur%20/eventos/seminarios_semintur/semin_tur_6/gt13/ar
quivos/13/Alimentacao%20e%20Cultura%20Preservacao%20da%20Gastronomia%20Tradici
onal.pdf> Acesso em: 10 out. 2016.

SANSONE, Livio (Org.). A política do intangível: museus e patrimônios em nova


perspectiva. Salvador: Edufba, 2012. 352 p.

358

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