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FORTALEZA – CEARÁ
2018
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FORTALEZA – CEARÁ
2018
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1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Ainda me nino , o uvi fa lar da vida et er na, que no s est á pro met ida pe la
hu m i ldade de Jesus, no sso S enho r , que desceu at é no ssa so ber ba; e
fu i mar cado co m o sina l d a cr uz, sendo -me dado sabo r ear de seu sa l
lo go que saí do vent r e de minha mãe, que se mpr e esper o u mu it o em
t i.
Confessa o a utor que na infância não tinha amor ao estudo; mas sim
certo ódio. Apesar de que , ao crescer, reconhecer que todas as vezes que o
forçaram a estudar grande bem lhe fez. Porém, que detinha paixão pelo latim,
enquanto odiava o grego, desenvol vendo uma verdad eira aversão a este idioma.
Mas o nde est ava eu ? Oh! Quão lo nge, exi lado das de lic ias de t ua casa
naque le s meus deze sse is a no s de idad e ca r na l, qua ndo est a empu nho u
seu cet ro so br e mi m, e eu me r end i t ot alme nt e a ela, à fúr ia da
co ncup iscê nc ia que a degr adação hu ma na leg ít i ma, por é m, il íc it a, de
aco r do co m as t uas le is.
Também descrever sua relação com os pais. Que aos dezesseis anos,
por falta de recursos financeiros, teve que abandonar os estudos e voltar a morar
com eles.
Descreve que foi exatamente nessa época que junto à mãe surge sua
ligação com o Deus cristão. E neste trecho encontramos uma contradição nos
relatos de Agostinho, pois no livro I af irma já ter tido a experiência do batismo
quando pequeno, enquanto aqui afirma não o ter sido ainda, como podemos ver
a seguir:
Mas, ne ssa épo ca, já t inhas co meç ado a le va nt ar , no cor ação de minha
mãe, t eu t emp lo e o s alicer ce s de t ua sant a mo r ada; meu pa i não er a
ma is que cat ecúme no , r ecent e aind a. Po r is so minha mãe per t ur bo u -
se co m sa nt o t emo r . E mbo r a eu ainda nã o fo sse bat izado , t emia que
eu segu is se as se nda s t ort uo sas por o nde anda m o s que t e vo lt a m as
co st as, e não o ro st o .
Identifica Agostinho que foi nesta época, aos dezenove anos, ao ter
acesso à obra Hortênsio, de Cícero, que tem estímulo, incitação , à filosofia,
que mudou seus sentimos sobre seus votos e anseios interiores, se voltando para
Deus. Também que foi nesta obra que teve acesso a autores de épocas anteriores
que busca ram ludibriar com filosofias vans, os quais foram i dentificados e
refutados por Cícero. Nesta mesma época resolveu estudar a Sagrada Escritura.
Contudo, naquele momento não a considerou digna de ser comparada à obra de
Cícero. Dá a entender também que posteriormente viria a compreender que a
Sagrada Escritura tem mistérios a serem revelados, os quais não foram
alcançados nesta época decorrente de sua sober ba, pois se achava grande.
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Manique ís mo : Do ut r ina do sacer dot e per sa Mani ( lat . M ani chaeus) , que viveu no século
I I I e pro cla mo u - se o P ar aclet o , aque le que devia co nduz ir a do ut r ina cr ist ã à perfe ição . O
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Não co nhec ia t ampo uco a ver dade ir a jus t iça int er io r , que não ju lg a
pe lo co st ume, ma s pe la le i r et ís s ima do Deus o nipo t ent e. Po r ela se
hão de fo r mar o s co st ume s do s países co nfo r me o s me s mo s pa íses e
t empo s, e sendo a mes ma e m t o das as par t es e t empo s, não var ia de
aco r do co m as lat it udes e as épo cas; le i essa segu ndo a qual fo r a m
just o s Abr aão , I saac, Jacó e Davi, e t o do s o s que são lo uvado s pe la
bo ca de Deus. Os ig no r ant es, ju lga ndo as co is as de aco r do co m a
sa bedo r ia hu ma na, e med indo a co ndu t a alhe ia p e la pr ó pr ia, o s
ju lga m iníquo s. É co mo se u m ig no r ant e e m ar madur as, não sabe ndo
o que é pró pr io de cada me mbr o , quise sse co br ir a cabeça co m a
co ur aça e o s pés co m o elmo , e se queixasse de que as peças não se
lhe adapt e m co nve nie nt e me nt e. Ou co mo se a lgué m se qu e ixas se de
que, e m det er mina do dia co ns ider ado fer iado do me io - d ia e m d ia nt e,
não lhe per m it isse m ve nd er a mer cado r ia à t ar de, co mo aco nt ecer a
pe la ma nhã; o u po r que vê que na mes m a c asa per mit e - se a u m es cr avo
qua lquer t o car no que não é per mit ido ao co pe ir o ; o u por que não se
per mit e fazer d ia nt e do s co me nsa is o que se faz at r ás de uma
est r ebar ia ; o u, fina l me nt e, se ind ig na sse po r que, sendo uma a ca sa e
u ma a fa m í l ia, não se at r ibu ís se m a t o dos as me s mas co isa s.
Neste livro Agostinho trata de memórias dos seus dezenove anos aos
vinte e oito.
Segundo suas próprias palavras abaixo, reconhece que neste período
se deixou seduzir, assim como seduziu, se deixou enganar assim como enganou.
Aos vinte e nove anos, em Cartago, teve contato com Fausto, bispo
maniqueu, o qual definiu como eloquente e sedutor, contudo, não portador da
verdade, já que não conseguia nem responder suas dúvidas e muito menos
comprovar as diversas teorias difundidas por eles.
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1. Aque le que r ecebia inst r ução pr eli m i nar e m do ut r ina e mo r al par a ser ad mit id o ent r e
o s fié is, na I gr e ja pr im it iva.
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Lo go ver ifiqu e i que vo sso s fi lho s e sp ir it ua is, a quem r ege ner ast e no
se i d a sa nt o mãe, a I gr e ja, não int er pr et ava m aque la s pa la vr as:
“F ize st e o ho me m à sua ima ge m” – de mo do a acr edit ar que est ava s
enc er r ado na fo r ma do co r po hu ma no . E embo r a eu ent ão não
so ubes se, ne m sequer susp e it as se de lo nge o que fo sse su bst ânc ia
esp ir it ua l – a legr e i- me co m is so , enver g o nha ndo - me po r t er ladr ado
dur ant e t ant o s ano s, não co nt r a a fé cat ó lica, mas co nt r a inve nçõ es
de minha int e ligê nc ia car na l. T inha s i do ímp io e t emer ár io po r
cr it icar u ma do ut r ina que eu dever ia t er ant es pr o cur ado co nhecer .
Mas t u – que est ás ao mes mo t e mpo t ão a lt o e t ão pert o de nó s, t ão
esco nd ido e t ão pr esent e, t u que não t ens me mbr o s ma io r es ne m
me no r es, que est ás int e ir o em t o da part e se m est ar t o do em ne nhu m
lugar , cer t ame nt e não t ens no ssa fo r ma c o r pór ea. Co nt udo, fizest e o
ho me m à t ua image m, e e is que e le, da cabeça ao s pés, é lim it ado
pe lo espaço .
Com isto Agostinho descobre que o mal não tem existência própria,
mas é simplesmen te a ausência do bem. Que na verdade tudo é bom.
E tendo como comparação experiências sensíveis vividas até então
conseguiu perceber que o caminho verdadeiro está pelo interior, como descrito
adiante.
Este suplício de querer a liberdade dos desejos car nais era grande, e
quanto mais tentava se aproximar de Deus, mais estes desejos lhe consumiam.
E este combate interior perdurou até quando fez uma viagem em que
foi visitar um homem chamado Ponticiano. E agostinho sobre ele afirma:
“Ponticiano e ra um crist ão fiel, e muitas vezes prostrava -se diante de ti, nosso
Deus, na igreja, em frequentes e prolongadas orações .”
E mais, que num mesmo homem lutam uma natureza boa e outra má,
segundo os maniqueístas . Todavia, de fato, para resolver isto, segundo
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cr ença ( lat . medi eval credent i a ) 1. At it ude pe la qua l a f ir ma mo s, co m cer t o gr au de
pr o babi l idade o u de cert eza, a r ea lidade o u a ver dade de u ma co isa, e mbo r a não
co ns iga mo s co mpr o vá - la r ac io na l e o bjet iva me nt e.
2. Do po nt o de vist a r elig io so , assent ime nt o fir me e segur o do esp ír it o , se m ju st if icaç ão
r ac io na l, à exist ênc ia de u ma r ea lidad e t r ansc e nde nt e o u divina. S inô nimo de fé.
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“Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que
estavas dentro de mim, e eu lá fora, a te procurar! Eu, disforme, me atirava à
beleza das formas que criaste. Estavas comigo, e eu não estava em ti ”. Mais
uma vez Agostinho reconhece que Deus, a Beleza, somente pode ser encontrado
dentro de si ; ou seja, dentro de cada um . E que este é o caminho. Pois como
normalmente os homens fazem, enquanto buscam no exterior e através dos
sentidos, não o encontram.
Quando deixast e de me aco mpa nhar , ó Ver dade, par a me ens inar o
que eu devia evit ar o u pro cur ar , sempr e t e co nsu lt e i, a t i submet endo ,
dent r o da minha li m it aç ão , meu s med ío cr es po nt o s de vist a ? P er co r r i
co m o s se nt ido s, co mo pude, o mu ndo ext er io r . Obser ve i a vida de
meu co r po e o s meus pr ó pr io s sent ido s. Depo is adent r e i nas
pr o funde zas da me mó r ia e m seus mú lt ip lo s do mín io s, t ão
mar a vi lho sa me nt e r ep let o s de inú mer as r iqueza s ; o bser ve i t udo is so ,
est upefat o . S em t eu auxí l io na da po der ia d ist ingu ir , mas r eco nhec i
que nada d ist o er as t u. Ne m er a eu o desco br ido r de t o das essas
co isas ; me es fo r ce i par a d ist ingu i - la s e ava l iá - las e m seu de vido
va lo r , r ecebe ndo - a at r avés do s se nt ido s e int er r o gando - as. S ent i
o ut r as co isa s unida s a mi m, e as e xa m in e i, ass i m co mo o s sent ido s
que as t r azia m; r e vo lvi a s vast as r eser va s da me mó r ia, ana lis a ndo
cer t as le mbr a nça s, guar dando uma s e t raze ndo o ut r as à lu z. Po r que
t u és a luz per ma ne nt e que eu co nsu lt ava so br e a exi st ênc ia, o va lo r
e a qua lidade de t o das as co isas, e eu o uvia t eus ens ina me nt o s e t uas
o r dens. Co st umo faz ê - lo mu it as veze s, po is ess a é a minha a legr ia, e
se mpr e que meu s t r aba lho s me per mit e m a lgu m de sca nso , r efug io - me
ne sse pr azer .
Agr ada m- me a inda, eu o co nfe sso , o s cânt ico s que t uas pala vr as
viv if ic a m, qua ndo exe cut ado s po r vo z suave e ar t íst ica ; t o davia e le s
não me pr e nde m, e de le po sso me des ve nc i lhar qua ndo quer o. P ar a
asse nt ar e m no meu ínt imo , em co mp a nhia co m o s pensa me nt o s que
lhe dão vida, bu sca m e m meu co r ação um lug ar de dig nidade, ma s eu
me es fo r ço o u me o fer eço par a ceder - lhe s só o lug ar co nve nie nt e.
Às veze s par ece - me t r ibut ar - lhe ma is at enção do que devia: s int o que
t uas pala vr as s a nt as, aco mpa nhadas d o cant o, me infla ma m de
p iedade ma is de vo t a e ma is ar de nt e do que se fo ss e m ca nt adas de
o ut ro mo do. S int o que as emo çõ es da al ma enco nt r a m na vo z e no
cant o , co nfo r me suas pecu liar idade s, seu mo do de expr ess ão pró pr io ,
u m mist er io so est ímu lo de afin idad e.
captada pela visão, que a verdadeira luz é captada pelo interior, conforme o
discernimento de cada um.
Dest e - lhe o s ó r gão s do s sent ido s, int ér pr et es pelo s quais mat er ia l iza
as int ençõ es de sua a lma ; info r ma m o esp ír it o do que fizer a m, par a
que est e co nsu lt e a ver dade, o ju iz int e r io r , par a saber se a o br a é
bo a. T udo isso t e lo uva co mo cr iado r de t o das as co isas.
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Mais importante que a história de vida deste grande filósofo 4 são suas
contribuições para a filosofia. Contribuições estas muitas vezes não totalmente
compreendidas ou até distorcidas por alguns. E são exemplos disto que serão
apresentados deste ponto em diante, tendo como fonte principal parte da sua
obra intitulada ‘A Trindade ’, através de alguns de seus livros, considerando
que nela há uma variedade de conceitos 5 apresentados, muitos com sentidos
bem profundos.
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F iló so fo ( gr . phi l ósophos ) S egundo a t rad ição , P it ágo r as é o cr iado r desse t er mo ,
pr et endendo co m isso mo st r ar que lo ng e de ser um s á bio ( sophós) er a ant es, um s i mp les
"a migo do saber ' ( ph/ l( I so pl, o s) . E nt r et ant o. na t r adiç ão clá ss ic a, at é o per ío do mo der no , o
t er mo "1116 - so fo " fo i e mpr egado e m u m sent ido a mp lo , sen do pr at ic a me nt e equiva le nt e a
"sá bio ". E m u m se nt ido ma is espe c íf ico , o filó so fo é o met a fís ico , aquele que bus ca o s
pr ime ir o s pr inc íp io s, que invest iga o r eal e m su a d ime nsão ma is ger a l, ma is bá s i ca, ma is
abst r at a. "Buscar as causa s pr ime ir as e os ver dade ir o s pr inc íp io s. . . é fu nda me nt a lme nt e
ao s que se dedica m a isso que deno mina mo s fi ló so fo s" ( Desc ar t es. Pr inc íp io s da f ilo so fia,
pr efác io ) . E m u ma ac epção ma is co nt e mpo r ânea, o filó so fo é aque le que dese nvo lve u ma
r efle xão cr ít ica so br e o s difer e nt es e le m en t o s que co nst it ue m sua e xper iê nc ia e s o br e o
co nt ext o so cio cu lt ur a l e m que vive, exa m ina ndo seus pr essupo st o s. t endo co nsc i ênc ia de
seus li m it e s, pro cur ando basear sua ação e m pr inc íp io s r ac io na is.
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Co nce it o : ( lat . concept urn : pensa me nt o , id e ia) 1. E m seu s e nt ido ger a l, o co nce i t o é uma
no ção abst r at a o u ide ia ger a l. de s ig na nd o seja u m o bjet o supo st o único ( ex. : o conce it o de
Deus) , se ja u ma c lass e de o bjet o s ( ex. : o co nce it o de cão ) . Do po nt o de vist a ló gico , o
co nce it o é car act er izado po r sua ext ensã o e po r sua co mpr ee nsão .
2. P ar a Ka nt , o co nce it o nada ma is é do que u ma encr uz ilhad a de ju ízo s vir t ua is, u m
esque ma o per at ó r io cujo se nt ido só po ssu ir e mo s qua ndo so uber mo s ut il izar a pa lavr a e m
quest ão. E le d ist ingue: a) o s co nce it o s a pr io r i o u puro s ( as cat ego r ias do ent end ime nt o ) :
co nce it o de unid ade. de plur a l idade, de causa l idade et c. ; b) o s co nce it o s a po st er io r i o u
e mp ír ico s ( no çõ es ger ais de fin indo c las s es de o bjet o s) : co nce it o de ver t ebr ado, co nce it o
de pr azer et c.
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Ver it as, v. 58, n. 3, set . / dez. 2013, p. 567 - 597.
ht t p: // r evist ase let r o nica s. pucr s. br / o js/ in dex. p hp/ ver it as/ ar t ic le/ view/ 12957/ 1160 9
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V ist o que se diz a alma ser imo r t al, co mo de fat o é, a E scr it ur a não
d ir ia: “O ú nico ”, se a ver dade ir a i mo r t alidade não fo sse a i mut áve l,
da qua l ne nhu ma cr iat ur a é dot ada, já que est a imo r t alid ade per t ence
so me nt e ao Cr iado r .
E dando ênfase ao que afirma, menciona “há também o que diz Davi :
“E como uma vestidura, tu as mudas e ficam mudadas; tu, porém, és sempre o
mesmo” (Sl 101,27-28)”.
Pelo exposto, compreende -se que Agostinho defendia ser a Alma
imortal, assim como é possível ao homem contemplar as coisas divi nas, desde
que faça mudanças em si próprio , “purificando a mente”.
Pela passagem a seguir, defend e que o homem é renascido pela graça.
O que parece bem claro, pois quem renasce é porque já havia nascido
anteriormente. Mas a que termo pode ser compreendida esta afirmação?
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Ment e: ( lat . me ns, ment i s: esp ír it o ) T ermo s inô ni mo de "esp ír it o ". " int e lect o ",
"co nsc iê nc ia", ut il izado ent r et ant o ger alme nt e e m u m se nt ido ma is po s it iv o e
exper i me nt a l. Des ig na ass i m o co nju nt o de facu ldades o u po der es r acio na is do home m,
t ais co mo o pensa me nt o, a per cepção , a me mó r ia, a imag ina ção , o dese jo et c. As t eo r ias
subst anc ia l ist as, co mo a de Descar t es, supõ em que a me nt e exist e co mo t al: e nqua n t o que
as t eo r ias e mp ir ist as co mo a de Hume nã o co ns ider a m a me nt e co mo exist ent e por s i
me s ma, mas ape na s co mo o co nju nt o de suas fu nçõ es de pensar , per ceber et c. Opo st o a
co r po.
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chegar a Deus traça a estrada que a alma deve percorrer em seu interminável
processo de autoconhecimento, de tr ansformação e de crescimento ”. Afirma que
este processo de autoconhecimento pertence a um caminho espiritual, e que
para trilhar este , um guia se faz necessário, sendo este guia o conhecimento.
Todavia, argumenta também que se pode afirmar que este guia na verdade é
Deus, e não o conhecimento, “mas sendo Deus Onipresente, Ele é guia,
caminho, porto de chegada ”. E ponto de partida , continua . Menciona que “ para
os gnósticos, a gnose é imprescindível à alma em seu percurso de retorno à
origem”.
Fica evidente para Rosalie Pereira que Agostinho trilhou este
caminho, alcançando a Iluminação necessária, através da qual conseguiu
externar este Conhecimento e dar seguimento à própria trajetória de retorno à
origem.
SILVA (2008) 8 deixa claro que Agost inho, na sua busca por Deus,
não o encontra no além, mas dentro de si. E citando Agostinho, ratifica esta
afirmação quando diz:
E ssas duas pas sage ns de mo nst r a m que S ant o Ago st inho enco nt r a
Deus na su a a lma, no seu int er io r , e não no ext er io r ; a lé m d is so , par a
que e le pas se a se aut o co nhecer de ve, pr ime ir a me nt e, co nhecer a
Deus, deve pr ime ir o buscá - Lo , po is De us o co nhece ma is qu e a s i
me s mo ; e, ass i m, s e dá a busca de S ant o Ago st inho a Deus.
8
Col l oqui um Humanarum , Pr es ide nt e P r udent e, v. 5, n. 2, p. 46 - 58, dez. 2008 . DOI :
10. 5747/ ch. 2008. v05. n2. h059
9
C f. AGOS T I NHO. E l l i bre al bedrí o (De l i bero arbi t ri o) , p. 235: “Qui ergo sci t se vi vere,
rat i one non caret ”.
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FI GUR A – 1
UNI DADE
P AI FI LHO
T RI NDADE
E S P Í RIT O S ANT O
Fo nt e: P ró pr io aut o r ( 2018)
Agostinho mostra ser a Trindade uma Lei, pois da mesma forma que
o homem superior a ela está sujeito, também o está o homem inferior. Que é
aplicada no modo geral tanto quanto no modo particular.
Sobre justiça no homem afirma que somente a alma o é. “ Portanto é
em nós que conh ecemos o que é ser justo. ”
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Ele afirma ainda que somente amando a alma consegue aderir àquela
Forma ori ginal (Deus), justa, divina. E enfatiza, somente a própria Forma é tal
como é, e ninguém nem nada se assemelha a ela.
Em duas passagens esclarece sobre o verdadeiro amor e sobr e a Lei :
“Pois toda a lei está contida numa (Deus)só palavra : amarás o teu próximo como
a ti mesmo (ib. 5,14) ”, e segue, “Tudo aquilo, portanto, que quereis que os
homens vos façam, fazei -o vós a eles, porque isto é a Lei e os Profetas (Mt
7,12)”. Parece bastante evidente que quando fala da Lei se reporta claramente
a uma que dá retorno similar a todas as ações.
Mais uma vez fica bastante evidente que para Agostinho a vida usual,
do homem exterior, é o túmulo exterior, e que somente pelo homem interior se
tem acesso às “alegrias silenciosas do interior”. Que somente no íntimo de cada
um, na própria solidão da busca silenciosa, se pode chegar a Deus e se retornar
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Agostinho diz que Deus é Amor, e portanto, “Deus ama deveras quem
ama o amor”. E mais, que há aqui também a Trindade, ou seja, aplicação da
Lei. Pois estão presentes três realidades, a daquele que ama, a do que é amado
e do próprio amor.
FI GUR A – 2
Deus ( Be m)
Ho me m e xt er io r
Ho me m int er io r
Fo nt e: P ró pr io aut o r ( 2018)
Afirma que o que ama e o que é amado formam uma unidade, ou seja,
não são duas realidades distintas.
imagem de Deus. Que sua mente, seu amor e seu conhecimento também formam
uma unidade, mesmo sendo três realidades.
Ainda sobre este Verbo, que ele não se afasta de nós ao nascermos.
Portanto, afirma com isto que já nos acompanha mesmo antes de nascermos.
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I nt r ínseco ( do lat . t ar dio i nt ri nsecus) I nt r ínseco s ig ni f ica "que per t ence à nat ur eza de
a lgo , que lhe é int er io r ".
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“Por isso, todo aquele que se dedica ao estudo, ou seja, todo espírito
que deseja saber o que ignora, ama não o que desconhece, mas aquilo que sabe,
e em vista desse conhecimento deseja saber o que ainda não sabe ”.
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I nat o / adquir ido : Na linguage m fi lo só fic a, o inat o e o adquir ido se r est r ing e m
est r it a me nt e ao do mínio da t eo r ia do co nhec i me nt o , nada t endo a ver co m u ma d if er ença
qua lquer e nt r e o s ho me ns. Ass i m. as ide i as inat as, de fe nd idas po r Descar t es, são a s ide ia s
de no sso esp ír it o que não no s advê m pe l a exper iê nc ia. E x. : as ide ias de Deus, de causa, de
pensa me nt o. As ide ia s adqu ir idas, ao cont r ár io , são as que são apr eend idas pe la
exper iê nc ia: as ide ia s de co r, de co ns ist ênc ia, de sa bo r et c. Tr at a - se de uma d ist inção
esse nc ia l me nt e ló g ica, não cr o no ló g ica. E m t er mo s mo der no s, ps icó lo go s e bió lo go s
pr efer e m fa lar de d ispo s içõ es inat as; po r exe mp lo , no ho me m, a facu ldade de fa la r .
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I nco r r e em er r o a alma qua ndo se ide nt if ica t ant o a essas ima ge ns,
le vada po r t al a mo r , que ve m a co ns ider a r - se da me s ma nat ur eza que
e la s. As s i m d e cer t o mo do ass im i la - s e a e la s, não pe la e xist ênc i a
r ea l, mas pe lo pensa me nt o . Não que se co ns ider e u ma image m, mas
se ide nt if ica co m o o bjet o de que le va a imag e m e m s i mes ma.
E nt r et ant o , per ma ne ce ne la o ju ízo que a capac it a a d ist ingu ir o co r po
ext r ínseco da image m que e la le va e m s i. A não ser que essas image ns
se pr o duzam co mo se est ives se m fo r a de s i, e não po r r epr esent ação
no pens a me nt o int er io r . É o que aco nt ece co m o s que est ão ent r egues
ao so no, ao s pr ivado s da r azão o u ao s que se e nco nt r a m e nt r egues a
qua lquer t ipo de êxt ase.
por este como a realidade, é uma prova de que está entregue ao sono, entregue
em um mundo ilusório. Segundo ele, o mundo real somente é acessível pelo
interior, como já visto.
da mente, e , por isto, ela se conh ece e se quer sempre lembrando de si mesma ,
tendo inteligência e amor também de si.
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Univer sa l/ u niver sa is ( lat . uni versal es ) 1. Univer sa l é aqu i lo que se ap lica à t ot alidade,
que é vá lido e m qua lquer t empo o u lugar . *E ssênc ia, qua lidade es se nc ia l e xist ent e e m
t o do s o s ind ivíduo s de u ma mes ma esp éc ie e de fin indo - o s co mo t ais. P ar a P lat ão,
univer sa l é a fo r ma o u ide ia. S egundo Ar ist ót ele s, "u ma vez que há co isas u niv er s a is e
co isas s ingu lar es ( c ha mo univer sa l aqu i l o cuja nat ur eza é a fir mada de d iver so s su je it o s e
s ingu lar aqu i lo que não o po de ser : po r exe mp lo , ho me m é u m t er mo univer sa l, C á lia s, u m
t er mo ind iv idua l) " ( Da I nt er pr et ação, VII ) .
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I nt elig íve l: ( lat . i nt el l i gi bi l i s ) Que po de ser co mpr ee nd ido , que é acess íve l ao
ent end i me nt o hu ma no . 1. P ar a P lat ão , é o mundo das ide ia s o u fo r ma s, co nst it u íd o pelas
fo r ma s pur as das qua is o s o bjet o s no mu ndo sens íve l são có pias, se ndo po r nat ureza
i mut áve l, et er no , per fe it o . "No mu ndo int elig íve l, a id e ia de be m é per cebida po r ú lt imo e
a cust o . .. é causa de t udo quant o há de d ir e it o e be lo cm t o das as co isas " ( P lat ão ). Na
co ncepção plat ô nica, o mu ndo int e lig íve l co nst it u i a ver dade ir a r ea lidad e, exist indo
separ ada e aut o no ma me nt e do mu ndo sens íve l, o que faz co m que seu s cr ít ico s,
pr inc ipa l me nt e Ar ist ót eles, le va nt e m o pr o ble ma da d ific u ldade de r e lação ent r e o s do is
mu ndo s, de nat ur eza difer ent e e o po st a.
2. E m P lo t ino , t r aduz - se po r vezes o t ermo nous po r "int e ligê nc ia " o u "int e lig ív e l",
co nst it u indo e m sua o nt o lo g ia a segu nda e ma nação o u hipó st ase, t endo sua o r ige m no Uno
do qual se eng e ndr a pe la co nt e mp lação .
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Sobre o corpo e a alma diz que: “ E embora um corpo sem vida não
tenha sensações, a alma, no entanto, unida ao corpo sente através de um
instrumento corporal, instrumento esse chamado de sentido ...”. Sentido este
que deixa de se apresentar no corpo quando presente alguma limitação física.
Porém, a alma não sofre qualquer alteração com isto, permanece a mesma, pois
é perfeita e imortal.
Esclarece que a alma tem poder e influência sobre o corpo com tanta
intensidade que po de ser comparada a uma pessoa que se veste com uma roupa
e que com ela se ident ifica.
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3 CONCLUSÃO
Pelo que foi visto na obra Confissões pode ser observado que
Agostinho teve uma vida normal, pelo menos inicialmente, como de qualquer
outro homem de sua época.
AGOST INHO, Santo. A Trindade; 2ª ed. São Paulo: Editora Paulus, 1998.