A Árvore Do Bem e Do Mal

A árvore do bem e do mal
Jardim do Éden.
O Éden foi provavelmente uma região muito extensa na Mesopotâmia,
segundo se crer, distinto por sua beleza natural, riqueza e variedade de
produtos.1 Daí seu nome significar "delícia".2 Deus plantou um jardim "ao
oriente" - um parque extenso, um paraíso, e colocou o homem ali para ser
ensinado em piedade sob os seus cuidados.3
Árvore do conhecimento do bem e do mal
‫עֵץ הַ דַ עַת טֹוב ו ָָרע לאֹ תאֹ כַל‬
Gênesis 2 começa com uma das narrativas bíblicas mais conhecidas - a
história de Adão e Eva. Há surpreendentemente pouca referência a esta história
no restante da Bíblia hebraica, embora haja várias alusões ao jardim do Éden
como um lugar de fertilidade notável. Para claras alusões a Adão e Eva, temos
que esperar até Ben Sira, no início do segundo século a.C., e os Manuscritos do
Mar Morto.4
A história se concentra na criação da humanidade. Pouco é dito sobre a criação
do céu e da terra, exceto que eles são obra de YHWH, e que a terra não foi
regada inicialmente. O homem (adam é a palavra hebraica genérica para o ser
humano) é feito do pó da terra e animado pelo sopro da vida. 5 No mito
1
JAMIESON, Roberto; FAUSSET, A. R.; BROWN, David. Comentario Exegetico y Explicativo de la Biblia: el
Antiguo Testamento. El Paso: Casa Bautista de Publicações, 2003, p.19.
2
JAMIESON; FAUSSET; BROWN, 2003, p.19.
3
JAMIESON; FAUSSET; BROWN, 2003, p.19.
4
The Garden of Eden - Session 3. Disponível em:<https://divinity.yale.edu/sites/default/files/session-3-
garden-of-eden_0.pdf>.Acesso em 15 Ago./2019.
5
babilônico de Atrahasis, a humanidade também é feita de argila, misturada
nesse caso com a carne e o sangue de um deus morto.6 Na história bíblica, o
sopro de Deus é o elemento de origem divina na constituição humana. 7 Nesta
compreensão bastante simples, a vida vem com a respiração e cessa quando a
respiração parte: então os seres humanos retornam ao estado de barro.8
Duas árvores são destacadas neste jardim: a árvore da vida no meio do jardim e
a árvore do conhecimento do bem e do mal. (O significado preciso do
"conhecimento do bem e do mal" é contestado. Pode significar "conhecimento
universal", ou pode significar o poder do discernimento entre o bem e o mal -
cf. Is 7: 15-16, que se refere ao idade pela qual uma criança sabe como escolher o
bem e rejeitar o mal.).9 A simetria nos levaria a esperar que se uma árvore é a
árvore da vida, a correspondente deve ser a árvore da morte, e com certeza, é
dito a Adão que se ele comer dela, ele morrerá. A árvore não é introduzida a
Adão sob o nome negativo da morte, mas em seu aspecto atraente como a
árvore do conhecimento.10 O enredo da história depende da ideia de que Deus
não quer que a humanidade coma da árvore do conhecimento.11 A ideia de que
os deuses guardam zelosamente sua superioridade sobre a humanidade é
difundida no mundo antigo.12 Também é encontrada no mito grego de
Prometeu, o herói que foi condenado a torturar porque roubou fogo dos deuses
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para beneficiar a humanidade.13 Adão não é inicialmente proibido de comer da
árvore da vida.14
O enredo é complicado quando o Criador decreta que "não é bom que o homem
esteja só". Na conta J, o homem é permitido participação responsável na escolha
de seu companheiro.15 No processo, ele é autorizado a nomear todas as feras,
mas nenhuma delas é considerada uma parceira adequada para ele.16 Deus não
é um motor imóvel que produz a criação totalmente formada.17 Em vez disso, o
Criador procede por um processo de tentativa e erro e se envolve em
experiências malsucedidas.18 Esta é também a forma como a criação é
imaginada no mito babilônico da Atrahasis.19
Finalmente, Adão encontra uma parceira na mulher que é formada a partir de
sua costela.20 Se a maneira pela qual a mulher é criada implica a subordinação
da mulher ao homem é uma questão de disputa acirrada.21 Por dois mil anos, a
implicação da subordinação foi considerada óbvia. Nas palavras de São Paulo,
no curso de sua tentativa de argumentar que as mulheres deveriam cobrir suas
cabeças quando oram ou profetizam: "o homem não foi feito de mulher, mas a
mulher do homem. Nem o homem foi criado por causa da mulher, mas a
mulher por causa do homem "(1 Co 11. 8-9; cf. 1 Timóteo 2.13, que proíbe as
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mulheres de ensinar ou ter autoridade sobre os homens, porque" Adão foi
formado primeiro ").22
Até mesmo Paulo reconheceu a anomalia dessa afirmação. Ele acrescentou que
embora a mulher viesse do homem, "assim o homem vem através da mulher, e
todas as coisas vêm de Deus" (1 Coríntios 11:12) e que "no Senhor, a mulher não
é independente do homem, ou homem independente da mulher (v. 11). No
texto de Gênesis, a ênfase está na proximidade do vínculo entre homem e
mulher: Isto é finalmente osso dos meus ossos e carne de minha carne. . . . Por
isso, um homem deixa seu pai e sua mãe e se agarra à sua esposa, e eles se
tornam uma só carne.23 ”(Gn 2: 23-24: Geralmente no antigo Israel, a mulher
deixava a casa dos pais para morar com o marido; O texto de Gênesis reflete um
tempo em que isso não era o costume ou simplesmente significa que para um
homem o vínculo com sua esposa tem precedência sobre isso com seus pais).24
Apesar de tudo isso, no entanto, a reversão da ordem natural de nascimento,
por ter a mulher tirada do corpo do homem não pode ser negada.25
Os eventos do pecado de Adão e Eva são bem conhecidos. Depois da criação
deles na sexta-feira, Deus lhes dá exatamente um mandamento: "Coma de todos
as árvores do Jardim, mas não comem da Árvore do Conhecimento em o centro
do Jardim ”(Gênesis 2: 16-17). Eva é convencida pela serpente a comer, e ela
por sua vez convence Adão a comer. Neste ponto, Adão e Eva "percebem" que
estão nus e se escondem. Deus aparentemente “procura” por eles, e eles são
punidos e exilados do Jardim do Éden.26
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RUDMAN, Zave. In the Garden of Eden: reconstructing the drama of the Tree and the Snake. In: Jewish
Pathways, 2007, p.2.
No livro, Deveres do Coração, Rabbeinu Bachya, um filósofo de a "época de
ouro" do século XI dos judeus espanhóis, faz o seguinte observação: As partes
mais difíceis da Torá são aquelas que são mais familiares.27
A palavra para conhecimento, da'at, é usada mais tarde para descrever a união
conjugal entre Adão e Eva.28 Portanto, uma tradução alternativa poderia ser: a
Árvore da União entre o Bem e o Mal.29
A Árvore tinha um tremendo poder sedutor, principalmente em como isso
afetava os sentidos: Eva primeiro escuta a sedução da cobra. E é então atraída
pela aparência da árvore.30 “E quando a mulher viu que a árvore era… uma
delícia para os olhos… pegou da fruta e comeu ... ” (Gênesis 3: 6).
Quando Adão e Eva comem da árvore, isso desencadeia um novo modo
operandi para toda a experiência humana: os sentidos se tornam mais
poderosos que o intelecto.31 E porque todas as delícias sensoriais são por
natureza subjetiva, neste ponto o quadro de referência do homem se torna
pessoal em vez de universal. Assim, cada pessoa se sente com poderes para
decidir por si entre o certo e o errado e a confusão moral entra no mundo.32
A cobra
Uma figura muito enigmática nesta história é a cobra. Que tipo de animal é esse
que fala e tenta Adão e Eva?33 Na verdade, é difícil imaginarmos a serpente
porque parte da punição sobre ela envolvia sua metamorfose.34
Antes do pecado de Adão e Eva, encontramos a cobra descrita em detalhes na
Bíblia. Ela é descrita como um animal "astuto", que fala; anda e parece ter
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vontade própria.35 Era a mais habilidosa do que qualquer animal selvagem que
o Senhor Deus fizera.36Depois do pecado como punição ela terá que rastejar de
barriga e sua comida será sujeira, e haverá eterna inimizade entre ele e o
homem.37
Na tradição posterior, a serpente seria identificada como Satanás ou o diabo. 38
De acordo com o livro Sabedoria de Salomão (um texto judaico, escrito em
grego) a morte entrou no mundo "pela inveja do diabo" (Sab 2:24). 39 O livro do
Apocalipse se refere à "antiga serpente, que é chamada de Diabo e Satanás, o
enganador do mundo inteiro" (Apocalipse 12: 9). A figura do diabo, no entanto,
é uma retardatária na cena bíblica.40 Quando Satanás aparece na Bíblia hebraica
(no livro de Jó e novamente em Crônicas), ele ainda não é completamente "o
diabo" - em Jó ele aparece entre "os filhos de Deus" na corte celestial. 41 Nem a
serpente em Gênesis deve ser interpretada como o diabo.42 Os animais falantes
são um dispositivo padrão no gênero literário da fábula, que foi desenvolvido
mais notavelmente pelo escritor grego Esopo.43 A aparência de uma cobra
falante deve alertar até mesmo o leitor mais sofisticado para a natureza fictícia
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da história.44 A cobra articula a voz da tentação, mas ainda não é uma figura
mitológica como Satanás mais tarde se tornou.45
A cobra leva o casal humano a questionar a proibição divina contra comer da
árvore do conhecimento do bem e do mal: "Você não morrerá; porque Deus
sabe que quando você come dela seus olhos serão abertos, e você será como
Deus, conhecendo o bem e o mal".46 Então a mulher pega o fruto proibido e
come, e depois o oferece a Adão, e ele come. Então "os olhos de ambos foram
abertos e eles sabiam que estavam nus; e costuraram folhas de figueira e
fizeram roupas por si mesmos".47 O "conhecimento do bem e do mal" que eles
alcançaram não os torna como deuses, mas lhes dá autoconhecimento, e os
diferencia dos animais.48 Há uma analogia aqui com a figura de Enkidu no
épico babilônico de Gilgamesh.49
A avaliação da ação de Adão é severa. Primeiro Deus amaldiçoa a cobra e
condena-a a engatinhar e comer pó. Então ele diz à mulher que aumentará
muito sua dor na gravidez (um assunto que não havia sido mencionado
anteriormente).50
No entanto, ela é dito "o seu desejo será para o seu marido, e ele deve governar
sobre você" (3:16) .Finalmente, o homem é dito que "porque você escutou a voz
de sua esposa" e comeu do fruto proibido, o chão é amaldiçoado por sua
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causa.51 Deus então expulsa Adão e Eva do jardim, para que não estendam as
mãos e comam da árvore da vida e vivam para sempre.52
Mas o que era a cobra originalmente, o que ela faz merecer tal queda?53 A
maioria dos comentaristas cabalísticos iguala a cobra com o Yetzer Hara - as
tendências autodestrutivas de se afastar de Deus.54 Qual é a função do Yetzer
Hara?55 Por que tais tendências foram criadas? E por que uma cobra foi
escolhida para representar isso?56
O propósito de Deus criar o mundo era conceder bondade em humanidade.57
O bem final é não dar a alguém um presente, mas capacitá-lo a realizar por
conta própria.58 Imagine alguém treinando para as Olimpíadas com o seu
treinador servindo no papel do adversário: Se o treinador não se opuser a ele
com toda a sua força e astúcia, o atleta ficará chateado com ele. E quando o
aluno consegue superar o treinador, o treinador fica feliz com a própria queda -
já que é seu papel ser finalmente derrotado.59
O Yetzer Hara é o nosso treinador.60 Qualquer pessoa racional desejaria um
oponente digno de superar.61 Portanto, a cobra original era quase humana,
andando sobre as pernas, falando de forma inteligente e sendo capaz de
apresentar uma visão do mundo alternativa à de Deus.62 Nesse sentido, a cobra
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é o último servo de Deus e do homem.63 Ela é a força que nos dá a habilidade de
escolher entre duas cosmovisões.64 Quando a escolha foi entre o intelectual e
sensual, a cobra precisava ser capaz de tentar o homem com uma experiência
sensual.65 Portanto, a cobra era quase humana em suas habilidades.66 Quando o
homem falhou no teste, a própria cobra precisou passar por uma
metamorfose.67 Ela precisava se tornar o obstáculo e a tentação de uma
humanidade diferente, que agora poderia ser facilmente desviada.68 Assim, a
serpente racional inteligente torna-se uma criatura muda de morada.69 Toda a
sua comida tem gosto de terra. Ele está no chão sem capacidade de levantar-se,
e ela não pode sequer comunicar isso.70 Por quê? Originalmente, os frutos das
árvores - representando todos os níveis de prazer - eram acessíveis ao homem.71
Não havia nada faltando, desde que o "comando único" fosse observado.72
Somente depois do pecado o homem poderia pensar que o prazer seria
encontrado fora do serviço de Deus.73
Assim, assim como a cobra não pode apreciar nenhum prazer sem a sujeira, o
homem também não pode apreciar o nível mais elevado de prazer espiritual, a
menos que tenha algo físico junto com ele. 74Este é o nosso adversário, que é
apropriado para o mundo em que vivemos, pós-pecado.75
Nu e nua
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Adão e Eva começaram "nus e sem vergonha" (Gênesis 2:25), mas depois de
comer da Árvore do Conhecimento ", eles se tornaram conscientes de a sua
nudez, e fizeram para si roupas ”(Gênesis 3: 7).
Por que a mudança?
Antes de comer da árvore, Adão e Eva se viram primeiro, e acima de tudo,
como almas.76 Eles sabiam que a alma é a essência de um ser humano, com o
corpo servindo apenas como cobertura protetora.77
Desde que Adão e Eva estavam focados no lado espiritual, eles não eram auto-
conscientes sobre seus corpos.78
No entanto, depois de comer da árvore, a percepção humana do mundo físico
mudou.79 Os sentidos físicos são atraídos como se possuíssem um valor
próprio.80 Os olhos de Adão e Eva "se abriram" para um foco no corpo.81 O
corpo se tornou uma distração da alma e quando isso aconteceu, Adão e Eva se
envergonharam de seus corpos nus.82 Para um ser espiritual, pode haver
humilhação maior do que ser dimensionado como algo superficialmente
físico?83 Isso explica porque os animais, que não têm alma divina, nunca sentem
obrigados a vestir roupas. Mas para Adão e Eva, o corpo precisava ser coberto,
para não enfatizar o externo e deixar a alma brilhar.84
Envergonhado diante de Deus
Depois de Adão e Eva comer e perceber a mudança catastrófica que eles
causaram no mundo, eles tentam se esconder de Deus. Deus figurativamente
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vem procurando por eles, e chama para o vazio do mundo, "Adão, onde você
está?" No entanto, Deus não sabe onde eles estão?85 E Adão e Eva realmente
acham que podem se esconder?86
Adão e Eva estão envergonhados por sua nudez, mas desta vez o motivo não é
a falta física de roupas. É a vergonha estar diante de Deus. 87 Eles falharam na
única tarefa dada a eles e agora estão "nus" desprovido da mitzvot.88
Adão e Eva sabem que Deus tem todo o direito de lidar com eles duramente.89
Mas essa não é a abordagem de Deus.90
Ele lhes oferece uma chance de corrigir.91 Se Adão e Eva viessem
voluntariamente a Deus e reconhecessem seus erros, que em si poderia
desencadear uma reversão do dano causado.92Este é o conceito de teshuva:
reconhecer o erro de alguém e compromisso de não fazê-lo novamente.93
Deus gostaria de dar a Adão e Eva a chance de reconhecer suas ações.94 Mas em
vez disso, Adão culpa Eva e Eva culpa a cobra.95 E assim, Deus deve
implementar as consequências dolorosas, com o objetivo de corrigir o
comportamento defeituoso.96
A história da Árvore do Conhecimento é a história contínua da humanidade. 97
Estamos convencidos da exatidão de nossas ações. E quando errarmos Deus
apresenta outra chance de percebermos e admitirmos nosso erro:98 Se nós nos
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aproximarmos de Deus mais do que nunca.99 Mas se tentarmos egoisticamente
defender nossa posição, então nós iremos esculpir uma identidade separada da
Deus, e seremos colocando fora da verdadeira realidade.100
Embora no início Adão e Eva não tenham escolhido corretamente, nós hoje
podemos. E ao fazê-lo, poderemos corrigir esse pecado seminal e provocar um
retorno ao Éden, a era utópica para a qual todos nós tão desesperadamente
ansiamos.101
Mais do que a maioria das histórias, esse capítulo do Gênesis foi coberto
de interpretações teológicas que têm pouca base no texto hebraico.102
Desde a época de Santo Agostinho, a teologia cristã tem mantido a
doutrina do pecado original - a crença de que os seres depois de Adão nascem
em pecado.103Há uma base parcial para essa ideia no Novo Testamento, onde
São Paulo afirma que "a transgressão de um homem levou à condenação de
todos" e "pela desobediência de um homem muitos foram feitos pecadores" (Rm
5: 18-19) , mas não há sugestão disso no texto de Gênesis.104 A história de Adão
é paradigmática, na medida em que a tentação de comer o fruto proibido é
típica da experiência humana.105 Pode-se também supor que uma inclinação
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The Garden of Eden - Session 3. Disponível em:<https://divinity.yale.edu/sites/default/files/session-
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para o pecado é herdada de uma geração para outra.106Mas não há sugestão no
texto bíblico de que a culpa seja transmitida geneticamente.107
Igualmente infundada é a visão de que a responsabilidade pelo pecado está
com Eva e não com Adão.108 A ocorrência mais antiga dessa ideia é encontrada
no livro de Ben Sira no início do segundo século a.C: "De uma mulher o pecado
teve seu início e, por causa dela, todos nós morremos" (Sir 25:24).109 É repetido
no Novo Testamento em 1 Timóteo 2.14: "Adão não foi enganado, mas a mulher
foi enganada e se tornou uma transgressora".110
Pode-se inferir razoavelmente do texto de Gênesis que a serpente se aproximou
de Eva primeiro porque ela era mais fraca, mas Adão ainda tem a
responsabilidade primária na história.111 O comando foi dado a ele antes de Eva
ser criada.112 Só depois de terem comido ambos são os olhos abertos. Adão e
Eva sofrem igualmente das consequências de suas ações.113
Finalmente, as palavras de Deus para a serpente foram investidas com
significado teológico no cristianismo: "Eu porei inimizade entre você e a mulher
e entre a sua descendência e a dela; ele ferirá a sua cabeça e você ferirá o
calcanhar". O cristianismo católico tradicionalmente identifica a mulher como
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Maria, sua semente como Jesus e a serpente como Satanás.114 A passagem é
então lida como uma profecia do esmagamento de Satanás e inspirou
incontáveis estátuas de Maria com uma serpente sob seus pés. Tal interpretação
alegórica tem seu lugar em uma tradição religiosa, mas devemos estar cientes
de que isso não está implícito no texto hebraico.115
Como o versículo anterior, sobre a cobra rastejando sobre sua barriga e
comendo poeira, esta é uma etiologia, destinada a explicar um fato da
experiência - as cobras picam as pessoas e as pessoas matam as cobras.116
A história de Adão e Eva é uma história convincente, em grande parte porque a
atração do fruto proibido soa fiel à experiência humana, assim como a sensação
de que nosso gozo da felicidade paradisíaca provavelmente terá vida curta e
estará condenado à frustração.117 Deve-se enfatizar, no entanto, que a visão de
mundo dessa história é antitética à cultura ocidental moderna.118 Enquanto
Adão tem alcance livre sobre quase todo o jardim, o limite imposto pelo
mandamento divino é crucial.119 Obediência a uma autoridade superior é um
elemento essencial da ética bíblica. Para a cultura moderna, em contraste, o céu
é o limite e as pessoas são constantemente encorajadas a "ir em frente". 120 Pode-
se debater os méritos relativos das duas abordagens da vida, mas a diferença
fundamental entre elas deve ser reconhecida.121
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Gênesis 3
Agostinho foi um dos primeiros teólogos a usar a narrativa do capítulo três de
Gênesis para defender o conceito do pecado original e explicar a entrada do mal
em nosso mundo.122 Desde aquela época, as implicações das ações de Adão e
Eva se tornaram um dos pilares da teologia e do folclore.123 Entretanto, antes
que qualquer ato que ocorresse pudesse ser rotulado como pecado nesta
história, o elemento de uma escolha definida e significativa tinha que estar
presente.124 Para definir com mais clareza o que foi essa escolha, é importante
explorar o objeto principal da tentação: a árvore do conhecimento do bem e do
mal.125
Deve-se notar que uma análise detalhada das origens do texto bíblico em
questão está além do escopo deste estudo; eu vou estar lidando com os
primeiros capítulos de Gênesis na forma em que os encontramos hoje dentro de
seu contexto canônico.126 Além disso, as questões abordadas aqui são teológicas
e não relacionadas à crítica textual.127
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DOWNEY, Martha Elias. The original choice: The prohibition of the Tree of the Knowledge of good
and evil. Disponível
em:<https://www.academia.edu/8714835/The_Original_Choice_The_Prohibition_of_the_Tree_of_the_
Knowledge_of_Good_and_Evil?auto=download>.Acesso em 16 Ago./2019.
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Com isso em mente, a história dos primórdios será explorada principalmente
no que se refere à descrição dupla da árvore em questão.128 Além disso, uma
explicação será oferecida sobre a natureza e a razão da proibição, bem como o
significado subjacente desta proibição para o relacionamento entre o Criador e
sua criação.129 Finalmente, as repercussões da escolha serão delineadas e alguns
pensamentos fornecidos sobre as implicações que essa escolha original tem para
o conceito de pecado.130 É minha conclusão que o que está em jogo nesta história
não é o destino da humanidade, mas a confiabilidade e fidelidade do Criador.131
O palco estabelecido no segundo capítulo de Gênesis é um mundo criado por
Deus no qual ele insere uma criatura formada a partir do pó.132 Este homem é
então colocado em um jardim chamado Éden, onde é dada a vocação e
liberdade para comer livremente de qualquer árvore, exceto uma.133 A
consequência de desafiar esta diretiva é terrível: a morte. Para averiguar por
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que essa árvore específica foi associada a uma punição tão severa, é necessário
examinar a natureza dessa árvore e o que ela representa.134
A árvore é colocada dentro do contexto de um jardim chamado Éden, que
significa "prazer", um lugar associado à fertilidade e beleza.135 Outras
referências ao Éden apontam para o jardim como um lugar onde Deus habita,
referindo-se a ele como o "jardim de Deus".136
O símbolo de uma árvore ou planta sagrada é familiar na bíblica e literatura
antiga do Oriente Próximo.137
A história épica de Gilgamesh, de origem mesopotâmica, fala de uma planta
pela qual o herói recupera sua "respiração da vida", mas é roubado dele por
uma serpente.138 Outras histórias também se referem à "planta da vida" e à
"comida da vida".139
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O fio por trás desses textos é o conceito de uma árvore com poder de conferir
qualidades sobrenaturais, muitas vezes imortalidade, quando é ingerida.140 O
que há de singular nessas duas árvores nomeadas no Éden, em contraste com as
plantas que promovem a vida em outras literaturas comparadas, é a sua
naturalização, isto é, elas não possuem propriedades inerentemente
mágicas.141"Seus misteriosos poderes não existem separados da vontade de
Deus".142
O jardim, então, é o reino de Deus, onde tudo vem dele, está relacionado a ele
e é sustentado por ele.143 Este ponto é imperativo para uma compreensão
informada da árvore em questão.144
O significado por trás do conhecimento de O bem e o mal
A palavra hebraica traduzida "conhecimento" aqui carrega consigo um
sentido de experiência de vida e relacionamento, em vez de meramente
entendimento intelectual.145 E. Speiser entende que se refere tanto ao modo pelo
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145
qual o conhecimento é adquirido quanto à consciência resultante.146 Participar
da árvore que simboliza esse conhecimento resultaria em mudança relacional,
experiencial e intelectual.147
Existem várias interpretações diferentes da frase "o conhecimento do
bem e do mal", que podem ser agrupadas em quatro escolas comuns de
pensamento, como veremos a seguir.148
1. Discernimento Moral
Os parâmetros do bem e do mal são vistos como representando a escolha
moral.149 Speiser traduz esse conhecimento como a capacidade de distinguir
entre os dois.150 O discernimento a ser adquirido ao comer da árvore é uma
iluminação que permite a uma pessoa tomar a decisão correta quando
confrontada com opções boas e más.151 Alguns chamaram isso de
146
147
148
149
150
151
responsabilidade legal.152 Embora uma leitura superficial dessa frase pareça
implicar um certo fator moral, o dilema resultante de se deparar com uma
escolha moral (se aderir ou ignorar a proibição) antes de ser equipado para
discernir entre o certo e o errado é problemático.153
Esse dilema lança dúvida sobre a premeditação, responsabilidade e justa
intenção do criador em relação à sua criação.154 "Críticos dessa visão notam que
a própria proibição presume que o homem conhece a retidão da obediência e o
erro da desobediência, e pergunta como o Deus bíblico pode ser concebido
como desejando reter o discernimento moral do homem".155
Não se pode estudar a narrativa sem notar que uma certa moralidade
está implícita por já estar presente na humanidade pela natureza da
responsabilidade e vocação dada a ele e pela permissão e proibição colocada
diante dele.156 Portanto, a única leitura possível desta frase como significando
discernimento moral seria no sentido de expandir o conhecimento moral básico
152
153
154
155
156
preexistente da humanidade através da experiência real.157 No entanto, o
problema com essa interpretação do conhecimento como uma experiência mais
ampla é que, depois de Adão e Eva comerem do fruto, a responsabilidade
moral e legal são duas qualidades notavelmente ausentes.158 Eles são rápidos em
transferir a culpa e tentam evitar o criador da proibição ou da lei. 159
2. Conhecimento Sexual
Essa interpretação do "conhecimento do bem e do mal" está ligada a
outras referências sobre o verbo "saber", que se refere à intimidade sexual. 160
Além disso, há casos em que uma frase semelhante designa os jovens que
dizem não possuir este conhecimento ainda (Deuteronômio 1:39) e os antigos
que perderam isto (2 Sam. 19:35).161
As implicações sexuais do conhecimento do bem e do mal dentro do
contexto da narrativa de Gênesis são extraídas da observação de que,
imediatamente após a ingestão do fruto dessa árvore, o homem e a mulher
157
158
159
160
161
tomaram consciência de sua nudez.162 Além disso, o primeiro ato mencionado
após a dispensa do jardim é a intimidade sexual (Gênesis 4: 1).163
No entanto, vários detalhes da história revelam que a ênfase sexual desse
conhecimento particular é uma interpretação fraca. 164 Primeiro, o homem
recebeu a proibição antes da criação da mulher.165 Em segundo lugar, a
sexualidade dos humanos parecia estabelecida antes que a serpente aparecesse
(Gênesis 2: 23-25).166
Em terceiro lugar, seria incongruente para Deus negar a consciência
sexual e, portanto, a procriação para a humanidade, especialmente
considerando a ordem de multiplicar dada em Gênesis 1:28. 167 Embora se possa
argumentar que o mandato de procriar pertencesse a uma conta de criação
diferente, as implicações não devem ser inteiramente abandonada.168 À luz
dessas indicações, qualquer inferência de que o conhecimento sexual estava
162
163
164
165
166
167
168
errado para a humanidade ou reservado apenas para Deus parece
inconcebível.169
A interpretação do conhecimento do bem e do mal como implicando o
contato sexual, apesar de ter pouco apoio textual, poderia ser um tanto
sustentável se vista como parte de uma proibição maior que era temporária -
um atraso até que a humanidade atingisse algum nível de maturidade.170Este é
o principal argumento apresentado no próximo ponto de vista.171
3. Maturidade e Sabedoria
Alguns estudiosos acreditam que Adão e Eva foram como crianças nesta
história, inocentes e ignorantes.172 Eles argumentaram que como resultado de
comer da árvore proibida, Adão e Eva tiveram que arcar com as
responsabilidades e preocupações comum aos adultos.173No entanto, não é bem
certo por que Deus proibiria que seus filhos obtivessem sabedoria, pois não há
menção à proibição sendo levantada em algum momento no futuro, quando
169
170
171
172
173
melhor equipado para receber esse conhecimento, e se este fosse o caso,
certamente teria sido vital para a história.174
Além disso, a sabedoria é consistentemente apresentada como desejável e útil
para a vida em outros textos bíblicos, especialmente Provérbios, e descrita como
um atributo a ser muito procurado, e não algo a ser ignorado.175
Outro aspecto da interpretação da maturidade é ver o conhecimento do
bem e do mal como se referindo a faculdades adicionais, embora inapropriadas,
para os seres humanos.176 A mais convincente das habilidades não-indicadas
sugeridas é a autodeterminação.177
A teoria oferecida por alguns autores de que o ganho de conhecimento
ou sabedoria levaria à autonomia humana que contrariaria o propósito de Deus
tem pouco apoio de outros textos bíblicos referentes à sabedoria. 178 Como
mencionado anteriormente, isso isolaria essa história da continuidade das
escrituras.179
174
175
176
177
178
179
Uma autodeterminação resultante oferece alguma explicação para a referência
de que participar do fruto dessa árvore tornaria a humanidade semelhante a
Deus em algum aspecto (Gênesis 3.22).180
A questão óbvia, então, é se alguma dessas qualidades era aparente nos seres
humanos após sua escolha de comer da árvore.181Há pouca evidência para
apoiar qualquer ganho de sabedoria para Adão e Eva, a menos que se possa
contar a presença de culpa, vergonha e medo como elementos dessa virtude ou
como passos em direção à maturidade.182
Também deve ser notado que a autodeterminação estava inegavelmente
presente não apenas na escolha de comer a fruta, mas nos eventos que levaram
a ela.183 Isso torna isso um tanto ambíguo como um efeito definitivo que entrou
em jogo exclusivamente depois que a escolha foi feita.184
4. Conhecimento Universal
180
181
182
183
184
O termo "bem e mal" também pode ser lido como um merismo, que é
uma figura de linguagem que nomeia os dois extremos para indicar inclusão do
espectro total do assunto.185 Portanto, esse conhecimento abrangeria certa
totalidade do que é ser conhecido.186 Um exemplo dessa frase exata e sua
explicação posterior podem ser encontrados em 2 Samuel 14. 17-20, onde Davi é
referido como tendo "bom discernimento e do mal" e algumas frases mais tarde
citado como aquele que conhece "todas as coisas que estão no terra."187
Pode-se dizer que o conhecimento se refere à sabedoria especial que
pertencia somente ao domínio de Deus, cuja aquisição estava além da
compreensão da humanidade.188 A importância de evitar este “conhecimento
divino” é mais compreensível à luz do maior propósito de preservar a relação
entre o criador e a criação, protegendo as criaturas humanas limitadas e talvez
frágeis de um fardo pesado muito grande para elas suportarem com
responsabilidade.189 Mais uma vez, não está claro se o espectro de conhecimento
da humanidade aumentou em grande parte com a quebra da proibição. 190
Certamente, havia uma nova consciência de sua nudez e vulnerabilidade, bem
185
186
187
188
189
190
como sua situação alterada em relação ao seu criador, mas os humanos também
pareciam mais confusos e incertos do que antes do incidente com a árvore.191
Cada uma das interpretações mencionadas acima se rompe em algum momento
quando inserida na história e extrapolada à luz dos eventos circundantes. 192 É
interessante notar que o escritor de Gênesis nunca oferece uma descrição clara
ou explicação desta árvore.193
Como o propósito da proibição não pode ser encontrado, pelo menos
com clareza suficiente, dentro do nome dado à árvore proibida, a resposta deve
ser encontrada em outro lugar dentro da história.194
191
192
193
194

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A árvore do bem e do mal

O Éden foi provavelmente uma região muito extensa na Mesopotâmia,

segundo se crer, distinto por sua beleza natural, riqueza e variedade de

oriente" - um parque extenso, um paraíso, e colocou o homem ali para ser

ensinado em piedade sob os seus cuidados.3

Árvore do conhecimento do bem e do mal

‫עֵץ הַ דַ עַת טֹוב ו ָָרע לאֹ תאֹ כַל‬

Gênesis 2 começa com uma das narrativas bíblicas mais conhecidas - a

história de Adão e Eva. Há surpreendentemente pouca referência a esta história

no restante da Bíblia hebraica, embora haja várias alusões ao jardim do Éden

A história se concentra na criação da humanidade. Pouco é dito sobre a criação

regada inicialmente. O homem (adam é a palavra hebraica genérica para o ser

humano) é feito do pó da terra e animado pelo sopro da vida. 5 No mito

nesse caso com a carne e o sangue de um deus morto.6 Na história bíblica, o

sopro de Deus é o elemento de origem divina na constituição humana. 7 Nesta

compreensão bastante simples, a vida vem com a respiração e cessa quando a

respiração parte: então os seres humanos retornam ao estado de barro.8

a árvore do conhecimento do bem e do mal. (O significado preciso do

"conhecimento do bem e do mal" é contestado. Pode significar "conhecimento

universal", ou pode significar o poder do discernimento entre o bem e o mal -

árvore da vida, a correspondente deve ser a árvore da morte, e com certeza, é

árvore do conhecimento.10 O enredo da história depende da ideia de que Deus

não quer que a humanidade coma da árvore do conhecimento.11 A ideia de que

os deuses guardam zelosamente sua superioridade sobre a humanidade é

difundida no mundo antigo.12 Também é encontrada no mito grego de

esteja só". Na conta J, o homem é permitido participação responsável na escolha

de seu companheiro.15 No processo, ele é autorizado a nomear todas as feras,

é um motor imóvel que produz a criação totalmente formada.17 Em vez disso, o

Criador procede por um processo de tentativa e erro e se envolve em

experiências malsucedidas.18 Esta é também a forma como a criação é

imaginada no mito babilônico da Atrahasis.19

Finalmente, Adão encontra uma parceira na mulher que é formada a partir de

sua costela.20 Se a maneira pela qual a mulher é criada implica a subordinação

implicação da subordinação foi considerada óbvia. Nas palavras de São Paulo,

no curso de sua tentativa de argumentar que as mulheres deveriam cobrir suas

formado primeiro ").22

embora a mulher viesse do homem, "assim o homem vem através da mulher, e

é independente do homem, ou homem independente da mulher (v. 11). No

texto de Gênesis, a ênfase está na proximidade do vínculo entre homem e

tornam uma só carne.23 ”(Gn 2: 23-24: Geralmente no antigo Israel, a mulher

Apesar de tudo isso, no entanto, a reversão da ordem natural de nascimento,

Os eventos do pecado de Adão e Eva são bem conhecidos. Depois da criação

deles na sexta-feira, Deus lhes dá exatamente um mandamento: "Coma de todos

as árvores do Jardim, mas não comem da Árvore do Conhecimento em o centro

do Jardim ”(Gênesis 2: 16-17). Eva é convencida pela serpente a comer, e ela

punidos e exilados do Jardim do Éden.26

ouro" do século XI dos judeus espanhóis, faz o seguinte observação: As partes

mais difíceis da Torá são aquelas que são mais familiares.27

Árvore da União entre o Bem e o Mal.29

A Árvore tinha um tremendo poder sedutor, principalmente em como isso

afetava os sentidos: Eva primeiro escuta a sedução da cobra. E é então atraída

delícia para os olhos… pegou da fruta e comeu ... ” (Gênesis 3: 6).

Quando Adão e Eva comem da árvore, isso desencadeia um novo modo

operandi para toda a experiência humana: os sentidos se tornam mais

poderosos que o intelecto.31 E porque todas as delícias sensoriais são por

natureza subjetiva, neste ponto o quadro de referência do homem se torna

decidir por si entre o certo e o errado e a confusão moral entra no mundo.32

que fala e tenta Adão e Eva?33 Na verdade, é difícil imaginarmos a serpente

porque parte da punição sobre ela envolvia sua metamorfose.34

Antes do pecado de Adão e Eva, encontramos a cobra descrita em detalhes na

Na tradição posterior, a serpente seria identificada como Satanás ou o diabo. 38

De acordo com o livro Sabedoria de Salomão (um texto judaico, escrito em

Apocalipse se refere à "antiga serpente, que é chamada de Diabo e Satanás, o

enganador do mundo inteiro" (Apocalipse 12: 9). A figura do diabo, no entanto,