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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO AO CURSO. 4
1.1 Importância do estudo dos solos 4
1.2 A mecânica dos solos, a geotecnia e disciplinas relacionadas. 4
1.3 Aplicações de campo da mecânica dos solos. 5
1.4 Desenvolvimento do curso. 5
5. LIMITES DE CONSISTÊNCIA. 32
5.1 Noções básicas 32
5.2 Estados de consistência. 32
5.3 Determinação dos limites de consistência. 33
5.4 Índices de consistência 36
5.5 Alguns conceitos importantes. 36
7. ÍNDICES FÍSICOS. 49
7.1 Introdução. 49
7.2 Relações entre volumes. 49
7.3 Relação entre pesos e volumes - pesos específicos ou entre massas e volumes - massa
específica. 50
7.4 Diagrama de fases. 51
7.5 Utilização do diagrama de fases para a determinação das relações entre os diversos
índices físicos. 52
7.6 Densidade relativa 52
7.7 Ensaios necessários para determinação dos índices físicos. 53
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9. COMPACTAÇÃO. 77
9.1 Introdução 77
9.2 O emprego da compactação 77
9.3 Diferenças entre compactação e adensamento. 77
9.4 Ensaio de compactação 78
9.5 Curva de compactação. 78
9.6 Energia de compactação. 80
9.7 Influência da compactação na estrutura dos solos. 81
9.8 Influência do tipo de solo na curva de compactação 82
9.9 Escolha do valor de umidade para compactação em campo 82
9.10 Equipamentos de campo 83
9.11 Controle da compactação. 86
9.12 Índice de suporte Califórnia (CBR). 89
1. INTRODUÇÃO AO CURSO
Por ser o solo um material natural, cujo processo de formação não depende de forma
direta da intervenção humana, o seu estudo e o entendimento de seu comportamento depende
de uma série de conceitos desenvolvidos em ramos afins de conhecimento. A mecânica dos
solos é o estudo do comportamento de engenharia do solo quando este é usado ou como
material de construção ou como material de fundação. Ela é uma disciplina relativamente
jovem da engenharia civil, somente sistematizada e aceita como ciência em 1925, após
trabalho publicado por Terzaghi (Terzaghi, 1925), que é conhecido, com todos os méritos,
como o pai da mecânica dos solos. Um entendimento dos princípios da mecânica dos sólidos
é essencial para o estudo da mecânica dos solos. O conhecimento e aplicação de princípios de
outras matérias básicas como física e química são também úteis no entendimento desta
disciplina. Por ser um material de origem natural, o processo de formação do solo, o qual é
estudado pela geologia, irá influenciar em muito no seu comportamento. O solo, como
veremos adiante, é um material trifásico, composto basicamente de ar, água e partículas
sólidas. A parte fluida do solo (ar e água) pode se apresentar em repouso ou pode se
movimentar pelos seus vazios mediante a existência de determinadas forças. O movimento da
fase fluida do solo é estudado com base em conceitos desenvolvidos pela mecânica dos
fluidos. Pode-se citar ainda algumas disciplinas, como a física dos solos, ministrada em
cursos de agronomia, como de grande importância no estudo de uma mecânica dos solos mais
avançada, denominada de mecânica dos solos não saturados. Além disto, o estudo e o
desenvolvimento da mecânica dos solos são fortemente amparados em bases experimentais, a
partir de ensaios de campo e laboratório.
Este curso de mecânica dos solos pode ter sua parte teórica dividida em duas partes:
uma parte envolvendo os tópicos origem e formação dos solos, textura e estrutura dos solos,
análise granulométrica, estudo das fases ar-água-partículas sólidas, limites de consistência,
índices físicos e classificação dos solos, onde uma primeira aproximação é feita com o tema
solos e uma segunda parte, envolvendo os tópicos tensões geostáticas e induzidas,
compactação, permeabilidade dos solos, compressibilidade dos solos, resistência ao
cisalhamento, estabilidade de taludes e empuxos de terra e estruturas de contenção, onde um
tratamento mais fundamentado na ótica da engenharia civil é dado aos solos.
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Quando mencionamos a palavra solo já nos vem a mente uma idéia intuitiva do que se
trata. No linguajar popular a palavra solo está intimamente relacionada com a palavra terra, a
qual poderia ser definida como material solto, natural da crosta terrestre onde habitamos,
utilizado como material de construção e de fundação das obras do homem. Uma definição
precisa e teoricamente sustentada do significado da palavra solo é contudo bastante difícil, de
modo que o termo solo adquire diferentes conotações a depender do ramo do conhecimento
humano que o emprega. Para a agronomia, o termo solo significa o material relativamente
fofo da crosta terrestre, consistindo de rochas decompostas e matéria orgânica, o qual é capaz
de sustentar a vida. Desta forma, os horizontes de solo para agricultura possuem em geral
pequena espessura. Para a geologia, o termo solo significa o material inorgânico não
consolidado proveniente da decomposição das rochas, o qual não foi transportado do seu local
de formação. Na engenharia, é conveniente definir como rocha aquilo que é impossível
escavar manualmente, que necessite de explosivo para seu desmonte. Chamamos de solo, em
engenharia, a rocha já decomposta ao ponto granular e passível de ser escavada apenas com o
auxílio de pás e picaretas ou escavadeiras.
A crosta terrestre é composta de vários tipos de elementos que se interligam e formam
minerais. Esses minerais poderão estar agregados como rochas ou solo. Todo solo tem origem
na desintegração e decomposição das rochas pela ação de agentes intempéricos ou antrópicos.
As partículas resultantes deste processo de intemperismo irão depender fundamentalmente da
composição da rocha matriz e do clima da região. Por ser o produto da decomposição das
rochas, o solo invariavelmente apresenta um maior índice de vazios do que a rocha mãe,
vazios estes ocupados por ar, água ou outro fluido de natureza diversa. Devido ao seu
pequeno índice de vazios e as fortes ligações existentes entre os minerais, as rochas são
coesas, enquanto que os solos são granulares. Os grãos de solo podem ainda estar
impregnados de matéria orgânica. Desta forma, podemos dizer que para a engenharia, solo é
um material granular composto de rocha decomposta, água, ar (ou outro fluido) e
eventualmente matéria orgânica, que pode ser escavado sem o auxílio de explosivos.
2.2. Intemperismo
constante de dilatação térmica diferente, o que faz a rocha deformar de maneira desigual em
seu interior, provocando o aparecimento de tensões internas que tendem a fraturá-la. Mesmo
rochas com uma uniformidade de componentes não têm uma arrumação que permita uma
expansão uniforme, pois grãos compridos deformam mais na direção de sua maior dimensão,
tendendo a gerar tensões internas e auxiliar no seu processo de desagregação.
Como vimos, todo solo provem de uma rocha pré-existente, mas dada a riqueza da sua
formação não é de se esperar do solo uma estagnação a partir de um certo ponto. Como em
tudo na natureza, o solo continua suas transformações, podendo inclusive voltar a ser rocha.
De forma simplificada, definiremos a seguir um esquema de transformações que vai do
magma ao solo sedimentar e volta ao magma (fig. 2.1).
No interior do Globo Terrestre, graças às elevadas pressões e temperaturas, os
elementos químicos que compõe as rochas se encontram em estado líqüido, formando o
magma (fig. 2.1 -6).
A camada sólida da Terra pode romper-se em pontos localizados e deixar escapar o
magma. Desta forma, haverá um resfriamento brusco do magma (fig. 2.1 linha 6-1), que se
transformará em rochas ígneas, nas quais não haverá tempo suficiente para o desenvolvimento
de estruturas cristalinas mais estáveis. O processo indicado pela linha 6-1 é denominado de
extrusão vulcânica ou derrame e é responsável pela formação da rocha ígnea denominada de
basalto. A depender do tempo de resfriamento, o basalto pode mesmo vir a apresentar uma
estrutura vítrea. Quando o magma não chega à superfície terrestre, mas ascende a pontos mais
próximos à superfície, com menor temperatura e pressão, ocorre um resfriamento mais lento
(fig. 2.1 linha 6-7), o que permite a formação de estruturas cristalinas mais estáveis, e,
portanto, de rochas mais resistentes, denominadas de intrusivas ou plutônicas (diabásio, gabro
e granito). Denominam-se normalmente de batólitos os grandes blocos de rocha intrusiva
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Uma vez exposta, (fig. 2.1-1), a rocha sofre a ação das intempéries e forma os solos
residuais (fig. 2.1-2), os quais podem ser transportados e depositados sobre outro solo de
qualquer espécie ou sobre uma rocha (fig. 2.1 linha 2-3), vindo a se tornar um solo
sedimentar. A contínua deposição de solos faz aumentar a pressão e a temperatura nas
camadas mais profundas, que terminam por ligarem seus grãos e formar as rochas
sedimentares (fig. 2.1 linha 3-4), este processo chama-se litificação ou diagênese.
As rochas sedimentares podem, da mesma maneira que as rochas ígneas, aflorarem à
superfície e reiniciar o processo de formação de solo ( fig. 2.1 linha 4-1), ou de forma
inversa, as deposições podem continuar e conseqüentemente prosseguir o aumento de pressão
e temperatura, o que irá levar a rocha sedimentar a mudar suas características texturais e
mineralógicas, a achatar os seus cristais de forma orientada transversalmente à pressão e a
aumentar a ligação entre os cristais (fig. 2.1 linha 4-5). O material que surge daí tem
características tão diversas da rocha original, que muda a sua designação e passa a se chamar
rocha metamórfica.
Naturalmente, a rocha metamórfica está sujeita a ser exposta (fig. 2.1 linha 5-1),
decomposta e formar solo. Se persistir o aumento de pressão e temperatura graças à deposição
de novas camadas de solo, a rocha fundirá e voltará à forma de magma (fig. 2.1 linha 5-6).
Obviamente, todos esses processos. com exceção do vulcanismo e de alguns transportes mais
rápidos, ocorrem numa escala de tempo geológica, isto é, de milhares ou milhões de anos.
As rochas metamórficas podem se originar também da transformação de rochas ígneas
por níveis de pressão e temperatura elevados. O Gnaisse, por exemplo, é muito encontrado no
Rio de Janeiro (RJ). Este tipo de rocha que constitui o Corcovado e o Pão de Açúcar. A
origem dessa rocha se dá da transformação granito. A fig. 2.2 ilustra o formato achatado dos
grãos de Gnaisse do Arpoador, no Rio de Janeiro
(a) (b)
Figura 2.3 – (a) Colunas hexagonais de basalto expostas na ilha de Staffa, na
Irlanda. (b) Caverna com teto de calcário e colunas de basalto, no mesmo local. (Despertai,
08/11/2005)
São solos que permanecem no local de decomposição da rocha. Para que eles ocorram
é necessário que a velocidade de decomposição da rocha seja maior do que a velocidade de
remoção do solo por agentes externos. A velocidade de decomposição depende de vários
fatores, entre os quais a temperatura, o regime de chuvas e a vegetação. As condições
existentes nas regiões tropicais são favoráveis a degradações mais rápidas da rocha, razão
pela qual há uma predominância de solos residuais nestas regiões (centro sul do Brasil, por
exemplo). Como a ação das intempéries se dá, em geral, de cima para baixo, as camadas
superiores são, via de regra, mais trabalhadas que as inferiores. Este fato nos permite
visualizar todo o processo evolutivo do solo, de modo que passamos de uma condição de
rocha sã, para profundidades maiores, até uma condição de solo residual maduro, em
superfície. A fig. 2.4 ilustra um perfil típico de solo residual.
Conforme se pode observar da fig. 2.4, a rocha sã passa paulatinamente à rocha
fraturada, depois ao saprolito, ao solo residual jovem e ao solo residual maduro. Em se
tratando de solos residuais, é de grande interesse a identificação da rocha sã, pois ela
condiciona, entre outras coisas, a própria composição química do solo. A rocha alterada
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caracteriza-se por uma matriz de rocha possuindo intrusões de solo, locais onde o
intemperismo atuou de forma mais eficiente. O solo saprolítico ainda guarda características da
rocha mãe e tem basicamente os mesmos minerais, porém a sua resistência já se encontra
bastante reduzida. Este pode ser caracterizado como uma matriz de solo envolvendo grandes
pedaços de rocha altamente alterada. Visualmente pode confundir-se com uma rocha alterada,
mas apresenta relativamente a rocha pequena resistência ao cisalhamento. Nos horizontes
saprolíticos é comum a ocorrência de grandes blocos de rocha denominados de matacões,
responsáveis por muitos problemas quando do projeto de fundações.
Solo maduro
Solo jovem
Deformabilidade
Resistência
Saprolito
Rocha alterada
Rocha sã
O solo residual jovem apresenta boa quantidade de material que pode ser classificado
como pedregulho (# > 4,8 mm). Geralmente são bastante irregulares quanto a resistência
mecânica, coloração, permeabilidade e compressibilidade, já que o processo de transformação
não se dá em igual intensidade em todos os pontos, comumente existindo blocos da rocha no
seu interior. Pode-se dizer também que nos horizontes de solo jovem e saprolítico as
sondagens a percussão a serem realizadas devem ser revestidas de muito cuidado, haja vista
que a presença de material pedregulhoso pode vir a danificar os amostradores utilizados,
vindo a mascarar os resultados obtidos.
Os solos maduros, mais próximos à superfície, são mais homogêneos e não
apresentam semelhanças com a rocha original. De uma forma geral, há um aumento da
resistência ao cisalhamento, da textura (granulometria) e da heterogeneidade do solo com a
profundidade, razão esta pela qual a realização de ensaios de laboratório em amostras de solo
residual jovem ou do horizonte saprolítico é bastante trabalhosa.
No Recôncavo Baiano é comum a ocorrência de solos residuais oriundos de rochas
sedimentares. Um perfil típico de solo do recôncavo Baiano é apresentado na fig. 2.5, sendo
constituído de camadas sucessivas de argila e areia, coerente com o material que foi
depositado no local. Merece uma atenção especial o solo formado pela decomposição da
rocha sedimentar denominada de folhelho, muito comum no Recôncavo Baiano. Esta rocha,
quando decomposta, produz uma argila conhecida popularmente como "massapê", que tem
como mineral constituinte a montimorilonita, apresentando grande potencial de expansão na
presença de água. As constantes mudanças de umidade a que o solo está submetido provocam
variações de volume que geram sérios problemas nas construções (aterros ou edificações)
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assentes sobre estes solos. A fig. 2.6 apresenta fotos que ilustram alguns dos aspectos de um
Folhelho/Massapê comumente encontrado em Pojuca, Região Metropolitana de Salvador. Na
fig. 2.6(a) pode-se notar o aspecto extremamente fraturado do folhelho alterado enquanto na
fig. 2.6(b) nota-se a existência de uma grande quantidade de trincas de tração originadas pela
secagem do solo ao ser exposto à atmosfera.
(a) (b)
Figura 2.6- Características do Folhelho/Massapê, encontrado em Pojuca-BA. (a) -
Folhelho alterado e (b) - Retração típica do solo ao sofrer secagem.
Os solos sedimentares ou transportados são aqueles que foram levados ao seu local
atual por algum agente de transporte e lá depositados. As características dos solos
sedimentares são função do agente de transporte. Cada agente de transporte seleciona os grãos
que transporta com maior ou menor facilidade, além disto, durante o transporte, as partículas
de solo se desgastam e/ou quebram. Resulta daí um tipo diferente de solo para cada tipo de
transporte. Esta influência é tão marcante que a denominação dos solos sedimentares é feita
em função do agente de transporte predominante. Pode-se listar os agentes de transporte, por
ordem decrescente de seletividade, da seguinte forma:
Os agentes naturais citados acima não devem ser encarados apenas como agentes de
transporte, pois eles têm uma participação ativa no intemperismo e portanto na formação do
próprio solo, o que ocorre naturalmente antes do seu transporte.
O transporte pelo vento dá origem aos depósitos eólicos de solo. Em virtude do atrito
constante entre as partículas, os grãos de solo transportados pelo vento geralmente possuem
forma arredondada. A capacidade do vento de transportar e erodir é muito maior do que possa
parecer à primeira vista. Vários são os exemplos de construções e até cidades soterradas
parcial ou totalmente pelo vento, como foram os casos de Itaúnas - ES e Tutóia - MA; os
grãos mais finos do deserto do Saara atingem em grande escala a Inglaterra, percorrendo uma
distância de mais de 3000km!. Como a capacidade de transporte do vento depende de sua
velocidade, o solo é geralmente depositado em zonas de calmaria.
O transporte eólico é o mais seletivo tipo de transporte das partículas do solo. Se por
um lado grãos maiores e mais pesados não podem ser transportados, os solos finos, como as
argilas, têm seus grãos unidos pela coesão, formando torrões dificilmente levados pelo vento.
Esse efeito também ocorre em areias e siltes saturados (falsa coesão) o que faz da linha de
lençol freático (definida por um valor de pressão da água intersticial igual a atmosférica) um
limite para a atuação dos ventos.
Pode-se dizer portanto que a ação do transporte do vento se restringe ao caso das
areias finas ou silte. Por conta destas características, os solos eólicos possuem grãos de
aproximadamente mesmo diâmetro, apresentando uma curva granulométrica denominada de
uniforme. São exemplos de solos eólicos:
- As dunas
Vento
Mar
- Os solos Loéssicos
Formado por deposições sobre vegetais que ao se decomporem deixam seu molde no
maciço, o Loess é um solo bastante problemático para a engenharia, pois a despeito de uma
capacidade de formar paredões de altura fora do comum e inicialmente suportar grandes
esforços mecânicos, podem se romper completa e abruptamente devido ao umedecimento.
O Loess, comum na Europa oriental, geralmente contem grandes quantidades de cal,
responsável por sua grande resistência inicial. Quando umedecido, contudo, o cimento
calcáreo existente no solo pode ser dissolvido e solo entra em colapso.
São solos resultantes do transporte pela água e sua textura depende da velocidade da
água no momento da deposição, sendo freqüente a ocorrência de camadas de granulometrias
distintas, devidas às diversas épocas de deposição. O transporte pela água é bastante
semelhante ao transporte realizado pelo vento, porém algumas características importantes os
distinguem:
a) Viscosidade - por ser mais viscosa a água tem uma capacidade de transporte
maior, transportando grãos de tamanhos diversos.
b) Velocidade e Direção - ao contrário do vento que em um minuto pode soprar com
forças e direções bastante diferenciadas, a água têm seu roteiro mais estável; suas
variações de velocidade tem em geral um ciclo anual e as mudanças de direção
estão condicionadas ao próprio processo de desmonte e desgaste do relevo.
c) Dimensão das Partículas - os solos aluvionares fluviais são, via de regra, mais
grossos que os eólicos, pois as partículas mais finas mantêm-se sempre em
suspensão e só se sedimentam quando existe um processo químico que as flocule
(isto é o que acontece no mar ou em alguns lagos).
d) Eliminação da Coesão - vimos que o vento não pode transportar os solos argilosos
devido a coesão entre os seus grãos. A presença de água em abundância diminui
este efeito; com isso somam-se as argilas ao universo de partículas transportadas
pela água.
- Solos pluviais
A água das chuvas pode ser retida em vegetais ou construções, podendo se evaporar a
partir daí. Ela pode se infiltrar no solo ou escoar sobre este e, neste caso, a vegetação rasteira
funciona como elemento de fixação da parte superficial do solo ou como um tapete
impermeabilizador (para as gramíneas), sendo um importante elemento de proteção contra a
erosão.
A água que se infiltra pode carrear grãos finos através dos poros existentes nos solos
grossos, mas este transporte é raro e pouco volumoso, portanto de pouca relevância em
relação à erosão superficial. De muito maior importância é o solo que as águas das chuvas
levam ao escoar de pontos mais elevados no relevo aos vales. Os vales contém rios ou riachos
que serão alimentados não só da água que escoa das escarpas, como também de matéria
sólida.
- Solos fluviais
Os rios durante sua existência têm várias fases. Em áreas de formação geológicas mais
recentes, menos desgastadas, existem irregularidades topográficas muito grandes e por isso os
rios têm uma inclinação maior e conseqüentemente uma maior velocidade. Existem vários
fatores determinantes da capacidade de erosão e transporte dos rios, sendo a velocidade a
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mais importante. Assim, os rios mais jovens transportam mais matéria sólida do que os rios
mais velhos.
Sabe-se que os rios não possuem a mesma idade em toda a sua extensão; quanto mais
distantes da nascente, menor a inclinação e a velocidade. As partículas de determinado
tamanho passam a ter peso suficiente para se decantar e permanecer naquele ponto, outras
menores só serão depositadas com velocidade também menor. O transporte fluvial pode ser
descrito sumariamente da seguinte forma:
a) Os rios desgastam o relevo em sua parte mais elevada e levam os solos para sua
parte mais baixa, existindo com o tempo uma tendência a planificação do leito. Rios mais
velhos têm portanto menor velocidade e transportam menos.
b) Cada tamanho de grão será depositado em um determinado ponto do rio,
correspondente a uma determinada velocidade, o que leva os solos fluviais a terem uma certa
uniformidade granulométrica. Solos muito finos, como as argilas, permanecerão em
suspensão até decantar em mares ou lagos com água em repouso.
- Solos marinhos
As ondas atingem as praias com um pequeno ângulo em relação ao continente. Isso faz
com que a areia, além do movimento de vai e vem das ondas, desloquem-se também ao longo
da praia. Obras que impeçam esse fluxo tendem a ser pontos de deposição de areia, o que
pode acarretar sérios problemas.
Todos os Santos. De extrema beleza são os tálus encontrados na Chapada Diamantina, Bahia.
A fig. 2.8 lustra formações típicas da região. A parte mais inclinada dos morros corresponde à
formação original, enquanto que a parte menos inclinada é composta basicamente de solo
coluvionar (tálus).
.
Figura 2.9 - ilustrativa da geologia da região da falha e da bacia do Recôncavo, Região Metropolitana de Salvador-BA. Modificado de
Penteado (1999), apud página da ANP 2003.
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Entende-se por textura o tamanho relativo e a distribuição das partículas sólidas que formam
os solos. O estudo da textura dos solos é realizado por intermédio do ensaio de granulometria, do
qual falaremos adiante. Pela sua textura os solos podem ser classificados em dois grandes grupos:
solos grossos (areia, pedregulho, matacão) e solos finos (silte e argila). Esta divisão é fundamental
no entendimento do comportamento dos solos, pois a depender do tamanho predominante das suas
partículas, as forças de campo influenciando em seu comportamento serão gravitacionais (solos
grossos) ou elétricas (solos finos). De uma forma geral, pode-se dizer que quanto maior for a
relação área/volume ou área/massa das partículas sólidas, maior será a predominância das forças
elétricas ou de superfície. Estas relações são inversamente proporcionais ao tamanho das partículas,
de modo que os solos finos apresentam uma predominância das forças de superfície na influência
do seu comportamento. Conforme relatado anteriormente, o tipo de intemperismo influencia na
textura e estrutura do solo. Pode-se dizer que partículas com dimensões até cerca de 0,001mm são
obtidas através do intemperismo físico, já as partículas menores que 0,001mm provém do
intemperismo químico.
- Solos Grossos
Nos solos grossos, por ser predominante a atuação de forças gravitacionais, resultando em
arranjos estruturais bastante simplificados, o comportamento mecânico e hidráulico está
principalmente condicionado a sua compacidade, que é uma medida de quão próximas estão as
partículas sólidas umas das outras, resultando em arranjos com maiores ou menores quantidades de
vazios. Os solos grossos possuem uma maior percentagem de partículas visíveis a olho nu (φ ≥
0,074 mm) e suas partículas têm formas arredondadas, poliédricas e angulosas.
. Pedregulhos:
São classificados como pedregulho as partículas de solo com dimensões maiores que 2,0mm
(DNER, MIT) ou 2,0mm (ABNT). Os pedregulhos são encontrados em geral nas margens dos rios,
em depressões preenchidas por materiais transportados pelos rios ou até mesmo em uma massa de
solo residual (horizontes correspondentes ao solo residual jovem e ao saprolito).
. Areias:
As areias se distinguem pelo formato dos grãos que pode ser angular, sub angular e
arredondado, sendo este último uma característica das areias transportadas por rios ou pelo vento. A
forma dos grãos das areias está relacionada com a quantidade de transporte sofrido pelos mesmos
até o local de deposição. O transporte das partículas dos solos tende a arredondar as suas arestas, de
modo que quanto maior a distância de transporte, mais esféricas serão as partículas resultantes.
Classificamos como areia as partículas com dimensões entre 2,0mm e 0,074mm (DNER), 2,0mm e
0,05mm (MIT) ou ainda 2,0mm e 0,06mm (ABNT).
O formato dos grãos de areia tem muita importância no seu comportamento mecânico, pois
determina como eles se encaixam e se entrosam, e, em contrapartida, como eles deslizam entre si
quando solicitados por forças externas. Por outro lado, como estas forças se transmitem dentro do
solo pelos pequenos contatos existentes entre as partículas, as de formato mais angulares, por
possuírem em geral uma menor área de contato, são mais suscetíveis a se quebrarem.
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- Solos Finos
Quando as partículas que constituem o solo possuem dimensões menores que 0,074mm
(DNER), ou 0,06mm (ABNT), o solo é considerado fino e, neste caso, será classificado como argila
ou como silte.
Nos solos formados por partículas muito pequenas, as forças que intervêm no processo de
estruturação do solo são de caráter muito mais complexo e serão estudadas no item composição
mineralógica dos solos. Os solos finos possuem partículas com formas lamelares, fibrilares e
tubulares e é o mineral que determina a forma da partícula. As partículas de argila normalmente
apresentam uma ou duas direções em que o tamanho da partícula é bem superior àquele apresentado
em uma terceira direção. O comportamento dos solos finos é definido pelas forças de superfície
(moleculares, elétricas) e pela presença de água, a qual influi de maneira marcante nos fenômenos
de superfície dos argilo-minerais.
. Argilas:
. Siltes:
Apesar de serem classificados como solos finos, o comportamento dos siltes é governado
pelas mesmas forças dos solos grossos (forças gravitacionais), embora possuam alguma atividade.
Estes possuem granulação fina, pouca ou nenhuma plasticidade e baixa resistência quando seco. A
fig. 3.1 apresenta a escala granulométrica adotada pela ABNT (NBR 6502):
Areia
Pedra de
Argila Silte Fina Média Grossa Pedregulho mão
mm
0,002 0,06 0,20 0,60 2,0 60,0
Muitas vezes em campo temos a necessidade de uma identificação prévia do solo, sem que o
uso do aparato de laboratório esteja disponível. Esta classificação primária é extremamente
importante na definição (ou escolha) de ensaios de laboratório mais elaborados e pode ser obtida a
partir de alguns testes feitos rapidamente em uma amostra de solo. No processo de identificação
táctil visual de um solo utilizam-se freqüentemente os seguintes procedimentos (vide NBR 7250):
Tato: Esfrega-se uma porção do solo na mão. As areias são ásperas; as argilas parecem com
um pó quando secas e com sabão quando úmidas.
Plasticidade: Moldar bolinhas ou cilindros de solo úmido. As argilas são moldáveis
enquanto as areias e siltes não são moldáveis.
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Resistência do solo seco: As argilas são resistentes a pressão dos dedos enquanto os siltes e
areias não são.
Dispersão em água: Misturar uma porção de solo seco com água em uma proveta,
agitando-a. As areias depositam-se rapidamente, enquanto que as argilas turvam a suspensão e
demoram para sedimentar.
Impregnação: Esfregar uma pequena quantidade de solo úmido na palma de uma das mãos.
Colocar a mão embaixo de uma torneira aberta e observar a facilidade com que a palma da mão fica
limpa. Solos finos se impregnam e não saem da mão com facilidade.
Dilatância: O teste de dilatância permite obter uma informação sobre a velocidade de
movimentação da água dentro do solo. Para a realização do teste deve-se preparar uma amostra de
solo com cerca de 15mm de diâmetro e com teor de umidade que lhe garanta uma consistência
mole. O solo deve ser colocado sobre a palma de uma das mãos e distribuído uniformemente sobre
ela, de modo que não apareça uma lâmina d'água. O teste se inicia com um movimento horizontal
da mão, batendo vigorosamente a sua lateral contra a lateral da outra mão, diversas vezes. Deve-se
observar o aparecimento de uma lâmina d'água na superfície do solo e o tempo para a ocorrência.
Em seguida, a palma da mão deve ser curvada, de forma a exercer uma leve compressão na amostra,
observando-se o que poderá ocorrer à lâmina d' água, se existir, à superfície da amostra. O
aparecimento da lâmina d água durante a fase de vibração, bem como o seu desaparecimento
durante a compressão e o tempo necessário para que isto aconteça deve ser comparado aos dados da
tabela 3.1, para a classificação do solo.
Após realizados estes testes, classifica-se o solo de modo apropriado, de acordo com os
resultados obtidos (areia siltosa, argila arenosa, etc.). Os solos orgânicos são identificados em
separado, em função de sua cor e odor característicos.
Peneiramento: utilizado para a fração grossa do solo (grãos com até 0,074mm de diâmetro
equivalente), realiza-se pela passagem do solo por peneiras padronizadas e pesagem das
quantidades retidas em cada uma delas. Retira-se 50 a 100g da quantidade que passa na peneira de
#200 e prepara-se o material para a sedimentação.
Sedimentação: os solos muito finos, com granulometria inferior a 0,074mm, são tratados de
forma diferenciada, através do ensaio de sedimentação desenvolvido por Arthur Casagrande. Este
ensaio se baseia na Lei de Stokes, segundo a qual a velocidade de queda, V, de uma partícula
esférica, em um meio viscoso infinito, é proporcional ao quadrado do diâmetro da partícula. Sendo
assim, as menores partículas se sedimentam mais lentamente que as partículas maiores.
O ensaio de sedimentação é realizado medindo-se a densidade de uma suspensão de solo em
água, no decorrer do tempo. A partir da medida da densidade da solução no tempo, calcula-se a
percentagem de partículas que ainda não sedimentaram e a velocidade de queda destas partículas (a
profundidade de medida da densidade é calculada em função da curva de calibração do densímetro).
Com o uso da lei de Stokes, pode-se inferir o diâmetro máximo das partículas ainda em suspensão,
de modo que com estes dados, a curva granulométrica é completada. A eq. 3.1 apresenta a lei de
Stokes.
24
γ S −γ W
V= ⋅ D 2 onde,
18 µ
γ S → peso específico médio das partículas do solo
γ W → peso específico do fluido (3.1)
µ → viscosidade do fluído
D → diâmetro das partículas
Deve-se notar que o diâmetro equivalente calculado empregando-se a eq. 3.1 corresponde a
apenas uma aproximação, à medida em que durante a realização do ensaio de sedimentação, as
seguintes ocorrências tendem a afastá-lo das condições ideais para as quais a lei de Stokes foi
formulada.
As partículas de solo não são esféricas (muito menos as partículas dos argilo-minerais que
têm forma placóide).
A coluna líquida possui tamanho definido.
O movimento de uma partícula interfere no movimento de outra.
As paredes do recipiente influenciam no movimento de queda das partículas.
O peso específico das partículas do solo é um valor médio.
O processo de leitura (inserção e retirada do densímetro) influencia no processo de queda
das partículas.
D10 - Diâmetro efetivo - Diâmetro eqüivalente da partícula para o qual temos 10% das
partículas passando (10% das partículas são mais finas que o diâmetro efetivo).
D30 e D60 - O mesmo que o diâmetro efetivo, para as percentagens de 30 e 60%,
respectivamente.
100
90
Porcentagem que passa (%)
80
Solo bem graduado (a)
70 (granulação contínua)
60
50
40 (a) Contínua
(b) Aberta Granulação uniforme (c)
30
(c) Uniforme (mal graduado)
20
10
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Granulação aberta (b)
Abertura da peneira (mm) (mal graduado)
Figura 3.2 - Representação de diferentes curvas granulométricas.
Coeficiente de uniformidade:
D60
Cu =
D10 (3.2)
De acordo como valor do Cu obtido, a curva granulométrica pode ser classificada conforme
apresentado abaixo:
Cu < 5 → muito uniforme
5 < Cu < 15 → uniformidade média
Cu > 15 → não uniforme
Coeficiente de curvatura:
2
D30
Cc =
D60 x D10 (3.3)
A NBR- 6502 apresenta algumas regras práticas para designar os solos de acordo com a sua
curva granulométrica. A tabela 3.2 ilustra o resultado de ensaios de granulometria realizados em
três solos distintos. As regras apresentadas pela NBR-6502 serão então empregadas para classificá-
los, em caráter ilustrativo.
Tabela 3.2 - Exemplos de resultados de ensaios de granulometria para três solos distintos.
PERCENTAGEM QUE PASSA
# Abertura (mm) Solo 1 Solo 2 Solo 3
3" 76,2 98
1" 25,4 100 82
¾" 19,05 100 95 72
N° 4 4,8 98 88 61
N° 10 2,0 92 83 45
N° 40 0,42 84 62 20
N° 200 0,074 75 44 03
Argila ------ 44 21 00
Silte ------ 31 23 03
Areia ------ 17 39 42
Pedregulho ------ 08 17 53
Pedra ------ 00 00 02
Considerar a areia com partículas entre 0,074mm e 2,0mm.
Quando da ocorrência de mais de 10% de areia, silte ou argila adjetiva-se o solo com as frações
obtidas, vindo em primeiro lugar as frações com maiores percentagens.
Em caso de empate, adota-se a seguinte hierarquia: 1°) Argila; 2°) Areia e e 3°) Silte
No caso de percentagens menores do que 10% adjetiva-se o solo do seguinte modo, independente
da fração granulométrica considerada:
1 a 5% → com vestígios de
5 a 10% → com pouco
Para o caso de pedregulho com frações superiores a 10% adjetiva-se o solo do seguinte modo:
10 a 29% → com pedregulho
> 30% → com muito pedregulho
Denomina-se estrutura dos solos a maneira pela qual as partículas minerais de diferentes
tamanhos se arrumam para formá-lo. A estrutura de um solo possui um papel fundamental em seu
comportamento, seja em termos de resistência ao cisalhamento, compressibilidade ou
permeabilidade. Como os solos finos possuem o seu comportamento governado por forças elétricas,
enquanto os solos grossos têm na gravidade o seu principal fator de influência, a estrutura dos solos
finos ocorre em uma diversificação e complexidade muito maior do que a estrutura dos solos
grossos. De fato, sendo a gravidade o fator principal agindo na formação da estrutura dos solos
grossos, a estrutura destes solos difere, de solo para solo, somente no que se refere ao seu grau de
compacidade. No caso dos solos finos, devido a presença das forças de superfície, arranjos
estruturais bem mais elaborados são possíveis. A fig. 3.3 ilustra algumas estruturas típicas de solos
grossos e finos.
Areia compacta
Estrutura dispersa
Areia fofa
+
+
Placas individuais,
Estrutura floculada
Quando duas partículas de argila estão muito próximas, entre elas ocorrem forças de atração
e de repulsão. As forças de repulsão são devidas às cargas líqüidas negativas que elas possuem e
que ocorrem desde que as camadas duplas estejam em contato. As forças de atração decorrem de
forças de Van der Waals e de ligações secundárias que atraem materiais adjacentes. Da combinação
das forças de atração e de repulsão entre as partículas resulta a estrutura dos solos, que se refere à
disposição das partículas na massa de solo e as forças entre elas. Lambe (1969) identificou dois
tipos básicos de estrutura do solo, denominando-os de estrutura floculada, quando os contatos se
fazem entre faces e arestas das partículas sólidas, ainda que através da água adsorvida, e de
estrutura dispersa quando as partículas se posicionam paralelamente, face a face.
28
Os solos são formados a partir da desagregação de rochas por ações físicas e químicas do
intemperismo. As propriedades química e mineralógica das partículas dos solos assim formados
irão depender fundamentalmente da composição da rocha matriz e do clima da região. Estas
propriedades, por sua vez, irão influenciar de forma marcante o comportamento mecânico do solo.
Os minerais são partículas sólidas inorgânicas que constituem as rochas e os solos, e que
possuem forma geométrica, composição química e estrutura própria e definidas. Eles podem ser
divididos em dois grandes grupos, a saber:
- Primários ⇒ Aqueles encontrados nos solos e que sobrevivem a transformação da rocha
(advêm portanto do intemperismo físico).
- Secundários ⇒ Os que foram formados durante a transformação da rocha em solo (ação
do intemperismo químico).
3.6.1. Solos Grossos - Areias e Pedregulhos
As partículas dos solos grossos, dentre as quais apresentam-se os pedregulhos, são
constituídas algumas vezes de agregações de minerais distintos, sendo mais comum, entretanto, que
as partículas sejam constituídas de um único mineral. Estes solos são formados, na sua maior parte,
por silicatos (90%) e apresentam também na sua composição óxidos, carbonatos e sulfatos.
Silicatos - feldspato, quartzo, mica, serpentina
Grupos Minerais Óxidos - hematita, magnetita, limonita
Carbonatos - calcita, dolomita
Sulfatos - gesso, anidrita
O quartzo, presente na maioria das rochas, é bastante estável, e em geral resiste bem ao
processo de transformação rocha-solo. Sua composição química é simples, SiO2, as partículas são
eqüidimensionais, como cubos ou esferas e ele apresenta baixa atividade superficial (devido ao
tamanho de seus grãos). Por conta disto, o quartzo é o componente principal na maioria dos solos
grossos (areias e pedregulhos)
Os solos finos possuem uma estrutura mais complexa e alguns fatores, como forças de
superfície, concentração de íons, ambiente de sedimentação, etc., podem intervir no seu
comportamento. As argilas possuem uma complexa constituição química e mineralógica, sendo
formadas por sílica no estado coloidal (SiO2) e sesquióxidos metálicos (R2O3), onde R = Al; Fe,
etc.
Os feldspatos são os minerais mais atacados pela natureza, dando origem aos argilo-
minerais, que constituem a fração mais fina dos solos, geralmente com diâmetro inferior a 2 µm.
Não só o reduzido tamanho, mas, principalmente, a constituição mineralógica faz com que estas
partículas tenham um comportamento extremamente diferenciado em relação ao dos grãos de silte e
areia.
O estudo da estrutura dos argilo-minerais pode ser facilitado "construindo-se" o argilo-
mineral a partir de unidades estruturais básicas. Este enfoque é puramente didático e não representa
necessariamente o método pelo qual o argilo-mineral é realmente formado na natureza. Assim, as
estruturas apresentadas neste capítulo são apenas idealizações. Um cristal típico de um argilo-
mineral é uma estrutura complexa similar ao arranjo estrutural aqui idealizado, mas contendo
usualmente substituições de íons e outras modificações estruturais que acabam por formar novos
tipos de argilo-minerais. As duas unidades estruturais básicas dos argilo-minerais são os tetraedros
29
de silício e os octaédros de alumínio (fig. 3.4). Os tetraedros de silício são formados por quatro
átomos de oxigênio eqüidistantes de um átomo de silício enquanto que os octaédros de alumínio são
formados por um átomo de alumínio no centro, envolvido por seis átomos de oxigênio ou grupos de
hidroxilas, OH-. A depender do modo como estas unidades estruturais estão unidas entre si,
podemos dividir os argilo-minerais em três grandes grupos.
Al
Si Si
Al o o
o
Si
Al
Si o
Si Al
Al
Si Si o
Si Si
K Al o
o
Al
Si
Al Si o Al
Si
Si
Al
Al
Si
Si
Si Al Si
Al Si
Como a união entre as camadas adjacentes dos argilo-minerais do tipo 1:1 (grupo da
caulinita) é bem mais forte do que aquela encontrada para os outros grupos, é de se esperar que
estes argilo-minerais resultem por alcançar tamanhos maiores do que aqueles alcançados pelos
argilo-minerais do grupo 2:1, o que ocorre na realidade: Enquanto um mineral típico de caulinita
possui dimensões em torno de 500 (espessura) x 1000 x 1000 (nm), um mineral de montmorilonita
possui dimensões em torno de 3x 500 x 500 (nm).
A presença de um determinado tipo de argilo-mineral no solo pode ser identificada
utilizando-se diferentes métodos, dentre eles a análise térmica diferencial, o raio x , a microscopia
eletrônica de varredura, etc.
30
O solo é constituído de uma fase fluida (água e/ ou ar) e se uma fase sólida. A fase fluida
ocupa os vazios deixados pelas partículas sólidas.
Caracterizada pelo seu tamanho, forma, distribuição e composição mineralógica dos grãos,
conforme já apresentado anteriormente.
Fase composta geralmente pelo ar do solo em contato com a atmosfera, podendo-se também
apresentar na forma oclusa (bolhas de ar no interior da fase água). A fase gasosa é importante em
problemas de deformação de solos e é bem mais compressível que as fases sólida e líquida.
Fase fluida composta em sua maior parte pela água, podendo conter solutos e outros fluidos
imiscíveis. Pode-se dizer que a água se apresenta de diferentes formas no solo, sendo contudo
extremamente difícil se isolar os estados em que a água se apresenta em seu interior. A seguir são
expressados os termos mais comumente utilizados para descrever os estados da água no solo.
Preenche os vazios dos solos. Pode estar em equilíbrio hidrostático ou fluir sob a ação da
gravidade ou de outros gradientes de energia.
É a água que se encontra presa às partículas do solo por meio de forças capilares. Esta se
eleva pelos interstícios capilares formados pelas partículas sólidas, devido a ação das tensões
superficiais nos contatos ar-água-sólidos, oriundas a partir da superfície livre da água.
É uma película de água que adere às partículas dos solos finos devido a ação de forças
elétricas desbalanceadas na superfície dos argilo-minerais. Está submetida a grande pressões,
comportando-se como sólido na vizinhança da partícula de solo.
É a água presente na própria composição química das partículas sólidas. Não é retirada
utilizando-se os processos de secagem tradicionais. Ex: Montmorilonita (OH)4 Si2 Al4 O20 nH2 O
Água que o solo possui quando em equilíbrio com a umidade atmosférica e a temperatura
ambiente.
32
Quando tratamos com solos grossos (areias e pedregulhos com pequena quantidade ou sem a
presença de finos), o efeito da umidade nestes solos é freqüentemente negligenciado, na medida em
que a quantidade de água presente nos mesmos tem um efeito secundário em seu comportamento.
Pode se dizer, conforme aliás será visto no capítulo de classificação dos solos, que podemos
classificar os solos grossos utilizando-se somente a sua curva granulométrica, o seu grau de
compacidade e a forma de suas partículas. Por outro lado, o comportamento dos solos finos ou
coesivos irá depender de sua composição mineralógica, da sua umidade, de sua estrutura e do seu
grau de saturação. Em particular, a umidade dos solos finos tem sido considerada como uma
importante indicação do seu comportamento desde o início da mecânica dos solos.
Um solo argiloso pode se apresentar em um estado líquido, plástico, semi-sólido ou sólido, a
depender de sua umidade. A este estado físico do solo dá-se o nome de consistência. Os limites
inferiores e superiores de valor de umidade para cada estado do solo são denominados de limites de
consistência.
No estado plástico, o solo apresenta uma propriedade denominada de plasticidade,
caracterizada pela capacidade do solo se deformar sem apresentar ruptura ou trincas e sem variação
de volume.
A manifestação desta propriedade em um solo dependerá fundamentalmente dos seguintes
fatores:
Umidade: Existe uma faixa de umidade dentro da qual o solo se comporta de maneira
plástica. Valores de umidade inferiores aos valores contidos nesta faixa farão o solo se comportar
como semi-sólido ou sólido, enquanto que para maiores valores de umidade o solo se comportará
preferencialmente como líquido.
Estado Sólido - Dizemos que um solo está em um estado de consistência sólido quando o
seu volume "não varia" por variações em sua umidade.
33
Estado Semi - Sólido - O solo apresenta fraturas e se rompe ao ser trabalhado. O limite de
contração, wS, separa os estados de consistência sólido e semi-sólido.
Estado Plástico - Dizemos que um solo está em um estado plástico quando podemos moldá-
lo sem que o mesmo apresente fissuras ou variações volumétricas. O limite de plasticidade, wP,
separa os estados de consistência semi-sólido e plástico.
Estado Fluido - Denso (Líquido) - Quando o solo possui propriedades e aparência de uma
suspensão, não apresentando resistência ao cisalhamento. O limite de liquidez, wL, separa os
estados plástico e fluido.
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado plástico para o estado fluido.
90
86
Teor de umidade, w (%)
82
N w (%)
53 70,11
78,7
35 75,20
78 28 75,91
22 81,07
18 83,26
12 86,32
74 25 78,70
70
10 100
Número de golpes (N)
Figura 5.2 - Determinação do limite de liquidez do solo.
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado semi-sólido para o estado plástico.
limite de plasticidade o valor médio dos teores de umidade determinados. A fig. 5.3 ilustra a
realização do ensaio para determinação do limite de plasticidade (vide NBR 7180).
Rolo de solo
Placa de vidro fosco
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado sólido para o estado semi-sólido.
V 1 (5.1)
w s = − x100
P s w
Uma vez conhecidos os limites de consistência de um solo, vários índices podem ser
definidos. A seguir, apresentaremos os mais utilizados.
O índice de plasticidade (IP) corresponde a faixa de valores de umidade do solo na qual ele
se comporta de maneira plástica. É a diferença numérica entre o valor do limite de liquidez e o
limite de plasticidade.
IP = wL − wP (5.2)
IP = 0 → NÃO PLÁSTICO
1 < IP < 7 → POUCO PLÁSTICO
7 < IP < 15 → PLASTICIDADE MÉDIA
IP > 15 → MUITO PLÁSTICO
wL − w
IC =
IP (5.3)
resistência à compressão simples de uma amostra amolgada, remoldada no mesmo teor de umidade
da amostra indeformada. A sensibilidade de um solo é calculada por intermédio da eq. 5.4,
apresentada adiante.
RC
St =
R' C (5.4)
Segundo Skempton:
St < 1 → NÃO SENSÍVEIS
1 < St < 2 → BAIXA SENSIBILIDADE
2 < St < 4 → MÉDIA SENSIBILIDADE
4 < St < 8 → SENSÍVEIS
St > 8 → EXTRA - SENSÍVEIS
Quanto maior for o St, tem-se uma menor coesão, uma maior compressibilidade e uma
menor permeabilidade do solo.
IP
A=
% < 0.002mm (5.5)
800
700
500
400
M ontmorilonita
300 4<A<8
200
100
Ilita
0
0,5 < A < 1,5
Figura 5.4 - Variação do IP em função da fração argila para solos com diferentes argilo-
minerais.
39
Por serem constituídos de um material de origem natural, os depósitos de solo nunca são
estritamente homogêneos. Grandes variações nas suas propriedades e em seu comportamento são
comumente observadas. Pode-se dizer contudo, que depósitos de solo que exibem propriedades
básicas similares podem ser agrupados como classes, mediante o uso de critérios ou índices
apropriados. Um sistema de classificação dos solos deve agrupar os solos de acordo com suas
propriedades intrínsecas básicas. Do ponto de vista da engenharia, um sistema de classificação pode
ser baseado no potencial de um determinado solo para uso em bases de pavimentos, fundações, ou
como material de construção, por exemplo. Devido a natureza extremamente variável do solo,
contudo, é inevitável que em qualquer classificação ocorram casos onde é difícil se enquadrar o
solo em uma determinada e única categoria, em outras palavras, sempre vão existir casos em que
um determinado solo poderá ser classificado como pertencente a dois ou mais grupos. Do mesmo
modo, o mesmo solo pode mesmo ser colocado em grupos que pareçam radicalmente diferentes, em
diferentes sistemas de classificação.
Em vista disto, um sistema de classificação deve ser tomado como um guia preliminar para a
previsão do comportamento de engenharia do solo, a qual não pode ser realizada utilizando-se
somente sistemas de classificação. Testes para avaliação de importantes características do solo
devem sempre ser realizados, levando-se sempre em consideração o uso do solo na obra, já que
diferentes propriedades governam o comportamento do solo a depender de sua finalidade. Assim,
deve-se usar um sistema de classificação do solo, dentre outras coisas, para se obter os dados
necessários ao direcionamento de uma investigação mais minuciosa, quer seja na engenharia,
geoquímica, geologia ou outros ramos da ciência.
Neste capítulo serão apresentados os dois sistemas de classificação dos solos mais
difundidos no meio geotécnico, a saber, o Sistema Unificado de Classificação do Solos, SUCS (ou
“Unified Soil Classification System”, USCS) e o sistema de classificação dos solos proposto pela
AASHTO (“American Association of State Highway and Transportation Officials”). Deve-se
salientar, contudo, que estes dois sistemas de classificação foram desenvolvidos para classificar
solos de países de clima temperado, não apresentando resultados satisfatórios quando utilizados na
classificação de solos tropicais (principalmente aqueles de natureza laterítica), cuja gênese é
bastante diferenciada daquela dos solos para os quais estas classificações foram elaboradas. Por
conta disto, e devido a grande ocorrência de solos lateríticos nas regiões Sul e Sudeste do país,
recentemente foi elaborada uma classificação especialmente destinada a classificação de solos
tropicais. Esta classificação, brasileira, denominada de Classificação MCT, começou a se
desenvolver na década de 70, sendo apresentada oficialmente em 1980 (Nogami & Vilibor, 1980).
40
A) Solos Grossos
Os solos grossos são classificados como pedregulho ou areia. São classificados como
pedregulhos aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa retida na peneira 4
(4,75mm) e como areias aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa passando
na peneira 4. Cada grupo por sua vez é dividido em quatro subgrupos a depender de sua curva
granulométrica ou da natureza da fração fina eventualmente existente. São eles:
A.1 - Grupos GW e SW
Formados por um solo bem graduado com poucos finos. Em um solo bem graduado, os
grãos menores podem ficar nos espaços vazios deixados pelos grãos maiores, de modo que os solos
bem graduados tendem a apresentar altos valores de peso específico (ou menor quantidade de
vazios) e boas características de resistência e deformabilidade. A presença de finos nestes grupos
não deve produzir efeitos apreciáveis nas propriedades da fração grossa, nem interferir na sua
capacidade de drenagem, sendo fixada como no máximo 5% do solo, em relação ao seu peso seco.
O exame da curva granulométrica dos solos grossos se faz por meio dos coeficientes de
uniformidade (Cu) e curvatura (Cc), já apresentados anteriormente. Para que o solo seja
considerado bem graduado é necessário que seu coeficiente de uniformidade seja maior que 4, no
caso de pedregulhos, ou maior que 6, no caso de areias, e que o seu coeficiente de curvatura esteja
entre 1 e 3.
41
A.2 - Grupos GP e SP
Formados por solos mal graduados (curvas granulométricas uniformes ou abertas). Como os
subgrupos SW e GW, possuem no máximo 5% de partículas finas, mas suas curvas granulométricas
não completam os requisitos de graduação indicados para serem considerados como bem
graduados. Dentro destes grupos estão compreendidos as areias uniformes das dunas e os solos
possuindo duas frações granulométricas predominantes, provenientes da deposição pela água de
rios em períodos alternados de cheia/seca.
A.3 - Grupos GM e SM
São classificados como pertencentes aos subgrupos GM e SM os solos grossos nos quais
existe uma quantidade de finos suficiente para afetar as suas propriedades de engenharia: resistência
ao cisalhamento, deformabilidade e permeabilidade. Convenciona-se a quantidade de finos
necessária para que isto ocorra em 12%, embora sabendo-se que a influência dos finos no
comportamento de um solo depende não somente da sua quantidade mas também da atividade do
argilo-mineral preponderante. Para os solos grossos possuindo mais do que 12% de finos, deve-se
realizar ensaios com vistas a determinação de seus limites de consistência w L e wP, utilizando-se
para isto a fração de solo que passa na peneira #40. Para que o solo seja classificado como GM ou
SM, a sua fração fina deve se situar abaixo da linha A da carta de plasticidade de Casagrande (vide
fig. 6.2).
A.4 - Grupos GC e SC
São classificados como GC e SC os solos grossos que atendem aos critérios especificados no
item A.3, mas cuja fração fina possui representação na carta de plasticidade acima da linha A. Em
outras palavras, são classificados como GC e SC os solos grossos possuindo mais que 12% de finos
com comportamento predominante de argila.
OBS: Os solos grossos possuindo percentagens de finos entre 5 e 12% devem possuir
nomenclaturas duplas, como GW-GM, SP-SC, etc., atribuídas de acordo com o especificado
anteriormente. De uma forma geral, sempre que um material não se encontra claramente dentro de
um grupo, devemos utilizar símbolos duplos, correspondentes a casos de fronteira. Ex: GW-SW
(material bem graduado com menos de 5% de finos e formado com fração de grossos com iguais
proporções de pedregulho e areia) ou GM-GC (solos grossos com mais do que 12% de finos cuja
representação na carta de plasticidade de Casagrande se situa muito próxima da linha A).
SOLOS GROSSOS
Pedregulho (G). Mais que 50% da Areia (S). Menos que 50% da fração
fração grossa retido na # 4 (4.75mm) grossa retido na # 4 (4.75mm)
Menos que 5% Entre 5 e 12% Mais que Menos que 5% Entre 5 e 12% Mais que 12%
passam na # passam na # 12% passam passam na # passam na # passam na #
200 200 na # 200 200 200 200
GW GP GM GC SW SP SM SC
Nomes Nomes
duplos: duplos:
GW-GM SW-SM
B) Solos Finos
Os solos finos são classificados como argila e silte. A classificação dos solos finos é
realizada tomando-se como base apenas os limites de plasticidade e liquidez do solo, plotados
na forma da carta de plasticidade de Casagrande. Em outras palavras, o conhecimento da
curva granulométrica de solos possuindo mais do que 50% de material passando na peneira
200 pouco ou muito pouco acrescenta acerca das expectativas sobre suas propriedades de
engenharia.
B.1 - Grupos CL e CH
B.2 - Grupos ML e MH
B.3 - Grupos OL e OH
60
40
Linha U
Linha A
IP = 0,90·(W L - 8) CH
IP = 0,73·(W L - 20)
30
20
CL MH
OH
10
ML OL
CL- ML
ML
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
OBS: Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe dentro da zona CL-ML devem ter nomenclatura dupla.
Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe próximo à linha LL = 50 % devem ter nomenclatura dupla: (MH-ML ou CH-
CL).
Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe próximo à linha A devem ter nomenclatura dupla: (MH-CH ou CL-ML).
As argilas inorgânicas de média plasticidade possuem wL entre 30 e 50%.
45
Na maioria dos solos turfosos os limites de consistência podem ser determinados após
completo amolgamento do solo. O limite de liquidez destes solos varia entre 300 e 500%
permanecendo a sua posição na carta de plasticidade notavelmente acima da linha A. O Índice
de plasticidade destes solos normalmente se situa entre 100 e 200.
A carta de plasticidade de Casagrande pode ainda nos dar uma idéia acerca do tipo de
argilo-mineral predominante na fração fina do solo. Solos possuindo argilo-minerais do tipo
1:1 (como a caulinita) tem seus pontos de representação na carta de plasticidade próximo à
linha A (parte superior à linha A), enquanto que solos possuindo argilo-minerais de alta
atividade (como a montmorilonita) tendem a ter seus pontos de representação na carta de
plasticidade próximos à linha U (parte imediatamente inferior à linha U).
Apesar dos símbolos utilizados no SUCS serem de grande valia, eles não descrevem
completamente um depósito de solo. Em todos os solos deve-se acrescentar informações
como odor, cor e homogeneidade do material à classificação. Para o caso de solos grossos,
informações como a forma dos grãos, tipo de mineral predominante, graus de intemperismo
ou compacidade, presença ou não de finos são pertinentes. Para o caso dos solos finos,
informações como a umidade natural e consistência (natural e amolgada) devem ser sempre
que possível ser fornecidas.
Quando trabalhando com os grupos A-2-6 e A-2-7 o índice de grupo deve ser
determinado utilizando-se somente o índice de plasticidade.
No caso da obtenção de índices de grupo negativos, deve-se adotar um índice
de grupo nulo.
Usar o sistema de classificação da AASHTO não é difícil. Uma vez obtidos os dados
necessários, deve-se seguir os passos indicados na fig. 6.3, da esquerda para a direita, e
encontrar o grupo correto por um processo de eliminação. O primeiro grupo à esquerda que
atenda as exigências especificadas é a classificação correta da AASHTO. A classificação
completa inclui o valor do índice de grupo (arredondado para o inteiro mais próximo),
apresentado em parênteses, à direita do símbolo da AASHTO. Ex: A-2-6(3), A-6(12), A-7-
5(17), etc.
Devido a sua ligação histórica com a classificação de solos para uso rodoviário, a
classificação da AASHTO é bastante utilizada na seleção de solos para uso como base, sub-
bases e sub-leitos de pavimentos.
47
SOLOS GROSSOS
35% ou menos passando na # 200
Menos que 15% Menos que 25% Menos que 10% LL ≤ 40% LL ≥ 41% LL ≤ 40% LL ≥ 41%
passa na # 200. passa na # 200. passa na # 200.
Menos que 30% Menos que 50% Não plástico
passa na # 40. passa na # 40.
Menos que 50% IP < 6%
passa na # 10
IP < 6%
SOLOS SILTO-ARGILOSOS
35% ou mais passando na # 200
Silte Argila
IP ≤ 10% IP ≥ 11%
7. ÍNDICES FÍSICOS.
7.1. Introdução
Pesos Volumes
Zero Pa Ar Va
Vv
Pt Pw Água Vw Vt
Ps Sólido Vs
Massas Volumes
Zero Ma Ar Va
Vv
Mt Mw Água Vw Vt
Ms Sólido Vs
Onde: Va, Vw, Vs, Vv e Vt representam os volumes de ar, água, sólidos, de vazios e
total do solo, respectivamente. Ps, Pw, Pa e Pt São os pesos de sólidos, água, ar e total e Ms,
Mw, Ma e Mt são as respectivas massas de sólidos, água, ar e total.
Vv
n=
Vt (7.1)
Os vazios do solo podem estar apenas parcialmente ocupados por água. A relação
entre o volume de água e o volume dos vazios é definida como o grau de saturação, expresso
em percentagem e com variação de 0 a 100% (solo saturado).
50
Vw
Sr = (7.2)
Vv
O índice de vazios é definido como a relação entre o volume de vazios e o volume das
partículas sólidas, expresso em termos absolutos, podendo ser maior do que a unidade. Sua
variação é de 0 a ∞.
Vv
e= (7.3)
Vs
O peso específico de um solo é a relação entre o seu peso total e o seu volume total,
incluindo-se aí o peso da água existente em seus vazios e o volume de vazios do solo. A
massa específica do solo possui definição semelhente ao peso específico, considerando-se
agora a sua massa.
Pt Mt
γ = , ρ= onde γ = ρ ⋅ g
Vt Vt (7.4)
O peso específico das partículas sólidas é obtido dividindo-se o peso das partículas
sólidas (não considerando-se o peso da água) pelo volume ocupado pelas partículas sólidas
(sem a consideração do volume ocupado pelos vazios do solo). É o maior valor de peso
específico que um solo pode ter, já que as outras duas fases que compõe o solo são menos
densas que as partículas sólidas.
Ps
γs =
Vs (7.5)
Ps
γd =
Vt (7.6)
É o peso específico do solo quando todos os seus vazios estão ocupados pela água. É
numericamente dado pelo peso das partículas sólidas dividido pelo volume total do solo.
51
Pt
γ sat = , quando, Sr = 1
Vt (7.7)
As relações entre pesos ou entre volumes, por serem admensionais, não serão
modificadas caso no lado direito da fig. 7.1, os volumes de água, ar e sólidos sejam divididos
por um determinado fator, conservado constante para todas as fases. Este fator pode ser
escolhido, por exemplo, para que o volume de sólidos se torne unitário (ou, em outras
palavras, dividindo-se todos os termos por Vs). Deste modo, utilizando-se as relações entre
volumes e entre pesos e volumes, definidas anteriormente, temos:
Pesos Volumes
γ w Sr e
⋅ e Sr e
1+e
γs
1
Uma outra forma de organizar as relações entre volumes e entre pesos e volumes em
um diagrama de fases seria adotando um volume total igual a 1. Neste caso teríamos:
Das figs. 7.2 e 7.3 e utilizando-se as definições dadas para o índice de vazios e a
porosidade tem-se:
e n
n= ou e =
1+ e 1− n (7.9)
52
Pesos Volumes
0
n
γ w Sr n Sr n 1
γ s (1-n)
1-n
Com o uso das figs. 7.2 e 7.3, diversas relações podem ser facilmente definidas entre
os índices físicos. As eqs. 7.10 a 7.12 expressam algumas destas relações:
γ
γD =
1+ w (7.10)
γ S .w = γ w ⋅ Sr.e (7.11)
γ S + Sr.e ⋅ γ w
γ =
1+ e (7.12)
A umidade é definida como a relação entre o peso da água e o peso dos sólidos em
uma porção do solo, sendo expressa em percentagem. Pela análise da fig. 7.2 temos que:
Pw γ w ⋅ Sr ⋅ e
w= =
Ps γs (7.13)
Vw Sr ⋅ e
θ= = = Sr ⋅ n
Vt 1 + e (7.14)
Conforme será discutido no transcorrer deste curso, por possuírem arranjos estruturais
bastante simplificados, os solos grossos (areias e pedregulhos com nenhuma ou pouca
53
presença de finos) podem ter o seu comportamento avaliado conforme a sua curva
característica e a sua densidade relativa Dr, definida conforme a eq. 7.15.
Há uma variedade grande de ensaios para a determinação de emin e γdmáx; todos eles
envolvem alguma forma de vibração. Para emax e γdmin, geralmente se adota a colocação do solo
secado previamente, em um recipiente, tomando-se todo cuidado para evitar qualquer tipo de
vibração. Os procedimentos para a execução de tais ensaios são padronizados em nosso País
pelas normas NBR 12004 e 12051, variando muito em diferentes partes do Globo, não
havendo ainda um consenso internacional sobre os mesmos. A densidade relativa é um índice
adotado apenas na caracterização dos SOLOS NÃO COESIVOS. A tabela 7.1 apresenta a
classificação da compacidade dos solos grossos em função de sua densidade relativa.
Notas importantes:
Umidade
Peso específico do solo (γ)
Peso específico das partículas sólidas (γs)
(geralmente um dia), até que a sua constância de peso seja assegurada. As variações no peso
da amostra de solo se devem a evaporação da água existente no seu interior. Após o período
de secagem em estufa, o peso da amostra é novamente determinado. Deste modo, o peso da
água existente no solo é igual a diferença entre os pesos da amostra antes e após esta ser
levada à estufa, sendo a umidade do solo a razão entre esta diferença e o peso da amostra
determinado após secagem. A seguir são listados alguns métodos utilizados na determinação
da umidade do solo em campo e em laboratório.
7.7.2.1. Em Laboratório
7.7.2.2. Em Campo
ÍNDICES FÍSICOS
n (%) e γd γ γsat
SOLOS kN / m3
Areia c / pedregulho 18 - 42 0.22 - 0.72 14 - 21 18 - 23 19 - 24
Areia Média a Grossa 25 - 45 0.33 - 0.82 13 - 18 16 - 21 18 - 21
Areia Fina e Uniforme 33 - 48 0.49 - 0.82 14 - 18 15 - 21 18 - 21
Silte 30 - 50 0.48 - 1.22 13 - 19 15 - 21 18 - 22
Argila 30 - 55 0.48 - 1.22 13 - 20 15 - 22 14 - 23
55
8.1. Introdução
F
= lim lim (8.1)
A 0 A
Por serem fluidos, não suportando tensões cisalhantes, as tensões existentes nas fases
água e ar do solo são sempre ortogonais ao plano passando pelo ponto considerado. Pode-se
dizer ainda, que na maioria dos casos, a pressão nos vazios de solo preenchidos por ar é igual
à pressão atmosférica (adotada geralmente como zero).
P x σ x τ xy τ xz n 1
P y = σ y τ yz ⋅ n 2
Px σ z n 3
P
n
O princípio das tensões efetivas - Postulado por Terzaghi, para o caso dos solos
saturados, o princípio das tensões efetivas é uma função da tensão total (soma das tensões nas
fases água e partículas sólidas) e da tensão neutra (denominada também de pressão neutra, é a
pressão existente na fase água do solo), que governa o comportamento do solo em termos de
deformação e resistência ao cisalhamento.
Mostra-se experimentalmente que, para o caso dos solos saturados, o que governa o
comportamento do solo em termos de resistência e deformabilidade é a diferença entre a
tensão total e a pressão neutra, denominada então tensão efetiva As tensões normais
desenvolvidas em qualquer plano num maciço terroso, serão suportadas, parte pelas partículas
sólidas e parte pela água. As tensões cisalhantes somente poderão ser suportadas pelas
partículas sólidas.
No caso dos solos saturados, uma parcela da tensão normal age nos contatos inter-
partículas e a outra parcela atua na água existente nos vazios. Assim, a tensão total num plano
será a soma da tensão efetiva, resultante das forças transmitidas pelas partículas, e da pressão
neutra, dando origem a uma das relações mais importantes da Mecânica dos Solos, proposta
por Terzaghi:
' = −u (8.2)
Devido a sua natureza de fluido, a pressão na fase água do solo não contribui para a
sua resistência, sendo assim chamada de pressão neutra. Para visualizar um pouco melhor o
efeito da água no solo imagine uma esponja colocada dentro de um recipiente com água
suficiente para encobri-la (a esponja se encontra totalmente submersa). Se o nível de água for
elevado no recipiente, a pressão total sobre a esponja aumenta, mas a esponja não se deforma.
Isto ocorre porque os acréscimos de tensão total são contrabalançados por iguais acréscimos
na tensão neutra, de modo que a tensão efetiva permanece inalterada (vide eq. 8.2).
58
σv = γ ⋅ z
(8.3)
Onde:
u = γw ⋅ zw
(8.4)
Onde:
n
(8.5)
' v =∑ i⋅h i − w⋅z w
i =1
59
NA
z σv (σv- u)
σh µ (σh -u)
σ v , σ v' e u
Solo 2. γ σv
3
σ 'v u
n
u = γ w hw v ' = ∑ i ⋅h i − w⋅z w
z i =1
Uso do peso específico submerso - Caso o nível de água, apresentado na fig. 8.2,
estivesse localizado na superfície do terreno, o cálculo das tensões efetivas poderia ser
simplificado pelo uso do conceito de peso específico submerso, discutido no capítulo de
índices físicos. Neste caso, a tensão total vertical será dada por σv = γsat⋅z, enquanto que a
pressão neutra no mesmo ponto será u = γw⋅z.
A tensão efetiva, correspondente à diferença entre estes dois valores, será: σv' = σv - u
= γsat⋅z. - γw⋅z, o que faz com que tenhamos: σv'= (γsat - γw)⋅z = γsub⋅z, onde γsub é o peso
específico submerso do solo.
60
Tensões Totais:(σ)
Pressões Neutras:(u)
u(1) = 0
u(2) = 0 + γw x 2,0 = 10,0 x 2,0 = 20,0 kN/m2
u(3) = 20,0 + 10,0 x 1,5 = 35,0 kN / m2
-2 Tensão total
Pressão neutra
-3
Tensão efetiva
-4
-5
0 20 40 60 80 100
Tensões total, neutra e efetiva (kPa)
σ h' = Ko ⋅ σ v'
(8.6)
Segundo Jaky (1956), o coeficiente de empuxo em repouso do solo pode ser estimada
com o uso da eq. 8.7, apresentada a seguir, onde φ' é o ângulo de atrito interno efetivo
do solo, apresentado em detalhes no capítulo de resistência ao cisalhamento (volume
II).
Ko = 1 − sen (φ ') (8.7)
Na profundidade (z), a área da sapata aumenta de z/2 (para o método 2:1) ou z.tan φo
(espraiamento), para cada lado. Assim, a tensão nesta profundidade será estimada pela eq.
8.9:
Q (8.9)
v z =
b z⋅l z
63
A A
2
1
B B
(a)
(b)
Figura 8.5 - (a) Exemplo de distribuição de acréscimos de tensão vertical devido a
um carregamento na superfície do terreno e (b) isóbaras de acréscimo de tensões verticais
para 20, 10, 5 e 2 kPa, considerando uma carga pontual de 100 kN (Boussinesq).
a) Espraiamento segundo um angulo φo b) Método 2:1
Q
σo = Q lo z
bo x lo bo
bo
Z φo 2
Q
σ1 = Q lo + z
bz x lz 1
a bo a bo + z
a ⇒ = z·
tan φo = a tan φo
z l z =l o 2⋅z⋅tan o b z =b o 2⋅z⋅tan o
Figura 8.6 - Distribuição de tensão vertical com a profundidade, segundo um
ângulo de espraiamento (a) ou método 2:1 (b).
64
O ângulo de espraiamento (φo) é função do tipo de solo, com valores típicos de:
solos muito moles: φo < 40°
areias puras: φo ≅ 40° a 45°
argilas rijas e duras: φo ≅ 70°
rochas: : φo > 70°
As tensões dentro de uma massa de solo podem também ser estimadas empregando as
soluções obtidas a partir da teoria da elasticidade. Apesar das hipóteses adotadas nestas
formulações, seu emprego aos casos práticos é bastante freqüente, dada a sua simplicidade,
quando comparadas a outros tipos de análises mais elaboradas, como o emprego de técnicas
de discretização do contínuo. Por outro lado, pode-se dizer também que estas soluções
apresentam resultados bem mais próximos do real do que aqueles obtidos com o uso da
solução simplificada, apresentada no item anterior. Existem formulações para uma grande
variedade de tipos de carregamento. Serão apresentados aqui, apenas os casos mais
freqüentes, sem nos preocuparmos com o desenvolvimento matemático das equações
resultantes.
Q
"Carga Pontual"
Onde:
Q = carga pontual
z = profundidade que vai da superfície do terreno (pto de
aplicação da carga) até a cota onde deseja-se calcular σz
x x = distância horizontal do ponto de aplicação da carga até
onde atua σz
r = distância do ponto de aplicação da carga até onde atua σz
r z
σv
3
τrx Q 2 ⋅π
Q (8.10)
σz = 2 ⋅ = 2 ⋅ Nb
z 5
z
σr
1 +
r
2 2
σθ z
Figura 8.8 - Carga concentrada aplicada na superfície do terreno - Solução de
Boussinesq.
0,50
0,45 Q
Boussinesq z= N
z2
0,40
3
0,35
2⋅
N B= 2 5
0,30 r
1 2
z
N
0,25
1
0,20
N W= 2 3
0,15 r
12⋅ 2
z
0,10
Westergaard
0,05
0,00
0,00 0,30 0,60 0,90 1,20 1,50 1,80 2,10 2,40 2,70 3,00
z/r
Figura 8.9 - Fatores de influência para tensões verticais devido a uma carga
concentrada (NB: Solução de Boussinesq e NW: Solução de Westergaard).
66
As tensões induzidas no ponto (A), por uma carga uniformemente distribuída ao longo
de uma linha (Y) na superfície do semi- espaço foram obtidas por Melan (fig. 8.10) e estão
apresentadas nas eqs. 8.11 a 8.13.
2q z3 (8.11)
z= ⋅
z 2 x 2 2
2q x 2⋅z (8.12)
x= ⋅
z 2 x 2 2
2q z 2⋅x (8.13)
xz = ⋅
z 2 x 2 2
q/m
O'
dy
O X
φ
Z
x σx
Y
A
Z
σz
Em se tratando de uma placa retangular em que uma das dimensões é muito maior que
a outra, como por exemplo, no caso das sapatas corridas, os esforços introduzidos na massa
de solo podem ser calculados por meio da fórmula desenvolvida por Terzaghi & Carothers. A
fig. 8.11 apresenta o esquema de carregamento e o ponto onde se está calculando o acréscimo
de tensões. Observar que a placa tem largura 2b e está carregada uniformemente com q. As
tensões num ponto A, situado a uma profundidade (z) e distante (x) do centro da placa são
dadas pelas eqs. 8.14 a 8.16, com ângulo α dado em radianos.
q
σz = .(α + sen α . cos 2β)
π (8.14)
67
q
σx = ( α − sen α . cos 2β)
π (8.15)
q
τ xy = . sen α . cos 2β
π (8.16)
Newmark (1935), integrou a equação de Melan (8.11) e obteve a equação para cálculo
da tensão vertical (σz) induzida no canto de uma área retangular uniformemente carregada.
Para o caso de uma área retangular de lados (x) e (y), uniformemente carregada (fig. 8.12), as
tensões verticais em um ponto situado numa profundidade (z), na mesma vertical de um dos
vértices, é dada pela eq. 8.17.
q /área y
z x
A
σz
Figura 8.12 - Placa retangular uniformemente carregada.
q 2 m.n (m 2 + n 2 + 1) 1 2 m 2 + n 2 + 2 2m.n(m 2 + n 2 + 1) 2
1
σz = 2 . 2 + arc tag 2
4π m + n + m .n + 1 m + n + 1
2 2 2 2
m + n 2 − m 2 .n 2 + 1
(8.17)
onde:
q = carga por unidade de área, ou seja, σo
m = x /z
n = y /z
x, y = largura e comprimento da área uniformemente carregada.
68
0,1750 m ou n = 0,8
Fator de Influência,
0,1500
0,1250 m ou n = 0,5
0,1000
m ou n = 0,3
0,0750
0,0500
0,0250 m ou n = 0,1
0,0000
0 2,5 5 7,5 10
m ou n
Figura 8.13 - Fatores de influência para a placa retangular uniformemente
carregada.
Suponhamos agora, que desejamos encontrar as tensões verticais no ponto (A), a uma
profundidade z, produzida pela área carregada II (fig. 8.14b) . Para essa condição teremos que
fazer algumas construções auxiliares a fim de satisfazer as condições iniciais (acrescentar e
69
subtrais áreas). Para esse casso, o fator de influência (Iσ ) será: Iσa = I(I+II+III+IV) - I(I+III) -I(III+IV) +
I(IIII).
A M B
A
P I III
N
II IV
D C
(a) (b)
Figura 8.14 - Esquema para cálculo das tensões em qualquer ponto - Placa
retangular uniformemente carregada.
O cálculo das tensões induzidas por uma placa circular de raio r, uniformemente
carregada, foi resolvido por Love, a partir da integração da equação Boussinesq, para toda
área circular. Para pontos situados a uma profundidade z, abaixo do centro da placa de raio r,
as tensões induzidas podem ser estimadas pela eq. 8.19:
1
3/2
σ Z = qo . 1 −
1 + (r / z)
2
(8.19)
σ z = qo . Ι
σ (8.20)
O fator de influência é obtido em função da relação z/r e x/r, dada pelo gráfico da fig.
8.15, onde: z = profundidade; r = raio da placa carregada; x = distância horizontal que vai do
centro da placa ao ponto onde se deseja calcular o acréscimo de tensões; q o = pressão de
contato. Observar que neste gráfico os fatores de influência são expressos em porcentagem.
70
Para obtenção dos valores de Iσ, para pontos quaisquer do terreno, também pode-se
utilizar a tabela 8.2. Vale acrescentar que quando tem-se x/r = 0, tem-se o acréscimo de
tensões induzida na vertical que passa pelo centro da placa circular carregada.
Tabela 8.2 - Fatores de influência para uma placa circular de raio r, carregada
x/r
z/r 0 0,25 0,50 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
0,25 0,986 0,983 0,964 0,460 0,015 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000
0,50 0,911 0,895 0,840 0,418 0,060 0,010 0,003 0,000 0,000 0,000
0,75 0,784 0,762 0,691 0,374 0,105 0,025 0,010 0,002 0,000 0,000
1,00 0,646 0,625 0,560 0,335 0,125 0,043 0,016 0,007 0,003 0,000
1,25 0,524 0,508 0,455 0,295 0,135 0,057 0,023 0,010 0,005 0,001
1,50 0,424 0,413 0,374 0,256 0,137 0,064 0,029 0,013 0,007 0,002
1,75 0,346 0,336 0,309 0,223 0,135 0,071 0,037 0,018 0,009 0,004
2,00 0,284 0,277 0,258 0,194 0,127 0,073 0,041 0,022 0,012 0,006
2,5 0,200 0,196 0,186 0,150 0,109 0,073 0,044 0,028 0,017 0,011
3,0 0,146 0,143 0,137 0,117 0,091 0,066 0,045 0,031 0,022 0,015
4,0 0,087 0,086 0,083 0,076 0,061 0,052 0,041 0,031 0,024 0,018
5,0 0,057 0,057 0,056 0,052 0,045 0,039 0,033 0,027 0,022 0,018
7,0 0,030 0,030 0,029 0,028 0,026 0,024 0,021 0,019 0,016 0,015
10,00 0,015 0,015 0,014 0,014 0,013 0,013 0,013 0,012 0,012 0,011
71
A fig. 8.16 mostra uma distribuição linear de carga vertical aplicada sobre uma placa
retangular de comprimento infinito e largura 2b, com a carga variando de 0 a um valor q, ao
longo da largura. A tensão vertical induzida num dado ponto de coordenadas (x, z) é dada
pela eq. 8.21:
qo x
σz = . . α − sen 2δ
2π b (8.21)
σ z = qo . Ι
σ (8.22)
Pode-se observar na fig. 8.18, que para b/z = 0, recai-se no caso de carregamento
triangular. Analogamente, através da aplicação do principio da superposição, computa -se a
73
soma ou a diferença dos efeitos das partes do aterro, conforme indicado para o ponto P da fig.
8.19.
= +
P
σz σz (esq.) σz (dir)
Figura 8.19 - Esquema para cálculo das tensões induzidas no ponto, para um
aterro.
−2
R σ 3
= 1 − z −1
z q (8.23)
b) Exemplificando:
σz/q = 0,8 ⇒ R/z = 1,387 ⇒ (R) σz = 0,8 = 1,387 x AB, sendo AB o seguimento de
referência (escala) adotado (fig. 8.20). Assim, a uma profundidade z = AB, o acréscimo de
carga seria σz/q = 0,8 se a área carregada fosse circular de raio R = 1,387 x AB.
c) Para outros valores de σz/q, obtém-se um conjunto de círculos concêntricos, tais que
os anéis circulares gerados representam parcelas dos acréscimos de tensões verticais. Por
exemplo, o acréscimo de tensão vertical devido ao espaço anelar compreendido entre os
círculos de (R) σz = 0,8 e (R) σz = 0,7 seria dado por σz = 0,8 - 0,7 = 0,1;
0,1
σz = = 0,005 ou Ι = 0,005
20 (8.24)
σz = q .N . Ι (8.25)
onde:
I = unidade de influência
N = número de fatores de influência
75
Para o caso de uma placa flexível a pressão de contato é uniforme e igual a pressão
aplicada. Para um solo coesivo observa-se um recalque no centro da placa maior que nos
bordos. No entanto, para solo não coesivo observa-se um recalque dos bordos maior que o
recalque do centro (o confinamento provoca aumento do módulo de elasticidade do solo não
coesivo, conferindo-lhe maior rigidez).
Para o caso de placa rígida, tem-se recalques uniformes em toda sua largura. Em solos
coesivos, a pressão de contato não é uniforme, concentrando-se mais nos bordos que no
centro (formato de "sela") para compatibilizar a condição de recalque uniforme. Em solos não
coesivos, a pressão de contato é maior no centro para vencer o aumento da rigidez provocada
pelo confinamento.
Como visto acima, a rigidez das placas influi na distribuição de pressões em todo o
solo. Segundo Vargas (1977), só poderemos aplicar a equação de Boussinesq e as outras
derivadas a partir dessa, se tivermos tratando de placa flexível (pressão de contato uniforme),
para que a rigidez da estrutura não possa influir na distribuição das pressões de contato.
Felizmente, para a engenharia, isso ocorre na grande maioria dos casos. Pode-se dizer ainda
que a influência da forma da distribuição das pressões de contato é maior para profundidades
relativas menores (menores valores de z/r), perdendo intensidade à medida em que a
profundidade aumenta.
76
A aplicação de cargas sobre uma massa de solo resulta em uma variação do seu
volume, a qual poderá ocorrer devido à compressibilidade da fase fluida (ar) ou por drenagem
da água intersticial. Ao deslocamento vertical resultante desta compressão do solo dá-se o
nome de recalque. A drenagem da água intersticial está intimamente associada à
permeabilidade do solo; assim, se uma camada de argila saturada for carregada local e
rapidamente, a baixa permeabilidade do solo retarda o processo da expulsão da água
intersticial e, nestas condições não-drenadas, a deformação do solo devido às cargas aplicadas
ocorre a volume constante, correspondendo a uma distorção elástica do meio. Os recalques
associados a esta distorção são designados recalques imediatos ou elásticos.
O recalque imediato (ρi) sob uma área transmitindo uma carga uniforme (q) à
superfície de um semi - espaço infinito, homogêneo, isotrópico e elástico linear, será dado
por:
1− ν2
ρi = q . B. .Ι s
E (8.26)
9. COMPACTAÇÃO.
9.1. Introdução
γ w ⋅ Sr
γd =
γ
w + w Sr
γs
(9.1)
Proctor Normal - 3 camadas
25 golpes
30 cm Peso
2,5 kg
5 cm
10,0 cm
12,7 cm Cilindro de
compactação
γd
γ dmax
o
ec
Ra
s
m
o
m
o
Ra
úm
Sr = 100%
id
o
Wot w
Figura 3.2 - Curva de Compactação típica
80
P.h.N .n
E= onde : (9.2)
V
P → Peso do Soquete (N)
h → Altura de Queda do Soquete (m)
N → Número de Golpes por Camada
n → Número de Camadas
V → Volume de solo compactado (m 3 )
E4
E3
Sr = 100%
E2
E1
γd
co
se
o
R
m
am
Ra
o
E2
úm
id
o
Sr = 100%
Est. floculada
E1 Est. dispersa
E2 > E1 w
Figura 9.4 - Influência da compactação na estrutura dos solos.
Figura 9.5 – Foto ilustrativa de solo compactado com estrutura bastante orientada,
fruto do uso de altas energias e valores de umidade de compactação acima da ótima.
γd
(1) 1) Areia
2) Areia argilosa
3) Argila
(2)
(3)
w
Figura 9.6 - Influência do tipo de solo na curva de compactação.
Pode-se fazer então a seguinte indagação: Porque os solos não são compactados em
campo em valores de umidade inferiores ao valor ótimo? A resposta a esta pergunta se
encontra na palavra estável. Não basta que o solo adquira boas propriedades de resistência e
deformação, elas devem permanecer durante todo o tempo de vida útil da obra.
Figura 9.7 - Variação da resistência dos solos com o teor de umidade de compactação.
Modificado de Caputo (1981).
Conforme se pode notar da fig. 9.7, caso o solo fosse compactado no teor de umidade
w1, ele iria apresentar uma resistência bastante superior àquela obtida quando da compactação
no teor de umidade ótimo. Conforme também apresentado na fig. 9.7, contudo, este solo
poderia vir a se saturar em campo (em virtude de um período de fortes chuvas, por exemplo),
vindo a alcançar o valor de umidade w2, para o qual o valor de resistência apresentado pelo
solo é praticamente nulo. No caso de o solo ser compactado na umidade ótima, o valor de sua
resistência cairia somente de R para r, estando o mesmo ainda a apresentar características de
resistência razoáveis.
9.10.1. Soquetes
Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser preenchido por areia úmida ou água, a fim de
que seja aumentada a pressão aplicada. São usados em bases de estradas, em capeamentos e
são indicados para solos arenosos, pedregulhos e pedra britada, lançados em espessuras
inferiores a 15cm.
Este tipo de rolo compacta bem camadas finas de 5 a 15cm com 4 a 5 passadas. Os rolos lisos
possuem pesos de 1 a 20t e freqüentemente são utilizados para o acabamento superficial das
camadas compactadas. Para a compactação de solos finos utilizam-se rolos com três rodas
com pesos em torno de 10t, para materiais de baixa plasticidade e 7t, para materiais de alta
plasticidade. A fig. 9.11 ilustra rolos compactadores do tipo liso. Os rolos lisos possuem
certas desvantagens como: Pequena área de contato. Em solos de pequena capacidade de
suporte afundam demasiadamente dificultando a tração. Necessidade de melhoria do
entrosamento entre camadas por escarificação (ver fig. 9.12)
Pode se usar rolos com cargas elevadas obtendo-se bons resultados. Nestes casos,
muito cuidado deve ser tomado no sentido de se evitar a ruptura do solo. A fig. 9.13 ilustra
alguns tipos de rolo pneumático existentes.
Para que se possa efetuar um bom controle da compactação do solo em campo, temos
que atentar para os seguintes aspectos:
tipo de solo
espessura da camada
entrosamento entre as camadas
número de passadas
tipo de equipamento
umidade do solo
grau de compactação alcançado
87
1) A espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a espessura
da camada compactada deverá ser menor que 20cm.
2) Deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo possível da
umidade ótima.
3) Deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se refere à
umidade quanto ao material.
Cilindro de solo
compactado
Cravação do cilindro
amostrador
Figura 9.18 – Fotos ilustrativas de passos para a cravação de um cilindro de parede
rígida em uma camada de solo compactada.
Para a determinação do Índice de Suporte Califórnia teremos que passar por três fases
anteriores: a execução de um ensaio de compactação, na energia do Proctor Modificado, a
preparação dos corpos de prova, o ensaio de expansão e finalmente o ensaio de determinação
do Índice de Suporte Califórnia ou CBR ("California Bearing Ratio"), propriamente dito.
90
5cm
17,5 cm
5 cm (disco espaçador)
Figura 9.19 - Corpo de Prova para o Ensaio de Compactação
O solo a ser utilizado na compactação do corpo de prova deve passar pela malha de
19mm (3/4") e ser moldado na umidade ótima determinada anteriormente.
demonstra a fig. 9.20. Três corpos de prova são preparados na umidade ótima com 12, 26 e 55
golpes, determinando-se o valor de γd obtido para cada corpo de prova. Após a imersão em
água durante quatro dias, mede-se, para cada corpo de prova, a resistência à penetração de um
pistão com φ = 5 cm, a uma velocidade de 1,25 mm/min, para alguns valores de penetração
pré-determinados (0,64mm; 1,27; 1,91; 2.54; 3,81; 5,08mm; etc.).
pressão calculada
CBR= ⋅100 (9.4)
105
Com os valores obtidos dos três corpos de prova traça-se o gráfico apresentado na fig.
9.21. O valor do Índice de Suporte Califórnia é determinado como sendo igual ao valor
correspondente a 95% do γdmax determinado para a energia do Proctor Modificado. O valor de
Índice de Suporte Califórnia assim obtido é utilizado para avaliar as potencialidades do solo
para uso na construção de pavimentos flexíveis. A eq. 9.5, por exemplo, apresenta uma
correlação empírica utilizada para se estimar, a partir do I.S.C., o módulo de elasticidade do
solo.
γd
55
26
95 % de γdmax
12
I.S.C I.S
.C
Figura 9.21 - Determinação do I.S.C.
93
10.1. Introdução
Qualquer projeto de engenharia, por mais modesto que seja, requer o conhecimento
adequado das características e propriedades dos solos onde a obra irá ser implantada. As
investigações de campo e laboratório requeridas para obter os dados necessários para
responder a essas questões são chamadas de exploração do subsolo ou investigação do
subsolo.
10.2.1.1. Poços
10.2.1.2. Trincheiras
grossa com corpo bipartido e ponta em forma de bisel (fig. 10.3). O engate tem dois orifícios
laterais para saída da água e ar e contém, interiormente, uma válvula constituída por esfera de
aço inoxidável. A fig. 10.4 mostra um corte do amostrador padrão indicando suas principais
dimensões.
Figura 10.3- Amostrador padrão de parede grossa - vista. Apud Nogueira (1995)
Abertura
100 Trado concha
45 Ensaio
100
55 Abertura
martelo
75cm
Cabeça de 15cm
bater 15cm
15cm
revestimento
amostrador
Com a amostra colhida no amostrador e com o valor o SPT (soma dos número de
golpes para cravar os 30cm finais do amostrador) fazem-se a identificação e classificação do
solo, de acordo com a ABNT - NBR 7250/80, utilizando testes tácteis-visuais com a
finalidade de definir as características granulométricas, de plasticidade, presença acentuada de
98
mica, matéria orgânica e cores predominantes. De acordo com a norma acima, o nome dado
ao solo não deverá conter mais do que duas frações e sugere as cores: branco, cinza, preto,
marrom, amarelo, vermelho, roxo, azul e verde, podendo-se usar claro e escuro, para o
máximo de duas cores e o termo variegado quando não houver duas cores predominantes.
Com o valor do SPT obtido em cada metro, os solos são classificados, quanto a
compacidade (solos grossos) e consistência (solos finos), conforme mostram as Tabelas 10.1
e 10.2. Nestas tabelas também estão apresentados os valores estimados de ângulo de atrito,
densidade relativa e resistência de ponta do cone (vide item 10.2.2.1), (qc), para os solos
arenosos e estimativa da resistência a compressão simples (Su), para os solos argilosos.
Nº DOC.: 242/01
LOCAL: SONDAGEM: SP - 14
PE N ETRAÇÃO (GOLPE S/30cm ) PERFIL GRÁFICO N ÍVEL COTA PROF. DA
8
Silte argiloso com areia fina, variegado (róseo), rijo.
13 16
8
9
9
15 15
9
10 10
12 13
10
11 11
0,00 10,60
15 15
12 11
12 Silte argiloso com areia fina e pedregulhos,
variegado (róseo e vermelho), rijo a duro. (Alteração
14 15 de rocha).
13 12
13
23 27
14
13
14
26 28 15
0 10 20 30 40 14
15 0,00
N1 e N2 (SPT) 14,45
29 31
15
16
19 Proprietário
20
ENGº. RESPONSÁVEL: / /
minutos. As leituras são efetuadas utilizando um pêndulo ou pio elétrico. Sempre que houver
paralisação dos serviços, antes do reinicio é conveniente uma verificação da posição do nível
d'água.
10.2.1.7. Amostragem
está submetido essa amostra. As amostras indeformadas são usadas na execução de ensaios de
laboratório para obtenção dos parâmetros de resistência ao cisalhamento e compressibilidade
do solo. Podem ser obtidas por meio de blocos indeformados ou por meio de amostradores de
parede fina.
A amostragem por meio de blocos é, geralmente, realizada na superfície do terreno,
em taludes ou no interior de um poço, acima do nível de água. A retirada de um bloco de solo
prismático indeformado segue esquema apresentado na fig. 10.9. O molde metálico
(30x30cm) é cravado no solo e efetua-se a escavação em torno e na base do mesmo, até
separar o bloco do maciço. Após a retirada do bloco, aplica-se uma fina camada de parafina,
recobrindo-o com um tecido poroso (tela, estopa), e em seguida aplica-se uma nova camada
de parafina. Essas operações tem o objetivo de preservar a umidade e a estrutura do bloco. Os
blocos devem ser devidamente identificados e colocados em caixas contendo serragem para
serem enviados para o laboratório, onde devem ser mantidos em câmara úmida até a
utilização.
di − d p
Fi = < 1 a 3%
dp
(10.1)
10.3, deve estar entre 95 e 100%. Na eq. 10.3, H é o comprimento cravado do amostrador e L
corresponde ao comprimento da amostra.
L (10.3)
R = ⋅100
H
di
dp
de
largamente utilizado, tendo servido como base para desenvolvimento dos outros tipos de
amostradores.
b) Amostrador de Pistão: é indicado para solos coesivos muito moles, siltes argilosos
e areias. O amostrador é constituído de um pistão ou êmbolo que corre dentro do tubo de
parede fina melhorando bastante as condições de amostragem, atingindo com facilidade 100%
de recuperação da amostra (comprimento da amostra igual ao comprimento cravado do
amostrador), mesmo em solos de difícil amostragem. A fig. 10.12 apresenta o amostrador de
pistão.
Figura 10.15 - Equipamento para ensaio de CPT, com medição hidráulica e vista do
cone de penetração (Begeman).
(ql) é obtida pela diferença entre a resistência total e a de ponta (qc). A velocidade de
cravação do cone deverá ser constante e da ordem de 2cm/seg. A cada 4cm de profundidade,
portanto, podem-se ter valores das resistências lateral e de ponta que, lançados em um gráfico
versus a profundidade toma o aspecto da fig. 10.17.
(a) (b)
Figura 10.16 - (a) Ensaio de CPT, cone de Begeman. (b) Esquema de cone elétrico
Os dados permitem obter, ainda, boas indicações das propriedades do solo, ângulo de
atrito interno de areias, e coesão e consistência das argilas. Foi Meyerhof (1956) quem
inicialmente propôs uma correlação do tipo qc = nN, entre a resistência de ponta (qc) e N
número de golpes para cravar 30cm finais do SPT. O autor acima sugeriu para as areias um n
= 4. Com base nesta relação foi elaborado o gráfico da fig. 10.19 que estabelece as
características de resistência ao cisalhamento e de deformabilidade de areias e argilas em
função dos resultados do SPT e da resistência de ponta do CPT. Entre as experiências
brasileiras menciona-se a desenvolvida por engenheiros do grupo “estaca franki”, que com
base em grande número de ensaios, chegaram aos valores de qc/N, apresentados na Tabela
10.5.
Hoje os ensaios de CPT são realizados tendo as medidas de resistência lateral e de
ponta feitas de forma automatizada. Isto permite, além de uma maior facilidade no
armazenamento e tratamento dos dados, uma execução mais contínua do ensaio. Também
outras medidas estão sendo acrescentadas ao ensaio, como medidas de pressão neutra, que
permitem estimar parâmetros hidráulicos e de adensamento dos solos estudados. Mais
recentemente ainda, sondas CPT vêm sendo dotadas de equipamentos para medir a
resistividade do solo, sendo os dados obtidos utilizados no diagnóstico de áreas contaminadas
(vide fig. 10.16b).
6 T
cu = .
7 πD3 (10.7)
Diversos fatores podem afetar os resultados obtidos com o “vane test”, dentre eles
destacam-se a velocidade de rotação diferente da estipulada, não homogeneidade da camada
de argila, as hipóteses de superfície cilíndrica de ruptura e distribuição de tensões uniforme
se afastando das condições reais. Na realidade, a superfície de ruptura obtida em um ensaio de
palheta não é cilíndrica, pois acredita-se que as zonas próximas à palheta podem estar sujeitas
a tensões mais altas, com concentração nas extremidades das aletas, provocando, portanto,
uma ruptura progressiva. A presença de pedregulhos, conchas ou areias, podem afetar
fortemente os resultados, acarretando valores mais elevados da resistência ou danificando a
palheta. Valores mais baixos que os reais são possíveis em argilas moles amolgadas devido ao
processo de cravação.
p 2 − p1
Ep = 2,66.(v o + v m ).
v 2 − v1 (10.8)
Ao passar uma corrente elétrica (I) através dos eletrodos A e B, e medir a diferença de
potencial (∆V) criada entre os eletrodos M e N, obtém-se a resistividade através da fórmula:
117
∆V
ρa=K
I (10.9)
A resistividade (ρ) pode ser definida como sendo a maior ou menor facilidade com
que uma corrente elétrica se propaga por um material. Os valores de resistividade são afetados
pela presença de água, pela natureza dos sais dissolvidos e pela porosidade total do meio. Os
resultados são tratados com o auxílio de um software.
A técnica sísmica do cross-hole, ou transmissão direta entre furos, tem como principal
objetivo a medida, em profundidade, das velocidades de propagação das ondas de compressão
(p) e cisalhante (s) de um furo de sondagem equipado com um martelo, a outro equipado com
um geofone (GIACHETI, 1991).
As velocidades das ondas de compressão e cisalhante são determinadas através da
medida do tempo requerido para o impacto percorrer a massa de solo e ser captado pelo
geofone colocado a uma distância, em geral não excedente a 8 metros da fonte. Assim, a
partir da obtenção das velocidades de propagação das ondas e do peso específico do solo é
possível estimar os módulos cisalhante e de deformabilidade, segundo as formulações abaixo:
G = VS2 γ (10.11)
E = 2VS2 γ (1 + ν ) (10.12)
ν =
(V − 2 V )
2
C
2
S
2(V − V )
2 2
C S
(10.13)
onde:
G = módulo cisalhante dinâmico (MPa)
E = módulo de deformabilidade dinâmico (MPa)
ν = coeficiente de Poisson
Vs = velocidade de propagação da onda cisalhante (m/s)
Vp = velocidade de propagação da onda de compressão (m/s)
γ = peso específico médio do solo (kN/m3)
A técnica de GPR vem sendo utilizada nos últimos anos com maior ênfase na
identificação de patologias em estruturas de concreto armado, localização de estruturas
enterradas, diagnóstico de áreas contaminadas, monitorização, levantamento de perfis
geotécnicos, etc. O ensaio consiste emissão de um pulso de onda eletromagnética, de forma e
duração conhecidos, e do acompanhamento do retorno destes pulsos à antena receptora.
Sempre que o meio muda as suas propriedades eletromagnéticas, há reflexões e refrações do
pulso de onda emitido que indicam esta mudança. Embora o ensaio seja pontual, a execução
118
(a) (b)
Figura 10.24 – Equipamento de GPR. (a) Antena de 1 Ghz e (b) CPU para
aquisição dos dados.
Figura 10.25 – Resultados obtidos a partir da técnica de GPR aplicada a uma laje
de concreto.
119
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA