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Ciência
A ciência está cada vez mais perto de encontrar a cura da doença que
apaga a mente de mais de 20 milhões de pessoas em todo mundo.
Por Da Redação
access_time31 maio 2001, 22h00 - Atualizado em 31 out 2016, 18h47
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Rodrigo Cavalcante
Certo dia você acorda e não reconhece a mulher deitada ao seu lado na cama.
Recebe abraços carinhosos de estranhos que lhe chamam de pai e nem
imagina de onde eles tiraram essa idéia maluca. É incapaz de lembrar
passagens marcantes da sua vida – até mesmo que um dia você foi presidente
dos Estados Unidos.
Essa história é real: Ronald Reagan, o ex-presidente dos Estados Unidos, não
se lembra de que foi presidente. Em 1994, ele admitiu publicamente que sofria
de Alzheimer, doença que ataca de forma gradativa as células do cérebro,
causando perda de memória, confusão mental e mudança de comportamento,
até extirpar qualquer vestígio de vida intelectual. No limite, o Alzheimer
compromete a habilidade do indivíduo para andar, falar e engolir alimentos.
“Esse quadro deve mudar em cinco ou dez anos”, diz Bredley Hyman,
neurologista do Hospital Geral de Massachusetts, o centro de formação dos
alunos de Medicina da Universidade de Harvard. Hyman lidera um grupo de
cientistas que está testando uma vacina para combater as placas beta-
amilóides no cérebro, uma das proteínas responsáveis pela morte dos
neurônios do paciente e possivelmente a causa da doença . Para que a vacina
pudesse ser testada em animais, os pesquisadores usaram ratos transgênicos,
animais programados geneticamente para desenvolver a doença. Os primeiros
resultados da vacina foram surpreendentes: as cobaias não apenas deixaram de
desenvolver a proteína vilã, como a vacina conseguiu limpar cerca de 70% das
placas beta-amilóides existentes.
“Os dados sugerem que o mesmo pode ocorrer no cérebro humano”, diz
Hyman, que publicou um artigo sobre a pesquisa na edição de março da
revista inglesa Nature Medicine. “Estamos cada vez mais perto de encontrar
um tratamento eficaz para bloquear a ação do Alzheimer no cérebro.”
Resta saber se isso não prova apenas que elas tinham uma mente saudável
desde jovens, enquanto as mais suscetíveis ao Alzheimer já apresentavam
sinais precoces de que iriam desenvolver a doença no futuro, ou se um estado
mental favorável é fundamental para a saúde. “Preservar o estímulo intelectual
é importante mesmo depois que os pacientes apresentam sinais da demência”,
diz a psicanalista Delia Goldfarb. “Até mesmo para lutar contra a doença acho
melhor quando o doente enfrenta o mal com mais consciência dos problemas
que vai enfrentar.”
Na internet
http://www.abraz.com.br
whyfiles.org/117alzheimer/index.html
http://www.alzheimers.org
17/03/2016 05h00 - Atualizado em 17/03/2016 05h00
FACEBOOK
Imagem mostra uma célula de engrama, relacionada à memória, de modelo de camundongo para a doença de
Alzheimer: uso de luz foi capaz de fazer animal recobrar memória (Foto: Riken/Divulgação)
Pessoas que sofrem do mal de Alzheimer podem não ter "perdido" a memória e ter apenas
dificuldade para recuperá-la. É o que sugerem pesquisadores que nesta quarta-feira (16)
revelaram a possibilidade de um tratamento que pode algum dia curar os estragos da demência.
twitter.com/bemestar
O prêmio Nobel Susumu Tonegawa afirmou que estudos realizados em ratos mostram que
estimulando áreas específicas do cérebro com luz azul, os cientistas podem conseguir que os
animais lembrem experiências às quais não conseguiam ter acesso antes.
Os resultados fornecem algumas das primeiras evidências de que a doença de Alzheimer não
destrói memórias específicas, mas as torna inacessíveis.
"Como seres humanos e camundongos tendem a ter princípios comuns em termos de memória,
nossos resultados sugerem que os pacientes com a doença de Alzheimer, pelo menos em seus
estágios iniciais, podem preservar a memória em seus cérebros, o que indica que eles têm
chances de cura", afirmou Tonegawa à AFP.
Experimento
A equipe de Tonegawa usou camundongos geneticamente modificados para mostrar sintomas
semelhantes aos dos seres humanos que sofrem de Alzheimer, uma doença degenerativa do
cérebro que afeta milhões de adultos em todo o mundo.
Os animais foram colocados em caixas por cuja superfície inferior passa um baixo nível de
corrente elétrica, causando uma descarga desagradável, mas não perigosa em seus membros.
saiba mais
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Estudo lista 5 ‘regras de ouro’ para prevenir demência
Pesquisadores veem progresso em tratamento de Alzheimer
Nova droga é promessa para tratar pacientes com Alzheimer no início
Um rato que não tem Alzheimer que é devolvido para o mesmo recipiente 24 horas depois tem
um comportamento medroso, antecipando, assim, a sensação desagradável.
Camundongos com Alzheimer não reagem da mesma forma, indicando que não guardam
nenhuma memória da experiência.
Mas quando os pesquisadores estimulam áreas específicas do cérebro dos animais - as chamadas
"células de engramas" relacionadas à memória - usando uma luz azul, lembram da sensação
desagradável.
O mesmo resultado foi observado inclusive quando se colocavam os animais num recipiente
diferente durante o estímulo, o que sugere que a memória teria sido retida e se ativou.
Conexões sinápticas
Ao analisar a estrutura física do cérebro dos camundongos, os pesquisadores mostraram que os
animais afetados com a doença de Alzheimer tinham menos "espinhas dendríticas", através das
quais as conexões sinápticas são formadas.
Com a repetição dos estímulos de luz, os animais podem incrementar o número de espinhas
dendríticas atingindo o nível de ratos normais, então voltando a mostrar um comportamento de
medo no recipiente de origem.
"A memória de ratos foi recuperada através de um sinal natural", disse Tonegawa, referindo-se
ao recipiente que causava o comportamento de medo.
"Isto significa que os sintomas da doença de Alzheimer em camundongos foram curados, pelo
menos em seus estágios iniciais", disse.
A pesquisa, patrocinada pelo Centro RIKEN-MIT para Genética de Circuitos Neurais, é a
primeira a mostrar que o problema não é a memória, mas sua recuperação, disse o centro com
sede no Japão.
Boa notícia para pacientes de Alzheimer
"É uma boa notícia para os pacientes de Alzheimer", disse Tonegawa por telefone à AFP desde
seu escritório em Massachusetts. Tonegawa obteve em 1987 o prêmio Nobel de Fisiologia e
Medicina.
O estímulo ótico das células cerebrais - técnica chamada "optogenética" - implica inserir um gene
especial nos neurônios para fazê-las sensíveis à luz azul, e depois estimulam partes específicas do
cérebro.
A optogenética foi usada anteriormente em tratamentos psicoterapêuticos para doenças mentais,
como depressão mental e transtorno de estresse pós-traumático (PTSD).
Tonegawa disse que a pesquisa em ratos dá esperança para o tratamento futuro do mal de
Alzheimer que afeta 70% das 4,7 milhões de pessoas no mundo sofrem de demência, um número
que deve aumentar à medida que nos países desenvolvidos como o Japão as pessoas vivem cada
vez mais tempo. Mas adverte que muito trabalho ainda é necessário.
"Os níveis iniciais de Alzheimer poderiam ser curados, no futuro, se conseguirmos uma
tecnologia com ética e segurança para o tratamento de condições humanas", acrescentou. A
pesquisa foi publicada na revista "Nature".
PSICOLOGIA E COMPORTAMENTO
ALZHEIMER
Um novo estudo mostrou que um tratamento com luz já utilizado para regular o relógio
biológico também pode melhorar o sono e reduzir a depressão ou a agitação apresentadas
por pessoas com Alzheimer ou outros tipos de demência.
Os resultados mostram que a exposição ao tratamento de luz durante o dia por quatro
semanas aumenta significativamente a qualidade e a duração total do sono desses
pacientes.
"As melhorias que vimos na agitação e depressão foram impressionantes," disse ela.
A fonte de luz utilizada produz baixos níveis - de 300 a 400 lux - de luz branco-azulada
com temperatura de cor de 9000 K.
A Dra. Mariana ressalta que a melhoria na qualidade do sono também foi associada a
outras mudanças comportamentais visíveis.
"Relatos subjetivos por parte da equipe de enfermagem indicam que os pacientes ficaram
mais calmos, comeram melhor e seu comportamento geral foi mais administrável," disse
elA.
fonte: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=luz-azul-melhora-sono-
ansiedade&id=9796
18/11/2013
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Chukuka Enwemeka e Violet Bumah usam luz azul para destruir bactérias resistentes a antibióticos.
[Imagem: Troye Fox/UWM]
E que tal se uma doença dessa gravidade pudesse ser curada apenas
com luz?
Janis Eells e Jeri-Ann Lyons usam luz no infravermelho próximo para tentar curar a esclerose múltipla.
[Imagem: Troye Fox/UWM]
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Já existem no mercado lâmpadas cujas cores podem ser alteradas por controle remoto.
[Imagem: Ourolux/Divulgação]
Estudo publicado pela revista "Nature" sugere que pacientes com o mal
degenerativo podem ser capazes de formar novas lembranças. Pesquisadores
chegaram à conclusão após estimular áreas específicas do cérebro de ratos.
Uma pesquisa divulgada nesta semana pela revista científica Nature aponta
que os portadores da doença de Alzheimer talvez não tenham "perdido" a
memória. Em vez disso, eles podem simplesmente ter dificuldades de acessá-
la.
Memórias reativadas
Os animais foram colocados numa caixa por cujo fundo passava uma corrente
elétrica de baixo nível – o que lhes fazia sentir um choque elétrico
desagradável nos pés, mas não perigoso.
Um rato não afetado pela modificação genética foi colocado de volta na mesma
caixa 24 horas depois e tremeu de medo, antecipando a mesma sensação
desagradável. Os animais com deficiência de memória semelhante ao mal de
Alzheimer não demonstraram temor, sugerindo não ter nenhuma lembrança da
experiência.
"As memórias dos ratos foram recuperadas através de uma cura natural", disse
Tonegawa. Isso significaria que os sintomas da doença de Alzheimer foram
curados, ao menos em seus estágios iniciais, segundo o neurocientista.
CA/afp/lusa/ots
Reportagem
Avanço na
luta contra
o
Alzheimer
Novas pesquisas
revelam estratégias
para bloquear os
processos moleculares
que levam à doença
degenerativa da
memória.
Michael S. Wolfe
O cérebro humano é um computador Tina West
orgânico notadamente complexo. Além de
captar uma grande variedade de
experiências sensoriais, processa e
armazena essas informações e lembra e
integra fragmentos selecionados no
momento certo. A destruição causada pela
doença de Alzheimer pode ser comparada ao
apagamento de um disco rígido, começando
pelos arquivos mais recentes até os mais
antigos. Um dos primeiros sinais é a
incapacidade de recordar eventos recentes,
enquanto lembranças antigas permanecem
intactas. Mas conforme a doença progride,
tanto as memórias novas quanto as velhas
desaparecem gradualmente, até que as
pessoas mais queridas deixam de ser
reconhecidas. O medo do Alzheimer origina-
se nem tanto da dor física e do sofrimento
antecipados, mas da perda inexorável de
lembranças de uma vida inteira, que são a
base da identidade individual.
Outra medicação, chamada memantina, parece retardar o declínio cognitivo em pacientes com
Alzheimer moderado a severo por meio do bloqueio da atividade excessiva de outro
neurotransmissor (glutamato), mas os pesquisadores ainda não determinaram se os efeitos
persistem após o primeiro ano.
Mais de uma década atrás poucas pessoas eram otimistas a respeito das chances de derrotar
o Alzheimer. Os cientistas sabiam muito pouco sobre a biologia da doença, e acreditava-se
que suas origens e sua progressão eram irremediavelmente complexas. Recentemente,
contudo, pesquisadores avançaram na compreensão dos eventos moleculares que parecem
desencadear a enfermidade, e exploram agora diversas estratégias para desacelerar ou conter
esses processos destrutivos.
Talvez um desses tratamentos, ou uma combinação deles, possa impedir a degeneração de
neurônios o suficiente para interromper a trilha da doença. Várias terapias potenciais estão
sendo submetidas a testes clínicos e já renderam resultados preliminares promissores. Mais e
mais pesquisadores estão com esperança - uma palavra que raramente se associa ao
Alzheimer.
Cascata Amilóide
As duas principais características da doença, observadas pela primeira vez pelo neurologista
alemão Alois Alzheimer há cem anos, são placas e emaranhados de proteína no córtex cerebral
e no sistema límbico - responsáveis pelas funções cerebrais superiores. As placas são acúmulos
encontrados do lado de fora dos neurônios e são constituídas por uma pequena proteína
chamada beta-amilóide, ou A-beta. Os emaranhados ficam dentro dos neurônios e de suas
projeções ramificadas (axônios e dendritos) e são formados por filamentos da proteína tau. A
constatação dessas anomalias iniciou um debate que se estendeu pelo século XX: as placas e
emaranhados seriam responsáveis pela degeneração dos neurônios, ou apenas sinalizariam os
lugares onde a morte neuronal já ocorreu? Na última década, as evidências penderam a favor
da hipótese da "cascata amilóide", que sugere que as duas proteínas estão envolvidas na causa
do mal de Alzheimer, com a A-beta iniciando a agressão.
Esta é um peptídeo curto, ou fragmento de proteína, isolado e descrito pela primeira vez em
1984 por George G. Glenner e Cai\\`ne W. Wong, então na Universidade da Califórnia de San
Diego. A A-beta é derivada de uma proteína maior chamada de precursora de beta-amilóide,
ou APP. As moléculas de APP fincam-se na membrana celular, com uma parte da proteína
dentro da célula e outra para fora. Duas proteases (enzimas de quebra de proteína) - beta-
secretase e gama-secretase - retiram a A-beta da APP, processo que ocorre em praticamente
todas as células humanas. A razão pela qual as células produzem A-beta não é clara, mas o
processo pode ser parte de uma rota de sinalização.
Antes de ser retirada, uma parte da A-beta fica no interior da membrana onde a APP se ligou,
entre suas porções interna e externa. Como as membranas são compostas por lipídios
hidrofóbicos, a região da proteína que atravessa a membrana contém aminoácidos
hidrofóbicos. Quando a A-beta é arrancada da APP pelas secretases beta e gama e é liberada
no ambiente aquoso fora da membrana, as áreas hidrofóbicas de diferentes moléculas A-beta
unem-se umas às outras, formando pequenos blocos solúveis. No início dos anos 90, Peter T.
Lansbury Jr., hoje na Escola Médica de Harvard, mostrou que, em concentrações altas, as
moléculas A-beta em um tubo de ensaio podem se unir na forma de estruturas fibrosas
similares às encontradas nas placas do mal de Alzheimer. Tanto as formações solúveis quanto
as fibras de A-beta são tóxicas aos neurônios cultivados em laboratório, e as primeiras podem
interferir em processos de aprendizado e memória em camundongos.
Essas descobertas apóiam a hipótese da cascata amilóide, mas a evidência mais forte veio do
estudo de famílias com alto risco de desenvolver Alzheimer. Membros dessas famílias carregam
mutações genéticas raras que os predestinam à doença precocemente - antes dos 60 anos.
Em 1991, John A. Hardy, hoje no Instituto Nacional de Envelhecimento dos Estados Unidos, e
colegas descobriram a primeira dessas mutações em um gene que codifica a APP, afetando
especificamente as áreas da proteína dentro e ao redor da região A-beta. Pouco depois, Dennis
J. Selkoe, de Harvard, e Steven Younkin, da Clínica Mayo em Jacksonville, Flórida, descobriram
que essas mutações aumentam a formação ou da A-beta em geral ou de um tipo particular
dela que é altamente propenso à formação de sedimentos. Além disso, pessoas com síndrome
de Down, que carregam três cópias do cromossomo 21 em vez das duas regulares, têm
incidência muito maior de Alzheimer na meia-idade. Como o cromossomo 21 contém o gene
da APP, essas pessoas apresentam níveis mais altos de A-beta desde o nascimento, e acúmulos
de amilóide podem ser encontrados em seu cérebro já aos 12 anos.
Há ainda outras conexões entre a doença de Alzheimer e os genes que regulam a produção da
A-beta. Em 1995, Peter St. George-Hyslop e seus colegas da Universidade de Toronto
identificaram mutações em dois genes relacionados, batizados de presenilina 1 e 2, que
causam as formas mais precoces e agressivas do Alzheimer, aparecendo tipicamente na faixa
dos 30 ou 40 anos. Tais mutações aumentam a proporção de A-beta propensa a se aglomerar.
Hoje se sabe que as proteínas codificadas pelos genes presenilina são parte da enzima gama-
secretase.
Dessa forma, dos três genes reconhecidos como causadores do Alzheimer precoce, um codifica
o precursor da A-beta e os outros dois especificam componentes de uma enzima protease que
ajudam a produzir o peptídeo maligno. Além disso, cientistas descobriram que pessoas
portadoras de uma certa variação no gene que codifica a apolipoproteína E - proteína que
ajuda a agrupar os peptídeos A-beta em conglomerados e filamentos - têm risco elevado de
desenvolver Alzheimer posteriormente. Diversos fatores genéticos provavelmente tenham
papel no princípio da doença, cada qual dando uma pequena contribuição, e estudos em
camundongos indicam que fatores ambientais alteram o risco da enfermidade (exercícios, por
exemplo, podem reduzi-lo).
Com base nessas observações, levantamos a hipótese de que a proteína presenilina seria uma
aspartil-protease incomum pregada no tecido das membranas celulares. Durante meu ano
sabático no laboratório de Selkoe em Harvard, e em colaboração com Weiming Xia,
identificamos dois ácidos aspárticos na presenilina que deveria estar dentro da membrana e
demonstramos que ambos são críticos para a clivagem da gama-secretase que produz A-beta.
Posteriormente, demonstramos que os inibidores de gama-secretase unem-se diretamente à
presenilina, e que três outras proteínas embutidas na membrana têm de juntar-se a ela para
permitir sua catalisação. Hoje a gama-secretase é reconhecida como membro fundador de
uma nova classe de proteases que aparentemente empunham água dentro das membranas
celulares para executar suas tarefas bioquímicas. Melhor ainda, seus inibidores são moléculas
relativamente pequenas que podem atravessá-las, o que os habilita a penetrar a barreira
hematoencefálica.
Entretanto, o potencial da gama-secretase como alvo terapêutico é moderado pelo fato de que
essa enzima desempenha papel crucial na maturação de células precursoras indiferenciadas
em várias partes do corpo, tais como as células-tronco na medula óssea, que evoluem para
células vermelhas do sangue ou linfócitos. Especificamente, a gama-secretase corta uma
proteína da superfície celular chamada Notch, que, liberada da membrana para dentro da
célula, envia um sinal ao núcleo que controla o destino da célula.
Doses altas de inibidores de gama-secretase provocam efeitos tóxicos severos em
camundongos em virtude da interrupção do sinal da Notch, o que gerou receio quanto a esse
potencial tratamento. Contudo, uma droga candidata desenvolvida pelo fabricante
farmacêutico Eli Lilly passou pelos testes de segurança em voluntários. O composto está agora
prestes a entrar no próximo nível de testes em pacientes com Alzheimer precoce. Além disso,
pesquisadores identificaram moléculas que ajustam a gama-secretase de modo que a
produção de A-beta seja bloqueada sem afetar o corte da Notch. Tais moléculas não interagem
com os ácidos aspárticos; eles se atam a outro ponto da enzima e alteram sua forma.
Alguns inibidores conseguem até reduzir a criação da versão de A-beta mais propensa a se
agregar em favor de um peptídeo mais curto, que não se cristaliza tão facilmente. Uma dessas
drogas, Flurizan, identificada por uma equipe de pesquisadores liderados por Edward Koo, da
Universidade da Califórnia de San Diego, e Todd Golde, da Clínia Mayo, mostrou-se
consideravelmente promissora em pacientes nos estágios iniciais de Alzheimer e já está
entrando em testes clínicos mais avançados, que incluirão mais de mil pessoas nos Estados
Unidos.
Como a imunização ativa ou passiva remove a A-beta do cérebro é de certa forma um mistério,
porque não está claro quão efetivamente esses anticorpos conseguem atravessar a barreira
hematoencefálica. Algumas evidências sugerem que a entrada no cérebro pode nem ser
necessária: talvez a absorção da A-beta no resto do corpo provoque um êxodo do peptídeo do
cérebro, porque as moléculas tendem a mover-se das altas concentrações para as mais baixas.
Embora a imunização passiva pareça agora ser a mais promissora, a ativa ainda não foi
descartada. Estudos preliminares conduzidos por Cynthia Lemere em Harvard mostram que a
imunização com partes selecionadas da A-beta, em vez de usar o peptídeo inteiro, pode
estimular a produção de anticorpos pelas células B do sistema imunológico, sem ativar as
células T, responsáveis pela encefalite.
De Olho na Tau
A amilóide, contudo, é apenas metade da equação do Alzheimer. A outra metade, os filamentos
de tau que causam emaranhados neurais, é considerada um alvo promissor na prevenção da
degeneração dos neurônios cerebrais. Pesquisadores estão concentrados em projetar
inibidores que possam bloquear as quinases que fixam uma quantidade excessiva de fosfatos
na tau, o que é um passo essencial para a formação de filamentos. Tais esforços ainda não
resultaram em drogas candidatas a testes clínicos, mas a esperança é que esses agentes
trabalhem futuramente com aqueles cujo alvo é a A-beta.
Outro empolgante avanço recente implica terapia celular. Mark Tuszynski e seus colegas da
Universidade da Califórnia det San Diego realizaram biópsias da pele de pacientes com
Alzheimer brando e inseriram nela o gene codificador do fator de crescimento neural (NGF, na
sigla em inglês). As células geneticamente modificadas foram então introduzidas
cirurgicamente no cérebro desses pacientes. A idéia era que elas produzissem e secretassem
NGF, o que preveniria a perda de neurônios produtores de acetilcolina e melhoraria a memória.
A terapia baseada em células foi uma estratégia inteligente para distribuir o NGF, proteína
grande que, de outra maneira, não conseguiria entrar no cérebro. Embora o estudo tenha
incluído poucos indivíduos e carecido de controles importantes, pesquisas de acompanhamento
mostraram redução do declínio cognitivo nos pacientes. Os resultados foram bons o bastante
para justificar testes clínicos adicionais.
Embora algumas dessas potenciais terapias não cumpram suas promessas, os cientistas
esperam encontrar ao menos um agente que possa efetivamente desacelerar ou interromper
a perda gradual de neurônios no cérebro - progresso que salvaria milhões de pessoas do
declínio inexorável da doença de Alzheimer e abriria caminho para medicamentos
regeneradores das funções mentais perdidas.
Mirar na A-beta pode impedir o início do Alzheimer ou retardá-lo precocemente, mas se essa
estratégia irá curar aqueles em estágios mais avançados da doença ainda não se sabe. Mesmo
assim, os pesquisadores têm bons motivos para o otimismo cauteloso. A recente enxurrada
de descobertas nos convenceu que a busca por maneiras de prevenir e tratar o Alzheimer não
será em vão.
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Sem saber bem por que, a música é uma das poucas armas que os terapeutas têm
para fazer frente à progressão da doença de Alzheimer.Apesar da devastação
provocada por essa doença no cérebro e, especialmente, na memória, uma grande
parte dos doentes conserva suas memórias musicais, mesmo nas fases mais
tardias. Agora um estudo mostra as possíveis causas desse fenômeno: a música é
armazenada em áreas do cérebro diferentes daquelas do resto das memórias.
O lobo temporal, porção do cérebro que vai da têmpora à parte de trás da orelha
é, entre outras coisas, a discoteca dos humanos. Ali é gerida nossa memória
auditiva, inclusive as canções. Estudos com portadores de lesão cerebral
respaldam a ideia de que guardamos a música em uma rede centrada nessa área.
No entanto, o lobo temporal também é a primeira parte do cérebro a sofrer os
estragos do mal de Alzheimer. Como se explica então que muitos doentes não
saibam o próprio nome ou como voltar para casa, mas reconhecem aquela canção
que os emocionou décadas atrás? Como alguns doentes são incapazes de
pronunciar uma palavra, mas, entretanto, conseguem cantarolar melodias que
fizeram sucesso quando ainda podiam se lembrar?
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Ratos com Alzheimer recuperam a capacidade de memorizar
Uma análise de sangue prevê o risco de se desenvolver Alzheimer
O futuro da memória
O que lembraremos antes de esquecer?
Parte dessa prudência pode vir da metodologia adotada para a segunda parte da
pesquisa. O ideal teria sido poder estudar a localização das memórias musicais
diretamente em pacientes com Alzheimer e não em pessoas saudáveis. Mas,
como salienta Jacobsen, não é fácil conseguir que um número significativo de
pacientes participe de um trabalho como esse. Além disso, existe também o
problema de que muitos dos afetados conseguiam se lembrar da canção, mas não
conseguiam verbalizar essa recordação. Por isso, foi realizarado um segundo
experimento para ver se as áreas onde a música é armazenada são igualmente ou
menos afetadas pela doença do esquecimento.
Em seu trabalho diário, Pérez-Robledo atua muitas vezes como DJ. Se o paciente
está em um estágio inicial, ele mesmo sugere as canções que o marcaram.
"Procuramos em sua história musical as canções de sua infância, da adolescência,
para evocar memórias. Os pacientes as escutam, dançam ou cantam", diz a
terapeuta. Quando o paciente já não pode dizer de que canções gostava, ela
experimenta as músicas mais ouvidas quando era criança ou, como em muitos
casos, é o cônjuge quem escolhe aquela canção que ouviam quando se
conheceram.
DOCUMENTÁRIO MOSTRA O
PODER DA MÚSICA CONTRA O
ALZHEIMER
23 de agosto de 2016
Categoria Arte e Cultura Prevenção e Tratamento
1 Comentário
A música costuma estar presente em nossas vidas desde cedo. Das canções de ninar,
passando pelas músicas infantis e chegando à vida adulta, elas sempre nos emocionam e
nos levam a relembrar de lugares e acontecimentos. Então, que tal usá-las para auxiliar
no tratamento de idosos com Alzheimer?
A música é poderosa contra a doença (clique aqui para saber mais). Isso acontece
porque as canções ficam armazenadas em áreas diferentes das que guardam as outras
memórias. Logo, é possível até que doentes em estágio avançado de Alzheimer
lembrem-se de suas melodias ou trechos preferidos!
As músicas garantem uma experiência emocional mais intensa, e são justamente esses
tipos de recordações que se tornam as mais duradouras em nossa mente. Mas nada pode
ser melhor do que explicar isso com exemplos reais…
Uma das histórias abordadas é a do senhor Henry. Muito ligado à música quando mais
jovem, hoje ele vive em um lar de idosos e tem inclusive dificuldades para reconhecer
os familiares. Antes deprimido, ele se transforma quando ouve sua música preferida. E
mesmo quando os fones são retirados, os efeitos benéficos na memória permanecem.
Ele fica mais ativo, atento e responde a perguntas com desenvoltura. Veja a história de
Henry e os incríveis efeitos da música no trecho abaixo:
Realmente, a música nos viajar, e com os doentes de Alzheimer não seria diferente!
Emocionante!
Rio - As canções que marcaram uma época ou um momento especial podem auxiliar no
tratamento para quem sofre de Mal de Alzheimer. Foi o que mostrou estudo feito por
neurocientistas alemães. Segundo a pesquisa, as lembranças musicais são armazenadas
numa região do cérebro diferente da que registra as outras recordações, que são
esquecidas pelos pacientes com a doença.
Publicado na revista científica ‘Brain’, o levantamento foi feito pelo Instituto Max Planck de
Neurociência e Cognição Humana, da Alemanha. Os pesquisadores utilizaram imagens de
ressonância magnética funcional para analisar a atividade cerebral de trinta voluntários
saudáveis, com média de 68 anos, ao mesmo tempo em que eles ouviam um repertório
musical da década de 1970.
“Cada música representa uma informação emocional diferente para cada pessoa. E essas
lembranças ficam guardadas em partes mais profundas do cérebro. Há também a ativação
da memória semântica. Portanto, ao ouvir uma música, a pessoa também relembra o
significado de determinado fato que ocorreu durante a sua vida”, explica.