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Uma luz sobre o Alzheimer

Ciência

A ciência está cada vez mais perto de encontrar a cura da doença que
apaga a mente de mais de 20 milhões de pessoas em todo mundo.
Por Da Redação
access_time31 maio 2001, 22h00 - Atualizado em 31 out 2016, 18h47

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Rodrigo Cavalcante

Certo dia você acorda e não reconhece a mulher deitada ao seu lado na cama.
Recebe abraços carinhosos de estranhos que lhe chamam de pai e nem
imagina de onde eles tiraram essa idéia maluca. É incapaz de lembrar
passagens marcantes da sua vida – até mesmo que um dia você foi presidente
dos Estados Unidos.

Essa história é real: Ronald Reagan, o ex-presidente dos Estados Unidos, não
se lembra de que foi presidente. Em 1994, ele admitiu publicamente que sofria
de Alzheimer, doença que ataca de forma gradativa as células do cérebro,
causando perda de memória, confusão mental e mudança de comportamento,
até extirpar qualquer vestígio de vida intelectual. No limite, o Alzheimer
compromete a habilidade do indivíduo para andar, falar e engolir alimentos.

Em um cérebro normal, os neurônios são como luzes numa casa iluminando


os aposentos e os corredores entre os quartos (as conexões nervosas que
mantêm nossa mente ativa). O Alzheimer age como alguém desligando todas
essas lâmpadas, levando, aos poucos, à completa escuridão. E não há nada que
se possa fazer para frear a doença. Após o diagnóstico, os pacientes podem
viver anos (em média, de 8 a 14) e morrem geralmente devido a complicações
associadas ao mal – como uma pneumonia ou outra infecção. Segundo
Maureen Reagan, filha do ex-presidente, o estado do pai piora a cada dia. E a
medicina pode fazer pouco além de melhorar a qualidade de vida do paciente,
da família e esperar o longo e sofrido adeus.

“Esse quadro deve mudar em cinco ou dez anos”, diz Bredley Hyman,
neurologista do Hospital Geral de Massachusetts, o centro de formação dos
alunos de Medicina da Universidade de Harvard. Hyman lidera um grupo de
cientistas que está testando uma vacina para combater as placas beta-
amilóides no cérebro, uma das proteínas responsáveis pela morte dos
neurônios do paciente e possivelmente a causa da doença . Para que a vacina
pudesse ser testada em animais, os pesquisadores usaram ratos transgênicos,
animais programados geneticamente para desenvolver a doença. Os primeiros
resultados da vacina foram surpreendentes: as cobaias não apenas deixaram de
desenvolver a proteína vilã, como a vacina conseguiu limpar cerca de 70% das
placas beta-amilóides existentes.

“Os dados sugerem que o mesmo pode ocorrer no cérebro humano”, diz
Hyman, que publicou um artigo sobre a pesquisa na edição de março da
revista inglesa Nature Medicine. “Estamos cada vez mais perto de encontrar
um tratamento eficaz para bloquear a ação do Alzheimer no cérebro.”

A primeira peça desse quebra-cabeça foi encontrada em 1906 pelo


neuropatologista alemão Alouis Alzheimer. Na época, ele analisou no
microscópio pequenas amostras do cérebro de Auguste D., paciente que
morreu aos 56 anos, depois de estar internada num hospício com crises de
agressividade, distúrbios de humor e de memória. O mundo vivia o alvorecer
da psicanálise e os médicos acreditavam que a demência de Auguste era fruto
de uma psicose, sem nenhuma causa orgânica. Foi quando Alzheimer
encontrou estranhas placas e fibras emaranhadas entre os neurônios do cérebro
da paciente, provando, pela primeira vez, que ali havia muito mais do que um
trauma reprimido. Apesar de a descoberta ter despertado o interesse dos
médicos, a doença entrou no rol dos casos raros e curiosos, mas que não
merecem ser tratados como prioridade.

Havia boas razões para isso. A maior incidência de Alzheimer ocorre em


pessoas acima dos 65 anos. Em 1906, a expectativa média de vida girava em
torno dos 50 anos. Não havia bons argumentos para concentrar esforços em
uma doença complexa e incurável que atacava o reduzido grupo de pacientes
que chegavam até essa idade. Com o aumento da expectativa de vida, esse
quadro mudaria logo. Na década de 60, o número de casos explodiu e, hoje,
estima-se que cerca de 20 milhões de pessoas em todo o mundo sofram da
doença. Se, no futuro, forem confirmadas as previsões do aumento da
população idosa, a incidência deve triplicar e, em 2050, esse número poderá
chegar a 60 milhões de casos.

“Estamos falando de um problema de saúde pública”, diz Paulo Caramelli,


neurologista do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Ele
estima que o Brasil deve ter quase um milhão de pacientes. “Como o
diagnóstico é complexo e os pacientes morrem de outros problemas
associados à doença, é difícil estimar com precisão esse número.” Nos
Estados Unidos, onde a expectativa média de vida é de 77 anos (no Brasil é
67,5), há mais de quatro milhões de portadores da doença. O custo desses
pacientes para o governo americano ultrapassa a cifra de 50 bilhões de dólares
por ano.

Com um mercado desses, não é à toa que os gigantes da indústria


farmacêutica estejam correndo atrás de um tratamento eficaz para a doença.
Steve DeKosky, pesquisador da Universidade de Pittsburgh e consultor do
laboratório Bristol-Myers, afirma que fabricar o remédio para combater o
Alzheimer é o sonho de toda companhia. Sua equipe está testando um
componente capaz de bloquear a produção de uma enzima que libera a
proteína beta-amilóide. “Todas essas pesquisas vão, afinal, confirmar se a
proteína beta-amilóide é a causa ou a conseqüência da doença”, diz o
neurologista Paulo Bertolucci, da Universidade Federal de São Paulo. “Apesar
de essa proteína ter um papel central na morte dos neurônios, ninguém ainda
pode assegurar que é ela quem aciona a doença.”

Outro grupo de cientistas defende que a origem do Alzheimer pode estar em


uma proteína chamada TAU. No interior da célula nervosa, ela serve como
suporte para pequenos tubos por onde passam os neurotransmissores
(mensageiros que transportam informações no cérebro) e outras substâncias
vitais para as células. Por algum motivo, essa proteína muda no cérebro de
quem tem Alzheimer, emaranhando os tubos que deveria ajudar a organizar
.Por que as proteínas passam a agir dessa forma no cérebro? É possível prever
as chances que cada pessoa tem de desenvolver a doença no futuro? Para
responder a essas perguntas, os pesquisadores também foram à caça dos
prováveis genes que acionariam essas alterações químicas no cérebro. Em
1992, um estudo mostrou que 65% dos pacientes de Alzheimer tinham uma
variação genética comum, a presença de um gene conhecido como APOE 4 no
cromossomo 19. Como essa variação não garante com precisão que a pessoa
venha a desenvolver a doença, o exame somente é recomendado, como uma
espécie de confirmação do diagnóstico, em pacientes que já apresentam sinais
da moléstia.

Sabe-se também que a hereditariedade é um fator decisivo em casos mais


raros da doença, quando ela inicia antes de o paciente completar 50 anos –
Alzheimer precoce. “Provavelmente, em 2010 será possível prevenir a doença
com drogas para o gene defeituoso de cada paciente”, diz Rudolph Tanzi,
professor de neurologia da Escola de Medicina de Harvard e autor do livro,
ainda inédito no Brasil, Decoding Darkness (Decodificando a escuridão), um
bom resumo do trabalho dos cientistas que mapeiam as origens genéticas do
mal desde o início da década de 80.

Há dois meses, um grupo de pesquisadores da Califórnia resolveu se antecipar


à chegada de novos medicamentos e partiu para um procedimento arriscado:
realizaram a primeira cirurgia experimental de terapia genética contra o
Alzheimer no cérebro de uma paciente de 60 anos no estágio inicial da
doença. O neurologista Mark Tusynski e sua equipe inseriram tecidos
geneticamente modificados no cérebro da paciente, com o uso de instrumentos
cirúrgicos especialmente desenhados para a operação. Se tudo der certo, a
deterioração das células doentes irá diminuir ou até mesmo parar. “Não
esperamos que a cirurgia cure a doença”, diz Tusynski. “Mas creio que ela
proteja ou até mesmo recupere algumas células nervosas afetadas, aliviando
sintomas como a perda de memória.”

Enquanto a terapia genética e os novos medicamentos não chegam, os


pacientes têm que se contentar com as poucas drogas disponíveis no mercado.
“Elas não impedem a evolução da doença”, diz Paulo Caramelli. “Atuam nos
sintomas, preservando as funções cerebrais que ainda não foram atacadas.”
Caramelli conta que, a cada nove pacientes que tomam a medicação, três
apresentam melhora razoável da memória e da atenção, outros três têm uma
melhora discreta e o último terço não tem melhora perceptível.
Além desses medicamentos, o resultado recente de uma pesquisa com 678
freiras americanas sugere que uma das formas de prevenção do mal é manter
em alta a vida intelectual. Após analisar em arquivos antigas redações dessas
religiosas, escritas quando elas haviam acabado de ingressar no convento, o
pesquisador da Universidade de Kentucky, David Snowdon, teve uma
surpresa: as autoras das melhores redações eram também as menos afetadas
pelos sintomas do Alzheimer. Publicada recentemente no livro Aging With
Grace (Envelhecendo Com Graça), ele também diz que as freiras que
cultivaram “emoções positivas” durante a vida se tornaram resistentes a
problemas de memória e de comportamento.

Resta saber se isso não prova apenas que elas tinham uma mente saudável
desde jovens, enquanto as mais suscetíveis ao Alzheimer já apresentavam
sinais precoces de que iriam desenvolver a doença no futuro, ou se um estado
mental favorável é fundamental para a saúde. “Preservar o estímulo intelectual
é importante mesmo depois que os pacientes apresentam sinais da demência”,
diz a psicanalista Delia Goldfarb. “Até mesmo para lutar contra a doença acho
melhor quando o doente enfrenta o mal com mais consciência dos problemas
que vai enfrentar.”

A posição de Delia é polêmica. Como o mal é incurável e o Código de Ética


de Medicina no Brasil não obriga o médico a revelar o diagnóstico, muitas
famílias preferem omitir o mal do paciente. “É um tema delicado”, diz o
neurologista Paulo Bertolucci. “Quando o paciente me pergunta diretamente,
eu falo.” Ele diz que uma das dificuldades de revelar o diagnóstico é o fato de
que a maioria dos pacientes chega ao consultório numa fase de demência
avançada. Como ainda não existe um exame clínico capaz de detectar a
doença, o veredito final é dado por exclusão de outras causas, como tumores e
derrames cerebrais. “O diagnóstico quase sempre é tardio, uma vez que as
pessoas acham, erroneamente, que a demência faz parte da velhice”, diz Vera
Caovilla, presidente da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz). “E não
ficam atentas aos sinais da doença.”

O próprio pai de Vera, que morreu de Alzheimer aos 72 anos em 1995,


demorou quatro anos para ser diagnosticado. “Ele era gemólogo (especialista
em pedras preciosas) e não conseguia mais distinguir uma pérola de um
diamante”, diz.

Indiretamente, uma das maiores contribuições da pesquisa sobre o Alzheimer


é retirar da velhice a imagem de decadência intelectual. Ou seja: não existem
velhos gagás. Apenas pessoas doentes. Que, em breve, poderão se curar.

Para saber mais


Na livraria
Decoding Darkness – The Search For The Genetic Causes of Alzheimer’s
Disease, Rudolph Tanzi e Ann B. Parson. Perseus Publishing, Estados Unidos,
2000

Na internet
http://www.abraz.com.br
whyfiles.org/117alzheimer/index.html

http://www.alzheimers.org
17/03/2016 05h00 - Atualizado em 17/03/2016 05h00

Memória perdida por Alzheimer


pode ser recuperada, diz estudo
Pesquisa sugere que doença não destrói memória, mas a torna inacessível.
Estudo que dá esperança para pacientes foi publicado na revista 'Nature'.
Da France Presse

FACEBOOK
Imagem mostra uma célula de engrama, relacionada à memória, de modelo de camundongo para a doença de
Alzheimer: uso de luz foi capaz de fazer animal recobrar memória (Foto: Riken/Divulgação)

Pessoas que sofrem do mal de Alzheimer podem não ter "perdido" a memória e ter apenas
dificuldade para recuperá-la. É o que sugerem pesquisadores que nesta quarta-feira (16)
revelaram a possibilidade de um tratamento que pode algum dia curar os estragos da demência.

CURTA O BEM ESTAR


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O prêmio Nobel Susumu Tonegawa afirmou que estudos realizados em ratos mostram que
estimulando áreas específicas do cérebro com luz azul, os cientistas podem conseguir que os
animais lembrem experiências às quais não conseguiam ter acesso antes.
Os resultados fornecem algumas das primeiras evidências de que a doença de Alzheimer não
destrói memórias específicas, mas as torna inacessíveis.
"Como seres humanos e camundongos tendem a ter princípios comuns em termos de memória,
nossos resultados sugerem que os pacientes com a doença de Alzheimer, pelo menos em seus
estágios iniciais, podem preservar a memória em seus cérebros, o que indica que eles têm
chances de cura", afirmou Tonegawa à AFP.
Experimento
A equipe de Tonegawa usou camundongos geneticamente modificados para mostrar sintomas
semelhantes aos dos seres humanos que sofrem de Alzheimer, uma doença degenerativa do
cérebro que afeta milhões de adultos em todo o mundo.
Os animais foram colocados em caixas por cuja superfície inferior passa um baixo nível de
corrente elétrica, causando uma descarga desagradável, mas não perigosa em seus membros.
saiba mais
 Teste usa 10 indicadores para detectar sinais de Alzheimer em 5 minutos
 Ser obeso aos 50 anos pode antecipar surgimento de Alzheimer, diz estudo
 Estudo lista 5 ‘regras de ouro’ para prevenir demência
 Pesquisadores veem progresso em tratamento de Alzheimer
 Nova droga é promessa para tratar pacientes com Alzheimer no início

Um rato que não tem Alzheimer que é devolvido para o mesmo recipiente 24 horas depois tem
um comportamento medroso, antecipando, assim, a sensação desagradável.
Camundongos com Alzheimer não reagem da mesma forma, indicando que não guardam
nenhuma memória da experiência.
Mas quando os pesquisadores estimulam áreas específicas do cérebro dos animais - as chamadas
"células de engramas" relacionadas à memória - usando uma luz azul, lembram da sensação
desagradável.
O mesmo resultado foi observado inclusive quando se colocavam os animais num recipiente
diferente durante o estímulo, o que sugere que a memória teria sido retida e se ativou.
Conexões sinápticas
Ao analisar a estrutura física do cérebro dos camundongos, os pesquisadores mostraram que os
animais afetados com a doença de Alzheimer tinham menos "espinhas dendríticas", através das
quais as conexões sinápticas são formadas.
Com a repetição dos estímulos de luz, os animais podem incrementar o número de espinhas
dendríticas atingindo o nível de ratos normais, então voltando a mostrar um comportamento de
medo no recipiente de origem.
"A memória de ratos foi recuperada através de um sinal natural", disse Tonegawa, referindo-se
ao recipiente que causava o comportamento de medo.
"Isto significa que os sintomas da doença de Alzheimer em camundongos foram curados, pelo
menos em seus estágios iniciais", disse.
A pesquisa, patrocinada pelo Centro RIKEN-MIT para Genética de Circuitos Neurais, é a
primeira a mostrar que o problema não é a memória, mas sua recuperação, disse o centro com
sede no Japão.
Boa notícia para pacientes de Alzheimer
"É uma boa notícia para os pacientes de Alzheimer", disse Tonegawa por telefone à AFP desde
seu escritório em Massachusetts. Tonegawa obteve em 1987 o prêmio Nobel de Fisiologia e
Medicina.
O estímulo ótico das células cerebrais - técnica chamada "optogenética" - implica inserir um gene
especial nos neurônios para fazê-las sensíveis à luz azul, e depois estimulam partes específicas do
cérebro.
A optogenética foi usada anteriormente em tratamentos psicoterapêuticos para doenças mentais,
como depressão mental e transtorno de estresse pós-traumático (PTSD).
Tonegawa disse que a pesquisa em ratos dá esperança para o tratamento futuro do mal de
Alzheimer que afeta 70% das 4,7 milhões de pessoas no mundo sofrem de demência, um número
que deve aumentar à medida que nos países desenvolvidos como o Japão as pessoas vivem cada
vez mais tempo. Mas adverte que muito trabalho ainda é necessário.
"Os níveis iniciais de Alzheimer poderiam ser curados, no futuro, se conseguirmos uma
tecnologia com ética e segurança para o tratamento de condições humanas", acrescentou. A
pesquisa foi publicada na revista "Nature".
 PSICOLOGIA E COMPORTAMENTO
 ALZHEIMER

Nobel da Medicina diz que


memória perdida por Alzheimer
pode ser recuperada
CONTI outra -
17 mar, 2016
Pessoas que sofrem da Doença de Alzheimer podem não ter
“perdido” a memória e têm apenas dificuldades em recuperá-
la, concluem investigadores conduzidos pelo Nobel da Medicina
Susumu Tonegawa, que na quarta-feira revelaram a
possibilidade de um tratamento curar os estragos provocados
pela demência.

O prêmio Nobel da Medicina Susumu Tonegawa (1987) defende que o


estímulo de áreas específicas do cérebro com luz azul permite a ratos
de laboratório recuperarem experiências e memórias que pareciam
esquecidas.

Os resultados fornecem algumas das primeiras evidências de que a


doença de Alzheimer não destrói por completo as memórias
específicas, torna-as “apenas inacessíveis”.

“Como seres humanos e ratos camundongos tendem a ter princípios


comuns em termos de memória, os nossos resultados sugerem que os
pacientes com a doença de Alzheimer, pelo menos nos estádios iniciais,
podem preservar a memória. Ou seja há hipóteses de cura”, comentou
Susumu Tonegawa à agência de notícias France Presse.

A equipe de Tonegawa usou este tipo de animais geneticamente


modificados para mostrar sintomas semelhantes aos dos seres
humanos que sofrem de Alzheimer, uma doença degenerativa do
cérebro que afeta milhões de adultos em todo o mundo. A Organização
Mundial de Saúde estima que em 2050 a demência afete 131 milhões
de pessoas.
Os animais foram colocados em caixas cuja superfície inferior estava
eletrificada, causando uma descarga desagradável, mas não perigosa,
sobre os seus membros sempre que os animais tocassem nessa
estrutura.

Um rato que não tem Alzheimer desenvolve comportamentos


medrosos, evitando a sensação desagradável.

Camundongos com Alzheimer não reagem da mesma forma, indicando


que não guardam nenhuma memória da experiência dolorosa.

No entanto, quando os cientistas estimulam áreas específicas do


cérebro dos animais – as chamadas “células de engramas”
relacionadas com a memória – usando uma luz azul, os ratos acabam
por se lembrar da sensação desagradável ou pelo menos desenvolvem
comportamentos para evitar os choques elétricos.
Imagem mostra uma célula de engrama, relacionada à memória, de
modelo de camundongo para a doença de Alzheimer: uso de luz foi
capaz de fazer animal recobrar memória (Foto: Riken/Divulgação)
O mesmo resultado foi observado também quando os animais eram
colocados num recipiente diferente durante o estímulo, o que sugere
que a memória se manteve.

Ao analisar a estrutura física do cérebro dos ratos, os investigadores


mostraram que os animais afetados com a doença de Alzheimer tinham
menos “espinhas dendríticas”, através das quais as conexões
sinápticas são formadas.

Com a repetição dos estímulos lumínicos, os animais podem


incrementar o número de espinhas dendríticas atingindo o níveis dos
ratos saudáveis.

“A memória de ratos foi recuperada através de um sinal natural”, disse


Tonegawa, referindo-se ao recipiente que causava o comportamento
de medo.

“Isto significa que os sintomas da doença de Alzheimer em


camundongos foram curados, pelo menos nos estádios iniciais”, disse.

A investigação, patrocinada pelo Centro RIKEN-MIT para Genética de


Circuitos Neurais, é a primeira a mostrar que o problema não é a
memória, mas as dificuldades na sua recuperação, explica o centro
com sede no Japão.

“É uma boa notícia para os pacientes de Alzheimer”, acrescenta


Tonegawa por telefone à AFP, a partir do escritório em Massachusetts.
Tonegawa obteve em 1987 o prémio Nobel da Medicina.

Fontes indicadas:Nuno Noronha/Sapo/ Bem Estar

Nota da página: A pesquisa foi publicada na revista “Nature”.


Luz azul melhora Sono e
Ansiedade de portadores de
Alzheimer
26/06/2014

Um novo estudo mostrou que um tratamento com luz já utilizado para regular o relógio
biológico também pode melhorar o sono e reduzir a depressão ou a agitação apresentadas
por pessoas com Alzheimer ou outros tipos de demência.

Os resultados mostram que a exposição ao tratamento de luz durante o dia por quatro
semanas aumenta significativamente a qualidade e a duração total do sono desses
pacientes.

Os indicadores de depressão e agitação também se reduziram significativamente.

"É um tratamento não-farmacológico simples e barato para melhorar o sono e o


comportamento dos pacientes de Alzheimer e demência," confirma a Dra. Mariana
Figueiro, que é brasileira, mas atualmente é professora do Centro de Pesquisa em
Iluminação do Instituto Politécnico Rensselaer (EUA).

"As melhorias que vimos na agitação e depressão foram impressionantes," disse ela.

Luz azulada durante o dia

A fonte de luz utilizada produz baixos níveis - de 300 a 400 lux - de luz branco-azulada
com temperatura de cor de 9000 K.

Luz azul combate fadiga de dia e de noite


A lâmpada foi simplesmente instalada nos quartos dos moradores e ligada durante o dia
por um período de quatro semanas.

A Dra. Mariana ressalta que a melhoria na qualidade do sono também foi associada a
outras mudanças comportamentais visíveis.

"Relatos subjetivos por parte da equipe de enfermagem indicam que os pacientes ficaram
mais calmos, comeram melhor e seu comportamento geral foi mais administrável," disse
elA.

fonte: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=luz-azul-melhora-sono-
ansiedade&id=9796
18/11/2013

Luz como medicamento?


Cientistas começam a ceder às
evidências
Redação do Diário da Saúde

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Chukuka Enwemeka e Violet Bumah usam luz azul para destruir bactérias resistentes a antibióticos.
[Imagem: Troye Fox/UWM]

A esclerose múltipla é uma doença neurológica crônica que destrói a


mielina, uma camada que isola as fibras do sistema nervoso central,
causando sintomas como visão embaçada, perda de equilíbrio e
paralisia.

E que tal se uma doença dessa gravidade pudesse ser curada apenas
com luz?

Essa é a possibilidade levantada pela equipe da Dra. Jeri-Anne Lyons,


da Universidade de Wisconsin (EUA).

Lyons e seus colegas demonstraram como determinados comprimentos


de onda da luz podem curar a esclerose múltipla - mais especificamente,
um comprimento de onda da luz chamado infravermelho próximo.

Em modelos animais, os primeiros sintomas semelhantes à esclerose


múltipla humana foram tratados com sucesso com a exposição à luz na
faixa do infravermelho próximo por uma semana, alternando com uma
semana sem nenhuma luz.
Repetindo as experiências de novo e de novo, o grupo descobriu que
certas doses de infravermelho próximo permitem que os animais de
laboratório recuperem a visão perdida por conta da doença.

Efeitos biológicos da luz

Os cientistas têm reconhecido que certos comprimentos de onda da luz


em certas doses podem curar - a cromoterapia, vista como uma terapia
alternativa, existe há mais de um século.

Mas só agora os pesquisadores estão descobrindo exatamente como a


luz interage com o lado biológico.

 Cromoterapia: veja o que a ciência diz sobre influência das


cores

O professor Chukuka Enwemeka, por exemplo, pesquisa os efeitos tanto


do infravermelho próximo quanto da luz azul visível na cicatrização de
feridas.

Entre suas constatações está a de que alguns comprimentos de onda da


luz azul - alguns tons de azul - podem limpar infecções persistentes,
incluindo a MRSA, uma forma da "superbactéria" Staphylococcus
aureus resistente a antibióticos.

Janis Eells e Jeri-Ann Lyons usam luz no infravermelho próximo para tentar curar a esclerose múltipla.
[Imagem: Troye Fox/UWM]

Juntos, Enwemeka e Lyons descobriram agora que o infravermelho


próximo e a luz azul reparam os tecidos de maneiras diferentes, mas
ambas atuam sobre a mesma enzima no centro de abastecimento de
energia da célula, a mitocôndria.

O infravermelho próximo atua na mitocôndria e em uma enzima


específica, o citocromo C-oxidase, para estimular a reparação das
células.
Luz como medicamento

"Nós não estamos falando sobre a luz branca [todos os comprimentos de


onda no espectro visível combinados] como tratamento, mas apenas
certos comprimentos de onda, de uma certa intensidade, durante um
determinado período de tempo," disse Lyons. "Do mesmo modo que as
medicações ingeridas, o segredo está na dose."

Determinar o melhor comprimento de onda de luz para a fototerapia é


uma tarefa difícil.

Estudos mostram que a luz com comprimento de onda de 670


nanômetros (nm) e 830 nm são benéficas, mas aos 730 nm o efeito
desaparece.

Outra tarefa difícil é determinar a dose apropriada e o regime de


aplicação da luz.

Felizmente, conforme a fototerapia e a cromoterapia deixam o status de


terapias alternativas, passando para o lado acadêmico, um maior número
de pesquisadores trabalhando sobre o tema certamente resultará em
resultados mais amplos e com aplicação a um maior número de
enfermidades.
21/02/2014

Luz azul combate fadiga de dia e


de noite
Redação do Diário da Saúde

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Já existem no mercado lâmpadas cujas cores podem ser alteradas por controle remoto.
[Imagem: Ourolux/Divulgação]

Azul contra o cansaço

A exposição à luz azul pode ser um remédio natural, eficaz e sem


contraindicações para a fadiga, tanto durante o dia quanto durante a
noite.

A exposição a um comprimento de onda curto - como a luz azul clara -


durante o dia melhora direta e imediatamente o estado de alerta e o
desempenho físico e mental.

Esta conclusão está em um trabalho publicado na edição de fevereiro da


revista especializada Sleep por pesquisadores do Hospital Brigham and
Women (EUA).

Já se sabia que, além de destruir bactérias, a luz azul regula o relógio


biológico de trabalhadores noturnos.

Mas parece que os efeitos são mais amplos do que se acreditava.


"Nossa pesquisa anterior mostrou que a luz azul é capaz de melhorar o
estado de alerta durante a noite, mas nossos novos dados demonstram
que esses efeitos também se estendem à exposição diurna à luz azul,"
disse Shadab Rahman.

"Estes resultados demonstram que a exposição prolongada à luz azul


durante o dia tem um efeito de deixar a pessoa mais alerta," completou.

Cores sob demanda

A fim de determinar quais comprimentos de onda de luz - as cores da luz


- são mais eficazes para afastar a fadiga, Rahman se juntou ao Dr.
George Brainard, professor de neurologia da Universidade Thomas
Jefferson, que estuda os efeitos da luz sobre o corpo humano há mais de
30 anos, tendo desenvolvido um equipamento de iluminação
especializado para estudar esses efeitos.

Eles compararam os efeitos da luz azul com a exposição a outras cores


sobre o desempenho dos voluntários.

Aqueles expostos à luz azul de forma consistente se mostraram menos


sonolentos, tiveram tempos de reação mais rápidos e menos lapsos de
atenção durante os testes de desempenho, em comparação com aqueles
que foram expostos a outras cores.

Os voluntários também apresentaram alterações nos padrões de


atividade cerebral que indicavam um estado mais alerta.

Os pesquisadores observam que o próximo grande desafio é descobrir


como aplicar uma melhor iluminação. Embora a luz natural seja ideal,
muitas pessoas não têm acesso à luz do dia em suas escolas, casas ou
locais de trabalho.

A solução pode estar em novas tecnologias de iluminação com controle


de cor, o que permitirá maximizar os efeitos benéficos da luz para a
saúde humana, além de garantir melhor produtividade e maior segurança
no trabalho.

 Luz como medicamento? Cientistas começam a ceder às


evidências
NOTÍCIAS

Alzheimer: memórias perdidas


podem ser recuperáveis
18 MAR2016
13h00





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Estudo publicado pela revista "Nature" sugere que pacientes com o mal
degenerativo podem ser capazes de formar novas lembranças. Pesquisadores
chegaram à conclusão após estimular áreas específicas do cérebro de ratos.

Uma pesquisa divulgada nesta semana pela revista científica Nature aponta
que os portadores da doença de Alzheimer talvez não tenham "perdido" a
memória. Em vez disso, eles podem simplesmente ter dificuldades de acessá-
la.

Segundo a revista científica, o estudo contradiz a noção de que o mal de


Alzheimer impede o cérebro de produzir novas lembranças. A pesquisa
também sugere que a estimulação cerebral pode fomentar, temporariamente,
as memórias dos pacientes nos primeiros estágios da doença, diz a Nature.

O estudo se baseia em trabalhos anteriores realizados por seu principal autor,


o neurocientista e Prêmio Nobel de Medicina Susumu Tonegawa, e seus
colegas do Instituto de Tecnologia de Massachussetts. Eles já haviam
demonstrado que, em certos tipos de amnésia, as memórias estavam
armazenadas, mas não podiam ser recuperadas.

Os cientistas questionam há anos se a amnésia provocada por um traumatismo


craniano, estresse ou doenças como o Alzheimer resulta de danos em células
cerebrais específicas, o que tornaria impossível recuperar as memórias, ou se
o problema está no acesso a essas lembranças.
Tonegawa disse que pesquisas em ratos mostraram que estimulando áreas
específicas do cérebro com luz azul, os cientistas conseguiram fazer com que
os animais recuperassem memórias que de outra forma teriam permanecido
inacessíveis.

"Assim como os seres humanos, os ratos tendem a ter um princípio comum em


termos de memória. Nossas descobertas sugerem que os pacientes com a
doença de Alzheimer podem manter suas lembranças no cérebro, ao menos
nos primeiros estágios, o que aponta para a possibilidade de uma cura",
afirmou o neurocientista.

Memórias reativadas

A equipe de Tonegawa utilizou ratos geneticamente modificados para exibir


sintomas similares àqueles de humanos que sofrem do mal de Alzheimer –
doença degenerativa que afeta milhões de adultos em todo o mundo.

Os animais foram colocados numa caixa por cujo fundo passava uma corrente
elétrica de baixo nível – o que lhes fazia sentir um choque elétrico
desagradável nos pés, mas não perigoso.

Um rato não afetado pela modificação genética foi colocado de volta na mesma
caixa 24 horas depois e tremeu de medo, antecipando a mesma sensação
desagradável. Os animais com deficiência de memória semelhante ao mal de
Alzheimer não demonstraram temor, sugerindo não ter nenhuma lembrança da
experiência.

No entanto, quando os pesquisadores estimularam áreas específicas do


cérebro dos animais – as chamadas "células de engramas" associadas à
memória – com uma luz azul, os ratos se lembraram aparentemente do
choque.

O mesmo resultado foi observado ao colocar os animais numa caixa diferente,


sugerindo que a memória que havia sido retida estava sendo reativada.

Esperança na fase inicial


Ao examinar a estrutura física do cérebro dos ratos, os pesquisadores notaram
que aqueles afetados por condições semelhantes à doença de Alzheimer
tinham menos canais pelos quais são formadas as conexões sinápticas.

Através de repetidos estímulos luminosos, os cientistas puderam aumentar o


número desses canais para níveis comparáveis a animais saudáveis. Em
determinado ponto, não foi mais necessário estimulá-los artificialmente para
suscitar a reação de medo diante da caixa.

"As memórias dos ratos foram recuperadas através de uma cura natural", disse
Tonegawa. Isso significaria que os sintomas da doença de Alzheimer foram
curados, ao menos em seus estágios iniciais, segundo o neurocientista.

"É uma boa notícia para os pacientes", afirmou o Nobel da Medicina.


"Pacientes numa fase inicial da doença podem vir a ser curados no futuro,
desde que se desenvolva uma nova tecnologia em acordo com requisitos
éticos e de segurança", ponderou.

Os investigadores estimam, no entanto, que a técnica só funcione durante


alguns meses nos ratos, ou durante dois ou três anos nas pessoas, até a
doença avançar de tal forma que elimine todos os possíveis ganhos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) avalia em 47,5 milhões o número de


pessoas no mundo afetadas por demências, sendo de 60% a 70% atingidas
pela doença de Alzheimer, que por enquanto é incurável.

CA/afp/lusa/ots
Reportagem
Avanço na
luta contra
o
Alzheimer
Novas pesquisas
revelam estratégias
para bloquear os
processos moleculares
que levam à doença
degenerativa da
memória.
Michael S. Wolfe
O cérebro humano é um computador Tina West
orgânico notadamente complexo. Além de
captar uma grande variedade de
experiências sensoriais, processa e
armazena essas informações e lembra e
integra fragmentos selecionados no
momento certo. A destruição causada pela
doença de Alzheimer pode ser comparada ao
apagamento de um disco rígido, começando
pelos arquivos mais recentes até os mais
antigos. Um dos primeiros sinais é a
incapacidade de recordar eventos recentes,
enquanto lembranças antigas permanecem
intactas. Mas conforme a doença progride,
tanto as memórias novas quanto as velhas
desaparecem gradualmente, até que as
pessoas mais queridas deixam de ser
reconhecidas. O medo do Alzheimer origina-
se nem tanto da dor física e do sofrimento
antecipados, mas da perda inexorável de
lembranças de uma vida inteira, que são a
base da identidade individual.

Infelizmente, a analogia do computador


acaba aí: não se pode simplesmente
reinicializar o cérebro humano e recarregar A doença gradualmente desfaz até mesmo lembranças mais
arquivos e programas. O Alzheimer não antigas. Cientistas pesquisam tratamentos capazes de
apenas apaga informações, mas destrói o impedir o surgimento da doença ou previnir seus efeitos
hardware cerebral, que é composto por mais nocivos.
de 100 bilhões de neurônios, com 100
trilhões de conexões entre eles. Medicamentos recentes aproveitam-se do fato de que muitos
dos neurônios destruídos em decorrência da doença respondem pela liberação de acetilcolina.
Como bloqueiam uma enzima responsável pela decomposição normal desse neurotransmissor,
tais remédios aumentam o nível da acetilcolina que de outro modo estaria escassa. O resultado
é estímulo neuronal e raciocínio mais claro, mas tais drogas se tornam ineficazes dentro de
seis meses a um ano, porque não conseguem impedir a cruel devastação de neurônios.

Outra medicação, chamada memantina, parece retardar o declínio cognitivo em pacientes com
Alzheimer moderado a severo por meio do bloqueio da atividade excessiva de outro
neurotransmissor (glutamato), mas os pesquisadores ainda não determinaram se os efeitos
persistem após o primeiro ano.

Mais de uma década atrás poucas pessoas eram otimistas a respeito das chances de derrotar
o Alzheimer. Os cientistas sabiam muito pouco sobre a biologia da doença, e acreditava-se
que suas origens e sua progressão eram irremediavelmente complexas. Recentemente,
contudo, pesquisadores avançaram na compreensão dos eventos moleculares que parecem
desencadear a enfermidade, e exploram agora diversas estratégias para desacelerar ou conter
esses processos destrutivos.
Talvez um desses tratamentos, ou uma combinação deles, possa impedir a degeneração de
neurônios o suficiente para interromper a trilha da doença. Várias terapias potenciais estão
sendo submetidas a testes clínicos e já renderam resultados preliminares promissores. Mais e
mais pesquisadores estão com esperança - uma palavra que raramente se associa ao
Alzheimer.

Cascata Amilóide
As duas principais características da doença, observadas pela primeira vez pelo neurologista
alemão Alois Alzheimer há cem anos, são placas e emaranhados de proteína no córtex cerebral
e no sistema límbico - responsáveis pelas funções cerebrais superiores. As placas são acúmulos
encontrados do lado de fora dos neurônios e são constituídas por uma pequena proteína
chamada beta-amilóide, ou A-beta. Os emaranhados ficam dentro dos neurônios e de suas
projeções ramificadas (axônios e dendritos) e são formados por filamentos da proteína tau. A
constatação dessas anomalias iniciou um debate que se estendeu pelo século XX: as placas e
emaranhados seriam responsáveis pela degeneração dos neurônios, ou apenas sinalizariam os
lugares onde a morte neuronal já ocorreu? Na última década, as evidências penderam a favor
da hipótese da "cascata amilóide", que sugere que as duas proteínas estão envolvidas na causa
do mal de Alzheimer, com a A-beta iniciando a agressão.

Esta é um peptídeo curto, ou fragmento de proteína, isolado e descrito pela primeira vez em
1984 por George G. Glenner e Cai\\`ne W. Wong, então na Universidade da Califórnia de San
Diego. A A-beta é derivada de uma proteína maior chamada de precursora de beta-amilóide,
ou APP. As moléculas de APP fincam-se na membrana celular, com uma parte da proteína
dentro da célula e outra para fora. Duas proteases (enzimas de quebra de proteína) - beta-
secretase e gama-secretase - retiram a A-beta da APP, processo que ocorre em praticamente
todas as células humanas. A razão pela qual as células produzem A-beta não é clara, mas o
processo pode ser parte de uma rota de sinalização.

Antes de ser retirada, uma parte da A-beta fica no interior da membrana onde a APP se ligou,
entre suas porções interna e externa. Como as membranas são compostas por lipídios
hidrofóbicos, a região da proteína que atravessa a membrana contém aminoácidos
hidrofóbicos. Quando a A-beta é arrancada da APP pelas secretases beta e gama e é liberada
no ambiente aquoso fora da membrana, as áreas hidrofóbicas de diferentes moléculas A-beta
unem-se umas às outras, formando pequenos blocos solúveis. No início dos anos 90, Peter T.
Lansbury Jr., hoje na Escola Médica de Harvard, mostrou que, em concentrações altas, as
moléculas A-beta em um tubo de ensaio podem se unir na forma de estruturas fibrosas
similares às encontradas nas placas do mal de Alzheimer. Tanto as formações solúveis quanto
as fibras de A-beta são tóxicas aos neurônios cultivados em laboratório, e as primeiras podem
interferir em processos de aprendizado e memória em camundongos.
Essas descobertas apóiam a hipótese da cascata amilóide, mas a evidência mais forte veio do
estudo de famílias com alto risco de desenvolver Alzheimer. Membros dessas famílias carregam
mutações genéticas raras que os predestinam à doença precocemente - antes dos 60 anos.
Em 1991, John A. Hardy, hoje no Instituto Nacional de Envelhecimento dos Estados Unidos, e
colegas descobriram a primeira dessas mutações em um gene que codifica a APP, afetando
especificamente as áreas da proteína dentro e ao redor da região A-beta. Pouco depois, Dennis
J. Selkoe, de Harvard, e Steven Younkin, da Clínica Mayo em Jacksonville, Flórida, descobriram
que essas mutações aumentam a formação ou da A-beta em geral ou de um tipo particular
dela que é altamente propenso à formação de sedimentos. Além disso, pessoas com síndrome
de Down, que carregam três cópias do cromossomo 21 em vez das duas regulares, têm
incidência muito maior de Alzheimer na meia-idade. Como o cromossomo 21 contém o gene
da APP, essas pessoas apresentam níveis mais altos de A-beta desde o nascimento, e acúmulos
de amilóide podem ser encontrados em seu cérebro já aos 12 anos.

Há ainda outras conexões entre a doença de Alzheimer e os genes que regulam a produção da
A-beta. Em 1995, Peter St. George-Hyslop e seus colegas da Universidade de Toronto
identificaram mutações em dois genes relacionados, batizados de presenilina 1 e 2, que
causam as formas mais precoces e agressivas do Alzheimer, aparecendo tipicamente na faixa
dos 30 ou 40 anos. Tais mutações aumentam a proporção de A-beta propensa a se aglomerar.
Hoje se sabe que as proteínas codificadas pelos genes presenilina são parte da enzima gama-
secretase.

Dessa forma, dos três genes reconhecidos como causadores do Alzheimer precoce, um codifica
o precursor da A-beta e os outros dois especificam componentes de uma enzima protease que
ajudam a produzir o peptídeo maligno. Além disso, cientistas descobriram que pessoas
portadoras de uma certa variação no gene que codifica a apolipoproteína E - proteína que
ajuda a agrupar os peptídeos A-beta em conglomerados e filamentos - têm risco elevado de
desenvolver Alzheimer posteriormente. Diversos fatores genéticos provavelmente tenham
papel no princípio da doença, cada qual dando uma pequena contribuição, e estudos em
camundongos indicam que fatores ambientais alteram o risco da enfermidade (exercícios, por
exemplo, podem reduzi-lo).

Os cientistas ainda não entendem exatamente como os blocos solúveis e os filamentos


insolúveis de A-beta rompem e matam neurônios. Acredita-se que conglomerados de A-beta
do lado de fora de um neurônio podem iniciar uma cascata de eventos que inclui a alteração
das proteínas tau dentro da célula. Em particular, os conglomerados A-beta chegam até a
modificar a atividade celular de enzimas quinases, que instalam fosfatos nas proteínas. As
quinases afetadas adicionam fosfato em excesso à tau, mudando as propriedades químicas
das proteínas e fazendo com que formem filamentos espiralados. As tau alteradas de algum
modo matam o neurônio, talvez rompendo os microtúbulos que transportam proteínas através
dos axônios e dendritos. Mutações no gene da tau geram filamentos na proteína e causam
outras doenças neurodegenerativas. Assim, a formação de filamentos de tau é aparentemente
um evento mais geral que leva à morte neuronal, enquanto a A-beta é um promotor específico
de Alzheimer.
Drogas Inibidoras
dado o papel crítico da A-beta no processo da doença, as proteases que produzem esse
peptídeo são alvos certos de potenciais drogas para inibir sua atividade. Inibidores de protease
provaram-se muito eficientes no tratamento de doenças como aids e hipertensão. O primeiro
passo na formação da A-beta é dado pela beta-secretase, protease que corta a maior parte da
APP imediatamente externa à membrana celular. Em 1999, cinco diferentes grupos de
pesquisa descobriram essa enzima, que é particularmente abundante nos neurônios cerebrais.
Embora a beta-secretase seja amarrada à membrana, ela se parece muito com um conjunto
de proteases encontrado em ambientes aquosos dentro e fora de células. Membros desse
conjunto usam ácido aspártico, um tipo de aminoácido, para catalisar a reação de quebra de
proteína. Todas as proteases usam água para quebrar suas respectivas proteínas, e enzimas
da família aspartil-protease empregam um par do ácido para ativar a molécula da água para
esse fim.

Como a beta-secretase se encaixa nessa família, os pesquisadores puderam tirar proveito do


amplo conhecimento que se tem sobre essas proteases, chegando a uma compreensão de
como silenciá-la. Sua estrutura tridimensional, que já era conhecida, foi utilizada como guia
para o projeto computadorizado de potenciais drogas inibidoras. Estudos genéticos sugerem
que bloquear a atividade da enzima não levará a efeitos colaterais prejudiciais; o desligamento
do gene codificador da beta-secretase eliminou a formação de A-beta no cérebro de roedores
sem trazer nenhuma conseqüência negativa aparente. Até o momento, porém, esses inibidores
não estão prontos para testes clínicos. O maior desafio é desenvolver compostos potentes
pequenos o suficiente para penetrar o cérebro. Diferentemente dos vasos sangüíneos em
outras partes do corpo humano, os capilares do cérebro são forrados de células endoteliais
bem comprimidas. Como há pouco espaço entre as células, os inibidores de protease têm de
ser capazes de passar pelas membranas celulares para chegar aos tecidos cerebrais
posteriores, e a maioria das grandes moléculas não consegue ultrapassar essa barreira
hematoencefálica.

A enzima conhecida como gama-secretase executa o passo seguinte na formação de A-beta,


cortando o pedaço de APP restante depois da clivagem feita pela beta-secretase. Essa segunda
protease realiza a rara façanha de usar água para quebrar a proteína dentro do ambiente
normalmente hidrofóbico da membrana celular. Duas pesquisas ajudam a compreender seu
funcionamento. Em 1998, Bart De Strooper, da Universidade Católica de Louvain, Bélgica,
descobriu que eliminar o gene que codifica a presenilina em camundongos reduz em grande
medida a quebra de APP pela gama-secretase, demonstrando que essa proteína é essencial à
função enzimática. Depois, meu laboratório, então na Universidade do Tennessee, em
Memphis, descobriu que compostos da mesma categoria química que os inibidores clássicos
de aspartil-proteases poderiam bloquear a clivagem de APP pela gama-secretase nas células.
O resultado sugeriu que ela contém um par de ácidos aspárticos essencial para catalisar a
reação de quebra de proteína.

Com base nessas observações, levantamos a hipótese de que a proteína presenilina seria uma
aspartil-protease incomum pregada no tecido das membranas celulares. Durante meu ano
sabático no laboratório de Selkoe em Harvard, e em colaboração com Weiming Xia,
identificamos dois ácidos aspárticos na presenilina que deveria estar dentro da membrana e
demonstramos que ambos são críticos para a clivagem da gama-secretase que produz A-beta.
Posteriormente, demonstramos que os inibidores de gama-secretase unem-se diretamente à
presenilina, e que três outras proteínas embutidas na membrana têm de juntar-se a ela para
permitir sua catalisação. Hoje a gama-secretase é reconhecida como membro fundador de
uma nova classe de proteases que aparentemente empunham água dentro das membranas
celulares para executar suas tarefas bioquímicas. Melhor ainda, seus inibidores são moléculas
relativamente pequenas que podem atravessá-las, o que os habilita a penetrar a barreira
hematoencefálica.
Entretanto, o potencial da gama-secretase como alvo terapêutico é moderado pelo fato de que
essa enzima desempenha papel crucial na maturação de células precursoras indiferenciadas
em várias partes do corpo, tais como as células-tronco na medula óssea, que evoluem para
células vermelhas do sangue ou linfócitos. Especificamente, a gama-secretase corta uma
proteína da superfície celular chamada Notch, que, liberada da membrana para dentro da
célula, envia um sinal ao núcleo que controla o destino da célula.
Doses altas de inibidores de gama-secretase provocam efeitos tóxicos severos em
camundongos em virtude da interrupção do sinal da Notch, o que gerou receio quanto a esse
potencial tratamento. Contudo, uma droga candidata desenvolvida pelo fabricante
farmacêutico Eli Lilly passou pelos testes de segurança em voluntários. O composto está agora
prestes a entrar no próximo nível de testes em pacientes com Alzheimer precoce. Além disso,
pesquisadores identificaram moléculas que ajustam a gama-secretase de modo que a
produção de A-beta seja bloqueada sem afetar o corte da Notch. Tais moléculas não interagem
com os ácidos aspárticos; eles se atam a outro ponto da enzima e alteram sua forma.

Alguns inibidores conseguem até reduzir a criação da versão de A-beta mais propensa a se
agregar em favor de um peptídeo mais curto, que não se cristaliza tão facilmente. Uma dessas
drogas, Flurizan, identificada por uma equipe de pesquisadores liderados por Edward Koo, da
Universidade da Califórnia de San Diego, e Todd Golde, da Clínia Mayo, mostrou-se
consideravelmente promissora em pacientes nos estágios iniciais de Alzheimer e já está
entrando em testes clínicos mais avançados, que incluirão mais de mil pessoas nos Estados
Unidos.

Limpeza das Teias


Outra estratégia para combater a doença é livrar o cérebro dos aglomerados tóxicos de A-beta
depois que o peptídeo é produzido. Uma abordagem é a imunização ativa, que pressupõe
recrutar o próprio sistema imunológico do paciente para atacar a proteína. Em 1999, Dale B.
Schenk e seus colegas da Elan Corporation fizeram uma descoberta pioneira: a injeção de A-
beta em camundongos geneticamente projetados para desenvolver placas amilóides estimulou
uma resposta imune que impediu a formação de placas no cérebro dos animais jovens e limpou
as já existentes nos mais velhos. Os roedores produziram anticorpos que reconheceram a A-
beta e aparentemente estimularam as células imunes do cérebro - micróglias - a atacar
conglomerados do peptídeo . Em camundongos, houve melhoras no aprendizado e na
memória, o que levou ao início de testes em humanos.
Infelizmente, embora a injeção de A-beta tenha passado pelos testes de segurança iniciais,
diversos pacientes desenvolveram encefalite - inflamação do cérebro - o que acarretou a
suspensão prematura do estudo em 2002. A pesquisa de acompanhamento indicou que o
tratamento pode ter causado a inflamação ao estimular as células T do sistema imunológico a
executar ataques excessivamente agressivos aos depósitos de A-beta. No entanto, a
investigação confirmou que muitos pacientes produziram anticorpos contra a A-beta, e aqueles
que o fizeram mostraram sinais sutis de melhora de memória e concentração.
As preocupações de segurança com a imunização ativa levaram alguns pesquisadores a tentar
a imunização passiva, que tem como objetivo eliminar o peptídeo por meio da injeção de
anticorpos nos pacientes. Produzidos em células de cobaias e programados geneticamente
para impedir a rejeição em humanos, esses anticorpos dificilmente provocariam encefalite, já
que não disparariam uma resposta nociva das células T no cérebro. Um tratamento por
imunização passiva desenvolvido pela Elan Corporation já avançou para os testes clínicos em
humanos.

Como a imunização ativa ou passiva remove a A-beta do cérebro é de certa forma um mistério,
porque não está claro quão efetivamente esses anticorpos conseguem atravessar a barreira
hematoencefálica. Algumas evidências sugerem que a entrada no cérebro pode nem ser
necessária: talvez a absorção da A-beta no resto do corpo provoque um êxodo do peptídeo do
cérebro, porque as moléculas tendem a mover-se das altas concentrações para as mais baixas.
Embora a imunização passiva pareça agora ser a mais promissora, a ativa ainda não foi
descartada. Estudos preliminares conduzidos por Cynthia Lemere em Harvard mostram que a
imunização com partes selecionadas da A-beta, em vez de usar o peptídeo inteiro, pode
estimular a produção de anticorpos pelas células B do sistema imunológico, sem ativar as
células T, responsáveis pela encefalite.

Outros pesquisadores testam estratégias não-imunológicas para impedir a aglutinação de A-


beta. Alguns compostos interagem diretamente com a proteína para mantê-la dissolvida no
líquido fora dos neurônios cerebrais, prevenindo a formação de blocos nocivos. A Neurochem,
em Quebec, está desenvolvendo a Alzhemed, uma pequena molécula que aparentemente imita
a heparina, um anticoagulante natural. No sangue, a heparina impede que as plaquetas
formem coágulos, mas quando ela se junta à A-beta, torna o peptídeo mais apto à formação
de depósito. Como a Alzhemed liga-se a esses mesmos pontos da A-beta, ela bloqueia a
atividade da heparina e, assim, reduz a aglutinação. O composto mostrou pouca ou nenhuma
toxicidade mesmo em altas dosagens, e o tratamento levou a certa melhora cognitiva em
pacientes com Alzheimer moderado. Os testes clínicos de fase 3 para essa droga já estão bem
adiantados.

De Olho na Tau
A amilóide, contudo, é apenas metade da equação do Alzheimer. A outra metade, os filamentos
de tau que causam emaranhados neurais, é considerada um alvo promissor na prevenção da
degeneração dos neurônios cerebrais. Pesquisadores estão concentrados em projetar
inibidores que possam bloquear as quinases que fixam uma quantidade excessiva de fosfatos
na tau, o que é um passo essencial para a formação de filamentos. Tais esforços ainda não
resultaram em drogas candidatas a testes clínicos, mas a esperança é que esses agentes
trabalhem futuramente com aqueles cujo alvo é a A-beta.

Pesquisadores examinam também se as estatinas - drogas para baixar o colesterol


amplamente usadas para reduzir o risco de doenças cardíacas - poderiam atuar contra o
Alzheimer. Estudos epidemiológicos sugerem que pessoas que tomam estatinas têm menos
risco de desenvolver a doença. O motivo desta correlação não é inteiramente claro; ao baixar
os níveis do colesterol, é possível que essas drogas reduzam a produção de APP, ou talvez elas
afetem diretamente a criação de A-beta por meio da inibição da atividade das secretases
responsáveis. Testes clínicos tentam estabelecer se estatinas podem de fato prevenir o
Alzheimer.

Outro empolgante avanço recente implica terapia celular. Mark Tuszynski e seus colegas da
Universidade da Califórnia det San Diego realizaram biópsias da pele de pacientes com
Alzheimer brando e inseriram nela o gene codificador do fator de crescimento neural (NGF, na
sigla em inglês). As células geneticamente modificadas foram então introduzidas
cirurgicamente no cérebro desses pacientes. A idéia era que elas produzissem e secretassem
NGF, o que preveniria a perda de neurônios produtores de acetilcolina e melhoraria a memória.
A terapia baseada em células foi uma estratégia inteligente para distribuir o NGF, proteína
grande que, de outra maneira, não conseguiria entrar no cérebro. Embora o estudo tenha
incluído poucos indivíduos e carecido de controles importantes, pesquisas de acompanhamento
mostraram redução do declínio cognitivo nos pacientes. Os resultados foram bons o bastante
para justificar testes clínicos adicionais.

Embora algumas dessas potenciais terapias não cumpram suas promessas, os cientistas
esperam encontrar ao menos um agente que possa efetivamente desacelerar ou interromper
a perda gradual de neurônios no cérebro - progresso que salvaria milhões de pessoas do
declínio inexorável da doença de Alzheimer e abriria caminho para medicamentos
regeneradores das funções mentais perdidas.

Mirar na A-beta pode impedir o início do Alzheimer ou retardá-lo precocemente, mas se essa
estratégia irá curar aqueles em estágios mais avançados da doença ainda não se sabe. Mesmo
assim, os pesquisadores têm bons motivos para o otimismo cauteloso. A recente enxurrada
de descobertas nos convenceu que a busca por maneiras de prevenir e tratar o Alzheimer não
será em vão.

Para conhecer mais


Decoding darkness. Rudolph E. Tanzi e Ann B. Parson. Perseus Books Group, 2000.

Hard to forget: an Alzheimer\\`s story. Charles Pierce. Random House, 2000.

Therapeutic strategies for Alzheimer\\`s disease. Michael S. Wolfe, em Nature Reviews


Drug Discovery, vol. 1, págs. 859-866, novembro de 2002.

Mais informações estão disponíveis em www.alz.org e www.alzforum.org


NEUROCIÊNCIA

A doença de Alzheimer não pode


com a música
A área do cérebro que abriga as memórias musicais é menos
danificada pela doença
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MIGUEL ÁNGEL CRIADO

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27 JUN 2015 - 20:56 CEST

Ampliar fotoO gráfico mostra (em


vermelho, acima) o giro cingulado anterior, onde as memórias musicais
são armazenadas. Mais abaixo, visão bilateral de três biomarcadores da
doença de Alzheimer; em vermelho, as áreas mais afetadas. MPI F.
HUMAN COGNITIVE AND BRAIN SCIENCES

Sem saber bem por que, a música é uma das poucas armas que os terapeutas têm
para fazer frente à progressão da doença de Alzheimer.Apesar da devastação
provocada por essa doença no cérebro e, especialmente, na memória, uma grande
parte dos doentes conserva suas memórias musicais, mesmo nas fases mais
tardias. Agora um estudo mostra as possíveis causas desse fenômeno: a música é
armazenada em áreas do cérebro diferentes daquelas do resto das memórias.

O lobo temporal, porção do cérebro que vai da têmpora à parte de trás da orelha
é, entre outras coisas, a discoteca dos humanos. Ali é gerida nossa memória
auditiva, inclusive as canções. Estudos com portadores de lesão cerebral
respaldam a ideia de que guardamos a música em uma rede centrada nessa área.
No entanto, o lobo temporal também é a primeira parte do cérebro a sofrer os
estragos do mal de Alzheimer. Como se explica então que muitos doentes não
saibam o próprio nome ou como voltar para casa, mas reconhecem aquela canção
que os emocionou décadas atrás? Como alguns doentes são incapazes de
pronunciar uma palavra, mas, entretanto, conseguem cantarolar melodias que
fizeram sucesso quando ainda podiam se lembrar?

Para tentar responder a essas perguntas, pesquisadores de vários países europeus


liderados por neurocientistas do Instituto Max Planck de Neurociência e
Cognição Humana de Leipzig (Alemanha) realizaram um experimento duplo. Por
um lado, procuraram as áreas do cérebro que são ativadas quando ouvimos
música. Por outro lado, uma vez localizadas essas áreas, analisaram se, em
pacientes de Alzheimer, tais áreas do cérebro apresentavam algum sinal de
atrofia ou, ao contrário, resistiam melhor à doença.

MAIS INFORMAÇÕES
 Ratos com Alzheimer recuperam a capacidade de memorizar
 Uma análise de sangue prevê o risco de se desenvolver Alzheimer
 O futuro da memória
 O que lembraremos antes de esquecer?

Para localizar onde o cérebro guarda a música, os pesquisadores fizeram trinta


indivíduos saudáveis ouvirem 40 trios de canções. Cada trio consistia em um
tema muito conhecido tirado das paradas de sucessos desde 1977, canções de
ninar e música tradicional alemã. As outras duas canções eram, pelo estilo, tom,
ritmo ou estado de ânimo, semelhantes à primeira, mas foram selecionadas do
grupo dos fracassos musicais para que não fossem conhecidas.

Muitos doentes não sabem o próprio nome, mas


reconhecem as canções que os emocionaram

Tal como explicado na revista Brain, o desenho do experimento foi baseado na


hipótese de que a experiência de ouvir música é, para o cérebro, diferente
daquela de lembrá-la e nos dois processos atuam diferentes redes cerebrais.
Durante as sessões, a atividade cerebral dos voluntários foi registrada mediante a
técnica da ressonância magnética funcional (fMRI). Eles descobriram que a
música está alojada em áreas do cérebro diferentes das áreas onde outras
memórias são armazenadas.

"Ao menos os aspectos-chave da memória musical são processados em áreas do


cérebro que não são normalmente associadas com a memória episódica,
semântica ou autobiográfica", diz Jörn-Henrik Jacobsen, neurocientista do Max
Planck e coautor do estudo. "Mas temos de ser muito cautelosos quando dizemos
algo tão absoluto como isso", acrescenta com prudência. As áreas que
apresentaram maior ativação ao rememorar as canções foram o giro cingulado
anterior, localizado na região média do cérebro, e a área motora pré-suplementar,
localizada no lobo frontal.

Parte dessa prudência pode vir da metodologia adotada para a segunda parte da
pesquisa. O ideal teria sido poder estudar a localização das memórias musicais
diretamente em pacientes com Alzheimer e não em pessoas saudáveis. Mas,
como salienta Jacobsen, não é fácil conseguir que um número significativo de
pacientes participe de um trabalho como esse. Além disso, existe também o
problema de que muitos dos afetados conseguiam se lembrar da canção, mas não
conseguiam verbalizar essa recordação. Por isso, foi realizarado um segundo
experimento para ver se as áreas onde a música é armazenada são igualmente ou
menos afetadas pela doença do esquecimento.

O cérebro processa em zonas diferentes a experiência de


ouvir música e as lembranças musicais
Para isso, foram estudados 20 pacientes com a doença de Alzheimer e seus
resultados foram comparados com os de outros trinta indivíduos saudáveis,
ambos os grupos com média de idade de 68 anos. O objetivo era saber em que
estado se encontravam as áreas musicais em relação ao resto do cérebro. No
diagnóstico e no acompanhamento da doença são utilizados principalmente três
biomarcadores, um deles é o grau de deposição do peptídeo β-amiloide, uma
molécula que tende a se acumular formando placas nas fases iniciais da doença.
Outra pista é a alteração do metabolismo da glucose no cérebro. E, finalmente, a
atrofia cortical, um processo natural à medida que se envelhece, mas que na
doença de Alzheimer é mais pronunciado.

As medições mostraram que os níveis de deposição de beta-amiloide não


apresentaram diferenças significativas. Nas áreas musicais dos doentes o
metabolismo da glicose estava em níveis normais e a atrofia cortical era até 50
vezes menor do que em outras áreas do cérebro. Para Jacobsen, "mostrar um
hipometabolismo inferior e uma atrofia cortical em comparação com as outras
áreas do cérebro significa que não são tão afetadas no curso da doença". E
acrescenta. "Mas isso só pode ser observado, acredito que ninguém possa
explicar por que isso é assim. No entanto, o giro cingulado anterior mostra uma
conectividade aumentada nos pacientes de Alzheimer, o que poderia significar
até mesmo que funciona como uma região que compensa a perda de
funcionalidade das outras".

As recordações mais duradouras estão


ligadas a uma experiência emocional
intensa, e a música está muito
relacionada com as emoções"
"As recordações mais duradouras são aquelas ligadas a uma experiência
emocional intensa e a música tem uma relação estreita com as emoções; a
emoção é uma porta de entrada para lembrar", diz a musicoterapeuta
da Fundação Alzheimer Espanha, Fátima Pérez-Robledo. Os resultados do estudo
confirmam isso. "Muitos doentes não lembram o nome de algum parente, mas
lembram da letra de uma canção", diz ela.

Em seu trabalho diário, Pérez-Robledo atua muitas vezes como DJ. Se o paciente
está em um estágio inicial, ele mesmo sugere as canções que o marcaram.
"Procuramos em sua história musical as canções de sua infância, da adolescência,
para evocar memórias. Os pacientes as escutam, dançam ou cantam", diz a
terapeuta. Quando o paciente já não pode dizer de que canções gostava, ela
experimenta as músicas mais ouvidas quando era criança ou, como em muitos
casos, é o cônjuge quem escolhe aquela canção que ouviam quando se
conheceram.
DOCUMENTÁRIO MOSTRA O
PODER DA MÚSICA CONTRA O
ALZHEIMER

 23 de agosto de 2016
 Categoria Arte e Cultura Prevenção e Tratamento
1 Comentário

A música costuma estar presente em nossas vidas desde cedo. Das canções de ninar,
passando pelas músicas infantis e chegando à vida adulta, elas sempre nos emocionam e
nos levam a relembrar de lugares e acontecimentos. Então, que tal usá-las para auxiliar
no tratamento de idosos com Alzheimer?

A música é poderosa contra a doença (clique aqui para saber mais). Isso acontece
porque as canções ficam armazenadas em áreas diferentes das que guardam as outras
memórias. Logo, é possível até que doentes em estágio avançado de Alzheimer
lembrem-se de suas melodias ou trechos preferidos!
As músicas garantem uma experiência emocional mais intensa, e são justamente esses
tipos de recordações que se tornam as mais duradouras em nossa mente. Mas nada pode
ser melhor do que explicar isso com exemplos reais…

Documentário Alive Inside: a música


para os doentes de Alzheimer
Produzido nos Estados Unidos, o documentário Alive Inside mostrou diversas
experiências positivas no uso da música para reavivar a memória de idosos com
Alzheimer ou outros tipos de demências. Dirigido por Michael Rossato-Bennett, o filme
toca em ponto ainda mais profundo: a música melhora o autorreconhecimento dos
doentes. Depois de ouvirem suas canções favoritas, suas mentes ficam mais ativas e eles
respondem melhor a perguntas e estímulos.

Uma das histórias abordadas é a do senhor Henry. Muito ligado à música quando mais
jovem, hoje ele vive em um lar de idosos e tem inclusive dificuldades para reconhecer
os familiares. Antes deprimido, ele se transforma quando ouve sua música preferida. E
mesmo quando os fones são retirados, os efeitos benéficos na memória permanecem.
Ele fica mais ativo, atento e responde a perguntas com desenvoltura. Veja a história de
Henry e os incríveis efeitos da música no trecho abaixo:

Realmente, a música nos viajar, e com os doentes de Alzheimer não seria diferente!
Emocionante!

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11/07/2015 00:02:38

Música resgata memórias de


pacientes com Alzheimer
Estudo diz que canções ficam armazenadas em parte do
cérebro não afetada
O DIA

Rio - As canções que marcaram uma época ou um momento especial podem auxiliar no
tratamento para quem sofre de Mal de Alzheimer. Foi o que mostrou estudo feito por
neurocientistas alemães. Segundo a pesquisa, as lembranças musicais são armazenadas
numa região do cérebro diferente da que registra as outras recordações, que são
esquecidas pelos pacientes com a doença.

Publicado na revista científica ‘Brain’, o levantamento foi feito pelo Instituto Max Planck de
Neurociência e Cognição Humana, da Alemanha. Os pesquisadores utilizaram imagens de
ressonância magnética funcional para analisar a atividade cerebral de trinta voluntários
saudáveis, com média de 68 anos, ao mesmo tempo em que eles ouviam um repertório
musical da década de 1970.

Em paralelo, os cientistas também estudaram vinte pacientes com Alzheimer, na mesma


faixa etária. Ao comparar os resultados, os especialistas perceberam que não havia
diferenças significativas no armazenamento da recordação musical. Eles detectaram que
as regiões do cérebro que guardam as canções são diferentes das que registram
experiências e conhecimentos adquiridos ao longo da vida.

O neurologista Oscar Bacelar explica que, com base em músicas, os pacientes


conseguem relembrar datas específicas e marcantes da vida deles quando elas tocaram
— como casamentos e aniversários, ou reuniões de família no Natal. Oscar destaca que o
hábito de ouvir a mesma música diversas vezes — comum em apreciadores desta arte —
ajuda a armazená-la no cérebro.

“Cada música representa uma informação emocional diferente para cada pessoa. E essas
lembranças ficam guardadas em partes mais profundas do cérebro. Há também a ativação
da memória semântica. Portanto, ao ouvir uma música, a pessoa também relembra o
significado de determinado fato que ocorreu durante a sua vida”, explica.

Musicoterapia pode ser feita com ajuda da família


Assim como atividades de socialização, leitura e exercícios físicos, a música também é
considerada como um tratamento não medicamentoso para quem tem Alzheimer. Segundo
o neurologista André Lima, a musicoterapia pode ser realizada com ajuda da própria
família. “Se o paciente tocava um instrumento antes da doença, os parentes podem
colocá-lo em contato novamente com o objeto, para ajudá-lo a relembrar de momentos. A
técnica deve ser feita em paralelo aos medicamentos receitados pelo especialista”, afirma.

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