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Reflexão de Adelino Buque

Com a Independência Nacional em 1975, conquistada pela


FRELIMO, depois de dez anos de Luta Armada de Libertação
Nacional, Moçambique adoptou um sistema de economia
centralizada e adoptou as empresas estatais e o cooperativismo
como um modelo económico e social que permitisse o acesso da
população ao emprego e aos recursos centralmente planificados e
distribuídos. Foi neste contexto que nos bairros residenciais
surgiram cooperativas de consumo, que recebiam e distribuíam os
produtos de consumo alocados centralmente, nasceram as
cooperativas de produção agrária, de artesãos, entre outras. A
adesão a estas cooperativas não era livre, como reza o princípio
cooperativo moderno. Mais, ele não incorporava na cooperativa as
mais-valias, porque usava o princípio segundo o qual cada um vive
de acordo com as suas necessidades, não com as suas capacidades.
Próprio do sistema social da economia.
O resultado é que as cooperativas não tiveram sucesso e estiveram
associadas ao fracasso do sistema económico socialista que, como se
sabe, eclipsou com a queda do muro de Berlim e a desagregação da
URSS, resultante da perestroika de Mikael Gorbachov. Com a queda
do grupo socialista ou comunista, países como Moçambique
receberam orientações do Banco Mundial e do Fundo Monetário
Internacional para privatizar tudo. Como se sabe e contrariamente
ao modelo anterior, aqui aplica-se o princípio de que “só toca
guitarra quem tem unhas”, ou seja a gestão é reservada a pessoas
com capacidades específicas, não bastando o voluntarismo e o
simples querer. Se o Estado privatizou as empresas estatais, as
cooperativas de consumo seguiram o rumo da alienação através dos
corpos-gerentes mais atentos às mudanças. Em outros casos, pura e
simplesmente, abandonou-se o edifício e atrás ficaram dívidas
referentes ao consumo de água, electricidade, entre outras. Os
factores atrás descritos fazem da cooperativa uma instituição
estigmatizada em Moçambique, até porque durante muitos anos
após a introdução da economia de mercado, muitas coisas
evoluíram, mas as cooperativas foram esquecidas e, no seu lugar, foi
encorajado o sistema associativo. Simplesmente, o associativismo
não produz lucros e nem faz distribuição de rendimentos, porque
não persegue fins lucrativos.
Associação moçambicana para a promoção do cooperativismo
moderno
Hoje, as cooperativas no mundo movem as economias, é assim que,
de acordo com estatísticas das Nações Unidas, por exemplo, no
Brasil 40% da produção agrária são feitos pelo sector cooperativo.
Em países desenvolvidos de orientação capitalista por excelência,
como os Estados Unidos da América, Noruega e Nova Zelândia,
cerca de 80 a 99% da produção de leite são feitos pelo sector
cooperativo. Este sector cobre a área financeira também. Assim, no
quadro do Conselho Mundial das Uniões de Crédito, 49.000
cooperativas servem 177 milhões de membros em 96 países e 4200
bancos no âmbito da Associação Europeia de Bancos Cooperativos
servem 149 milhões de clientes no fornecimento de energia eléctrica.
Os EUA contam com mais de 900 cooperativas que servem
aproximadamente 37 milhões de pessoas.
A Assembleia-Geral das Nações Unidas, através da Resolução nº
64/136, de 18 de Dezembro, sublinha que as cooperativas têm um
impacto sobre a redução da pobreza, a geração do emprego e a
integração social. Neste quadro, proclamou 2012 como ano
internacional das cooperativas, reiterando o contributo destas no
desenvolvimento socioeconómico, com realce nos países menos
desenvolvidos, como é o nosso caso.
É, pois, animado com estes dados e na procura da reversão da
imagem cooperativa que a Associação Moçambicana para a
Promoção do Cooperativismo
Moderno mobilizou pessoas para a reflexão no dia 16 do corrente
mês em torno deste assunto olhando para a realidade moçambicana.
Infelizmente, não pude participar devido a outras agendas. Lamento
bastante porque sou um entusiasta do cooperativismo. Muito cedo,
em 1980, fui indicado para trabalhar no Gabinete de Organização e
Desenvolvimento das Cooperativas Agrícolas – GODCA, do
Ministério da Agricultura e, nesse âmbito, participei como estagiário
na investigação do sistema cooperativo na altura sob tutela do
Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane.
Fazia parte da equipa, entre outros, Alpfius Mangheze, sociólogo e
investigador. Foi uma passagem gratificante para mim. Abriu-me a
visão sobre o que naquela altura deveria ser alterado no sistema. Foi
pena ter sido extinto o GODCA, salvo erro, em Junho do mesmo ano.
A minha ligação ao CEA manteve-se e consolidou-se mais tarde em
outras investigações sob liderança do conceituado Professor Mark
Wits.
Trata-se de um esforço que, na minha opinião, deveria ser abraçado
ao mais alto nível de governação deste país. Sabe-se que foi
aprovada uma nova Lei Cooperativa considerada inovadora que
engloba as cooperativas do tipo tradicional e as chamadas
cooperativas da nova geração, com destaque para o carácter
empresarial do novo sistema de cooperativismo moderno. É assim
que as cooperativas modernas, de acordo com a legislação
pertinente, podem estabelecer parcerias com investidores nacionais
ou estrangeiros, consórcios ou “joint-ventures”, concorrendo, deste
modo, para o acesso ao empoderamento de comunidades através de
capitais investidos no país.
Estranhamente, nas teses da FRELIMO ao seu X Congresso, a
realizar em Cabo Delgado, não consta o sistema cooperativo como
forma de produção e combate à pobreza absoluta no nosso país e
empoderamento das comunidades rurais numa altura em que o país
é procurado por capitais internacionais de investimento intensivo.
Não seria esta a porta de entrada de empreendedores e comunidades
locais? Porque faltam alguns meses para a realização do Congresso,
lugar por excelência para definir as políticas económicas futuras,
espero, francamente, que o cooperativismo seja tratado com maior
carinho pelo Partido FRELIMO e, por conseguinte, pelo Governo,
sabido que a FRELIMO continuará a governar este país por mais
tempo.
PS: Dedico este artigo de opinião à AMPCM, especialmente aos
seus corpos-gerentes, nomeadamente o Dr. MomedeRafico
Bagus e Amâncio Armando, e faço votos para que a sociedade
moçambicana abrace este movimento e faça dele uma ferramenta
importante no combate à pobreza.

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