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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES)

CENTRO DE EDUCAÇÃO (C.E-UFES)


CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS (CCHN)

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, POLÍTICA E SOCIEDADE (DEPS-UFES)

DAVID PROTES LAMBERTI

FÁBIO DOS SANTOS ARAÚJO

MAYKE DECOTTIGNES MAGALHÃES

VILNAR ROBERTO BERSOT NETO

VERACIDADE: O VER E O VIVER A CIDADE EM SALA DE AULA

VITÓRIA – ES

2018
DAVID PROTES LAMBERTI

FÁBIO DOS SANTOS ARAÚJO

MAYKE DECOTTIGNES MAGALHÃES

VILNAR ROBERTO BERSOT NETO

VERACIDADE: O VER E O VIVER A CIDADE EM SALA DE AULA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao


Departamento de Educação, Política e Sociedade, do
Centro de Educação (DEPS-CE), da Universidade
Federal do Espírito Santo (UFES), como requisito
parcial para obtenção do grau de Licenciatura em
Geografia.

Orientador: Prof. Me. Eder Lira

VITÓRIA – ES

2018
DAVID PROTES LAMBERTI

FÁBIO DOS SANTOS ARAÚJO

MAYKE DECOTTIGNES MAGALHÃES

VILNAR ROBERTO BERSOT NETO

VERACIDADE: O VER E O VIVER A CIDADE EM SALA DE AULA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Departamento de Educação, Política e Sociedade,


do Centro de Educação (DEPS-CE), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), como
requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Geografia.

Aprovado em ________________.

COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________
Prof. Me. Eder Lira
Universidade Federal do Espírito Santo
(Orientador)

_______________________________
Prof. Rhaony da Cruz Rocha
Examinador Externo

_______________________________
Thereza Cristina Bertolani Oliveira
Psicóloga
Examinadora externa

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AGRADECIMENTOS

Eu, David Protes Lamberti, agradeço primeiramente a Deus que capacitou,


me deu forças e me norteou por toda essa jornada. Agradeço também a minha
namorada Nathalia Cavatti que me apoiou, incentivou, auxiliou nesse período tão
importante da minha vida. Agradeço ainda minha família – Ilma, Julia, Julio e
Renata, que por muitas vezes renunciou seu tempo para me impulsionar a concluir
todo esse processo com excelência. Em tempo, agradeço ainda amigos que me
deram forças e viram em mim potencial, em especial agradeço aos amigos Adriel,
Edgar, Arthur, Allan, Fábio, Felipe, Mayke, Vilnar, que tiveram destaque por toda
influência positiva e colaboração nessa jornada. Sou grato ainda por toda
colaboração direta e indireta da Universidade Federal do Espírito Santo, em especial
o professor Eder Lira que teve paciência, sabedoria e vontade de nos orientar nessa
reta final.
Eu, Fábio dos Santos Araújo, penso que ao longo desses quatro anos e meio,
muitos são os motivos para agradecer, pois hoje estou realizando um sonho de
infância, ser professor de Geografia, desta forma, gostaria de compartilhar esta
conquista com aqueles que estiveram ao meu lado em todos os momentos da minha
vida. Louvo a Deus por mais essa vitória na qual Ele me concedeu, onde Deus foi o
meu sustento e o Seu projeto se cumpriu em minha vida. Aos meus irmãos na fé,
que estiveram ao meu lado e me ajudaram em oração. Aos amigos que me
inspiraram e incentivaram a todo o momento. Tia Helena e tio Jorge “in memoriam”,
obrigado por todas as vezes que ajudaram minha mãe, na minha criação e de meus
irmãos. Aos meus sogros Toninho e Juci, na ausência de um pai e uma mãe, Deus
me deu vocês, obrigado por tudo. Aos meus irmãos, Emerson obrigado por ter sido
uma referência em minha vida, Alberto Jorge (Beto) se hoje eu estou realizando um
sonho, é porque você abriu mão dos seus, amo vocês. Aos meus pais “in
memoriam”, que me ensinaram que a melhor forma de ser respeitado na sociedade,
era através da Educação, em especial a minha mãe (mãe/pai) que dedicou a sua
vida em amar eu e meus irmãos. A minha filha Júlia, meu maior presente, papai te
ama. Encerro as minhas palavras agradecendo a minha esposa Juliana pela sua

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paciência, dedicação e amor ao longo desses anos, essa conquista também é sua,
te amo em um momento chamado sempre.
Eu, Mayke Decottignes Magalhães vejo que esta fase da minha vida é muito
especial e não posso deixar de agradecer primeiramente a Deus por toda força,
ânimo e coragem que me ofereceu para ter alcançado meu objetivo e poder realizar
o meu grande sonho. Aos pais que doaram seu tempo e forças para que eu não
desisti em momento algum, sempre me apoiando em toda essa trajetória, sem eles
nada disso seria possível. Eles foram a peça fundamental para a concretização de
todo o trabalho. A vocês expresso o meu maior agradecimento. Agradeço a minha
Esposa Marilia, que em todos os momentos dessa caminha sempre esteve ao meu
lado, por algumas ocasiões tive que me ausentar. Mas com muita compreensão e
paciência você fortaleceu ainda mais os meus estudos. À Universidade quero deixar
uma palavra de gratidão por ter me recebido de braços abertos e com todas as
condições que me proporcionaram dias de aprendizagem muito ricos.
Aos professores reconheço um esforço gigante com muita paciência e
sabedoria. Foram eles que me deram recursos e ferramentas para evoluir um pouco
mais todos os dias. Ao Professor Paulo Scarim, que a todo o momento sempre me
apoio nos estudos, me mostrando os caminhos possíveis que se pode percorrer.
Aos amigos do LaTerra, e do GeQA que de alguma forma sempre contribuíram com
ensinamentos. Agradeço também em especial ao Professor Vilmar que nos permitiu
que concluíssemos essa etapa da nossa trajetória nesse momento. Reconheço o
seu esforço. Ao Professor Eder Lira que aceitou voluntariamente em nos orientar
também nesse momento e ao Professor Rhaony que cedeu algumas aulas suas
para que pudéssemos realizar a oficina e também as aulas de Estágio II.
A todos os meus amigos do Curso de Geografia/UFES da turma 2014/1,
Allan, Arthur, David, Fábio, Vilnar e que a todo momento sempre incentivaram e
inspiraram.
É claro que não posso esquecer da minha família, porque foram eles que através de
gestos e palavras a superar todas as dificuldades. A todas as pessoas que de uma
alguma forma me ajudaram a acreditar em mim eu quero deixar um agradecimento
eterno, porque sem elas não teria sido possível.

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Por fim, Eu, Vilnar Roberto Bersot Neto, agradeço aos meus pais Francisco e
Lucia (In Memoriam) por sonharem comigo e me motivarem a cada dia. Sou grato a
Leticia e Jaderson por acreditarem nos meus sonhos e estarem ao meu lado desde
o início. A minha noiva Lorena pelo amor e carinho a mim concedido, pela
compreensão nos momentos difíceis que passei e me ausentei. Agradeço aos meus
amigos de faculdade que, ficaram ao meu lado durante quatro anos e meio me
dando suporte, boas conversas e incentivos. Agradeço ao David, Fábio e Mayke por
estarem comigo na construção deste trabalho, sem nossa luta não estaríamos aqui.

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RESUMO

Este trabalho busca pesquisar o ensino de Geografia urbana a partir da


utilização de métodos ligados à geotecnologia. Para atingir o escopo, busca-se
ainda se apropriar de referencial teórico que norteia e orienta os pesquisadores a
ótica conceitual necessária para realizar este projeto.
A partir de um aparato pedagógico sobre os papeis do educador e da
potencialidade dos instrumentos que ele utiliza, busca-se ainda para a compreensão
desta pesquisa entender qual público alvo que traz quebras de paradigmas e
desafios metodológicos em todo processo escolar. As relações sociais dessa
geração que nasceu com a tecnologia são fundamentais para entender a
importância dos diálogos e meios de comunicação com os meios eletrônicos. Desta
forma, o grupo se apropria do arcabouço bibliográfico para a realização de uma aula
prática em molde de oficina, onde busca-se aproximar o conhecimento científico
trazido pela Geografia e os saberes originados da vivência, experiência e sobretudo
o exercício da cidadania.
Para cumprir com o objetivo proposto pela oficina, o grupo trabalha ainda com
a utilização da plataforma site Veracidade que permite uma visualização de imagens
se satélites em diferentes recortes temporais do Estado do Espírito Santo e
possibilita análises dinâmicas de inúmeros processos, dentre eles o de urbanização.
Desta forma, buscou-se estreitar as distâncias entre a área de estudo e a realidade
dos alunos a partir de análises do município que a escola se situa, de pontos
turísticos e da realidade dos bairros dos próprios estudantes.
Com a prática da oficina realizada percebemos que as geotecnologias quando
devidamente apropriadas são uma forte ferramenta para incentivar os alunos a
participarem do processo de ensino-aprendizagem e para unir os conhecimentos e
saberes de diferentes origens. Somado a isso, percebemos como a geração Z tem
uma comunicação intima com esse instrumento, o que o faz se tornar importante
objeto interlocutor da troca de saberes.

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ABSTRACT

This paper seeks to research the teaching of urban geography from the use of
methods linked to geotechnology. To reach the scope, it is sought to adapt a
theoretical framework that guides and orients the researchers to the conceptual
perspective necessary to carry out this project.
From a pedagogical apparatus on the roles of the educator and the potential of
the instruments he uses, it is still sought for the comprehension of this research to
understand which target audience brings paradigm breaks and methodological
challenges throughout the school process. The social relationships of this generation
that was born with technology are fundamental to understand the importance of
dialogues and means of communication through electronics. This way, the group
appropriates the bibliographic framework for a practical workshop, in which the
scientific knowledge brought by Geography is approached and the knowledge
originated from experience and, above all, the exercise of citizenship.
In order to accomplish the objective proposed by the workshop, the group also
works with the Veracity site platform, which allows the visualization of satellite images
in different temporal sections of the State of Espírito Santo and allows the dynamic
analysis of numerous processes, including urbanization. Therefore, it was sought out
to narrow the distances between the study area and the students' reality based on
analyzes of the municipality that the school is located, tourist points and the reality of
the students' own neighborhoods.
With the practice of the workshop fulfilled, it was realized that
geotechnologies, when suitable, are a strong tool to encourage students to
participate in the teaching-learning process and to unite science and knowledge from
different backgrounds. Added to this, we perceive how the generation Z has an
intimate communication with this instrument, which makes it become an important
interlocutor object of the exchange of knowledge.

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 1 – A Escola Estadual de Ensino Médio Irmã Maria Horta ...............................27

Foto 2 – Mapa da Região Administrativa 5 do município de Vitória. ........................28

Foto 3 – O Site veracidade.com.br........................................................................... 30

Foto 4 – Problemas técnicos dos computadores.......................................................32

Foto 5 – Explicação dos processos de urbanização do município de vitória com o


auxílio do site veracidade. ........................................................................................33

Foto 6 – Explicação dos processos de urbanização do município de vitória com o


auxílio do site veracidade. ....................................................................................34

Foto 7 – Alunos pesquisando suas localidades e perguntando curiosidades sobre a


região. .......................................................................................................................35

Foto 8 – Alunos pesquisando suas localidades e perguntando curiosidades sobre a


região. ...................................................................................................................... 36

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SUMÁRIO

1. Apresentação ................................................................................................... 11

1.1 Objetivos .......................................................................................................... 11

1.2 Metodologia ..................................................................................................... 12

2. Aproximações Teóricas ................................................................................... 13

3. A Oficina “Ver E Viver” .................................................................................... 26

3.1 O Questionário ................................................................................................. 27

3.2 A Escola Maria Horta ....................................................................................... 27

3.3 O Site Veracidade ............................................................................................ 30

4. A Oficina Pedagógica ...................................................................................... 32

5. Considerações Finais ...................................................................................... 39

6.. Referências Bibliográficas ............................................................................. 40

Anexos ................................................................................................................... 44

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1. APRESENTAÇÃO

O exercício da prática pedagógica tem relevância diante os emaranhados


sociais das instituições de ensino, e dentre esse processo a Geografia permite
estimular o aluno a se especializar dentro de um conjunto de relações entre o
humanizado e a natureza.
Com nossa experiência dentro da sala de aula, pode-se perceber uma
eventual apatia dos alunos em relação ao conhecimento dos processos de
urbanização, assim o projeto busca aproximar tais alunos ao tema utilizando
linguagem tecnológica comum na geração Z.
Além disso, nossas experiências dentro do ambiente de ensino perceberam
um distanciamento dos alunos com os livros didáticos, pois as figuras presentes
neste conteúdo destacam as grandes metrópoles e não necessariamente abarcam a
realidade desse aluno. Visa trabalhar com o site veracidade.com.br a fim de dialogar
como desenvolvimento do processo urbano do município de Vitória - ES em
diferentes contextos temporais mostrados no site, com metodologia mais palpável à
geração de hoje.

1.1 OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Aplicar formas de se trabalhar o processo de urbanização dentro do ambiente


ensino aprendizagem, sobretudo os conceitos de urbanização, cidade, zona urbana,
conurbação, zona rural, zona urbana e hierarquia urbana, tendo em vista sempre
como os usos das geotecnologias podem aproximar o estudante ao tema.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Realizar embasamento teórico para entender as diversas possibilidades


metodologias para se trabalhar o tema a partir do uso das geotecnologias.
2. Identificar como é a aplicação do ensino de Geografia urbana a partir de
questionários.
3. Compreender com os alunos o processo de planejamento da urbanização
do município de Vitória - ES a partir do site veracidade.com.br
4. Evidenciar e compreender os problemas urbanos dentro do recorte em
estudo com o uso do site veracidade.com.br.

1.2 METODOLOGIA

Construção da base bibliográfica que fundamentará a proposta. A fim de


verificar a demanda institucional do tema trabalhado, será aplicado um questionário
ao professore efetivo da turma que serve de análise de como é a aplicação do
ensino de Geografia urbana. A partir daí será realizado uma oficina em laboratório
com a turma onde terá acesso ao site veracidade.com.br. Assim, os pesquisadores
conduzirão a explicação sobre a possibilidade do uso da imagem de satélite para
análises territoriais, e dará início à parte prática.
Desta forma, os alunos vão procurar seus bairros e alguns pontos
conhecidos, como pontos turísticos, dentro do município de Vitória - ES e farão
análises descritivas e comparativas das imagens de 1970, 1978, 1998, 2005, 2007 e
2012. Por fim, os professores irão mostrar as diferenças observadas entre as
imagens, explicando os elementos que evidenciam o processo de urbanização e
como esse processo foi dado no município em estudo.

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2. APROXIMAÇÕES TEÓRICAS

Para que este trabalho tenha suas bases teóricas consolidadas, se faz
necessário rever algumas concepções pedagógicas de acordo com a própria
educação que foram apropriadas para a construção desta pesquisa. Nesse sentido
notamos uma teoria da educação pautada em uma prática educativa, ou seja, seu
conceito bem como sua função é realização de uma prática pedagógica. De modo
geral, tem-se uma busca na relação educador-educando na orientação do processo
ensino aprendizagem.
Essa aproximação no processo da troca de saber tem um ponto essencial em
seu escopo: libertar. O caráter libertário da educação segundo Freire (1971) massas
se faz algo de absolutamente fundamental entre nós. Educação que, desvestida da
roupagem alienada e alienante, seja uma força de mudança e de libertação.
Entretanto, para entender as formas de se chegar a esse escopo deve-se
pensar ainda em quais escalas a educação está distribuída no dia-a-dia da
sociedade. Nesse sentido Saviani (2003) reflete que o caráter educativo está
enraizado na natureza humana visto que para sobreviver, o homem necessita extrair
da natureza os meios de sua subsistência. Ao fazer isso, ele inicia o processo de
criação de um mundo humano, que inclui o aspecto de conhecimento das
propriedades do mundo real (ciência), de valorização (ética) e de simbolização
(arte), ou seja, em um plano não material da produção do saber. E esse campo
passa por trocas de experiências e proporcionando trocas de saberes que afirmam
as questões e preocupações para a subsistência.
Mas se o a educação está em dimensões que transcendem o papel da
instituição escolar, qual é o papel da escola? Para essa reflexão, Saviani (2003)
afirma que:

A escola existe, pois, para propiciar a aquisição dos


instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado
(ciência), bem como o próprio acesso aos rudimentos desse
saber. As atividades da escola básica devem organizar-se a
partir dessa questão. Se chamarmos isso de currículo,
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poderemos então afirmar que é a partir do saber
sistematizado que se estrutura o currículo da escola
elementar. (Saviani, 2003, p. 32).

O conceito se escola se apropriado para este trabalho foi afirmado ainda por
Oliveira (2012) que reflete que a escola, enquanto instituição social, é um dos
espaços privilegiados de formação e informação, em que a aprendizagem dos
conteúdos deve estar em consonância com as questões sociais. Ou seja, deve estar
relacionada ao cotidiano dos alunos, desde o aspecto local ao global.
A pesquisa então foi pensada a partir desse papel elementar que a escola
produz dentre ao acesso a materialização do saber científico, moral e ético. Dentro
desse espaço entende-se a partir de Oliveira (2012) que não existem quem ensina
ou quem aprende, mas quem aprende a aprender. Hoje, não se pede um professor
que seja mero transmissor de informações, ou que aprende no ambiente acadêmico
o que vai ser ensinado aos alunos, mas um professor que produza o conhecimento
em sintonia com o aluno.
Para a concretização dos norteamentos trazidos pela educação, o professor
deve provocar o aluno a ser um agente ativo dentre todo esse processo dando valor
as experiências e diferentes Geografias que se descobre dentre esse processo.
Oliveira (2012) ainda reflete que:

Numa sociedade que está sempre em transformação, o


professor contribui com seu conhecimento e sua experiência,
tornando o aluno crítico e criativo. Deve estar voltado ao
ensino dialógico, uma vez que os seres humanos aprendem
interagindo com os outros. É o processo aprender a aprender.
(Oliveira, 2012, p. 4).

Mas como será o professor capaz de concretizar seu papel sendo que há
variações destoantes de realidades: existem professores com muitos recursos,
outros em que a instituição de ensino já não consegue pluralizar tanto as
metodologias. Nesse sentido Zagury (2006) afirma que o professor precisa mostrar a

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beleza e o poder das ideias, mesmo que use apenas os recursos de que dispõe:
quadro-negro e giz. Observa-se nessa afirmação que a aula pode ser bem positiva e
agradável, sem os grandes recursos que permeiam todas as atividades humanas e
em todos os lugares: os recursos tecnológicos.
Nesse sentido o professor deve-se adaptar as possibilidades que lhe são
oferecidas. Neste caso em específico da pesquisa há um realce do aparato
tecnológico da geração alvo da pesquisa o que aumentou ainda mais o leque criativo
de metodologias que podem ser usados.
Apesar da disponibilidade dos recursos tecnológicos se faz ainda necessário
como serão as metodologias que vão contemplar o uso desses instrumentos.
Pensando nas possibilidades possíveis, foi-se apropriada para este trabalho a
produção de uma oficina. Segundo Paviani e Fontana (2009) a oficina é uma forma
de construir conhecimento, com ênfase na ação, sem perder de vista, porém, a base
teórica. Onde Cuberes apud Vieira e Volquind (2002) reforça o conceito de oficina
como:
Um tempo e um espaço para aprendizagem; um processo
ativo de transformação recíproca entre sujeito e objeto; um
caminho com alternativas, com equilibrações que nos
aproximam progressivamente do objeto a conhecer. Cuberes
apud Vieira e Volquind (2002, p. 11).

Uma oficina é entendida então como um momento no qual as situações e


experiências do cotidiano se tornam difundidas no processo ensino aprendizagem,
que se baseia em tríplice: sentir, pensar e agir, com certo objetivo pedagógico. Com
isso temos como objetivo principal articular conceitos teóricos vivenciados pelo
educando e dialogar com os saberes vividos com os saberes técnicos científicos.
Desse modo se faz necessário um conhecimento prévio de habilidade, linguagens e
necessidades dos participantes.
Tendo em vista todo o ensino e metodologias que iremos aplicar nesse
trabalho em sala de aula, buscamos ainda entender melhor quais são os motivos
que impulsionam esses padrões, costumes e culturas do público alvo da nossa
pesquisa: os jovens, visto que Libâneo (1998) afirma que o professor medeia à

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relação ativa do aluno com a matéria, inclusive com os conteúdos próprios de sua
disciplina, mas considerando o conhecimento, a experiência e o significado que o
aluno traz à sala de aula, seu potencial cognitivo, sua capacidade e interesse, seu
procedimento de pensar, seu modo de trabalhar. Nesse sentido o conhecimento de
mundo ou o conhecimento prévio do aluno tem de ser respeitado e ampliado.
Para isso, vamos adentrar melhor no conceito da Geração Z, onde segundo
Vargas et al (2017) esta geração é definida como: Pessoas que nasceram na
segunda metade da década de 90 até 2010, ligados e conectados nesse universo
tecnológico. Essa compreensão de geração se dá por um período histórico entre
cada geração que tem em média um intervalo de 25 anos. Contudo, percebe-se que
está cada vez mais rápido as expressões dessas gerações, podendo até observar
alguns trabalhos já trazendo uma definição com uma média de 10 anos. Sendo
assim, temos pessoas nascidas em um mesmo período, ou seja, na mesma geração
e que tendem a ter os mesmos estímulos sociais e culturais, onde, de certa forma
despertam esse interesse comum. Podemos atentar também que uma geração vai
muito além faixas etárias e períodos, mas podemos relacionar também alguns
comportamentos.
Existem diferentes interpretações para sua denominação, para Nilza Cercato
(2014) a Geração Z é “assim chamada pela inicial do verbo “zapear” termo que vem
do inglês, de ZAP que significa “fazer algo muito rapidamente” ainda traz as
acepções de “energia”, “entusiasmo” (CERCATO, 2014). Por outro lado, a geração é
identificada pela letra “Z” apenas por vir após a geração Y, seguindo uma sequência.
Essa geração está totalmente ligada e conectada nesse mundo virtual. São
conhecidas como nativos digitais, quer dizer, nascem num planeta já conectado,
com uso da internet, compartilhamento de arquivos, smartphones e gadgets que
tornam tudo conectado o tempo todo. São imediatistas e tem as informações com
muita instantaneidade.
Podemos refletir o que é acumulado por eles e o que de fato é utilizado
dessas informações que os cercam. O mundo digital para essa geração é totalmente
rápido, sem limites e tudo ao seu alcance, mas não é nada proveitoso se não
selecionarem o conhecimento, como diz Mario Sérgio Cortella (2016): “Não se pode
confundir informação com conhecimento. Informação é cumulativo, conhecimento é

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seletivo. [...] A gente tem uma fartura de informações, mas de nada adianta se você
não tiver clareza do que quer fazer com ela.” (CORTELLA, 2016).
É interessante ressaltarmos que além das semelhanças que os indivíduos
dessa mesma geração possuem, existem também diferenças entre esses indivíduos.
Mario Sérgio Cortella em uma entrevista em vídeo (Z Geração do Agora
Documentário, 2012) ressalta essas diferenças. Olhando o Brasil, um jovem,
pertencer a essa geração Z em uma metrópole é uma coisa, em uma cidade menor
é outra totalmente diferente. A geração Z no meio rural é totalmente diferente do
espaço urbano. Mesmo que hoje o acesso a isso se tornou muito mais fácil, ainda
assim temos diferenças, o contato não é tão intenso e em grandes proporções.
Quando analisamos essa discussão mais profundamente, associamos as pessoas
no contexto urbano uma particularidade em ficar mais tempo em locais fechados,
criando uma forte ligação com essa tecnologia tão acessível, criando vínculos com
isso e tornando essa troca de informações na rede mais fácil.
De acordo com Eduardo Shinyashiki (2009):

Vivemos na era do digital. Do reflexo das telas na face de


nossos filhos, diariamente imersos no mar infinito da web. Da
conexão constante: em casa pelo modem, nas ruas por meio
dos celulares e em cafés com redes sem fio (wireless). Nos
últimos anos, esse domínio da internet chegou a um dos locais
mais protegidos pela sociedade: a escola (SHINYASHIKI,
2009).

Essa era até então um local onde essa inovação ainda não tinha atingido e
mesmo que estivesse chegado, ela estava entrando sorrateiramente. Refletir sobre a
entrada da internet e das tecnologias nas escolas nos deparamos com algumas
dificuldades que precisam ser superadas no ambiente escolar, nesse sentido
Cortella (2016) comenta que:

Nossos alunos são do século 21, nossos professores são do


século 20, e uma parte da metodologia é do século 19. Temos,
portanto, uma colisão intersecular que precisa ser

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ultrapassada, na medida em que nos preparamos melhor,
utilizando o mundo que está à nossa volta, mas sem nos
subordinar a ele (CORTELLA, 2016).

Ao ponto que nos debatemos com essa questão seria preciso trazer uma
nova formulação para o ambiente escolar de hoje. Pensando nisso, será que essa
invasão da tecnologia frente a essa resistência de alguns professores e métodos de
aprendizagem cria um conflito dentro da escola e entre gerações? Será necessária
uma atualização das gerações passadas para acompanhar os desenvolvimentos da
geração de hoje? Esse conflito em certa forma poderia afetar a aprendizagem dos
estudantes?

Cada vez mais vemos o quanto isso vem afetando e transformando nossa
sociedade. O modo de agir, pensar e executar dessa geração tem se transformado
em velocidades inesperadas. Frente a isso, em outubro de 2016 a Sociedade
Brasileira de Pediatria lançou um manual de orientação sobre “Saúde de Crianças e
Adolescentes na Era Digital” onde afirmaram que as tecnologias presentes estão
transformando cada vez mais o mundo a nossa volta assim como o comportamento
e as formas de relação dos indivíduos. As crianças e adolescentes fazem parte da
geração digita e o uso precoce dos dispositivos tecnológicos e em diversos espaços
é inerente, não só dentro de casa. Pensar e analisar a Geração Z em diferentes
perspectivas e enxergar que além dos avanços que temos vivido, é ver que temos
por outro lado, uma intensa relação com os artifícios tecnológicos e as novas
características de convivência social que surgem com esse intenso contato.
Problematizar como que se dão essas relações e de que forma que elas interferem
diretamente na vida destes indivíduos. Cercato (2014) chama atenção para a
capacidade que eles têm de fazer diversas tarefas ao mesmo tempo. Por outro lado,
querem tudo na hora, são imediatistas, desejam as coisas com a velocidade do
mundo virtual. Neste sentido Cortella (2012) em um vídeo entrevista afirma que as
pessoas pertencentes à Geração Z apresentam grande noção de instantaneidade,
velocidade e senso de urgência, em contrapartida são pessoas mais impacientes.
Para ele, paciência não é sinônimo de lerdeza, mas sim capacidade de deixar

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maturar. É onde o indivíduo passa não absolver tanta informação assim. Diante
disso podemos analisar como seria essa interação em sala de aula com o uso das
tecnologias.
Com as tecnologias integrando todo nosso dia-a-dia, por que não integrar ela
em uma sala de aula também? Além das aulas em laboratórios de informáticas
podemos aproveitar esse uso em nosso favor, sempre atentos com possíveis
desvios de atenção. De acordo com Eduardo Shinyashiki (2009):

Existem muitas outras opções possíveis de interação entre o


professor, o aluno e a web. O limite é determinado apenas pela
capacidade imaginativa e o conhecimento de informática do
educador, que pode negar-se a aproveitar as possibilidades
oferecidas pela ferramenta digital ou atualizar-se e encarar de
frente o computador, um trunfo didático quando bem
aproveitado. (Shinyashiki, 2009)

Saber utilizar dessas atividades seria de suma importância para o estudante


da Geração Z. O uso de alguns “aplicativos” comunicadores entre os alunos, o
compartilhamento de informações, trabalhos e resumos entre eles. Tudo acessível e
tudo à um toque deles. Utilizar dessa ferramenta para pesquisas em grupo e
desenvolvimento de trabalho com o professor. E também essa conexão em sala de
aula traz a possibilidade de uma dinâmica de busca das informações na internet.
São inúmeras possibilidades de trabalho e execução dessas ferramentas. Partindo
desse contexto, nós pesquisadores, decidimos refletir sobre o uso das
Geotecnologias em sala de aula, como uma ferramenta de auxílio e aprendizagem
para os alunos, buscando aproximações com o Município de Vitória-ES.
Entretanto, para pensarmos metodologias promovem reflexão entre a
Geografia e a geração, cabe ainda pensarmos os plurais papeis da desta no
ambiente de ensino e as demandas que podemos entender deste processo. Nesse
sentido vimos que a Geografia Escolar tem a função de integrar o aluno ao ambiente
em que ele vive e ao mundo no qual ele faz parte, isso constrói uma complexidade
ao mesmo, pois permite a (re) construção do espaço geográfico ao longo do
processo histórico. Nesse sentido Kaercher (2002) reflete que:
19
Quando diz que “a Geografia é feita no dia-a-dia, seja através
das decisões governamentais ou dos grandes grupos
econômicos [...]. Ou ainda em nossas mudanças/ações
individuais pela cidade (pegar ônibus, fazer compras, etc.) ”.
Isso permite ao docente fazer com que o discente traga as
suas experiências, seus conhecimentos, ou seja, as suas
vivências, pois esses aspectos contribuem didaticamente o
ensino da Geografia no ambiente escolar. (Kaercher ,2002, p.
15)

E dentro deste processo o ensino e aprendizagem apresentam diferentes


entre si, entretanto, estão entrelaçados onde um depende do outro. Desta forma o
conhecimento científico produzido por pesquisadores nas universidades torna-se
necessário alcançar as escolas sem desprezar o dia-a-dia desse aluno, pois a
Didática da Geografia tem sua gênese no ensino da Geografia. Segundo Chevallard
(1991), “em um sistema ou em uma relação contendo três elementos: o professor, os
alunos e o saber ensinado”, sendo assim a didática da Geografia escolar se
relacionam ao saber ensinado, onde é o conjunto de conhecimentos estabelecidos
pelo professor.
E como relacionar o saber ensinado, o saber a ser ensinado e o saber formal
da ciência? O saber a ser ensinado é um conjunto de conhecimentos estabelecidos
segundo Chevallard (1991), pela “noosfera”, ou seja, por aqueles que têm o poder
de decisão, que são as instituições acadêmicas que tem o papel do conhecimento
científico. Isto demonstra que é fundamental esta transposição do saber científico
para o ensino da Geografia escolar, tornando viável a fim de dar significado à
construção dos conhecimentos geográficos.
Analisando Lestegás (2000) enfatiza a importância da didática na formação
de professores de Geografia, pois proporciona o conhecimento escolar como
também no desenvolvimento pessoal desse aluno, com base nisso destacamos a
importância do saber científico e do conhecimento geográfico escolar. Lestegás
(2002, p. 178) afirma que as dificuldades enfrentadas em relação ao saber ensinado
são pelo fato de:

20
Que la geografia escolar constituya um texto perfectamente
estabelecido que el professor expone y, por tanto, espera
transmitir a sus alumnus, seguiendo unas estratégias hastante
parecidas em todos los casos, y contando com La ayuda de
médios y recuros didáticos ampliamente difundidos e
compartidos. Surelacion com el saber tambiém es muy
semejante, todo lo cualhace que, al marge de pequenas
diferencias entre os professores, los saberes enseñados se
muestren praticamente equivalentes de uma classe a outra, o
que confirma la existência de uma vulgata bien consolidada”.
Lestegás (2002, p. 178).

Observa-se que muitos problemas metodológicos são provenientes na


formação de professores, algumas pesquisas desenvolvidas no Brasil, como o
trabalho de Maria do Socorro Diniz (UFRJ), dizem que a “Geografia ensinada na
educação básica não corresponde àquela aprendida nas universidades”. Isso reflete
muitas vezes na insegurança do professor do Ensino Fundamental e do Ensino
Médio com determinados conteúdos geográficos, a exemplo da Urbanização e
Cartografia. O desafio é o que ensinar como ensinar, por que ensinar e como
superar a fragmentação dos conteúdos, por isso, o diálogo com os alunos é
indispensável na didática da Geografia escolar, pois constrói uma fonte de
aprendizagem.
A oficina, portanto, busca se apropriar deste desafio, e mais especificamente
um trabalho o tema de Geografia Urbana visto que tem forte contato com realidade
dos alunos e influenciam diversas formas suas vivências. E para cumprir com o
objetivo proposto, coube ao grupo a reflexão: Como se deu este processo? O
processo de urbanização é bastante antigo. As primeiras cidades surgiram no
Oriente Médio entre 3500 e 3000 a.C., até o final do século XVIII foi baixa a
porcentagem da população nas cidades. Foi a partir da revolução industrial, agrícola
e de transporte que a urbanização ultrapassa a escala local para a escala mundial.
No século XIX a Inglaterra foi a pioneira com oitenta por cento da sua
população vivendo em área urbana, algo que foi uma tendência dos países

21
industrializados. Na escala mundial, após a década de 1950, atingiu os países
periféricos. Segundo Campos Filho (1992):

Na maioria das cidades latino-americanas a oferta de


empregos urbanos não se faz ao mesmo ritmo que a chegada
de migrantes, gerando os bairros de extrema miséria.
Conhecidos como barriadas, favelas, mocambos, cortiços e
palafitas. (Campos Filho, 1992, p. 13).

Se comparada com outros países, a Urbanização brasileira é relativamente


recente, visto que no período colonial haviam alguns núcleos localizados no litoral ou
em sua proximidade, pois a economia do país girava entorno do meio agrário, no
século XVIII a região das Minas Gerais concebeu um processo de urbanizações com
o surgimento das vilas vinculadas as mineradoras, atualmente conhecemos essas
cidades como cidades históricas. A efetiva relação da população rural para a
população urbana ocorre efetivamente nos séculos XIX e principalmente no início do
século XX, quando a indústria se torna presente na região sudeste.
É após a Segunda Guerra Mundial que ocorre um rápido crescimento dessa
população urbana que sempre se manteve abaixo de 10% da população total do
país, a partir de 1940 aumenta rapidamente para 45% em 1960, 67% em 1980, 75%
em 1990, 81,2% em 2000. O Brasil bem como os outros países periféricos a
urbanização foi de forma acelerada mesmo em regiões menos industrializadas como
a região nordeste. O crescimento da economia e o estilo de vida urbano criaram
uma densa rede urbana, que segundo Santos (1993):

Existem nove regiões metropolitanas: Belém, Fortaleza, Recife,


Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e
Porto Alegre, criadas por lei para atender a critérios certamente
válidos de um ponto de vista oficial, à época de sua fundação.
Hoje na verdade a eles se podem acrescentar outras “regiões
urbanas” que mereciam idêntica nomenclatura. (Santos,1993).

Ainda segundo Santos (1993), a metropolização vai muito além da definição


legal, desta forma urbanização é mais dinâmico do que a legislação, ou seja, a
22
metropolização é mais acelerada também do que o próprio planejamento, o que gera
um crescimento desordenado, causando impactos ambientais e sociais. A
urbanização veio acompanhada com a falta de moradia e favelização, a carência de
infraestrutura, o crescimento da economia formal, a poluição, do trânsito, ocupação
das planícies de inundação dos rios, e de vertentes de declive acentuado.
E todos esses reflexos dos conceitos de urbanização são recorrentes no dia-
a-dia dos cidadãos, que se permitem a inserção do espaço partir de diversas formas
de tangenciar as consequências de um poder que patrocinou e financiou o processo
de urbanização no Brasil.
E devido a este contato com os afluentes da Geografia urbana na realidade
dos alunos, a oficina proposta se lança como um maior desafio: promover uma união
de saberes que aproxime o estudante do conteúdo estudado e que possibilite novas
perspectivas de se ler o real. Com isso nos questionamos como podemos ampliar
ainda mais as possibilidades de uma abordagem do ensino dentro do tema da
geografia urbana e nos deparamos com a oportunidade da utilização de tecnologias.
As tecnologias tiveram um estopim em sua popularização principalmente com
o início do século XXI, o que trouxe novas sensações para a apropriação do espaço
que se desvincula de meramente uma forma física de vivência, mas formas de se
sentir e ver o espaço vindo de relações sociais e interativas que transcendem a
forma anteriormente vistas.
O benefício de uma dinâmica escolar pensada também com a prática do uso
das tecnologias segundo Moran (2000) se dá por conseguir ampliar o conceito da
aula, de espaço e tempo, de comunicação audiovisual, de estabelecer pontes novas
entre o presencial e o virtual, entre estar juntos e o estarmos conectados a distância.
A reflexão sobre o uso desses dispositivos é ainda fortificada com a forma da
geração Z se relacionar com ela no seu cotidiano, onde segundo COELHO et. al.
(2017):
Há uma interação pulsante, no âmbito digital, onde a
instantaneidade dá uma ideia da onipresença e da troca de
informação, presente, como nunca, no cotidiano dos jovens.
(Coelho et. a., 2017, p 4).

23
Outro ponto importante para essa reflexão é de entender que avanço
tecnológico está cada vez mais presente no desenvolver cognitivo das crianças e se
dá a cada vez de forma mais precoce. Assim, existe um forte contado desde
pequeno que facilita a criança ao uso desses dispositivos e emerge um sentimento
de participação quando há uma reciprocidade linguística no processo educacional:
agora o canal de troca de saber é também algo que participa do cotidiano dela e que
a mesma possui um certo domínio, logo a compreensão fica mais fácil.
Nesse sentido segundo Coelho et. al. (2017):

Há uma alta potencialidade no uso das tecnologias pois essas


mesmas novas tecnologias que são tão dinâmicas permitem o
deslocamento do ato de pensar. Isso ocorre porque o
entendimento do espacial ou da espacialidade provocam outras
formas, daquelas tradicionais, da juventude lidar com o espaço.
Coelho et. al. (2017)

Porém há uma dicotomia quanto ao uso da tecnologia para a educação visto


que é uma ruptura aos processos conservadores da educação, e, além disso, o uso
excessivo ou o mal-uso do aparato tecnológico pode ser prejudicial. Para Pinheiro,
et al. (2007) pode ser perigoso confiar excessivamente na ciência e na tecnologia,
pois isso supõe um distanciamento de ambas em relação às questões com as quais
se envolvem. Ainda assim, outra perspectiva negativa do uso da tecnologia é que
segundo Ramos (2012) os aparelhos eletrônicos em sala de aula são um convite à
distração, durante as aulas, utilizados em excesso por muitos alunos e muitas vezes
prejudicam o aprendizado, então os estudantes podem acabar pensando a
tecnologia como algo não capaz de exercer um papel ligado aos processos de troca
de saber.
Mas a tecnologia por si só é suficiente para a demanda do ambiente de
ensino? A procura para a resposta desta reflexão nos remete a Moran (2000):
Elas (as tecnologias) são importantes, mas não resolvem as
questões de fundo (Moran,2000, p.2 ).

24
Ou seja, o papel dos professores toma destaque como articulador e
estimulador desse processo. Portanto o papel da tecnologia é aditivo e não
substitutivo ao papel do professor, mas vem para aparar o profissional em novas
formas metodológicas e proporcionar um arcabouço de possibilidades, além de
conseguir estabelecer uma comunicação, atenção e uma troca de saberes mais
próxima às formas de troca de informações presente no dia-a-dia dos estudantes.
Torna-se claro então a importância das formas de pesquisas e possibilidades
que se dá dentro do ensino e processos educacionais, sobretudo ativos na geração
Z, que permitem uma forma de abordagem dentro da geografia escolar que são
passíveis de um aumento nas opções didáticas através do uso as tecnologias.
Dentro das possibilidades a serem usadas pelo ensino de Geografia está da
ciência do sensoriamento remoto com o uso de imagem de satélites. O uso do
sensoriamento remoto pode melhor ainda mais o contato com a geração Z, visto que
é cada vez mais comum a utilização de aplicativos e formas de visualização de
mapas que deixam o sensoriamento remoto normal ao dia-a-dia. Ainda assim a
perspectiva de visualização que mostra o meio como um todo, permite
compreensões que aproximam e unem os temas da Geografia e permitem ao aluno
uma visão de diversas inteirações, as quais segundo Pereira (2007):

Nesse aspecto, destaca-se a ciência espacial, devido ao


campo de conhecimento do espaço, principalmente pelo uso do
Sensoriamento Remoto, que incorporado ao contexto escolar,
proporciona ao aluno a interação com o meio que vive,
proporcionando-lhe compreender as relações espaciais,
humanas e ambientais. (Pereira, 2007, p15).

Essa ruptura na união do conhecimento científico trazida pelas imagens


aproxima ainda o conteúdo da Geografia escolar as diferentes realidades, contatos e
ao cotidiano do estudante o fazendo ainda mais estimulado a participar dessa troca
de saber. Além disso, em âmbito pedagógico é visto que a contribuição
metodológica não se restringe à ciência Geográfica, onde vemos que segundo
(Pereira 2007):

25
No âmbito escolar, o sensoriamento remoto como recurso
didático pode contribuir para o desenvolvimento de projetos
interdisciplinares e construir novas significações, com inclusões
do diálogo nos avanços da ciência e tecnologia. (Pereira, 2007,
p15).

O desafio é ainda maior já que aumenta as diferentes possibilidades de


metodologias e treinam diversos pontos cognitivos presentes no processo
educacional. Além disso, a lente informacional do estudante é ampliada e possibilita
ainda uma melhor compreensão sobre o espaço, onde segundo Kramer (2009):

Com o uso das tecnologias espaciais introduzidas no ensino


como forma de instigar o aluno ao aprendizado, tendo um
melhor entendimento e visualização das relações e conflitos
existentes no cenário geográfico, os alunos, em geral,
demonstraram entender o ambiente em que vivem refletindo e
questionando a sua realidade, identificando-se no material e
buscando formas de intervir para solucionar os problemas
socioambientais encontrados. (Kramer, 2009, p 2434).

Fica nítida então a capacidade educacional de uma metodologia auxiliada


pelo uso de tecnologias espaciais e quão desafiador é pensar práticas em oficinas
com o uso de tais recursos.
Partindo desse aparato nos desafiamos a exercer nosso papel de
pesquisador a fim de compreender e refletir sobre a potencialidade do uso de
imagens de satélites de diferentes recortes temporais na turma de 2º ano da escola
estadual de ensino médio Irmã Maria Horta, no município de Vitória – ES.

3. A OFICINA “VER E VIVER”

26
A partir de toda apropriação teórica cabe aos pesquisadores a realização das
oficinas a partir das máximas conceituais que embasaram este trabalho e
possibilitaram a concretização da pesquisa. Entretanto, é ainda importante nos
situarmos e estudar todo o contexto que permuta o ambiente de ensino trabalhado,
buscando aprimorar a pluralidade metodológica que possibilitará novas estratégias e
abordagem que se adequem melhor com as características e atributos específicos
da escola EEEM - Irmã Maria Horta.

3.1 O QUESTIONÁRIO

Elaboramos algumas perguntas para que o professor da turma pudesse


responder, e selecionamos as que seriam relevantes a serem trabalhadas. Foram 11
questões (anexo 1) de caráter aberta e fechada. A definição dos diferentes tipos de
perguntas e o seu caráter são “[...] aquelas que podem ser respondidas com
respostas curtas, selecionadas de um número limitado de respostas possíveis
“(DOHRENWEND, apud GÜNTHER E JÚNIOR, 1990, p. 203). Já as de natureza
aberta, [...] nem estabelecem nem insinuam um conjunto de respostas curtas, dentre
as quais o respondente pode escolher. Enquanto a pergunta fechada obriga o
respondente a selecionar geralmente uma alternativa numa lista de opções
predeterminadas, a pergunta aberta permite ao respondente a liberdade de
expressar o que quiser sobre o assunto em pauta (GÜNTHER E JÚNIOR, 1990, p.
204). Aplicamos para o professor de Geografia responsável por lecionar as aulas
naquela turma, com uma planilha no Google Forms, onde, o próprio professor
respondeu no seu computador. Com os dados geramos os resultados.

3.2 A ESCOLA MARIA HORTA

A Escola Estadual de Ensino Médio Irmã Maria Horta (Escola Pública


Estadual) fica endereçada Rua Aleixo Netto, número 1060 no bairro Praia do
Canto, no município de Vitória, estado do Espírito Santo (Foto 1).

27
Foto 1 – Localização da Escola Estadual de Ensino Médio Irmã Maria Horta. Fonte: Google Maps,
acesso 16/05/18

É importante entender ainda os conflitos os quais a escola está inserida. O


bairro originou-se do loteamento – Plano Novo Arrabalde. A área tem em grande
parte uma população com alto poder de consumo, sendo o bairro que abarca o
maior número de serviços destinados às pessoas com maior renda da capital. Para
atender esse público, o bairro possui restaurantes, hotéis, lojas, cafés, ateliês, casas
noturnas, dentre diversos outros tipos de estabelecimentos voltados para o público
de alto padrão econômico da cidade.
Dessa forma, há uma enorme pressão imobiliária e social em relação a
presença da escola estadual, visto que atrai um público diferente da elite social do
bairro que se sente incomodada com a presença da escola. A Região Administrativa
5 do município de Vitória é a região a qual o bairro está inserido, que também é
composta pelos bairros de Santa Luíza, Santa Lúcia, Barro Vermelho, Praia do Suá,
Santa Helena, Enseada do Suá, Ilha do Boi e Ilha do Frade (Foto 2).

28
Foto 2 – Mapa da Região Administrativa 5 do município de Vitória
Fonte: Prefeitura de Vitória

Em âmbitos gerais a região também possui um contexto elitista e com alto


custo de vida, onde segundo o censo de 2010 (IBGE) a região se destaca a partir
dos dados seguintes apresentados pela tabela 1:

Indicadores Dados

Área (m²) 5.334.352

População (2010) 34.236

Densidade demográfica 9.570


(hab/km²)

Número de domicílios (2010) 12.133

Renda média R$ (2010) 3.844,97

Atividades econômicas (2012) 48.150

Tabela 1 Indicadores da região Administrativa 5, Praia do Canto. Fonte: Censo IBGE 2010.

29
Portanto, é visto que o bairro tem um caráter diferente em grande maioria do
contexto social dos alunos da escola e que em possíveis abordagens que faça a
união do saber científico e o saber da vivência, as metodologias devem ser
pensadas com carinho – já que existem diferentes realidades dentro de um mesmo
espaço, e que os alunos em geral não pertencem ao bairro que a escola se insere.

3.3 O SITE VERACIDADE

Se apropriando de toda discussão feita até agora, é importante além de


entender o contexto que a escola está, compreender também como é a ferramenta
escolhida para esta oficina e como ela dialoga com o ensino da geografia: neste
caso em específico, com ênfase nos processos de urbanização.
O site – que pode ser acessado em www.veracidade.com.br, disponibiliza
imagens de satélites de grande parte do território espírito santense com
detalhamento que permite uma análise próxima do espaço. O ponto chave do site
que será utilizado nesta oficina é a linha temporal que permite a exibição de imagens
dos anos de 1970, 1978, 1998, 2005, 2007 e 2012 (Foto 3).

Foto 3 – Vista do município de vitória no site veracidade.com.br, imagem de 2012. Acesso:


18/05/2018 as 10:44

30
Portanto, as ferramentas temporais que o site possui possibilita uma gama
elevada de metodologias. Nesse sentido Wagemmacher, Pereira, Almeida, Tiengo e
Silva (2016) afirmam que:

As possibilidades encontradas nessa plataforma a tornam um


excelente meio para se trabalhar o local, num momento que ela
traz elementos próximos a realidade dos alunos, pois ela traz
detalhes do bairro, assim como possibilita uma projeção numa
escala acima do local, partindo do fato que podemos através de
sua linha do tempo acompanhar as transformações que
ocorrem no bairro assim como as transformações no espaço da
região ao redor. (Wagemmacher, Pereira, Almeida, Tiengo e
Silva. p. 27. 2016).

Desta forma a plataforma aprimora o ensino de Geografia com a pluralidade


metodológica que dialoga de forma atrativa a geração público alvo da oficina. O
método capacita ainda discussões sobre conceitos e máximas da ciência e
possibilitando a interação desses saberes com os conhecimentos palitados na
experiência e exercício da cidadania.

31
4. A OFICINA PEDAGÓGICA

No dia 24 de maio de 2018 foi realizada a oficina pedagógica conforme toda a


metodologia e embasamento pré-estabelecido. A oficina foi realizada com o terceiro
ano B da escola Maria Horta do turno vespertino.
A fim de cumprir o planejamento o grupo chegou cerca de 30 minutos antes
para preparar o laboratório de informática para a prática a ser aplicada: verificar a
infraestrutura, o acesso à internet, a organização das mesas e cadeiras, e preparar o
ambiente para realização da aula.
Assim nos deparamos com a seguinte situação: alguns computadores
possuíam acesso à internet e outros não, além disso, o computador que estava
ligado ao retroprojetor estava sem conexão. Portanto a metodologia teve que ser
adaptada para contemplar os problemas técnicos de infraestrutura da escola e não
desautorizar a essência da oficina preparada.
Foi pensado então que assim que a turma se sentasse em seus devidos
lugares, pediríamos para abrir o site – projetando apenas o link do mesmo, e
começaríamos a explicação a partir da tela do próprio computador deles, ao invés de
projetar uma tela que nós explicaríamos e mostraríamos como é o funcionamento do
site. Desta forma se deu início a oficina, onde os alunos sentaram-se em duplas e
abriram o site veracidade para dar início ao trabalho.
Em um primeiro momento foi explicado como é o funcionamento do site e qual
seria a aplicabilidade dele dentro da oficina, contextualizando sempre com o ensino
de Geografia Urbana.
O que o grupo não contava era a curiosidade da turma que após esse
primeiro momento passou a vasculhar a ferramenta e trazer com grande velocidade
diversas experiências acerca da região que eles tinham vivência: ao passo que
íamos explicando, eles iam imediatamente vasculhando a ferramenta e fazendo
comparações temporais acerca das dinâmicas do processo de urbanização. Foi
nesse momento que percebemos que o uso das tecnologias como uma ferramenta
de ensino permite provoca um desafio e curiosidade nos estudantes que os fazem
mais participativos e empolgados com uma aula que sai dos parâmetros
metodológicos que normalmente são usados.
32
Apesar de neste primeiro momento ter sido voltado a uma explicação do
funcionamento do site, fez-se necessário o acompanhamento e auxílio aos
estudantes ao acesso do link projetado visto que alguns computadores passaram a
apresentar problemas técnicos (Foto 4) fazendo alguns grupos ter que se
desmembrar ou ficarem atrasados em relação aos seus colegas.

Foto 4 – Problemas técnicos dos computadores. Fonte: Oficina pedagógica, 24 de maio de 2018.

Com os problemas técnicos resolvidos e toda explicação sobre as


propriedades do site feita, passamos para a segunda etapa da oficina que se dava
pela explicação de processos urbanos de Vitória a partir do uso da ferramenta: como
a o computador do professor estava sem internet foram feitas análises sobre o
município com a própria tela dos alunos onde pedimos que eles localizassem no
mapa alguns pontos específicos para a explicação do conteúdo, a exemplo o centro
da cidade e o aeroporto. Desta forma enquanto um integrante do grupo pesquisador
explicava o conteúdo, os demais passavam pelos grupos de alunos para auxiliar os
alunos a se localizarem (Foto 5).
33
Assim explicamos como foi o processo de urbanização, a consolidação do
centro e o glamour que o mesmo possuía e como a urbanização foi dada em torno
daquele ponto: com ênfase no processo de aterro. Para passar isso de forma mais
visual, mostramos os diferentes recortes temporais do centro e dos bairros arredores
o que permite a visualização da elevada densidade urbana na região central, ao
passo que quanto mais densa, mais se dava a urbanização dos bairros ao redor.

Foto 5 – Explicação dos processos de urbanização do município de vitória com o auxílio do site
veracidade. Fonte: Oficina pedagógica, 24 de maio de 2018.

Para aproximar o saber científico do saber pautado nas experiências dos


alunos, o grupo buscou trazer relatos de como seus familiares passaram por esse
processo de urbanização, como mudaram de bairro devido à proximidade do centro,
e de como era tratado o centro na época e como era glamorosa a ideia de morar lá.
A curiosidade dos alunos foi proporcional a participação na oficina, já que eles
procuravam diversas localidades para observar como era a mudança. Entretanto, ao
decorrer da pesquisa foi notado também em algumas poucas situações fez-se
34
necessário retomar a atenção dos alunos que conversavam entre si sobre as coisas
que eles estavam percebendo através do uso da ferramenta. Os alunos pareciam
agitados com a nova metodologia, porém houve certo cuidado sobre a utilização da
mesma, visto que nosso papel de educadores e professores não podia ser
substituído pelo site, assim alguns poucos tinham mais atenção ao meio de
comunicação usados do que a explicação do grupo (Foto 6).

Foto 6 – Explicação dos processos de urbanização do município de vitória com o auxílio do site
veracidade. Fonte: Oficina pedagógica, 24 de maio de 2018.

Após toda contextualização conceitual e temática ao tema da Geografia


Urbana, foi aplicado uma atividade onde os grupos deveriam localizar pontos que
faziam parte de suas vivências: a exemplo seus bairros, municípios, pontos turísticos
e a escola.
Essa etapa trouxe a toma diversos conhecimentos e experiências que nós, os
pesquisadores, não conhecíamos.
Devido ao forte contato com a linguagem tecnológica os grupos conseguiam
pesquisar e se localizar com muita velocidade, fazendo várias comparações
temporais de várias regiões. Era curioso ficaram comum as frases “nossa olha meu
bairro”, “caramba era só mato”, “foi aqui que começou as casas então”. Além disso,

35
os grupos sempre conversavam entre si como os relatos das suas famílias
reforçavam o que as imagens do site proporcionavam ao leitor, dentre elas: “meu
avô disse que nessa época era tudo mangue e só tinha mato”, “pessoal lá em casa
fala que antigamente lá no bairro tinha uma lagoa”.
Os alunos iam cada vez se impressionando com o dinamismo da urbanização
do município e sua curiosidade se despertava a cada clique. A curiosidade era tanta
que por diversas vezes fomos chamados para responder perguntas sobre o contexto
temporal que eles estavam pesquisando e trazer curiosidades de como era certa
região antigamente (Foto 7).

Foto 7 – Alunos pesquisando suas localidades e perguntando curiosidades sobre a região. Fonte:
Oficina pedagógica, 24 de maio de 2018.

A demanda de perguntas se tornou elevada visto que a cada minuto que


passava maior ficava a curiosidade dos alunos quanto ao espaço observado, a
ponto de até o professor titular da turma participar ativamente da oficina (Foto 8). O
36
shopping, o aeroporto, o centro, o entorno da escola, os bairros dos municípios de
Cariacica, Vila Velha e Vitória foram passíveis de análises dos alunos quanto as
diferenciações dos diferentes recortes temporais proporcionados pela tecnologia.

Foto 8 – Alunos pesquisando suas localidades e perguntando curiosidades sobre a região. Fonte:
Oficina pedagógica, 24 de maio de 2018.

No último momento da oficina foi perguntado a turma se alguém gostaria de


relatar o que observou e quais experiências teve com a oficina. Alguns alunos
relataram de seus bairros São Pedro e Alto Laje que antes não tinha nada além de
vegetação e com o passar do tempo foram tomando dimensões e traços mais
urbanos. Outro grupo se focou mais em pontos turísticos e se impressionou como o
espaço do Shopping Vitória foi mudando com o passar do tempo. Um terceiro
relatou a mudança do município de origem da mãe de um dos integrantes, e por fim
um quarto conjunto de estudantes deu ênfase no aeroporto.
37
Com a finalização da última etapa que observamos o retorno positivo dos
alunos em relação a metodologia aplicada e as abordagens de ensino. Percebemos
que durante todo o processo da oficina os alunos se mostraram interessados e
participativos, buscando sempre entender melhor o que estavam vendo e alinhar o
observado com sua realidade. Por conta dessas novidades, vimos que a tecnologia
deve sim ser trabalhada com certo zelo já que as gerações têm forte contato com a
mesma, entretanto muitas vezes se mal aplicada, a tecnologia pode tirar atenção e
foco da turma.
Ao analisar os resultados da oficina como um todo, percebemos que os
estudantes tiveram um grande desenvolvimento visual em virtude das diversas
análises feitas, além de um melhoramento cognitivo dos dinamismos da Geografia
urbana dentro do município de Vitória. Houve ainda uma melhoria na vinculação do
conteúdo da Geografia com os diferentes aspectos do vivido e os diferentes
contextos de cada aluno.
Dessa forma, os resultados observados foram positivos e apesar de algumas
adaptações necessárias a condições imprevisíveis, houve um processo de troca de
saberes geográficos rico e assertivo quanto a essência proposta pela oficina.

38
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora a pesquisa fora previamente planejada buscando verificar certas perguntas


à aplicação da oficina, o resultado colhido supera nossa expectativa, trazendo a
oficina como uma união de ensaios de saberes de diferentes fontes que quando
aplicada atenuou a curiosidade dos estudantes e aproximou suas vivências do
conhecimento científico da Geografia. Damo-nos por satisfeitos pela resposta dada
pelos estudantes quanto a oficina, provocando reflexões metodológicas que
fomentam discussões remetentes a própria oficina como ferramenta formal de
trabalho.
A pesquisa buscou em sua essência não ignorar a modernização do ensino trazida
pela evolução tecnologia, mas se apropriar da mesma para somar ao processo de
ensino-aprendizagem, tendo em vista sempre o papel do docente como fio condutor
deste processo. Embora as reflexões trazidas pelos resultados tenham sido positivas
aos métodos estabelecidos, o trabalho não visa trazer moldes metodológicos, mas
pluralizar o leque de possibilidades que somado à criatividade do professor pode
desenvolver novas formas de aprendizagem positivas.
O escopo dessa pesquisa girava em torno trazer à tona as identidades espaciais e
territoriais dos estudantes a partir da prática com o site veracidade. Assim, trouxe
diversas geografias por relatos e análises as imagens proporcionadas pelo site que
tornou tímida a distância entre o saber científico e o conhecimento originado da
vivência do cotidiano. Os dados trazidos por todo desenvolver deste trabalho foram
consequências de pesquisas e da aplicação da oficina proposta, que permitiu tecer
considerações relevantes relacionadas a todo aparato bibliográfico embasado para a
construção desta pesquisa.
Por fim, entendemos que as geotecnologias quando devidamente apropriadas são
um forte instrumento para incentivar os alunos a participarem do processo de
ensino-aprendizagem e para unir os conhecimentos e saberes de diferentes origens.
Somado a isso, percebemos como a geração Z tem uma comunicação intima com
esse instrumento, o que o faz se tornar importante objeto interlocutor da troca de
saberes.

39
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

Anexo 1: Questionário aplicado ao Professor.

Nome: Rhaony Rocha


Ano de formação: 2008
Escola que leciona: EEEM Irmã Maria Horta
Turno: Matutino, Vespertino e Noturno
Turmas que leciona: 1ª, 2ª e 3ª Séries do Ensino Médio

1 - A abordagem do tema urbanização nos livros didáticos é:

Péssima 0
Ruim 0
Regular 1
Boa 0
Excelente 0

2- Com qual frequência se trabalha com o tema de Urbanização dentro da sala


de aula?

De 1 a 02 vezes 0
De 02 a 04 vezes 0
04 ou mais 1

3 - Em relação a participação da turma, é grande, médio ou baixo o interesse


dos discentes no tema? Como você identifica isso?

Grande 1
Médio 0

44
Baixo 0
4 - Quais recursos normalmente são utilizados para esse tema?
Vídeo; Imagens antigas e recentes; música

5 - Além da metodologia de aulas expositivas, você pratica outro tipo de


abordagem? Qual? Especifique.
Dialogada, pois isso permite a contribuição dos alunos trazendo a experiência da
própria realidade de cada um.

6 - Você acharia interessante outras propostas de abordagem desse tema com


o uso de geotecnologia? Explique.
Sim. As imagens de satélite e as fotografias aéreas ao longo dos anos. Isso
possibilita um gama de exercícios ex.: ao se verificar a quantidade de prédios que
surgiram no lugar e fazer uma reflexão sobre os impactos disso na composição
demográfica, econômica ambiental etc.

7 - Quais são as dificuldades de se trabalhar esse tema em sala de aula?


Este é um tema que não possui muitas dificuldades de se trabalhar não. Apenas
com boa vontade de ouvir, contextualizar e relativizar as experiências dos alunos
sobre a vida urbana já é o combustível ideal para que a aula flua. Talvez uma aula
para um grupo de estudantes que vive num contexto da vida não urbana, talvez seja
mais desafiador.

8 - Esse tema é melhor para ser trabalhado e debatido nos níveis e turmas.

Fundamental 6º, 7º, 8º e 9º ano 0


Médio 1º, 2º e 3º ano 1

9 - Qual tipo de avaliação sobre esse tema pode trazer melhores resultados?

Avaliação Somativa 0
Avaliação Formativa 1
45
Avaliação Comparativa 0
Avaliação Diagnóstica 0

10 - Apresente quais são as possibilidades de avanços e retrocessos ao se


trabalhar com esse tema.
Penso que seja difícil haver retrocessos na abordagem desse tema. Já quanto aos
avanços, o principal é a ampliação do campo de visão crítica da maioria dos alunos
em relação aos processos que envolvem os fenômenos urbanos, principalmente o
jogo de poder entre os agentes produtores do espaço urbano.

11 - Como esse tema pode ser abordado partindo da realidade de vivência do


lugar do estudante?
Como a urbanização é um fenômeno demográfico, mas que está ligado também a
alteração de função do espaço, fazer um resgate histórico do lugar e da trajetória
das famílias que habitam aquele lugar, buscando estimar as diversas motivações é
fundamental para introduzir o assunto.

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