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G~NERO ESAÚDE /29

Pratique. Onde dizia que a Etnologia pode ser uma forma


particularmente potente de sócio-análise na condição em que ela não
esteja na relação de distância arrogante, "prepotente", frente ao seu
objeto, que é característica do objetivismo encarnado na minha visão
pelo estruturalismo, mas que ela seja capaz de se introduzir no
pensamento, na prática mesmo daqueles que ela analisa (sem com isso
fazer uma fenomenologia dos outros), a condição que ela se situe além
3 da alternativa entre as posições objetivistas e subjetivístas.
Continuo, então, falando da fascinação cúmplice e horrorizada
qu~ pode suscitar em nós a descrição do sistema kabyle (que é uma
Novas reflexões sobre a forma extrema do sistema mediterrâneo que todos, .hornens ernulhe-
domínação masculina * res, temos na cabeça); não' deve dissimular que as mesmas discri-
minações que atribuem às mulheres as ocupações. contínuas e invi-
síveis são instituídas sob nossos próprios olhos, tanto nas coisas como
Pierre 'Bourdieti nos cérebros. O que tenha em mente é Ç}uea análise antropológica de
uma tal tradição cultural, suficientemente afastada para' se prestar
mais facilmente a objetivação e, no entanto, suficientemente próxima
para que possamos ter dela uma experiência participante, apresenta
um interesse absolutamente excepcional quando ela nos propõe uma
objetivação de nossa própria subjetividade.
Escrevi há alguns anos um artigo chamado liA Dominação Existem muitos trabalhos de Antropologia Comparada' sobre o
Masculina". Foi um texto que escrevi rapidamente, para responder a Mediterrâneo que tendem a mostrar que a comunidade kabyle" tem,
uma demanda. Um certo número de pessoas, sobretudo do exterior, por razões históricas, funcionado como um conservatório de u~a
reclamaram do meu trabalho, análises sobre a divisão do trabalho espécie de inconsciente mediterrâneo, que se pode encontrar por meio
entre os sexos, e eu não estava muito contente com os usos que faziam de textos na Grécia antiga, mas também na Grécia atual, ou na Itália do
do que era dito como sendo meu pensamento. Era necessário que eu Sul, ou na Espanha ou em torno do Mediterrâneo. Ela conservou esse
mesmo me explicasse. Escrevi então o texto em questão, que sobre os sistema funcionando e, ao mesmo tempo, este nos confronta com
pontos essenciais estava um pouco confuso e isto por duas razões: nosso inconsciente cultural em matéria de masculinidade e V
porque as coisas não estavam completamente claras na minha cabeça e feminilidade. Por outro lado, se, como _t~}.l~ei o sentido -V,;
m<?_stra.cLe_.era
também porque eu supunha que o essencial era conhecido, ou seja, a da composição do artigo que .el! havià:i:~uºJicadoJ_.queera comp'~st~ ..~e ~í"J
~<L-da.-dorr}ir}a_~ª9_si.n:!>_ólica,._da _~l afirmo que a dominação duas partes, a primeira sobre ..g~..~~.b.YleS.L~ .r
...s~gt}1}~~LS()1z.~_Ü_lrg1!Ua~
masculina é um caso particular. Ao mesmo tempo, havia uma espécie Woolf), há urna relativa invariância d.e.s.de Bloomsbury até os
de vazio no.lugar do cerne da análise, o que induziu leituras inexatas. camponeses ka1Jyles,' é··9:.~--existeuma certa constânc~ das e~t;u_tl,mt (2CJ
Como se pode ver neste texto, retomo a Etnologia. Alguém disse ..,:;mlbólicàs·sõ15re-ãsquaIs repousam nos~a r~presentaçao ~a divisão do /(
que eu tinha mudado muito sob a influência da crítica feminista. Para ffãbã'I11õ'efitre os sexos. E, se tal constância é atestada, Isto coloca a (' \-
mostrar que isto não é verdade, eu poderia ler textos mais antigos e questão das condições soci~i~ que a tornar;' ,Possíve,l. D~t? de outra \~~
me contentaria em mostrar as páginas 245-247 de meu livro Lc SCIlS forma, o que existe de específico dentro da lógica do simbólico da qual. 7.
faz parte a representação da op?si~ão masculino-:fe;ninino para que, a ,_.\'
• Do original" Nouvelles Réflexions sur Ia Domination Masculino". publicado em Les Cahiers riu despeito das mudanças econorrucas e tecnológicas, entr~ ~)Utr,:s,fv \
GEDISST / Seminaire 1993 - 1994, Diuision du Trauail, Rnpports SOCÍIlI/X de Sexe el de Pouuoir, Paris,
IRESCO, n" 11, 1994. pp. 91 - 104. Traduzido por Marta [ulia Marqucs Lopes. . . semelhanças tão profundas possam Sepelr:~tuar entre e~taglO,s tao y 0('
Este texto foi traduzido do original e trata-se de uma intervenção do autor em um seminário, o diferentes da SOCiedade? O texto de Virgínia Woolf esta cheio de'\.,
que justifica sua linguagem mais coloquial. Foram excluídas desta .trad.uç1l~ a introdução ao
referido seminário feita por Dominique Fougeyrollas-Scerwebel e os dOIS pnmelros parágrafos das
J-(.
palavras de Pierre Bourdieu onde o autor faz agradecimentos ao grtlpO promotor do seminário.
• Os kabiles foram os primeiros habitantes do norte da África, tribos nômades integrantes dos ./ \}
(N.da T.)
povos bérberes. ,'- •
. -~
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metáforas tipicamente "falocêntricas" (que, aliás, eu não teria tempo nas coisas e nos cérebros, sob forma de princípios de divisão ou ,;'~
percebido se não estivesse com os kabyles em mente), e eu nos corpos sob forma de muitas maneiras de usar o corpo, cuidados, ,j

experimentei um especial prazer ao mostrar que Virgínia Woolf, um postura, hcxis (palavra grega que significa habitus), etc. ;.;' ~
dos grandes nomes do feminismo, dizia em seus romances coisas O que é preciso analisar para compreender a dominação mas-c,' Y \
muito mais interessantes que nos seus escritos feministas (que nunca culina são, ao mesmo tempo, as estruturas insC~!t3~!1i'l_oQjetividade..e rS' ,
me impressionaram por sua consistência teórica). aquelas que o são na s!1bi.e!JyJ~~,de'. quer dizer,nos corpos sob .aforma \, "~
Após esses preâmbulos, tentarei mostrar que, para compreender a,( de disposições corporaisrvisíyeis .na_.I[I.~eira_de",usar" o...corpo fos ~" l
~~~ação masculina que é uma forma particular e particularmente joelhos fechados ou afastados, etc.) ~ nos cérebros, sob forma_<l:~_. r
acabada da_yi91~IlCict simbólica ... (outros exemplos podem ser princípios de percepção dos __ corpos .Ç1o~.ou~r~~._O_-.9.-ue fãz a \\':
encontrados na dominação de uma etnia sobre outra ou das classes circularidade terrível das relações de dominação simbólica, o que faz '1<»"
.dominantes sobre as classes dominadas através, por exemplo, da com que não seja fácil se livrar dela, é que elas existem objetivamente I
I' \ {
'cultura), podemos nq~, apoiar .. sobre ..a análise, de '-ur:n~ __ordem sob forma de divisões objetivas S~<?~_fº!m~u;i.~J~~truht.ras_Jllentais_q!-!E!.. l

~tltucional que, como toda instituição, existe de duas formas: de um organizam a percepção dessas alvi?3~~Lobje.~ Dito de outra forma,
lado, nas coisas, sob forma, por exemplo, de divisões espaciais entre os :-o-que tento susteritar'-com-isso é o que foi ressaltado por todas as
~~çcis )emininos e masculinos e sob forma _de instrumentos
l , pessoas que escreveram sobre a questão, ou seja, que tudoo que.diz ,
qif.e~.eijé:1ados,masculinos ou 'femininos, e' por outro lado, no cérebro, respeito ao gênero aparece sob aforma deevidências ( ao menos antes
n~m~ntes, sob a forma de· princípios de visão, e de divisão, de dá contestação feminista romper com tais evidências). O llNY~.rsp _
taxionomias. de princípios de classificação que assu{n~m masculino se impõe (ou se impunha) sob a forma de evidências, do
freqüentemente a forma, em nossas sociedades, de duplas de isto é assim. Espero mostrar que para que haja taken for granied, é
adjetivos. Por exemplo, li recentemente uma análise em Sociologia da necessário que haja uma produção coletiva de mentalidades coleti-
Ciência onde era mostrado que a oposição entre hard e soft é a forma vamente estruturadas conforme as estruturas objetivas e de acordo
que assume no campo da ciência a divisão do trabalho entre os sexos, e com essas estruturas. Quando se percebe um' mundo estruturado por
isso tanto na divisão do trabalho científico como nas representações e meio de estruturas subjetivas e de acordo com as estruturas objetivas,
nas avaliações de resultados científicos, entre outros. Da mesma forma, tudo parece evidente. A evidência nasce do acordo das estruturas. Para
nos trabalhos que foram feitos por este grupo de pesquisa (GEDISST)*, quetudo isso funcione, é preciso se ter universos nos quais a ordem
observamos na divisão do trabalho na indústria de vidros uma objetiva, as estruturas objetivas sejam capazes de se reproduzir nas
oposição entre as zonas quentes e as zonas frias, e, como por estruturas mentais. Dito de outra forma, é preciso que esse universo
coincidência, as zonas quentes são masculinas e as zonas frias são seja passível de exercer uma ver~sicossomática que tenda
femininas, como entre os kabyles. Por exemplo, eu relato um mito Riransforma..r.profundamenteJ:l.s....estrlltlJ.r.asmentais e as cO!:p--",o.!.:ra~i:::::s:.
_
kabyle ao final do qual eles explicam que as mulheres têm as nádegas Entre as instituições que contribuem para a reprodução das
frias. Encontramos, nas nossas sociedades, sob forma de divisões da estruturas e do acordo das estruturas objetivas e das estruturas
produção, esta oposição entre o quente e o frio que é irredutível à sua subjetivas existe o que chamo de ritos de instituiç~or exemplo, a
dimensão técnica. Podemos ter até uma revolução técnica, o que circuncisão, ritual que separa não os circuncisados dos ainda não-
acontece não raro, sem que nada mude na divisão do trabalho. Isto circuncisados, mas que os faz acreditar no modelo do rito de
porque, tal oposição existe na objetividade e existe também dentro dos passagem, segundo Van Cennep, e que separa, sim, os homens de
cabeças, continuando assim a reproduzir estruturas das quais são o todos os que não são suscetíveis de ser circuncisados, quer dizer, as
próprio produto. Para compreender essas diferenças que são mulheres. Em nossas sociedades as grandes concursos são ritos de
irredutíveis à sua dimensão tecnológica, mesmo que elas sejam quase instituição que criam a separação entre os aprovados e os não-
sempre justificadas em nome de argumentos tecnológicos, a tecnologia aprovados.
exercendo em nossa sociedade o papel que a natureza exerce nas Um dos maiores efeitos desta imposição de condições do
sociedades pré-capitalistas, é necessário ver que elas são quase sempre funcionamento da dominação simbólica é a imposição de uma certa
enraizadas nessa estrutura de ordem (masculina) que existe ao mesmo representação dos órgãos sexuais, uma construção social das
diferenças anatômicas visíveis. O mundo social constrói esta diferença
anatômica, e esta diferença anatômica socialmente construída se torna
• Grupo de Estudos sobre a Divisão Social e Sexual do Trilbillho/IRESCO, Paris, França,
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o fundamento da diferença social que a fundamenta. Dito de outra Tais categorias de construção são instrumentos cognitivos. Falar
forma, existe uma inversão de causas e de efeitos. do simbólico (capital simbólico, violência simbólica, etc.) quer dizer _
Para construir essa oposição, sirvo-me de oposições que são ...9ye,nos Situam Q~,l2..': qrd~_<:!.2.s.~e.cirnento ;.lrat~.:s,e_,de,_dis I:-1f tas.ide
fundamentais no mundo social como a oposição entre inflar / desinflar, .relações dg fq.rç~.de.,um~flpo particular que passa pelo conhecimento e ,
por exemplo. Esta oposição, que está presente em tudo na ordem peloreêqDhecim~nto, que_,,~Q. funcionaIn-pela_ ...estrE!....l!ração do
social, que serve para pensar mais ou menos tudo numa sociedade p'ens"'áfié'nto. Dizer 'gué -éxiste construção quer dizer que existe
agrária~ vai ser utilizada para pensar a oposição entre o órgão ~§trutufàção das' mentalidades. Dizer que existe construção quer dizer
ma~culmo e o ó~g~o fe~inino, dos quais a diferença, constituída por tambem que haverâ .luta cognítíva, que, mesmo num sistema forte e
mero desta oposiçao, vai se tornar '0 fundamento natural de todas as fortemente fechado sobre' si-mesmo, como o sistema kabyle, no qual. )
oposições que serviram para constituí-Ia. Para fazer a demonstração é
preciso de tempo. Temos aí um esquema muito geral que se aplica a
tudo parece circular,. a
ordem objetiva, as estruturas' mentais, as .
divisões corporais, etc., mesmo' nesse caso, existem lutas cognítívas. \ _ ~;
t~do e é coerente com todo um sistema de esquemas, ao qual ele é
vinculado por li~ações flex.íveis, característ.icas das lógicas práticas (por
Recolhi o máximo possível q.~ _~ate~.2~!c~::7~ __p,C?}~mka.L_seassi~
pos.so dizer, enÉ'~-º~_h?_I!1~nse as mulheres __ a,PfQp-Q$~to_~a.construçao, Qj ~
V~
exemplo, entre mflar / desmf1ar e alto z'baixo): fazer parte do sistema
cOI:fere uma força ~e sistematicidade que faz com que não se escape
SOCIaldo sexo anatõmico, As mulheres' dizem horrores sobre-o sexo
dos homens. Mas (e é ~~sim que isso se toma interessante para ... ,..
r
facilmente desse genero de pensamento. A ratificação social de fatos compreender' a
'lógica da dominação simbólica), ,para falar mal...si",- (, d "-
fisiol~gicos (a ereção, pensada segundo o esquema do "inflar" que yirilidad~~la~_~ªo obrigadas,~?...e referir às categorias mas~t;nnas~_,:~'
permite pensar todos os fatos da fecundidade) conduz a fundar numa :tiilli4@.~.:I;~por 'el!l' guestão aViriTída_de m,:sç~!!!.~-,-~ 4JfIdI dlZ~F
razão mitológica, os traços mais arbitrários da dominação masculina, e 'em termos 'decentes", no, ~nt~~9, e.l~~sao obrigadas ~_~eu~,~c5',I),~a,
a estabelecer, por exemplo, a ligação entre a virilidade física e a os dorriínantés as armas dos dominantes, 'de meâiI:, ,~....Y.iriliqade. real
viri!idade psíquica ou ética. Eu poderia invocar aqui, para passar 'CQí11a-virilidadesu põsfa;" é-;"~~~~e... ~~?_,~e:~p~::el~s ..~!(), ...
()?,~~~.~as..a
rapidamente à nossa tr~dição, um livro de Robert Nye (Masculinity and âplIcar eaãCeítar pafã-aêino.1i~ as. P-.r.op!:I~~_c?te.gorJ.a~ .....
que,pt:etencieIll.
Male Codes of Honor 111 Modern France (Masculinidade e Códigos a€'íl1ólir~'-Nãs-Iutas simbólicas os dominados são seguidamente
Masculinos de Honra na França Moderna], New York-Oxford, 1993) teV1f'dós,salvo na revolução simbólica, aintegrar na revolta, .asmesmas ..,.,
sobre a honra aristocrática e a honorabilidade burguesa na França (aí categorias que produzem aquilo contra o qual eles se revoltam. _
se apreendem coisas surpreendentes como o fato de [aurês ter ido .' Por exemplo, elas utilizam evidentemente a categoria do duro e
duelar na fronteira espanhola, que Proust duelou porque duvidaram do mole. Mas desta oposição, da qual se servem na luta cognitiva
de sua virilidade, resumindo efeitos incríveis dos valores viris de contra os dominantes, elas se servem também para perceber o seu
honra). Podemos ver então que a ligação entre virilidade orgânica e próprio sexo e elas têm com isso imagens catastróficas; elas o
virilidade simbólica (valores de honra, etc.) é fortemente atestada, percebem como "mole", viscoso, etc., o que me leva a evocar o famoso
tanto entre os kabyles como em nossas sociedades. . texto de Sartre sobre o viscoso.
. A2Si~/ os órgãos sexuais na sua materialidade anatõmica são Até aqui tomei como central os órgãos sexuais, mas é a totalidade
?~~!e _ construidos por meio de categorias sociais::': Parã do corpo que é construída na mesma lógica: por exemplo, coisas tão
. compreender essa relação não é suficiente falar em "construção social banais como a cintura, que marca a separação entre a parte alta e a
.de sexo", é 'preciso analisar as condições sociais da construção social do parte baixa do corpo, a parte nobre e o que chamamos, ainda,
-,sexo, ~<:!.Lçõ:.L~~o~.t;.~ç~o A~? ~,a,t~&or~as ,ge S9.~~!!:~ç,ã.9.:_pito
de conforme a oposição tipicamente mediterrânea, entre honour and shame,
.50utra forma, e necessano procurar essas categonas SOCIaIS de as partes vergonhosas.
'~onstrução nas condições de construção dentro da ordem masculina O <;.~rpo inteiro é construído so~ialmente,exatamente como os
ou, neste caso, no sistema escolar, Penso hoje que muitas eTasdivis'ões órgãOs' sexuais, .eles próprios pela ela~oração ~~ ,esq.uemas: Por
que entre os kabyles eram produzidas pela ordem masculina, a divisão exemplo, a oposição entre o alto e o baIXO permitirá diferenciar as
do espaço, etc, são. reproduzi das por intermédio do sistema escolar, condutas masculinas e as condutas femininas, as condutas masculinas
que é um lugar de reprodução das categorias de construção da .estando sempre do lado alto, du faire front, faire face". O rosto é,
diferença entre os sexos, por exemplo, por meio das diferenças entre as
disciplinas, etc.
• A tradução mais próxima no português é fazer frente, fazer face à, (N. da T.)

.,
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juntamente com a boca, o órgão masculino por excelência. Por Os cortes, ou as censuras que instituem as categorias de percepção
exemplo, lembro-me de que, nos primeiros levantamentos que socialmente constituídas, constituem o sagrado. Por exemplo, os
tratava~ dos va~ores da ,honra, meus informantes falavam sempre de kabyles dizem que as mulheres têm o sagrado (serr) que é produto do
qabel, faire face (qzbla, vocabulo com a mesma raiz, que faz parte dessas escondido, dos cortes, da separação, etc., e o exame vaginal é uma
palavras nas quais uma pessoa que domina determinada cultura tem a transgressão desse sagrado, que é preciso tomar lícito, mas mantendo-
impressão de que toda sua cultura se condensa), é olhar na cara, a sob controle.
dentro dos olhos, é fazer frente, afrontar, por oposição à conduta Podemos falar de construção social dos órgãos sexuais, construção _
feminina que manda que se abaixe os olhos, que a gente se mantenha s~cja~ºsgt.:P-')_D\, seu todo, e, enfim, construção do ato sexual.cl.Jm
curvado. dos instrumentos e elemento constitutivo dessa construção a posição_
é

A oposição reto/curvo rege toda a conduta corporal. Ensina-se em cimaZernbaixo. Encontrei junto aos kabyles, que não são muito
explicitamente às meninas que mantenham os braços cruzados, criadores de mitos, que não dão muitas explicações justificadoras sobre
apertem seus seios com bandagens, de maneira que eles sejam, tanto o que eles fazem, um só mito; dois de fato. O segundo diz respeito ao
quanto possível, pouco visíveis etc. Outra oposição muito importante ato fundamentalmente masculino de semear, de "inseminar": a mulher
na construção social do corpo, a oposição frente/ costas, que é aplicada quis semear no lugar do homem e, no lugar de nascer trigo, apareceu
ao corpo masculino e ao corpo feminino, faz parecer que a frente é cevada, planta fraca, frágil, etc. Os dois mitos dizem respeito à
diferente e diferenciada e as costas indiferenciadas, o que -faz também oposição masculino/feminino. Abrindo um parêntese, mostrei, numa
com que os insultos anti-homossexuais, por exemplo, se sirvam época em que o estruturalismo tratava esta oposição como outra
precisamente desta oposição frente/ costas. Para compreender a visão qualquer, que era a oposição fundamental, diretamente enraizada na
mediterrânica da homossexualidade é preciso ter em mente essa divisão sexual do trabalho que ela tendia a justificar. Digo isto para os
oposição frente/ costas, que é profundamente inscrita no inconsciente e que pensam que descobri tais problemas recentemente, sob influência
que dá origem aos insultos tanto gestuais como verbais. do feminismo. Mais precisamente, relaciono a divisão sexual do
- Para que vocês não pensem que estou indo muito longe com as trabalho no caso kabyle à divisão que fez Marx num texto bastante
minhas histórias kabyles sobre a cintura e a frente e as costas, faço obscuro entre tempo de trabalho e tempo de produção, o que permite
:/ referê.nci~ rápida a um artigo que li: The Sociology of Vaginal articular a divisão do trabalho entre os sexos e a divisão do trabalho.
Exnmination, Trata-se de um belo trabalho inspirado em Goffman sobre Retomando ao mito que evoquei anteriormente: a mulher é
a maneira como os médicos gerenciam O problema da transgressão do perversa, diabólica, etc., conhece a coisa enquanto que o homem não a
tabu que implica o exame vaginal. Observa-se, nesse ato, uma primeira conhece, ele é ingênuo, inocente, bu l1iya, toma a iniciativa do ato
fase na qual o médico fala a uma pessoa, cara a cara; depois o médico sexual e ela fica por cima. O homem que achou a coisa interessante
sai e chama a pessoa a ser examinada numa pequena peça ao lado quer recomeçar, mas na norma, quer dizer primeiramente em casa, no
onde está a enfermeira que a ordena "Tire a roupa", etc.; depois o espaço doméstico, fechado, sagrado, e não na fontaine (fonte), lugar
médico volta, em presença da enfermeira, e ele não examina nada mais exterior, úmido, tipicamente feminino, e na posição conveniente,
que uma vagina, dissociada de certa forma da pessoa, sobre a qual ele naquela em que o homem está como se diz por cima (os kabyles
fala na terceira pessoa ("ela não tem nada"); em seguida o médico sai, explicam assim que as mulheres têm as 'nádegas frias: elas estão em
a mulher se veste, e o médico vê outra vez uma pessoa à qual ele se contato com o solo, com a fonte, etc.)
dirige. É um artigo magnífico! Por que o evoco neste momento? Assim, o ato sexual em si é construído e a inversão da relação
Porque podemos ver concretamente, pelo uso do lençol, por exemplo, dominante/ dominado, alto e baixo, entre outras, é considerada como
que, na fase mais delicada do exame, este é utilizado como que para sacrilégio. Podemos ver rapidamente que esta construção simbólica
refazer uma cintura, quer dizer, uma barreira simbólica entre a vagina não tem nada de especulativa, que ela não se reduz a "representações"
e a pessoa. Todas estas coisas um pouco exóticas que estou contando e que, se estas existem, como no caso do mito, elas passam ao ato, elas
estão implícitas nos atos mais banais do nosso universo. A Etnologia se tornam práticas por todo um trabalho, que evoquei rapidamente, de
favorece a surpresa frente ao que acontece completamente construção social das categorias de sexo. Esse trabalho é coletivo. Citei
despercebido, quer dizer, o mais profundo e o mais profundamente os rituais de instituição, mas também identifiquei rituais muito bonitos
inconsciente da nossa experiência comum. que tive dificuldades para compreender e que de início me pareciam
por em prática apenas oposições secundárias, superficiais, mas que, de
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fato, atuam na prática, no ato: a separação do masculino e do feminino, submissão não seja um ato da consciência, suscetível de ser --)
a dissociação do menino e de sua mãe, a ruptura masculinizante do compreendido dentro de uma lógica das limitações ou dentro da lógica
m:nino ~~m sua mã~, c~isa~ que Nancy Chorodov evoca numa lógica do consentimento, alternativa "cartesiana" que só existe quando a
psicanalítica. Esses rituais ditos de separação, rituais de separação do gente se situa dentro da lógica da consciência. ~ara comp-reender a,
eu, rituais de separação do sétimo dia, etc., têm todos a função de odominação masculinaé ..P!_~,is.o.~itll~.r.':s~. df?Dt~o_ci.!u~~!rafilosofia da -::~
separar o menino de sua mãe. Nancy Chorodov diz que a açao,_uma 1irõ;'ofíadTsposicional, na ~~~_princípio das ações não é",:".
personalidade masculina é construída, na ausência (sécheresse) de éonsciengE,_i[ilifen~o~~~rpr9j~tq; a ~t~I}Ǫ9 rac19AalcoQ!!l2.nasteorias
virilidade, pela ruptura com o mundo natural, a natureza, a mulher a do individualismo metodológico ou da ratíonal acUon Jbeory,_~~~s-
feminilidade etc., e que o habiius masculino é o produto dessa ruptura. d~se()s~çges1.;_qÚer~ permanentes. q ue.podem
diz~!:...~~~~nj"ai:t~i)·~~-,-~k,ser::
Ora, o que eu tinha mostrado é que no caso kabyle essa ruptura existe .' estar-na ong~ das açõesdotadasdejodos os sinais de finalidadeo sem
e que ela é socialmente constituída, que existe todo um trabalho o queoslms ·'atingidos tenham sido colocados enquanto taTpõr üma
explícito de separação, por exemplo: se deita a criança à direita da in!:-:z:.çã.<:>.-<f_a_
consciência. Vou dar um exemplo para ser mais claro.
mãe, quer dizer do lado masculino, e se interpõem coisas masculinas, Afirmo que a dominação masculina é um caso particular, mas de certa
como o pente a cardar a lã, a foice, em resumo, objetos fabricados pelo forma extremo da dominação simbólica, e que por meio da cultura, por
fogo e que vão masculinizar a criança. Este encontro entre a exemplo, os dominantes culturalmente exercem também uma forma
observação etnológica e a descrição psicanalítica coloca em termos bem . de dominação simbólica. Penso, por exemplo, na timidez. Todos os
concretos o problema da relação entre a Sociologia e a Psicanálise. sócio-lingüistas que, como Labov, estudaram a linguagem das classes
Existe uma espécie de construção. do inconsciente; seria necessário populares em situação de tensão, oficial, "formal", como dizem os
retomar aqui, em relação ao esquema do inflar, a análise do texto de anglo-saxões. observaram que essa linguagem se quebra de certa
Lacan que citei no começo do meu artigo e que era ingenuamente forma (Labov fala de broken language, de langage brisé). Não se deve
kabyle. A sócio-análise, possibilitada pela Etnologia, poderia evitar que concluir que eles não sabem falar, mas que há situações nas quais eles
os psicanalistas mobilizassem de maneira inconsciente seu "perdem seus meios", seu capital lingüístico. A intimidação é uma
inconsciente para analisar o inconsciente. forma típica de violência simbólica. A timidez é precisamente um
Nesse trabalho de construção social do corpo é preciso citar o reconhecimento forçado da dominação que a gente pode tentar afastar
f ens~~ sobre a ve~timenta e a forma de se portar masculina e com todas as forças (especialmente as da consciência), mas sofrendo
s . feminina. Tudo existe também em nossas sociedades. Existem sua ação em nosso corpo ("a gente treme todo, a consciência diz não,
, ensinamentos dê\~ralDáti.fª_º_o COtpO e poderíamos, como fazemos na mas o corpo treme). Portanto, para compreender todas essas formas de
gramática, tecer quadros do que dizer e do que não dizer, tecer dominação simbólica é preciso romper com as filosofias da consciência,
quadros do que fazer e do que não fazer, enumerar tudo o que uma as quais as teorias críticas de Marx, em matéria de dominação de
mulher deve fazer ou não fazer com o seu corpo (por exemplo, manter classe, a de Jeanne Favret, em matéria de dominação de gênero, estão
, os joelhos fechados). Por meio desse trabalho de educação, as ligadas. Faltou a Marx uma teoria materialista disposicional do efeito
construções s.ociais são einbodied, incorporadas, inscritas no COlftQ.,glªs__ das estruturas sobre o corpo, e ele ficou fechado numa visão idealista, \.'
se tomam sistemas .d~i?pS>~!5§_~s. (o que as coloca na noção de cartesiana da consciência, da "consciência de classe", "falsa cons- .
.~ ." t
IUiliítus), princípios geradores de práticas e de apreciação de práticas, CIenCJa,e c. /'\( -. ...' .
ao mesmo- tempo maneiras de fazer e categorias de percepção dessas De fato, há coisas sobre as quais a consciência não tem controle, ;'.J..r' -,
maneiras de fazer. porque elas estão fora, no nível do corpo, das disposições corporais. 01-' ;-
Vocês devem se perguntar - portanto me perguntar - por que é problema reside, se o que digo é válido, em saber que tipo de ação é J =>: l·
preciso este longo desvio pela construção social das diferenças possível. Será que ~ c?t;scientiza~ã.o, a tomada de c~nsciênc.i~ não ~A.~\
sexuais? Porque penso que é a condição sine qua /1011 para com- serve para nada? Nao e ISSO!Ela e Importante, mas nao é suficiente. ','(, .
preender verdadeiramente

límitaçº~~_<??rigaçõ~s parao corFiO·.- Para que a dominação simbólica


funcione é preciso que os dominados tenham incorporado as
estruturas segundo as quais os dominantes os percebem, que a
l
o que creio ser a fQr,!!.'_~_~~Rec!ficéLde,
dominação masculina, quer dizer! a violência .simbólica como
Retomarei este ponto adiante. Se é verdade que a do~E2.a.çã.<?_~imb,QJiça_"
é~ma domÍIlé\ç~o que se. exerce com a oc.~,I!I.Pl~c!.~~dodominado, ou,
mais precisamente, com a cumplicidade das estruturas que o
dominado adquiriu na confrontação prolongada com as estrlitUr:ª!Ld_~~
dominação e pela incorporação dessas estruturas,_ é e:v!~.:~t~oquenão é
o

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38/ LOPES, MEYER & WALDOW GOORO E SA ÚOE / 39

~ficiente tmDq.L.fon.?c.i~pcié!.._des.?~s,_~SJLLl.t.!:!!:~s.:.j:
preciso transformar Sobretudo, gostaria de mostrar que o fundamento da situação
profundamente as disposições adquiridas, ~or -umaesp-écÍe'-de dominada da mulher e sua perpetuação, além das diferenças
reêciucaçâo~ aquelãqüeenécessáiía para perder um mau costume-- temporais e espaciais, reside no fato essa.economia. ela é
(miiUVaís pli), um mau hábito de pegar a raquete, um mau sotaque, etc. mai~LLClo.-que.sujeito preciso evocar aqui as análises célebres de
A gente sabe como é longo e difícil mudar, e que é preciso mudar de Lévi-Strauss sobre as trocas de mulheres, reinterpretando-as de
forma inseparável as condições de produção dessas disposições, maneira a reintroduzir a dimensão política (penso na dominação que
dessas estruturas incorporadas, é preciso, portanto, mudar a ordem supõe a troca e que se produz e se reproduz por meio dela). Mas se
simbólica. A tomada de consciência é então indispensável para fixando somente no papel passivo, aquele que é conferido à mulher
desencadear o processo de transformação e para assegurar seus nessa lógica, e que me parece ser o fundamento ainda hoje da relação
resultados. Retomando um pouco, quando falei dos fundamentos que as mulheres têm com seu corpo, que advém do fato que o seu ser
cognitivos da dominação simbólica, não me situava dentro de uma social é um ser-percebido, um percipi, um ser para o olhar, e que, se
filosofia intelectualista (à maneira de Descartes ou de Kant) do posso dizer, para o olhar e suscetível de ser utilizado, a esse título,
conhecimento; quando falei de categorias, referia-me às disposições, como capital simbólico. A alienação simbólica à qual elas são
aos esquemas práticos. condenadas pelo fato de que são fadadas a ser percebidas e se
Eu tinha dito no começo que a aproximação talvez um pouco perceberem pelas categorias dos dominantes, ou seja, masculinas, se
forçada entre os kabyles e Virgínia Woolf tinha a intenção de colocar a traduz na própria experiência que as mulheres têm de seu corpo e do
questão da autonomia relativa do mundo simbólico no interior do qual olhar dos outros, o que foi tão bem esclarecido e analisado por uma
se exerce a dominação masculina. Se a dominação pode se perpetuar e fenomenóloga americana, cuja análise não terei tempo de fazer. Mas
sem dúvidas se transformar, mas muito menos que a gente possa crer,' tenho muito medo de ser mal compreendido e como tenho muito
~pesa~ das ~u~~nças tecnológicas e ec~nômicas importantes, será que pouco tempo tentarei me expressar por meio de um exemplo. Trata-se
ISSOnao se justifica pelo fato de que existe uma autonomia relativa da de um belo artigo que li sobre as mulheres e o esporte que mostra
ordem simbólica ou do que chamo dos bens simbólicos em relação à' como aquelas que praticam intensamente o esporte vêem sua relação
ordem econômica e à ordem tecnológica? (É aqui que gostaria de com seu corpo' se transformar, como elas chegam a uma relação com
evocar o livro de Nye.) seu corpo que se poderia dizer masculina, ou seja, a um corpo em si,
Gostaria de ter mostrado, se tivesse tido tempo, que existe uma no lugar de ser um corpo para o outro, um corpo que é por si mesmo
lógica específica da economia dos bens simbólicos, distinta da seu fim. Isso faz aparecer, a contrario, que o corpo imposto como
economia econômica, e que essa lógica pode, por um lado, funcionar modelo, é um corpo-para-o-outro, um 'corpo que existe pelo olhar dos
na ordem puramente econômica, Poderia, por exemplo, evocar um outros, um ser percebido. A alienação ligada ao fato de ter um corpo
belo trabalho sobre as recepcionistas pagas que, no Japão, , visível, portanto de se encontrar colocada sob os olhares dos outros,
acompanham os homens às custas das grandes empresas, e onde se vê " tem graus, ela é mais potente quanto mais se desce na hierarquia social
como as burocracias modernas utilizam as estruturas mais tradicionais porque se tem muito mais chance de ter um corpo pouco conforme aos
da divisão do trabalho entre os sexos para realizar funções econômicas cânones dominantes. E, de fato, ela encontra seus limites com as
ultra-racionais. Esta' lógica específica da economia simbólica se mulheres a quem a experiência do corpo como corpo-para-o-outro se
perpetua até mesmo dentro das ordens mais puramente constituídas 'impõe com uma força particular pelo papel que lhes é atribuído no
enquanto' econômicas, como as empresas, e ela pode ser observada 'mercado dos bens simbólicos, onde elas são objeto, ser-percebido, capital
sobretudo em outros universos, como na ordem da produção cultural simbólico que devem gerenciar, que administram frente aos homens.
(não é somente coincidência se são as zonas mais feminizadas), A.transformação da relação ao 'corpo que provocaa prática do esporte
literária, artística, televisão, rádio, etc., na ordem religiosa (e não é por acompanha-se de uma transformação profunda da sua relação com os
acaso também que é aí que existe o trabalho beneficente feminino) e, homens. A transformação de sua relação subjetiva com seu corpo faz
enfim, dentro da ordem doméstica. Seria necessário, mas isso seria com que deixem de parecer femininas, quer dizer, disponíveis, ao
muito longo, que eu tentasse descrever a lógica específica desta menos simbolicamente. Sua relação com o corpo se encontra
economia e o que faz com que ela possa se perpetuar na direção e modificada de tal maneira que elas não respondem ao que se espera
contra todas as necessidades econômicas nas sociedades mais socialmente de uma mulher. Encontraríamos, sem dúvidas, coisas
invadidas pela lógica capitalista.
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40 / LarES, MEYER & W ALDOW

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semelhantes em termos de modificações da relação com o corpo entre ! , ~

as profissões intelectuais, , ",' '. r ,


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Para finalizar, queria exprimir uma falta: lembrei da existência de ',,; t :

.uma economia dos bens simbólicos, relativamente autônoma em " -, ,


:; " :., .: r, ) '.

:';",relação às bases econômicas, autonomia relativa, evidentemente mas


não analisei os' fundamentos dessa autonomia e seu enraizamento na "
( o'.
,

lógica da reprodução biológica e sobretudo social. Não mostrei corno


as n~va~ tecnologias da repro~u~ão biológica, porexemplo.vpodem ,
,contnbUlr para transformara divisão produçãc /reprodução-qúe está ',: " ~'"

nos funda~entos da economia dos bens simbólicos, É por esse viés


.~,.:
qu~ podena ter voltado ao problema da relação entre as, relações
sociaisde sexo e as relações sociais de classe, Mas estou só anunciando
~s t,emas que ainda gostaria de tratar, Paro por aqui, pois já passei dos
limites estabelecidos, '

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mais livres do que"se ~en,ten:,q~~,fe, qcejta .comrJ.p~4~g.e,
como euidência.: algu'ns,:demas" que'Joram o (são) .cons-
ti'u(do~' 'dii'ra'rltecertom~m'eni;:dà ,hi;tót:ia,':é:qU~eSsa
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DOS ESTUDOS FEMINIS.i:A-S:E,.oPODER:'\'~lh1f-?Ú>~;~!<r6;;"·,
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, .,' Se tomo as palavras de-)Fqucaultcom01Ponto.l de.ipartidai desta
reflexão é porque elas, lmedlatamente, me,ffl,zerr\:p'e~arna,s',diferentes
trajetórias teóricas -e políticas; iqu'e"mulheres, :ef.~l~s:ihpmens,vêm
construindo ao longo da históriai~mais,esp.ecialmen~~'nos"séculos)<IX e
XXi'~ na tentativa: de' criticatir~\~;,deslocaX:,la,;
tpr~~€;l}didai ,e~idêI)ciá';!da
d0l!linação ma~c~lina,,~ase~d~)1:~ ,~iJ~~~IfÇ~~ ~ntr,e~,9~!!~,exos~~Os;:saber~s,
que aí seconstltUlram tinha~ c01l1.<?, qb.Jetl\~o~r.omt:e~;ço1l1"~;~e~etn°~~
daqueles (saberes) quesustentava~,(e,su~t,entam).t~l,domu:açao(c} ,~~.,:
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