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CONTABILIDADE

& EMPRESAS
JANEIRO E FEVEREIRO 2011 | N.º 7 | 2ª SÉRIE

EDITORIAL
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JOAQUIM CUNHA
GUIMARÃES
jguimaraes@vidaeconomica.pt

1.OS ANIVERSÁRIOS DA “C&E” E DO SNC


A 2.ª série da C&E iniciou em Janeiro/Fevereiro de 2010
(ver figura da capa), completando-se, desta forma, o seu 1.º
ANIVERSÁRIO, o que impõe a realização de um breve “ba-
lanço”, que fazemos em texto à parte.
Dos seis números publicados, dois incidiram sobre temas
específicos: Contabilidade Autárquica (nº 4, de Julho/Agosto
de 2010) e Auditoria/Revisão de Contas (nº 5, de Setembro/
Dezembro de 2010).
Como referimos no editorial da C&E nº 1, uma das mo-
tivações para a reestruturação da revista (em Janeiro de 2010 a
1.ª série completou quinze anos) foi a entrada em vigor, no dia
1 de Janeiro de 2010, do Sistema de Normalização Contabilís-
tica (SNC), aprovado pelo Decreto-Lei nº 158/2010, de 13 de
Julho, o qual mereceu grande destaque ao longo do ano, nome-
adamente através de artigos, casos práticos e outras informações
e comentários.
Neste contexto, o SNC completa também o seu 1.º ANI-
VERSÁRIO, embora os seus efeitos práticos só possam ser me-
didos após a primeira apresentação de contas em SNC, que ocorrerá no corrente ano, pelo que também se
justifica um balanço, em texto autónomo.
Como sublinhámos em número anterior, 2011 será um dos anos mais difíceis para os portugueses,
tendo em conta as medidas fiscais previstas no OE de 2011, pelo que a C&E continuará a acompanhar as
respectivas iniciativas legislativas para a sua execução.
Finalmente, destacamos a entrevista à Professora Doutora Lúcia Lima Rodrigues, docente da Escola de
Economia e Gestão da Universidade do Minho, primeira mulher que obteve o Doutoramento em Conta-
bilidade em Portugal e representante da Ordem dos TOC na Comissão de Normalização Contabilística,
na qual nos alerta para os principais aspectos da actualidade contabilística nacional e internacional, nome-
adamente no ensino, na investigação e na prática.

UM PRÓSPERO ANO NOVO.

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Defender uma profissão, por Guilherme Osswald ....................................................... 5
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Lúcia Lima Rodrigues, docente da Escola de Economia e Gestão da Universidade do
JAN/FEV 2011 | Nº 7 - 2ª SÉRIE Minho ...................................................................................................................... 6

PROPRIEDADE %106#$+.+&#&'
Vida Económica - Editorial S. A. Reflexões sobre o SNC, por Joaquim Fernando da Cunha Guimarães ....................... 10
V – Os utentes das demonstrações financeiras ............................................................. 10
DIRECTOR VI – A nova medida do desempenho (performance) do SNC – O “Resultado Integral” .....17
Joaquim Fernando da Cunha Guimarães A Contabilidade e as microempresas, por Carlos Alberto Baptista da Costa ............... 20
Modelos contabilísticos e economia – Textos fundamentais, por João Nogueira ........ 21
COLABORADORES PERMANENTES Demonstração das Alterações no Capital Próprio .................................................... 24
Agostinho Manuel dos Santos Costa “Balanço” do 1.º Aniversário do SNC ..................................................................... 27
Hernâni O. Carqueja Tribunal de Contas quer aplicação efectiva do Plano Oficial de Contabilidade
Guilherme Osswald Pública (POCP)........................................................................................................28
Joaquim Fernando da Cunha Guimarães
José Azevedo Rodrigues 014/#.+ĥ#†‚1%106#$+.+56+%#
José Alberto Pinheiro Pinto Observatório do SNC ............................................................................................. 29
Maria José Fernandes
(+5%#.+&#&'
Mário da Cunha Guimarães
Código do IVA sofre alterações e é reforçado combate à fraude ............................... 30
Paulo Moura Castro
Comissão Europeia pretende eliminar problemas fiscais transfronteiras ................... 31
Governo intensifica combate à fraude e evasão fiscais .............................................. 32
COLABORADORES NESTE NÚMERO
Fiscalidade é o maior obstáculo à competitividade das empresas.............................. 34
Carlos Alberto Baptista da Costa
Guilherme Osswald Fisco atinge com antecedência objectivo de cobrança coerciva................................. 34
João Nogueira Comissão Europeia prepara alterações ao IVA ......................................................... 34
Joaquim Fernando da Cunha Guimarães #7&+614+#
Lúcia Lima Rodrigues Conferência da Comissão Europeia sobre relato financeiro e auditoria – Fevereiro
Rui Filipe Antunes Ferreira de 2011 .................................................................................................................. 35
IFAC emite Guia Prático de Gestão para Pequenas e Médias Firmas de Auditoria ... 35
O conteúdo dos artigos é da exclusiva As perguntas do Livro Verde sobre Auditoria .......................................................... 36
responsabilidade dos autores
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PAGINAÇÃO Economic Value Added (EVA®) - Medida de desempenho como base da remuneração
José Barbosa variável, por Rui Filipe Antunes Ferreira ................................................................... 38
Intermediários Financeiros devem ter modelos de gestão de risco mais uniformes ...............44
REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
R. Gonçalo Cristóvão, 111
#551%+#6+8+5/1
6º Esq. 4049-037 Porto OTOC aprova PAO/2011 ...................................................................................... 45
Telef.: 223 399 400 OROC aprova PAO/2011 ...................................................................................... 45
Fax: 222 058 098 5'%614'5
E-mail: geve@vidaeconomica.pt Sector da construção rejeita alterações ao Código dos Contratos Públicos ............... 46
Atrasos com pagamentos são alarmantes ................................................................. 47
DELEGAÇÃO EM LISBOA Código Contributivo agiliza procedimentos entre contribuintes e Segurança Social........ 48
Av. Fontes Pereira de Melo, nº 6 Finanças querem garantir solidez das instituições financeiras ................................... 49
1069-106 Lisboa
Telef.: 217 937 747 241(+55‚1
Fax: 217 937 748 Governo tem descredibilizado a profissão de Técnico Oficial de Contas .................. 50
Técnico Oficial de Contas é uma profissão de futuro .............................................. 51
IMPRESSÃO
016Œ%+#5'+0(14/#†”'5
Uniarte Gráfica - Porto
Balanço e Índice do 1.º Aniversário da C&E (2.ª série) ........................................... 52
Registo nº 108640 no ICS %#51524€6+%15
Caso Prático n.º 7 – Impostos Diferidos ................................................................. 57
Assinatura anual: 64 euros

Janeiro/Fevereiro 2011 – Este suple- .+8415


mento faz parte integrante da Vida Eco- Criar Sucesso em Negócios Inteligentes................................................................... 58
nómica nº 1380, de 28.01.2011 Ética, Deontologia e Responsabilidade Social ........................................................ 58
Planeamento e Evasão Fiscal ................................................................................... 58

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Defender uma profissão


*GUILHERME OSSWALD

O ano agora iniciado será um


dos mais difíceis para os Portugueses
desde que o país entrou no regime
democrático. Para TOC a situação
será particularmente complicada. O
que se passou nos últimos dias de
2010 revela bem que as dificuldades
serão acrescidas. E não só por razões
de contexto. A profissão tem sido
sujeita a “ataques” que não são com-
preensíveis.
Não é só o Sistema de Norma-
lização Contabilística ou toda o
enorme volume legislativo que têm
tornado os dias menos tranquilos aos trabalho é dar um sinal à sociedade cia ao controlo das contas não parece
TOC. De facto, foram criadas situa- que se está perante um profissional ser o caminho mais correcto a seguir.
ções que não se compreendem. Ou que não é credível. Nada de mais Os problemas não se ficam por
por outra, talvez sejam reveladoras errado e injusto. O TOC é dos pro- aqui. Este é um ano em que é obri-
de que existem poucos políticos que fissionais que mais têm sido respon- gatório existir tranquilidade no área
tenham um conhecimento aprofun- sabilizados pela tutela e que mais da contabilidade e da fiscalidade. O
dado do mundo da contabilidade e provas têm que prestar para estarem SNC entra plenamente em vigor e os
muito menos da profissão. Sobre- no mercado. TOC têm que estar muito atentos
tudo, em Portugal continua a ha- Não menos estranha foi a in- às mudanças que tal implica. Tam-
ver pouco respeito pelo trabalho e a tenção do Governo em isentar as bém seria muito positivo um maior
competência de terceiros e os interes- pequenas empresas da prestação de esforço por parte das autoridades,
ses das minorias se sobreponham aos contas. Não é necessário um grande no sentido de garantir a uniformi-
da comunidade. Foi o que se passou esforço de raciocínio para se concluir dade legislativa. Não se pode conti-
com a tentativa de descredibilização que seria uma forma de deixar uma nuar a publicar leis avulsas e a um
dos TOC, a partir da necessidade de parte da economia à deriva. A decla- ritmo alucinante, como sucedeu no
um ROC, sempre que uma empresa ração de rendimentos não constitui final do ano passado. Continua a
queira apresentar deduções ao nível apenas um documento que tem que ser usual a publicação de legislação,
dos prejuízos. ser apresentado às Finanças para re- sem que existam objectivos concre-
A situação criada é tanto mais in- gularização da sua situação fiscal. É tos, entrando-se com frequência em
compreensível, quanto se está numa também importante para os próprios paradoxos. Os profissionais acabam
altura em que é o próprio Governo sócios, para os clientes, enfim, para o por se ver envolvidos numa teia le-
que mais exige transparência e pre- mercado em geral. Retirar importân- gislativa, em que não há quem saia a
tende combater sem quartel o com- ganhar. Daí a importância de serem
bate à fraude e à evasão fiscais. Ora, chamados a pronunciar-se aquando
é sabido que o TOC tem perante o
Trabalho da intenção do Governo legislar so-
fisco responsabilidades acrescidas, Em Portugal continua a haver bre matérias que não conhece bem
como é o caso da responsabilidade pouco respeito pelo trabalho e a por não estar no terreno.
subsidiária. Colocar em causa o seu competência de terceiros. *Editor

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Entrevista à Professora Doutora Lúcia Lima Rodrigues

O ensino está a fazer-se cada vez mais


baseado na investigação, tentando-se
que os alunos aprendam a pensar

A Professora Doutora Lúcia Lima


Rodrigues, docente da Escola de
Economia e Gestão da Universidade
do Minho, primeira mulher a obter o
Doutoramento em Contabilidade em
Portugal, apresenta a sua visão sobre o
ensino da Contabilidade em Portugal
e a ligação à prática contabilística
desenvolvida pelo TOC.

Contabilidade & Empresas – Como analisa, C&E – Sem dúvida que a investigação em
de uma forma geral, a evolução do ensino e Contabilidade sofreu um forte impulso na
da investigação em Contabilidade no ensino última década do século/milénio passado,
superior em Portugal? nomeadamente através do surgimento de
Lúcia Lima Rodrigues – A avaliação que faço é muito doutoramentos e mestrados em Contabilidade.
positiva. O ensino está a fazer-se cada vez mais baseado na Como interpreta essa evolução?
investigação, tentando-se que os alunos aprendam a pen- LLR – Sim, os mestrados e os doutoramentos em Con-
sar a contabilidade e não a memorizar meras técnicas (este tabilidade têm um papel importante no avanço da inves-
tipo de ensino leva ao insucesso, já que se o aluno não for tigação em Contabilidade. A Universidade do Minho tem
treinado para pensar, num outro contexto acaba por não estado na linha da frente no desenvolvimento do mestrado
saber fazer). Esta tendência deve continuar se queremos e do doutoramento em Contabilidade (ao nível do doutora-
profissionais preparados para enfrentar qualquer cenário. mento, podemos dizer que o consórcio com a Universidade
A evolução na investigação tem também sido notável de Aveiro foi também pioneiro, sendo único no país).
dado que ainda há poucos anos não tínhamos ninguém a
publicar em revistas científicas internacionais de prestígio e C&E – O Mestre Professor Doutor Fernando
hoje acredito que temos uma comunidade académica cada Vieira Gonçalves da Silva sublinhou que não
vez mais internacional, participando não só em conferên- se justificava o debate sobre se a Contabilidade
cias internacionais mas também publicando nas melhores é uma ciência tendo-o classificado como uma
revistas internacionais. Acredito que seremos capazes de “cienciomania”. Qual a situação actual da
continuar a trabalhar por forma a que nos próximos anos ciência contabilística?
nos possamos situar nos patamares internacionais mais exi- LLR – Compartilho muito deste ponto de vista. Mais
gentes. importante do que debatermos as razões que fazem da

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contabilidade uma ciência é fazermos investigação como A Contabilidade como Ciência


se faz noutras áreas científicas. E de facto assim é, a Conta-
Mais importante do que debatermos as razões
bilidade usa as mesmas metodologias científicas que qual-
que fazem da Contabilidade uma ciência é fazermos
quer outra área do saber.
investigação como se faz noutras áreas científicas.
C&E – Na Revista de Comércio e
Contabilidade nº 1, de Janeiro a Junho de Tudo isto é próprio de uma profissão que evolui e que
1926, Fernando Pessoa referiu que “Toda a necessita de novos conhecimentos para se exercer de forma
teoria deve ser feita para poder ser posta em tecnicamente competente.
prática, e toda a prática deve obedecer a uma
teoria. Só os espíritos superficiais desligam a C&E – A profissão de Contabilista em
teoria da prática, não olhando a que a teoria Portugal, nomeadamente nas suas principais
não é senão uma teoria da prática, e a prática vertentes (TOC, ROC e docência do ensino
não é senão a prática de uma teoria...”. Como superior), tem vindo, principalmente
analisa esta importante referência histórica no na última década, a ser dominada por
contexto actual? mulheres, tendo, inclusive, a Professora sido a
LLR – Em primeiro lugar, para aqueles que acham que primeira mulher doutorada em Contabilidade
os contabilistas são cinzentos, não sendo capaz de qual- em Portugal. Como vê este cada vez maior
quer brilhantismo intelectual, Fernando Pessoa é apenas interesse das mulheres portuguesas pela
um exemplo que contraria tal tese. Na minha perspectiva Contabilidade?
é um poeta admirável. LLR – Eu diria que é uma tendência geral, em todas as
A afirmação dele é verdadeira em qualquer época. áreas. Claramente nas profissões que eram mais “masculi-
Como já referi, acredito no ensino baseado na investiga- nas” a evolução acabou por ser mais notória. Quando ini-
ção, um ensino prático que não seja bem fundamentado ciei a minha carreira na Faculdade de Economia do Porto,
em termos teóricos leva a que os alunos não aprendam a fui ensinar Teoria Geral da Contabilidade e Economia da
pensar. Daqui resulta que os alunos vão para o mercado Empresa. Éramos 12 professores a ensinar esta disciplina,
sem capacidade de resposta em situações diferentes daque- e eu era a única mulher. Na altura todos estranharam que
las em que aprenderam (porque basicamente memoriza- eu quisesse ensinar Contabilidade, quando poderia ter es-
ram as práticas contabilísticas). colhido outras disciplinas na altura já “menos masculinas”
como Microeconomia ou Macroeceonomia. Passado uns
C&E – Através do Processo de Bolonha anos, fui para a Universidade do Minho e também lá fui a
procedeu-se à reorganização do ensino superior primeira mulher a ensinar Contabilidade. Por isso, ter sido
ao nível dos graus de licenciatura e mestrado. a primeira mulher a doutorar-me em Contabilidade é uma
Tendo sido um dos membros que integrou consequência de também me ter interessado pelo ensino
o Grupo de Trabalho da Ordem dos TOC destas matérias.
(OTOC) que estudou o impacto do Processo
de Bolonha na profissão de TOC, como analisa C&E – A Ordem dos TOC é o organismo que
essa situação no contexto do ensino superior da regula a profissão de Contabilista (TOC) em
Contabilidade e do respectivo acesso à profissão? Portugal. A Professora tem colaborado com a
LLR – Antes de mais queria salientar que a profissão Instituição em diversos trabalhos pontuais e
avançou muito nos últimos anos. Hoje é, felizmente, uma permanentes. Qual a sua opinião de uma forma
profissão regulamentada e bem organizada. Tem todos os geral sobre a actividade da OTOC nestes 15
dias novos desafios pela frente (como por exemplo nor- anos de vida?
mas de contabilidade cada vez mais exigentes). Por isso, LLR – Estou muito satisfeita com a evolução que acho
é importante que quem exerça esta profissão esteja bem que foi notável. Em apenas 15 anos passamos da desregu-
preparad(a)o, para poder enfrentar todos os desafios. Essa lamentação ao estatuto profissional de Ordem. Acho que
melhor preparação obriga a que se tenha formação supe- dificilmente se poderia fazer mais em tão pouco tempo e
rior e que se esteja constantemente em formação contínua. muito devemos a quem nos tem dirigido. Todos sabemos

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que foi difícil conseguir a regulamentação e foi também di- Contabilidade e História
fícil atingirmos o estatuto de Ordem. Mas valeu a pena e vai
A Contabilidade faz parte da História de Portugal,
continuar a valer pena. Há mais para fazer, espero que pos-
dado que a Contabilidade se constrói socialmente,
samos contar sempre com uma profissão unida porque só a
influenciando também a própria sociedade.
união faz a força. Sendo uma profissão com tantos membros
(a maior associação profissional do país) e com formações palmente ao nível do ensino politécnico, já que os Pro-
tão heterógeneas (o que eu acho que é uma riqueza), difi- fessores Universitários têm consciência de que se querem
cilmente concordamos sempre. Mas no sentido de fazermos progredir na carreira devem publicar. Com a introdução
garantir os direitos desta área, devemos sempre manter a dos regulamentos de avaliação no ensino superior, esta re-
serenidade e tentar ser unidos na defesa dos nossos direitos. alidade irá mudar nos próximos anos.

C&E – Na qualidade de Presidente C&E – A Professora tem sido uma


da Comissão de História da Contabilidade das principais investigadoras que mais
da OTOC, constituída em Abril de 2007, tem contribuído para a divulgação da
que balanço faz da Comissão e quais Contabilidade portuguesa no estrangeiro,
as perspectivas de evolução da investigação nomeadamente através de artigos publicados
nessa importante área da Contabilidade? em revistas internacionais e em comunicações
LLR – Portugal tem uma história muito rica, é um apresentadas em Congressos e outros eventos
dos países mais antigos do mundo. A Contabilidade faz afins. Nesta perspectiva, qual a realidade actual
parte da História de Portugal, dado que a Contabilidade da investigação portuguesa?
se constrói socialmente, influenciando também a própria LLR – Como eu já referi, a realidade actual é muito di-
sociedade. Só podemos sentir orgulho nisto, é importante ferente de há uns anos atrás. Estamos a evoluir muito ra-
sabermos que ajudamos a construir o económico e o social, pidamente para um nível verdadeiramente internacional.
e que apoiamos o desenvolvimento. Para mim a História Actualmente sou membro do Management Committee da
da Contabilidade é uma paixão, e ajuda-me a perceber a European Accounting Association (EAA), tendo sido esco-
Contabilidade tal qual ela é hoje. Sem conhecermos a His- lhida pelos meus colegas europeus com base no meu currícu-
tória facilmente corremos o risco de catalogar determina- lo científico. Isto significa que já há portugueses a serem re-
do procedimento contabilístico como “novo”. Conhecen- conhecidos na Europa. Acumulo ainda outro cargo na EAA:
do a História, percebemos e ficamos deslumbrados com os sou membro do Management Board (desta vez fui eleita pe-
conhecimentos que já se detinham no passado e como a los meus pares portugueses), representando Portugal.
Contabilidade tem respondido em diferentes contextos. A Como eu, outr(a)os colegas apresentam Conferências
investigação nesta área irá aumentar, como se pode consta- e publicam em revistas científicas internacionais (não vou
tar através do número de alunos que acabaram de apresen- dizer nomes porque já são muitos e não quero correr o
tar os seus projectos de doutoramento neste tema. risco de esquecer nenhum). No futuro, estou certa que se-
remos mais, a evolução que se está a observar na profissão
C&E – A Professora é, também, a Editora da acaba também por se reflectir positivamente na academia
revista Contabilidade & Gestão da OTOC, contabilística.
única revista nacional na área da contabilidade
com características científicas. Temos a C&E – No dia 1 de Janeiro entrou em vigor o
percepção que em Portugal se escreve muito novo normativo de normalização contabilística
pouco sobre Contabilidade e áreas conexas, e, português, intitulado Sistema de Normalização
em particular, os docentes do ensino superior, Contabilística (SNC), aprovado pelo Decreto-
quer nas revistas nacionais, quer nas revistas -Lei nº 158/2009, de 13 de Julho. Qual a sua
estrangeiras. A que se deve esta constatação? opinião sobre o processo de adaptação das NIC
LLR – Não tem havido estímulos. Até agora indepen- (IAS) e das NIRF (IFRS) do IASB ao SNC?
dentemente de se publicar ou não, todos temos a mesma Quais as principais alterações do ponto de vista
remuneração. Ou se sente necessidade de escrever e trans- conceptual?
mitir ideias ou os estímulos são muito pequenos. Princi- LLR – A principal alteração foi, como já todos

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percebemos, passarmos a usar um sistema contabilístico decidiu que a harmonização contabilística era necessária
baseado em princípios, que repousa muito no julgamen- (para se aprofundar o mercado único) e se devia fazer
to profissional (estávamos habituados a um sistema muito pela adopção das normas do IASB. Portugal é um país
baseado em regras, onde era esperado que para cada situa- membro da UE e como sempre aconteceu ao longo da
ção nos dissessem que conta se debita e que conta se credi- História, seremos capazes de apoiar o país nestes novos
ta). As normas do IASB muitas vezes dizem por exemplo desafios.
“credita-se uma conta de capitais próprios”. Para um pro-
fissional que tenha dificuldades em discutir as matérias em C&E – Sendo membro do Conselho Geral
termos teóricos, pode ser difícil perceber qual é a conta da Comissão de Normalização Contabilística
que deve usar. Por isso, defendo, que para prepararmos os (CNC), em representação da OTOC, qual o
alunos para este novo sistema contabilístico, torna-se cada balanço que faz da actividade da CNC neste
vez mais importante ensinar os alunos a pensar, a fazer primeiro ano? Quais os próximos desafios, face
julgamentos profissionais. ao processo de constante adaptação das NIC
(IAS) e NIRF (IFRS)?
C&E – Um dos temas que tem gerado mais LLR – A CNC está a preparar diferentes conjuntos
polémica no âmbito do SNC é o relacionado de normas para diversas entidades aplicarem (como é o
com a base de mensuração do “justo valor”, caso recente das micro-entidades e das entidades não lu-
apesar de o mesmo já se encontrar previsto no crativas). Está também a observar a forma como as novas
modelo do POC. Como analisa essa polémica normas estão a ser aplicadas. Ir actualizando o SNC em
e quais os seus efeitos nas contas das micro função das alterações das normas do IASB, aprovadas pela
e pequenas entidades? Outra dificuldade UE, será um objectivo importante por forma a manter-se
reconhecida por todos é o uso do justo alguma consistência entre as normas adoptadas pelas em-
valor em muitas circunstâncias em que não presas cotadas e as adoptadas pelas empresas não cotadas.
estávamos habituados.
LLR – Apesar do conceito não ser novo e de já estar- C&E – O Grupo de Contabilidade da
mos habituados a fazer reavaliações, o SNC extende muito Universidade do Minho integra quatro
a aplicação do justo valor. Portugal não tem muitos merca- doutoras na área da Contabilidade, e tem
dos organizados, e encontrar o valor de mercado é muitas sido um dos principais grupos de investigação
vezes complicado. Por outro lado, calcular estimativas des- nacionais na Contabilidade. Depois de alguns
se valor de mercado exige profissionais de contabilidade anos de “luta”, foi, finalmente, aprovada
bem preparados. O uso de estimativas em contabilidade e entrou em funções no corrente ano, a
leva à subjectividade. De forma a lidarmos com a subjec- Licenciatura em Contabilidade, completando-
tividade torna-se importante fazer divulgações no Anexo. se, desta forma, os três graus de ensino, pois
Isto significa que a aplicação do justo valor leva a um au- o Mestrado em Contabilidade já existe desde
mento do trabalho contabilístico que se espera que seja o ano de 1998/99 e o Doutoramento em
reconhecido. Devido à necessidade de reduzir os custos Contabilidade desde 2008/2009. Quais os
de contexto das micro-entidades, acredito que este crité- principais reflexos desta nova realidade na
rio não deve ser adoptado, ou só muito excepcionalmente investigação em Contabilidade da Universidade
deve ser adoptado. do Minho?
LLR – A Contabilidade é uma área em expansão resul-
C&E – Relativamente à aplicação prática do tante do poder de mercado que tem a profissão. É também
SNC, como interpreta o seu acolhimento pelos uma área em que a investigação está a crescer muito. As
profissionais da Contabilidade, nomeadamente Universidades têm essa percepção e apostam em áreas em
pelos TOC e pelos docentes de Contabilidade expansão. Esta tem sido a situação da Universidade do Mi-
do Ensino Superior? nho que tem querido apostar nas áreas que têm possibili-
LLR – Os TOC e os docentes de contabilidade es- dade de expansão. Ter os três graus de ensino é importante
tão preparados para apoiar o desenvolvimento do país no para se poder ter flexibilidade na formação e dar todas as
contexto do espaço económico a que pertencemos. A UE oportunidades aos alunos.

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Reflexões sobre o SNC


JOAQUIM FERNANDO DA CUNHA GUIMARÃES*

V – Os utentes das demonstrações financeiras – do POC ao SNC


INTRODUÇÃO Por sua vez, o §12 da Estrutura Conceptual (EC)3 do
SNC determina:
No nosso artigo sob o título “A Contabilidade - Utili- “12 - O objectivo das demonstrações financeiras é o de pro-
dade para a Gestão (Decisão)”1, apresentámos alguns dos porcionar informação acerca da posição financeira, do
principais aspectos conceptuais inerentes ao denominado desempenho e das alterações na posição financeira de uma
“paradigma da utilidade” que subjaz ao anterior modelo entidade que seja útil a um vasto leque de utentes na
contabilístico assente no Plano Oficial de Contabilidade tomada de decisões económicas.”.
(POC), aprovado pelo Decreto-Lei nº 410/89, de 21 de Nesses conceitos, as expressões “posição financeira”,
Novembro, e diplomas ulteriores de alterações, e nas nor- “desempenho” e “alteração na posição financeira”, estão
mas contabilísticas complementares (29 Directrizes Con- intimamente ligadas às DF, ao balanço, às demonstrações
tabilísticas e 5 Interpretações Técnicas). dos resultados (por naturezas e por funções)4 e à demons-
A entrada em vigor, no passado dia 1 de Janeiro de tração dos fluxos de caixa respectivamente.
2010, do novo modelo de normalização contabilística, inti- O mencionado “paradigma da utilidade” das DF está
tulado de Sistema de Normalização Contabilística (SNC), explícito naquela primeira disposição através da expressão
aprovado pelo Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de Julho, “... que seja útil a um vasto leque de utentes na tomada de
que revogou aquele normativo do “modelo POC”, moti- decisões económicas”5.
vou-nos para a elaboração do presente artigo, no qual da- Desta forma, as DF6 deverão ser elaboradas numa
remos especial enfoque aos objectivos das demonstrações perspectiva de “equilíbrio de interesses” dos seus diversos
financeiras (DF) e aos respectivos utentes2 (stakeholders). utentes (stakeholders)7, o que, diga-se em abono da verda-
de, não é tarefa nada fácil.
OBJECTIVOS DAS DF Esse mesmo quesito está expressamente previsto no
início do §13 da EC do SNC ao determinar o seguinte:
O POC (item 3.1 “Objectivos”) referia: “13 - As demonstrações financeiras preparadas com esta fina-
“As demonstrações financeiras devem proporcionar informa- lidade vão de encontro às necessidades comuns da maior
ção acerca da posição financeira, das alterações desta e parte dos utentes (...)”.
dos resultados das operações, para que sejam úteis a inves- Sublinhe-se, no entanto, que as DF apresentam algu-
tidores, a credores e a outros utentes, a fim de investirem mas limitações, as quais são reconhecidas na segunda par-
racionalmente, concederem crédito e tomarem outras de- te daquele §13, quando se refere:
cisões; contribuem assim para o funcionamento eficiente “(...) Contudo, as demonstrações financeiras não proporcio-
dos mercados de capitais. nam toda a informação de que os utentes possam neces-
A informação deve ser compreensível aos que a desejem anali-
3 Publicada pelo Aviso nº 15652/2009, D.R. nº 173, 2.ª Série, de 7 de
sar e avaliar, ajudando-os a distinguir os utentes de recur- Setembro de 2009.
sos económicas que sejam eficientes dos que o não sejam, 4 A elaboração da “Demonstração dos resultados por funções”, com o SNC,
mostrando ainda os resultados pelo exercício da gerência e passou a ser facultativa, conforme dispõe o nº 3 do art.º 11.º do Decreto-Lei
nº 158/2009, de 13 de Julho que aprovou o SNC.
a responsabilidade pelos recursos que lhe foram confiados.”. 5 No item 3.1 do POC a expressão equivalente é “para que sejam úteis a(...), a
fim de investirem racionalmente, concederem crédito e tomarem outras decisões...”.
6 Além das atrás referidas, acrescentamos a “Demonstração das alterações
1
Publicado nas revistas Revisores & Empresas nº 25, de Abril/Junho de 2004, no capital próprio” que, nos termos do nº 1 do art.º 11.º do Decreto-Lei nº
pp. 44-50 e TOC nº 54, de Setembro de 2004, pp. 34-41 e disponível 158/2009, de 13 de Julho, é obrigatória para a generalidade das entidades
para download no nosso Portal INFOCONTAB nos menus “Actividades abrangidas pelo primeiro nível de normalização contabilística, sendo, no en-
Pessoais/Artigos (Download)/Por Título/Nº 129” e “Normalização Conta- tanto, dispensada a sua apresentação pelas pequenas entidades que estiverem
bilística e SNC/Sistema de Normalização Contabilística (SNC) Artigos”. em condições (art.º 9.º daquele diploma) de optar pela aplicação da Norma
2 O item 3.1 do POC referia “destinatários” e “utentes”, sendo que este Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE),
último termo é também utilizado no SNC. A designação “utilizadores” é de acordo com o estabelecido no nº 2 daquele mesmo clausulado.
sinónima. 7 Ver item 3 deste artigo.

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sitar para tomarem decisões económicas uma vez que Tomada de decisões
elas, em grande medida, retratam os efeitos financeiros de
acontecimentos passados e não proporcionam necessaria- Desta forma, visando a tomada de decisões, as DF
mente informação não financeira.”. passadas deverão ser analisadas em conjunto com as DF
Esta disposição merece-nos os seguintes comentários: prospectivas e o relatório de gestão.
A principal limitação é as DF retratarem acontecimen-
tos passados, o que constitui um apelo implícito à utiliza- dos outros sujeitos relevantes para a sustentabilidade da socie-
ção de DF prospectivas ou previsionais; dade, tais como os seus trabalhadores, clientes e credores.(…)”.
A alusão a “informação não financeira” constitui uma Note-se que esta disposição, após a redacção que lhe
referência implícita, a outro tipo de documentos, nome- foi dada pelo Decreto-Lei nº 76-A/2006, de 29 de Março,
adamente ao relatório de gestão elaborado pelo órgão de ao contrário da anterior redacção que apenas relevava os
gestão (OG) nos termos do art.º 66.º do Código das So- interesses dos sócios e trabalhadores, passa a dar impor-
ciedades Comerciais (CSC). tância também aos utentes externos das DF (v.g. clientes
Desta forma, visando a tomada de decisões, as DF e credores).
passadas deverão ser analisadas em conjunto com as DF
prospectivas e o relatório de gestão, sendo que, neste úl- UTENTES DAS DF
timo, assume particular relevância o disposto na alínea c)
do nº 5 do art.º 66.º do CSC relativamente à “evolução Os utentes (stakeholders) das DF, i.e., os agentes eco-
previsível da sociedade”. nómicos interessados nas DF da empresa com vista à to-
Ainda no que tange aos objectivos das DF, o §14 da mada de decisões, são elencados no §9.º da EC do SNC
EC do SNC preconiza:
da seguinte forma:
“14 - Os utentes das demonstrações financeiras que desejem
“(a) Investidores — Os fornecedores de capital de risco e os
avaliar o zelo ou a responsabilidade do órgão de gestão pe-
seus consultores estão ligados ao risco inerente aos, e ao
los recursos que lhe foram confiados fazem -no a fim de
retorno proporcionado pelos, seus investimentos. Necessi-
que possam tomar decisões económicas; estas decisões podem
tam de informação para os ajudar a determinar se devem
incluir, por exemplo, deter ou vender o seu investimento na
comprar, deter ou vender. Os accionistas estão também
entidade ou reconduzir ou substituir o órgão de gestão.”.
interessados em informação que lhes facilite determinar a
Este normativo reforça a importância do OG da em-
capacidade da entidade pagar dividendos.
presa na elaboração das DF de suporte à tomada de de-
(b) Empregados — Os empregados e os seus grupos represen-
cisões dos seus utilizadores, o qual deverá desempenhar
tativos estão interessados na informação acerca da esta-
as suas funções (responsabilidades) com zelo, em prol da
bilidade e da lucratividade dos seus empregadores. Estão
salvaguarda do património da entidade.
também interessados na informação que os habilite a
De notar, ainda, que o art. 64.º “Deveres fundamentais”8
avaliar a capacidade da entidade proporcionar remune-
do CSC deve ser interpretado como uma norma societária
ração, benefícios de reforma e oportunidades de emprego.
complementar ou extensiva daquela norma contabilística,
(c) Mutuantes — Os mutuantes estão interessados em infor-
prevendo:
mação que lhes permita determinar se os seus empréstimos,
“1 - Os gerentes ou administradores da sociedade devem ob-
servar: e os juros que a eles respeitam, serão pagos quando vencidos.
a) Deveres de cuidado, revelando a disponibilidade, a compe- (d) Fornecedores e outros credores comerciais — Os fornece-
tência técnica e o conhecimento da actividade da socieda- dores e outros credores estão interessados em informação
de adequados às suas funções e empregando nesse âmbito que lhes permita determinar se as quantias que lhes são
a diligência de um gestor criterioso e ordenado; e devidas serão pagas no vencimento.
b) Deveres de lealdade, no interesse da sociedade, atendendo Os credores comerciais estão provavelmente interessados
aos interesses de longo prazo dos sócios e ponderando os interesses numa entidade durante um período mais curto que os
mutuantes a menos que estejam dependentes da continu-
8 Com a redacção do Decreto-Lei nº 76-A/2006, de 29 de Março. Na re-
dacção anterior o artigo intitulavam-se “Dever de diligência” e previa: ação da entidade como um cliente importante.
“Os gerentes, administradores ou directores de uma sociedade devem (e) Clientes — Os clientes têm interesse em informação acerca da
actuar com a diligência de um gestor criterioso e ordenado, no in-
teresse da sociedade, tendo em conta os interesses dos sócios e dos
continuação de uma entidade, especialmente quando com
trabalhadores.”. ela têm envolvimentos a prazo, ou dela estão dependentes.

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(f) Governo e seus departamentos - O Governo e os seus de- “Análise das necessidades dos diversos utilizadores dos dados
partamentos estão interessados na alocação de recursos e, contabilísticos, nomeadamente:
por isso, nas actividades das entidades. Também exigem - Estado: contrôle estadual, planificação económica, es-
informação a fim de regularem as actividades das entida- tatística nacional, fisco, contrôle específico de preços;
des, determinar as políticas de tributação e como base para - Outras Entidades públicas: sindicatos e outras associações;
estatísticas do rendimento nacional e outras semelhantes. - Trabalhadores das próprias empresas;
(g) Público — As entidades afectam o público de diversos modos. - Sócios;
Por exemplo, podem dar uma contribuição substancial à - Credores;
economia local de muitas maneiras incluindo o núme- - Financiadores, especialmente bancos;
ro de pessoas que empregam e patrocinar comércio dos - Empresas, onde a normalização vai incidir (dimensão
fornecedores locais. As demonstrações financeiras podem das empresas, organização, custo de implantação,
ajudar o público ao proporcionar informação acerca das vantagens e inconvenientes);
tendências e desenvolvimentos recentes na prosperidade - Público em geral;
da entidade e leque das suas actividades.”. - Profissionais de contabilidade;
Tendo em conta esta descrição, os utentes das DF po- - Profissionais de economia e gestão empresarial;
dem ser classificados como “internos” e “externos” à enti- - Ensino;
dade, como sintetizamos no ESQUEMA Nº 1 seguinte: - Revisão contabilística em geral;
- Tentativa de adaptação ao particular contexto económi-
ESQUEMA Nº 1 – UTENTES INTERNOS co, social e político em que vai inserir-se a normaliza-
E EXTERNOS DAS DF’S ção contabilística.”.
Desta disposição relevamos que o POC/77 conside-
Utentes das DF
rava como utilizadores os profissionais de contabilidade
Internos Externos (TOC)9, da revisão contabilística (ROC) e de economia
e gestão empresarial (v.g. economistas, gestores de empre-
- Órgão de Gestão - Investidores (excepto sas), bem como o ensino e os sindicatos e outras asso-
sócios/accionistas)
- Empregados ciações, os quais não eram mencionados no POC/89, e,
- Mutuantes
- Investidores agora no SNC.
(sócios/accionistas) - Fornecedores e outros
credores comerciais Voltando agora ao SNC, registe-se que o §10 da EC
- Clientes reconhece que as DF não suprem todas as necessidades de
- Governo e seus informação.
departamentos
Neste último quesito assume-se claramente que as ne-
- Público
cessidades são diferentes de utente para utente, o que, ali-
ás, se depreende do §9 da EC atrás transcrito. No entanto,
Sublinhe-se que o POC/89 (item 3.1), apesar de os
reconhece-se a existência de necessidades comuns a todos
elencar, não especificava as necessidades desses utentes,
os utentes.
apenas prevendo:
Com efeito, sendo as necessidades diferentes, interro-
“Os destinatários da informação financeira são, mais especi-
gamo-nos sobre quais serão os utentes privilegiados das
ficamente, os seguintes:
DF? Ou seja, será possível estabelecer uma hierarquia de
- Investidores;
satisfação das necessidades dos utentes?
- Financiadores;
De notar que o OG não consta do elenco dos utentes
- Trabalhadores;
do §9, uma vez que o §11 da EC destina-lhe um espaço
- Fornecedores e outros credores;
próprio que nos ajuda a responder, em parte, à questão
- Administração Pública;
supra, como a seguir transcrevemos:
- Público em geral.”
Note-se que já o POC/77, aprovado pelo Decreto-Lei 9 De notar que na vigência do POC/77, i.e., de 1977 a 1988, ainda não
tinha sido publicado o primeiro Estatuto dos TOC, aprovado pelo Decreto-
nº 47/77, de 7 de Fevereiro, revogado desde de 1 de Janei- Lei nº 265/95, de 17 de Outubro. Até á aprovação deste diploma, os pro-
ro de 1989 pelo POC/89, era mais exaustivo no elencar fissionais da contabilidade designavam-se “técnicos de contas” e eram reco-
nhecidos mediante inscrição na então Direcção-Geral das Contribuições e
dos utilizadores, definindo até algumas das suas necessida- Impostos (DGCI), face ao estatuído no Código da Contribuição Industrial
des, como a seguir transcrevemos: (CCI).

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“11 — O órgão de gestão duma entidade tem a responsabi- o que se traduz, igualmente, pela frase contida naquele
lidade primária pela preparação e apresentação das suas §11 da EC:
demonstrações financeiras. O órgão de gestão está tam- “O órgão de gestão tem a capacidade de determinar a forma
bém interessado na informação contida nas demonstra- e conteúdo de tal informação adicional para satisfazer as
ções financeiras mesmo que tenha acesso a informação suas próprias necessidades”.
adicional de gestão e financeira que o ajude a assumir A título de exemplo, e, particularmente, nas grandes
as suas responsabilidades de planeamento, de tomada empresas, refira-se o caso em que os membros do OG são
de decisões e de controlo. O órgão de gestão tem a ca- remunerados em parte por uma componente variável em
pacidade de determinar a forma e conteúdo de tal in- função dos resultados obtidos (v.g., gratificações, stock op-
formação adicional para satisfazer as suas próprias ne- tion, “participações” nos lucros). Ou seja, essa componen-
cessidades. Porém, o relato de tal informação, está para te variável das remunerações influencia a elaboração das
além do âmbito desta Estrutura Conceptual. Contudo, DF, pois é comummente sabido que os resultados pode-
as demonstrações financeiras publicadas são baseadas na rão ser manipulados (no âmbito da denominada “conta-
informação usada pelo órgão de gestão acerca da posição bilidade criativa” ou do “alisamento dos resultados”) para
financeira, desempenho e alterações na posição financei- atingir tal desiderato.
ra da entidade.”. Estas situações podem ser interpretadas à luz da teo-
Deste item resulta claramente que o OG é o principal ria da contabilidade numa dupla perspectiva: a norma-
responsável pela preparação e apresentação das demons- tiva (ou prescritiva) que visa a escolha da melhor opção
trações financeiras10.
contabilística para o registo dos factos patrimoniais, ou a
Refira-se que o item 3.1 do POC também previa esta
positiva (ou descritiva) que procura descobrir como o OG
situação, nos seguintes termos:
decide o que é melhor para si12.
“A responsabilidade pela preparação da informação finan-
A este propósito, lembramos a recente proposta de
ceira e pela sua apresentação é primordialmente das ad-
Orçamento de Estado para 2010, que prevê uma tributa-
ministrações. Isto não invalida que estas também não
ção autónoma aos bónus e outras remunerações variáveis
estejam interessadas nessa informação, apesar de terem
pagas a gestores, administradores ou gerentes, em deter-
acesso a informação adicional, que as ajude a executar
minadas condições.
e a cumprir as responsabilidades do planeamento e do
De realçar ainda que no item 3.1 do POC/89 atrás
controlo e de tomar decisões.”.
transcrito e no que respeita aos objectivos das DF são uti-
Efectivamente, os representantes do OG são, eles pró-
prios, os mais interessados das DF’s, sendo, inclusive, os lizadas as expressões “para que sejam úteis a investidores, a
“utentes privilegiados” na medida em que têm a respon- credores...” e “para o funcionamento eficiente dos mercados de
sabilidade pela definição das políticas (práticas) contabi- capitais”, o que evidenciava uma orientação clara orienta-
lísticas, sem prejuízo da intervenção técnica do TOC no ção para os utentes externos. Além disso, a referência ao
âmbito das suas funções estatutárias11. Numa primeira mercado de capitais releva a importância das empresas com
abordagem, esta circunstância responde à questão supra, títulos negociados em mercados regulamentados (v.g. bolsas
de valores), que, como sabemos, representam uma ínfima
10 Também o nº 1 do art.º 65.º do CSC, se refere a este aspecto, na seguinte
forma: parte (cerca de 100 empresas) do nosso tecido empresarial.
“1 - Os membros da administração devem elaborar e submeter aos órgãos O que pretendemos sublinhar é que essa disposição
competentes da sociedade o relatório de gestão, as contas do exercício e
demais documentos de prestação de contas previstos na lei, relativos a cada
não está, certamente, direccionada para a realidade em-
exercício anual.”. presarial portuguesa, constituída por micro, pequenas e
11 De notar que o TOC assume a responsabilidade pela regularidade técni- médias empresas, as quais estão, decididamente, fora do
ca nas áreas contabilística e fiscal, face ao estipulado no art.º 6.º do respec-
tivo Estatuto, aprovado pelo Decreto-Lei nº 452/99, de 5 de Novembro, mercado de capitais. Na verdade, na prática contabilística
com a redacção dada pelo Decreto-Lei nº 310/2009, de 26 de Outubro. Ou
seja, o SNC não prevê quaisquer responsabilidades do TOC na preparação e 12 Sobre esta dicotomia ver, por exemplo, “TEORIA DA CONTABILI-
apresentação das DF, as quais apenas se encontram expressamente previstas DADE”, de Eldon S. Hendriksen e Michael F. Van Breda, Ed. Atlas, São
naquele articulado, e, particularmente, na alínea b) no nº 1 e do nº 3 quanto Paulo, 1999. Tradução de “Accounting Theory”, 5.ª Edição, por António
à regularidade técnica nas áreas contabilísticas e fiscal. Sublinhe-se que este Zoratto Sanvicente da Universidade de S. Paulo (Brasil). Os autores referem:
nº 3 do art.º 6.º foi aditado por aquele diploma de alterações. Em nosso “As teorias positivas (ou descritivas) visam mostrar e explicar (como?) quais
artigo sob o título “Com o SNC um ‘Novo’ TOC (!?)”publicado na revista as informações financeiras que são apresentados e comunicadas aos utiliza-
TOC nº 121, de Abril de 2010, pp. 34-45, e a disponibilizar no menu dores. As teorias normativas (ou prescritivas) visam recomendar que dados
“Actividades Pessoais/Artigos (Download)” do Portal INFOCONTAB, de- devem ser comunicados e como devem ser apresentados: ou seja, procuram
senvolvemos esta temática. explicar o que deve ser, em lugar do que é.”.

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dessas empresas, os seus utentes privilegiados são as enti- META QUE DESEJARIA
USUÁRIO
dades financiadoras e a própria Administração Fiscal. DA INFORMAÇÃO
MAXIMIZAR OU TIPO
DE INFORMAÇÃO MAIS
CONTÁBIL
IMPORTANTE
OBJECTIVOS vs. NECESSIDADES
Acionista minoritário Fluxo regular de dividendos.
DOS UTENTES DAS DF
Acionista majoritário
Fluxo de dividendos, valor de
Neste contexto, repetimos a questão: como conciliar os ou com grande
mercado da ação, lucro por ação.
participação
objectivos das DF com as necessidades dos seus utentes?
Fluxo de dividendos mínimos ou
A este propósito IUDICIBUS13 sublinha: Acionista preferencial
fixos.
“Nesse aspecto, o estabelecimento dos objectivos da Contabili-
Geração de fluxos de caixa futuros
dade pode ser feito na base de duas abordagem distintas: Emprestadores em suficientes para receber de volta
ou consideramos que o objectivo da Contabilidade é forne- geral o capital mais os juros, com
segurança.
cer aos usuários, independentemente de sua natureza, um
Entidades Valor adicionado, produtividade,
conjunto básico de informações que, presumivelmente, de- governamentais lucro tributável.
veria atender igualmente bem a todos os tipos de usuários, Empregados
Fluxo de caixa futuro capaz de
assegurar bons aumentos ou
ou a Contabilidade deveria ser capaz e responsável pela em geral, como
manutenção de salários, com
assalariados
apresentação de cadastros de informações totalmente dife- segurança; liquidez.
renciados, para cada tipo de usuário. Frequentemente, a Retorno sobre o ativo, retorno
segunda alternativa tem sido a citada pelos autores como a Média e alta sobre o patrimônio líquido;
administração situação de liquidez e
correta; todavia, ou porque a natureza do modelo decisório endividamento confortáveis.
de cada tipo de usuário não foi ainda inteiramente revela-
da, ou por não ser do conhecimento dos contadores, o facto
No nosso artigo em referência15, sublinhámos:
é que raramente se tem visto um desenvolvimento coerente
“É, também, neste quadro que se tem colocado a questão
e completo de quais seriam os vários conjuntos completos de
de se elaborarem demonstrações financeiras adaptadas
informações a serem fornecidos para cada tipo de usuário.
aos diversos utilizadores, considerando, por exemplo,
Nosso ponto de vista diferencia-se dos dois citados e repousa
os factos patrimoniais como componentes de uma base
mais na construção de um “arquivo básico de informação
de dados, da qual se extrairiam as informações reque-
contábil”, que possa ser utilizado, de forma flexível, por
ridas pelos utilizadores. Ou seja, a informação finan-
vários usuários, cada um com ênfases diferentes neste ou
ceira seria disponibilizada “à medida” dos interesses/
naquele tipo de informação, neste ou naquele princípio de
utilidade dos stakeholders, i.e., uma «contabilidade
avaliação, porém extraídos todos os informes do arquivo
self-service».”.
básico ou “data-base” estabelecido pela Contabilidade.”.
Assim, apesar de o OG ter, como se diz na gíria popu-
E acrescenta14:
lar, “a faca e o queijo na mão”, deve elaborar as DF dentro
“A decisão sobre o que é útil ou não para a tomada de deci-
do espírito de rigor, zelo e competência a que atrás nos
sões econômicas é, todavia, muito difícil de ser avaliada
referimos (§14 da EC e art.º 64.º do CSC), sob pena de
na prática. Isto, como afirmamos anteriormente, exigiria
os sócios/accionistas da sociedade accionarem o mecanis-
um estudo profundo do modelo decisório de cada tipo de
mo previsto na parte final do §14 da EC que prevê “... ou
tomador de decisões que se utiliza de dados contábeis. De-
reconduzir ou substituir o órgão de gestão”.
veríamos: (a) estabelecer claramente qual a função-objec-
Mas, se colocarmos de parte os interesses do OG, as
tivo que desejamos maximizar; (b) coletar e avaliar o tipo
DF devem ser elaboradas dentro do mencionado equilí-
de informação utilizada no passado para maximizar a
brio de interesses (necessidades) dos utentes, o que, na-
função; (c) prover o modelo preditivo que irá suprir o mo-
quele contexto, é manifestamente difícil de atender.
delo decisório para a maximização da função-objectivo.
Um outro aspecto relevante a analisar é o da realidade
Isto nem sempre é fácil, pois, conforme o tipo de usuário,
da estrutura societária e organizacional das empresas por-
pode existir mais uma função a ser maximizada.”.
tuguesas, na medida que, como já referimos, são micro e
E, resumindo, apresenta o seguinte quadro :
pequenas e médias empresas.
13 IUDICIBUS, Sérgio, Teoria da Contabilidade, Editora Atlas, 9.ª edição, A propósito da aplicação do SNC, o Presidente da Co-
S. Paulo (Brasil), 2009, p. 3.
14 IUDICIBUS, Sérgio, ob. cit., p. 4. 15 Conforme rodapé nº 1.

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missão de Normalização Contabilística (CNC), Domin- A este propósito, MOREIRA refere20:


gos Cravo, sublinhou16: “Quanto ao contexto empresarial, quatro características o
“A norma para pequenas entidades vais ser, seguramente, a nor- definem: I) A reduzida dimensão das unidades empre-
ma de maior aplicação no quadro do SNC uma vez que sariais; II) Estas tendem a ter uma estrutura societária
admito que possa vir a ser utilizada por talvez um pouco maioritariamente familiar, em que a propriedade e a
mais de 340.000 entidades de um universo de 375.000.”. gestão se confundem. Isto implica que os interesses da em-
E, completando o seu raciocínio, referiu: presa são os do seu gestor, nomeadamente no que respeita
“Por isso, não é de crer existirem grandes turbulências na sua à preparação e divulgação da informação financeira; III)
aplicação nem que venham a existir diferenças muito sig- A quase totalidade das empresas financia-se junto do sis-
nificativas em termos das exigências que existiam para as tema bancário, sendo muito reduzido o número das que
pequenas entidades no quadro do POC e as que passarão estão cotadas em bolsa e, dentro destas, das que se finan-
a existir no quadro do novo SNC.”. ciam com regularidade no mercado de capitais; IV) Em
Acresce ainda que o art.º 10.º do Decreto-Lei nº média, é fraca a qualificação académica e financeira dos
158/2009, de 13 de Julho, restringe ainda mais a aplicação empresários-gestores das PME, de onde resulta um fraco
do SNC prevendo até a sua dispensa nos seguintes termos17: nível de utilização da contabilidade como instrumento
“Ficam dispensadas do previsto no artigo 3.º as pessoas que, exer- de gestão, aparecendo o sistema de registo contabilístico
cendo a título individual qualquer actividade comercial, in- como consequência, pura e simples, da necessidade de sa-
dustrial ou agrícola, não realizem na média dos últimos três tisfação de uma obrigação legal.
anos um volume de negócios superior a 150 000.”. No que respeita à envolvente contabilístico-fiscal, o ele-
De notar que a inclusão no SNC da NCRF-PE e tam- mento central é o grande alinhamento que existe entre con-
bém desta última disposição, assentam na característica tabilidade e fiscalidade, com a Lei (Código Comercial, art.º
qualitativa do “balanceamento dos benefícios e custos”18, 29.º) a impor às empresas a obrigatoriedade de possuírem
também designada de “análise custo-benefício”, no senti- um sistema contabilístico que produza informação financei-
do de que “os benefícios derivados da informação finan- ra que sirva, entre outros objectivos, de base à estimação do
ceira devem exceder o custo de a proporcionar”, conforme imposto sobre o rendimento (IRC) a pagar.
prevê o §44 da EC do SNC. Da interacção do referido contexto empresarial com a
Neste contexto, qual o “utente privilegiado” naquele envolvente contabilístico-fiscal resultam duas consequências.
grande universo de empresas que poderão (uma vez que é Primeira, as empresas, independentemente da respectiva di-
facultativo)19 aplicar a NCRF-PE? mensão, tendem a adoptar na elaboração da contabilidade
É bom lembrar que essas empresas são tipicamente de critérios fiscais em detrimento de critérios económicos, mesmo
carácter familiar e de muito reduzida dimensão, nomea- que o normativo contabilístico não o imponha. Limitam, desse
damente em número de trabalhadores, capital investido, modo, o incómodo de efectuarem correcções ao resultado conta-
nº de sócios, estruturas comerciais e produtivas, em que, bilístico aquando da elaboração da declaração de rendimentos.
não raras vezes, o sócio é, simultaneamente, o gestor fi- Tal comportamento leva a que as demonstrações financeiras
nanceiro, gestor comercial, gestor produtivo, etc. tendam a traduzir-se em demonstrações fiscais. Segunda con-
Pretendemos sublinhar que nessas empresas não há, sequência, os gestores-proprietários das empresas actuam no
certamente, potenciais investidores, e que as DF interes- sentido de minimizar o imposto a pagar, por via da utilização
sam especialmente aos próprios sócios/gestores, às entida- da flexibilidade das normas contabilísticas e, por vezes, usando
des financeiras e, particularmente, à Administração Fiscal soluções que conflituam com as prescrições legais e se podem
no contexto dos impostos que a empresa terá de pagar. classificar como fraudulentas. O objectivo é a minimização do
resultado contabilístico e, por essa via, do IRC.”.
16 Em entrevista publicada no suplemento “PMENEWS” do semanário
Vida Económica de 26 de Fevereiro de 2010, p.VII.
Desta forma, a compatibilização dos objectivos das
17 Esta disposição transita do POC/89, pois o nº 5 do art.º 3.º do Decreto- DF’s com as necessidades dos utentes, deverá atender a
Lei nº 410/89, de 21 de Novembro, que o aprovou, continha uma disposi- esta realidade concreta do tecido empresarial português.
ção com a mesma redacção.
18 Elaborámos um artigo sob o título “O Balanceamento dos Benefícios e É óbvio que as empresas de maior dimensão e especial-
Custos no SNC”, a publicar na revista Contabilidade & Finanças e a dispo- mente aquelas com títulos negociados em mercados regu-
nibilizar para download no menu “Actividades Pessoais/Artigos (Download)”.
19 Em alternativa, i.e., se não exercerem essa opção, deverão aplicar o primei- 20 MOREIRA, José António C., Irá o método do justo valor reduzir a
ro nível de normalização contabilística do SNC, constituído por 28 NCRF, qualidade da informação financeira? Influências a partir das IFRS, TOC nº
face ao previsto no art.º 3.º do Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de Julho. 119, de Fevereiro de 2010, p. 45-9.

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lamentados (v.g. bolsas de valores) têm uma preocupação Paradigma da utilidade


acrescida e orientada para os investidores (accionistas ac-
tuais e potenciais). O “paradigma da utilidade” das DF é um dos temas
Neste contexto, Rogério Fernandes Ferreira subli- mais interessantes na abordagem contabilística, na
nhou21: medida em que é difícil encontrar um “ponto de
“Em Portugal está a ser frequente repetir referências de bi- equilíbrio” das necessidades dos utentes (stakeholders)
bliografia de outros países a indicar que o objecto ou objec- internos e externos.
tivo da empresa é a criação de valor para o(s) accionista(s).
Sempre nos situámos entre os que entendem que o objecti- lhe interessam para nada, são ruído na informação que
vo da empresa “criar valor” é não apenas para os sócios ele pretende sobre a capacidade da empresa criar valor
ou accionistas mas também para demais stakeholders, para ela, é a esse valor criado para a empresa que ele vai
expressão esta que engloba sócios ou accionistas (sócios), buscar a sua parte.”.
gestores, empregados, fornecedores, clientes e até a pró- Na verdade, o próprio sistema contabilístico anglo-sa-
pria comunidade.”. xónico em que assentam as NIC/NIRF e, por força da sua
Ainda no mesmo âmbito, Hernâni O. Carqueja referiu22: adaptação, o próprio SNC, vão nesse sentido, daí a inclu-
“Os temas utilidade e criação de valor estão de facto li- são no SNC da NCRF-PE, que visa atenuar as exigências
gados: se as decisões da administração visam criação de de relato financeiro dessas entidades dentro, repetimos, da
valor e, por conceito, o valor implica uma referência, referida característica qualitativa de “balanceamento dos
então a utilidade para decisões implica consideração benefícios e custos”.
dessa referência. Entre as referências destacam-se como
CONCLUSÕES
alternativas: a empresa, os investidores de capital de
risco (proprietário), e cada um do conjunto de interes- O “paradigma da utilidade” das DF é um dos temas
sados na empresa (staketakers?). A terceira hipótese, ao mais interessantes na abordagem contabilística, na medi-
respeitar a interesses diversos e não hierarquizáveis, cor- da em que é difícil encontrar um “ponto de equilíbrio”
responde a aceitar que está em causa sempre um ajuizar das necessidades dos utentes (stakeholders) internos e ex-
pessoal do gestor, porque o problema de maximização ternos.
não tem resposta em modelo de decisão, é uma indeter- Para se estabelecer uma “hierarquia” dos utentes em
minação. De facto só concorrem na pesquisa académica função das respectivas necessidades que, repetimos, são
as alternativas empresa e “proprietários”. Todo o para- diferentes de uns para os outros, é importante analisar
digma da utilidade tem sido desenvolvido com base nos as características do tecido empresarial português, espe-
interesses do investidor (proprietário) e, é contra essa cialmente a sua dimensão. Com efeito, se numa grande
posição que testemunho com a minha experiência, que empresa que opera no mercado de capitais (v.g. bolsa de
a não confirma. O gestor está focado em interesses pró- valores) existirá uma orientação para os investidores bol-
prios ou na empresa, ou num balancear dos dois. sistas, como aliás o POC/89 (item 3.1) expressava objec-
No campo da contabilidade de gestão o problema assume tivamente, i.e., o principal objectivo é a maximização do
especial realce porque para apoiar o gestor na decisão, valor das acções. É, óbvio que numa micro, pequena e
antecipando a produção de informação aos seus pedidos média empresa, a orientação será necessariamente outra,
expressos, é preciso ter uma finalidade como referência. mais voltada para os utentes internos e, particularmente,
Essa, em meu entender, é a criação de valor para a em- a própria gerência e os sócios/accionistas que, não raras
presa. vezes, são os mesmos e, ainda, para os seus financiadores
O mercado de capitais não pretende informação focada (banca) e para a Administração Tributária.
nos interesses do investidor, pretende informação sobre Sublinhamos, no entanto, que, independentemente da
a empresa tal como a própria empresa se vê. Os modelos dimensão das empresas, o POC/89, e com especial enfoque
de análise são de cada investidor, que nem sempre con- no SNC, relevam que os representantes do OG são, indis-
fessa os interesses que o motivam. Os justos valores não cutivelmente, os principais responsáveis pela preparação e
21 Em artigo de opinião intitulado “O Valor Criado na Empresa – Breves apresentação das DF, nomeadamente para definição das po-
Reflexões”, TOC nº 46, de Janeiro de 2004, pp. 60-1.
22 Em escrito particular (e-mail de 30 de Março de 2004) que nos dirigiu
líticas contabilísticas subjacentes. Desta forma, serão tam-
após nossa solicitação. bém os primeiros utentes dessas demonstrações financeiras.

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VI - A nova medida do desempenho (performance)


do SNC – o “Resultado Integral”*

O Sistema de Normalização Contabilística (SNC), O desempenho (performance)


aprovado pelo Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de Julho1,
apresentado como anexo ao diploma, constitui, indiscu- A informação sobre o desempenho (performance)
tivelmente, uma notória melhoria no relato financeiro refere-se, concretamente, ao relato financeiro dos
das entidades relativamente ao seu antecessor “modelo- resultados da entidade.
POC”2.
A própria alteração da palavra “plano”, ínsita no POC, sultados por Naturezas (DRN) e da Demonstração dos
para “relato financeiro” no SNC, é um bom exemplo disso Resultados por Funções (DRF), sendo que esta última era
mesmo. apenas obrigatória para as empresas que se encontrassem
É no contexto dessa melhoria do relato financeiro na situação prevista no nº 2 do art.º 3.º do Decreto-Lei
que a Estrutura Conceptual3 do SNC assume particular nº 44/99, de 12 de Fevereiro5, que deveriam elaborá-la de
destaque e, obviamente, a Norma Contabilística e de acordo com o item 2.3 do POC/896 e a Directriz Conta-
Relato Financeiro nº 1 (NCRF 1), sob o título “Es- bilística nº 20 “Demonstrações dos Resultados por Fun-
trutura e conteúdo das demonstrações financeiras”4, a ções”.
qual desenvolve as Demonstrações Financeiras (DF) a De acordo com o art.º 11.º do Decreto-Lei nº
elaborar pelo órgão de gestão da entidade, com excep-
158/2009, de 13 de Julho, que, repetimos, aprovou o
ção da Demonstração dos Fluxos de Caixa referida na
SNC, a DRN manteve-se obrigatória, mas a DRF passou
NCRF 2.
a ser facultativa (nº 3 daquele articulado).
Os “Objectivos” das DF estão previstos nos §§ 12 a 21
Por este prisma, podemos inferir que não é evi-
da EC do SNC, dos quais destacamos o primeiro que prevê:
dente a referida melhoria do relato financeiro do de-
“12 - O objectivo das demonstrações financeiras é o de
sempenho com o SNC comparativamente ao “modelo
proporcionar informação acerca da posição financeira,
POC”.
do desempenho e das alterações na posição financeira de
uma entidade que seja útil a um vasto leque de utentes Porém, devemos acrescentar que a NCRF 1 e o re-
na tomada de decisões económicas.”. ferido art.º 11.º do Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de
Julho, passaram a incluir uma nova DF, intitulada “De-
A informação sobre o desempenho (performance) refe-
monstração das alterações no capital próprio” (DACP), a
re-se, concretamente, ao relato financeiro dos resultados
qual, como de seguida verificaremos, contribui para atin-
da entidade.
gir tal desiderato.
A informação (medida) do desempenho no “modelo
De facto, a DACP é uma DF que pretende melhorar
POC” era efectuada através da Demonstração dos Re-
o relato financeiro das operações da entidade com os de-
1 Os restantes instrumentos legais que integram o SNC foram aprovados tentores do seu capital/proprietários (sócios/accionistas),
por Avisos e Portarias.
2 Utilizamos a expressão “modelo POC” para nos referirmos não só ao pró-
através de um maior desagregamento das rubricas que
prio POC/89, aprovado pelo Decreto-Lei nº 410/89, de 21 de Novembro, compõem os seus capitais próprios e nomeadamente as
mas também às normas contabilísticas complementares (29 Directrizes componentes dos resultados.
Contabilísticas e 5 Interpretações Técnicas) e aos restantes diplomas de alte-
rações publicados na sua vigência. Com efeito, o § 40 da NCRF 1 prevê:
3 Aprovada pelo Aviso nº 15652/2009, de 7 de Setembro. Sobre este tema “40 - As alterações no capital próprio de uma entidade
elaborámos artigo sob o título ”A Estrutura Conceptual da Contabilidade –
Do POC ao SNC”, TOC nº 91, de Outubro de 2007, pp. 42-56, disponível entre duas datas de balanço reflectem o aumento ou
para download no menu “Actividades Pessoais/ Artigos (Download)”, nº
216, do nosso Portal INFOCONTAB. 5 Entidades previstas no nº 1 do art.º 2.º do Decreto-Lei nº 410/89, de 21
4 As NCRF foram aprovadas pelo Aviso nº 15655/2009, de 7 de Setembro. de Novembro, que aprovou o POC/89, que tenham ultrapassado dois dos
Sobre esta temática elaborámos um artigo sob o título “As Demonstrações três limites referidos no art.º 262.º do CSC.
Financeiras- Do POC ao SNC”, TOC nº 95, de Fevereiro de 2008, pp. 6 O item 2.3 do POC foi alterado pelo Decreto-Lei nº 79/2003, de 23 de
29-38, e disponível para download no menu “Actividades Pessoais/Artigos Abril, que introduziu alterações ao Decreto-Lei nº 44/99, de 12 de Feve-
(Download)/ nº 223, do nosso Portal INFOCONTAB. reiro.

*Este artigo é um breve resumo de um outro nosso artigo bastante mais extenso sob o título “O ‘Resultado Integral’ no SNC”, a publicar da revista TOC e
disponível no menu “Actividades Pessoais/ Artigos (Download)/Nº 328” do nosso Portal INFOCONTAB.

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a redução nos seus activos líquidos durante o período. resultados ou directamente como alterações no capital
Com a excepção das alterações resultantes de transacções próprio).”.
com detentores de capital próprio agindo na sua capa- A DACP é um quadro de dupla entrada em que, na
cidade de detentores de capital próprio (tais como con- horizontal, constam as rubricas que compõem a Classe 5
tribuições de capital, reaquisições de instrumentos de “Capital, reservas e resultados transitados” e, na vertical,
capital próprio da entidade e dividendos) e dos custos se evidenciam as operações que dão origem às variações
de transacção directamente relacionados com tais tran- dessas rubricas do capital próprio.
sacções, a alteração global no capital próprio durante E é, precisamente, da leitura na vertical da DACP, que
um período representa a quantia total de rendimentos se perspectiva o desenvolvimento da nova demonstração
e gastos, incluindo ganhos e perdas, gerada pelas ac- do desempenho (performance) designada de “Resultado
tividades da entidade durante esse período (quer esses Integral” (RI), como descrevemos no QUADRO Nº 1
itens de rendimentos e de gastos sejam reconhecidos nos seguinte:

QUADRO Nº 1
O “RESULTADO INTEGRAL” (RI) NA DACP

Alterações no período
Primeira adopção de novo referencial contabilístico
Alterações de políticas contabilísticas
Diferenças de conversão de demonstrações financeiras
Realização do excedente de revalorização de activos fixos tangíveis e intangíveis
Excedentes de revalorização de activos fixos tangíveis e intangíveis e respectivas variações
Ajustamentos por impostos diferidos
Outras alterações reconhecidas no capital próprio

2
Resultado líquido do período 3
Resultado integral 4=2+3

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Efectuando a ligação dessas rubricas às notas do “Anexo (Modelo Geral)” e às NCRF, elaborámos o QUADRO Nº 2
seguinte7:
QUADRO Nº 2
LIGAÇÃO DO RI AO ANEXO (MODELO GERAL) E ÀS NCRF

Notas do Anexo
Rubrica do RI Conta da Classe 5 NCRF nº
(Modelo Geral)

Primeira adopção do novo 56 2.4 3


referencial contabilístico

Alterações de políticas 56 3, 5 4
contabilísticas
Diferenças de conversão de 591 12.9 al. d) e e) (propriedades de
23
demonstrações financeiras investimento)
Realização do excedente de 58 7.7, al. b) (intangíveis) 6 (intangíveis)
revalorização de activos fixos 8.8, al. e) (tangíveis) 7 (tangíveis)
tangíveis e intangíveis
Excedentes de revalorização 58 7.7, al. b) (intangíveis) 6 (intangíveis)
de activos fixos tangíveis e 8.8, al. e) (tangíveis) 7 (tangíveis)
intangíveis e respectivas variações
Ajustamentos por impostos 592 26 25
diferidos
Outras alterações reconhecidas no
capital próprio:
- Subsídios 593 7.4, 9.7* e 23 22
- Doações 594 7.9 e 9.6** ----
- Outras 599 ----
*Ao contrário dos activos intangíveis que dispõem de uma nota (7.4) no Anexo para a divulgação dos subsídios, o item 9 do
Anexo não contém essa referência.
**Estas notas não constam do Anexo, devendo ser criadas para divulgação das doações.

De notar, ainda, que, relativamente à DACP, o § 41 da Nesse sentido, o § 81 da NIC 1 passou a prever:
NCRF 1 refere-se ao RI nos seguintes termos: “Uma entidade apresentará todas as rubricas de rendimentos
“41 - Esta demonstração financeira introduz o conceito e gastos reconhecidos no exercício:
de resultado integral que resulta da agregação directa do - numa única demonstração do resultado integral, ou
resultado líquido do período com todas as variações ocor- - em duas demonstrações: uma demonstração que mos-
ridas em capitais próprios não directamente relacionadas tre os componentes do resultado (conta de resulta-
com os detentores de capital, agindo enquanto tal.”. dos separada) e uma segunda demonstração que se
Sublinhe-se, ainda, que a Norma Internacional de Con- inicie com o resultado e mostre os componentes de
tabilidade nº 1 (NIC 1), “Apresentação de demonstrações outro resultado integral (demonstração do resultado
financeiras”, revista em Setembro de 2007 e ainda não adap- integral)”.
tada ao SNC através de alterações à mencionada NCRF 18, Desta forma, a DRN desaparecerá, passando os ren-
prevê que o RI deixe de integrar a DACP e seja desenvolvido dimentos e gastos por naturezas a integrar uma única DF
numa demonstração financeira autónoma denominada de (DRI) ou em duas DF, situação em que teremos uma
“Demonstração do Resultado Integral” (DRI). “conta de resultados separada” cujo resultado (saldo) será
transposto para a DRI.
7 No nosso artigo referido no rodapé nº1 deste artigo desenvolvemos as
rubricas descritas no Quadro. É neste contexto que o SNC atribui, efectivamente,
8 A NIC 1 já vem sendo aplicada pelas entidades com títulos negociados em uma maior importância à medida do desempenho (per-
mercados regulamentados (cerca de 100 em Portugal), face ao disposto no formance) das entidades.
Decreto-Lei nº 35/2005, de 17 de Fevereiro.
Sobre as principais alterações elaborámos artigo sob o título “Da nova NIC 1
para a futura NCRF 1”, Contabilidade & Empresas nº 6, de Novembro/De- *Licenciado em Gestão de Empresas e Mestre
em Contabilidade e Auditoria, ambos pela Universidade do Minho,
zembro de 2010, pp. 10-14, e disponível para download no menu “Activida- ROC, TOC, Docente do Ensino Superior e Director da C&E
des Pessoais/ Artigos (Download)/ nº318”, do nosso Portal INFOCONTAB. jfcguimaraes@jmmsroc.pt

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A contabilidade e as microempresas
CARLOS ALBERTO BAPTISTA DA COSTA*
Normas a adoptar
É usual dizer-se que Portugal é um país onde Que normas devem ser adoptadas e que informações
imperam as pequenas e médias empresas devem serdivulgadas pelas microempresas?
(PME). Mas será mesmo assim?
como sendo as empresas que, à data do balanço, não ul-
Com base em estatísticas recentemente divulgadas trapassem dois dos três limites seguintes: total do balanço:
pela Direcção-Geral dos Impostos, em 2008 quase 63% 500.000 euros; volume de negócios líquido: 500.000 eu-
das nossas empresas apresentaram um volume de negócios ros; número médio de empregados durante o exercício: 5.
inferior a 150.000 euros, o que corresponde a uma média Para além da opinião que expressamos sobre tais limites
de 12.500 euros mensais. Depreende-se então que o te- – achamo-los exageradamente elevados – também temos
cido empresarial português é composto, sobretudo, por assistido sem surpresa a tomadas de posição, quer de pes-
microempresas. soas singulares quer de pessoas colectivas, contra o espírito
Por outro lado, sabe-se que, no nosso país, existem da referida lei. Dentre os argumentos que são apresentados
quase 390.000 empresas, das quais apenas 9181 (ou seja, ressaltam os de tais empresas – que representam 85% das
2,4%) facturaram mais de 5 milhões empresas portuguesas – passarem a
de euros, não havendo nenhuma que ter acrescidas dificuldades no acesso
integre o “ranking” das 100 maiores ao crédito bancário e a sentirem-se
da União Europeia. mais “motivadas” a declararem preju-
Neste contexto, e em termos ízos fiscais e, portanto, a não pagarem
contabilísticos, a grande questão que impostos, opiniões estas que, no en-
importa colocar é a seguinte: que tanto, não perfilhamos.
normas devem ser adoptadas e que Na verdade, os bancos, geral-
informações devem ser divulgadas mente, só concedem crédito a tais
pelas microempresas? Enquanto lhe empresas desde que os seus sócios
foi permitido ter representantes na apresentem as garantias consideradas
Comissão de Normalização Conta- suficientes, sendo hoje também um
bilística (CNC), a APPC sempre lá facto que quase 70% das nossas em-
defendeu, de forma muito clara, dois aspectos relaciona- presas não pagam IRC. Ainda quanto à fiscalidade, somos
dos com as empresas portuguesas: por um lado, que as favoráveis a que, sobretudo no caso das microempresas, o
normas internacionais de contabilidade/relato financeiro imposto a pagar seja determinado com base em indicado-
tal como adoptadas pela União Europeia não deveriam res adequados e não tendo como suporte exclusivamente
ser de aplicação obrigatória apenas nas contas consoli- a informação contabilística. A propósito: não seria inte-
dadas das empresas com valores mobiliários admitidos ressante saber quais são as obrigações contabilísticas a que
à negociação num mercado regulamentado de qualquer estão sujeitas as microempresas e a forma como estas são
Estado-Membro; por outro, que às microempresas se de- tributadas na generalidade dos países da União Europeia
veria aplicar um sistema contabilístico ultra-simplificado, e, principalmente, dos países latinos?
eventualmente o denominado regime de caixa. Estas po- Aguardemos pois com expectativa a regulamentação
sições foram, aliás, tempestivamente divulgadas em diver- específica que, de acordo com a citada lei, o Governo terá
sos números da nossa Revista. de aprovar até ao próximo dia 17 de Outubro, reservan-
Foi, por isso, sem surpresa que tomámos conhecimen- do-nos, desde já, o direito de voltar a este assunto se tal
to da Lei nº 35/2010, de 2 de Setembro, que institui um vier a justificar-se.
regime especial simplificado das normas e informações
*Doutor em Ciências Empresariais (UAM), Professor Coordenador do ISCAL
contabilísticas em vigor aplicáveis às designadas microen- (aposentado), ROC, Director da Revista Contabilidade & Finanças – Editorial
da revista de Contabilidade & Finanças n.º 102, de Jul/Set de 2010, com
tidades, as quais, para efeitos desta lei, são consideradas autorização do autor, que agradecemos.

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Modelos contabilísticos e economia:


textos fundamentais*
JOÃO NOGUEIRA**
Mundialização das economias
O modelo convencional (tradicional) com base no
A mundialização das economias e a globalização dos
custo histórico é de certa forma uma consequência da
crise de 1929. Até aquela data o reconhecimento, men- mercados, particularmente dos financeiros, impôs a
suração e relato por parte das empresas fazia-se com base necessidade de um relato financeiro único, universal
no que hoje se designa inapropriadamente por “justo e para utilizadores externos, levando à harmonização
valor”. Foram de certo modo os abusos com a utiliza- contabilística internacional presentemente em curso.
ção deste modelo e a percepção de que o modelo foi
pró-cíclico, que provocou a sua queda e a sua substitui- pectivar o futuro e não tanto o passado, de lidar com a
ção pelo modelo do custo histórico que resistiu pratica- incerteza e os riscos crescentes da globalização dos mer-
mente incólume até aos dias de hoje, ou melhor até à cados, e capaz de reconhecer, mensurar e relatar contra-
entrada em cena dos iGAAP’s (IFRS’s). tos executórios ou transacções incom-
Este modelo tem por base dois princí- pletas e instrumentos financeiros que
pios contabilísticos fundamentais, no- nem sequer possuem custo histórico
meadamente o princípio da realização – reduzindo significativamente os de-
(“realization principle”) e o princípio nominados “off balance-sheet” eventos
do balanceamento (“matching princi- ou transacções –, e, ainda, conceden-
ple”). Ambos associados ao princípio do importância acrescida à relevância e
do conservantismo ou da prudência. É utilidade do relato da posição financei-
um modelo orientado para a demons- ra (orientação para o balanço do relato
tração de resultados, privilegiando a financeiro), abandonando o pressu-
abordagem das transacções passadas para o apuramento posto da estabilidade dos preços – específicos/relativos
do resultado. Os seus defensores sempre argumentaram ou de inflação – implícito ou subjacente ao modelo do
– e continuam a argumentar – a favor das virtudes1 das custo histórico.
suas inerentes características qualitativas de objectivida- Este pressuposto da estabilidade da unidade monetária
de, verificabilidade, fiabilidade e conservadorismo quan- subjacente ao modelo do custo histórico enfrenta hoje três
to ao reconhecimento, mensuração e relato, porquanto grandes desafios colocados pela economia actual. Em pri-
não reconhece ganhos não realizados e adere à regra de meiro lugar, mesmo com uma inflação reduzida ou ine-
mensurar ao mais baixo entre o custo e o valor de mer- xistente, ocorrem variações significativas de preços especí-
cado. Foi – e é – um modelo perfeito para um mundo ficos de “inputs” ou de “outputs” com os quais a empresa
perfeito, feito de transacções completas e com ausência trabalha, resultantes de muitos factores, de entre os quais
de incerteza. se salientam os avanços tecnológicos e as alterações das
A mundialização das economias e a globalização preferências dos consumidores. Em segundo lugar, as alte-
dos mercados, particularmente dos financeiros, impôs rações derivadas da própria inflação. E, em terceiro lugar,
a necessidade de um relato financeiro único, universal a flutuação das taxas de câmbio entre moedas. Em conse-
e para utilizadores externos, levando à harmonização quência, o valor contabilístico de uma empresa, tal como
contabilística internacional presentemente em curso. Os é relatado nos demonstrativos financeiros, só por mero
iGAAP’s (IFRS’s) são o “ex libris” deste esforço de harmo- acidente coincide ou reflecte o valor corrente dos activos.
nização. Apresentam-se como o modelo capaz de pers- É neste contexto que, desde há muito, tem havido
1 Discutíveis para outros autores.
propostas de modelos de mensuração alternativos a valo-

*Apenas se referem os principais autores e textos clássicos que deram contribuições importantes para a teoria da contabilidade relativa aos modelos de mensu-
ração e de determinação do resultado, e, ainda, que discutem os fundamentos económicos da contabilidade.

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res correntes. E havido, ainda, outras tantas sugestões para Lee (1994)4 fazendo uma incursão profunda no
o que deveriam ser consideradas as melhores medidas dos tema “Income and Value Measurement”, após discutir a
valores correntes. natureza e a relação entre resultado, capital e valor, se-
Adam Smith2 estabeleceu a distinção entre valor de parando os papéis da valorização e da manutenção do
uso – provavelmente a melhor base para valorizar os ac- capital, coloca o problema do nível dos preços associado
tivos produtivos sob o pressuposto da continuidade – e à manutenção do capital e ao resultado Seguidamente,
valor de troca – provavelmente a melhor base para valo- enfatiza o papel da mensuração do resultado e propõe
rizar activos não utilizados no processo produtivo. Esta dez modelos alternativos de valorização e de mensuração
distinção continua ainda a ser a base para os teóricos da do resultado.
valorização.
Coloca-se assim a necessidade de questionar se a con- ALTERNATIVE INCOME AND VALUE MODELS5
tabilidade deve ser “cost basis” ou “value basis”. Tanto mais Value Models PV HC RC NRV CC
quanto é certo que o modelo do custo histórico tende a Income Concepts:
desprezar o valor e as alterações de valor, utilizando o Money Income Ye Ya Yb Yr Ycc
custo como um “subrrogate” do valor. Não obstante, de “Real” Income Y”e” Y”a” Y”b” Y”r” Y”cc”

acordo com o modelo tradicional, uma subida dos preços, PV – “Present Value”; HC – “Historic Cost”; RC –
por exemplo, conduz, em regra, a uma sobreestimação do “Replacement Cost”; NRV – Net Realizable Value”; CC
resultado real e a uma subavaliação do valor dos activos. – “Currente Cost”.
Muitos críticos olham para esta discrepância entre custos Ye – “Economic Income”; Ya – “Accounting Income”;
históricos e valores correntes como a fonte de um processo Yb – “Business Income”; Yr – “Realizable Income”; Ycc –
de decisão imperfeito por parte dos utilizadores. Outros, “Current Cost Income”.
ainda, perspectivam-na como uma oportunidade para Y”e”, Y”a”, Y”b”, Y”r”, Y”cc”, “are the above incomes adjus-
“insiders”, particularmente no que se refere aos “manag- ted for changes in the value of the monetary measuring
ment buyouts”, manipular o seu conhecimento superior unit”6.
do valor dos activos da empresa para efeitos de ganhos
pessoais à custa dos accionistas. O Anexo I ilustra os autores clássicos na contabilidade
Todavia, a perspectiva de relatar o valor – “value repor- que foram pioneiros ou contribuiram para cada um dos
ting perspective”– não se encontra isenta de problemas, in- modelos apresentados por Lee.
dependentemente do tipo de valores correntes que utilize Zeff and Dharan (1994)7 fazendo uma incursão so-
(valores de entrada, valores de saída ou outros). Os seus bre o tema “Changing Prices”, após uma discussão sobre a
críticos apontam-lhe vários defeitos, de entre os quais, evolução histórica do tratamento pelos “standard setters”
são de salientar: a maior subjectividade nas valorizações; deste tema, refere nove modelos alternativos para lidar
a menor verificabilidade; a menor fiabilidade; a maior vo- com as variações de preços (relativos ou de inflação), no-
latibilidade do valor dos activos e dos resultados mensu- meadamente:
rados3, designadamente com o reconhecimento de ganhos • Custo Histórico/Moeda Nominal - “Historical Cost/
não realizados através, por exemplo, do processo “mark to Nominal Dollar”;
market”; e os custos acrescidos quando se pretente valori- • Custo Histórico/Moeda Constante - “Historical
zar por valores correntes, especialmente quando não exis- Cost/ Constant Dollar”;
tem mercados activos para os mesmos. Vejam-se os casos • Valor Corrente (de Entrada)/Moeda Nominal (Ma-
do valor dos instrumentos financeiros que são mais fáceis nutenção do Capital Físico) - “Current (Entry) Va-
de estimar que o valor de edifícios ou equipamentos, so- lue/Nominal Dollar” (Physical Capital Maintenan-
bretudo, se forem muito específicos. Ou, ainda, os casos ce);
das patentes, das marcas, dos direitos e do “goodwill”, por
exemplo. 4 “Income and Value Measurement”(1994), Lee, Tom, 3th Edition (revised),
International Thomson Business Press.
5 Adaptado de Lee, Tom, obra citada.
2 Posteriormente aprofundada por Fischer, Hicks e Samuelson, especial- 6 Lee, Tom, obra citada.
mente quando trataram de estabelecer a diferença entre resultado (lucro/ 7 “Readings and Notes on Financial Accounting” – “Issues and Controversies”
prejuízo) económico e resultado (lucro/prejuízo) contabilístico. (1994), Zeff, Stephen A. and Dharan, Bala G., 4th Edition, McGraw-Hill
3 Ver, por exemplo, a controvérsia gerada com a aplicação da IAS 39 na UE. International Editions, Accounting Series.

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• Valor Corrente (de Entrada)/Moeda Constante Mas, esta compreensão, implica estudar ou revisitar os
(Manutenção do Capital Financeiro Real) – “Cur- autores clássicos da contabilidade que se debruçaram e
rent (Entry) Value/Constant Dollar” (“Real Financial contribuiram originalmente para o seu desenvolvimento
Capital Maintenance”); e apresentação.
• Valor Corrente (de Saída)/Moeda Constante (Manu- É neste sentido que se reproduz – em anexos – a bi-
tenção do Capital Financeiro Real) – “Current(Exit) liografia e os autores clássicos relevantes associados aos
Value/Constant Dollar” (“Real Financial Capital respectivos modelos. Em particular, assinalam-se os au-
Maintennce”); tores e textos fundamentais que relacionam a economia e
• Cash Flow Descontados (“Discounted Cash Flow”); a contabilidade. Dito de outro modo, importa, de acor-
• Valor de Mercado/Moeda Nominal (Manutenção do com Canning (1978), entender “The Economics of
do Capital Financeiro) – “Market Value/Nominal Accountancy”.8 Entender os fundamentos económicos
Dollar” (“Financial Capital Maintenance”); da contabilidade.
• Valor de Privação (ou Valor para o Proprietário/Va- Não existe um resultado único e indiscutível. Exis-
lor para a Empresa)/Moeda Nominal (Manutenção tem tantos resultados quantos os modelos utiizados.
do Capital Físico) – “Deprival Value (or Value to the Na determinação do resultado, o contabilista tende
Owner/Value to the Business)/Nominal Dollar” (“Phy- a olhar para o passado e utiliza, em regra, a“abordagem
sical Capital Maintenance”); e das transacções”. O economista determina o resultado
•Valor de Privação (ou Valor para o Proprietário/Valor olhando para o futuro – desconta benefícios económi-
para a Empresa)/Moeda Constante (Manutenção cos futuros - e utiliza, em regra, a “abordagem da manu-
do Capital Físico) – “Deprival Value (or Value to the tenção do capital”.
Owner/Value to the Business)/Constant Dollar” (“Phy- O economista entende os rendimentos e os gastos
sical Capital Maintenance”). reconhecidos nas tradicionais classes 7 e 69 como, res-
O Anexo II ilustra os autores clássicos na contabili- pectivamente, as “imagens no espelho” dos verdadeiros
dade que foram pioneiros ou contribuiram para cada um rendimentos e gastos (devido à partida dobrada). Por-
dos modelos referenciados por Zeff e Dharan. quê? Porque os verdadeiros rendimentos e gastos são,
Como se pode constatar, é quase coincidente a asso- respectivamente: i) os aumentos do activo ou as dimi-
ciação dos autores clássicos aos respectivos modelos. nuições do passivo que, em última instância, se ma-
Lee (1994) trata todos os modelos previamente terializam como aumentos do capital próprio (rendi-
sem levar em conta os efeitos da inflação e procede mentos); ii) e as reduções do activo ou os aumentos do
à diferenciação de cada um deles. Somente depois é passivo que, em última instância, se materializam como
que introduz os efeitos da inflação em cada um dos diminuições do capital próprio (gastos).10
modelos. O modelo tradicional tem uma orientação para a
Zeff and Dharan (1994) limitam-se a introduzir o demonstração de resultados, muito associada à aborda-
tema no âmbito da contabilidade das alterações de pre- gem das transacções. O modelo dos iGAAP’s (IFRS’s)
ços, e procedendo a uma síntese da evolução histórica das tem uma orientação para o balanço, muito associada à
normas do FASB, do IASC/IASB e de outros “standard abordagem da manutenção do capital.
setters” relativamente ao tratamento da variação de preços
8 Trata-se de matérias que carecem de ser leccionadas e estudadas nas escolas
relativos e da inflação, aponta os diferentes modelos alter-
superiores de contabilidade em Portugal, ainda muito centradas no ensino
nativos possíveis de utilizar, com os respectivos autores, da escrituração. Uma pós-graduação, sobretudo com atribuição de grau –
sem os tratar. mestrado ou doutoramento – não pode dispensar o estudo destas matérias
e dos autores referidos.
O modelo híbrido de mensuração e de determinação 9 Do POC ou do SNC.
do resultado preconizado pelos iGAAP’s (IFRS’s), com- 10 Excluídas as transacções com sócios ou accionistas.
binando simultaneamente valorizações a custo histórico
e a custo (valores) corrente, com tendência para preva-
lecer este último, incorrectamente dito de modelo do
justo valor, é apenas um de entre cerca de dez modelos N. R. Devido à sua extensão, não incluímos os Anexos I e II referidos no
texto, os quais poderão ser solicitados por e-mail ao DIRECTOR da C&E.
possíveis. Sem o estudo destes últimos modelos, não se
compreende com a profundidade suficiente o primeiro. **Professor do ISCAL

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%106#$+.+&#&'

Demonstração das alterações


no capital próprio*
Este documento faz parte do conjunto completo de como sejam, por exemplo, as revalorizações e os ajusta-
Demonstrações Financeiras consagrado no SNC. mentos de partes de capital.
Tem por alvo o Capital Próprio que é integrado pelas Visa esta arrumação alcançar o conceito de resultado
contas da classe 5 e a que se junta o Resultado líquido do extensivo ou integral que corresponde ao conceito finan-
período. ceiro de manutenção do capital previsto na EC: “apenas
A informação que dela consta tem sido objecto de tra- existe lucro se o valor do Capital financeiro no final do pe-
tamento, de forma dispersa, designadamente em anexos, ríodo exceder o valor no início, excluindo as distribuições
tendo-se optado desta vez pelo formato de quadro (mapa) e contribuições dos detentores de capital durante aquele
de dupla entrada e visa a intersecção da informação em período”.
linha com a informação em coluna, as linhas contemplam Este resultado é na prática o incremento favorável ou
as rubricas associadas aos factos susceptíveis de alterarem desfavorável do capital próprio da entidade de que deriva
esses itens, as colunas referem-se aos itens do Capital pró- variações patrimoniais positivas e negativas que não resul-
prio constantes do balanço. tam de contribuições relacionadas com os detentores do
O ponto de partida é o Capital próprio do fim do capital.
exercício anterior. O de chegada, ou seja, do fim do pe- O modelo de Demonstração das Alterações no Capital
ríodo é o Capital próprio que reflecte as alterações nele Próprio (DACP), foi aprovado pela Portaria nº 986/2009,
ocorridas. de 07/09, e serve quer às contas individuais, quer às con-
Encontram-se divididas em dois grupos. tas consolidadas, das entidades.
Um, que reflecte as operações com os detentores do Apresente-se de seguida uma explicação à forma de
Capital (como p. ex. a distribuição de dividendos, as con- preenchimento, a referência a título indicativo para cada
tribuições de capital e para outros instrumentos de capital operação, das colunas que deverão ser objecto de regis-
próprio) e todas as outras que se reflectem no resultado lí- to, bem como alguns exemplos associados a cada linha/
quido no período e noutras alterações de Capital próprio, coluna.

DESCRIÇÃO
COLUNAS ÂMBITO
(LINHAS)
A mudança do referencial contabilístico (do Plano Oficial de Contabilidade (POC)) para o
Sistema de Normalização Contabilística (SNC), vai determinar as variações no capital próprio.
Primeira
As alterações de mensuração de activos fixos tangíveis do modelo do custo histórico para o
adopção do
Todas modelo da revalorização e dos Activos intangíveis no que se refere às despesas de instalação
novo referencial
e de desenvolvimento, são exemplos dessas variações. A quantificação dos efeitos desta
contabilístico
mudança deve ser feita nesta linha, sendo que os valores envolvidos serão inscritos nas
colunas respectivas.
A adopção de uma política diferente da utilizada em período ou períodos anteriores (vg a
capitalização dos juros dos empréstimos obtidos para a construção de edifícios, critério de
mensuração das saídas de inventários; vida útil dos activos fixos tangíveis, etc.), reflecte-se
Alterações no capital próprio; a quantificação dos efeitos desta mudança é feita nesta linha, sendo que
das políticas 7; 8; 9; 10 serão inscritos nas colunas respectivas.
contabilísticas Exemplo: Uma entidade alterou no período N a sua política de não capitalização dos juros
de empréstimo obtidos para a construção de um edifício passando a fazê-lo a partir deste
exercício. Deve inscrever nesta linha e coluna de Resultados transitados os gastos não
capitalizados em exercícios anteriores.

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Exemplo: Entidade X converteu as contas da sua filial no México em 31/12/N. Os activos


Diferenças de
e passivos foram convertidos à taxa de fecho, os capitais próprios à taxa histórica e os
conversão de
--- resultados do período às taxas de câmbio nas datas das respectivas transacções. As
demonstrações
diferenças de conversão nos itens de capitais próprios e resultados ascenderam a 890.200.
financeiras
Esta quantia deverá ser inscrita nesta linha, na coluna “Outras variações no capital”.

Na sequência de uma revalorização dos activos fixos, uma das três situações pode ocorrer:
Realização do o uso, a alienação ou o abate daqueles activos, esta linha acolhe a realização do excedente
excedente de regista na conta que se opera pelo uso, venda ou abate, evidenciando-se nas respectivas
valorização de colunas.
7;10
activos fixos Exemplo: Uma entidade que registe a depreciação de um activo fixo corpóreo à taxa de 10%
tangíveis e e para o qual tinha apurado um excedente de valorização de quinhentos mil euros, então
intangíveis a quantia de cinquenta mil euros (10% * 500.000) será inscrita nesta linha, na coluna
“Outras variações no capital próprio” e abatida na coluna “Excedentes de revalorização”.

Caso registe uma revalorização dos activos fixos tangíveis e intangíveis, as variações
Excedentes de (aumentos/diminuições) repercutem-se no capital próprio; os respectivos valores são inscritos
valorização de nesta linha e na coluna “Excedentes de revalorização”.
activos fixos 7 Exemplo: Caso uma entidade proceda à revalorização de activos fixos tangíveis, no exercício
tangíveis e N, donde resulte um excedente (reserva) de revalorização de duzentos mil euros, deverá
intangíveis esta quantia ser inscrita nesta linha “Excedentes de valorização de activos fixos tangíveis e
intangíveis e na referida coluna “Excedentes de revalorização”.

Exemplo: A revalorização para o justo valor de um activo fixo tangível (uma linha de produção,
por exemplo) que gera um incremento do activo líquido e do excedente de revalorização em
Ajustamentos

100.000, deverá ser diminuído pela quantia do imposto sobre o rendimento que a empresa
por
terá de pagar no futuro porque o aumento das depreciações não será fiscalmente aceite.
reconhecimento 7; 8; 9; 10
Assim, deve ser reconhecido um imposto diferido passivo, cuja contrapartida é a diminuição
de impostos
dos capitais próprios (excedente de revalorização) em 25% x
100.000, ou seja,
25.000.
diferidos
Esta redução é representada na DACP na linha de “Ajustamentos por impostos diferidos” e
na coluna de “Excedentes de revalorização”.

Nesta linha inscrevem-se todas as alterações no período que não sejam operações com os
detentores do capital, reconhecidas directamente no capital próprio, que não constam nas
linhas anteriores. Exemplos:
Transferências entre itens de capital próprio;
Ganhos/perdas na alienação de Acções (Quotas) próprias;
Aumentos/diminuições de valor em investimentos disponíveis para venda até que o
mesmo seja alienado, exercido, liquidado ou extinto. Não se incluem as perdas por
imparidade e os ganhos e perdas cambiais. (esta classificação não é aplicável no
normativo nacional);
Outras Aumentos/diminuições de valor em outros instrumentos financeiros;
alterações Correcções cujo reconhecimento ocorre no período e imputáveis a períodos findos.
reconhecidas Todas Exemplo 1: A entidade X é detentora de uma carteira de títulos cotados em bolsa com
no capital a finalidade de obter rendimentos, numa perspectiva de curto prazo. Neste sentido a
próprio entidade, classificou-os como disponíveis para venda. A carteira está mensurada no balanço
por
3.680.000, mas de acordo com a cotação à data de elaboração das demonstrações
financeiras, o valor de mercado dos títulos era de
3.800.000. Neste caso, deveria
inscrever-se nesta linha a importância de
100.000 na coluna de “Outras alterações
reconhecidas no capital próprio”.
Exemplo 2: A entidade X vendeu por
120.000 euros 90.000 acções próprias com o valor
nominal de um euro e que havia adquirido por
95.000 euros. Nesta linha deverá registar-
se a quantia do valor de venda, sendo que o ganho de
5.000 nesta venda (100.000
– 95.000) na coluna “Outras variações no capital próprio” e o custo das acções próprias
vendidas, ou seja, 95.000 na coluna “Acções próprias”.

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Esta linha regista os aumentos de capital – qualquer uma das modalidades (previstas no
Código das Sociedades Comerciais (CSC)) – e ou as reduções de capital, sendo que as
RESULTADO
parcelas envolvidas ficarão adstritas às apropriadas colunas.
LÍQUIDO DO 1
Exemplo: caso uma entidade aumente o seu capital social em 500.000 euros, sem
PERÍODO
prémio de emissão, deverá o valor do aumento ser inscrito nesta linha e na coluna
“capital realizado”.

Nesta linha inscrevem-se os prémios de emissão relativos aos aumentos de capital.


Realizações
Exemplo: No caso anteriormente descrito, caso o aumento tivesse sido feito com prémio de
de prémios de 4
emissão de cem mil euros, deverá este valor de cem mil euros ser registado nesta linha, na
emissão
coluna “Realizações de prémios de emissão”.

Sempre que seja feita uma distribuição de lucros esta linha regista o respectivo montante; a
quantificação desta deliberação é feita nesta linha. As parcelas envolvidas serão registadas
em colunas associadas à distribuição.
Exemplo: A assembleia-geral da entidade X deliberou em N+1, relativamente ao
resultado líquido do período N no valor de 100.000, a seguinte distribuição:
Distribuições 6; 10; 11 dividendos 60% e reservas livres 40%. Nesta linha será inscrito o valor de 100.0000,
assim distribuído: - 100.000 na coluna “resultado do período”, e na coluna “Outras
reservas” 40.000.
Caso a entidade X tivesse deliberado distribuir reservas ou resultados de períodos anteriores,
então os valores em causa seriam registados nesta linha e na coluna “Outras reservas” ou
“Resultados transitados”, com sinal negativo.

Sempre que ocorreram entradas para coberturas de prejuízos esta linha regista os respectivos
montantes, em conformidade com o consagrado no CSC, em lei especial e ou nos estatutos
Entradas para
da entidade, e na coluna de “Resultados transitados”.
cobertura de 10
Exemplo: A assembleia-geral da entidade X, deliberou a cobertura pelos accionistas da
perdas
totalidade das perdas acumuladas no valor de 750.000 . Nesta linha será inscrito o valor de
750.000, na coluna de “Resultados transitados”.

Nesta linha registam-se as operações com detentores do capital não contempladas


anteriormente. Por exemplo, no que concerne o movimento das reservas, esta linha acolhe
as variações (aumentos/diminuições) de reservas não tratadas nas alíneas anteriores; a
quantificação desta ocorrência é feita nesta linha, sendo que os valores utilizados serão
registados nas colunas respectivas.
Outras Exemplo: A entidade X adquiriu uma quota própria, ao valor nominal, de acordo com o
Todas
operações previsto nos estatutos e após deliberação em assembleia-geral dos sócios. O capital nominal
é de 120.000 composto por 3 quotas de igual montante. No capital nominal verifica-se
apenas uma alteração na natureza das suas quotas, permanecendo o seu valor inalterável.
Para além da aquisição a registar em “Quotas próprias” é necessário indisponibilizar uma
reserva de valor igual ao valor de aquisição. O valor de 40.000 deverá ser registado nesta
linha, na coluna “Reservas legais”.

EM COLUNA:
Nesta coluna é evidenciada a fracção do capital próprio da entidade que não é controlada
Interesses
pela administração/gerência, quando for adoptado o método da consolidação integral.
minoritários

* Extraído e ligeiramente adaptado do livro “Elementos de Contabilidade Geral”, de António Borges, Azevedo Rodrigues e Rogério Rodrigues, Áreas Editora,
25.ª Edição, Setembro de 2010, pp. 907-11.

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“Balanço” do 1.º Ano do SNC


4 PILARES DA “REVOLUÇÃO
Como referimos no editorial, em 1 de Janeiro do cor- CONTABILÍSTICA” DO SNC
rente ano, completou-se o primeiro ano da entrada em
vigor do Sistema de Normalização Contabilística (SNC), Contabilístico Fiscal Institucional
pelo que, em jeito de “balanço”, julgamos oportuno tecer 3.º - Alteração 4.º - Novo
1.º - SNC 2.º - Alterações
alguns comentários. (Dec.-Lei ao Código à Estrutura Estatuto
nº 158/2009, do IRC e Organização da “Ordem
Uma primeira referência para sublinhar que a Comis- de 13 de Julho) (Dec.-Lei da CNC dos TOC”
são Normalização Contabilística (CNC) já disponibili- nº 159/2009, (Dec.-Lei Decreto-Lei
de 13 de Julho) nº 160/2009, nº 310/2009,
zou no seu sítio o modelo de normalização contabilística de 13 de Julho) de 26 de
aplicável às microentidades, face ao disposto na Lei nº Outubro

35/2010, de 2 de Setembro, sendo que se aguarda a pu- No que tange à aplicação prática do SNC, é nosso há-
blicação do respectivo diploma. bito referir que somos um “descongestionador do SNC”,
Assim, as microentidades aplicaram o SNC ao longo na medida em que temos a convicção que para grande
do ano, e, em particular na maioria dos casos, a Norma parte das micro e pequenas médias entidades portuguesas
Contabilística de Relato Financeiro para Pequenas Enti- (representam mais de 90% do tecido empresarial) a mes-
dades (NCRF-PE), desconhecendo-se, ainda, se terão de ma se cingirá a uma mera substituição das “contas/POC”
“reorganizar” a sua contabilidade para atender a esse novo pelas “contas/SNC”, pois existirão vários constrangimen-
normativo contabilístico. tos técnicos (v.g. contabilidade vs fiscalidade) e práticos
Sem dúvida que o SNC veio reforçar a importância da (v.g. pressão das entidades financiadoras) a uma correcta
contabilidade na tomada de decisões e na definição dos aplicação do SNC, que seria de todo desejável em prol de
juízos de valor pelo órgão de gestão das entidades, com a uma melhor Contabilidade.
colaboração dos contabilistas (TOC) face às suas funções/ Entretanto, a CNC já aprovou e divulgou o projecto
responsabilidades previstas no art.º 6.º do Estatuto da Or- de normalização contabilística para as entidades do sector
dem dos TOC (EOTOC). não lucrativo, o qual também aguarda publicação do res-
Na verdade, tem sido defendida uma maior interven- pectivo diploma legal.
ção do TOC no âmbito do SNC, referindo-se expressões Um dos outros aspectos importantes que a CNC ain-
como “TOC como auxiliar do gestor”, “TOC como con- da não se pronunciou refere-se ao regulamento do contro-
selheiro de gestor/gestão”, “Os juízos de valor do TOC”, lo de aplicação das normas (“enforcement”), que, como
“O conhecimento do negócio pelo TOC”, etc. referimos em artigo anterior2, é uma das principais novi-
Em nossos artigos publicados na C&E e noutras re- dades relativamente ao POC/89, o qual não continha um
vistas nacionais, e, particularmente, o intitulado “Com o regime contra-ordenacional.
SNC um “novo” TOC(!?)”, publicado na revista TOC nº Ainda relativamente à actividade da CNC, destacamos
121, de Abril de 2010, pp. 34-45, apresentámos os prin- o lançamento de um novo sítio, com o mesmo endereço,
cipais aspectos deste “novo” enquadramento da profissão www.cnc.min-financas.pt, o qual, após um bom lança-
de TOC, pelo que remetemos para a sua leitura. mento, carece, em nossa opinião e salvo melhor, de uma
Retomando o “edifício” legislativo do SNC e salva- nova dinâmica, nomeadamente através dos seus produtos/
guardando a futura publicação do mencionado normati- menu “Newsletter” (foram divulgadas apenas duas logo
vo contabilístico das microentidades, constatamos que o no início) e “Consultas” (foram divulgadas apenas 16 no
mesmo assenta em quatro pilares definidos pelo anterior início).
secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Prof. Carlos Aproveitamos a oportunidade para desejar as melhoras
Lobo, e que, em nosso artigo anterior1, sistematizámos no da saúde ao Presidente da CNC, Prof. Domingos Cravo.
seguinte esquema: O DIRECTOR DA C&E.

1^ŽďŽơƚƵůŽ͞KƐYƵĂƚƌŽWŝůĂƌĞƐĚĂ͞ZĞǀŽůƵĕĆŽŽŶƚĂďŝůşƐƟĐĂ͟ĚŽ^E͕͟ 2^ŽďŽơƚƵůŽ͞KŽŶƚƌŽůŽĚĞƉůŝĐĂĕĆŽĚĂƐEŽƌŵĂƐ;ŶĨŽƌĐĞŵĞŶƚͿŶŽ
ĚŝƐƉŽŶşǀĞůƉĂƌĂĚŽǁŶůŽĂĚŶŽŵĞŶƵ͞ĐƟǀŝĚĂĚĞƐWĞƐƐŽĂŝƐͬƌƟŐŽƐ;ŽͲ ^E͕͟ZĞǀŝƐƚĂ&ŝƐĐĂůŶǑϭ͕ĚĞ:ĂŶĞŝƌŽĚĞϮϬϭϬ͕ƉƉ͘ϳͲϵ͕ĞĚŝƐƉŽŶşǀĞůƉĂƌĂ
ǁŶůŽĂĚͿͬWŽƌdşƚƵůŽͬEǑϮϳϴ͟ĞŶŽŵĞŶƵ͞ZĞǀŝƐƚĂůĞĐƚƌſŶŝĐĂͬEǑϰϳ͕ĚĞ ĚŽǁŶůŽĂĚŶŽŵĞŶƵ͞ĐƟǀŝĚĂĚĞƐWĞƐƐŽĂŝƐͬƌƟŐŽƐ;ŽǁŶůŽĂĚͿͬWŽƌdşƚƵͲ
EŽǀĞŵďƌŽĚĞϮϬϬϵ͟ĚŽŶŽƐƐŽWŽƌƚĂů/E&KKEd͘ ůŽͬEǑϮϴϰ͘͟

&217$%,/,'$'( (PSUHVDV_-$1)(9_QžVpULH 27
%106#$+.+&#&'

Tribunal de Contas quer aplicação


efectiva do Plano Oficial de
Contabilidade Pública (POCP)
A garantia foi dada pelo próprio
presidente do Tribunal de Contas,
Guilherme de Oliveira Martins. Os
serviços públicos terão que aplicar
o mais rapidamente possível o Pla-
no Oficial de Contabilidade Pública
(POCP). E, se tal não suceder, o tri-
bunal vai avançar com coimas sobre
os incumpridores.
O Tribunal de Contas considera
essencial que o plano seja cumprido
pela administração pública, no ten-
do de melhores balanços e de uma
maior transparência. Como tal. Gui-
lherme de Oliveira Martins diz que
vai intensificar a fiscalização com
esse objectivo. De notar que a insti-
tuição possui poderes legais para for-
çar os serviços públicos a aplicarem
o POCP. Há já muito tempo que o
tribunal avisa o poder político para a Guilherme de Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas.
necessidade de cumprir o estabeleci-
do no plano. É mesmo essencial que utilização do Plano Oficial de Conta- çamental no que toca aos organismos
o mesmo seja totalmente aplicado. bilidade é que, para além da avaliação comunitários). É uma diferença que
Tem razão o Tribunal de Contas patrimonial do Estado actualizada, pode ser eliminada através da utiliza-
ao fazer estes comentários, tendo em possibilita quantificar quais as des- ção do dito plano.
conta a falta de aplicação do plano. pesas necessárias a eventuais compro- Convém ainda destacar o facto
Criado há mais de 13 anos, aconte- missos a tomar no futuro. Também da aplicação do POCP representar
ce que apenas é utilizado pelo pró- permite uma ligação mais efectiva en- uma das recomendações feitas pelo
prio tribunal e pelos ministérios das tre os números orçamentais na lógica Tribunal de Contas que está mais
Finanças e da Defesa. O que é cla- de caixa (utilizados no Orçamento do atrasada no que respeita à sua aplica-
ramente insuficiente. A aplicação do Estado) e na lógica do compromisso ção. Para Oliveira Martins, a respon-
POCP tem vantagens claras a vários (usados na quantificação do défice or- sabilidade da sua não aplicação cabe
níveis, inclusivamente no que respei- aos serviços, os quais têm revelado
ta às entidades envolvidas. Por outro POCP é essencial resistências. O momento difícil por
lado, pode evitar incongruências e que Portugal passa é mais uma razão
números desencontrados no que toca O Tribunal de Contas de peso para que o diploma passe do
às contas públicas, como faz notar o considera essencial papel à prática. Fica a garantia que o
responsável do Tribunal de Contas. que o plano seja cumprido tribunal vai actuar junto dos serviços
Uma das principais vantagens da pela administração pública. responsáveis.

28 &217$%,/,'$'( (PSUHVDV_-$1)(9_QžVpULH
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Observatório SNC
Na 2.ª Conferência sobre o SNC realizada pela Comissão de Normalização Contabilística (CNC) no passado dia 14
de Dezembro de 2010, no Centro de Congressos de Lisboa, foi apresentada pelo membro da Comissão Executiva da
CNC, Dr. Pedro Aleixo Dias, uma comunicação sob o título “Observatório SNC”, disponível para download no sítio da
SNC, que inclui, entre outras, as 12 questões e respectivas respostas seguintes:

QUESTÕES SIM NÃO


1. Gestão: Existem na entidade capacidades para gerir o processo de transição para o SNC? 91% 9%

2. Áreas de Impacto: Foram identificadas as principais áreas de impacto da transição (contabilísticas e


não contabilísticas) e efectuada uma análise de custos vs benefícios (incluindo: Processos, sistemas e 73% 27%
controlos. Principais contratos. Reporte e obrigações fiscais e suas interacções?

3. Plano de transição: Foi definido um plano de transição detalhado e incluindo a alocação (e formação)
necessária de recursos para a execução eficiente do plano e para uma adequada integração da mudança 72% 28%
nas operações normais do negócio?

4. Envolvimento da Organização: Foram envolvidos no processo de transição todos os departamentos da


entidade que contribuem para a criação de informação financeira ou que usem informação financeira nas 67% 33%
suas actividades diárias?

5. Processos Internos: O plano de transição está construído de forma a estabelecer processos


sustentáveis que a entidade possa repetir e que possam produzir informação substancial de forma 79% 21%
regular após o primeiro momento da transição?

6. Intervenção de Especialistas Externos: Foi avaliada a necessidade de intervenção e uso de


especialistas externos no processo de transição (Processo contabilístico de transição para as NCRFs ou
NCRF-PE; Fiscal; Jurídico/legal; Gestão de projectos (organizacional); Sistemas; Mensuração/divulgação 33% 67%
do justo valor; Avaliação das imparidades; Estimativas de provisões e cálculo probabilístico; Cálculo
actuarial; Mensuração com base em cálculo financeiro avançado (instrumentos financeiros)?

7. Politicas Contabilísticas: Foi efectuada a avaliação das políticas contabilísticas alternativas vs opções
na transição e pós-transição e efectuada a selecção das políticas contabilísticas constantes das NCRFs
69% 31%
ou NCRF-PE, tendo presentes as principais diferenças aplicáveis ao sector de actividade concreto onde a
entidade opera?

8. Diferenças POC vs SNC: Foi efectuada a avaliação das diferenças entre o POC e o SNC ao nível dos
principais items das demonstrações financeiras e medidos os seus impactes nos principais indicadores 82% 18%
de performance e rentabilidade da entidade?

9. Estratégia de Comunicação: Existe uma estratégia efectiva de comunicação do processo de transição


e seus impactos aos principais utentes das demonstrações financeiras que permita gerar a familiaridade 61% 39%
necessária e a aceitação da transição por esses utentes?

10. Formação: Está criado um processo efectivo para a transferência de conhecimentos, por via da
58% 42%
formação e/ou por via de criação de equipas de projecto com consultores externos?

11. Informação para as Demonstrações Financeiras: Estão adaptadas à entidade os modelos de


demonstrações financeiras, incluindo o anexo, e foi efectuado a interligação (mapping) das divulgações
72% 28%
com o plano de contas (e/ou packages de consolidação) que permita a avaliação da informação que já se
encontra disponível e que informação adicional será necessária?

12. Balanço de Abertura e Comparativos: Foi já preparado o balanço de abertura e as reconciliações


75% 25%
necessárias entre o POC e as NCRF’s ou NCRF-PE?

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Em consequência da transposição de directivas

Código do IVA sofre alterações


e é reforçado combate à fraude
No âmbito da transposição para o ordenamento
Controlo
interno de três directivas comunitárias, foi aprovado o
decreto-lei nº 134/2010, de 27 de Dezembro, que pro- É efectuada uma alteração parcial da regra
cede à alteração do Código do Imposto sobre o Valor de localização das prestações de serviços.
Acrescentado e do regime deste imposto nas transacções
intracomunitárias (RITI). As alterações respeitam à regra
de localização das prestações de serviços, reforço do com-
bate à fraude e evasão fiscais e ajustamento nas isenções
de IVA.
Tendo em conta o cenário legislativo, é efectuada uma
alteração parcial da regra de localização das prestações de
serviços de carácter cultural, artístico, desportivo, científi-
co, educativo, recreativo e simulares, a partir do momento
em que o destinatário dos serviços for um sujeito passivo
do imposto. Esta alteração resulta da transposição para o
ordenamento interno do artigo 3º da Directiva nº 2008/8/
CE, de 12 de Fevereiro. As duas outras alterações, respecti-
vamente, resultam das directivas nº 2009/69/CE, de 25 de Localização e isenção de IVA
Junho, e nº 2009/162/UE, de 22 de Dezembro.
De acordo com as alterações introduzidas, a regra de No que concerne à transposição da directiva nº
localização passa a abranger apenas os serviços de acesso 2009/162/UE, há que assinalar o ajustamento da redac-
a manifestações de carácter cultural, artístico, desportivo, ção das disposições relacionadas com a localização e com
científico, educativo, recreativo e similares, bem como os a isenção do IVA nos fornecimentos de gás, através das
serviços acessórios, relativos ao acesso a essas manifesta- respectivas redes de distribuição, e de electricidade. Trata-
ções. O que significa que alguns dos serviços prestados se de estas regras passarem a abranger também os forne-
em Portugal neste contexto, que antes eram tributáveis cimentos de calor ou de frio, através de redes de aqueci-
em território nacional, deixam de o ser. Sendo que, em mento ou arrefecimento.
contrapartida, serviços da mesma natureza realizados no Ou seja, assegura-se que, em termos práticos, os cri-
território de outro Estado-membro por contribuintes re- térios que determinam a aplicação das regras de IVA na-
gistados em Portugal passam a ser aqui tributáveis. cionais ou, ao invés, as de outro país da UE sejam os
No que respeita à segunda grande alteração, esta visa mesmos, quer se esteja perante fornecimentos de gás e de
a introdução de medidas complementares de combate electricidade, quer se trate de fornecimento de calor ou
à fraude e à evasão fiscais, relacionadas com a cobrança de frio, através de redes de distribuição.
do IVA em certas importações de bens. O artigo 16º Finalmente, no âmbito destas transposições para o
do RITI é alterado, de modo a estabelecer mecanismos direito nacional, passa a disciplinar-se expressamente,
mais eficazes de controlo das condições de isenção nele de forma mais consistente com as regras do direito à
previstas, sempre que se demonstre que, na sequência dedução, o regime de dedução do imposto relativo a
da importação de qualquer tipo de bens, estes são ex- despesas suportadas com bens imóveis, quando esses
pedidos de imediato ou transportados para outro país bens sejam parcialmente afectos a fins não empresariais.
da União Europeia, com destino a um sujeito passivo As alterações atrás referidas entraram em vigor no início
do imposto. do ano.

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Sistemas fiscais têm que ser compatíveis no espaço comunitário

Comissão Europeia pretende eliminar


problemas fiscais transfronteiras
A Comissão Europeia publicou uma comunicação em desenvolverem actividades transfronteiras. Deveriam igual-
que destaca os problemas fiscais mais graves que os cidadãos mente adoptar uma coordenação mais estreita, a fim de evi-
europeus enfrentam em situações transfronteiras e avança tarem que a incompatibilidade entre as disposições fiscais
com planos para eventuais soluções. Bruxelas quer intensifi- resulte em barreiras ao mercado interno.
car as actividades para ajudar a tornar os sistemas fiscais mais
compatíveis e propor medidas concretas para impedir ou eli- Boas práticas fiscais criam emprego e investimento
minar os problemas fiscais dos cidadãos da União Europeia.
Há vários problemas a considerar neste contexto, na As boas práticas fiscais podem promover o emprego, o
óptica da Comissão Europeia. É um facto que, todos os investimento e o crescimento, pelo que a Comissão apre-
anos, os aspectos fiscais transfronteiras representam uma senta possíveis soluções para os problemas que se colocam
parte substancial das queixas e das perguntas dos cidadãos actualmente. Será apresentada uma comunicação sobre a
que chegam a Bruxelas. As queixas vão das dificuldades re- dupla tributação este ano, que examinará a extensão e a gra-
sultantes de disposições fiscais complexas até à existência vidade deste problema na União Europeia, seguindo-se, em
de sistemas contraditórios em Estados-membros, passando 2012, propostas legislativas com possíveis soluções. Tam-
pela falta de informação clara aos estrangeiros. Os trabalha- bém serão apresentadas propostas, em meados deste ano,
dores transfronteiriços enfrentam dificuldades na obtenção para solucionar os problemas transfronteiras de tributação
de abatimentos, benefícios e deduções fiscais por parte das das sucessões.
administrações fiscais estrangeiras, sendo, frequentemente, Bruxelas vai avançar com medidas destinadas a resolver
sujeitos a dupla tributação. a dupla tributação de um veículo automóvel, o qual é su-
Os cidadãos que compram bens imobiliários no estran- jeito ao registo de matrícula num primeiro país e que tem
geiro, muitas vezes não podem beneficiar de isenções fiscais de ser novamente sujeito ao mesmo registo quando transfe-
ou devem pagar impostos prediais mais elevados do que os rido para outro Estado-membro. Pretende-se ainda alargar
residentes, ao passo que aqueles que transferem um veículo o sistema do “balcão único” ao comércio electrónico, a fim
automóvel para o estrangeiro ou aí compram veículos au- de tornar bastante mais simples as obrigações declarativas
tomóveis estão sujeitos a dupla tributação em matéria de das empresas, de modo a poderem mais facilmente oferecer
registo automóvel. E as pessoas que recebem rendimentos bens e serviços em linha a consumidores estrangeiros. Os
resultantes de investimentos estrangeiros têm dificuldade obstáculos ao comércio electrónico serão considerados no
em obter o reembolso do imposto retido na fonte em países âmbito da revisão do sistema de IVA, actualmente objecto
estrangeiros. de uma consulta. Não menos importantes são as propostas
Muitos dos que possuem fundos estrangeiros de pensões a apresentar no ano que vem para resolver os problemas
têm problemas com deduções e transferências transfrontei- relacionados com a tributação dos pagamentos transfron-
ras, sendo as heranças com origem noutro país sujeitas a teiros de dividendos.
impostos sobre doações mais elevadas ou a dupla tributa- Mas a Comissão não coloca de parte a promoção de um
ção. O comércio electrónico é também fortemente afectado amplo diálogo entre as autoridades nacionais e as partes in-
por obstáculos fiscais. São os casos de regras e obrigações teressadas para indagar outras possibilidades de simplificar
declarativas complexas em matéria de IVA. Pelo que apenas as medidas fiscais. Algumas ideias incluem a normalização
7% dos produtos comercializados na União são comprados dos formulários fiscais ao nível da UE, a criação de pon-
em linha noutro Estado-membro. tos de informação únicos, nos quais os trabalhadores e in-
Perante este cenário, considera a Comissão que os países vestidores possam obter informação fiscal, e a aplicação de
comunitários deveriam conceber e aplicar as suas medidas medidas fiscais especiais a nível nacional para responder às
e práticas fiscais de modo a não dissuadir os cidadãos de necessidades dos trabalhadores móveis e fronteiriços.

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No âmbito da Iniciativa para a Competitividade e o Emprego

Governo intensifica combate


à fraude e evasão fiscais
O Governo vai intensificar o com- para efeitos de licenciamento – para
bate à fraude e evasão fiscal e con- projectos superiores a 25 milhões de
tributiva. A intenção está patente na euros. Isto a par do reforço no apoio
Iniciativa para a Competitividade e o aos seguros de crédito comercial, atra-
Emprego, composta por cerca de 50 vés de garantia pública, e criação de
medidas, a qual se desenvolve em cin- um regime especial para produtores
co áreas fundamentais. Para além da com ciclos longos de facturação e re-
fiscalidade, conta ainda com medidas da concorrência leal na contratação cebimento.
no sentido do aumento da competiti- pública e do controlo das institui- O Governo pretende ainda acele-
vidade da economia e apoio às expor- ções apoiadas com fundos públicos. rar a execução do QREN, permitindo
tações, da simplificação administrati- Também se verificará o reforço dos injectar na economia um valor su-
va e redução dos custos de contexto circuitos de circulação das impor- perior a cinco mil milhões de euros.
para as empresas, competitividade do tações, combatendo a fraude fiscal. Haverá apoios à criação e ao desenvol-
mercado de trabalho, reabilitação ur- Finalmente, é intenção reforçar a fis- vimento de empresas de natureza ino-
bana e dinamização do mercado de calização das cadeias de subcontrata- vadora e orientadas para os mercados
arrendamento. ção, de facturação e de externalização de exportação.
Uma das prioridades passa pelo de serviços, dando especial atenção às Uma outra medida passa pelo
combate à informalidade, à fraude e fugas em sede de IVA, bem como o reforço do incentivo fiscal à interna-
à evasão fiscais. Neste âmbito, have- controlo da entrada de produtos equi- cionalização, em particular das PME,
rá novas medidas de cruzamento de valentes aos produzidos internamen- mas ainda terá que ser aprovada uma
dados entre os sistemas informáticos te, mas cujo processo produtivo não proposta de lei. Importante é também
das entidades públicas e das empresas, tinha sido sujeito ao mesmo tipo de a revisão dos mecanismos de formação
de modo a garantir um grau mais ele- condições dos produtos nacionais. de preços de bens e serviços essenciais
vado de correspondência entre a acti- à indústria, como é caso da electrici-
vidade das empresas e as declarações Facilitação do investimento dade. Por outro lado, existe a inten-
legalmente exigidas. Por outro lado, à exportação ção de majorar os custos comprova-
o Governo quer valorizar a factura- damente suportados com recursos
ção, através da criação de um método No que respeita à melhoria da humanos expatriados para efeitos de
que promova a certificação dos vários competitividade da economia e apoio dedução em sede de IRC, bem como
sistemas de facturação do sector de às exportações, algumas medidas me- reforçar o programa INOC-Export.
actividade e da adopção da factura recem especial relevo, desde que a sua O Governo quer avançar na sim-
obrigatória em todos os sectores de aplicação se torne uma realidade. As- plificação administrativa e na redução
actividade, não só entre empresas, sim, será criada uma via rápida para dos custos de contexto para as em-
mas também junto dos consumidores investimentos nos sectores de bens presas. Será apresentado o programa
finais. transaccionáveis, através do alarga- “Simplex Exportações”, através da
Outras medidas serão colocadas mento do regime dos projectos de Po- redução dos encargos administrativos
em prática no combate à fiscalidade tencial Interesse Nacional (PIN) aos para as empresas exportadoras, desig-
informal. Da iniciativa apresentada investimentos das PME para projec- nadamente acelerar os procedimentos
consta a reorientação dos serviços de tos superiores a dez milhões de euros relativos ao pedido de isenção de pa-
fiscalização e auditoria interna da ad- e da adopção do regime de interlocu- gamento de IVA para as exportadoras
ministração pública para a promoção tor único e da conferência decisória – e simplificar os procedimentos asso-

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ciados às exportações indirectas. Uma tivas dos trabalhadores na empresa. Promover a reabilitação urbana
outra medida respeita ao programa Outra medida consiste no alargamen-
“Taxa Zero” para inovação, que prevê to da possibilidade da associação sin- A aposta na reabilitação urbana e
a isenção do pagamento de qualquer dical delegar noutras estruturas sindi- na dinamização do mercado de arren-
taxa, emolumento ou contribuição cais ou de representação colectiva de damento mereceu elogias por parte do
administrativa, durante dois anos, a trabalhadores poderes para contratar sector da construção e do imobiliário.
As medidas anunciadas são tidas como
empresas com potencial inovador e com a empresa com, pelo menos, 250
positivas. Desde logo, a dinamização da
criadas por novos empreendedores. trabalhadores.
criação de áreas de reabilitação urbana,
Será também lançado o programa Pretende-se estimular a criação de
especialmente em zonas de interven-
“Licenciamento Zero”, para redução emprego através de um novo modelo
ção prioritária, e apoiar o lançamento
de encargos administrativos, através de compensação, em caso de cessão
dessas operações. O Governo pretende
da eliminação de licenças e outros do contrato de trabalho. É garantido
articular a reabilitação urbana e a polí-
condicionamentos prévios para quem que não haverá alterações ao conceito
tica de cidades, estendendo-se às zonas
pretende abrir e explorar um negócio. de justa causa de despedimento indi-
de regeneração urbana apoiadas pelos
Em perspectiva está a redução do ca- vidual. Assim, será criado um meca-
fundos do QREN os instrumentos e os
pital social mínimo para criação de nismo de financiamento, de base em-
benefícios aplicáveis às áreas de reabili-
uma empresa. presarial, para garantir o pagamento
tação urbana.
Ainda durante este ano, o Go- parcial das compensações ao trabalha-
Será apresentada uma proposta
verno projecta a entrada em funcio- dor por cessação do contrato de traba-
de lei para simplificar e tornar mais
namento do “Dossier Electrónico da lho e estabelecer limites aos valores da
rápidos e eficazes os procedimentos
Empresa”, que permitirá que as noti- compensação e indemnização devidas
necessários para o senhorio poder ob-
ficações da administração fiscal e da ao trabalhador. O Governo quer ain- ter a entrega do seu imóvel livre e de-
segurança social sejam efectuadas por da agilizar o regime legal de redução socupado perante o incumprimento
via electrónica. ou suspensão do contrato de trabalho do contrato de arrendamento, numa
em situação de crise empresarial, no perspectiva de garantir os direitos dos
Dinamizar a contratação sentido de evitar o recurso aos pro- senhorios e salvaguardar os direitos
colectiva cedimentos tendentes à cessação dos dos arrendatários.
contratos de trabalho. Vai ser apresentada uma iniciativa
A iniciativa lançada pelo Governo Existem ainda medidas sus- legislativa que simplifique os procedi-
tem suscitado polémica e críticas no ceptíveis de promoverem a criação mentos de controlo prévio necessários
que respeita às medidas orientadas de postos de trabalho. É o caso de à realização das operações de reabili-
para o mercado do trabalho. E a re- quatro mil projectos de microcrédi- tação urbana, elimine os obstáculos e
alidade é que uma matéria que ainda to com componentes específicas e os condicionamentos que oneram ex-
carece de explicações e que se apresen- dos programas de tutoria e de apoio cessivamente a realização dessas ope-
ta algo confusa. Se algumas medidas técnico de rede de microempresas rações e simplifique os mecanismos de
surgem como essenciais e até naturais de suporte ao sector exportador. A determinação do nível de conservação
no actual contexto, outras estão a sus- que acresce a pretensão de aumentar dos edifícios e de classificação de imó-
citar incertezas. Certo é que se tratam a eficiência dos serviços de emprego veis devolutos.
de questões que ainda darão lugar a e de formação profissional, o que Por último, o Governo irá criar li-
muita discussão. implicará alterações na gestão dos nhas de financiamento à reabilitação
O Executivo defende a dinamiza- centros de emprego e formação pro- urbana, através da constituição de um
ção da contratação colectiva, estando fissional. fundo de investimento para reabilita-
prevista uma iniciativa legislativa. O ção de imóveis devolutos destinados a
Governo decide que os contratos co- Modernização arrendamento, de um fundo de parti-
lectivos de trabalho, quando existam, cipações em operações integradas de
deverão regular os termos, as con- O Governo projecta a entrada reabilitação urbana e de uma linha de
dições e as matérias que podem ser em funcionamento do “Dossier crédito destinada a projectos específi-
negociadas por estruturas representa- Electrónico da Empresa”. cos de reabilitação.

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Fiscalidade é o maior obstáculo


à competitividade das empresas
O sistema fiscal nacional representa o maior obstáculo muito preocupante o facto de em Portugal não existir um
à competitividade das empresas nacionais. O sistema está regime de justiça tributária. A que acresce uma elevada
em constante mudança, o que faz com que muitas empresas morosidade nos processos judiciais.
pensem em se deslocalizar. Esta a principal conclusão que Antes de ser feita uma operação, a empresa deverá ter co-
se pode retirar do mais recente trabalho da Deloitte sobre a nhecimento do regime fiscal que será aplicado desde o início
competitividade fiscal em Portugal. até ao final da transacção, o que não acontece no nosso país.
Perante o facto de o sistema estar sempre a mudar e É uma realidade que existem pedidos de informação prévia
não haver uma estratégia clara ao nível fiscal, as empresas vinculativo. O problema é que na prática o sistema não fun-
perdem competitividade e repensam a sua estratégia quan- ciona. A que acresce que a administração fiscal não responde
to à possibilidade de mudarem de país. Mas este não é o atempadamente às dúvidas dos contribuintes. A todo o mo-
único problema apontado pelos empresários no questio- mento uma situação pode ser alterada, o que significa gran-
nário apresentado pela consultora. Também consideram des incertezas e custos acrescidos para as empresas.

Fisco atinge com antecedência


objectivo de cobrança coerciva
A Direcção-Geral dos Impostos (DGCI) atingiu o ob- IVA recebido dos clientes e do IRS descontado no salário
jectivo anual de cobrança coerciva de 1,1 mil milhões de dos trabalhadores. Foram já constituídos arguidos mais de
euros, com um mês de antecedência. Foi o ano em que tal 1700 administradores dessas empresas.
objectivo foi alcançado mais cedo. “A persistência destas dívidas é um factor de injustiça
O resultado acima das expectativas ficou a dever-se, social e fiscal, que onera os contribuintes cumpridores,
em grande medida, à implementação, em 2010, de um distorce a concorrência entre empresas e cria uma situação
plano especial para cobrança das respectivas dívidas. de privilégio inaceitável. É muito importante para o país
Tratou-se do Plano de Acompanhamento e Gestão Inte- que a administração fiscal seja eficaz na aplicação da lei a
grada de Devedores Estratégicos. Ao mesmo tempo, foi este tipo de situações, não só para que o Estado recupere
implementado o Plano de Recuperação dos Processos de as receitas perdidas, mas também para que este tipo de
Inquérito, destinado a sancionar criminalmente os geren- comportamentos ilícitos seja progressivamente elimina-
tes e administradores de empresas que se apropriam do do”, de acordo com o Ministério das Finanças.

Comissão Europeia prepara alterações ao IVA


A Comissão Europeia está a preparar alterações consi- ver. Com base nas respostas a esta consulta, a Comissão
deráveis ao regime de IVA. Como tal, lançou uma vasta decidirá a melhor abordagem para a criação de um fu-
consulta pública sobre a forma de reforçar e melhorar o turo sistema mais estável, sólido e eficaz. Uma das pos-
sistema. Há mesmo a possibilidade de ser eliminada a taxa sibilidades que está em discussão passa pela eliminação
reduzida em sede do imposto sobre o valor acrescentado. da taxa reduzida sobre certos bens e serviços. Bruxelas
O objectivo da consulta que está a decorrer é dar a considera que se trata de uma excepção que cria desi-
todas as partes interessadas a possibilidade de expres- gualdades e que não se justifica, no âmbito do espaço
sarem as suas ideias e opiniões sobre os problemas que comunitário. Portugal é um dos países que continua a
actualmente existem em matéria de IVA e como os resol- recorrer à taxa reduzida de IVA.

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Conferência da Comissão Europeia


sobre relato financeiro e auditoria –
Fevereiro de 2011
Nos próximos dias 9 e 10 de Fevereiro de 2011, a mero alargado de interessados irão considerar
Comissão Europeia vai organizar uma conferência sobre a necessidade de melhorar o mercado euro-
matérias de contabilidade e auditoria. peu de auditoria e explorar o melhor cami-
O primeiro dia vai ser focalizado nas questões nho a seguir para o fazer. A conferência
da contabilidade. Os conferencistas irão debruçar- irá oferecer um primeiro olhar sobre os
se sobre questões relacionadas com a governação resultados da consulta pública sobre o
do processo de emissão de normas num contexto livro verde de auditoria. Serão ainda
internacional e irão iniciar um debate sobre os debatidas outras matérias tais como
objectivos do relato financeiro. Também irão o papel da auditoria e o sistema e
ser discutidas matérias ligadas à utilização o ambiente nos quais a auditoria é
das IFRS como normas contabilísticas conduzida.
utilizadas mundialmente tais como a O registo no evento poderá
convergência e os desafios práticos de- ser feito através do link https://
correntes da sua aplicação consistente e webgate.ec.europa.eu/fmi/scic/
global. AccountAudit11/start.php
O segundo dia irá ser dedicado ao merca- (Newsletter nº 07/10 de Dezembro de
do europeu de auditoria. Discussões com um nú- 2010 da Ordem dos ROC)

IFAC emite Guia Prático de Gestão


para Pequenas e Médias Firmas
de Auditoria
O Comité das Pequenas e Médias Firmas de Auditoria gestão de relacionamento com clientes e planeamento
(SMP) da IFAC emitiu, no passado dia 25 de Junho, um sucessório. Contém ainda estudos para ilustrar os con-
documento intitulado “Guia de Práticas de Gestão para ceitos, checklists e formulários, uma lista de leituras adi-
Pequenas e Médias Firmas de Auditoria”, que dá orienta- cionais e módulos que podem ser utilizados para forma-
ção sobre a forma como melhorar a gestão dos seus escri- ção e educação.
tórios e, em última instância, operar de forma rentável e A versão impressa do guia, em PDF, pode ser obtida
profissional. gratuitamente a partir do website da IFAC em: http://
A publicação inclui princípios práticos de gestão web.ifac.org/publications/small-and-medium-practices-
e melhores práticas sobre uma vasta gama de tópicos, committee/good-practice-guidance-1
incluindo planeamento estratégico, gestão de pessoal, (Newsletter nº 06/10 de Julho de 2010 da Ordem dos ROC)

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As perguntas do Livro Verde


sobre Auditoria
Como já referimos na C&E anterior, a Comissão Eu- papel na garantia da fiabilidade da informação rela-
ropeia elaborou o LIVRO VERDE SOBRE A AUDI- tada pelas empresas em termos de RSA?
TORIA intitulado “Política de Auditoria: as Lições da (11) Deverá haver uma comunicação mais regular
Crise” que se encontra disponível para download no sítio pelo auditor às partes interessadas? Por outro lado,
da Ordem dos ROC em www.oroc.pt. deverá o intervalo entre o fim do exercício finan-
Pelo seu interesse, a seguir resumimos as 38 pergun- ceiro e a data da opinião de auditoria ser reduzido?
tas (questões) constantes do livro com a indicação aos (12) Que outras medidas poderão ser estudadas para
respectivos temas: aumentar o valor das auditorias?

1. INTRODUÇÃO 2.2. Normas internacionais de auditoria (ISA)


(13) Qual é a sua opinião em relação à introdução
(1) Tem observações de carácter geral sobre a aborda- das ISA na UE?
gem e os objectivos do presente Livro Verde? (14) Deverão as ISA ser juridicamente vinculativas
(2) Considera que existe uma necessidade de definir em toda a UE? Em caso afirmativo, deverá esco-
melhor o papel da auditoria na sociedade no que se lher-se uma abordagem semelhante à que foi uti-
refere à veracidade das demonstrações financeiras? lizada para a adopção das normas internacionais
(3) Considera que o nível geral da «qualidade da au- de relato financeiro (IFRS)? Em alternativa, e dada
ditoria» poderia ser melhorado? a utilização generalizada das ISA na UE, deverá a
utilização das ISA ser mais incentivada através de
2. PAPEL DO AUDITOR instrumentos legislativos não-vinculativos (reco-
mendações, códigos de conduta)?
2.1. Comunicação de informações às partes interessa- (15) Devem as ISA ser objecto de adaptações suple-
das pelos auditores mentares por forma a corresponder às necessidades
(4) Considera que as auditorias devem proporcionar das PME e das SMP?
garantias sobre a saúde financeira das empresas? As
auditorias são adequadas para esse efeito? 3. GOVERNAÇÃO E INDEPENDÊNCIA
(5) Para colmatar o desfasamento em relação às ex- DAS FIRMAS DE AUDITORIA
pectativas e esclarecer o papel da auditoria, deve a
metodologia utilizada na auditoria ser melhor ex- (16) Existe algum conflito pelo facto de o auditor ser
plicada aos utentes? nomeado e remunerado pela entidade auditada? Que
(6) Será necessário reforçar o «cepticismo profissio- mecanismos alternativos recomendaria neste contexto?
nal»? Como? (17) Será a nomeação por terceiros justificada em de-
(7) Será necessário reconsiderar a percepção negativa terminados casos?
associada aos relatórios de auditoria com reservas? (18) Será necessário limitar no tempo o envolvimen-
Em caso afirmativo, como? to continuado de uma mesma firma de auditoria?
(8) Que informação adicional deve ser prestada às Em caso afirmativo, qual deve ser a duração máxi-
partes interessadas exteriores à empresa e como? ma dos trabalhos de auditoria realizados por uma
(9) Existe um diálogo adequado e regular entre os mesma firma?
auditores externos, os auditores internos e o comité (19) As firmas de auditoria devem ser proibidas de
de auditoria? Se não for o caso, como se poderá prestar outros serviços distintos da auditoria? Caso
melhorar a comunicação? tal proibição seja aplicada, deve sê-lo para todas as
(10) Pensa que os auditores devem desempenhar um firmas e clientes ou deverá limitar-se a determina-

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dos tipos de instituições, como as instituições fi- poderão ser fundamentais para enfrentar os riscos
nanceiras de importância sistémica? sistémicos e os riscos de falência de uma firma de
(20) Será necessário regulamentar o nível máximo auditoria?
das comissões que uma firma de auditoria pode re- (32) As razões que levaram à consolidação das gran-
ceber de um único cliente? des firmas de auditoria ao longo das duas últimas
(21) Será necessário introduzir novas regras sobre a décadas (ou seja, oferta global, sinergias) continua
transparência das demonstrações financeiras das a ser válida? Em que circunstâncias se poderá prever
firmas de auditoria? uma inversão dessa tendência?
(22) Que outras medidas poderiam ser previstas em
matéria de governo das firmas de auditoria para re- 6. CRIAÇÃO DE UM MERCADO EUROPEU
forçar a independência dos auditores?
(23) Devem ser exploradas estruturas alternativas (33) Na sua opinião, qual é a melhor maneira de re-
que permitam às firmas de auditoria obter capitais forçar a mobilidade transfronteiriça dos auditores
junto de fontes externas? profissionais?
(24) Concorda com as sugestões relativas aos audi- (34) Concorda com a «harmonização máxima»,
tores de grupos? Tem outras ideias sobre a matéria? combinada com um passaporte único europeu para
os auditores e firmas de auditoria? Considera que o
4. SUPERVISÃO mesmo se deve aplicar às firmas de menor dimen-
são?
(25) Que medidas devem ser previstas no sentido de
melhorar a integração e a cooperação em matéria 7. SIMPLIFICAÇÃO: PEQUENAS E MÉDIAS
de supervisão das firmas de auditoria a nível da UE? EMPRESAS E PEQUENAS E MÉDIAS
(26) De que modo se poderá reforçar a consulta e a SOCIEDADES DE AUDITORIA
comunicação entre os auditores de grandes empre-
sas cotadas e as entidades reguladoras? 7.2. Pequenas e médias sociedades de auditoria (SMP)
(35) Seria favorável a um nível inferior de serviços
5. CONCENTRAÇÃO E ESTRUTURA de auditoria, as chamadas «auditorias limitadas» ou
DO MERCADO «análise legal das contas», para as demonstrações
financeiras das PME, em vez de uma verdadeira
(27) Poderá a actual configuração do mercado de au- revisão legal de contas? Devem esses serviços ser
ditoria representar um risco sistémico? condicionais, consoante as contas tenham ou não
(28) Considera que tornar obrigatória a formação de sido elaboradas por um contabilista (interno ou ex-
um consórcio de firmas de auditoria, com a inclu- terno) adequadamente qualificado?
são de pelo menos uma firma de menor dimensão, (36) Deverá existir um «porto seguro» aplicável às
sem importância sistémica, poderá funcionar como PME no que respeita a uma eventual proibição fu-
catalisador para dinamizar o mercado de auditoria tura da prestação de serviços distintos da auditoria?
e permitir que as pequenas e médias empresas par- (37) Deverão as «auditorias limitadas» ou as «análises
ticipem de forma mais substancial no segmento das legais» ser acompanhadas de regras menos onerosas
grandes auditorias? de controlo interno da qualidade e de fiscalização
(29) Do ponto de vista da melhoria da estrutura dos pelos supervisores? Pode sugerir exemplos de como
mercados de auditoria, concorda com a obrigato- isso poderia ser feito na prática?
riedade de rotação e de selecção de novos audito-
res após um determinado período? Qual deverá ser 8. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
esse período?
(30) Como deve ser tratada a questão da polarização (38) Que medidas poderiam, em seu entender, au-
em torno das «4 grandes»? mentar a qualidade da supervisão dos grandes ope-
(31) Concorda que os planos de recurso, nome- radores do sector da auditoria através da coopera-
adamente os chamados «testamentos em vida», ção internacional?

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Economic Value Added (EVA®)


Medida de desempenho como base da remuneração variável

RUI FILIPE ANTUNES FERREIRA* de Maneio (NEVES, 2001). Neste sentido, desenvolve-se
uma relação mais próxima entre o gestor e os detentores
1. O QUE É O EVA®? de capital da organização, algo que tende a consolidar-se
no caso da remuneração se encontrar indexada ao EVA®
O EVA® (Economic Value Added) é um conceito de- gerado, o que implica que o gestor pense e actue como
senvolvido pela consultora Stern Stewart & Co. no inicio dono da empresa.
da década de 80, que recupera a antiga ideia de Resultado Um sistema de avaliação assente no EVA® permite,
Residual (NEVES, 2001). assim, que todas as decisões sejam pensadas, monito-
Esta ferramenta de medida contempla a diferença en- rizadas, avaliadas, comunicadas e recompensadas em
tre o resultado operacional líquido de impostos e o en- função de uma métrica, envolvendo todos os trabalha-
cargo pelo uso do capital investido (activo fixo líquido e dores em torno do objectivo da criação de valor. Para
necessidades em fundo de maneio). É, desta forma, uma que tal aconteça, é necessário balancear o alinhamento de
métrica que procura analisar o valor criado para o de- interesses e a alavancagem de riqueza, diminuindo assim
tentor de capital. os custos de agência (custos decorrentes de interesses di-
O EVA® pode ser utilizado como uma ferramenta para vergentes entre gestores e detentores de capital) (NEVES,
medir o desempenho histórico, mas também futuro da 2001).
empresa, evidenciando os factores que levam à criação ou Como referido anteriormente o EVA® é um sistema
destruição de valor (NEVES, 2001). de gestão integrado que possibilita a análise de vários as-
pectos na empresa (STEWART, 1999):
EVA®=NOPAT−WACC×IC 1. Medir a performance: com base no resultado eco-
nómico de criação de valor para o detentor de ca-
Em que: pital;
• NOPAT (Net Operating Profit Afcter Taxes) = Resulta- 2. Redesenhar o sistema de gestão: de forma a per-
do Líquido de Impostos mitir que a melhoria dos processos estratégicos, da
• WACC (Weighted Average Cost of Capital) = Custo de alocação de recursos (humanos e materiais) e a ges-
Capital Médio Ponderado tão de resultados tenham orientação para a criação
• IC (Invested Capital) = Capital Investido de valor;
3. Motivar os gestores: a criar valor para o detentor
De notar que o NOPAT poderá ser calculado da se- de capital, ao relacionar o sistema de remuneração
guinte forma: dos gestores com a criação de valor;
NOPAT = EBIT (1-t) 4. Orientação de uma cultura de criação de valor:
através de treino e comunicação, tornando os gestores
Em que: mais conscientes da necessidade de criação de valor.
• EBIT (Earnings Before Interest and Taxes) = Resultado
Operacional
• t = Taxa de imposto efectiva

A mudança mais significativa na adopção do EVA®


como métrica de medição da performance reside na quan-
tificação do custo de oportunidade do capital utilizado, o
que obriga os gestores operacionais das diferentes uni-
dades de negócio a utilizarem os seus activos de for-
ma mais responsável, centrando a sua atenção no Activo
Fixo ao seu dispor, bem como nas Necessidades de Fundo

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2. QUAIS AS IMPLICAÇÕES FINANCEIRAS Normalmente, os investidores privilegiam os programas


NO USO DO EVA®? de distribuição de acções, opções e remunerações variáveis
de acordo com as vendas ou os recebimentos.
A empresa criadora do conceito de EVA® indica que há
Um dos principais, se não o principal, objectivos do
aspectos das normas contabilísticas que distorcem a no-
plano é a remuneração gerar incentivos para a criação de
ção de desempenho económico, pelo que sugerem alguns
valor para os detentores de capital, fruto de um desempe-
ajustamentos. Segundo alguns críticos, nem sempre os ajus-
nho melhor que o esperado.
tamentos são indispensáveis e, quando o são, podem ser Normalmente, os planos de remunerações dos ges-
limitados a um número mais reduzido. Passamos a descrever tores regem-se por uma componente fixa (salário), be-
alguns dos ajustamentos a realizar (NEVES, 2001): nefícios (ex.: veículo, casa, comunicações, etc.) e uma
PRINCÍPIOS componente variável (ex.: prémios). Como o próprio
ANÁLISE EVA® nome indica a componente variável depende de variá-
CONTABILÍSTICOS
Apesar do insucesso com
veis associadas que quando atingidas possibilitam um
Activos que não produzam os activos em causa, foi valor extra na sua remuneração base (componente fixa
rendimentos e dos quais um investimento, como e benefícios).
não se espera recuperação tal deverá manter-se no A empresa deverá definir o plano de remuneração va-
de algum valor, devem-se balanço. Caso contrário, riável de acordo com os resultados que pretende obter, e
registar a correspondente estaremos a subestimar os que essencialmente passam, no princípio da continuida-
perda por imparidade. investimentos realizados
de, por incentivar as pessoas a tomar as mesmas decisões
pela empresa.
que os detentores de capital tomariam.
A realização destes
Resumidamente, um sistema de remunerações variáveis
procedimentos afasta o
deverá ter como características as seguintes (STEWART,
As provisões do exercício resultado operacional da
são estimativas de gastos noção de fluxo de caixa. As 1999):
futuros em resultado de provisões devem somar-se, • Quantidade moderada de medidas de performance;
acontecimentos/ decisões líquidas de impostos, aos • Medidas de performance em linha com a criação
passadas. resultados operacionais. As de valor;
provisões acumuladas são • Simplicidade de obtenção e análise da medida;
somadas ao capital investido. • Metas objectivas e pouco sujeitas à negociação;
O EVA® será melhor • Pouca subjectividade;
calculado se as depreciações • Performance medida num nível suficientemente
forem económicas. As
A generalidade das empresas baixo para que haja controlo da mensuração pelas
depreciações devem ser
utiliza o critério fiscal das
calculadas de acordo com a
pessoas e alto o suficiente para que incentive a co-
depreciações constantes. operação;
vida económica do bem e o
custo de capital da empresa • Não existência de mínimos e máximos que limi-
(para o valor residual). tem o pagamento da remuneração variável;
• Interligação com o plano de remuneração completo;
Tendo em conta o contexto empresarial português,
• Sustentado em boas práticas de comunicação.
pode afirmar-se que, para a maioria das empresas, o re-
No lado dos objectivos, um plano de remunerações
sultado dos ajustamentos não é muito relevante, mas
variáveis deverá permitir (YOUNG; O’BYRNE, 2000):
como é certo haverá excepções. Segundo vários estudos,
• Alinhamento dos interesses (diminuição dos pro-
os ajustamentos às demonstrações financeiras têm um
blemas de agência): incentivar os gestores a agirem
impacto marginal e, dada a complexidade dos mesmos,
de acordo com os interesses dos detentores de capi-
sugerem que seja mais prático utilizar os princípios conta-
tal;
bilísticos geralmente aceites (NEVES, 2001).
• Alavancagem de riqueza (diminuição dos proble-
3. COMO RELACIONAR O EVA® mas de agência): incentivar os gestores a assumirem
COM A REMUNARAÇÃO VARIÁVEL? riscos proactivamente, que permitam gerar valor;
• Retenção: minimizar a possibilidade de perda dos
O plano de remunerações dos gestores de uma em- gestores-chave, principalmente em períodos de bai-
presa indica várias vezes a forma como a mesma é gerida. xo desempenho;

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• Perspectiva do detentor de capital: relacionar trarão rendimentos e por outro lado não se preocuparão
directamente os gastos com a remuneração dos em alturas adversas onde os resultados negativos são re-
gestores com os resultados alcançados para os de- alidade na empresa, uma vez que têm o seu rendimento
tentores de capital, ou seja, maximizando o valor garantido.
da empresa. Resumidamente, este modelo apresenta as seguintes
Um plano de remunerações com elevada alavancagem desvantagens (YOUNG; O’BYRNE, 2000):
criará incentivo, mas aumentará o risco de gestores-chave • Sendo utilizada uma medida de desempenho con-
abandonarem a empresa em períodos menos bons. Já um tabilística, não é considerado o custo do capital
plano de remunerações com alta alavancagem, mas com próprio, pelo que poder-se-á não estar a gerar valor
reduzido alinhamento poderá elevar os custos se a empre- para o detentor de capital;
sa estiver a recompensar comportamentos que não contri- • A existência de um limite inferior e superior permi-
buem para o aumento da riqueza dos detentores de capital te, de certa forma, ao gestor reconhecer rendimentos
(KRAUTER, 2005). ou gastos em períodos futuros, de forma convenien-
Assim, um plano de remunerações variáveis precisa de te para o mesmo;
ter em consideração a estratégia (de curto e de médio/ • As medidas de desempenho são ajustadas anualmen-
longo prazos), a estrutura organizativa, os valores (cultu- te. Estes ajustamentos podem destruir efeitos de ala-
ra organizacional), os processos e as pessoas, devendo ser vancagem e enfraquecer os objectivos traçados.
suficientemente flexível para se ajustar às circunstâncias
dinâmicas quer da envolvente interna quer da externa REMUNERAÇÃO VARIÁVEL TRADICIONAL
(KRAUTER, 2005).

3.1 MODELO DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL


TRADICIONAL

Um modelo tradicional de remuneração variável


premeia os gestores com base em metas pré-estabe-
lecidas, de acordo com planos estratégicos. As carac-
terísticas deste modelo são (YOUNG; O’BYRNE,
2000):
• O objectivo de desempenho a ser atingido é nor- 3.2 MODELO DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL
malmente uma medida unicamente financeira (ex.: INDEXADA AO EVA®
resultado líquido, vendas, recebimentos);
• A meta de desempenho é ajustada anualmente; O modelo de remuneração variável com base no
• Existe, normalmente, um máximo e um mínimo EVA® elimina o limite inferior e o superior e in-
definidos para a remuneração variável face ao ob- clui uma “conta corrente” (retenção de uma parte da
jectivo alcançado. remuneração variável) para garantir que o resultado
Neste modelo de remuneração não existe prémio va- da empresa seja sustentável a longo prazo. Ou seja,
riável até que o mínimo de desempenho seja alcança- apoia-se na filosofia que se o indicador cresce, a riqueza
do (STEWART, 1999). Quando alcançado o mínimo, o do detentor de capital, também, aumenta e, portanto,
prémio cresce com o desempenho, sendo quase sempre os aumentos na remuneração dos gestores são auto-
indexado a um limite máximo de prémio (STEWART, financiados.
1999). O facto de possuírem um limite inferior e outro Com o EVA® os gestores são incentivados a (STEWART,
superior faz com que as performances acima de deter- 1999):
minado valor deixem de ser recompensadas e as más • Aumentar os resultados operacionais;
performances raramente são penalizadas (STEWART, • Investir apenas os resultados adicionais e cobri-
1999). rem a despesa pelo capital adicional;
Estes aspectos incentivam a que os gestores não se es- • Deixar de investir quando o retorno gerado não
forcem por alcançar resultados elevados que já não lhes for igual ou superior ao custo de capital.

40 &217$%,/,'$'( (PSUHVDV_-$1)(9_QžVpULH
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Para que a teoria da remuneração variável com base no • É pago 1/3 ao gestor e os restantes 2/3 são depositados na
EVA® seja melhor utilizada é recomendável (STEWART, “conta corrente”.
1999): No Ano 1 o EVA® situou-se em 500.000. O gestor teve
• A sua utilização por níveis, de acordo com a estru- direito a um prémio de 17.500 ( 500.000 x 3,5%), que
tura da empresa; é somado ao valor na “conta corrente”, perfazendo um total
• A distribuição de uma parte da remuneração va- disponível para pagamento de 42.500. Desta forma, neste
riável, contemplando a criação de uma “conta cor- ano o gestor recebe menos que o prémio do ano, ou seja,
rente”; 14.167 ( 42.500 x 1/3), ficando o restante montante na
• Uma comunicação eficaz do plano de remunera- “conta corrente” ( 28.333).
ções e das metas a alcançar. No Ano 2, a empresa obteve um EVA® que se fixou em
-500.000, pelo que o prémio foi negativo em 17.500. O
REMUNERAÇÃO VARIÁVEL COM BASE NO EVA® prémio negativo foi subtraído à “conta corrente” que transi-
tou do Ano 1 ( 28.333), perfazendo um total disponível
para pagamento de 10.833. Seguindo a regra de pagamen-
to de 1/3, foi pago ao gestor 3.611.
Já no Ano 3, a empresa não conseguiu ter um EVA®
positivo, o qual se fixou em -275.000, gerando um pré-
mio negativo de -9.625. A “conta corrente” passou a ter
saldo negativo de -2.403 (não atingiu o limite inferior de
-2.500). Desta forma, o gestor não teve direito a receber
qualquer montante de prémio.
No sentido de analisar a aplicabilidade do EVA® como
Ano 1 Ano 2 Ano 3
indicador para a remuneração variável dos gestores, ire-
EVA® 500.000 -500.000 -275.000
mos apresentar duas formas de remuneração variável, sen- Prémio (%) 3,5% 3,5% 3,5%
do uma mais tradicional e outra mais moderna. Prémio 17.500 -17.500 -9.625
Saldo inicial “Conta Corrente” 25.000 28.333 7.222
3.2.1 Modelo Tradicional de Remuneração Variável Disponivel para pagamento 42.500 10.833 -2.403
Indexada ao EVA® Índice de pagamento 33% 33% 33%
Prémio pago 14.167 3.611 0
Este modelo prevê o pagamento de uma percenta- Saldo Final “Conta Corrente” 26.333 7.222 -2.403
gem fixa do EVA®. Refere, ainda, que as recompensas são Fonte: Adaptado de NEVES (2001)
ilimitadas para o sucesso e para o insucesso. Em todo o
caso poder-se-á criar um limite para valores extremamente O facto de o modelo assentar numa percentagem fixa
negativos ou positivos do EVA® (STEWART, 1999). proporciona alavancagem e para uma empresa com EVA®
Este modelo de remuneração cria uma “conta corren- positivo, alinha os interesses dos detentores de capital e
te”, que não é mais que uma retenção de parte dos pré- dos gestores (diminui os conflitos de agência).
mios concedidos, de forma a fazer face a determinadas No entanto, este plano apresenta as seguintes desvan-
circunstâncias (STEWART, 1999). Assim, não se distri- tagens (YOUNG; O’BYRNE, 2000):
bui no ano o total de prémios a que se tem direito de • Uma percentagem sobre o EVA® é uma opção nos
modo a que o gestor não aja, apenas, de acordo com o anos bons para as empresas com baixo desempenho,
curto prazo, para que seja possível retê-lo na empresa, encorajando o gestor a transferir rendimentos e gas-
suaviza as variações dos ciclos de negócios e assegu- tos para outros anos;
ra que apenas a melhoria sustentada seja remunerada • Um baixo nível de desempenho leva ao pagamento
(STEWART, 1999). de um prémio de baixo montante, desmotivando os
Exemplificando: gestores. Já em anos bons os detentores de capital
Sabe-se que: pensarão que estão a remunerar os gestores em ex-
• O Prémio é 3,5% do EVA®; cesso, face ao necessário para os reter na empresa;
• Existe um saldo de 25.000 na “conta corrente”; • Não existe previsão para a melhoria esperada do EVA®,
• Há um limite inferior da “conta corrente” de -2.500 e o que pode levar ao pagamento de prémios considerá-
um superior de 50.000; veis, mesmo sem gerar valor para o detentor de capital.

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3.2.2 Modelo Ajustado de Remuneração Variável Exemplificando:


Indexada ao EVA® No Ano 1 uma empresa melhora o seu EVA® de
-300.000 (Ano 0) para -150.000 (Ano 1), o que im-
O modelo anterior, não contempla a melhoria espe- plica uma variação do EVA® de 150.000. A melhoria
rada do EVA®, podendo levar ao pagamento de prémios (ME) esperada em EVA® para o Ano 1 é de 50.000,
consideráveis, mesmo sem gerar valor para o detentor de enquanto a percentagem para remunerar a melhoria é de
capital. 2%. Neste ano a empresa definiu um prémio-base (fixo)
De modo a corrigir esta desvantagem, foi desen- de 1.000, sendo que a “conta corrente” tinha um saldo
volvida uma fórmula para o cálculo dos prémios dos de zero.
gestores, que adiciona à percentagem do EVA® uma O prémio ganho no Ano 1, é de:
percentagem de melhoria do EVA® (melhoria que os • Prémio = 1.000 + (2% × ( 150.000 - 50.000))
accionistas em conjunto com os gestores esperam obter • Prémio = 3.000
para o período em análise face ao homólogo) (YOUNG; O prémio de 3.000 é depositado na “conta corrente”,
O’BYRNE, 2000). pagando-se segundo a regra de saldo no banco ( 3.000) até
à quantia do prémio-base mais 1/3 do excedente do prémio
Prémio = (x% x EVA®) + {y% x (6 EVA® · ME)} ganho (1/3 de 2.000). Assim, o prémio a ser pago ao gestor
é de 1.667, ficando como saldo final da “conta corrente” o
Em que: montante de 1.333.
• x% = percentagem fixa de EVA® (ou valor fixo para No Ano 2 o EVA® diminui para -200.000, temos:
x% x EVA® • Prémio = 1.000 + (2% × ( -50.000 - 50.000))
• y% = percentagem fixa de melhoria de EVA® • Prémio = -1.000
• 6 EVA® = EVA®N – EVA®N–1 Neste sentido, o prémio é negativo, o qual será creditado na
• ME = Melhoria esperada de EVA® = OrçamentoN “conta corrente”, reduzindo o saldo para 333. Uma vez que
– RealN–1 o saldo intermédio é menor que o prémio-base, o gestor receberá
apenas o montante que resta na “conta corrente”, ou seja, 333.
Neste caso, o objectivo do EVA® poderá ser positivo No Ano 3 o EVA® passou para 50.000, pelo que temos:
ou negativo, pois fazer com que o EVA® seja menos ne- • Prémio = 1.000 + (2% × ( 250.000 - 50.000)
gativo que o esperado é tão válido para criar valor, como • Prémio = 5.000
torná-lo mais positivo. O prémio é assim depositado na “conta corrente”, sendo
Nesta fórmula existem três razões para se exceder a que o saldo fica igual a 5.000, fruto do inicial ser igual
melhoria do EVA® (YOUNG; O’BYRNE, 2000): a zero. No entanto, paga-se segundo a regra o prémio fixo
• O interesse de melhorar o EVA® leva a uma maior ( 1.000) mais 1/3 do excedente da variação (1/3 de
racionalização em termos de incentivo/ gasto; 4.000), portanto, o gestor receberá 2.333, ficando 2.677
• Pode ser aplicado a todas as empresas e não apenas na “conta corrente”.
para as que apresentam EVA® positivo; Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3
• Fornece uma ligação mais directa com a criação de EVA® -300.000 -150.000 -200.000 50.000
riqueza para o detentor de capital. _ EVA® 150.000 -50.000 250.000
Neste modelo o prémio pode ser positivo, negativo Melhoria Esperada EVA® (ME) 50.000 50.000 50.000
Prémio-Base 1.000 1.000 1.000
ou igual a zero. O prémio ganho é creditado na “conta
% sobre a Melhoria Esperada EVA® 2% 2% 2%
corrente” e é o saldo dessa “conta” que determina o mon- Saldo Inicial “Conta Corrente” 0 1.333 0
tante do prémio a pagar. Existe, normalmente, uma regra Prémio ganho 3.000 -1.000 5.000
de pagamento, mas a mesma pode ser ajustada de acordo Saldo Intermédio “Conta Corrente” 3.000 333 5.000
Índice de pagamento 33% 33% 33%
com a empresa (YOUNG; O’BYRNE, 2000):
Prémio pago 1.667 333 2.333
• 100% do saldo positivo da “conta corrente” até ao Saldo Final “Conta Corrente” 0 1.333 0 2.667
prémio-base (valor que poderá ser fixo), mais 1/3 do
Fonte: Adaptado de YOUNG; O’BYRNE (2000)
saldo da “conta corrente”;
Nota: vários exemplos devem ser analisados sempre dentro da mesma filosofia, no
• Quando o saldo da “conta corrente” é negativo não entanto, poderão ser definidos diferentes pressupostos quer ao nível do prémio-
há lugar a qualquer pagamento. base ou da “conta corrente”.

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O objectivo desta moderna abordagem é o de incen- 4. QUAIS AS CONCLUSÕES A RETER


tivar os gestores a excederem as expectativas de desem- SOBRE O EVA®?
penho, gerando valor para os detentores de capital. Este
modelo remunera os gestores que produzem melhorias Em suma, o EVA® é um dos indicadores, se não o
no EVA® e penaliza a não obtenção dos objectivos de- indicador mais completo de análise de performance finan-
finidos. ceira da empresa, uma vez que conjuga o resultado ope-
Este plano de remuneração variável passa essencial- racional líquido de impostos e os custos do capital inves-
mente por três parâmetros básicos: prémio-base (fixo ou tido para gerar resultados. Neste contexto, consideram-se
percentagem do EVA® do período); melhoria esperada como custos de capital não só os custos de financiamento
do EVA® e intervalo de EVA® (YOUNG; O’BYRNE, por capitais alheios como, também, os custos dos capitais
2000). próprios.
O prémio-base apoia-se no nível de remuneração das O EVA® apresenta como principais características:
empresas similares existentes no mercado ou um valor defi- Vantagens:
nido entre os gestores e os detentores de capital (YOUNG; • Conduz a melhores decisões de gestão, uma vez que
O’BYRNE, 2000). A melhoria esperada do EVA® é fixada se concentra na criação de valor;
de maneira a remunerar os detentores de capital, para este • É um indicador de fácil compreensão e aplicação;
efeito será necessário estabelecer orçamentos de gestão para • É possível subdividir o EVA® por áreas funcionais,
que os mesmos sejam analisados entre a gestão e os deten- exercendo um mecanismo de motivação e de res-
tores de capital. O intervalo do EVA® serve para definir o ponsabilização das pessoas;
volume não atingido, onde a rentabilidade do detentor de Desvantagens:
capital é igual a zero, o que faz com que não se remunere os • Dificuldade do custo de capital médio ponderado e
gestores (YOUNG; O’BYRNE, 2000). dos possíveis ajustamentos.
Sendo o EVA® uma ferramenta de análise de perfor-
3.2.3 Reflexões sobre o Modelo de Remuneração mance encaixa perfeitamente como um indicador de re-
Variável Indexada ao EVA® muneração variável, uma vez que elimina os conflitos de
agência, levando o gestor a criar valor para o detentor de
Os maiores debates no caso do modelo de remunera- capital.
ção variável indexado ao EVA® dizem respeito à actualiza-
5. BIBLIOGRAFIA
ção anual das expectativas em relação ao EVA®, à inclusão
do desempenho da organização no cálculo do prémio e a • KRAUTER, E., (2005), “Plano de remuneração va-
alocação de melhorias especadas no EVA® (KRAUTER, riável atrelados ao EVA®: um estudo de caso”, Re-
2005). vista Alcance: Univali, Vol. 12, nº 2 (Maio-Agosto),
Os autores que defendem a actualização anual das ex- 257-268
pectativas em relação ao EVA® fazem-no essencialmente • NEVES, J. CARVALHO DAS (2001), “Análise Fi-
devido a uma relação directa entre os pagamentos dos pré- nanceira Vol.II: Avaliação do Desempenho Baseada
mios e o valor da empresa para os detentores de capital, le- no Valor”, Texto Editora, (2ª edição)
vando a melhores decisões de investimento. Ao contrário • STEWART III, G. B. (1999), “The quest for value: a
desta prática, outros autores defendem a ausência de ac- quide for sénior managers”, New York: Harper Business
tualização anual pois possibilita que os gestores protejam • YOUNG, S. D.; O’BYRNE, S. F. (2000), “EVA®
as decisões de investimento, aumentando a possibilidade and value based managment: a pratical guide to im-
destes planos exercerem influência no comportamento plementation”, McGraw-Hill
dos gestores, levando a efeitos de alavancagem (KRAU-
TER, 2005).
Em empresas com uma estrutura claramente definida e
com gestores de departamento é essencial que para um mo-
delo de remuneração variável indexado ao EVA® seja feito
ao nível das várias divisões da organização, tendo por base *Lic. Gestão (U. Minho), Pós-graduação em SNC (IPCA),
Mestrando em Finanças e Fiscalidade (FEP),
a realização de orçamentos ao nível dessas mesmas divisões. Consultor de Gestão da Partner to Partner, SA.

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Amadeu Ferreira, vice-presidente da CMVM, avisa

Intermediários financeiros devem ter


modelos de gestão de risco uniformes
Os reguladores têm encorajado as instituições finan- dos clientes, a detecção de fraudes e irregularidades, a ava-
ceiras a validarem, de forma independente, os respectivos liação dos meios de controlo e do cumprimento de políti-
modelos de gestão de risco, para avaliarem a probabilidade cas de ética e códigos de conduta. Deverá ainda envolver
e magnitude de potenciais riscos. Mas a actuação neste do- a realização de testes de esforço, “de forma a determinar
mínio está longe de ser uniforme. Neste âmbito, o sistema a capacidade do intermediário financeiro cumprir os ob-
de controlo interno assume especial importância, como jectivos, numa conjuntura adversa e durante um período
fez notar Amadeu Ferreira, vice-presidente da Comissão determinado.
do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), durante a
Conferência Anual do Instituto Português de Auditoria Relatório anual para a CMVM
Interna.
“O sistema de controlo interno não é um fim em si Amadeu Ferreira indicou os casos em que as funções
mesmo, deve servir os objectivos estratégicos de gestão. de “compliance”, auditoria interna e gestão do risco devem
Cabe ao órgão de administração zelar pela sua eficácia e de ser exercidas por serviços autónomos. No que toca a “com-
dar a sua opinião sobre a mesma. A eficácia deste sistema é pliance”, caso o intermediário financeiro tenha seis ou mais
essencial para a confiança nas instituições e para a protec- trabalhadores dedicados a actividades de intermediação –
ção dos investidores”, adiantou Amadeu Ferreira, que pas- excluindo os administradores – e proveitos operacionais
sou a definir os objectivos do sistema de controlo interno. no exercício anterior a partir de um milhão de euros. No
Desde logo, consiste em identificar e gerir os riscos das que respeita à auditoria interna e à gestão de risco, “caso
actividades, dos procedimentos e dos sistemas e definir o o intermediário financeiro tenha 30 ou mais trabalhado-
nível de risco tolerado, a par da adopção de políticas e me- res dedicados a actividades de intermediação, excluindo
canismos eficazes para gerir os riscos. Trata-se também de os administradores, e proveitos operacionais no exercício
avaliar a adequação e a eficácia da gestão do risco, bem anterior iguais ou superiores a 20 milhões de euros”. Nos
como avaliar o cumprimento pelo intermediário financeiro intermediários financeiros que não reúnam estes requisitos,
e pelos colaboradores dos procedimentos de gestão do risco as funções podem ser exercidas no âmbito do mesmo grupo
e corrigir as políticas seguidas. Em causa está ainda a adop- de empresas ou acumuladas com outras, desde que “dota-
ção de um plano de auditoria interna. das dos meios apropriados e exercidas com independência”.
As funções de “compliance”, na sua óptica, passam por O órgão de administração deve enviar, anualmente, à
cinco pontos fundamentais, designadamente a identifica- CMVM um relatório sobre controlo interno, o qual deverá
ção dos riscos de incumprimento, a aplicação de medidas conter uma opinião global daquele órgão sobre a adequa-
para a sua correcção ou mitigação, a colaboração com a ção e a eficácia do sistema de controlo interno, a descrição
CMVM, a prevenção e o combate ao abuso de mercado, sintética do negócio e as perspectivas de evolução futura,
o branqueamento de capitais e a fraude e, por último, a um organograma, descrição de competências funcionais
análise de ordens e operações. Naturalmente, estas funções e identificação dos responsáveis. Terá ainda que incluir as
obrigam a requisitos de independência, como a designação actividades e/ou funções subcontratadas e identificação das
de um responsável com poderes e acesso a informação, a empresas contratadas, a identificação dos responsáveis de
disponibilização de meios, remuneração adequada dos co- “compliance”, gestão do risco e auditoria e descrição das
laboradores que exercem a função e proibição de ligações deficiências detectadas. Finalmente, a descrição, por áreas
entre os colaboradores destas áreas a outros serviços. funcionais, das deficiências não corrigidas, justificação e
As funções de auditoria interna incluem a adopção e prazo previsto para a correcção, a demonstração das con-
a execução do plano de auditoria, a avaliação do sistema dições para beneficiar das excepções aplicáveis e a descrição
de gestão de risco e dos processos de salvaguarda dos bens do plano de auditoria interna.

44 &217$%,/,'$'( (PSUHVDV_-$1)(9_QžVpULH
#551%+#6+8+5/1

OTOC aprova PAO/2011


A OTOC aprovou por larga maio- propriamente ditas o CD/OTOC
ria dos TOC presentes na Assembleia mantém, de uma forma geral, os di-
Geral ordinária de 17 de Dezembro, versos tipos de acção de formação (vg.
realizada em Santarém, o Plano de eventual, segmentada, permanente,
Actividades e Orçamento para 2011 recorrente, à distância) que tem de-
(PAO/2011), disponível para downlo- senvolvido até agora e organizará en-
ad no sítio da OTOC, prevendo-se um tre outros, os seguintes eventos:
total de rendimentos de 15.941.172 − Quarto Encontro em História
euros (menos 5% que em 2009), um da Contabilidade, organizado
total de gastos de 15.305.710 euros pela Comissão de História da
(menos 5% que em 2009), e um resul- Contabilidade da OTOC;
tado líquido do período de 635.462 − XI PROLATINO, em homena-
euros (menos 22% que em 2009). gem ao seu fundador (“pai”), o
Relativamente aos rendimentos, saudoso Professor Doutor Lo-
cerca de 70% resultarão de quotas pes de Sá.
e 23% das acções de formação. Nos − Conferência Internacional da
gastos 24,14% referem-se a gastos EFAA;
com o pessoal e 66% a fornecimentos − Conferência Internacional com de responsabilidade civil, o fundo de
e serviços externos. o CILEA, a realizar na Madeira. pensões, o fundo de solidariedade so-
Relativamente ao orçamento de A OTOC continuará a promover, cial e o seguro de saúde.
investimentos, o Conselho Directivo em colaboração com outras entida- No que se refere ao projecto da
da OTOC (CD/OTOC) prevê gastar des, os Prémios de Investigação “Ro- “Casa do TOC” e Centro de Forma-
1.319.700 euros, dos quais 839.700 gério Fernandes Ferreira” e “António ção, cujo investimento foi aprovado
euros para equipamentos adminis- Lopes de Sá”. em assembleia geral extraordinária
trativo e 500.000 euros para a “Casa A OTOC manterá os principais realizada em 2010, propõe-se o seu
TOC”. instrumentos de apoio social aos “congelamento” afectando-se apenas
No que se refere às actividades membros, nomeadamente o seguro um valor de 500.000 euros.

OROC aprova PAO/2011


A Ordem dos ROC (OROC) aprovou o Plano de Acti-
vidades e Orçamento para 2011 (PAO/2011), em Assem-
bleia Geral Ordinária, prevendo um total de rendimentos
de 2.174.220 euros, um total de gastos de 2.089.955 eu-
ros e um resultado líquido do período de 84.265 euros.”.
Relativamente às actividades, o Conselho Directivo
da OROC estabelece como prioridades, entre outras, o
acompanhamento da evolução internacional da profissão,
nomeadamente no âmbito do Livro Verde sobre Audi-
toria da UE, o debate sobre a evolução da profissão em
Portugal, a conclusão da revisão do Código de Ética e De-
ontologia e promover a sua aprovação.

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5'%614'5

Legalidade e transparência colocadas em causa

Sector da construção rejeita alteração


ao Código dos Contratos Públicos
O sector da construção está contra
a alteração efectuada em sede do Có-
digo dos Contratos Públicos (CCP).
Em causa está a medida que elimina
o actual prazo suspensivo para a ou-
torga dos contratos, relativamente aos
procedimentos cujos anúncios não
tenham sido publicados no Jornal
Oficial da União Europeia.
As críticas da Associação de Em-
presas de Construção, Obras Públicas
e Serviços (AECOPS) são muito du-
ras. Acusa o legislador de continuar
a colocar em causa os princípios da
legalidade e da transparência que de-
vem presidir sempre que esteja em to.” O anterior regime determinava teça se não tiver havido a publicação
questão a gestão dos dinheiros pú- que a outorga do contrato nunca do procedimento no Jornal Oficial da
blicos. “A alteração foi introduzida deveria ter lugar antes de decorridos União Europeia.
a pretexto da transposição para o di- dez dias sobre a data de notificação E adianta a associação a este pro-
reito interno da Directiva Recursos e da decisão de adjudicação a todos os pósito: “Sabendo-se que apenas os
modificou o princípio geral do CCP concorrentes, mas com a alteração procedimentos de valor ou igual su-
em vigor sobre a outorga do contra- passa a possibilitar-se que tal acon- perior a 4,845 milhões de euros estão
obrigados a este tipo de publicitação
e que os mesmos representam apenas
UM NOVO CENÁRIO PARA A REABILITAÇÃO URBANA 10% de todas as empreitadas de obras
públicas lançadas no mercado, cons-
O sector da construção espera que o Governo não perca tempo a implementar
as medidas de reabilitação urbana. É que o Executivo garantiu a apresentação tata-se que a alteração efectuada res-
de cinco medidas até ao final do primeiro trimestre, pelo que a fileira quer agora tringe fortemente a a aplicabilidade
que a promessa seja cumprida e criado um novo contexto de negócio para a de um princípio que tem por objec-
reabilitação urbana. tivo dar aos interessados um período
Uma das propostas passa por simplificar e tornar eficazes os procedimentos para de tempo suficiente para analisarem a
o senhorio poder recuperar o seu imóvel perante o incumprimento do contrato de
decisão de adjudicação e avaliarem a
arrendamento. Uma outra medida respeita à criação de linhas de financiamento,
possibilidade de interporem recurso.”
o que poderá acontecer por via da constituição de uma linha de crédito
específica e de dois fundos. Também há a intenção de simplificar os processos É perante este cenário que a entida-
conducentes à realização de obras de reabilitação, o que implica a elaboração de de defende que a previsão daquele
nova legislação. Além disso, consta do diploma a publicar a criação de áreas de prazo suspensivo deve ser acautelada,
reabilitação urbana, bem como apoiar o lançamento desse tipo de operações. independentemente do contrato a ce-
Ainda que optimista, o sector faz notar que se tratam de medidas que estão lebrar.
ainda em preparação. Falta adoptar os instrumentos (processos) que permitam
A referida associação encontra
agora a sua concretização efectiva, o que depende dos resultados das reuniões a
como justificação para esta alteração
efectuar pelo Governo com todos os agentes ligados à reabilitação urbana.
a conhecida demora e o congestiona-

46 &217$%,/,'$'( (PSUHVDV_-$1)(9_QžVpULH
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mento dos tribunais. Por outro lado, Mudanças as situações de incumprimento das
é mais uma situação em que o legis- normas que determinam a publica-
lador, a pretexto de uma maior sim- O legislador procedeu a alterações ção de anúncio de lançamento de
plicidade e transparência, “acaba ao e aditamentos ao regime da procedimento pré-contratual naquele
arrepio do espírito e da filosofia que contratação pública, em termos jornal, assim como das normas que
estiveram subjacentes à criação do das regras de formação de contratos estabelecem um prazo de suspensão
Código, por condicionar a aplicação e da sua invalidade consequente. mínimo de dez dias entre a notifi-
de princípios tidos por intocáveis nes- cação da decisão de adjudicação e a
ta área, tal como sucedeu, por exem- um novo artigo que representa um outorga do contrato.
plo, com a extensão da aplicação do mecanismo que confere à entidade Fica definido como regra a anula-
procedimento dos concursos públicos adjudicante – ainda que não tenha bilidade dos contratos que vão con-
urgentes às empreitadas de obras pú- sido publicado no JOUE um anún- tra as disposições agora estabelecidas.
blicas”. cio antes do lançamento de um pro- No entanto, mantém-se a possibili-
cedimento de formação de contrato dade de afastar o efeito de anulação
Dois novos artigos – a possibilidade de publicação da do referido contrato. O novo regime
respectiva decisão de adjudicação. O permite afastar a anulação do contra-
O legislador procedeu a alte- que permite aos terceiros interessa- to, a partir do momento em que seja
rações e aditamentos ao regime da dos conhecer a decisão antes da ou- determinada uma redução da dura-
contratação pública, em termos das torga do contrato. ção do mesmo ou, em alternativa, a
regras de formação de contratos e da No que respeita à invalidade con- aplicação de uma sanção pecuniária,
sua invalidade consequente. Quanto sequente de contratos, também um num valor inferior ou igual ao preço
à formação de contratos, juntou-se novo artigo define novas regras para do contrato.

Atrasos nos pagamentos são alarmantes


A carga fiscal que incide sobre as empresas é tido como
um problema grave no crescimento económico do país. A
situação torna-se ainda mais grave se se juntar a questão
dos atrasos nos pagamentos. Neste âmbito, os números
mais recentes da consultora Intrum Justitia assumem pro-
porções alarmantes.
As empresas nacionais esperam, em média, cerca de
159 dias para pedirem a terceiros que se encarreguem da
cobrança das suas facturas. O que significa que o prazo
de recebimento e de encaixe de liquidez seja bastante su-
perior a cinco meses. Para mais de 90% das empresas in-
quiridas, a recessão económica do país aponta para que
a tendência futura seja de um aumento do prazo médio
de pagamento e da percentagem de dívidas incobráveis.
Actualmente, em Portugal, está em 2,8%, o que significa
que é uma taxa superior aos 2,4% da média europeia. Esta
é uma situação tida como grave pelas empresas, já que
representa falta de liquidez e de condições para fazer face
às exigências fiscais e bancárias.

&217$%,/,'$'( (PSUHVDV_-$1)(9_QžVpULH 47
5'%614'5

Novas medidas entraram em vigor

Código Contributivo agiliza procedimentos


entre contribuintes e Segurança Social
Estão em vigor dois novos diplomas relativos a me-
didas no âmbito da Segurança Social. Consistem na re-
gulamentação do novo Código Contributivo, aprovado
pela Lei nº 110/2009, de 16 de Setembro, e na integra-
ção dos trabalhadores do sector bancário na Segurança
Social, neste último caso após acordo com os sindicatos.
A entrada em vigor do Código Contributivo foi adia-
da por um ano, sendo que o anterior documento so-
freu algumas alterações, de acordo com as necessidades
impostas pelo actual contexto. Agora os diplomas estão
regulamentados.
Quanto à regulamentação do Código Contributivo,
trata-se de simplificar e agilizar o relacionamento entre
os contribuintes e o sistema de Segurança Social. Assim,
passou a ser obrigatória a utilização da internet por parte
de todos os intervenientes, isto é, empregadores, trabalha-
dores e gestores do sistema da Segurança Social. O que cumprimento da obrigação contributiva. Convém referir
significa que sempre que houver comunicações, apresen- que todas estas medidas estão previstas no Orçamento do
tação de declarações ou requerimentos, o processo deverá Estado para este ano.
decorrer por via electrónica.
Mas o decreto em causa vai ainda mais longe, con- Banca integrada no regime geral da Segurança Social
tendo várias regras em termos da relação jurídica de vin-
culação e da cessação ou alteração do tipo de contrato de Como já é do conhecimento público, o sector ban-
trabalho. O mesmo se passa ao nível de eventuais remune- cário passou a estar integrado no regime geral da Segu-
rações, isenções ou reduções de taxas contributivas. Estão rança Social, depois de conversações entre as entidades
ainda previstas as regras sobre os procedimentos aplicáveis interessadas, entre as quais se contaram os sindicatos. Um
aos membros de órgãos estatutários, aos trabalhadores processo que decorreu de forma pacífica, com ambas as
independentes ou enquadrados em situações específicas, partes a saírem beneficiadas. Para os trabalhadores poderá
bem como equiparadas ao trabalho por conta de outrem. ser motivo de uma maior segurança, enquanto permitiu
E são objecto de regulamentação aspectos como o regime ao Estado encaixar vários milhões de euros.
de seguro social voluntário, o registo de remunerações, os Acontece que, através do acordado, passam a bene-
meios e os locais de pagamento das contribuições. Não ficiar do regime geral da Segurança Social, nos casos de
menos importantes são a regularização da dívida à Segu- paternidade, adopção e velhice, os funcionários da banca
rança Social e a situação contributiva existente em dado no activo abrangidos pelo regime de Segurança Social
momento. substitutivo, desde que constante do instrumento de re-
De salientar que a regulamentação de alguns aspec- gulamentação colectiva de trabalho. Naturalmente, em
tos são remetidos para portaria a emitir pelo membro do vigência à data da entrada em vigor do diploma e que
Governo responsável pela área da Segurança Social. São sejam beneficiários da Caixa de Abono de Família dos
os casos, por exemplo, de requerimentos, comunicações Empregados Bancários. De resto, o diploma limita-se a
e declarações, necessários à aplicação do Código Contri- definir as orientações inscritas no Orçamento do Estado
butivo. O mesmo se passa ao nível da regularização do para 2011.

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5'%614'5

Legislação mais apertada para agências de rating

Finanças querem garantir solidez


das instituições financeiras
O Governo pretende garantir a aos “grandes riscos” das instituições
solidez das instituições financeiras e financeiras, reforçando ainda as regras
promover o reforço das entidades de relativas à monitorização e controlo
supervisão nesta matéria. Nessa pers- nesta matéria. Um reforço fundamen-
pectiva, o Decreto-Lei nº 140-A/2010 tal para tratar situações de concentra-
está em linha com os objectivos de ção excessiva de posições de risco em
reforma do modelo de regulação e relação a um único cliente ou grupo
supervisão financeira em Portugal e dos “instrumentos de capital híbrido de clientes ligados entre si.
com as medidas de racionalização a e a concretização de princípios para Uma outra medida passa pela
adoptar no sector público. Decorre a gestão de risco de liquidez das ins- adopção do conceito de “sucursal sig-
ainda da transposição de três directi- tituições financeiras. É fundamental nificativa”. O que significa que as su-
vas distintas, a nº 2009/111/CE, do estabelecer critérios para que esses cursais de instituições estrangeiras em
Parlamento Europeu e do Conselho, instrumentos de capital sejam elegí- Portugal, cuja quota de mercado exce-
de 16 de Setembro, a nº 2009/27/ veis para fundos próprios de base das da os 2% e que assumam uma dimen-
CE, da Comissão, de 7 de Abril, e a instituições de crédito. são e importância significativa em ter-
nº 2009/83/CE, da Comissão, de 27 Por outro lado, o Ministério das mos de números de clientes, tenham
de Julho. Finanças adianta que são reforçados obrigações de informação acrescidas.
Considera o Ministério das Finan- os princípios que devem reger a gestão Deste modo, trata-se de uma obriga-
ças que o diploma tem objectivos bem do risco de liquidez, o que é um as- ção fundamental para que sejam co-
definidos. Desde logo, reforçar a soli- pecto decisivo para a manutenção das municadas as informações essenciais
dez das instituições financeiras e tor- condições financeiras das instituições para o exercício das funções de super-
nar mais exigente o reconhecimento de crédito. Os critérios estabelecidos visão das autoridades nacionais.
das instituições externas de avaliação são reforçados, com vista a alinhar as Um último aspecto merece espe-
de crédito, as denominadas agências disposições com o trabalho realizado cial atenção. São estabelecidas regras
de rating. Há também a intenção de pelo Comité das Autoridades Euro- mais rigorosas sobre as operações fi-
melhorar e reforçar os poderes das peias de Supervisão Bancária e pelo nanceiras que envolvam a titulariza-
autoridades de supervisão, bem como Comité de Basileia sobre Supervisão ção de créditos. São estabelecidas con-
tornar as operações desenvolvidas por Bancária. dições para que as entidades que não
sucursais em Portugal de instituições actuem na qualidade de instituição
financeiras estrangeiras mais trans- Autoridades de supervisão cedente ou patrocinadora assumam
parentes e fiscalizável. Não menos com reforço dos poderes risco de crédito em posições de titula-
importante é consagrar regras mais rização. Prevê-se que uma instituição
rigorosas sobre as operações financei- Do diploma consta uma maior que não actue na qualidade de enti-
ras que envolvam a titularização de exigência no reconhecimento das ins- dade cedente ou patrocinadora apenas
créditos. tituições de rating. É realizada uma possa ser exposta ao risco do crédito
Quanto à necessidade de reforçar revisão das regras do processo de re- de uma posição de titularização se a
a solidez das instituições financeiras, conhecimento de instituições exter- instituição cedente ou patrocinadora
destaque para a imposição do reforço nas dessas entidades. Em simultâneo, tiver divulgado expressamente que
da qualidade dos fundos próprios de procede-se à melhoria e ao reforço manterá, de forma contínua, um in-
base das instituições, em especial no dos poderes das autoridades de super- teresse económico líquido substancial
que toca ao estabelecimento de crité- visão. O Banco de Portugal passa a de, pelo menos, cinco pontos percen-
rios para a elegibilidade dos chama- poder definir quais as regras aplicáveis tuais.

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241(+55‚1

Manuel dos Santos lamenta

Governo tem descredibilizado


profissão de Técnico Oficial de Contas
O Governo tem tomado medidas próprio Governo (na pessoa do secre- tamento mais suave e dando mais
que descredibilizam a profissão de téc- tário de Estado dos Assuntos Fiscais) tempo à própria economia. A pressão
nico oficial de contas. Foram os casos assumir que os ROC têm mais com- fiscal sobre os agentes está pratica-
recentes da obrigatoriedade de ROC petência do que os TOC. Mais uma mente no máximo. Por exemplo, ao
para a dedução de prejuízos fiscais ou a vez, não se percebe como foi possível nível do IVA a margem de manobra
isenção de apresentação de contas para a profissão passar a Ordem. é muito reduzida. Admite ainda que
as microentidades, colocando em causa Ainda que ligado ao Partido Socia- os sinais dados pelo poder político
a transparência fiscal. Manuel dos San- lista, Manuel dos Santos parece pouco nos dois últimos anos foram negati-
tos, presidente da Mesa da Assembleia satisfeito com as medidas adoptadas vos. “De há dois anos a esta parte que
Geral da Ordem dos Técnicos de Con- pelo OE e duvida da sua eficácia. So- havia indicadores mais do que sufi-
tas, em entrevista concedida à Revista bretudo porque o ajustamento fiscal é cientes de que seria necessário ir pre-
TOC, tece duras críticas à forma como feito com base no rendimento das pes- parando um plano de aproximação à
se tem tentado humilhar estes profis- soas e não através da redução efectiva austeridade, o que não foi feito. Não
sionais, no meio de “uma insustentável da despesa. Serão os rendimentos do fizemos o que nos competia.”
crise moral do país”. trabalho a pagar o grosso da factura. Manuel dos Santos é de opinião
Os últimos tempos têm ficado “Com a agravante de ser de alguém que que existem cinco crises em Portugal,
marcados por um incompreensível está ligado à administração pública e financeira, moral, económica, social e
ataque aos técnicos oficiais de contas, fiscal. Interiorizou-se a ideia de que era política. “Mas a que mais me preocupa
tendo-lhes sido colada a etiqueta de preciso fazer ajustamentos pela via da é a crise moral. Não é possível pedir ao
irresponsabilidade e incompetência. despesa pública e consagrou-se a noção país um plano de austeridade e, simul-
“Se é preciso um profissional com de que baixando os salários da função taneamente, não limpar certas coisas.
competências diferentes confirmar pública se estava a diminuir a despesa. O caso da antecipação de dividendos é
aquilo que o TOC fez, isso é passar Na prática, diminuir um salário é apli- outro mau exemplo. Quando Eça diz
um atestado de incompetência e co- car um imposto extraordinário. Tudo o que Portugal é um país geralmente cor-
locar em desigualdade duas ordens que tem a ver com rendimentos pode, rompido e que quem sofre não se in-
profissionais. É uma tentativa de me- no fundo, ser interpretado como um digna, isso é indiscutível. O alheamen-
norizar os técnicos oficiais de contas”, aumento da carga fiscal. No fundo, foi- to que a opinião pública demonstra,
refere Manuel dos Santos. Lembra que se pelo caminho mais fácil.” a forma como as pessoas ainda não se
quando o Governo criou a OTOC aperceberam do que lhes vai acontecer,
atribuiu-lhe determinados poderes e Existe uma crise moral deixa-me sem palavras.”
deu-lhe uma certa representatividade. O responsável da OTOC adian-
“Se o mesmo Governo diz agora que Em termos fiscais, Manuel dos ta ainda que foram cometidos erros
afinal deu o estatuto de Ordem aos Santos interroga-se se não teria sido grosseiros no passado. A baixa do IVA
TOC, mas para este serviço não ser- possível seguir um caminho mais ali- em um ponto percentual, o aumen-
vem e recorre ao vizinho do lado, isso viado, de forma a permitir um ajus- to da função pública em mais de 5%,
é absolutamente inaceitável.” muitas parcerias público-privadas que
Importante é que existe uma ques- Profissão foram lançadas, a política dos medi-
tão de fundo muito preocupante, uma camentos, os subsídios atribuídos a
desconfiança implícita relativamente Os últimos tempos têm ficado actividades económicas com reduzida
aos TOC. Manuel dos Santos consi- marcados por um incompreensível possibilidade de produzirem alguma
dera de extrema gravidade o facto do ataque aos TOC coisa.

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241(+55‚1

Domingues de Azevedo, bastonário da OTOC, considera

Técnico Oficial de Contas


é uma profissão de futuro
Um ano decorrido desde a introdu- excessiva proliferação de sistemas de
ção do Sistema de Normalização Con- enquadramento do SNC, estando-se
tabilística (SNC) era altura de fazer o a espartilhar em demasia a aplicação
balanço do novo modelo. Coube à de conceitos. Isto porque existem, ac-
Comissão de Normalização Contabilís- tualmente, quatro níveis de aplicação
tica (CNC) organizar uma conferência do Sistema de Normalização Conta-
sobre o tema. Domingues de Azevedo, bilística. O que pode ter consequên-
bastonário da Ordem dos representou cias negativas, como a manutenção
a profissão mais envolvida no novo mo- das empresas em dado nível ou um
delo, tendo apresentado as vantagens e incentivo à desorganização empresa-
as oportunidades que se colocam, mas sua manutenção, até porque o único rial.
não deixando de revelar também algu- suporte e argumento que têm para se Não restam dúvidas que a profis-
mas preocupações com o que se tem defenderem passará sempre pela sua são de TOC tem um conjunto de de-
passado. boa organização administrativa.” safios perante si e que hoje a posição
À partida, o bastonário quis deixar Mas o bastonário da OTOC tam- destes profissionais é muito diferente
claro que houve – e continua a haver bém se revelou pouco satisfeito com daquela verificada há uns anos atrás.
– um forte esforço por parte dos TOC alguns acontecimentos recentes. Con- A fiabilidade é um fim a atingir, pelo
para se adaptarem às novas regras ins- sidera que a tentativa de isentar uma que é determinante uma maior inter-
critas no SNC. Destacou a importân- boa parte das empresas de contabili- venção dos profissionais nas empresas,
cia da boa contabilidade, sendo que as dade é reveladora da falta de conhe- tem que se verificar uma melhoria na
empresas e os empresários são aqueles cimento destas matérias por parte dos qualidade da informação disponibili-
que mais podem beneficiar com uma deputados da Assembleia da Repúbli- zada e mais preparação dos profissio-
contabilidade fiável. Por exemplo, se ca. Por isso, apela a que o Governo e nais no que respeita ao combate pela
uma empresa tiver necessidade de re- as instituições de ensino dêem mais qualidade profissional.
correr à banca, então uma boa conta- importância à contabilidade e a quem O poder político e o representante
bilidade terá um papel determinante a coloca em prática. Por outro lado, da classe empresarial não estão longe
no acesso ao crédito. No entanto, dei- deixou claro aos muitos profissionais das posições assumidas pelo bastonário
xou claro que o balanço de uma qual- presentes que o SNC custou à Ordem da OTOC, como ficou bem patente no
quer empresa não depende da vontade cerca de 1,5 milhões de euros em for- seminário promovido pela CNC. Sér-
do empresário, mas da realidade con- mação gratuita. Foram pedidos 400 gio Vasques, secretário de Estado dos
tabilística da entidade que gere. Ora, mil euros às Finanças há largos meses, Assuntos Fiscais, aponta a contabilida-
é essencial que o profissional da con- não tendo sido dada qualquer resposta de como um instrumento de confiança
tabilidade tenha um conhecimento por parte do Ministério. entre os operadores de mercado e deve
aprofundado do negócio. reflectir a verdade económica e fiscal
Perante este cenário, Domingues Demasiados sistemas das empresas. Aliás, a contabilidade
de Azevedo continua a acreditar que de enquadramento do SNC deve constituir a base de uma reparti-
ser TOC é abraçar uma profissão de ção mais equitativa dos sacrifícios.
futuro. E referiu a este propósito du- As dúvidas de Domingues de Aze- António Saraiva, presidente da
rante a conferência promovida pela vedo não se ficam por aqui no que Confederação da Indústria Portuguesa
CNC: “A verdade da informação eco- toca à operacionalidade e à eficácia (CIP), revelou uma posição idêntica,
nómica e a organização das empresas do SNC. Há outras questões que sobretudo quis deixar claro que é funda-
será cada vez mais importante para a continuam sem resposta. É o caso da mental a ligação das empresas ao TOC.

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Balanço e Índice do 1.º ano da C&E (2.ª Série)


Como referimos no editorial completa-se o “1.º Aniversário” da C&E, pelo que de seguida apresentamos alguns
quadros estatísticos e o Índice.
Descrição Nº
Nºs publicados 6
Nºs editoriais (Director) 6
Nº de artigos de opinião (Editor) 6
Nº de artigos:
- Total 42
- Média (total) 7
- Contabilidade 17
- Normalização Contabilística 1
- Fiscalidade 9
- Auditoria 5
- Gestão/Finanças 6
- Direito Societário 1
- Profissão 3
Nº de textos de comentários:
- Total 183
- Média (total) 30,5
- Actualidade 1
- Contabilidade 9
- Normalização Contabilística 27
- Fiscalidade 42
- Auditoria 18
- Gestão e Finanças 1
- Associativismo 25
- Sectores 10
- Profissão 7
- Casos Práticos 6
- Informações e Notícias 19
- Livros 18
Nº de Páginas:
- Total 340
- Média (total) 56,66

Artigos por autor/tema


Contabilidade Fiscalidade Auditoria Gestão/ Normalização Direito Profissão Total
Finanças Contabilística Societário
Autor
Nº Nº Nº Nº Nº Nº
Nº Art.º Nº pág. Nº Art.º Nº pág. Art.º Nº pág. Nº Art.º Nº pág. Art.º Nº pág. Art.º pág. Art.º pág. Nº Art.º Nº pág.
Abílio Marques 1 3 1 3
Agostinho Manuel dos Santos Costa 2 5 2 5
Alexei Tchikoulaev 1 7 1 7
António Domingues de Azevedo 1 1 1 1
António Lopes de Sá 1 2 3 6 4 8
Bruna Maria Mendes dos Santos 1 7 1 7
Carlos Alberto da Silva e Cunha, Alexandra 1 9 1 9
Correia, Paulo Oliveira
Cláudio Correia, Miguel Gonçalves 1 6 1 6
Cristina Costa Pinto 1 4 1 4
Emília da Conceição Rocha Gomes 1 4 1 4
Filomena Antunes Brás 1 7 1 7
Hernâni O. Carqueja 2 7 2 7
Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 3 11 2 8 1 6 3 12 9 37
José Alberto Pinheiro Pinto 1 4 1 4
José Azevedo Rodrigues 1 6 1 6
José Luís Saldanha Sanches 1 1 1 1
José Vieira dos Reis 1 2 1 2
Manuel Benavente Rodrigues 1 1 1 1
Maria José Fernandes e Patrícia Gomes 1 5 1 5
Miguel Gonçalves 1 4 1 4
Paulo Moura Castro 3 7 3 7
Ricardo Antas Oliveira 1 3 1 3
Ricardo Araújo Pereira 1 1 1 1
Rodrigo António Chaves da Silva 1 2 1 2
Rogério Fernandes Ferreira 1 3 1 3
Rui Manuel Pereira da Costa Bastos 1 9 1 9

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Textos de Comentários por Áreas


Gestão/ Normalização
Revista nº, data Contabilidade Fiscalidade Auditoria Associativismo Actualidade Total
Finanças Contabilística
1, Jan/Fev de 2010 2 6 3 3 1 1 16
2, Mar/Abr de 2010 1 5 1 9 3 19
3, Mai/Jun de 2010 2 9 1 2 6 20
4, Jul/Ago de 2010 3 6 3 5 6 23
5, Set/Out de 2010 9 5 1 4 6 25
6, Nov/Dez de 2010 1 7 5 4 3 20

Informações e
Revista nº, data Sectores Profissão Livros Total
Notícias
1, Jan/Fev de 2010 1 6 3 10
2, Mar/Abr de 2010 1 4 3 8
3, Mai/Jun de 2010 3 3 1 3 10
4, Jul/Ago de 2010 1 2 3 6
5, Set/Out de 2010 2 2 4 3 11
6, Nov/Dez de 2010 2 4 3 9

Editoriais
Revista nº, data Título Autor
1, Jan/Fev de 2010 Contabilidade & Empresas – Ano Novo, Vida Nova (!) Director da C&E
2, Mar/Abr de 2010 Novos Órgãos da Ordem dos TOC Director da C&E
3, Mai/Jun de 2010 O PEC, o PEC e... Os Outros PEC Director da C&E
4, Jul/Ago de 2010 Contabilidade Autárquica Director da C&E
5, Set/Out de 2010 A Auditoria/Revisão de Contas Director da C&E
6, Nov/Dez de 2010 O OE de 2011, os PEC e os “Choques Fiscais” Director da C&E

Texto de Opinião
Revista nº, data Título Autor
1, Jan/Fev de 2010 Mudar para melhorar Guilherme Osswald
2, Mar/Abr de 2010 Um PEC muito pouco original Guilherme Osswald
3, Mai/Jun de 2010 O reconhecimento profissional Guilherme Osswald
4, Jul/Ago de 2010 Às cegas Guilherme Osswald
5, Set/Out de 2010 O novo mundo Guilherme Osswald
6, Nov/Dez de 2010 Um futuro de incertezas Guilherme Osswald

Casos Práticos
Revista nº, data Caso(s) Prático(s) nº(s) Tema Autores
António Borges, Emanuel Gamelas, José Pinhão
1, Jan/Fev de 2010 1 Capitais Próprios Rodrigues, Manuela Martins, Nuno Magro e Pedro
António Ferreira
NCRF 23 – os efeitos de alterações
2, Mar/Abr de 2010 2 João Gomes e Jorge Pires
em taxas de câmbio
NCRF 21 – Provisões, Passivos
3, Mai/Jun de 2010 3e4 Mário da Cunha Guimarães
Contingentes e Activos Contingentes
5, Set/Out de 2010 5 Acções próprias Kátia Lemos e Ricardo Antas Oliveira
Ana Maria Rodrigues, Carla Carvalho, Domingos Cravo
6, Nov/Dez de 2010 6 Contratos de construção
e Graça Azevedo

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016Œ%+#5'+0(14/#†”'5

ÍNDICE DA REVISTA CONTABILIDADE & EMPRESAS - 2.ª SÉRIE (DO Nº 1 AO Nº 6)


Título Nº Mês Pág. n.os
EDITORIAL
Contabilidade & Empresas – Ano Novo, Vida Nova (!), Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 1 Jan/Fev de 2010 3
Novos Órgãos da Ordem dos TOC, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 2 Mar/Abr de 2010 3
O PEC, o PEC e... Os Outros PEC, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 3 Mai/Jun de 2010 3
Contabilidade Autárquica, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 4 Jul/Ago de 2010 3
A Auditoria/Revisão de Contas, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 5 Set/Out de 2010 3
O OE de 2011, os PEC e os “Choques Fiscais”, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 6 Nov/Dez de 2010 3
OPINIÃO
Mudar para melhorar, Guilherme Osswald 1 Jan/Fev de 2010 5
Um PEC muito pouco original, Guilherme Osswald 2 Mar/Abr de 2010 5
O reconhecimento profissional, Guilherme Osswald 3 Mai/Jun de 2010 5
Às cegas, Guilherme Osswald 4 Jul/Ago de 2010 5
O novo mundo, Guilherme Osswald 5 Set/Out de 2010 5
Um futuro de incertezas, Guilherme Osswald 6 Nov/Dez de 2010 5
ENTREVISTA
Domingos José da Silva Cravo, presidente da Comissão de Normalização Contabilística (CNC) 1 Jan/Fev de 2010 6-9
Rogério Fernandes Ferreira, primeiro Presidente da CNC 2 Mar/Abr de 2010 6-9
António Domingues de Azevedo, Bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas 3 Mai/Jun de 2010 6-11
João Baptista da Costa Carvalho, Presidente do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), de Barcelos 4 Jul/Ago de 2010 6-8
António Gonçalves Monteiro - Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas 5 Set/Out de 2010 6-10
Professor Dr. Hernâni O. Carqueja 6 Nov/Dez de 2010 6-9
ACTUALIDADE
Regulamento comunitário baixa limiares para os contratos públicos 1 Jan/Fev de 2010 10
CONTABILIDADE
SNC – uma atitude diferente, António Domingues de Azevedo 1 Jan/Fev de 2010 11
2010 – Ano novo, Contabilidade (com o SNC) nova!, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 1 Jan/Fev de 2010 12-3
O “justo valor” no SNC e o art. 32° do CSC, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 1 Jan/Fev de 2010 14-7
OE impede congelamento de reembolsos a devedores ao fisco 1 Jan/Fev de 2010 17
Supervisão e controlo das práticas contabilísticas estão reforçados 1 Jan/Fev de 2010 18
Reversão do activo e prestações do concedente, Hernâni O. Carqueja 1 Jan/Fev de 2010 19-21
O impacto do SNC na análise financeira, Filomena Antunes Brás 2 Mar/Abr de 2010 10-6
Factoring – uma proposta de tratamento contabilístico na óptica da empresa aderente, Miguel Gonçalves 2 Mar/Abr de 2010 17-20
Empresas de auditoria têm de “limpar” a imagem 2 Mar/Abr de 2010 21
Alisamento de resultados e Normas Internacionais de Contabilidade, António Lopes de Sá 3 Mai/Jun de 2010 12-3
Os investimentos financeiros à luz do SNC, Emília da Conceição Rocha Gomes 3 Mai/Jun de 2010 13-6
O preço, sua formação e importância nos comércios, Rodrigo António Chaves da Silva 3 Mai/Jun de 2010 17-8
“Justo valor” e a qualidade da informação financeira 3 Mai/Jun de 2010 18-9
Gestão ambiental representa vantagens competitivas para as empresas 3 Mai/Jun de 2010 20
O Sistema de Contabilidade de Custos nos municípios portugueses: o impulso do enquadramento legal, Maria José Fernandes e Patrícia Gomes 4 Jul/Ago de 2010 9-13
A implementação do POCAL nas Autarquias Locais e o seu futuro após a revogação do POC, Bruna Maria Mendes dos Santos 4 Jul/Ago de 2010 14-20
Para quando a reforma do POCP? 4 Jul/Ago de 2010 20
Autarquias portuguesas revelam resultados económicos negativos 4 Jul/Ago de 2010 21-2
O Anuário tem funcionado como um instrumento de benchmarking 4 Jul/Ago de 2010 23
A informação contabilística no combate à crise, José Azevedo Rodrigues 5 Set/Out de 2010 11-6
Justo valor ou imparidade em contexto de crise?, Carlos Alberto da Silva e Cunha, Alexandra Correia, Paulo Oliveira 5 Set/Out de 2010 17-25
Da nova NIC 1 para a futura NCRF 1, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 6 Nov/Dez de 2010 10-4
Balanço consolidado: a entidade, Hernâni O. Carqueja 6 Nov/Dez de 2010 15-8
A Profissão de Contabilista e o Ensino da Contabilidade 6 Nov/Dez de 2010 18
Activos fixos tangíveis na contabilidade pública e empresarial – IPSAS 17 versus IAS 16, Cláudio Correia, Miguel Gonçalves 6 Nov/Dez de 2010 19-24
Há novas oportunidades para os técnicos oficiais de contas 6 Nov/Dez de 2010 25
NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA
CNC elegeu membros do Conselho Geral e da Comissão Executiva 1 Jan/Fev de 2010 42
CNC lança newsletter sob o título “CNC em breves” 1 Jan/Fev de 2010 42
A revolução das NIC 1 Jan/Fev de 2010 42
História da Normalização Contabilística em Portugal (do POC ao SNC), Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 2 Mar/Abr de 2010 22-7
Agricultura com novas regras contabilísticas 2 Mar/Abr de 2010 27
A NCRF-PE será utilizada por 340 000 entidades 2 Mar/Abr de 2010 28-9
Sítio da CNC Reconfigurado 2 Mar/Abr de 2010 29
FAQ sobre o SNC 2 Mar/Abr de 2010 29-30
Painel de Consulta da CNC 2 Mar/Abr de 2010 30
Definição de “Activo” em discussão entre o IASB e o FASB 2 Mar/Abr de 2010 30
Normalização Contabilística nos Portais INFOCONTAB e INFOCONTAB-HISTÓRIA 2 Mar/Abr de 2010 30
“UE y EEUU hablan de tú a tú” 2 Mar/Abr de 2010 30
Para quando a nova adaptação das NIC/IAS e das NIRF/IFRS ao SNC? 3 Mai/Jun de 2010 21
O futuro “desaparecimento” do Balanço 3 Mai/Jun de 2010 21
As Novas Demonstrações Financeiras de Acordo com a NIC 1 3 Mai/Jun de 2010 21
Reunião do Conselho Geral da CNC 4 Jul/Ago de 2010 24
Uma verdadeira revolução… (“Contabilidade 2010”) 4 Jul/Ago de 2010 24-5
Grupo de trabalho – entidades sem fins lucrativos 4 Jul/Ago de 2010 24
O Conceito de “entidade que informa” 4 Jul/Ago de 2010 25
Sector público precisa de uma nova normalização contabilística 4 Jul/Ago de 2010 25
Panegírico a Rogério Fernandes Ferreira 5 Set/Out de 2010 26
Lei nº 20/2010, de 23 de Agosto – Conceito de “Pequenas Entidades” no SNC 5 Set/Out de 2010 27
Lei nº 35/2010, de 2 de Setembro - Normas e Informações Contabilísticas das Microentidades 5 Set/Out de 2010 27
Harmonização Contabilística Internacional: Ultimato 2011 5 Set/Out de 2010 28
Normalização contabilística está a ser mal tratada 6 Nov/Dez de 2010 26
O que se passa com a CNCAP? 6 Nov/Dez de 2010 27
Observatório SNC 6 Nov/Dez de 2010 27
Conferência (2.ª) da CNC 6 Nov/Dez de 2010 27
FISCALIDADE
O tratamento fiscal das gratificações por aplicação dos resultados, José Alberto Pinheiro Pinto 1 Jan/Fev de 2010 22-5
A crise, Rogério Fernandes Ferreira 1 Jan/Fev de 2010 26-8
Novo “Pacote IVA” garante mais receita ao Estado português 1 Jan/Fev de 2010 28-9
Regime de reembolsos mais simplificado 1 Jan/Fev de 2010 29
Tributação autónoma pretende evitar situações de abuso continuado 1 Jan/Fev de 2010 30

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Quebra nas receitas fiscais faz disparar défice orçamental 1 Jan/Fev de 2010 31
Aumentam adesões ao Sistema Nacional de Compras Públicas 1 Jan/Fev de 2010 32
Impactos fiscais das NIC e do SNC 1 Jan/Fev de 2010 33-5
O grande equívoco do lucro real, Manuel Benavente Rodrigues 2 Mar/Abr de 2010 31
Preços de transferência em sede de IVA, Rui Manuel Pereira da Costa Bastos 2 Mar/Abr de 2010 32-40
DGCI notifica incumpridores para entregarem impostos retidos e recebidos de terceiros 2 Mar/Abr de 2010 40
PEC obriga a medidas de rigor e controlo orçamental 2 Mar/Abr de 2010 41
Défice do subsector Estado tornou a agravar-se 2 Mar/Abr de 2010 42
Governo refere que transformações fiscais são “intencionalmente cautelosas” 2 Mar/Abr de 2010 43-4
Orçamento segue propostas do Grupo para o Estudo da Política Fiscal 2 Mar/Abr de 2010 45
Benefícios (subaproveitados) em matéria de Segurança Social, Cristina Costa Pinto 3 Mai/Jun de 2010 22-5
Tribunais não se entendem quanto à responsabilidade subsidiária de gerentes 3 Mai/Jun de 2010 26
IVA - Regime das Pequenas Empresas 3 Mai/Jun de 2010 27
Administração central cria estágios profissionais 3 Mai/Jun de 2010 28
Programas voluntários sobre offshores devem beneficiar princípios da transparência 3 Mai/Jun de 2010 29
Fisco “aperta malha” a empresas e administradores 3 Mai/Jun de 2010 30
Recuperação económica está a “ajudar” a receita fiscal 3 Mai/Jun de 2010 31
Valor da cobrança coerciva supera as melhores expectativas 3 Mai/Jun de 2010 32
IVA sobre ISV não está sujeito a devolução 3 Mai/Jun de 2010 33
Bruxelas pretende acabar com dupla tributação sobre fundos de capital de risco 3 Mai/Jun de 2010 34
A derrama municipal, José Luís Saldanha Sanches (1944-2010) 4 Jul/Ago de 2010 26
Estado poupa 110 milhões com sistema de compras públicas 4 Jul/Ago de 2010 27
Trabalhadores e reformados pagam a crise 4 Jul/Ago de 2010 28
Finanças têm que dar luz verde a novas contratações públicas 4 Jul/Ago de 2010 29
Código dos Impostos Especiais sobre o Consumo sem alterações de fundo 4 Jul/Ago de 2010 30
Finanças monitorizam reforma da administração pública 4 Jul/Ago de 2010 30
Deduções fiscais incentivam obras de eficiência energética 4 Jul/Ago de 2010 31
Sector Empresarial do Estado garante continuidade das reformas 5 Set/Out de 2010 29
Estado já não apoia compra de automóveis convencionais 5 Set/Out de 2010 30
Portugueses suportam forte agravamento fiscal 5 Set/Out de 2010 31
Operação “Resgate fiscal” recupera 812 milhões em dois anos 5 Set/Out de 2010 32
Programas informáticos de facturação têm que ser certificados 5 Set/Out de 2010 33
União Europeia simplifica facturação do IVA 5 Set/Out de 2010 34
Comissão quer rever tributação sobre produtos alcoólicos 5 Set/Out de 2010 34
Portugal instado a transpor directiva sobre serviços 5 Set/Out de 2010 34
Prorrogada directiva que define modalidades de reembolso do IVA 5 Set/Out de 2010 35
Tratamento contabilístico-fiscal dos contratos de construção – análise da Circular nº 8/2010, Ricardo Antas Oliveira 6 Nov/Dez de 2010 28-30
Fiscalidade no imobiliário – tributação do património – particularidades, Abílio Marques 6 Nov/Dez de 2010 31-3
A Fatura Geral do Estado, Ricardo Araújo Pereira 6 Nov/Dez de 2010 34
DGCI fiscaliza transferências para offshore 6 Nov/Dez de 2010 35
Intensificadas medidas de combate à fraude e evasão fiscais 6 Nov/Dez de 2010 36
Governo garante intensificação da cooperação com países de língua portuguesa 6 Nov/Dez de 2010 37
Cobrança coerciva ultrapassa os mil milhões 6 Nov/Dez de 2010 37
Certificação da dedução dos prejuízos fiscais por ROC 6 Nov/Dez de 2010 38-9
Certificação de software de facturação 6 Nov/Dez de 2010 39
Finanças assinam dois contratos de financiamento com o BEI 6 Nov/Dez de 2010 39
AUDITORIA
Ética e auditoria, António Lopes de Sá 1 Jan/Fev de 2010 36
Normas Internacionais de Auditoria Clarificadas 1 Jan/Fev de 2010 37
Revisores Oficiais de Contas com controlo de qualidade mais exigente 1 Jan/Fev de 2010 38
Ordem dos Revisores Oficiais de Contas quer mais transparência no sector 1 Jan/Fev de 2010 39
Revisão de contas e auditoria nas PME portuguesas 2 Mar/Abr de 2010 46
O ROC, a crise financeira e o SNC, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 3 Mai/Jun de 2010 35-40
Manuais sobre Normas Internacionais de Auditoria 3 Mai/Jun de 2010 40
Opinião e informação em contabilidade, António Lopes de Sá 4 Jul/Ago de 2010 32-4
Panegírico a António Lopes de Sá 4 Jul/Ago de 2010 35
Conselho Nacional de Supervisão e Auditoria 4 Jul/Ago de 2010 36
Controlo de Qualidade dos ROC 4 Jul/Ago de 2010 36
Graves acusações contra balanços fantasiosos, António Lopes de Sá 5 Set/Out de 2010 36-7
A revista da Ordem dos ROC 5 Set/Out de 2010 37
Os primórdios da profissão de ROC (breves referências), Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 5 Set/Out de 2010 38-9
X Congresso dos ROC 5 Set/Out de 2010 41
Curso de preparação para ROC 5 Set/Out de 2010 41
Livro Verde sobre a Auditoria 5 Set/Out de 2010 41
Reunião do Conselho Geral da CNC 5 Set/Out de 2010 41
X Congresso dos ROC 6 Nov/Dez de 2010 40
VE e C&E no X Congresso dos ROC 6 Nov/Dez de 2010 40-1
Livro “Auditoria Financeira” (9.ª edição/2010) 6 Nov/Dez de 2010 41
Auditoria das PME 6 Nov/Dez de 2010 41
Comissão Europeia divulga Livro Verde sobre Auditoria 6 Nov/Dez de 2010 41
GESTÃO E FINANÇAS
Medição de performance, Paulo Moura Castro 1 Jan/Fev de 2010 40-41
O regresso do cash is king, Paulo Moura Castro 2 Mar/Abr de 2010 47-8
Crises e sobrevivência empresarial, Agostinho Manuel dos Santos Costa 3 Mai/Jun de 2010 41-2
A análise financeira municipal integrada, Alexei Tchikoulaev 4 Jul/Ago de 2010 37-43
Due diligence, Paulo Moura Castro 5 Set/Out de 2010 42-4
Fisco intensifica fiscalização a offshores e software de facturação 5 Set/Out de 2010 44
Objectivos estratégicos. Como alcança-los?, Agostinho Manuel dos Santos Costa 6 Nov/Dez de 2010 42-4
DIREITO SOCIETÁRIO
Aquisição de acções (quotas) próprias, José Vieira dos Reis 5 Set/Out de 2010 45-6
ASSOCIATIVISMO
Eleições para OTOC contam com três listas 1 Jan/Fev de 2010 48
TOC são primeira rede de avaliação entre Estado e empresas 2 Mar/Abr de 2010 49
APOTEC atribuiu Prémios de Investigação 2 Mar/Abr de 2010 50
IATOC e APOTEC completaram “33.º Aniversário” 2 Mar/Abr de 2010 50
35.º aniversário da APPC e 100.º número da revista “Contabilidade & Finanças” 3 Mai/Jun de 2010 43
“Jornal da Contabilidade” da APOTEC completa 33.º aniversário 3 Mai/Jun de 2010 43

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Revista “TOC” completa o 10.º aniversário (2000/2010) 3 Mai/Jun de 2010 43


Terceiro Encontro de História da Contabilidade da OTOC 3 Mai/Jun de 2010 44
AFP assina protocolo com a Universidade do Algarve 3 Mai/Jun de 2010 44
OROC avisa para um período de dificuldades e incertezas 3 Mai/Jun de 2010 44
Fisco tem margem abusiva para reversão das execuções 4 Jul/Ago de 2010 44
Ordem dos ROC organiza o X Congresso 4 Jul/Ago de 2010 45
Novos Corpos Sociais da APOTEC 4 Jul/Ago de 2010 45
TOC com “Casa do TOC” e Centro de Formação 4 Jul/Ago de 2010 45
Terceiro Encontro de História de Contabilidade da OTOC 4 Jul/Ago de 2010 45
Bastonário da OTOC agraciado em São Paulo (Brasil) 4 Jul/Ago de 2010 45
V Conferência GEOTOC/IDEFF - 2010 “Contabilidade e Fiscalidade” 5 Set/Out de 2010 47
OTOC Lança PEN em Substituição do CD-ROM 5 Set/Out de 2010 47
OROC e OTOC Celebram Protocolo sobre as Acções de Formação 5 Set/Out de 2010 47
OTOC quer Melhores Condições Funcionais por parte do Fisco 5 Set/Out de 2010 47
Regulamento de Taxas e Emolumentos da OTOC 5 Set/Out de 2010 47
Contabilidade deve ser intensificada em todos os países de língua portuguesa 5 Set/Out de 2010 48
35.º Aniversário da APPC 6 Nov/Dez de 2010 45
VI Jornadas de História da Contabilidade da APOTEC 6 Nov/Dez de 2010 45
Actividades da ADCES 6 Nov/Dez de 2010 45
SECTORES
Construção defende alterações fiscais para “aliviar” crise 1 Jan/Fev de 2010 46-7
Sector da construção lamenta manutenção do PEC 2 Mar/Abr de 2010 51
Governo cria apoios à formação de empresários 3 Mai/Jun de 2010 45
Governo quer mais transparência no sector financeiro 3 Mai/Jun de 2010 46-7
Sector da distribuição com novas regras de concorrência 3 Mai/Jun de 2010 48
Actividade financeira conta com novas regras nas participações qualificadas 4 Jul/Ago de 2010 46
Sector bancário está a revelar capacidade de resistência face à crise 5 Set/Out de 2010 49
Banca tem que se responsabilizar pela complexidade dos produtos financeiros 5 Set/Out de 2010 49
Sector da construção pede desagravamento e adequações fiscais 6 Nov/Dez de 2010 46-7
Comissão Europeia apresenta propostas de tributação do sector financeiro 6 Nov/Dez de 2010 47
PROFISSÃO
Relatório Único suscita “desconforto” entre os técnicos oficiais de contas 3 Mai/Jun de 2010 49
TOC e auditores contestam isenção de apresentação de contas 3 Mai/Jun de 2010 50
Alterações contabilísticas obrigam a formação contínua 3 Mai/Jun de 2010 51
Ainda a designação de TO C e de ROC nos municípios, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 4 Jul/Ago de 2010 47-55
Candidatos à profissão de TOC têm mais qualidade 4 Jul/Ago de 2010 56
SNC representa oportunidade única para os profissionais da Contabilidade 4 Jul/Ago de 2010 57
A designação de TOC e de ROC nos Municípios, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 5 Set/Out de 2010 51
O meu Contabilista (...), Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 6 Nov/Dez de 2010 48-9
Técnicos de contas são dos profissionais com mais procura no mundo 6 Nov/Dez de 2010 50
TOC são ainda mais necessários em alturas de crise 6 Nov/Dez de 2010 51
CASOS PRÁTICOS
Caso Prático nº 1 – Capitais Próprios 1 Jan/Fev de 2010 49
Caso Prático nº 2 - NCRF 23 – os efeitos de alterações em taxas de câmbio 2 Mar/Abr de 2010 54-7
Caso Prático nº 3 - NCRF 21 – Provisões, Passivos Contingentes e Activos Contingentes 3 Mai/Jun de 2010 54-5
Caso Prático nº 4 3 Mai/Jun de 2010 56-7
Caso Prático nº 5 - Acções próprias 5 Set/Out de 2010 53-6
Caso Prático nº 6 - Contratos de construção 6 Nov/Dez de 2010 53-7
INFORMAÇÕES E NOTÍCIAS
Para a história de … 1 Jan/Fev de 2010 43
Governo alarga prazo de dívidas fiscais 1 Jan/Fev de 2010 43
OTOC define plano de formação para todo o ano 1 Jan/Fev de 2010 43
AFP e ISCSP assinam protocolo de colaboração 1 Jan/Fev de 2010 44
Sector da construção toma conhecimento do SNC 1 Jan/Fev de 2010 44
OTOC pede linha de crédito para equipamentos e formação 1 Jan/Fev de 2010 44
XIV Encuentro da AECA realiza-se em Coimbra 2 Mar/Abr de 2010 53
DGCI conclui plano de recuperação de pendências de reclamações graciosas 2 Mar/Abr de 2010 53
Incentivos Fiscais ao Investimento Agilizados 2 Mar/Abr de 2010 53
Director da C&E assume cargo de Presidente do Conselho Fiscal da OTOC 2 Mar/Abr de 2010 53
5.º Aniversário (2005/2010) do Portal INFOCONTAB 3 Mai/Jun de 2010 52-3
Director da C&E Publica Novo Livro 5 Set/Out de 2010 52
Sítio do Professor Doutor António Lopes de Sá 5 Set/Out de 2010 52
OTOC Reconhece Direitos o Fundo de Pensões 5 Set/Out de 2010 52
Professor Hernâni O. Carqueja recebe Prémio Enrique Fernández Peña de História da Contabilidade da AECA 5 Set/Out de 2010 52
Código Contributivo: Incidência Adiada 6 Nov/Dez de 2010 52
Medidas repartidas 6 Nov/Dez de 2010 52
Tudo em vigor só em 2014 6 Nov/Dez de 2010 52
Livro sobre os Portais “INFOCONTAB” e “INFOCONTAB-HISTÓRIA” 6 Nov/Dez de 2010 52
LIVROS
Gestão do risco de longevidade 1 Jan/Fev de 2010 50
Tendências 1 Jan/Fev de 2010 50
Gestão ambiental 1 Jan/Fev de 2010 50
O Sistema de Normalização Contabilística 2 Mar/Abr de 2010 58
Gestão financeira 2 Mar/Abr de 2010 58
Legislação laboral 2 Mar/Abr de 2010 58
Fundamentos microeconómicos da macroeconomia 3 Mai/Jun de 2010 58
Direito do trabalho em 100 quadros 3 Mai/Jun de 2010 58
Ética, deontologia e responsabilidade social 3 Mai/Jun de 2010 58
Fundos de investimento imobiliário Angola e Portugal 4 Jul/Ago de 2010 58
Avaliação de activos imobiliários 4 Jul/Ago de 2010 58
Conduzir o desempenho através das redes sociais 4 Jul/Ago de 2010 58
Direito Tributário 5 Set/Out de 2010 58
Gestão estratégica do crescimento económico em Portugal 5 Set/Out de 2010 58
Guia de arquitectura do Norte e Centro de Portugal 5 Set/Out de 2010 58
Agenda jurídica para 2011 6 Nov/Dez de 2010 58
Terceira edição de SNC – Teoria e Prática 6 Nov/Dez de 2010 58
Estatuto da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas 6 Nov/Dez de 2010 58

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Impostos diferidos
CASO PRÁTICO Nº 7

Apurar os impostos diferidos decorrentes das situações pelo montante da revalorização não é considerado como
abaixo indicadas e proceder ao seu registo contabilístico rendimento tributável. Assim,
na sociedade BETA (a taxa de IRC com derrama é de
Valor: 960.000 * 26,5% = 254.400 euros.
26,5%):
No ano N-1 a sociedade BETA apurou um prejuí- Também se deverá proceder à reversão do imposto di-
zo para efeitos fiscais de 440.000 euros, havendo ferido pelo excedente de depreciação que não é considera-
a expectativa da sua total recuperação em lucros tr do como gasto fiscal:
APLICAÇÃO 60 ibutáveis num futuro muito pró-
ximo (aquém dos quatro anos); Valor: 150.000 * 26,5% = 39.750 euros.
No ano N foram registados na contabilidade gastos de
depreciações que excediam os limites fiscais no valor Deverá ser reconhecido um imposto diferido passivo
de 160.000 euros; correspondente ao rendimento contabilístico decorrente
Procedeu-se a uma revalorização livre de activos da aplicação do método do justo valor às propriedades
fixos tangíveis que originou um excedente de re- de investimento, mas que não é rendimento para efeitos
valorização (reserva de reavaliação) de 960.000 fiscais:
euros, que não é reconhecida para efeitos tribu- Valor: 640.000 * 26,5% = 169.600 euros.
tários. Em resultado desta revalorização, as de-
preciações do período sofreram um acréscimo de Deverá ser revertido parte do imposto diferido acti-
150.000, montante este que não releva para efeito vo reconhecido no não N-1, na parte correspondente ao
de tributação; montante de prejuízo fiscal que é absorvido pelo lucro
Durante o exercício foi reconhecido um rendimen- tributável no ano N:
to de 640.000 euros resultante da adopção do Valor: 320.000 * 26,5% = 84.800 euros.
método do justo valor às propriedades de inves-
timento;
LANÇAMENTOS
No fim do ano N, a sociedade Beta apresentou um
Op. Contas movimentadas
lucro tributável de 320.000 euros, o qual foi total- Dia Descrição Importância
nº Débito Crédito
mente absorvido pela utilização parcial do prejuízo OPERAÇÕES DO ANO N-1
1 Constituição imposto 27.41 81.22 116.600,00
fiscal transitado do ano N-1;
diferido activo

Resolução: 2 OPERAÇÕES DO ANO N-1


Deverá ser reconhecido um imposto diferido activo Imposto diferido activo 27.41 81.22 42.400,00
correspondente à futura “poupança fiscal” que venha a re-
Imposto diferido passivo 56.92 27.42 254.400,00
sultar da compensação do prejuízo fiscal. 3 Reversão parte imposto 27.42 81.22 39.750,00
Valor: 440.000 * 26,5% = 116.600 euros. diferido
4 Imposto diferido passivo 81.22 27.42 169.600,00
5 Imposto corrente do período 81.21 24.1 84.800,00
Deverá ser reconhecido um imposto diferido activo Reversão parte imposto 24.1 27.41 84.800,00
correspondente ao excesso da depreciação que embora diferido
sendo gasto contabilístico não é gasto fiscal neste período, A Débito 792.350,00
TOTAIS
mas sim em períodos subsequentes.
A Crédito 792.350,00
Valor: 160.000 * 26,5% = 42.400 euros.
(Extraído do livro “Elementos de Contabilidade Geral”, de António Borges,
Azevedo Rodrigues e Rogério Rodrigues, Áreas Editora, 25.ª Edição, Setem-
Deverá ser reconhecido um imposto diferido passivo bro de 2010, pp. 603-4)

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.+8415

Criar Sucesso em Negócios Inteligentes


Apenas 4% das iniciativas empreendedoras é académica nas áreas tecnológica, financeira ou de
considerado projecto de sucesso. Este livro pre-- marketing. O livro é completado com um pro-
tende que o leitor seja o gestor de um desses pro-- grama em Exel para elaboração de estudos de
jectos de sucesso, que os seus negócios tenham m vviabilidade.
êxito no tempo e num ambiente de inteligência,, António Cabrita tem grande experiência
em que tudo foi planeado ao pormenor e conti-- prática nestas matérias, tendo em conta a sua
nuará a ser avaliado com a mesma preocupação. longa actividade como empresário e consultor.
O autor, António Cabrita, teve a preocupa-- A obra destina-se a todos aqueles que possuem
ção de colocar à discussão os vários temas abor-- espírito de iniciativa empresarial e é mais um li-
dados (alguns dos quais pela primeira vez numaa vvro da responsabilidade editorial do grupo Vida
obra deste tipo), duma forma pragmática e objectiva, fa- Económica. Representa uma obra de carácter inovador. A
cilmente assimilável mesmo por quem não tenha formação obra está disponível por 19,90 euros.

Ética, Deontologia e Responsabilidade Social


A crise económica fez com que surgisse umm nela estão ou virão a estar directa e/ou indirec-
novo tipo de capitalismo que torna a ética pro-- tamente envolvidos. O livro está dividido em
fissional e empresarial, bem como a respon-- duas partes e sete capítulos.
sabilidade social dos gestores e das empresas,, Os capítulos estão integrados na primeira
mais crescente e pertinente. No que respeitaa parte e respeitam aos temas de ética, deontolo-
às empresas, estas exigem novos valores, peloo gia, responsabilidade social das empresas, práti-
que já não é suficiente serem economicamentee cas de responsabilidade social, responsabilidade
fortes. social na administração pública e no ensino
A obra “Ética, Deontologia e Responsabi-- superior. O último capítulo inclui documentos
lidade Social”, da autoria de António da Silvaa éticos. A segunda parte é um compêndio de do-
Rocha”, reveste a natureza de um manual para quem tem cumentos éticos. A obra tem 513 páginas e está disponível
interesse numa matéria que tem importância crescente. por 19 euros. É mais uma publicação do grupo editorial
Como tal, elege profissionais e alunos que, como actores, Vida Económica.

Planeamento e Evasão Fiscal


A obra “Planeamento e evasão fiscal” contaa o segredo fiscal, a cláusula geral anti-abuso, a
com o contributo de vários autores, sendo a co-- responsabilidade tributária e as garantias dos
ordenação da responsabilidade de José Carloss contribuintes.
Amorim. Pela diversidade de pontos de vista e As reflexões surgem na sequência do im-
soluções defendidas, a publicação proporcionaa pacto que o fenómeno da fraude e da evasão
uma reflexão e revela-se de extrema utilidadee fiscais produz na sociedade e da necessidade
para todos aqueles que se interessam por estee de repensar algumas das medidas preventivas,
tipo de assuntos. correctivas e repressivas previstas no ordena-
De entre as várias questões ligadas ao plane-- mento jurídico português. Trata-se de mais
amento e à evasão fiscal, destacam-se os paraísoss uma publicação do grupo editorial Vida Eco-
fiscais, os planeamentos fiscais lícito e ilícito, os d
direitos nómica e está no mercado livreiro com um preço de 16
“anti-dumping” e compensadores, os impostos indirectos, euros.

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