Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
FORTALEZA – CEARÁ
2014
Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS
3
Governador
Cid Ferreira Gomes
Vice-Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Secretario da Educação
Maurício Holanda Maia
Secretario Adjunto da Educação
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Secretario Executiva da Educação
Antônia Dalila Saldanha de Freitas
Coordenadora da CODEA/Diversidade e Inclusão Educacional
Nohemy Rezende Ibanez
Orientadora da Célula de Educação Continuada, Inclusão e Acessibilidade
Antônia Alves dos Santos
Assessora Técnica da Educação Especial
Gêwada Weyne Linhares
Orientadora da Célula de Promoção da Formação e
do Atendimento em Educação Especial – CREAECE
Nara Lúcia dos Santos Oliveira
Assistentes Técnicas do CREAECE
Francisca Rodrigues Vieira, Jeanne Maria Mesquita Araújo,
Luiza de Marillac Diogo Ursulino e Valnisa Montenegro Alves Barroso
Orgnizadores
Hermerson Santiago Rocha, Wilson Vieira Pinto
Redação e Correção
Bruno Rodrigues da Silva, José Cavalcante Bezerra Neto e Juliana Gregório Fernandes
Designer Gráfico
Wilson Vieira Pinto e Aristides Daniel de Aguiar
Fotografia de Sinais
Pedro Henrique Santos Vieira, Francisco Elvys de Lacerda, Juliana Ferreira de Lemos,
Antônio Felipe Holanda Queiroz, Alexandre Alves Rocha e José Jonas de Sousa Américo
1ª EDIÇÃO
2014
Copyright © 2014 – Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio
eletrônico, por fotocópias e outros, sem a prévia autorização da Secretaria da Educação do Estado do Ceará.
Aos Cursistas
SUMÁRIO
UNIDADE VII ............................................................................................................................ 06
Introdução ................................................................................................................................. 07
Cultura Surda ........................................................................................................................... 07
Identidades Surdas ................................................................................................................... 08
Característica e Perfil Pessoal ................................................................................................. 12
Característica Humanas ........................................................................................................... 12
Tipos de Comunicação Usando Características ..................................................................... 12
Características Animais ............................................................................................................ 14
Características Cabelos ........................................................................................................... 14
Características Roupas ............................................................................................................ 14
Características Objetos ............................................................................................................ 15
Estabelecimento de Pontos no Espaço de Sinalização ........................................................... 16
Comparativo de Igualidade, Superioridade e Inferioridade ...................................................... 18
Expressões Faciais Afetiva ...................................................................................................... 20
Expressões Faciais Gramaticais no Nível Morfologico em Libras ............................................ 21
Expressões Faciais Gramaticais Nível Sintático em Libras ..................................................... 22
Expressões Interrogativas ........................................................................................................ 25
Tipos de Verbos na Língua Brasileira de Sinais ....................................................................... 26
Verbos com Incorporação de Negação .................................................................................... 28
O Uso Espaço Nas Língua de Sinais ....................................................................................... 30
Parâmetros em Libras .............................................................................................................. 31
O Sinal de seu Parâmetros ...................................................................................................... 31
Parâmetros ............................................................................................................................... 32
Configuração de Mão ............................................................................................................... 33
Que São Classificadores Na Língua Libras ............................................................................. 35
Expressões Facial e Corporal .................................................................................................. 35
Jornal, Revista Ouvinte, Surdos e Pequisa: Interpretação em Libras ...................................... 36
Tipos de Classificadores em Libras .......................................................................................... 37
Receitas .................................................................................................................................... 45
Rocambole de Batata e Mortadela ........................................................................................... 45
Cachorro Quente ...................................................................................................................... 45
Bolo de Chocolate .................................................................................................................... 46
Pudim de Claras ....................................................................................................................... 47
Frango ao Creme de Milho ....................................................................................................... 48
Torta de Legumes .................................................................................................................... 49
Bolo Rapinho ............................................................................................................................ 50
Bom-Bocado de Fuba ............................................................................................................... 51
Mousse de Limão ..................................................................................................................... 52
Bolo Salgado de Sardinha ........................................................................................................ 53
Gibizinhos Sem Palavras: Interpretação em Libras ................................................................. 54
Referências .............................................................................................................................. 60
MÓDULO 4
UNIDADE VII
INTRODUÇÃO
Para o ensino de Libras como L2, registra-se aqui a importância da convivência do ouvinte
com a Comunidade Surda. Não é preciso ensinar um vocabulário vasto, mas fazê-lo entender as
peculiaridades da Língua, sua estrutura, seus usos, suas potencialidades e a gramática de
Libras. Neste Módulo 4, abordam-se algumas destas peculiaridades como: Sinais de pessoas
famosas, pois sabe-se que o sinal em Libras é a identificação da pessoa com suas características
próprias, diferenciando do seu nome que pode ser comum às demais pessoas. São incluídos,
também, tipos de verbos em Libras e como podem ser classificados, verbos simples, verbos com
concordância, verbos espaciais, verbos com incorporação de negação e, ainda, a cultura e
identidade surda, quais as particularidades desta cultura e dessa identidade.
CULTURA SURDA
Ao analisarmos a história da cultura surda, vê-se que foi marcada por muitos estereótipos,
seja por meio da imposição da cultura dominante, seja pelas representações sociais que tratam o
povo surdo como seres deficientes.
Há muitos autores que escrevem bonitos livros sobre os surdos, mas eles realmente os
conhecem? Sabem sobre a cultura surda? Eles sentiram na própria pele como é ser surdo? De
tal modo como lamentou o ex-presidente da Word Federation of the Deaf - WFD, o surdo
sociólogo Dr. Yerker Andersson: “[...] o conhecimento limitado sobre os surdos que os autores
ouvintes possuem quando escrevem a cerca da questão da surdez [...]”. (LANE, 1992, p. 13).
Para a comunidade ouvinte que está mais próxima do povo surdo, parentes, amigos,
intérpretes, professores de surdos, para os mesmos, reconhecer a existência da cultura
surda não é fácil, porque nos seus pensamentos habituais acolhem o conceito unitário de cultura
e, ao aceitarem a cultura surda, eles têm de mudar sua visão usual para reconhecerem a
Não se trata somente de reconhecerem a diferença cultural do povo surdo, mas, além
disso, de perceber a cultura surda por meio do reconhecimento de suas diferentes identidades,
suas histórias, sua subjetividade, suas línguas, valorização de formas de viver e de se relacionar.
Observa-se atualmente que, na sociedade brasileira, está crescendo o número de ouvintes com
interesse em aprender a Língua de Sinais. Espera-se que a leitura deste Módulo os ilumine e
ajude na compreensão e na aceitação da cultura surda.
IDENTIDADES SURDAS
“Noto nesses surdos formas muito diversificadas de usar a comunicação visual. No entanto,
o uso de comunicação visual caracteriza o grupo levando para o centro do específico
surdo. Wriglesy (1996, p.25) tenta descrever o mundo surdo como “um país cuja história é
reescrita de geração a geração”... As culturas dos sinais bem como o ‘conhecimento’ social
da surdez, são necessariamente ressuscitadas e refeitas dentro de cada geração”. (Perlin,
1998, p.62)
Essa identidade é interessante porque permite ver um surdo consciente ou não de ser
surdo. São muitos casos e muitas histórias de surdos profissionalizados que vivem as identidades
flutuantes, pois não conseguiram estar a serviço da comunidade ouvinte por falta de comunicação
e nem a serviço da comunidade surda por falta da Língua de Sinais.
Características Culturais:
É o nome que se dá à identidade surda representada por surdos que negam sua própria
identidade, tentando socializar outros surdos sob a ideologia de que devem seguir a cultura dos
ouvintes, que é a cultura dominante.
Características Culturais:
surdos que assimila a cultura ouvinte, usando-a como preconceito contra a surdez;
A maioria dos surdos passa por esse momento de transição, visto que sua família é
composta por pais ouvintes. No momento em que esses surdos conseguem contato com a
Comunidade Surda, começam a conviver com seus pares e logo se identificam através de relatos
de problemas e histórias familiares.
Características Culturais:
surdos que foram mantidos sob o cativeiro de experiência ouvinte e passam para a
comunidade surda;
Esses surdos conhecem a estrutura do Português falado e usam-no como Língua. Eles
captam do exterior as comunicações de forma visual, passam-nas para a Língua que adquiriam
primeiramente e, depois, para os sinais.
Características culturais:
surdos que nasceram ouvintes e, com o tempo, alguma doença, acidente etc., os deixou
surdos;
Identidades Surdas: na qual ser surdo é estar no mundo visual e desenvolver sua
experiência na Língua de Sinais.
Os surdos que assumem a identidade surda são representados por discursos que os vêem
capazes como sujeitos culturais, uma formação de identidade que só ocorre entre os espaços
culturais surdos.
Características culturais:
experiência visual;
forma de expressão por meio dos sinais (capta a mensagem visual e não auditiva, o envio
das mensagens não usa o aparelho fonador, usa as mãos);
Intérprete: pessoa que interpreta de uma língua (língua fonte) para outra (língua alvo) o
que foi dito.
Língua Fonte: é a língua que o intérprete ouve ou vê para, a partir dela, fazer a tradução
e interpretação para a outra língua (a língua alvo).
Intérprete de Língua de Sinais: pessoa que interpreta de uma dada língua de sinais para
outra língua, ou desta outra língua para uma determinada Língua de Sinais.
Linguagem: é utilizada num sentido mais abstrato do que língua, ou seja, refere-se ao
conhecimento interno dos falantes-ouvintes de uma língua. Também pode ser entendida
num sentido mais amplo, ou seja, incluindo qualquer tipo de manifestação de intenção
comunicativa, como por exemplo, a linguagem animal e todas as formas que o próprio ser
humano utiliza para comunicar e expressar ideias e sentimentos, além da expressão
linguística (expressões corporais, mímica, gestos etc.).
Língua de Sinais: são línguas que são utilizadas pelas comunidades surdas. As
Línguas de Sinais apresentam as propriedades específicas das línguas naturais, sendo,
LIBRAS: é uma das siglas para referir a Língua Brasileira de Sinais: LIBRAS. Esta sigla
é difundida pela Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (FENEIS).
LSB: é outra sigla para referir-se à Língua Brasileira de Sinais: Língua de Sinais
Brasileira. Esta sigla segue os padrões internacionais de denominação das Línguas de
Sinais.
Ouvintes: o termo ‘ouvinte’ refere a todos aqueles que não compartilham as experiências
visuais enquanto surdos.
Surdos: são as pessoas que se identificam enquanto surdo é o sujeito que apreende o
mundo por meio de experiências visuais e tem o direito e a possibilidade de apropriar-se
da Língua Brasileira de Sinais e da Língua Portuguesa, de modo a propiciar seu pleno
desenvolvimento e garantir o trânsito em diferentes contextos sociais e culturais.
Surdocego: uma definição funcional refere ao surdocego como aquele que tem uma perda
substancial da visão e da audição, de tal modo que a combinação das suas deficiências
cause extrema dificuldade na conquista de habilidades educacionais, vocacionais, de lazer
e sociais. A palavra chave nesta definição é COMUNICAÇÃO.
Tradutor: pessoa que traduz de uma língua para outra. Tecnicamente, tradução refere-se
ao processo envolvendo pelo menos uma língua escrita. Assim, tradutor é aquele que
traduz um texto escrito de uma língua para a outra.
Tradutor-Intérprete: pessoa que traduz e interpreta o que foi dito e/ou escrito.
Cada pessoa tem um nome próprio, e na comunidade surda cada pessoa também tem um
sinal, veja alguns exemplos: Fátima Bernardes, Ana Maria Braga, Dilma, Faustão, Jô Soares e
Pele. As figuras representam pessoas conhecidas e seus sinais. O perfil é relacionado com
suas características, podendo ser de pessoas, animais, roupas, tipos de cabelos ou objetos.
CARACTERÍSTICAS HUMANAS
c) O que acontece?
CARACTERÍSTICAS AMINAIS
CARACTERÍSTICAS CABELOS
CARACTERÍSTICAS ROUPAS
CARACTERÍSTICAS OBJETOS
O tipo de associação mencionado acima ocorre tanto com referentes presentes como com
referentes não presentes no contexto do discurso.
mesmo, ele apontará para o próprio peito; se for ao receptor, ele apontará diretamente ao
receptor (Bellugi & Klima, 1982).
O exemplo de Lillo-Martin & Klima (1990, p.192) esclarece a referência à terceira pessoa
na situação de sinalização com referentes não presentes no discurso.
O sinalizante pode associar ‘John’ com um ponto à direita e ‘Mary’ à esquerda. ‘John’ e
‘Mary’ são introduzidos por meio de sinais que os identificam ou seus nomes são soletrados por
meio do alfabeto manual. As formas pronominais são, então, diretamente associadas a esses
localizado no espaço: para a direita refere-se a ‘John’ e para a esquerda refere-se a ‘Mary’,
conforme ilustrado a seguir:
_________________ _________________
_________________
Em LIBRAS, também, pode ser comparada uma qualidade a partir de três situações:
superioridade, inferioridade e igualdade. Para se fazer os comparativos de superioridade e
inferioridade, usa-se os sinais MAIS ou MENOS antes do objetivo comparado, seguido da
conjunção comparativa DO-QUE, ou seja:
Comparativo de Igualdade: podem ser usados dois sinais: IGUAL (dedos indicadores e
médios das duas mãos roçando um no outro) e IGUAL (duas mãos em B, viradas para
frente encostadas lado a lado), geralmente no final da frase. Exemplos:
_________________ _________________
_________________ _________________
Exemplos:
As expressões faciais também fazem parte da comunicação humana, por meio delas,
podemos revelar emoções, sentimentos, intenções para nosso interlocutor. Elas são utilizadas
em todas as línguas. No caso das Línguas de Sinais, as expressões faciais desempenham um
papel fundamental e devem ser estudadas detalhadamente.
As expressões faciais podem ter função adjetiva, pois podem ser incorporadas ao
substantivo independente da produção de um adjetivo. Nesse caso, os substantivos incorporam
o grau de tamanho conforme apresentado nos exemplos a seguir:
Grau de Intensidade:
Normal;
Intenso;
Grau de tamanho:
Vocês podem observar que esses tipos de marcações não manuais são graduais, ou seja,
eles não apresentam uma expressão fixa, mas são produzidos com diferentes gradações de
intensidade e tamanho. A esses tipos de marcações é muito comum haver modificações de outra
ordem na produção dos sinais, isto é, os sinais podem sofrer alguma modificação que é
associada à intensidade ou grau. Por exemplo, nos sinais apresentados como exemplos de
marcação de intensidade e de grau aparecem modificações na configuração de mão.
Vejamos em detalhes o exemplo da gradação de BONITO.
Quando o sinal é produzido para expressar algo com uma intensidade específica análoga
ao português à palavra BONITINHA, o sinal pode ser produzido com a configuração de mão
5 com os dedos mais aproximados. Veja o sinal:
_________________ _________________
_________________
expressões faciais. É possível fazer só junto ao marcador “não”, junto ao sintagma verbal, junto a
toda sentença.
_________________ _________________
Exemplos:
a) Ninguém:
b) Nada:
c) Nenhum:
d) Nunca:
e) Nunca-vi:
Sentenças Afirmativas: são sentenças que expressam ideias ou ações afirmativas. Por
exemplo, EU VOU AO BANCO.
Sentenças Condicionais: são sentenças que estabelecem uma condição para realizar
outra coisa, por exemplo, SE CHOVER, EU NÃO VOU À FESTA. A condição destas
sentenças é não chover, para que a pessoa vá a festa.
Sentenças Relativas: são aquelas em que há uma inserção dentro da sentença para
explicar, para acrescentar informações, para encaixar outra questão relativa ao que
está sendo dito. Nessas sentenças, normalmente utiliza-se QUE na Língua Portuguesa.
Na Língua de Sinais, há uma quebra na expressão facial para anunciar a sentença
relativa que é produzida com a elevação das sobrancelhas. Por exemplo, A MENINA
QUE CAIU DA BICICLETA ESTÁ NO HOSPITAL.
Construções com Foco: são aquelas que introduzem no discurso uma informação
nova que pode estabelecer contraste, informar algo adicional ou enfatizar alguma coisa.
Por exemplo, se alguém diz que a MARIA COMPROU O CARRO e esta informação
está equivocada, o falante/sinalizante seguinte pode fazer uma retificação: NÃO,
PAULO COMPROU O CARRO. Paulo aqui será o foco.
EXPRESSÕES INTERROGATIVAS:
Verbos simples: são verbos que não se flexionam em pessoa e número e não incorporam
afixos locativos. Alguns desses verbos apresentam flexão de aspecto. Todos os verbos
ancorados no corpo são verbos simples. Há também alguns que são feitos no espaço
neutro.
Verbos com concordância: são verbos que se flexionam em pessoa, número e aspecto,
mas não incorporam afixos locativos. Exemplos dessa categoria são: DAR, ENVIAR,
RESPONDER, PERGUNTAR, DIZER, PROVOCAR, que são subdivididos em concordância
pura e reversa (backwards).
Verbos espaciais (+localizado): são verbos que têm afixos locativos. Exemplos dessa
classe são: COLOCAR, IR, CHEGAR.
_________________ _________________
Nas LIBRAS, alguns verbos possuem sinal próprio para expressar negação. Negação por
incorporação (incorporação na negação). Há também a possibilidade de incorporação da
negação em alguns verbos. Nestes casos, ao invés do sinalizante utiliza-se o item lexical de
negação, ele produz o sinal já com a negação incorporada ao verbo. Isso se dá com a adição de
um movimento.
Foram apresentados até agora vários exemplos de formação de palavras por meio de
diferentes processos de derivação. A partir de agora, serão vistos alguns exemplos de processos
de flexão na Língua Brasileira de Sinais.
Segundo a autora Tanya A. Felipe (2007), a negação pode ser feita através de três
processos:
Casad@ eu não?
Exemplos:
Eu querer-não ir festa.
c) Com um aceno de cabeça que pode ser feito simultaneamente com a ação que
está sendo negada ou juntamente com os processos acima:
Exemplos:
Eu lembrar-não você.
Com relação aos pronomes pessoais e os verbos: QUERER, ACEITAR, TER RECEBER.
Exemplos:
a) TER ou TER-NÃO
Você ter caneta. Você ter-não caneta. El@ ter carro. El@ ter-não carro.
b) QUERER ou QUERER-NÃO.
Na Língua Brasileira de Sinais, assim como verificado na ASL (siple, 1978), as relações
gramaticais são especificadas por meio da manipulação dos sinais no espaço. As sentenças
ocorrem dentro de um espaço definido na frente do corpo, consistindo de uma área limitada pelo
topo da cabeça e estendendo-se até os quadris. As sentenças finais na Língua Brasileira de
Sinais são indicadas por uma pausa. A figura 1 ilustra o espaço de realização dos sinais na
Língua de Sinais Brasileira, conforme Langevin & Ferreira Brito (1988).
casa
Aquela casa ali; Aquela casa lá; Esta casa do lado direito; Esta casa adiante.
carro
Aquele carro; O carro atrás; O carro à frente; O carro à esquerda; O carro à direita.
Além disso, se o mesmo sinal for reproduzido em diferentes pontos do espaço, entra-se no
campo morfológico, pois pode haver a incorporação de movimentos que indicam marcação de
plural e flexão verbal.
PARÂMETROS EM LIBRAS
são formas das mãos, que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras
formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros), ou pelas duas
mãos do emissor ou sinalizador. Os sinais APRENDER, LARANJA e ADORAR têm
a mesma configuração de mão.
Ponto de Articulação:
Movimento:
Orientação:
os sinais podem ter uma direção e a inversão desta pode significar ideia de
oposição, contrário ou concordância número-pessoal, como os sinais QUERER e
QUERER-NÃO; IR e VIR.
Na combinação destes quatro parâmetros, ou cinco, tem-se o sinal. Falar com as mãos é,
portanto, combinar estes elementos que formam as palavras e estas formam as frases em um
contexto.
PARÂMETROS
CONFIGURAÇÃO DE MÃOS
PONTO DE ARTICULAÇÃO
MOVIMENTO
ORIENTAÇÃO/DIRECIONALIDADE
CONFIGURAÇÃO DE MÃO
São formas das mãos que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas
feitas pela mão predominante (mão direita para os destros ou esquerda para os canhotos), ou
pelas duas mãos.
Exemplo:
PONTO DE ARTICULAÇÃO
é o lugar onde incide a mão
predominante configurada, ou seja, local
onde é feito o sinal, podendo tocar
alguma parte do corpo ou estar em um
espaço neutro.
MOVIMENTO
Os sinais podem ter um movimento ou
não. Por exemplo, os sinais PENSAR,
AJOELHAR, EM-PÉ E SENTAR não
têm movimento; já os sinais CORAÇÃO,
RIR, CHORAR E CONHECER possuem
movimento.
ORIENTAÇÃO/DIREÇÃO
Os sinais têm uma direção com relação
aos parâmetros acima. Assim, os verbos
IR/VIR, SUBIR/DESCER,
ACENDER/APAGAR E ABRIR E
FECHAR se opõem em relação à
direcionalidade
A Língua Brasileira de Sinais é uma língua visual-espacial articulada por meio das
mãos, das expressões faciais e do corpo.
_________________
Atividade em Grupo: intérprete de Língua de Sinais com Professor, trazer revista e jornal
alunos. Tarefa de casa, tema: Escolher texto alunos.
Observe o vídeo de voz e faça a tradução simultânea (Escrita) de acordo com o contexto e
respeitando as regras gramaticais do Português.
Tridimensional: dar as três dimensões do que está sendo visualizado dando a sensação
de penetração do relevo visual.
Na descrição visual para referir a forma, tamanho, textura, paladar, cheiro, sentimentos,
“olhar”, ou desenhos de forma assimétrica ou simétrica é utilizado, dependendo da situação, uma
mão ou duas.
A FORMA, A TEXTURA E O
A FORMA E O PALADAR DO ABACAXI
TAMANHO DA MOCHILA
Há também o classificador descritivo locativo que envolve uma ação que determina o
objeto em relação ao outro objeto, seja animado ou inanimado. São usados com uma ou duas
configurações de mãos.
Outro classificador descritivo envolve uma ação ou posição de várias partes do corpo
humano, objetos animados e inanimados.
LÍNGUA SABOREANDO
MENTIR FAZ NARIZ COMIDA GOSTOSA
CRESCER
FUMAÇA DO FOGÃO A
FUMAÇA DO CHURRASCO
LENHA
ESCOVAR DENTES
RECEITAS
Ingredientes
Sal a gosto
b) CACHORRO QUENTE
Ingredientes
1 kg de salsicha
1 pimentão picadinho
3 colheres de óleo
c) BOLO DE CHOCOLATE
Ingredientes
Massa:
4 ovos
2 xícaras de açúcar
1 xícara de leite
Calda:
d) PUDIM DE CLARAS
Ingredientes
Calda
Creme
500 ml de leite
Ingredientes
Para o frango:
Para o creme:
1 lata de leite
f) TORTA DE LEGUMES
Ingredientes
Para o recheio:
2 chuchus picados
1 tomate
1 pimentão
1 cebola
Salsinha a gosto
Orégano a gosto
1 colher de margarina
Para a massa:
1 xícara de leite
1 ovo
1 colher de fermento em pó
g) BOLO RAPIDINHO
Ingredientes
2 ovos
1 copo de leite
1 pitada de sal
h) BOM-BOCADO DE FUBÁ
Ingredientes
2 ovos
2 xícaras de leite
i) MOUSSE DE LIMÃO
Ingredientes
Modo de Preparo
Ingredientes
1 xícara de maizena
2 xícaras de leite
1 xícara de óleo
3 ovos
1 colherzinha de sal
Recheio:
1 lata de sardinha
1 lata de ervilha
Molho de tomate
Para sinalizar uma receita em LIBRAS é necessária fazer uma adaptação utilizando os
classificadores quando for preciso, sinalizar de acordo com o contexto e tiver bastante clareza ao
transmitir as informações.
Descascar as batatas e a cenoura. Cortar as vagens. Cozinhas esses legumes com água e
sal. Cortar o espinafre e deixa ferver ligeiramente. Numa tigela as claras e as gemas por 2
minutos. Acrescentar os tomates amassados e o resto dos ingredientes, misturando levemente.
Colocar tudo em forma de buraco, untada e polvilhada com farinha de rosca. Assar em forno
quente. Servir quente ou frio.
Observe as imagens do gibi e perceba a situação, incorpore e crie uma estória. Depois
compare a estória que foi criada com a do gibi original.
REFERÊNCIAS
PERLIN, Gládis T. T. Identidades Surdas. In Skliar Carlos (org.) A Surdez: um olhar sobre as
diferenças. Porto Alegre: Editora Mediação, 1998.
STOKOE, W. Sign language structure. (Edição revisada.) Silver Spring: Listok Press, 1978.