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SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO

REV.DENOEL NICODEMOS ELLER

Walisson Frances da Silva

Eliseu Nogueira Rosa

EXEGESE DE JOÃO 3:16

Belo Horizonte

2019
SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO

REV.DENOEL NICODEMOS ELLER

Walisson Frances da Silva

Eliseu Nogueira Rosa

EXEGESE DE JOÃO 3:16

Exegese apresentada ao Seminário Teológico


Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemos Eller, como
parte do requisito da disciplina de Exegese do Novo
Testamento.

Belo Horizonte

2019
SUMÁRIO

1.1 CONTEXTO HISTÓRICO DO LIVRO e da PASSAGEM ........................................ 5

1.1.1 Autor .................................................................................................................... 5


1.1.2 Leitor ................................................................................................................... 5
1.1.3 Data ...................................................................................................................... 6
1.1.4 Circunstâncias Históricas .................................................................................. 7
1.1.5 Objetivo ............................................................................................................... 8
1.2 CONTEXTO LITERÁRIO DA PASSAGEM ......................................................... 8

1.2.1 Contexto remoto ................................................................................................. 9


1.2.2 Contexto Próximo ............................................................................................. 10
1.3 CONTEXTO CANÔNICO ..................................................................................... 11

1.3.1 1 Relação do texto com passagens do A.T. e N.T. .......................................... 11


2 ESTUDO TEXTUAL ...................................................................................................... 12
2.1 ANÁLISE E TRADUÇÃO DO TEXTO ................................................................... 12

2.1.1 Análise Morfológica – João 3:16........................................................................ 12


2.1.2 Tradução Literal: ................................................................................................ 14
2.1.3 Tradução Dinâmica: ........................................................................................... 17
2.2 ANÁLISE MANUSCRITOLÓGICA ..................................................................... 19

2.2.1 Estilo de Narrativa .............................................................................................. 21


2.3 ESTRUTURA DO TEXTO ..................................................................................... 22

2.4 COMENTÁRIO DO TEXTO ................................................................................. 23

2.5 O TEXTO E A BÍBLIA ........................................................................................... 24

2.6 APLICAÇÃO DO TEXTO ..................................................................................... 25

2.7 PARAFRASE ........................................................................................................... 26

2.8 TEOLOGIA DO TEXTO ........................................................................................ 26

2.8.1 Implicações para a Teologia Bíblica .................................................................. 26


2.8.2 Implicações para a Teologia Sistemática............................................................ 27
2.8.3 Implicação para a Teologia Prática .................................................................... 28
2.9 SERMÃO ................................................................................................................... 28

CONCLUSÃO e APLICAÇÃO ............................................................................................. 29


Bibliografia .............................................................................................................................. 30
4

INTRODUÇÃO

O tema do presente trabalho é João 3.14-21. Este texto apresenta grandes princípios da
teologia cristã. Todavia, há proposições contidas no texto que tem gerado confusões no que se
refere a interpretação. Uma das proposições apresentadas no texto, especificamente no verso
16 do Capítulo 3 de João, se refere ao amor de Deus para com o mundo e, por conseguinte, a
salvação dos pecadores.

Nos dias atuais, muitos cristãos tem tido dificuldades em interpretar este texto, uma
vez que os mesmos têm a tendência de defender a teologia que Deus amou e/ou salvou todas as
pessoas contidas na humanidade, não somente os eleitos. Diante disso, percebe-se a importância
de desenvolver uma exegese que colabore na resposta frente a tais interpretações errôneas do
texto acima referido.

As bases metodológicas utilizadas para a composição do presente trabalho, constitui-se


de um conjunto de bibliografias, comentários exegéticos e bíblicos, utilização de sites,
dicionários bíblicos e Bíblias de estudo.

O método interpretativo usado no presente trabalho, se baseia no Histórico-Gramatical.


Esse método será usado uma vez que foi o mesmo método utilizado pelos reformadores em suas
magníficas obras exegéticas, os quais objetivavam uma melhor interpretação das Escrituras.

O texto original que será usado na presente exegese é o Nestle-Aland. O motivo da


escolhe deste texto original se baseia na popularidade do mesmo e, portanto, a facilidade de
acesso as traduções deste texto original.

Diante disso, este trabalho visará uma fiel interpretação da passagem tema da exegese.
5

EXTUDO CONTEXTUAL

1.1 CONTEXTO HISTÓRICO DO LIVRO e da PASSAGEM

1.1.1 Autor
O Evangelho de João não traz consigo o nome do seu autor de forma clara. Todavia, a
sua autoria foi muito defendida pelos primeiros teólogos e historiadores bíblicos na história da
Igreja. O Evangelho de João era conhecido e utilizado desde os tempos mais antigos. Os Pais
da Igreja Primitiva sustentaram de forma uniforme a autoria de João, como por exemplo: Inácio
de Antioquia, Justino Mártir, Antenágoras, entre outros.

Irineu, teólogo e um dos Pais da Igreja afirmou: “João, discípulo do Senhor, que
também tinha se reclinado em seu peito, publicou, ele mesmo, um evangelho durante o tempo
em que residiu em Éfeso na Ásia”.1 A afirmação de Irineu nos aponta, no que se refere a
evidência externa da autoria do Evangelho de João, que é verídico a autoria do Evangelho de
João, uma vez que Irineu foi um dos Pais da Igreja que viveu em um período próximo dos
relatos do Evangelho.

Quanto as evidências internas da autoria do quarto Evangelho, as Escrituras nos


mostram alguns sinais que de fato foi João o seu autor.

O escritor do quarto Evangelho apenas poderia relatar de forma detalhada os


acontecimentos de estivesse presenciando os fatos. Outro ponto a destacar, é que na primeira
carta de João é relatado o seu conteúdo utilizando da mesma linguagem que no quarto
Evangelho é usado, como por exemplo no primeiro verso do capítulo um do Evangelho e no
primeiro verso do capítulo um da carta de João.

Outro argumento que defende que João é autor do quarto Evangelho é o seu
conhecimento profundo dos costumes judaicos. Apenas um judeu poderia apresentar de forma
tão detalhada as tradições judaicas. Sendo assim, a autoria delimita ainda mais a alguém que
esteve perto de Jesus e tinha um conhecimento profundo do judaísmo.

1.1.2 Leitor
No que se refere aos primeiros leitores do Evangelho de João, pode-se afirmar que se
baseava em judeus e gentios. Walter A. Elwel afirma: “João escreve para que seus leitores

1
IRINEU, Contra as Heresias, São Paulo: Paulus
6

creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e que por intermédio da fé tenham vida em seu
nome.”2

É evidente que o público alvo do Evangelho de João fosse gentio e judeus, uma vez que
a simplicidade do evangelho e o seu paralelismo com o Antigo Testamento se faz presente em
toda parte dos escritos. Com a afirmação de Walter A. Elwel, se torna ainda mais claro a
intenção de João em enviar sua carta aos gentios e judeus, uma vez que se pode perceber as
obras e a vida de Cristo sendo destacado em todo o Evangelho, objetivando a conversão dos
gentios e judeus.

O envio do Evangelho de João aos gentios e judeus é evidenciado em seus próprios


escritos. Ao escrever no grego comum, João nos revela, de forma indireta, o seu objetivo de
popularizar entre os não crentes o seu testemunho. O próprio João afirma: “Neste livro... foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais
vida em seu nome” (João 20.30-31).

Enquanto os demais Evangelhos destacam a vida e a obra de Jesus abrangendo uma


certa integralidade, o Evangelho de João “resume enfatizando os ensinos e os discursos em que
comprovam que Jesus é o Filho de Deus e o Messias prometido”.3

Mais do que apresentar uma biografia de Jesus, João nos introduz em uma reflexão
acerca da pessoa do Filho de Deus e o modo como salvou os pecadores. Dessa forma, o
Evangelho de João nos imerge a um conteúdo de profunda reflexão referente a redenção dos
pecadores.

1.1.3 Data
No que se refere a datação dos escrito do Evangelho de João, A.W. Tozer afirma: “João
foi uma das últimas testemunhas oculares sobreviventes ao ministério terreno de Jesus. O
período provável para a escrita do Evangelho é 80-90 d.C.”.4 A data do Evangelho de João
aponta por A.W. Tozer é a mesma para a maioria dos historiadores ortodoxos.

Todavia, há muitos teólogos críticos que data o Evangelho de João ao ano de 180 d.C.,
enquanto outros datam os escritos para o ano 70 d.C. Porém, a hipótese de que o Evangelho de
João tenham sido escritos na última década do 1ª século é aceita quase universalmente, até
mesmo entre os teólogos críticos. Isso se deve a alguns achados arqueológicos que nos apontam

2
ELWEL, Walter. Descobrindo o Novo testamento, Editora Cultura Cristã, 2002.
3
Bíblia de Estudo Almeida.
4
Bíblia com anotações A.W. Tozer
7

para a datação tradicional. Por exemplo, o achado do fragmento de Rylands (um pedaço de
papiro dos escritos de João datado no máximo 130 d.C.) foi um dos achados arqueológicos que
forçaram os críticos a reconhecerem que a datação do Evangelho de João aconteceu antes de
130 d.C. Dessa forma, a datação tradicional dos escritos de João tem sido aceita pela maioria
dos historiadores e teólogos.

1.1.4 Circunstâncias Históricas


É importante ressaltar alguns termos registrados no Evangelho de João e que tinha
considerável importância cultural na época em que foi escrito. Sabe-se que o Evangelho de João
foi escrito na língua grega coinê, ou seja, escrito na linguagem do povo. Alguns termos que
João usa tem ligação direta com a cultura predominante na época. Por exemplo, no início no
capítulo 1 João diz: “No Princípio era o Verbo...” A palavra usada por João traduzida por
“Princípio” e “Verbo” é “Arché” e “Logos”.

Ao analisar a história da filosofia grega antes de Cristo, encontra-se a busca da


compreensão de pelo menos dois aspectos da vida humana, tais como: O fundamento que rege
todas as coisas, ou seja, o princípio (Arché), e a razão de todas as coisas (Logos).

A cultura grega influenciou grande parte do Oriente Médio. Isso se deve a expansão do
império macedônico, liderado por Alexandre, o Grande. Muitas cidades e regiões passaram a
falar a língua grega e, inclusive, passaram a viver segundo os discursos que a filosofia grega
pregava.

O evangelista João inicia seus escritos dando uma resposta para as perguntas levantadas
anteriormente pelos pensadores gregos. João afirma que em Cristo, tanto o fundamento que
rege o universo (arché) quanto a razão (logos), fazem sentidos. Sendo direcionado para os
gentios, o Evangelho de João certamente foi impactante em seus termos.

Quando se analisa a cultura judaica, as palavras de João (“No princípio era o Verbo”)
ainda fazem mais sentido. Os judeus preservavam de forma cuidadosa o Antigo Testamento, e,
em várias passagens, o Antigo Testamento relaciona o termo “Palavra de Deus” (ou seja, o
Verbo) com a vida e a obra de Jesus, como por exemplo: Gn 1.3, Sl 19.8, Sl 33.6.

Sendo assim, as circunstâncias históricas que regem a época em que o Evangelho de


João foi escrito era influenciado, de forma ampla, pela filosofia grega e, de forma mais restrita,
pelo judaísmo. João, em seus escritos, revela que apenas em Cristo toda história judaica faz
sentido, bem como todas as perguntas levantadas pelos pensadores gentios poderiam ser
8

respondidas em Cristo. Dessa forma, João influencia o seu contexto histórico expondo a vida e
obra do Salvador.

1.1.5 Objetivo
O objetivo do Evangelho de João implica, assim como os demais evangelhos sinóticos,
é apresentar a obra e a vida de Cristo Jesus. Todavia, quando se estuda de forma mais profunda
os escritos do Evangelho de João, encontra-se aspectos peculiares referente ao seu objetivo.

O Evangelho de João busca a direcionar o leitor para crer em Cristo através de seus
milagres a obra salvadora. D.A. Carson diz: “O evangelho (de João) foi destinado a conduzir
seus leitores à fé em jesus Cristo como o Filho de Deus. O registro dos vários sinais se
destinava a produzir esse resultado”.5 João valoriza os milagres de jesus objetivando a crença
dos gentios e judeus no Senhor Jesus Cristo.

Outro aspecto a observar, refere-se a ausência de parábolas no Evangelho de João. “A


parábola parece ter sido uma forma de ensino caracteristicamente judaica, e não era
conhecido dos gregos.”6 João utiliza técnicas para que seu público gentio compreenda de forma
mais clara a vida e a obra de Jesus.

Em último aspecto que colabora com o objetivo principal, que é apresentar a vida e
obra de Jesus aos gentios e judeus, João revela Jesus sendo uma pessoa divina e humana. Ou
seja, o Messias prometido Filho de Deus e, ao mesmo tempo, humano e próximo dos gentios.
Donald Guthrie afirma: “Há evidência de que João manteve um equilíbrio entre o fato de Jesus
ter sido um homem real tanto quanto era Filho de Deus”.7

Desse modo, ao objetivar a fé dos gentios e judeus em Cristo Jesus, João utiliza vários
métodos para facilitar a compreensão de quem é Jesus e o que Ele fez para com os pecadores.

1.2 CONTEXTO LITERÁRIO DA PASSAGEM

Esboço do Evangelho de João

Tema central: Jesus é o Cristo

Versículo chave: João 20.31

5
CARSON, D.A., Comentário Bíblico Vida Nova, 2009
6
Bíblia de Estudo Apologia Cristã, Editora CPAD, 2015
7
GUTHRIE, Donald, Teologia do Novo Testamento, Editora Cultura Cristã, 2011
9

I- ELE SE REVELA (1.1-6.71)

a) Ao mundo (1.1-18)
b) Aos discípulos (1.19-2.12)
c) Aos judeus (2.13-3.36)
d) Aos samaritanos (4.1-54)
e) Aos líderes judeus (5.1-47)
f) Às multidões (6.1-71)

II- HÁ CONFLITO COM OS LÍDERES JUDEUS SOBRE (7.1-12.50)

a) Moisés (7.1-8.11)
b) Abraão (8.12-59)
c) Quem é o Messias (9.1-10.42)
d) Seu miraculoso poder (11.1-12.36)
e) Sua autoridade vinda do Pai (12.37-50)

III- RESULTADO (13.1-21.25)

a) A fé dos discípulos (13.1-17.26)


b) A incredulidade dos judeus (18.1-19.42)
c) A vitória de Cristo (20.1-21.25) 8

1.2.1 Contexto remoto


O texto objeto dessa exegese se relaciona de forma direta e indireta com várias
passagens no Evangelho de João. Por exemplo, Jesus afirma no capítulo 8 verso 28 que
“quando levantardes o Filho do Homem, então, sabereis que EU SOU...”. Dessa forma,
relaciona-se de forma indireta com o texto objeto desta exegese como um cumprimento da
analogia feita por Jesus no Capítulo 3 verso 14, o qual afirma: “E do modo por que Moisés
levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado”.

8
Bíblia de Estudo Wiersbe
10

Um outro exemplo de análise do texto exegético com outras partes do Evangelho de


João é o versículo 16 do capítulo 3, que diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigénito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna”.
Esse verso se relaciona tanto com o início do Evangelho de João quando no seu fim. No início
do Evangelho de João, no capítulo 1 verso 9, diz: “...a saber a verdadeira luz, que, vinda ao
mundo, ilumina todo homem”. Em diálogo com João 3.16, pode-se observar o amor de Deus
para com o mundo em seu movimento de vir ao mundo na Pessoa de Cristo.

Dialogando João 3.16 com o final do Evangelho, nota-se uma associação indireta com
o texto objeto da presente exegese. No capítulo 20 verso 31 diz: “Estes, porém, foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome”. João, após apontar em seu Evangelho a vinda de Cristo e o seu amor para
com o mundo, finaliza apontado para a “vida” que somente Cristo pode dar.

A passagem de João 3.16 se relaciona tanto com o início do Evangelho quanto o seu
fim, sendo um verso chave para uma melhor compreensão do contexto remoto do texto objeto
deste trabalho.

1.2.2 Contexto Próximo


O texto objeto da presente exegese inicia em João 3.14, quando Jesus inicia um diálogo
com Nicodemos, e termina no versículo 21 do mesmo capítulo. Todavia, quando se analisa o
capítulo precedente, observa-se uma narrativa que relata que a reação de Jesus perante o
comercio que havia no templo. É notório a falta de compreensão dos judeus que estavam no
templo perante Jesus. Porém o texto de João 3.19 afirma: “O julgamento é este: que a luz veio
ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más”.

A narrativa precedente do texto objeto deste trabalho mostra de forma evidente o


cumprimento negativo do texto exegético. Por outro lado, o capítulo posterior evidencia uma
reação positiva perante Jesus. O capítulo 4 do Evangelho de João relata o diálogo de Jesus com
a mulher samaritana e, por conseguinte, o assunto gira em torno do lugar de adoração. Ao
contrário dos judeus que faziam comercio no templo (o local de adoração) e não
compreenderam quem era Jesus, a mulher samaritana afirma: “Será este, porventura, o
Cristo?!”.

O texto objeto deste estudo expõe o amor de Deus para com os pecadores. Todavia, o
mesmo texto expõe a incredulidade daqueles que rejeitam a Cristo. É notório que o texto objeto
desta exegese é cercado de fé e incredulidade. No capítulo anterior é exposto a incredulidade
11

dos judeus no templo para com Jesus. Porém, no capítulo seguinte, é evidenciado a fé da mulher
samaritana. Sendo assim, o texto de João 3.14-21 se localiza, de forma providencial, em um
lugar bem estratégico, fazendo com que o leitor se aprofunde ainda mais na compreensão de
que Jesus é de fato o Cristo.

1.3 CONTEXTO CANÔNICO

1.3.1 1 Relação do texto com passagens do A.T. e N.T.

A passagem objeto da presente exegese associa-se com alguns contexto e passagens do


Antigo Testamento, bem como com algumas passagens das cartas de Paulo.

Em João 3.14 o texto diz: “E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto,
assim importa que o Filho do Homem seja levantado”. O texto acima descrito refere-se a
passagem de Números 21.9, que diz: “Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma
haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava”. Este
diálogo entre os texto evidencia que a “serpente de bronze” era um “tipo de Cristo” 9. Ou seja,
ao levantar uma “serpente de bronze”, Moisés estava sendo usado para apontar para Cristo, o
qual viria para salvar a “todo aquele que nele crê”.

Dialogando com o texto de João 3.16, a passagem de Isaías 9.6 ainda é mais claro em
sua associação no que se refere ao texto do presente trabalho. O profeta diz: “Porque um menino
nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será:
Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Neste texto, o
Antigo Testamento faz referência a filiação de Cristo, bem como a sua responsabilidade de
governar o mundo. Complementando este texto, Paulo afirma: “Mas Deus prova seu próprio
amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”.
Sendo assim, observa-se a harmonia entre o Antigo e o Novo Testamento no que se refere o
amor de Cristo descrito em João 3.16.

A passagem de João 3.21 afirma: “Quem pratica s verdade aproxima-se da luz, a fim
de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus”. O apóstolo Paulo vai reafirmar
que as boas obras praticadas provém, não de nós mesmo, mas de Deus, ele diz: “Mas pela graça
de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei

9
Bíblia de Estudo de Genebra
12

muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo”. Dessa forma,
Paulo reafirma o que Cristo já havia dito sobre as boas obras.

O texto de João 3.14-21 harmoniza-se com todas as Escrituras. Isso se dá devido a


unidade da Palavra de Deus e a impossibilidade de contradições nas Escrituras. Pelo ao
contrário, as Escrituras se complementam, desde a Lei, Salmos, os Evangelhos até o
Apocalipse.

2 ESTUDO TEXTUAL

Para nossa análise, utilizaremos o versículo 16 de nossa perícope afim de identificar e


resolver o problema teológico do texto.

2.1 ANÁLISE E TRADUÇÃO DO TEXTO

16 οὕτως γὰρ ἠγάπησεν ὁ θεὸς τὸν κόσμον, ὥστε τὸν υἱὸν τὸν μονογενῆ
ἔδωκεν ἵνα πᾶς ὁ πιστεύων εἰς αὐτὸν μὴ ἀπόληται ἀλλ' ἔχῃ ζωὴν αἰώνιον.

2.1.1 Análise Morfológica – João 3:16


TEXTO ANÁLISE TRADUÇÃO

Advérbio ou advérbio e partícula combinados


οὕτως (ούτω desta maneira, assim, portanto, dessa forma) Assim

γὰρ Conjunção ou partícula conjuntiva Pois


(γάρ mas pois também, e por isso)

ἠγάπησεν Verbo Aoristo + Ativa + Indicativo + terceira +Singular Amou


(αγαπάω amar, ter afeição por / gostar)
Artigo definido +Nominativo + Singular +Masculino
ὁ (ό artigo definido ο, α) O

θεὸς Substantivo +Nominativo +Singular +Masculino Deus


(θεός, ου, ό e ή Deus, deus)

τὸν Artigo definido + Acusativo +Singular + Masculino O


(το to este, aquela, estes, etc. Exceto “o” ou “a”, apenas casos
especiais são levados em consideração.)
κόσμον Substantivo + Acusativo +Singular +Masculino Mundo
(κοσμος: mundo, universo, o círculo da terra, a terra)

ὥστε Conjunção ou partícula conjuntiva Que


(ωστε: assim que, de tal modo que, então, portanto)
13

τὸν Artigo definido +Acusativo +Singular +Masculino O


(το to este, aquela, estes, etc. Exceto “o” ou “a”, apenas casos
especiais são levados em consideração.)
υἱὸν Substantivo +Acusativo+Singular +Masculino Filho
(υιος: filho {raramente usados para filhote de animais} geralmente
usado de descendente humano)
artigo definido + Acusativo + Singular + Masculino O
τὸν (το to este, aquela, estes, etc. Exceto “o” ou “a”, apenas casos
especiais são levados em consideração.)
Adjetivo + Acusativo + Singular + Masculino
μονογενῆ (μονογενης: único do seu tipo, exclusivo 1a) usado para os filhos ou Unigênito/ único
filhas [únicos] unica (visto em relação a seus pais)
1b) usado de Cristo, denota o único filho nascido de Deus)
Verbo Aoristo + Ativa + Indicativo + terceira Singular Deu
ἔδωκεν (διδωμι: forma prolongada de um verbo primário (que é usado com
uma alternativa em muitos dos tempos / dar 2) dar algo a alguém
/ dar algo a alguém de livre e espontânea vontade, para sua vantagem
Conjunção ou partícula conjuntiva Para que
ἵνα (ινα: provavelmente do mesmo que a primeira parte de (pela ideia
demonstrativa); conj; que, a fim de que, para que)
Adjetivo + Nominativo + Singular + Masculino
πᾶς (πας: que inclui todas as formas de declinação; adj / individualmente Todo
cada, todo, algum, tudo, o todo, qualquer um, todas as coisas,
qualquer coisa)
artigo definido + Nominativo + Singular + Masculino
ὁ (το: em todos as suas inflexões, o artigo definido; artigo1) este, O
aquela, estes etc. Exceto “o” ou “a”, apenas casos especiais são
levados em consideração.)
Verbo Presente + Ativa + Particípio +Nominativo + Singular
πιστεύων +Masculino Que cré
(πιστευω: pensar que é verdade, estar persuadido de acreditar,
depositar confiança em 1a) de algo que se crê
1a1) acreditar, ter confiança 1b) numa relação moral ou
religiosa)
Preposição
εἰς (εις: preposição primária; prep. 1) em, até, para dentro, em direção a, Em
entre)
pronome Pessoal + Acusativo + Singular +Masculino
αὐτὸν (αυτος: [pela ideia de um vento instável] (para trás); pron. 1) ele Ele
próprio, ela mesma, eles mesmos, de si mesmo 2) ele, ela, isto 3) o
mesmo
Classe: Número: Plural Negativo
μὴ (μη: partícula de negação qualificada / expressa uma negação Não
absoluta); partícula 1) não, que... (não)
Verbo Aoristo segundo (forte) + Média + Subjuntivo + terceira
ἀπόληται pessoa Singular Pereça
(αποολλυμι: 1) destruir 1a) sair inteiramente do caminho, abolir,
colocar um fim à ruína 1b) tornar inútil 1c) matar
Conjunção ou partícula conjuntiva
ἀλλ' (αλλα: 1) mas 1a) todavia, contudo, não obstante, apesar de 1b) uma Mas
objeção 1c) uma exceção 1d) uma restrição
Verbo Presente + Ativa + Subjuntivo+ terceira pessoa Singular
ἔχῃ (εχω: 1) ter, i.e. segurar 1a) ter (segurar) na mão, no sentido de Tenha
utilizar; ter (controlar) possessão da mente (refere-se a alarme,
agitação, emoção, etc.); segurar com firmeza; ter ou incluir ou
envolver; considerar ou manter como 2) ter, i.e., possuir
14

Substantivo + Acusativo + Singular +Feminino


ζωὴν (ζωη: 1) vida 1a) o estado de alguém que está cheio de vitalidade ou Vida
é animado 1b) toda alma viva 2) vida
Adjetivo + Acusativo + Singular + Feminino
αἰώνιον (αιωνιος: sem começo e nem fim, aquilo que sempre tem sido e Eterna
sempre será 2) sem começo 3) sem fim, nunca termina, eterno

Tradução Literal: Assim pois amou o Deus o mundo que o filho o Unigênito/ único deu para
que todo o que cré em (para dentro/ em direção a ele) Ele não pereça, mas tenha vida eterna.

2.1.2 Tradução Literal:

T. G10 16 οὕτως γὰρ ἠγάπησεν ὁ θεὸς τὸν κόσμον, ὥστε τὸν υἱὸν τὸν μονογενῆ
ἔδωκεν ἵνα πᾶς ὁ πιστεύων εἰς αὐτὸν μὴ ἀπόληται ἀλλ' ἔχῃ ζωὴν αἰώνιον

T. L11 16 Assim pois amou o Deus o mundo que o filho o Unigênito/ único deu para que todo
o que cré em (para dentro/ em direção a ele) Ele não pereça, mas tenha vida eterna.

10
Texto Grego
11
Tradução Literal
15

Comparação de versões João 3:16: 12


16 Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para
Almeida Revista e Atualizada (ARA):
que todo o que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna.

16 Porque Deus amou o mundo de tal

Almeida Revista e Corrigida (ARC): maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna.

16 Porque Deus amou o mundo de tal

Almeida Corrigida e Fiel (ACF): maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna.

16 "Porque Deus tanto amou o mundo (....)

Nova Versão Internacional (NVI): que deu o seu Filho Unigênito, para que todo
o que nele crer não pereça, mas tenha a vida
eterna.

16 Porque Deus amou o mundo tanto (.....)


que deu o seu único Filho, para que todo
Tradução Linguagem de Hoje (TLH): aquele que nele crer não morra, mas tenha a
vida eterna.
16 Pois Deus amou tanto o mundo (....) que

Bíblia de Jerusalém (BJ): entregou o seu Filho único, para que todo o
que nele crê não pereça, mas tenha vida
eterna.

16 Porque Deus amou tanto o mundo (....)


que deu o seu Filho unigênito, a fim de que
Tradução Novo Mundo (TNM): todo aquele que nele exercer fé não seja
destruído, mas tenha vida eterna.

12
As Versões utilizadas na tabela de comparação, foram retiradas do software The Word Versão 5.0.0.1450
16

Segue a tabela com as principais diferenças e semelhanças de Jo 3:16, das versões acima
citadas:

ARA ARC ACF NVI TLH BJ TNM


Porque Porque Porque Porque Porque Pois Porque
Deus Deus Deus Deus Deus Deus Deus
*** *** *** Tanto *** *** ***
Amou Amou Amou Amou Amou Amou Amou
*** *** *** *** *** Tanto Tanto
O O O O O O O
Mundo Mundo Mundo Mundo Mundo Mundo Mundo
*** *** *** *** Tanto *** ***
De De De *** *** *** ***
Tal Tal Tal *** *** *** ***
Maneira Maneira Maneira *** *** *** ***
Que Que Que Que Que Que Que
Deu Deu Deu Deu Deu Entregou Deu
O O O O O O O
Seu Seu Seu Seu Seu Seu Seu
*** *** *** *** Único Único ***
Filho Filho Filho Filho Filho Filho Filho
Unigênito Unigênito Unigênito Unigênito *** *** Unigênito
Para Que Para Que Para Que Para Que Para Para Que A fim de
Que Que
Todo Todo Todo Todo Todo Todo Todo
O *** *** O *** O ***
*** Aquele Aquele *** Aquele *** Aquele
Que Que Que Que Que Que Que
Nele Nele Nele Nele Nele Nele Nele
Crê Crê Crê Crer Crer Crê Exercer fé
Não Não Não Não Não Não Não
*** *** *** *** *** *** Seja
Pereça Pereça Pereça Pereça Morra Pereça Destruído
Mas Mas Mas Mas Mas Mas Mas
Tenha Tenha Tenha Tenha Tenha Tenha Tenha
A A A A A *** ***
Vida Vida Vida Vida Vida Vida Vida
Eterna Eterna Eterna Eterna. Eterna Eterna Eterna
17

2.1.3 Tradução Dinâmica:


O texto aqui utilizado foi retirado da Almeida Revista e Atualizada – 2ª ed. Barueri – SP:
Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.

16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Após analisarmos as versões podemos concluir que:
• A versão do versículo analisada que se aproxima do texto original encontra-se na ARA,
porém, seguindo o texto Crítico de Westcott e Hort que representa 0,4% da aceitação
segundo os críticos textuais.
• Apesar de algumas variantes nos demais textos, estas podem produzir prejuízos ao
entendimento e significado proposto pelo autor original.
• Podemos notar a locução adverbial de intensidade: “de tal maneira” inserido nas
versões ARA, ARC, ACF, como também o adverbio de intensidade “Tanto” nas
versões NVI, TLH, BJ, TNM. Mas, não podem ser encontradas tais expressões no
texto original.
• Outra diferença encontrada na tradução está localizada no verbo “ωστε”, pois a Bíblia
de Jerusalém traduz esse verbo como “entregar”. Já as demais versões ARA, ARC,
ACF, NVI, TLH, TNM, traduziram o mesmo verbo “ωστε” como “Dar”, porém,
apesar destes verbos parecerem sinônimos, podemos encontrar diferença entre eles na
ideia linguística do Português, pois, o verbo “Dar” em seu significado mais restrito,
demonstrará a possessão daquele que está dando algo a alguém; já o verbo “entregar”,
tende a enfatizar o movimento da entrega, não deixando evidente a característica do
possuidor. Apesar de haver essa diferença entre os verbos, “Dar” e “Entregar”, conclui-
se que estas não trazem prejuízos ao entendimento.
• Outra diferença encontrada está no adjetivo “μονογενη” qualificando o substantivo
“υιον”. Nota-se que a BJ e TLH, optaram por traduzir o adjetivo “μονογενη” como
“único”, já as demais versões ARA, ARC, ACF, NVI, TNM, traduziram o adjetivo
“μονογενη” como “unigênito”. Todavia, conclui-se que o termo “unigênito” traz uma
forma mais adequada, pois aponta para a filiação ontológica de Cristo, ou seja, o eterno
gerado do Pai. Essa definição ganha mais força, quando analisada etimologicamente,
vejamos: do latim UNIGENITUS, “unus – único”, GENITUS, “gerado”, único gerado.
Conclui-se, porém, que, essa variante não traz prejuízo na interpretação ampla do texto,
18

que possa comprometer o entendimento e seu significado, todavia unigênito dará o


sentido mais apropriado para o texto.
• Encontra-se, também, outra diferença textual, tal diferença diz respeito a conjunção
“ινα” sendo traduzida pela TNM como “a fim de que”, as demais versões traduziram
“ινα” como “Para que”. Se analisamos semanticamente, essas expressões se tratam de
conjunções finais. Notaremos que ambas as palavras possuem o mesmo sentido na
gramática portuguesa, todavia, analisando o texto, percebe-se que João não estava
apresentando Jesus somente como o caminho para se chegar à vida eterna, tendo Ele
como a consequência, mas como o próprio objeto da fé. Por essa razão, acredita-se ser
mais apropriado o uso do termo “para” pois indicará o lugar e o destino da fé, a saber
Jesus Cristo. É necessário que a fé esteja em Jesus Cristo. Dessa forma conclui-se que,
a tradução Novo Mundo ao optar pelo termo “a fim de que”, tirou o sentido original do
texto comprometendo-o teologicamente, não identificando Jesus como o objeto da fé
para a salvação.
• O verbo “πιστευων” na versão TNM foi traduzido da seguinte maneira: “exercer fé”.
As demais versões, usadas neste trabalho, utilizaram a mesma forma na tradução do
verbo “πιστευων” traduzindo-o para “crê”. O verbo “πιστευων” é a declinação do
“πιστευω”, no texto original ele está como um particípio presente ativo, ou seja, a ação
de crer, enfatizando a crença inicial, presente e continua. Segundo o gramático
Francisco Leonardo em sua pequena gramática do Grego Coinê na pg. 69 §276, quanto
ao verbo particípio, trata o termo “ὁ πιστεύων” como “o crente” aquele que crê, o
“crendo”. (COINÊ – FRANCISCO LEONARDO SCHALKWIJK – 2011, pg 69 §276).
Dessa forma, pode-se notar que as traduções mudaram o sentido original do texto ao
traduzir o verbo “πιστευων” como algo futuro, olhando para a definição dada por
Francisco Leonardo, João ao escrever este texto, tinha como seu alvo principal indicar
os que já exerciam a fé em Deus “o crente”, e não aqueles que creriam, como algo
futuro, sendo a forma que as traduções optaram por traduzir. Pode-se concluir que todas
as versões se distanciam do texto original em suas traduções, essa mudança, do presente
para o futuro, pode levar a uma interpretação equivocada do texto analisado.
• Quanto ao verbo “αποληται” na versão TLH foi traduzido como “morra” enquanto a
TNM traduziu o mesmo verbo como “destruído”. As demais verões usaram o mesmo
termo, a saber “Pereça”. Todavia, essas diferenças encontradas podem comprometer o
entendimento do leitor leigo, pois, o verbo “Destruir”, nos traz o sentido de
“aniquilação”, ou seja, algo que hoje é existente, deixará, em um determinado tempo,
de existir. Já os verbos, “Morrer” e “Perecer”, produzem quase o mesmo sentido, e
19

digo quase, pois, sem o contexto anterior e posterior, analisando somente o v.16, o
verbo “morrer” poderá ser entendido pelo leitor como a impossibilidade de uma morte,
tanto física, quanto, espiritual, somente crendo em Cristo. Já, o termo “perecer”, ainda
que sem o contexto anterior e posterior, fica mais evidente o entendimento que, ainda
que fisicamente experimentemos dores e até morte, a fé em Cristo nos impedirá de
perecermos eternamente, nos levando ao propósito de Deus que é a vida eterna com
Ele.
• A versão que menos se aproxima do original encontra-se na TNM, contendo várias
variantes, em relação com as demais traduções, considerando somente a perícope
analisada nessa exegese.

Sendo assim, após a análise do v16 de João 3, conclui-se que, estas diferenças
encontradas “podem” descaracterizam o texto a ponto de comprometê-lo, total ou parcialmente.

2.2 ANÁLISE MANUSCRITOLÓGICA

O trabalho exegético até aqui teve como objetivo investigar os problemas


manuscritológicos encontrados na referida perícope de João 3:16. A mais de 1500 anos o Novo
Testamento foi copiado a mão em pairo e pergaminhos. Uns 5500 manuscritos são hoje
conhecidos e preservados, mas, diante desta vasta variedade de manuscritos, surgiram,
também, as discrepâncias e os acréscimos ocasionais que aparecem ao compará-los. Dessa
forma, o objetivo do exegeta, é buscar se aproximar o máximo do texto original, uma vez que
não temos nenhum manuscrito original, com o propósito de garantir a confiabilidade das
sagradas escrituras.

Após a análise do texto, nota-se um problema relacionado ao v16, do cp 3 de João. A


versão usada para análise da perícope encontra-se no texto de Westcott e Hort com uma certeza
de grau {B}, o problema encontra-se na omissão do pronome “αυτου”, sendo, pois, adicionado
nos textos da linha Majoritária.
• Variantes que seguem a tradição Westcott e Hort (Omissão do termo αυτου):
A tabela abaixo trará a lista de testemunhas que apoiam o texto desta edição

οὕτως γὰρ ἠγάπησεν ὁ θεὸς τὸν κόσμον, ὥστε τὸν υἱὸν ⸆ τὸν μονογενῆ ἔδωκεν
ἵνα πᾶς ὁ πιστεύων εἰς αὐτὸν μὴ ἀπόληται ἀλλ' ἔχῃ ζωὴν αἰώνιον
20

(Assim pois amou o Deus o mundo que o filho o Unigênito/ único deu para que todo o que cré
em (para dentro/ em direção a ele) Ele não pereça, mas tenha vida eterna).

*⸆ Indica onde a palavra αυτου foi omitida

A tabela abaixo trará a lista de testemunhas que apoiam o texto de Westcott e Hort
P66,75ℵB,W (0.4%) NU || long omissions (2.1%) [homoioteleuton]

Manuscrito Conteúdo Nome Data Observações

01 – ‫א‬ eacpr Códice Sinaítico IV – Século Alexandrino

B – 03 eacp Códice Vaticano IV – Século Cidade Vaticano


W – 032 e Códice V século Woshington. D.C
Washingtoniano
P66 e Papiro 66 Ano 200 Cologny;
Dublim; Colônia
P75 e Papiro 75 III século Cologny
e- Evangelho; e – Evangelho, a – Atos, c – Epístolas Católicas, p – Epístolas Paulinas, r –
Apocalipse.

Essas diferenças encontradas representam a 2,5% dos manuscritos que omitem o termo αυτου.
porem, são esses manuscritos que a Sociedade Bíblica do Brasil utilizam em suas traduções.

• Manuscritos que seguem a tradição Majoritária (Inclusão do termo αυτου):

οὕτως γὰρ ἠγάπησεν ὁ θεὸς τὸν κόσμον, ὥστε τὸν υἱὸν αυτου τὸν μονογενῆ
ἔδωκεν ἵνα πᾶς ὁ πιστεύων εἰς αὐτὸν μὴ ἀπόληται ἀλλ' ἔχῃ ζωὴν αἰώνιον. (Assim
pois amou o Deus o mundo que o filho dele o Unigênito/ único deu para que todo o que cré em
(para dentro/ em direção a ele) Ele não pereça, mas tenha vida eterna).

A tabela abaixo trará a lista de testemunhas que apoiam o texto Majoritário


αυτου f35 P63A,T (97.5%) CP,HF,RP,OC,TR ||X

Manuscrito Conteúdo Nome Data Observações

Presente em
f35 97,5% dos Família XIX
1700 majoritária
manuscritos
do evangelho
de João

M Texto Apoio do texto


Majoritário majoritário
21

A eacpr Manuscritos V Séc. Londres


Unciais Alexandrino

T e Manuscritos V Séc. Cidade do


Unciais Vaticano / NY

P63 e Papiro Cerca de 500 Berlim

CP complutência 1520
poliglota
presente em
HF 99,8% dos Hodges-Farstad 1985
1700
manuscritos
do evangelho
de joão
Presente em
RP 99,8% dos Robison- 2005
1700 Pierpont
manuscritos
do evangelho
de joão
e- Evangelho; Evangelho, a – Atos, c – Epístolas Católicas, p – Epístolas Paulinas, r –
Apocalipse.

Essas diferenças encontradas representam 97,5% dos manuscritos que contém o termo αυτου.

2.2.1 Estilo de Narrativa


Após o texto de João 3:16 ter sido analisado atentamente, identifica-se que existe uma
mudança na narrativa. Pode-se observar a mudança do discurso da primeira para a terceira
pessoa. No entanto, para melhor compreensão, a fim de perceber tais mudanças, voltaremos aos
V.s. 1 ao 15, nestes versículos, iremos identificar, de forma muito clara, quais são as falas do
narrador, a saber, João, e quais são as falas dos personagens, Jesus e Nicodemos.
No estilo de um diálogo, observa-se que Jesus ao se referir a si mesmo, utilizará o
pronome pessoal na primeira pessoa do discurso, deixando evidente que é o próprio e não o
narrador quem fala. Vejamos que, no v3 a resposta por ele dada a Nicodemos, nos mostra,
claramente, quem é o falante. Ao usar o pronome oblíquo “Te” ao dizer: ... “em verdade te
digo”, é possível perceber que esta fala vem do próprio Jesus. Outra evidencia encontrada
quanto as falas de Jesus, podem ser encontradas nos V.s. 5 e 7. No v7 encontra-se o pronome
“Eu”, enquanto que o V.s. 11 aparecerá, novamente o pronome “Te”, já no v12 o pronome
“me” será mencionado da seguinte forma: “não me credes”. Todos eles nos levarão à Jesus
22

como o autor dessas palavras. Já nos versículos 13 ao 15, há um questionamento quanto as falas
serem, de fato, de Jesus. D.A. Carson citando Nicholson em seu livro O Comentário de João,
levanta a possibilidade de elas serem comentários do evangelista (D.A. Carson, 2007, Pág. 204).
Porém, esse argumento é refutado, pelo próprio autor em seu comentário, da seguinte forma:
Isso é improvável: o título ‘Filho do homem’ é tão caracteristicamente reservado para os lábios
de Jesus, como forma de identificar-se a si mesmo, que é impensável que ele terminasse antes
do versículo 15. (D.A. Carson, 2007, Pág. 204). Por outro lado, os versículos 16 ao 21 podem,
e devem ser considerado as reflexões de João. Vejamos: logo no V.s. 16 podemos ver a mudança
do discurso da primeira para a terceira pessoa ao utilizar o pronome demonstrativo “seu”, nos
possibilitando identificar o narrador. Outra característica importante a ser considerada, que nos
leva a identificar João como o autor dessas palavras, está ligada a expressão filho unigênito,
essa expressão não pode ser encontrada em nenhum outro evangelho ou epístola, mas, somente
em João, sendo essa a posição, também, defendida por Carson em seu comentário. Vejamos o
que ele nos diz: a expressão ‘único’ (monogenês) é uma palavra usada pelo evangelista (1.14,
18; cf. ljo 4.9), mas não o é em outra passagem colocada nos lábios de Jesus ou de qualquer
outro desse evangelho. Tampouco, Jesus se refere a Deus normalmente como ho theos (‘Deus’)
(D.A. Carson, 2007, Pág. 204).
Conclui-se, portanto, essa parte que, as falas encontradas em João 3:16-21, considerando
todas essas evidências anteriormente levantadas, nos leva ao entendimento que foi o próprio
João quem as disse.

2.3 ESTRUTURA DO TEXTO

γὰρ

ὁ Θεὸς ἠγάπησεν τὸν κόσμον

Οὕτως ὥστε

(X) ἔδωκεν τὸν Υἱὸν

τὸν μονογενῆ

ὁ πιστεύων

ἵνα εἰς αὐτὸν μὴ

ἀλλ’

πᾶς ἔχῃ ζωὴν

αἰώνιον
23

2.4 COMENTÁRIO DO TEXTO

João 3:16 é de imensurável valor porque nenhuma outra declaração tão bem coloca a boa
notícia de que o nosso mundo, sucumbido ao pecado, precisa ouvir. O amor universal de Deus
é conhecido por intermédio de seu filho para o mundo. Este presente de amor é dado para salvar
o mundo, mas muitos rejeitam esse Dom de Deus sendo condenados à morte eterna. No entanto,
a mensagem deste verso para aqueles que recebem o dom de Deus é vida e salvação.

Comentário Exegético

O γὰρ pós-positivo marca o versículo 16 como uma exposição adicional das ações de
“levantar” e “crer” no verso 14-15, podendo ser traduzido como: “porque, pois, visto que,
então”. O οὕτως inicial frequentemente traduzido como: “deste modo, assim, desta maneira”
não é uma declaração sobre a extensão do amor de Deus, mas sim significa “de que maneira”
Deus ama. Ou seja, em referência a Moisés oferecendo a serpente como um caminho para a
vida dos israelitas. Então agora, “desta maneira / maneira (οὕτως) Deus amou o mundo.
ἠγάπησεν (amar) traduzido no passado como “amou”, no texto original encontra-se no
indicativo ativo aoristo, de modo que expressa uma ação, enfatizando o acontecimento em si,
olhando para ação como um todo, um evento completo, acabado, sem estar relacionado,
necessariamente com a ideia de tempo13. Dessa forma podemos ver o eterno amor com que a
seus eleitos Deus amou. ὁ (o/a) o artigo definido presente nesta perícope está no caso
Nominativo masculino singular, particularizando aquele que ama o mundo, Deus. É importante
notarmos que este artigo nos mostra a origem desse amor. O amor que nos dá vida eterna em
Cristo Jesus. Θεὸς também traduzido como “Deus” encontra-se no Nominativo masculino
singular, concordando com o artigo “ὁ” ho. Sua terminação ος ligado ao artigo “ὁ” ho
determina o sujeito da oração nos mostrando a origem desse amor descrito nesse texto. Com
isso podemos ver que a missão de Cristo está inteiramente ligada diretamente a Deus e não ao
mundo. τὸν esse artigo encontra-se no caso do acusativo masculino singular indicando o objeto,
neste caso apontará para o mundo, o qual está recebendo a ação praticada pelo sujeito (Deus).
Κόσμον (mundo) encontra-se no caso do acusativo masculino singular, este substantivo no
acusativo está indicando que ele é o objeto da oração. O termo mundo, como é usado nesta
passagem, deve significar a humanidade que, apesar de pecadora, exposta ao julgamento e

13
Um Caminho Suave Para o Grego; Autodidático. Módulo II; Gilson Altino da Fonseca, pg. 128, item 3.3
24

necessitada de salvação (ver vs. 16b e 17), ainda é objeto de seu cuidado. A imagem de Deus
ainda está, de certa maneira, refletida nos filhos dos homens.14 portanto (ὥστε) é a conclusão
do amor de Deus em dar o seu filho “unigênito” como o caminho para a vida eterna para o
mundo. O “dar” de Deus ao filho “tem em vista toda a missão do filho”. A doação não se refere
apenas à encarnação, mas também, como sinalizado por οὕτως, ao “levantar” do filho (isto é,
sua morte). também é significado. Assim, o filho do homem, mais explicitamente no ato de ser
levantado, é o presente de Deus para o mundo destinado à sua salvação. A doação de Deus de
seu filho é para os eleitos. Como o levantamento da serpente em Números 21 foi planejado
para a cura dos que foram mordidos pela serpente, então o levantamento do filho do homem é
destinado aos quais foram predestinados para serem salvos da morte e do pecado.
Este texto não deve ser tomado como uma declaração da salvação universal. Enquanto a
intenção de Deus é a salvação de seus eleitos limitado pela “crença”. A crença é a condição
para “ter vida eterna”. O versículo 16 reafirma a crença como o caminho para a vida eterna e
salvação. primeiro no versículo 15, “para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna”,
mas depois “avança o argumento nomeando a alternativa para a vida eterna: perecer”. Assim,
a intenção de Deus em dar o Filho, é que todos no mundo (eleitos) possam ter a vida eterna,
Mas, para alguém receber a vida eterna, eles devem olhar para e acreditar no Filho ou então
eles perecerão.

2.5 O TEXTO E A BÍBLIA

O que se pode notar quanto a doutrina contida no texto é:

1. Doutrina da Graça manifestada no amor de Deus, pois, Ele em um ato unilateral, decide
salvar os seus eleitos, por intermédio da pessoa de Cristo Jesus

Quanto a pessoa de Jesus Cristo, o que se pode perceber no texto é:

2. Ele é o Salvador enviado do Pai. É somente por meio dEle, por intermédio dEle, é que
se pode chegar à salvação.

Quanto a pessoa de Deus, o que se pode perceber no texto é:

3. Ele é que decide salvar o homem. O amor que é o motivador da salvação do homem é
dEele, pois tudo procede dele

Quanto a pessoa do Espírito Santo, o que se pode notar no texto é:

14
O Evangelho de João / William Hendriksen. - São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004 pg. 191
25

4. Ele é quem aplica a salvação realizada em Cristo, glorificando o Filho, assim, como ele
glorifica o Pai

Quanto as outras doutrina, o que o texto nos ensina é:

5. Pode-se perceber a doutrina trinitária da salvação, soteriologia, pois: O Pai elege, o Filho
redime o Espírito regenera, isso evidencia também a ordem da salvação.
6. Pode-se perceber a soberania de Deus, pois é Ele que decide por sua bondade e a
fidelidade.
7. Na cristologia pode-se ver Jesus se fazendo homem, sua impecabilidade, sendo o filho
de Deus, sendo Deus e Homem.

2.6 APLICAÇÃO DO TEXTO

Observando o texto, conclui-se que:

• O amor infinito de Deus se manifestou de uma maneira infinitamente gloriosa. Esse


é o tema deste texto que tem falado tão profundamente no coração dos filhos de Deus.
O versículo em estudo ilumina os seguintes aspectos desse amor:
o 1. seu caráter: de tal maneira amou
o 2. seu autor: Deus
o 3. seu objeto: o mundo
o 4. Sua dádiva: seu Filho unigênito
o 5. seu propósito: para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna.

O que podemos pensar sobre o texto é:

• Somente Deus é quem tem o poder de nos salvar juntamente com se Filho e Espírito
Santo, portanto somos incapazes de nos achegarmos a Ele se não movidos por sua ação
trinitária. Não somos nós o motivo principal para a vinda de Cristo, mas é o amor de
Deus, é por causa de seu amor que Cristo vem ao encontro do homem. Cristo não veio
por Nossa causa e sim Para nossa causa, Ele é o nosso substituto, carregando nossas
culpas e pecados sobre si, nos concedendo a sim a vida eterna no lugar do perecimento
eterno.

O precisamos fazer quando olhamos para este texto é:


26

• Entender que, para recebermos esta vida eterna, precisamos crer no Filho unigênito de
Deus. Portanto, é importante notar o fato de que Jesus menciona a necessidade da
regeneração, antes de falar a respeito da fé. A obra de Cristo dentro da alma sempre
precede a obra de Deus, na qual a alma coopera. E como a fé é dom de Deus, seu fruto,
a vida eterna, é também um dom de Deus. Deus deu o seu Filho, nos dá a fé para abraçá-
lo, e nos dá a vida eterna, como uma recompensa pelo exercício da fé. Glória seja dada
a ele, eternamente.

2.7 PARAFRASE

Por causa do amor de Deus foi que seu Filho Jesus Cristo, o unigênito, veio ao mundo,
afim de Salvar os que nele creem, dessa forma eles não perecerão eternamente, mas
serão salvos e viverão eternamente.

2.8 TEOLOGIA DO TEXTO

2.8.1 Implicações para a Teologia Bíblica

A relação do texto de João 3.16 com o restante das Escrituras nos revela a veracidade
do texto e a sua importância nas doutrinas bíblicas, uma vez que o restante das Escrituras
confirma os princípios revelados em João 3.16.

O texto de João 3.16 inicia dizendo: “Por que Deus Amou o mundo de tal maneira”. O
amor de Deus é destacado desde o início das Escrituras, quando o Senhor resolve não destruir
Adão e Eva por ter pecado contra o seu mandamento.

O amor do Senhor é evidenciado também nos livros históricos. No livro de Josué, o


Senhor evidencia o seu amor dizendo: “Como fui com Moisés, assim serei contigo; não te
deixarei, nem te desampararei” Js 1.5. O amor do Senhor está intimamente ligado com a sua
presença no meio do seu povo.

O texto de João 3.16 ainda nos diz: “...Que deu seu filho Unigenito...”. No Salmo 2, o
salmista, fazendo uma referência a Cristo, afirma: “Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te
gerei”. Dessa forma, percebe-se a relação do Antigo e Novo Testamento referente a
Primogenitura de Cristo. Ou seja, Jesus é o único eternamente gerado do Pai e o único
capacitado para nos salvar.

A passagem de João 3.16 ainda diz: “...Para que todo aquele que nele crê não pereça...”.
O objeto da fé salvadora, ou seja, Cristo Jesus, é revelada nos livros proféticos apontando para
o Servo sofredor. Em Isaías 53.5 afirma: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões...”.
27

Desta forma, a salvação do povo de Deus da morte eterna descrita em João 3.16 é justificada
em Isaías 53.5, o qual nos revela que não iremos ser castigados, uma vez que o Servo sofredor
morreu em nosso lugar. Antes mesmo de João descrever o nosso livramento da morte, Isaías já
havia descrito que Cristo tinha morrido e nos salvado.

O texto de João 3.16 termina dizendo: “...mas tenha a vida eterna”. A morte de Cristo
foi tão eficaz que, a recompensa que Ele nos dá, é um presente eterno. Tal recompensa já havia
sido revelada nos profetas menores. Em Miquéias 5.4 diz: “Ele se manterá firme e apascentará
o povo na força do Senhor, na majestade do nome do Senhor, seu Deus; e eles habitarão seguros,
porque, agora, será ele engrandecido até os confins da terra”. Desta forma, o profeta Miquéias
nos mostra que a vida eterna é uma realidade para o povo de Deus e João, no Novo Testamento,
nos mostra que quem nos conduz a vida eterna é a pessoa de Cristo Jesus.

2.8.2 Implicações para a Teologia Sistemática

A relação de João 3.16 referente a teologia sistemática, pode ser abarcada de várias
vertentes. O aspecto da teologia sistemática que o presente trabalho enfatiza se refere ao amor
de Deus para com o mundo. Quando o texto afirma: “Porque Deus amou o mundo”, pode-se
destacar a profundeza do amor de Deus para com os pecadores, Heber Carlos de Campos
afirma: “(O amor de Deus) é certamente a maneira mais doce de Deus expressar a sua bondade,
especialmente quando se trata da redenção dos pecadores”15.

Referente ao amor de Deus, pode-se afirmar que o seu amor faz parte da sua essência.
Em 1João 4.8 diz: “pois Deus é amor”. Dessa forma, pode-se afirmar que, Deus não pode existir
sem o seu infinito amor. Obviamente, a aplicabilidade do seu amor se dá conforme a sua perfeita
vontade, todavia, é inegável que o amor é um dos preciosos atributos do Senhor.

O amor de Deus, além de ser manifestado de forma ad intra, ou seja, manifestado entre
as Pessoas da Trindade, o amor de Deus também é revelado de forma ad extra, se revelando em
favor das criaturas. Em João 3.16, é evidente como o amor ad extra de Deus é manifestado ao
mundo de forma indelével. A maior demonstração do amor de Deus se baseia na cruz de Cristo,
por isso João 3.16 afirma: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigénito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

15
O Ser de Deus e seus atributos / Heber Carlos de Campos: São Paulo, Editora Cultura Cristã
28

2.8.3 Implicação para a Teologia Prática

No que se refere a Teologia Prática, o presente trabalho enfatiza a parte de João 3.16
que afirma: “...para que todo aquele que nele crê...”, apontando para a genuína fé da igreja de
Cristo.

Sabe-se, que, nos dias atuais, a fé tem sido cada vez mais banalizada nas igrejas ou,
quando existe uma fé sincera, muitas vezes, tem sido direcionada de forma errônea. O texto de
João 3.16 é evidente em nos mostrar o objeto de nossa fé, a saber, Cristo Jesus. Sendo assim, a
igreja deve se atentar em jamais desfocar a sua fé.

É natural que os crentes vivam momentos de tropeços durante a sua jornada para a
“cidade celestial”. No entanto, a fé dos crentes deve sempre estar direcionada em Cristo Jesus,
uma vez que somente Jesus pode nos dar alegria verdadeira quando tudo vai bem e, quando
tropeçamos, nos conceder perdão para a vida eterna.

2.9 SERMÃO

Narrativa: O que é amor? Vários pensadores e filósofos tentaram responder esta pergunta e, a
maioria deles, responderam apontando para as ações solidárias do ser humano. Todavia, as
Escrituras nos respondem tal pergunta enfatizando, não o homem, mas Deus. Sem a
compreensão da atitude de Deus em amar o mundo, é impossível compreender o conceito de
“amor” no seu mais profundo significado. Não podemos encontrar o significado de “amor” fora
de Deus, uma vez que, o maior ato de amor, foi Deus ter amado os pecadores.

Tema: O amor de Deus como instrumento da redenção do seu povo – João 3.16

1) Deus entregou o seu Filho a morte por amor ao seu povo – João 3.16a

2) Deus livra seu povo da morte através de seu amor – João 3.16b

3) Deus concede ao seu povo vida eterna com Cristo mediante o seu amor – João 3.16c
29

CONCLUSÃO e APLICAÇÃO

Nesta exegese, pode-se concluir considerando a profundidade do texto de João 3.16.


Uma vez que, este mesmo texto, não deve ser estudado apenas com percepções acadêmicas,
mas, principalmente, com as percepções espirituais.

No que se refere ao texto, necessita-se compreender que, antes de ser um objeto de


estudos profundos e acadêmicos, é a Palavra de Deus inspirada.

O texto, objeto da exegese, deve encontrar morada nos corações dos crentes e o seu
conteúdo ser pregado a todo mundo, uma vez que o mesmo expõe a grandeza do amor e da
misericórdia do Senhor para com o seu povo.

Mais do que lido e interpretado, o texto de João 3.16 deve ser vivido dia após dia pela
igreja de Cristo, a qual expressará o “bom perfume de Cristo” ao mundo que necessita
urgentemente do amor de Deus.
30

Bibliografia

Aquino, T. d. (s.d.). Catena Aurea . Porto Alegre : Concreta .

Bíblia com anotações de A.W. Tozer. (s.d.).

Bíblia de Estudo Almeida. (s.d.).

Bíblia de Estudo Apologia Cristã. (s.d.).

Bíblia de Estudo de Genebra. (s.d.).

Bíblia de Estudo Wiersbe. (s.d.).

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