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1 Seqüências

1 Seqüências

Neste capítulo serão estudadas as progressões aritméticas


e geométricas, suas propriedades e aplicações na resolução
de problemas. Serão apresentados e desenvolvidos os con-
ceitos de seqüências infinitas, subseqüências, seqüências
limitadas e seqüências monótonas. Será estudado, ainda,
a convergência de uma seqüência.

1.1 Progressões Aritméticas


Muitas situações podem ser descritas através de um modelo ma-
temático que consiste num conjunto ordenado de números, em
que a diferença entre dois termos consecutivos é constante.

Exemplo 1. Você adquire mensalmente 2 livros. Então, a sua co-


leção aumenta em duas unidades a cada mês.

Exemplo 2. Um compartimento de uma fábrica tem 1000 peças à


disposição para matéria-prima. Um robô ajusta 5 peças por mi-
nuto. A quantidade de peças que permanece como matéria-prima
diminui em 5 por minuto.

Definição 1. Uma progressão aritmética (P.A.) de razão r é um


conjunto ordenado de números reais a1 , a2 , ... , an chamados ter-
mos da progressão, satisfazendo an +1 − an = r , para todo número
natural n .

Exemplo 3. A seqüência 5, 8, 11, 14, 17, ... é uma P.A. finita de


razão 3 .

Exemplo 4. A seqüência 4, 4, 4, 4,... é uma P.A. de razão 0 .

Exemplo 5. A seqüência 12, 7, 2, − 3, − 8 é uma P.A. finita de


razão −5 .

11
Exemplo 6. A seqüência 1, 1 + 2 , 1 + 2 2 , 1 + 3 2 ,  é uma P.A.
de razão 2 .

Observação. Três termos consecutivos de uma P.A. de razão r


podem ser representados por x, x + r , x + 2r . No entanto, para
resolver certos problemas é conveniente representá-los por
x − r , x, x + r .

Exercício Resolvido
1) Os lados de um triângulo retângulo formam uma P.A.. Saben-
do que o perímetro do triângulo vale 24 m, calcule o comprimento
de cada lado.

Resolução. Seja r a razão da progressão. Representando os lados


do triângulo por x – r , x, x + r , temos que:

( x - r ) + x + ( x + r ) = 24
3 x = 24
x =8

A razão não pode ser zero, pois neste caso o triângulo seria eqüi-
látero, e não retângulo. Considerando r > 0 , a hipotenusa corres-
ponde a x + r . Pelo teorema de Pitágoras:

( x + r )2 = x 2 + ( x - r )2
(8 + r ) 2 = 82 + (8 - r ) 2
64 + 16r + r 2 = 64 + 64 - 16r + r 2
32 r = 64
r = 2.

Logo, x – r = 6, x = 8 e x + r = 10.

Resposta. Os lados do triângulo medem 6, 8 e 10 metros. (Note


que, caso considerássemos r < 0 , obteríamos o mesmo resultado).

A proposição abaixo estabelece uma relação entre um termo de


uma P.A. e a sua posição na progressão.

12
Proposição 1. Seja an um termo de uma P.A. de razão r cujo
primeiro termo é a1 . Então an = a1 + (n − 1)r , para todo número
natural n .

Demonstração. Sabemos que an é o termo da P.A. que ocupa a


posição n . Queremos provar que este termo se relaciona com o pri-
meiro termo e com a razão através da igualdade an = a1 + (n − 1)r .
De fato, usando a definição de P.A. temos:

a2 − a1 = r
a3 − a 2 = r
 
a n − a n −1 = r .

Somando ambos os lados destas igualdades:

(a2 − a1 ) + (a3 − a2 ) + (a4 − a3 ) +  + (an − an −1 ) = r+


r +
+ r.
n −1vezes

Observe que a2 , a3 , ... , an −1 e seus opostos


−a2 , − a3 , ... , − an −1 aparecem como parcelas no membro da
esquerda. Como a soma de um número com seu oposto é zero,
teremos após a soma: an − a1 = (n − 1)r .

Logo, an = a1 + (n − 1)r , como queríamos provar.


Observação. Ao termo an , que ocupa a posição n , chamamos de


termo geral da P.A.. Assim, a expressão do termo geral da P.A. é
dada por an = a1 + (n − 1)r .

Exercícios Propostos
1) O primeiro termo de uma P.A. vale 4 e a razão 1 . Calcule o
décimo-sexto termo. 3 9

2) Sabendo que o primeiro termo de uma P.A. é 4 e o vigésimo-


primeiro termo é −4 , calcule a razão da progressão.

3) O décimo-segundo termo de uma P.A. vale 52 , e o vigésimo-


quinto termo vale 117 . Calcule o primeiro termo e a razão.

13
Exercício Resolvido
2) No início do ano, João possuía R$ 400, 00 guardados e foi con-
templado com uma bolsa de estudos. A partir de janeiro começou
a guardar R$ 50, 00 por mês. Quantos reais João terá acumulado
no final de 2 anos?

Resolução. Os valores que João acumula a partir de janeiro for-


mam uma P.A. de razão r = 50 . O primeiro termo desta P.A.
corresponde ao valor que ele acumula no primeiro mês, ou seja,
a1 = 400 + 50 = 450 . A quantia acumulada no segundo mês cor-
responde a a2 e assim sucessivamente.

Portanto, o valor em reais que ele terá acumulado após 2 anos


corresponde ao termo a24 , o vigésimo quarto termo da P.A..

Utilizando a igualdade dada pela proposição 1, a saber,


an = a1 + (n − 1)r , temos:
a24 = 450 + 23 × 50
a24 = 1600

Resposta. Ao final de 2 anos João terá acumulado R$ 1600,00.

1.1.1 Soma dos Termos de uma P.A.


Curiosidade. Quando o grande matemático Karl Friedrich Gauss
(1777 – 1855) tinha 7 anos de idade, seu professor pediu para os
alunos da sua classe somarem todos os números naturais de 1 a
100 , ou seja, 1 + 2 + 3 +  + 100 .

O professor ficou surpreso, quando, em poucos minutos, Gauss


anunciava o resultado.

Ele percebeu que 1 + 100 = 2 + 99 = 3 + 98 =  = 50 + 51 . Quer dizer,


a soma total corresponde a 50 somas, cada uma destas valendo
101 . Portanto, o resultado é 50 ×101 = 5050 .

A idéia de Gauss naquele caso particular pode ser generalizada,


como mostra a proposição seguinte.

14
Proposição 2. A soma dos n primeiros termos de uma P.A. com
 a1 + an 
termo inicial a1 é dada por Sn =   .n .
 2 

Demonstração. Vamos escrever S n de duas maneiras:


S n = a1 + a2 +  + an −1 + an
S n = an + an −1 +  + a2 + a1

Somando ambos os lados destas igualdades, temos:


2 S n = (a1 + an ) + (a2 + an −1 ) +  + (an −1 + a2 ) + (an + a1 ) . (1)

Seja r a razão da P.A.. Então,

a2 + an −1 = (a1 + r ) + (an − r ) = a1 + an + (r − r ) = a1 + an .

Da mesma forma,

a3 + an − 2 = (a1 + 2r ) + (an − 2r ) = a1 + an .

De modo geral, se 1 ≤ k ≤ n , então

ak + an −( k −1) = (a1 + (k − 1)r ) + (an − (k − 1)r ) = a1 + an .

Portanto, no membro da direita de (1) soma-se n parcelas, cada


uma com soma a1 + an .

Logo, (1) é equivalente a:


2 S n = n.(a1 + an )
a +a 
S n = n.  1 n  .
 2 

Exercícios Resolvidos
3) Calcule a soma de todos os múltiplos naturais de 6 que pos-
suem 3 algarismos em sua representação decimal.

Resolução. A diferença entre dois múltiplos de 6 consecutivos é


constante e é 6 . Devemos, pois, achar a soma dos termos de uma
P.A. finita de razão 6 .

15
Para aplicar a fórmula dada pela proposição 2, a saber,
a +a 
Sn =  1 n  .n , devemos achar a1 , an e n .
 2 
Como os números naturais com três algarismos são maiores ou
iguais a 100, temos que:

• O menor múltiplo de 6, maior do que 100 é 102 . Assim,


a1 = 102.

• O maior múltiplo de 6 , menor do que 1000 é 996 . Assim,


an = 996 .

Pela fórmula do termo geral, an = a1 + (n − 1)r . Então,

996 = 102 + (n − 1) × 6
6 × (n − 1) = 894
n − 1 = 149
n = 150

 102 + 996 
Logo, S150 =   .150 = 82350 .
 2 

Resposta. A soma pedida é 82350 .

4) Calcule a soma dos números naturais menores do que 500 ,


que na divisão por 5 deixam resto 2 .

Resolução. Se um número deixa resto 2 na divisão por 5 , ele é da


forma 5k + 2 , para algum k natural.

O primeiro número que deixa resto 2 na divisão por 5 é 2 , pois


2 = 5× 0 + 2 .

O último número a ser considerado (menor do que 500 ) é 497 ,


pois 497 = 495 + 2 , ou seja, 497 = 5 × 99 + 2 .

Portanto, devemos achar a soma dos termos de uma P.A. de razão


5 , cujo primeiro termo é 2 e o último termo é an = 497 .

Para achar n , observe que 497 = a1 + (n − 1)r .

16
497 = 2 + (n − 1) × 5
5 × (n − 1) = 495
n − 1 = 99
n = 100

 2 + 497 
Logo, S100 =   .100 = 24950 .
 2 

Resposta. A soma pedida é 24950 .

Exercícios Propostos
4) Calcule a soma dos duzentos primeiros termos da P.A.:
 199 198 197 
− , − , − ,  .
 200 200 200 

5) Calcule a soma dos números naturais inferiores a mil que


não são múltiplos de 7 .

Exercício Resolvido
5) Determine a P.A. em que o vigésimo termo é 2 e a soma dos
50 termos iniciais é 650 .

Resolução. Devemos determinar a1 e r , sabendo que

a20 = a1 + 19r = 2 (1)

e
a +a 
S50 =  1 50  .50 = 650 ⇒ a1 + a50 = 26 ⇒ a1 + a1 + 49r = 26 ⇒ 2a1 + 49r = 26 (2)
 2 
Resolvendo o sistema com as equações (1) e (2):

 a1 + 19r = 2 −2a1 − 38r = −4


 ⇒
2a1 + 49r = 26  2a1 + 49r = 26
11r = 22 ⇒ r = 2 e a1 = 2 − 38 = −36

Resposta. A P.A. é (−36, −34, −32, …).


)

17
1.2 Progressões Geométricas
Uma grandeza pode variar de modo que sua taxa de crescimento
seja constante.

Definição 2. A taxa de crescimento de uma grandeza é o quocien-


te entre o aumento sofrido e o valor inicial, ou seja, se a grandeza
passa do valor A0 ≠ 0 para o valor A , então sua taxa de crescimen-

to é A − A0 . Se este quociente é negativo, houve um decréscimo.


A0

Exemplo 7. Se determinada grandeza passa do valor 4 ao valor 5 ,

sua taxa de crescimento é 5 − 4 = 1 = 0, 25 ou 25 %.


4 4

Exemplo 8. Estima-se que a população de certo país crescerá nos


próximos anos a uma taxa constante de 2 % ao ano. Seja P1 a
população do país hoje e P2 a população daqui a um ano. Então,

como 2 % corresponde a 2 , temos que


100
P2 − P1 2
=
P1 100
P2 − P1 = 0, 02 P1
P2 = 1, 02 P1

Se P3 representa a população daquele país daqui a 2 anos, temos:

P3 − P2
= 0, 02
P2
P3 = 1, 02 P2

De maneira análoga conclui-se que se Pk + 1 representa a popula-


ção daqui a k anos, então Pk +1 = 1, 02 Pk .

Note que os números P1 , P2 , P3 ,  formam uma seqüência que


obedece à seguinte regra:

“O quociente entre dois termos consecutivos é constante.”

Pk +1
De fato, = 1, 02, ∀k ≥ 1 .
Pk

18
Exemplo 9. Suponha que uma bomba a vácuo retira a cada sucção
3 % do líquido existente em uma câmara. Seja L0 a quantidade
inicial e L1 a quantidade de líquido que permanece na câmara
após a primeira sucção. Então,

L1 − L0 3
=− = −0, 03
L0 100
L1 = 0,97 L0 .

Houve um decréscimo da quantidade de líquido na câmara.

Analogamente, após a n -ésima sucção, a quantidade de líquido


na câmara será Ln = 0,97 Ln −1 . A seqüência L0 , L1 , L2 , … também

obedece à regra Ln +1 = 0,97 (constante), ∀n ≥ 0 .


Ln

Proposição 3. Uma seqüência de números P1 , P2 , P3 ,  tem taxa


de crescimento constante i se e somente se Pn +1 = (1 + i ) Pn , ∀n ≥ 1 .

Demonstração. Observe que neste resultado aparece a expressão “se


e somente se”. Isto significa que devemos provar duas implicações:

1) Se uma seqüência de números P1 , P2 , P3 , … tem taxa de cresci-


mento constante i , então Pn +1 = (1 + i ) Pn , ∀n ≥ 1 .

2) Se para uma seqüência de números P1 , P2 , P3 ,  tem-se


Pn +1 = (1 + i ) Pn para todo n ≥ 1 , então esta seqüência tem taxa de
crescimento constante igual a i .

Demonstração de (1):

Hipótese. A seqüência de números P1 , P2 , P3 ,  tem taxa de cres-


cimento constante i .

Tese. Pn +1 = (1 + i ) Pn , ∀n ≥ 1 .

Da definição 2 decorre:
Pn +1 − Pn
=i
Pn
Pn +1 − Pn = iPn
Pn +1 = (1 + i ) Pn

Demonstração de (2):

Hipótese. Pn +1 = (1 + i ) Pn , ∀n ≥ 1 .

19
Tese. A seqüência de números P1 , P2 , P3 ,  tem taxa de crescimen-
to constante i .

Por definição a taxa de crescimento é dada por:

Pn +1 − Pn (1 + i ) Pn − Pn (1 + i − 1) Pn
= = = i , portanto, constante.
Pn Pn Pn

Tarefa. Volte agora aos exemplos 8 e 9 e verifique a validade da


proposição 3.

Definição 3. Uma progressão geométrica (P.G.) é uma seqüência


P1 , P2 , P3 ,  de números reais satisfazendo: Pn +1 = qPn , para todo
n ≥ 1 , sendo q uma constante chamada razão.

Observações:

1) De acordo com a proposição 3, toda seqüência com taxa de


crescimento constante i é uma P.G. de razão 1 + i e toda P.G.
de razão q tem taxa de crescimento constante igual a q − 1 .

2) Se um dos termos de uma P.G. é zero, então todos, exceto


talvez o primeiro, são iguais a zero. De fato, se Pn q = 0 para
algum n ≥ 1, então ou q = 0 , ou Pn = 0 . Se q = 0 , a P.G. tem
a forma P1 , 0, 0,  Se q ≠ 0 , conclui-se que Pn = 0 para todo
n e trata-se da P.G. nula 0, 0, 0, Neste contexto, vamos ex-
cluir este caso.

3) Decorre da definição 3 que uma P.G. de razão q é uma se-


qüência numérica na qual o quociente da divisão de um ter-
mo pelo seu antecedente é constante e vale q .

3 9 27
Exemplo 10. A seqüência 1, , , . É uma P.G. finita de razão
2 4 8
3 3 1
q = . Sua taxa de crescimento é i = − 1 = ou 50%.
2 2 2

20 20
Exemplo 11. A seqüência 60, 20, , , é uma P.G. infinita de
3 9
1 2
razão q = e taxa de crescimento i = − ou −66, 66% .
3 3

20
Exemplo 12. A seqüência 5,5,5,… é uma P.G. infinita de razão
q = 1 e taxa de crescimento i = 0 .

A proposição seguinte fornece a expressão do termo geral de


uma P.G..

Proposição 4. Se P1 , P2 , P3 ,  é uma P.G. de razão q , então


Pn = P1 ⋅ q n −1 para todo n ≥ 1 .

Demonstração. Decorre da definição de P.G. que:


P2
=q
P1
P3
=q
P2

Pn
=q
Pn −1

Multiplicando estas igualdades obtém-se:

P2 P3 P4 P P
⋅ ⋅ ⋅  ⋅ n −1 ⋅ n = q.q. ... .q
P1 P2 P3 Pn − 2 Pn −1 
 
n −1 vezes

No membro esquerdo da igualdade, cada termo, exceto P1 e Pn , é


cancelado, por ser multiplicado pelo seu inverso.

Pn
Portanto, = q n −1 , isto é, Pn = P1 ⋅ q n −1 .
P1

Exercício Resolvido
6) A população de uma cidade é de 350.000 habitantes e a sua
taxa de crescimento é constante e igual a 3,5 % ao ano. Qual será
a sua população daqui a 10 anos? E daqui a 20 anos?

Resolução. Seja P1 a população atual: P1 = 350.000 . Após um


ano a população será de:

3,5
P2 = P1 + P1 = P1 (1 + 0.035) = 1, 035 P1 .
100
21
3,5
Após 2 anos, será de : P3 = P2 + P2 = 1, 035 P2 .
100

3,5
Após k anos, será de: Pk +1 = Pk + Pk = 1, 035 Pk .
100
Portanto, P1 , P2 , P3 ,  formam uma P.G. de razão 1, 035 .

O problema pede os valores de P11 e P21 .

Aplicando a proposição 4 temos:

P11 = 350.000 × (1, 035)10 = 493.709


P21 = 350.000 × (1, 035) 20 = 696.426

Resposta. Daqui a 10 anos a população será de 493.709 habitan-


tes e daqui a 20 anos será de 696.426 habitantes.

Observação. Note que nos primeiros 10 anos a população deverá


crescer em: 493.709 − 350.000 = 143.709 habitantes. Já nos 10 anos
seguintes deverá crescer em: 696.426 − 493.709 = 202.717 habitan-
tes. Conclui-se que o crescimento não é linear.

Exercícios Propostos
6) Uma pessoa aplica R$1.000, 00 durante 10 meses, recebendo
juros de 2 % ao mês. Use a fórmula do termo geral de uma P.G.
para calcular a valor que esta pessoa terá após os 10 meses.

7) O primeiro termo de uma P.G. é 64 e sua razão é − 14 . Calcule


o quarto e o sétimo termo.

8) Em uma P.G. de termos positivos sabe-se que o sétimo termo


é o dobro do quinto termo e que o décimo termo vale 96 . Calcule
a razão e o primeiro termo da progressão.

1.2.1 Soma dos Termos de uma P.G.


Proposição 5. A soma dos n primeiros termos de uma P.G. de
 1 − qn 
razão q ≠ 1 e termo inicial P1 é dada por: S n = P1  .
 1− q 

22
Demonstração. Usando a expressão do termo geral, Pn , temos:

S n = P1 + P1q + P1q 2 +  + P1q n − 2 + P1q n −1 (1)

Multiplicando a igualdade por q :

2 3 n −1 n
qS n = Pq
1 + Pq
1 + Pq
1 +  + Pq
1 + Pq
1 (2)

Subtraindo (2) de (1):

n
S n (1 − q ) = P1 − Pq
1

P1 − Pq n
 1 − qn 
Sn = 1
ou S n = P1  
1− q  1− q 

Exercício Resolvido
7) Considere a P.G. infinita:  6, 2, 2
3
,
2
9
,
2
27

,  .
 
a) Calcule a soma dos cinco primeiros termos.

b) Expresse em função de n a soma dos n primeiros termos.

c) Observe o resultado obtido no item (b). O que você pode


dizer sobre o valor desta soma quando n é muito grande?

Resolução.
1
a) Esta P.G. tem termo inicial p1 = 6 e razão q = . Conforme a
3
proposição 5.

  1 5 
1−   
3  1  3 242
S5 = 6.     = 6. 1 − 5  . = ≅ 8,96 .
 1   3  2 27
 1− 3 
 

242
Resposta. A soma pedida é , que é aproximadamente 8,96 .
27

23
b)   1 n 
 1−   
3
S n = 6.    
 1 
 1− 3 
 
 1 3
= 6. 1 − n  .
 3  2
 1
= 9. 1 − n  .
 3 

Resposta. A soma dos n primeiros termos da P.G. é dada pela ex-


 1
pressão 9. 1 − n  para n ≥ 1 .
 3 
1
c) Se n é muito grande, então 3n é bem maior e o seu inverso n
3
é muito pequeno, próximo de zero. Logo, a soma S n tem um valor
n
1
muito próximo de 9 e o termo   pode até ser “desprezado” em
3
 
 1 
(b), ou seja, S n = 6.  =9.
 1− 1 
 3

Comentário. No próximo exercício é possível concluir que esta


soma pode ter valores arbitrariamente próximos de 9 , desde que
n seja suficientemente grande.

8) Considere a P.G. do exercício anterior.


1
a) Determine um número natural n tal que S n − 9 < ,
−4 10.000
ou seja, S n − 9 < 10 .

b) Determine um número natural n tal que S k − 9 < 10−10 .

Resolução.
9
a) A expressão obtida no exercício resolvido 7 é S n = 9 − .
3n
9 9 9
Então, S n − 9 = 9 − n
−9 = − n = n .
3 3 3
9
Precisamos encontrar um número natural n tal que < 10−4 .
3n
Vamos resolver esta inequação:

24
9
n
< 10−4
3
3n
> 104
9
3n > 9 ×104

Para explicitar n , apliquemos o logaritmo na base 10 a ambos os


lados da inequação. Lembre-se que, como a função y = log10 x (ou
simplesmente log x ) é crescente, a desigualdade deve ser mantida.
Assim:
log 3n > log (9 × 104 )
n log 3 > log 9 + 4
log 9 + 4
n> .
log 3

log 9 + 4
Utilizando uma calculadora obtém-se ≅ 10,38 . Como n
log 3
deve ser natural e maior do que 10,38 , podemos ver que 11 é o
menor número natural que satisfaz estas condições. De fato, se cal-
cularmos S11 até a sexta casa decimal obteremos S11 = 8,999949 e

S11 − 9 ≅ 5.10−5 < 10−4 .

Resposta. Para n = 11 ou qualquer número natural maior do que


1
11, tem-se S n − 9 < .
10.000

b) Precisamos encontrar k tal que: S k − 9 < 10−10 , ou seja, tal que

9
k
< 10−10
3
3k
> 1010
9
3k > 9 ×1010
k log 3 > log 9 + 10
log 9 + 10
k>
log 3
log 9 + 10
Verifica-se que ≅ 22,96 . Então podemos tomar k = 23 .
log 3
Resposta. Para k = 23 ou qualquer número natural maior do que 23 ,
tem-se S k − 9 < 10−10 .

25
Observação. O exercício resolvido 8 mostra que, para a P.G. do exer-

1  1 − qn 
cício resolvido 7, de razão q = , a soma S n dada por S n = P1  
3  1− q 
aproxima-se cada vez mais do valor P1 , na medida em que n au-
1− q
menta. Isto porque q n torna-se muito pequeno na medida em que
n aumenta.

Vamos mostrar agora que se q < 1 , isto é, se −1 < q < 1 , então de fato
para n muito grande, o valor de q n é tão pequeno que pode ser “des-
prezado” na fórmula de S n .

5
Antes de generalizar, tomemos, por exemplo, q = .
6

Tarefa. Pegue uma calculadora e calcule:


2 10 20 30
5 5 5 5
  ,   ,   ,   . O que você observa?
6 6 6 6

Pergunta. Será que existe algum número natural n0 tal que


n
5 −10
  < 10 , para todo n ≥ n0 ?
6
 

Vamos responder à pergunta resolvendo a inequação:


n
5 −10
  < 10
6
 

Aplicando logaritmo na base 10, obtemos:

5
n log   < −10
6
−10 (lembre-se que
n> log x < 0 , se x < 1 )
5
log  
6

−10
Ao calcular o valor aproximado de  5  , obtém-se 126, 29 . O
log  
6
menor natural maior do que 126, 29 é 127 . Portanto, n0 = 127 .

26
127
5
De fato, ao calcular   , obtém-se aproximadamente 8,8 ×10−11
6
que é menor do que 10−10 .

Use os mesmos argumentos para resolver o exercício seguinte.

Exercício Proposto
n

9) 5
Encontre um número natural n0 tal que   < 10−60 para
todo n > n0 . 6

Você já percebeu que procedendo como nos exercícios anteriores,


n
5
pode-se determinar n0 tal que para n ≥ n0 o número   seja
6
−100 −1000 −10.000
menor do que 10 , 10 , 10 , etc.
n
5
Provaremos agora que   torna-se menor do que qualquer nú-
6
mero positivo, por menor que seja, desde que n seja suficiente-
mente grande.

Para tal, empregaremos a letra grega  (épsilon) que representa


um número positivo qualquer, porém, supostamente muito peque-
no, próximo do zero ( 0 <  < 1 ).
n
5
Vamos determinar n0 (em função de ) tal que   <  para todo
n ≥ n0 . 6
n
5 log 
Resolvendo a inequação   <  , encontra-se n > .
6 5
log  
6

Portanto, se n0 é o menor número natural maior do que


n
log  5
n> , então   <  para todo n ≥ n0 .
5 6
log  
6

A proposição seguinte é uma generalização deste resultado:

27
Proposição 6. Se q é um número real e q < 1 , isto é, se −1 < q < 1
e se  é um número positivo qualquer, então existe um número
n
natural n0 tal que q < e para todo n ≥ n0 .

Demonstração. Se q = 0 , então q n = 0, ∀n ∈ N e o resultado é


óbvio. Suponhamos q ≠ 0 . Seja e > 0 fixo, porém arbitrário. Para
n
este  temos que encontrar um número natural n0 , tal que q < e
 , para todo n ≥ n0 .
n
q <
n
log( q ) < log 
n log q < log 
log  Por que razão houve
n> a troca do sinal na
log q desigualdade?

(Podemos aplicar a Função Logaritmo, pois q > 0 e  > 0 e a fun-


ção é crescente). Para recordar o estudo
sobre a Função Logaritmo,
Este número, log  , existe e é positivo, pois q < 1 e e é supos-
recorra ao seu material de
Introdução ao Cálculo.
log q
tamente muito pequeno, menor do que 1.

Portanto, basta tomar n0 como o menor número natural maior do

que log  e revertendo o processo anterior obteremos q <  .


n

log q
n n
Observe que para todo n ≥ n0 teremos q < q 0 , pois q < 1 . As-
n
sim, q <  , para todo n ≥ n0 . Como e > 0 foi tomado arbitrário,
a afirmação vale para todo  , por menor que seja.

Conseqüência. Se q < 1 e se n for muito grande, então q n torna-

 1 − qn 
se desprezível na fórmula S n = p1   . Assim, a soma de to-
 1 − q 
dos os termos da P.G. infinita de razão q , com q < 1 é dada por

p1
S= .
1− q

28
Exercícios Resolvidos
9) Determine o valor da soma 1 + 13 + 91 + 271 +  + 31 +  .
n

Resolução. Trata-se da soma de todos os termos da P.G. de termo


1
inicial p1 = 1 e razão q = .
3

p1 1 3
Como q < 1 , temos S = = = .
1− q 1− 1 2
3
Resposta. A soma é 3 .
2

10) Determine a geratriz da dízima periódica 0,5373737….


Resolução. Note que:

0,5373737 … = 0,5 + 0, 0373737 …


= 0,5 + 0, 037 + 0, 00037 + 0, 0000037 + 
1 37 37 37
= + 3 + 5 + 7 +
2 10 10 10
1
= +S
2

Sendo S a soma de todos os termos da P.G. de termo inicial 37


1000
e razão 1 , temos:
100
37
p 37 100 37
S = 1 = 1000 = × =
1− q 1− 1 1000 99 990
1000

1 37 266
Logo, 0,5373737 … = + = .
2 990 495

29
11) Calcule o valor de A = 6 6 6… .

Resolução. Podemos escrever:

A= 6× 6× 6 ×
1 1 1 1

= 6 2 × 6 4 × 6 8 × × 6 2 ×
n

1 1 1 1
+ + ++ n +
= 62 4 8 2

O expoente de 6 é igual a soma de todos os termos da P.G. infinita


1
1 1
de termo inicial e razão : 2 = 1 . Logo, A = 61 = 6 .
2 2 1− 1
2
Resposta. A = 6 .

12) Simplifique a expressão abaixo, sabendo que x é um núme-


ro real maior do que 1.

x + x3 + x5 + x 7 + x9
1 1 1
2
+ 4 +  + 2k + 
x x x

Resolução. O numerador é a soma dos cinco primeiros termos da


P.G. de termo inicial x e razão x 2 :

 1 − (x 2 )5   1 − x10 
S5 = x   = x .
 1 − x2   1 − x2 
 

(Observe que sendo x > 1 temos 1 − x 2 ≠ 0 )

1
O denominador é a soma da P.G. infinita de termo inicial 2 e
x
1
razão 2 . Note que, sendo x > 1 , segue que x 2 > 1 e, portanto
x
1
1 x 2 = 1 . (Nova-
< 1 . Então esta soma é dada por S =
x2 1 2
1 − 2 x −1
x
mente, note que x 2 − 1 = −(1 − x 2 ) ≠ 0 )

30
A expressão pode então ser escrita assim:

x (1 − x10 ) x (1 − x10 )
1 − x2
(x 2
− 1)=
− (x − 1)
2 (x 2
− 1)= − x (1 − x10 )= x11 − x

Resposta. A forma simplificada da expressão acima é x11 − x .

Exercícios Propostos
10) Calcule a soma dos dez primeiros termos da P.G. :
1 1 1
1, , , , …
2 4 8

11) Quantos termos da P.G. 1, 3, 9, 27, … devem ser so-


mados para que a soma dê 3280 ?

12) A soma de seis termos de uma P.G. de razão 2 é 1197 . Qual


é o primeiro termo da P.G.?

13) Oito irmãs têm de repartir entre si 1 23 minas (unidade mo-


netária ou de peso utilizada pelos babilônios) de prata. Cada irmã
por sua vez, recebe mais que a anterior, mantendo-se constante
a diferença entre as quantidades que, sucessivamente, cada uma
recebe. Se a segunda irmã receber 6 siclos, qual será a diferença
constante, em grãos?

(Observação: Um talento vale 60 minas; uma mina vale 60 siclos; um


siclo vale 60 grãos)

14) Em uma P.A. o primeiro termo é inteiro e a razão é 2 . A soma


dos n primeiros termos é 153 . Determine os possíveis valores de n .

15) Determine o 1993º algarismo após a vírgula, na representa-


3
ção decimal de .
101
3
(Sugestão: Note que a representação decimal de é uma dízima peri-
101
ódica.)

31
16) A soma de três números em P.G. é 10 e subtraindo-se 1 do
primeiro, eles passam a formar uma P.A.. Calcule os números.

17) Se (a ) é uma P.G. de termos positivos, prove que (b ) defi-


n n
nida por bn = log an é uma P.A..

18) Escrevem-se duas progressões de mesmo número de ter-


mos, ambas iniciadas por 3 e terminadas por 192 . Uma das pro-
gressões é aritmética, a outra é geométrica e o produto das razões
é 252 . Escreva as progressões.

19) A soma de cinco números inteiros em P.A. vale 25 e o seu


produto, −880 . Determine-os.

20) Prove: Em qualquer P.A. as diferenças dos quadrados de


dois termos consecutivos formam também uma P.A. Qual a rela-
ção entre as razões destas duas progressões?

21) Os lados de um triângulo retângulo formam uma P.G. Cal-


cule a sua razão.

22) Determine os valores de x , em radianos, de modo que


sen x
, sen x, tg x formem uma P.G.
2

23) Verifique se a seqüência de números forma uma P.A. ou


uma P.G. Qual a sua razão?

a) sen x, sen( x + ), sen( x + 2 ),  , sen( x + k ), 

b) ln 5, ln 50, ln 500, ln 5000, …

24) Calcule o valor da soma:


1 1 1  1 1 1  1 1 1   1 1 1 
 + 2 + 3 +  +  + 2 + 3 +  +  + 2 + 3 +  +  +  n + n 2
+ n 3
+  + 
3 3 3  5 5 5  9 9 9   2 + 1 (2 + 1) (2 + 1) 

32
25) Considere a P.G. cujo termo inicial é 32 e a razão 54 . Deter-
mine o menor número k , tal que a soma dos k primeiros termos
seja maior do que 1000 .

1.3 Seqüências Infinitas


Na linguagem cotidiana o termo seqüência é usado para desig-
nar uma sucessão de coisas que se encontram numa ordem bem
determinada.

Em matemática o termo seqüência representa uma sucessão de


números, ordenados segundo uma determinada regra.

Neste texto serão estudadas seqüências infinitas, que chamaremos


simplesmente de seqüências. Pelo comentário anterior, é possível in-
dexar uma seqüência pelos números naturais {1, 2, 3, 4, …},
que denotaremos por  .

Informalmente uma seqüência é uma sucessão interminável de


números, estes chamados termos, que tem uma ordem definida
(primeiro, segundo, etc) e não são necessariamente distintos.

Exemplo 13. São seqüências:

a) (1, 2, 3, 4, 5, …) .

1 1 1 1 1 
b)  , , , , , … .
2 3 4 5 6 
c) (3, 6, 9, 12, 15, …) .

d) (0, 2, 0, 2, 0, 2, …) .

Em cada uma destas seqüências é fácil deduzir qual é a regra que


relaciona cada termo com a sua posição na seqüência. Com esta
regra é possível acrescentar outros termos, bem como saber qual
é o termo que ocupa determinada posição.

Por exemplo: a seqüência do exemplo 13 (c)

33
1 
→ 3 = 3.1
2 
→ 6 = 3.2 f : → 
. . . ou seja,
3 
→ 9 = 3.3 f (n) = 3n
4 
→12 = 3.4

De modo geral, como a cada número natural n corresponde um


único termo da seqüência, aquele que ocupa a n-ésima posição na
seqüência, temos uma função definida no conjunto  .

Isto motiva a seguinte definição de seqüência:

Definição 4. Uma seqüência de números reais x1 , x2 , x3 ,  é


uma função de  em  , f :  →  .

O valor f (n) , para todo n ∈  , é representado por xn , ou seja:


f (n) = xn e é chamado de termo geral da seqüência. Note que
f (1) = x1 , f (2) = x2 , f (3) = x3 , isto é, f (n) é o termo da seqüência
que ocupa a posição n . Escrevemos ( x1 , x2 ,..., xn ,...) ou simples-
mente ( xn ) para indicar a seqüência f .

Exemplo 14:

a) (4n − 1) é a seqüência ( 3, 7, 11, 15, …) cujo termo geral


é 4n − 1 . O vigésimo termo dessa seqüência, por exemplo,
vale 4.20 − 1 = 79 , enquanto o centésimo vale 399 .

b) ((−1) )= (−1,
n
1, −1, 1, −1, …) .

c) (8 ) = (8, 8, 8, 8, …) (seqüência constante).

d)  −3n + 2  =  − 1 , − 4 , − 7 , − 10 , … .
 4n + 1   5 9 13 17 

 (−1)  
n +1
1 1 1 1 
e)  3 +  =  3 + , 3 − , 3 + , 3 − , … .
 2 n
  2 4 8 16 
 

 1 1 1 1 1 
f) 1, 6 − , , 6− , , 6 − , … .
 4 3 16 5 36 

34
O termo geral desta seqüência é:

1
 n se n é ímpar
xn = 
6 − 1 se n é par
 n 2

O bservação (1): Para muitas seqüências é


impossível determinar a expressão que
caracteriza o seu termo geral. Por exemplo, a
seqüência cujo n-ésimo termo é o n-ésimo alga-
rismo na representação decimal de
π : (3, 1, 4, 1, 5, 9, 2, …) . Outro exem-
plo é a seqüência dos números primos:
(2, 3, 5, 7, 11, …) .

Observação (2): Progressões aritméticas e ge-


ométricas são exemplos de seqüências, desde
que tenham uma infinidade de termos.

Exercícios Resolvidos
13) Considere a seqüência (x ), sendo x
n n =
n + (−1) n +1.n
n +1
.

a) Escreva os cinco primeiros termos de (xn ).

b) Escreva os termos de ordem 85 e 120.

Resolução. a) Basta atribuir a n os valores 1, 2, 3, 4, 5 :

1 + (−1)1+1 ×1 1 + (−1) 2 ×1 2
x1 = = = = 1;
1+1 2 2
3
2 + (−1) × 2 0
x2 = = = 0;
2 +1 3
6 3 0 10 5
x3 = = ; x4 = = 0; x5 = = ;
4 2 5 6 3

Resposta. Os cinco primeiros termos da seqüência são


3 5.
1, 0, , 0,
2 3

35
b) Basta calcularmos os referidos termos:

85 + (−1)86 × 85 170 85
x85 = = =
85 + 1 86 43
120 + (−1)121 ×120 0
x120 = = =0
120 + 1 121

85
Resposta. x 85 = ; x 120 = 0;.
43

14) Escreva o termo geral de cada uma das seqüências:


 1 1 1 1 1 
a)  − , , − , , − ,  .
 4 8 16 32 64 

1 3 5 7 
b)  , , , ,  .
2 4 6 8 

Resolução. a) Observe a tabela a seguir:

n 1 2 3 4 5 ...
−1 1 −1 1 −1 ...
xn
22 23 24 25 26

O numerador é 1, se n é par, e −1 se n é impar. Isto é represen-


tado por (−1) n . Já o denominador é sempre uma potência de 2 ,
sendo o expoente uma unidade maior do que n .

(−1) n
Portanto o termo geral é .
2n+1
(−1) n
Resposta. xn = .
2n +1

b) Observe a tabela a seguir:

n 1 2 3 4 5 ...

1 3 5 7 9 ...
xn
2 4 6 8 10

36
Comparando n com xn , conclui-se que o termo geral da seqüência é

2n − 1
xn = .
2n

Exercícios Propostos
 (−1)n + n 
26) Escreva os cinco primeiros termos da seqüência 
 n+2 
.
 

27) Escreva o termo geral da seqüência: 13 , − 54 , 97 , − 169 , 11


25
,
36
− , ... .
13

1.3.1 Subseqüências
Consideremos a seqüência dos números ímpares:
(1, 3, 5, 7, …), cujo termo geral é xn = 2n − 1. Ao escre-
vermos os termos x2 , x4 , x6 , x8 , …, x2 k , …, ou seja,
3, 7, 11, 15, … aparece uma outra seqüência “dentro” de (xn ).

Note que o conjunto de índices N ′ = {2, 4, 6, 8, …, 2k , …}


é infinito e ordenado.

A mesma situação ocorre se considerarmos o conjunto de índi-


ces N ′′ = {3, 6, 9, 12, …, 3k , …} e tomarmos os termos
x3 , x6 , x9 , …, ou seja, 5, 11, 17, ….

Definição 5. Seja f :  →  uma seqüência com termo geral xn .


Uma subseqüência desta seqüência é uma restrição da função f
a um subconjunto infinito e ordenado ′ de  .

Se ′ = {n1 , n2 ,  ni , }, com n1 < n2 <  < ni <  , escreve-


mos:
f |�' : � �
Essa notação f |�' f |�' (ni ) = xni
representa a restrição da
função f ao conjunto �� Portanto, os termos da subseqüência são: xn1 , xn2 , xn3 ,  .

( )
Notação. Para representar a subseqüência xni cujos índices per-
tencem ao subconjunto ′ de  escrevemos xni . ( )
ni ∈′

37
Exemplo 15. Seja xn = (−1) n o termo geral da seqüência xni . ( )
a) Se ′ = {2k ; k ∈ }, então a subseqüência xni ( ) ni ∈′
é:

x2 , x4 , x6 ,  , ou seja, 1, 1, 1,  (seqüência constante).

b) Se ′′ = {2k − 1; k ∈ }, então a subseqüência xni ( ) ni ∈′′


é:

x1 , x3 , x5 , … , ou seja, −1, −1, −1, … (seqüência


constante).

1
Exemplo 16. Seja yn = e ′ = {4k ; k ∈ }. Então a subseqüência
n
1 1 1 1
(y ) ni ni ∈′
é: , , ,
4 8 12 16
, ….

Exemplo 17. Seja ( zn ) a seqüência:


1, 2, 3, −1, −2, −3, 1, 2 , 3, −1, … e seja
′ = {3k − 2; k ∈ }. Então a subseqüência zni é: ( ) ni ∈′

x1 , x4 , x7 , x10 , … , ou seja, 1, −1, 1, −1, 1, −1, ….

Exercício Resolvido
15) Tome a seqüência (n + (−1) × n
2 n
)
e o conjunto
′ = {2k − 1; k ∈ }. Escreva os cinco primeiros termos da subse-
qüência xni ( )
.
ni ∈′

Resolução. O conjunto dos índices dos termos da subseqüência é


′ = {1, 3, 5, 7, ...}. Portanto a subseqüência consiste nos termos:
x1 , x3 , x5 , … . Os cinco primeiros são: 0, 6, 20, 42, 72 .

1.3.2 Seqüências Limitadas


Definição 6. Dizemos que a seqüência (xn ) é limitada quando
existem números reais A e B tais que A ≤ xn ≤ B , para todo n .
Quer dizer, (xn ) é limitada quando todos os seus termos pertecem
a algum intervalo fechado.

Exemplo 18. A seqüência ((−1) n ) é limitada. Basta tomar A = −1


e B = 1 e teremos −1 ≤ (−1) ≤ 1 . Observe que também podemos
n

considerar A como sendo qualquer número real menor do que


− 1 e B como sendo qualquer número real maior do que 1.

38
1
Exemplo 19. A seqüência   é limitada, pois 0 < xn ≤ 1 , ∀n ∈  .
n
Assim, todos os seus termos estão, por exemplo, no intervalo [0,1].

( )
Exemplo 20. As seqüências (n ), n 2 e (−3n + 1) não são limitadas
pois não existe intervalo do tipo [a, b ] que contenha todos os
seus termos.

1.3.3 Seqüências Monótonas


Definição 7. Uma seqüência (xn ) chama-se:

i) crescente; se x1 < x2 < x3 < , isto é, xn < xn +1 , ∀n ∈  ;

ii) decrescente; se x1 > x2 > x3 >  , isto é xn > xn +1 , ∀n ∈  ;

iii) não decrescente; se xn ≤ xn +1 , ∀n ∈  ;

iv) não crescente; se xn ≥ xn +1 , ∀n ∈  ;

As seqüências crescentes, decrescentes, não crescentes e não de-


crescentes chamam-se seqüências monótonas.

Observação. Da definição, segue que (xn ) é:

i) crescente; se xn + 1 − xn > 0 , para todo n ;

ii) decrescente; se xn + 1 − xn < 0 , para todo n ;

iii) não decrescente; se xn + 1 − xn ≥ 0 , para todo n ;

iv) não crescente; se xn + 1 − xn ≤ 0 , para todo n .

Exemplo 21. A seqüência (xn ), sendo xn = 5n − 3 é crescente, pois


xn +1 − xn = [5(n + 1) − 3]− (5n − 3) = 5 > 0 , para todo n .

Exemplo 22. A seqüência 1, 2, 2, 3, 3, 4, 4, … é não de-


crescente, pois xn +1 − xn ora vale 0 , ora vale 1, isto é, xn + 1 − xn ≥ 0
para todo n .

 n 2   (−1) n 
Exemplo 23. As seqüências ((−1) ) ,  (−1) n +1
n
,   não
 n +1  n 
são monótonas, pois os seus termos são alternadamente positivos
e negativos.

39
O bservação: Muitas seqüências são monó-
tonas a partir de certo termo. Por exem-
plo, a seqüência:
1
( -3, 2, 0, 4, 5, , 0, 2, 4, 6, 8, … )
2
é crescente a partir do sétimo termo. Portanto
não devemos tirar conclusões a partir da lista-
gem de alguns termos da seqüência, mas sim,
usar as definições. É preciso avaliar o sinal al-
gébrico da diferença xn-1 − xn.

Exercício Resolvido
16) Dada a seqüência  32nn +− 11  , verifique:
 
a) se ela é monótona.

b) se ela é limitada.

Resolução.

a) Não devemos tirar conclusões a partir da listagem de alguns


termos da seqüência, mas sim, usar as definições. É preciso avaliar
o sinal algébrico da diferença xn + 1 − xn .

3n + 1 3(n + 1) + 1 3n + 4
Temos: xn = ; xn +1 = , isto é, xn +1 = .
2n − 1 2(n + 1) − 1 2n + 1
Logo,
3n + 4 3n + 1
xn +1 − xn = − =
2n + 1 2n − 1

=
(3n + 4 )(2n − 1) − (3n + 1)(2n + 1) =
(2n + 1)(2n − 1)
−5
=
(2n + 1)(2n − 1)
Note que o denominador desta fração é positivo para todo número
natural n . Segue que xn +1 − xn < 0 , ou seja, xn + 1 < xn , para todo n .
Conforme a definição, a seqüência é decrescente.

40
b) Observe que xn > 0, ∀n ∈  . Como (xn ) é decrescente, tem-
se x1 > x2 > x3 >  , isto é, xn < x1 , ∀n ∈  . Concluímos que
(xn ) é limitada, pois todos os termos estão no intervalo [0, x1 ].
Resposta. A seqüência é monótona decrescente e limitada.
Lembremos que
n!=n(n-1)...321
e por conseqüência, 17) Verifique se a seqüência  n!  é monótona.
n
(n+1)!=(n+1)n!  12 

n!
Resolução. Seja xn = . Então,
12n

xn +1 − xn =
(n + 1)! − n ! (n + 1)!− 12n !
= =
12n +1 12n 12n +1

=
(n + 1).n !− 12n ! = n !(n + 1 − 12 ) =
12n +1 12n +1
n !(n − 11)
= .
12n +1

O denominador é positivo, para todo n . Já o numerador é negativo


para n ≤ 10 , zero para n = 11 e positivo para n ≥ 12 .

Logo, a seqüência é crescente a partir do décimo-segundo termo.

Resposta. A seqüência decresce do primeiro ao décimo-primeiro


termo, se estabiliza, pois x11 = x 12 , e cresce definitivamente a par-
tir do décimo-segundo termo.

Exercício Proposto
28) Dada a seqüência  (n6+ 1)!  , verifique:
n

 
a) Se ela é monótona.

b) Se ela é limitada.

Observação. Há seqüências cujos termos são indexados a partir de


 1   1 
n = 2 ou de outro valor qualquer. Por exemplo,  ,  .
 n − 1   ln n 
Para estas seqüências não faz sentido n = 1 .

41
29) Escreva os seis primeiros termos da subseqüência dos ter-
n
mos de ordem par da seqüência cujo termo geral é an = 2 .
n +1

30) Dada a seqüência (1, 1, −1, 2, 2, −2, 3, 3, −3, ),


construa a subseqüência dos termos cuja ordem é múltiplo de três
( a3 , a6 , a9 , etc . ). Explicite o termo geral desta subseqüência.

31) Verifique se as seqüências são limitadas, justificando:


1 2 3 4 
a)  , , , ,  .
2 3 4 5 
n 1
b) (an ), cujo termo geral é an = (−1) . .
n
c) (an ) definida por: a1 = 1, an +1 = n + an .

32) Verifique quais seqüências (a ) são monótonas, justificando:


n

2
 1
a) an =  3 + 
 n

n −1
b) an =
n
c) a1 = 1, a2 = 1, an +1 = an −1 + an

1 1 1 1
d) 1, ,1, ,1, ,1, ,... 
 2 3 4 5 

e) an = sen n.

f) an = n + ( )
n
−1
n

1.3.4 Limite de uma Seqüência


Em muitas situações é preciso saber como se comportam os ter-
mos de uma seqüência (xn ) quando n atinge valores extrema-
mente grandes. Observe estes exemplos mais simples:

a) Os termos da seqüência (n 2 + 5 ) crescem sem limitação.

b) Os termos da seqüência ((−1) ) oscilam sempre entre 1 e


n

−1 .

42
 1 
c) Os termos da seqüência  4 + 2  aproximam-se arbitraria-
 n 
mente de 4 .
 (−1) 
n

d) Os termos da seqüência  6 +  também se aproximam


 n 
 
arbitrariamente de 6 , embora de maneira oscilatória.

1
 n se n é par
e) A seqüência definida por xn = 
5 − 1 se n é ímpar
 n

possui duas subseqüências, sendo que os termos de uma


delas se aproximam de 0 e os da outra de 5 .

Informalmente dizemos que uma seqüência tem limite L (ou


converge para L ) se a partir de determinado termo, todos os
demais termos estão arbitrariamente próximos de L .

Definição 8. Dizemos que a seqüência (xn ) tem limite L (ou con-


verge para L ) quando para todo número real positivo
xn − L <  existe um
número natural n0 , que depende de e , tal que xn − L <  para todo
n ≥ n0 .

Observação. Lembre que por uma propriedade do módulo,


xn − L <  é equivalente a −  < xn − L <  . Somando L a todos os
membros destas desigualdades, obtemos:

L −  < xn < L + 

Isto é equivalente a afirmar que xn ∈ (L − , L +  ).

Portanto, podemos também dizer que (xn ) tem limite L , quan-


do para todo  > 0 , existe n0 ∈ Ν , tal que xn ∈ (L − , L +  ) para
todo n ≥ n0 .

Escrevemos lim xn = L ou simplesmente lim xn = L .


n →∞

Exemplo 24. A seqüência constante ( a, a, a,  ) tem limite a .


De fato, observe que xn − a = a − a = 0 . Logo, para todo n ≥ 1 ,
xn − a <  , seja qual for  > 0 .

43
( )
Exemplo 25. Seqüências como n 2 , (4n + 3) , (ln n ) , en , (−5 ) ()( n
)
não tem limite, pois os termos não se aproximam de valor algum.
Neste caso dizemos que a seqüência diverge.

1
Exemplo 26. A seqüência   converge e tem limite zero.
n
Vamos provar isso usando a definição:

Seja  > 0 . Devemos encontrar n0 ∈  tal que se n ≥ n0 , então

1 1 1
− 0 <  . Ora − 0 <  é equivalente a <  que por sua vez é
n n n
1 1 1
equivalente a n > . Quer dizer, se n > , então − 0 <  . Portan-
  n
1
to, basta tomar como n0 o menor número natural maior do que
n> .

1
Logo, lim = 0 .
n

Exemplo 27. A seqüência (xn ) definida por:

 1
3 + n se n é par
xn = 
5 − 1 se n é ímpar
 n

é divergente. De fato, por maior que seja o número natural n0 ,


sempre haverá termos xn próximos de 3 e outros próximos de 5 ,
com n ≥ n0 .

Exercícios Resolvidos
18) Considere a seqüência (x ) tal que x
n n =
10n
3 + 2n
.

1
a) Calcule n0 ∈  tal que xn − 5 < , ∀n ≥ n0 .
10

1
b) Calcule n0 ∈  tal que xn − 5 < , ∀n ≥ n0 .
100
c) Demonstre que lim xn = 5 .

44
Resolução.
1 10n 1
a) xn − 5 < ⇔ −5 <
10 3 + 2n 10
−15 1
⇔ <
3 + 2n 10
3 + 2n
⇔ > 10
15
⇔ n > 73,5.
1
Portanto, se n > 73,5 então, xn − 5 < . Tomando n0 = 74 , te-
10
1
mos xn − 5 < para todo n ≥ n0 .
10
Resposta. n0 = 74

1 10n 1
b) xn − 5 < ⇔ −5 <
100 3 + 2n 100

Efetuando os cálculos análogos ao item (a) obtém-se

3 + 2n
> 100, n > 748,5 . Portanto, se n > 748,5 , então
15
1 1
xn − 5 < . Tomando n0 = 749 , temos xn − 5 < para todo
100 100
n ≥ n0 .

Resposta. n0 = 749 .

c) lim xn = 5 .

Demonstração. Seja  > 0 . Devemos achar n0 ∈ Ν tal que


xn − 5 <  para todo n ≥ n0 .

Ora,
10n 15 3 + 2n 1 15 3
xn − 5 <  ⇔ −5 <  ⇔ <⇔ > ⇔n> −
3 + 2n 3 + 2n 15  2 2

10n 15 3 + 2n 1 15 3 10n 15
xn − 5 <  ⇔ −5 <  ⇔ <  ⇔ Portanto,> ⇔ se n > − , então xn − 5 < .⇔ <  ⇔ n0
− 5 tomar
Assim, basta <⇔
3 + 2n 3 + 2n 15  2 2 3 + 2n 3 + 2n
10n 15 3 + 2n 1 15 3
xn − 5 <  ⇔ como− 5o<menor
 ⇔ número < natural
⇔ > do
maior n > − , o que sem-
⇔que
3 + 2n 3 + 2n 15  2 2
10n
pre será possível . Logo, lim =5.
3 + 2n

45
(−1)
n +1

19) Seja x n = 9+
5n 2
.

a) Encontre um número natural n0 tal que se n ≥ n0 então


xn ∈ (8,999, 9, 001) .

b) Demonstre que lim xn = 9 .

Resolução.

a) Repare que o intervalo pode ser escrito como

 1 1 
9 − , 9+  . Devemos então, achar n0 tal que
 1000 1000 

1
xn − 9 < para todo n ≥ n0 .
1000
Ora,

(−1)
n +1
1 1 1 1
xn − 9 < ⇔ < ⇔ 2< ⇔ 5n 2 > 1000 ⇔ n 2 > 200 ⇔ n > 200
1000 5n 2 1000 5n 1000

Como 14 < 200 < 15 , concluímos que n ≥ 15 . Tomando n0 = 15


1
tem-se xn − 9 < para todo n ≥ n0 .
1000
Resposta. n0 = 15 .

b) lim xn = 9 .

Demonstração. Seja  > 0 . Devemos encontrar n0 ∈  tal que


xn − 9 <  para todo n ≥ n0 .

Ora,
(−1)
n +1
1 1 1 1
xn − 9 <  ⇔ 2
<⇔ 2
<  ⇔ 5n 2 > ⇔ n 2 > ⇔n>
5n 5n  5 5

Sempre é possível encontrar este valor, pois  > 0 . Assim, basta to-
1
mar n0 como sendo o menor número natural maior do que e
5
então xn − 9 <  para todo n ≥ n0 . Logo, lim xn = 9 .

46
Exercício Proposto
33) Considere a seqüência (x ), sendo x
n n =
3n − 1
2n + 5
.

3 1
a) Encontre n0 ∈ Ν tal que xn − < , ∀n ≥ n0 .
2 100
3
b) Prove que lim xn = .
2
O próximo teorema estabelece a unicidade do limite, ou seja, uma
seqüência convergente tem um único limite.

Teorema 1. Seja (xn ) uma seqüência convergente. Se lim xn = A e


lim xn = B , então A = B .

Demonstração. A idéia é mostrar que a distância entre A e B ,


A − B , é menor do que qualquer número positivo. Seja e um nú-

mero positivo qualquer. Então também é um número positivo.
2
Por ser lim xn = A , segue da Definição 8 que existe n0 ∈  tal que
e
xn − A < para todo n ≥ n0 .
2
e
Por ser lim xn = B , existe n1 ∈  tal que xn − B < para todo
2
n ≥ n1 .

Seja n2 = max {n0 , n1}, isto é, n2 é o maior elemento do conjun-

to {n0 , n1}. Note que se for n ≥ n2 , será também n ≥ n0 e n ≥ n1 .

e e
Seja n ≥ n2 . Então xn − A < e xn − B < .
2 2
Logo,

Foi usada a desigualdade ε ε


triangular (lembra dela?).
A − B = A − xn + xn − B = ( A − xn ) + (xn − B ) ≤ A − xn + xn − B < + =ε
2 2

Portanto, A − B <  .

Como A − B é não negativo e menor do que qualquer número


positivo, só pode ser igual a zero. Concluímos que A = B .

47
Teorema 2. Toda seqüência convergente é limitada

Demonstração. Seja (xn ) uma seqüência cujo limite é L . Então


para todo número positivo e existe algum número natural n0
tal que xn ∈ (L − , L +  ) para todo n ≥ n0 . Em particular, para
 = 1 , existe n0 tal que xn ∈ (L − 1, L + 1) para todo n ≥ n0 .

{
Seja X o conjunto x1 , x2 ,  xn0 −1 , L − 1, L + 1 . }
Este conjunto é finito, pois tem no máximo n0 + 1 elementos. Des-
ta forma, X possui um elemento mínimo A e um elemento máxi-
mo B . Como todos os termos xn , com n ≥ n0 , estão no intervalo
(L − 1, L + 1), podemos afirmar que A ≤ xn ≤ B , para todo n ∈  .
Logo, (xn ) é limitada.

n se 1 ≤ n ≤ 10

Exemplo 28. Considere a seqüência x n =  1 .
1 + n se n ≥ 11

Note que, apesar dos termos de x1 a x10 estarem “espalhados”, a


1
partir de x11 = 1 + os termos se acumulam aproximando-se de 1:
11
1 1 1
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 1 + , 1 + , 1 + , …
11 12 13

Assim, a seqüência (xn ) converge para 1. (Prove isso!)

Para ilustrar a demonstração do Teorema 2, note que para  = 1 ,


existe n0 ∈ Ν tal que para todo n ≥ n0 , xn ∈ (1 − 1, 1 + 1) = (0, 2 ) .
Observe que n0 = 11 e o conjunto X será dado por:

X = {1, 2 , 3, 4 , 5, 6 , 7 , 8, 9 , 10 , 0}

O máximo de X é 10 e o mínimo é 0 . Assim, todos os termos da


seqüência pertencem ao intervalo [0,10]. Logo (xn ) é limitada.

Observação:

1) Do teorema segue que toda seqüência não-limitada diver-


( ) (
ge. Assim, seqüências como n 2 , (4n + 1) , (ln n ) , (−2 )
n
)
divergem.

48
2) A recíproca do teorema é falsa. Por exemplo, a seqüência
(−1) é limitada, mas não converge.
n

Uma seqüência monótona pode não convergir, como acontece, por


( )
exemplo, com a seqüência n 2 . Também uma seqüência limitada
pode não convergir, conforme acontece com a seqüência (−1) .
n

O próximo teorema estabelece que se a seqüência for monótona e


Atenção: este teorema vale limitada então converge.
também para seqüências
que são monótonas a
partir de certo termo. Teorema 3: Toda seqüência monótona e limitada converge.

Demonstração. Será omitida neste momento, pois necessita da


compreensão dos conceitos de supremo e ínfimo que serão estu-
dados num curso de análise.

Exemplo 29. Analisaremos detalhadamente a seqüência (xn ),


1
sendo xn = 6 − :
2n
1 1
Esta seqüência é limitada, pois 6 − > 0 e também 6 − <6
2n 2n
para todo n . Assim, xn ∈ [0, 6], ∀n ∈  .

Para verificar se (xn ) é monótona, examinaremos a diferença


xn + 1 − xn :

 1   1  2
xn +1 − xn =  6 −  −6−  = ,
 2n + 2   2n  2n (2n + 2 )

que é sempre positivo. Logo, (xn ) é crescente.

Agora note que sempre podemos encontrar termos da seqüên-


cia arbitrariamente próximos de 6. Por exemplo, se tomarmos o

 1  1
intervalo  6 − , 6  , o elemento x1000 = 6 − pertence ao
 1000  2000
intervalo. Além disso, como (xn ) é crescente, todos os termos xn ,
com n > 1000 , pertencem ao intervalo.

Vamos agora provar que lim xn = 6 . Dado  > 0 , devemos achar


n0 ∈ Ν tal que xn − 6 < e para todo n ≥ n0 .

49
1 1
Mas xn − 6 <  ⇔ <⇔n> .
2n 2
1 1 1 1
xn − 6 <  Portanto,
⇔ ⇔n>
<  se então xn − 6 < .⇔  ⇔ ntomar
Logo,<basta > n0 como o
2n 2 2n 2
1 1
menor número xn −natural
6 <  ⇔maior
< do n > . Isto prova que lim xn = 6 .
⇔que
2n 2

Exercício Resolvido
20) Verifique que a seqüência  23nn +− 15  converge, usando o Te-
orema 3.  

Resolução.

(1) Vamos verificar se a seqüência é monótona.

2n + 5 −17
Seja xn = . Então, xn +1 − xn = é sempre ne-
3n − 1 (3n + 2 )(3n − 1)
gativo (verifique!). Logo, (xn ) é decrescente.

(2) A seqüência é limitada?

Note que: xn > 0 para todo n . Além disso, sendo (xn ) decrescen-
7
te, todos os seus termos são menores do que x1 = . Portanto,
2
7
0 < xn ≤ , para todo n e a seqüência é limitada. Conclui-se que
2
ela converge.

 15n 
Exemplo 30. A seqüência   é decrescente a partir do décimo-
 n! 
quinto termo (Verifique isto!). Podemos então concluir que é limi-
tada (Por que?). Logo, pelo teorema 3, ela converge.

Teorema 4. Se a seqüência (xn ) converge para L , então toda subse-


qüência de (xn ) converge para L .

Demonstração. Seja ′ = {n1 , n2 , } um subconjunto infinito


de  , com n1 < n2 <  .

( )
Seja xni
ni ∈′
uma subseqüência de (xn ). Vamos provar que
lim xni = L .

50
Seja  > 0 . Deveremos encontrar n j ∈ ′ tal que se ni ∈ ′ e
ni ≥ n j , então xni − L <  .

Como lim xn = L , existe n0 ∈  tal que xni − L <  para todo


n ≥ n0 . Sendo ′ infinito, existe n j ∈ ′ tal que n j ≥ n0 . En-
tão para todo ni ∈ ′ tal que ni ≥ n j , temos ni ≥ n0 e portanto,
xni − L <  . Isto prova que lim xni = L .

Observação. Conclui-se do teorema que se uma seqüência possui


duas subseqüências convergindo para valores distintos, ela diver-
ge. Por exemplo, a seqüência:
 2
3 − n se n é par
xn = 
1 + 1 se n é ímpar
 n 2

Esta seqüência diverge, pois possui subseqüências convergindo


para 3 e 1 respectivamente.

No próximo teorema veremos que se numa seqüência monótona


identificamos uma subseqüência que converge para L , então a
própria seqüência converge para L . Para demonstrá-lo precisa-
mos do seguinte lema:

Lema. Se uma seqüência monótona possui uma subseqüência li-


mitada, então ela mesma é limitada.

Demonstração. Seja (xn ) uma seqüência monótona. Suponhamos,


não decrescente.
A prova é análoga se a
seqüência (xn ) for não Então x1 ≤ x2 ≤  e portanto x1 ≤ xn , para todo n , o que mostra
crescente. que (xn ) é limitada inferiormente. Falta mostrar que (xn ) é limi-
tada superiormente.

Por hipótese, (xn ) possui uma subseqüência xni ( ) ni ∈′


limitada.
Então existe B ∈  tal que x1 ≤ xni ≤ B , para todo ni ∈ ′ .

Seja n ∈  . Como ′ é infinito, existe n j ∈ ′ tal que n j > n .


Por ser (xn ) não decrescente, segue que xn ≤ xn j ≤ B . Mas n é
genérico e assim, x1 ≤ xn ≤ B para todo n ∈  . Concluímos que
(xn ) é limitada.

51
Teorema 5. Se uma seqüência é monótona e possui uma subseqüência
que converge para L, então a seqüencia também converge para o mesmo L.

( )
Demonstração. Seja (xn ) uma seqüência monótona e xni uma
subseqüência convergente que tem limite L . Vamos mostrar que
(xn ) também tem limite L .

( )
Sendo xni convergente, é também limitada. Pelo Lema, a seqüên-
cia (xn ) é limitada e pelo Teorema 3, converge, digamos para M .
Pelo Teorema 4, M = L e portanto (xn ) converge para L .

Observação. Uma seqüência limitada pode também ser caracteri-


zada assim: (xn ) é limitada se existe k > 0 tal que xn < k , ∀n ∈  .

Teorema 6. Se (xn ) e (yn ) são seqüências tais que (yn ) é limitada e


lim xn = 0 , então lim (xn ⋅ yn ) = 0 . Atenção: este teorema
garante a convergência
do produto de duas
Demonstração. Por hipótese, (yn ) é limitada e assim existe k > 0 seqüências, mesmo
tal que yn < k , ∀n ∈  . que uma delas não seja
convergente.

Seja  > 0 . Como lim xn = 0 , existe n0 ∈  tal que xn < , para
k
todo n ≥ n0 .

Para n ≥ n0 , temos: xn ⋅ yn − 0 = xn yn < k . =  , ou seja,
k
xn ⋅ yn − 0 <  para todo n ≥ n0 . Logo, lim (xn ⋅ yn ) = 0 .

Exemplo 31.

 sen n  1  1
a) lim   = lim  .sen n  . Como a seqüência   tem li-
 n   n  n
mite zero e a seqüência (sen n ) é limitada, segue que

 sen n 
lim  =0.
 n 
cos (2n + 1)  
b) Da mesma forma lim  3 =0.
2
n +1

52
Observação. Se (yn ) não é limitada e lim xn = 0 , então a seqüên-
cia (xn ⋅ yn ) pode convergir para um número real qualquer ou di-
vergir, mesmo sendo lim xn = 0 . Veja alguns exemplos:

Exemplo 32.
−8
a) Se yn = n 2 e xn = , então xn ⋅ yn = −8 ou seja, (xn ⋅ yn ) é a
n2
seqüência constante, que converge para −8 .

1
b) Se yn = n 2 e xn = , então xn ⋅ yn = n e a seqüência (xn ⋅ yn )
n
diverge.

1 1
c) Se yn = n 2 e xn =3 , então xn ⋅ yn = e a seqüência (xn ⋅ yn )
n n
converge para zero.

Em muitas situações uma seqüência pode ser escrita como soma,


produto ou quociente de outras seqüências. O próximo teorema
estabelece um resultado a respeito da convergência de tais se-
qüências.

Teorema 7. Se (xn ) e (yn ) são seqüências que convergem para A e B


respectivamente, então:

a) a seqüência (xn + yn ) converge para A + B .

b) a seqüência converge para cA, ∀c ∈  .

c) a seqüência (xn ⋅ yn ) converge para A× B .

x  A
d) a seqüência  n  converge para desde que B ≠ 0 .
 yn  B

Demonstração.

a) Seja  > 0 . Como lim xn = A , existe n1 ∈  tal que xn − A <
2
para todo n ≥ n1 .

Como lim yn = B , existe n2 ∈  tal que yn − B < para todo
2
n ≥ n2 .
 
Seja n0 = max {n1 , n2 } e n ≥ n0 . Então xn − A < e yn − B < .
2 2
Logo,

53
(xn + yn ) − ( A + B ) = (xn − A) + ( yn − B )
≤ xn − A + yn − B
 
< + = .
2 2

Ou seja, se n ≥ n0 , então (xn + yn ) − ( A + B ) <  . Isto prova que


lim(xn + yn )= A + B .

b) Para c = 0 , a igualdade é óbvia, pois a seqüência constante (0 )


converge para 0 = 0.A .

Suponhamos c ≠ 0 .

Seja  > 0 . Por ser lim xn = A , existe n0 ∈  tal que xn − A <
c
para todo n ≥ n0 .

Logo, para n ≥ n0 , temos: cxn − cA = c ⋅ xn − A < c ⋅ =  , ou
c
seja, cxn − cA <  .

Concluímos que lim (cxn ) = cA .

Antes de provar (c), observe que: lim zn = l é equivalente a


lim( zn − l ) = 0

c) Vamos escrever a expressão xn yn − AB de forma que possamos


usar as hipóteses: lim xn = A e lim yn = B . Para tal, observe que
ao somar e subtrair a expressão xn B obtemos:

xn yn − AB = xn yn − xn B + xn B − AB = xn ( yn − B ) + B (xn − A ).

Por ser convergente, (xn ) é limitada. Por hipótese, lim yn = B .

Pelo teorema 6, lim xn ( yn − B ) = 0 .

Por hipótese, lim (xn − A ) = 0 e pelo item (b) anterior,

lim B (xn − A ) = 0 .

Logo,

lim (xn yn − AB ) = lim xn ( yn − B ) + lim B (xn − A ) = 0 + 0 = 0.

E, portanto, lim xn yn = AB .

54
x A
d) Provaremos que lim  n −  = 0 .
 yn B 
xn A Bxn − Ayn 1
Temos: − = = (Bxn − Ayn ) , para todo n tal
yn B Byn Byn
que yn ≠ 0 . A idéia é usar novamente o Teorema 6.

Decorre dos itens (a) e (b) e da hipótese que:

lim (Bxn − Ayn ) = B lim xn − A lim yn = BA − AB = 0.

 1 
Falta mostrar que a seqüência   é limitada.
 Byn 
Como lim Byn = B lim yn = B 2 , segue da definição de limite de
uma seqüência que: para todo  > 0 existe n0 ∈  tal que

Byn − B 2 <  para todo n ≥ n0 . Ou seja, −  < Byn − B 2 <  para

B2 B2 B2
todo n ≥ n0 . Em particular, para  = , temos: − < Byn < .
2 2 2
Somando B 2 aos membros desta desigualdade, temos
B2 3B 2 B2
< Byn < , ou seja, Byn > . Como Byn > 0 , segue que
2 2 2
1 2
0< < 2 , para todo n ≥ n0 .
Byn B
 1 1 1 
O conjunto  , , …,  é finito e portanto limi-
By
 1 By2 Byn0 −1 
 1 
tado. Logo, a seqüência   é limitada. Segue do Teorema 6
 Byn 
1 x A
que: lim (Bxn − Ayn ) = 0 e, portanto lim n = .
Byn yn B

Exercícios Resolvidos
21) Calcule o limite de cada uma das seqüências:
a)  5 
 
n

55
b)  1 
 2
n 

c)  7 n + 5n + 3 
2

 2 
 3n − 8 

d)  2n + 5 
2

 6 
 1− n 

Resolução.
5 1
a) Pelo item (b) do Teorema 7, lim = 5 × lim = 5 × 0 = 0 .
n n
b) Pelo item (c) do Teorema 7,

1 1 1  1  1
lim 2
= lim  ×  =  lim  ×  lim  = 0 .
n n n  n  n

c) Para usar os itens do Teorema 7, vamos dividir numerador e de-


nominador do termo geral por n 2 , o que não o altera:

5 3
7+ +
7 n 2 + 5n + 3 n n2
=
3n 2 − 8 8
3− 2
n
Logo,
5 3 lim  7 + 5 + 3  5 3
2 7+ + 2  2  lim 7 + lim + lim 2
7 n + 5n + 3 n n =  n n  n n = 7+0+0 = 7
lim = lim =
3n 2 − 8 8  8  8 3−0 3
3− 2 lim  3 − 2  lim 3 − lim 2
n  n  n

d) Vamos também dividir numerador e denominador pela maior


potência de n presente na expressão, a saber, n6 .

 2 5 
 2n + 5 
2
 n4 + n6  0+0
Então, lim  6 
= lim  = = 0.
 1− n   16 − 1  0 −1
 n 

Observação, Já foi mencionado que progressões infinitas, tan-


to aritméticas quanto geométricas são seqüências. Os próximos
exercícios tratam sobre a convergência destas seqüências.

56
22) Seja a um número real qualquer. Prove: Para todo número
1
real r ≠ 0 , a seqüência (a1 + nr ) diverge .

Resolução. Suponhamos r > 0 . O caso r < 0 é tratado de maneira


análoga. Mostraremos que a seqüência não é limitada.

Seja M um número positivo qualquer. Basta mostrar que existe


n ∈  tal que (aa1 1++nrnr) > M .
M − a1
Ora, a1 + nr > M ⇔ nr > M − a1 ⇔ n > .
r
M − a1
Portanto, se n > , então a1 + nr > M . Sendo M arbitrá-
r
rio, conclui-se que a seqüência não é limitada.

Pelo Teorema 2 ela diverge.

23) Sejam a 0 e q números reais não-nulos. Prove que a seqü-


( )
ência a0 q n
converge se q < 1 ou se q = 1 e diverge se q > 1 ou
se q = −1 .

Resolução. Se q < 1 , já foi provado (proposição 6) que lim q n = 0 .


Logo, lim a0 q n = a0 .lim q n = 0 .

Se q = 1 , resulta a seqüência constante (a0 ) que converge para a0 .

Se q = −1 , trata-se da seqüência alternada − a0 , a0 , − a0 ,  que


diverge.

( )
Se q > 1 , vamos provar que a seqüência a0 q n não é limitada.

Seja K um número positivo qualquer. Basta mostrar que existe


n ∈  tal que a0 q n > K .

n K
Ora, a0 q n > K ⇔ a0 . q n > K ⇔ q > ⇔
a0
 K  1  K 
⇔ n log q > log   ⇔ n > .log   .
 a0  log q  a0 

1  K  n
Portanto, se n > .log   , então a0 q > K . Como K é
log q  a0 
arbitrário, a seqüência a0 q n( ) não é limitada, e o mesmo aconte-
ce com a seqüência a0 q n .( )

57
Pelo Teorema 2 ela diverge.

Provamos assim que a P.G. infinita de razão q converge, se e so-


mente se q < 1 ou q = 1 .

Teorema 8. (Teorema do Confronto)


Este teorema é usado para
Sejam (xn ), (yn ) e (zn ) seqüências cujos termos gerais a partir de cer- demonstrar muitos outros
to índice n0 satisfazem: xn ≤ zn ≤ yn . Se lim xn = L e lim yn = L , então resultados importantes.
Pode ser usado também
também lim zn = L . para obter o limite de
algumas seqüências.
Demonstração. Temos por hipótese que xn ≤ zn ≤ yn , para
todo n ≥ n0 e ainda que lim xn = lim yn = L . Vamos provar que
lim zn = L .

Seja  > 0 . Por ser lim xn = L , existe n1 ∈  tal que


xn ∈ (L − , L +  ) para todo n ≥ n1 .

Por ser lim yn = L , existe n2 ∈ Ν tal que yn ∈ (L − , L +  ) para


todo n ≥ n2 .

Seja M ∗ = max {n0 , n1 , n2 }. Então para todo n ≥ M * temos


L −  ≤ xn ≤ zn ≤ yn ≤ L +  , ou seja, zn ∈ (L − , L +  ) .

Logo, lim zn = L .

Exemplo 33.

a) A seqüência  1  converge? Qual o seu limite? Note que n!≥ n,


 
 n! 
1 1
para todo n ≥ 1. Logo, 0 < ≤ para n ≥ 1. A seqüência (0 )
n! n
1
bem como a seqüência   converge para 0 . Pelo Teorema 8,
n
1
lim = 0 .
n!

b) E a seqüência  sen (2n )  ?? Ora, como −1 ≤ sen 2n ≤ 1 , temos


 n 

que − 1 ≤ sen 2n ≤ 1 , para todo n ≥ 1 . Tanto  − 1  como


 
n n n  n
 1  tem limite 0 . Pelo Teorema 8, lim sen 2n = 0 .
  n
n

58
Teorema 9. (Teorema de Bolzano-Weierstrass) Toda seqüência limita-
da de números reais possui uma subseqüência convergente.

Demonstração. Será omitida, pois necessita da compreensão de


conceitos que serão estudados num curso de Análise.

Observação. Sem a hipótese de ser limitada, uma seqüência pode


não possuir uma subseqüência convergente. Uma seqüência não-
limitada também pode ter subseqüências convergentes.

( )
Exemplo 34. As seqüências (n ) e − n 2 não possuem subseqüên-
cia convergente.

Observação. Uma seqüência limitada, pode ter mais do que uma


subseqüência convergente.

Exemplo 35. A seqüência (−1) tem duas subseqüências conver-


n

gentes.

Já a seqüência (xn ), definida por:

 1
4 − n se n = 3k ; k ∈

 1
xn =  se n = 3k + 1; k ∈
 n
 1
3 + n se n = 3k + 2; k ∈ 

possui três subseqüências convergentes. (Quais são e para que va-


lores convergem?)

Exemplo 36. A seqüência (xn ), sendo

 n se n é par

xn =  1
 n se n é ímpar

possui uma subseqüência que converge para zero, apesar de não


ser limitada.

59
1.3.5 Limites Infinitos
Entre as seqüências divergentes existem aquelas cujos termos, a
partir de certo índice, tornam-se arbitrariamente grandes em mó-
dulo.

Definição 9. Dizemos que uma seqüência (xn ) tende a infinito


quando para qualquer número positivo M existe um número na-
tural n0 tal que xn > M , para todo n ≥ n0 .

Notação. xn → +∞ ou simplesmente xn → ∞ .

A definição diz que xn → ∞ se: dado um número positivo M ,


arbitrariamente grande, existe um número n0 tal que todos os ter-
mos da seqüência com índice maior ou igual a n0 são maiores do
que M .

Definição 10. Dizemos que a seqüência (xn ) tende a menos infinito


quando para qualquer número negativo B existe um número n0
tal que xn < B para todo n ≥ n0 .

Observação. Os símbolos + ∞ e − ∞ não podem ser tratados como


números, pois não pertencem a conjunto numérico algum.

Exemplo 37.

( )
a) Seqüências como n k com k ∈  , 2 n , ( ) ( n ) e (n!) obvia-
mente tendem a infinito.

b) A seqüência 10 − 4n 2 tende a − ∞ .

Para mostrar isso, seja B < 0 . Devemos encontrar n0 ∈ Ν tal que


10 − 4n 2 < B para todo n ≥ n0 . Temos:

10 − 4n 2 < B ⇔ −4n 2 < B − 10 ⇔


10 − B 10 − B
⇔ n2 > ⇔n> .
4 2

10 − B
Portanto, se n > , então 10 − 4n 2 < B . Basta tomar n0 como
2
10 − B
o menor número natural maior do que .
2
60
Conclui-se que 10 − 4n 2 → −∞ .

n 2 se n é par
Exemplo 38. Seja xn = 
1 se n é ímpar
Não é verdade que xn → ∞ , pois por maior que seja n0 , sempre
haverá termos xn iguais a 1, para n ≥ n0 .

Exemplo 39. Seja an = (−1) .n . Também não podemos dizer que


n

an → ∞ . Na verdade (an ) possui uma subseqüência que tende a


menos infinito e outra que tende a infinito.

−n 2 se n ≤ 10000
Tarefa. Se a seqüência (bn ) é dada por bn =  ,
 2n se n > 10000
podemos dizer que bn → ∞ ? Ou que bn → −∞ ?

1.3.6 Algumas Propriedades dos Limites Infinitos


Propriedade 1. Se xn → ∞ e (y n ) é limitada inferiormente, então
(xn + yn ) → ∞ .

Justificativa. Por ser (y n ) limitada inferiormente, existe k ∈ 


tal que yn ≥ k , ∀n ∈  . Seja M um número real positivo qual-
quer. Devemos mostrar que xn + yn é maior do que M a partir de
certo índice n0 . Como, ainda por hipótese, xn → ∞ , existe n0 ∈ 
tal que para n ≥ n0 , xn > M − k . Logo, para todo n ≥ n0 , temos
xn + y n > (M − k )+ k = M , ou seja, xn + y n > M . Concluímos que
(xn + yn ) → ∞ .

Exemplo 40.

a) Seja xn = n 2 e y n = 2 n 2 . Observe que xn → ∞ e que (y n ) é


limitada inferiormente. Então xn + yn = 3n 2 que tende a
infinito.

b) Seja xn = n 2 e y n = −n 2 . Note que (y n ) não é limitada infe-


riormente. Agora, temos xn + yn = 0 e a seqüência constante
(0 ) não tende a infinito.
c) Seja xn = 2n 2 e y n = −n 2 . Desta vez, xn + y n = n 2 e, portanto
(xn + yn ) → ∞ , apesar de (yn ) não ser limitada inferiormen-
te. Este exemplo mostra que a recíproca da propriedade 1 é
falsa.

61
Propriedade 2. Se xn → ∞ e (y n ) é limitada inferiormente por
um número positivo, então (xn ⋅ y n ) → ∞ .

Justificativa. Por hipótese existe c > 0 tal que yn ≥ c, ∀n ∈  . Seja


M um número real positivo. Por hipótese, existe n0 ∈  tal que
M M
xn > para todo n ≥ n0 . Logo, se n ≥ n0 , então xn ⋅ y n > ×c = M,
c c
ou seja, xn ⋅ y n > M . Concluímos que xn ⋅ y n → ∞ .

Exemplo 41.
1
a) Seja xn = n e yn = 2 + . Note que xn → ∞ e yn ≥ 2 , ∀n .
n
 1
Então xn ⋅ yn = n  2 +  = 2n + 1 , tende a infinito.
 n

1
b) Seja xn = n e yn = . Desta vez, (y n ) não satisfaz a hipótese,
n
pois não existe c > 0 tal que y n ≥ c, ∀n ∈ Ν .
1
Temos: xn ⋅ yn = n × = 1 e a seqüência constante (1) não ten-
n
de a infinito.

1 1
c) Seja xn = n 2 e yn = . Agora xn ⋅ yn = n 2 × = n e, portanto,
n n
xn ⋅ y n → ∞ . Este exemplo mostra que a recíproca é falsa, pois
( yn ) não é limitada inferiormente por um número positivo.

Propriedade 3. Sejam (xn ) e (y n ) seqüências de números reais


positivos. Se (xn ) é limitada inferiormente por um número positi-

vo e se lim y n = 0 , então xn → ∞ .
yn

Justificativa. Existe, por hipótese, c > 0 tal que xn ≥ c, ∀n ∈  .

c
Seja M > 0 . Note que é um número positivo e como lim y n = 0 ,
M
c
existe n0 ∈ Ν tal que 0 < y n < , para todo n ≥ n0 .
M
1 M
Então para todo n ≥ n0 , temos: xn ≥ c e > .
yn c

62
xn 1 M x
Logo, = xn × > c × = M , isto é, n > M , ∀n ≥ n0 .
yn yn c yn

xn
Concluimos que: →∞.
yn

Exemplo 42

1 1
a) Seja xn = 3 + e yn = .
n n
 1
Então xn ⋅ yn =  3 +  n = 3n + 1 , que tende a infinito.
 n

1 1
b) Seja xn = e yn = . Note que (xn) não satisfaz a hipótese de
n n
ser limitada inferiormente por um número positivo.
1
xn n
Agora, = = 1 e a seqüência constante (1) não tende a
yn 1
infinito. n

1 1 x 1
c) Seja xn = e yn = 2 . Desta vez, n = .n 2 = n e a seqüên-
n n yn n
cia (n) tende a infinito. Este exemplo mostra que a recíproca

também não é válida.

1.3.7 Indeterminação
Observe com atenção cada uma das quatro situações abaixo, em
que (xn ) e (y n ) são seqüências com limites infinitos:

I) Se xn → ∞ e yn → −∞ , então nada podemos afirmar sobre o


limite da seqüência (xn + y n ). Veja os exemplos:

Exemplo 43.

a) xn = n 2 ; y n = −n . Então xn + yn = n 2 − n = n (n − 1) . Logo,
xn + y n → ∞ .

b) xn = n ; y n = −n 2 . Então xn + yn = n (1 − n ) e, portanto
xn + yn → −∞ .
c) xn = n + 23 ; y n = −n . Então xn + yn = 23 , ou seja, (xn + y n ) é a
seqüência constante (23) que tem limite 23 .

63
d) xn = n ; yn = (−1) − n . Então xn + yn = (−1) , que é uma seqü-
n n

ência oscilante e divergente.

Estes exemplos mostram que nesta situação a seqüência (xn + y n )


pode convergir para um número real qualquer, pode divergir,
pode tender a − ∞ ou pode tender a + ∞ .

Por isso escreve-se: “ ∞ − ∞ é indeterminado” ou “ ∞ − ∞ é uma


indeterminação”.

II) Se xn → ∞ (ou − ∞ ) e se y n → ∞ (ou − ∞ ), nada podemos afir-


 
mar sobre o limite da seqüência  xn  .
y 
 n

Exemplo 44.
xn x
a) xn = n 2 ; y n = −n . Então = −n e, portanto n → −∞ .
yn yn
xn  xn  é a seqüência
b) xn = 6n 2 ; yn = n 2 . Então = 6 , ou seja,  
yn  yn 
constante (6 ) que converge para 6 .

Escreve-se: “ ∞ é uma indeterminação”.


III) Se lim xn = 0 e y n → ∞ (ou − ∞ ), nada podemos dizer sobre o


limite da seqüência (xn ⋅ y n ).

Exemplo 45.

1
a) xn = ; yn = 5n . Então xn ⋅ yn = 5 , ou seja, (xn ⋅ y n ) é a seqü-
n
ência constante (5 ) que converge.

1
b) xn = 2
; yn = n 3 . Então xn ⋅ y n = n , portanto xn ⋅ y n → ∞ .
n
Escreve-se: “ 0 . ∞ é uma indeterminação”.

IV) Se lim xn = 0 e lim yn = 0 , então nada podemos dizer sobre o

x 
limite da seqüência  n  .
 yn 

64
Exercícios Propostos
34) Dê quatro exemplos de seqüências (x ) e (y ) tais que am-
n n
x 
bas convirjam para zero, no entanto as seqüências  n  têm dife-
rentes comportamentos quanto ao limite.  yn 
0
Escreve-se: “ é uma indeterminação”.
0

35) Escreva os cinco primeiros termos da seqüência:


 1 + (−1)n 
a)  2n 

 

nsen ( n ) se n é par
x =
b) n 
sec ( n − 2 ) se n é ímpar

1 1 1  Note que a = 1 + 1 ; 
c) an = + +  + 
3 6 3 (n + 1)
1
3 6 
 
 a2 = 1 + 1 + 1 , etc. 
 3 6 9 
 cos (n  ) 
d)  
2
 n 

 n (−1)J 
e)  ∑ J 
 J =1 2 
 

36) Escreva o termo geral da seqüência:


a) 6, 10, 14, 18, 

2 −5 8 −11 14
b) , , , , , 
4 8 16 32 64

1 1 1 1
c) 5 + , 5 − , 5 + , 5 − , 
2 4 8 16

37) Considere a seqüência (xn ) , sendo xn = n 2 ; sejam


 1 = {3k , k ∈ };  2 = {− 3 + 4k , k ∈ } subconjuntos de  .

65
Escreva os cinco primeiros termos das subseqüências xni ( ) e
( )
ni ∈1
xmi .
mi ∈ 2

38) Considere a seqüência do exercício 35 (a).


a) Sendo ′ = {2k − 1, k ∈ } e ′′ = {2 k , k ∈ }, escreva o
terno geral das subseqüências xni ( ) e xmi
ni ∈′
( )
.
mi ∈′′

b) Estas subseqüências convergem?

39) Considere a seqüência  n sen  n2   . Liste alguns termos


para compreendê-la.   

a) É monótona? Justifique!

b) É limitada? Justifique!

c) Converge? Justifique!

d) Ela possui subseqüências convergentes? Quais?

40) Justifique porque a seqüência (n cos sec n ) diverge.


41) A seqüência (x ) abaixo converge? Justifique através de al-
n
gum teorema.
 1
 5 − n se n = 3k ; k ∈

 5n + 1
xn =  se n = 3k − 1; k ∈ 
 n+4
 2
 n2 se n = 3k − 2; k ∈ 

 2x se 0 ≤ x < 1 2
42) Seja f (x ) =  e seja x0 = 0, 2 . A seqüên-
2 x − 1 se 1 2 ≤ x < 1
cia f (x0 ), f  f (x0 ), f  f  f (x0 ),  converge? Justifique!

43) Verifique se a seqüência é monótona e a partir de que ter-


mo:

66
a)  2n + 6 
 
 5n 

b)  n 
n

 n! 

c)  306 
n

 (2n )! 
 

d) (arc tg n )

(Na última seqüência não faça contas. Observe o gráfico de y = arc tg x ).

44) Considere a seqüência (n 2


+ (−1) × n .
n
)
a) Escreva os seis primeiros termos.

b) Prove que a seqüência é monótona.

c) A seqüência converge? Por quê?

45) Mostre que a seqüência  (n50+ 3) !  é limitada.


n

 

46) Seja x n =
4 − n2
3n 2 + 2
.

a) Calcule n0 ∈  tal que a distância entre xn e −1 seja menor


3
do que 1 para todo n ≥ n0 .
200
b) Calcule n0 ∈  tal que

 1 1 1 1 
xn ∈  − − , − +  , ∀n ≥ n0
 3 1000 3 1000 
1
c) Prove que lim xn = − .
3

 (−1) 
n +1

47) Prove que a seqüência  6 +


 n3 
 converge para 6 .

48) Prove: Se (x ) converge para L então a seqüência ( x ) con-


n n
verge para L . (Use a desigualdade a − b ≤ a − b , ∀a, b ∈  ).
A recíproca é verdadeira? Prove-a ou dê um contra-exemplo.

67
49) Examine as seqüências abaixo quanto à convergência. Caso
convirjam, calcule o seu limite.

a)  e 
n

 2

b)  2n + 2n − 70 
3

2 3
 6 − n − 9n 

c)  4n − 2 
 3 
 1− n 

d)   
n

n
4 

e)  (−1) ⋅ 8n 
 n

 
 7n − 5 
 (−1)n 
f)  + ln n 
 n 
 

g)  (−1) 
 n +1

 n + 11 
 

h)  2n − n + 1 
 
 n + 1 2n 

i)  n − n 
2 2

 
 2n + 1 2n − 1 

50) Análogo ao anterior:


( )
 sen n 
a) 
 2n 
 


b) 
( )
 cos  − n
2
2 
 8 − 3n 
 

c)  n3 
 
 arc cotg n 

68
51) Prove: Se x → +∞ e ( yn ) é limitada superiormente e tem
n

x
todos os termos positivos, então n → +∞ .
yn

52) Use a definição de limite para provar que: Se (x ) , ( y ), (z )


n n n
convergem para A, B, C respectivamente, então a seqüência
(xn + yn + zn ) converge para A + B + C .

53) Das seqüências seguintes, apenas duas fazem sentido.


Quais? Para cada uma destas, verifique se ela é: monótona, limi-
tada, convergente.

a) (arc sen n )

(
b) arc cos 1
n )
c) (arc sec 1 )
n

d) (arc sen (ln n ))

e) (arc cos sec n )

54) Em cada item dê um exemplo de seqüências (x ), (y ), tais


n n
que:

a) xn → +∞ , yn → +∞ e lim (xn − yn ) = 3 .
4

x 
b) xn → +∞ , yn → +∞ e lim  n  = −21 .
 yn 
xn
c) lim (xn ) = 0 , lim ( yn ) = 0 e → −∞ .
yn

55) A respeito de uma seqüência (a ) de termos negativos sa-


n
be-se que:

an +1
i) < 1, ∀n ∈ 
an

ii) (an ) possui uma subseqüência que converge para −10 .

69
Pergunta-se:

a) (an ) é monótona?

b) (an ) converge? Justifique!

56) Um número real chama-se “valor de aderência” ou


“ponto de acumulação” de uma seqüência (xn ) se ele for
o limite de alguma subseqüência de (xn ). Por exemplo, se
4 + 1 se n é par
 n então 0 e 4 são os pontos de acu-
xn = 
 1 se n é ímpar
 n
mulação de (xn ).

a) Escreva o termo geral de uma seqüência que tem como pon-


tos de acumulação −5 , 12 e 33 .

b) V ou F? Justifique! “Uma seqüência monótona pode ter dois


valores de aderência”.

c) Construa uma seqüência cujo conjunto de valores de ade-


rência seja o conjunto  .

57) Resolva os itens abaixo:


a) Existe alguma seqüência cujos termos são todos positivos,
porém o seu limite é zero?

b) Prove: Se (xn ) é uma seqüência que converge para L e L > 0 ,


então existe um natural n0 tal que xn > 0,∀n ≥ n0 .

Sugestão para b): Comece assim: por hipótese, para todo  > 0 existe

n0 ∈ Ν tal que xn − L < , ∀n ≥ n0 . Em particular, para  = L , existe


2
n0 tal que...

58) Se (xn )é convergente e xn ≤ 0 para todo n ∈  , então


lim x n ≤ 0 . Prove! Sugestão: Negue a tese e use o exercício 23.

59) Seja (xn ) uma seqüência convergente satisfazendo


xn ≤ A, ∀n ∈  , sendo A um número real. Prove que lim xn ≤ A .

Sugestão: Tome a seqüência (y n ) tal que y n = xn − A e use o exercício 24.

70
60) Dê um exemplo de seqüência (z ) tal que lim zn n = 7 , porém
zn > 7, ∀n ∈  .

61) Prove ou dê um contra-exemplo: “O limite de uma seqüên-


cia convergente de números irracionais é irracional”.

62) Prove:
x 
a) Se (xn ) é limitada e yn → +∞ , então lim  n  = 0 .
 yn 

x 
b) Se (xn ) é limitada e yn → −∞ , então lim  n  = 0 .
 yn 

63) Para cada uma das seqüências (x ) abaixo, escolha a alter-


n
nativa correta:

a) (xn ) Converge.

b) xn → +∞

c) xn → −∞

d) Nenhuma destas.

3
1) xn = 1 − 2) xn = sen n − n 2
n − 258
 (−1) 
n
  1 
3) xn = log 1 sen   4) xn = cossec   + 
2
  n   n 

5) xn = 6 − (ln 2 )
n
( )
6) xn = ln e n − n
2

64) Apresente duas seqüências (x ) e (y ) tais que:


n n

a) lim xn = 0

b) (xn ⋅ y n ) é decrescente.

c) lim xn ⋅ yn = 43

71
65) Determine a geratriz da dízima periódica 3,629979797...,
usando a fórmula da soma dos termos de uma P.G. infinita.

66) Determine um número natural n


n
0 tal que para todo n ≥ n0
3
valha   < 10−8 .
5

67) Considere a P.G. cujo termo inicial é 6 e razão 7 .


9
a) Calcule a soma de todos os seus termos.

b) Seja S n a soma dos n primeiros termos. Determine um nú-


mero natural n0 tal que para todo n ≥ n0 a diferença entre S n
e 27 seja menor do que um milésimo.

c) Seja  um número real positivo, supostamente pequeno. De-


termine n0 , em função de  , tal que para todo n ≥ n0 tenha-
se S n − 27 <  .

Respostas dos Exercícios Propostos


1) a 16 = 3 2) r = − 52 3) a = −3; r = 5
1

4) − 199
2
5) 428.429 6) R$1.219, 00

7) a 4 = −1 ; a7 = 1
64
8) q = 2 ; a1 = 3 2

9) n 0 = 758 10) S10 =


210 − 1
29
11) 8 termos
12) a = 19
1 13) 156 grãos
14) 1, 2, 3, 6, 9, 17, 18, 34, 51, 102, 153
15) Zero 16) 9, 6, 4 17) Demonstração
18) P.A.: 3, 66, 129, 192 P.G.: 3, 12, 48, 192

72
19) Os números são  1, 2, 5, 8, 11
20) Se r é a razão da PA e r2 a razão da PA obtida pela diferença
1
dos quadrados, temos r2 = 2r1

21) 1+ 5
2

22) x = 3 + 2k  ou x = − 3 + 2k  , k ∈ 
23) a) P.G. de razão 1 b) P.A. de razão ln10

24) A soma é 1 25) k = 23


26) a) É decrescente a partir b) É limitada, pois todos os seus ter-
do 5º termo. mos estão no intervalo [0, x4 ]

27) 52 , 174 , 376 , 658 , 101


10 12
,
145

28) −1, − 2, − 3, − 4, − 5,;

29) a) Limitada. b) Limitada. Termo geral: (−n ) c) Não-limitada

31) a) n 0 = 423

35) b) −1, 2, − 1, 2 2, 2 d) −1,


1
4
1 1
, − ,
9 16
, −
1
25

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
e) − , − + , − + − , − + − + , − + − + −
2 2 4 2 4 8 2 4 8 16 2 4 8 16 32

 (−1) 
n +1

36) a) (4n + 2) c)  5 +
 2 n


 

37) (x ) ni
 1 1 
= 0, , 0, , 0,
ni ∈1
 2 8 
73
38) a) 0 e  21 k −1

 b) Sim, para zero.
 

39) a) Não b) Não c) Não d) Sim

41) Diverge
42) Não
43) a) Decrescente a partir c) Decrescente a partir
do 1º termo do 9º termo

46) a) n 0 = 18 b) n0 = 40

49) a) D b) C c) C

d) C e) D f) D

g) C h) C i) C (A seqüência do item (i)


converge para − 1 )
2

50) a) Converge para 0 b) Converge para 0 c) Diverge

65) 35935
9900

66) n0 = 37

67) b) n 0 = 41

c) n0 é o menor número natural maior do que log  − log 27


log 7 − log 9

74
2 Limite de uma Função
2 Limite de uma Função

Neste capítulo objetivamos estudar e desmistificar o conceito


de limite de uma função, apresentar técnicas para o cálculo
dos limites e aprimorar a idéia de “infinito”.

2.1 Conceito de Limite


x2 − 9
Consideremos a função f (x ) = .
x−3
Poderíamos escrever também: f (x ) = x + 3 , para x ≠ 3 .

Nosso propósito é examinar o comportamento de f (x ) quando


x toma valores arbitrariamente próximos de 3 , porém diferentes
de 3 . Para tal, utilizaremos seqüências (xn ) tais que xn ≠ 3 , para
todo n ∈  e lim xn = 3 . Examinaremos em cada caso a seqüência
cujo termo geral é f (xn ), isto é, a imagem de xn .

1
a) Seja xn = 3 − . Note que xn ≠ 3 e que lim xn = 3 . Observe os
n
valores de n , xn e f (xn ) na tabela:

n 1 2 3 4 5 10 100 50.000

xn 2 2,5 2,67 2,75 2,8 2,9 2,99 2,99998

f (xn ) 5 5,5 5,67 5,75 5,8 5,9 5,99 5,99998

A tabela de valores nos leva a crer que lim f (xn ) = 6 . De fato,


como xn ≠ 3 , temos:

(x )
2
−9  1   1 1
lim f (xn ) = lim n = lim (xn + 3) = lim  3 − + 3  = lim  6 −  = lim 6 − lim = 6
xn − 3  n   n n

77
(− 1)
n

b) Seja xn =3+ .
n2

Novamente xn ≠ 3 e lim xn = 3 . Observe os valores na tabela


abaixo:

n 1 2 3 4 5 1000 1001

xn 2 3,25 2,89 3,06 2,96 3,0000001 2,999999

f (xn ) 5 6,25 5,89 6,06 5,96 6,0000001 5,999999

Neste caso também a tabela nos leva a crer que lim f (xn ) = 6 .
De fato, como xn ≠ 3 , temos:

 (−1)   (−1)  (−1)


n n n

lim f (xn ) = lim  3 + 2 + 3  = lim  6 + 2  = lim 6 + lim 2 = 6


 n   n  n
  

Note que as seqüências ( f (xn )) dos itens (a) e (b) são distin-
tas, porém convergem para o mesmo valor: 6.

c) Seja (xn ) uma seqüência qualquer que satisfaz as condições:


xn ≠ 3 , para todo n ∈  e lim xn = 3 . O que acontece com o
lim f (xn )?

Ora, lim f (xn ) = lim(xn + 3 ) = lim xn + lim 3 = 3 + 3 = 6 .

Podemos, pois afirmar que: Se (xn ) é uma seqüência tal que


xn ≠ 3 , para todo n ∈  e lim xn = 3 , então lim f (xn ) = 6 .

Definição 11. Seja f uma função definida em todos os pontos


de um intervalo aberto que contém o ponto b , exceto eventual-
mente no próprio b . Dizemos que o limite de f quando x tende a
b é L quando para toda seqüência (xn ) tal que xn ≠ b e lim xn = b ,
ocorre lim f (xn ) = L .

Escreve-se: lim f (x ) = L .
x →b

Observação. Faz sentido falar no lim f (x ) mesmo quando f


x→ b
não está definida em b. Observe isto no exemplo acima. A função
x2 − 9
f (x ) = não está definida no ponto 3 , porém existe o lim f (x ).
x−3 x→ 3

78
y f (x)

3 x
Figura 2.1

Exercícios Resolvidos
1) Seja f (x )= 3 x − 5 x + 1 . Quanto vale o lim f (x )?
2
x→ 2

Resolução. Seja (xn ) uma seqüência tal que xn ≠ 2 e lim xn = 2 .

Então, f (xn ) = 3(xn ) − 5 xn + 1 , e assim:


2

lim f (xn ) = 3 (lim xn ) − 5lim xn + 1 = 3 ⋅ 4 − 5 ⋅ 2 + 1 = 3 .


2

Segue da definição que lim f (x ) = 3 .


x→2

2) Seja g (x ) = 3x8+ 7 se x ≠ −2
se x = −2
. Quanto vale lim g (x )?
x → −2

Resolução. Seja (xn ) uma seqüência tal que xn ≠ −2 e lim xn = −2 .


Então g (xn ) = 3 xn + 7 , e assim:

lim g (xn ) = 3lim xn + lim 7 = 3 ⋅ (−2 ) + 7 = 1 .

Logo, lim g (x ) = 1 .
x →−2

R epare que o valor da função no ponto


não interferiu no cálculo do limite de no
ponto . De fato, calcular o limite de uma fun-
ção num ponto é examinar o comportamento
da função em pontos extremamente próximos
de , mas jamais no próprio .

Então reforçaremos que, para calcular o


não importa o valor de em nem tampouco
se está definida em .

79
Exercício Proposto
1) Sendo f (x )= 35xx −+15 , determine o
2
lim f (x ) e o lim1 f (x ).
x → −3 x→ 4

Observação. O limite de uma função num ponto pode não existir.


 2 x + 1 se x < 1
Considere por exemplo a função F (x ) =  . O que
 4 x − 5 se x > 1
se pode dizer sobre o lim F (x )?
x→1

Resolução. Tomemos inicialmente uma seqüência (xn ) tal que


xn < 1 e lim xn = 1 . Então lim F (xn ) = lim(2 xn + 1) = 3 . Tomemos
agora uma seqüência (xn ) tal que xn > 1 e lim xn = 1 .

Neste caso, lim F (xn )= lim(4 xn − 5 ) = −1 .

Observamos que o lim F (xn ) depende da seqüência (xn ). Mas


conforme a definição 11, o lim F (x ) existe quando para toda
x →1
seqüência (xn ) que converge para 1 , sendo xn ≠ 1 , a seqüência
(F (xn )) converge para o mesmo valor.
Concluímos que o lim F (x ) não existe .
x →1

Sugerimos que o leitor faça um gráfico da função g do exercício


resolvido 2 e da função F acima e observe o comportamento de
cada uma para valores de x próximos a − 2 e 1 respectivamente.

2.2 Propriedades do Limite


Unicidade do limite: Será que uma função pode ter dois ou mais
limites distintos num ponto? O próximo teorema afirma que não!

Teorema 10. Se o lim f (x ) existe, então ele é único.


x→ a

Demonstração. Suponhamos que lim f (x ) = L1 e lim f (x ) = L2 .


x→a x→a

Vamos provar que L1 = L2 . Seja (xn ) uma seqüência de pontos do


domínio de f satisfazendo: lim xn = a e xn ≠ a, ∀n . Conforme
nossa suposição, lim f (xn ) = L1 e lim f (xn ) = L2 .
x→a x→a

Pelo teorema da unicidade do limite de uma seqüência (teorema 1),


segue que L1 = L2 .

80
2.2.1 Operações com Limites
Os exemplos anteriormente desenvolvidos mostram que é possí-
vel calcular o limite de uma função num ponto a partir da defini-
ção. Mas queremos fazê-lo de forma mais direta.

Para isto, precisamos de alguns teoremas semelhantes aos que já


foram demonstrados para seqüências.

Teorema 11. Se a, b, c são números reais, então lim (bx + c ) = ba + c.


x→a

Demonstração. Seja f (x ) = bx + c e (xn ) uma seqüência satisfa-

zendo: xn ≠ a, ∀n e lim xn = a . Então f (xn ) = bxn + c e:

lim f (xn ) = lim (bxn + c ) = b lim xn + c = ba + c .

Segue da definição 11 que lim (bx + c ) = ba + c .


x→a

Conseqüências:

a) lim x = a (é só tomar b = 1 e c = 0 ).
x→a

b) lim c = c (é só tomar b = 0 ).
x→a

2
Exemplo: lim2 (6 x − 5 ) = 6 ⋅ − 5 = −1 .
x→ 3 3

Teorema 12. Se lim f (x ) = L1 e lim g (x ) = L2 , então:


x→a x→a

a) lim[f (x )+ g (x )]= L1 + L2 .
x→a

b) lim c. f (x ) = c ⋅ L1 , ∀c ∈  .
x→a

c) lim f (x ).g (x ) = L1 ⋅ L2 .
x→a

f (x ) L1
d) lim = , desde que L2 ≠ 0 .
x→a g (x ) L2

81
e) lim n f (x ) = n L1 , desde que L1 > 0 quando n for par.
x→a

f) lim sen  f (x ) = sen L1 e lim cos  f (x ) = cos L1 .


x→a x→a

g) lim e f (x ) = e L1 .
x→a

h) lim ln  f (x ) = ln L1 , desde que L1 > 0 .


x→a

A demonstração dos itens: a, b, c, d decorre do teorema 7. Demons-


traremos apenas o item (a). Já a demonstração dos demais itens não
será feita agora, pois necessita do conceito de função contínua. Pos-
teriormente será demonstrado um teorema mais geral, no qual estão
inseridos estes itens.

Demonstração de (a). Seja (xn ) uma seqüência tal que xn ≠ a, ∀n


e lim xn = a . Por hipótese, lim f (xn ) = L1 e lim g (xn ) = L2 . Pelo
item 1 do teorema 7, temos que:

lim  f (xn ) + g (xn ) = lim f (xn ) + lim g (xn ) = L1 + L2 .

Pela definição 11, lim[f (x )+ g (x )]= L1 + L2 .


x→a

Observação (1): Dos itens (a) e (b) decorre:

lim[f (x )− g (x )]= L1 − L2 .
x→a

De fato, f (x )− g (x ) = f (x )+ (− 1)g (x ).

Observação (2): Tomando g = f no item (c), obtém-se:

lim [ f ( x)] 2 = ( L1 ) 2 .
x→a

Por indução conclui-se que: se n ∈  , então lim [ f ( x)] n = ( L1 ) n .


x→a

82
Exercícios Resolvidos
3) Calcule o lim 4 x3−x cos
2
+ 2x − 5
.
x→2( x )
Resolução.

3 x 2 + 2 x − 5 (2) lim2 (3 x + 2 x − 5 ) (3)


2
3 x 2 + 2 x − 5 (1) lim
( + (2x −x )5)=(3)
x→
lim = x→2
2
3−xcos+ (2x −x )5 =(2)limlim 3−xcos2
x→2 4 x 3 −xcos
2
+ (2x −x )5 (1)limlim
 4 x  x
→42 x  =
lim =x → 2 x→ 2
= x→2
x → 2 4 x − cos ( x ) lim 
→ 2 5
4 x − cos (  x ) lim
 x→2   4 x − cos (  x )
3lim x 2 + 2 lim x −xlim 3⋅ 4 + 2 ⋅ 2 − 5 11
x→2 x→2 x→2
= 3lim x 2
+ 2 lim x − lim 5= = .
x → 2 x − cosx(lim
4 lim →2  x ) 2 4 ⋅ 32⋅−4cos
x→ + 2(⋅ 2 −)5 711
= x→2 x→2 = = .
4 lim x − cos (lim  x) 4 ⋅ 2 − cos (2  ) 7
x→2 x→2

A igualdade (1) segue do item (d), a igualdade (2) segue do item (e)
e a igualdade (3) segue dos itens (a), (b) e (f) do teorema 12.

et + 5sen (2t ) se t ≠ 0


4)
2

Seja f (t ) =  . Calcule lim f (t ).


 −3 se t = 0 t →0

Resolução.

Exercícios Propostos
Calcule os limites:

2) lim
x → −1
3
(x + 3)4 − 6 x + 5

3) lim
x 2 − 25
x →5 3 x 2 − x + 14

2 x3 − 4 x + ln (2 x 2 − 1)
4) lim
x →1 x 3 − sen ( x )

83
Teorema 13. Se lim f (x ) = 0 e se g é limitada num intervalo aberto
x→a
Teorema análogo ao
que contém o ponto a , então lim f (x ).g (x ) = 0 . teorema 6 estudado no
x→a
capítulo anterior.
Demonstração. Seja I um intervalo que contém o ponto a e tal
que g seja limitada em I .

Seja ( xn ) uma seqüência satisfazendo: xn ≠ a, ∀n e lim xn = a .


Existe n0 ∈  tal que xn ∈ I para todo n ≥ n0 .

Das hipóteses do teorema seguem os seguintes fatos: lim f ( xn ) = 0


e a seqüência ( g ( xn )) é limitada.

Pelo teorema 6 temos que lim f (xn ).g (xn ) = 0 . Da definição 11,
segue que lim f ( xn ). g ( xn ) = 0 .

Exercícios Resolvidos
5) Calcule o lim x sen  1x  .
x →0
2

Resolução. Note que não podemos usar o teorema 12 (c) (Por


1
que?). Mas lim x 2 = 0 e a função sen   é limitada, pois sua
x →0 x
imagem está contida no intervalo [− 1, 1]. Pelo teorema 13,
1
lim x 2 sen   = 0 .
x →0
x

Teorema 14: (Teorema do Confronto) Seja I um interva-


lo aberto que contém o ponto a e f , g , h funções satisfazendo: Teorema análogo ao
teorema 8 estudado no
f ( x) ≤ h ( x) ≤ g ( x) para todo x em I , exceto eventualmente para capítulo anterior.
x = a . Se lim f ( x) = lim g ( x) = L , então lim h ( x) = L .
x→a x →a x→a

Demonstração. Seja (xn ) uma seqüência satisfazendo:


lim xn = a e xn ≠ a, ∀n . Existe n0 ∈  tal que xn ∈ I para
todo n ≥ n0 . Por hipótese f (xn ) ≤ h (xn ) ≤ g (xn ), ∀n ≥ n0 e
lim f (xn ) = lim g (xn ) = L .

Do teorema 8, segue que lim h (xn ) = L e usando a definição 11


concluímos que lim h(x ) = L .
x→a

84
6) Calcule o lim x 4 1
sen   .
x →0
x
1
Resolução. Sabemos que 0 ≤ sen   ≤ 1, ∀x ≠ 0 .
x
1
Multiplicando a desigualdade por x 4, temos: 0 ≤ x 4 sen   ≤ x 4.
x
1
Agora, lim 0 = 0 e lim x 4 = 0. Pelo teorema 14, lim x 4 sen   = 0.
x →0 x →0 x →0
x

2.3 Definição do Limite de uma Função em


Termos de  (épsilon) e  (delta)
Já definimos o limite de uma função num ponto, usando seqüên-
cias. A definição que será apresentada a seguir é a que tradicio-
nalmente se encontra nos livros de cálculo. No próximo teorema
estabeleceremos que as duas definições são equivalentes.

Para compreender melhor esta outra definição, vamos explorar


um exemplo:

4 x + 3 se x ≠ 1
Seja f (x ) =  .
 0 se x = 1

Pelo teorema 11, lim f (x ) = 7 .


x →1

7 f (x)

1 x

Figura 2.2

85
Isto significa que é possível conseguir f (x ) tão próximo de 7 quanto
desejarmos, desde que tomemos x suficientemente próximo de 1 .

Em outras palavras, podemos tornar a distância entre f (x ) e 7 tão


pequena quanto desejarmos, desde que a distância entre x e 1
seja suficientemente pequena, mas não nula.

Lembrando que as distâncias entre f (x ) e 7 e entre x e 1 são da-


das respectivamente por f (x )− 7 e x − 1 , o que foi escrito acima
é equivalente a:

“Podemos tornar f (x )− 7 tão pequeno quanto desejarmos, desde


que tornemos x − 1 suficientemente pequeno, mas não nulo.” (1)

1
Por exemplo, se desejarmos que f (x )− 7 < , ou seja, que
100
f (x )∈ (6,99;7, 01) , quais os valores de x , em torno de 1 que de-
vemos tomar?

1 1 1 1 1
Ora, f (x ) − 7 < ⇔ 4x + 3 − 7 < ⇔ 4x − 4 < ⇔ 4 x −1 < ⇔ x −1 < .
100 100 100 100 400

1
Portanto, precisamos tomar x tal que x − 1 < e x ≠ 1 , ou seja,
400
1
0 < x −1 < .
400
1
O leitor pode verificar que caso desejássemos que f (x )− 7 < ,
−4 2500
teríamos que tomar x tal que 0 < x − 1 < 10 .

Vamos agora empregar as letras  e  para representarem núme-


ros positivos arbitrariamente pequenos.

Desta forma, o que foi dito em (1) se expressa assim:

Dado qualquer número positivo  , supostamente muito peque-


no, é possível tornar f (x ) − L <  , desde que se tome x − 1 <  e
x ≠ 1 , para algum número positivo  .

Isto, por sua vez, pode ser também expresso assim:

Para todo  > 0 , existe  > 0 tal que f (x ) − L <  sempre que
0 < x − 1 <  . O número  depende do valor de  .

86
Definição 12. Seja f uma função definida em todos os pontos de
um intervalo aberto que contém b , exceto eventualmente em b .
Dizemos que o limite de f , quando x tende a b , é L se para todo
 > 0 existe  > 0 tal que f (x ) − L <  sempre que 0 < x − b <  .

Observação: A desigualdade f (x ) − L <  é equivalente a


−  < f (x ) − L <  que é equivalente a L −  < f (x ) < L +  , ou
seja, f (x )∈ (L − , L +  ) . Também x − b <  é equivalente a
x ∈ (b − , b + ) .

P
pre que
ortanto,
existe tal que
quando para todo

e .
sem-

y
f(x)

L+ε
L
L-ε

b-δ b b+δ x
Figura 2.3

Note que para todo x ∈ (b − , b + ) e x ≠ b tem-se


f (x )∈ (L − , L +  ) . Quando para todo  > 0 for possível deter-
minar um tal  , então lim f (x ) = L .
x →b

Exercício Resolvido
7) Seja f (x )= 4 x − 5 .

a) Encontre  > 0 tal que f (x )− 3 < 0,1 sempre que


0 < x−2 < .

87
b) Encontre um intervalo I centrado em 2 , tal que
f (x ) − 3 < 0, 02 sempre que x ∈ I − {2}.

c) Prove, usando esta definição, que lim f (x ) = 3 .


x→2

Resolução.

a) Para x ≠ 2 , temos:

f ( x) − 3 < 0,1 ⇔ 4 x − 5 − 3 < 0,1 ⇔ 4 x − 8 < 0,1 ⇔


f ( x) − 3 < 0,1 ⇔ 4 x − 5 − 3 < 0,1 ⇔ 4 x − 8 < 0,1 ⇔
⇔ 4( x − 2) < 0,1 ⇔ 4 x − 2 < 0,1 ⇔ x − 2 < 0, 025.
⇔ 4( x − 2) < 0,1 ⇔ 4 x − 2 < 0,1 ⇔ x − 2 < 0, 025.

Portanto, quando 0 < x − 2 < 0,025 , então f (x )− 3 < 0,1 .

Logo,  = 0, 025 .

b) Para x ≠ 2 , temos:

f (x ) − 3 < 0, 02 ⇔ 4 x − 2 < 0, 02 ⇔ x − 2 < 0, 005 ⇔


f (x ) − 3 < 0, 02 ⇔ 4 x − 2 < 0, 02 ⇔ x − 2 < 0, 005 ⇔
⇔ −0, 005 < x − 2 < 0, 005 ⇔ 1,995 < x < 2, 005.
⇔ −0, 005 < x − 2 < 0, 005 ⇔ 1,995 < x < 2, 005.

Portanto, I = (1,995 , 2,005 ).

c) Dado  > 0 , devemos encontrar  > 0 tal que f (x ) − 3 < 


sempre que 0 < x − 2 <  .

Tomando x ≠ 2 , temos:

f (x ) − 3 <  ⇔ 4 x − 2 <  ⇔ x − 2 < .
4

Portanto, quando 0 < x − 2 < , então f (x ) − 3 <  . Basta pois
4

tomar  = , qualquer que seja  > 0 . Logo, lim f (x ) = 3 .
4 x→2

Exercício Proposto
5) Prove, usando esta última definição, que lim (3 x − 5)= −8 .
x → −1

88
Teorema 15. Seja f uma função definida num intervalo aberto que
Este teorema estabelece contém o ponto a , exceto talvez em a . As afirmações seguintes são
a equivalência das duas
definições (11 e 12) de equivalentes:
limite aqui apresentadas.
a) Para todo  > 0 existe  > 0 tal que se 0 < x − a <  , então
f (x ) − L <  .

b) Para toda seqüência (xn ) tal que lim xn = a e xn ≠ a para todo n ,


tem-se lim f (xn ) = L .

Demonstração 1. vamos provar que (a) ⇒ (b), isto é, nossa hipó-


tese é a afirmação (a) e nossa tese é a afirmação (b).

Seja (xn ) uma seqüência tal que lim xn = a e xn ≠ a para todo n .


Seja  > 0 . Por hipótese, existe  > 0 tal que para todo x satisfa-
zendo 0 < x − a <  , tem-se f (x ) − L <  .

Como lim xn = a e xn ≠ a para  > 0 , existe n0 ∈  tal que


0 < xn − a <  para todo n ≥ n0 . Logo, f (xn ) − L <  para todo
n ≥ n0 , o que prova que lim f (xn ) = L .

Demonstração 2. provaremos que (b) ⇒ (a), isto é, nossa hipóte-


se é a afirmação (b) e nossa tese é a afirmação (a).

Suponhamos, por contraposição, que (a) é falso. Quer dizer, existe


 > 0 tal que para todo  > 0 existe x satisfazendo 0 < x − a < 
e f (x ) − L ≥  . (Veja a observação após a demonstração).

1
Em particular, para  = , sendo n qualquer natural, existe xn tal
n
1
que 0 < xn − a < e f (xn ) − L ≥  . Desta forma obtivemos uma
n
seqüência (xn ) tal que lim xn = a e xn ≠ a , mas lim f (xn ) não é
L . Isto contradiz a hipótese.

Portanto nossa suposição é falsa, o que prova a veracidade da afir-


mação (a).

Observação. A afirmação (a) do teorema é do tipo: Para todo


 > 0 existe  > 0 que satisfaz P(x ), sendo P(x ): se x satisfaz
0 < x − a <  então f (x ) − L <  .

89
A negação desta afirmação é: Existe  > 0 tal que para todo  > 0 ,
não é verdade que P(x ) vale.

E negar P(x ) é dizer: Existe x tal que 0 < x − a <  e f (x ) − L ≥ .

Portanto a negação da afirmação (a) é: Existe  > 0 tal que para


todo  > 0 , existe x satisfazendo 0 < x − a <  e f (xn ) − L ≥  .

2.4 Indeterminação
Já tratamos ligeiramente deste assunto no último item do capí-
tulo anterior. Lá apresentamos quatro símbolos que representam
0 ∞
indeterminações: , , 0 ⋅ ∞ e ∞ − ∞ . No presente contexto
0 ∞
será necessário um estudo mais aprofundado.

O item (d) do teorema 12 estabelece que se lim f ( x) = L1 e


x→a
lim g ( x) = L2 , e se L2 ≠ 0 então
x→a

f ( x) L1
lim = .
x→a g ( x) L2

Comecemos com o seguinte exemplo:

x2 − 4
Como calcular o lim ?
x→2 x−2

Não é possível aplicar o teorema, pois lim ( x − 2) = 0 . Note que


x→2
lim ( x 2 − 4) também é zero.
x→2

Caso não percebêssemos a priori que o denominador tende a zero

e aplicássemos o teorema 12 (d), encontraríamos a expressão 0 .


0
Esta não possui um valor determinado e não nos fornece qualquer
pista sobre a existência e o valor do limite.

Por isso diz-se que 0 é indeterminado ou, uma indeterminação.


0

x2 − 4
Para calcular lim é preciso fatorar e simplificar a expres-
x→2 x − 2
são:

90
x 2 − 4 (x − 2 )(x + 2 )
Para x ≠ 2 , = = x+2.
x−2 x−2

x2 − 4
Logo, lim = lim (x + 2 ) = 4 .
x→2 x − 2 x→2

Ao nos defrontarmos
Observação (1): Se lim f ( x) = 0 e lim g ( x) = 0 , então nada se pode
x→a x→a
com qualquer uma destas
indeterminações, devemos f (x )
afirmar, a priori, sobre o lim .
tentar usar outra estratégia x→ a g (x )
para calcular o limite.
Normalmente procura-
se escrever a expressão
Observação (2): Além de 0 existem outras seis expressões que
da função cujo limite se 0
deseja calcular de outra ∞
são indeterminações: , ∞ − ∞ , 0 ⋅ ∞ , 0 0 , 1∞ e ∞ 0 .
forma equivalente. ∞
g ( x)
Por exemplo, se lim f ( x) = 0 e lim g ( x) = 0 , então o lim  f (x )
x→a x→a x→a

conduz à indeterminação 0 0 .

Acompanhe os exercícios:

Exercícios Resolvidos
8) lim 3xx −−1612
4

x→2 2

Resolução. Como lim (x 4 − 16 )= 0 e lim (3 x − 12 )= 0 , temos


2
x→2 x→2

0
uma indeterminação .
0
Vamos fatorar os polinômios do numerador e denominador respec-
tivamente e simplificar a expressão:

x 4 − 16 (x − 4 )(x + 4 ) x 2 − 4
2 2

= = para x ≠ ±2 .
3 x 2 − 12 3 (x 2 − 4 ) 3

x 4 − 16 x2 + 4
Logo, lim 2 = lim .
x → 2 3 x − 12 x→2 3
8
Agora podemos aplicar o teorema 12 (d), obtendo .
3
x 4 − 16 8
Resposta. lim = .
x → 2 3 x 2 − 12 3
91
9) lim
x → −1
x3 + 4 x2 − x − 4
x2 − 4x − 5

Resolução. Sendo lim ( x3 + 4 x 2 − x − 4) = 0 e lim ( x 2 − 4 x − 5) = 0,


x →−1 x →−1

temos outro caso de indeterminação do tipo 0 .


0

Como podemos fatorar os dois polinômios? Repare que − 1 é raiz de


ambos. Fazendo a divisão de x 3 + 4 x 2 − x − 4 e x 2 − 4 x − 5 por Um teorema de álgebra diz
que “O número a é a raiz
x + 1 , obtem-se os quocientes x 2 + 3 x − 4 e x − 5 respectivamente.
de um polinômio p(x) se e
somente se p(x) é divisível
x3 + 4 x 2 − x − 4 (x + 3 x − 4 )(x + 1) x 2 + 3 x − 4
2
por (x - a)”.
Assim, = = para
x2 − 4x − 5 (x − 5)(x + 1) x−5
x ≠ −1 e x ≠ 5 .

x3 + 4 x2 − x − 4 x2 + 3x − 4 − 6
Logo, lim = lim = = 1.
x →−1 x2 − 4x − 5 x →−1 x−5 −6

10) lim
y →0
5+ y − 5
y

Resolução. Novamente chega-se na indeterminação. Desta vez


não se trata de quociente de polinômios. Para conseguir simplifi- Não adote este procedimento
para raízes de índice maior
car a expressão e aplicar o teorema 12 (d), devemos multiplicar o do que dois.
numerador e o denominador por 5 + y + 5 :

5+ y − 5 5+ y − 5 5+ y + 5 5+ y −5 y 1
= × = = =
y y 5+ y + 5 y 5+ y + 5 y ( ) ( 5+ y + 5) 5+ y + 5
para y ≠ 0 .

5+ y − 5 1 1 1
Logo, lim = lim = = .
y →0 y y →0 5+ y + 5 5+ 5 2 5

x −1
11) lim 3
x →1 9−x −2
A expressão obtida após
Resolução. Outro caso de indeterminação do tipo 0 . Aqui fare- fazer a mudança de
0 variável é um quociente de
mos uma mudança de variável: polinômios.

92
Seja u = 3 9 − x .

Devemos agora escrever o limite proposto usando apenas a variável u.

De u = 3 9 − x segue que x = 9 − u 3 .

Se x tende a 1 , então u tende a 3


9 −1 = 2.

Logo,

x −1 9 − u3 −1 8 − u3 u3 − 8
lim 3 = lim 3 = lim 3 = − lim 3 =
x −1 u →2 9 − u − 1 u →2 8 − u u →2 u − 8
lim 3 9 − x − 2 = lim u − 2 = lim u − 2 = − lim u − 2 =
x →1

9 − x − 2 u →2 (uu−−22 ) u 2u → + 2uu +
− 24 u →2 u − 2
( )
x →1 2

= − lim (u − 2 )(u 2 + 2u + 4 ) = − lim (u 2 + 2u + 4 )= −12.


u−2 = − lim (u 2 + 2u + 4 )= −12.
u →2 u →2
= − lim
u →2 u−2 u →2

12) t −1
3
lim 4
t →1 t −1

Resolução. Mais uma indeterminação do tipo 0 . Faremos também


0
uma mudança de variável. Para transformar a expressão num quo-
ciente de polinômios, devemos igualar t a uma potência de u , cujo
expoente seja múltiplo de 3 e de 4 .

Façamos t = u12 .

Se t → 1 , então u → 1 .

Logo,

t
lim t
3
−1 3
u12 −1 u 44 − 1 (u 22 − 1)(u 22 + 1)
(u − 1)(u + 1) =
3
− 1 = lim u12 − 1 = lim
3
12
u − 1 = lim
lim t
t →1 4 − 1 = lim
u →1 u →1 u 3 − 1 = lim
u12 − 1 = lim
4
( )( 2
u →1 u − 1 u 2 + u + 1 =
)
u − 1 u →1 u − 1 u →1 (u − 1)(u + u + 1)
3
t
t →1 4 − 1 u →1 4

(u − 1)(u + 1)(u 22 + 1) (u + 1)(u 22 + 1) 4


= lim (u − 1)(u +21)(u + 1) = lim (u +21)(u + 1) = 4 .
= lim
u →1
(u − 1)(u 2 + u + 1) = lim u →1 u + u +1 = 3 .
u →1
(u − 1)(u + u + 1) u →1 u 2 + u + 1 3

Exercícios Propostos
Calcule o valor de cada um dos limites:

6) lim
3 x3 + 10 x 2 + 7 x − 2
x →−2 x 5 + 2 x 4 + x 2 − 5 x − 14

93
7) lim 8+h −2
3

h →0 h

8) lim 3t t −−t 1− 2
3

t →1 4

9) lim x →0
16 − x − 4
x

10) lim 4 x + 12 − 2
4

x →1 x −1

q −1
11) lim q →1 3 q −1

12) lim t →−2


3t 2 − 8 + t
2t + 4

2.5 Limites Laterais


Para avaliar o lim f (x ), vimos que é necessário examinar o com-
x→b

portamento de f (x ) quando x tende a b por valores menores bem


como por valores maiores do que b. Existem situações em que é
preciso analisar separadamente os casos em que x se aproxima de
b por valores menores do que b (pela esquerda) e por valores maio-
res do que b (pela direita), ou analisar apenas um destes casos.

Definição 13. Seja f uma função definida num intervalo (b, c ).


Dizemos que o limite de f quando x tende a b pela direita é L quando
para toda seqüência (xn ) contida em (b, c ) e que converge para b ,
tem-se que ( f (xn )) converge para L .

Notação: lim f (x ) = L .
x →b +

Em termos de  e  temos a seguinte definição equivalente:

lim f (x ) = L se para todo  > 0 existe  > 0 tal que f (x ) − L < 


x →b +

sempre que b < x < b +  .

94
y
f (x)

L+ε
L
L−ε

x
b b+δ

Figura 2.4

A partir do intervalo (L − , L + ) obtivemos um intervalo (b, b + )


cuja imagem está contida no intervalo (L − , L + ).

Definição 14. Seja f uma função definida num intervalo (a, b ).


Dizemos que o limite de f quando x tende a b pela esquerda é
L quando para toda seqüência (xn ) contida em (a, b ), tal que
lim xn = b , tem-se lim f (xn ) = L .

Notação. lim f (x ) = L .
x →b −

Em termos de  e  : lim f (x ) = L quando para todo  > 0 existe


x →b −

 > 0 tal que f (x ) − L <  sempre que b −  < x < b .

L+ε
L
L−ε
f (x)

b−δ b x

Figura 2.5

A partir do intervalo (L − , L + ) obtivemos um intervalo (b − , b)


cuja imagem está contida no intervalo (L − , L + ).

95
Exercícios Resolvidos
13) Seja f (x ) = 3x− −21x
2
se x < 2
. Sugerimos ao leitor fazer
 se x ≥ 2
um gráfico de f e, através deste, determinar o valor de lim f (x )
x →2 −
e de lim f (x ).
x→2 +

Resolução. Vamos calcular estes limites laterais usando a definição:

a) Seja ( xn ) uma seqüência tal que xn < 2 e lim xn = 2 .

Então, lim f ( xn ) = lim ( xn 2 − 1) = (lim xn ) 2 − lim1 = 4 − 1 = 3 .

Logo, lim f ( x) = 3 .
x→2−

b) Seja ( xn ) uma seqüência tal que xn > 2 e lim xn = 2 .

Então, lim f ( xn ) = lim (3 − 2 xn ) = lim 3 − 2 lim xn = 3 − 4 = −1 .

Logo, lim f ( x) = −1 .
x→2+

Observação: Todas as propriedades vistas, referentes a limites,


valem também para limites laterais e suas demonstrações são
análogas.

Podemos então calcular os limites laterais da função acima fazendo:

lim f ( x) = lim ( x 2 − 1) = 22 − 1 = 3 .
x→2− x →2−

lim f ( x) = lim (3 − 2 x) = 3 − 4 = −1 .
x→2+ x→2−

14) Seja g (x ) = 2 x − x − 4 . Faz sentido falar em lim g (x ) e


x →4 −

em lim g (x )?
x →4 +

Resolução. Como g está definida para x ≥ 4 , só faz sentido o


lim g (x ), que vale 8 .
x →4 +

96
15) Seja h(x )= xx −−24 . Determine lim h(x ) e lim h(x ).
2

x →2 − x →2 +

Resolução. Em primeiro lugar devemos escrever h(x ) sem usar va-

− (x − 2 ) se x < 2
lor absoluto. Lembremos que x − 2 =  .
 x−2 se x ≥ 2
 x2 − 4
− − se x < 2
 (x 2 )
Logo, h (x ) =  .
2
 x −4
 x − 2 se x > 2

E como x 2 − 4 = (x − 2 )(x + 2 ), temos enfim:

− x − 2 se x < 2
h (x ) = 
 x + 2 se x > 2

Agora é fácil: lim h(x ) = lim (− x − 2 ) = −4


x→2 − x→2 −

e lim h (x ) = lim (x + 2 ) = 4 .
x→2+ x→2+

Resposta. lim h(x ) = −4 ; lim h(x ) = 4 .


x →2 − x →2 +

3 x 2 − 5 se x < 1
16) 
Seja F (x ) =  4 se x = 1 . Determine lim F (x ) e
x →1−
 x3 − 3 se x > 1

lim F (x ).
x →1+

(
Resolução. lim F (x ) = lim 3 x 2 − 5 = −2 ;
x →1− x →1−
)
( )
lim F (x ) = lim x 3 − 3 = −2 .
x →1+ x →1+

Resposta. lim F (x ) = −2 ; lim F (x ) = −2 .


x →1− x →1+

O próximo teorema estabelecerá a relação entre os limites laterais


de uma função num ponto e o limite da função neste ponto.

97
Teorema 16. Seja f uma função definida num intervalo (a, b )
e também num intervalo (b, c ). Então lim f (x ) = L se e somente se
x →b
lim f (x ) = L e lim f (x ) = L .
x →b − x →b +

Demonstração. Devemos demonstrar duas afirmações:

1) Se lim f (x ) = L então lim f (x ) = L e lim f (x ) = L .


x →b x →b − x →b +

Seja  > 0 . Existe, por hipótese, >0 tal que


f (x ) − L <  sempre que x ∈ (a, c ) e 0 < x − b <  . Mas
0 < x − b <  ⇔ x ∈ (b − , b + ) e x ≠ b .

Portanto, para todo  > 0 , existe  > 0 tal que f (x ) − L < 


sempre que x ∈ (a, b ) e b −  < x < b e f (x ) − L <  sempre que

x ∈ (b, c ) e b < x < b +  , ou seja, lim f (x ) = L e lim f (x ) = L .


x →b − x →b +

2) Se lim f (x ) = L e lim f (x ) = L então lim f (x ) = L .


x →b − x →b + x →b

Seja  > 0 . Por hipótese, existem 1 > 0 e 2 > 0 tais que:

f (x ) − L <  sempre que x ∈ (a, b ) e b − 1 < x < b e

f (x ) − L <  sempre que x ∈ (b, c ) e b < x < b + 2 .

Seja  o mínimo entre 1 e 2 . Então, f (x ) − L <  sempre que


x ∈ (a, b ) e b −  < x < b e f (x ) − L <  sempre que x ∈ (b, c )
e b < x < b +  , ou seja, f (x ) − L <  sempre que x ∈ (a, c ) e
0 < x −b < .

Logo, lim f (x ) = L .
x →b

Retomando as funções h e F dos exercícios resolvidos 15 e 16,


concluímos que:

• O lim h(x ) não existe, pois os limites laterais de h no ponto


x→2

2 são diferentes.

• Já o lim F (x ) existe e é igual a − 2 .


x→1

Observação. Os limites laterais de uma função num ponto po-


dem não existir.

98
Exemplo. Considere a função: f :  → 

 1
sen se x ≠ 0
f (x ) =   x 
 0 se x = 0

Vamos mostrar que lim f (x ) não existe. De maneira análoga se


x →0 +

mostra que lim f (x ) também não existe.


x →0 −

Basta exibirmos duas seqüências (xn ) e (z n ), ambas com termos po-


sitivos e convergindo para zero, porém com lim f (xn ) ≠ lim f (z n ).

1 1
Seja xn = e zn = .
n 2n  + 2

Temos: xn > 0 e z n > 0 para todo n , lim xn = 0 e lim z n = 0 .

1
Mas, lim f (xn ) = lim sen   = lim sen (n  ) = lim 0 = 0 .
 xn 
1   
E lim f (zn ) = lim sen   = lim sen  2n  +  = lim1 = 1 .
 zn   2

Concluímos que lim f (x ) não existe.


x →0 +

Exercícios Propostos
Para cada uma das funções seguintes, calcule: lim f (x ), lim f (x )
x →a − x →a +
e lim f (x ).
x→ a

13) 5 − x 2 se x < 1
f (x ) = 
2 x + 1 se x ≥ 1; a = 1.

14) f (x ) =
3x
2x − x
; a = 0.

sen x − 2 se x< 
 2
15) 
f (x ) =  0 se x= 
2

 cos 2 x se x > ; a = .
 2 2
99
2.6 Limites no Infinito
No presente capítulo, analisamos o comportamento de uma fun-
ção f (x ) quando x se aproxima de algum ponto.

Analisaremos agora o comportamento de f (x ) quando x assu-


me valores positivos arbitrariamente grandes ou negativos arbi-
trariamente grandes em módulo.

Considere por exemplo:

f : [1, ∞ ) → 
f : [1, ∞ ) → 
1
f (x ) = 2 + 1
f (x ) = 2 + x
x

x 1 10 100 1000 50.000

f (x ) 3 2,1 2,01 2,001 2,00002

Observando a tabela percebe-se que à medida que x assume valores


arbitrariamente grandes, f (x) se aproxima arbitrariamente de 2.

Se desejarmos que f (x ) − 2 < 0, 05 , basta tomar x > 20 , pois

1 1 1
f (x ) − 2 < 0, 05 ⇔ 2 + − 2 < 0, 05 ⇔ < 0, 05 ⇔ < 0, 05 (pois x > 0 ) ⇔ x > 20
x x x

Se quiséssemos f (x )− 2 < 0,0004 , bastaria tomar x > 2500 , pois

1 4
f (x ) − 2 < 0, 0004 ⇔ < ⇔ x > 2500
x 10.000

Se  representa um número positivo arbitrariamente pequeno, é


possível obter-se f (x ) − 2 <  ?

1 1
Ora, f (x ) − 2 <  ⇔ <⇔ x> .
x 
1
Portanto, basta tomar x > para que seja f (x ) − 2 <  .

100
Definição 15. Seja X um conjunto não limitado superiormente e
f : X →  . Dizemos que o limite de f (x ) quando x cresce ilimi-
tadamente é L se para todo  > 0 existe M > 0 tal que se x ∈ X e
x > M , então f (x ) − L <  .

Escrevemos: .
Ao escrever
a variável não se Observação (1). A definição 15 diz que: lim f (x ) = L se para todo
aproxima de valor algum, x →+∞

pelo contrário, aumenta  > 0 existe M > 0 tal que se x > M então, f (x )∈ (L − , L +  ) .
ilimitadamente.
Veja a figura.

L+ε
L
L-ε

M x

Figura 2.6

1
Em nosso exemplo anterior f : [1, ∞ ) → , f (x ) = 2 + já ficou
x
 1
provado que lim  2 +  = 2 . Desenhe o gráfico da função e de-
x →+∞
 x
termine M em função de  .

Consideremos agora a função:

f : (−∞, −1] → 
1
f (x ) = 2 +
x

x -1 -10 -100 -1000 -50.000

f (x ) 1 1,9 1,99 1,999 1,99998

101
Observando a tabela percebe-se que à medida que x assume
valores negativos arbitrariamente grandes em módulo, f (x ) se
aproxima arbitrariamente de 2 .

Por exemplo, se precisarmos que a diferença entre f (x ) e 2 seja


menor do que 0, 05 , basta tomar x < −20 .

Com efeito,

1 1 1 1
f (x ) − 2 < 0, 05 ⇔ 2 + −2 < ⇔ < ⇔
x 20 x 20
1 1
⇔− < (pois x < 0) ⇔ − x > 20 ⇔ x < −20
x 20

E se  representa um número positivo muito pequeno, quando é


que teremos f (x ) − 2 <  , para x < 0 ?

Vejamos:

1 1 1 1
f (x ) − 2 <  ⇔ <  ⇔ − <  ⇔ −x > ⇔ x < −
x x  
1
Portanto, para todo x menor do que − teremos f (x ) − 2 <  .

Definição 16. Seja X um conjunto não limitado inferiormente e


f : X →  . Dizemos que o limite de f (x ) quando x cresce ilimi-
tadamente é L se para todo  > 0 existe N < 0 tal que se x ∈ X e
x < N , então f (x ) − L <  .

Escrevemos: lim f (x ) = L .
x →−∞

L+ε
L
f (x) L-ε

N x

Figura 2.7

102
A figura mostra o gráfico de uma função f para a qual lim f (x ) = L .
x →−∞
Note que se x < N , então f (x )∈ (L − , L +  ) .

1
Em nosso exemplo f : (−∞, −1] → , f (x ) = 2 + já ficou pro-
x
 1
vado que lim  2 +  = 2 , (pois dado  > 0 , basta tomar N = − 1 ).
x →−∞
 x 

Desenhe o gráfico desta função.

Observação. Das definições anteriores segue que não existe o


lim sen x nem o lim sen x , pois y = sen x é uma função periódica
x →+∞ x →−∞
cujos valores variam entre − 1 e 1 em qualquer intervalo de com-
primento 2 .

2.7 Cálculo de Limites no Infinito


As propriedades para calcular limites permanecem inalteradas
quando substituímos “ x → a ” por “ x → −∞ ” ou “ x → +∞ ”. Mas
precisamos de um teorema adicional:

Teorema 17. Para todo número natural positivo K , tem-se:

1
a) lim =0.
x →+∞ x k

1
b) lim =0.
x →−∞ xk

Demonstração. A demonstração do item (a) é análoga e fica como


exercício.

b) Seja  > 0 . Devemos encontrar N < 0 tal que se x < N então


1
− 0 <  . Ora,
xk
1 1 k 1 1
k
−0 <  ⇔ k <  ⇔ x > ⇔ x > k .
x x  

Naturalmente vamos supor x < 0 e assim, a última desigualdade


1 1
é equivalente a − x > k , que equivale a x < − k . Portanto, se
 

103
1 1 −1
x < − k , então k − 0 <  . Basta, pois, tomar N = .
 x k

1
Fica provado que lim =0.
x →−∞ x k

Exercícios Resolvidos
17) Calcule lim
x →+∞
3x 2 + 8 x − 5
4 − x3

Resolução. Aqui surge uma indeterminação do tipo ∞ . A fim de



usar o teorema 17 vamos dividir o numerador e o denominador da
fração por x 3 . Isto é possível pois x ≠ 0 . Então,

3 8 5 3 8 5
2 + 2 − 3 (1) lim + lim 2 − lim 3 (2)
3x + 8 x − 5 x = x →+∞ x x →+∞ x x →+∞ x = 0 + 0 − 0 = 0
lim = lim x x
x →+∞ 4− x 3 x →+∞ 4 4 0 −1
3
−1 lim 3 − lim 1
x x →+∞ x x →+∞

Nas etapas (1) e (2) utilizamos os teoremas 12 e 17, respectivamente.

4 x 2 + 11
Resposta. lim = 0.
x →−∞ 3 x 2 + x − 7

18) Calcule lim 2


4 x 2 + 11
x →−∞ 3 x + x − 7

Resolução. Dividindo o numerador e o denominador por x 2 e apli-


4
cando os teoremas 12 e 17 chega-se ao resultado .
3

19) Calcule lim x →+∞


4 x2 − 3 + 5x
1− 2x

Resolução. Para que possamos usar o teorema 17, dividimos os


dois termos da fração por x . Lembremos que se a e b são positi-
a a
vos então = e que x 2 = x .
b b
Como x é positivo, x = x 2 .

104
Logo,

4x2 − 3 5x 4x2 − 3 4x2


+ +5 −
2
4 x − 3 + 5x x2 x x2 x2
lim = lim = lim = lim
x →+∞ 1− 2x x →+∞ 1 2x x →+∞ 1 x →+∞ 1
− −2 −
x x x x

4x2 − 3 5x 4x2 − 3 4x2 3 3


+ +5 − 2 +5 4− 2 +5
2
x − 3 + 5x x2 x x2 x 2
x x 2+5 7
= lim = lim = lim = lim = =− .
1− 2x x →+∞ 1 2x x →+∞ 1 x →+∞ 1 x →+∞ 1 −2 2
− −2 −2 −2
x x x x x

4 x2 − 3 + 5x
20) Calcule lim x →−∞ 1− 2x

Resolução. Mesmo procedimento que no exemplo anterior, só


que desta vez x é negativo e assim, x = − x 2 . (Por exemplo, se
x = −2 , então −2 = − (−2) 2 = − 4 , pois 4 = +2 ).

Logo,

4x2 − 3 5x 4x2 3
+ − − +5 − 4−
4 x2 − 3 + 5x 2 x x2 x2
lim = lim − x = lim = lim
x →−∞ 1− 2x x →−∞ 1 2x x →−∞ 1 x →−∞ 1
− −2 −
x x x x

4x2 − 3 5x 4x2 3 3
+ − − 2 +5 − 4− 2 +5
2
4 x − 3 + 5x 2 x 2 −2 + 5 3
m = lim − x = lim x x = lim x = =− .
→−∞ 1− 2x x →−∞ 1 2x x →−∞ 1 x →−∞ 1 −2 2
− −2 −2
x x x x

21) Calcule lim ( x + 2 x + x 2 )


x →−∞

Resolução. Neste exemplo surge uma indeterminação do tipo ∞ − ∞.

Vamos multiplicar e dividir a expressão x + 2 x + x 2 por


x − 2x + x2 .

Então, para x ≠ 0 temos:

( x + 2x + x2 ) ( x − 2x + x2 ) x 2 − (2 x + x 2 ) −2 x
x + 2x + x2 = = = .
x − 2x + x2 x − 2x + x2 x − 2x + x2

105
−2 x
Portanto, lim ( x + 2 x + x 2 ) = lim .
x →−∞ x →−∞
x − 2x + x2
Dividindo os termos da fração por x e lembrando que, por ser
x < 0 , x = − x 2 , chega-se a:

−2 −2
lim = = −1 .
x →−∞ 2 1+1
1+ +1
x

Exercícios Propostos
Calcule os limites:

16) lim
2 − x − 5 x3
x →−∞ x 3 − 12 x 2 + 27

17) lim
x →+∞
2 x − 1 + x2
x +1

18) lim
x →−∞
2 x − 1 + x2
x +1

19) lim
4 x3 + 3x − 1
x →−∞
5 x3 − 3 x3 + 1

2.8 Limites Infinitos


1
Consideremos a função f ( x) = .
(x − 2 )
2

Tomemos valores para x que se aproximam cada vez mais de 2


pela direita e observemos as suas imagens:

x 3 2,5 2,1 2,01 2,001

f (x) 1 4 100 10.000 1.000.000

Note que, quanto mais próximo de 2 for o valor de x , maior é


f ( x) , aumentando ilimitadamente.

106
Tomemos agora valores para x que se aproximam de 2 pela es-
querda:

x 1 1,5 1,9 1,99 1,999

f (x) 1 4 100 10.000 1.000.000

Observando a tabela, chega-se à mesma conclusão.

Podemos então dizer que, à medida que x se aproxima de 2, quer


pela esquerda ou pela direita, f ( x) assume valores positivos cada
vez maiores, ultrapassando qualquer valor pré-fixado.

Por exemplo, se desejarmos que f ( x) seja maior do que 1010 , bas-

 1 1 
ta tomar x no intervalo  2 − 5 , 2 + 5  mas x ≠ 2 .
 10 10 

Com efeito,

1 1
> 1010 e x ≠ 2 ⇔ (x − 2 ) <
2
f ( x) > 1010 ⇔ ex≠2⇔
(x − 2 )
2
1010

1 1 1
⇔| x − 2 |< 5
e x ≠ 2 ⇔ 2− 5 < x < 2+ 5 e x ≠ 2.
10 10 10

Se M representa qualquer número arbitrariamente grande, pode-


mos ter f ( x) > M , tomando x suficientemente próximo de 2?

Vejamos:

1 1 1
> M e x ≠ 2 ⇔ (x − 2 ) <
2
f ( x) > M ⇔ e x ≠ 2 ⇔| x − 2 |< ex≠2
(x − 2 )
2
M M

1 1 1
> M e x ≠ 2 ⇔ (x − 2 ) <
2
e x ≠ 2 ⇔| x − 2 |< ex≠2
2)
2
M M
1
Portanto, f ( x) > M desde que 0 <| x − 2 |< , ou seja, desde que
M
 1 1 
x ∈ 2 − ,2+  − {2}.
 M M 

107
Definição 17. Seja f uma função definida num intervalo aberto
I que contém o ponto b , exceto eventualmente em b . Dizemos
que “o limite de f quando x tende a b é +∞ ” se para todo M > 0
existe d > 0 tal que f ( x) > M sempre que x ∈ I e 0 < | x − b |< d
.

Escreve-se: lim f ( x) = +∞ .
x →b
Atenção: Reforçamos que
não é número, mas um
símbolo que nesta defini-
y ção significa que dado
qualquer número positivo,
por maior que seja,
existem valores
M maiores do que este
número, para suficiente-
y = 1
mente próximo de .
(x - 2)²

2 x
2-δ 2+δ
Figura 2.8

1
Ficou provado que lim = +∞ .
(x − 2 )
x→2 2

1
Pois – conforme a definição – dado M , basta tomar  = e tere-
M
mos f ( x) > M sempre que x ∈ (2 − , 2 + ) e x ≠ 2 (Veja figura).

−1
Considerando a função g ( x) = , esta tem comportamento
(x − 2 )
2

1
semelhante ao da função f ( x) = . A diferença é que para
(x − 2 )
2

x arbitrariamente próximo de 2, g ( x) é arbitrariamente grande

em módulo, porém negativo.

Definição 18. Seja f uma função definida num intervalo aberto


I que contém o ponto b , exceto eventualmente em b . Dizemos

108
que “o limite de f quando x tende a b é −∞ ” se para todo B < 0
existe  > 0 tal que f ( x) < B sempre que x ∈ I e 0 <| x − b |<  .

Escreve-se: lim f ( x) = −∞ .
x →b

−1
Vamos provar que lim = −∞ .
(x − 2 )
x→2 2

−1
Seja B < 0 . Devemos encontrar  > 0 tal que < B sempre
( )
2
que 0 <| x − 2 |<  . x − 2

Ora,

(x − 2 )
2
−1 1 −1
e x ≠ 2 ⇔ (x − 2 ) <
2
<B ex≠2⇔ > ex≠2⇔
(x − 2 )
2
−1 B B

−1 −1
⇔| x − 2 |< e x ≠ 2 ⇔ 0 <| x − 2 |< .
B B

−1 −1
Basta tomar  = . Note que > 0 , pois B < 0 . Assim,
B B
−1
lim = −∞ .
(x − 2 )
x→2 2

y 2-δ 2+δ
2 x

f (x) = −1
(x − 2)²
B

Figura 2.9

109
A figura exibe um valor de B e o correspondente valor de  que
satisfaz: 0 <| x − 2 |<  ⇒ f ( x) < B .

Também podemos definir limites laterais infinitos:

Definição 19. Seja f uma função definida no intervalo (b, c ).


Dizemos que “o limite de f quando x tende a b pela direita é
−∞ ” se para todo B < 0 existe  > 0 tal que f ( x) < B sempre que
b < x < b + .

Notação. lim+ f ( x) = −∞ .
x →b

Como exercício, defina lim f ( x) = +∞ , lim f ( x) = +∞ e


x →b + x →b −
lim− f ( x) = −∞ .
x →b

Finalmente, devemos considerar os limites no infinito que são in-


finitos.

Definição 20. Seja X um conjunto não limitado superiormente.


Então lim f ( x) = +∞ quando para todo M > 0 existe A > 0 tal
x →+∞

que f ( x) > M sempre que x ∈ X e x > A . E lim f ( x) = −∞ quan-


x →+∞

do para todo B < 0 existe A > 0 tal que f ( x) < B sempre que
x∈ X e x > A.

y f (x)

A x

Figura 2.10 - lim f ( x) = +∞


x →+∞

110
y f (x)

A x

Figura 2.11 - lim f ( x) = −∞


x →+∞

Como exercício, defina lim f ( x) = +∞ e lim f ( x) = −∞ .


x →−∞ x →−∞

Exemplos. Observando os gráficos das funções tangente, logarít-


mica e exponencial, podemos constatar intuitivamente que:

a) lim− tg x = +∞ e lim+ tg x = −∞
 
x→ x→
2 2

b) lim+ ln x = −∞ e lim ln x = +∞
x →0 x →+∞

c) lim e x = 0 e lim e x = +∞
x →−∞ x →+∞

Observação. Se P ( x) é um polinômio, então lim P( x) de-


x →+∞

pende apenas do monômio de maior grau de P ( x) , ou seja, se

P( x) = an x n + an −1 x n −1 +  + a1 x + a0 , então lim P( x) = lim an x n . Va-


x →+∞ x →+∞

mos provar esta afirmação:

 a 1 a 1 a 1 a 1 
x →+∞
( )
lim an x n + an −1 x n −1 + an − 2 x n − 2 +  + a1 x + a0 = lim an x n 1 + n −1 ⋅ + n − 2 ⋅ 2 +  + 1 ⋅ n −1 + 0 ⋅ n  =
x →+∞ an x an x an x an x 

 a 1 a 1 a 1 a 1  Teorema 17
= lim an x n 1 + n −1 lim + n − 2 lim 2 +  + 1 lim n −1 + 0 lim n  =
x →+∞
 an x →+∞ x an x →+∞ x an x →+∞ x an x →+∞ x 

= lim an x n (1 + 0 + 0 +  + 0 + 0 ) = lim an x n .
x →+∞ x →+∞

111
Observação análoga vale para lim P( x) .
x →−∞

( )
Exemplo. lim 4 x5 − 10 x 4 − 8 x3 − 35 x 2 + 5 = lim 4 x5 = +∞ .
x →+∞ x →+∞

Teorema 18. Se n é um número natural, então:

1
a) lim+ = +∞ ;
x →0 xn
1 +∞ se n é par
b) lim− = .
x →0 x n −∞ se n é ímpar

Demonstração.

1
a) Seja M > 0 . Devemos obter  > 0 tal que n > M sempre que
x
0 < x <  . Mas
1 1 1
n
> M e x > 0 ⇔ xn < ex>0⇔0< x< n .
x M M
1 1
Portanto, tomando  = tem-se >M sempre que
n
M xn
1
0 < x <  . Assim, lim+ = +∞ .
x →0 xn

1
b) Vamos provar que para n ímpar, temos lim− = −∞ .
x →0 xn
A demonstração do caso n par fica como exercício.
1
Seja B < 0 . Devemos encontrar  > 0 tal que n < B sempre que
x
0 < x <  . Seja x < 0 e n ímpar. Então:

1 1 1 1 1
n
< B ⇔ xn > e x < 0 ⇔ n xn > n ex<0⇔ x> n ex<0⇔ n <x<0
x B B B B

1 −1 1
Tomemos −  = , isto é,  = ou melhor,  = (pois
n
B n
B n B
B < 0 ).

1 1
Assim, para  = , teremos < B sempre que −  < x < 0 .
n B xn

1
Logo, lim− = −∞ .
x →0 xn

112
Exemplos:

1 1
a) lim− = −∞ ; lim+ = +∞
x →0 x x →0 x
Com o auxílio deste
teorema poderemos 1 1
b) lim− 2
= +∞ ; lim+ 2 = +∞
calcular alguns limites x →0 x x →0 x
infinitos. Salientamos que
ele também vale se

“ ” for substituído
por , ,
ou . Teorema 19: Seja a um número real qualquer e f , g funções tais

que lim f ( x) = 0 e lim g ( x) = c , sendo c ≠ 0 . Então:


x→a x→a

a) Se c > 0 e f ( x) > 0 para todo x próximo de a, então


Significa que pertence a
um intervalo aberto g ( x)
centrado em , com
lim = +∞
x→a f ( x)
diferente de .

b) Se c > 0 e f ( x) < 0 para todo x próximo de a, então

g ( x)
lim = −∞
x→a f ( x)

c) Se c < 0 e f ( x) > 0 para todo x próximo de a, então

g ( x)
lim = −∞
x→a f ( x)

d) Se c < 0 e f ( x) < 0 para todo x próximo de a, então


g ( x)
lim = +∞
x→a f ( x)

Demonstraremos apenas o item (a). Temos por hipótese que:


lim f ( x) = 0 e f ( x) > 0 para todo x próximo de a ; lim g ( x) = c
x→a x→a

e c > 0.

g ( x)
Tese. lim = +∞ .
x→a f ( x)

Demonstração. Existe 1 > 0 tal que f ( x) > 0 sempre que


0 <| x − a |< 1 . Seja M > 0 . Devemos encontrar  > 0 tal que
g ( x)
> M sempre que 0 <| x − a |<  .
f ( x)
113
c
Como lim g ( x) = c , para todo  > 0 , em particular para  = ,
x→a 2
c
existe 2 > 0 tal que g ( x) − c < sempre que 0 <| x − a |< 2 .
2
c −c c c 3c
Mas g ( x) − c < ⇔ < g ( x) − c < ⇔ ≤ g ( x) ≤ .
2 2 2 2 2

c
Portanto, g ( x) ≥ sempre que 0 <| x − a |< 2 .
2

c
Como lim f ( x) = 0 , para todo  > 0 , em particular para  = ,
x→a 2
c
existe 3 > 0 tal que f ( x) − 0 < sempre que 0 <| x − a |< 3 .
2M
Seja  = mín {1 , 2 3 } . Então para 0 <| x − a |<  temos: f ( x) > 0 ,

c c c
g ( x) > e f ( x) < . De f ( x) > 0 segue que f ( x) < ,
2 2M 2M
1 2M
ou seja, > .
f ( x) c

g ( x) c 1 c 2M g ( x)
Logo, > ⋅ > ⋅ = M . Assim, > M sempre
f ( x) 2 f ( x) 2 c f ( x)
que 0 <| x − a |<  .

g ( x)
Conclui-se que lim = +∞ .
x→a f ( x)

Exercícios Resolvidos
Para os exercícios 22 ao 26, calcule:

ln (3 x − 1)
22) lim
x→ 1 1− 2x
2

1
Resolução. lim ln (3 x − 1) = ln   < 0 ; lim 1 − 2 x = 0 . Mas,
x→ 1
2 2 x→ 1
2
1 − 2x tende a zero por valores positivos. Pelo teorema 19, con-

ln (3 x − 1)
cluímos que lim = −∞ .
x→ 1
2 1− 2x
114
23) lim−
x →1
2
3x
x + 2x − 3

Resolução. lim− 3 x = 3 > 0 ;


x →1 x →1−
( )
lim x 2 + 2 x − 3 = 0 .

Precisamos saber qual é o sinal de x 2 + 2 x − 3 para x muito pró-


ximo de 1 e menor do que 1. Para isto, fatoramos este polinômio:
x 2 + 2 x − 3 = (x − 1)(x + 3) . Agora fica fácil perceber que x − 1 < 0
3x
e x + 3 > 0 . Pelo teorema 19, lim− 2 = −∞ .
x →1 x + 2 x − 3

24) lim+
x →−3
e4 x
x3 + x 2 − 6 x

( )
Resolução. lim+ e 4 x = e −12 que é positivo; lim+ x3 + x 2 − 6 x = 0.
x →−3 x →−3

Fatoramos o denominador:
( )
x3 + x 2 − 6 x = x x 2 + x − 6 = x (x + 3)(x − 2 ) .

Se x está muito próximo de −3 e é maior do que −3 , então


x < 0, x + 3 > 0 e x − 2 < 0 , o que implica em x3 + x 2 − 6 x > 0 .
e4 x
Pelo teorema 19, lim+ 3 2
= +∞ .
x →−3 x + x − 6 x

25) lim−
x→ 
1 − cos x
sen 2 x

Resolução. lim− (1 − cos x ) = 2 ; lim− sen 2 x = 0 .


x→  x→ 
− −
Se x →  então 2 x → 2  , ou seja, 2x corresponde a um ân-
gulo do quarto quadrante, cujo seno é negativo. Pelo teorema 19,
1 − cos x
lim− = −∞ .
x→  sen 2 x

26) lim
y →−∞
y4 + 2 y −1
5 + 8 y3

Resolução. Dividindo numerador e denominador por y 4 , temos:


2 1
1+ 3 − 4
4
y + 2 y −1 y y  2 1   5 8
lim = lim ; lim 1 + 3 − 4  = 1 ; lim  4 +  = 0
y →−∞ 5 + 8y 3 y →−∞ 5 8 y →−∞
 y y  y →−∞ y
 y
4
+
y y

115
5 8 1 5 
Escrevendo 4
+ =  3 + 8  , observa-se que se y → −∞ , então
y y y y 
1 5 5
< 0 e 3 + 8 > 0 , pois 3 está bem próximo de 0. Assim,
y y y

5 8 y4 + 2 y −1
+ < 0 . Logo, lim = −∞ .
y4 y y →−∞ 5 + 8 y3

Exercícios Propostos
Calcule cada um dos limites:

20) lim x
2
−2 x

(x − 3)
x →3 2

21) lim 2
2 − x2
x →−1− x − 2 x − 3

22) lim 4t −+ t2
t → 2+
2

23) lim
x →+∞
4x2 + 2x
3− x

24) lim
8 − x − x3
x →−∞ 2 x 2 − 49 x

Teorema 20. Sejam f , g , u , v funções tais que:


Este teorema é intuitivamente
lim f ( x) = +∞; lim g ( x) = +∞ ; lim u ( x) = −∞ e lim v( x) = c ,
x→a x→a x→a x→a óbvio. Salientamos que
“ ” pode ser substituído
sendo c uma constante não-nula. Então: por , ,
ou .
a) lim [ f ( x) + g ( x) ] = +∞
x→a

b) lim f ( x) ⋅ g ( x) = +∞
x→a

c) lim f ( x) ⋅ u ( x) = −∞
x→a

d) lim [ f ( x) + v( x) ] = +∞
x→a

116
e) lim [u ( x) + v( x) ] = −∞
x→a

−∞ se c < 0
f) lim f ( x) ⋅ v( x) = 
x→a
+∞ se c > 0

f ( x) −∞ se c < 0
g) lim =
x→a v( x) +∞ se c > 0

v( x)
h) lim =0
x→a f ( x)

Demonstração (a): Demonstraremos apenas o item (a).

Por hipótese, lim f ( x) = +∞ e lim g ( x) = +∞ . A tese é:


x→a x→a

lim [ f ( x) + g ( x) ] = +∞ .
x→a

Seja M > 0 . Devemos mostrar que existe  > 0 tal que

f ( x) + g ( x) > M , sempre que 0 <| x − a |<  . Como lim f ( x) = +∞ ,


x→a
M
existe 1 > 0 tal que f ( x) > , sempre que 0 <| x − a |< 1 .
2
M
Por ser lim g ( x) = +∞ , existe 2 > 0 tal que g ( x) > ,
x→a 2
sempre que 0 <| x − a |< 2 .

M M
Seja  = mín {1 , 2 }. Então f ( x) > e g ( x) > , sempre que
2 2
0 <| x − a |<  .

M M
Logo, f ( x) + g ( x) > + = M , sempre que 0 <| x − a |<  .
2 2
Concluímos que lim [ f ( x) + g ( x) ] = +∞ .
x→a

Exercícios Resolvidos
Para os exercícios 27 ao 29, calcule:

27) lim−
tg x
(senx − 3)
3

x→
2

117
sen x
= +∞ ; lim− (sen x − 3) = −8 .
3
Resolução. lim− tg x = lim−
x→

x→
 cos x x→

2 2 2

tg x
Pelo item (g) do teorema 20, lim− = −∞ .
(sen x − 3)
3

x→
2

28) lim ln x ⋅ cotg x


x → 0+

cos x
Resolução. lim+ ln x = −∞ ; lim+ cotg x = lim+ = +∞ . Pelo
x →0 x →0 x →0 sen x
item (c) do teorema 20, lim+ ln x ⋅ cotg x = −∞ .
x →0

29) x →−∞

lim  x3 +

4x 

1 + 3x 

4x 4 4
Resolução. lim x3 = −∞ ; lim = lim = . Pelo item
1 + 3x 1
+3 3
x →−∞ x x →−∞
→−∞

x
(e) do teorema 20, o limite proposto vale −∞ .

Exercícios Propostos
Calcule:

25) lim x 2 ⋅ e x
x →+∞

26) 
lim x ⋅  
x →−∞
4

27) lim  x 1− 9 + x 2+x 4 


2 2
x →3−  

1 − ex
28) lim
x →+∞ 1
2 + cos  
x

29) lim  14−xcos



+5
+
3x − 4 
x 1 + sen x
e
−1
x
x →0
 

118
2.9 Limites Fundamentais
São três os chamados limites fundamentais.

sen x
Primeiro Limite Fundamental: lim =1
x →0 x

sen x
Demonstração. Provaremos que lim+ =1.
x
x →0

Seja x a medida em radianos de um ângulo do primeiro quadrante


(veja figura).
y
D
B

x x
O C A

Figura 2.12

Observe que o triângulo AOB está contido no setor circular AOB,


que está contido no triângulo AOD. Assim, se S1 , S 2 e S3 re-
presentam, respectivamente, as áreas do triângulo AOB, do se-
tor circular AOB e do triângulo AOD, temos: S1 ≤ S 2 ≤ S3 . Mas,

OA ⋅ CB 1 ⋅ senx senx
S1 = = = .
2 2 2
Lembre que a área do setor circular de raio r e ângu-
1 1 x
lo central  é dada por S = r 2  . Assim, S 2 = ⋅12 ⋅ x = e
2 2 2
OA ⋅ AD 1 ⋅ tgx tgx
S3 = = = .
2 2 2

senx x tgx sen x


Logo, ≤ ≤ , ou seja, sen x ≤ x ≤ .
2 2 2 cos x
Vamos dividir cada membro da desigualdade por senx , sabendo
que senx > 0 . Obtém-se:

x 1
1≤ ≤ .
sen x cos x

119
sen x
Invertendo cada membro da desigualdade, temos: 1 ≥ ≥ cos x ,
x
sen x
ou melhor, cos x ≤ ≤ 1. Sendo lim+ cosx = 1 e lim+ 1 = 1, segue,
x x →0 x →0

senx
pelo teorema do confronto, que lim+ = 1.
x →0 x
senx
De maneira análoga, prova-se que lim− = 1 . Concluímos que
x →0 x
senx
lim =1.
x →0 x

Exercícios Resolvidos
30) Calcule: lim sen6 x6x
x →0

Resolução. Seja u = 6 x . Se x → 0 então u → 0 e o limite pro-

senu
posto pode ser escrito como lim , que é exatamente o limite
u →0 u
sen6x
fundamental. Logo, lim = 1.
x →0 6x

31) Calcule: lim sen3x4 x


x →0

Resolução. Não é a mesma situação do exemplo anterior. Para

sen 4x 1 sen 4x
x ≠ 0, = ⋅ . Mas no denominador da última fra-
3x 3 x
ção não temos 4x . Então vamos multiplicá-la e dividi-la por 4 :

sen 4x sen 4x
= 4⋅ . Usando o argumento do exercício anterior, te-
x 4x

sen 4 x 1 sen 4 x 4 4
mos: lim = ⋅ 4 ⋅ lim = ⋅1 = .
x →0 3x 3 x → 0 4x 3 3

32) Calcule: lim t(− 1 )


t →1
sen t 2 − 1

120
Resolução. Para t ≠ 1 ,

(
sen t 2 − 1 ) = (t + 1)sen (t 2
) = (t + 1)sen (t
−1 2
), claro que
−1
t -1 (t + 1)(t − 1) 2
t −1
lim (t + 1) = 2 .
t →1

Para calcular lim


(
sen t 2 − 1 ), façamos u = t 2 − 1 , obtendo
2
t →1 t −1
senu
lim =1.
u →0 u

Logo, lim
(
sen t 2 − 1 ) = 2 ⋅1 = 2 .
t →1 t −1

33) Calcule: lim senax


senbx x →0
(a, b ≠ 0 )

Resolução. Vamos dividir numerador e denominador por x , ou


senax senax sen ax
⋅a
senax a
seja, para x ≠ 0 , = x = ax = ⋅ ax .
senbx senbx senbx ⋅ b b sen bx
x bx bx
senax a 1 a
Logo, lim = ⋅ = .
x →0 senbx b 1 b

34) Calcule: lim 1 −3cos


x
2x
x →0 2

Resolução. Com o propósito de usar o primeiro limite fundamental,


multipliquemos numerador e denominador por 1 + cos 2x , obtendo:

(1 − cos 2 x ) ⋅ (1 + cos 2 x ) = 1 − cos 2 2 x


=
sen 2 2 x
,
3x 2 1 + cos 2 x 3 x 2 (1 + cos 2 x ) 3 x 2 (1 + cos 2 x )
que podemos escrever estrategicamente como
2
1  sen 2 x  1 sen 2 x
⋅  ⋅ . Como lim =2 e
3  x  1 + cos 2 x x → 0 x

1 1 1 − cos 2 x 1 1 2
lim = , temos lim 2
= ⋅4⋅ = .
x →0 1 + cos 2 x 2 x →0 3x 3 2 3

121
35) Calcule: lim tgx3−x2⋅ tgx
x
x →0 3

sen 
Resolução. Usaremos a relação trigonométrica tg  = :
cos 
sen3 x senx

tg 3 x ⋅ tgx cos3 x cosx sen3 x ⋅ senx sen3 x ⋅ senx sen3 x senx 1
= = = = ⋅ ⋅
x − 2x 3
x − 2x 3
( 3
) 2
( )
x − 2 x cos 3 x ⋅ cos x x 1 − 2 x cos3x ⋅ cosx
2
x 1 − 2 x cos3 x ⋅ cosx

sen3 x senx 0 1
Agora, lim = 3; lim 2
= = 0 e lim = 1.
x →0 x x →0 1 − 2 x 1 x →0 cos 3 x ⋅ cos x

tg 3 x ⋅ tgx
Logo, lim = 3 ⋅ 0 ⋅1 = 0 .
x →0 x − 2 x 3

Exercícios Propostos
Calcule os limites:

30) lim sen6 x2 x


x →0

31) lim 3sen 4x


x − 2x
x →0 2

32) lim
t →0
1 − cos 4t
t2
Sugestão: divida numerador

33) lim sentgx2 x


x →0
e denominador por

34) lim sec4 − 1


 →0 2

x
  1
Segundo Limite Fundamental: xlim 1 +  = e
→+∞ x  
Neste limite, “ ”
pode ser substituído por
Observação. Este limite pode ser escrito de outra forma, fazen- “ ” sem alterar o
resultado.
1
do a mudança de variável y = , pois: se x → +∞ , então y → 0+
x

122
x
 1 1
e lim 1 +  = lim+ (1 + y )y = e ; se x → −∞ , então y → 0− e
x →+∞
 x y →0

x
 1 1 1
lim 1 +  = lim− (1 + y )y = e . Assim, lim (1 + y )y = e .
x →−∞
 x y →0 y →0

Exercícios Resolvidos
4x

36)  1 
Calcule: lim 1 + 
x →+∞
 4x 
Resolução. Através da mudança de variável u = 4 x , obtém-se
4x u
 1   1
lim 1 +  = lim 1 +  = e .
x →+∞
 4x  u →+∞
 u

37)  1 
Calcule: lim 1 + 
x →−∞
 3x 
Resolução. Desta vez o expoente x não é igual ao denominador
3x . Faremos a seguinte manipulação algébrica:
1

1   1  3
x 3x

 1 + =
  1 +   .
 3 x   3 x  
1

1   1  3
x 3x 1
 
Logo, lim 1 +  =  lim 1 +   = e 3 .
x →−∞
 3 x   x →−∞  3 x  

2x

38) Calcule:  3
lim 1 − 
x →+∞
 x
3
Resolução. Inicialmente escreveremos a expressão 1 − na for-
x
1
ma 1 + :
v( x)
3  −3  1
1− = 1+   = 1+ .
x  x  −x
3

123
−6
 −x

2x    3

 3  1  
Assim,  1 −  =  1 + e então
 x 
 − x  
 
 3  

−6
 −x

2x    3

 3  1  
lim 1 −  =  lim 1 +   =e .
−6
x →+∞
 x  x →+∞ − x
   
 3 
 

39) Calcule: lim (1 + 3x )


1
x
x →0
3
1
 1

Resolução. (1 + 3 x )x = (1 + 3 x )3 x  . Logo,
 
3
1
 1

lim (1 + 3 x )
x = lim (1 + 3 x )3 x  = e3 .
x →0
 x →0

40) Calcule: lim− (1 + cos x )



sec x

x→
2 −
 +
Resolução. Seja u = cos x . Se x → , então u → 0 . Logo,
2
1
lim− (1 + cos x ) = lim+ (1 + u )u = e .
sec x

 u →0
x→
2

Exercícios Propostos
Calcule os limites:
x

35)  1 2
lim 1 + 
x →−∞
 x
6x

36)  1 
lim 1 − 
x →+∞
 3x 
1

37)  t
lim 1 + 
t

t →0
 4

124
x+2

38)  1
lim 1 + 
x →−∞
 x

39) lim (1 + cx )
1

x →0
x (c ∈  )

Terceiro Limite Fundamental:


a x −1
Seja a > 0 e a ≠ 1 . Então lim = ln a .
x →0 x
Justificativa. Faremos a mudança de variável: y = a x − 1 . Então
a x = y + 1 e, aplicando o logaritmo natural a ambos os lados da

ln ( y + 1)
igualdade, temos: x ln a = ln ( y + 1), ou seja, x = .
ln a

Se x → 0 então y → a 0 − 1 = 0 . Logo,

a x −1 y y 1 1
lim = lim = ln a ⋅ lim = ln a ⋅ lim = ln a ⋅ lim =
x →0 x y →0 ln( y + 1) y →0 ln( y + 1) y →0 ln( y + 1) y →0 1
⋅ ln( y + 1)
ln a y y

1
= ln a ⋅ lim 1 (Propriedade do Logaritmo)
y →0
y
ln( y + 1)

1
= ln a ⋅ (Teorema 12 – itens d e h)
 1

ln lim( y + 1) y 
y →0
 

1
= ln a ⋅ = ln a (Segundo Limite Fundamental).
ln e

a x −1
Portanto, lim = ln a .
x →0 x

ex −1
Caso Especial: lim = 1 , pois ln e = 1 .
x →0 x

125
Exercícios Resolvidos

41) Calcule: lim 2 3x− 1


3x

x →0

23 x − 1 2u − 1
Resolução. Fazendo u = 3 x , temos: lim = lim = ln 2
x →0 3x u →0 u

42) Calcule: lim


e x −1
x →0 x − 4 x

Resolução. O denominador x − 4 x pode ser fatorado como


x ( x − 4) .

e x −1 e x −1 1  1 1
Logo, lim = lim ⋅ = 1⋅  −  = − .
x →0 x − 4 x x →0 x x −4  4 4

43) Calcule: lim


x →0
32 x − 35 x
x
32 x − 35 x  3−3 x − 1 
Resolução. Coloquemos 35 x em evidência: = 35 x  .
x  x 
Então:

32 x − 35 x 3−3 x − 1
lim = lim 35 x ⋅ lim ⋅ (−3) = 1 ⋅ ln 3 ⋅ (−3) = −3ln 3
x →0 x x →0 x →0 −3 x

 1 
ou ln   .
 27 

44) Calcule: lim e


cos x
−1
 
x→
2 x−
2
ecos x − 1 e 2
−1
(
cos y +  )

Resolução. Seja y = x − . Então lim = lim .
2  y →0 y
2 x−
x→

2
Apliquemos a fórmula cos (a + b) = cosa ⋅ cosb − sena ⋅ senb a
     
cos  y +  : cos  y +  = cos y cos − seny ⋅ sen = − seny .
 2  2 2 2

ecos x − 1 e − sen y − 1
Assim, lim = lim .
 y →0 y
2 x−
x→

126
Dividindo numerador e denominador por −seny , obtém-se:

e − seny − 1
e − seny − 1 − seny e − seny − 1  seny 
= = ⋅ − 
y y − seny  y 
− seny

e − seny − 1
Para calcular lim basta fazer u = − seny e obter
y →0 − seny

eu − 1  seny 
lim = 1 . Já lim  −  = −1 (Primeiro Limite
u →0 u y →0
 y 
Fundamental).

Logo, o limite proposto vale 1 ⋅ (−1) = −1 .

Exercícios Propostos
Calcule os limites:

40) lim 5 2 x− 1
−x

x →0

41) lim 10 10 −x 0,1


5 x −1

x →0

42) e − x − e3 x
lim 2
x →0 x − 2 x

43) lim 12 −−x2


x

x →1 2

44) lim (1 + ktg)((kxx ) − x)


x →0 2 2
( k ∈ * )

 x 
cos  
45) lim
x →1
 2 
1− x
Sugestão: use mudança
de variável
x

46)  3
lim 1 − 
x →∞
 x

127
3x

47)  2
lim 1 + 
x →−∞
 x

1
7 x −1 −
48) lim x →0 x
7

49) lim x →0
e3 x − 1

x
e 2
−1

2 + x 3 se x ≠ 1
50) Tome f ( x) = 
se x = 1
−3

a) Faça o gráfico de f (use o gráfico de y = x 3 ).

b) Tome seqüências distintas (xn ) e (zn ) tais que xn ≠ 1 e zn ≠ 1


para todo n , mas lim xn = 1 e lim zn = 1 . Calcule lim f (xn ) e
lim f (zn ) .

c) Quanto vale o lim f ( x) ? Prove a sua afirmação usando a de-


x →1

finição de seqüências.

51) Seja h( x) = xx ++ 44 .
a) Faça o gráfico de h .

b) Note que h não está definida em −4 .

c) Defina seqüências (sn ) e (tn ) tais que: sn < −4, ∀n ∈  e


lim sn = −4 ; tn > −4, ∀n ∈  e lim tn = −4 . Agora calcule
lim h (sn ) e lim h (tn ) .

d) Quanto vale o lim h( x) ? Por quê?


x →−4

 x+4
52) 
Seja g ( x) =  x + 4
se x ≠ 4
.
a se x = −4

Para que valor(es) de a existe o lim g ( x) ?
x →−4

128
53) Seja
1
f ( x) = cos   . Considere as seqüências
x
−1 1 2
xn = ; yn = ; zn = .
2n (2n − 1)  (2n − 1) 
Note que lim xn = lim yn = lim zn = 0 .

Calcule lim f (xn ) , lim f ( yn ) e lim f (zn ) . O que você conclui so-

bre o lim f ( x) ?
x →0

De 54 a 59, calcule o valor do limite:

tg (2  − t ) − 3 sec 2t + 20
54) lim
t → e cos3t
+ sen 2t
3
6

55) lim
x8 − 1
x →−1 1 − x 2

56) lim u
3
− u 2 − 2u − 40
u →4 2u − 8

57) lim
6 − 12 x
2
x→ 1 4 x − 1

2

2 x2 − 5x + 3
58) lim
x →−1 x2 − x

59) lim
x →3
x 4 − 3 x 3 + 2 x 2 − 10 x + 12
x 3 − x 2 − 18

x
 + 1 se x ≠ 4
60) Seja f ( x) =  2 . Faça um gráfico de f , usan-
−1 se x = 4
1
do régua. Dado  = , calcule  > 0 tal que se 0 < x − 4 <  então
2
f ( x) − 3 <  . Em outros termos, se x ∈ (4 − , 4 + ) e x ≠ 4 então
f ( x) ∈ (2,5 , 3,5 ) . Em seguida coloque estes intervalos de raios 
e  no seu gráfico e comprove a sua resposta.

129
61) Seja f ( x) = 14 − 5 x .

a) Determine um intervalo I = (2 − , 2 + ) tal que a imagem de


qualquer ponto de I − {2} esteja no intervalo (3,95 , 4, 05 ).

b) Prove, usando a definição em termos de  e  que lim f ( x) = 4 .


x→2

De 62 a 67, calcule o valor do limite:

62) lim x →0
9 + 5x + 4 x2 − 3
x

63) lim ln 


y →3 y
y −3 
+ 6 − 3

 

64) lim 1 −4 + tt +−12


t →0 Sugestão: divida numerador
e denominador por .

65) lim 5x + 1 − x + 1
4

x →3 x −3

66) lim u →1 3
2u − 2
26 + u − 3

67) lim
a →0
−b + b 2 − 4ac
2a
(b, c ∈  )

Nos exercícios de 68 a 70, faça um gráfico da função f , determi-


ne lim− f ( x) , lim+ f ( x) e lim f ( x) se existirem.
x → x0 x → x0 x → x0

 x2
5 − se x < −1
 2
68)  3x − 5
f ( x) =  se − 1 ≤ x < 3 . Sendo x0 = −1; x0 = 3 .
 2
−1 se x=3
− x + 5 se x > 3

130
69) f ( x) = 3 − 2 x + 1 ; x0 = −
1
2

x3 − 2 x 2 + 3x
70) f ( x) =
x
; x0 = 0

71) Calcule lim −


s →1
2 s + 14 − 4
s −1

72) Calcule lim


2 − 3x + 5 x 2
x →−∞ 12 x 4 − x 3 + 4
e lim
x →∞
−4 x3 + 2 x − 50
1 − x − x3
.

De 73 a 76, calcule os limites no infinito da função dada:

73) f ( x) =
1 − 3x

4x − 9x2 − x

74) g (t ) = 5t + 4 6tt +−52t − 15


2

75) h( y) = 5y + 2

2 3 2 y3 + y 2 + 1 − y

76)  x3
f ( x) =  2 −
x2 

 3x − 4 3x + 2 

77) Calcule lim


x →−∞ ( 4x − x −
2
)
7 + 2x .
Sugestão: Multiplique e
divida por uma expressão
adequada. 78) Considere f ( x) =
10
(x − 4 )
2

a) Determine um intervalo aberto J , centrado em 4, tal que se


x ∈ J e x ≠ 4 , então f ( x) > 16000 ;

b) Prove que lim f ( x) = +∞ .


x→4

131
79) Examine o gráfico de cada função e diga o quanto vale o
limite:

a) lim+ tg x b) lim− cotg x c) lim − secx


 x →0 3
x→ x→
2 2

d) lim+ cossecx e) lim tg x f) lim+ ln x


x→ x →∞ x →0

g) lim ln x h) lim e x i) lim e x


x →∞ x →−∞ x →∞

De 80 a 83, calcule o limite proposto:

80) lim 2y− cosy


−y
y → 0−
3

ln m
81) lim +
1
2
8m + 6m + 1
m →−
2

82) lim  xcos x



− x x−x
sec x 
 , analise cada membro separadamente.
2
x → 0+
 

83) lim f ( x) e lim f ( x) , sendo f ( x) =


x →−∞ x →∞
4 x 4 − 2 x + 17
1 + 3x − x3
.

De 84 a 87, calcule o limite pedido, caso exista.

84) lim 
 e 

x →−∞
 2

85) lim h →0 −
1
1
1+ e h

86)  5 1− 2 x
lim− f ( x) e lim+ f ( x) , sendo f ( x) =  
x→
1
x→
1 7
2 2

87) lim 
 u 2 + 1  u −2

u →2
 u +1 

132
Resposta dos Exercícios Propostos

1) − 2 e 834 2) 3 3) 0 4) -2

6) 73 7) 121 8) 5
4
9) − 81

10) 81 11) 32 12) − 1 13) 3, 3, 3

14) 1, 3, ∃/ 15) − 1, − 1, − 1 16) -5 17) 1

18) 3 19) 1 20) +∞ 21) +∞

22) −∞ 23) −∞ 24) +∞ 25) +∞

26) −∞ 27) −∞ 28) −∞ 29) +∞

30) 13 31) -2 32) 2 33) 2

34) 18 35) e 36) e −2


37) e −
1
4

133
38) e 39) e c
40) ln  1 
 41) ln10
 5 20

42) 2 43) − ln 2 44) 1 +−kk 2 45) 2

46) e −3
47) e 6
48) 17 ln 7 49) −6

55) -4 56) 19 57) -3 58) -1

59) 29
21
61) a) (1,99 , 2, 01) 62) 56 63) ln 6

64) -2 27
65) − 32 66) 54 67) − bc

71) 14 73) -3, − 73 74) 32 , 16 75) 2 5 2 , 2 5 2


3 3

76) 92 , 92 77) 14 78)a) (3,975 , 4,025) 80) +∞

81) +∞ 82) −∞ 83) +∞, −∞ 84) 0

85) 1 86) 0, +∞ 87) Não existe.

134
3 Funções Contínuas
3 Funções Contínuas

Neste capítulo objetivamos estudar a continuidade de uma


função e algumas de suas conseqüências, além de apre-
sentar e aplicar um teorema fundamental para o Cálculo,
o Teorema do Valor Intermediário.

Observe atentamente os gráficos das funções f , g , h :

y f (x) y
g(x)
g (a)
f (a) b

a x a x

Figura 3.2
Figura 3.1

y
h(x)
c

h(a)

a x

Figura 3.3

Note que cada uma está definida no ponto a . Porém, somente


a função f satisfaz o seguinte: Se x está muito próximo de a ,
então a imagem de x está muito próxima da imagem de a . Em
outras palavras, lim f ( x) = f (a ) .
x→a

137
Quanto às funções g e h , repare que: lim g ( x) = b e b ≠ g (a ) , en-
x→a
quanto o lim h( x) sequer existe.
x→a

Definição 21. Seja f uma função e a um ponto do domínio de f .


Dizemos que f é contínua em a quando lim f ( x) = f (a ) . Quando
x→a

f não é contínua em a , dizemos que f é descontínua em a e


que a é um ponto de descontinuidade de f .

Observação. Das três funções representadas nas figuras 3.1, 3.2


e 3.3, apenas f é contínua em a , enquanto g e h são descontí-
nuas em a.

Observação. Somente faz sentido analisar a continuidade da fun-


ção f no ponto a se este pertencer ao domínio de f , isto é, se
f (a ) existe. Caso contrário, não se trata de ponto de continuidade
nem de descontinuidade de f .

Observação. Se o domínio de f é o intervalo [a, b ], então f


é contínua em a se lim+ f ( x) = f (a ) e f é contínua em b se
x→a
lim− f ( x) = f (b) .
x →b

Definição 22. Dizemos que f é uma função contínua quando f


é contínua em todos os pontos do seu domínio.

Exemplo. Seja f ( x) = ax + b , com a, b ∈  e seja k ∈  . Então k


pertence ao domínio de f e lim f ( x) = lim (ax + b ) = ak + b = f (k ) .
x→k x→k

Portanto, f é contínua em k , qualquer que seja o número real k .


Conforme a definição 22, f é uma função contínua.

De maneira análoga, comprova-se que qualquer polinômio é uma


função contínua.

Teorema 21. Se f e g são contínuas no ponto, a então as funções


f + g , f − g e f ⋅ g são contínuas em a . Se g (a ) ≠ 0 , então a fun-

ção f também é contínua em a .


g

Demonstração. Decorre imediatamente da definição 21 e do te-


orema 12. Vamos demonstrar apenas a continuidade da função
f + g . Para isto, basta mostrar que lim ( f + g )( x) = ( f + g )(a ) .
x→a

138
Ora, lim ( f + g )( x) = lim [ f ( x) + g ( x) ] = lim f ( x) + lim g ( x)
x→a x→a x→a x→a

(por hipótese e item (a) do teorema 12) = f (a ) + g (a ) (por hipó-


tese e definição 21) = ( f + g )(a ) .

Logo, ( f + g ) é contínua em a .

Observação. Como conseqüência dos teoremas 12 e 21, as fun-


Este exemplo mostra que ções racionais, trigonométricas (seno, cosseno, tangente, cotan-
o gráfico de uma função
contínua pode não ser gente, secante e cossecante), logarítmicas e exponenciais são
uma “linha contínua” no funções contínuas.
sentido de se conseguir
fazê-lo sem tirar a
caneta do papel. Exemplo. Vamos examinar algumas funções quanto à continui-
dade:
1
a) f ( x) =
x
1
O domínio de f é  − {0}. Se a ≠ 0 , então lim f ( x) =
= f (a) .
a x→a

Logo, f é contínua em a e conforme a definição 22, f é


uma função contínua.

1
 se x ≠ 0
b) g ( x) =  x
1 se x = 0

O domínio de g é  . Se a ≠ 0 , então g é contínua em a .


1 1
No ponto 0: lim− g ( x) = lim− = −∞ ; lim+ g ( x) = lim+ = +∞ .
x →0 x →0 x x →0 x →0 x

Portanto, o lim g ( x) não existe, o que mostra que 0 é ponto de


x →0

descontinuidade de g . Logo, g não é uma função contínua.

 t
t + se t ≠ 0
c) h(t ) =  | t |
 0 se t = 0

−t se t < 0
O domínio de h é  . Lembrando que | t |=  ,
 t se t ≥ 0
t − 1 se t < 0
escrevemos: h(t ) =  0 se t = 0 .
t + 1 se t > 0

139
Se a < 0 , então lim h(t ) = lim (t − 1) = a − 1 = h(a ) .
t →a t →a

Também se a > 0 , tem-se lim h(t ) = h(a ) . Assim, h é contí-


t →a
nua em  − {0}.

No ponto 0: lim− h(t ) = lim− (t − 1) = −1 ; lim+ h(t ) = lim+ (t + 1) = 1 .


t →0 t →0 t →0 t →0

Logo, lim h(t ) não existe. Concluimos que h é descontínua


t →0

em 0 e assim h não é uma função contínua.

 x2 + 2 se x < −1

 2
d) F ( x) =  2 x + 7 se − 1 ≤ x < 3
 4 se x = 3
 2x −1 se x > 3

O domínio de F é  . Você pode, sem dificuldade, verificar


que F é contínua em  − {−1,3}. Devemos examinar sepa-
radamente os pontos -1 e 3.

Ponto -1: lim− F ( x) = lim− x 2 + 2 = 3 ;


x →−1 x →−1
( )
lim F ( x) = lim+ 2 x 2 + 7 = 3 .
x →−1+ x →−1

Logo, lim F ( x) = 3 .
x →−1

Como F (−1) = 2 (−1) + 7 = 3 , concluimos que F


2

é contínua em -1.

Ponto 3: lim− F ( x) = lim− 2 x 2 + 7 = 5 ;


x →3 x →3

lim F ( x) = lim+ (2 x − 1) = 5 .
x →3+ x →3

Logo, lim F ( x) = 5 .
x →3

Mas, F (3) = 4 e desta forma F é descontínua em 3.


Novamente não se trata de uma função contínua.

 1
 x ⋅ sen   se x ≠ 0
e) u ( x) =  x
 0 se x = 0

140
O domínio de u é  . Se a ≠ 0 , então
1 1
lim u ( x) = lim x ⋅ sen   = a ⋅ sen   = u (a ) .
x→a x→a
x a
Portanto, u é contínua em a .
1
No ponto 0: lim x ⋅ sen   = 0 (por quê?) Sendo u (0) = 0 ,
x →0
x
concluímos que u é contínua em 0.

Logo, u é uma função contínua.

Definição 23. Seja a um ponto de descontinuidade de f . Dize-


mos que f tem uma descontinuidade de primeira espécie em a quan-
do existem e são finitos ambos os limites laterais de f em a . Caso
contrário dizemos descontinuidade de segunda espécie.

Exemplo. A função g do exemplo anterior tem uma desconti-


nuidade de segunda espécie em 0. As funções h e F têm ambas
uma descontinuidade de primeira espécie.

Exercício Resolvido
1) Determine o conjunto dos pontos em que a função
x3 − 1
f ( x) = 2 é contínua.
3x + 2 x
Resolução. Sendo f uma função racional, é uma função contí-
nua, ou seja, f é contínua exatamente nos pontos do seu domínio.
O domínio de é −2
formado pelos números Ora, 3 x 2 + 2 x ≠ 0 ⇔ x (3 x + 2 ) ≠ 0 ⇔ x ≠ 0 e x ≠ . Portanto,
reais que não anulam o 3
 −2 
denominador. f é contínua no conjunto  − 0,  .
 3

Exercício Proposto
1) Seja f ( x) = sen3 x + cotg 3 x . Determine o conjunto dos pontos
em que f é contínua.

141
Observação. Seja f uma função contínua em a . A definição de
limite de uma função num ponto em termos de  e  (definição
12) estabelece que: lim f ( x) = f (a ) se para todo existe
x→a
tal que:

f ( x) − f (a ) <  sempre que 0 < x − a <  (1)

Mas se x = a , então a desigualdade f ( x) − f (a ) <  é obviamente


verdadeira. Portanto não é preciso exigir que x ≠ a , ou seja, que
0 < x − a em (1).

Temos então a seguinte definição de continuidade em termos de


 e :

Definição 24: Seja f uma função definida em a . Dizemos que


f é contínua em a quando para todo existe tal que
f ( x) − f (a ) <  sempre que x − a <  .

O próximo teorema estabelece o limite da função composta que


justifica os itens e, f , g , h do teorema 12.

Teorema 22. Sejam f , g funções tais que o conjunto imagem de


g está contido no domínio de f . Se lim g ( x) = b e se f é contínua
x→a

em b , então lim f  g ( x) = f (b) , ou seja, lim f  g ( x) = f lim g ( x)  .


x→a x→a  x→a 

g f

a b f (b)

f○g

Figura 3.4

Demonstração. Dado , devemos encontrar


tal que se 0 < x − a <  então f  g ( x) − f (b) <  .
Seja pois . Por ser f contínua em b , existe 1 > 0 tal que
se y − b < 1 então

f ( y ) − f (b) <  (2)

142
Como lim g ( x) = b , existe para este 1 um tal que se
x→a

0 < x − a <  , então g ( x) − b < 1 . Para tais valores g ( x) , te-

mos, devido a (2): f [g ( x) ]− f (b) <  . Portanto, encontramos

tal que se 0 < x − a <  então f  g ( x) − f (b) <  . Logo,

lim f  g ( x) = f (b) .
x→a

Observação. Este teorema estabelece, por exemplo, que

lim sen (2 x +  ) = sen lim (2 x +  ) , devido à continuidade da


x →0  x →0 
função seno.

O teorema seguinte estabelece a continuidade da função composta.

Teorema 23. Sejam f , g funções tais que o conjunto imagem de g


está contido no domínio de f . Se g é contínua em a e f é contínua
em g (a ) , então a função f  g é contínua em a .

g f

a g (a) f ○ g (a)
f○g

Figura 3.5

Demonstração. Por hipótese, g é contínua em a e as-

sim lim g ( x) = g (a ) . Ainda por hipótese, f é contí-


x→a

nua em g (a ) . Através do teorema 22, conclui-se que

lim f  g ( x) = f lim g ( x)  = f  g (a ) .
x→a  x→a 
Logo, a função f  g é contínua em a .

143
Exemplo. A função h( x) = 9 − x 2 é uma função contínua, pois
h = f  g , sendo f ( x) = x e g ( x) = 9 − x 2 . E tanto f quanto
g são contínuas em seus domínios. Logo, h é contínua em seu
domínio, a saber, [−3,3]. Por argumentos análogos justifica-se
a continuidade de funções como: y = 3 senx , y = ln x 2 + 2 x + 1 , ( )
( )
y = e x⋅tgx , y = arctg x −1 , etc.

Exercícios Resolvidos
 2− x se − 3 ≤ x < −1
 2x
 e se − 1 ≤ x < 0
2) 
Seja f ( x) =  0 se x = 0
 3
 x + 1 se 0 < x ≤ 2
 x 2 − 2 x + 3 se 2 < x < 5

a) Determine o conjunto dos pontos em que f é contínua.

b) Determine o conjunto dos pontos de descontinuidade de f .

Resolução. O domínio de f é o intervalo [−3,5 ) . No ponto -3


f é contínua porque lim+ f ( x) = lim+ (2 − x ) = 5 e f (−3) = 5 .
x →−3 x →−3

No intervalo (−3, −1) f é contínua por ser polinomial. Nos in-


tervalos (−1, 0 ) e (0, 2 ) o teorema 23 e a observação após o te-
orema 21, garantem a continuidade de f . No intervalo (2,5 ) f
é contínua por ser polinomial. Os pontos -1, 0, 2 serão analisados
separadamente:

Ponto -1: lim− f ( x) = lim− (2 − x ) = 3 ; lim+ f ( x) = lim+ e 2 x = e −2 .


x →−1 x →−1 x →−1 x →−1
−2
Como 3 ≠ e , o lim f ( x) não existe. Logo, f é descontínua em -1.
x →−1

Ponto 0: lim− f ( x) = lim− e 2 x = 1 ; lim+ f ( x) = lim+ x 3 + 1 = 1 . Por-


x →0 x →0 x →0 x →0

tanto, lim f ( x) = 1 . Mas f (0) = 0 . Logo, f é descontínua em 0.


x →0

Ponto 2: lim− f ( x) = lim− x3 + 1 = 3 ;


x→2 x→2

x → 2+ x→2
( 2
)
lim f ( x) = lim+ x − 2 x + 3 = 3 . Portanto, lim f ( x) = 3 . Sendo
x→2

f (2) = 3 , concluimos que f é contínua em 2.

144
Respostas. a) O conjunto dos pontos em que f é contínua é
[−3,5) − {−1, 0}
b) O conjunto dos pontos de descontinuidade de f é {−1, 0}.

3) Determine, se existirem, valores para a e b de modo que f


seja uma função contínua:

 x + 2a se x < −2

f ( x) = 3ax + b se − 2 ≤ x ≤ 1
3 x − 2b se x > 1

Resolução. Nos intervalos (−∞, −2 ) , (−2,1) e (1, +∞ ), f é con-


tínua, seja quais forem os valores de a e b . Examinaremos os
pontos -2 e 1:

Ponto -2: lim− f ( x) = lim− (x + 2a ) = −2 + 2a ;


x →−2 x →−2

lim f ( x) = lim+ (3ax + b ) = −6a + b .


x →−2+ x →−2

Para que f seja contínua em -2 é preciso que −2 + 2a = −6a + b ,


ou seja, 8a − b = 2 .

Ponto 1: lim− f ( x) = lim− (3ax + b ) = 3a + b ;


x →1 x →1

lim f ( x) = lim+ (3 x − 2b ) = 3 − 2b .
x →1+ x →1

Para f ser contínua em 1 é preciso que 3a + b = 3 − 2b , ou seja,


3a + 3b = 3 .

Para encontrar os possíveis valores de a e b que tornam f contí-


nua em -2 e 1, devemos resolver o sistema de equações lineares:

8a − b = 2 .

3a + 3b = 3
1 2
Este sistema tem solução única: a = e b= .
3 3
1
Resposta. f é uma função contínua se e somente se a = e
3
2
b= .
3

145
Exercícios Propostos
2) Verifique se a função f é contínua no ponto 4:

 3x − 2 se x < 4
f ( x) =  2
 x − 4 x + 3 se x ≥ 4

3) Verifique se a função g é contínua nos pontos 0 e 1:


 4 − x2 se x < 0

 0 se x = 0
g ( x) =  3
x + 2x + 4 se 0 ≤ x < 1

 3x + 4 se x ≥ 1

4) Determine, se possível, o valor de a para que f seja contínua

 x 2 − 2ax + 3 se x < −1
no ponto -1: f ( x) = 
 4ax − 3 se x ≥ −1

5) Determine, se possível, o valor de k para que f seja contínua

 x ⋅ arccos x se x < 1
no ponto 1: f ( x) = 
 k se x = 1

Nos exercícios 6 e 7, determine:

a) O conjunto dos pontos em que f é contínua.

b) O conjunto dos pontos em que f é descontínua.

 x2 se − 1 < x < 0
1 − 2 x se
2
x < −1  x
  e − e se 0 ≤ x < 1
 −x se −1 ≤ x ≤ 0  x2 −1

6) f ( x) =  sen  x 
 
7) 
f ( x) = 1 − e x −3 se 1 ≤ x < 3
 3 ln 2 x − 5 se 3 ≤ x < 5
 x
se 0 < x <   ( )
 −2 ln 25 se x = 5
cos x se x >  

146
3.1 Valores Máximos e Mínimos de uma Função
Consideremos duas funções muito parecidas:

f : [−1,3] →  g : [−1,3) → 

2
f ( x) = x g( x) = x 2

Sugerimos ao leitor fazer o gráfico destas funções para constatar


que o conjunto imagem de f é [0,9], enquanto o de g é [0,9 ) .

Uma diferença relevante entre f e g é que o conjunto imagem de


f possui um elemento maximal (maior elemento) que é 9, o que
não acontece com o conjunto imagem de g .

Em outras palavras, existe um elemento do domínio de f , que é


3, satisfazendo: f (3) ≥ f ( x) para todo x pertencente ao domínio
de f . Mas não existe um elemento c no domínio de g tal que
g (c) ≥ g ( x) para todo x pertencente ao domínio de g .

Definição 25.

a) Dizemos que a função f : A →  , assume um máximo em A


se existe c ∈ A tal que f (c) ≥ f ( x) , para todo x em A . Neste
caso, f (c) chama-se valor máximo de f em A .

b) Dizemos que a função f : A →  assume um mínimo em A


se existe d ∈ A tal que f (d ) ≤ f ( x) , para todo x em A .
Neste caso f (d ) chama-se valor mínimo de f em A .

Observação. A respeito das funções f e g apresentadas ante-


riormente, podemos dizer que: f assume um máximo no ponto
3 e seu valor máximo é 9. Mas g não assume máximo. As funções
f e g assumem um mínimo no ponto 0 e o valor mínimo de
ambas é zero.

Observação. Existem funções que não assumem máximo nem


mínimo. Por exemplo:
1
f :  → , f ( x) = x3 como também g : [−1,1]− {0}→ , g ( x) = .
x
O leitor pode verificá-lo sem dificuldade fazendo o gráfico de f
e de g .

147
O teorema seguinte estabelece condições suficientes para que
uma função assuma máximo e mínimo.

Teorema 24. Teorema de Weierstrass: Seja f uma função contínua


definida no intervalo fechado [a, b ]. Então f assume um máximo
e um mínimo em [a, b ].

Demonstração. A demonstração deste teorema necessita dos con-


ceitos de supremo e ínfimo, que serão vistos em análise, onde tam-
bém será feita a demonstração do teorema.

Exemplos. Para compreender melhor os exemplos a seguir, suge-


rimos que o leitor faça o gráfico de cada uma das funções.

a) f : [−2,1] → , f ( x) = 3 − x 2

Observe que f é contínua no intervalo [−2,1] e de fato as-


sume seu valor máximo 3 no ponto 0 e seu valor mínimo -1
no ponto -2.

b) f : (0,1] → , f ( x) = 2 x

Esta função é contínua, porém o intervalo não é fechado.


Então não podemos aplicar o teorema 24. De fato, f assu-
me um máximo no ponto 1, mas não assume mínimo.

 x se 0 < x < 1
c) f : [0,1] → , f ( x) = 
1
 2 se x = 0 e se x = 1

Esta função está definida num intervalo fechado, mas não é


contínua. Note que ela não assume máximo ou mínimo.

2 − x 2 se − 2 < x ≤ −1
d) f : (−2, 2] → , f ( x) = 
2
 x − 3 se − 1 < x ≤ 2

Apesar de f não estar definida num intervalo fechado e de


não ser contínua, assume o seu mínimo -3 no ponto 0 e seu
máximo 1 nos pontos -1 e 2. Lembre que as hipóteses do te-
orema 24 são suficientes, mas não necessárias para a exis-
tência de máximo e mínimo.

148
Teorema 25. Teorema do Valor Intermediário: Seja f uma fun-
ção contínua no intervalo fechado [a, b ] . Então f assume todos os
valores entre f (a ) e f (b) , isto é, se z está entre f (a ) e f (b) então
existe c ∈ (a, b ) tal que f (c) = z .

Demonstração. A demonstração deste teorema necessita dos con-


ceitos de supremo e ínfimo, que serão vistos em análise, onde tam-
bém será feita a demonstração do teorema.

Exemplo. Considere f : [0, 2] → , f ( x) = x 2 + 2 x

Como f é polinomial, é contínua em [0, 2]. Assim sendo, po-


demos aplicar o teorema do valor intermediário (TVI) a f nes-
te intervalo e concluir que f assume todos os valores entre
f (0) = 0 e f (2) = 8 .

Tomemos, por exemplo, z = 3 . Então pelo TVI existe c ∈ (0, 2 ) tal


que f (c) = 3 . De fato, f (c) = 3 ⇔ c 2 + 2c = 3 ⇔ c = 1 ou c = −3 .
Desprezando -3 que está fora do intervalo (0, 2 ) , temos c = 1 .

Corolário. Se I é um intervalo e f é uma função contínua em I ,


então f (I ) é um intervalo.

Demonstração. Basta mostrar que se z e s são pontos quaisquer


de f (I ) , com z < s , então o intervalo [z , s ] está contido em f (I ) .
Sejam, pois z , s ∈ f (I ), com z < s . Existem a, b ∈ I tais que
f (a ) = z e f (b) = s .

Seja p qualquer ponto entre z e s , isto é, f (a ) < p < f (b) .


Pelo TVI, existe c entre a e b tal que f (c) = p , ou seja, p ∈ f (I ).

Logo, todo elemento entre z e s pertence a f (I ) , o que leva a


concluir que [z , s ] ⊂ f (I ).

Assim, f (I ) é um intervalo.

Conseqüência do Teorema 25. Se f é contínua em [a, b ] e se


f (a ) e f (b) tiverem sinais algébricos contrários, então existe
c ∈ (a, b ) tal que f (c) = 0 .

149
Exercícios Resolvidos
4) Verifique que o polinômio 4 x 4
− 3 x 3 + 5 x − 5 tem pelo menos
uma raiz real no intervalo (0,1) .

Resolução. De fato, f ( x) = 4 x 4 − 3 x 3 + 5 x − 5 é contínua em [0,1].


Ainda, f (0 ) = −5 e f (1) = 1 .

Pelo TVI, existe c ∈ (0,1) tal que f (c) = 0 .

5) Verifique que a equação x − cos 2


x = 0 possui pelo menos uma
 
raiz real no intervalo  ,  .
6 4
Resolução. De fato, f ( x) = x − cos 2 x é uma função contínua, e
2
   3  3 4  − 18
f   = −   = − = < 0.
6 6  2  6 4 24
2
   2   1 −2
Por outro lado, f   = −   = − = > 0 . Pelo
4 4  2  4 2 4

 
TVI concluímos que existe c ∈  ,  tal que f (c ) = 0 .
6 4

Exercícios Propostos
8) Defina uma função contínua no intervalo (0,1) que assuma
máximo e mínimo neste intervalo.

9) Defina uma função f no intervalo [0,3] que tenha pelo me-


nos um ponto de descontinuidade e que satisfaça: se z está entre
f (0) e f (3) , então existe c ∈ (0,3) tal que f (c) = z .

10) Mostre que o polinômio 2 x 3


− 4 x 2 + 5 x − 7 tem pelo menos
uma raiz real no intervalo (1, 2 ) .

11) Mostre que a equação x 2 + 3 = 1 + x + x 2 tem pelo menos


uma raiz real em (0,1) .

150
12) Seja f (x ) = [x ], a função maior inteiro, definida em  as-
sim: Para todo x ∈  existe um único inteiro n tal que n ≤ x ≤ n + 1 .
Definimos [x ] = n . Por exemplo, [3] = 3 , [6,17 ] = 6 , [0,8] = 0 ,
[−2,5] = −3 . Qual é o conjunto dos pontos de descontinuidade de
f ? Faça um gráfico de f .

13) Determine os valores de c e k que tornam f uma função


contínua.
 x + 2c se x < −2

a) f (x ) = 3cx + k se − 2 ≤ x ≤ 1
3 x − 2k se x > 1

2kx − 3cx 2 +2 se x < −1



b) f (x ) = 2 x + kx 3 se − 1 ≤ x ≤ 1
−kx − 6cx 2 +11 se x > 1

14) Prove: Se f é contínua em a e g é descontínua em a , en-


Sugestão: suponha por tão f + g é descontínua em a .
absurdo, que f + g é
contínua a em e use o
Teorema 21.
15) Dê um exemplo de funções f e g , ambas descontínuas no
ponto 1, mas tais que f + g seja contínua em 1.

16) Mostre que o polinômio 5 x 4 + 12 x3 − 87 x 2 + 83 x − 17 tem


pelo menos 2 raízes reais entre 0 e 1.

17) Seja f : (0, 4 ) → 

 x 2 se 0 < x < 2
f (x ) = 
10 − 2 x se 2 ≤ x ≤ 4
Determine, se houver, os pontos em que f atinge o seu valor má-
ximo. Quem é este valor máximo? Idem para o mínimo.

18) Sejam f , g funções satisfazendo: 0 ≤ f (x ) ≤ g (x ) , ∀x ∈  .


Sabe-se que g é contínua e que g (0 ) = 0 . Prove que f é contínua
em 0.

151
Respostas dos Exercícios Propostos
1) k 
 −  , k ∈ 
 3 

2) Não
3) Descontínua em 0 e contínua em 1
−7
4) a=
6

5) 0
6) a)
 − {0, } b) {0}

7) a) (−1,5) − {0,1} b) {0;1,5}

13) a) c = 1 , k = 23
3
b) Nenhum valor de c e de k
tornam f uma função con-
tínua.

17) f atinge valor de máximo em x = 2 . Valor máx = 6 ; não


atinge valor mínimo.

152
4 Derivada
4 Derivada

Os objetivos do Capítulo são estudar o conceito de deri-


vada de uma função; estudar a derivada das funções ele-
mentares; apresentar e estudar um dos teoremas mais im-
portantes do Cálculo, o Teorema da Regra da Cadeia, que
ensina a derivar uma função composta.

4.1 Conceito de Derivada


São três os conceitos fundamentais em Cálculo: limite, derivada e
integral. Mas, é a partir do estudo da derivada que efetivamente
se “mergulha” no Cálculo Diferencial e Integral.

Lembramos que ao escrever y = f ( x) , x é a variável independen-


te e y é a variável dependente, ou seja, depende de x .

Ao utilizar funções de uma variável para descrever e resolver


problemas oriundos das ciências naturais ou sociais, é de fun-
damental importância estudar o efeito provocado na imagem da
função por uma ligeira perturbação da variável independente.

Por exemplo: o lucro de uma fábrica pode, grosso modo, ser conside-
rado uma função da quantidade x de peças produzidas mensalmen-
te. De que maneira o lucro é afetado por pequenas variações de x?

Outro exemplo: o volume V de um balão esférico é uma função


do raio R (Qual é esta função?).

Se o raio sofre um acréscimo (ou decréscimo) ∆R , então V sofre


um acréscimo (ou decréscimo) ∆V .

Como se relaciona ∆V com ∆R ? Mais precisamente, quanto vale


∆V
a razão ? E o que acontece com esta razão quando ∆R tende
∆R
a zero? Estas idéias serão amadurecidas e tratadas com rigor du-
rante o estudo deste capítulo.

155
Como motivação, trataremos inicialmente de dois conceitos: reta
tangente a uma curva e velocidade instantânea. Somente depois
definiremos a derivada.

4.1.1 Reta Tangente a uma Curva


Seja C uma circunferência e P ∈ C . Você lembra como se define a
reta tangente a C no ponto P ?

É fácil! Podemos dizer que se trata da reta que passa por P e toca
a circunferência apenas neste ponto. Mas também podemos afir-
mar que é a reta que passa por P e é perpendicular ao raio OP ,
sendo O o centro da circunferência.

Eis um desafio: definir a reta tangente a uma curva C no ponto


P ∈ C , sendo C o gráfico de alguma função contínua y = f ( x) .

As idéias expostas para definir a tangente a uma circunferência


não podem ser aproveitadas. Com efeito, se a curva não é parte
de uma circunferência, não faz sentido falar em centro e raio. Por
outro lado, a reta tangente a uma curva qualquer C pode sim in-
tersectar a própria curva em outro ponto. Veja a figura:

y
C

Figura 4.1

Consideremos a curva C como sendo o gráfico da função contí-


nua y = f ( x) , definida num intervalo I .

Seja x0 um ponto de I e P = (x0 , f ( x0 ) ) um ponto de C . A ques-


tão é: definir a reta tangente a C no ponto P .

156
Podemos definir uma reta conhecendo um ponto da reta e o seu
coeficiente angular. O ponto é P . O problema todo é definir o
coeficiente angular m da reta tangente.

Tomemos um ponto x1 = x0 + ∆x tal que x1 ∈ I , sendo ∆x chama-


do de incremento de x , que pode ser positivo ou negativo. Supo-
nhamos aqui ∆x positivo. Observe a figura:

Q
f (xo + ∆x)

∆y
P α
f (xo)

xo x1 x

∆x

Figura 4.2

O incremento de y ou incremento da função é


∆y = f ( x1 ) - f ( x0 ) = f ( x0 + ∆x) - f ( x0 ) .

Como se percebe, este último representa a variação sofri-


da pela função devido à variação ∆x sofrida por x . Seja
Q = (x1 , f ( x1 ) ) = (x0 + ∆x, f ( x0 + ∆x) ) . A reta secante à curva C , que
passa por P e por Q tem coeficiente angular

f ( x0 + ∆x) - f ( x0 ) ∆y
mPQ = tg = = .
∆x ∆x

157
Imagine agora o ponto Q deslizando sobre a curva C , em direção
ao ponto P . Observe a figura 4.3. As retas secantes, à medida que
Q se aproxima de P , tendem a uma posição limite, que é a reta
t da figura.

C
y

Secantes

Q
Posições de Q ao
se aproximar de P
t

f (xo) P

xo x3 x2 x1 x

Figura 4.3

Para cada posição de Q , o coeficiente angular mPQ da secante é


∆y
dado pela razão .
∆x
Se esta razão tender a um número real m , à medida que ∆x ten-
der a zero, então definimos a reta tangente a C no ponto P como
sendo a reta cujo coeficiente angular é dado pelo seguinte limite:

∆y f ( x0 + ∆x) - f ( x0 )
m = lim = lim .
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x

Definição 26. A reta tangente à curva C no ponto P (x0 , f ( x0 ) ) é


a reta que passa por P e tem coeficiente angular igual ao

∆y f ( x0 + ∆x) - f ( x0 )
lim = lim , se este limite existir e for finito. Se
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x

158
∆y ∆y
os limites laterais lim- e lim+ forem infinitos (não importa
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x

o sinal), então a reta tangente a C em P será a reta vertical x = x0 .


∆y
Ocorrendo qualquer outra situação em relação ao lim , dizemos
∆x →0 ∆x

que o gráfico de f não admite reta tangente neste ponto.

Na figura anterior, a reta tangente a C em P é a reta t .

Exercícios Resolvidos
1) Determine a equação da reta tangente ao gráfico da função
y = x 2 - 4 no ponto (2, 0 ) .

Resolução. Temos x0 = 2 ; P = (2, 0 ) . Examinemos o

∆y f ( x0 + ∆x) - f ( x0 )
lim = lim :
∆x →0 ∆x ∆x → 0 ∆x

f (2 + ∆x) - f (2) (2 + ∆x ) - 4 - 0 4∆x + (∆x ) ∆x (4 + ∆x )


2 2

= = = = 4 + ∆x
∆x ∆x ∆x ∆x

(pois ∆x ≠ 0 ).

∆y
Logo, lim = lim (4 + ∆x ) = 4 .
∆x →0 ∆x ∆x →0

2
x

-4 reta
tangente

Figura 4.4

159
A reta tangente em questão é aquela que passa por (2, 0 ) e tem
coeficiente angular 4.

Sua equação é y - 0 = 4 (x - 2 ), ou seja, y = 4 x - 8 .

2) Determine a equação da reta tangente ao gráfico de y=3 x


no ponto (0, 0 ) .

Resolução. Temos: P = (0, 0 ) ; x0 = 0 ; f ( x) = 3 x .

∆x ⋅ 3 (∆x )
3 2
∆y f (0 + ∆x) - f (0) 3 ∆x ∆x 1
= = = = =
∆x ∆x ∆x ∆x ⋅ 3 (∆x )
2
∆x ⋅ 3 (∆x )
2
3
(∆x )
2

∆y
Note que lim não é um número real.
∆x →0 ∆x

Vamos analisar os limites laterais:

∆y 1
lim- = lim = +∞
∆x →0 ∆x ∆x →0- 3
(∆x )
2 ;

∆y 1
lim+ = lim = +∞
∆x ∆x →0+ ;
(∆x )
∆x →0 2
3

Conforme a definição 26, a reta tangente procurada é x = 0 , ou


seja, o eixo Y .

y
3
y = √x

Figura 4.5

Observação. Neste exemplo a reta tangente “corta” o gráfico exa-


tamente no ponto de tangência.

160
3) Verifique se o gráfico da função y = x admite reta tangente
no ponto (0, 0 ) .

Resolução. Seja f ( x) = x e x0 = 0 . Então

∆y f (0 + ∆x) - f (0) ∆x -1 se ∆x < 0


= = =
∆x ∆x ∆x 1 se ∆x > 0
∆y ∆y
Logo, lim- = -1 , enquanto lim+ =1.
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x

Conforme a definição 26, o gráfico da função y = x não admite


reta tangente no ponto (0, 0 ) .

y = |x|

x
Figura 4.6

 x2
 se x ≤ 2
4) Verifique se o gráfico da função f ( x) =  2 2
admite reta tangente no ponto (2, 2 ) . - x + 4 se x > 2
 2

Resolução. A função está definida através de duas sentenças, uma


para os pontos que estão à esquerda e outra para os pontos que
estão à direita de 2. Por isto, temos que calcular os limites laterais:
∆y ∆y
lim- e lim+ .
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x

Para ∆x < 0 , temos 2 + ∆x < 2 e então

(2 + ∆x )
2

-2
∆y f (2 + ∆x) - f (2) 2 4 + ∆x
= = = .
∆x ∆x ∆x 2

∆y 4 + ∆x
Logo, lim- = lim- = 2.
∆x →0 ∆x ∆x →0 2

161
Para ∆x > 0 , temos 2 + ∆x > 0 e então

(2 + ∆x )
2

- +4-2
∆y f (2 + ∆x) - f (2) 2 -4 - ∆x
= = = .
∆x ∆x ∆x 2

∆y -4 - ∆x
Logo, lim+ = lim+ = -2 .
∆x →0 ∆x ∆x → 0 2
Concluímos que o gráfico desta função não admite reta tangente
no ponto (2, 2 ) .

f (x)
2

2 x

Figura 4.7

Observação. A figura mostra que no ponto (2, 2 ) , em que o grá-


fico não admite reta tangente, a curva perde a “suavidade”. Isto
acontece de modo geral com o gráfico de uma função contínua
nos pontos em que a reta tangente não está definida.

Exercícios Propostos
1) a) Verifique se o gráfico de f admite reta tangente no ponto
P . Em caso afirmativo, escreva a sua equação.

b) Faça um gráfico de f , destacando a reta tangente, caso exista.

1.1) f ( x) = x - 3; P = (4, -1)

 x se x ≤ 0
1.2) f ( x) =  ; P = (0, 0 )
 x se x > 0

1.3) f ( x) = x
2
3
; P = (0, 0 )

162
4.1.2 Velocidade Instantânea
Consideraremos uma partícula em movimento retilíneo, partindo de
algum ponto num certo instante. A distância s , percorrida pela par-
tícula em t unidades de tempo, é uma função s = f (t ); t ≥ 0 .

A velocidade média da partícula no intervalo de tempo [t1 , t2 ] é de-


f (t2 ) - f (t1 )
finida como vm = .
t2 - t1
Mas esta não revela a velocidade da partícula especificamente
num instante t0 entre t1 e t2 .

Para termos acesso a esta informação, precisamos antes definir


velocidade instantânea da partícula em t0 . A velocidade média no
intervalo de tempo [t0 , t0 + ∆t ] se ∆t > 0 ou [t0 + ∆t , t0 ] se ∆t < 0 é
f (t0 + ∆t ) - f (t0 )
dada por vm = .
∆t
É bastante razoável supor que, tomando ∆t cada vez menor, as
velocidades médias se aproximarão cada vez mais da velocidade
da partícula exatamente no instante t0 .

Definição 27. Seja f (t ) a função que representa a distância per-


corrida por uma partícula em t unidades de tempo, deslocando-
se em linha reta. A velocidade instantânea da partícula no ins-

tante t0 é definida como , se este limite


existir e for finito.
Compare este limite com
aquele da definição 26.

Exercício Resolvido
5) Um projétil é atirado verticalmente para cima, de uma altura
de 1 metro acima do solo, com velocidade inicial de 50m/s. Se o
sentido positivo é para cima e se o tempo é contado a partir do
lançamento do projétil, então a função que descreve o movimento
é s = f (t ) = -5t 2 + 50t + 1 . (Consideramos g = 10 m/s 2 ).

Determine:

a) A velocidade média do projétil nos 3 primeiros segundos.

b) A velocidade exatamente após 2 segundos.

163
c) A velocidade exatamente após 3 segundos.

d) A velocidade exatamente após 8 segundos.

e) Qual a altura máxima atingida pelo projétil?

Resolução.

a) A velocidade média no intervalo [0,3] é dada por:


f (3) - f (0) f (3) - 1
vm = = = 35 m/s .
3-0 3
Para resolver os demais itens calcularemos a velocidade instantâ-
nea num instante genérico t0 :

f (t0 + ∆t ) - f (t0 )
vi = lim . Mas
∆t →0 ∆t

=
( 2
)
f (t0 + ∆t ) - f (t0 ) -5 (t0 + ∆t ) + 50 (t0 + ∆t ) + 1 - -5t0 + 50t0 + 1 ∆t (-10t0 + 50 - 5∆t )
2

= =
∆t ∆t ∆t

= -10t0 + 50 - 5∆t .

Logo, vi = lim (-10t0 + 50 - 5∆t ) = 50 - 10t0 .


∆t →0

b) Para t0 = 2 , temos vi = 50 - 20 = 30 .

Resposta. Após 2 segundos o projétil sobe a uma velocidade de


30 m/s.

c) Para t0 = 3 , temos vi = 50 - 30 = 20 .

Resposta. Após 3 segundos o projétil sobe a uma velocidade de


20 m/s.

d) Para t0 = 8 , temos vi = 50 - 80 = -30 .

Resposta. Após 8 segundos o projétil cai a uma velocidade de


30 m/s.

e) O projétil alcança altura máxima quando vi = 0 , ou seja, quando


50 - 10t0 = 0 , isto é, t0 = 5 . O espaço percorrido após 5 segun-
dos é f (5) = 126 .

Resposta. O projétil alcança a altura de 126 metros.

164
4.1.3 Definição de Derivada
Os limites que constam nas definições 26 e 27 têm a mesma for-
ma. Este tipo de limite aparece em muitas outras situações, por
isso merece uma denominação específica.

Definição 28. Seja f uma função definida num intervalo aberto


f ( x0 + ∆x) - f ( x0 )
I e seja x0 um ponto de I . Se o lim existe e
∆x →0 ∆x
é finito, dizemos que f é derivável em x0 e ao valor deste limite
chamamos de derivada de f em x0 .
Existem ainda notações
como Df ( x0 ) e f x ( x0 ). Notação. Neste texto a derivada de f em x0 será representada
dy
por f ′( x0 ) ou em algumas situações por ( x0 ) , sendo y a variá-
dx
vel dependente.

Observações Importantes:

1) Com base na definição 26, podemos concluir que se f é de-


rivável em x0 , então o gráfico de f possui uma reta tan-
gente não vertical no ponto (x0 , f ( x0 ) ) e f ′( x0 ) é o valor do
coeficiente angular desta reta tangente.

2) A velocidade instantânea no tempo t0 de um corpo cujo


movimento é descrito pela função s = f (t ) é vi = f ′(t0 ) .

f ( x0 + ∆x) - f ( x0 )
3) A fração é chamada de razão incremental
∆x
ou quociente de Newton de f em x0 . Por meio da mudança
f ( x0 + ∆x) - f ( x0 )
de variável x = x0 + ∆x , o limite: lim pode
∆x →0 ∆x
f ( x) - f ( x0 )
ser escrito como lim que é uma forma útil para
x → x0 x - x0
algumas demonstrações.

Exercícios Resolvidos
6) Calcule a derivada da função f ( x) = 3 x :

a) no ponto 4;

b) num ponto x > 0 .

165
f (4 + ∆x) - f (4) 3 4 + ∆x - 6
Resolução. a) f ′(4) = lim = lim
∆x →0 ∆x ∆x → 0 ∆x

que conduz à indeterminação 0 .


0

Mas 3 4 + ∆x - 6
=
(
3 4 + ∆x - 6 3 4 + ∆x + 6

)(
=
9∆x
=
) 9
∆x ∆x 3 4 + ∆x + 6 ∆x 3 4 + ∆x + 6 (
3 4 + ∆x + 6 )
9 3
Logo, f ′(4) = ∆lim = .
x →0 3 4 + ∆x + 6 4

f ( x + ∆x) - f ( x) 3 x + ∆x - 3 x
b) f ′( x) = lim = lim .
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
3
Procedendo analogamente encontra-se f ′( x) = .
2 x

7) Dê a equação da reta tangente ao gráfico de f ( x) =


2
x
no pon-
to de abcissa -1.

Resolução. O ponto de tangência é P (-1, -2 ) . O coeficiente an-

gular da reta tangente ao gráfico de f em P é

2
+2
f (-1 + ∆x) - f (-1) -1 + ∆x 2

f (-1) = lim = lim = lim = -2
∆x →0 ∆x ∆x → 0 ∆x ∆x → 0 -1 + ∆x

Resposta. A equação pedida é y = -2 x + 4 .

8) Um corpo move-se em linha reta de acordo com a equação


s (t ) = t 2 - 2t , sendo o tempo t medido em segundos e o espaço
percorrido s em metros.

a) Qual a velocidade média do corpo no intervalo 8 ≤ t ≤ 12 ?

b) Qual a velocidade do corpo exatamente após 9 segundos de


movimento?

166
Resolução.

s (12) - s (8)
a) vm = = 18 m/s .
12 - 8

s (9 + ∆t ) - s (9)
b) vi = s′(9) = lim = 16 m/s .
∆t →0 ∆t

Exercício Proposto
2) Seja f ( x) = x - 5x + 1. Calcule:
3

a) f ′(1) ;

b) f ′( x) , sendo x um ponto qualquer.

Função Derivada. Seja f uma função. Ao associarmos a cada


ponto x em que f é derivável o valor f ′( x) , obteremos uma
nova função f ′ (ou y′ ), chamada de função derivada de f ou fun-
ção derivada primeira de f .

Exemplo. Se f : [2, +∞ ] →  ; f ( x) = 2 x - 4 , então f ′ : (2, +∞ ) → ;


1
f ′( x) = é a função derivada de f . (Confirme este valor
2x - 4
de f ′( x) ).

4.2 Derivadas Laterais


Definição 29. Seja f uma função definida no intervalo aberto I
e seja a ∈ I .

f (a + ∆x) - f (a )
a) Se lim- existe e é finito, dizemos que f
∆x →0 ∆x
possui derivada à esquerda em a , representada por f -′ (a ) .

f (a + ∆x) - f (a )
b) Se lim+ existe e é finito, dizemos que f
∆x →0 ∆x
possui derivada à direita em a , representada por f +′ (a ) .

Segue das definições 28 e 29 e do teorema 16 que, f é derivá-


vel em a se e somente se as derivadas laterais de f em a são
iguais, ou seja, f -′ (a ) = f +′ (a ) .

167
Exercícios Resolvidos
9) Seja f ( x) = -x x +se6 xse≤ 2x > 2 .Verifique se f
2
é derivável no pon-

to 2. Caso seja, calcule f ′(2) .

Resolução. Observe inicialmente que f é contínua em 2. Para


verificar se f é derivável no ponto 2 é necessário calcular as deri-
vadas laterais de f neste ponto, pois a expressão que define f à
esquerda não é a mesma que define f à direita de 2.

f (2 + ∆x) - f (2) (2 + ∆x) 2 - 4


f -′ (2) = lim- = lim- = 4.
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
Esclarecimento. Se ∆x → 0- então ∆x é negativo e por-
tanto 2 + ∆x < 2 . Como f ( x) = x 2 se x < 2 , segue que
f (2 + ∆x) = (2 + ∆x ) .
2

f (2 + ∆x) - f (2) -(2 + ∆x) + 6 - 4


f +′ (2) = lim+ = lim+ = -1 .
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
Como f -′ (2) ≠ f +′ (2) concluímos que f não é derivável em 2.

4
f (x)

2 x
Figura 4.8

 x2
1 + se x < 1
 2
10) Seja g ( x) = 
 - (x - 2 )
2 . Verifique se g é
 + 2 se x ≥ 1
2
derivável no ponto 1. Caso seja, calcule g ′(1) .

Resolução. Note que g é contínua em 1. Vamos verificar se é


derivável em 1. Mais uma vez há necessidade de calcularmos as
derivadas laterais:

168
(1 + ∆x )
2
3
1+ -
g (1 + ∆x) - g (1) 2 2 = 1.
g -′ (1) = lim- = lim-
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x

- (1 + ∆x - 2 )
2
3
+2-
g (1 + ∆x ) - g (1) 2 2 =1.
g +′ (1) = lim+ = lim+
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x

Sendo g -′ (1) = g +′ (1), concluímos que g é derivável em 1 e que


g ′(1) = 1 .
y

2 g(x)
3/2
1

1 2 x
Figura 4.9

Observação. Compare os gráficos das funções f e g . No gráfico


 3
de g observamos uma “emenda suave” no ponto 1,  , o que
 2
não acontece no gráfico de f em 2, 4 . ( )

Exercício Proposto
3) Verifique se a função é derivável no ponto indicado.
2 x 2 + x se x ≤ 3
a) f ( x) =  2 ; ponto 3.
 x + 7 x - 9 se x > 3

4 x - 9 se x ≤ 2
b) h( x) =  2
; ponto 2.
-2 x + 7 se x > 2

Derivabilidade e Continuidade
Uma função pode ser contínua num ponto mas não derivável nes-
Você lembra de algum te ponto.
exemplo em que isto
ocorre?
E se ela for derivável num ponto, será necessariamente contínua?
O próximo teorema responderá esta questão.

169
Teorema 26. Se uma função é derivável num ponto, então ela é con-
tínua neste ponto.

Demonstração. Seja a um ponto do domínio de f . Lembremos


que f é contínua em a se lim f ( x) = f (a ) e que f é derivável
x→a
f ( x) - f (a)
em a se o lim existe e é finito.
x→a x-a
Para x ≠ a , podemos escrever
 f ( x) - f (a) 
f ( x) - f (a) =   ⋅ (x - a ) .
 x-a 

f ( x) - f (a)
Por hipótese, lim = f ′(a ) . Além disso, lim (x - a ) = 0 .
x→a x-a x→a

Logo,
 f ( x) - f (a)  
lim ( f ( x) - f (a ) ) = lim  ⋅ lim (x - a ) = f ′(a) ⋅ 0 = 0
x→a
 x→a x-a x→a

ou seja, lim f ( x) - lim f (a ) = 0 . Como lim f (a ) = f (a ) , mostra-


x→a x→a x→a

mos que lim f ( x) = f (a ) , o que prova que f é contínua em a .


x→a

4.3 Cálculo das Derivadas – Regras de Derivação


Para evitar um trabalho longo e rotineiro, deduzimos várias re-
gras que tornam mais simples e rápido o cálculo de derivadas.

Existem porém situações, como você verá mais à frente, em que


não se pode empregar as regras de derivação. Nestes casos, a de-
rivada deve ser calculada através da definição, como vinha sendo
feito até aqui.

Proposição 7. Se f é a função constante f ( x) = c , onde c é um


número real, então f ′( x) = 0 para todo x .

Demonstração. Seja x ∈  , por definição,

f ( x + ∆x) - f ( x) c-c
f ′( x) = lim = lim = lim 0 = 0 .
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x ∆x →0

Logo, f ′( x) = 0 .

170
Exemplo. Se f é a função constante f ( x) = -5 , então f ′ é a fun-
ção nula.

Observação. Para demonstrarmos a proposição seguinte utiliza-


remos a fórmula do binômio de Newton. Lembremos que o sím-
n
bolo   representa a combinação de n elementos na taxa k e é
k  n n!
calculado através da fórmula   = .
k
  k !(n - k )!

Proposição 8. Se n é um inteiro positivo e f ( x) = x n , então


f ′( x) = nx n -1 .

Demonstração. Seja x ∈  . Vamos escrever e simplificar o quo-


ciente de Newton:

f ( x + ∆x) - f ( x) (x + ∆x ) - x
nn

= =
∆x ∆x

n n n 
x n +   x n -1∆x +   x n - 2 (∆x ) +  +   x (∆x ) + (∆x ) - x
2 n -1 n n

= 1  2  n - 1 =
∆x

n (n - 1) n - 2
x (∆x ) +  + nx (∆x ) + (∆x )
2 n -1 n
nx n -1∆x +
= 2 =
∆x

 n (n - 1) n - 2 n -1 
x ∆x +  + nx (∆x ) + (∆x ) 
n-2
∆x  nx n -1 +
 2 =
=
∆x

n (n - 1)
x n - 2 ∆x +  + nx (∆x ) + (∆x ) .
n-2 n -1
= nx n -1 +
2

f ( x + ∆x) - f ( x)
Agora percebe-se que lim = nx n -1 , ou seja,
∆x →0 ∆x
f ′( x) = nx n -1 . Portanto, se f ( x) = x n , então a função derivada de
f é f ′( x) = nx n -1 .

Observação. Será mostrado mais adiante que se f ( x) = x r , sendo


r um número racional, então também f ′( x) = rx r -1 . Vamos desde
agora utilizar este resultado.

171
Exemplos.

• Se f ( x) = x , então f ′( x) = 1x 0 = 1 .

• Se f ( x) = x 2 , então f ′( x) = 2 x .

• Se f ( x) = x 4 , então f ′( x) = 4 x3 .

1 -1
• Se f ( x) = = x -1 , então f ′( x) = -1x -2 = 2 .
x x
1 1 -1 1
• Se f ( x) = x = x 2 , então f ′( x) = x 2 = .
2 2 x
1 2
x 1- 2 -1 2
• Se f ( x) = = x 3
= x 3
, então f ′( x) = x 3 = .
3
x 3 3 x
3

Exercício Proposto
4) Encontre a derivada das funções:
1
a) y = b) y = 3 x c) y = x 2 x
x2

Proposição 9. Se k é uma constante e f é derivável em x , então


a função g ( x) = k f ( x) é derivável em x e g ′( x) = k ⋅ f ′( x) .

f ( x + ∆x) - f ( x)
Demonstração. Por hipótese, lim = f ′( x) . Como
∆x →0 ∆x

g ( x + ∆x) - g ( x) k f ( x + ∆x) - k f ( x)  f ( x + ∆x) - f ( x) 


= =k 
∆x ∆x  ∆x
aplicando o limite e usando a hipótese, segue:

g ( x + ∆x) - g ( x)  f ( x + ∆x) - f ( x)  f ( x + ∆x) - f ( x)


lim = lim k   = k lim = k f ′( x)
∆x →0 ∆x ∆x →0
 ∆x  ∆x →0 ∆x

Logo, g é derivável e g ′( x) = k f ′( x) .

2 6 2
Exemplo. Se f ( x) = x , então f ′( x) = ⋅ 6 x5 = 4 x 5 .
3 3

172
Proposição 10. Se u e v são funções deriváveis em x , então a
função g = u + v é derivável em x e g ′( x) = u ′( x) + v′( x).
Esta regra pode ser escrita
abreviadamente como
(u + v )′ = u′ + v′ Demonstração. Por hipótese, lim
u ( x + ∆x) - u ( x)
= u ′( x) e
∆x →0 ∆x
v( x + ∆x) - v( x)
lim = v′( x) . Observe que
∆x →0 ∆x

g ( x + ∆x) - g ( x) u ( x + ∆x) + v( x + ∆x) - [u ( x) + v( x) ] [u ( x + ∆x) - u ( x) ]+ [v( x + ∆x) - v( x) ]


= = =
∆x ∆x ∆x

u ( x + ∆x) - u ( x) v( x + ∆x) - v( x)
= + .
∆x ∆x

Aplicando o limite ao quociente de Newton de g e usando a hipó-


tese, temos:

g ( x + ∆x) - g ( x) u ( x + ∆x) - u ( x) v( x + ∆x) - v( x)


lim = lim + lim = u ′( x) + v′( x)
∆x →0 ∆x ∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x

ou seja, g ′( x) = u ′( x) + v′( x) .

Observações.

1) Se u , v, w são funções deriváveis, a propriedade associati-


va permite escrever u + v + w = (u + v ) + w . Aplicando duas
vezes a proposição 10, concluímos que a função u + v + w é
derivável e (u + v + w )′ = (u + v )′ + w′ = u ′ + v′ + w′ .

Desta forma, a proposição 10 pode ser estendida a uma


soma de n funções: se g = f1 + f 2 +  + f n e fi é derivável
para i = 1, , n , então g é derivável e g ′ = f1′ +  + f n′ .

2) Sejam u , v funções deriváveis. Então u - v = u + (-1)v e, apli-


cando as proposições 9 (com k = -1 ) e 10, concluímos que a
função u - v é derivável e (u - v )′ = u ′ - v′ .

Com estas regras já é possível derivar polinômios.

173
Exemplo. Se P ( x) = 5 x 4 - 8 x 3 + 2 x 2 - 7 x + 8 então
P′( x) = 5 ⋅ 4 x3 - 8 ⋅ 3 x 2 + 2 ⋅ 2 x - 7 ⋅1 + 0 , ou seja,
P′( x) = 20 x3 - 24 x 2 + 4 x - 7 .

Proposição 11. Regra do Produto: Se u e v são funções de-


riváveis em x e se g = uv , então g é derivável em x e
g ′( x) = u ( x) .v′( x) + u′( x) . v( x).
Abreviadamente, escreve-
u ( x + ∆x) - u ( x) se: (uv )′ = uv′ + u ′v .
Demonstração. Por hipótese, lim = u ′( x) e
∆x →0 ∆x
v( x + ∆x) - v( x)
lim = v′( x) .
∆x →0 ∆x
Observe que

g ( x + ∆x) - g ( x) u ( x + ∆x) ⋅ v( x + ∆x) - u ( x)v( x)


= =
∆x ∆x

u ( x + ∆x) ⋅ v( x + ∆x) - u ( x + ∆x) ⋅ v( x) + u ( x + ∆x) ⋅ v( x) - u ( x) ⋅ v( x)


= =
∆x

(foi adicionada e subtraída a expressão u ( x + ∆x) ⋅ v( x) )

u ( x + ∆x) [v( x + ∆x) - v( x) ] v( x) [u ( x + ∆x) - u ( x) ]


= - =
∆x ∆x

v( x + ∆x) - v( x) u ( x + ∆x) - u ( x) .
= u ( x + ∆x) ⋅ + v( x) ⋅
∆x ∆x

Aplicando o limite, temos:

g ( x + ∆x) - g ( x) v( x + ∆x) - v( x) u ( x + ∆x) - u ( x)


lim = lim u ( x + ∆x) ⋅ lim + v( x) ⋅ lim
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x

Por hipótese, u é derivável em x . Pelo teorema 26, u é contínua em


x . Assim, lim u ( x + ∆x) = u ( x) . Utilizando a hipótese que u e v são
∆x →0
g ( x + ∆x) - g ( x)
deriváveis, segue: lim = u ( x) ⋅ v′( x) + v( x) ⋅ u ′( x) ,
∆x →0 ∆x
ou seja, g é derivável e g ′( x) = u ( x) ⋅ v′( x) + u ′( x) ⋅ v( x) .

Exemplo. Se f ( x) = ( x 4 + 2 x) ( x 3 - 3 x 2 ) . Então
f ′( x) = ( x 4 + 2 x) (3 x 2 - 6 x) + (4 x3 + 2) ( x3 - 3 x 2 ) = 7 x 6 - 18 x 5 + 8 x 3 - 18 x 2 .

174
Exercício Proposto
5) Seja f ( x) = (2 x - 4 x ) (3x + x ) . Calcule f ′( x) e depois f ′(1) .
3 2 5 2

Proposição 12. Regra do Quociente: Se u e v são funções derivá-


u
veis em x e se v( x) ≠ 0 , então a função g = é derivável em x e
v
v( x) . u ′( x) − u ( x) . v′( x) .
g ′( x) =
[v( x)]
2

Abreviadamente, escreve-
 u ′ vu ′ − uv′ . u ( x + ∆x) - u ( x)
Demonstração. Por hipótese, lim = u ′( x)
se:  = ∆x →0 ∆x
v v2
v( x + ∆x) - v( x)
lim = v′( x) e v( x) ≠ 0 . Então,
∆x →0 ∆x
u ( x + ∆x) u ( x)
-
g ( x + ∆x) - g ( x) v( x + ∆x) v( x) u ( x + ∆x) ⋅ v( x) - u ( x) ⋅ v( x + ∆x)
= = =
∆x ∆x v( x + ∆x) ⋅ v( x) ⋅ ∆x

u ( x + ∆x) ⋅ v( x) - u ( x) ⋅ v( x) + u ( x) ⋅ v( x) - u ( x) ⋅ v( x + ∆x)
= =
v( x + ∆x) ⋅ v( x) ⋅ ∆x

(Foi somada e subtraída a expressão u ( x) ⋅ v( x) )

u ( x + ∆x) - u ( x) v( x + ∆x) - v( x)
= v( x) ⋅ - u ( x) ⋅ =
v( x + ∆x) ⋅ v( x) ⋅ ∆x v( x + ∆x) ⋅ v( x) ⋅ ∆x

1  u ( x + ∆x) - u ( x) v( x + ∆x) - v( x) 
=  v( x) ⋅ - u ( x) ⋅ 
v( x + ∆x) ⋅ v( x)  ∆x ∆x

A função v é derivável em x , por hipótese. Pelo teorema 26, v é


contínua em x . Logo, lim v( x + ∆x) = v( x) . Usando este fato e as
∆x →0
hipóteses, temos:

g ( x + ∆x) - g ( x)  1   u ( x + ∆x) - u ( x) v( x + ∆x) - v( x) 


lim =  lim  ⋅ v( x) ⋅ lim - u ( x) ⋅ lim  =
∆x →0 ∆x  ∆x →0 v( x + ∆x) ⋅ v( x)   ∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x

1 v( x) ⋅ u′( x) - u ( x) ⋅ v′( x)
= ⋅ [v( x) ⋅ u′( x) - u ( x) ⋅ v′( x) ] =
[v( x)] [v( x)]
2 2

v( x)u ′( x) - u ( x)v′( x)
Portanto, g ′( x) = .
[v( x)]
2

175
x5 - 6
Exemplo. Seja f ( x) = . Então
x4 + 1

f ′( x) =
(x 4
) (
+ 1 5 x 4 - x5 - 6 4 x3) =
x8 + 5 x 4 + 24 x3
.
( ) ( )
2 2
x4 + 1 x4 + 1

Exercícios Propostos
3

6) Calcule g ′( x) , sendo g ( x) = x 2-x 4+x 4+ 1 .2

7) Calcule f ′(t ) , sendo f (t ) =


t -1
t +1
.

2
- a2
8) Seja h (R ) = RR 2
+a 2 , sendo
a
a uma constante. Calcule h′   .
2

Observação. Na proposição 8, demonstramos que se n é inteiro


positivo e se f ( x) = x n , então f ′( x) = nx n -1 . Com auxílio da regra
do quociente, podemos provar esta fórmula para o caso em que o
expoente é um inteiro negativo, ou seja, se f ( x) = x - n , com n ∈  ,
1
então f ′( x) = - nx - n -1 . Com efeito, se f ( x) = x - n = n , então confor-
x
me as proposições 8 e 12,

x n ⋅ 0 - 1 ⋅ nx n -1 -nx n -1
f ′( x) = 2n
= 2 n = - nx n -1- 2 n = - nx - n -1 .
x x
Ainda falta provar esta regra para o caso em que o expoente é
racional, o que será feito em breve.

4.3.1 Derivada da Função Composta – A Regra da Cadeia


Para derivar uma função como y = (3 x 2 + 2 ) , será que é preciso
6

desenvolver o binômio?

Com auxílio da regra da cadeia, que será estabelecida no próximo


teorema, não é necessário perder tanto tempo. Note que y = g  f ,
sendo g ( x) = x 6 e f ( x) = 3 x 2 + 2 .

O fato de fornecer uma fórmula que permite derivar qualquer


função composta, com auxílio de outras regras de derivação, faz
com que este seja um dos teoremas mais importantes do Cálculo.

176
Para demonstrá-lo, precisamos de um lema:

Lema. Seja ( xn ) uma seqüência e  1 ,  2 subconjuntos de  tais


que  1   2 = ∅ e  1   2 =  . Se ( xnk ) nk ∈1 e ( xtk )tk ∈ 2 são subse-
qüências de ( xn ) que convergem ambas para L , então ( xn ) con-
verge para L .

Demonstração. Seja  > 0 . Existe ni ∈  1 tal que | xnk - L |< 


para todo nk ≥ ni . Existe também ti ∈  2 tal que | xtk - L |< 
para todo tk ≥ ti .

Seja n0 = máx {ni , ti }. Se n ≥ n0 , então ou n ∈  1 e n ≥ ni ou


n ∈  2 e n ≥ ti . Em ambos os casos, | xn - L |<  .

Portanto, para todo n ≥ n0 , teremos | xn - L |<  , o que prova que


lim xn = L .

Teorema 27. Regra da Cadeia: Sejam I e J intervalos abertos,


a ∈ I , f : I →  e g : J →  funções tais que f (I ) ⊂ J . Suponha-
mos que f é derivável em a e que g é derivável em f (a ) . Então a com-
posta g  f : I →  é derivável em a e (g  f )′ (a ) = g ′ [ f (a ) ]⋅ f ′(a ) .

Demonstração. Devemos mostrar que

g  f ( x) - g  f (a )
lim = g ′ [ f (a ) ]⋅ f ′(a ) .
x→a x-a
Vamos fazê-lo usando seqüências.

Seja (xn ) uma seqüência contida em I - {a} e tal que lim xn = a


Precisamos provar que

g  f ( xn ) - g  f (a )
lim = g ′ [ f (a ) ]⋅ f ′(a )
xn - a

Por hipótese, f é derivável em a . Logo, é contínua em a (Teo-


rema 26), isto é, lim f ( x) = f (a ) , o que por sua vez implica em
x→a
lim f ( xn ) = f (a ).

Representando f ( xn ) por yn e f (a ) por b , esta hipótese pode


ser escrita como

lim yn = b (1)

177
Mesmo sendo xn ≠ a , podemos ter f ( xn ) = f (a ) , isto é, yn = b
para alguns valores de n . Devemos distinguir os índices n para os
quais yn = b daqueles para os quais yn ≠ b .

Sejam:  1 = {n ∈  / yn ≠ b} e  2 = {n ∈  / yn = b}. Então

 =  1   2 e  1   2 = ∅ . Se n ∈  1 , é possível escrever

g  f (xn ) - g  f (a ) g  f (xn ) - g[ f (a )] g ( yn ) - g (b) yn - b


= = ⋅
xn - a xn - a yn - b xn - a

o que não é correto se n ∈  2 .

Observe que pelo menos um dos conjuntos  1 ou  2 é infinito.

Examinemos as três possibilidades:

1)  1 é infinito e  2 é finito.

Seja  1 = {n1 , n2 ,}= {nk ; k ∈ }. Por ser  2 finito,

g  f ( xn ) - g  f (a ) g  f ( xnk ) - g  f (a )
lim = lim , nk ∈  1 (2)
xn - a xnk - a
Mas,
g  f ( xnk ) - g  f (a ) g ( ynk ) - g (b) ynk - b
lim = lim ⋅ lim (3)
xnk - a ynk - b xnk - a

Da hipótese de g ser derivável em b e de (1) segue que


g ( yn ) - g (b)
lim = g ′(b) . Mas então a subseqüência
yn - b
 g ( ynk ) - g (b) 
  também tem limite g ′(b) (4)
 y - b 
 nk 

Da hipótese de ser f derivável em a e da suposição inicial de que


lim xn = a , segue que
ynk - b f ( xnk ) - f (a )
lim = lim = f ′(a ) (5)
xnk - a xnk - a

De (2), (3), (4) e (5) segue que

g  f ( xn ) - g  f (a )
lim = g ′ [ f (a ) ]⋅ f ′(a ) .
xn - a

178
2)  1 e  2 são ambos infinitos.

Seja  2 = {t1 , t2 ,}= {tk ; k ∈ }. Lembre que

ytk = b , ou seja, f ( xtk ) = f (a ), ∀tk ∈  2 . Então

f ( xtk ) - f (a ) f (a) - f (a)


lim = lim =0.
xtk - a xtk - a
 f ( xn ) - f (a ) 
Sendo f derivável em a , a seqüência   converge
 xn - a 
para f ′(a ) . Segue que toda subseqüência converge para f ′(a ) , em
 f ( xtk ) - f (a ) 
particular  .
 x - a 
 t k 

Logo, se  2 é infinito, então f ′(a ) = 0 .

Por outro lado,


g  f ( xtk ) - g  f (a ) g  f (a) - g  f (a )
lim = lim =0.
xtk - a xtk - a

Como g ′(b) ⋅ f ′(a ) = g ′(b) ⋅ 0 = 0 , podemos afirmar que


g  f ( xtk ) - g  f (a )
lim = g ′(b) ⋅ f ′(a ) .
xtk - a
Para  1 , na análise da primeira possibilidade vimos que
g  f ( xnk ) - g  f (a )
lim = g ′(b) ⋅ f ′(a ) . Aplicando o lema à se-
xnk - a

 
qüência  g  f ( xn ) - g  f (a )  segue que, também neste caso,
 xn - a 

g  f ( xn ) - g  f (a )
lim = g ′ [ f (a ) ]⋅ f ′(a ) .
xn - a

3)  2 é infinito e  1 é finito.

g  f ( xn ) - g  f (a ) g  f ( xtk ) - g  f (a )
Então lim = lim =0
xn - a xtk - a

179
Logo, sendo f ′(a ) = 0 , tem-se também

g  f ( xn ) - g  f (a )
lim = g ′ [ f (a ) ]⋅ f ′(a ) .
xn - a
Portanto, concluímos que (g  f )′ (a ) = g ′ [ f (a ) ]⋅ f ′(a ) .

Observação. É comum escrever a regra da cadeia de maneira abre-


viada assim: Se f = g  u , então f ′ = g ′(u ) ⋅ u ′ .Para resolver certos
problemas, é interessante escrevê-la assim: Se y = (g  u )( x) , en-
dy dg du dy dy du
tão = ⋅ ou assim: = ⋅ , desde que as hipóteses
dx du dx dx du dx
do teorema estejam satisfeitas.

Exercícios Resolvidos
11) Se f ( x) = (3 x + 2 ) , calcule f ′( x) .
4

Resolução. Podemos escrever f ( x) = (g  u )( x) , sendo


u ( x) = 3 x + 2 e g (u ) = u 4 . Pelo teorema 27,
f ′( x) = g ′ [u ( x)] ⋅ u ′( x) .

Como g ′(u ) = 4u , temos que g ′ [u ( x)] = 4[u ( x)] 3 = 4 (3 x + 2)3 e


3

u ′( x) = 3 . Logo, f ′( x) = 4 (3 x + 2)3 ⋅ 3 = 12 (3 x + 2)3 .

12) Sendo y = ( x 1- 1) 6 4
, calcule y′ .

Resolução. Escrevendo y = ( x 6 - 1) -4 = [u ( x)]-4 e aplicando a re-


gra da cadeia, temos y′ = -4[u ( x)]-5 ⋅ u ′( x) = -4 ( x 6 - 1) -5 ⋅ 6 x5 , ou
-24 x5
seja, y′ = 6 .
( x - 1)5

13) Seja g (t ) = 3
t 2 + t + 1 . Calcule g ′(-1) .

Resolução. Apliquemos a regra da cadeia, agora de maneira mais


1
direta, à função g (t ) = (t 2 + t + 1) 3 para calcular g ′(t ) :

180
1
1 2 -1 2t + 1
g ′(t ) = (t + t + 1) 3 ⋅ (2t + 1) = .
3 3 3 (t 2 + t + 1) 2
-1 -1
Logo, g ′(-1) = = .
33 1 3

14) Seja ( ) (
2
)
3
f ( x) = x3 - 2 ⋅ x 2 + 1 . Calcule f ′( x) .

Resolução. A função f é um produto de duas funções, o que nos


obriga a usar a regra do produto: (uv )′ = uv′ + u ′v . Temos:

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) (x ) ( )( )
2 2 3 2 2 3
f ′( x) = x3 - 2 3 x 2 + 1 2 x + 2 x3 - 2 3 x 2 x 2 + 1 = 6 x x3 - 2 2
+ 1 + 6 x 2 x3 - 2 x 2 + 1

Exercícios Propostos
Calcule a derivada de cada uma das funções:

9) (
f ( x) = 8 x 2 - 3 )
5

10) g (t ) = 3
t 4 - 2t

11) (
f (r ) = r 2 + 1 ) (2r + 5)
3 2

12) f ( y) = (y )
3
2
-5

(y + 4)
2
2

4.3.2 Derivada da Função Inversa


Lembre-se que uma função f : A → B é inversível se e somente
se for bijetora. Neste caso, existe uma função g : B → A tal que
y = f ( x) ⇔ x = g ( y ) , sendo g a inversa de f .

Por exemplo, se f ( x) = 7 x + 1 , que é bijetora, escrevemos y = 7 x + 1


y -1 y -1
x= = g ( y ) . Portanto, g ( y ) = ou, se preferirmos a variá-
7 7
x -1
vel x , g ( x) = é a inversa de f .
7

181
O próximo teorema permite obter a derivada da inversa de uma
função inversível.

Teorema 28. Seja I um intervalo aberto e f : I → f (I ) uma função


inversível cuja inversa g : f (I ) → I é contínua. Se f é derivável em
I e f ′( x) ≠ 0 para todo x em I , então g é derivável em f (I ) e
1 1
g ′( y ) = = para todo y em f (I ) .
f ′( x) f ′ [g ( y ) ]

Demonstração. Seja b ∈ f (I ) . Existe a ∈ I tal que b = f (a ) . Pro-

1 g ( y ) - g (b) 1
varemos que g ′(b) = , isto é, que lim = .
f ′(a ) y →b y -b f ′(a )
Esta última expressão faz sentido porque f ′(a ) ≠ 0 , por hipótese.

Seja ( yn ) uma seqüência em f (I ) - {b} tal que lim yn = b . Basta

g ( yn ) - g (b) 1
provar que lim = .
yn - b f ′(a )
Sendo g injetora, g ( yn ) ≠ g (b) para todo n ∈  . Isto nos permite
escrever:
-1 -1
g ( yn ) - g (b)  yn - b   f (xn ) - f (a ) 
=  =  para todo n ∈  (1)
yn - b  g ( yn ) - g (b)   xn - a 

Por hipótese, g é contínua em b . Como lim yn = b , segue que


lim g ( yn ) = g (b) , isto é, lim xn = a . Ainda por hipótese, f ′(a )
existe e é diferente de zero. Logo,

-1 -1
 f (xn ) - f (a )   f (xn ) - f (a) 
 = [ f ′(a ) ]
-1
lim   = lim (2)
 xn - a   xn - a 

g ( yn ) - g (b) 1
De (1) e (2) segue que lim = . Concluímos que
yn - b f ′(a )
1
g ′( y ) = , ∀y ∈ f (I ).
f ′( x)

Observação. Representamos f -1 por g para simplificar a no-


tação. A fórmula dada pelo teorema poderia ser escrita como:
1 1
f -1 ′ ( y ) =
( ) =
f ′( x) f ′  f -1 ( y ) 

182
Em palavras: A derivada de f -1 no ponto y é o inverso da deriva-
da de f no ponto f -1 ( y ) .

Exercícios Resolvidos
15) Seja f ( x) = x 3 - 8 e g a inversa de f . Determine g ′( x) .

1 1
Resolução. Conforme o teorema 28, g ′( y ) = = 2 . Agora é
f ′( x) 3 x
preciso escrever x em função de y , pois lembre-se que x = g ( y ) .

Mas y = f ( x) = x 3 - 8 ⇔ x 3 = y + 8 ⇔ x = 3 y +8 .

1
Logo, g ′( y ) = .
( y + 8)
2
3 3

1
Resposta. g ′( x) = .
3 3 (x + 8 )
2

16) Seja f ( x) = 3 (x + 2 ) + 6 e g a inversa de


5
f . Determine g ′( x).

Temos f ′( x) = 15 (x + 2 ) . Pelo teorema 28,


4
Resolução.
1
g ′( y ) = . Vamos escrever esta expressão em função de
15 (x + 2 )
4

y-6 y-6
y : y = 3 (x + 2 ) + 6 ⇔ (x + 2 ) =
5 5
⇔ x+2= 5 .
3 3

4
1 1  3 
Logo, g ′( y ) = = 5  .
 y - 6 
4 15  y - 6 
15 5  
 3 

4
1 5 3 
Resposta. g ′( x) =   .
15  x - 6 

17) Seja f : [-3, 0] → [2,11]; f (t ) = t 2 + 2 . Determine g ′(t ) , sen-


-1
do g = f .

Resolução. Faça um gráfico de f e verifique que f é de fato


inversível.

183
1 1
Pelo teorema 28, g ′( y ) = = . Mas,
f ′(t ) 2t

y = t2 + 2 ⇔ t2 = y - 2 ⇔ t = ± y - 2 .

Precisamos decidir se t = + y - 2 ou se t = - y - 2 . Como

t ∈ [-3, 0], t é negativo (lembre também que a imagem de f -1 é


-1
o domínio de f ). Logo, t = - y - 2 e g ′( y ) = .
2 y-2
-1
Resposta. g ′(t ) = ; t ∈ [2,11] .
2 t -2

Observação. Seja f ( x) = x 5 + x + 1. Prova-se, usando resultados que


serão estudados posteriormente, que f é inversível. Mas, não é
possível explicitar x em função de y , pois teríamos que resolver a
equação do quinto grau: x5 + x + 1 = y. Apesar desta dificuldade, o
1 1
teorema 28 pode ser aplicado a f e a g = f -1: g ′( y ) = = 4 .
f ′( x) 5 x + 1
Sabendo que f (2) = 35 , calcule g ′(35) . Depois calcule g ′(1) .
1 1 1
Para x = 2 , temos y = 35 . Logo, g ′ (35 ) = = = .
f ′(2) 5 ⋅ 2 + 1 81
4

Para calcular g ′(1) é preciso saber para que valor de x se tem


f ( x) = 1 . Neste caso é fácil perceber que f (0) = 1 . Portanto,
1
g ′(1) = = 1.
f ′(0)

Exercícios Propostos
13) Seja f ( x) = 4 - 9 x e g = f -1 . Calcule g ′( x) .

14) Seja ′
( )
f ( x) = 3 2 x - 1 . Determine f -1 ( x) .

15) Seja f (t ) = 3t 7 + 2t - 6 e g = f -1 . Calcule g ′(-6) e g ′(-1) .

184
Exercício Resolvido
18) Já foi provado que se n ∈  e se f ( x) = x , então f ′( x) = nx
. n n -1

Com auxílio da regra da cadeia e do teorema da função inversa, pro-


ve que esta fórmula vale para qualquer expoente racional, ou seja, se
p p
p q -1
q
f ′
p e q são inteiros e q ≠ 0 e f ( x) = x , então ( )x = x .
q
1

Resolução. Repare que f = g  u , sendo u ( x) = x e g ( x) = x p . q

Pela regra da cadeia,

f ′( x) = g ′ [u ( x) ]⋅ u ′( x) (1)

Bem, g ′( x) = px p -1 e então.
p -1
 1 p 1
-
g ′ [u ( x) ] = p  x q  = px q q
(2)
 
 

Como vamos calcular u ′( x) se 1 não é inteiro?


q
1

Note que u ( x) = x é a inversa da função v( x) = x q . Va-


q

mos usar o teorema da função inversa. Para isto, escrevemos


1

y = v( x) = x q e x = u ( y ) = y q . Então, conforme o teorema 28,


1 1
u ′( y ) = = q -1 .
v′( x) qx

Para expressar x em função de y , utilizaremos a equivalência:


1
q q
y=x ⇔x= y .
1
-1
1 1 yq
Logo, u ′( y ) = q -1
= 1
= . Então,
 1q  1-
q
q
q y  qy
 
  1
-1
q
x
u ′( x) = (3)
q
Substituindo (2) e (3) em (1), temos:
1
p 1 -1 p 1 1 p
q
- x p - + -1 p -1
f ′( x) = px q q
⋅ = xq q q = xq .
q q q

185
4.3.3 Derivada da Função Exponencial
Seja a > 0, a ≠1 e f :  → (0, +∞ ); definida por
x
f ( x) = a . Seja x ∈  e consideremos o quociente incremental:

∆y f ( x + ∆x) - f ( x) a x +∆x - a x  a ∆x - 1 
= = = ax  .
∆x ∆x ∆x  ∆x 
∆y
Lembrando que f ′( x) = lim , desde que este limite seja finito,
∆x →0 ∆x
temos:

 a ∆x - 1  a ∆x - 1
lim a x   = a x
lim = a x ⋅ ln a , conforme o terceiro limi-
∆x →0
 ∆x  ∆x →0 ∆x
te fundamental.

Conclusão. Se f ( x) = a x , então f ′( x) = a x ln a , para todo x ∈  .

Se u é uma função de x e se g ( x) = a u , então, pela regra da ca-


deia, g ′( x) = a u ln a ⋅ u ′ .

Caso Particular: Se f ( x) = e x , então f ′( x) = e x ln e . Como ln e = 1 ,


segue que f ′( x) = e x .

Portanto, a função y = e x goza da importante propriedade de ser


igual à sua derivada. Prova-se que as únicas funções que gozam
desta propriedade são as do tipo y = ke x , com k ∈  .

Se y = eu , sendo u uma função de x , então y′ = eu u ′ .

Exercícios Resolvidos
19) Seja 2
f ( x) = 2 x . Calcule f ′( x) .

Resolução. Aplicando a fórmula para a derivada de y = a u, com a = 2


x2 2
e u = x 2, temos: f ′( x) = 2 ln 2 ⋅ 2 x, ou melhor, f ′( x) = 2 x ⋅ 2 x ⋅ ln 2
2
ou ainda f ′( x) = 2 x +1 ⋅ x ⋅ ln 2 .

1
20) Seja g ( x) = e x
. Calcule g ′( x) .

Resolução. Aplicando a fórmula para a derivada de y = eu , com


1
1 1
(-1) -e x
u = , temos: g ′( x) = e x ⋅ 2 ou g ′( x) = 2 .
x x x
186
21) Seja h( x) = x e x . Calcule h′(-1) .

Resolução. Aplicando a regra do produto à função


1 x

( )
h( x ) = x e x 2 = xe 2 , temos:

x x x
1  x
h′( x) = 1 ⋅ e 2 + xe 2 ⋅ = e 2 1 +  .
2  2
1
 1  1 - 12
- 1
Logo, h′(-1) = e 1 -  = e =
2 .
 2 2 2 e

Exercícios Propostos
16) Calcule f ′(2) , sendo f ( x) = e x
2
-2 x
+
1
e5 x
.

17) Calcule g ′( x) , sendo g ( x) =


51- x
3x
.

4.3.4 Derivada da Função Logarítmica


Seja a > 0, a ≠ 1 e g : (0, +∞ ) → ; definida por g ( y ) = log a y. Lembre
que g é a inversa da função f ( x) = a x, ou seja, y = a x ⇔ x = log a y.

Será que podemos deduzir a derivada de g através do teorema 28?

Sim, pois g é contínua em (0, +∞ ) e f ′( x) = a x ln a , que é diferen-


te de zero para todo x em  , pois a x é sempre positivo e ln a ≠ 0
por ser a ≠ 1 .

O teorema garante então, que g é derivável em (0, +∞ ) e

1 1 1
g ′( y ) = = x = .
f ′( x) a ln a y ln a

1
Se g ( x) = log a x , então g ′( x) = , ∀x > 0 .
x ln a
Se y = log a u , sendo u uma função de x , então

1 u′
y′ = ⋅ u′ =
u ln a u ln a
187
1 1
Caso Particular. Se f ( x) = ln x , então f ′( x) = = . Se u é
x ln e x
u′
uma função de x e y = ln u , então y′ = .
u

Exercícios Resolvidos
22) Calcule a derivada de y = log (x 3
4
)
-3 .

Resolução. Temos que aplicar a fórmula da derivada de y = log a u


com u = x 4 - 3 e a = 3 :

4 x3 4  x3 
y′ = =  4 .
( )
x 4 - 3 ln 3 ln 3  x - 3 

23) Sendo ( )
f ( x) = ln x 3 + e 4 x , calcule f ′( x) .

Resolução. Temos f ( x) = ln u , sendo u = x3 + e 4 x . Então

u ′ 3 x 2 + 4e 4 x
f ′( x) = = 3 4x .
u x +e

24) Sendo g ( x) = (ln x ) , calcule g ′(e) .


3

Resolução. Aqui devemos usar a regra da cadeia, escrevendo


g ( x) = u 3 , com u = ln x . Então
3 (ln e ) 3
2
1 3 (ln x )
2

g ′( x) = 3u u ′ = 3 (ln x )
2
2
= . Logo, g ′(e) = = .
x x e e

Exercícios Propostos
18) Calcule a derivada de y = log (x 2
6
-x .)

19) Calcule a derivada de y = ln (2 x 2


-5 . )

20) Seja u( x) = ln (3xx - 4) . Calcule u′(2) .


2

21) Calcule v′( x) , sendo v( x) = (1 + e 5x


- ln 3 x )
2

188
4.3.5 Derivada das Funções Trigonométricas

Derivada da Função Seno


Sejam f :  → [-1,1]; f ( x) = senx e x ∈  .

f ( x + ∆x) - f ( x)
Vamos examinar o quociente .  Bem,
∆x

sen (x + ∆x ) - senx senx ⋅ cos ∆x + sen ∆x ⋅ cos x - senx senx (cos∆x - 1) sen ∆x ⋅ cos x
= = + =
∆x ∆x ∆x ∆x

senx (cos ∆x - 1)(cos ∆x + 1) sen ∆x


= + cos x ⋅ =
∆x (cos ∆x + 1) ∆x

(multiplicamos e dividimos a primeira expressão por cos ∆x + 1 )

= senx ⋅
cos 2 ∆x - 1
+ cos x ⋅
sen ∆x
= senx ⋅
(
- sen 2 ∆x
+ cos x ⋅
)sen ∆x
=
∆x (cos ∆x + 1) ∆x ∆x (cos ∆x + 1) ∆x

( sen 2 ∆x = 1 - cos 2 ∆x )

sen ∆x sen ∆x sen ∆x


= - senx ⋅ ⋅ + cos x ⋅ .
∆x cos ∆x + 1 ∆x

Aplicando o limite, temos:

f ( x + ∆x) - f ( x)  sen ∆x sen ∆x  sen ∆x 0


lim = - senx ⋅ lim  ⋅  + cos x ⋅ lim = - senx ⋅1⋅ + cos x ⋅1 = cos x
∆x →0 ∆x ∆x →0
 ∆x cos ∆x + 1  ∆x →0 ∆x 2

Portanto, f é derivável em x e f ′( x) = cos x .

Observação. De modo geral, se u é função de x e y = sen u , então


y′ = cos u ⋅ u ′ .

Exercícios Resolvidos
25) Seja ( )
f ( x) = 5sen 2 x 2 . Calcule f ′( x) .

( )
Resolução. f ′( x) = 5cos 2 x 2 ⋅ 4 x = 20 x cos 2 x 2 . ( )
189
26) Seja g (t ) = sen 2t . Calcule g ′  3  .
3

 
Resolução. Escrevamos g (t ) = u 3 , sendo u = sen2t . Pela regra da
cadeia, g ′(t ) = 3u 2 ⋅ u ′ = 3 (sen 2t ) (cos 2t ⋅ 2 ) = 6 sen 2 2t ⋅ cos 2t .
2

2
 2 2  3   -1  9
Logo, g ′   = 6 sen 2 ⋅ cos = 6     = - .
3 3 3  2   2  4

Derivada da Função Cosseno


Sejam f :  → [-1,1]; f ( x) = cos x e x ∈  .

   
Então cos x = sen - x  e sen x = cos  - x  .
2  2 
Com efeito, aplicando a fórmula sen ( A + B ) = sen A cos B + sen B cos A
 
à expressão sen - x  , temos:
2 
   
sen - x  = sen ⋅ cos (- x ) + sen(- x )cos = 1 ⋅ cos x + (- senx )⋅ 0 = cos x
2  2 2

De maneira análoga, verifica-se a outra igualdade.

 
Seja f ( x) = cos x = sen - x  . Aplicando a fórmula da derivada
2 
do seno e a regra da cadeia, temos:

   
f ′( x) = cos  - x  (-1) = -cos  - x  = - senx .
2  2 
Portanto, f ′( x) = - senx .

Observação. De modo geral, se u é uma função de x e y = cos u ,


então y′ = - senu ⋅ u ′ .

Exercícios Resolvidos
27) Calcule f ′ ( ) , sendo f ( ) = cos 2 6 .

Resolução. Aplicando a regra da cadeia e a fórmula da derivada


do cosseno, temos:

f ′ ( ) = 2 cos 6 (- sen6 )6 = -12 cos 6 ⋅ sen6 .

190
28) Calcule 
f ′   , sendo f (t ) = ecos 2t - sen t cos 2t .
4
Resolução.

f ′(t ) = ecos 2t (- sen 2t )2 -  sent (- sen 2t )2 + cos t cos 2t  = -2sen 2t ⋅ ecos 2t + 2sent sen 2t - cos t cos 2t

Logo,

  cos 2    

f   = -2 sen ⋅ e + 2 sen sen - cos cos = 2 - 2 .
4 2 4 2 4 2

Exercícios Propostos
22) Calcule f ′( x) , sendo f ( x) = x 2
cos 3 x - 2 sen 3x .

23) Calcule g ′  6  , sendo g ( x) = sen x - cos 4 x .


2 3

 

Derivada da Função Tangente


  
Sejam f :  - k  + ; k ∈   → ; f ( x) = tg x e
 2 
  
x ∈  - k  + ; k ∈   .
 2 
sen x
Como f ( x) = , aplicamos a regra do quociente:
cos x

cos x cos x - senx (- senx ) cos 2 x + sen 2 x 1


f ′( x) = = 2
= = sec 2 x
cos 2 x cos x cos 2 x

Portanto, f ′( x) = sec x .
2

Observação. De modo geral, se y = tg u , então y′ = sec 2u ⋅ u ′ .

Exercício Resolvido
29) Seja  
f ( x) = tg  3 x +  . Calcule f ′( x) .
4

   
Resolução. f ′( x) = sec 2  3 x +  3 = 3 sec 2  3 x +  .
 4  4

191
Derivada da Função Cotangente
Sejam f :  - {k ; k ∈ }→ ; f ( x) = cotg x e x ∈  - {k ; k ∈ }.

cos x
Novamente aplicamos a regra do quociente a f ( x) = :
sen x

f ′( x) =
senx (- senx ) - cos x cos x
= =
2
( 2
- sen 2 x - cos 2 x - sen x + cos x
=
)
-1
= -cossec 2 x
sen 2 x sen x2 2
sen x 2
sen x
Portanto, f ′( x) = -cossec 2 x .

Observação. De modo geral, se y = cotg u , então y′ = -cossec 2u ⋅ u ′

Exercícios Resolvidos
30) Calcule a derivada de f ( x) = cotg x 3 .

( )
Resolução. f ′( x) = -cossec 2 x3 ⋅ 3 x 2 = -3 x 2 cossec 2 x 3 .

31) Sendo g ( x) = ln (cotg 2 x )- 3 tg 2 x


, calcule g ′( x) .

Resolução. Escrevamos g ( x) = ln u - 3v e lembremos que se


u′
y = ln u , então y′ = e se y = 3v , então y′ = 3v.ln 3.v′ . Logo,
u
2
-cossec 2 x ⋅ 2 tg 2 x
g ′( x) = - 3 ⋅ sec 2 (2 x )⋅ 2 ⋅ ln 3 ou melhor
cotg 2 x

-2
g ′( x) = - 2 ln 3 ⋅ 3tg 2 x ⋅ sec 2 2 x .
sen 2 x ⋅ cos 2 x

Exercícios Propostos
24) Calcule f ′( x) se f ( x) = tg 3 x + cotg 2 3x .

25) Calcule 


f ′   , sendo f ( x) = 2
4
cotg 3 x
+ ln (senx ).
 

192
Derivada da Função Secante
  
Sejam f :  - k  + ; k ∈   → (-∞, -1] [1, ∞ ) ; f ( x) = sec x e
 2 
  
x ∈  - k  + ; k ∈   .
 2 
1
A partir da relação sec x = , podemos escrever
cos x
f ( x) = (cos x )
-1
e derivar f usando a regra da cadeia. Então

senx senx 1
f ′( x) = -1(cos x ) ⋅ (- sen x ) =
-2
= ⋅ = tg x ⋅ sec x , ou
cos 2 x cos x cos x
seja, f ′( x) = tg x ⋅ sec x .

Observação. De modo geral, se y = sec u , então y′ = tg u ⋅ sec u ⋅ u ′ .

Exercício Resolvido
32) Seja f ( x) = sec x 4 . Calcule f ′( x) .

Resolução. f ′( x) = tg x 4 ⋅ sec x 4 ⋅ 4 x3 = 4 x3tg x 4 sec x 4 .

Derivada da Função Cossecante

Sejam f :  - {k ; k ∈ }→ (-∞, -1] [1, ∞ ) ; f ( x) = cos sec x e

x ∈  - {k ; k ∈ }.

1
= (senx ) , vamos aplicar novamente a re-
-1
Como cossec x =
senx
gra da cadeia para derivar f :

cos x cos x 1
f ′( x) = -1(senx ) ⋅ cos x = -
-2
2
=- ⋅ = -cotg x ⋅ cossec x
sen x senx senx
ou seja, f ′( x) = -cotg x ⋅ cossec x .

Observação. De modo geral, se y = cossec u , então

y′ = -cotg u ⋅ cossec u ⋅ u ′ .

193
Exercícios Resolvidos
33) Seja ( )
f ( x) = ln cossec x . Calcule f ′( x) .

Resolução. Escrevamos f ( x) = ln v , sendo v = cossec u e


u= x.

Logo,

v′ cotgu ⋅ cos sec u ⋅ u ′  1 - 12  cotg x


y′ = = -
v cos sec u
( 2
)
= -cotg x ⋅  x  = -
 2 x

-cotg x
Portanto, f ′( x) = .
2 x

34) Sendo g ( x) = sec 2 x - cos sec 2 x , obtenha g ′( x) .


1
Resolução. Temos g ( x) = u , sendo u ( x) = sec 2 x - cossec 2 x .
2

Conforme a regra da cadeia,

1 -1 u′ 2 sec x ⋅ tg x ⋅ sec x - (-cotg 2 x )(cossec 2 x )2 sec 2 x ⋅ tg x + cotg 2 x ⋅ cossec 2 x


g ′( x) = u 2 ⋅ u ′ = = =
2 2 u 2 sec 2 x - cossec 2 x sec 2 x - cossec 2 x

Exercícios Propostos
26) Calcule a derivada de cada uma das funções:
a) f ( x) = senx ⋅ ln (senx ) + ln (cos x )

b) g ( ) = tg  - 

x2 
c) y = ln (senx ) - x cotg x - +
2 6
d) f ( x) = (cossec 2 2 x + 1)
6

tg 3 
e) f () = tg  +
3

194
1 + cos x
27) Seja f ( x) =
1 - cos x
, calcule f ′   .

3

28) Seja  1 + tg x 
f ( x) = ln 

 , calcule f ′   .
 1 - tg x  6

4.3.6 Derivada das Funções Trigonométricas Inversas

Derivada da Função Arco-Seno

Seja f :  - ,  → [-1,1], y = f ( x) = senx . Esta função é inversí-


 
 2 2
  
vel e sua inversa é: g : [-1,1] →  - ,  , x = g ( y ) = arcsen y .
 2 2
Para encontrarmos a derivada de g , utilizaremos o teorema 28.
Teorema da derivada da
  
função inversa. Como g é contínua em (-1,1) , e f é derivável em  - ,  , com
 2 2
  
f ′( x) = cos x , que é diferente de zero para todo x em  - ,  ,
 2 2
1 1
o teo-rema 28 estabelece que g ′( y ) = = para todo
f ′( x) cos x
y ∈ (-1,1) .

Mas precisamos escrever g ′( y ) na variável y . Como y = sen x , se-


gue da relação fundamental sen 2 x + cos 2 x = 1 que cos 2 x = 1 - sen 2 x ,

isto é, cos x = ± 1 - sen 2 x = ± 1 - y 2 .

  
Sendo que x ∈  - ,  e que neste intervalo o cosseno é positi-
 2 2
1
vo, temos cos x = 1 - y 2 e desta forma g ′( y ) = .
1- y2
Podemos agora escrever a derivada de g na variável que desejar-
1
mos: se g ( x) = arcsen x , então g ′( x) = .
1 - x2

Observação. De modo geral, se y = arcsen u , sendo u uma função


u′
de x , então y′ = .
1- u2
6x
( )
Exemplo. Se f ( x) = arcsen 3 x 2 , então f ′( x) = .
1 - 9x4
195
Derivada da Função Arco-Cosseno
Seja f :[0, ] → [-1,1] ; y = f ( x) = cos x . Esta função é inversível e
sua inversa é: g :[-1,1] → [0, ] ; x = g ( y ) = arccos y .

Também neste caso g é contínua em (-1,1) e f é derivável em (0,  )


e f ′( x) = - sen x que é diferente de zero para todo x em (0,  ).

1 -1
Pelo Teorema 28, g ′( y ) = = , para todo y ∈ (-1,1) .
f ′( x) sen x

Mas sen x = ± 1 - cos 2 x = ± 1 - y 2 . Como sen x > 0 para x ∈ (0,  ),


-1
segue que sen x = 1 - y 2 . Logo, g ′( y ) = .
1- y2
-1
Podemos então escrever: Se g ( x) = arccos x , então g ′( x) = .
1 - x2
-u ′
Observação. De modo geral, se y = arccos u , então y′ = .
2
1- u2
x2 -2 xe x
Exemplo. Se f ( x) = arccos ( e ) , então f ′( x) = 2
.
1 - e2 x

Derivada da Função Arco-Tangente


  
Seja f :  - ,  →  , y = f ( x) = tg x . Esta função é inversível e a
 2 2
  
sua inversa é g :  →  - ,  , x = g ( y ) = arctg y .
 2 2
  
Como g é contínua em  e f é derivável g : em→  - ,  , com
 2 2
1
f ′( x) = sec 2 x = que é diferente de zero para todo x em
cos 2 x
   1 1
g :  →  - ,  , segue pelo Teorema 28 que g ′( y ) = = para
 2 2 f ′( x) sec 2 x
todo y ∈  .

Da relação trigonométrica sec 2 x = 1 + tg 2 x , segue que sec 2 x = 1 + y 2


1
e desta forma g ′( y ) = , para todo y ∈  .
1+ y2
1
Portanto, se g ( x) = arctg x , então g ′( x) = .
1 + x2

196
u′
Observação. De modo geral, se y = arctgu , então y′ = .
1+ u2

 1 
 
2 x
Exemplo. Se y = (arctg x ) 2 , então y′ = 2arctg x ⋅  , ou me-
1+ x
arctg x
lhor, y′ = .
x (1 + x )

Derivada da Função Arco-Cotangente


Seja f : (0,  ) →  , f ( x) = cotg x . Esta função é inversível e a sua
inversa é: g :  → (0,  ) , g ( y ) = arccotg y .

-1
Como exercício, usando o Teorema 28, mostre que g ′( y ) = ,
1+ y2
para todo y ∈  .

-u ′
Observação. De modo geral, se y = arccotgu , então y′ = .
1+ u2

Exercício Resolvido
 3
35) Sendo f ( x) = x ⋅ arccotg (2 x ), calcule f ′   .
 2 
Resolução.

f ′( x) = 1 ⋅ arccotg (2 x ) + x ⋅
(-2 ) = arccotg (2 x ) -
2x
.
2
1+ 4x 1 + 4x2
 3
2 
 3  2   3
Então f ′   = arccotg 3 - = - .
 2  3 6 4
1+ 4 ⋅
4

Derivada da Função Arco-Secante


Seja f : [0,  ]-    → (-∞, -1] [1, +∞ ) , f ( x) = sec x . Esta fun-
2

ção é inversível e sua inversa é g : (-∞, -1] [1, ∞ ) → [0,  ]-   ,
2
senx
g ( y ) = arcsec y . Sendo f ′( x) = sec x ⋅ tg x = , percebemos que
cos 2 x

f ′( x) existe e é diferente de zero para x ∈ (0,  ) -   . Pelo Teo-
2
rema 28, g é derivável em (-∞, -1) (1, ∞ ) .

197
Para deduzirmos a fórmula que fornece a derivada de g , poderí-
amos novamente usar o Teorema 28. Mas há outro caminho. Em
primeiro lugar, afirmamos que:
1
arcsec y = arccos  , ∀y ∈ (-∞, -1] [1, ∞ ) .
 y
Com efeito, observe a seqüência de equivalências: Seja
y ∈ (-∞, -1] [1, +∞ ). Então:
1 1 1
x = arcsec y ⇔ y = sec x ⇔ y = ⇔ cos x = ⇔ x = arccos  
cos x y  y
1
Logo, arcsec y = arccos  , ∀y ∈ (-∞, -1] [1, ∞ ) .
 y
1
Assim, g ( y ) = arccos  e para derivar g utilizaremos a fórmula
 y
da derivada da função arco-cosseno e a regra da cadeia:
 -1 
- 2 
 y  1 y2 y 1 2
g ′( y ) = = 2⋅ = = , pois y 2 = y .
1 y y 2
- 1 y 2
y 2
- 1 y y2 -1
1- 2
y
1
Portanto, se g ( x) = arcsec x , então g ′( x) = .
x x2 -1
u′
Observação. De modo geral, se y = arcsecu , então y′ = .
u u2 -1
5
Exemplo. Se f ( x) = arcsec5 x , então f ′( x) = , ou me-
2
1 5 x 25 x - 1
lhor, f ′( x) = .
x 25 x 2 - 1

Derivada da Função Arco-Cossecante


  
Seja f :  - ,  - {0}→ (-∞, -1] [1, +∞ ), f ( x) = cossec x . Esta fun-
 2 2
  
ção é inversível e sua inversa é g : (-∞, -1] [1, ∞ ) →  - ,  - {0}
g ( y ) = arccossec y .  2 2

-cos x
Como f ′( x) = -cotg x ⋅ cossec x = , fica claro que f ′( x) exis-
sen 2 x
  
te e é diferente de zero para x ∈  - ,  - {0}. Pelo Teorema 28,
 2 2
concluímos que g é derivável em (-∞, -1) (1, ∞ ) .

198
Para deduzir a fórmula da derivada de g , procede-se de maneira
análoga à dedução da derivada da função arco-secante. Sugeri-
mos ao leitor que o faça como exercício, devendo chegar ao se-
guinte resultado:

-1
Se g ( x) = arccossec x , então g ′( x) = .
x x2 -1

Observação. De modo geral, se y = arccossec u , então


-u ′
y′ = .
u u2 -1

Exemplo. Se y = arccossec x , então

-1
2 x -1 1 -1
y′ = = ⋅ = .
x x -1 2 x x x -1 2x x -1

Exercícios Propostos
De 29 a 34, dada f ( x) , calcule f ′( x) :

29) f ( x) = e arcsen x - e arccos x .

30) f ( x) =
x 2 arctg x arctg x x
2
+
2
- .
2

31) f ( x) = 3 arccossec 2 x .

32) f ( x) = arctg (ln x ) .

33)  x+a
f ( x) = arcotg  ; a∈ .
 x-a 

34) f ( x) = x 1 - x 4 + arccos x 2 .

35)   k 
Sendo g (t ) =  arctg    e k uma constante positiva, cal-
cule g ′(-k ) .   t 

199
4.4 Derivada de Funções Implícitas
Nem sempre uma função está representada na forma explícita
y = f ( x) . Em muitas situações ela surge na forma implícita, atra-
vés de uma equação do tipo F ( x, y ) = 0 , sendo F uma relação
entre as variáveis x e y .

Mas, será que toda equação do tipo F ( x, y ) = 0 define uma função


y = f ( x) ?

Examinemos alguns exemplos:

• A equação 2 x - y + 17 = 0 define uma função contínua em


 , a saber, y = 2 x + 17 . Conseguimos sem dificuldade ex-
plicitar y em função de x .

• A equação x 2 + y 2 - 9 = 0 define as funções contínuas


y = 9 - x 2 e y = - 9 - x 2 no intervalo [-3,3], o que tam-
bém é fácil checar.

• A equação x 2 + y 2 + 9 = 0 não define função alguma, pois


para nenhum par ordenado (x, y ) a soma x 2 + y 2 será igual
a -9 .

• E a equação y 3 + x 2 y - 5 x + 1 = 0 define alguma função


y = f ( x) ? Tente isolar y como função de x . Você consegue?
Não é fácil! Mas, apesar desta dificuldade, esta equação defi-
ne sim uma função contínua e derivável em  . Isto decorre
de um resultado que você terá oportunidade de aprender
em estudos posteriores.

Neste contexto vamos assumir que a equação dada F ( x, y ) = 0 sem-


pre defina uma função y = f ( x) e que f seja derivável.

Nosso objetivo é conseguir expressar esta derivada, ou seja, calcu-


lar a derivada da função implícita, que representaremos por y′ .

Na verdade, queremos conhecer y′ = f ′( x) sem mesmo conhecer


f ( x) .

200
Como proceder?

Derivamos ambos os lados da equação F ( x, y ) = 0 em relação a


x , considerando que y = f ( x) , ou seja, que y é uma função de
x cuja derivada y′ é a nossa incógnita. Depois isolamos y′ em
função de x e y .

Exercícios Resolvidos
36) Encontre a derivada da função definida implicitamente por
2 x2 - y3 - 1 = 0 .

Resolução. Vamos derivar ambos os lados da equação em relação


a x . Como y é uma função de x ( y é a função implícita!), deve-
mos usar a regra da cadeia para derivar y 3 . Temos:
4x
4 x - 3 y 2 y′ - 0 = 0 ⇒ y′ = 2 .
3y
Observação. Neste exemplo é fácil explicitar y como função de
x : y = 3 2 x 2 - 1 = f ( x) . Se calcularmos y′ através das regras de
derivação, apenas para confirmar o resultado, obteremos:
2
1 - 4x 4x 4x
y′ = (2 x 2 - 1) 3 ⋅ 4 x = = = 2.
3 3 3 (2 x 2 - 1) 2 3( 3 2 x 2 - 1) 2 3 y

37) Calcule a derivada da função y = f ( x) , definida pela equa-


ção: sen y + e x cos y = x - y 2 .

Resolução. Derivando ambos os membros da equação em relação


a x:

cos y ⋅ y′ + e x cos y - e x sen y ⋅ y′ = 1 - 2 yy′ . Isolando y′ :

( )
y′ cos y - e x sen y + 2 y = 1 - e x cos y

1 - e x cos y
⇒ y′ = .
cos y - e x sen y + 2 y

38) Determine os coeficientes angulares das retas tangentes à


circunferência cujo centro é o ponto (3,5 ) e cujo raio é 2, em cada
um dos pontos de abcissa 4.

201
Resolução. A equação da circunferência é: ( x - 3) 2 + ( y - 5) 2 = 4 ,
ou melhor,
x 2 + y 2 - 6 x - 10 y + 30 = 0 (1)

Para x = 4 tem-se y = 5 ± 3 . Portanto, os pontos de tangência


são: A (4, 5 + 3) e B (4, 5 - 3) .

A equação (1) define duas funções deriváveis no intervalo (1,5 ):


f1 ( x) , cujo gráfico é a semi-circunferência acima da reta y = 5
e que contém o ponto A ; e f 2 ( x) cujo gráfico é a semi-circun-
ferência inferior e que contém o ponto B . (Veja Figura 4.10). O
coeficiente angular das retas tangentes t1 e t2 é f1′ (4 ) e f 2′ (4 )
respectivamente.

f1(x)
t1
5

t2
f2(x)

x
1 3 4 5

Figura 4.10

Derivando implicitamente a equação (1), temos:


6 - 2x
2 x + 2 yy′ - 6 - 10 y′ = 0 ⇒ y′ = que é a expressão da de-
2 y - 10
rivada, tanto de f1 como de f 2 .

6 - 2⋅4 -1 6 - 2⋅4 1
Logo, f1′ (4) = = , f 2′ (4) = = .
2 (5 + 3) - 10 3 2 (5 - 3) - 10 3
-1
Resposta. Os coeficientes angulares das retas t1 e t2 são e
3
1
respectivamente.
3
202
Exercício Proposto
36) Calcule a derivada da função definida implicitamente.
a) x 2 - y 2 = 1 - y 3

b) xe 2 y - x 2 y 2 + x - 1 = 0

4.4.1 Derivada da Função Exponencial Geral


Sejam u e v funções de x , com u ( x) > 0 e seja f ( x) = u v . Com
auxílio da derivação implícita, vamos deduzir uma fórmula para
a derivada de f .

Escrevamos y = u v . Como y é positivo, podemos aplicar o logarit-


mo natural a ambos os lados desta igualdade: ln y = ln u v ou, con-
forme propriedade do logaritmo: ln y = v ⋅ ln u . Lembrando que
y , u e v são funções de x , derivemos implicitamente a última
y′ u′
igualdade: = v ⋅ + v′ ln u .
y u
 u′ 
Logo, y′ = y  v + v′ ln u  e como y = u v , temos:
 u 
 u ′ 
y′ = u v  v + v′ ln u  .
 u 
Observação. Não é interessante usar esta fórmula! Melhor é
em cada caso proceder como fizemos para encontrá-la. Veja os
exemplos:

Exercícios Resolvidos
39) Seja y = (sen x ) . Calcule y′ .
arctg x

Resolução.

y = (sen x ) ⇒ ln y = ln (sen x )  ⇒ ln y = arctg x ⋅ ln (sen x ) .


arctg x arctg x

 
y′ cos x 1
Derivando: = arctg x ⋅ + ⋅ ln (sen x ).
y sen x 1 + x 2
 ln (senx )
 e como y = (sen x )
arctg x
Logo, y′ = y  arctg x ⋅ cotg x + 2
 1+ x 
 ln (sen x )
temos y′ = (sen x )
arctg x
 arctg x ⋅ cotg x + .
 1 + x2 
203
40) Seja f ( x) = x cos x . Calcule f ′( x) .

Resolução.
y′ 1  cos x 
y = x cos x ⇒ ln y = cos x ⋅ ln x ⇒ = cos x ⋅ - senx ⋅ ln x ⇒ y′ = x cos x  - senx ⋅ ln x 
y x  x 

Exercício Proposto
37) Calcule a derivada da função y = x . x

Resumo das Fórmulas de Derivação


Apresentaremos agora um resumo das fórmulas de derivação es-
tudadas neste capítulo.

y y′

u+v u ′ + v′

k ⋅u (k ∈  ) k ⋅ u′

u ⋅v u ′v + uv′
u vu ′ - uv′
v v2

f u f ′(u ) ⋅ u ′

u r ; r ∈  - {0} ru r -1u ′

a u ; a > 0, a ≠ 1 a u ⋅ ln a ⋅ u ′

eu eu ⋅ u ′

 vu ′ ′ 
u v ; u ( x) > 0 uv  + v ln u 
 u 
u′
log a u; a > 0, a ≠ 1
u ⋅ ln a
u′
ln u; u ( x) > 0
u

204
senu cos u ⋅ u ′
cos u - senu ⋅ u ′
tgu sec 2u ⋅ u ′
cotg u -cossec 2u ⋅ u ′
sec u sec u ⋅ tg u ⋅ u ′
cossec u -cossec u ⋅ cotg u ⋅ u ′
u′
arcsen u
1- u2
-u ′
arccos u
1- u2

u′
arctg u
1+ u2
-u ′
arcotg u
1+ u2
u′
arcsec u
u u2 -1

-u ′
arccossec u
u u2 -1

4.5 Derivadas Sucessivas (ou de ordem superior)


Seja f uma função derivável num subconjunto A do seu domí-
nio. A função f ′ : A →  é também chamada de derivada primeira
ou de derivada de primeira ordem de f .

Se f ′ for derivável em um subconjunto A1 de A , fica definida a


função f ′′ : A1 →  ; f ′′( x) = ( f ′ )′ ( x) , chamada de derivada segun-
da de f ou derivada de segunda ordem de f .

Suponhamos que para algum n ∈  esteja definida a função deri-


vada de ordem n - 1 de f :

f (n -1) : An - 2 →  .

205
Suponha ainda que f (n -1) seja derivável em An -1 . Definimos
f (n ) : An -1 → ; f (n ) ( x) = ( f (n -1) )′ ( x) como sendo a derivada n-ési-
ma de f . As funções f ′, f ′′, f ′′′,  chamam-se derivadas suces-
sivas de f .

Exercícios Resolvidos
41) Seja f ( x) = x 4 + 3x 2 - 1 . Obtenha f ′′( x), f ′′′( x), f (IV ) ( x) e f (n ) ( x)
x), f (IV ) ( x) e f (n ) ( x) para n qualquer.

Resolução. Sendo f ( x) = x 4 + 3x 2 - 1 , temos:

f ′( x) = 4 x3 + 6 x ;

f ′′( x) = 12 x 2 + 6 ;

f ′′′( x) = 24 x ;

f (IV ) ( x) = 24 .

Repare que, a partir da derivada de quinta ordem, todas serão


iguais a zero, ou seja, f (n ) ( x) = 0, ∀ n ≥ 5 .

42) Seja g (t ) = sent + cos t . Calcule a derivada de ordem 35 de g.


Resolução. Ninguém precisa derivar 35 vezes! Observe atentamen-
te o comportamento das cinco primeiras derivadas de g :

g ′(t ) = cos t - sent ;

g ′′(t ) = - sen t - cos t ;

g ′′′(t ) = -cos t + sen t ;

g (IV ) (t ) = sen t + cos t ;

g (V ) (t ) = cos t - sen t .

Note que g (IV ) = g . Conseqüentemente, g (V ) = g ′ , g (VI ) = g ′′ e as-


sim por diante, as derivadas se repetem após quatro derivações. Para
obter g (35) (t ) basta dividir 35 por 4 e tomar o resto da divisão que é
3. Em outras palavras, 35 é congruente a 3 módulo 4.

Logo, g (35) (t ) = g ′′′(t ) = -cos t + sen t .

206
Exercícios Propostos
38) x
Seja y = e cos x . Mostre que y satisfaz a equação
y′′ - 2 y′ + 2 y = 0 .

De 39 a 44, calcule a derivada da função.

39) 7 5
f (x ) = - x 6 + x 4 - 3x 2 + 5
8 4

40) y = 3x - 4 3 x +
3 x
x2

41) f (t ) =
at + b
ct + d

42) g (u ) = (5 - 4u ) 3 7

43) h ( y ) = 3
a + by + cy 2

44) F (x ) = (2 + 3x ) 1 + 5x 2 2

45) Use a definição de derivada, a saber,


f (x + ∆x ) - f (x )
f ' (x ) = lim , para calcular f ' (x ) , sendo
∆x → 0 ∆x
f (x ) = 3x 2 - 2 x + 1 .

46) Seja g (t ) =
5
8-t
. Através da definição, calcule g ' (-1) e

g ' (a ), sendo a < 8 .

47) Dê a equação da reta tangente ao gráfico de y =


x2 - 6
3x - 4
no
ponto de abscissa -2 (use as regras de derivação).

48) Determine os pontos do gráfico de f (x ) = x 3 - 2 x 2 - 6 x + 2


nos quais a reta tangente ao gráfico é paralela à reta y = -7 x + 8 .

207
 2 1
 x sen   se x ≠ 0
49) Seja g (x ) =  x . Calcule g ' (0 ) (você deve
0 se x = 0

usar a definição de derivada).

50) Uma partícula desloca-se sobre um eixo, de modo que o es-


5t
paço percorrido após t minutos é dado pela função s (t ) = 2
,
4t + 16
para t ≥ 0 .

a) Qual a velocidade da partícula após 1 minuto?

b) Idem após 2 minutos?

c) Idem após 4 minutos? Interprete o sinal na resposta.

 x3 se x < 0
51) 
Seja f (x ) =  x 2 .
 se x ≥ 0
4

a) Faça o gráfico de f .

b) Calcule as derivadas laterais de f no ponto 0.

c) f é derivável em 0?

d) O gráfico de f admite reta tangente no ponto (0, 0 ) ?

x
1 - cos  
52) Seja f (x ) =  3  . Calcule f ' ( ) .
x
sen  
3

53) Seja g (t ) = cos t + sen


2 2
(3t ) . Calcule g'
g ' (t ) .

54) Seja f (u ) = tg 2 (2u ) - cotg 3 (2u ) . Calcule f '' (u ) .

55) Seja g ( ) = ln (1 + tg  )- sec 2


(3 ) . Calcule 
g '  .
4

208
De 56 a 62, calcule a derivada da função dada.

56) y = ln (sen x ). 2

57) y = e x2
+ xe3 x - 5 x .
2

58) y = x arctg x + arctg x - x .


2

59) y = (arcsen2 x ) + ln (arccos2x ) . 2

60) y = e sen 5 x
- arctg e5 x .

61) y = x
1
x
.

62) y = (sen x ) sen x


.

63) Seja f (x ) = (x + 1) - 5 . Use o Teorema 28 para calcular


3

( f )' (x ) .
-1

64) Idem, sendo f (x ) = 3 x + 4 .

a  ax - 
x
65) 2
a
a
1
Seja y =  e + e  . Mostre que y '' = 2 y .

66) Seja f (t ) = ln sen t . Calcule f ''' (t ) .

67) Seja y = e a + bx
. Mostre que y (n ) = b n ⋅ e a +bx , ∀n ∈  .

(-1) ⋅ n ! , ∀n ∈  .
n

68) Seja y =
1
. Mostre que y (n ) =
(x + a )
n +1
x+a

69) A igualdade x 2 e xy - xy 2 = 1 - y define implicitamente uma


função y = g (x ) . Calcule g ' (x ).

209
70) A respeito de duas funções deriváveis u e v , sabe-se que:
u (1) = 2 , v (1) = 3 , u ' (1) = 3 , v ' (1) = 4 , u ' (3) = -2 e v ' (2 ) = 5 . Con-
u
sidere as funções: f = uv , g = , h = u  v e k = v  u . Calcule:
v Sugestão: use as
proposições 11 e 12 e o
a) f ' (1) ; b) g ' (1) ; Teorema 27.
c) h ' (1) ; d) k ' (1) .

Respostas dos Exercícios Propostos

1.1) y = 4x - 2 7) 1
( t + 1)
2
t

1.2) Não admite reta tangente


8) 25a
32

1.3) x = 0
9) 80 x (8x 2
-3 )
4

2) a) f ′(1) = -2

b) f ′( x) = 3 x 2 - 5
10) 4t 3 - 2

( )
2
3 3 t 4 - 2t
3) a) f é derivável em 3 e f ′(3) = 13 .
b) f não é derivável em 2. 11) 2 (r + 1) (3r + 5)(8r
2
2
2
+ 15r + 2 )

4) a) y′ = -x2 ( ) (y )
2
2 y y2 - 5 2
+ 22
3
12)
(y + 4 )
3
2

1
b) y′ =
3 3 x2 13) -91
5
c) y′ = x x
2
14) 3x 2
2
5) f ′( x) = 48 x 7 - 84 x 6 + 10 x 4 - 16 x3 ; f ′(1) = -42

15) 12 e
1
23
6) 2 x
4
- 16 x 3 + 6 x 2 - 8 x + 16
(x )
2
2
- 4x +1
16) 2 - e5 10

210
17) -5 1- x3  3 x3 ln 5 + 1 

3x 2
 30) x ⋅ arctg x
 
-1
18) 6 x5 - 1 31) 3 x 3
(arccossec 2 x )
2
⋅ 4x2 -1
(x 6 - x ln 2 )
19) 2 x4 x- 5 32) 1
x 1 + (ln x ) 
2
2
 

20) 4 ln 2 - 6 33) a
x + a2
2

(ln 2 )
2

34) 1 - 2 x - 3x
4

21) (  1
)
2 1 + e5 x - ln 3x  5e5 x - 
x 1 - x4

22) f ′( x) = (2 x - 6 )cos 3 x - 3 x 2 sen 3 x 35) 4k


23) 2 3
36) a) y ' = 2 y 2-x3 y 2

24) f ′( x) =
3 sec 2 3 x
2 tg 3 x
- 6 cotg 3 x ⋅ cossec 2 3 x
2 xy 2 - e 2 y - 1
b) y ' =
2 x (e 2 y - xy )
25) 1 - 3ln 2
37) y ' = x x
(1 + ln x )
26) a) cos x 1 + ln (senx ) - tg x

b) tg 2  39) - 214 x 5
+ 5 x3 - 6 x

c) x ⋅ cotg 2 x

d) -24 (cossec 2 2 x + 1) ⋅ cossec 2 2 x ⋅ cotg 2 x


5
40) 2 3x - 4
-
2x
9
2
x
3 3 x2
4
e) sec 

41) ad - bc

27) -4 (ct + d )
2
3

28) 4 42) 84u (5 - 4u )


2 3 6

2cy + b
29) e 43) 3
arcsen x
- earccos x
1 - x2 3
(a + by + cy ) 2 2

211
x (45 x 2 + 16 )
44) 56) 2 cotg x
1 + 5x2

45) 6 x - 2 57) 2 xe x2
+ (1 + 3 x )e3 x - 2 x ⋅ 5 x ⋅ ln 5
2

46) a) 545 58) 2x arctg x


5
b)
2 (8 - a ) (8 - a ) 59) 4arcsen 2 x ⋅ arccos 2 x - 2
1 - 4 x 2 ⋅ arccos 2 x

47) y = 72 x + 8 60) 5e sen 5 x


⋅ cos 5 x -
5e5 x
1 + e10 x
1
48) (1, -5) e  13 , - 275  61) x x (1 - ln x )
 
x2
49) 0 62) (senx ) senx
⋅ cos x (1+lnsenx )

50) a) 203 m
s b) 0
63) 1

3 3 (x + 5 )
2
3
c) - m s
80
64) 3x 2

51) d) Sim, a reta y = 0 . 66) 2 cotg t ⋅ cossec t 2

y 2 - xe xy (xy + 2 )
52) 2
9
69) y ' = 3 xy
x e - 2 xy + 1

53) -2cos t sen t + 6sen (3t )cos (3t ) 70) a) 17


1
b)
9
54) 4 tg (2u )sec 2
(2u ) + 6 cotg 3 (2u )cossec (2u ) c) -8

55) 13 d) 15

212
5 Aplicações da Derivada
5 Aplicações da Derivada

Neste capítulo objetivamos estudar as aplicações da de-


rivada: taxas de variação, taxas relacionadas, máximos e
mínimos de funções, esboço de gráficos; apresentar a regra
de L’Hospital utilizada para o cálculo de limites de funções
e introduzir a Fórmula de Taylor.

5.1 Taxa de Variação


Seja f uma função definida em [a, b] . A taxa de variação média de
f (b) − f (a )
f em [a, b] é definida como , ou seja, é o quociente
b−a
da variação de f ( x) pela variação de x .

Por exemplo, suponha que f (t ) represente a população de certa


comunidade t anos após 1o de janeiro de 2000. Sabendo-se que
f (1) = 1560 e f (5) = 1788 , a taxa de variação média de 01/01/2001
f (5) − f (1)
a 01/01/2005 é de = 57 pessoas por ano.
5 −1
Poderíamos também dizer que a “velocidade” com que aumentou
esta população naquele período foi de 57 pessoas por ano.

Seja f uma função definida num intervalo aberto I que


contém o ponto x0 . Seja ∆x tal que x0 + ∆x ∈ I . O quociente
∆y f ( x0 + ∆x) − f ( x0 )
= é a taxa de variação média de f no in-
∆x ∆x
tervalo de comprimento ∆x .

∆y
Fazendo ∆x tender a zero e supondo que o lim exista – este
∆x
∆x →0

independe de ∆x e será chamado de taxa de variação de f em x0 .


Em particular, se f (t ) é o espaço percorrido por um móvel no
tempo t , então a taxa de variação de f em t0 é a velocidade ins-
tantânea do móvel no instante t0 . Quer dizer, a derivada f ′( x0 ) é
a taxa de variação de f em x0 .

215
Exercícios Resolvidos
1) A área A de um círculo é uma função do seu raio.
a) Determine a taxa de variação média da área do círculo em
relação ao raio, quando este varia de 6 a 9 cm.

b) Determine a taxa de variação da área em relação ao raio no


instante em que este vale 6 cm.

Resolução.

a) A área do círculo de raio R é A (R ) = R 2 . Portanto, a taxa de


variação média da área em relação ao raio é
∆A A(9) − A(6) 81 − 36 
= = = 15  . Este resultado mostra
∆R 9−6 3
que quando o raio do círculo varia de 6 a 9 cm, a área aumen-
ta em média 15  cm 2 por variação de 1 cm no comprimento
do raio.

b) A taxa de variação da área em relação ao raio é A′ (R ) = 2 R .


Para R = 6 , temos A′(6) = 12  . Significa que no momento em
que R = 6 cm, a “velocidade” de crescimento da área é de
12  cm 2 por variação de 1 cm no comprimento do raio.

2) O rendimento bruto anual de uma empresa, t anos após 1o


de janeiro de 2005, é de P (t ) milhões de reais e projetou-se que
−2 2
P(t ) = t + 2t + 6 .
5
a) Encontre a taxa segundo a qual o rendimento bruto anu-
al deverá estar crescendo ou decrescendo em 1o de janeiro
de 2007.

b) Idem, se nada for mudado, em 1o de janeiro de 2009.

Resolução. O que precisamos determinar é a taxa de variação de


P em relação a t , isto é, P′(t ) .

−2 2 4
a) Sendo P(t ) = t + 2t + 6 , P′(t ) = − t + 2 . Para t = 2
5 5
2
(anos), temos P′(2) = = 0, 4 .
5

216
Resposta. Em 01/01/2007 o rendimento bruto anual deverá estar
crescendo à taxa de 0,4 milhões de reais por ano.

6
b) Para t = 4 , temos P′(4) = − = −1, 2 .
5
Resposta. Em 01/01/2009 o rendimento bruto anual deverá estar
decrescendo à taxa de 1,2 milhões de reais por ano.

5.2 Taxas Relacionadas


Em muitos problemas, surgem uma ou mais variáveis que são
funções de uma outra variável, que geralmente é o tempo. Diga-
mos, F depende de x e y que por sua vez são ambas funções do
tempo t .

Ocorre que normalmente não conhecemos a expressão destas


funções de t .

As principais ferramentas usadas para resolver problemas que


apresentam estas características são: a regra da cadeia e a deriva-
ção implícita.

Lembre-se que: se F é uma função derivável de x , e x é uma


função derivável de t , então a regra da cadeia diz que F é uma
dF dF dx
função derivável de t e = ⋅ .
dt dx dt

Exercícios Resolvidos
3) Um balão esférico é enchido de modo que o seu volume
aumenta à razão de 2 cm3 / s . Com que taxa aumenta o raio do
balão no instante em que este mede 5 cm? E no instante em que
mede 10 cm?
Temos a fórmula
Resolução. Enquanto o balão é enchido, seu volume é uma fun-
conhecida:
ção do raio e o raio é uma função do tempo t (a qual não
conhecemos). Então V é também função de t . Para resolver o
problema devemos escrever o(s) dado(s) e o que é pedido em no-
tação de derivadas:

217
dV dR
Dado: = 2 cm3 / s; pede-se: quando R = 5 e quando
dt dt
R = 10 cm.

dV dR
Para estabelecer a relação entre e , devemos derivar V
dt dt
em relação a t usando a regra da cadeia. Como V representa o
4
volume de uma esfera de raio R , temos: V = R 3 .
3

dV dV dR dV dV dR
= ⋅ . Como = 4 R 2 , temos = 4 R 2 .
dt dR dt dR dt dt

dV
Mas = 2.
dt

dR 1
Logo, = .
dt 2 R 2

dR 1
Para R = 5 , temos = ≅ 0, 0064 cm/s .
dt 50 

dR 1
Para R = 10 , temos = ≅ 0, 0016 cm/s .
dt 200 

1
Resposta. O raio aumenta à taxa de cm/s quando ele vale 5
50
1
cm e cm/s quando ele vale 10 cm.
200

Observação. Note que a taxa de variação do raio é inversamente


proporcional ao quadrado do raio.

4) Uma escada de 10 metros está apoiada numa parede verti-


cal. Em certo instante, a extremidade inferior se encontra a 6 m
da parede, escorregando a uma velocidade constante de 80 cm/s.
Com que velocidade escorrega o topo da escada na parede naque-
le instante?

Resolução. Seja t o tempo, em segundos, contado a partir do


instante em que a escada começou a deslizar. Seja x a distân-
cia, em metros, entre a base da escada e a parede, no instante t .
Seja y a distância, em metros, entre o piso e o topo da escada no
instante t . Veja a figura.

218
10
y

x
Figura 5.1

Temos os seguintes dados: comprimento da escada 10 m;


dx dy
= 0,8 m/s . Pede-se: quando x = 6 .
dt dt

Da figura e do Teorema de Pitágoras temos que x 2 + y 2 = 100 .


Como x e y são funções (implícitas) de t , vamos derivar esta
dx dy
igualdade em relação a t : 2 x ⋅ + 2 y ⋅ = 0 .
dt dt

dy x dx
Logo, =− ⋅ .
dt y dt

Se x = 6 , então pelo Teorema de Pitágoras, y = 8 . Assim,

.
Atenção: O resultado
negativo deve-se ao fato de
decrescer enquanto Resposta. O topo da escada desliza a uma velocidade de 60 cm/s
aumenta. naquele instante.

5) Em uma serraria a serragem cai, formando um monte em


forma de cone circular reto, a uma taxa de 0, 25 m3 por hora. A
geratriz do cone faz um ângulo de 45° com o solo, que é plano.
Com que velocidade sobe o topo do monte no momento em que
este se encontra a 2 metros do solo?

Resolução. Seja t o tempo, em horas, contado a partir do momen-


to em que a serragem começa a cair. Seja V o volume de serragem
que caiu em t horas.

219
h


4

R
Figura 5.2

Sejam h e R a altura e o raio da base, respectivamente, do cone for-


dV
mado pela serragem. Os dados do problema são: = 0, 25 m3 /h
dt
e o outro é ilustrado através da figura 5.3.


4

Figura 5.3

dh
Pede-se: quando h = 2 m. A relação entre as variáveis V , R e h
dt
R 2 h
é estabelecida pela fórmula do volume do cone: V = .
3
Mas é possível escrever V como função de uma das variáveis: R
ou h .
 h 
Observando a figura 5.3, temos que: tg = e como tg = 1 ,
4 R 4
segue que R = h .

220
h3
Logo, V = . Note que V é função de h e h é função de t .
3
dV dV dh
Conforme a regra da cadeia: = ⋅ , ou seja,
dt dh dt
1 2 dh dh 1
= h ⋅ ⇒ = .
4 dt dt 4 h 2

dh 1
Para h = 2 , temos = m/h.
dt 16 

Resposta. No momento em que o topo do monte está a 2 metros


1
do solo, ele sobe com velocidade de m/h, que é aproximada-
16
mente 2 cm/h.

6) Dois carros A e B trafegam em estradas retas e perpendi-


culares, seguindo em direção a um cruzamento, com velocidades
constantes de 90 km/h e 110 km/h respectivamente. Com que
velocidade os carros se aproximam um do outro no instante em
que A está a 600 e B a 800 metros do cruzamento?

Resolução. Os carros estão se aproximando do ponto de cruzamen-


to P . Sejam x e y as distâncias dos carros A e B ao ponto P ,
respectivamente, num determinado instante. Tanto x quanto y e
também z - a distância entre A e B - são funções do tempo t .

Z y

P
A
x

Figura 5.4

dx dy
Dados do problema: = −90 ; = −110 (Por que o sinal de
dt dt
menos?)

dz
Pede-se: quando x = 0, 6 km e y = 0,8 km.
dt

221
Aplicando o Teorema de Pitágoras ao triângulo cujos lados medem
x, y e z , temos: x 2 + y 2 = z 2 . Agora derivemos ambos os lados
da igualdade em relação a t :
dx dy
x +y
dx dy dz dz dt dt .
2x + 2 y = 2z ⇒ =
dt dt dt dt z

Para x = 0, 6 e y = 0,8 , tem-se z = 1 (Teorema de Pitágoras).

dz 0, 6 (−90 ) + 0,8 (−110 )


Logo, = = −142 .
dt 1

Resposta. Naquele instante os carros se aproximam com uma ve-


locidade de 142 km/h.

Exercícios Propostos
1) Um tanque tem a forma de um cone com o vértice para baixo.
Sua altura é de 4 metros e o diâmetro da base mede 2 metros (ver
figura 5.5). Através de uma torneira despeja-se água no tanque à
taxa de 1,5 m3 por hora. Determine a velocidade com que sobe o
nível da água no momento em que este está a 3 metros de altura.

2m

Figura 5.5

2) Um carro e um ônibus trafegam em rodovias retas e perpen-


diculares; com velocidades constantes de 100 km/h e 80 km/h
respectivamente. O carro acabou de passar pelo cruzamento, en-
quanto o ônibus está se aproximando do mesmo. Pergunta-se: No

222
momento em que o carro está a 3 km do cruzamento e o ônibus
a 4 km deste, os dois estão se aproximando ou afastando um do
outro? Com que velocidade?

5.3 Máximos e Mínimos


Existe uma grande variedade de problemas práticos cuja resolução
requer o conhecimento do maior ou do menor valor que determina-
da função assume em todo o seu domínio ou em algum intervalo.

Quando se trata de funções bem conhecidas como, por exemplo,


as afins, quadráticas, logarítmicas e exponenciais, recorremos ao
seu gráfico para obtermos tais informações.

Entretanto, a maior parte das funções requer justamente um es-


tudo dos seus valores máximos e mínimos para se fazer o gráfico.
Neste caso, utilizaremos a derivada como ferramenta principal.

Definição 30. Seja f : D →  uma função. Dizemos que f as-


sume um valor máximo absoluto em c ∈ D , se f (c) ≥ f ( x) para todo
x ∈ D . Neste caso, diremos que c é ponto do máximo absoluto de
f e f (c) é o valor máximo absoluto de f . Dizemos que f as-
sume um valor mínimo absoluto em c ∈ D se f (c) ≤ f ( x) para todo
x ∈ D . Neste caso, c é ponto de mínimo absoluto de f e f (c) é
o valor mínimo absoluto de f .

p u
a q r s v b x

Figura 5.6

223
A figura representa o gráfico de uma função f definida no in-
tervalo [a, b ].

Conforme a definição 30, o ponto q é ponto de máximo absoluto


de f , enquanto o ponto u é ponto de mínimo absoluto.

Observando o gráfico, percebe-se que o ponto s tem o aspecto de


um ponto de máximo, bem como os pontos p e r têm aspecto de
pontos de mínimo.

Na verdade, eles são pontos de máximo e de mínimo, respecti-


vamente se restringirmos o domínio da função a um intervalo
menor.

Por exemplo, restringindo o domínio de f ao intervalo (q, s ) ,


r é ponto de mínimo de f . Olhe para o gráfico, considerando
apenas a parte dele correspondente ao intervalo (q, s ) . Da mesma
forma, se considerarmos f restrita ao intervalo (r , u ) , então s é
ponto de máximo de f .

Segue então a seguinte definição:

Definição 31. Seja f : D →  uma função e c ∈ D . Dizemos que c


é ponto de máximo relativo ou local de f quando existe um interva-
lo aberto J contendo c e tal que f (c) ≥ f ( x) para todo x ∈ J  D .
Dizemos que c é ponto de mínimo relativo ou local de f quando
existe um intervalo aberto I contendo c e tal que f (c) ≤ f ( x) , p/
todo x ∈ I  D .

Considerando ainda a função representada graficamente na figu-


O aspecto do gráfico
ra, concluímos que os pontos p e r são pontos de mínimo relati- no ponto de abscissa v
vo, enquanto s é ponto de máximo relativo. é diferente porque f é
descontínua em v, mas isto
não impede v de ser ponto
E o ponto v? de máximo relativo.

Olhe com atenção e você verá que se trata de um ponto de máxi-


mo relativo. De fato, tomando por exemplo J = (u , b ) , temos que
f (v) ≥ f ( x), ∀x ∈ J .

Observação. Os valores máximos e mínimos absolutos de uma


função são também chamados de extremos absolutos. De maneira

224
análoga, os valores máximos e mínimos relativos são chamados
de extremos relativos. Os extremos absolutos da função represen-
tada na figura são f (q ) e f (u ) . Os seus extremos relativos são
f ( p ) , f ( r ) , f ( s ) e f (v ) .

Exemplos:

1) f ( x) = 5 − x 2 .

Note que f ( x) ≤ 5 para todo x real e que f ( x) = 5 se e so-


mente se x = 0 . Podemos escrever: f (0) ≥ f ( x), ∀x ∈  .
Portanto, f atinge o seu valor máximo, que é 5, no ponto 0.
Assim, o ponto de máximo absoluto de f é 0 e o valor máxi-
mo absoluto é 5. E o valor mínimo absoluto de f ? Note que
f ( x) assume valores negativos arbitrariamente grandes em
módulo, desde que x seja suficientemente grande em mó-
dulo. Mais precisamente, lim f ( x) = −∞ e lim f ( x) = −∞ .
x →−∞ x →+∞
Logo, f não assume valor mínimo absoluto.

2) g ( x) = (x − 3) + 14 .
2

Como g ( x) ≥ 14 para todo x ∈  e g ( x) = 14 se e somente se x = 3 ,


concluímos que g possui um ponto de mínimo absoluto que
é 3 e o seu valor mínimo absoluto é 14. Como lim g ( x) = +∞
x →−∞

e lim g ( x) = +∞ , concluímos que g não assume valor má-


x →+∞

ximo absoluto.

Procure lembrar do gráfico


da função seno (senóide). 3) h( x) = sen x.

Observando seu gráfico, concluímos:

a) h tem uma infinidade de pontos de máximo absoluto,



todos da forma 2k  + , com k ∈  . Seu valor máximo
2
absoluto é 1.

b) h tem uma infinidade de pontos de mínimo absoluto



todos da forma 2k  − , com k ∈  . Seu valor mínimo
2
absoluto é -1.

 x + 1 se − 5 ≤ x < 1
4) f : [−5,5 ) →  ; f ( x) =  2
 x − 6 x + 7 se 1 ≤ x < 5

225
y
4

3
-5 -1 1 5 x

-2

Figura 5.7

Observando o gráfico, podemos concluir que:

a) f assume seu valor máximo absoluto, que é 4, no ponto -5.


E assume o seu valor mínimo absoluto, que é −2 , no ponto 3.

b) f possui ainda um ponto de máximo relativo que é 1 e um


ponto de mínimo relativo que é -1.

Bem, nem sempre as funções a serem analisadas são tão simples.


Precisamos de alguns teoremas. O próximo fornece uma condi-
ção necessária para que o ponto seja um ponto de máximo ou de
mínimo relativo.

Teorema 29. Seja f uma função definida no intervalo (a, b ) e


c ∈ (a, b ) um ponto de máximo ou de mínimo relativo de f . Se f é
derivável em c então f ′(c) = 0 .
A demonstração para
ponto de máximo
Demonstração. Suponhamos que c é ponto de mínimo relativo de é análoga.
f e que f é derivável em c .

Pela definição 31, existe um intervalo aberto I tal que c ∈ I e


f (c) ≤ f ( x) , para todo x ∈ I . (Podemos supor I ⊂ (a, b ) ).

226
f ( x ) − f (c )
Para x ∈ I e x < c , temos ≤ 0 , pois f ( x) ≥ f (c) e
x−c

f ( x ) − f (c )
x < c . Logo, lim− ≤ 0 , isto é, f −′ (c) ≤ 0 .
x →c x−c

f ( x ) − f (c )
Para x ∈ I e x > c , temos ≥ 0 . Logo,
x−c

f ( x ) − f (c )
lim+ ≥ 0 , isto é, f +′ (c) ≥ 0 .
x →c x−c

Como, por hipótese, f ′(c) existe, temos 0 ≤ f +′ (c) = f −′ (c) ≤ 0 ,


ou seja, f ′(c) = 0 .

Observação. Do Teorema 29, decorre que se f (c) é um extremo


relativo então f ′(c) ou não existe ou vale zero.

Observação. Volte ao exemplo 4. No ponto 3, que é ponto de mí-


nimo relativo, a derivada é zero. Nos pontos -1 e 1, que são pon-
tos de mínimo e máximo respectivamente, a derivada não existe.
(Por quê?)

Observação. A recíproca do Teorema 29 é falsa. Por exemplo, se


f ( x) = x 3 , então f ′(0) = 0 , mas f não possui extremo relativo

O s pontos críticos de
uma função são os
“candidatos” a pontos de
em 0.

máximo ou mínimo rela- Definição 32. Um ponto c do domínio de f chama-se ponto


tivo. crítico de f se f ′(c) = 0 ou se f ′(c) não existe.

Exercício Resolvido
7) Determine os pontos críticos das funções:
a) f ( x) = x 4 − x 3 − 3 x 2 + 156

Resolução. f ′( x) = 4 x3 − 3 x 2 − 6 x , que existe para todo x ∈  .

Vamos resolver a equação f ′( x) = 0 :

227
3 ± 105
( )
x 4 x 2 − 3 x − 6 = 0 ⇔ x = 0 ou x =
8
.

3 − 105 3 + 105
Resposta. Os pontos críticos de f são: 0, e .
8 8

b) g ( x) = 3 x − x .

1
Resolução. g ′( x) = − 1 . Note que g ′( x) não existe para
3 2
x =0. 3 x
1
g ′( x) = 0 ⇔ 1 = 3 3 x 2 ⇔ 1 = 27 x 2 ⇔ x = ± , ou seja,
27
3
x=± .
9
3 3
Resposta. Os pontos críticos de g são: 0, − e .
9 9

Exercícios Propostos
Determine os pontos críticos de:

3) f ( x) = x5 − 3x3 + 4 x − 8

4) g ( x) = x + cos 2 x; 0 ≤ x ≤ 2

5.4 Extremos Absolutos em Intervalos Fechados


O teorema de Weierstrass (teorema 24) estabelece que toda função
contínua definida num intervalo fechado [a,b ] assume o seu valor
máximo e o seu valor mínimo absoluto.

Estes valores podem ocorrer nos extremos a e b ou nos pontos


críticos pertencentes ao intervalo (a, b ). Para encontrá-los, proce-
demos assim:

a) determinamos os pontos críticos de f em (a, b );

b) calculamos f (a ) , f (b) e a imagem de cada um destes pon-


tos críticos;

c) o maior dos valores encontrados no item b é o valor máxi-


mo absoluto e o menor é o valor mínimo absoluto de f .

228
Exercício Resolvido
8) Determine os extremos absolutos e os pontos em que eles
ocorrem:

x3 x 2
a) f ( x) = − − 6 x + 1; x ∈ [−3, 6].
3 2
Resolução. Como exercício, verifique que os pontos críticos de f
no intervalo (−3, 6 ) são -2 e 3.
11 25
Agora calculamos as imagens: f (−3) = ; f (−2) = ;
2 3
25
f (6) = 19 ; f (3) = − .
2
Conclusão. O ponto de máximo absoluto de f é 6 e o valor máxi-
mo absoluto é 19. O ponto de mínimo absoluto de f é 3 e o valor
25
mínimo absoluto é − .
2
2
b) g : [−3,3] →  ; g ( x) = ( x − 4) .
2 3

Resolução. Como exercício, verifique que os pontos críticos de g


em (−3,3) são 0, 2 e -2.

Imagens: g (0) = 3 16 ; g (−2) = g (2) = 0 ; g (−3) = g (3) = 3 25 .

Conclusão. Pontos de máximo absoluto: 3 e -3; Valor máximo ab-


soluto: 3 25 ; Pontos de mínimo absoluto: 2 e -2 e Valor mínimo
absoluto: 0.

Exercícios Propostos
Determine os extremos absolutos de f e os pontos em que eles
ocorrem:

5) f ( x) = −5 x + 7; x ∈ [−2,10];

6) 5 9
f ( x) = x 4 + x 3 − x 2 + 10; x ∈ [−1, 2] ;
3 2

7) f ( x) = 2 sen x + cos 2 x; x ≤ .

229
Teorema do Valor Médio: Este é um teorema fundamental em Cál-
culo. Para demonstrá-lo, precisamos de um outro resultado, co-
nhecido como Teorema de Rolle, que é na verdade um caso parti-
cular do teorema do valor médio.

Teorema 30. Teorema de Rolle: Seja f uma função contínua


em [a, b ] e derivável em (a, b ) e tal que f (a ) = f (b) . Então, existe
c ∈ (a, b ) tal que f ′(c) = 0 .

y0

a c b x

Figura 5.8

Demonstração. Se por acaso f é a função constante, então


f ′( x) = 0 para todo x ∈ (a, b ) e qualquer ponto de (a, b ) pode
ser tomado como c .

Suponhamos que f não é constante. Seja y0 = f (a ) = f (b) . Pelo


teorema 24 f assume seu valor máximo e o seu valor mínimo em
[a, b].
Como f não é constante, existe x ∈ (a, b ) tal que f ( x) ≠ y0 .

Suponhamos f ( x) > y0 . Então f assume seu valor máximo num


ponto c ∈ (a, b ). Sendo f derivável em c , o teorema 29 deter-
mina que f ′(c) = 0 .

Suponhamos f ( x) < y0 . Então f assume seu valor mínimo num


ponto c ∈ (a, b ) e também f ′(c) = 0 . Atenção: pode haver mais
do que um ponto c em
Em qualquer caso, existe c ∈ (a, b ) tal que f ′(c) = 0 . (a, b ) tal que f ′(c) = 0.

230
Observação. Veja como é importante observar as hipóteses do te-
orema de Rolle:

 x se 0 ≤ x < 1
Considere f : [0,1] → ; f ( x) = 
0 se x = 1
Esta função é contínua e derivável em (0,1) e f (0) = f (1) . Mas
não existe c ∈ (0,1) tal que f ′(c) = 0 , pois f ′( x) = 1, ∀x ∈ (0,1). É
que f é descontínua no ponto 1.

Exercício Resolvido
9) Verifique se as hipóteses do teorema de Rolle estão satisfeitas
e, neste caso, encontre o(s) ponto(s) que satisfaz(em) a tese.

 −1 1 
f :  ,  → ; f ( x) = x 4 − 2 x 2
 2 2
 −1 1 
Resolução. f é contínua em  ,  por ser polinômio; f é de-
 2 2
 −1 1   −1  1
rivável em  ,  também por ser polinômio; f   = f  
 2 2  2  2
 −1 1 
por ser f uma função par. Logo, existe c ∈  ,  tal que
 2 2
f ′(c) = 0 .

f ′( x) = 4 x3 − x 2 = 0 ⇔ x = 0 ou x = 1 ou x = −1 .

 −1 1 
Os pontos 1 e -1 não pertencem ao intervalo  ,  .
 2 2
Resposta. c = 0 satisfaz a tese.

Teorema 31. Teorema do Valor Médio: Seja f uma função con-


tínua em [a, b ] e derivável em (a, b ). Então, existe c ∈ (a, b ) tal que

f (b) − f (a )
f ′(c) = .
b−a

Interpretação Geométrica: Sejam A = (a, f (a ) ) e B = (b, f (b) ) .


O teorema afirma que, satisfeitas as hipóteses, existe pelo menos
um ponto Q = (c, f (c) ) sobre o gráfico de f , com a < c < b , tal
que a reta tangente ao gráfico em Q é paralela à reta secante que
passa por A e B .

231
y
Q

B
f (b)

f (a) A

a c b x

Figura 5.9

Demonstração. Vamos definir estrategicamente uma função h


que satisfaça as hipóteses do teorema de Rolle. Seja g a função
cujo gráfico é a reta que passa por A e B , isto é,

f (b) − f (a )
g ( x) = ( x − a) + f (a) .
b−a
Seja h a função que atribui a cada x ∈ [a, b ] a diferença entre

f (b) − f (a )
f ( x) e g ( x) , isto é, h( x) = f ( x) − (x − a ) − f ( a ) .
b−a
Afirmamos que h satisfaz as hipóteses do teorema de Rolle.

Com efeito, sendo h a soma de uma função polinomial com f ,


temos por hipótese que h é contínua em [a, b ] e derivável em
(a, b ).
Além disso, é fácil constatar que h(a ) = h(b) = 0 . Pelo te-
orema de Rolle, existe c ∈ (a, b ) tal que h′(c) = 0 , ou seja,
Atenção: pode haver mais
f (b) − f (a ) do que um ponto que
f ′(c) − = 0. satisfaz a tese do teorema.
b−a

f (b) − f (a )
Portanto, f ′(c) = .
b−a

232
Exercício Resolvido
10) Verifique se f satisfaz as hipóteses do teorema do va-
lor médio e, em caso afirmativo, encontre um ponto c tal que
f (b) − f (a )
f ′(c) = :
b−a
f : [−6,10] → ; f ( x) = 100 − x 2

Resolução. Por teoremas já vistos segue que f é contínua em


[−6,10] e derivável em (−6,10 ). Logo, existe c ∈ (−6,10 ) tal que
f (10) − f (−6) 1 −c
f ′(c) = = − . Mas, f ′(c) = .
10 + 6 2 100 − c 2
Então,
−c 1
=− ⇔ 2c = 100 − c 2 ⇔ 4c 2 = 100 − c 2 ⇔ c 2 = 20 ⇔ c = ±2 5
100 − c 2 2

A igualdade 2c = 100 − c 2 revela que c não é negativo. Logo,


c=2 5.

Uma aplicação imediata deste teorema é a demonstração de uma


certa recíproca do já conhecido resultado: A derivada de uma fun-
ção constante é zero em todo ponto.

Corolário. Se f : [a, b ] →  é contínua e f ′( x) = 0 para todo x em


(a, b ), então f é constante.

Demonstração. Seja x ∈ (a, b ]. Vamos mostrar que f ( x) = f (a ).


Como f satisfaz as hipóteses do teorema do valor médio em [a, x ],
f ( x) − f (a)
existe c ∈ (a, x ) tal que f ′(c) = .
x−a
Como f ′(c) = 0 , segue que f ( x) = f (a ) . Assim, f ( x) = f (a )
para todo x em [a, b ] e f é constante.

233
5.5 Funções Crescentes e Decrescentes
Lembramos que uma função f , definida no intervalo J , é
crescente se para quaisquer x1 , x2 ∈ J , tais que x1 < x2 , tem-se
f ( x1 ) < f ( x2 ) . E f é decrescente se x1 < x2 implica f ( x1 ) > f ( x2 ) ,
para quaisquer x1 , x2 ∈ J .

Nem sempre é simples e prático usar a definição para verificar se


uma função é crescente ou decrescente. Uma das conseqüências
do Teorema do Valor Médio é o critério que permite fazer esta
verificação através do sinal da derivada. Mais precisamente:

Teorema 32. Seja f uma função contínua em [a, b ] e derivável


em (a, b ). Então: (a) Se f ′( x) < 0 para todo x ∈ (a, b ) , então f é
decrescente em [a, b ]; (b) Se f ′( x) > 0 para todo x ∈ (a, b ) , então f
é crescente em [a, b ].

Demonstração. Demonstraremos o item (a). A demonstração de


(b) é análoga e fica como exercício. Sejam x1 e x2 pontos tais que
a ≤ x1 < x2 ≤ b . Precisamos mostrar que f ( x1 ) > f ( x2 ) .

Por hipótese, f é contínua em [x1 , x2 ] e derivável em (x1 , x2 ) . As-


sim, f satisfaz as hipóteses do teorema do valor médio em [x1 , x2 ].
f ( x2 ) − f ( x1 )
Logo, existe c ∈ (x1 , x2 ) tal que f ′(c) = ou seja,
x2 − x1
f ( x2 ) − f ( x1 ) = f ′(c) (x2 − x1 ) . Sendo x2 − x1 > 0 e f ′(c) < 0 por
hipótese, segue que f ( x2 ) − f ( x1 ) < 0 , isto é, f ( x1 ) > f ( x2 ) .

Concluímos que f é decrescente em [a, b ].


Observação. A recíproca deste teorema é verdadeira em parte,


pois uma função pode ser crescente (ou decrescente) e ter deriva-
da nula em alguns pontos. Por exemplo, f ( x) = x 3 é crescente em
(−∞, +∞ ) , mas f ′(0) = 0 .

Exercício Resolvido
11) Seja 2
f ( x) = x 4 e − x . Determine os intervalos em que f é cres-
cente e aqueles em que f é decrescente.

234
Resolução. Conforme o teorema 32, devemos fazer um estudo do
sinal de f ′( x) . Para isto é interessante decompor f ′ em um pro-
2
duto de fatores: f ′( x) = 2 x3e − x ( 2 − x) ( 2 + x) . (Verifique!)

Temos f ′( x) = 0 ⇔ x = 0 ou x= 2 ou x=− 2.

Como f ′ é contínua, o teorema do valor intermediário garante que


os únicos pontos em que pode haver mudança de sinal de f ′ são 0,
− 2 e 2 , ou seja, f ′( x) tem um sinal específico em cada um dos
intervalos (−∞, − 2) , (− 2, 0) , (0, 2) e ( 2, ∞) .

2
Cada fator 2 x3e − x , 2 − x e 2 + x também possui um sinal
específico em cada um destes intervalos. Os sinais destes fatores
podem ser colocados num quadro. A última linha do quadro será
preenchida com os sinais de f ′( x) , obtidos através da regra do
sinal do produto.

− 2 0 2

2 x 3e − x
2
− − + +

2−x + + + −

2+x − + + +

2
f ′( x) = 2 x3e − x ( 2 − x) ( 2 + x) + − + −

Resposta. Sendo f ′ positiva nos intervalos (−∞, − 2) e (0, 2) ,


segue que f é crescente em (−∞, − 2] e em [0, 2] . Sendo f ′
negativa nos intervalos (− 2, 0) e ( 2, ∞) , segue que f é de-
crescente em [− 2, 0] e em [ 2, +∞) .

Exercício Proposto
8) Determine os intervalos em que f é crescente e aqueles em
que f é decrescente, sendo f ( x) = 2 x + 7 x 2 − 40 x + 33 .
3

235
5.6 Extremos Relativos – Critérios para
Encontrá-los
Um ponto crítico pode ser um ponto de máximo relativo, um pon-
to de mínimo relativo ou nenhum destes. Com auxílio do teorema
anterior, estabeleceremos o primeiro critério para determinar se
um ponto crítico é ponto de máximo ou de mínimo relativo.

No teorema que segue, a expressão “ f ′ é positiva à esquerda de


c ” significa que existe  > 0 tal que f ′( x) > 0 para todo x ∈ (c − , c )
e a expressão “ f ′ é positiva à direita de c ” significa que existe
 > 0 tal que f ′( x) > 0 para todo x ∈ (c, c + ) . Analogamente
quando f ′ é negativa.

Teorema 33. Teste da Derivada Primeira: Seja f : [a, b ] →  con-


tínua e c ∈ (a, b ) um ponto crítico de f . Suponhamos que f é deri-
vável em (a, b ) exceto talvez em c .

a) Se f ′ é positiva à esquerda de c e negativa à direita de c , então c


é ponto de máximo relativo.

b) Se f ′ é negativa à esquerda de c e positiva à direita de c então c


é ponto de mínimo relativo.

Demonstração. Demonstraremos o item (a). A demonstração de


(b) é análoga.

Por hipótese e pelo teorema 32, existe  > 0 tal que f é cres-
cente em [c − , c ] e decrescente em [c, c + ].

Logo, f (c) ≥ f ( x) para todo x ∈ (c − , c + ), o que caracteriza


c como ponto de máximo relativo de f .

Exercício Resolvido
12) Determine os pontos de máximo e mínimo relativos da
função bem como os seus extremos relativos.

a) f ( x) = 12 x5 + 27 x 4 − 8 x3 − 1 .

236
Resolução. Sendo f ′( x) = 60 x 4 + 108 x3 − 24 x 2 = 12 x 2 (5 x 2 + 9 x − 2) ,
1
temos f ′( x) = 0 ⇔ x = 0 ou x = −2 ou x = . Portanto, os
5
1
pontos críticos de f são 0, −2 e .
5
Para aplicar o teorema 33, devemos examinar o sinal de f ′ à es-
querda e à direita de cada um destes pontos.

Convém fatorar
 1  1
f ′ : f ′( x) = 12 x 2 ⋅ 5 (x + 2 ) x −  = 60 x 2 (x + 2 ) x −  .
 5  5
Os 3 pontos críticos dividem  em 4 intervalos e cada fator de f ′
tem um único sinal em cada intervalo. Confira estes sinais e os de
f ′ no quadro abaixo:
1
−2 0 5

60x 2 + + + +

1
x− − − − +
5
x+2 − + + +

f ′( x) + − − +

Ponto -2: f ′ é positiva à esquerda e negativa à direita de −2 .


Logo, f passa de crescente (à esquerda de −2 ) a decrescente (à
direita de −2 ), o que caracteriza um ponto de máximo relativo.

Ponto 0: f ′ não muda de sinal neste ponto. Quer dizer, f é de-


crescente à esquerda e continua decrescente à direita de 0. Logo,
0 não é ponto de máximo nem de mínimo relativo.
1
Ponto : O quadro de sinais mostra que é ponto de mínimo re-
5
lativo, conforme o teste da derivada primeira.

Resposta. f possui um ponto de máximo relativo que é −2 e um


1
ponto de mínimo relativo que é . Os extremos relativos de f
5
1 3178
são: f (−2) = 111 e f   = − .
5 3125
237
b) f ( x) = x − 3 3 (x − 4 ) .
2

2
Resolução Parcial. f ′( x) = 1 − 3 . Os pontos críticos de f
x−4
são 4 e 12 (verifique isto!).
3
x−4 −2
Para analisar o sinal de f ′ , escrevemos: f ′( x) = 3 .
x−4

4 12
3
x−4 −2 − − +

3
x−4 − + +

f ′( x) + − +

Pelo exposto no quadro de sinais de f ′ e pelo teorema 33, con-


cluímos que 4 é ponto de máximo relativo e 12 é ponto de mínimo
relativo. Os extremos relativos de f são f (4) = 4 e f (12) = 0 .

2 x 3 + 3 x 2 se x ≤ 0

c) f ( x) =  x 2 − 3 se 0 < x ≤ 2
− x + 3 se x > 2

Resolução. Observe inicialmente que o domínio de f é  . Te-

6 x 2 + 6 x se x < 0
mos: f ′( x) = 2 x se 0 < x < 2
−1 se x > 2

Verifique que f não é derivável nos pontos 0 e 2, o que os ca-


racteriza como pontos críticos. Para encontrar os demais pontos
críticos, façamos f ′( x) = 0 :

6 x 2 + 6 x = 0 e x < 0 ⇒ x = 0 ou x = −1 e x < 0 ⇒ x = −1

2 x = 0 e 0 < x < 2 ⇒ x = 0 e 0 < x < 2 (impossível).

Portanto, os pontos críticos de f são −1 , 0 e 2.

Ponto -1: Escrevendo f ′( x) = 6 x (x + 1) percebemos que f ′( x) > 0


se x < −1 e f ′( x) < 0 se x > −1 .

Logo, −1 é ponto de máximo relativo.

238
Pontos 0 e 2: Quando uma função está definida por mais de uma
sentença devemos ter o cuidado de examinar se ela é contínua
naqueles pontos críticos em que ela é dada por uma expressão à
esquerda e por outra à direita do ponto. No presente exemplo, tais
pontos são 0 e 2.

O leitor deve verificar que f é contínua no ponto 2 e descontínua


no ponto 0. Assim, não podemos usar o teste da derivada primeira
no ponto 0.

Quanto ao ponto 2, sendo f ′( x) = 2 x se 0 < x < 2 e f ′( x) = −1


se x > 2 , temos que 2 é ponto de máximo relativo.

Observe o gráfico desta função e note que o ponto 0 não é ponto


de máximo nem de mínimo.

-1 2 x

-3

Figura 5.10

Resposta. A função tem dois pontos de máximo relativo: −1 e 2.


O extremo relativo é f (−1) = f (2) = 1 .

Exercícios Propostos
Obtenha os extremos relativos da função e os pontos em que
eles ocorrem:

9) f ( x) = x 5 − 5 x 3 − 20 x − 2
3 x + 5 se x < −1
10) g ( x) = 2 x 3− x 11) 
h( x) =  x 2 + 1 se − 1 ≤ x < 2
7 − x se x ≥ 2

239
Além do teste da derivada primeira para extremos relativos existe
outro teste, o da derivada segunda.

Em muitas situações, particularmente quando a função é poli-


nomial, o teste da derivada segunda é mais prático e mais fácil
de ser aplicado, pois exige apenas o conhecimento do sinal da
derivada segunda no ponto crítico. Por outro lado, se a derivada
segunda não existir ou for nula naquele ponto, o teste não pode
ser aplicado.

Teorema 34. Teste da Derivada Segunda: Seja f uma função


derivável num intervalo aberto que contém o ponto c e suponhamos
que f ′(c) = 0 . Se existir f ′′(c) , então:

a) Se f ′′(c) < 0 então c é ponto de máximo relativo de f .

b) Se f ′′(c) > 0 então c é ponto de mínimo relativo de f .

Demonstração. Vamos demonstrar o item (a). A demonstração de


(b) é análoga e fica como exercício.

Temos como hipóteses: f é derivável num intervalo aberto I


contendo c , f ′(c) = 0 e f ′′(c) < 0 .

A tese é: c é ponto de máximo relativo de f .

f ′( x) − f ′(c) f ′( x)
Por definição, f ′′(c) = lim = lim . Como
x →c x−c x → c x−c
f ′′(c) < 0 , este limite é negativo, o que garante a existência de um
f ′( x)
número positivo  tal que (c − , c + ) ⊂ I e < 0 para
x−c
todo x ∈ (c − , c + ) − {c}. Disto decorrem os seguintes fatos:

Se c −  < x < c , então f ′( x) > 0 , pois x − c < 0 ; Se c < x < c +  ,

então f ′( x) < 0 , pois x − c > 0 . Pelo teorema 33, c é ponto de

máximo relativo de f .

240
Exercício Resolvido
13) Determine os pontos de máximo e de mínimo relativo das
funções:

a) f ( x) = 3 x 4 + 4 x 3 − 72 x 2 + 87

(
Resolução. f ′( x) = 12 x3 + 12 x 2 − 144 x = 12 x x 2 + x − 12 )
f ′( x) = 0 ⇔ x = 0 ou x = −4 ou x = 3.

Vamos examinar cada um destes pontos críticos através do teo-


rema 34:

f ′′( x) = 36 x 2 + 24 x − 144 .

Ponto 0: f ′′(0) < 0 . Logo, 0 é ponto de máximo relativo.

Ponto -4: f ′′(−4) > 0 . Logo, −4 é ponto de mínimo relativo.

Ponto 3: f ′′(3) > 0 . Logo, 3 é ponto de mínimo relativo.

   2
b) f :  − ,  →  e f ( x) = sen 3 x
 2 2

Resolução. f ′( x) = 6 sen 3 x cos 3 x

f ′( x) = 0 ⇔ sen3 x = 0 ou cos 3 x = 0 ;

 
sen3 x = 0 e − <x< ⇔ 3 x = 0 ou 3 x =  ou 3x = − 
2 2
 
⇔ x = 0 ou x = ou x = − .
3 3

   
cos 3 x = 0 e − < x < ⇔ 3x = ou 3 x = −
2 2 2 2
 
⇔x= ou x = − .
6 6

   
Os pontos críticos de f são: − , − , 0, e .
3 6 6 3

241
Para usar o teorema 34, precisamos de f ′′( x) :
( )
f ′′( x) = 18 cos 2 3 x − sen 2 3 x (verifique!). Se lembrarmos da fór-
mula cos 2 = cos 2  − sen 2  , poderemos escrever f ′′( x) de ma-
neira mais simples: f ′′( x) = 18 cos 6 x .

Aplicando f ′′ a cada um dos pontos críticos encontrados, o leitor


 
poderá constatar que: 0, e − são pontos de mínimo relati-
3 3
 
vo; e − são pontos de máximo relativo.
6 6

c) f ( x) = x 5 − x 4 .

Resolução. f ′( x) = 5 x 4 − 4 x3 = x 3 (5 x − 4 )
4
f ′( x) = 0 ⇔ x = 0 ou x = . Os pontos críticos de f são:
5
4
0 e .
5
f ′′( x) = 20 x3 − 12 x 2 = 4 x 2 (5 x − 3).

4 16  4  4
Ponto : f ′′   = 4 ⋅  5 ⋅ − 3  > 0 . Logo, é ponto de mí-
5 25  5  5
nimo relativo.

Ponto 0: f ′′(0) = 0 . Neste caso não podemos aplicar o teorema

34. Devemos então usar o teorema 33: f ′( x) = x3 (5 x − 4 ). Per-


4
cebemos que se x < 0 , então f ′( x) > 0 e se 0 < x < , então
5
f ′( x) < 0 . Logo, 0 é ponto de máximo relativo de f .

Exercícios Propostos
Determine os pontos de máximo e de mínimo relativo das
funções:

12) f ( x) = x5 −
5 4
2
x − 5 x 3 + 21 .

13) g ( x) = 2sen x + cos 2 x ; x ≤.

242
5.7 Problemas que Envolvem Máximos
e Mínimos
Resolveremos nesta seção alguns problemas utilizando os itens
5.3 e 5.4.

Em cada problema, teremos que lidar com mais de uma variável


e o primeiro passo será identificar qual destas variáveis deve ser
maximizada ou minimizada.

Tal variável deverá ser expressa como função de uma única variá-
vel independente para que possamos aplicar nossos conhecimen-
tos sobre máximos e mínimos.

Acompanhe atentamente a resolução dos exercícios:

Exercício Resolvido
14) Um fabricante deseja vender o seu produto em latas cilín-
dricas com capacidade para 1 litro. Quais as dimensões da lata
mais econômica, isto é, daquela que requer menor quantidade de
material em sua fabricação?

Resolução. Existem muitas (infinitas!) latas cilíndricas com capa-


cidade de 1 litro. Seja R o raio da base e h a altura de uma delas.
Precisamos minimizar a área total A da superfície da lata.

R
Figura 5.11

243
Superfície Lateral h

2�R

Figura 5.12

base
Figura 5.13

Note que A = 2 Rh + 2 R 2 .

Para escrever A como função de uma única variável, usamos o dado


do problema que exige o volume de 1 litro, isto é, V = 1000cm3 .
O volume do cilindro de raio R e altura h é dado por V = R 2 h .
Assim, R 2 h = 1000 .

Explicitando h em função de R , temos: h = 1000 .


R 2
1000
Logo, A (R ) = 2 R ⋅ 2
+ 2 R 2 , ou melhor,
R
2000
A (R ) = + 2 R 2 ; R ∈ (0, +∞ ) .
R

Devemos, pois encontrar o ponto de máximo absoluto desta função.


2000
Bem, A′ (R ) = − 2 + 4 R , que existe para todo R > 0 .
R
500 . Portanto, o único ponto crítico é 500 .
A′ (R ) = 0 ⇔ R = 3 3
 

Vamos aplicar o teste da derivada segunda para verificar se ele é


4000
ponto de máximo ou de mínimo relativo. A′′ (R ) = 3 + 4  .
R

244
 500 
Como A′′  3  > 0 , o teorema 34 garante que é ponto de míni-
  
mo relativo. Será um mínimo absoluto?

Como A′ é contínua em (0, +∞ ), o teorema do valor intermediário


garante que A′ não muda de sinal em qualquer um dos intervalos:
 500   3 500 
 0, 3  e  , +∞  .
     

Por ser 500 um ponto de mínimo e pelo Teorema 33, concluímos


3

 500 
que, A′ (R ) < 0 para todo valor de R em  0, 3  e A′ (R ) > 0
  
 500 
para todo valor de R em  3 , ∞  .
  
 500 
Portanto, a função A (R ) é decrescente em  0, 3  e crescen-
  
 500  500
te em  3 , ∞  . Isto permite concluir que 3 é ponto de
   
mínimo absoluto de A .

Para este valor de R temos:


500
1000 3
1000 1000  = 2 ⋅ 3 500 .
h= = =
R 2 2 500 
 500  ⋅
3   
  

Resposta. A lata mais econômica deverá ter altura igual ao diâme-


500
tro da base. Mais precisamente, R= 3 ≅ 5, 42cm e

500
h = 2⋅ 3 ≅ 10,84cm .

Observação. A análise feita no exemplo anterior para compro-


var que o extremo relativo era de fato um extremo absoluto pode
ser muitas vezes evitada se usarmos o seguinte teorema, cuja de-
monstração não será apresentada nesse texto.

245
Teorema 35. Seja f uma função contínua no intervalo I que con-
tém o ponto crítico c . Se f (c) é o único extremo relativo de f em
I , então f (c) é um extremo absoluto de f em I .

Exercícios Resolvidos
15) Um fazendeiro deseja cercar um terreno plano e retangular
para pastagem. O terreno situa-se à margem de um rio retificado,
o qual será aproveitado como “cerca natural”. A cerca colocada
nos 3 lados do terreno tem um custo de R$ 12,00 por metro linear.
Ele pretende ainda passar uma cerca perpendicular ao rio, a qual
divide o terreno em duas partes iguais. Esta cerca é mais simples e
custa R$ 8,00 por metro linear. O fazendeiro dispõe de R$ 8.000,00
para colocar toda a cerca. Calcule as dimensões do terreno a ser
cercado que oferece a maior área de pastagem para o gado.

Resolução.

y y y

Rio

Figura 5.14

Sejam x e y as medidas, em metros, dos lados do terreno (vide figu-


ra). Precisamos maximizar a área A do retângulo de lados x e y .

Sabemos que A = x ⋅ y . Para escrever A como função de uma só


variável, usamos os dados do problema em relação ao custo da
cerca. O custo total da cerca será: 12 x + 12 y + 12 y + 8 y .

Como o fazendeiro pretende gastar R$ 8.000,00, temos:


12 x + 32 y = 8000 , ou melhor, 3 x + 8 y = 2000 . Esta equação for-
nece uma relação entre x e y , por exemplo:

2000 − 3 x
y= (1)
8

246
 2000 − 3 x  3x 2
Assim, A = x   , ou seja, A( x ) = 250 x − ;
 8  8
2000
0< x< .
3
Devemos encontrar o extremo absoluto desta função.
3 1000
A′( x) = 250 − x ; A′( x) = 0 ⇔ x = .
4 3
1000
O único ponto crítico de A é .
3
−3  1000 
A′′( x) = . Logo, A′′   < 0 e pelo teorema 34, segue que
4  3 
1000
é ponto de máximo relativo de A .
3
 2000 
Como a função A( x) é contínua em  0,  e tem um único
 3 
1000
extremo relativo, o teorema 35 garante que é ponto de má-
3
ximo absoluto de A .
1000
De (1), temos que para x = , y = 125 .
3
Resposta. Para cercar o terreno de maior área possível com tal
1000
investimento, o fazendeiro deverá cercar = 333,33m para-
3
lelamente ao rio e 125 m perpendicularmente ao rio, oferecendo ao
seu gado uma área de 41.666,25 m2.

16) Entre todos os cilindros circulares retos inscritos numa esfera


de raio R , quais as dimensões daquele que tem o maior volume?

Resolução. Seja x o raio da base do cilindro inscrito e h a sua


altura.

R h
2
x

Figura 5.15

247
Precisamos maximizar seu volume: V = x 2 h .

Uma relação entre as variáveis x e h é fornecida pela figu-


h2
ra, aplicando o teorema de Pitágoras: R 2 = x 2 + , ou seja,
4
2 2 h2
x =R − .
4
 h2  h3
Logo, V (h) =   R 2 −  h = R 2 h − ; 0 < h < 2R .
 4  4

3h 2 .
V ′(h) = R 2 −
4
2R
V ′(h) = 0 ⇔ h = ± . Como h é positivo, segue que o único
3
2R
ponto crítico é .
3

3h  2R 
V ′′(h) = − e, sendo V ′′   < 0 , segue pelo teorema 34 que
2  3
2 R é ponto de máximo relativo de V .
3
2R
Como V é contínua em (0, 2h ), segue pelo teorema 35 que
3
h2
é ponto de máximo absoluto de V . Da relação x 2 = R 2 − temos
4
2R 2
que, para h = , x= R.
3 3

Resposta. O cilindro de maior volume inscrito na esfera de raio R tem

2 2 2 4
raio x = R , altura h = R e volume igual a x h = R 3 ,
3 3 3 3
o que equivale a 1 do volume da esfera, ou seja, cerca de 58%.
3

17) Uma ilha (ponto A da figura) encontra-se a 6 km de uma


praia, cuja curvatura é desprezível. Seja B o ponto da praia que
está mais próximo da ilha. Um hotel localiza-se a 12 km de B , no
ponto C . Se um homem consegue remar a uma velocidade de 4
km/h e caminhar a uma velocidade de 6km/h, em que lugar da
praia ele deve desembarcar de seu barco para chegar ao hotel no
menor tempo possível?

248
x 12 − x
B Q C

A
Figura 5.16

Resolução. Seja Q o ponto da praia, entre B e C , em que o ho-


mem deve desembarcar e seja x = BQ . O problema pede a loca-
lização do ponto Q , que minimiza o tempo T gasto pelo homem
para se deslocar da ilha ao hotel.

AQ QC x 2 + 36 12 − x
Ora, T = + = + . Portanto, a função a ser
4 6 4 6

x 2 + 36 12 − x
minimizada é T ( x) = + ; x ∈ [0,12].
4 6
Repare que o intervalo de variação de x é fechado. Trata-se, pois
de um problema de extremos absolutos num intervalo fechado.
Assim, os candidatos a ponto de mínimo absoluto são os pontos
críticos em (0,12 ) , além de 0 e de 12.

x 1
T ′( x) = −
2
4 x + 36 6

12
( )
T ′( x) = 0 ⇔ 6 x = 4 x 2 + 36 ⇔ 36 x 2 = 16 x 2 + 36 ⇔ x = ±
5
.

A única solução da equação 6 x = 4 x 2 + 36 que pertence ao in-

12
tervalo (0,12 ) é x = . Portanto, temos um único ponto crítico
5
12
neste intervalo, que é .
5
12
O valor mínimo de T ( x) ocorre num dos 3 pontos: 0, ou 12 .
5

249
 12 
Como T (0 ) = 3,5 , T   ≅ 3,12 e T (12 ) ≅ 3,35 segue que o
 5 12
valor mínimo de T ocorre para x = ≅ 5,366 .
5
Resposta. O homem deve desembarcar a 5.366 m de B e cami-
nhar os 6.634 m restantes.

Exercícios Propostos
14) Entre todos os retângulos cujo perímetro vale 10 m , deter-
mine as dimensões daquele que tem a maior área.

15) Deseja-se fabricar caixas retangulares fechadas de base


quadrada, com capacidade de 1 m3. O custo por m2 do material
da base e da tampa é de 8 reais e o dos lados, 5 reais. Encontre as
dimensões da caixa mais econômica.

16) De todos os retângulos inscritos num círculo de raio R,


qual é o que possui o maior perímetro?

5.8 Concavidade e Pontos de Inflexão


Observe as figuras 5.17 e 5.18. Elas exibem o gráfico de funções f
e g , ambas deriváveis e crescentes.

y y

y = g (x)

y = f (x)

x x

Figura 5.17 Figura 5.18

250
Você percebe alguma diferença entre o aspecto de uma e de outra
curva?

Agora olhe para as figuras 5.19 e 5.20. Os segmentos de reta que


nelas aparecem são “pedaços” das retas tangentes ao gráfico nos
pontos indicados.

y y

C F
y = f (x)
E
B y = g(x)

A D

x x

Figura 5.19 Figura 5.20

Lembre-se que o coeficiente angular (inclinação) da reta tangente


ao gráfico de f no ponto (a, f (a ) ) é f ′(a ) .

A figura 5.19 mostra que a inclinação das retas tangentes ao gráfi-


co de f aumenta à medida que um ponto móvel se desloca sobre
o gráfico, da esquerda para a direita.

Já a figura 5.20 mostra que a inclinação das retas tangentes ao


gráfico de g diminui nestas circunstâncias.

Em outras palavras, f ′( x) aumenta à medida que x aumenta,


enquanto g ′( x) diminui, ou ainda, poderíamos dizer que f ′ é
crescente, enquanto g ′ é decrescente.

Definição 33. Seja f : (a, b ) →  uma função derivável. Dizemos


que o gráfico de f é côncavo para cima (c.p.c.) quando f ′ é cres-
cente em (a, b ). Dizemos que o gráfico de f é côncavo para baixo
(c.p.b.) quando f ′ é decrescente em (a, b ).

251
Observação. Prova-se que o gráfico de f é c.p.c. em (a, b ) quan-
do para todo ponto c ∈ (a, b ), o gráfico da restrição de f a um pe-
queno intervalo aberto centrado em c encontra-se acima da reta t ,
que é a tangente ao gráfico de f em (c, f (c) ) . (Veja a figura 5.21)

Analogamente, apenas trocando a palavra “acima” pela palavra


“abaixo” se o gráfico é c.p.b. em (a, b ). (Veja a figura 5.22)

y y

t
t

x a c b x
a c b

Figura 5.21 Figura 5.22

Observe atentamente o gráfico da função f na figura 5.23.

y = f (x)

a b c d e f x

Figura 5.23

252
A última observação permite concluir que o gráfico de f é c.p.c.
nos intervalos (a, b ) e (e, f ) e é c.p.b. no intervalo (c, d ) . E qual é
a concavidade, por exemplo, no intervalo (b, c )?
Tente responder!
Bem, através da simples análise do gráfico dificilmente encon-
trar-se-á uma resposta, até porque existe um ponto do gráfico,
entre os pontos (b, f (b) ) e (c, f (c) ) , em que ocorre uma mudan-
ça de concavidade. Como poderíamos determinar este ponto?
Perguntas como estas serão respondidas por meio dos próximos
dois teoremas.

Exemplos:

a) Seja f ( x) = x 2 . Como f ′( x) = 2 x , que é uma função crescen-


te, concluímos que o gráfico de f é c.p.c. em qualquer inter-
valo (a, b ).

1
b) Seja g ( x) = ln x . Como g ′( x) =
, que é uma função decres-
x
cente em (0, +∞ ) (Por quê?), segue que o gráfico de g é c.p.b.

em qualquer intervalo (a, b ) com a > 0 .

 
 sen x se − < x ≤ 0
     2
c) Seja h :  − ,  →  , h( x) =  .
 2 2 cos x se 0 < x < 
 2

 
cos x se − 2 < x < 0
Então h′( x) =  .
− sen x se 0 < x < 
 2

  
Agora verifique que h′ é crescente em  − , 0  e decrescente em
 2 
    
 0,  . Conclua que o gráfico de h é c.p.c. em  − , 0  e c.p.b.
 2  2 
em  0,  .

 2

Observação. Recomendamos ao leitor fazer gráficos das funções


f , g , h e checar através destes as respectivas conclusões.

253
Teorema 36. Seja f : (a, b ) →  uma função duas vezes derivável.

a) Se f ′′( x) > 0 para todo x ∈ (a, b ) , então o gráfico de f é côncavo


para cima em (a, b ).

b) b) Se f ′′( x) < 0 para todo x ∈ (a, b ) , então o gráfico de f é côn-


cavo para baixo em (a, b ).

Demonstração. Demonstraremos o item (a). A demonstração


de (b) é análoga. Seja g = f ′ . Por hipótese g ′( x) > 0 para todo
x ∈ (a, b ) . Pelo teorema 32, g é crescente em (a, b ), ou seja, f ′
é crescente em (a, b ). Da definição 33, segue que o gráfico de f
é côncavo para cima em (a, b ).

Observação. Recomendamos também ao leitor checar o teorema


36 nos exemplos anteriores.

Definição 34. O ponto (c, f (c) ) é chamado de ponto de inflexão


do gráfico de f quando f for contínua em c e quando houver na-
quele ponto uma mudança de concavidade do gráfico.

y
Pontos de
inflexão

x
Figura 5.24

O próximo teorema será usado para determinar os candidatos a


pontos de inflexão.

Teorema 37. Seja f uma função e (c, f (c) ) um ponto de inflexão


do gráfico de f . Se f ′′(c) existe, então f ′′(c) = 0 .
Se a mudança de
concavidade fosse de
Demonstração. Suponhamos que no ponto (c, f (c) ) a concavi- c.p.b. a c.p.c., o argumento
dade do gráfico de f muda de c.p.c a c.p.b. seria análogo.

254
Então existem números reais a e b satisfazendo a < c < b e tais
que f ′ é crescente no intervalo (a, c ) e f ′ é decrescente em
(c, b ).
Mas isto caracteriza c como ponto de máximo relativo de f ′ . Pelo
teorema 29 , se f ′′(c) existe então f ′′(c) = 0 .

Observação. O fato de ser f ′′(c) = 0 não garante que (c, f (c) ) é


ponto de inflexão. Por exemplo, se f ( x) = x 4 , então f ′′ (0 ) = 0 ,
mas (0, 0 ) não é ponto de inflexão. Verifique!

Portanto, para saber se o ponto (c, f (c) ) é ponto de inflexão é ne-


cessário verificar se nele ocorre mudança de concavidade.

Observação. Se f ′′(c) não existe, então o ponto (c, f (c) ) pode ou


não ser ponto de inflexão.
2
Por exemplo, se f ( x) = x , então f ′′ (0 ) não existe e (0, 0 ) não é
3

ponto de inflexão. Verifique!

Se g ( x) = 3 x , então g ′′ (0 ) também não existe, porém (0, 0 ) é


ponto de inflexão do gráfico de g . Verifique!

Exercícios Resolvidos
18) Determine os pontos de inflexão do gráfico de f e os inter-
valos em que este é c.p.c. bem como aqueles em que ele é c.p.b..

a) f ( x) = x 5 − 10 x 4 + 2 x + 11

Resolução. Vamos usar os teoremas 36 e 37, analisando a derivada


segunda de f :

Bem, f ′′( x) = 20 x3 − 120 x 2 = 20 x 2 (x − 6 ). Então


f ′′( x) = 0 ⇔ x = 0 ou x = 6 .

Portanto, temos dois candidatos a pontos de inflexão: (0,11) e


(6, f (6) ) . Para saber se de fato há mudança de concavidade no
ponto, devemos estudar o sinal de f ′′ :

255
0 6

20x 2 + + +

x−6 − − +

f ′′( x) − − +

O sinal de f ′′( x) permite concluir o seguinte: o gráfico de f é


c.p.b. no intervalo (−∞, 6 ) e c.p.c. em (6, ∞ ) .

Resposta. O único ponto de inflexão é (6, f (6) ) .

5
b) f ( x) = (3 x − 1)3 − x 2

10
Resolução. O leitor pode checar que f ′′( x) = 3 − 2 . Note
3x − 1
1
que f ′′( x) não existe para x = .
3
Por outro lado,
10
f ′′( x) = 0 ⇔ 3 = 2 ⇔ 10 = 2 3 3 x − 1 ⇔ 1000 = 8 (3 x − 1) ⇔ x = 42
3x − 1
Assim, temos dois pontos candidatos a pontos de inflexão:

1  1 
 , f    e (42, f (42) ) . Convidamos o leitor a conferir o sinal
3  3 
de f ′′ conforme especificado no quadro:

1
3 42

f ′′( x) − + −

1 
Concluímos que o gráfico de f é c.p.c. em  , 42  e c.p.b. em
3 
 1
 −∞,  e em (42, +∞ ) . O gráfico tem dois pontos de inflexão:
 3

1 1
 , −  e (42,1361) .
3 9

256
Exercícios Propostos
Faça uma análise da concavidade do gráfico da função e deter-
mine os eventuais pontos de inflexão:

17) f ( x) = x 4 + 2 x 3 − 12 x 2 + 5 x − 1

18) g ( x) = (5x − 2)
4
3

5.9 Assíntotas Verticais e Horizontais


1
Considere a função f ( x) = , cujo gráfico aparece na figura 5.25.
x−2

2 x
x=2

Figura 5.25

O leitor pode constatar que:

a) lim− f ( x) = −∞ ;
x→2

b) lim+ f ( x) = +∞ ;
x→2

c) lim f ( x) = 0 ;
x →−∞

d) lim f ( x) = 0 .
x →+∞

257
Devido a (a) e (b) podemos dizer que à medida que x se aproxima
de 2, quer pela direita, quer pela esquerda, f ( x) tende a infinito e
a distância entre os pontos do gráfico e a reta x = 2 tende a zero.

Devido a (c) e (d), à medida que x tende a infinito, a distância en-


tre os pontos do gráfico de f e a reta y = 0 (eixo X) tende a zero.

Retas que exibem tal comportamento, como as retas x = 2 e y = 0 ,


chamam-se assíntotas do gráfico, conforme as definições 35 e 36
a seguir.

Definição 35. A reta x = a é uma assíntota vertical do gráfico de


uma função f se pelo menos uma das afirmações seguintes for ver-
dadeira:

(1) lim− f ( x) = −∞ ; (2) lim− f ( x) = +∞ ;


x→a x→a

(3) lim+ f ( x) = −∞ ; (4) lim+ f ( x) = +∞ .


x→a x→a

Exemplos:

a) A reta x = a (a ∈  ) é uma assíntota vertical do gráfico de


1
f ( x) = , pois lim− f ( x) = −∞ e lim+ f ( x) = +∞ .
x−a x→a x→a

3x − 5
b) Seja f ( x) =2
. Como x 2 − 4 = 0 ⇔ x = ±2 , as retas “can-
x −4
didatas” a assíntotas verticais são x = 2 e x = −2 .

Constatando que de fato os limites laterais de f nos pon-


tos 2 e -2 são infinitos, concluimos que ambas são assíntotas
verticais do gráfico de f .

c) O gráfico da função y = tg x tem uma infinidade de assínto-


tas verticais.
sen x 
De fato, y = e cos x = 0 ⇔ x = k  + ; k ∈  . Como
cos x 2
  sen x
sen  k  +  = ±1 , segue que lim = +∞ (ou − ∞ ) e
 2  
x → k  + 

cos x
 2

sen x
lim = +∞ (ou − ∞ ).
 
x → k  + 
+
cos x
 2

258

Logo, para todo k inteiro, a reta x = k  + é assíntota ver-
2
tical do gráfico da função tangente.

d) O gráfico da função y = ln x tem uma assíntota vertical:


x = 0 , pois lim+ ln x = −∞ .
x →0

Definição 36. A reta y = b é uma assíntota horizontal do gráfico


da função f quando pelo menos uma das afirmações seguintes for
verdadeira:

(1) lim f ( x) = b ;
x →−∞

(2) lim f ( x) = b .
x →+∞

Exemplos:

1
a) Se f ( x) = 2 +, então lim f ( x) = 2 e lim f ( x) = 2 .
x x →−∞ x →+∞

Logo, o gráfico de f possui uma assíntota horizontal: y = 2 .


(Veja figura)

Assíntota Horizontal

Assíntota Vertical

Figura 5.26

259
b) O gráfico da função y = e x possui uma assíntota horizontal:
y = 0 . De fato, lim e x = 0 .
x →−∞

x − 1 + x2
c) Seja f ( x) = . Convidamos o leitor a verificar que
3x − 1
2
lim f ( x) = e que lim f ( x) = 0 . Podemos concluir que o grá-
x →−∞ 3 x →+∞
2
fico de f possui duas assíntotas horizontais: y = 0 e y = .
3

Exercícios Propostos
Dê a equação das assíntotas verticais e horizontais do gráfico
da função:

19) f ( x) =
3
(x + 1)
2

20) g ( ) = cotg 
21) h(t ) = 2t 6 −− 35tt − 2
2

5.10 Esboço de Gráficos


Você já aprendeu a fazer o gráfico de algumas funções elementa-
res através da plotagem de alguns pontos, seguida da união des-
tes pontos através de uma linha contínua.

Este processo rudimentar dificulta ou até impossibilita a percep-


ção de aspectos fundamentais do gráfico como a concavidade,
bem como a localização exata dos pontos de inflexão e dos extre-
mos da função.

Nosso objetivo agora, não é fazer gráficos milimetricamente exa-


tos, plotando dezenas de pontos. Devemos sim localizar os pontos
importantes do gráfico, a saber, os pontos de descontinuidade, de
mínimo e de máximo relativos e os pontos de inflexão, se houver,
e eventualmente alguns pontos auxiliares.

260
É fundamental reconhecer os intervalos de crescimento e decres-
cimento da função, estudar a concavidade do gráfico e suas even-
tuais assíntotas.

Apresentamos a seguir, um roteiro que pode ser utilizado para


fazer o gráfico de uma função.

Dada a função y = f ( x) , determine:

1) Domínio de f ;

2) Pontos de descontinuidade;

3) Limites no infinito, se fizerem sentido;

4) Assíntotas horizontais e verticais;

5) Pontos em que o gráfico corta os eixos coordenados, desde


que não seja muito difícil encontrá-los;

6) Intervalos de crescimento e decrescimento de f ;

7) Pontos de máximo e de mínimo relativos;

8) Concavidade do gráfico de f ;

9) Pontos de inflexão;

10) Localização eventual de pontos do gráfico para auxílio.

Para enfim esboçar o gráfico, localize os pontos obtidos nos itens


2, 5, 7, 9, 10, represente as assíntotas através de retas tracejadas e,
observando os itens 1, 3, 6 e 8, comece a traçar a curva, da esquer-
da para a direita.

Se julgar conveniente, plote mais algum ponto do gráfico e talvez


até calcule a derivada da função na abcissa do ponto, obtendo a
inclinação da reta tangente ao gráfico naquele ponto.

261
Exercícios Resolvidos
19) Faça o gráfico da função f ( x) =
x 4 3x 2
4

2
+ 2x + 5 .

Resolução. Vamos seguir os itens do roteiro:

(1) Domínio de f : 

(2) Pontos de descontinuidade: não há! A função é contínua.

 x 4 3x 2  x4
(3) lim f ( x) = lim  − + 2 x + 5  = lim = +∞ .
x →−∞ x →−∞
 4 2  x →−∞ 4
x4
lim f ( x) = lim = +∞ .
x →+∞ x →+∞ 4

(4) Assíntotas: o item (3) mostra que não há assíntotas horizontais.


Sendo polinômio, o gráfico de f também não possui assíntotas
verticais.

(5) Ponto em que o gráfico corta o eixo Y: fazendo x = 0 , obtemos


y = 5 . Trata-se do ponto (0,5 ).

Pontos em que o gráfico corta o eixo X: teríamos que resolver a


x 4 3x 2
equação − + 2 x + 5 = 0 o que não faremos.
4 2
Para continuar, precisamos das derivadas de primeira e de segun-
da ordem de f . Convém escrevê-las na forma mais simplificada
possível.
x 4 3x 2
Sendo f ( x) = − + 2 x + 5 , temos:
4 2
f ′( x) = x3 − 3 x + 2 = (x + 2 )(x − 1) e
2

f ′′( x) = 3 x 2 − 3 = 3 (x + 1)(x − 1) . Logo,

f ′( x) = 0 ⇔ x = −2 ou x = 1 e f ′′( x) = 0 ⇔ x = −1 ou x = 1 .

Os pontos -2, -1 e 1 são significativos por serem candidatos a


pontos de máximo, mínimo ou de inflexão.

As informações relativas aos itens (6), (7), (8) e (9) serão dispostas
num quadro. Lembre-se que G ( f ) representa o gráfico de f .

262
Intervalos e/ou pontos significa- Valor de f nos Sinal Sinal
Conclusão
tivos do domínio de f pontos de f ′ de f ′′

x < −2 ----------- − + f é dec. e o G ( f ) é c.p.c.

x = −2 −1 0 + -2 é ponto de mín. relativo

−2 < x < −1 ----------- + + f é cresc. e o G ( f ) é c.p.c.

x = −1 1, 75 + 0 (−1;1, 75) é ponto de inflexão


−1 < x < 1 ----------- + − f é cresc. e o G ( f ) é c.p.b.

x =1 5, 75 0 0 (1;5, 75) é ponto de inflexão


x >1 ----------- + + f é cresc. e o G ( f ) é c.p.c.

(10) Pontos do gráfico para auxílio: (−3;5, 75 ) e (2, 7 ) .

Gráfico:

5,75

1,75

-2
-3 -1 1 2 x

Figura 5.27

263
20) Faça o gráfico da função f ( x) =
x2 + 1
x2 − 4
.

Resolução. (1) Domínio de f :  − {±2}

(2) Pontos de descontinuidade: não há!


1
2 1+
x +1 x2 = 1 e
(3) lim 2 = lim
x →−∞ x − 4 x →−∞ 4
1− 2
x

1
1+ 2
x2 + 1 x =1
lim = lim
x →+∞ x 2 − 4 x →+∞ 4
1− 2
x

(4) Conforme o item (3), a reta y = 1 é uma assíntota horizontal


do gráfico de f . As retas x = −2 e x = 2 são assíntotas verticais,
pois o leitor pode constatar que:

lim f ( x) = +∞ ; lim+ f ( x) = −∞ ;
x →−2− x →−2

lim f ( x) = −∞ ; lim f ( x) = +∞ .
x → 2− x → 2+

 1
(5) Ponto em que o gráfico corta o eixo Y:  0,  . Como x 2 + 1
 4
não pode ser zero, o gráfico não intersecta o eixo X.

Derivadas:

−10 x 30 x 2 + 40
f ′( x) = (Confira!) e f ′′( x) = (Confira!)
( ) ( )
2 3
x2 − 4 x2 − 4

Logo, f ′( x) = 0 ⇔ x = 0 ; f ′′( x) = 0 ⇔ 30 x 2 + 40 = 0 , o que ja-


mais ocorre.

Note que nem f ′ nem f ′′ estão definidas nos pontos 2 e -2. Estes
pontos, não pertencendo ao domínio de f , não são pontos críticos
de f . Apesar disto, são considerados pontos significativos, pois
neles pode ocorrer uma alteração do gráfico, nos aspectos cresci-
mento e concavidade.

264
Intervalos e/ou pontos significa- Valor de f nos Sinal Sinal
Conclusão
tivos do domínio de f pontos de f ′ de f ′′

x < −2 ----------- + + f é cresc. e o G ( f ) é c.p.c.

não não
x = −2 não existe
existe existe x = −2 é assíntota vertical

−2 < x < 0 ----------- + − f é cresc. e o G ( f ) é c.p.b.


1
x=0 − 0 − 0 é ponto de máx. relativo
4

0< x<2 ----------- − − f é dec. e o G ( f ) é c.p.b.

não não
x=2 não existe
existe existe x = −2 é assíntota vertical

x>2 ----------- − + f é dec. e o G ( f ) é c.p.c.

 2  2
(10) Pontos auxiliares:  −1, −  ; 1, −  ; (−3, 2 ); (3, 2 ).
 3  3
Gráfico:

2
1

-3 -2 -1 -1/4 1 2 3 x
-2/3

Figura 5.28

265
2 5
21) Idem para a função f ( x) = 5 x 3 − x 3 .

Resolução. (1) Domínio de f :  . Note que podemos escrever

f ( x) = 5 3 x 2 − 3 x5 .

(2) Pontos de descontinuidade: não há!

5 5
5 
x →−∞ x →−∞
( −1
x →−∞
)
(3) lim f ( x) = lim x 5 x − 1 = lim x  − 1 = +∞
3

x 
3

lim f ( x) = −∞ (Verifique!)
x →+∞

(4) O gráfico não possui assíntotas.

(5) Ponto em que o gráfico corta o eixo Y:

Fazendo x = 0 , obtemos y = 0 . Trata-se do ponto (0, 0 ) .

Pontos em que o gráfico intersecta o eixo X:


2 5 2
5 x 3 − x 3 = 0 ⇔ x 3 (5 − x ) = 0 ⇔ x = 0 ou x = 5 .

Trata-se dos pontos (0, 0 ) e (5, 0 ).

10 − 13 5 23 5  2 3 2  5  2 − x 
Derivadas: f ′( x) = x − x =  3 − x  =  3  .
3 3 3 x  3 x 

10 − 43 10 − 13 10  1 1  10  1 + x 
f ′′( x) = − x − x =−  + 3 =−  .
9 9 9  3 x4 x 9  3 x4 

Desta forma, f ′( x) = 0 ⇔ x = 2 e f ′′( x) = 0 ⇔ x = −1 .

Note que ambas as derivadas não estão definidas para x = 0 .


Mas, o ponto 0 pertence ao domínio de f . Assim, 0 e 2 são pon-
tos críticos. Os pontos significativos do domínio são, pois -1, 0, 2.

266
Intervalos e/ou pontos significa- Valor de f nos Sinal Sinal
Conclusão
tivos do domínio de f pontos de f ′ de f ′′

x < −1 ----------- − + f é dec. e o G ( f ) é c.p.c.

x = −1 6 − 0 (−1, 6 ) é ponto de inflexão

−1 < x < 0 ----------- − − f é dec. e o G ( f ) é c.p.b.

não não
x=0 0 0 é ponto de mín. relativo
existe existe

0< x<2 ----------- + − f é cresc. e o G ( f ) é c.p.b.

x=2 3 3 4 ≅ 4,8 0 − 2 é ponto de máx. relativo

x>2 ----------- − − f é dec. e o G ( f ) é c.p.b.

(10) Ponto auxiliar: (1, 4 ) .

6
3
3√4
4

-1 1 2 x

Figura 5.29

267
 −x
2

e 2 se x ≤ 2
22) Idem para f ( x) =  3
 x − 2 x 2 + 8 se 2 < x ≤ 6
 3

Resolução. (1) Domínio: (−∞, 6]

(2) O ponto 2 é candidato a ponto de descontinuidade.


Verifiquemos:
x2

lim− f ( x) = lim− e 2
= e −2 ≅ 0,14 e
x→2 x→2

 x3  8
lim+ f ( x) = lim+  − 2 x 2 + 8  = ≅ 2, 7
x→2 x→2
 3  3

Logo, lim f ( x) não existe e f é descontínua em 2.


x→2
x2

(3) lim f ( x) = lim e 2
= 0 . lim f ( x) não faz sentido.
x →−∞ x →−∞ x →+∞

(4) De acordo com o item (3), a reta y = 0 é uma assíntota hori-


zontal. Não existem assíntotas verticais.

(5) Ponto em que o gráfico corta o eixo Y: (0,1) .


x2

Pontos em que o gráfico corta o eixo X: e = 0 não tem solução, 2

x2
− x3
pois e 2 > 0, ∀ x ≤ 2 . A equação − 2 x 2 + 8 = 0 não vamos
3
resolver!

Derivadas:


2
x

− xe 2 se x < 2
f ′( x) = 
 x 2 − 4 x se x > 2

Assim, f ′( x) = 0 ⇔ x = 0 ou x = 4 .

 −x
2

(
 2 x 2 − 1 se x < 2
f ′′( x) = e )
2 x − 4 se x > 2

Logo, f ′′( x) = 0 ⇔ x = −1 ou x = 1 .

Os pontos significativos, a serem destacados no quadro, são: -1, 0,


1, 2, 4.

268
Intervalos e/ou pontos significa- Valor de f nos Sinal Sinal
Conclusão
tivos do domínio de f pontos de f ′ de f ′′

x < −1 ----------- + + f é cresc. e o G ( f ) é c.p.c.

1  − 
1

x = −1 e

2
≅ 0, 6
+ 0  −1, e 2
 é ponto de inflexão
 

−1 < x < 0 ----------- + − f é cresc. e o G ( f ) é c.p.b.

x=0 1 0 − 0 é ponto de máx. relativo

0 < x <1 ----------- − − f é dec. e o G ( f ) é c.p.b.

1  − 12 
x =1 e

2 − 0 1, e  é ponto de inflexão
 

1< x < 2 ----------- − + f é dec. e o G ( f ) é c.p.c.


não não
x=2 e −2 ≅ 0,14 2 é ponto de descontinuidade
existe existe

2< x<4 ----------- − + f é dec. e o G ( f ) é c.p.c.


8
x=4 − ≅ −2, 7 0 + 4 é ponto de mín. relativo
3

4< x≤6 ----------- + + f é cresc. e o G ( f ) é c.p.c.

 1
(10) Pontos auxiliares: (3, −1) ,  5, −  , (6,8 ).
 3
y

8/3
1

-1 1 2 3 4 5 6 x
-1
-8/3
Figura 5.30

269
Exercícios Propostos
Faça um esboço do gráfico das funções:

22) f ( x) = x 4 − 2 x 2 + 1

23) (
f ( x) = ln x 2 + 1 )
 2x −1
se x < 0
24) 
f ( x) =  x + 3
 x 3 − 12 x + 4 se x ≥ 0

25) f ( x) = x + cos x

5.11 Regra de L’Hospital


No capítulo 2 estudamos limites e, em particular, vimos que o
cálculo do limite de um quociente de funções muitas vezes leva a
0 ∞
um dos casos de indeterminação: ou . Neste caso é preciso
0 ∞
evitar a indeterminação, o que nem sempre é fácil.

O próximo teorema, chamado regra de L’Hospital, em homena-


gem ao matemático francês Guillaume François de L’Hospital
(1661 - 1707), permite, sob certas condições, evitar tais indetermi-
nações usando derivadas.

Teorema 38. Regra de L’Hospital: Sejam f e g funções derivá-


veis em todos os pontos de um intervalo aberto I , exceto talvez no Este teorema não
será demonstrado.
ponto a ∈ I .

Suponhamos que g ′( x) ≠ 0 para todo x ∈ I − {a}. Então:

f ′( x)
(1) Se lim f ( x) = lim g ( x) = 0 e se lim = L , então
x→a x→a x→a g ′( x)
f ( x)
lim =L.
x→a g ( x)

f ′( x)
(2) Se lim f ( x) = lim g ( x) = +∞ e se lim = L , então
x→a x→a x→a g ′( x)
f ( x)
lim =L.
x→a g ( x)

270
Observação. O teorema vale também para limites laterais e limi-
tes no infinito.

Observação. O teorema vale também para limites infinitos.

Observação. A regra de L’Hospital só pode ser aplicada para cal-


f ( x)
cular o limite do quociente quando ocorre uma indetermi-
g ( x)
0 ∞
nação do tipo ou . Em tal caso, toma-se o limite do quociente
0 ∞
f ′( x)
das derivadas (e não da derivada do quociente!) . Se este
g ′( x)
f ( x)
limite existir, então o seu valor será o valor do limite de .
g ( x)
0 ∞
Caso persista a indeterminação ou , aplica-se a regra de
0 ∞
f ′( x)
L’Hospital a .
g ′( x)

Exercícios Resolvidos
23) Calcule lim cos6senx −x
x + 2x −1
x →0
.

Resolução. Como lim (6 senx − x ) = 0 e lim (cos x + 2 x − 1) = 0 ,


x →0 x →0

podemos aplicar a regra de L’Hospital.

6 sen x − x 6cos x − 1 5
Logo, lim = lim = .
x →0 cos x + 2 x − 1 x → 0 − sen x + 2 2

24) Calcule lim 2 xx →−1 4


x3 + 1
+ 2 x3 + 5 x 2 + 5 x
.

Resolução. Novamente estamos diante de um caso de indetermi-


0
nação do tipo (verifique!).
0
Pela regra de L’Hospital,

x3 − 1 3x 2 3 3
lim 4 3 2
= lim 3 2
= =− .
x →−1 2 x + 2 x + 5 x + 5 x x →−1 8 x + 6 x + 10 x + 5 −7 7

271
ln (cos 2 x )
25) Calcule lim− .
(x −  )
2
x→ 

0
Resolução. Mais uma indeterminação do tipo (verifique!).
0
ln (cos 2 x ) −2tg 2 x
Aplicando o teorema 38, temos: lim− = lim− .
x→ 
(x −  )
2
x→  2 (x −  )

Como lim− (−2tg 2 x ) = 0 e lim− 2 (x −  ) = 0 , devemos aplicar o


x→  x→ 

−2tg 2 x −4 sec 2 2 x −4
teorema outra vez: lim− = lim− = = −2 .
x→  2 (x −  ) x →  2 2

ln (cos 2 x )
Logo, lim = −2 .
(x −  )
− 2
x→ 

26) e2 x + x
Calcule lim 3 x
x →+∞ e +x
.

( )
Resolução. Temos: lim e 2 x + x = +∞ e lim e3 x + x = +∞ . Po-
x →+∞ x →+∞
( )
e2 x + x 2e 2 x + 1
demos assim aplicar o teorema 38: lim = lim .
x →+∞ e3 x + x x →+∞ 3e3 x + 1


Este último limite nos leva também à indeterminação . Aplican-

do novamente o teorema 38, temos:

2e 2 x + 1 4e 2 x 4 4 4
lim 3 x
= lim 3 x
= lim e − x = lim e − x = ⋅ 0 = 0 .
x →+∞ 3e + 1 x →+∞ 9e x →+∞ 9 9 x →+∞ 9

e2 x + x
Logo, lim =0.
x →+∞ e3 x + x

Observação. A regra de L’Hospital não se aplica para calcular,


x − cos x
por exemplo, o lim , apesar de ser lim (x − cos x ) = ∞ e
x →∞ x x →∞

lim x = ∞ . Com efeito, derivando numerador e denominador, ob-


x →∞

tém-se a função 1 + sen x e lim (1 + senx ) não existe.


x →∞
1

272
Neste caso, o teorema 38 não permite concluir que o limite propos-
x − cos x cos x 1
to não existe. De fato, escrevendo = 1− = 1 − cos x ⋅
x x x
e lembrando que a função cos x é limitada, percebemos que
x − cos x
lim =1.
x →∞ x

Exercícios Propostos
Calcule os limites:

26) lim sen


sen2x - 2senx
x →0 3 x − 3senx

27) lim
x →−∞
x −1

sen 
x

Foi visto no capítulo 2 que são sete os casos de indeterminação. O


Procure lembrar quais são teorema 38, porém, permite aplicar a regra de L’Hospital somente
ou consulte seu material.
0 ∞
para os casos e .
0 ∞
E quando surge alguma das demais indeterminações, não podemos
aplicá-la?

Podemos sim, mas não diretamente. Acompanhe com atenção os


próximos exercícios resolvidos para compreender o procedimento
em cada caso.

Exercícios Resolvidos
27) Calcule o lim  ln1x − x 1− 1  .
x →1+  

Resolução. Temos uma indeterminação do tipo ∞ − ∞ (verifique!).


Efetuando a soma das expressões entre parênteses chegamos a um
1 1 x − 1 − ln x
quociente: − = .
ln x x − 1 (x − 1)ln x

273
Como lim+ (x − 1 − ln x ) = 0 e lim+ (x − 1)ln x = 0 , podemos aplicar
x →1 x →1

a regra de L’Hospital:
1
1−
x − 1 − ln x x x −1
lim+ = lim+ = lim+ .
x →1 ( x − 1)ln x 1 x →1 x − 1 + x ln x
(x − 1)⋅ + ln x
x →1

Como lim+ (x − 1) = 0 e lim+ (x − 1 + x ln x ) = 0 , aplicamos novamen-


x →1 x →1

x −1 1 1
te a regra de L’Hospital: lim+ = lim+ = .
x →1 x − 1 + x ln x x →1 1 + 1 + ln x 2

 1 1  1
Logo, lim+  − = .
x →1  ln x x −1  2

28) Calcule o lim x ⋅ cotg 3x .


x →0

Resolução. O leitor deve identificar uma indeterminação do tipo


0 ⋅ ∞ . Neste caso procuramos escrever a expressão x ⋅ cotg 3 x
como um quociente.
cotg 3 x
Podemos escrever x ⋅ cotg 3x = ou então
1
x x x
x ⋅ cotg 3x = = .
1 tg 3 x
cotg 3 x

Qualquer opção conduz ao resultado, porém escolhemos a segunda.

Como lim x = 0 e lim tg 3 x = 0 , aplicamos a regra de L’Hospital:


x →0 x →0

x 1 1 1
lim = lim 2
= . Logo, lim x ⋅ cotg 3x = .
x →0 tg 3 x x →0 3sec 3 x 3 x →0 3

29) Calcule lim (cos x )


1
x2 .
x →0

Resolução. Desta vez a indeterminação é do tipo 1∞ . Seja


1
y = (cos x )x2 . Aplicando o logaritmo a ambos os lados da igual-
1
dade (o que é possível pois (cos x )x2 > 0 , para x próximo de 0 ),
1
temos: ln y = ln (cos x )x2 .

274
Através de uma propriedade do logaritmo, podemos expressar ln y
1 ln cos x
como um quociente: ln y = 2 .ln cos
ln xy = .
x x2
Vamos calcular o lim ln y para depois obtermos o lim y .
x →0 x →0

Como lim ln cos x = 0 e lim x 2 = 0 , podemos aplicar a regra de


x →0 x →0

−tg x
L’Hospital: lim ln y = lim .
x →0 x →0 2x
Aplicando novamente a regra de L’Hospital:

− sec 2 x 1
lim ln y = lim =− .
x →0 x →0 2 2
Como a função logarítmica é contínua, o teorema 22 garante que:
1
lim ln y = ln lim y  = − .
x →0  x →0  2
1 1 1
− −
Logo, lim y = e , ou seja, lim (cos x ) = e .
2 x2 2
x →0 x →0

30) Calcule lim− (tg x )



cos x
.
x→
2

Resolução. A indeterminação é do tipo ∞ 0 .

Seja y = (tg x )
cos x
. Então ln y = cos x ⋅ ln tg x .

Para escrever ln y como um quociente, lembremos que


1 ln tg x
cos x = e, portanto, ln y = .
sec x sec x
Agora é possível aplicar a regra de L’Hospital, pois lim− ln tg x = ∞

e lim− sec x = ∞ . x→
2

x→
2

Logo,
sec 2 x
tg x sec x cos x 0
lim− ln y = lim− = lim− 2 = lim− 2
= =0.
  sec x ⋅ tg x  tg x  sen x 1
x→ x→ x→ x→
2 2 2 2

 
Assim, lim− ln y = 0 , ou seja, ln  lim− y  = 0 , donde, lim− y = 1 .
  x→   x→

x→
2  2  2

Portanto, lim− (tg x ) = 1 .


cos x


x→
2

275
31) Calcule lim x . x →0
x

Resolução. Aqui temos uma indeterminação do tipo 00 . Recomen-


damos que o leitor aplique a mesma técnica dos exercícios 29 e 30
e encontre a resposta 1.

Exercícios Propostos
Calcule os limites:
1
28) lim xx →∞
x

29) lim cossec 2t (e


t →0
3t
− cos 2t )

30) lim (x + e )
3
x x
x →∞

31) lim  ⋅ tg   


 →∞

32) lim xx → 0+
( )
ln e x −1

5.12 Fórmula de Taylor


As funções polinomiais, ou polinômios, são as funções mais sim-
ples para se derivar e integrar.
O conceito de integral será
estudado na disciplina
Se uma função qualquer é derivável num ponto, ela pode ser lo- de Cálculo II.
calmente aproximada por um polinômio. Mais precisamente se f
é uma função derivável no ponto a , existe um polinômio P ( x) tal
que, para x suficientemente próximo de a , a diferença entre f ( x)
e P( x) é muito pequena. Ou seja, o erro cometido ao substituir
f ( x) por P( x) é muito pequeno quando x está próximo de a .

Tal polinômio P ( x) será chamado polinômio de Taylor de f em a


e a diferença P ( x) − f ( x) será avaliada através de uma fórmula
chamada fórmula de Taylor, em homenagem ao matemático inglês
Brook Taylor (1685 - 1731).

276
Seja f uma função derivável no ponto a . Lembre-se que
f ( x) − f (a)
f ′(a ) = lim . Para valores de x próximos de a ,
x→a x−a

f ( x) − f (a)
f ′(a ) ≅ , ou seja, f ( x) ≅ f (a ) + f ′(a )( x − a) , onde ≅
x−a
significa aproximadamente.

Escrevamos f ( x) = f (a ) + f ′(a ) ⋅ ( x − a ) + r1 ( x) , sendo r1 ( x) cha-


mado de resto. Desta forma, para valores de x próximos de a ,
aproximamos f ( x) por um polinômio de primeiro grau, a saber,
P1 ( x) = f (a ) + f ′(a )( x − a ) . Assim, f ( x) = P1 ( x) + r1 ( x) .

Agora note que P1 (a ) = f (a ) e P1′ (a ) = f ′(a ) . Graficamente P1 ( x)


representa a reta que é tangente ao gráfico de f no ponto (a, f (a ) ) .
É a melhor aproximação linear de f próximo ao ponto a , no se-
guinte sentido: de todas as retas que passam pelo ponto (a, f (a ) ) ,
P1 ( x) é a que mais se aproxima do gráfico de f quando x está
próximo de a .

gráfico de f (x)

gráfico de P1(x)
f (x)
r1(x)
P1(x)
f’ (a).(x − a)
f (a) θ

tg θ = f’(a)

a x x

Figura 5.31

277
Na figura 5.31, observamos que: à medida que x toma valo-
res mais distantes de a , a diferença entre f ( x) e P1 ( x) , isto é,
r1 ( x) , aumenta.

Para conseguir aproximações polinomiais melhores para f , to-


memos um polinômio de grau 2, digamos P2 ( x) , que satisfaça:
P2 (a ) = f (a ) , P2′ (a ) = f ′(a ) e P2′′ (a ) = f ′′(a ) .

Tal polinômio deve ter a forma:


P2 ( x) = f (a ) + f ′(a )( x − a ) + M ( x − a ) 2 . Para encontrar o valor de M ,
f ′′(a )
note que P2′′ (a ) = 2 M = f ′′ (a ) , portanto, M = . Logo, o poli-
2
nômio que procuramos é
f ′′(a )
P2 ( x) = f (a ) + f ′(a )( x − a ) + ( x − a)2 .
2
Para valores de x próximos de a , temos: f ( x) = P2 ( x) + r2 ( x) , sen-
do r2 ( x) o “erro” cometido ao tomar P2 ( x) ao invés de f ( x) .

Seguindo a mesma linha de raciocínio, tomemos um polinô-


mio P3 ( x) , de grau 3, que satisfaça: P3 (a ) = f (a ) ; P3′ (a ) = f ′(a ) ;
P3′′ (a ) = f ′′(a ) e P3′′′ (a ) = f ′′′(a ) .

f ′′(a )
Então P3 ( x) = f (a ) + f ′(a )( x − a ) +( x − a ) 2 + N ( x − a )3 . Para
2
f ′′′(a )
determinar o valor de N , note que P3′′′ (a ) = 3.2 N e N = .
3!

f ′′(a ) f ′′′(a )
Logo, P3 ( x) = f (a ) + f ′(a )( x − a ) +
( x − a)2 + ( x − a )3 e
2! 3!
para valores de x próximos de a , temos f ( x) = P3 ( x) + r3 ( x) . E
assim sucessivamente.

Definição 37. Seja f uma função que num ponto a admite deriva-
das até ordem n . O Polinômio de Taylor de ordem n de f em a é:

f ′′(a ) f ′′′(a ) f ( n ) (a)


(x − a )
n
Pn ( x) = f (a ) + f ′(a )( x − a ) + 2
( x − a) + 3
( x − a) +  +
2! 3! n!

A diferença f ( x) − Pn ( x) será representada por rn ( x) e chamada


de resto.

278
Observação. Representando x − a por h , podemos escrever

f ′′(a ) 2 f ( n ) (a) n
Pn (h) = f (a ) + f ′(a )h + h + + h .
2! n!

Exercício Resolvido
32) Determine o polinômio de Taylor de ordem n , no ponto
zero, da função f ( x) = e x .

Resolução. Como f (0) = f ′(0) = f ′′(0) =  = f ( n ) (0) = 1 , segue

x 2 x3 xn
que Pn ( x) = 1 + x + + +  + . Isto significa que para valo-
2! 3! n!
x 2 x3 xn
res de x próximos de zero, e x ≅ 1 + x + + +  + . Quanto
2 6 n!
maior n , tanto melhor a aproximação.

Por exemplo, tomando x = 1 e n = 6 , obtemos:

O leitor pode constatá-lo . De fato, apesar de 1 não estar


usando uma calculadora.

tão próximo de zero, a soma à direita aproxima o número e até a


terceira casa decimal.

O próximo teorema estabelece a Fórmula de Taylor com resto de La-


grange, que nos permite estimar o resto rn ( x) .

Teorema 39. Seja f uma função n + 1 vezes derivável em cada


Este teorema não ponto de um intervalo aberto I que contém o ponto a . Então, para
será demonstrado. cada ponto x do intervalo I , existe um ponto z entre x e a tal que:
f ′′(a ) f ( n ) (a)
f ( x) = f (a ) + f ′(a )( x − a ) + ( x − a)2 +  + ( x − a ) n + rn ( x)
2! n!
f ( n +1) ( z )
sendo rn ( x) = ( x − a ) n +1 .
(n + 1)!

Exercício Resolvido
33) Seja f ( x) = ln x . Determine o polinômio de Taylor com res-
to de Lagrange no ponto a = 1 , de ordem:

a) n = 3 b) n , sendo n qualquer número natural.

279
Depois use o polinômio obtido no item (a) para aproximar ln (1,1)
e avalie o erro cometido.

Resolução. Temos que calcular as derivadas de ordem superior de


f em 1:

Valores em x > 0 Valores em x = 1

f ( x) = ln x f (1) = 0

f ′( x) = x −1 f ′(1) = 1

f ′′( x) = − x −2 f ′′(1) = −1

f ′′′( x) = 2 x −3 f ′′′(1) = 2

f (iv ) ( x) = −3.2 x −4 f (iv ) (1) = −3!

f (v ) ( x) = 4.3.2 x −5 f (v ) (1) = 4!

A partir destes valores podemos generalizar:

f (n ) ( x) = (−1) (n − 1)! x − n → f ( n ) (1) = (−1) (n − 1)!


n +1 n +1

Resposta do item (a):

1 2 3!
ln x = 0 + 1(x − 1) − (x − 1) + (x − 1) − 4 (x − 1)
2 3 4

2! 3! 4! z
ou melhor:

(x − 1) (x − 1) − (x − 1)
2 3 4

ln x = x − 1 − + = P3 ( x) + r3 ( x) , sendo
2 3 4z4
(x − 1)
4

r ( x) = −
3 , para z entre x e 1.
4z4
Resposta do item (b):

(x − 1) (x − 1) (x − 1) (x − 1) = P ( x) + r ( x)
2 3 n n +1

ln x = (x − 1) −  + (−1) + (−1)
n +1 n
− +
2 3 n (n + 1) z n+1 n n

para z entre x e 1.

Fazendo x = 1,1 em (a), temos:

280
(0,1) (0,1) − (0,1)
2 3 4

ln (1,1) = 0,1 − + , com 1 < z < 1,1 . Fazendo


2 3 4z 4
as contas, chega-se a:

(0,1)
4

ln (1,1) = 0, 09533 + r3 (1,1), sendo r3 (1,1) =− .


4z4
Portanto, se escrevermos ln (1,1) = 0, 09533 , o erro cometido será

(0,1)
4

r3 (1,1) = ; 1 < z < 1,1 .


4z4
1
Como z > 1 , temos < 1 e então
z4

1 (0,1) (0,1)
4 4

r3 (1,1) = 4 ⋅ < = 0, 000025 .


z 4 4
Portanto, r3 (1,1) < 2,5 ×10−5 < 10−4 .

Concluímos que a aproximação obtida está correta até a quarta


casa decimal inclusive.

Exercícios Propostos
33) Determine o polinômio de Taylor de ordem n no ponto a ,
da função dada.


a) f ( x) = sen x; n = 4; a =
6
b) f ( x) = cos x; n = 8; a = 0

c) f ( x) = 3 x ; n = 2; a = 8

34) Seja f ( x) = ln (x + 1) . Escreva o polinômio de Taylor de grau


n de f no ponto 0, bem como a expressão do resto rn ( x) na for-
ma de Lagrange.

35) Seja f ( x) = x :

a) Escreva o polinômio de Taylor de grau 3 de f no ponto 4 e


a expressão do resto r3 ( x) ;

281
b) Use o polinômio obtido para calcular aproximadamente 5
e estime o erro cometido.

36) Um cilindro circular reto tem altura fixa de 10cm. Suponha que
o raio da circunferência que gera este cilindro começa a se expandir.

a) Calcule a taxa de variação média do volume em relação ao


raio quando este varia de 5 a 5,1cm.

b) Calcule a taxa de variação do volume em relação ao raio no


instante em que este vale 5cm.

37) Um balão mantém a forma de esfera enquanto é enchido.


Encontre a taxa de variação da área da superfície do balão em
relação ao seu raio no instante em que este vale 6cm.

38) Numa comunidade obteve-se uma estimativa de que daqui


5
a t anos a população será de P (t ) = 20 − mil habitantes. Qual
t +1
será a taxa de variação da população, em pessoas por mês, daqui
a 18 meses?

39) Uma piscina está sendo esvaziada de forma tal que


V (t ) = 300 (20 − t ) representa o número de litros de água na pis-
2

cina t horas após o início da operação. Calcule a taxa de escoa-


mento da água ao cabo de 10 horas.

40) Cada um dos lados de um triângulo eqüilátero aumenta à


razão de 2,5 cm s .

a) Qual é a taxa de crescimento da área desse triângulo no ins-


tante em que cada lado mede 12cm?

b) Qual a taxa de crescimento do perímetro num instante qual-


quer?

41) Um caminhão viaja a uma velocidade constante de 108 km


h

e se aproxima de cruzamento. No momento em que ele está a


120m deste, um carro passa pelo cruzamento a uma velocidade
de 144 km h , numa rodovia perpendicular àquela. Pergunta-se:

282
a) Exatamente 1 segundo após o automóvel passar pelo cruza-
mento, os 2 veículos estão se aproximando ou afastando um
do outro? Com que velocidade?

b) Idem, 2 segundos após o automóvel passar pelo cruzamento.

c) Idem, 4 segundos após o automóvel passar pelo cruzamento.

42) Um balão sobe verticalmente com velocidade constante v .


Um observador encontra-se agachado ao chão, a 400m do ponto
em que o balão começou a subir. Em certo instante ele vê o balão
sob um ângulo de elevação de 45° e constata que este aumenta à
razão de 0, 008 rd s . Calcule v .

De 43 a 47, determine os pontos de máximo e os de mínimo re-


lativos de função dada:

43) f (x ) = x3 − 3x 2 + 1

44) g (t ) = 10t 6 − 24t 5 + 15t 4 − 11

45) f (x ) = e x sen x ; 0 ≤ x ≤ 2 

46) h ( ) = sen 2
( ) ; 0 ≤  ≤ 

47) f (x ) = x 2 6 − x 2

48) Considere a função do exercício anterior. Determine os


pontos de máximo e de mínimo absolutos (se houver) bem como
o valor máximo e o valor mínimo absoluto.

3 x + 5 se − 2 ≤ x < −1
49) 
Idem ao anterior para f (x ) =  x 2 + 1 se − 1 ≤ x < 2 .
 x 2 − 6 se 2 ≤ x ≤ 3

Neste caso obtenha a sua resposta a partir do gráfico de f .

283
50) Seja f (x ) = x 2 + kx −1 . Mostre que, seja qual for o valor de k ,
f tem um único ponto de mínimo relativo e nenhum ponto de
máximo relativo.

51) Determine os intervalos em que o gráfico de f é côncavo


para cima bem como aqueles em que ele é côncavo para baixo. Dê
os eventuais pontos de inflexão do gráfico.
3 5
a) f (x ) = x − 2 x 4 + 2 x3 − x + 9
5

b) f (x ) = (2 x − 1)
3 4

c) f (x ) = (x + 7 )
3 5

52) Entre todos os pares de números reais cuja soma é 500, de-
termine aquele cujo produto é o maior possível.

53) Mostre que entre todos os triângulos retângulos cuja hipo-


tenusa mede m , aquele que tem a maior área é o triangulo isóce-
m2
les e sua área vale .
4

54) Determine o raio da base e a altura do cone de menor volu-


me, circunscrito ao cilindro de raio r e altura h .

55) Mostre que entre os retângulos de área A , aquele com o


menor perímetro é o quadrado de lado A.

56) Tenho 12m 2


de material para construir uma caixa retan-
gular de base quadrada e sem tampa. Encontre as dimensões da
caixa de maior volume que posso construir.

57) Deseja-se imprimir uma mensagem escrita num cartaz


retangular. A mensagem ocupa 600cm 2 de área. É exigida uma
margem de 7,5cm no topo e na base do cartaz e outra margem de
5cm nos lados. É necessária a impressão de milhares destes car-
tazes, por isto deseja-se saber quais as dimensões totais do cartaz

284
que produz a maior economia de papel. (Sugestão: chame de x e
y os lados do retângulo que contém a mensagem).

58) Um veterinário comprou 10 metros de cerca para construir


6 canis, cercando primeiro uma região retangular R e em segui-
da dividindo-a em 6 retângulos iguais, através de cercas paralelas
a um dos lados de R . Quais as dimensões da região R que dá aos
cães o maior espaço?

59) Dois pontos A e B situam-se às margens de um rio re-


tificado, com 3km de largura, sendo eles opostos um ao outro
em relação ao rio. Um ponto C está na mesma margem que B ,
porém 6km deste, rio abaixo. Uma companhia telefônica precisa
estender um cabo de A até C . Se o custo por km de cabo é 25%
mais caro sob água do que em terra, determine o traçado da linha
mais econômica. (Atenção: problema de extremos obsolutos num
intervalo fechado).

De 60 a 65, calcule o limite:

ln (tg x )
60) lim
x→ 
4 sen x − cos x

61) lim  x 2
5

1 

+ x−6 x−2
x→2

62) lim sen x ⋅ ln x


x → 0+

x
63) lim (x − 2)tg  4 
x→2 −

64) lim (sen x )


x → 0+
sen x

65) lim (x + e )
1
2x x
x →0

285
Respostas dos Exercícios Propostos
1) 8 m
3
h 2) Aproximando-se a 36 km/h

3) 1, − 1,
2
5
,−
2
5
4)  5  13 17 
, , ,
12 12 12 12

5) Ponto de máximo absoluto : -2; Valor máximo absoluto: 17; Pon-


to de mínimo absoluto: 10; Valor mínimo absoluto : -43

6) Ponto de máximo absoluto: 2; Valor máximo absoluto: 643 ; Pon-


to de mínimo absoluto: -1; Valor mínimo absoluto: 29
6

7) Pontos de máximo absoluto:  e 5  ; Valor máximo absoluto:


6 6
3 ; Ponto de mínimo absoluto  ; Valor mínimo absoluto: -3

2 2

8) 5 
f é crescente em (−∞, −4] e  , +∞  e decrescente em
 5
 −4, 3 
3 

9) Ponto de mínimo relativo: +2; Valor mínimo relativo: −50 ; Ponto


de máximo relativo: −2 ; Valor máximo relativo: 46

10) Ponto de máximo relativo: 2; Valor máximo relativo: 4


11) Pontos de máximo relativo: −1 e 2; Valores máximos relativos:
2 e 5, respectivamente; Ponto de mínimo relativo: 0; Valor mínimo
relativo: 1

12) Ponto de máximo relativo: −1; Ponto de mínimo relativo: 3


13) Pontos de máximo relativo: 6 e
5
6
; Pontos de mínimo rela-
 
tivo: e −
2 2

286
14) Quadrado de lado 2,5m .
15) Lado da base: 3
5
8
≅ 85cm ; Altura: 3
64
25
≅ 136cm

16) Quadrado de lado R 2.

17) c.p.c. em (−∞, −2 ) e em (1, +∞ ); c.p.b. em (−2, 1). Pontos de


inflexão: (−2, f (−2) ) e (1, f (1) ) .

18) c.p.c. em (−∞, +∞ ) . Não há pontos de inflexão.


19) Assíntota vertical: x = −1 , assíntota horizontal: y = 0 .
20) Assíntotas verticais:  = k ; ∀k ∈  , assíntota horizontal:
não há.

21) Assíntotas verticais: t = −


1
2
e t = 2 , assíntota horizontal:
5
y=−
2.

26) 1
4
27) 1

28) 1 29) 3
2

30) e3 31)  32) e

33)
2 3 4
1 3  1  3  1  
a) P4 ( x) = + x− − x−  − x−  + x− 
2 2  6  4 6  12  6  48  6

x 2 x 4 x 6 x8
b) P8 ( x) = 1 − + − +
2 4! 6! 8!

1 1
(x − 8 ) − (x − 8 )
2
c) P2 ( x) = 2 +
6 288

287
34) ln( x + 1) = x − x2 + x3 − x4 +  + (−1) xn
2 3 4
n +1
+ rn ( x) , sendo
n
x n +1
rn ( x) = (−1) (1 + z ) ( )
n+2 − n +1

n +1

x − 4 (x − 4 ) (x − 4 )
2 3

35) a) P3 ( x) = 2 +
4

64
+
512
; r3 ( x) = −
5 − 72
128
z (x − 4 )
4

1 1 1 5 − 72
b) 5 = 2+ − + + r3 (5 ); r3 (5 ) = − z , com 4 < z < 5.
4 64 512 128
Ou melhor, 5 = 2, 236328 + r3 (5 ), com r3 (5 ) < 3 ×10−4 . O resul-
tado está correto até a 3a casa decimal.

36) a) 101cm3 por variação de 1cm no raio

b) 100 cm3 por variação de 1cm no raio

37) 48 cm 2 por variação de 1cm no raio

38) Aproximadamente 67 pessoas por mês.


39) 6000 l h 40) a) 15 3 cm s b) 7,5 cm s
2

41) a) Aproximando a 40, 2 km


h b) Afastando a 50, 4 km h

42) 6, 4 m s

43) Ponto de máximo relativo: 0; Ponto de mínimo relativo: 2


44) Ponto de mínimo relativo: 0
45) Ponto de máximo relativo: 34 ; Ponto de mínimo relativo: 7 
4

46) Pontos de máximo relativo: 4 e


3
; Ponto de mínimo relati-
4

vo:
2

288
47) Pontos de máximo relativo: 2 e -2; Ponto de mínimo relativo: 0
48) Pontos de máximo absoluto: 2 e -2; Valor máximo absolu-
to: 4 2 ; Pontos de mínimo absoluto: − 6 , 0, 6 ; Valor mínimo
absoluto: 0

49) Ponto de mínimo absoluto: 2; Valor mínimo absoluto: -2


Não assume valor máximo absoluto.

51) a) c.p.c. em (0, +∞ ); c.p.b. em (−∞, 0); Ponto de inflexão (0,9)


b) c.p.c. em (−∞, +∞ ) ; Não há pontos de inflexão

c) c.p.c. em (−7, +∞ ) ; c.p.b. em (−∞, −7 ) ;


Ponto de inflexão (−7, 0 )

52) 250 e 250 54) raio: R = 32 r ; altura: H = 3h


56) lado da base: 2m; altura: 1m
57) 30cm e 45cm
58) 25m e 7,14m
59) Sob a água de A até P , onde P está a 4km de B , rio abaixo
60) 2 61) 1

5
62) 0
63) −
4

64) 1 65) e3

289
Referências

ÁVILA, G. Análise Matemática para a licenciatura. São Paulo: Editora


Edgard Blucher Ltda., 2001.

ÁVILA, G. Cálculo I – Funções de uma variável. Rio de Janeiro: Ed.


Livros Técnicos e Científicos, 1995

ÁVILA, G. Introdução às funções e derivada. São Paulo: Atual Editora,


1995.

BOULOS, P. Cálculo diferencial e integral. Volume 1. São Paulo: Makron


Books, 1999.

FLEMMING, D.M., GONÇALVES, M.B. Cálculo A. São Paulo: Makron


Books , 1992.

GUIDORIZZI, H.L. Um Curso de Cálculo. Volumes 1 e 2. São Paulo: Ed.


Livros Técnicos e Científicos, 1987.

MORGADO, A.C. et al.. Progressões e matemática financeira. Rio de Janeiro:


SBM, 2005.

SIMMONS, G.F. Cálculo com Geometria Analítica. São Paulo: McGraw-


Hill Ltda., 1985.

STEWART, J. Cálculo. Volume 1. São Paulo: Ed. Thomson, 2001

291

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