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Paraíba

Ofício Regional de Direitos Humanos

AO JUÍZO DA VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA PARAÍBA

PAJ – DPU/PB nº 2017-034/01073

A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, instituição permanente e essencial à função


jurisdicional do Estado, a quem incumbe a orientação jurídica e a defesa, em todos os
graus, das pessoas hipossuficientes, por intermédio da Defensora Pública abaixo
nominada, comparece, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no
art. 1º, III, 3º, I e III, e art. 203, todos da Constituição da República, no art. 4º, VII, da Lei
Complementar 80/94, e Lei 11.448, de 15 de janeiro de 2007, que altera a Lei 7.347/85,
em seu art. 5º, ajuizar a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA


COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

em face da UNIÃO, pessoa jurídica de direito público interno, devendo ser citada na
pessoa do seu Procurador-Chefe, a teor do art. 35, V, da Lei Complementar 73/93, com
representação situada na Avenida Maximiano Figueiredo, 404, Centro, nesta Capital,
pelos fundamentos de fato e de direito a seguir aduzidos.

1. DAS PRERROGATIVAS DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

A Defensoria Pública da União tem como atribuição a defesa e a orientação


jurídica das pessoas hipossuficientes, bem como a tutela da coletividade, na esfera
federal. Para tanto, são asseguradas aos membros integrantes da carreira, dentre
outras, as prerrogativas do prazo em dobro e da intimação pessoal mediante vista dos
autos, ex vi do art. 44, inciso I da Lei Complementar nº 80/94.
Assim sendo, pugna-se, desde já, pela observância das prerrogativas previstas na
referida Lei Complementar.

2. DA SÍNTESE FÁTICA

Nos últimos anos, a Defensoria Pública da União na Paraíba tem observado uma
intensa reiteração de demandas individuais 1 envolvendo o indeferimento ou suspensão

1
Alguns dos processos em que há atuação da DPU/PB sobre a temática: nº: 08017207420134058200 (3.ª Vara
Federal, 05010077020164058200 (7.ª Vara Federal), 05022479420164058200 (13ª Vara Federal),

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do benefício vinculado ao Programa Bolsa Família, em razão de o próprio requerente ou


alguém de seu núcleo familiar receber o Benefício Assistencial de Prestação Continuada
(BPC/LOAS), previsto no art. 20 da Lei n.º 8.742/93 (Lei Orgânica de Assistência Social).
Com efeito, vários assistidos que vivem em situação de vulnerabilidade
socioeconômica têm recorrido à assistência jurídica da Defensoria Pública da União para
obterem esclarecimentos sobre o cancelamento ou indeferimento do benefício do Bolsa
Família.
Nesses casos individuais, percebeu-se que o motivo a ensejar o indeferimento do
Bolsa Família seria o suposto não enquadramento dos núcleos familiares no perfil de
miserabilidade exigido pelo Decreto nº 8.794, de 29 de junho de 2016 (que regulamenta
a Lei nº 10.836/2004), isto é, a não configuração de situação de pobreza ou extrema
pobreza, caracterizadas, respectivamente pela renda mensal por pessoa fixada em R$
170,00 (cento e setenta reais) e em R$ 85,00 (oitenta e cinco reais), nos termos do art.
18 do Decreto supracitado.
Ocorre que os órgãos gestores do programa de transferência de renda em
comento estão computando a renda proveniente de benefício assistencial à pessoa
deficiente ou ao idoso (BPC/LOAS) para aferição do critério de miserabilidade do grupo
familiar.
Realizando uma análise minuciosa das normas concernentes aos benefícios
supracitados, sob o paradigma interpretativo do princípio da dignidade da pessoa
humana, bem como considerando a constitucionalização da política de assistência
social, a DPU/PB compreende que o entendimento adotado pelos órgãos da
Administração Pública é juridicamente equivocado, sendo respaldada por diversos
precedentes judiciais, principalmente os emitidos pelos Juizados Especiais Federais da
Seção Judiciária da Paraíba, conforme restará evidenciado na jurisprudência colacionada
nesta Ação Civil Pública.
Em vista disso, a DPU/PB remeteu o Ofício nº 26-7.2017 (em anexo) ao Ministério
do Desenvolvimento Social – MDS, solicitando informações sobre a possibilidade de,
administrativamente, o MDS passar a desconsiderar a renda advinda do BPC/LOAS
quando da análise da renda familiar mensal dos candidatos à percepção do benefício do
Bolsa Família (art. 2º, §1º, III da Lei nº 10.836/2004).
O MDS, por meio de sua Secretaria Nacional de Renda e Cidadania, respondeu ao
expediente, por meio do Ofício nº 139/2017/MDS/SENARC/GAB-ASTEC (em anexo),
informando que o recebimento do benefício BPC/LOAS não possui incompatibilidade
com o recebimento do Bolsa Família, no entanto é computado para calcular a renda per
capita familiar, repercutindo, por consequência, na concessão desse último. O mesmo
ofício também fora encaminhado à Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS),
contudo, até a presente data, nenhuma resposta foi fornecida ao expediente.

05131708220164058200 (7.ª Vara Federal), 05156130620164058200 (7.ª Vara Federal), 05003595620174058200


(13.ª Vara Federal), 05148835820174058200 (13.ª Vara Federal), 05097910220174058200 (7.ª Vara Federal).

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Tendo-se esgotado as vias de resolução administrativa para a situação fática


delineada nessa inicial, diante das tentativas infrutíferas de acordo extrajudiciais, não
restou alternativa a esta Defensoria Pública da União senão ajuizar a presente Ação Civil
Pública, consubstanciada nos fundamentos de fato e direito expostos a seguir.

3. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

3.1 . DA ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA (AÇÃO CIVIL PÚBLICA) E DA LEGITIMIDADE


ATIVA AD CAUSAM DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

O art. 134 da Constituição Federal estabelece que a Defensoria Pública é


instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe,
como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a
orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus,
judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita,
aos necessitados, conforme assegura o art. 5º, inciso LXXIV, efetivando o direito
fundamental do acesso à justiça, consagrado no art. 5º, inciso XXXV, da CRFB/1988.
Na literalidade do texto constitucional já se vê que a assistência jurídica integral
pressupõe não só a tutela dos interesses individualmente considerados, mas também a
defesa dos direitos transindividuais, sejam eles difusos, coletivos ou individuais
homogêneos.
Aqui, vale frisar que a tutela coletiva dos direitos é fundamental para o pleno
acesso de todos a uma ordem jurídica justa, e é por isso que a própria Lei n.º
7.347/1985, com a redação dada pela Lei nº 11.448/2007, prevê a Defensoria Pública
como um dos legitimados ao ajuizamento da ação civil pública (art. 5.º II). Do mesmo
modo, o artigo 4º da Lei Complementar nº 80/1994, com redação dada pela Lei
Complementar nº 132/2009, dispõe que são funções institucionais da Defensoria
Pública, dentre outras, "VII – promover ação civil pública e todas as espécies de ações
capazes de propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais
homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas
hipossuficientes".
A Ação Civil Pública é uma das ferramentas processuais mais eficazes à garantia
do direito à razoável duração do processo e à celeridade de sua tramitação (art. 5º,
inciso LXXVIII, CRFB/1988), uma vez que torna desnecessária a reprodução de inúmeras
demandas individuais idênticas, reduzindo o número excessivo de processos que
tramitam no Judiciário, e sua consequente sobrecarga. Além de exercer um importante
papel pacificador, posto que evita decisões contraditórias, à medida que permite a
apreciação unificada de questões similares. Assim, alargar o rol de legitimados para sua

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propositura se coaduna inteiramente com o caráter democrático da República


Federativa do Brasil.
Destarte, não reconhecer a legitimidade ativa da Defensoria Pública para propor
ação civil pública seria inviabilizar o próprio acesso à justiça daqueles que não têm
condições econômicas de representar-se em juízo.
Aproximando essas considerações ao caso concreto, é possível observar uma
atuação puramente típica da Defensoria para assegurar os interesses metaindividuais de
hipossuficientes, haja vista que o objeto da presente Ação afeta primordialmente
pessoas que estão em situação de vulnerabilidade socioeconômica e informacional.
Com efeito, vê-se que a Defensoria Pública da União tem sido procurada por
dezenas de famílias que tiveram o pagamento do benefício do Bolsa Família
interrompido ou cancelado, sob o argumento de não enquadramento ao perfil de
miserabilidade exigido pelo Decreto nº 8.794/2016, em virtude de recebimento, por
parte de algum membro da família, do benefício assistencial de prestação continuada
previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).
Desse cenário depreende-se que o direito ou interesse que se pretende proteger
por meio desta Ação Civil Pública tem caráter difuso, isto é, transindividual, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstância de
fato, consoante dispõe o artigo 81, parágrafo único, inciso I, da Lei n.º 8.078/90 (CDC).
Em sendo o direito tutelado de natureza difusa, salienta-se que esta Ação não
pretende obter uma resolução para um ou outro caso individual isolado, pelo contrário.
O objetivo visado pela presente demanda coletiva é beneficiar qualquer família que se
encontra em situação de pobreza ou extrema pobreza, ou seja, aquelas famílias
caracterizadas pela renda mensal por pessoa fixada em R$ 170,00 (Cento e setenta
reais) e em R$ 85,00 (oitenta e cinco reais), e que, concomitantemente, possua algum
idoso ou deficiente, como integrante do núcleo familiar, que faça jus ao Benefício de
Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social (BPC/LOAS). Isto é, eventual
sucesso da demanda deve permitir que o valor recebido por membro da família a título
do BPC/LOAS não integre o cálculo para aferição da renda para concessão do benefício
Bolsa Família.
Ante o exposto, está claro que não é razoável exigir a interposição de várias
ações judiciais individuais quando existe no ordenamento jurídico um instrumento
processual que não apenas representa indiscutível economia para o Judiciário e maior
efetividade para o jurisdicionado, mas também confere máxima eficácia à garantia de
acesso à justiça, tal como assegurado por norma constitucional (Art. 5º, XXXV, CF/1988),
sobretudo, quando a ação coletiva em comento busca beneficiar um grupo de pessoas
hipossuficientes, no aspecto socioeconômico e informacional do termo.

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3.2 . DA LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA UNIÃO E DA COMPETÊNCIA DA


JUSTIÇA FEDERAL

O procedimento para obtenção do benefício Bolsa Família tem início com a


inscrição do núcleo familiar no Cadastro Único dos Programas Sociais do Governo
Federal (CadÚnico), que é efetuada junto às Prefeituras Municipais, geralmente pelo
próprio Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do Município.
Todavia, a inscrição da família no CadÚnico não garante a entrada automática no
programa social, uma vez que a consistência dos dados cadastrados será analisada pelo
Ministério do Desenvolvimento Social - MDS, mediante um sistema informatizado, que
promove a seleção dos grupos familiares que serão beneficiados, por meio da
comparação de informações constantes do cadastro supracitado com outros registros
administrativos, por meio de um cruzamento de dados.
Além disso, existe um contínuo processo de Averiguação Cadastral que é
regulado pela Portaria GM/MDS nº 94 de 04 de setembro de 2013, e consiste em um
conjunto de procedimentos administrativos realizados pelo MDS, com o objetivo de
verificar sistemática e periodicamente a consistência das informações registradas na
base de dados do CadÚnico e desencadear medidas para o tratamento das
inconsistências identificadas.
De acordo com a Portaria GM/MDS nº94/2013:

Art. 3º A Secretaria Nacional de Renda de Cidadania – SENARC avaliará a


conveniência e a oportunidade em dar início a uma averiguação
cadastral, devendo, para tanto, considerar:
I - a qualidade da base de dados utilizada para o cruzamento com o
CadÚnico;
II - o custo-benefício dos procedimentos envolvidos no processo e sua
contribuição para a qualificação da base de dados do CadÚnico.
§ 1º Na geração do público alvo de cada averiguação cadastral, a
SENARC identificará e selecionará os cadastros com dados
inconsistentes quanto à composição familiar, óbito ou renda de cada
componente da família, ou a outras eventuais inconsistências
identificadas.
§ 2º A Averiguação Cadastral abrangerá, no que couber, todos os
componentes das famílias cadastradas no CadÚnico.
§ 3º As averiguações cadastrais serão realizadas conforme cronograma
a ser definido pela SENARC.

Art. 4° Caberá à SENARC, no âmbito de cada averiguação cadastral:


I - elaborar documento contendo:
a) a metodologia utilizada para a definição do público identificado com
inconsistências cadastrais;

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b) os motivos para a realização da Averiguação Cadastral; e


c) o número de registros cadastrais que apresentam indícios de
inconsistências.
II - disponibilizar aos municípios e ao Distrito Federal listagem das
famílias com dados cadastrais inconsistentes, por meio dos sistemas
de gestão do CadÚnico e do Programa Bolsa Família disponíveis na
internet, mantendo-a periodicamente atualizada;
III - expedir e divulgar no portal do MDS na internet instruções
operacionais contendo orientações relacionadas aos procedimentos e
prazos para tratamento das inconsistências identificadas;
IV - comandar ações de gestão dos benefícios do PBF, de acordo com as
orientações da instrução operacional específica de cada averiguação
cadastral e as normas do PBF, a partir das atualizações cadastrais
executadas ao longo do processo e dos demais procedimentos fixados
em instrução operacional; e
V - expedir documento contendo os resultados de cada averiguação
cadastral. (Grifos nossos).

Desse modo, cabe à Secretaria Nacional de Renda de Cidadania, órgão vinculado


à União, dar o impulso inicial ao processo de Averiguação Cadastral, estabelecer o
cronograma das atividades, bem como elaborar a listagem, direcionada aos municípios
e ao Distrito Federal, das famílias com dados inconsistentes.
Feita a listagem, estabelece a Portaria que:

Art. 5º Caberá aos municípios e ao Distrito Federal, que aderiram ao


CadÚnico, no âmbito de cada averiguação cadastral:
I - identificar e localizar, a partir de listagens disponibilizadas pela
SENARC, as famílias com dados cadastrais inconsistentes residentes
em seus respectivos territórios;
II - realizar a atualização cadastral das famílias a que se refere o inciso I,
conforme os prazos e orientações estabelecidos pela SENARC em
instrução operacional específica; e
III - disponibilizar, para assinatura do Responsável pela Unidade Familiar,
caso persistam dúvidas acerca da integridade e veracidade dos dados
declarados, o termo específico previsto no § 1º do art. 23 da Portaria
MDS nº 177, de 16 de junho de 2011, por meio do qual assume a
responsabilidade pelas informações declaradas.
§ 1º A atualização cadastral por meio de visita domiciliar será realizada
prioritariamente e, obrigatoriamente, nos casos indicados pela SENARC.
§ 2º O termo a que se refere o inciso III deverá ser anexado ao
Formulário de Cadastramento ou à Folha Resumo e arquivado durante o
período de 5 (cinco) anos, conforme o art. 9º da Portaria MDS nº 177,
de 2011.

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§ 3º Caso, durante o processo de atualização cadastral, os municípios ou


o Distrito Federal identifiquem evidências de omissão de informações
ou prestação de informações inverídicas, adotarão as providências
necessárias à apuração dos fatos em procedimento de fiscalização
específico. (Grifos nossos).

Diante desse cenário, é irrefutável a legitimidade passiva da União, uma vez que,
embora o cadastramento local dos beneficiários seja feita por órgão vinculado ao
município, o Programa Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda de
origem do governo federal.
Além disso, cabe à Secretaria Nacional de Renda e Cidadania (SENARC), órgão
vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), a análise dos processos de
averiguação cadastral dos beneficiários do programa, assim como a realização da
listagem das famílias beneficiadas, como visto na Portaria GM/MDS nº94/2013.
Por essa razão, deixa-se de indicar o Município de João Pessoa para integrar a lide
em comento, posto que o ente municipal apenas atua na identificação das famílias
indicadas na listagem da SENARC.
Veja-se, ademais, que o próprio Superior Tribunal de Justiça já se manifestou a
respeito:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PROGRAMA


ASSISTENCIAL BOLSA FAMÍLIA. INTERESSE DA CAIXA ECONÔMICA E DA
UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
[...]
6. A competência é da Justiça Federal.
7. Verifica-se que os autores pretendem receber o pagamento do auxílio
assistencial do Programa Bolsa Família. Consoante previsão do art. 12 da
Lei 10.836/2004, é atribuída à Caixa Econômica Federal a função de
Agente Operador do supracitado programa. Por conseguinte, sendo o
Gestor Federal das verbas empresa pública, a hipótese amolda-se ao
previsto no art. 109, I da Constituição Federal, in verbis:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
oponentes, exceto as de falência, as de acidente do trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.
(...).
8. Ademais, consoante bem assinalado no douto parecer às fls. 76, ao
analisar-se a norma instituidora do Bolsa Família, a mesma delega a
UNIÃO as principais responsabilidades quanto à gestão e
desenvolvimento do programa, ficando a responsabilidade do

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Município delimitada ao levantamento das famílias que enquadram-se


no perfil para percepção do benefício.
9. Nos termos firmados pela ilustre parecerista às fls. 78, fica claro que
não cabe à municipalidade a escolha dos beneficiários do programa,
pois as regras citadas estabelecem de forma expressa que o próprio
Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome fará a análise
dos casos e indicará as famílias a serem contempladas pelo benefício.
No caso concreto, em que pese as responsabilidades legais atribuídas
ao Município, este não tem o poder, por si só, de restabelecer o
benefício anteriormente concedido.
10. Em face do exposto, conheço do presente Conflito de Competência
para declarar a competência o Juízo Federal da 4a. Vara do Juizado
Especial de Rondônia ? SJ/RO, o suscitado, para conhecer da presente
causa. (Superior Tribunal de Justiça. Conflito de Competência nº 120.853
– RO. Relatoria Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
20/06/2012, Diário oficial 27/06/2012). (Grifos nossos).

Portanto, a situação exposta enquadra-se na hipótese normativa do art. 109,


inciso I, da Constituição Federal de 1988, que dispõe sobre a competência dos juízes
federais para processar e julgar:
I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

Assim, reconhecida a legitimidade passiva da União, mostra-se imperioso concluir


pela competência deste órgão jurisdicional federal.

3.3. DOS REQUISITOS PARA O REGULAR RECEBIMENTO DO BENEFÍCIO BOLSA


FAMÍLIA

O Programa Bolsa Família (PBF) foi instituído pela Lei n° 10.836/2004 e


regulamentado pelo Decreto n° 5.209/2004. Em seu artigo 11, o decreto estabelece
uma gestão político-administrativa descentralizada do programa social, havendo uma
cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que visa
alcançar as metas constitucionalmente compartilhadas, quais sejam: o combate à
pobreza e à marginalidade e a redução das desigualdades sociais e regionais (art. 3º,
inciso III, da CF).
Nos termos do art. 18 do Decreto nº 5.209/2004, com nova redação fornecida
pelo Decreto nº 8.794/2016, o Bolsa Família trata-se de programa de transferência
direta de renda para atender às famílias em situação de pobreza e extrema pobreza,

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caracterizadas, respectivamente, pela renda mensal por pessoa fixada em R$ 170,00


(cento e setenta reais) e em R$ 85,00 (oitenta e cinco reais).
A concessão dos benefícios dependerá do cumprimento, no que couber, de
condicionalidades, compromissos que as famílias assumem ao integrar o Programa,
relacionadas ao exame pré-natal, ao acompanhamento nutricional, ao
acompanhamento de saúde, à frequência escolar mínima de 85% (oitenta e cinco por
cento) em estabelecimento de ensino regular, sem prejuízo de outras previstas em
regulamento (art. 3º da Lei n. 10.836/2004).
Aliás, nessa linha, foram traçados os objetivos do programa Bolsa Família,
conforme dispõe o Decreto nº 5.209/2004:

Art. 4º. Os objetivos básicos do Programa Bolsa Família, em relação aos


seus beneficiários, sem prejuízo de outros que venham a ser fixados
pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, são:
I - promover o acesso à rede de serviços públicos, em especial, de saúde,
educação e assistência social;
II - combater a fome e promover a segurança alimentar e nutricional;
III - estimular a emancipação sustentada das famílias que vivem em
situação de pobreza e extrema pobreza;
IV - combater a pobreza; e
V - promover a intersetorialidade, a complementaridade e a sinergia das
ações sociais do Poder Público.

Dessa forma, a transferência de renda promove o alívio imediato da pobreza e


as condicionalidades reforçam o acesso a direitos sociais básicos nas áreas de
educação, saúde e assistência social. Quanto às ações e programas complementares,
têm o objetivo de desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários consigam
superar a situação de vulnerabilidade que se encontram.
No que tange ao objeto desta Ação Civil Pública, isto é, a desconsideração do
amparo social do BPC/LOAS quando do cômputo da renda do grupo familiar, para
concessão do benefício do Bolsa Família, é de se destacar, a priori, que o art. 203, caput
e inciso V, da Constituição de 1988 determinou que “a assistência social será prestada a
quem dela necessitar”, independentemente de contribuição social, embora
condicionada à comprovação da impossibilidade de prover meios a própria manutenção
ou de tê-la provida por sua família.
A mesma ideia foi reproduzida na Lei nº 8.742/1993, ao definir que a assistência
social tem por objetivo a proteção social que visa à garantia da vida, à redução de danos
e à prevenção da incidência de riscos, especialmente por meio da “garantia de 1 (um)
salário mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que
comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por

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sua família” (art. 2º), correspondendo ao Benefício de Prestação Continuada


(BPC/LOAS).
Noutros termos: a exegese das normas constitucional e infraconstitucional
permite concluir que, embora deva ser utilizado o critério da renda familiar na etapa de
aferição quanto à possibilidade de a própria pessoa com deficiência ou sua família
proverem o sustento daquela, no tocante à percepção do benefício (BPC/LOAS)– seu
recebimento e usufruto –, esta é devida única e exclusivamente à pessoa com
deficiência ou idoso que dela necessitar.
Não por outra razão o benefício de prestação continuada é classificado como
individual, não vitalício e intransferível 2.
Essa interpretação é de evidente razoabilidade: a assistência social ao idoso ou à
pessoa com deficiência deve ser conferida a pessoas cuja família não tenha condições
de dar-lhe uma vida minimamente digna (art. 1º, III, CRFB/88; art. 4º, III, Lei nº
8.742/1993), não sendo devida, em via contrária, aos idosos ou às pessoas com
deficiência que têm recursos suficientes para prover-lhes sustento diário ou cujo núcleo
familiar pode fazê-lo sem maiores sacrifícios. Por outro lado, uma vez que a família se
enquadre no requisito normativo de “não possuir meios de prover a [...] manutenção”
da pessoa com deficiência ou idosa, não deve ela – a família – ser considerada a
beneficiária direta da assistência social, senão o próprio necessitado.
O Art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993 define como “incapaz de prover a
manutenção da pessoa com deficiência ou idosa” a família cuja renda mensal per capita
seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo. Ocorre que o § 4º do art. 20 da
mesma Lei determina que “o benefício de que trata este artigo [benefício de prestação
continuada] não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito
da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão
especial de natureza indenizatória” (g. n.).
Todavia, o Decreto nº 6.124, de 26 de setembro de 2007, traz em seu bojo um
regulamento do Benefício de Prestação Continuada, no qual foi designado um rol de
valores, bolsas, pensões e benefícios que não devem ser computados como renda
mensal bruta familiar. Veja-se a redação do art. 4º, § 2º do diploma supramencionado:

§ 2º Para fins do disposto no inciso VI do caput, não serão computados


como renda mensal bruta familiar: (Redação dada pelo Decreto nº
7.617, de 2011)
I - benefícios e auxílios assistenciais de natureza eventual e temporária;
(Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011)

2
Vide: http://mds.gov.br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/assistencia-social/bpc-beneficio-
prestacao-continuada.

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II - valores oriundos de programas sociais de transferência de renda;


(Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
III- bolsas de estágio supervisionado; (Redação dada pelo Decreto nº
8.805, de 2016)
IV - pensão especial de natureza indenizatória e benefícios de
assistência médica, conforme disposto no art. 5º; (Incluído pelo Decreto
nº 7.617, de 2011)
V - rendas de natureza eventual ou sazonal, a serem regulamentadas em
ato conjunto do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome e do INSS; e (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
VI - rendimentos decorrentes de contrato de aprendizagem. (Redação
dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016). (Grifos nossos).

Logo, visualiza-se a opção do legislador de desconsiderar os recursos


provenientes de Programas de Transferências de Renda, como é o caso do Bolsa
Família, para que não entrem no cálculo da renda mensal familiar, para fins de
concessão do BPC/LOAS.
Cumpre salientar que não há que se falar em coincidência direta de interesses
quanto aos valores recebidos pela pessoa com deficiência ou idosa, a título de
BPC/LOAS, posto que os dois benefícios possuem destinatários principais distintos. Com
efeito, compreende-se que o Bolsa Família tem por beneficiária a família que se
encontre em condição de pobreza ou extrema pobreza, obedecidos os critérios legais.
Avançando-se na argumentação, também é importante frisar que o art. 2º, §1º,
III da Lei nº 10.836/2004 conceitua como “renda familiar mensal”, para fins do Bolsa
Família, “a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pela totalidade dos
membros da família, excluindo-se os rendimentos concedidos por programas oficiais
de transferência de renda, nos termos do regulamento” (g. n.).
Os programas de transferência de renda indicados no dispositivo correspondem
àqueles “procedimentos de gestão” remanescentes, que foram unificados pelo
Programa Bolsa Família: Bolsa Escola, Cartão Alimentação e Bolsa Alimentação (art. 3º,
§1º do Dec. nº 5.209/2004). Contudo, malgrado a Lei referida não realize menção
expressa ao percebimento de benefícios assistenciais, a essência do texto normativo
permite concluir, analogamente, pela aplicabilidade do seu teor a essas situações.
Registre-se que um entendimento diferente violaria o princípio da isonomia
garantido pela Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, caput. Isto porque, uma vez
que o decreto que regulamenta o recebimento do BPC/LOAS (Dec. nº 6214/2007)
permite que os valores concernentes ao Programa Bolsa Família sejam deduzidos do
cômputo da renda do núcleo familiar, não tem cabimento a situação inversa não ser
reciprocamente plausível e, por conseguinte, juridicamente adequada.
Além do mais, tais apontamentos são ratificados pelo Juízo da 7ª Vara Federal da
Seção Judiciária da Paraíba, ao tratar de casos concretos versando sobre a temática.

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Observem-se os trechos da Sentença, de 16 de maio de 2017, que julgou procedente o


pedido autoral e restabeleceu o benefício do Bolsa Família:

“(...) A única renda comprovada da autora se refere ao benefício


assistencial da Lei Orgânica da Assistência Social, no valor de um salário
mínimo por mês, recebido por sua filha.

O benefício do Bolsa Família da autora foi cessado após aferição da


renda per capta familiar mensal superior ao limite legal, tendo em vista
ser considerada a quantia recebida a título de benefício assistencial.

Nesse passo, a autora objetiva a desconsideração do valor recebido em


razão do LOAS quando da aferição da renda familiar para efeito de
manutenção do Bolsa Família.

A respeito, coube ao Decreto 6.135/2007, que dispõe sobre o Cadastro


Único para Programas Sociais do Governo Federal, a previsão dos
requisitos para aferição da renda familiar para efeito de concessão de
benefício de transferência vinculada de renda. Inobstante a ausência de
previsão no decreto 6.135/2007 da exclusão da renda obtida pelo
benefício do LOAS, o Decreto n. 6.214/2007 determina seja
desconsiderado como renda mensal bruta para efeito e concessão do
benefício assistencial: (I) benefícios e auxílios assistenciais de natureza
eventual e temporária e (II) valores oriundos de programas sociais de
transferência de renda, ou seja, para concessão do benefício
assistencial não deve ser considerado para aferição da renda familiar o
valor recebido do Bolsa Família, sendo incongruente entender que o
mesmo não deve acontecer no sentido inverso.

Melhor dizendo: o decreto regulamentador do benefício assistencial


admite, por dedução lógica, a cumulação do benefício em tela com o
programa social do bolsa família. Ou seja, o espírito do decreto é no
sentido de que há direito subjetivo ao recebimento concomitante dos
benefícios.

Entendimento diverso geraria, por exemplo, a situação de que o


beneficiário do Bolsa Família poderia fazer jus ao Benefício Assistencial
e o beneficiário do LOAS não teria o mesmo direito em relação do
programa de transferência condicionada de renda atentando, dessa
forma, contra o princípio da igualdade previsto no caput do art. 5º, CF,
bem como gerando mais desigualdade, justamente o que os dois
benefícios visam combater”. (Grifos nossos).

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(Processo nº 051561306.2016.4.05.8200S, DJE: 16/05/2017; Juiz


Prolator: Rodrigo Cordeiro de Souza Rodrigues, Juiz Federal Substituto
da 7ª Vara Federal da Paraíba).

Outrossim, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003 – Estatuto do Idoso


– ao tratar do benefício de prestação continuada ao idoso hipossuficiente, determina
que “o benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não
será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a
LOAS” (g. n.). Isto é, o Estatuto do Idoso permite o acúmulo de dois ou mais benefícios
de prestação continuada, de caráter assistencial, no interior de um mesmo núcleo
familiar, por considerar essa verba personalíssima e intransferível.
Por seu turno, embora o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015)
não contemple dispositivo análogo – se limitando a restringir que “os rendimentos
decorrentes de estágio supervisionado e de aprendizagem não serão computados para
os fins de cálculo da renda familiar per capita” a que se refere o § 3º do art. 20 da LOAS,
para fins de concessão do BPC –, é plenamente cabível a interpretação extensiva e
analógica do dispositivo, conferindo idêntico tratamento às pessoas com deficiência
que recebem o benefício assistencial.
Nesse mesmo sentido, segue trecho do julgado no Recurso Extraordinário nº
580963/2013, STF:
[...] 4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34, parágrafo
único, da Lei 10.741/2003. O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34,
parágrafo único, que o benefício assistencial já concedido a qualquer
membro da família não será computado para fins do cálculo da renda
familiar per capita a que se refere a LOAS. Não exclusão dos benefícios
assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor
de até um salário mínimo, percebido por idosos. Inexistência de
justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiência
em relação aos idosos, bem como dos idosos beneficiários da
assistência social em relação aos idosos titulares de benefícios
previdenciários no valor de até um salário mínimo. Omissão parcial
inconstitucional. 5. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem
pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003.
(g. n.).

A omissão parcial de inconstitucionalidade nesse julgado foi declarada


incidentalmente. De todo modo, a avaliação prática expõe um direcionamento
sobremaneira pragmático e permissivo, por parte da jurisprudência, ao proceder com
detida avaliação das particularidades fáticas, à luz dos casos concretos, com a finalidade
de aferir a pertinência ou não da concessão do benefício assistencial. Nada mais justo,
uma vez que o silêncio legal não é autorização ao cometimento de injustiças.

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Apesar de os dispositivos presentes nos Estatutos mencionados discorrerem na


“via inversa” – possibilidade de concessão de benefício assistencial da LOAS - em relação
à situação fática delineada nesta ACP – possibilidade de concessão do Bolsa Família - ,
há plena aplicabilidade do entendimento também neste contexto, sobretudo à luz do
teor do já citado art. 203 da CRFB/88.
Pois bem, procedendo a uma análise cautelosa da ratio legis dessas normas, vê-
se que seu substrato interpretativo teleológico consiste em uma proteção ao idoso e à
pessoa com deficiência, ao ponderar que o Benefício de Prestação Continuada deve
servir para suprimento das necessidades vitais, em outras palavras, para garantia do
mínimo existencial, de seus titulares.
Destarte, esse fundamento viabiliza a concessão e/ou manutenção de benefício
do Programa Bolsa Família por uma família em situação de vulnerabilidade econômica,
mesmo quando haja o percebimento por algum idoso ou deficiente que componha o
grupo familiar do BPC/LOAS.
Nessa perspectiva compreendeu o Juízo da 13ª Vara Federal da Seção Judiciária
da Paraíba, em Sentença publicada em 09 de março de 2016:

“(...) Adoto, dentre os fundamentos desta sentença, as razões de decidir


contidas na decisão de tutela antecipada (anexo 8), abaixo transcrita:

‘1. Nos termos do art. 4º, §2º, do Decreto n.º6.214/07, os benefícios e


auxílios assistenciais de natureza eventual ou temporária não devem ser
computados como renda mensal bruta familiar para fins de concessão
dos benefícios de prestação continuada à pessoa com deficiência e ao
idoso, excluindo-se, portanto, o valor recebido a título de bolsa-família.
2. Se a legislação federal acima indicada prevê o não cômputo do valor
recebido a título de bolsa-família para fins de concessão de benefícios
de prestação continuada à pessoa com deficiência e ao idoso, conclui-
se que não deve, também, o valor recebido a título dos referidos
benefícios assistenciais permanentes ser computado para fins de
enquadramento do grupo familiar nos requisitos legais de renda
necessários à concessão do bolsa-família, sob pena de evidente
contradição lógica à finalidade protetiva social diversa desses
benefícios assistenciais e de desvirtuamento do direcionamento legal
exclusivo dos benefícios de prestação continuada à pessoa com
deficiência e ao idoso ao suprimento das necessidades vitais de seus
beneficiários diretos e não, do respectivo grupo familiar.
3. Como no caso presente a suspensão do bolsa-família recebido pela
parte autora deveu-se, exclusivamente, ao cômputo da renda recebida
por seu filho Charles Mascena Batista em virtude de benefício
assistencial de prestação continuada à pessoa com deficiência, resta
evidente a ilegalidade do ato administrativo impugnado nesta ação,

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razão pela qual cabível a determinação em sede liminar de antecipação


da tutela jurisdicional final do restabelecimento de seu pagamento à
parte autora, inclusive, ante à presença, também, do perigo de dano em
virtude da natureza alimentar do referido benefício assistencial e da
situação de miserabilidade presumida de quem o recebe.
4. Ante o exposto, defiro o pedido de tutela antecipada para determinar
às rés que, no prazo de 30 (trinta) dias, restabeleçam o pagamento do
bolsa-família à parte autora, com efeitos financeiros a partir de
01.06.2016.’
(...)
Ante o exposto, julgo procedente o pedido da parte autora, mantendo a
liminar concedida no anexo 8, condenando os Réus ao pagamento,
observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários
mínimos na data da propositura da ação, das parcelas vencidas do
bolsa-família, desde 01.09.2015 a 31.05.2016 (dia anterior à
implantação determinada na tutela antecipada), com a incidência de
correção monetária e juros de mora nos termos do Manual de
Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora
vigente, conforme planilha elaborada em anexo, a qual homologo como
parte integrante desta sentença”. (Grifos nossos).

(Processo nº 0502247-94.2016.4.05.8200; DJE: 09/03/2016; Juiz


Prolator: Emiliano Zapata de Miranda Leitão; Juiz Federal Substituto da
13ª Vara Federal da Seção Judiciária da Paraíba).

E ainda, acórdão da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção


Judiciário da Paraíba e do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, respectivamente:

VOTO-EMENTA ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. CESSAÇÃO


DE BOLSA FAMÍLIA ANTE A PERCEPÇÃO DE LOAS POR UM DOS
MEMBROS DO GRUPO FAMILIAR. ART.34 DA LEI N.º10.741/03.
REQUISITOS PREENCHIDOS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO DA
UNIÃO IMPROVIDO. 1.Cuida-se de ação na qual pretende a parte autora
o restabelecimento do programa assistencial Bolsa Família suspenso
desde o mês de julho de 2015. A sentença julgou procedente o pedido
condenando a União a restabelecer aquele benefício assistencial a partir
de 01/06/2016. A União recorre alegando em síntese que a renda
familiar da recorrida é superior o limite legal. 2. Extrai-se da sentença de
mérito que: “... Quanto ao preenchimento do requisito referente à
renda familiar, os documentos constantes nos autos revelam que o
grupo familiar é composto pela autora e dois filhos, já que a sogra não
faz parte do rol do grupo familiar. Alega a demandante que a única
renda de seu grupo familiar advém de um benefício assistencial
recebido por um de seus filhos, porém esse deve ser desconsiderado do

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cômputo da renda familiar, por ser destinado única e exclusivamente à


pessoa com deficiência ou idoso que dele necessitar, no caso, um dos
filhos do promovente. Nesse mesmo sentir, a jurisprudência
majoritária já invocava os princípios da isonomia, da razoabilidade e
da solidariedade, aplicando, por analogia, o parágrafo único do art.34
da Lei n.º10.741/03 para se admitir seja excluído do cálculo da renda
mensal familiar, quando da concessão de benefício assistencial, como
base no art.34 do Estatuto do Idoso, qualquer benefício – assistencial
ou previdenciário – percebido por qualquer membro da família, ainda
que não idoso, desde que no valor de um salário-mínimo[1][2].Desse
modo, é cabível também a interpretação de que o amparo assistencial
recebido por um dos componentes do grupo familiar, assim como não
deve ser computado para a concessão de amparo assistencial a outro
membro da família, também não deva ser computado no caso de
apuração da renda per capita de grupo familiar para o caso de
concessão do Programa Bolsa Família. Assim, não considerando o valor
do amparo assistencial de um dos filhos do autor, a quantia recebida
pela autora “debulhando” feijão no Mercado Público de Mangabeira, R$
50,00/mês, faz com que sua renda per capita familiar seja efetivamente
inferior ao limite máximo estabelecido pela art. 18 do Decreto n.
5.209/04 para a concessão do Programa Bolsa Família, R$ 154,00 (cento
e cinquenta e quatro reais). Por fim, saliente-se que a União, em juízo,
não alegou a falta de preenchimento de qualquer outro requisito para o
fim almejado! Diante desse cenário, julgo procedente o pedido autoral,
nos termos do art. 487, inciso I, do CPC, para condenar a União Federal
a restabelecer o benefício do programa assistencial Bolsa Família em
favor da autora a partir de 01/06/2016, pagando as parcelas vencidas no
período de 01/07/2015 a 31/05/2016, corrigidas e com juros de mora,
observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários
mínimos...” 3. A sentença não merece reparos, pois o programa bolsa-
família atende a família e não a membros isolados. Esta é a
característica básica do programa, ou seja, a transferência da renda
para a família, pois um benefício concedido a um indivíduo do grupo
familiar não pode afastar outro benefício assistencial coletivo, bem
como o mesmo o Bolsa-Família. 4.Juizado especial. Parágrafo 5º do art.
82 da Lei nº 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX,
da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio
recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença.
Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral.
Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729
RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011).
5.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais
Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de
julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais”
destes autos virtuais, por unanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO

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AO RECURSO DA PARTE RÉ, mantendo a sentença por seus próprios


fundamentos, condenando-se o recorrente em honorários advocatícios
fixados em 10% sobre o valor da condenação. Sem custas. (Processo nº
0501007-70.2016.4.05.8200S, Juiz Relator: Rudival Gama do
Nascimento, DJE: 30/10/2017). (Grifos nossos).

PREVIDENCIÁRIO. PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA. RENDA "PER CAPITA".


CÔMPUTO DE BENEFÍCIO DE ASSISTENCIAL AO IDOSO NO CÁLCULO.
IMPOSSIBILIDADE. RESTABELEICMENTO DO BENEFÍCIO. POSSIBILIDADE.
Caso em que a postulante busca o restabelecimento do benefício de
bolsa família, percebido desde o ano de 2006, que fora cancelado sob o
fundamento de que a renda "per capita" seria superior ao estabelecido
no Programa Federal de Bolsa Família; 1. Contando a autora atualmente
com 74 anos de idade, e comprovada a condição de hipossuficiência,
considerando que o grupo familiar ao qual está inserida é composto
dela, do marido e de 04 netos menores de idade, que sobrevivem dos
rendimentos provenientes da aposentadoria por idade percebida pela
demandante e de amparo social, recebido pelo marido desta última,
também idoso (contando com 77 anos de idade), restam configurados
os requisitos necessários ao restabelecimento do benefício pretendido;
Segundo posicionamento reiterado do STJ, a aferição da renda "per
capita" deve ser flexibilizada, considerando não apenas requisitos
objetivos, mas aspectos pessoais de cada beneficiário, como, no caso,
as necessidades decorrentes da idade, que, indubitavelmente,
demandam despesas extras no orçamento mensal. Além disso, a
aludida Corte, também reconhece a aplicação analógica do Estatuto do
Idoso, no sentido de excluir o cômputo, para fins de aferição da renda
familiar, da aposentadoria recebida por pessoa maior de 65 anos,
quando o benefício é equivalente a 01 salário mínimo, perfazendo,
portanto, a hipótese em questão; 3. 4. Apelação desprovida. (Grifos
nossos). (TRF – 5ª, AC 0801720-74.2013.4.05.8200, DJE: 06/09/2016,
Desembargador Federal Relator: Paulo Roberto de Oliveira Lima).

Para mais, vislumbre-se que o critério objetivo da renda, como forma de aferir a
“miserabilidade familiar”, vem sofrendo temperamento diante das circunstâncias fáticas
apresentadas nos casos concretos. Esse viés hermenêutico encontra respaldo nos
correntes julgados do Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DA PRESTAÇÃO


CONTINUADA. REQUISITOS LEGAIS. ART. 203 DA CF. ART. 20, § 3º, DA
LEI Nº 8.742/93.

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I - A assistência social foi criada com o intuito de beneficiar os


miseráveis, pessoas incapazes de sobreviver sem a ação da
Previdência.
II - O preceito contido no art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93 não é o único
critério válido para comprovar a condição de miserabilidade
preceituada no artigo 203, V, da Constituição Federal. A renda familiar
per capita inferior a 1/4 do salário-mínimo deve ser considerada como
um limite mínimo, um quantum objetivamente considerado insuficiente
à subsistência do portador de deficiência e do idoso, o que não impede
que o julgador faça uso de outros fatores que tenham o condão de
comprovar a condição de miserabilidade da família do autor. Recurso
não conhecido. (g. n.). (Superior Tribunal de Justiça. Recuso Especial nº
314264/2001. Data: 18/06/2001. Relator: Min. Felix Fischer. Órgão
Julgador: quinta turma). (Grifos nossos).

Inclusive, o próprio Supremo Tribunal Federal consolidou o entendimento, por


meio do julgamento da Reclamação 4374/PE, em 18 de abril de 2013, que o critério de
¼ do salário-mínimo utilizado na LOAS encontra-se defasado e inadequado para
caracterizar uma situação de miserabilidade familiar. Dessa maneira,foi confirmada em
plenário, por maioria de votos, a inconstitucionalidade do art. 20, § 3º da Lei Orgânica
de Assistência Social, sem que fosse determinada, contudo, a nulidade da norma.
Portanto, conclui-se que todos os argumentos até aqui apresentados condizem
com os princípios fundantes e essenciais ao próprio conceito de assistência social: “a
supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de
rentabilidade econômica” e o “respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao
seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e
comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade”. A
definição legal desses preceitos no art. 4º, I e III, da Lei Orgânica da Assistência Social
confere validação à sua efetiva utilização em situações nas quais a norma jurídica não
dispõe em termos estritos acerca da providência a ser definida, como ocorre na situação
concreta deduzida nessa inicial.

3.4. DO DIREITO FUNDAMENTAL À ASSISTÊNCIA SOCIAL

O Estado brasileiro, qualificado como Democrático Social de Direito, prevê em


sua Lei Maior a existência de um sistema de proteção social destinado “a assegurar os
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (artigo 194, caput,
Constituição Federal) – é a chamada seguridade social. Este sistema, composto por três
segmentos autônomos e essenciais à sociedade, visa a guardar e defender os direitos
sociais e trabalhistas das forças antagônicas do assédio privatista através de garantias
institucionais, buscando-se sempre, em suas ações, a máxima realização da isonomia,

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proporcionalidade, uniformidade, equivalência, distributividade, equidade e o caráter


democrático e descentralizado de seus benefícios.
O direito à assistência social, especialmente, somente se consolidou como
política pública permanente no Brasil a partir da Constituição Federal de 1988, que em
seu artigo 6º, caput, dispõe que são direitos sociais do cidadão “a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, e a assistência aos desamparados”.
Nesse sentido, cite-se a lição do Professor José Afonso da Silva 3:

“(...) podemos dizer que os direitos sociais, como dimensão dos direitos
fundamentais do homem, são prestações positivas proporcionadas pelo
Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais,
que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos
que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. São,
portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade. Valem como
pressupostos do gozo dos direitos individuais na medida em que criam
condições materiais mais propícias ao auferimento da igualdade real, o
que, por sua vez, proporciona condição mais compatível com o exercício
efetivo da liberdade”.

Vale lembrar, ainda, que todos os direitos fundamentais derivam diretamente


das exigências básicas da dignidade da pessoa humana. Desse modo, os direitos sociais,
inclusive o direito à assistência social, sobrelevam a dimensão social do ser humano,
traduzindo-se em verdadeiros direitos de subsistência, como expressão do próprio
direito à vida.
Trazendo essas considerações para análise do objeto desta Ação Civil Pública,
nota-se que tanto o benefício assistencial de prestação continuada da LOAS, quanto o
do programa Bolsa Família, têm um acentuado caráter social, haja vista que
compartilham o objetivo de garantir condições materiais mínimas de subsistência ao ser
humano, que viabilizem a efetivação de outros direitos igualmente imprescindíveis,
como acesso à saúde, à educação, à moradia, ao trabalho, a proteção às crianças e
adolescentes, aos idosos e às pessoas com deficiência, assegurando-lhes uma existência
física que corresponda ao respeito à dignidade da pessoa humana.
Nessa medida, faz-se necessário que uma interpretação judicial sobre a
desconsideração dos valores advindos do BPC/LOAS, quando da aferição da renda
familiar para obtenção do Bolsa Família, seja feita a partir do alicerce axiológico da
Constituição Federal. A esse respeito, Marinoni assinala que:

3
José Afonso da Silva, Direito constitucional, p. 806.

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Aliás, e aqui já nos encontramos diante de outro ponto, é fundamental que os


textos legais sejam lidos de acordo com os valores da Constituição e que o juiz
se convença, definitivamente, de que a neutralidade é um mito. [...]
Na verdade, esse conjunto de ideias que decorrem da Constituição é que
indica o conteúdo do direito de determinados tempo e lugar. O juiz que
apreende o conteúdo do direito do seu momento histórico sabe reconhecer
que o texto da lei que não guarda ligação com os anseios sociais, bastando a
ele, em tal situação, retirar do sistema, principalmente da Constituição, os
dados que lhe permitem decidir de modo a fazer valer o conteúdo do direito
do seu tempo. 4

Complementando o ensinamento do jusprocessualista paranaense, adite-se que


o nosso tempo é gravado pela exclusão e marginalização sociais, pelas políticas
públicas insuficientes, pela falta de acesso a direitos básicos por amplas parcelas da
população, por altos índices de desemprego, e por agruras de toda sorte que violam
obstinadamente os direitos fundamentais da população de baixa renda de nosso país.
Cumpre salientar, desde logo, que o sistema de seguridade social (saúde,
previdência e assistência social) é fundado através do princípio da solidariedade, o que
explica o seu financiamento coletivo, por toda sociedade. Porém, esse princípio implica,
sobretudo, em concretizar os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil,
como a construção de “uma sociedade livre, justa e solidária” e a “erradicação da
pobreza e da marginalização” (art. 3º, incisos I e III, da CRFB/1988).
Da solidariedade resultam outros princípios norteadores do sistema de
seguridade social, a exemplo do “princípio da supremacia do atendimento ante as
exigências econômicas”. Sobre esse princípio implícito, o Professor e Procurador Federal
do INSS, Augusto Massayuki Tsutiya 5 aponta que:

Tendo em vista que a Assistência Social foi instituída com o intuito de


diminuir o estado de miserabilidade em que se encontra boa parcela da
população brasileira, o atendimento a quem esteja nessa situação
deverá ser satisfeito, não importando o custo financeiro para o
orçamento da Seguridade Social. Esse princípio decorre do principio da
solidariedade, base de sustentação do sistema de Seguridade Social.

Pois bem, antecipa-se que a efetivação da demanda delineada nesta inicial não
deve ser obstaculizada sob o argumento de indisponibilidade orçamentária e financeira
do Estado, posto que a concretização dos benefícios concernentes ao direito à
assistência social corresponde ao cumprimento das obrigações constitucionais na área

4 MARINONI, Luiz Guilherme. Novas Linhas do Processo Civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 1999, p.110.
5
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de Direito da Seguridade Social, 4ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p.
512.

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dos direitos fundamentais sociais, os quais compreendem o núcleo de garantias do


“mínimo existencial”.
Ainda que a legislação brasileira não especifique quais direitos vêm a compor
esse núcleo mínimo de garantias que não podem sofrer restrições por parte do Estado,
é patente o papel desempenhado, nesta esteira, pelo princípio da dignidade da pessoa
humana, previsto no art. 1º, inciso III da CRFB/1988, como fornecedor de parâmetros
seguros no que tange aos direitos que compõem o mínimo existencial.
Por sua vez, é inegável o aspecto fundamental e a correlação com o princípio da
dignidade da pessoa humana apresentado pelo objeto da presente Ação Civil Pública, o
que reforça, ainda mais, seu caráter primordial para melhoria na qualidade de vida das
famílias brasileiras que sobrevivem em situação de extrema pobreza.

4. ABRANGÊNCIA TERRITORIAL DA DECISÃO: ÂMBITO NACIONAL

O art. 16 da Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública - LACP) estabelece que:

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se
de nova prova.

Em um primeiro momento, pode-se defender que esse dispositivo teria limitado


a competência do juiz de primeira instância para julgamento das ações civis públicas. No
entanto, a limitação territorial aos limites subjetivos da coisa julgada não pode ser
aplicada às ações coletivas.
Isso porque, ao restringir a abrangência dos efeitos da sentença de procedência
proferida em ação civil pública aos limites da competência territorial do órgão prolator,
a Lei 9.494/97 (que alterou a redação original da LACP) confundiu os limites subjetivos
da coisa julgada erga omnes com os da jurisdição e da competência, que nada têm a ver
com o tema.
A interpretação literal - e equivocada - do dispositivo aludido significa que, se
diversos atos iguais ou semelhantes, que produzem idênticos efeitos, são praticados em
vários Estados ou Municípios, a competência deve ser dos vários juízes, cada um
competente em relação aos atos praticados e danos sofridos na sua comarca (Justiça
Estadual) ou subseção judiciária (Justiça Federal). Assim, não se poderia admitir que
ocorresse a extensão da competência de qualquer juiz, para que a sua sentença
proferida erga omnes alcançasse os réus em todo o território nacional.

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Dessa forma, a decisão do juiz na ação civil coletiva ficaria restrita aos limites
territoriais de sua competência, não podendo abranger todo o território nacional/
estadual ou outro, não integrante de sua jurisdição. Todavia, a norma aludida não pode
assim ser interpretada.
Neste sentido, cabe transcrever as elucidações de Leonel Ricardo Barros :

A necessidade de reconhecimento de maior extensão aos efeitos da


sentença coletiva é consequência da indivisibilidade dos interesses
tutelados (material ou processual [no caso específico dos direitos
individuais]), tornando impossível cindir os efeitos da decisão judicial,
pois a lesão a um interessado implica lesão a todo, e o proveito a um a
todos beneficia. É a indivisibilidade do objeto que determina a extensão
dos efeitos do julgado a quem não foi “parte” no sentido processual,
mas figura como titular dos interesses em conflito.

Inclusive, a Corte Especial do STJ se manifestou recentemente sobre a


possibilidade de abrangência nacional da decisão proferida em demanda coletiva:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. PROCESSUAL CIVIL. ART. 16 DA LEI DA


AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AÇÃO COLETIVA. LIMITAÇÃO APRIORÍSTICA DA
EFICÁCIA DA DECISÃO À COMPETÊNCIA TERRITORIAL DO ÓRGÃO
JUDICANTE. DESCONFORMIDADE COM O ENTENDIMENTO FIRMADO
PELA CORTE ESPECIAL DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA EM
JULGAMENTO DE RECURSO REPETITIVO REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA (RESP N.º 1.243.887/PR, REL. MIN. LUÍS FELIPE
SALOMÃO). DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL DEMONSTRADO. EMBARGOS
DE DIVERGÊNCIA ACOLHIDOS.
1. No julgamento do recurso especial repetitivo (representativo de
controvérsia) n.º 1.243.887/PR, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, a Corte
Especial do Superior Tribunal de Justiça, ao analisar a regra prevista no
art. 16 da Lei n.º 7.347/85, primeira parte, consignou ser indevido
limitar, aprioristicamente, a eficácia de decisões proferidas em ações
civis públicas coletivas ao território da competência do órgão
judicante.
2. Embargos de divergência acolhidos para restabelecer o acórdão de
fls. 2.418-2.425 (volume 11), no ponto em que afastou a limitação
territorial prevista no art. 16 da Lei n.º 7.347/85. (STJ - Corte Especial -
ERESp 1.134.957/SP. DJe 30/11/2016). (Grifos nossos).

O julgado acima confirmou o que já tinha sido decidido pelo Tribunal da


Cidadania no REsp 1.243.887/PR, sob o regime dos recursos repetitivos:

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PROCESSO CIVIL. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


LIMITES SUBJETIVOS DA SENTENÇA. COISA JULGADA. CUMPRIMENTO
INDIVIDUAL DE SENTENÇA COLETIVA. 1. A sentença genérica proferida
na ação civil coletiva ajuizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor, que condenou o Banco do Brasil ao pagamento de
diferenças decorrentes de expurgos inflacionários sobre cadernetas de
poupança ocorridos em janeiro de 1989, dispôs que seus efeitos teriam
abrangência nacional, erga omnes. Não cabe, após o trânsito em
julgado, questionar a legalidade da determinação, em face da regra do
art. 16 da Lei 7.347/85 com a redação dada pela Lei 9.494/97, questão
expressamente repelida pelo acórdão que julgou os embargos de
declaração opostos ao acórdão na apelação. Precedente: REsp
1243887/PR, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Corte Especial, DJe
12/12/2011. 2. Recurso especial conhecido e provido. (STJ, Relator:
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Data de Julgamento: 05/03/2013, T4 -
QUARTA TURMA).

Adotando-se interpretação diversa da exposta, seria necessário reconhecer a


inconstitucionalidade da limitação da atuação jurisdicional, com base no art. 5º, XXXV,
da CF, uma vez que a própria Carta Magna reconhece o direito à ação coletiva, podendo
reunir, como substituídas, pessoas com sede em vários Estados da federação.
Portanto, dependendo do caso concreto, os efeitos da decisão podem abranger
todo o território nacional ou local diverso da jurisdição do juízo, quando o dano se
perpetuar em mais de um município, dentro ou não de mesmo Estado.
Nesse passo, considerando que a negativa, suspensão ou cancelamento do
Bolsa Família por parte da Administração Pública Federal é um ilícito que atinge toda
pessoa que venha a requerer o benefício no território nacional, é inegável que o dano
extrapola a jurisdição dessa Subseção Judiciária. Por isso, pugna-se que a decisão a ser
proferida nestes autos não reste adstrita a uma única região/ âmbito da jurisdição desse
Juízo, mas a todo o país.

5. DA TUTELA DE URGÊNCIA

O artigo 300 do Código de Processo Civil de 2015 dispõe que pode o Juiz, a
qualquer tempo, antecipar os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que
preenchidos determinados requisitos, quais sejam: a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Por sua vez, o art. 12 da Lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347/85) estabelece a
possibilidade de concessão de mandado liminar, nos casos de possibilidade de dano
irreparável ao direito em conflito, decorrente da natural morosidade na solução da lide.

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O referido dispositivo tem natureza tanto cautelar, protetivo da eficácia da jurisdição,


quanto satisfativo, de antecipação da tutela.
No caso em questão, a concessão da medida liminar é viável e necessária, haja
vista o preenchimento dos requisitos legais. A relevância do fundamento da demanda
(probabilidade do direito) encontra-se demonstrada no conteúdo fático e jurídico e,
sobretudo na jurisprudência, que consubstancia esta exordial.
Por seu turno, no que tange ao perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo, observa-se que o objeto da presente Ação Civil Pública cuida-se da cumulação
de benefícios inseridos no âmbito da assistência social. Isto significa que, tanto o
benefício do Programa Social Bolsa Família, quanto o Benefício Assistencial de Prestação
Continuada, serve, de fonte de renda para suprir as necessidades mínimas dos seus
destinatários, respectivamente, o núcleo familiar e a pessoa idosa ou com deficiência.
Cumpre salientar que as pessoas que se beneficiarão com os efeitos da
antecipação da tutela de urgência são caracterizadas por sobreviverem com uma faixa
de renda mensal equivalente à situação de pobreza ou extrema pobreza, posto que
esses são os requisitos para concessão do programa social previsto na Lei nº 10.836 de
2004.
Por sua vez, esses núcleos familiares também são compostos por, ao menos, uma
pessoa idosa ou com deficiência, que demandam cuidados e necessidades materiais
específicas, acarretando despesas com remédios e medicamentos e gastos
extraordinários no orçamento financeiro. Por isso mesmo, o BPC/LOAS é imprescindível
para assegurar aos seus beneficiários um bem-estar físico e psicológico, sua plena
participação na comunidade, e para viabilizar uma qualidade de vida digna e saudável,
conforme as garantias constitucionais e legais dedicadas aos idosos e às pessoas com
deficiência.
Dessa forma, é inquestionável a importância das verbas em comento para as
famílias beneficiárias, em virtude de sua natureza alimentar. Portanto, a concessão do
pedido de antecipação de tutela nesta Ação Civil Pública é o mecanismo processual
mais eficaz e célere para determinar que o Poder Público se abstenha de incluir os
valores recebidos a título do BPC/LOAS na renda do núcleo familiar, para fins de
obtenção do benefício vinculado ao Programa Social Bolsa Família.
Vale lembrar, neste ponto, ensinamento de Galeno Lacerda:

A antecipação preventiva da tutela se justifica pela relevância dos


valores humanos em jogo. E não há que se negar que, ante a penúria e a
absoluta falta de recursos por que passa o menor, portador de
deficiência a necessitar de cuidados especiais e medicação de alto custo,
estamos frente a relevantes valores humanos: há uma vida humana em
jogo, há um viver com menos sofrimento em discussão, há um direito
social que deve ser respeitado. Não há valor maior que se alevante,

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senão o próprio ser humano em busca de uma existência menos sofrida


e mais digna. (Comentários ao Código de Processo Civil, Vol. VIII, Tomo
II, Ed. Forense, 1. Ed., pág. 369).

Destarte, é patente o receio de que a demora no provimento jurisdicional possa


acarretar ônus irreparável às pessoas que, embora preencham os requisitos
condicionantes para obtenção de ambos os benefícios (BPC/LOAS e PBF), estão sendo
subitamente privadas de seu direito fundamental à assistência social.

6. DOS PEDIDOS

Com fundamento em todos os argumentos expostos acima, pede a autora:

a) A observância das prerrogativas da Defensoria Pública da União


previstas no artigo 44 da Lei Complementar nº 80/1994;
b) Que seja reconhecida desde já a abrangência nacional da presente
ação civil pública;
c) Que seja concedida tutela de urgência, liminarmente,
determinando-se à União (Ministério do Desenvolvimento Social e
Agrário) que se abstenha de incluir os valores percebidos a título de
Benefício Assistencial de Prestação Continuada (BPC/LOAS) no
cômputo da renda per capita familiar, para fins de concessão do
benefício Bolsa Família, previsto na Lei nº. 10.836/04;
d) Na forma do art. 319, VII, do novo Código de Processo Civil, a
Defensoria Pública da União manifesta interesse na realização de
audiência de conciliação, entretanto, caso a parte contrária informe
expressamente que não possui interesse/possibilidade de conciliar,
requer-se que não seja designada a audiência de conciliação prevista
nos art. 334 e seguintes do CPC, uma vez que a tentativa de
conciliação restaria infrutífera e apenas retardaria o normal
andamento do feito;
e) A intimação do Ministério Público Federal (art. 5º, § 1º, LACP);
f) A produção de todos os meios de prova juridicamente admissíveis;
g) A total procedência dos pedidos, condenando-se a União a
desconsiderar do cômputo da renda familiar per capita, os valores
obtidos a título de benefício assistencial de prestação continuada

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(BPC/LOAS), quando da concessão do benefício social do Programa


Bolsa Família;
h) Por fim, pede-se que seja dada ampla publicidade à eventual
sentença de procedência prolatada nestes autos, permitindo-se,
assim, o conhecimento da decisão por todos os potenciais
interessados.

Atribui-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

João Pessoa/PB, 30 de janeiro de 2018.

DIANA FREITAS DE ANDRADE


Defensora Pública Federal
Defensora Regional de Direitos Humanos

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