Sei sulla pagina 1di 4

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - FACULDADE DE DIREITO

DISCENTE: Teila Rocha


DOCENTE: Ellen Carine Lopes, Adriano Dumas e Kauane Alcedino
DISCIPLINA: Direito das Obrigações I

RELATÓRIO DE JURISPRUDÊNCIA

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL.
CESSÃO DE DIREITO. INÉRCIA NA PRODUÇÃO DE PROVA. ARTIGO 373, I,
DO NCPC. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇAO DE FATO EXTINTIVO,
IMPEDITIVO OU MODIFICATIVO DO DIREITO DO AUTOR. RECURSO
IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1. O Código de Processo Civil, em seu art.
373, estipula a forma de distribuição do ônus da prova, cabendo ao autor provar o fato
constitutivo de seu direito, enquanto ao réu incumbe a comprovação dos fatos
extintivos, impeditivos ou modificativos dos direitos da parte adversa. 2. O
Autor/Apelante não trouxe aos autos qualquer documento capaz de demonstrar que
cumpriu integralmente o contrato, conforme acordado entre as partes. 3. Nenhuma
prova foi carreada aos autos, atestando que o valor alegado foi pago pelas duas unidades
em questão. 4. A ausência de uma cláusula no contrato celebrado entre as partes não
indicando que o preço foi pago, e também a inércia ao arrolar as testemunhas para
audiência, não comprovando que as intimou e nem ao menos as apresentando
espontaneamente comprova, que o Autor não se desincumbiu de seu ônus da prova,
conforme o art. 373, inciso I, do NCPC, sendo o reconhecimento da improcedência do
pedido medida que se impõe. 5. Recurso desprovido. Sentença mantida.Unânime.

(TJ-DF 07063114120178070020 DF 0706311-41.2017.8.07.0020, Relator: ROMEU


GONZAGA NEIVA, Data de Julgamento: 27/03/2019, 7ª Turma Cível, Data de
Publicação: Publicado no DJE : 01/04/2019 . Pág.: Sem Página Cadastrada.) 1

Os trechos do relatório foram extraídos do acórdão do Tribunal de Justiça do


Distrito Federal e Territórios (TJDFT) e partir deles será possível compreender o

1
Endereço eletrônico por meio do qual é possível o acesso ao acórdão: https://tj-
df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/693375734/7063114120178070020-df-0706311-
4120178070020/inteiro-teor-693375819?ref=juris-tabs
andamento do caso, bem como elucidá-lo por meio das mais reconhecidas doutrinas,
como a seguir:

“(...)Tiago Rodrigo Mendes Borges ajuizou ação indenizatória em face de


Cláudio Caetano Azarias, na qual alegou, em síntese, que, em 17 de setembro e
em 10 de dezembro de 2013, adquiriu do requerido unidades residenciais
localizadas na ADE, Conjunto 08, Lote 15 - Águas Claras/DF. Os negócios
foram ajustados em dois contratos de cessão de direito relativos aos
apartamentos ns. 301 e 401, no valor de R$ 80.000,00 cada. Restou estabelecido
que a data prevista para entrega da unidade seria até 30.07.2014, ou seja, 10
(dez) meses após a celebração do primeiro contrato e 07 (sete) meses após o
segundo contrato, nos termos da cláusula 1ª dos Contratos de Cessão de Direitos.
Esclareceu o autor que se desfez da unidade n. 301 em 25.03.2015 por R$
75.000,00. (...)”

O autor da ação, Tiago, através de ação judicial, alega ter adquirido os dois
apartamentos do réu, estabelecendo em contrato os valores a serem pagos por cada um
deles, bem como o termo de entrega dos referidos bens imóveis, ou seja, a data em que
Cláudio deveria entregar-lhes as chaves. A obrigação sinalagmática descrita é classificada
como de dar coisa certa, considerados por Gonçalves2, respectivamente, objetos
imediato e mediato. A “coisa certa”, por fim, seriam os dois apartamentos.
Além disso, tal obrigação positiva de dar assume, nesse caso, a forma de entrega
da coisa. Já que se verifica contrato de compra e venda, um dos sujeitos deverá realizar o
pagamento em dinheiro, enquanto o outro deverá entregar-lhe os dois imóveis. Nesse tipo
de contrato, a transferência do domínio depende de um segundo ato, que é o registro dos
imóveis, uma espécie de tradição mais solene da coisa, conforme arts. 1.226 e 1.267 do
Códido Civil de 2002.
Menciona o autor, ainda, que oito meses após vencido o prazo para entrega dos
apartamentos, ele teria vendido um deles a um terceiro.

“ (...) Ocorre que, decorridos quase 3 anos da data prevista para entrega dos
apartamentos, o réu mantém-se inerte. O autor sofre prejuízos porque mantém o
pagamento de aluguel para sua moradia e ainda indeniza o aluguel cobrado pelo
cessionário da unidade 301. (...)”

Segue o autor afirmando que quase três anos após o vencimento da obrigação, ou
seja, a data limite para que Cláudio entregue os dois apartamentos, o dito réu nada fez.
Ou seja, o réu estaria em mora por três anos, já que não realizou a tradição dos imóveis

2
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 2. : teoria geral das obrigações. 16. ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Foram desse autor todos os conceitos da seara obrigacional
apresentados ao longo do presente relatório.
no prazo acordado. Ademais, tal inadimplemento, como não poderia deixar de ser, gerou
prejuízos a Tiago que, além de ter de pagar seu próprio aluguel, já que o imóvel não estava
sob seu domínio, pagava os aluguéis do terceiro para quem teria vendido o segundo
apartamento, mas a esse também não o havia transmitido.

“ (...) Esclareceu que o requerido pagou R$1.000,00 para ambas as unidades até
20.7.2015, para lhe indenizar os prejuízos relativos ao atraso, mas os
pagamentos cessaram. Ao final, postulou condenação do requerido na obrigação
de entregar os imóveis adquiridos (unidade 301 e 401), bem como a indenizar
perdas e danos suportados, ante o atraso da obra, que estimou em lucros
cessantes vencidos de R$23.000,00 até a data de ajuizamento da ação e os
vincendos ou, alternativamente, nos danos emergentes de R$36.500,00 (despesas
com locação de imóvel para moradia e alugueis pagos ao cessionário adquirente
da unidade 301). (...)”

O requerente esclareceu ainda que, por certo período, o réu realizou pagamento
de determinado valor para que os custos com os aluguéis fossem sanados, mas esse durou
muito tempo, mantendo os prejuízos que tinha, decorrentes da mora. Sendo assim, ele
pleiteia a realização da obrigação, já que o adimplemento não foi absoluto, isto é, não
tornou o cumprimento inútil ao credor, além da responsabilidade do réu pelos danos
materiais causados: os danos emergentes, os efeitos prejuízos representados pelos
aluguéis, bem como os lucros cessantes, a frustração da expectativa de lucro, vencidos e
vincendos, “em decorrência da impossibilidade de auferir lucro com a locação dos
imóveis” (p. 04).
Vale ressaltar que os juros moratórios, aqueles previstos como consequência do
inadimplemento ou inexecução do contrato e que chegaram à soma de R$ 1.000,00, foram
pagos por um certo período de tempo apenas e, por conseguinte, não se mostraram
suficientes para minimizar as perdas do autor da ação, ainda que essa não seja sua
finalidade.
Entretanto, o réu afirma, em sua defesa, que “nada recebeu em relação aos imóveis
objeto da lide” (p. 04) e que nem mesmo o empréstimo que tomou do autor pode ser
incluído na questão, pois dele pagou parcelas excessivas, decorrentes de anatocismo3,
pelo autor, logo nem poderia o empréstimo ser envolvido numa hipótese de compensação
ou algo do gênero.

3
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 2. : teoria geral das obrigações. 16. ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2019. P.420. “Anatocismo consiste na prática de somar os juros ao capital
para contagem de novos juros. Há, no caso, capitalização composta, que é aquela em que a taxa de juros
incide sobre o capital inicial, acrescido dos juros acumulados até o período anterior.”
Some-se isso aos fatos de o autor não ter apresentado “nenhum documento a
demonstrar que pagou os R$160.000,00 relacionados às duas unidades em questão”,
nem de o contrato celebrado por eles indicar que o valor foi adimplido. Para os
desembargadores, tais elementos, dentre outras alegações conflitantes, tornam o
depoimento pessoal do autor inverossímil. Sendo assim, concluem que:

“(...) em síntese, o autor não demonstra que tem direito às unidades, aplicando-
se a ele a exceção do contrato não cumprido. Ele não pode exigir que o requerido
cumpra a sua obrigação antes de provar que cumpriu com a sua.”

Acrescentam que a narrativa do autor, segundo a qual concedeu materiais e


serviços ao réu como parte do pagamento das unidades imobiliárias, não assegura que tais
fornecimentos e prestações de serviços estivessem voltados àquele fim, e não
relacionados a outros contratos pactuados entre autor e réu. Desta forma, entende-se que
o autor não provou fato constitutivo de seu direito, já que não trouxe aos autos
documentos capazes de demonstrar seu cumprimento total do contrato ou o pagamento
das unidades. Diante disso, os desembargadores, unanimemente, chegaram a seguinte
decisão:
“Isso posto, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos formulados na petição
inicial. Declaro resolvido o mérito com base no art. 487, I, do CPC4.”

4
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;

Potrebbero piacerti anche